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Nº 4317/2014 – ASJCIV/SAJ/PGR

Mandado de Injunção 6.200 – DF


Relator: Ministro Marco Aurélio
Impetrante: João Evaristo Pereira Neto
Impetrado: Presidente da República

Mandado de injunção. Aposentadoria especial. Servidor pú-


blico com deficiência.
Mandado de injunção. Regulamentação do art. 40, § 4º,
inciso I, da Constituição Federal. Aposentadoria especial.
Servidor público com deficiência. Projetos de leis comple-
mentares em trâmite no Congresso Nacional com o obje-
tivo de regulamentar o preceito constitucional indicado.
Análise da perda de objeto da demanda. Evolução jurispru-
dencial no Supremo Tribunal Federal. MI 721. Reconheci-
mento da omissão legislativa. Suprimento da mora com a
determinação de se aplicar a Lei Complementar Federal
142, que trata da aposentadoria da pessoa com deficiência
segurada do Regime Geral de Previdência Social, até que
sobrevenha a regulamentação pretendida.
Parecer pela procedência parcial do pedido.

João Evaristo Pereira Neto impetrou mandado de injunção


em face da Presidente da República, com o objetivo de ver
regulamentado o inciso I do § 4º do art. 40 da Constituição, que
trata da aposentadoria especial dos servidores que exerçam
atividades de risco, que sejam portadores de deficiência física e
daqueles que trabalhem sob condições prejudiciais à sua saúde ou
integridade física.
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O impetrante, servidor público federal vinculado ao Ministé-


rio do Trabalho e Emprego, onde exerce o cargo de auditor fiscal
do trabalho, afirma que suas atividades profissionais tiveram início
em 1º de março de 1991, faltando, portanto, apenas dois anos para
completar 25 anos de contribuições, fazendo jus, segundo argu-
menta, à aposentadoria especial destinada a deficientes físicos em
1º de março de 2016.

Narra ter sido aprovado em concurso público no percentual


de vagas reservadas para pessoas com deficiência, por ser portador
de doença neurológica com atrofia cerebral parietal esquerda, de
natureza congênita, que afeta os movimentos finos da mão direita.

Todavia, diante da injustificada omissão legislativa em regula-


mentar o artigo 40, § 4º, I, da CF/88, diz ser impedido de exercer
o seu direito à contagem especial do tempo de serviço para fins de
aposentadoria.

Sustenta que, recentemente, os requisitos e critérios diferen-


ciados para a concessão de aposentadoria especial das pessoas com
deficiência enquadradas no Regime Geral da Previdência Social
(art. 201, § 1º, da CF) foram estabelecidos na Lei Complementar
142, de 8 de maio de 2013, posteriormente regulamentada pelo
Decreto 8.145, de 3 de dezembro de 2013.

Salienta, no entanto, que tem direito adquirido à aposentado-


ria especial nos moldes fixados pelo art. 57 da Lei 8.213/1991, que
dispõe sobre as situações das pessoas que trabalham em condições

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de insalubridade, porque, segundo argumenta, era a norma vigente


e pode ser aplicada, por analogia, ao seu caso.

Diante disso, requer seja a presente ação constitucional julga-


da procedente, suprimindo-se a lacuna normativa, garantindo ao
impetrante o direito à aposentadoria especial com a contagem do
tempo nos termos do referido art. 57 da Lei 8.213/1991.

As informações foram prestadas pela Presidente da


República.

Vieram os autos à Procuradoria-Geral da República.

Esses os fatos de interesse.

Inicialmente, convém destacar a existência de projetos de lei,


em trâmite no Congresso Nacional, com o objetivo específico de
regulamentar o inciso I do § 4º do art. 40 da Constituição 1. Desse
modo, é necessário analisar a eventual perda superveniente do ob-
jeto do pedido, em atenção ao entendimento jurisprudencial perfi-
lhado pelo Supremo Tribunal Federal no seguinte julgado:

MANDADO DE INJUNÇÃO. PERDA DE OBJETO.


IMPLEMENTAÇÃO DA
MEDIDA OBJETIVADA PELO IMPETRANTE. Tendo o Presidente da
República enviado ao Congresso Nacional projeto de lei
acerca da revisão geral de remuneração dos servidores da
União, medida pleiteada no writ, evidente o esvaziamento da
impetração, que resta prejudicada. Agravo regimental despro-
vido (MI 641 AgR, Relator o Ministro ILMAR GALVÃO, Tribu-
nal Pleno, DJ, de 5 abr. 2002).

