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RMS Titanic

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RMS Titanic

Carreira Reino Unido

Operador White Star Line

Fabricante Harland and Wolff, Belfast

Data de encomenda 17 de setembro de 1908

Batimento de quilha 31 de março de 1909

Lançamento 31 de maio de 1911

Comissionamento 2 de abril de 1912

Viagem inaugural 10 de abril de 1912

Porto de registo Liverpool, Inglaterra

Indicativo de chamada MGY

Número do casco 401

Comandante(s) Edward Smith

Fatalidade Afundou no oceano Atlântico


em 15 de abril de 1912

Estado Naufragado

Características gerais

Tipo de navio Transatlântico


Classe Olympic

Deslocamento 52.310 t

Tonelagem 46.328 t

Maquinário 29 caldeiras
2 motores de tripla-expansão
com quatro cilindros
1 turbina de baixa pressão

Comprimento 269 m

Boca 28 m

Calado 10,5 m

Altura 53 m

Propulsão 2 hélices triplas


1 hélice quádrupla

- 46 000 hp (34 300 kW)

Velocidade 21 nós (39 km/h) (média)

Tripulação 892

Passageiros 2435

Nota: ""Titanic"" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Titanic
(desambiguação).
O RMS Titanic foi um navio de passageiros britânico operado pela White Star Line e
construído pelos estaleiros da Harland and Wolff em Belfast. Foi a segunda embarcação
da Classe Olympic de transatlânticos depois do RMS Olympic e seguido
pelo HMHS Britannic. Projetado pelos engenheiros navais Alexander Carlisle e Thomas
Andrews, sua construção começou em março de 1909 e ele foi lançado ao mar em maio
de 1911. O Titanic foi pensado para ser o navio mais luxuoso e mais seguro de sua época,
gerando lendas que era supostamente "inafundável".
A embarcação partiu em sua viagem inaugural de Southampton para Nova Iorque em 10
de abril de 1912, no caminho passando em Cherbourg-Octeville na França e
por Queenstown na Irlanda. Ele colidiu com um iceberg às 23h40min do dia 14 de abril e
afundou na madrugada do dia seguinte com mais de 1 500 pessoas a bordo, sendo um
dos maiores desastres marítimos em tempos de paz de toda a história. Seu naufrágio
destacou vários pontos fracos de seu projeto, deficiências nos procedimentos de
evacuação de emergência e falhas nas regulamentações marítimas da época. Comissões
de inquérito foram instauradas nos Estados Unidos e no Reino Unido, levando a mudanças
nas leis internacionais de navegação que permanecem em vigor mais de um século
depois.
Os destroços do Titanic foram procurados por décadas até serem encontrados em 1985
por uma equipe liderada por Robert Ballard. Ele se encontra a 3843 m de profundidade e a
650 km ao sudeste de Terra Nova no Canadá. Sua história e naufrágio permaneceram no
imaginário popular durante décadas, levando a produção de vários livros e filmes a seu
respeito, mais notavelmente o filme Titanic de 1997. Até hoje o Titanic permanece como
um dos navios mais famosos da história, com seus destroços atraindo várias expedições
de exploração ao longo dos anos.
Índice

 1Antecedentes
 2Construção
 3Características
o 3.1Especificações
o 3.2Instalações
o 3.3Segurança
 4Passageiros
 5Tripulação
 6História
o 6.1Testes marítimos
o 6.2Partida
o 6.3Travessia
o 6.4Naufrágio
 6.4.1Colisão
 6.4.2Danos
 6.4.3Primeiras ações
 6.4.4Botes lançados
 6.4.5Momentos finais
 6.4.6Resgate
 7Reação pública
 8Mortos
 9Causas
 10Inquéritos
 11Legado
o 11.1Destroços
o 11.2Cultura popular
 12Referências
 13Bibliografia
 14Ligações externas

Antecedentes
Joseph Bruce Ismay, presidente da companhia de navios White Star Line, e lorde William
Pirrie, 1.º Barão Pirrie e presidente dos estaleiros da Harland and Wolff, decidiram em
1907 construir três navios para competir com RMS Lusitania e o RMS Mauretania da
rival Cunard Line. Essas novas embarcações seriam as maiores, mais luxuosas e mais
seguras construídas até então, já que para os dois homens a melhor aposta era competir
com seus rivais britânicos e alemães em elegância do que em velocidade.[1][2] Seus nomes
foram depois definidos como Olympic, Titanic e Gigantic (depois alterado para Britannic),
em referência a três raças da mitologia grega: olimpianos, titãs e gigantes.[3]
Os projetos das três embarcações foram realizados nos escritórios de desenho da Harland
and Wolff em Belfast, Irlanda,[2] pelos engenheiros navais Alexander Carlisle, cunhado de
Pirrie e responsável pelas decorações, instalações e dispositivos de segurança, e Thomas
Andrews, sobrinho de Pirrie e chefe do Departamento de Desenho Naval.[4] Carlisle
acabou se aposentando repentinamente em 1910 enquanto o Olympic e o Titanic ainda
estavam em construção, deixando Andrews como o único responsável pelos estaleiros e
projetos.[5] Acredita-se que isso ocorreu porque o engenheiro queria colocar 66 botes
salva-vidas a bordo das embarcações e por causa de possíveis problemas com o sistema
de anteparas, porém suas ideias e reclamações supostamente foram rejeitadas por
Ismay.[6]
Ismay aprovou o projeto dos navios em 31 de julho de 1908 e assinou uma carta de
acordo com os estaleiros.[4] Nenhum contrato formal foi assinado porque a White Star e a
Harland and Wolff tinham uma relação muito próxima e forte que vinha de décadas
antes.[3] Pirrie viu a importância das embarcações e contratou o fotógrafo Robert Welch
para registrar o andamento das obras. A qualidade dos navios não foi negligenciada e os
melhores materiais disponíveis foram empregados na construção.[7]

Construção

O Titanic nos três momentos de sua construção: primeiro a armação do casco, depois o lançamento
e por fim a equipagem.

