Por que mais um livro sobre predestinação e livre arbítrio? Bem, Deixe-me
explicar com os seguintes pontos:
Em segundo lugar, por mais que esse assunto já tenha sido exaustivamente
debatido, ensinado, averiguado e contestado, ele permanece como fundamento
inabalável da doutrina cristã; isto é, doutrinas como predestinação, eleição,
Soberania Divina, responsabilidade humana e salvação pela Graça são as
verdades mais sublimes, maravilhosas e impactantes da mensagem cristã.
Reafirma-las, sempre se faz necessário.
Uma terceira razão pela qual escrevi este opúsculo fundamenta-se na tese
essencial de que tanto a Soberania Divina quanto a Liberdade humana são
verdades incontestáveis da fé, não podendo serem esquecidas, contrastadas,
ou polarizadas para uma contra a outra. O conteúdo que o leitor tem em mãos
não focaliza-se essencialmente nas conhecidas questões do debate
"Calvinista-Arminiano". Eventualmente, alguns aspectos dessa discussão
podem aparecer em pauta, mas, a proposta a seguir é uma defesa da
Interpretação bíblica que quer preserva tanto a predestinação quanto o livre
arbítrio.
Ainda uma quarta e última finalidade desta obra, diz respeito às aplicações
de caráter prático e devocional de tais doutrinas. Ao que parece,
predestinação, eleição e livre arbítrio são questões triviais para os cristãos que
não conhecem ou estudam teologia. É como se em geral, isso não faça sentido
prático na vida de ninguém, a não ser dos teólogos que adoram passar o
tempo discutindo esses assuntos. Espero descontruir esse mito, e mostrar o
quanto essas verdades afetam nosso caráter, nossa espiritualidade e nossa
devoção.
UM RÁPIDO DIAGNÓSTICO
Apesar da longa tradição histórica da igreja nos informar de toda essa
´´rixa´´, será mesmo que ela faz sentido? Estariam mesmo os adeptos da
Soberania de Deus andando num caminho diferente dos que creem na
liberdade humana? E os que defendem que o homem é livre e responsável por
suas escolhas, não poderiam também crer na predestinação e soberania
absoluta de Deus? Será que essa guerra de fato existe, ou fomos nós que a
projetamos em torno de nossas interpretações bíblicas seriamente
prejudicadas pela lente interpretativa do racionalismo e da exegese polarizada?
2 – Justo L. González, ´´Uma breve história das doutrinas cristãs´´, Pag 128
Respondendo de forma direta: não! As Escrituras Sagradas não
reconhecem essa problemática! Os autores bíblicos não enxergavam como
contraditório, ilógico ou irracional a afirmação destas duas verdades. Mesmo
que esse dilema esteja presente nos nossos melhores teólogos, credos e
tradições, ele não existia na mente de Paulo, de Pedro ou do próprio Senhor
Jesus. Bem sabemos que em certo sentido, Agostinho, Lutero, Calvino,
Armínio, John Wesley e outros, trataram a relação destas doutrinas como um
problema extremamente delicado e difícil de ser solucionado. Contudo, essa
não é a realidade bíblica, que por sua vez apresenta estas duas verdades
andando lado a lado, sem tensão, sem cisão, sem drama e sem contradição
alguma. Se há a pressuposição de contraditoriedade, ilógica ou irracionalidade,
essa pressuposição é fruto apenas das nossas próprias elaborações
equivocadas, como demonstro no decorrer da obra.
Alguém então pode inquiri que estou desprezando ou até mesmo, por um
ato de insanidade (e de fato, se eu arrogar-se tal posição seria mesmo insano)
me colocando acima de homens como Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley , e
muitos outros que foram campeões na exposição, reflexão e argumentação em
torno destas doutrinas. Jamais! Meu único sentimento, e este eu de fato
assumo, é que se qualquer um deles ousou explicar o mistério que há entre a
predestinação e a responsabilidade humana, eles foram longe demais; e, se
algum deles de igual forma, ousou rejeitar ou a Soberania de Deus por causa
da liberdade humana, ou a liberdade humana por causa da Soberania divina,
eles ficaram com menos do que o que a revelação nos proporciona. Sou
consciente do risco avassalador de críticas que posso receber com essa
postura, mas é exatamente assim que creio.
