Anda di halaman 1dari 128

ANÁLISE DE DECISÕES DE OFERTA DE ÁREAS

NA REGULAÇÃO DA EXPLORAÇÂO DE
PETRÓLEO E GÁS NATURAL NO BRASIL

Bernardo Faria de Almeida

Tese de Doutorado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção, COPPE, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Doutor em Engenharia
de Produção

Orientador: Edilson Fernandes de Arruda

Rio de Janeiro
DEZEMBRO de 2016
ANÁLISE DE DECISÕES DE OFERTA DE ÁREAS NA REGULAÇÃO DA
EXPLORAÇÂO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL NO BRASIL

Bernardo Faria de Almeida

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ


COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE)
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.

Examinada por:

________________________________________________
Prof. Edilson Fernandes de Arruda, D.Sc.

________________________________________________
Dr. Alexandre Carlos Camacho Rodrigues, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Cleverson Guizan Silva, Ph.D.

________________________________________________
Profa. Laura Silvia Bahiense da Silva Leite, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Virgílio José Martins Ferreira Filho, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

DEZEMBRO DE 2016
Almeida, Bernardo Faria de

Análise de decisões de oferta de áreas na regulação


da exploração de petróleo e gás natural no Brasil /
Bernardo Faria de Almeida. – Rio de Janeiro:
UFRJ/COPPE, 2016.

XIII, 115 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Edilson Fernandes de Arruda

Tese (doutorado) – UFRJ / COPPE / Programa de


Engenharia de Produção, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 99-115.

1. Exploração de Petróleo e Gás Natural. 2. Cadeias


de Markov. 3. Análise de Decisão. 4. Mapas de Potencial
Mineral. 5. Pesos de Evidências (Weights of Evidence). I.
Arruda, Edilson Fernandes de. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia de
Produção. III. Título.

iii
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, aos meus pais
José Geraldo de Almeida (in memoriam) e Maria Lybia Lima de Faria,
que estabeleceram as bases de minha formação pessoal e educacional
e aos meus filhos, pelo apoio incondicional em todos os momentos
e pela oportunidade de experimentar a mais pura forma de amor.

iv
Agradecimentos

A Deus, por ter permitido que eu chegasse até aqui, por ter me amparado nos
momentos difíceis e mostrado o caminho nas horas incertas,

Ao meu Orientador Edilson Fernandes de Arruda, pela oportunidade, parceria e


atenta participação na pesquisa,

Aos membros da Banca, por aceitarem ao convite e pela atenção na melhoria


do trabalho,

Aos professores e equipe administrativa da linha de pesquisa operacional do


Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ,

Aos meus colegas Alexandre, Arnaldo, Elaine, Guilherme, Inês, Luciene,


Rafael, Marcola, Olavo, Renato, Waldyr e Wesley, pelo compartilhamento de
experiências e por tornar o nosso convívio tão especial,

Às áreas técnicas onde trabalhei com temas relacionados com exploração, que
me permitiram vivenciar a construção de decisões de grande relevância para o setor
de E&P e para o Brasil. À ANP, pelo apoio institucional e pela permissão que esta tese
de doutorado pudesse ser realizada,

Aos meus familiares, minhas tias e meus amigos: preciso dizer um “muito
obrigado“ por toda compreensão, carinho e incentivo dados durante toda minha
caminhada. Desculpa pelas horas tomadas do convívio! Amo vocês!

Minha profunda gratidão para todos que contribuíram para este projeto
ensinando, inspirando, discutindo e apoiando.

v
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

ANÁLISE DE DECISÕES DE OFERTA DE ÁREAS NA REGULAÇÃO


DA EXPLORAÇÂO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL NO BRASIL

Bernardo Faria de Almeida


Dezembro/2016

Orientadores: Edilson Fernandes de Arruda


Programa: Engenharia de Produção

O Brasil dispõe de grande quantidade de áreas em bacias sedimentares


ainda pouco exploradas, com potencial de ampliação de investimentos em exploração
e produção (E&P) e do conhecimento geológico sobre seu potencial petrolífero.
Com o fim do monopólio, a Lei do Petróleo Brasileira definiu políticas que
promoveram a expansão de investimentos e permitiram a entrada de novas empresas
para o setor de E&P. As áreas exploratórias passaram a ser objeto de oferta em
Rodadas de Licitações de Blocos Exploratórios - Bid Rounds com contratos de
exploração e produção de petróleo e gás natural celebrados pelas empresas
vencedoras, oferecendo importantes resultados para este setor.
Esta tese propõe dois métodos de suporte decisório baseadas em dados
históricos. O primeiro método propõe a análise de favorabilidade espacial para
exploração de hidrocarbonetos baseada em Mapas de Potencial Mineral, pela técnica
de pesos por evidências (weights of evidence). O método proposto é aplicado com
dados reais na porção terrestre da bacia de Sergipe-Alagoas; uma parte das
descobertas foi empregada para validar os resultados obtidos, confirmando a
tendência de concentração dessas descobertas nas áreas apontadas como mais
favoráveis pelo método.
O segundo método suporta as decisões de oferta de áreas com base na
análise da demanda gerada por atividades de E&P, por meio da aplicação de cadeias
de Markov no planejamento de Bid Rounds. O método proposto foi aplicado com
dados reais de perfuração de poços exploratórios nas bacias de Santos e Solimões,
com o objetivo de manter a expectativa da demanda por atividades exploratórias
dentro de um intervalo de interesse. Os resultados sugerem que a regularidade e
previsibilidade de ofertas de áreas em Bid Rounds maximizam o atendimento dos
objetivos da política energética nacional.

vi
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

DECISION ANALYSIS OF EXPLORATORY AREAS OFFER ON


REGULATION FOR OIL AND NATURAL GAS EXPLORATION IN BRAZIL

Bernardo Faria de Almeida


December/2016

Advisor: Edilson Fernandes de Arruda


Department: Industrial Engineering

Brazil has a large number of low explored sedimentary basins, with a potential
to increase investments in the oil and gas sector and geological knowledge concerning
their potential.
By the end of the monopoly, the new Brazilian Petroleum Law prescribed
policies that promoted the expansion of investments and favored the involvement of
new companies in the oil and gas sector. Exploratory areas started to be the object of
Bid Rounds, and exploration and production contracts were signed by winning
companies, with important results for this sector.
This thesis proposes two methods to support E&P decisions based on historical
data. The first method proposes the spatial favorability analysis for the hydrocarbons
exploration based on Mineral Potential Mapping, by means of the Weights of Evidence
framework. We apply the proposed method to real data of the Sergipe-Alagoas basin;
part of the discoveries are used to validate the results, confirming the tendency of
those discoveries to be located in the areas deemed more favorable by the approach.
The second method supports areas offer decisions regarding its consequent
demand for E&P activities based on Markov decision processes framework. The
proposed approach were applied to real data of the Santos and Solimões basins, with
a view at keeping the expected demand for exploratory activities within prescribed
bounds. The results suggest that regularity and predictability of Bid Rounds areas
offers benefit the attendance of national energy policy objectives.

vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis


CNPE Conselho Nacional de Política Energética
EC Emenda Constitucional
E&P Exploração e Produção
FR Fator de Recuperação
G&G Geologia e geofísica
MPM Mapas de Potencial Mineral (Mineral Potencial Maps)
MME Ministério de Minas e Energia
PEM Programa Exploratório Mínimo
PO Pesquisa Operacional
PAD Plano de Avaliação da Descoberta
P&GN Petróleo e Gás Natural
PSC Production Sharing Contract
SG Serviço Geológico
SIG Sistema de Informações Georreferênciadas
WofE Weights of Evidence

viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Bacias Sedimentares Brasileiras.................................................................. 3
Figura 2 – Produção Brasileira de Petróleo (ANP, 2016) .............................................. 4
Figura 3 – Perfuração de Poços Exploratórios no Brasil. .............................................. 6
Figura 4 – Fluxo de Atividades de E&P ....................................................................... 12
Figura 5 – Quadro dos elementos do sistema petrolífero (BATISTA, 2015). ............... 13
Figura 6 – Os diferentes níveis de atividade exploratória (MAGOON & DOW, 1994). . 14
Figura 7 – Interpretação sísmica na Bacia de Sergipe-Alagoas (UFRN, 2008). .......... 18
Figura 8 – Histórico de Produção de Petróleo no Período Pré-ANP (1965-1997) ....... 20
Figura 9 – Produção Brasileira de Petróleo (ANP, 2016). ........................................... 20
Figura 10 – Gráfico de Previsão de descobertas futuras de óleo (MEISNER &
DEMIRNEN, 1981). .................................................................................................... 25
Figura 11 – Fluxo de caixa nas fases de exploração, desenvolvimento, e produção de
um projeto de E&P (traduzido de LERCHE & MACKAY, 1999)................................... 32
Figura 12 – Previsão de produção simplificada para avaliação econômica de um
projeto de E&P (traduzido de LERCHE & MACKAY, 1999)......................................... 32
Figura 13 – Estratigrafia presente na Sub-bacia de Sergipe na Bacia Sergipe-Alagoas
(UFRN, 2008): (a) Detalhe recortado da Carta Estratigráfica da Sub-bacia de Sergipe
da Bacia de Sergipe-Alagoas proposta pelo projeto UFRN/ANP (modificada de FEIJÓ,
1994; MOHRIAK et al., 1997; SOUZA-LIMA et al., 2002) das sequências que serão
utilizadas no estudo e (b) Seção Esquemática Geológica da Sub-Bacia de Sergipe... 47
Figura 14 – Mapa sismoestrutural e de isópaca da Tectonossequência Pré-Rifte
(UFRN, 2008). ............................................................................................................ 54
Figura 15 – Mapa sismoestrutural e de isópaca da Tectonossequência Indivisa ........ 55
Figura 16 – Mapa sismoestrutural e de isópaca da Tectonossequência Rifte ............. 56
Figura 17 – Mapa Anomalia Bouguer Residual (linha branca é a linha de costa)
(UFRN, 2008). ............................................................................................................ 57
Figura 18 – Falhas interpretadas a partir de linhas sísmicas e relevo do topo do
embasamento cristalino (UFRN, 2008) ....................................................................... 57
Figura 19- Mapa de favorabilidade exploratória na Bacia de Sergipe-Alagoas com 70%
das descobertas em poços exploratórios. ................................................................... 59
Figura 20 – Avaliação do Mapa de Favorabilidade da Bacia de Sergipe-Alagoas com
70% dos poços ........................................................................................................... 60
Figura 21 – Mapa de favorabilidade exploratória na Bacia de Sergipe-Alagoas .......... 61
Figura 22 – Perfuração de Poços Exploratórios no Brasil. .......................................... 65
Figura 23 – Proporções consideradas pelo método de planejamento de oferta de
áreas. ......................................................................................................................... 69
Figura 24 – Estados de Transição propostos para o projeto teórico de E&P............... 71
Figura 25 – Quantidade esperada de poços a serem perfurados em um contrato
teórico de E&P ............................................................................................................ 73
Figura 26 – Análise de correlação de preço do petróleo (Brent, US$) e poços
exploratórios ............................................................................................................... 74
Figura 27 – Poços exploratórios perfurados no Brasil e o Preço do Petróleo (Brent) .. 74
Figura 28 - Quantidade Esperada de poços exploratórios a serem perfurados a partir
de uma oferta de 20 blocos exploratórios ................................................................... 76
Figura 29 – Expectativa de demanda por poços exploratórios no Planejamento de Bid
Rounds ....................................................................................................................... 77

ix
Figura 30 – Poços Exploratórios perfurados na Bacia de Santos ................................ 83
Figura 31 – Poços exploratórios perfurados na Bacia de Campos .............................. 84
Figura 32 – Quantidade esperada de poços perfurados por contrato de E&P na Bacia
de Santos ................................................................................................................... 85
Figura 33 – Poços exploratórios perfurados na Bacia de Solimões............................. 86
Figura 34 – Quantidade esperada de poços perfurados por contrato de E&P na Bacia
de Solimões ................................................................................................................ 87
Figura 35 – Quantidade Esperada de poços exploratórios na Bacia de Santos pela
oferta de 20 blocos exploratórios ................................................................................ 88
Figura 36 – Quantidade Esperada de poços exploratórios na Bacia de Solimões pela
oferta de 20 blocos exploratórios ................................................................................ 89
Figura 37 – Demanda esperada para um plano de 15 anos de Bid Rounds para a
Bacia de Santos.......................................................................................................... 90
Figura 38 – Incremento da Densidade Exploratória no Planejamento de Rodadas de 15
anos para a Bacia de Solimões .................................................................................. 91
Figura 39 - Atendimento da Densidade Exploratória Objetivo para a Bacia de Santos 91
Figura 40 – Expectativa de demanda de poços exploratórios para um plano de outorga
de 15 anos na bacia do Solimões ............................................................................... 92
Figura 41 – Incremento da Densidade Exploratória no Planejamento de Rodadas de 15
anos para a Bacia de Solimões .................................................................................. 93
Figura 42 – Atendimento da Densidade Exploratória Objetivo para a Bacia de
Solimões. .................................................................................................................... 93

x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Bid Rounds promovidos no Brasil pela Lei do Petróleo. .............................. 5
Tabela 2 – Comparação de fatores para os quatro níveis de investigação petrolífera
(traduzido de MAGOON & DOW, 1994). ..................................................................... 16
Tabela 3 – Variáveis Exploratórias.............................................................................. 58
Tabela 4 – Pesos de evidências calculados para a avaliação de evidências
exploratórias para a Bacia Sergipe-Alagoas onshore com 70% das descobertas em
poços exploratórios. .................................................................................................... 59
Tabela 5 – Pesos de evidências calculados para a avaliação das evidências
exploratórias na Bacia de Sergipe-Alagoas. ............................................................... 61
Tabela 6 – Bid Rounds promovidos no Brasil pela Lei do Petróleo. ............................ 64
Tabela 7 – Autorizações CNPE para realização de Bid Rounds ................................. 67
Tabela 8 – A atividade de E&P em bacias sedimentares brasileiras. .......................... 80
Tabela 9 – Resultados dos Bid Rounds Brasileiros ..................................................... 81
Tabela 10 – Densidade Exploratória (DE) para bacias sedimentares onshore
selecionadas ............................................................................................................... 82
Tabela 11 – Densidade Exploratória (DE) para bacias sedimentares offshore
selecionadas ............................................................................................................... 82
Tabela 12 – Dados históricos de Bid Rounds para a Bacia de Santos ........................ 83
Tabela 13 – Dados Históricos de oferta de áreas em Bid Rounds para a Bacia do
Solimões ..................................................................................................................... 86

xi
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1
1.1 Motivação ............................................................................................................ 1
1.2 Objetivos ............................................................................................................. 7
1.3 Resultados Esperados ........................................................................................ 8
1.4 Organização do Trabalho .................................................................................... 9
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................... 11
2.1 O Projeto de E&P .............................................................................................. 11
2.2 Exploração ........................................................................................................ 12
Sistema Petrolífero .............................................................................................. 12
Hierarquia Exploratória ........................................................................................ 14
Levantamentos Geológicos e Geofísicos ............................................................. 16
Alterações da Lei do Petróleo brasileiros em Projetos de E&P ............................ 19
Poços Exploratórios ............................................................................................. 22
2.3 Avaliação........................................................................................................... 23
Mapas de Potencial Mineral ................................................................................. 26
Expectativa Volumétrica ...................................................................................... 28
Chance de Sucesso ............................................................................................. 30
Avaliação Econômica de Projetos de E&P ........................................................... 31
2.4 Desenvolvimento e Produção ............................................................................ 33
Plano de desenvolvimento ................................................................................... 34
2.5 Abandono .......................................................................................................... 35
CAPÍTULO 3 - AVALIAÇÃO DE FAVORABILIDADE EXPLORATÓRIA ...................... 37
3.1 Mapas De Potencial Mineral .............................................................................. 37
3.2 Decisões sobre Seleção de Áreas Exploratórias ............................................... 38
3.3 A Técnica De Pesos Por Evidências ................................................................. 38
3.3 Método de Avaliação de Favorabilidades para Exploração de P&GN................ 40
CAPÍTULO 4 – APLICAÇÂO DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE FAVORABILIDADE
EXPLORATÓRIA ........................................................................................................ 45
PARA A BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS .................................................................. 45
4.1 Estudo De Caso Na Bacia De Sergipe-Alagoas ................................................ 45
4.1.1 Delimitação da Área de Interesse ............................................................... 45
4.1.1 Evolução Tectonoestratigráfica da Bacia – Revisão da Literatura ............... 46
4.1.2 Elementos do Sistema Petrolífero ............................................................... 51
4.2 Aplicação do Método ......................................................................................... 52

xii
4.2.1 Proposição de variáveis exploratórias ......................................................... 52
4.2.2 Seleção de Variáveis e Validação da Aplicação do Método ........................ 58
4.4 Resultados ........................................................................................................ 60
CAPÍTULO 5 – MÉTODO DE PLANEJAMENTO DE OFERTA DE ÁREAS ................ 63
5.1 A Licitação de Áreas Exploratórias e a Demanda por Atividades de E&P no
Brasil ....................................................................................................................... 63
5.2 Processo Decisório Brasileiro de Oferta De Áreas Segundo a Lei do Petróleo .. 66
5.3 Método de Planejamento de Oferta de Áreas .................................................... 68
5.3.1 Demanda esperada por poços exploratórios em Bid Rounds ...................... 68
5.3.2 Avaliação da Cadeia de Markov de Blocos Arrematados ............................ 69
5.3.3 Discussão sobre os efeitos do preço do petróleo na perfuração de poços
exploratórios ........................................................................................................ 73
5.3.4 Planejamento de Oferta de Áreas em Bid Rounds ...................................... 75
CAPÍTULO 6 – APLICAÇÂO DO MÉTODO DE PLANEJAMENTO DE OFERTA DE
ÁREAS PARA AS BACIAS DE SANTOS E SOLIMÕES ............................................. 79
6.1 Dados sobre as Bacias Sedimentares Brasileiras ............................................. 79
6.1.1 Bacia de Santos .......................................................................................... 82
6.1.2 Bacia de Solimões ...................................................................................... 85
6.2 Aplicação do Método e Resultados ................................................................... 87
6.2.1 Previsão de Demanda em oferta de áreas de Bid Rounds .......................... 87
6.2.1.1 Previsão de Demanda na Bacia de Santos .............................................. 88
6.2.1.2 Previsão de Demanda na Bacia de Solimões .......................................... 89
6.2.2 Planejamento de Bid Rounds ...................................................................... 89
6.2.2.1 Planejamento de Bid Rounds para a Bacia de Santos ............................. 90
6.2.2.2 Planejamento de Bid Rounds para a Bacia do Solimões.......................... 92
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES .................................................................................. 95
CAPÍTULO 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 99

xiii
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
Introduz-se, neste capítulo, o problema de oferta de áreas para exploração de
petróleo e gás natural, objeto de estudo desta tese de doutorado.

1.1 Motivação
As atividades de Exploração e Produção (E&P) de Petróleo e Gás Natural
(P&GN) passaram por importantes transformações no Brasil com os efeitos da
Emenda Constitucional (EC) 09/1995 e da promulgação da Lei 9.478/1997, conhecida
como a Lei do Petróleo (BRASIL, 1997).

O setor de E&P, que até então contava apenas com a participação exclusiva da
Petrobras (CARVALHO, 1976; DIAS & QUAGLINO, 1993, MOURA E CARNEIRO,
1976; BACOCCOLI, 2009), ganhou capacidade de investimentos com a abertura do
mercado e a entrada de novas empresas no setor. A EC 09/1995 deu nova redação
para o artigo 177 da Constituição Federal Brasileira, e os direitos de realizar atividades
de upstream em contratos de E&P passaram a ser disputados por empresas privadas
em rodadas de licitações de blocos exploratórios (www.brasil-rounds.gov.br).

A criação de leis específicas de petróleo estabelece diretrizes políticas e gera


impactos regulatórios sobre aspectos operacionais para o setor de E&P, como
retratado em publicações recentes na literatura por OZGUR (2016) e AYDIN (2012)
sobre a Turquia; sobre a Noruega por OSMUNDSEN (1999); sobre o México por
GONZALEZ-CANALES (2015) e também por ELJURI & JOHNSTON (2014); sobre o
Irã por SHIRAVI & MAJD (2015); sobre a Colômbia por NUÑEZ (2012); sobre a
Romênia por RUSH et al. (2011) e sobre a Austrália e Noruega por HUNTER (2014) e
sobre o Brasil por PAZ (2014). Assim, verifica-se que regulação é um assunto que se
mostra presente em discussão recente na literatura.

A Lei do Petróleo brasileira criou (1) o CNPE (Conselho Nacional de Política


Energética), com atribuições de definir a política energética brasileira, e (2) a ANP
(Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), responsável pela
implementação da política proposta pelo CNPE e auditada pelos órgãos de controle
(TCU, 2015a; TCU, 2015b).

Entre os objetivos da política energética nacional, destacam-se (a) atrair


investimentos na produção de energia (BRASIL, 1997), (b) propiciar instrumentos de
planejamento para o longo prazo nas atividades de exploração e produção de petróleo
e gás natural (CNPE, 2003), (c) incluir ofertas de áreas em bacias de nova fronteira de

1
forma a atrair investimentos e elevar o conhecimento geológico disponível (CNPE,
2003), (d) expandir a produção de petróleo e gás natural de forma a atingir e manter a
autossuficiência do País e intensificar a atividade exploratória (CNPE, 2003) e (e)
promover o desenvolvimento e ampliar o mercado de trabalho do setor de energia
(BRASIL, 1997).

Para dispor de direitos de realizar atividades em contratos de E&P no Brasil


(ANP, 2015a), as empresa privadas devem vencer a disputa por áreas em blocos
exploratórios ofertados através de Rodadas de Licitações de Blocos Exploratórios - Bid
Rounds (BRASIL-ROUNDS, 2015). Situação similar pode ser percebida no México,
Peru, Colômbia, Uruguai, Romênia (ELJURI & JOHNSTON, 2014; ELJURI &
JOHNSTON, 2015; BRAGA & CAMPOS, 2012; LÓPEZ-VELARDE, 2010; RUSH et al.,
2011; NUÑEZ, 2012). Nesses casos, a oferta de áreas passa a ser condição
fundamental para a realização de projetos de E&P.

A fase exploratória de um projeto de E&P visa identificar acumulações de


P&GN em bacias sedimentares, e tem as obras de ALLEN & ALLEN (2013) e
MAGOON & DOW (1994) como referências clássicas. Uma parcela das descobertas
pode se tornar um campo de P&GN, caso sua viabilidade econômica seja comprovada
através de uma avaliação da descoberta. Os campos de P&GN passam por uma fase
de desenvolvimento, quando são realizados investimentos para viabilizar o
escoamento da produção, de forma a maximizar a rentabilidade do projeto e a
recuperação de hidrocarbonetos encontrados na acumulação. A fase de produção de
um campo de P&GN marca o início do recebimento de receitas obtidas com a
comercialização da produção e dura até o seu abandono, quando os custos de
operação se mostram maiores que a receita obtida com a comercialização.

A exploração de P&GN apresenta importantes incertezas, com forte exposição


ao risco, como relatado em obras de referência sobre o assunto elaboradas por ROSE
(2001), NEWENDORP & SCHUYLER (2000) e na excelente revisão sobre o assunto
produzida por SUSLICK & SCHIOZER (2004). No caso brasileiro, a fase exploratória
dos contratos de E&P estabelece a obrigação de realizar programas exploratórios que
minimizam as incertezas na identificação de acumulações e favorecem a ampliação da
demanda por atividades de E&P no Brasil. As empresas realizam investimentos em
bases privadas e assumem os riscos relacionados com a execução do projeto e seus
resultados.

2
Com dimensões continentais, o Brasil dispõe de 7,5 milhões de km2 em suas
bacias sedimentares, com importante potencial para receber investimentos em
atividades de E&P (Figura 1). Embora algumas bacias sedimentares brasileiras
registrem histórico de intensa atividade exploratória realizada durante décadas, com
mais de 300 campos de P&GN descobertos (e algumas delas em um estágio
avançado de produção – bacias maduras), a maior parte das bacias sedimentares
brasileiras dispõe de baixa densidade de dados exploratórios adquiridos (bacias de
nova fronteira). Em fevereiro/2016, o Brasil apresentava menos de 300.000 km2
alocados para contratos de E&P (menos de 4% do total).

Figura 1 – Bacias Sedimentares Brasileiras.

3
As alterações produzidas a partir da EC 09/1995 produziram importantes
resultados. Em fevereiro de 2016, o Brasil registrou 96 empresas1 de 23 diferentes
países atuando em contratos de E&P no Brasil (BRASIL-ROUNDS, 2015).

O potencial brasileiro para novas províncias de P&GN ficou evidenciado


através de descobertas de grandes campos de petróleo realizados na província do
pré-sal na Bacia de Santos, em áreas oferecidas nos Bid Rounds 2 e 3. Estas
descobertas trouxeram o Brasil para um novo patamar na indústria global de P&GN,
com destaque entre as principais descobertas da década (RODRIGUES e SAUER,
2015; PETROBRAS, 2015) e resultados diretos no crescimento de reservas de P&GN
brasileiro e na expansão da produção doméstica (Figura 2).

2500
Produção Brasileira de Petróleo

2000
(MM bbl/d)

1500

1000

500

-
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015

Figura 2 – Produção Brasileira de Petróleo (ANP, 2016)

A produção doméstica de petróleo mais que dobrou no período após 1998, com
maior contribuição pela produção marítima (offshore) nas bacias de Campos e Santos.
Devido ao grande potencial para produção de hidrocarbonetos na área do pré-sal, o
regime de partilha de produção (Production Sharing Contract - PSC) foi adotado para a
área, como apresentado nos trabalhos de BRAGA & SKLO (2014) e ALMADA &
PARENTE (2013). Este regime ocasionou mudanças no regime fiscal, como detalhado
na dissertação de LUCCHESI (2011). Entretanto, o processo de oferta de áreas
através de Bid Rounds permaneceu inalterado.

1
Apesar da ampliação do número de empresas no setor, apenas uma empresa nacional ainda
detém mais de 85% de participação no setor de upstream brasileiro.

4
A oferta de áreas não ocorreu em bases regulares. A Tabela 1 apresenta os
Bid Rounds realizados a partir da Lei do Petróleo Brasileira. Nesta percebe-se a
ausência de Bid Rounds por 5 anos, a partir de 2008.

O fim da participação exclusiva da Petrobras no setor de E&P resultou no


incremento da quantidade de poços exploratórios perfurados no Brasil a partir de
1998. A Figura 3 apresenta o aumento observado a partir do ano de 1998 e os
resultados da interrupção na continuidade de Bid Rounds após 2008, percebidos na
quantidade de poços exploratórios perfurados após 2012. O atraso na redução de
poços exploratórios perfurados está relacionado ao tempo utilizado para estudos
prospectivos e processos de licenciamento ambiental (MARIANO & LA ROVERE,
2007) realizados entre a assinatura do contrato e o primeiro poço perfurado.

Blocos Blocos
Bid Round Ano
Oferecidos Arrematados
BID 1 1999 27 12
BID 2 2000 23 21
BID 3 2001 53 34
BID 4 2002 54 21
BID 5 2003 908 101
BID 6 2004 913 154
BID 7 2005 1,134 251
BID 9 2007 271 117
BID 10 2008 130 54
BID 11 2013 289 142
1a Rodada de Partilha de Produção 2013 1 1
BID 12 2013 240 72
BID 13 2015 266 37
Tabela 1 – Bid Rounds promovidos no Brasil pela Lei do Petróleo.

Figura 3 – Perfuração de Poços Exploratórios no Brasil.

5
As decisões sobre seleção de bacias sedimentares são destacadas por ROSE
(2001) como de maior importância no processo decisório de exploração de P&GN. As
atividades realizadas durante a vigência do contrato de E&P permitem ao governo
adquirir dados exploratórios com financiamento privado, que vão contribuir para a
expansão do conhecimento geológico brasileiro (BERTOLDO, 2000) e promover
investimentos e a manutenção do mercado de trabalho de E&P. No caso de áreas de
exploração marítimas (offshore), os contratos que alcançam a fase de produção têm o
potencial de provocar forte demanda pela construção de sistemas de produção
baseados em suporte naval (NETO & POMPERMAYER, 2014).