Os planos finais foram concluídos no outono de 1908 e os materiais e suprimentos


necessários para a construção foram encomendados pela Harland and Wolff. O Olympic e
o Titanic seriam construídos lado a lado. Um novo pórtico de 256 metros de comprimento
por 52 metros de altura precisou ser construído para acomodá-los já que nenhuma outra
estrutura existente era grande o bastante para o trabalho. Havia também um guindaste
especial com setenta metros de altura.[8] A construção do Olympic começou 16 de
dezembro de 1908 com o batimento de sua quilha, recebendo o casco de número 400.[9][10]
A construção do Titanic começou quatro meses depois em 22 de março de 1909, com seu
casco tendo o número 401.[11] Para poder diferenciar os dois irmãos, o Olympic foi
construído com seu casco inteiramente branco enquanto o Titanic foi construído com um
casco preto.[12] Os trabalhos de armação de sua estrutura progrediram em um bom ritmo e
foram completados no início de 1911. Seu casco era formado por aproximadamente duas
mil placas de aço medindo três metros de comprimento por dois metros de largura e uma
espessura entre 2,5 a 3,8 centímetros. Essas placas eram mantidas unidas por mais de
três milhões de rebites.[7]
Até esse momento o Titanic era apenas um enorme casco vazio sem nenhum
equipamento ou instalação interna. Seu lançamento ao mar ocorreu no dia 31 de maio de
1911, aniversário de Pirrie. Mais de cem mil pessoas estavam presentes para testemunhar
a ocasião, como funcionários do estaleiro com suas famílias, habitantes de Belfast,
visitantes, jornalistas e algumas personalidades importantes vindas diretamente
da Inglaterra.[13] O navio deslizou para a água de seu pórtico com a ajuda de vinte
toneladas de sebo, óleo, graxa e sabão que foram passados por todas as cunhas que o
mantinham no lugar.[4] Ele não foi batizado com o tradicional estouro de uma garrafa de
champanhe pois nunca tinha sido um hábito da Harland and Wolff, apesar de Pirrie ter
suas reservas já que na opinião dele isso poderia causar superstições entre os
passageiros e tripulantes.[14]
Depois do lançamento, o Titanic parou com a ajuda de seis âncoras. Três amarras de aço
pesando cada uma oitenta toneladas foram presas em seu casco e ele foi rebocado para
uma doca seca com a ajuda de cinco rebocadores.[15] Os jornalistas e convidados
especiais da White Star Line foram depois do evento levados para um almoço especial no
Grand Central Hotel. No cardápio estavam nada menos que seis pratos principais
diferentes e cinco sobremesas. Ismay deixou o almoço mais cedo para poder embarcar
no Olympic e participar de seus testes marítimos.[16]
Logo depois se iniciou seu processo de equipagem. Mais de três mil profissionais
(mecânicos, eletricistas, encanadores, carpinteiros, pintores, decoradores, etc.)
trabalharam de junho de 1911 até março de 1912 equipando o Titanic com as mais
recentes tecnologias e inovações navais e instalando suas suntuosas mobílias e
elementos decorativos. Durante esse período a White Star anunciou em 18 de setembro
de 1911 que a embarcação realizaria sua viagem inaugural em 20 de março de 1912.[17]
Entretanto, o Olympic acabou colidindo em 20 de setembro de 1911 com o
cruzador HMS Hawke. O Titanic teve de ser retirado de sua doca seca para que seu irmão
pudesse realizar seus reparos. Parte de seus trabalhadores também foram
temporariamente transferidos para os consertos do Olympic, atrasando significativamente
a equipagem de seu interior.[18] A White Star Line foi forçada a adiar sua viagem inaugural
para o dia 10 de abril de 1912. O Titanic foi levado de volta para sua doca em novembro
quando as obras de seu irmão foram concluídas e os trabalhos continuaram no mesmo
ritmo de anteriormente. Suas quatro chaminés foram instaladas em janeiro de 1912,
enquanto no mês seguinte suas três hélices de bronze foram colocadas em seus devidos
lugares; as hélices laterais de três lâminas tinham mais de sete metros de diâmetro e
pesavam 38 toneladas, enquanto a hélice central de quatro lâminas media mais de cinco
metros de diâmetro e pesava 22 toneladas. A equipagem foi completada em março de
1912 e a embarcação foi registrada no dia 24 do mesmo mês tendo Liverpool como seu
porto de origem, apesar dele nunca ter chegado a navegar em suas águas.[19]

Características
O Titanic tinha 269 metros de comprimento, 28 metros de largura e 53 metros de altura.
Sua arqueação era de aproximadamente 46 mil toneladas, por volta de mil toneladas a
mais que o Olympic.[20] Ele operava com uma tripulação de 892 pessoas e podia
transportar até 2435 passageiros dispostos em três classes.[21] Além disso, a embarcação
também carregava correio e por isso recebeu o prefixo Royal Mail Ship (RMS).[2] Ao todo,
o Titanic custou 7,5 milhões de dólares em valores da época.[22] O navio era dividido em
dez conveses, sendo o maior navio transatlântico construído até então.[23] O convés mais
alto era chamado de "convés superior" ou "convés dos botes" e era onde ficavam os botes
salva-vidas, alojamento dos oficiais e a ponte de comando. Abaixo estavam os conveses
de A a G, todos destinados aos passageiros com exceção do último, que também abrigava
compartimentos de carga. Mais abaixo ficavam mais compartimentos de carga, a casa das
máquinas, caldeiras, alojamentos da tripulação e as reservas de suprimentos.[24]
Especificações

Vinte das 29 caldeiras do Titanic, montadas e prontas para serem instaladas, c. 1911–12.