PREDESTINAÇÃO
Indiscutivelmente, a Bíblia ensina a doutrina da predestinação. Definir este
termo, no entanto, não algo tão simples, pois toda definição desencadear uma
série de implicações lógicas que nem sempre são pressuposições estritamente
bíblicas. Mas, de forma sucinta, vamos desenvolver o significado do termo e
olhar os principais textos desta doutrina.
ELEIÇÃO
A eleição também é uma doutrina autenticamente bíblica. Como disse John
Sttot sobre ela: ´´Não foi inventada por Agostinho de Hipona, nem por Calvino
de Genebra. Pelo contrário, é sem dúvida uma doutrina bíblica, e nenhum
cristão bíblico pode ignorá-la´´. (5) De fato, é impossível negar ou fugir da força
e dos muitos textos que ensinam a eleição; é um tema sobremaneira
proeminente em toda a Escritura.
4 – Essa definição está restringindo o conceito apenas ao contexto salvífico. Contudo, no decorrer da obra, o termo
predestinação também englobará os atos humanos, como por exemplo na explicação do texto de Atos 2.23 (Cap 6)
onde veremos que ainda assim, o ato predestinador de Deus não anula ou contradiz a liberdade humana.
6 – Os textos refentes a doutrina da eleição são: Mt 22.14; 24.22,24,31; Mc 13.20; Lc 6.13; 9.35; 10.42; 14.7; Jo 6.70;
13.18; 15.16,19; 18.7; 23.35; At 1.2,24; 6.5; 13.17; 9.15; 15.7,22,25; Rm 8.33; 9.11; 11.5,7,28; 16.13; 1Co 1.27,28; Ef
1.4; Cl 3.12; 1Ts 1.4; 2Ts 2.13; 1Tm 5.21; 2Tm 2.10;Tt 1.1 Tg 2.5; 1Pd 1.2; 2.4,6,9; 2Pd 1.10; 2Jo 1, 13; Ap 17.14.
Portanto, a definição mais simples e precisa que podemos dar doutrina da
eleição, é a afirmação categórica e incisiva de que Deus nos escolheu, nos
separou e nos elegeu para a salvação, e fez isso antes da fundação do mundo
(Ef.1.4).
LIBERDADE HUMANA
Por fim, tudo isso irá desencadear num processo no qual o indivíduo se ver
diante da absurda (digo absurda a luz da Escritura) interrogação: predestinação
ou livre arbítrio? De qualquer lado eu devo ficar? A exegese polarizada é tão
prejudicial que tem um potencial maléfico de colocar uma doutrina contra a
outra, fazendo com que se pareça que ambas estão se degladiando até a
morte. Via de regra, o fim dessa "disputa", como já afirmei, é determinado pelo
ambiente no qual o intérprete está, o pêndulo recai sempre para o lado
enfatizando pela tradição e o contexto que ele reside, o impedindo de ver a
informação da revelação de forma equilibrada. Espero francamente, que tudo
dito acima faça o leitor rever sua exegese, a fim de examinar se ela não está
drasticamente polarizada.
Conclusão
Após todas as explicações dos parágrafos acima, finalizo o argumento com
uma citação extremamente precisa do teólogo J.I. Packer, quando
brilhantemente elucidou estes pontos da seguinte maneira:
´´O perigo que corrermos é descartar e mutilar uma verdade pelo modo
como enfatizamos a outra; defender de tal modo a responsabilidade do homem
que acabamos ignorando a soberania de Deus, ou então afirmar tanto a
soberania de Deus, que acabamos destruindo a responsabilidade humana.´´
IRRACIONAL? ILÓGICO?