A análise de decisões (RAIFFA, 1977; SCHUYLER, 2001; BRATVOLD et


al.,2002; BRATVOLD & BEGG, 2008, GOODWIN & WRIGHT, 2014) é empregada na
literatura para avaliação de incertezas em atividades exploratórias na busca por
melhores resultados (ROSE, 2001; SUSLICK & SCHIOZER, 2004; NEWENDORP,
1972). A regulação de oferta de áreas para E&P no Brasil será beneficiada pelo
emprego de métodos de análises políticas (WALKER, 1999, WALKER, 2000, MOOD,
1983) que se utilizam de avaliações estruturadas para apoiar decisões políticas para
oferta de áreas exploratórias, considerando alternativas e estimando diferenças entre
seus consequentes resultados. Os dados históricos devidamente estruturados
representam importante ferramenta para escolha de melhores decisões, como
demonstrado por PERRONS & JENSEN (2015), em artigo que apresenta dados como
um importante ativo para o setor de E&P.

A coordenação de licenças exploratórias representa um papel do Estado e a


falta de coordenação contribui para baixos resultados na promoção de investimentos
no setor de E&P.

1.2 Objetivos

Esta tese buscou, como objetivo, otimizar a performance de oferta de áreas em


bacias sedimentares através do suporte ao processo decisório. Defende-se o
argumento de que o monitoramento de dados relevantes, assim como sua
organização de forma estruturada, oferecem uma contribuição decisiva na predição de
futuros resultados, constituindo ferramenta relevante ao processo de tomada de
decisão (PERRONS & JENSEN, 2015).

A pesquisa realizada selecionou as principais decisões nas quais a


organização de informações pode oferecer melhor resultado para o processo
regulatório. Foram selecionados duas áreas de atuação, que direcionaram os esforços

6
realizados (1) na avaliação espacial de favorabilidades para a atividade exploratória de
P&GN e (2) na análise de decisões de oferta de áreas em Bid Rounds, a partir da
expectativa de demanda gerada por atividades de E&P em contratos celebrados
anteriormente.

No que concerne à avaliação espacial de favorabilidades para a atividade


exploratória, esta tese propõe a aplicação de Mapas de Potencial Mineral (MPM) para
classificação de favorabilidade exploratória no suporte às decisões relacionadas com a
realização de Bid Rounds e contratos de E&P realizadas por governo e empresas. A
classificação utiliza a técnica de pesos por evidências (weights of evidence - WofE),
proposta para exploração mineral inicialmente por BONHAM-CARTER et al. (1989) e,
posteriormente, aplicada para exploração de petróleo por ROSTIROLLA (1997). A
aplicação da técnica permite obter pesos para cada evidência sobre a presença de
elementos do sistema petrolífero, ponderados com respeito a resultados exploratórios
previamente constatados2.

Na discussão sobre a análise de decisões de oferta de áreas, esta tese


defende que os Bid Rounds sejam orientados para o atendimento dos objetivos da
política energética nacional relacionados com a ampliação de investimentos e do
conhecimento geológico das bacias sedimentares brasileiras. Em uma abordagem
totalmente desenvolvida por esta tese, propõe-se um método para o planejamento de
oferta de áreas para o caso brasileiro, que considera atividades realizadas em
contratos de E&P celebrados a partir de ofertas de áreas realizadas em Bid Rounds
anteriores.

O método proposto para avaliação de oferta de áreas é baseado na aplicação


da técnica de cadeias de Markov. Entre as vantagens observadas pela aplicação do
método, destaca-se a possibilidade de obter a melhor compreensão sobre o
comportamento do sistema de oferta de áreas, favorecendo a organização dos dados
históricos na avaliação da demanda gerada por área ofertada. A organização dos
dados históricos exige importantes esforços prévios à aplicação do método, mas
oferece simplicidade operacional e matemática como resultado da aplicação do
método, suportando predições sobre o comportamento de futuras ofertas de áreas. A
pesquisa não encontrou nenhuma aplicação prévia de cadeias de Markov para o
planejamento de oferta de áreas e/ou demanda por atividades de E&P.

2
Este método é aplicável em bacias sedimentares onde existam dados exploratórios e
resultados disponíveis, e seu uso não é viável em bacias sedimentares em estágios
exploratórios iniciais, que careçam de levantamentos geológicos básicos e sistemas
petrolíferos confirmados (bacias de nova fronteira, p.ex.).

7
1.3 Resultados Esperados

Na avaliação de favorabilidade para exploração de P&GN, os resultados


obtidos pelo método proposto irão classificar áreas exploratórias em um mapa de
favorabilidades, organizado a partir de dados exploratórios adquiridos anteriormente e
resultados de poços disponíveis. O método será aplicado para um caso real na bacia
terrestre (onshore) de Sergipe-Alagoas. Uma parte dos poços exploratórios será
utilizada para validar o mapa exploratório proposto; as áreas mais favoráveis
apontadas pelo mapa serão confrontadas com os poços separados para esta
finalidade. A classificação oferecida pela aplicação do método destina-se a apoiar
decisões relacionadas à seleção de áreas (apresentadas na seção 3.2), seja na
disputa por empresas em um Bid Round ou na devolução de áreas. Estas decisões
não eram percebidas antes das mudanças decorrentes da EC 09/1995.

O método de classificação proposto na tese foi aplicado de forma pioneira em


um estudo de caso na Bacia terrestre (onshore) de Sergipe-Alagoas, a partir de um
banco de dados espacial organizado em sistemas de informação georreferênciados
(SIG) especialmente para esta tese, que permitiu combinar dados espaciais de
diferentes fontes (BONHAM-CARTER, 2014). A aplicação do método classificou
espacialmente as áreas mais favoráveis para exploração de P&GN, apresentando
aplicabilidade no suporte a decisões de governo relacionadas com a oferta de áreas
na realização de Bid Rounds; e a decisões de empresas relacionadas com contratos
de E&P - na disputa por áreas, na aquisição de dados explotatórios e na devolução de
áreas consideradas desfavoráveis.

No planejamento de oferta de áreas, os resultados esperados pela aplicação


do método contemplam o favorecimento da expansão do conhecimento geológico nas
bacias sedimentares com financiamento privado, a partir de obrigações estabelecidas
nos contratos de E&P. A expansão do conhecimento é planejada através do
atendimento de metas exploratórias no longo prazo, propostas pela tese e arbitradas
com base no histórico exploratório observado em bacias sedimentares análogas,
exploradas previamente.

Os resultados obtidos permitem a construção de um plano de outorgas de


áreas exploratórias em múltiplos Bid Rounds, que orientam a intensidade e o ritmo
ideal de ofertas de áreas, no sentido de manter a demanda por atividades
exploratórias dentro de um intervalo de interesse em médio e longo prazos. O método
será aplicado em casos de estudo de poços exploratórios nas bacias de Santos e
Solimões. Entretanto, sua aplicabilidade se estende para qualquer bacia de interesse,

8
e também a outras atividades demandadas em contratos de E&P, como aquisição
sísmica.

1.4 Organização do Trabalho

Este capítulo apresentou os temas considerados na pesquisa, acompanhados


de motivação, dos objetivos propostos e resultados esperados.

O Capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica da literatura sobre aspectos


observados em um projeto típico de E&P e destaca conceitos relacionados com a
oferta de áreas para exploração de P&GN. Os tópicos apresentados foram
selecionados de modo a suportar os argumentos apresentados nos dois métodos
propostos e aplicados nos capítulos subsequentes. A regulação relevante definida pela
Lei de Petróleo brasileira é comentada, quando relacionada com os métodos
propostos.

O Capitulo 3 propõe um método de classificação de favorabilidade exploratória


para P&GN através de mapas de potencial mineral (MPM) com a técnica de pesos por
evidências. O Capítulo 4 apresenta uma aplicação do método proposto no capítulo
anterior em um estudo de caso com dados reais da bacia de Sergipe-Alagoas
onshore.

O Capítulo 5 analisa o processo de tomada de decisão realizado na oferta de


áreas e propõe um método baseado em cadeias de Markov para o suporte ao
processo decisório de governo para oferta de áreas em Bid Rounds. O objetivo é
manter a demanda por atividades exploratórias dentro de um intervalo de interesse a
médio e longo prazos, por meio do ajuste do ritmo e da intensidade de ofertas de
áreas. O Capítulo 6 apresenta uma aplicação do método proposto no capítulo anterior
com base em dados históricos reais de contratos de E&P de perfuração de poços
exploratórios nas bacias sedimentares brasileiras de Santos e Solimões.

Por fim, o Capítulo 7 apresenta as conclusões e recomendações para trabalhos


futuros e o Capítulo 8 apresenta as referencias bibliográficas.

9
10
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta a revisão bibliográfica da literatura sobre decisões


relacionadas à seleção e oferta de áreas para realização de atividades de E&P de
P&GN. O ciclo de vida de projeto típico de E&P é apresentado, destacando as
principais atividades e as decisões realizadas nas fases de exploração, avaliação,
desenvolvimento, produção e abandono, relacionadas com os métodos propostos por
esta tese. Aspectos de regulação estabelecidos pela Lei do Petróleo e relacionados
com o tema da pesquisa são comentados, quando relevante.

2.1 O Projeto de E&P

A presença da indústria de E&P de P&GN é percebida por todo o mundo, em


condições econômicas e geográficas bastante diferenciadas. A indústria de E&P
realiza projetos em ambientes terrestres (onshore) e marítimos (offshore), com
atividades que variam desde a investigação de acumulações em reservatórios onshore
em profundidades rasas, de poucas centenas de metros, até projetos bilionários
envolvendo plataformas de produção offshore de grande capacidade e poços com
mais de 5.000 metros de profundidade, em lâmina d’água superior a 3.000 metros.
Apesar da grande variação nas características de um projeto de E&P, a maior
parte das atividades apresentam aspectos similares, realizados em bases industriais e
economicamente viáveis. Os projetos de E&P de P&GN realizam atividades durante
seu ciclo de vida que envolvem decisões e investimentos em condições de
importantes incertezas (WATSON, 1998; ROSE, 1987). Detalhes sobre esse problema
podem ser encontrados em livros como CONAWAY (1999), THOMAS (2001),
CORRÊA (2003), JAHN et al.(2008), STEINMETZ (1992), STONELEY (1995), entre
outros.
A fase inicial de exploração em projetos de E&P (Figura 4) registra forte
presença de incertezas em seu processo decisório, com eventuais retornos sobre
investimentos realizados pelas empresas na investigação por descobertas de
acumulações de P&GN. A indústria de E&P foi pioneira na aplicação de análise de
decisão na literatura, através do trabalho de GRAYSON(1960) e conta com uma
revisão abordando todas as fases de um projeto de E&P, no trabalho elaborado por
SUSLICK & SCHIOZER (2004).
As descobertas relevantes são avaliadas no sentido de delimitar a extensão da
acumulação (ou jazida), e uma parcela delas pode ser tornar um campo de P&GN,

11
caso seja avaliada positivamente sob o ponto de vista econômico e geológico durante
a atividade exploratória.

Aquisição Processamento Perfuração de


Delimitação Estudo de Desenvolvimento
de Dados e Interpretação poços Produção Abandono
da Jazida reservatório da Produção
Sísmicos de dados exploratórios

EXPLORAÇÂO PRODUÇÃO

Figura 4 – Fluxo de Atividades de E&P


Os campos de P&GN passam por uma fase de desenvolvimento da produção
(Figura 4), quando são realizados investimentos necessários na preparação para o
inicio da produção, com a instalação de facilidades para a extração (explotação) do
P&GN.
Com a entrada do campo em produção, a comercialização de P&GN passa a
gerar receitas para o projeto e arrecadação de participações governamentais na fase
de produção (GUTMAN, 2007; LEITE, 2009).
O descomissionamento (ou abandono) de instalações em um projeto de E&P
ocorre ao final da vida econômica do empreendimento, quando as atividades de
desativação e remoção de instalações são organizadas em um plano satisfazendo
critérios de segurança, meio ambiente e de aceitação publica (FERREIRA, 2003;
SILVA & MAUINIER, 2008).

2.2 Exploração

A fase exploratória em um projeto de E&P representa a parte do projeto que


promove atividades com o objetivo de identificar acumulações de hidrocarbonetos em
bases economicamente viáveis.

Sistema Petrolífero

O termo sistema petrolífero é definido como um sistema natural que inclui o


conjunto de elementos geológicos considerados essenciais para a existência de
acumulação de hidrocarbonetos. Os estudos de sistemas petrolíferos visam avaliar o
potencial para ocorrências de acumulações de hidrocarbonetos em bacias
sedimentares, e as obras de MAGOON & DOW (1994) e ALLEN& ALLEN (2013)
representam referências da literatura sobre o tema. O termo sistema denota que os
elementos devem ocorrer de forma interdependente para viabilizar a ocorrência de
acumulação. São eles:
(1) Geração

12
(2) Migração
(3) Trapa
(4) Selo
(5) Sincronia

O P&GN produzido pelas rochas geradoras possui densidade menor que a água
e por isso tende a migrar em direção à superfície ate encontrar uma rocha reservatório
com condições estruturais (trapa e selo) que permitam sua acumulação. Estes
elementos devem estar todos presentes em um mesmo tempo geológico (sincronia),
de forma a viabilizar a ocorrência de acumulações de P&GN.

A apresentação dos elementos de um sistema petrolífero na forma gráfica


permite destacar a sincronia, ressaltando o momento crítico no qual cada elemento do
sistema petrolífero deve estar adequadamente presente para a ocorrência de
acumulação de hidrocarbonetos, como apresentado na Figura 5.

Figura 5 – Quadro dos elementos do sistema petrolífero (BATISTA, 2015).


A exploração de P&GN realiza estudos de geologia e geofísica (G&G), baseados
em evidências sobre a existência de sistemas petrolíferos nas bacias sedimentares e
presença de seus elementos. A investigação utiliza inicialmente o conhecimento
preliminar disponível sobre a geologia das bacias sedimentares de interesse que,
somadas aos dados exploratórios adquiridos pelo atual projeto, permitem inferir sobre
a ocorrência de acumulações e seus sistemas petrolíferos. Os resultados obtidos a
partir de evidências indiretas (destacadamente dados sísmicos interpretados)
permitem a análise sobre a expectativa volumétrica de prospectos (conforme técnica
apresentada na seção 2.3 Avaliação). Uma parte dos prospectos são priorizados e
testados com a perfuração de poços exploratórios.

13
Hierarquia Exploratória

A atividade exploratória organiza uma investigação sobre elementos do sistema


petrolífero em uma hierarquia de quatro níveis, como proposto por MAGOON e DOW
(1994) e posteriormente repercutido no livro de referência sobre avaliação de riscos na
exploração de petróleo elaborado por ROSE (2001), conforme ilustrado na Figura 6,
de acordo com o nível de abrangência. Em um nível regional, a exploração de bacias
sedimentares estuda os estilos estruturais e as sequências estratigráficas das suas
rochas sedimentares a partir de levantamentos geológicos e geofísicos regionais. A
exploração regional visa a comprovação de sistemas petrolíferos e plays exploratórios
e orienta as atividades subsequentes de detalhamento, até a proposição de
prospectos.

SEDIMENTARY BASIN
BACIA SEDIMENTAR
Economics
Economia não
NOT
é importante
PETROLEUM
SISTEMA SYSTEM
PETROLÍFERO Important

PLAY
PLAY
Economics
Economia é
VERY
MUITO importante
Important PROSPECT
PROSPECTO

Figura 6 – Os diferentes níveis de atividade exploratória (MAGOON & DOW, 1994).


No nível de bacia sedimentar, a investigação visa descrever as sequências
estratigráficas e o estilo estrutural das rochas sedimentares. No nível de sistemas
petrolíferos e plays exploratórios, estuda-se a relação entre a gênese das rochas
envolvidas e a confirmação de acumulações para os elementos do sistema petrolífero
em proposição.

Os plays exploratórios (também denominados de províncias petrolíferas) são


definidos de modo a representar os fatores que produzem acumulações restritas a um
determinado nível estratigráfico em uma bacia sedimentar. A descoberta de um
primeiro campo de petróleo em um play exploratório confirma a ocorrência dos
elementos propostos para o sistema petrolífero e aumenta a expectativa de sucesso
para descobertas subsequentes de novos campos, no mesmo play.

14
A confirmação efetiva de acumulações de P&GN é realizada através da
avaliação de prospectos por meio de poços exploratórios. No nível de investigação de
prospectos, a exploração visa avaliar a ocorrência de acumulações em caráter
específico, e o prospecto representa esta possibilidade, proposta a partir de estudos
de G&G e interpretações de dados sísmicos.
A investigação realizada durante a exploração de P&GN considera dados
obtidos em levantamentos de G&G, sejam eles básicos (adquiridos em caráter
regional, no contexto de bacia sedimentar e/ou play exploratório) ou de detalhe
(adquiridos especificamente para a área onde o prospecto é proposto).
O aprofundamento do nível de investigação de bacia sedimentar (regional) para
prospectos (específico) aumenta o custo por área a ser investigada. A avaliação de
bacias e sistemas petrolíferos exige, relativamente, uma densidade menor de
informação em uma área maior, enquanto a avaliação de prospectos envolve custos
maiores por área, motivados pela maior densidade de informação.

No âmbito econômico, a exploração no nível de prospectos e plays


exploratórios deve considerar a viabilidade econômica de uma eventual descoberta; a
pesquisa em nível regional (bacia sedimentar) visa fornecer informações que
viabilizem a exploração de pesquisa mineral (não apenas de P&GN) a partir de
levantamentos geológicos básicos e não apresenta, necessariamente, viabilidade
econômica no retorno ao investimento realizado. ROSE (2001) e MAGOON e DOWN
(1994) registram que a avaliação econômica varia de acordo com a hierarquia
exploratória, não aplicável nos níveis hierárquicos mais elevados, como apresentado
na Tabela 2 e na Figura 6.

Bacia Sistema Play


Fator Prospecto
Sedimentar Petrolífero Exploratório
Rochas
Investigação Petróleo Trapa Trapa
sedimentares
Análise
Não aplicável Não aplicável Essencial Essencial
Econômica
Tempo Tempo de Momento Tempo
Tempo Atual
Geológico Deposição Crítico Atual
Existência Absoluto Absoluto Condicional Condicional
Custo Muito baixo Baixo Alto Muito Alto
Análise e
Bacia Sistema Petrolífero Província Prospecto
Modelagem
Tabela 2 – Comparação de fatores para os quatro níveis de investigação petrolífera
(traduzido de MAGOON & DOW, 1994).

Entretanto, é possível verificar que, no caso brasileiro, a grande quantidade de


áreas com baixa densidade de dados exploratórios adquiridos torna a questão
econômica relevante. De fato, a investigação exploratória nos níveis mais elevados da

15
hierarquia exploratória é fundamental para o desenvolvimento de atividades de E&P
subsequentes, em níveis exploratórios mais baixos de play e prospecto.
De acordo com o artigo proposto por JORDANOV et al., (2006), a avaliação de
potencial para recursos minerais é dependente de aquisição de dados em
levantamentos básicos de caráter regional. Nesse sentido, a Pesquisa Operacional
(PO) representa uma importante ferramenta para apoiar o planejamento de atividades
de E&P na cadeia de petróleo, através de modelos aplicados à melhoria de
desempenho. A PO faz uso de modelos na área interdisciplinar da matemática
aplicada na ajuda à tomada de decisões em sistemas complexos do mundo real,
tipicamente com o objetivo de otimizar sua performance. Nesse sentido, é possível
destacar o trabalho de Cobb (1960) em publicação pioneira sobre o uso de
ferramentas de pesquisa operacional para aquisição de dados exploratórios, e o livro
sobre aplicações de pesquisa operacional elaborado por FERREIRA FILHO &
HAMACHER (2015) que, nesse sentido, se assemelham aos dois métodos propostos
e aplicados nos capítulos subsequentes desta tese.

Levantamentos Geológicos e Geofísicos

Os levantamentos de G&G representam as atividades de mapeamento e são


realizados com o propósito de estabelecer a natureza, a forma tridimensional, a
posição espacial, a origem, a idade, a evolução e a importância de corpos rochosos.
(PRINCE, 1992, apud BERTOLDO, 2000).

Os levantamentos geofísicos, de modo geral, oferecem dados de propriedades


físicas mensuradas, a partir de fenômenos físicos naturais ou nele provocados. O uso
de métodos geofísicos possui grande importância na avaliação de sistemas
petrolíferos durante a atividade exploratória.
De acordo com o nível exploratório, os levantamentos geofísicos podem ser
realizados desde perfis 2D (bidimensionais) com caráter regional até cubos 3D
(tridimensionais), estes aplicados com objetivo de detalhamento da atividade
exploratória, no nível de prospecto. Os levantamentos podem ser adquiridos em
ambiente terrestre (onshore) ou marítimo (offshore). Alguns tipos de levantamentos
geofísicos podem ser realizados através de equipamentos especialmente instalados
em aeronaves (aerolevantamentos), com a aquisição de dados realizados durante voo
em baixa altitude, de até 300 pés.
A disponibilidade de dados sobre a área de interesse representa condição
crítica para as decisões tomadas na exploração. Assim, a aquisição de novos dados

16
possui participação relevante nos investimentos exploratórios, com forte exposição ao
risco.
Os levantamentos geofísicos gravimétricos analisam as perturbações no
campo gravitacional afetadas pela variação da densidade em subsuperfície. Seus
dados permitem inferir sobre a espessura de sedimentos em bacias sedimentares e
presença de rochas com densidade anômala (como rochas ígneas e domos de sal),
sendo empregados em fases iniciais do processo prospectivo.

Os levantamentos geofísicos magnetométricos avaliam a distribuição de


susceptibilidade magnética em subsuperfície a partir de medidas de variação do
campo magnético em superfície. Estas variações estão relacionadas com as variações
dos tipos de rochas, cuja informação é importante no conhecimento geológico regional
e na prospecção de acumulações de P&GN.

Os levantamentos geofísicos sísmicos são baseados na emissão de ondas


sísmicas artificiais geradas em superfície, cujos sinais de reflexões em subsuperfície
são detectadas por sensores (hidrofones e geofones, de acordo com o ambiente do
levantamento). Os sinais recebidos são digitalizados e armazenados para posterior
processamento, oferecendo um imageamento acústico da subsuperfície. A revisão da
literatura sobre processamento sísmico destaca a importante obra de YILMAZ (2001)
como referência.

A realização de levantamentos sísmicos offshore oferece vantagens em relação


aos levantamentos onshore. A aquisição de dados sísmicos em navios torna a
atividade mais produtiva (maior quantidade de dados adquiridos com menor custo),
devido à maior facilidade operacional e logística em comparação com as aquisições
onshore. Como consequência, a quantidade de dados sísmicos disponíveis em
ambiente offshore se apresenta muito maior no comparativo com ambientes onshore.

A interpretação feita a partir de dados sísmicos (Figura 7) é baseada na recente


técnica de estratigrafia de sequências, que permite inferir sobre a posição das
interfaces entre diferentes estruturas depositadas em subsuperfície, a partir do
contraste entre suas propriedades elásticas. A estratigrafia de sequências conta com
importantes obras de referência em língua portuguesa, onde destaca-se aquelas
elaboradas por HOLTZ(2012), SEVERIANO-RIBEIRO (2001) e DELLA FÁVERA
(2001).

Apesar de oferecerem informações imperfeitas (evidências indireta sobre uma


possível presença de estruturas favoráveis para a presença de acumulações), os

17
levantamentos sísmicos e suas interpretações, associados com resultados de poços
exploratórios, têm papel de destaque em decisões realizadas em projetos de E&P.

Figura 7 – Interpretação sísmica na Bacia de Sergipe-Alagoas (UFRN, 2008).

As informações obtidas a partir de interpretações sísmicas permitem propor


prospectos (e estimar sua extensão), que podem ser confirmadas com a perfuração de
poços exploratórios. Estas informações são consideradas nos estágios iniciais e
avaliadas por técnicas que vão contribuir ao processo decisório de priorização de
prospectos para perfuração de poços exploratórios.

Na hierarquia exploratória regional, os levantamentos geológicos básicos são


realizados com ênfase no elo inicial da exploração mineral. A tese de doutorado de
BERTOLDO (2000) e o sua repercussão em BERTOLDO & PEREIRA (2000),
publicado na Revista Brasileira de Geociências, destacam a importância dos
levantamentos geológicos básicos para toda cadeia de exploração mineral (onde se
insere a exploração de P&GN). A tese cita ações de mapeamento geológico básico
realizados pela Austrália, Canadá e Estados Unidos, integrando agências
governamentais, setor privado e área acadêmica no planejamento e na aquisição de
dados. A descoberta de acumulações em nível de detalhe depende da alocação de
recursos significativos na realização de levantamentos geológicos básicos e pesquisa,
que podem se estender por dez ou mais anos (BERTOLDO, 2000), repisando a
importância de aspectos econômicos observados em hierarquias exploratórias em
nível de bacia sedimentar e sistema petrolífero, ao contrário do entendimento
apresentado por ROSE (2001) e MAGOON e DOWN (1994) e apresentado na Figura
5 e na Figura 6.

18
O Brasil ainda não dispõe de um conhecimento satisfatório sobre o potencial
mineral de suas bacias sedimentares (MARTINS, 2009), diferente de países em
desenvolvimento como África do Sul, China e Índia, os quais já dispõem de coberturas
aerogeofísicas praticamente completas. A continuidade em investimentos para
realização de levantamentos geológicos básicos representa um importante problema
importante a ser resolvido, que envolve a alocação de recursos financeiros de longo
prazo para a realização desta atividade e, principalmente, a falta de continuidade em
investimentos governamentais para esta finalidade, conforme pontuado na tese de
doutorado de BERTOLDO (2000).

Alterações da Lei do Petróleo brasileiros em Projetos de E&P

No Brasil, as reformas advindas da EC 05/1995 e a promulgação da Lei do


Petróleo (BRASIL, 1997) modificaram aspectos relevantes do setor de E&P, discutido
por PAZ (2014) e GIAMBIAGI (2013), entre outros. O monopólio no setor de E&P é
apresentado nos livros elaborados por CARVALHO (1976), DIAS & QUAGLINO
(1993), MOURA & CARNEIRO (1976) e BACOCCOLI (2009) entre outros autores;
nesse período, a produção nacional de petróleo brasileira registrava valores inferiores
a 1.000 MM bbl/d (Figura 8).

2500
Produção Brasileira de Petróleo

2000
(MM bbl/d)

1500

1000

500

-
1965

1967

1969

1971

1973

1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

Figura 8 – Histórico de Produção de Petróleo no Período Pré-ANP (1965-1997)


A Lei do Petróleo estabeleceu objetivos políticos para o setor de petróleo e gás
(P&GN); nela, registra-se o interesse por:

19
(a) atrair investimentos na produção de energia (BRASIL, 1997),
(b) propiciar instrumentos de planejamento para o longo prazo nas atividades de
exploração e produção de petróleo e gás natural (CNPE, 2003),
(c) incluir ofertas de áreas em bacias de nova fronteira de forma a atrair
investimentos e elevar o conhecimento geológico disponível (CNPE, 2003),
(d) expandir a produção de petróleo e gás natural (Figura 9) de forma a atingir e
manter a autossuficiência do País e intensificar a atividade exploratória (CNPE, 2003)
e
(e) promover o desenvolvimento e ampliar o mercado de trabalho do setor de
energia (BRASIL, 1997).

2500
Produção Brasileira de Petróleo

2000
(MM bbl/d)

1500

1000

500

-
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015

Figura 9 – Produção Brasileira de Petróleo (ANP, 2016).

Com o fim do monopólio, o novo arcabouço regulatório estabeleceu um sistema


de ofertas de áreas exploratórias através de Bid Rounds (BRASIL-ROUNDS, 2015),
que promove disputas entre empresas pelo direitos de realizar atividades de upstream
em contratos de E&P. A oferta de áreas através de Bid Rounds também é percebida
em outros países, como no México, Peru, Colômbia, Uruguai, Romênia (ELJURI &
JOHNSTON, 2014; ELJURI & JOHNSTON, 2015; BRAGA & CAMPOS, 2012; LÓPEZ-
VELARDE,2010; RUSH et al., 2011, NUÑEZ, 2012).
A oferta de áreas em Bid Rounds favorece a aquisição de dados de geologia e
geofísica de detalhe, ampliando o conhecimento geológico brasileiro como definido na
política energética nacional (CNPE, 2003). Em algumas bacias brasileiras, a ausência
de dados regionais sobre geologia básica reduz o potencial de expansão do
financiamento privado que a Lei do Petróleo ofereceu ao setor de E&P.