O Titanic, assim como seus irmãos Olympic e Britannic, era movido por uma combinação
de dois sistemas de propulsão. Ele possuia 29 caldeiras a vapor agrupadas em seis
salas,[25] alimentando dois motores de tripla expansão com quatro cilindros cada que
moviam as duas hélices laterais. O vapor excedente era reutilizado por uma turbina de
baixa pressão que movia a hélice central. O navio conseguia chegar a uma velocidade
média de 21 nós (39 km/h), consumindo entre 638 a 737 toneladas de carvão por dia.[26] A
energia elétrica que operava a iluminação e outros equipamentos da embarcação era
gerada por quatro dínamos de 400 kW.[4] Os fumos da combustão do carvão eram
descarregados através das três primeiras chaminés. A quarta chaminé era apenas
ornamental, adicionada principalmente para fazer com que os navios da
Classe Olympic parecessem mais "potentes" nos olhos do público, porém também era
usada para ventilar a casa de máquinas e as cozinhas.[27]
Na parte frontal do convés dos botes ficava a ponte de comando, que se estendia por toda
a largura do navio e compreendia dois passadiços, duas cabines de observação laterais,
um sala de navegação e uma sala das cartas marítimas. Atrás da ponte ficavam os
alojamentos dos oficiais, que recebiam uma cabine proporcional a sua hierarquia; o
capitão Edward Smith, como oficial comandante, ocupava uma suíte com escritório, casa
de banho e até mesmo uma banheira.[28] Atrás da primeira chaminé ficava a sala
das comunicações sem fio, operada diariamente pelos radiotécnicos Jack Phillips e Harold
Bride.[29] Os alojamentos dos foguistas e mecânicos ficavam localizados na extremidade
da proa e eles acessavam seus locais de trabalho através de uma escada em espiral e um
longo corredor.[30]
Além disso, um cesto de gávea funcionava a partir do mastro dianteiro, acessado por uma
escada interna, e havia uma passarela de navegação no convés da popa.[28] Uma linha
telefônica permitia a comunicação direta entre a ponte com o cesto de gávea, a casa do
leme, a passarela de navegação e a casa de máquinas, melhorando a velocidade e
precisão das manobras. Outra linha permitia que os passageiros da primeira classe
entrassem em contato com alguns dos serviços de bordo do Titanic.[31]
Instalações
Ver artigos principais: Instalações da primeira classe do RMS Titanic e Instalações da
segunda e terceira classes do RMS Titanic

O Café Parisien e o ginásio da primeira classe a bordo do Titanic.

O Titanic fornecia aos seus passageiros as instalações mais luxuosas e confortáveis do


que qualquer outro navio contemporâneo. As instalações da primeira classe iam desde o
convés dos botes até o convés E e incluíam um ginásio com os equipamentos mais
modernos da época, quadra de squash, sala de fumar decorada com uma lareira e
pinturas de Norman Wilkinson, restaurante à la carte, dois cafés decorados com palmeiras,
piscina coberta, banhos turcos, sala de leitura com mobílias de mogno e vitrais e convés
de passeio coberto. Suas cabines eram igualmente luxuosas, com algumas tendo até
casas de banho particulares (uma coisa rara na época) e com duas delas inclusive
possuindo seu próprio convés de passeio privado.[32] Conectando todas as cabines e
instalações estavam duas grandes escadarias, uma entre a primeira e segunda chaminés
e a outra entre a terceira e quarta, que eram cobertas por uma enorme cúpula de vidro. A
escadaria dianteira era adornada por um relógio entalhado chamado de "Honra e Glória
Coroando o Tempo" e era servida também por três elevadores que iam do convés A ao E.
No convés D a grande escadaria dava para uma enorme sala de jantar.[33]
Os passageiros de segunda classe desfrutavam de acomodações equivalentes a primeira
classe de outras embarcações. Suas instalações ficavam na parte traseira do convés B até
o G, e incluíam uma escadaria com elevador, sala de fumar, biblioteca, sala de jantar e
também seu próprio convés de passeio coberto. A terceira classe também fornecia
acomodações e instalações muito boas quando comparadas a outros navios, com cabines
possuindo beliches para entre 4 a 8 pessoas e também pequenos dormitórios para
homens solteiros. Ela também tinha sua própria sala de jantar e cozinha (a primeira e
segunda classe dividiam a mesma cozinha), com os passageiros tendo a sua disposição
duas áreas comuns e uma sala de fumar no convés da popa.[34]
Segurança
O casco do Titanic era dividido em dezesseis compartimentos estanques.[35] Atravessando
esses compartimentos existiam doze comportas estanques situadas nos locais onde a
passagem era necessária para o bom funcionamento do navio. Estas podiam ser fechadas
remotamente a partir de um interruptor na ponte de comando ou mesmo automaticamente
em caso de acidente.[36] Porém, os compartimentos estanques centrais não iam além do
convés E, enquanto os compartimentos da proa e popa chegavam apenas até o convés D.
Os projetistas acreditavam que se dois compartimentos adjacentes fossem inundados o
navio poderia continuar flutuando. Esse limite era de quatro se os compartimentos
inundados estivessem na proa.[37]

Os botes nº 7, 5, 3 e 1 no lado estibordo do convés superior do Titanic.