Muitos enxergam um infinito abismo e uma contradição total entre a
predestinação e o livre-arbítrio. Estou me referindo aos racionalistas. Estes
argumentam que não é possível a partir da lógica e da razão que as duas
premissas sejam verdadeiras. Para os tais, se existe predestinação, não tem
como se conceber que também exista liberdade de escolhas por parte dos
homens, uma vez que estes dois conceitos são incompatíveis. Segundo
alegam, afirmar as duas coisas é uma burrice filosófica, uma irracionalidade,
uma contradição total. O racionalista como o próprio termo indica, não aceitam
dimensões de mistério em suas interpretações, tudo tem que ser
absolutamente explicável e tudo tem que caber nos esquemas da lógica e da
razão. Para os adeptos do racionalismo na bíblia não há nenhuma doutrina
absolutamente transcendente, misteriosa ou suprarracional. Infelizmente, esse
conceito de interpretação é abraçado por muitos, e no caso aqui exposto, esse
tipo de argumentação acaba decepando o conteúdo da revelação e dividindo
os cristãos entre a Soberania de Deus e a responsabilidade humana.
´´Uma das razões pelas quais criamos uma teologia limitada assim é a
nossa herança racionalista. Os antigos hebreus e cristãos sabiam que a
realidade era muito mais complexa do que nossa razão. Além disso, entendiam
que certas dimensões da fé aparentemente distintas não eram
necessariamente contraditórias. O problema é que quando nossa teologia se
´´helenizou´´ exageradamente, adotamos uma logicamente simplista que nos
trouxe diversos problemas´´ (9)
IRRACIONAL OU SUPRA-RACIONAL?
A grande questão é que quando alguém diz que é absolutamente irracional
e ilógico afirmar tanto predestinação quanto o livre-arbítrio, ele não percebe
que está atolado na arrogância intelectual e no extremo racionalismo filosófico.
Certa vez Charles Spurgeon disse o seguinte: "A predestinação por Deus e a
responsabilidade do homem são dois fatos percebidos por poucos e
considerados inconsistentes e contraditórios. Mas não são! A culpa está na
nossa própria débil capacidade de julgamento. Duas verdades de Deus não
podem se contradizer." (11) Em outras palavras, o que o príncipe dos
pregadores queria dizer era que é tolice, arrogância, idiotice, e muita ignorância
teológica pressupor que duas verdades de Deus podem entrar em contradição.
Realmente, é muita ousadia, e por que não dizer ironia, supor que duas
sentenças da Escritura são ilógicas, irracionais ou incompatíveis. Seria mais
interessante, aos que fazem oposição a estas doutrinas pelo argumento da
lógica e da excessiva racionalidade, refletir se no fim o que de fato é ilógico e
absurdamente irracional não é a coragem que possuem ao ponto de chegarem
a questionar Deus e sua perfeita Palavra. Isso sim se constitui um ato de total
loucura e irracionalidade!
CONCLUSÃO
Quero finalizar este capítulo deixando para os racionalistas um conselho do
renomado teólogo anglicano J.I. Packer, que em resumo, disse tudo que julgo
ser o necessário para confrontar a teologia racionalizadora:
ACEITANDO O MISTÉRIO!
Norman Geisler, renomado Teólogo e apologista cristão, observou que "o
mistério do relacionamento entre a soberania divina e o livre arbítrio humano
tem desafiado os maiores pensadores cristãos ao longo dos séculos." (14) Eu
já penso que o grande desafio da história foi, e continua sendo, tomar a atitude
de não querer resolver esse "dilema". Agostinho, Lutero, Erasmo, Calvino,
Armínio, Wesley, C,S, Lewis e tantos e tantos outros enfrentaram esse desafio.