20
O termo conhecimento geológico (CNPE, 2003) é definido pelo resultado da
execução de levantamentos de G&G com ênfase na importância do elo inicial da
hierarquia exploratória. A oferta de áreas em Bid Rounds, que favorece a aquisição de
dados de geologia e geofísica de detalhe pelas empresas através de compromissos
em contratos de E&P, requer a disponibilidade de dados de geologia básica para
viabilidade (BERTOLDO, 2000).
O fim do monopólio provocou alterações na aquisição de dados em
levantamentos geológicos e geofísicos em bacias sedimentares brasileiras. A Lei do
Petróleo definiu recurso específico para "prospecção de combustíveis fosseis" com o
"financiamento de estudos, pesquisa, projetos e serviços de levantamentos geológicos
básicos no território nacional", mas a previsão foi suprimida da norma por nova
redação da lei realizada 2012.
Atualmente, a promoção de estudos e aquisição regional de dados é realizada
através do Plano Plurianual de Geologia e Geofísica - PPA/GG (ANP, 2015; ANP,
2015b), cujos resultados têm o objetivo de elevar o conhecimento geológico sobre os
sistemas petrolíferos brasileiros e apoiar a promoção de oferta de áreas em Bid
Rounds. A disponibilidade de dados no nível de bacia sedimentar e sistema petrolífero
contribui positivamente para realização de Bid Rounds, e para o conhecimento
geológico disponível sobre as áreas ofertadas.
Como exemplos de planos de longo prazo de aquisição de dados regionais de
geologia e geofísica, cita-se o Canada’s Long Term Strategic Plan (NRCAN, 2015) e o
U.S. Cooperative Geologic Mapping Program (USGS, 2015). Este é o caso dos
serviços geológicos (SG) da África do Sul (Regional Geochemical Maps Program),
Austrália (Government’s Onshore Energy Security 2006 – 2011; National Program
of Geological Maps), Canadá (Geoscience Mapping for Energy and Minerals;
Canada’s National Geochemical Reconnaissande Program), China (Regional
Geochemical Program), EUA (Geological Survey Strategic Program 2000 – 2005,
National Geological Cooperative Mapping Program, USGS Science Strategy 2007
– 2017), e Índia (National Geochemical Mapping).
Os contratos de E&P estabelecem obrigações de conduzir atividades de
upstream, favorecendo a aquisição de dados exploratórios com financiamento privado
no nível de detalhe de play exploratório e prospecto. Os contratos provocam a
demanda por atividades exploratórias em longo prazo, e compõem-se de:
(A) programa exploratório mínimo (PEM), que define a quantidade de dados
que devem ser adquiridos pela empresa ou consórcio vencedor da disputa do Bid
Round, independente dos resultados exploratórios obtidos

21
(B) plano de avaliação de descoberta (PAD), que define as atividades
exploratórias (aquisição de dados) a serem realizadas pelas empresas na avaliação de
descobertas de P&GN realizadas, para a adequada avaliação da descoberta e de sua
extensão.
As áreas exploratórias brasileiras apresentam níveis de conhecimento bastante
diferentes entre si, e grande parte delas apresenta pouca ou nenhuma informação
sobre geologia básica. Apesar disso, a atividade exploratória já realizada no Brasil
permitiu a descoberta de mais de 300 campos de P&GN através da perfuração de
poços exploratórios.

Poços Exploratórios

Poços Exploratórios são indispensáveis para compreender o potencial


petrolífero para atividades de E&P em uma abordagem regional, como observado nos
argumentos apresentados nos artigos propostos por JORDANOV et al. (2006) e no
importante trabalho de referência de MEISNER & DEMIRMEN (1981), com o uso de
técnica bayesianas fundamentadas em dados históricos .

Os resultados da perfuração de poços exploratórios se tornam especialmente


relevantes quando seus resultados confirmam a primeira descoberta de campo de
P&GN em um play exploratório. A perfuração de poço exploratório é a única forma de
constatação direta, a partir de dados de subsuperfície, da ocorrência de acumulações,
reduzindo riscos relacionados a descobertas de outros campos com os mesmos
elementos de sistemas petrolíferos, em uma mesma bacia sedimentar.

A decisão sobre a perfuração de poço exploratório é muito representativa para


um projeto específico de E&P porque (1) o poço representa o maior gasto na fase de
exploração, (2) os dados adquiridos por um poço perfurado aumentam o conhecimento
sobre a presença de sistemas petrolíferos e (3) os investimentos em poços
exploratórios podem gerar maiores investimentos no desenvolvimento e produção de
um campo de P&GN eventualmente descobertos.

Na versão mais recente do contrato de E&P brasileiro, a fase de exploração


possui dois períodos. No primeiro período, a empresa realiza estudos prospectivos,
como levantamentos de G&G (destacadamente levantamentos sísmicos) com vistas a
decidir sobre adentrar (ou não) o segundo período exploratório. Caso a empresa não
decida por adentrar no segundo período exploratório, a área exploratória deve retornar
para a união; caso contrário, ela fica obrigada a perfurar pelo menos um poço
exploratório pioneiro.

22
A perfuração de poços exploratórios é realizada para diferentes finalidades,
que são definidas no caso brasileiro pela Resolução ANP 49/2011 (ANP, 2011). Os
poços exploratórios estratigráficos são perfurados no contexto de aquisição de dados
de geologia básica (na hierarquia de bacia sedimentar e sistema petrolífero),
geralmente no início das atividades exploratórias em bacia sedimentares de interesse.
No caso brasileiro, a perfuração de poços estratigráficos em áreas não outorgadas é
objeto de autorização específica da agência reguladora (ANP, 2009; ANP, 2010; ANP,
2012; ANP, 2013c e ANP, 2013d).

Os poços exploratórios pioneiros são perfurados com o objetivo de confirmar a


ocorrência de uma acumulação de P&GN proposta em prospecto. Caso uma
descoberta relevante seja realizada, podem ser perfurados poços exploratórios de
extensão, com o objetivo de delimitar a extensão da acumulação inferida a partir do
levantamento sísmico. A perfuração de poços de extensão permite reduzir incertezas
sobre da extensão espacial da acumulação descoberta, aumentando a assertividade
sobre o volume de óleo contido na porosidade existente nas rochas reservatórios,
através de testes de comunicação hidráulica na acumulação e seus aspectos de
permeabilidade, importantes para estimar o perfil de produção esperado da
acumulação.

A área sedimentar brasileira conta com mais de 28.000 poços perfurados, mas
apenas uma pequena parte1 destes poços foi perfurada com objetivos exploratórios.
Durante o período do monopólio de atividades no upstream brasileiro, apenas uma
pequena parte destes poços foi perfurada com objetivos exploratórios.

2.3 Avaliação

Os dados exploratórios e o consequente conhecimento geológico disponível


representam condições críticas para as decisões tomadas na fase exploratória de
projetos de E&P2, marcadas com pela forte exposição ao risco. As avaliações
apresentadas nesta seção têm o objetivo de minimizar a exposição dos investimentos
realizados no projeto às incertezas percebidas na exploração através de decisões
favoráveis ao seu sucesso.

As empresas de E&P tomam decisões em exploração de P&GN com base em


aspectos geológicos e econômicos relevantes para o sucesso de seus projetos. O

1 1
A maior parte dos poços perfurados no Brasil (cerca de 19.000 poços) tem como objetivo a
extração de P&GN de campos previamente descobertos, com pouca relevância para a
expansão do conhecimento geológico sobre recursos de hidrocarbonetos.
2
A saber: a aquisição de novos dados exploratórios, a perfuração de poços exploratórios e a
devolução de áreas à união.

23
estudo e quantificação das incertezas tende conduzir a melhores resultados (BEGG et
al., 2001; BICKEL & BRATVOLD, 2008; BICKEL et al., 2008; BICKEL & SMITH, 2006;
BEGG et al., 2001; BRATVOLD et al., 2002; BRATVOLD & BEGG, 2008; COLQUITT,
2013; GALI et al., 1999; HARBAUGH et al.,1995; MEGILL, 1984; NEWENDORP,
1972; OTIS & SCHNEIDERMANN, 1997; ROSE, 1987; ROSE, 1999; ROSE, 2000;
ROSE, 2001; SIMPSON et al., 2000; SUSLICK et al., 2009; SUSLICK & SCHIOZER,
2004; SUSLICK & FURTADO, 2001; RASEY, 2008, TREESH, 2006; WALLS & DYER,
1996; WALLS, 1994).

A literatura apresenta ampla discussão sobre métodos de avaliação para


suporte ao processo decisório (BRATVOLD et al., 2002; BEGG et al., 2001; MEGILL,
1984; RASEY, 2008, ROSE, 1987; ROSE, 1999; ROSE, 2000; SIMPSON et al., 2000;
WALLS, 1994; WALLS & DYER, 1996;) com destaque para a quantificação de
incertezas (BICKEL & BRATVOLD, 2008; BRATVOLD & BEGG, 2008; HARBAUGH et
al.,1995; NEWENDORP, 1972; ROSE, 2001, SUSLICK & FURTADO, 2001; SUSLICK
et al., 2009;) e, especificamente, na proposição de prospectos e na perfuração de
poços exploratórios (COLQUITT, 2013; TREESH, 2006; OTIS & SCHNEIDERMANN,
1997; GALI et al., 1999;). A importância de decisões sequencias tomadas na
exploração é observada nos trabalhos de BICKEL et al. (2008) e BICKEL & SMITH
(2006). No caso de aquisição de dados exploratórios, as decisões devem considerar
as imperfeições inerentes aos dados na expectativa sobre o sucesso do projeto de
P&GN. A técnica de valor da informação (Value of Information – VOI)
(GRAYSON,1960; BRATVOLD et al., 2007; BICKEL & BRATVOLD, 2009;
DEMIRMEN, 2001) permite avaliar esta expectativa a partir dos diferentes resultados
possíveis com a aquisição de dados exploratórios (p. ex., com a perfuração de poços
exploratórios e levantamentos sísmicos) com respeito ao seu custo. A aplicação do
VOI na exploração de P&GN estrutura o processo em uma árvore de decisão que
relaciona probabilisticamente os gastos em aquisição de dados e os resultados no seu
valor esperado.
As expectativas do tamanho das futuras descobertas em nível de bacia
sedimentar e play exploratório são obtidas através de diferentes métodos; pode-se
destacar os métodos baseados no histórico de descobertas (STONE, 1990) como
através do princípio de Pareto (CROVELLI & BARTON, 1995; CHEN & SINDING-
LARSEN, 1994; ZHENXUE et al., 2012; ROSE, 2001) e das curvas creaming
(MEISNER & DEMIRNEN, 1981; SORREL & SPEIRS, 2010).

24
A curva de Hubbert (HUBBERT, 1959; SORRELL& SPEIRS, 2010) consiste em
uma aproximação teórica da taxa de produção de petróleo ao longo de sua fase de
produção, estabelecendo uma relação entre o volume de óleo recuperável e a efetiva
disponibilidade do óleo produzido ao longo do tempo. O princípio de Pareto
(CROVELLI & BARTON, 1995; CHEN & SINDING-LARSEN, 1994, ZHENXUE et al.,
2012) considera que o tamanho médio dos campos se apresenta segundo uma
distribuição (log)normal, que pode ser utilizada como instrumento para inferência sobre
os volumes não descobertos em uma bacia/play exploratório.

As curvas creaming (MEISNER & DEMIRNEN, 1981; SORREL & SPEIRS,


2010) organizam dados de volumes descobertos em uma bacia/play de forma
acumulada contra a quantidade de poços exploratórios perfurados ao longo do tempo
(Figura 10).

DESCOBERTAS
ADICIONAIS
MM BOE DISTRIBUIÇÃO
PREDITIVA

VOLUMES ACUMULADOS JÁ DESCOBERTOS


VOLUMES DESCOBERTOS ACUMULADOS

TENDÊNCIA
EXPLORATÓRIA
FUTURA
(PREVISÃO)

TENDÊNCIA
HISTÓRICA
EXPLORATÓRIA

POÇOS
POÇOS EXPLORATÓRIOS POÇOS EXPLORATÓRIOS
PERFURADOS ATÉ O MOMENTO ADICIONAIS A SEREM
PERFURADOS NO FUTURO

AVANÇO EXPLORATÓRIO

Figura 10 – Gráfico de Previsão de descobertas futuras de óleo (MEISNER &


DEMIRNEN, 1981).

A técnica creaming permite estimar as descobertas futuras com base no


histórico da atividade exploratórias e de descobertas realizadas. O método constata a
tendência de declínio do tamanho das descobertas após a perfuração de uma certa

25
quantidade de poços exploratórios (efeito creaming), antecedida pela fase de alto
potencial, quando as descobertas apresentaram tamanhos com tendência de
crescimento.

Mapas de Potencial Mineral

O planejamento de atividades exploratórias de P&GN passa a ser alvo de uma


avaliação espacial de favorabilidade, que seleciona áreas de interesse entre dois
extremos:
 Áreas favoráveis para realização de novas aquisições de dados e perfuração
de poços exploratórios;
 Áreas consideradas desfavoráveis para atividades de E&P, para devolução à
união.

Uma forma de selecionar áreas para exploração de P&GN considera o uso de


mapas de potencial mineral (Mineral Potential Mapping – MPM). Os MPM permitem
apontar regiões espacialmente mais favoráveis para a confirmação de ocorrências de
depósitos minerais, através da análise da atividade exploratória prévia, segundo
diferentes critérios (HARRIS et al., 2003) como lógica fuzzy (BONHAM-CARTER,
2014; BROWN et al., 2003; DE QUADROS et al., 2006, PAZAND et al., 2013); análise
multicritério (ABEDI et al., 2012); através de métodos empíricos baseados em dados
como regressão logística (HARRIS et al., 2003; AGTERBERG & BONHAM-CARTER,
2005); razão das verossimilhanças, redes neurais probabilísticas (SINGER & KOUDA,
1999; HARRIS & PAN 1999; BROWN et al., 2000; PORWAL et al., 2003; PORWAL et
al., 2004), ou através de abordagens que misturam opinião de especialistas com
análises orientadas por dados (MAGALHÃES & SOUZA FILHO, 2012; PAZAND et al.,
2013).

A técnica MPM permite integrar dados de diferentes áreas de conhecimento


(geologia, geofísica, geoquímica, e dados de poços) e, por isso, tem importância
destacada na exploração (CARRANZA, 2011; PORWAL, 2006). A avaliação espacial
(ARAUJO &MACEDO, 2002; BHATTACHARJYA et al., 2010, PARTINGTON, 2010;
WHITE, 1998) passa a ser determinante no processo decisório em projetos de E&P,
através do uso de ferramentas de geoprocessamento (BONHAM-CARTER, 2014).
Recursos de sistemas de informações georreferênciados (SIG) oferecem suporte para
a técnica, ao permitir combinar dados espaciais de diferentes fontes.

26
A quantificação da favorabilidade em exploração mineral pode ser subdividida
em dois tipos de abordagens, de acordo com o mecanismo utilizado para associar as
acumulações de hidrocarbonetos com fatores geológicos selecionados (Pazand et al.,
2013): (1) baseados na experiência de especialistas (knowledge-driven) e (2) de
quantificação objetiva baseada nos dados (data-driven), a depender da disponibilidade
de dados do estágio exploratório da área de interesse e do conhecimento geológico
disponível.
Os métodos de avaliação baseados em dados (BONHAM-CARTER, 2014;
MOON, 1998; CARRANZA & HALE, 2001; CHENG & AGTERBERG, 1999; PORWAL
et al., 2003; CARRANZA et al., 2008, NEWENDORP, 1972; CASSARD et al., 2008)
propõem estabelecer, de forma empírica, a relação entre fatores observados em
evidências indiretas. No caso da exploração de P&GN, as evidências são construídas
a partir de dados de G&G sobre elementos do sistema petrolífero considerado.
A importância de cada evidência considerada é mensurada com base nos
resultados observados e consolidados em um mapa de favorabilidade para a área de
interesse (HARRIS et al. 2001, HARRIS & PAN, 1999). No caso da exploração de
P&GN, a técnica ganha importância especial ao integrar dados de diferentes áreas de
conhecimento (CARRANZA, 2011; PORWAL, 2006, WANG et al., 2002).

Uma das maneiras de se propor mapas de favorabilidade para potencial


mineral utiliza a técnica bayesiana de pesos de evidências (weights of evidence -
WOFE), proposta para avaliação de potencial mineral por BONHAM-CARTER et al.
(1990) através de uma abordagem de fácil interpretação (PAN e HARRIS, 2000). Uma
revisão sobre o tema foi oferecida por FAN et al. (2011).

A técnica de pesos por evidências foi originalmente proposta para avaliações


de evidências espaciais em diagnósticos médicos (SPIEGELHALTER, 1986;
SPIEGELHALTER & KNILL-JONES, 1984) e são registradas aplicações para análise
potencial para águas subterrâneas surgentes (POURTAGHI & POURGHASEMI, 2014;
NAMPAK et al., 2014), de risco de deslizamento de rochas (BLAHUT et al., 2013) e
encostas (BLAHUT et al., 2009; KOULI et al. 2014; REGMI et al., 2013).
No mapeamento de potencial mineral (AGTERBERG, 1992; HE et al., 2014;
CHENG 2014), a técnica WOFE permite identificar padrões como feições estruturais e
anomalias geofísicas e geoquímicas (BONHAM-CARTER et al., 1990) como na
exploração de ouro (BONHAM-CARTER et al., 1988; BROWN et al. 2000; CARRANZA
& HALE 2002; FORD & HART, 2013; HARRIS & PAN, 1999; HRONSKY & GROVES,
2008; SILVA et al., 2012; CARRANZA, 2011; CHENG et al., 2007), cobre (ABEDI et al.
2014; WENHUI et al., 2014), ferro (ZHANG et al., 2013).

27
A aplicação da técnica de pesos por evidências para exploração de petróleo é
observada nos trabalhos de ROSTIROLLA publicados em 1997, 1998, 1999 e 2003
(ROSTIROLLA, 1997; ROSTIROLLA et al., 1998; ROSTIROLLA, 1999; ROSTIROLLA
et al., 2003).

A técnica de pesos por evidências utiliza a teoria da probabilidade condicional


para quantificar espacialmente a associação entre evidências consideradas e a
ocorrência de acumulações minerais conhecidas (no caso específico, de P&GN). A
associação é explicitada através de pesos, que denotam o nível de influência da
evidência na identificação de acumulações de reservatórios futuros, com base em
descobertas anteriores.

Os pesos calculados permitem organizar as evidências em um mapa final de


favorabilidades, que classifica a predição sobre o potencial das áreas dirigido através
de dados. Uma vantagem da técnica consiste em evitar a proposição de
favorabilidades de forma subjetiva - como discutido nos trabalhos de HARRIS E PAN,
(1999) e HARRIS et al. (2001). O método WOFE oferece uma avaliação transparente
ao especialista sobre qual combinação de evidências melhor prediz a ocorrência
acumulações, minimizando a exposição de investimentos ao risco exploratório
associado com aquisição de dados em programas exploratórios (ROSTIROLLA et al.,
2003). No caso de favorabilidade exploratória de P&GN, a estimação está
fundamentada nos conceitos de sistemas petrolíferos (MAGOON & DOW, 1994;
ROSE, 2001).

Expectativa Volumétrica

No nível de prospecto, a avaliação sobre a expectativa de volumes passíveis


de serem confirmados por um poço exploratório pode ser obtida a partir de
interpretações realizadas com base em levantamentos sísmicos. As interpretações
sísmicas3 permitem estimar a extensão de acumulações e limites superiores sobre os
possíveis recursos advindos de uma eventual descoberta confirmada. ROSE (2001)
propõe ábaco para correção geométrica do volume empiricamente estimado, de
acordo com o estilo da estrutura observado no prospecto proposto.

O Volume do Óleo (V) existente em uma acumulação é considerado (JAHN et


al., 2008) com base na Equação (2.1), sendo:

3
Apresentadas na seção 2.2 Exploração – Levantamentos geológicos e geofísicos.

28
V = A * E *Φ( 1 - Sw) / Bo, (2.1)
A = área efetiva de acumulação
E = espessura efetiva da acumulação
Φ = porosidade
Sw= Saturação da água
Bo= Fator Volume Formação4.

A perfuração de poços exploratórios é a única forma direta de confirmar a


existência de acumulações de hidrocarbonetos em um prospecto proposto em
interpretações de levantamentos sísmicos, e seus resultados ensejam a revisão de
interpretações sísmicas realizadas anteriormente, além de suas eventuais estimativas
volumétricas. A perfuração de poços exploratórios de extensão permite confirmar a
extensão e o volume descoberto de rocha reservatório preenchida com
hidrocarbonetos.

A quantidade de volume recuperável de acumulação de P&GN esta associada


com o Fator de Recuperação (FR). O FR exprime a relação entre as quantidades de
P&GN presentes na acumulação descoberta com a quantidade que será efetivamente
disponibilizada para comercialização. A recuperação está relacionada a fatores como
a permeabilidade das rocha reservatório, a viscosidade do hidrocarboneto, a energia
disponível no reservatório que favorece o fluxo à superfície, entre outros.

Caso a viabilidade da descoberta seja confirmada, a quantidade de volumes


recuperáveis está relacionada com os métodos empregados no desenvolvimento e na
produção do campo. As decisões realizadas no desenvolvimento da descoberta
envolvem avaliações de engenharia de reservatórios sobre a densidade da malha de
poços utilizados para a extração de P&GN, o uso de técnicas de recuperação
melhorada e injeção, com resultados diretos na economicidade do projeto. A teoria
sobre o tema na língua portuguesa conta com o livro de ROSA et al.(2006) como
referência; as questões regulatórias são apresentadas pelas empresas no Plano de
Desenvolvimento do campo, cujo regramento é estabelecido na Resolução ANP
17/2015 (ANP, 2015b), no caso brasileiro.

4
Do inglês “Formation Volume Factor”: Considerando que a pressão e a temperatura variam
entre a rocha reservatório e a superfície, a variável Bo permite estimar os volumes existentes na
acumulação em condições de superfície.

29
Chance de Sucesso

A avaliação geológica sobre a expectativa de sucesso na descoberta de


acumulação (ou probabilidade de ocorrência de acumulação de hidrocarbonetos)
propõe um indicador para estimar a possibilidade de descoberta de acumulação, nas
hierarquias exploratórias de bacia sedimentar, sistema petrolífero e play exploratório
(ROSE, 2001; HARBAUGH et al.,1995).

Nas hierarquias com descobertas confirmadas por poços exploratórios, a


avaliação da chance de sucesso na perfuração de poços pioneiros pode ser estimada
pela relação entre a quantidade de descobertas realizadas por poços exploratórios
pioneiros e a quantidade de prospectos testados, em uma mesma hierarquia
exploratória considerada. A avaliação considera o histórico exploratório observado em
atividades de exploração de P&GN anteriores.

Para os casos onde não existam descobertas anteriores na hierarquia


exploratória avaliada, a expectativa é avaliada com base em fatores arbitrados,
baseadas na opinião de especialistas (MAGALHÃES & SOUZA FILHO, 2012) para
mensuração das incertezas na exploração.
Os especialistas exprimem, individualmente, a probabilidade de ocorrência de
cada fator do sistema petrolífero (PG - geração, PM - migração, PT - trapa, PS - selo, Ps
- sincronia). O uso de escalas pode ser adotado para conversão da opinião qualitativa
de especialistas na aproximação de faixas quantitativas de sobre as chances de
sucesso (ROSE, 2001), como no método Delphi (MEGILL, 1984). A abordagem
permite incorporar o conhecimento e a experiência de especialistas em G&G em
modelos organizados, que apoiam o processo de decisão percebido durante a
atividade exploratória. Neste caso, os fatores considerados na proposição de
favorabilidade são estabelecidos de forma discricionária e subjetiva, e podem oferecer
desvantagens em resultados não consistentes ou não reproduzíveis para uma mesma
área de interesse e dados disponíveis (CHEN & OSADETZ, 2006a).
Alguns autores preferem formular a chance de sucesso agrupando fatores do
sistema petrolífero (como, p.ex., as chances de trapa e selo agrupadas em PR –
reservatório), na medida em que a quantidade de fatores aumenta sensivelmente o
risco calculado (ROSE, 2001).
A eventual descoberta realizada com a perfuração de poço exploratório
pioneiro confirma a existência de sistema petrolífero proposto nos estudos de G&G,
mas não garante a viabilidade do projeto de E&P, antes de uma adequada avaliação
da descoberta. Os custos de desenvolvimento e produção da descoberta estão
relacionados com volumes mínimos de P&GN recuperáveis, de forma a assegurar a

30
receita compatível com a rentabilidade mínima aceita para o projeto (GITMAN, 2012;
NEWENDORP & SCHUYLER, 2000).
A avaliação geológica (ALLEN & ALLEN, 2013; MAGOON & DOW, 1994) e
econômica (LERCHE & MACKAY, 1999) da acumulação deve considerar:
(1) as incertezas sobre a extensão da acumulação, as formas de
desenvolvimento do campo e o comportamento do fluxo de produção previsto para o
campo ao longo do tempo, detalhando seus volumes recuperáveis;
(2) os custos (2.1) exploratórios realizados até o momento e (2.2) de
desenvolvimento necessário para a extração e comercialização do óleo no projeto,
incluindo o custo de abandono;
(3) o valor de mercado do recurso descoberto à época de sua efetiva produção.
Apenas uma parcela dos projetos de E&P que possuem descobertas avaliadas
é considerada economicamente viável. As descobertas avaliadas positivamente são
objeto de declaração de comercialidade (prevista no contrato de concessão) e se
tornam campos de P&GN. A partir desse momento, a incerteza exploratória não
participa mais na expectativa sobre retorno do projeto.

Avaliação Econômica de Projetos de E&P

As incertezas presentes nas atividades realizadas em projetos de E&P são


objeto de avaliação econômica sobre seu potencial de rentabilidade. Enquanto a
avaliação geológica de uma descoberta confirmada analisa a expectativa de volume
de P&GN, a avaliação econômica oferece apoio às decisões relacionadas com as
incertezas relacionadas com receitas e despesas durante o ciclo de vida de um projeto
de E&P (conforme Figura 11), com base na aplicação de técnicas de planejamento
financeiro e fluxo de caixa descontado (vide GITMAN, 2012 e LERCHE &
MACKAY,1999).

31
Fluxo de Caixa ($)
Exploração Produção

Tempo (anos)
Desenvolvimento

Figura 11 – Fluxo de caixa nas fases de exploração, desenvolvimento, e produção de


um projeto de E&P (traduzido de LERCHE & MACKAY, 1999).
As receitas em um projeto de E&P estão relacionadas com comercialização do
P&GN explotado e com sua cotação na ocasião da venda. A previsão de produção do
campo (Figura 12) considera a previsão de produção estimada para o campo através
de técnicas de simulações de produção de reservatórios (ROSA et al., 2006) baseadas
na estratégia da produção adotada para a concessão (malha de poços explotatórios,
injeção de fluidos, métodos de recuperação secundária).
Previsão de Produção (bbl)

Exploração

Desenvolvimento Tempo (anos)

Produção
Figura 12 – Previsão de produção simplificada para avaliação econômica de um
projeto de E&P (traduzido de LERCHE & MACKAY, 1999).
As despesas em um projeto de E&P envolvem custos durante as etapas de
exploração, desenvolvimento, produção e abandono. Na fase exploratória, as
despesas realizadas visam localizar uma acumulação de hidrocarbonetos e marcam o
início do fluxo de caixa de um projeto de E&P, como gastos na disputa por direitos em
contratos de E&P, na compra de dados de G&G previamente adquiridos por outros

32
projetos e na realização de programas exploratórios. Os programas exploratórios
realizam investimentos em aquisição de dados sísmicos e perfuração de poços
exploratórios. Apenas uma parcela de oportunidades exploratórias identificadas em
sísmica confirmam descobertas de P&GN durante a perfuração de poços
exploratórios, que geram despesas adicionais para avaliação de seus volumes e
potencial de produção (com a perfuração de poços exploratórios de extensão, entre
outros).
Os custos realizados na fase de desenvolvimento envolvem a instalação de
equipamentos necessários para a extração do P&GN descoberto; os custos na fase de
produção envolvem os custos de operação do campo; os custos de abandono
envolvem a desativação das instalações utilizadas pelo projeto de E&P.