Além disso, o Titanic também tinha um fundo duplo e oito bombas d'água capazes de
extrair quatrocentas toneladas de água por hora.[4] Todas essas medidas de segurança
levaram aos rumores por parte da imprensa de que a embarcação era supostamente
"inafundável". No entanto, esses rumores não surgiram pela primeira vez com o Titanic, já
que a própria White Star Line havia descrito o RMS Cedric como "praticamente
inafundável" nove anos antes.[38]
O Titanic também estava equipado com vinte botes salva-vidas: catorze com capacidade
total para 65 pessoas, dois cúteres de emergência que acomodavam até quarenta
pessoas e quatro botes desmontáveis Engelhardt que conseguiam levar 47 pessoas.
Dessa forma, os vinte barcos teoricamente poderiam conter 1178 pessoas, ou seja, um
terço da capacidade total do navio.[39]Apesar de ser um número baixo, era muito mais do
que as legislações marítimas da época exigiam; o pensamento contemporâneo era de que
navios do tamanho do Titanic demorariam para afundar e que assim os botes serviriam
para transportar os passageiros do navio naufragando para alguma embarcação de
resgate.[40]
O engenheiro Alexander Carlisle havia considerado a ideia de colocar mais botes a bordo,
porém foi rejeitado por Ismay, dentre outros motivos, porque isso iria diminuir o espaço do
convés dos botes e enfraquecer a confiabilidade do público na empresa. Mesmo assim, a
fim de evitar custos adicionais caso uma possível mudança nas leis, Carlisle conseguiu
convencer Ismay a instalar turcos tipo Wellin que eram capazes de baixar até dois
botes.[41] Apenas 710 pessoas conseguiram embarcar nos botes durante o naufrágio,
pouco mais da metade da capacidade total que poderiam acomodar. As leis marítimas
foram alteradas dois anos depois em 1914 através da Convenção Internacional para a
Salvaguarda da Vida Humana no Mar exigindo que as companhias sempre tivessem botes
suficientes para todos a bordo.[42]

Passageiros
Ver também: Passageiros do RMS Titanic

John Jacob Astor e sua esposa Madeleine Astor, os passageiros mais ricos do navio.

O Titanic partiu em sua primeira e única viagem com 1316 passageiros a bordo: 325 na
primeira classe, 285 na segunda e 706 na terceira. Deles, 922 embarcaram
em Southampton, 274 em Cherbourg-Octeville na França e 120
em Queenstown na Irlanda. Na primeira classe estavam os passageiros mais ricos do
navio, dentre eles empresários, artistas, oficiais militares, políticos e outros. Em muitos
casos eles viajaram com várias malas de bagagem e um ou mais criados
particulares.[43] Dentre as personalidades que viajaram na primeira classe durante a
viagem inaugural do Titanic pode-se destacar Joseph Bruce Ismay, presidente da White
Star Line,[44] e Thomas Andrews, um dos engenheiros do navio.[45] Ambos viajaram a fim
de observar possíveis defeitos que poderiam ocorrer e melhorias que poderiam ser
aplicadas no Britannic. O passageiro mais rico a bordo era John Jacob Astor IV, um militar,
escritor, inventor e empresário norte-americano, que viajava junto de sua esposa
Madeleine.[46] Outros passageiros detentores de grandes fortunas incluiam Margaret
Brown,[47] Benjamin Guggenheim,[48]Jacques Futrelle,[49] Cosmo Duff-Gordon,[50] Archibald
Gracie[51] e o tenista Richard Norris Williams.[52] Archibald Butt, um dos assessores do
presidente William Howard Taft, também fez a travessia a bordo do Titanic para retornar
aos Estados Unidos a fim de se preparar para as eleições presidenciais.[53] John Pierpont
Morgan, banqueiro e empresário norte-americano, também deveria ter viajado no Titanic,
porém desistiu de última hora para comemorar o aniversário de sua amante em Aix-les-
Bains na França.[54]
A segunda classe era mais diversificada e incluía empresários, professores, clérigos e
imigrantes, por vezes ricos, que retornavam ao seu país natal.[55] Dentre eles é possível
destacar Lawrence Beesley, um jornalista e escritor britânico que depois do naufrágio
publicaria um dos primeiros relatos do desastre, The Loss of the SS Titanic.[56] Também na
segunda classe estava a família Navratil: o pai Michel e os filhos bebês Michel Marcel e
Edmond. Eles foram registrados ao embarcarem como "família Hoffman" e para os outros
passageiros eram um pai viúvo com seus dois filhos pequenos. Entretanto, Michel Navratil
na verdade havia perdido a custódia das crianças para sua ex-esposa mas decidiu fugir
com eles para os Estados Unidos; Michel morreu no naufrágio, porém Michel Marcel e
Edmond sobreviveram e ficaram conhecidos como os "órfãos do Titanic".[57]
Por fim, a terceira classe era onde estavam os imigrantes. Eram pessoas que muitas
vezes viajavam em grandes grupos familiares de até doze membros.[58] Eles vinham de
diferentes partes da Europa como Escandinávia, Leste Europeu, Irlanda e até mesmo da
Ásia.[59] Antes do embarque todos foram sujeitos a controles sanitários pois os
regulamentos de imigração norte-americana eram bem rigorosos para evitar
contaminação. A terceira classe era a única a ser obrigada a passar por esses exames,
também estando previsto que novas examinações fossem realizadas assim que
chegassem a Nova Iorque.[60]

Tripulação
Ver artigo principal: Tripulação do RMS Titanic

Os quatro oficiais sobreviventes. Em pé: Harold Lowe, Charles Lightoller e Joseph Boxhall. Sentado:
Herbert Pitman.