A comprovação de que o desafio é invencível se evidencia na vida deles
mesmos. Isto é, se essas mentes brilhantes de Deus não puderam dissecar o
assunto e matar todas as interrogações envolvidas, isso já é a prova histórica
de que o nosso real desafio está na aceitação de que fomos todos vencidos, e
não há mais porque ´´lutar´´, pois a vitória não está na resolução do ´´dilema´´,
mas sim, na aceitação do mesmo. (15)
17 – Na teologia, denominamos essa realidade de ´´efeitos noéticos da queda´´, que quer dizer
que a aqueda de Adão também afetou e interferiu as faculdades intelectuais dos seres
humanos. ´´Dessa forma, seguindo de perto Agostinho e Anselmo, entendemos que a nossa
inteligência, por mais que seja uma das expressões mais fortes e significativas da imago Dei
(isto é, imagem de Deus), ainda assim, não está blindada contra os efeitos intelectuais do
pecado´´, Conf. Jonas Maduerreira, ´´Inteligência humilhada´´, Pag 79-80.
VENCENDO A RELUTÂNCIA
O Teólogo J.I. Packer escreveu, e por sinal ele está certíssimo, que ´´as
pessoas não se conformam em deixar essas duas (a Soberania de Deus e a
responsabilidade dos homens) verdades conviverem lado a lado, como
acontece nas Escrituras. (18) Concordo com Packer, pois há da parte de
muitos uma relutância ferrenha para se aceitar o aspecto do mistério como
solução teológica para este caso. Essa relutância nasce exatamente do
aspecto que abordo a seguir.
23 – Tomemos como exemplo histórico deste ponto o Concílio de Calcedônia (451), onde os
cristãos oficialmente ´´destrincharam´´ a doutrina das duas naturezas de Cristo, afirmando tudo
quanto pôde e estabelecendo os limites ortodoxos pelos quais toda igreja deve entender o
assunto. Contudo, como nota Roger Olson, os bispos reunidos em Calcedônia não tinham a
pretensão de dissecar o assunto ao ponto de racionaliza-lo e deixa-lo sem dimensões
transcendentes. Olson diz que os bispos ´´jamais tiveram a intenção de que esse modelo fosse
uma explicação do mistério da encarnação. Pelo contrário, visaram à proteção paradoxal do
mistério contra explicações nacionalizantes que efetivamente destroem o mistério. (Roger
Olson, ´´História das controvérsias na teologia cristã´´ Pag 321)
CONCLUSÃO
Depois de todas as coisas ditas acima, ninguém deve estranhar a afirmação
de que é um mistério o relacionamento entre as doutrinas da predestinação e
do livre arbítrio. Inclusive, os exemplos acima mostram como é perigoso anular
as dimensões misteriosas da doutrina. Imagine se alguém enxerga a doutrina
da trindade somente com os óculos da lógica e da razão. Não resta dúvida que
sem a fé, e apenas com o racionalismo, é um absurdo afirmar que um Ser pode
ser uno, subsistindo em três pessoas distintas! Tal qual, se alguém faz uma
exegese polarizada da natureza divina de Cristo, acaba anulando sua natureza
humana, ou vice-versa (e isso já aconteceu muito no decorrer da história!). (24)
O mistério é algo comum à teologia cristã, afinal de contas, por mais que
sejamos mestres na teologia e na filosofia, nenhum de nós (eu suponho, pelo
menos) deve pensar que dissecou toda doutrina bíblica acerca de Deus e seus
propósitos. Em resumo, cito mais uma vez o Dr. Norman Geisler que de certa
forma reafirma tudo que já disse quando assevera que a Soberania divina e a
liberdade humana ´´é um dos grandes mistérios da fé cristã, juntamente com o
da Trindade e o da encarnação´´. (25)
24 – Para uma excelente análise deste ponto indico a leitura da obra do Roger Olson ´´História
da teologia cristã´´, capítulo 13, Páginas 205-214.