2.4 Desenvolvimento e Produção

As áreas exploratórias avaliadas favoravelmente do ponto de vista geológico e


econômico são declaradas comercialmente viáveis e se tornam campo produtores de
P&GN. A declaração de comercialidade encerra a etapa de exploração e registra o
inicio das fases de desenvolvimento e produção de um projeto de E&P (GRAY, 1995).
A quantidade de volumes recuperáveis apresenta forte relação com a
estratégia a ser adotada no desenvolvimento da produção da descoberta estabelecida
no Plano de Desenvolvimento – PD (ANP, 2015b). Os fluidos contidos nas
acumulações devem dispor de energia para serem produzidos, contudo a pressão
interna do reservatório tende a se reduzir na medida em que o reservatório vai sendo
produzido, com prejuízos diretos na vazão e no volume final produzido a partir da
acumulação.
A engenharia de reservatórios (ROSA et al., 2006) estuda o comportamento
dos reservatórios na produção de P&GN através de simulações numéricas que
consideram as características das rochas e de fluidos da acumulação e o histórico de
produção observado. Os especialistas em reservatórios avaliam diferentes formas de
desenvolvimento, que envolvem decisões relacionadas com a quantidade e a
localização dos poços de produção e de injeção de fluidos e com métodos de
recuperação secundária, suportando estimativas por cenários para as parcelas
recuperáveis de P&GN anteriores à efetiva produção.
Do ponto de vista das empresas, a estratégia de desenvolvimento busca
maximizar o retorno sobre o investimento, na geração da máxima receita advinda pela
comercialização do P&GN e incorrendo nos menores custos possíveis. Do ponto de
vista regulatório, a estratégia de desenvolvimento deve garantir a máxima recuperação

33
hidrocarbonetos descobertos, além de recolhimento de participações governamentais
(GUTMAN, 2007; LEITE, 2009, RAMOS, 2013) e de aspectos relacionados com
segurança operacional e meio ambiente (entre outros).

Plano de desenvolvimento

O Plano de Desenvolvimento – PD (ANP, 2015b) apresenta o detalhamento da


estratégia adotada na produção do P&GN contido na descoberta. O detalhamento
especifica a localização dos poços a serem perfurados, as instalações5 para
tratamento6, coleta, armazenamento, medição e escoamento da produção a serem
implementadas, a previsão de produção de P&GN, a duração prevista para o
desenvolvimento e a produção do campo e seu descomissionamento e devolução da
área à união. Na parte econômica, o PD apresenta a previsão de investimentos a
serem realizados para viabilizar a produção de P&GN da área outorgada e a avaliação
da rentabilidade do investimento, além de aspectos relacionados com a segurança
operacional e preservação de meio ambiente.
Recentemente, a aquisição de dados sísmicos tem sido realizada com objetivo
de acompanhar as mudanças de pressões e níveis de contato óleo-água ao longo da
produção da jazida. As sísmicas 4D permitem realizar interpretações comparativas
com levantamentos 3D realizados anteriormente7, que, combinados com os dados do
histórico de produção, permitem um melhor gerenciamento da produção no campo e
aumentam a confiabilidade nas previsões de produção (RISSO & SCHIOZER, 2008).

2.5 Abandono

O abandono trata das atividades realizadas pelas empresas ao final das


atividades em um campo de P&GN. As atividades são organizados em um plano de

5
Em ambientes offshore, as limitações de espaço nas plataformas offshore para as instalações
de tratamento representa um fator crítico no projeto de desenvolvimento de alguns campos de
petróleo, exigindo instalações especificas para apoiar o escoamento da produção.
6
Embora existam campos com produção exclusiva de óleo ou gás natural, a maior parte dos
poços oferece uma produção combinada de gás, óleo e/ou água, tornando necessária a
presença de instalações específicas para a separação, tratamento e processamento de
hidrocarbonetos. A presença de componentes indesejados e contaminantes (como água, sal,
enxofre, gás carbônico e areia) pode exigir a presença de sistemas específicos para sua
remoção.

7
De preferência, antes que o campo inicie a produção.

34
descomissionamento que considera critérios de custos, segurança e meio ambiente
(JAHN et al., 2008; FERREIRA, 2003). O plano detalha as operações necessárias
para o encerramento da produção, o isolamento em subsuperfície das zonas
produtoras nos poços, a proteção de aquíferos e a para desativação e remoção de
instalações de E&P.
Nos projetos onshore, o solo deve ser recondicionado, minimizando os
impactos percebidos durante a realização do projeto. Nos projetos offshore, o
descomissionamento envolve operações em plataforma e desinstalações de sistemas
submarinos, como dutos, linhas de fluxo, risers, entre outros (SILVA & MAUINIER,
2008).
Os custos envolvidos no descomissionamento podem atingir valores relevantes
para o projeto em momento no qual as receitas se apresentam declinantes, e as
melhores práticas recomendam o provisionamento de capital para a atividade ao longo
de toda a fase de produção do projeto.

Este capítulo apresentou uma revisão bibliográfica sobre temas relacionados


com análise de decisão relacionados com oferta de áreas. A revisão considerou o
objetivo central da tese apresentado na seção 1.1 de otimizar a performance de oferta
de áreas, visto que o Brasil possui grande quantidade de áreas com baixa densidade
de dados exploratórios adquiridos e o consequente potencial para promover Bid
Rounds com importância para a expansão do conhecimento geológico das bacias
sedimentares e da ampliação de investimentos em E&P.
Os tópicos apresentados suportam a proposição, por esta tese, de dois
métodos de suporte ao processo decisório apresentados nos próximos capítulos.
A primeira frente de pesquisa aborda avaliações espaciais de favorabilidades
para exploração de P&GN. Esta frente analisa o uso da técnica de pesos por
evidências (weights of evidence) para decisões na seleção de áreas exploratórias e
propõe no Capítulo 3 um método baseado nas informações disponíveis sobre a
presença de elementos do sistema petrolífero e nos resultados de poços exploratórios
proposto, no contexto da Lei do Petróleo. O Capítulo 4 apresenta uma aplicação do
método com dados reais obtidos no estudo de sistemas petrolíferos produzido pela
UFRN (2008) para a bacia de Sergipe-Alagoas onshore.
A segunda frente de trabalho discute as decisões de oferta de áreas
exploratórias e seus efeitos gerados na demanda por atividades de E&P. O Capítulo 5
propõe um método que utiliza a técnica de cadeias de Markov para maximizar o
atendimento dos objetivos da política energética nacional, a partir de ofertas de áreas

35
em Bid Rounds. Este método é aplicado em um estudo de caso apresentado no
Capítulo 6, que utiliza dados reais das bacias de Santos e Solimões, no sentido de
planejar a demanda esperada dentro de um intervalo de interesse, na proposição de
um plano de outorgas que favorece a previsibilidade e a alocação de recursos para as
atividades de E&P.

36
CAPÍTULO 3 - AVALIAÇÃO DE FAVORABILIDADE
EXPLORATÓRIA
Este capítulo propõe um método para classificação espacial de favorabilidade
para atividades exploratórias de P&GN, com base em mapas de potencial mineral
(MPM). O método emprega a técnica de pesos por evidências (weights of evidence -
WofE) publicado por BONHAM-CARTER et al. (1989), com o objetivo de avaliar áreas
que disponham de dados exploratórios sobre a presença de elementos do sistema
petrolífero, com respeito à descoberta de hidrocarbonetos realizadas em poços
exploratórios perfurados. Uma parte das descobertas é empregada para verificar se as
regiões apontadas como mais favoráveis são confirmadas pela tendência de
concentração dessas descobertas. Trata-se de uma inovação em relação à literatura
de MPM e WofE, que normalmente foca nas previsões, mas sem a preocupação de
verificar se o quão longe as previsões ficam da realidade. O próximo capítulo
apresenta uma aplicação do método proposto em um estudo de caso com dados reais
para a bacia de Sergipe-Alagoas.

3.1 Mapas De Potencial Mineral

A quantificação da favorabilidade em exploração mineral pode ser subdividida


em dois grupos, de acordo com o mecanismo utilizado para associar as acumulações
minerais com fatores geológicos selecionados (PAZAND et al., 2013): (1) baseados
experiência de especialistas (knowledge-driven) e (2) baseados na quantificação
objetiva em função dos dados (data-driven), a depender da disponibilidade de dados e
do estágio exploratório da área de interesse.

Os métodos de avaliação baseados em dados (conforme trabalhos de


BONHAM-CARTER, 1994; MOON, 1998; CARRANZA AND HALE, 2001; CHENG E
AGTERBERG, 1999; PORWAL et al., 2003; CARRANZA et al., 2008, NEWENDORP,
1972; CASSARD et al., 2008) propõem estabelecer, de forma empírica, a relação
entre fatores observados em evidências indiretas em dados geológicos, geofísicos e
geoquímicos e as acumulações conhecidas na proposição de favorabilidade
exploratória na área de interesse. A favorabilidade é proposta com base em evidências
organizadas espacialmente em mapas, os quais analisam fatores do sistema
petrolífero; estes últimos selecionados a partir de dados adquiridos na área de
interesse. A importância de cada evidência considerada é ponderada com respeito aos

37
resultados observados em poços exploratórios, e o resultado final é consolidado em
um mapa de favorabilidades para a área de interesse (HARRIS et al. 2001, HARRIS e
PAN 1999) com importância destacada na exploração (CARRANZA, 2011; PORWAL,
2006).

Esta pesquisa considerou a proposição de um método baseado na técnica de


pesos por evidências (weights of evidence – WOFE, BONHAM-CARTER et al.,1989),
a ser empregado no suporte decisório de questões relacionadas com seleção de áreas
exploratórias para P&GN.

3.2 Decisões sobre Seleção de Áreas Exploratórias

Na hierarquia exploratória de prospecto e play exploratório estabelecido com


descobertas confirmadas, a classificação de áreas para atividade exploratória de
P&GN enfrenta os seguintes desafios:

(1) A seleção de áreas favoráveis para a realização de atividades de E&P, seja para
priorização na oferta em Bid Rounds ou na disputa entre empresas,

(2) A aquisição de novos dados de geologia e geofísica de detalhe que vão apoiar,

(3) A proposição de prospectos a serem testados com a perfuração de poços


exploratórios em áreas favoráveis e

(4) A devolução de áreas consideradas desfavoráveis para ocorrências de


acumulações.

No caso da exploração de P&GN, as decisões devem ser fundamentadas em


conceitos de sistemas petrolíferos e plays exploratórios, com o objetivo de reduzir a
exposição de investimentos por meio de aquisição de dados acerca do sistema
petrolífero na área em análise.

Após a promulgação da Lei do Petróleo, ressalta-se o destaque percebido com


as decisões relacionadas no item (4), por força de obrigações de devolução de áreas
observadas ao término dos períodos exploratórios definidos no contrato de E&P,
apresentadas ao fim da seção 2.2 na revisão bibliográfica.

3.3 A Técnica De Pesos Por Evidências

A técnica de pesos de evidências (weights of evidence) permite identificar


padrões, como feições estruturais e anomalias geofísicas e geoquímicas. Foi
inicialmente proposta por BONHAM-CARTER et al. (1989) para o mapeamento de
potencial mineral (AGTERBERG, 1992; HE et al., 2014; CHENG, 2014). A literatura

38
conta com uma revisão elaborada por FAN et al. (2011) e aplicações da técnica na
exploração de ouro (BONHAM-CARTER et al., 1988; BROWN et al. 2000; CARRANZA
e HALE, 2002; FORD e HART, 2013; HARRIS e PAN, 1999; HRONSKY e GROVES,
2008; SILVA et al., 2012; CARRANZA, 2011; CHENG et al., 2007), cobre (ABEDI et al.
2014; WENHUI et al., 2014), ferro (ZHANG et al., 2013), entre outros.

O método também foi aplicado na identificação de potencial para águas


subterrâneas surgentes (POURTAGHI e POURGHASEMI, 2014; NAMPAK et al.
2014), risco de deslizamento de rochas (BLAHUT et al., 2013) e encostas (BLAHUT et
al., 2009; KOULI et al., 2014; REGMI et al., 2013), entre outras aplicações.

A aplicação da técnica para exploração de P&GN é fundamentada nos


conceitos de sistemas petrolíferos e plays exploratórios (ALLEN e ALLEN, 2013;
MAGOON e DOW, 1994) e visa reduzir a exposição de investimentos em aquisição de
dados ao risco exploratório com o uso de teoria probabilística (ROSTIROLLA et al.,
2003).

Seja uma área total de estudos de t>0 km2 dividida em células com medida fixa
de u>0 km2. O valor T=t/u expressa a quantidade de células na área. Se a área
apresentar D células com ocorrências de reservatórios confirmados; a probabilidade à
priori de que uma célula escolhida aleatoriamente apresente uma ocorrência é definida

por POc = . Com respeito às evidências consideradas na área de interesse, calcula-

se a quantidade de células Bj encontradas em cada mapa de evidência J no qual esta


evidência está presente; o número de células nas quais a evidência não é observada é
expressa pelo termo B
= T − B
.

A probabilidade condicional de selecionar uma célula com a ocorrência de


reservatório, dado que o mapa de evidência J apresentou Bj células com a evidência,
 ∩
é definida como /   = , na qual |A| denota a cardinalidade do conjunto A.
 

Por outro lado, a probabilidade de não encontrar um reservatório dado uma


 ∩
quantidade Bj em um mapa de evidências J é /   = . A probabilidade
 

condicional que um reservatório seja encontrado ou não, dado que Bj está ausente,
 ∩  ∩
são calculados de forma similar por /   = and /   = .
   

A aplicação do teorema de Bayes permite obter:

39
 /  
POc/B
 =  
(3.1)

 /  
POc/B
 = (3.2)
 

A contribuição de predição obtida para cada evidência J é considerada pelo


valor calculado para seu peso, definido por:
 / 
W
" = (3.3)
 / 

 / 
W
# = (3.4)
 / 

Os valores W+ e W- ponderam, respectivamente, a importância da evidência J


com respeito à presença de ocorrências de reservatórios D.

Outro conceito utilizado é a razão de probabilidades (odds ratio) OOc =


  
$# 
= #, a qual é definida como a razão entre as probabilidades que um evento

ocorra em relação à probabilidade de que um evento não ocorra. Assim, para cada
 /

evidência J temos uma razão de probabilidades OOc/Bj = OOc. , que
 /


definem a favorabilidade de cada célula, apresentadas no mapa de potencial oferecido


pelo método. Caso mais de uma evidencia seja apresentada, a Equação (3.5) define o
log da probabilidade a posteriori, sendo N o número de evidências consideradas:

log OOc|B$ , B, . . . B-  = ∑-
/$ W
" + log OOc (3.5)

3.3 Método de Avaliação de Favorabilidades para Exploração de


P&GN

Este método tem por objetivo delimitar áreas com maior potencial para
ocorrência de acumulações de hidrocarbonetos, aplicados em diferentes níveis da
hierarquia exploratória, da avaliação regional até o prospecto. A investigação dos
sistemas petrolíferos considera a ocorrência de processos geológicos essenciais e
presença dos elementos de formação de acumulações.

O método considera a presença de elementos do sistemas petrolíferos (ALLEN


e ALLEN, 2013; MAGOON e DOW, 1994) na classificação de áreas para exploração
de P&GN, a partir de ocorrência de acumulação de hidrocarbonetos. No caso da
exploração e P&GN brasileiro, opera-se de acordo com as premissas estabelecidas

40
pela Lei do Petróleo e pelo contrato de E&P, através da seguinte sequência de
atividades:

3.3.1) Definição da área de interesse e revisão na literatura sobre os elementos do


sistema petrolífero

Inicialmente, o método considera a definição da área de interesse para


avaliação e a revisão da literatura especializada no sentido de apontar o sistema
petrolífero de referência para as próximas etapas.

3.3.2) Proposição de variáveis exploratórias a partir de evidências do sistema


petrolífero

A avaliação deve relacionar os dados exploratórios disponíveis para a área de


interesse para apoiar a proposição das variáveis a serem consideradas pelo método.
As variáveis devem ter relação com a presença de elementos do sistema petrolífero
apontado na seção 3.3.1. Cita-se o potencial de geração (por exemplo, níveis de
carbono orgânicos totais), a maturidade (através de reflectância de vitrinita e/ou
análise visual de querogênio) e a presença de reservatórios, selos e trapas (por meio
de mapas de isópacas e de espessuras de formações observadas em poços
perfurados) onde a espessura seja estimada acima de um nível de interesse.

3.3.3) Organização dos dados exploratórios na forma de variáveis exploratórias

Os dados reunidos na seção 3.3.2 são organizados em variáveis diagnósticas


dos processos apontados nos estudos na seção 3.3.1. As variáveis diagnósticas
oferecem as informações sobre a presença dos elementos do sistema petrolífero
relevantes para a ocorrência de acumulações de P&GN e são dispostas em camadas
georreferênciadas, na forma matricial binária. Os dados booleanos1 favorecem a
implementação espacial de cada variável pela facilidade no tratamento numérico da
análise.

3.3.4) Aplicação da técnica de pesos por evidências para cada variável exploratória
considerado

O método de pesos por evidências apresentado na seção 3.3.2 é aplicado para


cada camada organizada na seção 3.3.3 na forma de variável exploratória, com
respeito aos resultados de poços exploratórios que confirmaram a ocorrência de
acumulações. Analogamente, a classificação também identifica as regiões mais
desfavoráveis para atividade exploratória. Os resultados são oferecidos pelo método

1
A presença do elemento do sistema petrolífero registra o valor 1 para a célula, e ausência
registra o valor zero.

41
na forma de pesos, que permitem inferir sobre a relevância da camada proposta para
a ocorrência de acumulações.

3.3.5) Seleção de Variáveis

A seleção de variáveis exploratórias para participação do mapa de


favorabilidades considera os resultados dos pesos obtidos pela aplicação do método.
As variáveis que apresentam valores acima de um nível estabelecido são promovidas
a evidência exploratória e participam do mapa de favorabilidade na seção 3.2,
classificando a área de interesse de acordo com os resultados anteriores de poços
exploratórios. As camadas que apresentaram resultados desfavoráveis nos pesos
calculados pelo método são desconsideradas e não participam da elaboração do
mapa proposto no 3.3.6.

Caso a área em análise prescinda de levantamentos básicos (que permitam


avaliar sobre a presença de elementos do sistema petrolífero), indica-se uma
avaliação em separado sobre a necessidade de aquisição de dados, de forma a
qualificar a participação da área para aplicação deste metodo.

3.3.6) Validação do Modelo

De forma a validar os resultados obtidos, o método proposto é aplicado


preliminarmente para as variáveis propostas com uma parte dos primeiros poços
exploratórios perfurados na área de interesse (p. ex., 70%).

Os pesos obtidos nessa etapa são utilizados para produzir um mapa de


favorabilidade preliminar, que deve ser analisado com respeito à parcela
remanescente de poços exploratórios (p. ex., 30%).

As áreas classificadas no mapa preliminar devem ser avaliadas pela


localização das descobertas remanescentes. A aplicação do modelo é validada pela
tendência de concentração das descobertas remanescentes nas áreas apontadas
como mais favoráveis. A validação demonstra que as variáveis selecionadas para a
aplicação do modelo são compatíveis, na medida que a avaliação dos resultados
remanescentes indica concentração das descobertas nas áreas apontadas como mais
favoráveis pelo modelo.

3.3.7) Resultados

O mapa de favorabilidade proposto pelo método serve como ferramenta para


as decisões apresentadas na seção 3.2 (a classificação de áreas para disputa em Bid
Rounds, a aquisição de novos dados exploratórios, a seleção de prospectos para
perfuração de poços exploratórios e a devolução de áreas).

42
3.3.8) Revisão da avaliação

Os resultados obtidos a partir da aplicação do método aqui proposta devem ser


revistos na medida em que são observados novos dados exploratórios e novos
resultados de poços exploratórios. A revisão deve propor o detalhamento das
evidências anteriores ou a organização de novas evidências, que serão empregadas
em nova aplicação do método proposto.

Este capítulo apresentou o método proposto por esta tese para a avaliação
espacial de favorabilidades para a atividade exploratória, através de mapas de
potencial mineral (MPM), com base na técnica de pesos por evidências. Sua aplicação
para o caso de exploração de P&GN no Brasil, no âmbito da Lei do Petróleo, suporta
decisões de governo - relacionadas com a classificação de áreas para oferta em Bid
Rounds e de mercado. A técnica também pode ser utilizada como suporte a decisões
das empresas, no que concerne à disputa por áreas, à aquisição de dados e à
devolução de áreas em contratos de E&P. O método é aplicável em áreas com dados
exploratórios disponíveis sobre a presença de elementos do sistema petrolífero e com
descoberta de hidrocarbonetos em poços exploratórios perfurados, oferecendo
resultados ponderados sobre a presença dos elementos do sistema petrolífero de
forma consistente, reproduzível e facilmente atualizável. O método inova ao propor
que uma parte dos dados deve ser empregada na validação dos resultados obtidos
pelo modelo, permitindo confirmar a tendência de concentração dessas descobertas
nas áreas apontadas como mais favoráveis. A consequência da aplicação do método
é a redução da exposição dos investimentos realizados no projeto às incertezas
presentes na atividade exploratória, aumentando a chance de sucesso de projetos de
E&P através do suporte ao processo decisório na fase exploratória. O próximo capítulo
apresenta uma aplicação do método para a bacia de Sergipe-Alagoas onshore.

43
44
CAPÍTULO 4 – APLICAÇÃO DO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE
FAVORABILIDADE EXPLORATÓRIA
PARA A BACIA DE SERGIPE-ALAGOAS
Este capítulo apresenta uma aplicação do método proposto no capítulo anterior
para classificação de áreas exploratórias, em um estudo de caso baseado em dados
reais na bacia de Sergipe-Alagoas, na porção onshore da sub-bacia de Sergipe. A
aplicação do método proposto no Capítulo 3 empregou parte dos resultados
exploratórios para validar os resultados obtidos com a aplicação do método, e restou
demonstrado que as evidências propostas são aderentes aos resultados percebidos
pelas descobertas realizadas. O mapa de favorabilidade produzido classificou a área
de interesse de acordo com sua atratividade e apontou áreas menos favoráveis com
potencial para devolução, atuando no suporte ao processo decisório de seleção de
áreas exploratórias. A literatura não apresenta nenhuma publicação que utilize os
Mapas de Potencial Mineral (MPM) ou a técnica de pesos por evidências (weights of
evidence – WofE) para a área em estudo ou com aplicação de técnica de validação na
forma proposta.

4.1 Estudo De Caso Na Bacia De Sergipe-Alagoas

4.1.1 Delimitação da Área de Interesse

A bacia de Sergipe-Alagoas está situada na região nordeste do Brasil com área


da ordem de 46.000 km2 (LOUREIRO, 2013), na sua maior parte emersa. A bacia
limita-se, a norte, com a Bacia de Pernambuco/Paraíba, pelo Alto de Maragogi; a sul, o
limite da porção emersa é constituído pela Plataforma de Estância e, no mar, pela
Bacia de Jacuípe, através do sistema de falhas do Vaza-Barris. Ela apresenta grande
variedade de modelos de acumulações de hidrocarbonetos confirmados, com
produção de petróleo e gás natural.

A área de interesse fica definida pela sub-bacia de Sergipe onshore, que conta
com 4.583 poços perfurados, dos quais 992 com objetivo exploratório e 3.591 para
desenvolvimento da produção (482 perfurados na porção marítima e 4.101 em terra).
As ocorrências de hidrocarbonetos foram definidas a partir dos dados de
reclassificação (BDEP-WEBMAPS, 2014).

45
4.1.1 Evolução Tectonoestratigráfica da Bacia – Revisão da Literatura

A Bacia de Sergipe/Alagoas possui a sequência estratigráfica mais completa da


margem continental leste brasileira. Segundo estudo trabalhos abordados por FEIJÓ
(1994a), MORIAK et al. (1997, 1998), AZAMBUJA FILHO et al., (1998) e SOUZA-LIMA
et al., (2002), a bacia possui cinco tectonossequências (Figura ): Sinéclise, Pré-rifte,
Rifte, Drifte Transgressiva e Drifte Regressiva. Segundo MORAES REGO (1933), o
substrato da bacia tem idade proterozóico e é constituído por rochas metamórficas de
baixo grau dos grupos Miaba e Vaza-Barris na Sub-bacia Sergipe.

A área de estudo escolhida foi a porção terrestre da Sub-bacia de Sergipe, por


se tratar uma bacia madura, com abundante quantidade de informações e,
consequentemente, conhecimento geológico. A Figura 13a apresenta a carta
estratigráfica com a tecnossequências utilizadas neste estudo, que foram as que
possuem rochas reservatório na porção terrestre; e a Figura 13b exibe a seção
esquemática da bacia.

46
Figura 13 – Estratigrafia presente na Sub-bacia
Sub bacia de Sergipe na Bacia Sergipe-Alagoas
Sergipe
(UFRN, 2008):: (a) Detalhe recortado da Carta Estratigráfica da Sub-bacia
Sub bacia de Sergipe
da Bacia de Sergipe-Alagoas
Alagoas proposta pelo projeto UFRN/ANP (modificada de FEIJÓ,
1994; MOHRIAK et al.,, 1997; SOUZA-LIMA
SOUZA et al.,, 2002) das sequências que serão
utilizadas no estudo e (b)) Seção Esquemática Geológica da Sub-Bacia
Sub Bacia de Sergipe.

A primeira tectonossequência foi depositada durante a Sinéclise Paleozóica.


Neste período foram depositadas as Fm. Batinga e a Fm. Aracaré, representadas por
sedimentos do Permo-Carboníferos
Carboníferos.. A Fm. Batinga é composta pelos membros
Mulungu, formado por conglomerados e diamictitos, Atalaia por arenitos e Boacica,
constituído por siltitos e folhelhos. A Fm Aracaré foi depositada em ambiente desértico
e deltaico, sob retrabalhamento eólico e de ondas
o (CAMPOS
CAMPOS NETO et al., 2007),
constituindo-se
se de folhelhos pretos recobertos por arenitos, calcarenitos associados a

47
silex e lamitos algais. Seu teor de carbono orgânico (COT) varia entre 2 e 5% (CRUZ,
1994a).

A segunda tectonossequência, a Pré-rifte caracteriza-se pela alternância entre


ambientes fluviais e lacustres das formações Candeeiro e Bananeiras de idades
neojurássicas. A formação Candeeiro é caracterizada por arenito e siltitos
avermelhados e a Bananeira, por folhelhos vermelhos violáceos, facilmente
intemperizados.

Já a terceira tectonossequência, a Rifte, se estendeu do Berriasiano até o


Aptiano. No início da fase rifte, houve progressiva subsidência da bacia, com alta
pluviosidade e diminuição de erosão nas áreas-fonte, nas porções distais de um
sistema fluvial gradando para frentes deltaicas lacustres da Formação Serraria,
constituída pelos arenitos grossos a conglomerados. Esta Formação foi retirada neste
estudo da fase Pré-Rifte, conforme utilizado na carta estratigráfica feita por CAMPOS
NETO et al.(2007), e anexada à Rifte e ao Grupo Coruripe, assim como as demais
formações da fase Rifte.

Ainda no ambiente continental de água doce ou salobra, num contexto de


lagoa, foram depositados intercalações de arenitos e folhelhos sotopostos da
Formação Barra de Itiúba. Concomitantemente, a Formação Penedo foi depositada a
partir de ambientes de frente deltaica a pró-delta, constituída por arenitos finos a
grossos, localmente conglomeráticos, bem a pobremente selecionados, com
intercalações subordinadas de folhelhos e siltitos.

No período que se estendeu do Valanginiano ao Aptiano, formou-se um


sistema deposicional desta unidade, interpretado como sendo leques aluviais
associados às falhas de borda da bacia, ativas dos andares Aratu ao Jiquiá (FEIJÓ,
1994a), chamada de Formação Rio Pitanga e caracterizada por conter grandes
cunhas conglomeráticas adjacentes às grandes falhas de borda da Sub-bacia Sergipe.
Acima da Discordância Jiquiá, foram desenvolvidos leques deltaicos de curta duração
nas proximidades de lagos no Neoaptiano (CRUZ E ABREU, 1984), depositando os
sedimentos da Formação Coqueiro Seco caracterizada pela alternância de arenitos,
folhelhos e siltitos, apresentando, na sua porção inferior, calcilutitos e coquinas
(Membro Morro do Chaves) intercaladas com conglomerados, arenitos e folhelhos
negros.