O comissário chefe Hugh McElroy junto com o capitão Edward Smith a bordo do Titanic.

Dentre as quase novecentas pessoas que faziam parte da tripulação do Titanic, 66


pertenciam a tripulação de convés (oficiais, marinheiros, vigias e quartel-mestres),[61] 325
eram mecânicos (carvoeiros, foguistas, graxeiros e especialistas),[62] e por fim 494 eram
membros da equipe de atendimento (comissários, mordomos, cozinheiros, operadores de
rádio, etc.).[63][64]
O comandante do navio era o capitão Edward Smith, o mais respeitado oficial da White
Star Line e um capitão extremamente popular entre os passageiros da primeira classe,
tendo comandado todos os maiores e mais novos navios da companhia desde
1904.[65]Henry Wilde de última hora chegou para ser o oficial chefe e o segundo no
comando do Titanic, causando uma mudança na hierarquia dos oficiais.[66] Isso fez com
que os três oficiais mais graduados da embarcação fossem os mesmos que haviam
trabalhado no Olympic (com o terceiro sendo o primeiro oficial William Murdoch). Além
deles, também estavam a bordo o segundo oficial Charles Lightoller, terceiro oficial Herbert
Pitman, quarto oficial Joseph Boxhall, quinto oficial Harold Lowe e sexto oficial James
Moody.[67] Eles eram os encarregados de comandar a tripulação do convés e garantir o
andamento e bom funcionamento de toda a embarcação. Eles eram auxiliados por quartel-
mestres que cuidavam da roda do leme, os vigias que trabalhavam no cesto de gávea e os
marinheiros que ficavam na manutenção dos diversos dispositivos a bordo.[68][69]
A equipe de mecânicos trabalhava nas entranhas do navio. Sob o comando do engenheiro
chefe Joseph Bell,[70] eram os responsáveis por cuidar da sala de máquinas e manter
o Titanic em funcionamento. As 29 caldeiras eram alimentadas por trezentos foguistas que
atuavam em condições terríveis.[71] Pouquíssimos membros da equipe sobreviveram ao
naufrágio.[72]
Por fim, a equipe de atendimento era bem mais diversa e a que realizava o trabalho mais
comum. A maioria eram comissários acompanhados por alguns recepcionistas, porém
também incluía os cozinheiros. Suas funções eram de cuidar das cabines e instalações do
navio, além de atender os passageiros.[73] Na direção de todos os tripulantes de
atendimento estava o comissário de bordo chefe Hugh McElroy, responsável também por
atender quaisquer queixas que os passageiros tivessem.[74][75] Os dois operadores do rádio
sem fio, Jack Phillips[76] e Harold Bride,[77] também são incluídos como parte dessa
tripulação.[74]
O Titanic também empregava um orquestra formada por um trio e um quinteto liderado
pelo violinista Wallace Hartley. Eles tocavam na primeira e segunda classe, entrando na
história como heróis por terem continuado a tocar durante todo o naufrágio sem tentarem
se salvar. Os músicos não eram considerados parte da tripulação e foram contados como
passageiros da segunda classe.[78]

História
Testes marítimos

O Titanic deixando Belfast para seus testes marítimos, 2 de abril de 1912.

Às 6h do dia 2 de abril de 1912, 78 foguistas e 41 oficiais e tripulantes embarcaram


no Titanic para que ele pudesse realizar seus testes marítimos. O navio deixou o porto de
Belfast puxado por quatro rebocadores da Red Funnel Line, com todos os oito oficiais
presentes a bordo.[79] Pelo restante do dia a embarcação fez testes de velocidade e
manobrabilidade, como paradas de emergência e medição de suas manobras em
diferentes velocidades. Esses testes mostraram que o Titanic era capaz de parar
completamente depois de percorrida uma distância de três vezes o seu comprimento.[80]
Ao meio-dia, os engenheiros, os representantes da Harland and Wolff e os representantes
do Ministério do Comércio britânico almoçaram no salão de jantar da primeira classe e
dessa forma inauguraram essa instalação. O Titanic voltou para Belfast às 18h, tendo
cumprido todos os requisitos exigidos pelo governo do Reino Unido. Francis Carruthers,
inspetor da Junta Comercial, assinou o certificado nº 131428 de navegabilidade do navio,
válido por um ano.[81] A embarcação deixou a cidade às 20h do mesmo dia e chegou
em Southampton durante a noite do dia 3 de abril.[82]
Seis rebocadores da Red Funnel ajudaram o Titanic a atracar no cais nº 44 do porto de
Southampton. A cidade anteriormente fora forçada a reformar sua área portuária para
poder acomodar navios do tamanho da Classe Olympic.[83] Nos dias seguintes o resto da
tripulação chegou e realizou os preparos finais para a partida. Suas chaminés e parte do
casco também receberam um retoque em suas pinturas.[9]
Partida

O Titanic no porto de Southampton, 10 de abril de 1912.