1 Projetos de Leis 269/2001, 275/2001, 68/2003, 250/2005, 8/2006 e


372/2006.

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Reconhecida a existência de interesse processual, mesmo de-


pois do envio dos projetos de lei ao Congresso Nacional, o pedido
deve ser julgado parcialmente procedente.

Com a alteração promovida pela Emenda Constitucional


47/2005, não há mais dúvida acerca da efetiva existência do direi-
to dos servidores com deficiência, dos que exercem atividades de
risco ou dos que trabalham sob condições insalubres a requisitos e
critérios diferenciados para alcançar a aposentadoria. Contudo, di-
ante da falta da norma regulamentadora desse direito, a solução a
ser dada pelo Judiciário deve atender às peculiaridades de cada
caso.

Em se tratando de servidores que trabalham em condições


insalubres, com a evolução interpretativa quanto aos efeitos do
mandado de injunção, inteiramente adequada no entender da Pro-
curadoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal vem
determinando que a autoridade administrativa competente proce-
da à análise da situação fática dos servidores, para fins de concessão
do benefício previdenciário, à luz do art. 57 da Lei 8.213/1991.

Essa solução não se aplica, todavia, à presente hipótese. Não


se pode fazer incidir a Lei 8.213/1991, uma vez que esta, embora
se refira aos segurados que se sujeitam a condições especiais que
prejudicam a saúde ou a integridade física, não se refere aos traba-
lhadores com deficiência.

Ressalte-se que a proteção social adequada dos deficientes


está prevista no art. 28 da Convenção Internacional sobre os Di-

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reitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, in-


corporados ao ordenamento jurídico interno com status de Emen-
da Constitucional, nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição. Eis
o teor do dispositivo indicado:

Artigo 28 - Padrão de vida e proteção social adequados


1. Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com
deficiência a um padrão adequado de vida para si e para suas
famílias, inclusive alimentação, vestuário e moradia adequa-
dos, bem como à melhoria contínua de suas condições de
vida, e tomarão as providências necessárias para salvaguardar e pro-
mover a realização desse direito sem discriminação baseada na defi-
ciência.
2.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com
deficiência à proteção social e ao exercício desse direito sem
discriminação baseada na deficiência, e tomarão as medidas
apropriadas para salvaguardar e promover a realização desse direito,
tais como:
[…]
e) assegurar igual acesso de pessoas com deficiência a programas e
benefícios de aposentadoria (destaques acrescidos).

Urge, portanto, que o Brasil, em cumprimento às normas


constitucionais, promova a plena realização dos direitos das pessoas
com deficiência em sua integralidade, o que implica a necessidade
premente de edição da norma regulamentar do art. 40, § 4º, da
CF/88 pelo Congresso Nacional.

Todavia, enquanto isso não acontece, existindo outro meio


realmente análogo para o suprimento da norma, o Supremo Tri-
bunal Federal pode e deve determinar a sua aplicação aos servido-
res públicos com deficiência, sem que isso implique indevida inge-
rência na atuação dos Poderes Executivo ou Legislativo.

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Assim, muito embora persista a mora legislativa em relação ao


direito constitucional dos servidores públicos com deficiência, di-
ante da publicação, em 8 de maio de 2013, da Lei Complementar
Federal 142, que regulamenta a aposentadoria da pessoa com defi-
ciência segurada do Regime Geral de Previdência Social, esta deve
ser aplicada, por analogia, aos pedidos realizados por servidores pú-
blicos com deficiência, enquanto não sobrevenha regulamentação
específica do direito vindicado. Nesse sentido: MI 5.892, Relator o
Ministro DIAS TOFFOLI, DJe, de 28 maio 2014.

Ante o exposto, o parecer é pela procedência parcial do pedi-


do, de modo que se reconheça o direito da impetrante de ter sua
situação analisada pela autoridade administrativa competente à luz
do art. 3º da Lei Complementar 142/2013, no que se refere espe-
cificamente ao pedido de concessão da aposentadoria especial de
que trata o art. 40, § 4º, I, da Constituição Federal.

Brasília (DF), 14 de julho de 2014.

Rodrigo Janot Monteiro de Barros


Procurador-Geral da República

VCM

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