A Formação Maceió é constituída por intercalações de arcóseos finos a


grossos, localmente conglomeráticos, cinza-claros a amarelo-claros e castanhos, com
folhelhos esverdeados ou cinza escuros, em parte betuminosos. Ainda podem ocorrer,

48
subordinadamente, interlaminações de anidrita e dolomita, além de camadas de halita.
Estas últimas são informalmente denominadas de “Evaporitos Paripueira”. Existe uma
provável correlação entre os depósitos gerados com a alternância de fases de clima
úmido e árido. Nos períodos úmidos, haveria um maior aporte siliciclástico proveniente
do continente, graças às enchentes no lago, propiciando a deposição de leques
deltaicos proximais e leques subaquosos turbidíticos, com matéria orgânica lenhosa,
dentro do lago. Durante todo o Aptiano, nos períodos mais secos, o influxo siliciclástico
seria menor, originando folhelhos e calcilutitos com tapetes algálicos, com teores
elevados de matéria orgânica amorfa (até 17%). Durante os períodos de extrema
aridez, teriam sido depositados os evaporitos desta unidade (ARIENTI, 1996).

No Eoaptiano, houve a deposição da Formação Muribeca que possui uma


faciologia bastante diversificada, havendo uma relação direta entre as litofácies e cada
um dos seus membros, decorrente das variações bastante peculiares dos sistemas
deposicionais. O membro Carmópolis se constitui em conglomerados polimíticos,
diamictitos, arenitos conglomeráticos, arenitos, ritmitos, calcilutitos e folhelhos. O
Membro Ibura abrange a maior parte da seção evaporítica da Formação Muribeca. É
constituído por diversos ciclos evaporíticos, iniciados pela deposição de carbonatos e
sulfatos (anidrita), seguida pela precipitação de halita e de depósitos mistos de halita-
silvita, denominados de silvinita. Alguns ciclos evoluíram para condições de aridez
extrema, depositando sais raros e extremamente solúveis, tais como carnalita e
taquidrita. O Membro Oiteirinhos é constituído pela alternância de folhelhos e
calcilutitos peloidais ou calcários microbiais. Sua origem é interpretada como
relacionada aos sedimentos marinhos depositados nas porções menos restritas,
externas à bacia evaporítica.

Posteriormente, FEIJÓ (1979) propôs elevar o membro Oiteirinhos para a


condição de grupo, acrescentando nele as formações Poção, Maceió e Muribeca.
Ficaram assim incluídas, no Grupo Coruripe, as unidades litoestratigráficas
correspondentes aos estágios Rifte e Transicional da bacia. E no segundo momento,
no Eoalagoas, houve um forte tectonismo e delimitação da linha de charneira
(CAMPOS NETO et al., 2007).

As formações Maceió e Muribeca marcam o final da Tectonossequência Rifte e


caracterizam-se pelas primeiras incursões marinhas expressivas, representativas da
ruptura continental definitiva entre a África e América do Sul, onde ocorrem os
primeiros depósitos evaporíticos.

49
A quarta Tectonossequência é a Drifte Transgressiva e engloba todas as
unidades depositadas em função de subsidência termal e sobrecarga sedimentar.
Cotinguiba e Piaçabuçu são as formações depositadas nesta fase que se extende do
final do Aptiano ao Coniaciano. A base do Grupo Sergipe marca o início do Estágio
Drifte na Sub-Bacia Sergipe, com a implantação dos sistemas de plataformas
carbonáticas que caracterizam a Margem Atlântica brasileira.

Os três membros que compõem a Formação Riachuelo representam diferentes


contextos deposicionais que se integram para compor uma ampla plataforma
carbonática mista. Assim, essas unidades refletem muito mais as variações
faciológicas que ocorrem dentro desta plataforma do que, propriamente, citados no
posicionamento do proximal à distal: os Membros Maruim e Taquari.

O Membro Maruim é representado por estratos normalmente espessos,


constituídos por calcarenitos (grainstones a packstones) predominantemente
oncolíticos, apresentando, localmente, composição bioclástica, peloidal ou oolítica; em
alguns casos, os bancos carbonáticos estão representados por calcirruditos.

A formação Cotinguiba possui apenas o membro Aracaju, que é representado


por argilitos e/ou siltitos cinzas a verdes, calcíferos, fossilíferos, com intercalações de
folhelhos castanhos, betuminosos e calcários amarelos criptocristalinos (BENGTSON,
1983).

A quinta Tectonosequência é a Drifte Regressiva, que ocorreu do Santoniano


ao Recente e é representada pelo Grupo Piaçabuçu. Nele estão contidas as
formações Marituba, Mosqueiro, Calumbi e Barreiras. A primeira formação a se
depositar, a Marituba, é composta predominantemente por arenitos médios a grossos,
conglomeráticos, com intercalações de calcarenitos bioclásticos, calcarenitos arenosos
e folhelhos, estando localmente dolomitizada. Supõe-se que a gênese desta unidade
esteja relacionada aos depósitos costeiros distribuídos do Campaniano ao Recente. Já
a Formação Mosqueiro é constituída, essencialmente, por calcarenitos bioclásticos de
cor cinza. Os bioclastos são dominados por carapaças de foraminíferos e moluscos.
Intercalações delgadas de folhelhos e arenitos grossos são eventualmente
encontradas. Esta unidade representa a plataforma carbonática ativa do Paleoceno ao
Holoceno na Sub-bacia Sergipe (FEIJÓ, 1994a). Em seguida, os depósitos da
Formação Calumbi interpretados como gerados na região plataformal são
representados essencialmente por folhelhos e argilitos, com algumas intercalações de
siltitos. Corpos relativamente delgados de arenitos finos a muito finos ocorrem
esporadicamente intercalados aos folhelhos e siltitos; são de coloração creme-claro,

50
bastante bioturbados. Estes arenitos foram interpretados como resultantes do
retrabalhamento de barras de areia pela ação das ondas, que sofrem espalhamento
sobre o fundo oceânico, em áreas mais distais da plataforma (SOUZA-LIMA, 2001a).
Por fim, a Formação Barreiras (Mioceno ao Recente) é caracterizada principalmente
por arenitos, cuja granulometria varia desde fina a muito grossa, ortoconglomerados e,
secundariamente, argilitos e folhelhos oxidados.

4.1.2 Elementos do Sistema Petrolífero

As rochas geradoras são representadas por três unidades principais: da Fm.


Barra de Itiúba, Fm. Coqueiro Seco e Fm. Maceió aptiana. As rochas geradoras
principais da bacia são folhelhos pretos, margas e calcilutitos da Fm. Maceió (Andar
Alagoas). O valor médio de carbono orgânico total dos folhelhos é de 3,5%, atingindo
até 12%. A espessura média desta unidade é de 200m, atingindo até 700m.
Importantes geradores são também os folhelhos lacustres da fase rifte, com possível
influência marinha, da Fm. Coqueiro Seco, e os folhelhos lacustres das fases pré-rifte
e rifte da Fm. Barra de Itiuba.

Em relação a rochas reservatório, os principais reservatórios encontram-se nos


sedimentos clásticos do Mb. Carmópolis da Fm. Muribeca. Existem também arenitos
com excelente porosidade nos turbiditos cretáceos da Fm. Calumbi e nos arenitos da
Fm. Serraria. São encontradas acumulações no embasamento fraturado e nos
reservatórios da fase rifte - os carbonatos porosos e fraturados da Fm. Riachuelo e da
Fm. Cotinguiba. Na parte marinha profunda da Sub-Bacia de Sergipe, os principais
reservatórios são os turbiditos cretácecos e terciários da Fm. Calumbi, e
secundariamente os da seqüência transicional. Na parte emersa da Sub-Bacia de
Alagoas, os principais reservatórios são os arenitos das formações Serraria, Barra de
Itiúba, Penedo, Coqueiro Seco e Maceió. Na parte marinha profunda, os principais
reservatórios são os turbiditos cretácicos e terciários da Fm. Calumbi, secundados
pelos clásticos da Fm. Maceió.

Estudos revelam que a geração iniciou no Aptiano (115 Ma.) e para as


acumulações rasas existentes na parte emersa da Sub-Bacia de Sergipe, a geração é
atribuída a Fm. Maceió, a qual se encontra em condições de maturação na parte baixa
da Charneira Alagoas. A migração se deu, a partir daí, através de falhas normais que
compõem a Charneira Alagoas, até o Mb. Carmópolis, capeado pelos folhelhos e
evaporitos do Mb. Ibura da Fm. Muribeca e que funcionou como uma camada
transportadora do petróleo até alcançar a sua acumulação final em trapas geralmente

51
paleogeomórficas. O maior campo da bacia, Carmópolis, com 268 milhões de metros
cúbicos de óleo original in situ (UFRN, 2008), foi suprido por este gerador com
migração lateral a longa distância. É importante o papel desempenhado por falhas
gravitacionais (lístricas) e normais, atuantes durante o rifteamento da bacia, que
funcionam como dutos para migração dos hidrocarbonetos.

As trapas pesquisadas nas sequências pré-rifte e rifte são estruturais tipo


feição dômica, como os campos de Pilar e São Miguel dos Campos. Na sequência
transicional, as trapas relacionadas à Fm. Muribeca/Mb. Carmópolis são
principalmente paleogeomórficas. Em arenitos da Fm. Maceió, as trapas existentes
são do tipo bloco falhado, ou associados à halocinese. Na sequência superior, em que
os principais reservatórios são os turbiditos cretáceos e terciários da Fm. Calumbi, as
trapas são mistas e estratigráficas, associadas às calhas e arqueamentos provocados
pela tectônica de sal ou ao preenchimento de canais, às vezes controlados por falhas
do embasamento reativadas.

4.2 Aplicação do Método

4.2.1 Proposição de variáveis exploratórias

A seleção de variáveis que contenham informações úteis para diferenciação


entre áreas potencialmente produtivas constitui etapa fundamental na classificação de
áreas para atividade exploratória. Nesse sentido, a aplicação do método proposto no
Capítulo 3 considerou os mapas apresentados a seguir (UFRN, 2008) na sub-bacia de
Sergipe.

Os mapas foram baseados em integração dos dados sísmicos (interpretações


de seções sísmicas) e gravimétricos (correlação do sinal gravimétrico com altos do
embasamento ou edifícios vulcânicos) com dados de poços (conversão de mapas
sísmicos em profundidade a partir de perfis de checkshot, por meio de curvas tempo x
profundidade).

O método foi aplicado com base em critérios geológicos, que consideraram a


presença de rochas reservatórios e elementos selantes de sistemas petrolíferos, a
presença de espessuras sedimentares, altos estruturais e falhas. As presenças de
rochas reservatório e de selo podem ser evidenciadas pelas maiores espessuras de
tecnosequências apresentadas nas Figura 14, Figura 15 e Figura 16. As
tecnossequências pré-rift, individa e rift foram escolhidas por possuírem formações
representativas dos principais plays da sub-bacia de Sergipe. O mapa de anomalia

52
Bouguer apresentado na Figura 17 foi considerado para identificar as regiões de
interesse de acordo com sua espessura sedimentar. Em relação ao alto estrutural, o
topo do embasamento foi considerado na Figura 18, uma vez que pode ter estruturas
anticlinais próximas. Por fim, as falhas foram consideradas devido à sua possível
contribuição na migração de hidrocarbonetos para os reservatórios.

As espessuras foram estimadas com base em informações interpoladas para


cada horizonte com base em modelos matemáticos de krigging, nos quais o mapa de
isópaca foi obtido a partir da diferença entre dois mapas estruturais consecutivos em
profundidade.

 A Sequência Pré-Rifte (Figura 14) que engloba as Fm. Candeeiro e Bananeiras


(Neojurássico).

 A Sequência Rifte Indivisa (Figura 15), delimitada na base pela Discordância Pré-
Rio da Serra e a Discordância Pré-Alagoas, contendo as Formações Serraria,
Barra do Itiúba, Penedo, Coqueiro Seco e Rio Pitanga.

 A Sequência Rifte 5 (Figura 16) composta pelas Formações Muribeca e Maceió.

 Mapa de Anomalia Bouguer Residual (Figura 17).

 Falhas do topo do embasamento (Figura 18).

53
Figura 14 – Mapa sismoestrutural e de isópaca da Tectonossequência Pré-Rifte
(UFRN, 2008).

54
Figura 15 – Mapa sismoestrutural e de isópaca da Tectonossequência Indivisa
(UFRN, 2008).

55
Figura 16 – Mapa sismoestrutural e de isópaca
isópaca da Tectonossequência Rifte
(UFRN, 2008).

56
Figura 17 – Mapa Anomalia Bouguer1 Residual (linha branca é a linha de costa)
(UFRN, 2008).

Figura 18 – Falhas interpretadas a partir de linhas sísmicas e relevo do topo do


embasamento cristalino (UFRN, 2008)

1
Este mapa foi gerado a partir de filtragem passabanda entre 10 e 100 km.

57
A aplicação do método considerou os dados obtidos a partir de 487 poços
exploratórios com descobertas (BDEP-WEBMAPS, 2014) para avaliação das variáveis
analisadas a partir dos mapas apresentados nas Figura 14 a Figura 18. Os poços que
apresentaram descobertas nas camadas sedimentares foram devidamente
considerados nas respectivas variáveis em proposição, com uma área de influência
arbitrada em 2,5 km.

Os dados considerados na aplicação do método foram organizados em banco


de dados georreferênciados, de acordo com as variáveis propostas e os critérios
considerados, apresentados na Tabela 3, acompanhados da área e da quantidade de
poços exploratórios com descoberta de hidrocarbonetos (D) para cada evidencia (BJ)
analisada.

BJ Mapa Variável Área (km2) D


1 Pré-Rifte Espessura >150m 810,72 182
2 Rifte Indivisa Espessura>160m 1141.03 230
3 Rifte 5 Espessura>160m 1422.96 452
4 Bouguer Positivo mGal>0 2709.00 58
5 Bouguer Negativo mGal<0 2172.15 428
6 Falhas Embasamento Buffer 1.500m 2622.01 335

Tabela 3 – Variáveis Exploratórias.

A aplicação do método de pesos de evidências deu-se em duas etapas:


validação da aplicação e resultados, com a geração dos mapas de favorabilidade a
posteriori.

4.2.2 Seleção de Variáveis e Validação da Aplicação do Método

Os pesos (W+ e W-) foram calculados para cada variável proposta com base
nos resultados de poços exploratórios perfurados. O estudo considerou as variáveis
com valor W+ maior que 0.2 na aceitação de evidências para participação no mapa de
favorabilidade exploratória à posteriori (Tabela 4). Desta forma, a evidência Bj=5 foi
desconsiderada e as demais variáveis foram promovidas a evidências exploratórias.
O mapa de potencial mineral oferecido pelo método foi produzido pelo
somatório dos logs das probabilidades à posteriori para cada evidência considerada,
como apresentado na Equação (3.5) da seção 3.2 do Capítulo 3. Os valores obtidos
pela probabilidade à posteriori a partir das evidências Bj consideradas são somados e
apresentados em uma escala de cores, na qual a cor azul representa o resultado mais
favorável e a cor verde representa o resultado mais desfavorável.

58
De forma a validar o estudo, o método proposto foi aplicado aos 70% primeiros
resultados de poços exploratórios, (342 de 487 poços exploratórios). Os pesos obtidos
com 70% dos primeiros poços exploratórios perfurados são apresentados na Tabela 4
e na Figura 21.

BJ Evidence W+ W-
1 Pré-rifte 0,91 -0,33
2 Rifte Indivisa 0,78 -0,43
3 Rifte 5 1,20 -2,66
4 Bouguer Positivo 0,65 -1,55
5 Bouguer Negativo -1,55 0,65
6 Falhas Embasamento 0,27 0,42
Tabela 4 – Pesos de evidências calculados para a avaliação de evidências
exploratórias para a Bacia Sergipe-Alagoas onshore com 70% das descobertas em
poços exploratórios.

: 6,20E-01
: 3,23E-02

Figura 19- Mapa de favorabilidade exploratória na Bacia de Sergipe-Alagoas com 70%


das descobertas em poços exploratórios.

59
Os resultados obtidos com a Figura 19 foram comparados com os 487-
342=145 descobertas nos 30% de poços exploratórios remanescentes. Os resultados
apresentados na Figura 20 confirmam a tendência de concentração de descobertas
nas áreas mais favoráveis, normalizadas na escala 1-100, onde 100 representa a
região mais favorável. Destaca-se que cerca de 68% das descobertas estão situadas
dentro da faixa superior a 35% de nível de favorabilidade, apontada pelos resultados
obtidos na aplicação do método.

150 Poços Exploratórios


135 com Descobertas
Poços Exploratórios com

120
105
Descobertas

90
75
60
45
30
15
0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Nível de Favorabilidade (%)

Figura 20 – Avaliação do Mapa de Favorabilidade da Bacia de Sergipe-Alagoas com


70% dos poços

Os resultados apresentados com a aplicação do método proposto demonstram


que as evidências consideradas são compatíveis com os dados de poços exploratórios
perfurados com descobertas, e a aplicação do método realizada se provou adequada.

4.4 Resultados

Os pesos finais são calculados para as evidências exploratórias estabelecidas


no item anterior com 100% dos poços exploratórios e apresentados na Tabela 5 e na
Figura 21.

60
BJ Evidencia W+ W-
1 Pre-rifte 0.83 -0.29
2 Rifte Indivisa 0,73 -0.38
3 Rifte 5 1.18 -2.32
4 Bouguer Positivo 0.71 -1.51
5 Bouguer Negativo -1.51 0.71
6 Falhas Embasamento 0.27 -0.42

Tabela 5 – Pesos de evidências calculados para a avaliação das evidências


exploratórias na Bacia de Sergipe-Alagoas.

: 6,71E-02
: 3,78E-05

Figura 21 – Mapa de favorabilidade exploratória na Bacia de Sergipe-Alagoas

Para facilitar a compreensão, os resultados obtidos com a aplicação do método


são apresentados a seguir. A área de estudo com t=5.006,35 km2 foi discretizada em

61
T=500.635 células, com D=487 descobertas realizadas com base em poços
exploratórios. A probabilidade à priori de que uma célula escolhida aleatoriamente

apresente uma descoberta na área de estudo é definida por POc = 
=9.73*10E-05.

A evidência J=1 (Pré-rifte) foi considerada com área igual a 810.72 km2 e
discretizada em B1=81.072 células e Oc=182 células com descobertas realizadas por
poços exploratórios perfurados.
Pela aplicação da Equação (3.1) com respeito à probabilidade de escolher uma
célula com a ocorrência de reservatórios dado que a evidência 1 está presente, temos
 / 
POc/B  = = 0,37. Analogamente, a Equação (3.2) permite calcular a


probabilidade de encontrar um reservatório, dado que a evidência 1 não está presente,


 / 
dada por POc/B  = 
= 0,16. O peso calculado para a evidência 1 assume o
 /
valor de W  = / = 2.31 e seu log apresenta valor igual a 0.83.


O mapa de favorabilidade acumula o valor do peso calculado para evidência 1


nas regiões onde está presente, com os pesos calculados para as demais evidências
 
admitidas e com o valor de log OOc = log  = log   =9.74*10E-05, nos

termos da Equação (3.5).

Este capítulo aplicou o método apresentado no capítulo anterior para avaliação


espacial de favorabilidade para atividade exploratória, baseado na técnica de pesos de
evidências, em um caso real na porção terrestre da bacia de Sergipe-Alagoas. Esta
bacia não apresenta nenhuma avaliação de potencial exploratório na literatura pelo
uso de Mapas de Potencial Mineral ou da técnica de pesos por evidências. Os
resultados obtidos permitiram classificar a área de estudo em diferentes níveis de
favorabilidade para suporte às decisões relacionadas com seleção de áreas
exploratórias, e são facilmente atualizáveis frente a novos dados exploratórios, novas
variáveis exploratórias ou detalhamento das evidências consideradas em avaliações
anteriores.

A proposta permite reduzir a exposição dos investimentos às incertezas


percebidas em projetos de E&P, com consequências para seu sucesso pela
priorização de atividades fundamentada em resultados observados no histórico
exploratório de forma criteriosa.

62
CAPÍTULO 5 – MÉTODO DE PLANEJAMENTO DE OFERTA DE
ÁREAS
Este capítulo analisa as decisões relacionadas com oferta de áreas em Bid
Rounds e propõe um método para apoiar o seu planejamento. A proposta utiliza a
técnica de cadeias de Markov, em uma contribuição inteiramente desenvolvida por
esta tese para favorecer a manutenção da demanda de atividades de E&P dentro de
um intervalo estabelecido. O modelo é baseado na organização de dados percebidos
em rodadas e contratos anteriores. A regularidade e a previsibilidade em ofertas de
áreas são propostas em um plano de outorgas para atividades exploratórias, como um
aprimoramento para a política regulatória de E&P. O Capítulo 6 apresenta dados sobre
as bacias sedimentares brasileiras e a aplicação do método em um estudo de caso de
oferta de áreas em Bid Rounds com dados reais das bacias de Santos e Solimões.

5.1 A Licitação de Áreas Exploratórias e a Demanda por Atividades


de E&P no Brasil

A Emenda Constitucional 09/95 (BRASIL, 1995) e a Lei do Petróleo (BRASIL,


1997) estabeleceram o fim do monopólio no upstream brasileiro. As alterações
regulatórias no setor implementaram modificações para a operação da indústria do
upstream no Brasil.
Um sistema oferta de áreas exploratórias através de Bid Rounds foi criado para
promover disputas por direitos em contratos de E&P. A oferta de áreas acontece
através de blocos exploratórios oferecidos em bacias sedimentares brasileiras,
organizadas em setores com fatores geológicos similares. Desde 1998, registrou-se
oferta de blocos exploratórios em 14 Bid Rounds. A Tabela 6 apresenta uma lista de
Bid Rounds e blocos arrematados sob a nova regulação.

63
Blocos Blocos
Bid Round Ano
Oferecidos Arrematados
BID 1 1999 27 12
BID 2 2000 23 21
BID 3 2001 53 34
BID 4 2002 54 21
BID 5 2003 908 101
BID 6 2004 913 154
BID 7 2005 1,134 251
BID 9 2007 271 117
BID 10 2008 130 54
BID 11 2013 289 142
1a Rodada de Partilha de Produção 2013 1 1
BID 12 2013 240 72
BID 13 2015 266 37
Tabela 6 – Bid Rounds promovidos no Brasil pela Lei do Petróleo.

Os direitos de realizar atividades de E&P em blocos exploratórios no Brasil


passam a ser objeto de disputa pelas empresas em Bid Rounds. Os blocos são
arrematados pelas empresas (estrangeiras ou brasileiras) que apresentam a melhor
oferta na disputa; estas celebram contratos de E&P com o governo brasileiro. Blocos
não arrematados permanecem disponíveis para serem oferecidos em futuros Bid
Rounds.
O contrato de E&P brasileiro apresenta uma duração de até 27 anos, dividido
em duas fases: (1) exploração e (2) produção. Durante a fase de exploração, o
contrato apresenta dois períodos: No primeiro período exploratório, a empresa realiza
estudos prospectivos com o objetivo de mitigar incertezas na exploração do bloco
(destacadamente aquisição de levantamentos sísmicos). Ao final do primeiro período,
a empresa decide se adentra o segundo período. Caso decida adentrar o segundo
período, ela registra o compromisso de perfurar pelo menos um poço exploratório por
bloco. Caso contrário, a empresa interrompe a atividade exploratória e ocorre a
devolução da área para a união, e o contrato é encerrado. Somente uma parte dos
contratos de E&P realizam a perfuração de poços exploratórios, os quais apresentam
grande importância nas atividades de E&P por causa de (1) seu valor destacado1 no
fluxo de caixa de um projeto exploratório quando comparado com outros
investimentos, e também porque (2) fornecem informação direta sobre a presença ou
ausência de sistemas petrolíferos e (3) os investimentos realizados em poços
exploratórios podem gerar investimentos maiores no desenvolvimento e produção de
um campo de P&GN.

1
Maior gasto realizado na fase de exploração de um contrato de E&P.

64
As empresas são obrigadas a conduzir atividades exploratórias nos períodos
compromissados no contrato de E&P, favorecendo a expansão do upstream no Brasil.
A quantidade de poços exploratórios perfurados quase triplicou após 1998 (Figura 22)
devido à expansão de atividades de E&P, favorecidas por compromissos de realização
de investimentos exploratórios em contratos de E&P outorgados a partir de Bid
Rounds.

Figura 22 – Perfuração de Poços Exploratórios no Brasil.

O ritmo de realização de Bid Rounds não permaneceu constante ao longo dos


anos, como evidenciado na Tabela 6. A continuidade de atividades de E&P foi afetada
pela ausência de Bid Rounds no período entre 2008 e 2013 (5 anos). Atipicamente, o
ano de 2013 contou com três Bid Rounds, um deles com a primeira oferta de áreas no
pré-sal sob o regime de partilha de produção (PSC).
A ausência de ofertas resultou em uma queda na correspondente atividade
exploratória, percebida nos poços exploratórios perfurados após 2012. O atraso na
queda se justifica pela realização de estudos prospectivos e processos de
licenciamento ambiental (MARIANO e LA ROVERE, 2007) entre a assinatura do
contrato e o primeiro poço perfurado.
O Brasil possui largo estoque de áreas pouco exploradas, com potencial de
demanda para aquisição de dados exploratórios. Considerando que a oferta de áreas
exploratórias em Bid Rounds gera demanda por atividades estabelecidas em
obrigações em contratos de E&P nos anos subsequentes, o planejamento da
demanda por bens e serviços no setor de E&P pode ser favorecido pela organização
de oferta de áreas, com base no monitoramento de resultados observados em ofertas
de áreas anteriores (PERRONS e JENSEN, 2015).
O planejamento deve considerar a quantidade de áreas a serem ofertadas em
Bid Rounds e o intervalo entre as ofertas.As atividades de E&P podem ser estimuladas
pela formulação de política para o setor de upstream com o objetivo de planejar a

65
demanda por meio de oferta de blocos em futuros Bid Rounds. O método proposto
neste capitulo utiliza processos markovianos para o planejamento de atividades de
E&P, o que não foi observado em trabalhos anteriores publicados na literatura.
A próxima seção destaca as decisões relacionadas com a oferta de áreas em
Bid Rounds, seguida da apresentação do método proposto.

5.2 Processo Decisório Brasileiro de Oferta De Áreas Segundo a Lei


do Petróleo

A realização de Bid Rounds exige definição de aspectos específicos sobre a


oferta de áreas exploratórias. A cada ano, o governo deve decidir especificamente
sobre a realização de rodadas, oferecendo respostas para as questões abaixo:
1. O governo tem interesse em realizar uma rodada de licitações este ano?
2. Se positivo, quais bacias sedimentares serão oferecidas?
3. Em cada bacia, quais áreas serão objeto de oferta?
No caso brasileiro, a Lei do Petróleo estabelece que o CNPE possui a
atribuição de definir os blocos objeto de disputa em rodadas de licitações (Lei 9.478/97
Art 2o, inciso VIII). Entretanto, os primeiros Bid Rounds foram realizados sem
resoluções explicitas do CNPE nesse sentido, provavelmente por falta de norma
infralegal que formalizasse os procedimentos autorizativos.
Bid Round Autorização Rodada Bid Day
BID 1 Não houve 15/06/1999
BID 2 Não houve 07/06/2000
BID 3 Não houve 19/06/2001
BID 4 Não houve 19/06/2002
BID 5 Não houve2 19/08/2003
BID 6 Não houve 17/08/2004
BID 7 Resolução CNPE 02/2004 em 08/12/2004 17/10/2005
BID 8 Resolução CNPE 03/2006 em 18/05/2006 28/11/2006
BID 9 Resolução CNPE 02/2007 em 25/06/2007 28/11/2007
BID 10 Resolução CNPE 10/2008 em 03/09/2008 18/12/2008
BID 11 Resolução CNPE 03/2012 em 18/12/2012 14/05/2013
1ª Rodada PSC Portaria MME 218/2013 em 20/06/2013 21/10/2013
BID 12 Resolução CNPE 06/2013 em 25/06/2013 28/11/2013
BID 13 Resolução CNPE 01/2015 em 03/06/2015 07/10/2015
Tabela 7 – Autorizações CNPE para realização de Bid Rounds

2
A Resolução 08/2003 referendou, em seu art. 4º, a realização do BID 5 durante seus
atos preparatórios, antes de sua realização em 19/08/2003.