O Titanic deixou o porto de Southampton às 12h15min do dia 10 de abril de 1912 com 953
passageiros a bordo, 29 dos quais desembarcariam antes do navio seguir para Nova
Iorque. A bordo estavam pessoas de quarenta nacionalidades diferentes. Ao partir a
embarcação passou perto do SS New York, que estava atracado no cais. A sucção das
hélices do Titanic fez com que as amarras que prendiam o New York se soltassem, e ele
rapidamente começou a se aproximar do navio maior. Smith deu ordem para que as
máquinas entrassem em ré a fim criar um efeito que empurrasse o New York para longe.
Os rebocadores do porto conseguiram parar o New York e impedir uma colisão, porém os
dois navios chegaram a ficar a menos de dois metros de distância um do outro.[84] Esse
incidente fez com que o Titanic deixasse Southampton com uma hora de atraso.[85]
Em seguida ele foi para Cherbourg-Octeville na França, chegando às 18h35min. 22
passageiros desembarcaram e outros 274 subiram a bordo, em sua maioria da primeira
classe. Já que a embarcação era muito grande para entrar no porto da cidade,[86] o
transporte dos passageiros foi realizado por dois barcos auxiliares: o SS Nomadic e
o SS Traffic.[86][87] O navio deixou Cherbourg às 20h10min.[2]
O Titanic então rumou para Queenstown na Irlanda, chegando às 11h30min do dia
seguinte. Sete passageiros desceram e 120 embarcaram,[88] principalmente imigrantes da
terceira classe que pretendiam tentar a vida nos Estados Unidos. O navio deixou
Queenstown às 13h30min e iniciou sua travessia transatlântica para Nova Iorque com
1316 passageiros e 889 tripulantes.[89] Desde o naufrágio muitas vezes se afirmou que o
capitão Smith planejava se aposentar ao final da viagem;[90] entretanto, não existem
evidências concretas que essa era realmente sua intenção[91] enquanto outras fontes
sugerem que a White Star Line planejava mantê-lo no comando do Titanic até o
lançamento do Britannic, então agendado para 1914.[92]
Travessia

O Titanic parado em Queenstown, 11 de abril.


Rota do Titanic até o local de seu naufrágio.

A travessia do Titanic pelo oceano Atlântico ocorreu sem grandes incidentes pelos dois
dias seguintes. No dia 12 de abril ele começou a receber avisos de gelo vindos de outras
embarcações. A primeira mensagem deste tipo foi do SS La Touraine, que alertava sobre
uma névoa densa, uma espessa camada de gelo na superfície da água e
vários icebergs em diferentes pontos do oceano. Essa mensagem foi imediatamente
entregue ao capitão Smith.[93]
O navio recebeu várias outras mensagens de icebergs e campos de gelo por todo o dia
seguinte. Na parte da tarde, o incêndio que estava ocorrendo em uma de suas reservas de
carvão desde antes da partida de Southampton foi finalmente apagado. Esse tipo de
incidente não era incomum em embarcações da época, porém sua intensidade foi rara
devido a uma explosão de gás e pela baixa qualidade do carvão ocasionada por uma
greve de mineiros. Foram necessários vários homens para apagar o fogo, que
possivelmente pode ter enfraquecido as paredes do casco.[94] O SS Rappahannockenviou
às 22h30min mais uma notificação sobre camadas de gelo grossas e campos de icebergs;
o recebimento dessa mensagem foi confirmado no diário de bordo por um dos
oficiais.[95][96]
Novas mensagens foram recebidas também durante a tarde e noite de 14 de abril.
Diferentemente das anteriores, apenas alguns desses avisos foram entregues na ponte e
Smith não tomou conhecimento da maioria deles.[96]
Naufrágio
Ver artigo principal: Naufrágio do RMS Titanic
Colisão

O iceberg que acredita-se ter sido batido pelo Titanic, fotografado pelo comissário chefe do SS Prinz
Adalbert na manhã do dia 15. Testemunhas afirmam que o iceberg tinha rastros de pintura vermelha
do casco do navio em um de seus lados.

