Ruhr (região siderúrgica da Alemanha) coloca em prática uma tentativa de golpe de estado.
O golpe, porém não tem sucesso e Adolf Hitler é preso. Estando na prisão, Hitler inicia a
produção do que viria a ser o programa político da ideologia nazista, seu livro Mein Kempf.
- Após sair da prisão e com seu livro já terminado e em circulação, Hitler concorre as
eleições presidenciais de 1932. Apesar da derrota nas urnas, por pressões dos setores
militares e empresariais (assustados pelo “perigo comunista”) o presidente eleito nomeia
Adolf Hitler como Chanceler alemão em 1933. No ano seguinte, com a morte do presidente
eleito, Hitler passa a gozar do título de Führer.
- Na época em que a ordem capitalista é combatida pelos comunistas, o nazismo passa a ser
visto, pela burguesia alemã, como o mal menor, ante o avanço das esquerdas.
- Justifica-se desta forma o racismo nazista. Hitler apóia-se num postulado hipotético, não
demonstrável, fazendo insurgir no povo alemão a concepção de que estes naturalmente
constituíam uma raça superior responsável pelo desenvolvimento e progresso da
civilização. A superioridade é tida como um fato inquestionável, sem necessidade de
maiores provas ou atribuições meritórias.
“As causas exclusivas da decadência de antigas civilizações são: a mistura de sangue e o rebaixamento do
nível da raça, que aquele fenômeno acarreta [...]. Tudo o que no mundo não é raça boa é joio. [...]em toda
mistura de sangue entre o Ariano e povos inferiores, o resultado foi sempre a extinção do elemento
civilizador.” (Hitler, 1983; p. 183-192)
- “Sem tal possibilidade de empregar gente inferior, o ariano nunca teria podido dar os primeiros
passos para sua civilização, do mesmo modo que, sem a ajuda dos animais apropriados, pouco a pouco
domados por ele, nunca teria alcançado uma técnica, graças à qual vai podendo dispensar os animais. O
ditado: ‘o negro fez a sua obrigação, pode se retirar’, possui infelizmente uma significação
profunda[...]. Só os bobos pacifistas é que podem enxergar nisso um indício de maldição humana.” (Hitler,
1983, p. 191-192).
- A maior grandeza dos arianos, segundo Hitler, seria seu idealismo (característica contrária
ao egoísmo) – a capacidade de sacrificar-se pela sua comunidade de semelhantes. Cria-se a
ideia de um corpo social único, onde o “espírito de sacrifício” seria o mais importante e raro
atributo.
- “Quanto mais aumenta a disposição para sacrificar interesses puramente pessoais, tanto mais se
desenvolve a capacidade para erigir comunidades mais importantes. É o ariano que apresenta, de
modo mais expressivo, essa disposição para o sacrifício do trabalho pessoal, e, sendo necessário, até da
sua própria vida que arrisca em favor dos outros [...]; a significação intrínseca de toda organização repousa
sobre o princípio do sacrifício.” (Hitler, 1983; p. 193).
- O indivíduo de sangue ariano deveria estar diluído no corpo social de seus iguais, sendo
capaz até de dar sua vida em prol de seu Estado, do Partido, ou do Líder – coisas que se
confundiam na intensa propaganda nazista.
- E PORQUE O JUDEU?
- O judeu é mostrado por Hitler como a pior ameaça ao ariano. Traça um perfil inferiorizado
deste povo sempre em contraposição aos “bons arianos” e ao programa nacional-socialista.
Os judeus se transformam em bodes expiatórios de todos os males nacionais.
- Hitler afirma que os Judeus são um povo sem terra, sem pátria e nem nação, o que lhes
condenaria a incapacidade de se tornarem um povo expoente de cultura, da mentalidade
idealista. Por isso, nos judeus estava intrínseco o sentimento egoísta. Para ele, a “mistura
de raças” seria uma obra judaica e que este povo teria naturalmente nesta forma egoísta
seu meio de reprodução e dominação.
- Hitler não apenas traça um perfil negativo dos judeus para indicar indiretamente a
necessidade da força e unidade para a glória de uma Nação (projeto nazista), como
também lhes atribui as “misérias” advindas do liberalismo e do comunismo.
Aparentemente antagônicos, os dois sistemas para Hitler não passam de invenção
judaica, construídos propositadamente como blocos diferentes, de modo a iludir os povos
aspirantes à justiça social.
- “Economicamente, eles criam para os Estados tal situação que as empresas oficiais, deixando de dar
rendas, são subtraídas à direção do estado e submetidas à fiscalização financeira do judeu. No terreno
político, recusam eles ao Estado os meios para sua subsistência, destroem as bases de toda e qualquer
defesa nacional, aniquilam a crença em uma chefia, desprezam a história e o passado, e enlameiam tudo
que é expoente de grandeza real [...]. A religião é ridicularizada. Bons costumes e moralidades são
taxados de coisas do passado, até que os últimos esteios de uma nacionalidade tenham desaparecido.”
(Hitler, 1983; p. 210).
- Durante todo o capítulo analisado, Hitler constrói um espelho negativo entre o povo
ariano e os judeus como base de sustentação do ideário nazista. Para o nacional-socialismo,
qualquer forma de desagregação entre os filhos da nação era prejudicial, assim como tudo
que se pretendesse universal.
- “O judeu é que apresenta o maior contraste com o ariano. Nenhum outro povo do mundo possui
um instinto de conservação mais poderoso do que o chamado ‘Povo Eleito’. Já o simples fato da
existência desta raça poderia servir de prova cabal para essa verdade.” (Hitler, 1983; p. 195). [...]