A MORTE DE CRISTO
Em atos 2.23 está escrito assim: "Este homem lhes foi entregue por
propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de
homens perversos, o mataram, pregando-o na Cruz". Ora, duas asseverações
claras decorrem deste texto e elucidam nossa interpretaçaõ; Primeiro o
apóstolo afirma categoricamente que a morte de Cristo foi determinada,
implicando nesse ponto a soberania de Deus. Segunda observação é que o
mesmo texto que afirma a Soberania de Deus sobre a morte de Cristo é o texto
que responsabiliza os judeus e os romanos por terem executado esse evento!
Como notou Norman Geisler sobre o texto "Conquanto Deus tenha
determinado as ações deles desde toda eternidade, [...] eram mesmo assim
livre para executar suas ações - e por isso foram moralmente responsáveis por
elas". (27)
Bem, concluímos portanto que o texto ensina tanto soberania divina quanto
a responsabilidade dos homens. Este é um ´´texto-prova´´ de como estas
verdades caminham juntas, são igualmente autênticas e em nada se opõe
uma contra a outra na Escritura. Não sabemos explicar exatamente como tudo
isso acontece, por isso chamamos isto de mistério. Mas, ainda que seja um
mistério, está suficientemente claro, a partir de textos como este, que ambas as
doutrinas são verdadeiramente incontestáveis.
26 – Por ´´texto-exemplo´´ refiro-me aos textos que apresentam as duas verdades em uma
sentença só. Diferentemente da abordagem inicial (Cap 1) onde analisámos de forma separada
os textos que falavam da Soberania de Deus, e depois os textos que tratam das livres escolhas
dos homens, esses ´´textos-exemplos´´ contém juntamente a afirmação de ambas as
realidades. Em tese, os textos que abordarei são At 2.23; 4.23-29; Lc 22.22; Gn 45.5-8; 50.19-
CONCLUSÃO
Após a explicação desses textos, só me resta finalizar essa sessão com
mais uma citação que compõe o credo do Rev. Augustos Nicodemus em
relação à soberania de Deus e a liberdade do homem:
Mais que qualquer outra coisa, essas verdades são como forças inspirativas
que aquecem no coração o senso de gratidão e louvor a Deus. Ao
compreender as verdades que estamos abordando, o cristão não irá se
ensoberbecer ou vangloriar-se teologicamente. Longe disso! Quem crer e
entende as doutrinas da predestinação e da eleição, quebranta-se, arrepende-
se, e louva a Deus com o fundo da alma e com toda gratidão de um coração
redimido. Caso não seja assim, podemos concluir que tais doutrinas não foram
ainda definitivamente compreendidas.
DÊEM GRAÇAS!
Em 2Ts 2.13, o Apóstolo Paulo rendeu graças a Deus pelo fato de que os
tessalonicenses haviam sido elegidos desde o princípio para a salvação. Ora,
não é esse o espírito de quem entende a doutrina da eleição? Um coração
grato é a primeira evidência de um cristão que genuinamente crer e entende o
significado de ser eleito!
Nós devemos dar graças a Deus pelo pão que temos na mesa, dar graças
pela saúde, dar graças pelos filhos, dar graças pela nossa profissão, enfim,
temos inúmeras razões para render graças a Deus. Entretanto, a razão mais
crucial pela qual nós devemos render graças a Deus, é pelo fato Dele ter nos
elegido desde o princípio para a salvação. Pode nos faltar o pão, pode nos
faltar a profissão, pode até ser que nos falte a família e a saúde, mas nada
pode nos roubar da certeza e felicidade inesgotável de ter o nome inscrito no
Livro da vida desde antes da fundação do mundo (Ap ). Como escreveu Theo
G. Donner ´´A doutrina da eleição e da graça enfatiza a gratidão profunda que
nós devemos a Deus, pois nos mostra que é somente seu amor que nos
salva´´. (34)
33 - Ibem, Pag 40.
34 – Theo G. Donner, ´´A soberania de Deus e a responsabilidade humana´´, Pag 78
CONCLUSÃO
A adoração cristã é o processo natural e espontâneo do coração que foi
alcançado pela graça de Deus. Sabendo que Deus nos amou, nos escolheu, e
que Ele teve um propósito desde da eternidade para nossa vida, mesmo a
despeito de sermos miseráveis pecadores, é a grande razão pela qual nos
prostramos e adoramos seu maravilhoso Nome.