66
Em 2003, a resolução CNPE 08/2003 de 21/07/2003 definiu procedimentos
sobre a decisão de oferta de áreas em Bid Rounds, sem no entanto autorizar a
realização do BID 5 e do BID 6. Em seu art. 4º, esta resolução referendou a realização
do BID 5 durante seus atos preparatórios, antes do Bid Day realizado em 19/08/2003.
De acordo com a resolução, compete ao Ministério de Minas e Energia (MME)
explicitar as políticas e diretrizes a serem implementadas pela ANP na adequação de
procedimentos licitatórios, destacando como objetivos a “identificação de novas áreas
para investimentos". Essa resolução destaca que “a ANP deverá, na implementação
da política supramencionada:
IV - incluir blocos, setores ou áreas em bacias de fronteira tecnológica e
do conhecimento, da margem continental de forma a atrair
investimentos nestas áreas, elevando o conhecimento geológico
disponível”.

A resolução CNPE 02/2004 exarada em 08/12/2004 registra novamente a


competência do MME para explicitar as políticas e diretrizes a serem implementadas
pela ANP na condução das licitações de áreas para exploração de petróleo e gás
natural. A resolução, novamente, destaca: (a) o interesse do governo federal em
promover o conhecimento das bacias sedimentares brasileiras e (b) que as licitações
de blocos exploratórios possibilitem a fixação de empresas nacionais e estrangeiras no
pais, dando continuidade à demanda por bens e serviços locais, a geração de
empregos e a distribuição de renda.

A partir do BID7, as rodadas passaram a contar com resoluções CNPE de


cunho autorizativo. No sentido de planejamento, o método apresentado nas seções
subsequentes deste capítulo considera que a oferta de áreas deve ser analisada com
respeito ao seu desempenho esperado na geração de demanda por atividades de
E&P. Tal desempenho é avaliado com base em resultados observados anteriormente.

A próxima seção discute um método para o planejamento de oferta de áreas


baseado na aplicação de cadeias de Markov. O método proposto estima a demanda
futura por atividades de E&P com base no desempenho histórico de oferta de áreas e
contratos de E&P originados em Bid Rounds anteriores, para uma mesma bacia. O
método foi orientado para o caso de perfuração de poços exploratórios, mas pode ser
utilizado para outras atividades presentes no contrato de E&P, como aquisição
sísmica.
A modelagem propõe a organização de seus resultados em um plano de longo
prazo de oferta de áreas. O plano informa sobre um intervalo ótimo entre Bid Rounds,
considerando a quantidade de blocos a serem oferecidos e a manutenção da

67
demanda em níveis de interesse para o atendimento dos objetivos da política
energética nacional.

5.3 Método de Planejamento de Oferta de Áreas

5.3.1 Demanda esperada por poços exploratórios em Bid Rounds

Para cada região específica em uma bacia sedimentar com potencial


exploratório, define-se a quantidade de poços exploratórios perfurados por área (poços
exploratórios perfurados/10-2km2) como Densidade Exploratória (DE).
Uma maior densidade exploratória implica em um número maior de poços
perfurados por área e, consequentemente, mais informação sobre a existência (ou
não) de acumulações de hidrocarbonetos. A Densidade Exploratória Objetivo (DEO) é
proposta como um objetivo de DE explícitado para cada bacia sedimentar, a ser
alcançado com perfuração de poços exploratórios a partir de obrigações de contratos
de E&P em blocos arrematados em Bid Rounds. Assim, essa medida não é apenas
importante para a área outorgada, mas também para a região, uma vez que um poço
contribui para a confirmação de sistemas petrolíferos em um nível de província.
Para uma bacia sedimentar (BS), um Bid Round específico Rx (sendo x o
número do Bid Round) é especialmente caracterizado pela quantidade e localização
dos Blocos Oferecidos (BO) para cada BS considerada no Rx.
No Bid Round, as empresas submetem suas ofertas na disputa de direitos de
realizar atividades de E&P para uma quantidade de BO’s. A oferta vencedora dá
direito de outorga do bloco arrematado para a empresa vencedora, que irá celebrar o
contrato de E&P com o governo. Somente uma parcela de BO’s se torna Blocos
Arrematados - BA. A proporção de blocos arrematados por blocos oferecidos é
definida por I_BA_BO, sendo:
I_BA_BO(Rx, BS) = BA (Rx, BS) / BO(Rx, BS). (5.1)

Esta proporção pode ser inferida a partir de dados históricos. A fase de


exploração de um contrato de E&P possui dois períodos. No primeiro período, a
empresa realizada estudos prospectivos, como levantamentos geológicos
(destacadamente levantamentos sísmicos), com vistas a decidir sobre adentrar (ou
não) o segundo período exploratório. Se a empresa não decidir por adentrar o
segundo período exploratório, a área retorna para a união; caso contrário, a empresa
fica obrigada a perfurar pelo menos um poço exploratório. Cada bloco selecionado
para perfuração de poço exploratório é denominado Bloco Perfurado – BP (Figura 23).

68
BO I_BA_BO BA I_BA_BP BP I_BP_PP PP
BLOCOS BLOCOS BLOCOS POÇOS
OFERECIDOS ARREMATADOS PERFURADOS PERFURADOS

Figura 23 – Proporções consideradas pelo método de planejamento de oferta de


áreas.

Naturalmente, nem todos os blocos arrematados se tornam blocos perfurados.


A decisão sobre participar do segundo período exploratório (que inclui a obrigação de
perfurar, pelo menos, um poço exploratório) é fundamentada em avaliações dos
resultados obtidos em estudos prospectivos, que consideram fatores geológicos e
econômicos. A proporção de BP por BA é definida por I_BP_BA e expressada por:

I_BP_BA(Rx, BS) = BP(Rx, BS) / BA(Rx, BS). (5.2)

A quantidade de poços perfurados (PP) por Blocos Perfurados (BP) é definida


como a média de poços exploratórios por bloco perfurado I_PP_BP, onde:
I_PP_BP(Rx,BS) = PP(Rx,BS) / BP(Rx,BS), (5.3)

As proporções das equações (5.2)-(5.3) podem ser inferidas para cada bacia a
partir de dados históricos. Com base na Figura 23 e nas Equações (5.1)-(5.3), é
possível estimar o número médio de poços perfurados resultantes de um dado número
de blocos oferecidos. Estas proporções devem ser atualizadas para cada avaliação,
na medida que novos Bid Rounds e novas atividades exploratórias sejam realizados.
Esta seção propôs inferir algumas proporções importantes na avaliação de
longo prazo dos resultados para uma mesma rodada. Estimativas dinâmicas dos
resultados de blocos arrematados em diferentes rodadas oferecem informações mais
úteis para o processo decisório com o passar do tempo, e são apresentadas por na
próxima seção. Na próxima seção, são apresentadas estimativas dinâmicas relevantes
ao processo decisório, baseadas em resultados de blocos arrematados em diferentes
rodadas.

5.3.2 Avaliação da Cadeia de Markov de Blocos Arrematados

Processos de Markov são ferramentas úteis para modelar processos de


tomada de decisão sequenciais, em situações de incertezas (ALAGOZ, 2010;
BREMAUD, 1999; PUTERMAN, 1994; HILLIER e LIEBERMAN, 2014, SO e THOMAS,
2011). Estes processos são empregados para avaliar os resultados de contratos de
E&P arrematados, em termos de poços perfurados ao longo de sua duração. Esta
avaliação será utilizada para suportar decisões sequenciais sobre ofertas (ou não) de

69
áreas em rodadas de licitações e sobre quantos blocos devem ser oferecidos em um
Bid Round proposto.
A aplicação de processos de Markov permite melhorar a compreensão sobre o
comportamento do sistema de oferta de áreas, favorecendo a organização dos dados
históricos na avaliação da demanda gerada por área ofertada. A organização dos
dados históricos exige importantes esforços prévios à aplicação do método, mas
oferece simplicidade operacional e matemática na aplicação do método, suportando
predições sobre o comportamento de futuras ofertas de áreas. A pesquisa não
encontrou na literatura nenhuma aplicação de cadeias de Markov para o planejamento
de oferta de áreas e/ou demanda por atividades de E&P.
Considere um processo markoviano {Xt}, t≥0, que representa a evolução de um
contrato de E&P. Cada estado s=(i,j) representa o tempo transcorrido desde a
assinatura do contrato (em anos) e o numero de poços exploratórios perfurados pelo
contrato até agora, respectivamente. Adicionalmente, para cada ano i, um estado
terminal wi é adicionado, o qual é acessado caso o contrato seja terminado no i-ésimo
ano contado desde a assinatura do contrato. O conjunto de todos os estados possíveis
do processo {Xt}, denominado espaço de estados, é denotado por S. Em cada período
t≥0, Xt pode assumir qualquer valor em S. Além disso, se Xt = (i,j), então no próximo
passo Xt+1 = (i+1,j) caso nenhum poço seja perfurado no período t; Xt+1 = wi+1 sempre
que o contrato for terminado no ano i+1; e Xt+1 = (i+1,l), l > j sempre que i-j poços forem
perfurados no período t. Seja pi(k) a probabilidade que exatamente k poços, k≥0,
sejam perfurados no ano i do contrato de E&P, e seja piF a probabilidade de terminar
um contrato no próximo ano, caso o contrato esteja ativo no ano i. Então a matriz de
transição do processo de Markov é descrita como:
 ( − ,   = ( + 1, ,  ≥
(  = |  = ( ,   =  ,  =  .$ (5.4)
0,   !á .
Ademais, para todos os estados terminais, temos (  =  |  =   = 1,
para todo i ≤ t, sendo t a duração máxima do contrato assinado. Note que o contrato
deve ser concluído no tempo t, i.e.,: (  = % |  = ( − 1,   = 1,   ≥
0.
A Figura 24 apresenta, de forma simplificada, os estados de transição
propostos para um contrato hipotético de E&P com 6 anos de duração. Cada estado é
representado pela notação tk, sendo t o tempo transcorrido desde a assinatura do
contrato (em anos, variando de 0 até 6 no exemplo); k representa o número de poços
exploratórios perfurados (variando desde 0 até N poços – X representa 0 poços, A
representa 1 poço, B representa 2 poços, N representa n poços) ou o encerramento

70
dos contrato (quando k=Z)
=Z) em cada ano. O contrato representado na Figura 24 se
inicia (no estado OX) e não perfura nenhum poço nos anos
anos 1 e 2 (passando pelos
estados 1X e 2X), No terceiro ano, o contrato perfura dois poços (estado 3B) e no
quarto ano não perfura nenhum poço. No quinto ano, o contrato perfura novamente um
poço (estado 5A) e depois o contrato se encerra no sexto ano (absorvido
(absorvido pelo estado
6Z).

Figura 24 – Estados de Transição propostos para o projeto teórico de E&P

O processo representa um contrato teórico de E&P, e as probabilidades de


transição entre os estados, definidas na Equação (5.4), são inferidas a partir de dados
históricos de contratos assinados em Bid Rounds anteriores. Estas probabilidades
representam, implicitamente, todos os fatores percebidos por um contrato teórico
teóri de
E&P na perfuração de poço(s) exploratório(s), como o preço de venda do petróleo,
disponibilidade de sondas, entre outros. Observe que o tempo transcorrido desde a
assinatura do contrato expressa o tempo consumido pelas empresas com estudos
prospectivos, no licenciamento ambiental,
ambiental e na realização de levantamentos e estudos
de sistemas petrolíferos até a perfuração de poço exploratório.
exploratório
Com base nas equações acima, o processo permanece indefinidamente até
atingir um estado absorvente,
absorvente, o qual determina o encerramento do contrato.
contrato Todos os
demais estados são classificados
classifi como transientes,, e serão visitados um número finito

71
de vezes até que o processo seja absorvido, alcançando seu estado terminal
(BREMAUD, 1999).

A adequada definição dos estados vai produzir a matriz de transição P, a qual


pode ser subdividida na forma:
' (
=& *.
0 )
(5.5)

A submatriz Q representa as probabilidades de transição entre estados


transientes; R representa as probabilidades de imediata absorção, enquanto a matriz
identidade se refere a estados absorventes.
A duração esperada de um contrato pode ser inferida a partir da matriz A,
definida por:
+ = () − ', (. (5.6)
A matriz A oferece as probabilidades de que o contrato seja terminado em cada
ano i no intervalo [0,t], lembrando que t representa a máxima duração do contrato. A
duração de um contrato teórico e a quantidade de poços a serem perfurados em cada
bacia sedimentar (BS) podem ser calculadas a partir da matriz A, e utilizadas para
apoiar as decisões de oferta de áreas em futuros Bid Rounds.
De forma a avaliar o número esperado de poços perfurados durante a
execução de um contrato de E&P, é possível contar o número de visitas realizadas a
cada estado transiente, adequadamente ponderado pelo número de poços perfurados
correspondente. A contagem é expressa nos termos da matriz E, definida por:
- = () − ', . (5.7)
A partir dos resultados obtidos pela matriz E, podemos estimar o número de
visitas que o processo realizará em cada estado transiente que representa perfuração
de poço em cada ano de vigência do contrato, como apresentado na Figura 25, que
apresenta a quantidade esperada de poços exploratórios a serem perfurados em um
contrato teórico de E&P a cada ano

72
0.3

estados de perfuração de poços


Número médio de visitas aos
0.25

0.2
exploratórios
0.15

0.1

0.05

0
1 2 3 4 5 6 7 8
Ano

Figura 25 – Quantidade esperada de poços a serem perfurados em um contrato


teórico de E&P

Note que é possível avaliar o número esperado de poços perfurados até o


término do contrato a partir de um estado transiente em S, i.e., é possível avaliar o
número esperado de poços a serem futuramente perfurados para os projetos em
andamento. Esta avaliação se modifica dinamicamente à medida que o tempo
transcorre e o processo se modifica para um novo estado.

5.3.3 Discussão sobre os efeitos do preço do petróleo na perfuração de poços


exploratórios

Os preços do petróleo têm influência importante no número de poços


perfurados em contratos de E&P no Brasil. O fator de correlação entre eles apresenta
valor igual a 0,76, e uma relação quase linear entre o número de poços exploratórios
perfurados sob a lei de petróleo e preços do petróleo é observada na Figura 26.

73
250
Poços Exploratórios

Poços Exploratórios
200

150

100

50

0
12.7
17.9
24.5
25.0
28.4
28.8
38.2
52.5
54.4
61.5
65.1
72.5
79.0
97.0
99.0
108.7
111.3
111.6
Brent (US$)

Figura 26 – Análise de correlação de preço do petróleo (Brent, US$) e poços


exploratórios

No entanto, apesar da forte correlação, a Lei brasileira estabelece que a


realização de atividades exploratórias por empresas privadas depende da celebração
prévia de um contrato de E&P, outorgado ao vencedor de uma prévia disputa em Bid
Round. Tal dependência é claramente demonstrada na Figura 27, que mostra a
diminuição do número de poços perfurados 2013-2014, quando o preço do petróleo
(BP, 2016) ainda estava perto de US$ 100.

250 120
Poços Exploratórios
Brent (US$) 100
200
Poços Exploratórios

80
Brent (US$)

150
60
100
40

50
20

0 0
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015

Figura 27 – Poços exploratórios perfurados no Brasil e o Preço do Petróleo (Brent)

74
Uma maneira de se relacionar o preço do petróleo com o expectativa de
número de poços a serem perfurados deve considerar explicitamente essa variável na
construção da matriz de transição. Tal abordagem consistiria em determinar, a partir
de dados, uma matriz indexada de transição P(o), sendo o o preço do petróleo, em
substituição da matriz de transição homogênea P apresentada na Equação (5.4).
Então, se {o1, o2, ..., on} são os preços do petróleo esperados para períodos
de 1 a n, o número esperado de poços perfurados nesse período pode ser obtido a
partir da matriz de transição no período n, bem como a probabilidade de rescisão de
contrato nesse intervalo de tempo.
Pn = P(o1). P(o2). … . P(on), (5.8)
Esta abordagem, entretanto, não se mostrou adequada para o estudo de caso,
porque a lei de petróleo é relativamente recente e ainda não dispõe de dados
suficientes para essa análise. Ressalta-se que os preços do petróleo são de difícil
previsão, e muitas vezes o preço é considerado em patamares fixos (flat) para
avaliações de decisão. A volatilidade dos preços representa a pior situação para o
processo decisório, na medida que provoca interrupções por inviabilidades comerciais
em projetos de E&P em andamento.

5.3.4 Planejamento de Oferta de Áreas em Bid Rounds

O planejamento de oferta de áreas em Bid Rounds aqui proposto visa:


(A) alcançar uma densidade exploratória objetivo (DEO) arbitrada para a bacia
sedimentar de interesse no longo prazo;
(B) manter a demanda exploratória dentro de um intervalo de interesse.
A cada ano, as decisões sobre ofertas de áreas devem ser organizadas de
forma a buscar o atendimento destes objetivos. O número de áreas oferecidas em
cada ano deve prover a demanda extra desejada para os próximos anos, a qual
compensa o declínio de atividades exploratórias nos contratos de E&P correntes. A
futura demanda esperada dos (1) contratos correntes e dos (2) contratos a serem
firmados em futuros Bid Rounds pode ser obtida do disposto na seção 5.3.2 e da
quantidade esperada de poços exploratórios a serem perfurados por um contrato
teórico, como apresentado na Figura 25.
Para uma bacia sedimentar, a proporção de contratos celebrados a partir das
ofertas realizadas em um Bid Round pode ser estimado com base nas proporções
apresentadas na seção 5.3.1 e do diagrama da Figura 23. A quantidade esperada de
blocos a serem arrematados em um Bid Round é obtida pelo produto da quantidade de
blocos ofertados em um Bid Round pelo I_BA_BO (Equação 5.1). A quantidade de

75
poços a serem perfurados a partir de ofertas em Bid Rounds é obtida a partir dos
resultados percebidos na Figura 25, multiplicados pela quantidade esperada de blocos
a serem arrematados em um Bid Round, conforme apresentado na Figura 28 para um
caso hipotético de 20 blocos.

Figura 28 - Quantidade Esperada de poços exploratórios a serem perfurados a partir


de uma oferta de 20 blocos exploratórios

A aplicação do método permite avaliar a demanda esperada a partir da oferta


de áreas em Bid Rounds no atendimento (1) da diferença entre a densidade
exploratória atual (DE) e a densidade exploratória objetivo (DEO) como um todo, a ser
atendida por um plano de outorga que deve considerar a realização de diversos Bid
Rounds e (2) de um nível exploratório de interesse M arbitrado, a ser mantido em cada
ano subsequente.
A Figura 29 exemplifica a avaliação do método em um plano de outorga de 15
anos e descreve o número esperado de poços a serem perfurados como o resultado
de ofertas em diferentes Bid Rounds, representados por cores diferentes. Não foram
realizados Bid Rounds previamente antes do ano 1. Note que este plano é projetado
para manter um número de M poços sendo perfurados ao longo do tempo, com uma
margem de tolerância3 ilustrada acima e abaixo por linhas tracejadas. Esta aplicação
do modelo considerou um tempo fixo de intervalo ideal entre oferta de áreas em Bid
Rounds.

3
No caso, de 20%.

76
Figura 29 – Expectativa de demanda por poços exploratórios no Planejamento de Bid
Rounds

Este planejamento deve ser revisado a cada ano, na medida que as atividades
de E&P realizadas no período modificam as probabilidades de transição entre os
estados da cadeia de Markov discutida na Equação (5.5). Estas atividades modificam
os estados do modelo de Markov para cada contrato em andamento e,
consequentemente, a demanda esperada para cada um desses contratos nos anos
subsequentes. As proporções apresentadas nas Equações (5.1), (5.2) e (5.3) e na
Figura 23 também devem ser atualizadas com resultados percebidos em rodadas a
serem realizadas .

Este capítulo apresentou uma contribuição inteiramente desenvolvida por esta


tese na forma de um método para apoiar as decisões governamentais de oferta de
áreas exploratórias em Bid Rounds, no sentido de manter a demanda por atividades
de E&P em níveis desejados, a partir de estimativas realizadas em dados históricos
observados em contratos anteriores. O próximo capítulo apresenta uma aplicação do
método aqui proposto para a oferta de áreas nas bacias sedimentares de Santos e
Solimões.

77
78
CAPÍTULO 6 – APLICAÇÃO DO MÉTODO DE PLANEJAMENTO
DE OFERTA DE ÁREAS PARA AS BACIAS DE SANTOS E
SOLIMÕES

Este capítulo aplica o método proposto no Capítulo 5 em um estudo de caso


proposto para as bacias de Santos e Solimões. Os resultados obtidos de estimação de
demanda maximizam o atendimento dos objetivos da política energética nacional e
são organizados em uma proposta de plano de outorgas para oferta de áreas em Bid
Rounds.

6.1 Dados sobre as Bacias Sedimentares Brasileiras

A área total sedimentar brasileira de 7,5 milhões de km2 (onshore e offshore)


conta com mais de 28.000 poços perfurados. Durante o período do monopólio de
atividades no upstream brasileiro, apenas uma pequena parte destes poços foi
perfurada com objetivos exploratórios, enquanto a maior parte1 dos poços foram
perfurados com o objetivo de extrair P&GN de campos previamente descobertos, com
pouca relevância para a expansão do conhecimento geológico sobre recursos de
hidrocarbonetos (ANP, 2015).

A Tabela 8 apresenta informações sobre 35 bacias sedimentares com


diferentes estágios exploratórios, em termos de poços exploratórios perfurados
(BDEP-WEBMAPS, 2014).

Bacia Onshore/ Área Poços


Sedimentar Offshore (km2) Exploratórios
Acre Onshore 206.000 11
Alagoas Onshore 7.734 319
Amazonas Onshore 700.000 181
Araripe Onshore 11.500 2
Barreirinhas Offshore 89.965 26
Barreirinhas Onshore 10.093 95
Bragança-Vizeu Onshore 8.000 2
Camamu-Almada Onshore 8.101 37
Camamu-Almada Offshore 2.080 72

1
Cerca de 19.000 poços de injeção e produção.

79
Campos Offshore 174.000 1241
Ceará Offshore 159.437 139
Cumuruxatiba Offshore 61.130 47
Cumuruxatiba Onshore 9.006 1
Espírito Santo Offshore 109.599 224
Espírito Santo Onshore 10.875 561
Foz do Amazonas Offshore 292.000 95
Jacuipe Offshore 29.000 1
Jatobá Onshore 6.400 2
Jequitinhonha Offshore 62.291 32
Jequitinhonha Onshore 5.585 6
Madre de Deus Onshore 68.022 0
Marajó Onshore 161.000 18
Mucuri Offshore 67.325 14
Mucuri Onshore 6.150 36
Pantanal Onshore 184.000 13
Pará-Maranhão Offshore 158.000 34
Paraná Onshore 1.120.000 125
Parecis Onshore 355.400 5
Parnaíba Onshore 673.400 102
Pelotas Offshore 354.540 12
Pelotas Onshore 42.400 8
Pernambuco-Paraíba Offshore 215.000 0
Pernambuco-Paraíba Onshore 11.050 3
Potiguar Offshore 196.000 243
Potiguar Onshore 26.725 1.075
Recôncavo Offshore 951 47
Recôncavo Onshore 9.082 1.194
Rio do Peixe Onshore 1.500 5
Santos Offshore 307,800 443
São Francisco Onshore 374,000 41
São Luís Onshore 22,350 19
Sergipe-Alagoas Offshore 163,273 318
Sergipe Onshore 12,600 515
Solimões Onshore 1,210,000 206
Tacutu Onshore 17,000 2
Tucano Central Onshore 11,500 13
Tucano Norte Onshore 9,000 5
Tucano Sul Onshore 7,700 104
Tabela 8 – A atividade de E&P em bacias sedimentares brasileiras.

80
Embora algumas bacias sedimentares brasileiras apresentem sistemas
petrolíferos comprovados (e algumas delas em um estágio avançado de produção –
Bacias Maduras), a maior parte delas foram muito pouco exploradas. O governo
brasileiro possui um Plano Plurianual de Estudos em Geologia e Geofísica (ANP,
2013a), que realiza investimentos em campanhas regionais de levantamentos básicos
em bacias de nova fronteira (BERTOLDO, 2000). Do ponto de vista regulatório, estes
investimentos melhoram a compreensão sobre a possível confirmação de sistemas
petrolíferos em áreas de interesse, possibilitando sua adequada promoção em futuros
Bid Rounds. Como exemplos de planos de longo prazo de aquisição de dados
regionais de geologia e geofísica, cita-se o Canada’s Long Term Strategic Plan
(NRCAN, 2015) e o U.S. Cooperative Geologic Mapping Program (USGS, 2015). Cabe
ressaltar que poços exploratórios são indispensáveis para compreender o potencial
petrolífero para atividades de E&P (MEISNER & DEMIRMEN, 1981; JORDANOV et
al., 2006).

De modo a orientar os objetivos almejados com o planejamento de oferta de


áreas em Bid Rounds, definiu-se uma Densidade Exploratória Objetivo - DEO (poços
exploratórios/102km2) para orientar as decisões de ofertas para cada Bacia Sedimentar
- BS, conforme objetivos da política energética nacional. A Tabela 9 apresenta dados
históricos de Bid Rounds, e as Tabela 10 e Tabela 11 apresentam a densidade
exploratória observada atualmente para algumas bacias sedimentares brasileiras
(onshore e offshore). Os estudos de caso são apresentados na seção subsequente.

BO BA PP
Bid Round Ano Blocos Blocos Poços
Oferecidos Arrematados Perfurados
BID 1 1999 27 12 27
BID 2 2000 23 21 142
BID 3 2001 53 34 69
BID 4 2002 54 21 122
BID 5 2003 908 101 108
BID 6 2004 913 154 239
BID 7 2005 1,134 251 271
BID 9 2007 130 54 239
BID 10 2008 289 142 41
BID 11 2013 240 72 2
BID 12 2013 27 12 0
Tabela 9 – Resultados dos Bid Rounds Brasileiros

81
ED
Área Poços
Bacia Sedimentar (Poços Exploratórios
(km2) Exploratórios
/10-2km2)
Recôncavo 9.082 1.194 13,147
Espírito Santo 10.875 561 5,159
Potiguar 26.725 1.075 4,022
Tucano Sul 7.700 104 1,351
Camamu-Almada 8.101 37 0,457
Rio do Peixe 1.500 5 0,333
Solimões 1.210.000 206 0,017
Parnaíba 673.400 102 0,015
Tabela 10 – Densidade Exploratória (DE) para bacias sedimentares onshore
selecionadas

ED
Bacia Área Poços
(Poços Exploratórios
Sedimentar (km2) Exploratórios
/10-2km2)
Campos 174.000 1.241 0,713
Espírito Santo 109.599 224 0,204
Sergipe-Alagoas 163.273 318 0,195
Santos 307.800 443 0,144
Potiguar 196.000 243 0,124
Ceará 170.000 139 0,082
Tabela 11 – Densidade Exploratória (DE) para bacias sedimentares offshore
selecionadas

6.1.1 Bacia de Santos

A bacia de Santos é uma bacia sedimentar offshore com mais de 300.000 km2,
formada durante o processo de rifteamento ocorrido durante a quebra dos continentes
Africano e Americano. A atividade exploratória começou nos anos 1970, com a
perfuração dos primeiros poços exploratórios, todavia mal sucedidos. Nos anos 1980,
poços exploratórios confirmaram sistemas petrolíferos na bacia de Santos e
aumentaram a expectativa por descobertas de acumulações de óleo.

A promulgação da lei do petróleo em 1997 renovou a atenção exploratória


recebida pela Bacia de Santos, e os poços exploratórios de grande profundidade
posteriormente perfurados em águas ultra profundas confirmaram o excelente
potencial da bacia com descobertas de acumulações gigantes, como as realizadas no
campo de Lula, Sapinhoá e Búzios e no prospecto de Libra. As atividades realizadas
em contratos de E&P (destacadamente Bid Rounds 2 e 3) confirmaram sistemas

82
petrolíferos na província petrolífera do pré-sal, que afigura entre as maiores
descobertas da década. A Figura 30 apresenta o histórico dos poços exploratórios
perfurados na bacia de Santos.