O Titanic já havia percorrido mais de 2 500 quilômetros por volta da noite de 14 de abril.
Dentre os avisos de gelo recebidos durante o dia estava um do SS Californian. Às
22h55min, o Californian enviou um outro aviso para todos os navios próximos, inclusive
para o Titanic. Porém, Jack Phillips interrompeu o operador da outra embarcação e o
mandou calar a boca para que pudesse continuar enviando mensagens dos passageiros
para o continente. Logo depois disso o operador de rádio do Californian desligou seus
equipamentos e foi dormir, já que não era costume manter os operadores trabalhando
durante a noite.[97]
Por volta das 23h30min, o Titanic estava viajando a pouco mais de 21,5 nós (41
km/h),[98] com a maioria dos passageiros já estando dormindo ou retirados em suas
cabines. Neste momento na ponte de comando estavam de serviço o primeiro oficial
Murdoch e o sexto oficial Moody, enquanto na roda do leme estava o quartel-mestre
Robert Hichens. No cesto de gávea no mastro principal estavam os vigias Frederick Fleet
e Reginald Lee. Era uma noite escura, não havia nuvens nem Lua no céu e a água estava
completamente calma; atualmente sabe-se que uma água extremamente calma como
aquela encontrada pelo Titanic é um sinal da presença de icebergs por perto, porém isso
não era de conhecimento dos marinheiros da época.[99]
Fleet e Lee avistaram um iceberg diretamente na frente do navio à aproximadamente
23h40min. Fleet tocou o sino de alerta três vezes e telefonou para a ponte, informando
Moody sobre o gelo. O sexto oficial repassou o aviso para Murdoch, que por sua vez
ordenou uma parada total das máquinas[100] e que Hichens virasse a embarcação
para bombordo.[101] Houve um atraso antes que quaisquer uma das ordens pudessem
entrar em efeito: o mecanismo de manobra demorava até trinta segundos para mover o
leme do Titanic,[102] enquanto parar os motores também era uma tarefa que precisava de
muito tempo para poder ser realizada.[103]
O Titanic começou a virar quase quarenta segundos depois, porém isso não foi suficiente.
O iceberg colidiu com o lado estibordo do navio, arranhando seu casco embaixo da linha
d'água e fazendo com que pedaços de gelo caíssem nos conveses dianteiros.[104] Murdoch
ordenou uma virada para estibordo a fim de mudar o curso da popa e dessa forma evitar
que o gelo danificasse toda a extensão do navio, também ativando o fechamento imediato
das comportas estanques para tentar conter a água.[105] Smith estava em sua cabine no
momento da colisão, porém sentiu a vibração do navio e foi para a ponte, onde Murdoch
lhe informou sobre o ocorrido. O capitão ordenou que todas as máquinas fossem
desligadas e mandou chamar Thomas Andrews a fim de investigar as avarias.[106]
Danos

O iceberg entortou as placas de aço do casco e arrancou rebites, danificando vários


compartimentos.

O Titanic já estava começando a inclinar apenas minutos depois da colisão. Smith e


Andrews foram para os conveses inferiores investigar os danos, descobrindo que os
depósitos de carga, sala dos correios e quadra de squash já estavam inundadas, enquanto
a sala das caldeiras nº 6 já tinha mais de quatro metros de água e a sala nº 5 também já
estava começando a ser inundada.[107] Estima-se que aproximadamente sete toneladas de
água estavam entrando no navio por segundo, quinze vezes mais do que as bombas eram
capazes de expelir.[108] Em apenas 45 minutos, mais de treze mil toneladas de água já
tinham entrado na embarcação.[109] Andrews logo percebeu que o Titanic estava
condenado; ele e Smith voltaram para a ponte, onde o engenheiro informou os oficiais
sobre a situação, aconselhou o lançamento imediato dos botes salva-vidas e estimou que
o navio afundaria em pouco mais de uma hora.[105]
O impacto do iceberg havia entortado as placas de aço do casco e causado seis pequenas
aberturas, com todas juntas equivalendo a uma área de pouco mais de um metro
quadrado de todo o navio. A maior abertura tinha por volta de doze metros de
comprimento e aparentemente seguiu a linhas das placas de aço.[110] As placas na parte
central do navio eram mantidas unidas por três fileiras de rebites feitos de aço de carbono,
porém as placas da proa e popa ficavam presas por duas linhas de rebites feitos com ferro
forjado, que segundo especialistas estavam no limite da tensão antes mesmo da
colisão.[111] Esse segundo tipo de rebite era mais propenso a sair do lugar em situações de
grande tensão, ainda mais sob um frio extremo como na noite em que
o Titanic afundou.[112]
Acima da linha d'água, havia pouquíssimos sinais da colisão. Os comissários no salão de
jantar da primeira classe haviam sentido um tremor, que eles pensaram ter sido causado
pela quebra de uma das lâminas das hélices. Muitos passageiros da primeira e segunda
classe sentiram uma batida ou tremor, porém não sabiam do que se tratava. Aqueles nos
conveses inferiores, principalmente tripulantes e passageiros da terceira classe perto do
local da colisão, sentiram o impacto da batida bem mais diretamente.[113]
Primeiras ações
MENU
0:00
Simulação do pedidos de socorro do Titanic enviados pelos operadores de rádio em código Morse.

Às 0h05min já do dia 15 de abril, Smith deu ordem para que os botes fossem preparados e
os passageiros acordados. Ele ordenou que Phillips e Bride começassem a enviar pedidos
de socorro, que erroneamente direcionaram os navios de resgate para uma posição 21 km
distante de onde o Titanic realmente estava.[114] Os comissários de bordo logo foram bater
de porta em porta chamando os passageiros e pedindo para que eles fossem para o
convés dos botes.[115] O tratamento recebido dependia da posição social; os comissários
da primeira classe cuidavam cada um de apenas algumas cabines, então eles podiam
ajudar os passageiros a se vestirem e irem para o convés, enquanto os comissários da
segunda e terceira classe tinham de percorrer várias cabines rapidamente, rudemente
acordar os passageiros e mandá-los colocarem coletes salva-vidas.[116] Apesar das
ordens, muitos passageiros e tripulantes estavam relutantes em atender os pedidos, por
não acreditarem que o Titanic estava em perigo ou por não quererem sair no frio da noite.
Não foi dito que o navio estava afundando, porém algumas pessoas perceberam que ele
estava inclinando.[115]
No convés a tripulação iniciou o preparo dos botes, porém era difícil ouvir qualquer coisa
devido ao barulho do vapor das caldeiras que estava sendo evacuado pelas
chaminés.[117]O som era tão alto que tiveram que usar sinais de mão para se
comunicarem.[118] Além disso, eles estavam mal preparados para uma emergência já que o
treinamento com botes havia sido mínimo. Esses barcos supostamente estariam com
suprimentos de emergência, porém muitos passageiros posteriormente descobriram que
tinham recebido apenas provisões parciais, apesar dos esforços do padeiro chefe Charles
Joughin e sua equipe. Nenhum exercício de emergência havia sido realizado
no Titanic desde sua partida de Southampton.[119] Tudo isso foi piorado pela aparente
indecisão, insegurança e paralisia de Smith, que falhou em dar certas ordens, não
organizou a tripulação e negligenciou informações cruciais sobre a real situação do
navio.[120]
Botes lançados
Ver artigo principal: Botes salva-vidas do RMS Titanic
Sinal de socorro enviado pelo Titanic às 1h40min e captado pelo navio russo SS Birma.