9 - AS DURAS IMPLICAÇÕES DA RESPONSABILIDADE
HUMANA
Tenho defendido até aqui, que a livre escolha dos homens é uma verdade
bíblica tal como as doutrinas da eleição e predestinação. É hora de estabelecer
alguns princípios e implicações decorrentes deste conceito.
A bíblia nos ensina que Deus nos trata como agentes morais responsáveis,
e isso implica dizer que o que escolhemos, o que fazemos, o que optamos e o
que deliberamos para nossa vida desencadeiam em uma série de eventos com
suas respectivas consequências. Cabe sempre ao homem analisar a prudência
de suas escolhas e sensatez de suas motivações. Enquanto não tomarmos
consciência de que estas coisas fazem parte da vida real, de fato, este ensino
só vai fazer sentido no imaginário teológico, infelizmente.
CONCLUSÃO
O livre arbítrio é real, diz respeito a escolhas reais, e isso significa uma
dura responsabilidade para com a vida, para com tudo aquilo que deliberamos,
sobretudo no que diz respeito às orientações do evangelho. Saber que os
homens são seres livres, agentes morais que tomam decisões reais é algo
muito sério, exige uma vida com responsabilidade. Não esqueça disto!
35 – Neste ponto, não estou fazendo nada mais do que seguir uma linha renomada de teólogos
e exegetas que postulam a predestinação somente para a salvação; são alguns deles, John
Stott, Dwight L. Moody, Warren Wiersbe, Leon Morris, Norman Geisler, C.E.B. Cranfield, etc...
CONCLUSÃO
Por fim, Devemos ir pregar porque Deus nos ordenou que fosse assim!
Porque amamos os perdidos, e, sobretudo, porque muitos destes perdidos são
os eleitos de Deus. Porque a predestinação e eleição são gloriosamente
vivenciadas na prática quando um pecador se rende diante de nossos olhos.
Porque a predestinação não é um toque de mágica divino, mas um decreto
gracioso de Deus que, na maioria das vezes, se efetua por intermédio da
pregação. Enfim, esse ponto é tão óbvio que peço ao leitor para avançar e não
ficar preso na idade da pedra refletindo sobre aquilo que é tão facilmente
discernido. E caso o leitor resmungue não entender ou aceitar tal fato, finalizo
com as palavra do próprio Apóstolo quando escreveu:
´´Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele
de quem não ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue?´´ (39)
39 – Romanos 10.14-15.
CONCLUSÃO
Chego ao fim do opúsculo com satisfação, creio que minha impressão e
percepção sobre o tema ficou bastante esclarecida. Que venham as críticas, o
corações abertos, e, sobretudo a promoção da reflexão da Palavra de Deus.
No que cabe ao autor, prossigo sem medo, sem reservas e sem desculpas. Me
sinto fiel ao que leio nas páginas da bíblia, e lá, tudo que me é permitido dizer é
que Deus é absolutamente soberano sobre tudo, e que ainda assim o homem é
livre. Eu aprendi a dormir com esse barulho.
37 – No livro ´´Escolhidos: uma exposição da doutrina da eleição´´, Sam Storms pontou quatro
pontos de vistas sobre a interpretação deste texto: 1) a voz do particípio grego pode ser média,
não passiva; por conseguinte, os vasos da ira são concebidos como tendo preparados a si
mesmos para a destruição; 2) preparados para destruição pode ser simplesmente uma frase
descritiva, sem implicar qualquer agente da preparação; 3) Paulo se expressa deliberadamente
dessa maneira para deixar o assunto envolto em mistério; ou 4) Deus é o agente ou a causa de
os vasos da ira serem preparados para destruição. Pag.151.
dute@xgmailoo.com