Figura 30 – Poços Exploratórios perfurados na Bacia de Santos


Os dados históricos de Bid Rounds mostram que 137 blocos foram oferecidos
nos Bid Rounds 1 até 7 e no Bid Round 9, dos quais 104 foram arrematados, como
demonstrado na Tabela 12.

Bacia Bid Blocos Blocos Blocos Poços


Sedimentar Round Oferecidos Arrematados Perfurados Perfurados
(SB) (R) (BO) (BA) (BP) (PP)
Santos BID1 7 3 2 18
Santos BID2 15 5 5 70
Santos BID3 16 9 7 25
Santos BID4 3 2 2 5
Santos BID5 40 40 8 16
Santos BID6 11 4 7 12
Santos BID7 23 19 12 20
Santos BID9 22 22 18 38
Tabela 12 – Dados históricos de Bid Rounds para a Bacia de Santos

A proporção de blocos arrematados BA por blocos ofertados BO na Bacia de


Santos é I_BA_BO = 75.9%. A proporção de blocos perfurados BP para BA na Bacia
de Santos é I_BP_BA = 58,7%. Foram perfurados 204 poços em 137 blocos ofertados,
com 1,48 poços exploratórios perfurados por bloco oferecido, em média.

A densidade exploratória objetivo (DEO) para a Bacia de Santos é proposta


como sendo a densidade exploratória (DE) observada na Bacia de Campos em
12/2015 (0,717 poços exploratórios/10-2km2), que determinou a descoberta de mais de

83
60 campos e mais de 1.000 poços exploratórios perfurados. A Bacia de Campos
desfrutou de uma intensa atividade exploratória durante a década de 1980, devido a
importantes descobertas offshore, como demonstrado na Figura 31.

Figura 31 – Poços exploratórios perfurados na Bacia de Campos

Os dados históricos de blocos arrematados foram utilizados para gerar a matriz


de transição de probabilidades descrita na seção 5.3.2 e, com base nos resultados
apresentados na matriz E (definida na Equação 5.6, que descreve o número esperado
de visitas que cada estado recebe até o término do contrato), é possível estimar o
número de poços perfurados para cada ano do contrato. Considera-se um contrato de
E&P padrão com duração máxima de 8 anos para o período de perfuração de poços
exploratórios, com base em dados históricos. A Figura 32 descreve o número
esperado de poços por ano, considerando que o contrato acabou de ser assinado e
nenhum poço foi perfurado. Se um estado (i,j) é visitado n vezes antes do término do
contrato, então ele contribui com uma expectativa de n×j poços exploratórios
perfurados no ano i. A soma de contribuições de todos os estados correspondentes
para um dado ano i é o número que aparece na Figura 32.

84
Figura 32 – Quantidade esperada de poços perfurados por contrato de E&P na Bacia
de Santos

6.1.2 Bacia de Solimões

A bacia de Solimões é uma bacia intracratônica paleozóica localizada na região


norte do Brasil, dentro da Floresta amazônica, limitada ao norte pelo escudo das
guianas, ao sul pelo escudo brasileiro, à leste pelo arco de Purus e à oeste pelo arco
de Iquitos. As primeiras atividades aconteceram entre 1958 e 1963, mas a existência
de sistemas petrolíferos foi confirmada apenas através do pulso exploratório percebido
após 1976 (Figura 33). Após isso, a bacia se tornou uma produtora comercial de óleo
de alta qualidade e gás natural.

Figura 33 – Poços exploratórios perfurados na Bacia de Solimões

85
A Bacia de Solimões contou com oferta de áreas para exploração nos Bid
Rounds 4 e 7, como apresentado na Tabela 13.

Bacia Bid Blocos Blocos Blocos Poços


Sedimentar Round Oferecidos Arrematados Perfurados Perfurados
(SB) (R) (BO) (BA) (BP) (PP)
Solimões BID4 2 1 1 6
Solimões BID7 28 25 10 24
Tabela 13 – Dados Históricos de oferta de áreas em Bid Rounds para a Bacia do
Solimões

A proporção de BA por BO na Bacia do Solimões é I_BA_BO = 86.7%. A


proporção de BP por BA é I_BP_BA=42.3%. Foram perfurados 30 poços em 30 blocos
oferecidos, com 1 poço perfurado por bloco, em média.
Devido a sua localização na floresta amazônica, a Bacia do Solimões
apresenta dificuldades logísticas com respeito ao escoamento de sua produção e
infraestrutura. Consequentemente, a expectativa de atividade exploratória é menor do
que a observada nas Bacias do recôncavo, espírito santo e potiguar. A DEO proposta
para a bacia do Solimões é 0,208 poços/102km2, sendo a DE observada em 12/2015
em 10 blocos outorgados na Bacia do Parnaíba, que confirmaram uma nova província
de gás natural na bacia, com base em 64 poços exploratórios em 30.690 km2.

Considerando os dados históricos da Bacia do Solimões utilizados para


produzir a matriz de probabilidade descrita na seção 5.3.2, estima-se a quantidade
esperada de poço perfurados anualmente por cada contrato. Os dados históricos
mostram um contrato teórico com uma duração de 11 anos, e dois anos de intervalo
entre a assinatura do contrato e a conclusão do primeiro poço perfurado, conforme
apresentado na Figura 34.

86
Figura 34 – Quantidade esperada de poços perfurados por contrato de E&P na Bacia
de Solimões

6.2 Aplicações do Método e Resultados

Os resultados obtidos pela aplicação do método proposto devem ser


organizados de forma a apoiar decisões no planejamento de oferta de áreas em
bacias sedimentares. Os tomadores de decisão enfrentam incertezas no lado da
demanda à médio prazo (5 a 20 anos), que podem ser dirimidas com a aplicação do
da seção 5.3 proposta nesta tese. Os resultados são apresentados nas próximas
seções.

6.2.1 Previsão de Demanda em oferta de áreas de Bid Rounds

A obrigação de realizar atividade exploratórias são inerentes ao contrato de


E&P firmado com as empresas vencedoras em Bid Rounds. Consequentemente, é
desejável que os contratos de E&P continuem provocando demanda no longo prazo
dentro de um intervalo constante, de forma que as atividades econômicas e os
empregos gerados sejam mantidos. Como apresentado anteriormente, a aplicação
proposta permite avaliar a demanda esperada por poços perfurados para cada
contrato de E&P, com base em resultados de Bid Rounds anteriores.
Baseado nos dados históricos da proporção de blocos exploratórios oferecidos
em relação aos blocos arrematados, é possível estimar a quantidade de contratos a
serem assinados em futuros Bid Rounds. Além disso, uma análise detalhada da matriz
E (definida na Equação 5.6) fornece a quantidade esperada de poços perfurados para
cada ano subsequente de um dado contrato de E&P, para todos os possíveis estados
iniciais. Consequentemente, considerando o estado inicial de todos os contratos em

87
andamento, é possível estimar a demanda por poços em cada um dos contratos para
cada ano subsequente.
A demanda esperada por poços perfurados em contratos a serem assinados
pelo Bid Round corrente pode ser estimada para os próximos anos, e planejada
consoante o ritmo e a intensidade das ofertas de áreas realizadas em uma bacia
sedimentar.
Para ilustrar a modelagem proposta, a próxima seção apresenta uma avaliação
de um Bid Round teórico, com oferta de 20 blocos para as bacias de Santos e
Solimões.

6.2.1.1 Previsão de Demanda na Bacia de Santos

Considere um Bid Round teórico com oferta de 20 blocos exploratórios na


Bacia de Santos no ano 0. A quantidade de poços esperados a serem perfurados
neste Bid Round (especificamente) resulta de 20 blocos oferecidos x 1.48 poços
exploratórios perfurados por bloco oferecido = 29.6 poços exploratórios a serem
perfurados.
A distribuição dos poços no tempo é derivada da analise feita na Seção 6.1.1,
com resultados apresentados na Figura 35, compreendendo todo o conjunto de blocos
arrematados.

Figura 35 – Quantidade Esperada de poços exploratórios na Bacia de Santos pela


oferta de 20 blocos exploratórios

88
6.2.1.2 Previsão de Demanda na Bacia de Solimões

Esta subseção considera os resultados esperados para uma oferta de 20


blocos exploratórios pela aplicação realizada em dados históricos da bacia do
Solimões. O número esperado de poços a serem perfurados 20 blocos oferecidos x 1
poço exploratório por bloco oferecido = 20 poços exploratórios. Estes poços são
distribuídos no tempo como apresentado na Figura 36. O número esperado de poços
perfurados por ano resulta da análise da seção 6.1.2 aplicada a um único bloco,
considerando o número esperado de blocos arrematados, dado a oferta de 20 blocos.

Figura 36 – Quantidade Esperada de poços exploratórios na Bacia de Solimões pela


oferta de 20 blocos exploratórios

6.2.2 Planejamento de Bid Rounds

As decisões relacionadas ao planejamento de oferta de áreas em Bid Rounds


são cruciais para a expansão do conhecimento geológico das bacias sedimentareas
brasileiras e para a expansão de investimentos, como estabelecidos nos objetivos da
política energética nacional.
O método proposto na seção 5.3.2 considera os dados histórico de contratos
de E&P assinados anteriormente na construção da matriz de transição de cada bacia
sedimentar de interesse. A construção de um plano de outorga baseado na aplicação
do método permite:
(1) Avaliar o esforço exploratório necessário para atender a diferença entre a
densidade exploratória atual e desejada para cada bacia sedimentar de interesse.
(2) Ampliar a previsibilidade e regularidade de oferta de áreas em Bid Rounds, a partir
do histórico observado em cada bacia sedimentar

89
(3) Manter a atividade exploratória dentro de um intervalo de interesse previamente
arbitrado.
Nas próximas subseções, são propostos planos de oferta de áreas para as
bacias de Santos e Solimões. Por uma questão de previsibilidade, os planos proposto
consideram Bid Rounds com intervalos fixos.

6.2.2.1 Planejamento de Bid Rounds para a Bacia de Santos

A bacia de Santos atualmente apresenta densidade exploratória no valor de


443/(10-2*307.800) = 0,144 poços/10-2km2. Considere o resultado da oferta de 20
blocos apresentados na seção 5.1.1 e a proposição de política para realizar Bid
Rounds em intervalos regulares de tempo, de forma a manter uma determinada
quantidade M de poços ao longo do tempo. Consequentemente, M é definido em (5.6),
com uma tolerância igual a 15%. O intervalo ótimo é observado como quatro anos, o
qual produz um nível de demanda apresentado na Figura 37; nela, cada cor
representa um Bid Round diferente.

Figura 37 – Demanda esperada para um plano de 15 anos de Bid Rounds para a


Bacia de Santos.

A expectativa de poços a serem perfurados no prazo de 15 anos apresentados


na Figura 37 soma 83,8 poços. Caso esta expectativa se confirme, a DE para a bacia
de Santos aumenta de 0,144 poços/10-2km2 para 0.172 poços/10-2km2, como
apresentado na Figura 38.

90
Densidade
Densidade
Exploratória
Exploratória
Final
Inicial

83,8 poços exploratórios


DE=0,144
4 DE=0,172
5 Bid Rounds em 15 anos

Figura 38 – Incremento da Densidade Exploratória no


no Planejamento de Rodadas de 15
anos para a Bacia de Solimões
o valor de 0,716 poços/10-2km2.
A DEO foi proposta para a bacia do Solimões no
A quantidade de poços necessária para elevar a Densidade Exploratória (DE) dos
níveis atuais (0,144 poços/10-2km2) para a Densidade Exploratória Objetivo (DEO)
proposta soma 1.760 poços exploratórios adicionais. Caso
so as proporções obtidas a
partir da Tabela 12 e a expectativa de poços a serem perfurados apresentada na
Figura 32 sejam mantidas ao longo do tempo e a oferta de áreas ocorra em
quantidade de 20 blocos com intervalo de quatro anos, o atendimento do DEO
ocorrerá em 60 Bid Rounds e 240 anos.

Densidade
Densidade ...... Exploratória
Exploratória
Objetivo

1760 poços exploratórios


DE=0,144 DEO=0,713
60 Bid Rounds em 240 anos

6.2.2.2 Planejamento de Bid Rounds para a Bacia do Solimões

O método foi aplicado para a Bacia do Solimões,


olimões, e os resultados para uma
oferta de 20 blocos são apresentados na seção 5.3.3. A bacia do Solimões apresenta
-2
densidade exploratória no valor de 206/(1.210.000*10
206/ =0,017 poços/10-2km2
)=0,017
O nível de demanda de M=5 poços perfurados/poço
perfurados/poço anos é definido dentro de
uma faixa arbitrada em 35%.
35% Os Bid Rounds são planejados com intervalo de oito
anos e oferta de 20 blocos, como apresentado na Figura 39.. O intervalo de três anos
entre o início do contrato e o primeiro poço perfurado se justifica
tifica por dificuldades

91
ambientais e logísticas de selva da floresta amazônica, observada em contratos
anteriores.

Figura 39 – Expectativa de demanda de poços exploratórios para um plano de outorga


de 15 anos na bacia do Solimões

A expectativa de poços a serem perfurados na Figura 39 somam 55 poços.


Caso esta expectativa se confirme, a DE da bacia cresce de 0,017 poços/102km2 para
0,021 poços/102km2, como apresentado na Figura 40.

Densidade Densidade
Exploratória Exploratória
Inicial Final

55 poços exploratórios
DE=0,017 DEO=0,021
3 Bid Rounds em 15 anos

Figura 40 – Incremento da Densidade Exploratória no Planejamento de Rodadas de 15


anos para a Bacia de Solimões
A DEO proposta para a Bacia do Solimões é igual a 0.208 poços/10-2km2. A
quantidade de poços necessária para elevar a Densidade Exploratória (DE) dos níveis

atuais (0,017 poços/10-2km2) para a DEO proposta aponta 2.300
.300 poços exploratórios
adicionais para perfuração.

92
Caso as proporções obtidas a partir da Tabela 13 e a expectativa de poços a
serem perfurados apresentada na Figura 34 sejam mantidas ao longo do tempo e a
oferta de áreas ocorra em quantidade de 20 blocos com intervalo de oito anos, o
atendimento do DEO ocorrerá em 115 Bid Rounds e 920 anos.

Densidade Densidade
Exploratória ..... Exploratória
Atual Objetivo

2.300 poços exploratórios


DE=0,017 DEO=0,208
115 Bid Rounds em 920 anos

Figura 41 – Atendimento da Densidade Exploratória Objetivo para a Bacia de


Solimões.

É importante ressaltar que o método proposto por esta tese no Capítulo 5


considera que as proporções percebidas entre as áreas ofertadas e os poços
perfurados e a matriz de transição empregada para estimar a quantidade esperada de
poços a serem perfurados em um contrato de E&P devem
deve ser atualizadas
atualizada com novos
dados percebidos em atividades realizadas
realizadas em contratos de E&P vigentes, em novos
contratos de E&P e em futuros Bid Rounds.. A atualização desses valores importa em
uma revisita ao planejamento e, provavelmente, vai resultar em mudanças nos valores
adotados sobre intervalo entre ofertas, na quantidade
qu de Bid Rounds necessários para
atendimento do DEO e no prazo necessário para tal atendimento.
A aplicação do método proposto pode ser revisada nos
no valores arbitrados para
o nível exploratório de interesse e para o DEO, atualizando objetivos a partir dos
resultados obtidos na atividade exploratória. O método também pode ser aplicado em
setores delimitados de uma bacia sedimentar, segmentando os objetivos
objet de acordo
com a favorabilidade percebida nos resultados dos dados exploratórios.
Em conclusão, a grande lacuna entre a densidade exploratória atual e a
densidade exploratória proposta com base no histórico observado em outras bacias
sedimentares demonstra
nstra a necessidade do planejamento por atividades exploratórias
nas bacias sedimentares brasileiras por longos períodos.. O potencial brasileiro para
atividades de E&P é muito grande, e demanda um plano de longo prazo, que favoreça
a previsibilidade em termos
mos de intervalos de Bid Rounds e da demanda na perfuração
de poços exploratórios.

93
Este capítulo aplicou o método proposto de planejamento de oferta de áreas
para as bacias de Santos e Solimões. O método foi inteiramente desenvolvido por esta
tese e seus resultados indicam que a futura demanda por atividades de E&P se
beneficia do monitoramento de atividades realizadas nos contratos em curso. As
informações organizadas a partir do monitoramento suportam a maior especificação
de políticas na oferta de áreas, que organizadas em um plano de outorga favorecem a
expansão do conhecimento geológico e a ampliação dos investimentos, no
atendimento de objetivos da política energética nacional.

94
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES

Esta tese tratou sobre o processo de tomada de decisões realizadas na oferta


de áreas para o setor de exploração de petróleo e gás natural. A pesquisa foi
estruturada em duas frentes de trabalho, que organizaram dados históricos para
analisar (a) a favorabilidade espacial na exploração de hidrocarbonetos e (b) as
decisões de ofertas de áreas em Bid Rounds, no atendimento de objetivos da política
energética brasileira.

A avaliação espacial de favorabilidades na exploração de hidrocarbonetos


considerou técnicas de geração de mapas de potencial mineral (MPM) para apoiar
decisões relacionadas com incertezas exploratórias e propôs um método baseado na
técnica de pesos por evidências (weight of evidences). O método tem aplicabilidade
para decisões realizadas na Lei de Petróleo brasileira (a) de governo, relacionadas
com a classificação de áreas para oferta em Bid Rounds e (b) de mercado, na disputa
entre empresas, na aquisição de dados explotatórios e na devolução de áreas em
contratos de E&P.

Aplicou-se o método proposto em um caso real na bacia de Sergipe-Alagoas


com base em estudos de sistemas petrolíferos produzidos pela UFRN (2008),
produzindo um mapa de favorabilidades baseado em evidências organizadas a partir
de banco de dados georreferênciados com dados exploratórios, exclusivamente para
esta finalidade. O método proposto inovou ao empregar uma parte das descobertas
para validar sua aplicação, permitindo confirmar a tendência de concentração dessas
descobertas nas regiões apontadas como mais favoráveis. O mapa de favorabilidades
obtido através da aplicação do método se mostrou adequado ao suporte de decisões
relacionadas com a seleção de áreas exploratórias para atividade de E&P. Não se
observa registro na literatura de propostas de avaliação espacial de favorabilidades
para avaliação de áreas para oferta em Bid Rounds e de devolução de áreas em
contratos de E&P, assim como para o uso dos dados para a validação dos resultados
na forma proposta e aplicada por esta tese.

A análise de decisões de oferta de áreas discutiu o planejamento de Rodadas


de Licitações como instrumento de ampliação do conhecimento geológico e de
investimentos em atividades de E&P. Com base em dados históricos de Bid Rounds e
de contratos de E&P, o método proposto organizou a oferta de áreas em um
planejamento que visa o atendimento destes objetivos na política energética nacional.
A técnica de cadeias de Markov foi empregada para organizar os dados históricos e

95
permitiu avaliar o intervalo e a intensidade de ofertas de áreas em bacias
sedimentares, de modo que o planejamento da demanda por atividades de E&P fosse
mantido dentro de um intervalo previamente estabelecido. O método proposto foi
inteiramente desenvolvido por esta tese e não existem registros na literatura de
nenhuma aplicação para planejamento de demanda de E&P e/ou oferta de áreas em
Bid Rounds semelhantes ao método proposto, ou com o emprego de cadeias de
Markov.

O método foi aplicado em um estudo de caso de perfuração de poços


exploratórios advindos da oferta de áreas nas bacias brasileiras de Solimões e Santos,
baseado em dados históricos de contratos de E&P celebrados nestas bacias e
organizados especificamente para esta tese. Os resultados obtidos com a aplicação
do método proposto no estudo de caso proporcionam maior previsibilidade na oferta
de áreas e melhor alocação de recursos na realização de atividades de E&P.

Como sugestões para trabalhos futuros para a avaliação de favorabilidades


exploratórias, o método proposto pode ser aprimorado para considerar a necessidade
de aquisição de dados e o impacto de sua ausência na avaliação de cada elemento do
sistema petrolífero para a classificação realizada.

O método de favorabilidades também pode ser aprimorado caso o modelo seja


modificado de modo a considerar o tamanho esperado de uma futura descoberta na
bacia (como, por exemplo, na forma proposta por MEISNER e DEMIRMEN, 1981) e a
chance de descoberta (vide NEWENDORP, 1972), de acordo com a quantidade de
poços exploratórios perfurados e os resultados de descobertas previamente
realizadas. Este aprimoramento poderá permitir que resultados de avaliações
espaciais de diferentes bacias possam ser analisados comparativamente, ampliando a
aplicação do método para decisões de investimentos entre bacias sedimentares.

Na proposição de trabalhos futuros sobre as decisões relacionadas com oferta


de áreas, o método proposto por esta tese pode ser aprimorado ao considerar, de
forma explícita, outras variáveis na avaliação da expectativa de atividades de E&P,
como por exemplo o preço de venda do óleo. Nesse caso, a matriz de transição
proposta seria modificada de forma a considerar os preços de venda do óleo,
mediante a adequada disponibilidade de dados necessária para esta análise.

A expectativa por atividades de E&P pode ser refinada se o modelo considerar


(a) o resultado parcialmente percebido nas campanhas exploratórias em curso e (b)
sua expectativa de sucesso. O refinamento destas informações oferece maior acurácia
da demanda estimada no método, uma vez que o sucesso exploratório favorece a

96
realização de atividades adicionais de cunho exploratório e, principalmente, na
demanda por atividades de desenvolvimento e produção.

Por fim, os dois métodos propostos por esta tese apresentam uma importante
relação, na medida em que o sucesso na atividade exploratória (indicada pela
favorabilidade apresentada no método do Capítulo 3) importa em uma maior atividade
exploratória a ser realizada em um contrato de E&P (estimada no método apresentado
no Capítulo 5). A vinculação dos dois modelos é proposta como atividade suplementar
que aprimora as avaliações oferecidas pelos modelos aqui propostos, como sugestões
de trabalhos futuros.

Desta forma, conclui-se que as atividades de E&P são favorecidas pela


aplicação de técnicas de análise de decisão baseada em dados. A organização e o
monitoramento de resultados anteriores representa ferramenta decisiva na mitigação
de incertezas presentes na regulação de projetos de E&P e na busca pelo melhor
atendimento aos objetivos da política energética nacional, como demonstrado nos
resultados obtidos a partir das aplicações apresentadas para os métodos propostos.

97
98
CAPÍTULO 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABEDI, M., TORABI, S. A., NOROUZI, G. H. et al., 2014. ELECTRE III: A knowledge-driven
method for integration of geophysical data with geological and geochemical data in
mineral prospectivity mapping. Journal of Applied Geophysics, v. 87, p. 9-18.

AGTERBERG, F. P. 1992. Combining indicator patterns in weights of evidence modeling for


resource evaluation. Nonrenewable Resources, 1(1), 39-50.

ALAGOZ, O., HSU, H., SCHAEFER, A. J., & ROBERTS, M. S. 2010. Markov decision
processes: a tool for sequential decision making under uncertainty. Medical Decision
Making, vol. 30, no. 4, pp. 474–483.

ALLEN, P. A., ALLEN, J. R. 2013. Basin analysis: Principles and application to petroleum
play assessment. 3rd Edition. Wiley-Blackwell. 642p.

ALMADA, L. P., PARENTE, V. 2013. Oil & Gas industry in Brazil: A brief history and legal
framework. Panorama of Brazilian Law.

ANP - AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. 2009.


Autorização ANP Nº 605/2009 para perfuração do poço estratigráfico 2-ANP-1-
RJS, localizado na Bacia de Santos.

ANP - AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. 2010.


Autorização ANP Nº 323/2010 para perfuração do poço estratigráfico 2-ANP-2-
RJS, localizado na Bacia de Santos.

ANP - AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. 2012.


Autorização ANP Nº 403/2012 para perfuração do poço estratigráfico 2-ANP-3-
BA, localizado na Bacia do São Francisco.

ANP - AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. 2011.


Resolução ANP 49/2011 Regulamento Técnico De Procedimentos Para
Codificação De Poços.

ANP - AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. 2013a.


Plano Plurianual de Geologia e Geologia e Geofísica. Disponível em
<http://www.anp.gov.br/?pg=4745>. Acesso em 5 de junho de 2014.

ANP - AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. 2013b.


Resolução de Diretoria 712/2013 que aprova a atualização do Plano Plurianual de
Estudos de Geologia e Geofísica. Reunião de Diretoria 520/2013 em 29 de maio de
2015.

99
ANP- AGENCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. 2013c.
Autorização N° 820/2013 para perfuração do poço estratigráfico 2-ANP-4-MT,
localizado na Bacia do Parecis.

ANP - AGENCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS.


2013d. Autorização N° 821/2013 para perfuração do poço estratigráfico
denominado 2-ANP-5-MA, localizado na Bacia de São Luiz.

ANP - AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. 2015.


Edital de Licitação e Contrato de concessão: Rodada 13. Disponível em
<http://www.brasil-rounds.gov.br/round_13/portugues_R13/Edital.asp>. Acesso em
dezembro/2015.

ANP - AGENCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS.


2015b. Resolução ANP 17/2015 Regulamento Técnico do Plano de
Desenvolvimento.

ARIENTI LM. 1996. Análise estratigráfica, estudo de fluxos gravitacionais e geometria


dos depósitos Rift da Fm. Maceió e Fm. Poção - Bacia de Alagoas. Tese de
Doutorado, Curso de Pós-graduação em Geociências, UFRJ, 398 p.

ARAUJO, C. D., MACEDO. A. B. 2002. Multicriteria geologic data analysis for mineral
favorability mapping: application to a metal sulphide mineralized area, Ribeira valley
metallogenic province, Brazil. Natural Resources Research, 11(1), 29-43.

AYDIN, L., 2012. The economic impact of petroleum royalty reform on Turkey's upstream oil
and gas industry. Energy Policy, 43, 166-172.

AZAMBUJA FILHO N.C., ARIENTI L.M., CRUZ F E.G. 1998. Guidebook to the rift-drift
Sergipe-Alagoas passive margin basin, Brazil. In: AAPG International Conference &
Exhibition, 1998, Rio de Janeiro, AAPG/PETROBRAS, 113 p. (Excursion Guide).

BACOCCOLI, G.. 2009. O Dia Do Dragão. Synergia Editora. 428p.

BATISTA, C. M. A. 2015. Bacia de Pelotas. In: Seminário Técnico-Ambiental da 13ª Rodada


de Licitações de Petróleo e Gás, Rio de Janeiro. Disponível em: < http://www.brasil-
rounds.gov.br/arquivos/Seminarios_R13/Apresentacoes-do-seminario_Tecnico-
Ambiental.zip>. Acesso em: junho de 2016.
BDEP - Banco de Dados de Exploração e Produção da Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis. 2014. Acervo Georreferênciado de Dados de
Exploração e Produção da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis. Disponível em <http://maps.bdep.gov.br/website/maps/viewer.htm>.
Acesso em: 5 junho de 2014.

100
BEGG, S. H., BRATVOLD, R. B., CAMPBELL, J. M. 2001. Improving Investment Decisions
Using a Stochastic Integrated Asset Model. In: SPE Annual Technical Conference
and Exhibition. Society of Petroleum Engineers.

BENGTSON P. 1983. The Cenomanian-Coniacian of the Sergipe Basin, Brazil. Fossils and
Strata, 12:1-78. (1 mapa)

BERTOLDO, A. L., 2000. Avaliação das atividades de levantamento geológico e dos


serviços geológicos nacionais: uma abordagem comparativa nacional. Tese
(Doutorado) – Instituto de Geociências – UNICAMP, 147p.

BERTOLDO, A. L., PEREIRA, N. M. 2000. The evaluation of the geologic mapping activities
and the management of the geological survey organizations. Revista Brasileira de
Geociências, 30(3), 569-571.

BHATTACHARJYA, D., EIDSVIK, J., MUKERJI, T. 2010. The value of information in spatial
decision making. Mathematical Geosciences, 42(2), 141-163.

BICKEL, E. J., BRATVOLD, R. B. 2008. From uncertainty quantification to decision making in


the oil and gas industry. Energy, Exploration & Exploitation, v. 26, n. 5, p. 311-325.

BICKEL, J. E., SMITH, J. E., MEYER, L. M. 2008. Modeling dependence among geologic risks
in sequential exploration decisions. Reservoir Evaluation and Engineering, v. 11, n.
2, p. 352-361.