O preenchimento dos botes salva-vidas começou por volta dàs 0h20min. O segundo oficial
Lightoller se dirigiu ao capitão e sugeriu que a evacuação fosse iniciada com as mulheres
e crianças. Smith, ainda em estado de paralisia, concordou com a cabeça e disse "coloque
as mulheres e crianças e abaixe-os". Lightoller assumiu o lançamento dos botes no lado
bombordo enquanto Murdoch ficou encarregado do lado estibordo. Entretanto, os dois
homens interpretaram as ordens de maneira diferente: o primeiro oficial entendeu que
eram mulheres e crianças primeiro, enquanto o segundo oficial presumiu que eram
mulheres e crianças apenas. Dessa forma, Lightoller lançava seus botes caso não
houvesse nenhuma mulher por perto para embarcar, enquanto Murdoch por sua vez
permitia a entrada de homens depois de embarcadas todas as mulheres e crianças.
Nenhum dos dois sabia a capacidade exata dos barcos e temeram superlotá-los, assim
vários botes foram abaixados com menos da metade de sua capacidade total.[121]
Pouquíssimos passageiros estavam inicialmente dispostos a embarcar nos botes e os
oficiais tiveram grande dificuldade em persuadi-los. Eles eram em sua enorme maioria
membros da primeira classe. Ismay sabia da necessidade de urgência na evacuação e
correu pelo lado estibordo do convés superior pedindo para as pessoas embarcarem.
Algumas mulheres, casais e homens solteiros foram persuadidos a embarcar no bote nº 7,
que foi o primeiro a ser lançado ao mar por volta dàs 0h45min com apenas 28 pessoas.[122]
Nos conveses inferiores a situação era bem mais alarmante. Os tripulantes das salas das
caldeiras nº 5 e 6 estavam lutando por suas vidas enquanto ao mesmo tempo tentavam
impedir que o vapor das caldeiras não entrasse em contato com água congelante do
oceano, algo que poderia ocasionar uma explosão. A sala da caldeira nº 4 começou a ser
inundada por volta das 1h20min, inicialmente pelo chão, indicando que o iceberg
possivelmente também danificou a parte inferior do casco.[122] Mais para a popa, o
engenheiro chefe Bell e seus colegas continuaram trabalhando nos geradores elétricos do
navio a fim de manter as luzes e o rádio funcionando. Eles aparentemente permaneceram
em seus postos até o fim, garantindo que o Titanic permanecesse iluminado até os
minutos finais.[123]
Ilustração de Charles Dixon do bote nº 15 sendo baixado em cima do nº 13.

No convés superior o lançamento dos botes continuou com o de nº 6 às 0h55hmin,


também com apenas 28 pessoas.[124] Os barcos continuaram a serem abaixados em
intervalos de alguns minutos em ambos os lados, porém a grande maioria estavam sem
lotação total. O nº 5 tinha 41 pessoas, o nº 3 foi com 32, o nº 8 com 39 e o nº 1 com
apenas 12 de uma capacidade total de 40. A evacuação não ocorreu calmamente e alguns
passageiros se feriram.[125] A descida dos botes também era perigosa, com o nº 6 quase
sendo inundado por água que saia do navio[126] e o nº 3 tendo seus turcos emperrados.[127]
A seriedade da situação ficou aparente para os passageiros por volta dàs 1h20min,
quando muitos começaram a se despedir e maridos a levar suas esposas para os botes.
Fogos de artifício sinalizadores eram disparados periodicamente para tentar atrair a
atenção de algum navio por perto enquanto os operadores de rádio continuavam a mandar
pedidos de socorro CQD. Bride depois acabou sugerindo para Phillips que começassem a
usar o recém instaurado SOS. Várias embarcações responderam aos chamados
do Titanic, incluindo seu irmão Olympic, porém o mais perto era o RMS Carpathia, a 93 km
de distância.[128]
Até então, a grande maioria dos passageiros que tinham conseguido embarcar nos botes
eram da primeira e segunda classes. Muito poucas pessoas da terceira classe tinham
conseguido chegar ao convés superior, com a maioria se perdendo nos labirintos de
corredores ou ficando presos atrás de grades que segregavam as acomodações da
terceira classe daquelas da primeira e segunda. Aparentemente em pelo menos em alguns
lugares, a tripulação do Titanic ativamente impediu que os passageiros da terceira classe
escapassem, com barreiras trancadas e vigiadas por tripulantes a fim de impedir que as
pessoas corressem para os botes.[129]
À aproximadamente 1h30min, o Titanic estava adernando para bombordo e sua inclinação
aumentando.[130] Os botes restantes foram preenchidos rapidamente e com uma lotação
mais próxima da capacidade total. O nº 11 foi lançado com cinco pessoas a mais do que
podia carregar, quase sendo inundado por uma

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