O Ori
O que é o orí?
Orí é o nome da nossa cabeça física o órgão vital que responde pelos nossos sentidos e
pela nossa inteligência. Geralmente o orí é o primeiro a chegar ao
mundo, no nosso nascimento. É também a parte mais alta do ser humano, onde
se localiza o comando maior do corpo físico, o cérebro. O orí é uma divindade
que serve apenas a seu filho, pois é individual. Ele cuida e participa sem interrupções da
vida da pessoa, é quem faz o contato do seu filho com o orixá. O que o orí determinar, orixá
algum poderá descumprir, sendo isso necessário para o bom equilíbrio da vida física e
sagrada
do ser humano. Cada orí é preparado no orum, onde recebe a matéria que o
identificará, individual. Esta “matéria” ligará o indivíduo a todas
as suas divindades, a seu destino, lhe dará proibições especiais que, se não
obedecidas, poderão, entre outras coisas, conturbar seu relacionamento com os
deuses. O orí possui seu duplo no orum, o orí-orum, uma existência
espiritualizada. Este, no momento da cerimônia do Borí, é venerado e recebe as
mesmas oferendas e sacrifícios dados ao orí-aiyé, em sua morada simbólica, o igbá
orí, uma cabaça que contém elementos ligados à sua
vida espiritual. Os orís são preparados por uma divindade tão velha quanto o tempo,
chamada Babá Ijalá/ Ajalá Odê, que recebeu esta incumbência de Olorum. Junto a Ijalá, no
momento da confecção dos orís, estão Orixalá, os Odus e os orixás. Após a modelagem,
estas mesmas divindades discutem e distribuem a
ancestralidade, o destino e a sorte daquele orí. Sendo assim cada ori receberá uma
“matéria
criadora” e definidos em elementos, uma porção de água; irá venerar as divindades deste
elemento, como
Iemanjá, Oxum, Babá Olocum, Nanã, Erinlé, Babá Ajê etc. O que receber o
elemento fogo terá como sua divindade Exu, Xangô etc. E assim com os outros
elementos da natureza e demais orixás. Por ser uma completa e complexa criação, o orí
sagrado, dedicado aos rituais, foi enviado por Olorum. Este o dividiu, para melhor
administração de todas as suas funções, em duas partes principais:
orí físico (orí odê)
orí interno (orí inu).
Além destas divisões também existem o iporí e o orí apére.
Orí odê – é o orí externo, a cabeça física e mortal que retorna ao barro após
a morte, modelada por Orixalá e Nanã, que neste momento recebe o título de
Alamorerê – “senhor da boa argila”. É neste receptáculo que se encontram
todos os caracteres humanos: boca, nariz, olhos e ouvidos. E, principalmente,
o cérebro, o centro de comando de todas as sensações, sentidos e
sentimentos do homem. Orí odê é quem serve de suporte a o orí inu para que
este receba os elementos das obrigações que lhe são ofertadas. Vemos assim
que um orí depende do outro para que ambos se mantenham estáveis e
equilibrados, trazendo força ao seu possuidor! Isso, porém, não evita que o
orí odê transgrida regras predeterminadas pelo orí interior. E isto acontece
quando o ser humano, ao usar a sua liberdade de escolha, desrespeita o
sagrado e modifica seu próprio destino. O que ocorre quando o homem
come ou bebe substâncias que fazem parte da matéria que lhe deu que são consideradas
como proibidas – ewó. Certas transgressões também
ocorrem, como o uso de cores que lhe são condenadas, certos
comportamentos que são considerados inadequados pelo orí etc.
O orí físico
se divide em três partes principais:
o iwájú, a testa, representação da parte
frontal, do que vem na frente;
o ipacó (ípakó), a nuca, a parte de trás da
cabeça, ligada ao passado, à ancestralidade; e o atarí, a parte de cima da
cabeça , consagrada a Olorum e ao nosso orixá.
2. Ocarn (ocan) – o coração físico. É o órgão que nos dá a condição de viver, que
movimenta o nosso sangue, nosso axé particular, por todo o nosso corpo.
4. Ixé ou Exé – são todos os órgãos internos (coração, fígado, rim, pulmão
etc.) de um ser vivo.
5. Erní – a respiração, o sopro divino legado por Olorum aos seres vivos e
que nos diferencia dos moradores do orum. Um dos títulos de Olorum é Elemí, o
“Senhor do emí”. O emí é imortal; ao abandonar o corpo do ser humano, após a
morte, volta a Olorum para ser transferido a outro. É a parte mais poderosa do
corpo e a que possui maior ligação com os orixás. O emí é a base da nossa vida e
devemos ter consciência e responsabilidade para dele fazer bom uso e conseguir
uma boa estada no aiê.
O que é o eledá?
Eledá é um título que somente Olorum possui, que é traduzido
como “criador do ser vivo”. Olorum é o único que pode ser assim denominado, pois foi
“aquele que deu existência a tudo”, tendo inclusive criado a si mesmo. Mas ele também deu
condições aos orixás de poderem ser assim chamados, pois, para a confecção do ser
humano, foram usados elementos que pertencem aos
orixás, que, por sua vez , receberam-nos de Olorum!