BICKEL, J. E., SMITH, J. E. 2006. Optimal sequential exploration: A binary learning model.
Decision Analysis, v. 3, n. 1, p. 16-32.

BICKEL, E., BRATVOLD, R. 2009. Value of Information in the Oil and Gas Industry: Past,
Present, and Future. SPE Reservoir Evaluation and Engineering, v. 12, n. 4.

BLAHUT, J., STERLACCHINI, S., BALLABIO, C. 2009. Effect of the input parameters on the
spatial variability of landslide susceptibility maps derived by statistical methods. case
study of the valtellina valley (italian central alps) [Priestorová variabilita máp
náchylnosti území na vznik zosuvov. príkladová štúdia údolia valtellina (talianske
centrálne alpy)] Geograficky Casopis, 61 (1), pp. 3-18.

BLAHUT, J., KLIMEŠ, J., VAŘILOVÁ, Z. 2013. Quantitative rockfall hazard and risk analysis in
selected municipalities of the České Švýcarsko National Park, Northwestern Czechia.
Geografie, v. 118, n. 3, p. 205-220.

BONHAM‐CARTER, G. F., AGTERBERG, F. P., WRIGHT, D. F. 1988. Integration of


geological datasets for gold exploration in Nova Scotia. Digital Geologic and
Geographic Information Systems, p. 15-23.

101
BONHAM-CARTER, G. 2014. Geographic information systems for geoscientists:
modelling with GIS. Elsevier.

BONHAM-CARTER, G.F., AGTERBERG, F.P., WRIGHT, D.F. 1989. Weights of Evidence


Modelling: a new approach to mapping mineral potential; in Statistical Applications in
the Earth Sciences, ed. F.P. Agterberg and G.F. Bonham-Carter; Geological Survey
of Canada, Paper 89-9, p. 171-183.

BP - BRITISH PETROLEUM. 2015. BP statistical review of world energy. Disponível em


<www.bp.com/en/global/corporate/energy-economics/statistical-review-of-world-
energy/2015-in-review.html>. Acessado em maio/2016.

BRAGA, L. P., SZKLO, A. S., 2014. The recent regulatory changes in Brazilian petroleum
exploration and exploitation activities. Journal of World Energy Law & Bussiness.

BRAGA, L.P., CAMPOS, T.N., 2012. A comparative study of bidding models adopted by
Brazil, Peru, Colombia and Uruguay for granting petroleum exploration and production
rights. Journal of World Energy Law & Bussiness. 2012.

BRAGA, L. P., 2014. Pré-sal – Individualização da Produção de contratos internacionais


de petróleo. São Paulo. Saraiva.

BRASIL.1995. Emenda Constitucional n. 9 de 9 de novembro de 1995. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em janeiro/2015.

BRASIL 1997. Lei n. 9478/1997. Dispõe sobre a política energética nacional, as


atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de
Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outras providências.
1997. Disponível em <> [Acessado em 05.2012]..

BRASIL.1997. Lei n. 9.478 de 6 de agosto de 1997. Dispõe sobre a política energética


nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho
Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em janeiro/2015.

BRASIL-ROUNDS. 2015. Rodadas de Licitações de Blocos Exploratórios de Petróleo e


Gás Natural e seus resultados. SPL - Superintendência de Promoção de Licitações.
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Disponível em
<http://www.brasil-rounds.gov.br/ >. Acessado em janeiro/2015.

BRATVOLD, R. B., BEGG, S. H., CAMPBELL, J. M. 2002. Would you know a good decision if
you saw one. Society of Petroleum Engineers (SPE) paper, v. 77509.

102
BRATVOLD, R. B., BEGG, S. H. 2008. I would rather be vaguely right than precisely wrong: A
new approach to decision making in the petroleum exploration and production industry.
AAPG bulletin, v. 92, n. 10, p. 1373-1392.

BRATVOLD, R. B., BICKEL, J. E., LOHNE, H. P. 2007. Value of Information in the Oil and
Gas Industry: Past Present and Future. In: SPE Annual Technical Conference and
Exhibition. Society of Petroleum Engineers.

BRÉMAUD, P., 1999. Markov chains: Gibbs fields, Monte Carlo simulation, and queues.
Springer Science & Business Media,

BROWN, W. M., GEDEON, T. D., GROVES, D. I., BARNES, R. G. 2000. Artificial neural
networks: a new method for mineral prospectivity mapping. Australian Journal of
Earth Sciences, v. 47, n. 4, p. 757-770.

BROWN, W., GROVES, D., GEDEON, T. 2003. Use of fuzzy membership input layers to
combine subjective geological knowledge and empirical data in a neural network
method for mineral-potential mapping. Natural Resources Research, v. 12, n. 3, p.
183-200.

CAMPOS NETO, O. P. A., LIMA, W. S., CRUZ, F. E. G.. 2007. Bacia de Sergipe-Alagoas.
Boletim de Geociências da Petrobrás, v.15(2): p. 406-415.

CARRANZA, E. J. M., HALE, M. 2001. Geologically constrained fuzzy mapping of gold


mineralization potential, Baguio district, Philippines. Natural Resources Research, v.
10, n. 2, p. 125-136.

CARRANZA, E. J. M., HALE, M. 2002. Spatial association of mineral occurrences and


curvilinear geological features. Mathematical Geology, v. 34, n. 2, p. 203-221.

CARRANZA, E. J. M., VAN RUITENBEEK, F. J. A., HECKER, C., VAN DER MEIJDE, M.,
VAN DER MEER, F. D. 2008. Knowledge-guided data-driven evidential belief modeling
of mineral prospectivity in Cabo de Gata, SE Spain. International Journal of Applied
Earth Observation and Geoinformation, v. 10, n. 3, p. 374-387.

CARRANZA, E. J. M. 2009. Objective selection of suitable unit cell size in data-driven


modeling of mineral prospectivity. Computers & Geosciences, v. 35, n. 10, p. 2032-
2046.

CARRANZA, E. J. M. 2011. Editorial: Geocomputation of mineral exploration targets.


Computers & Geosciences, v. 37, n. 12, p. 1907-1916, 2011. CARRANZA,
Emmanuel John M. Editorial: Geocomputation of mineral exploration targets.
Computers & Geosciences, v. 37, n. 12, p. 1907-1916.

103
CARVALHO, G., 1976. Petrobrás: do monopólio aos contratos de risco. Forense-
Universitária, 1976.

CASSARD, D., BILLA, M., LAMBERT, A., PICOT, J. C., HUSSON, Y., LASSERRE, J. L.,
DELOR, C. 2008. Gold predictivity mapping in French Guiana using an expert-guided
data-driven approach based on a regional-scale GIS. Ore Geology Reviews, v. 34, n.
3, p. 471-500.

CHEN, Z., OSADETZ, K. G. 2006a.Undiscovered petroleum accumulation mapping using


model-based stochastic simulation. Mathematical Geology, v. 38, n. 1, p. 1-16,

CHEN, Z., SINDING-LARSEN, R. 1994. Estimating number and field size distribution in
frontier sedimentary basins using a Pareto model. Nonrenewable Resources, v. 3, n.
2, p. 91-95.

CHEN, Z, OSADETZ, K. G. 2013. An assessment of tight oil resource potential in Upper


Cretaceous Cardium Formation, Western Canada Sedimentary Basin. Petroleum
exploration and development, v. 40, n. 3, p. 344-353.

CHENG, Q., AGTERBERG, F. P. 1999. Fuzzy weights of evidence method and its application
in mineral potential mapping. Natural Resources Research, v. 8, n. 1, p. 27-35.

CHENG, Q. M., CHEN, Z., KHALED, A. 2007. Application of fuzzy weights of evidence method
in mineral resource assessment for gold in Zhenyuan district, Yunnan Province, China.
Earth Science—Journal of China University of Geosciences, v. 32, n. 2, p. 175-
184.

CHENG, Q. 2014. Sequential weights of evidence as a machine learning model for mineral
deposits prediction. Mathematics of Planet Earth, p. 157-161.

CNPE. 2003. Conselho Nacional de Política Energética. Resolução nº 08/2003. Estabelece a


política de produção de petróleo e gás natural e define diretrizes para a
realização de licitações de blocos exploratórios, 2003. Disponível em:
˂http://www.brasil-rounds.gov.br/arquivos/cnpe/RCNPE_082003.pdf˃. [Acessado em
01.2015].

CONAWAY, C. F., 1999. The petroleum industry: a nontechnical guide. Pennwell Books.
289p.

COBB, H. 1960. Operations Research-A Tool in Oil Exploration. Geophysics, 25(5), 1009-
1022.

COLQUITT, K. 2013. Risk Analysis, Prospect Evaluation & Exploration Economics. Rose
& Associates Course Training Manual.

104
CORRÊA, O. L. S., 2003. Petróleo: noções sobre exploração, perfuração, produção e
microbiologia. Editora Interciência.

CROVELLI, R. A., BARTON, C. C. 1995. Fractals and the Pareto Distribution applied to
Petroleum Accumulation-Size distributions, in: Fractals in Petroleum Geology and
Earth Processes, pp. 59–71,Plenum, New York.

CRUZ W.M., ABREU C.J. 1984. Sedimentologia da area de Pilar e adjacências.


DENEST/DEPEX/PETROBRAS, Relatório interno, 60p.

CRUZ F.E.G. 1994A. Permian sandstones of the Aracaré Formation of the Sergipe-Alagoas
Basin, Northeast Brazil. In: International Sedimentological Congress, 14, Recife,
IAS, Abstracts,p. A-9.

DE QUADROS, T. F. P, KOPPE, J. C., STRIEDER, A. J., COSTA, J. F. 2006. Mineral-


potential mapping: a comparison of weights-of-evidence and fuzzy methods. Natural
Resources Research, v. 15, n. 1, p. 49-65.

DELLA FÁVERA, J. C. 2001. Fundamentos de Estratigrafia Moderna.Editora: EDUERJ.

DEMIRMEN, F. 2001. Subsurface appraisal: the road from reservoir uncertainty to better
economics. In SPE Hydrocarbon Economics and Evaluation Symposium. Society
of Petroleum Engineers.

DIAS, J. L. D. M., QUAGLINO, M. A., 1993. A questão do petróleo no Brasil: uma história
da Petrobrás.

ELJURI, E., JOHNSTON, D. 2014. Mexico’s energy sector reform. Journal of World Energy
Law & Bussiness.

ELJURI, E., JOHNSTON, D. 2015. Mexico’s very first bid round. Journal of World Energy
Law & Bussiness.

FAN D., CUI, X., YUAN, D., WANG, J., YANG, J., WANG, S. 2011. Weight of evidence
method and its applications and development. Procedia Environment Science
11:1412–1418.

FEIJÓ F.J. 1979. Estudo dos carbonatos Muribeca e Riachuelo no Alto de Aracaju -
Bacia Sergipe Alagoas - Nordeste do Brasil. DIREX/RPNE/PETROBRAS, Relatório
Interno, 27 p.

FEIJÓ F.J., 1994A. Bacias de Sergipe e Alagoas. Boletim de Geociências da Petrobras,


8(1):149-161.

105
FERREIRA, D.F. 2003. Anticipating impacts of financial assurance requirements for
offshore decommissioning: a decision model for the oil industry. Tese de
Doutorado. UNICAMP.

FERREIRA FILHO, V. & HAMACHER, S. (2015). Aplicações de Pesquisa Operacional na


Indústria Internacional de Petróleo: Modelagem E Solução Para Problemas Da
Exploração A Distribuição. Elsevier Brasil. 403p.

FORD, A., HART, C. JR. 2013. Mineral potential mapping in frontier regions: A Mongolian
case study. Ore Geology Reviews, v. 51, p. 15-26.

GALLI, A.; ARMSTRONG, M., JEHL, B. 1999. Comparing three methods for evaluating oil
projects: Option pricing, decision trees, and Monte Carlo simulations. In: SPE
hydrocarbon economics and evaluation symposium. 1999. p. 91-99.

GIAMBIAGI, F., 2013. Petróleo: reforma e contrarreforma do setor petrolífero brasileiro.


Elsevier Brasil.

GITMAN, L. J. 2012. Princípios de administração financeira. 12ª edição. Pearson


Education Br. 745p.

GRAY, F., 1995. Petroleum production in nontechnical language. Pennwell Corporation.


288p.

GRAYSON, C. J. 1960. Decisions under uncertainty: drilling decisions by oil and gas
operators. Harvard University, Division of Research, Graduate School of Business
Administration. 402p.

GOODWIN, P., WRIGHT, G. 2009. Decision analysis for management judgment,


Chichester. Wiley, , 308 pp.

GONZALEZ-CANALES, E. 2015. Mexican energy law: industry renaissance or chronicle of a


death foretold Part 1: upstream ventures in Mexico. The Journal of World Energy
Law & Business, jwu038.

GUTMAN, J. 2007. Tributação e outras obrigações na indústria do petróleo. Freitas


Bastos Editora. 405p.

HARBAUGH, J. W., DAVIS, J. C., WENDEBOURG, J., 1995. Computing risk for oil
prospects: principles and programs. Computer Methods in the Geosciences
Volume 14. Elsevier.452p.

HARRIS, D., PAN, G. 1999. Mineral favorability mapping: a comparison of artificial neural
networks, logistic regression, and discriminant analysis. Natural Resources
Research, v. 8, n. 2, p. 93-109.

106
HARRIS, J. R., WILKINSON, L., HEATHER, K., FUMERTON, S., BERNIER, M. A., AYER, J.,
DAHN, R. 2001. Application of GIS processing techniques for producing mineral
prospectivity maps—a case study: mesothermal Au in the Swayze Greenstone Belt,
Ontario, Canada. Natural Resources Research, v. 10, n. 2, p. 91-124.

HARRIS, D.P., ZURCHER, L., STANLEY, M., MARLOW, J., PAN, G. 2003. A comparative
analysis of favourability mappings by weights of evidence, probabilistic neural
networks, discriminant analysis, and logistic regression. Natural Resources Research
12,241–255.

HE, B., WANG, D., CHEN, C. 2014. A novel method for mineral prospectivity mapping
integrating spatial-scene similarity and weights-of-evidence. Earth Science
Informatics, p. 1-17.

HILLIER, F.S., LIEBERMAN, G.J. 2014. Introduction to Operations Research, McGraw-Hill,


New York, 10th edition.

HOLZ, M. 2012. Estratigrafia de Sequências: Histórico, Princípios e Aplicações. Editora


Interciência.

HRONSKY, J. M. A., GROVES, D. I. 2008. Science of targeting: definition, strategies,


targeting and performance measurement. Australian Journal of Earth Sciences, v.
55, n. 1, p. 3-12.

HUBBERT, M. K. 1959. Techniques of prediction with application to the petroleum industry, in


44th Annual Meeting of the American Association of Petroleum Geologists,
Dallas, TX: Shell Development Company.

HUNTER, T. 2014. The role of regulatory frameworks and state regulation in optimising the
extraction of petroleum resources: A study of Australia and Norway. The Extractive
Industries and Society, 1(1), 48-58.

JAHN, F., COOK, M., GRAHAM, M. 2008. Hydrocarbon Exploration & Production.
Elsevier.

JORDANOV, J., DARAKCHIEV, I., BELOGUSHEV, V. 2006. Oil and gas resource
assessment methodologies: implementation in national balance estimation and
company’s exploration policy. Annual of the University of Mining and Geology “St.
Ivan Rilsky, v. 49, n. 1, p. 103-109.

KOULI, M., LOUPASAKIS, C., SOUPIOS, P., ROZOS, D., VALLIANATOS, F. 2014. Landslide
susceptibility mapping by comparing the WLC and WofE multi-criteria methods in the
West Crete Island, Greece. Environmental Earth Sciences, p. 1-23.

107
LEITE, F. D. R. V. D. 2009. As Participações Governamentais na Indústria. Revista Direito
GV, 5[2], p.527-548.

LERCHE, I., MACKAY, J. A. 1999. Economic risk in hydrocarbon exploration. Academic


Press,

LÓPEZ-VELARDE, A. 2010.The new foreign participation rules in each sector of the


Mexican oil and gas industry: Are the modifications enough for foreign capitals?

LOUREIRO, E. 2013. Bacia de Sergipe Alagoas. In: Seminário Técnico-Ambiental da 11ª


Rodada de Licitações de Petróleo e Gás, Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www.brasil-rounds.gov.br/arquivos/Seminarios_r11/tec_ambiental/Bacia_Sergip
e-Alagoas.pdf>. Acesso em: 5 junho de 2014.
LUCCHESI, R. D. 2011. Regimes fiscais de exploração e produção de petróleo no brasil
e no mundo. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

MAGALHÃES, L. A., SOUZA FILHO, C. R. 2012. Targeting of gold deposits in Amazonian


exploration frontiers using knowledge-and data-driven spatial modeling of geophysical,
geochemical, and geological data. Surveys in geophysics, v. 33, n. 2, p. 211-241.

MAGOON, L. B., DOW, W. G. 1994. The petroleum system—From source to trap: AAPG
Memoir 60, 665p.

MARIANO, J., LA ROVERE, E. 2007. Oil and gas exploration and production activities in
Brazil: The consideration of environmental issues in the bidding rounds promoted by
the National Petroleum Agency. Energy Policy, 35(5), 2899-2911.

MARTINS, A. J. M. M., 2009. Desenvolvimento de Estudos para Elaboração do Plano


Duodecenal (2010-2030) de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. Disponível
em <http://www.mme.gov.br/documents/1138775/1256660/P04_RT11_Anxlise_
Crxtica_da_Informaxo_Geolxgica_do_Brasil.pdf/be6ecb8f-58c8-44dc-9038-
8867ba7291c6?version=1.0> Acessado em Janeiro/2016.

MEGILL, R. E., 1984. An introduction to risk analysis. PennWell Publishing Company.


274p.

MEISNER, J., DEMIRMEN, F. 1981. The creaming method: a bayesian procedure to forecast
future oil and gas discoveries in mature exploration provinces: Journal of the Royal
Statistical Society, v. 144, part A, p. 1-31.

MOOD, A. M. 1983. Introduction to policy analysis. North-Holland. 302p.

MOON, W. M. 1998. Integration and fusion of geological exploration data: a theoretical review
of fuzzy logic approach. Geosciences Journal, v. 2, n. 4, p. 175-183.

108
MORAES REGO, L.F. 1933. Notas sobre a geologia, a geomorfologia e os recursos
minerais de Sergipe. Anais da Escola de Minas de Ouro Preto, n. 24, p. 31-84.

MOHRIAK W.U., BASSETTO M., VIEIRA I.S. 1997. Observações sobre a carta estratigráfica
e a evolução tectono-sedimentar das bacias de Sergipe e Alagoas. Boletim de
Geociências da Petrobras, 11(1/2):84-115.

MOHRIAK W.U., BASSETO M., VIEIRA I.S. 1998. Crustal architecture and tectonic evolution
of the Sergipe-Alagoas and Jacuípe basins, offshore northeastern
Brazil.Tectonophysics, 288:199-220.

MOURA, P. DE, CARNEIRO, F. O. 1976. Em busca do petróleo brasileiro, ed Rio de


Janeiro, edit. Fundação Gorceix, Ouro Preto, MG, 360p.

NAMPAK, H., PRADHAN, B., MANAP, M. A. 2014. Application of GIS based data driven
evidential belief function model to predict groundwater potential zonation. Journal of
Hydrology, v. 513, p. 283-300.

NETO, C., DA SILVA, C. A., POMPERMAYER, F. M., 2014. Ressurgimento da indústria


naval no Brasil (2000-2013).

NEWENDORP, P.D. 1972. Bayesian Analysis–A Method for Updating Risk Estimates.
JPT 24 (2): 193-198. SPE 3463-PA.

NEWENDORP, P. D., SCHUYLER, J., 2000. Decision Analysis for Petroleum Exploration,
2nd ed. Planning Press. 606p.

NRCAN - NATURAL RESOURCES CANADA., 2015. Geological Survey of Canada


Strategic Plan 2013-2018. Available at
<http://publications.gc.ca/collections/collection_2014/rncan-nrcan/M184-3-2014eng.pdf

>. Accessed December 2015.

NUÑEZ, C. B., 2012. Colombia’s regulatory and fiscal hydrocarbons regime: explaining
Colombia’s success and the challenges ahead. Journal of World Energy Law &
Bussiness.

OSMUNDSEN, P., 1999. Risk sharing and incentives in Norwegian petroleum extraction.
Energy Policy, 27(9), 549-555.

OTIS, R. M., SCHNEIDERMANN, N. 1997. A process for evaluating exploration


prospects. AAPG bulletin, v. 81, n. 7, p. 1087-1109.

ÖZGÜR, E., 2016. Upstream Petroleum Law and activities in Turkey. Energy Policy, 88, 131-
137.

109
PAN, G.C., HARRIS, D.P., 2000. Information Synthesis for Mineral Exploration. Oxford
University Press, New York, 461 pp.

PARTINGTON, G. 2010. Developing models using GIS to assess geological and economic
risk: An example from VMS copper gold mineral exploration in Oman. Ore Geology
Reviews, 38(3), 197-207.

PAZ, M. J., 2014. Oil and development in Brazil: Between an extractive and an
industrialization strategy. Energy Policy, 73, 501-511.

PAZAND, K., HEZARKHANI, A., PAZAND, K. 2013. Predictive mapping for porphyry copper
mineralization: a comparison of knowledge-driven and data-driven fuzzy models in
Siahrud area, Azarbaijan province, NW Iran. Applied Geomatics, v. 5, n. 3, p. 215-
224.

PERRONS, R. K., JENSEN, J. W., 2015. Data as an asset: What the oil and gas sector can
learn from other industries about “Big Data”. Energy Policy, 81, 117-121.

PETROBRAS, 2015. Pre-Salt - Oil and Gas Exploration and Production. Available at
<http://www.petrobras.com.br/en/our-activities/performance-areas/oil-and-gas-
exploration-and-production/pre-salt/>. Accessed December, 2015.

PORWAL, A. 2006. Mineral Potential Mapping with Mathematical Geological Models, PhD
Thesis, University of Utrecht, The Netherlands. ITC (International Institute for Geo-
Information Science and Earth Observation), 289 pp.

PORWAL, A., CARRANZA, E. J. M., HALE, M. 2003. Artificial neural networks for mineral-
potential mapping: a case study from Aravalli Province, Western India. Natural
resources research, v. 12, n. 3, p. 155-171.

PORWAL, A., CARRANZA, E. J. M., HALE, M. 2004. A hybrid neuro-fuzzy model for mineral
potential mapping. Mathematical geology, v. 36, n. 7, p. 803-826.

PORWAL, A., CARRANZA, E. J. M., HALE, M. 2006. Bayesian network classifiers for mineral
potential mapping. Computers & Geosciences, v. 32, n. 1, p. 1-16,

POURTAGHI, Z. S., POURGHASEMI, H. R. 2014. GIS-based groundwater spring potential


assessment and mapping in the Birjand Township, southern Khorasan Province, Iran.
Hydrogeology Journal, v. 22, n. 3, p. 643-662.

PUTERMAN, M. L., 1994. Markov decision processes: Discrete stochastic dynamic


programming. John Wiley & Sons, New York.

RAIFFA, H., 1977. Teoria da decisão. Petrópolis/São Paulo: Editora Vozes/Edusp.

110
RAMOS, A. B. 2013. O Government Take-Análise Regulatória Comparativa entre o
Regime de Concessão e o Regime de Partilha de Produção com Estudo de Caso.
Projeto de Graduação. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

RASEY, S. M. 2008. Managing trade-offs between conflicting goals through a portfolio


visualization process. AAPG bulletin, v. 92, n. 10, p. 1337-1357.

REGMI, A. D., DEVKOTA, K. C., YOSHIDA, K., PRADHAN, B., POURGHASEMI, H. R.,
KUMAMOTO, T., AKGUN, A. 2013. Application of frequency ratio, statistical index, and
weights-of-evidence models and their comparison in landslide susceptibility mapping in
Central Nepal Himalaya. Arabian Journal of Geosciences, v. 7, n. 2, p. 725-742.
2014.

RISSO, V. F., SCHIOZER, D. J., 2008. Utilização de sísmica 4D e de mapas de saturação no


ajuste de histórico de reservatórios petrolíferos. Revista Brasileira de Geociências,
38(1), 172-187.

RODRIGUES, L. A., SAUER, I. L. 2015. Exploratory assessment of the economic gains of a


pre-salt oil field in Brazil. Energy Policy, 87, 486-495.

ROSA, A. J., DE SOUZA, R. C., XAVIER, J. A. D. 2006. Engenharia de reservatórios de


petróleo. Interciência.

ROSE, P. R. 1987.Dealing with risk and uncertainty in exploration: how can we improve?
AAPG Bulletin, v. 71, n. 1, p. 1-16,

ROSE, P. R. 1999. Taking the risk out of petroleum exploration; the adoption of systematic risk
analysis by international corporations during the 1990s. The Leading Edge, v. 18, n. 2,
p. 192-199.

ROSE, R. P. 2000. The Prospector Myth vs. Systematic Management of Exploration


Portfolios-Dealing with the Dilemma. In: 62nd EAGE Conference & Exhibition.

ROSE, R. P. 2001. Risk analysis and management of petroleum exploration ventures.


American Association of Petroleum Geologists. 164p.

ROSTIROLLA, S. P. 1997. Alguns aspectos da avaliação de favorabilidade em geologia


exploratória. Brazilian Journal of Geology, v. 27, n. 4, p. 327-338.

ROSTIROLLA, S.P., SOARES, P.C., CHANG, H.K. 1998. Bayesian and Multivariate Methods
Applied to Favorability Quantification in Recôncavo Basin and Ribeira Belt, Brazil. In
Nonrenewable Resources, Vol. 7, No. I, p.7-23.

ROSTIROLLA, S. P. 1999. Análise de incertezas em sistemas petrolíferos. Brazilian Journal


of Geology, v. 29, n. 2, p. 261-270.

111
ROSTIROLLA, S. P., MATTANA, A. C., BARTOSZECK, M. K. 2003. Bayesian assessment of
favorability for oil and gas prospects over the Recôncavo basin, Brazil. AAPG bulletin,
v. 87, n. 4, p. 647-666.

RUSH, S., LISIEVICI, A., POPA, C., 2011.The regime governing upstream oil and gas
development in Romania. Journal of World Energy Law & Bussiness.

SCHUYLER, J. R., 2001. Risk and decision analysis in projects. Project Management Inst.
259p.

SEVERIANO-RIBEIRO, H. J. P., 2001. Estratigrafia de Sequências. Editora Unisinos.428p.

SHIRAVI, A., MAJD, F. A., 2015. Foreign investment in Iran’s upstream oil and gas operations:
a legal perspective. The Journal of World Energy Law & Business, jwv005.

SIMPSON, G. S., LAMB, F. E., FINCH, J. H., DINNIE, N. C. 2000. The application of
probabilistic and qualitative methods to asset management decision making. In: SPE
Asia Pacific Conference on Integrated Modelling for Asset Management. Society
of Petroleum Engineers.

SINGER, D. A., KOUDA, R. 1999. A comparison of weights-of-evidence methods and


probabilistic neural networks: Natural Resources Research, v. 8, no. 4, p. 287–298.

SILVA, R. S. L., MAINIER, F. B. 2008. .Descomissionamento de sistemas de produção


offshore de petróleo. IV Congresso Nacional de Excelência em Gestão. 2008.

SILVA, C.; YÁÑEZ, E., MARTÍN‐DÍAZ, M. L., DELVALLS, T. A. 2014. GIS‐based ecological
risk assessment for contaminated sites by fish farm effluents using a multicriteria
weight of evidence approach. Aquaculture Research.

SILVA, E. C., SILVA, A. M., TOLEDO, C. L. B., MOL, A. G., OTTERMAN, D. W., DE SOUZA,
S. R. C. 2012. Mineral Potential Mapping for Orogenic Gold Deposits in the Rio Maria
Granite Greenstone Terrane, Southeastern Pará State, Brazil. Economic Geology, v.
107, n. 7, p. 1387-1402.

SO, M. M., THOMAS, L. C., 2011. Modelling the profitability of credit cards by Markov decision
processes. European Journal of Operational Research, 212(1), 123-130.

SORRELL, S., SPEIRS, J. 2010. Hubbert’s legacy: a review of curve-fitting methods to


estimate ultimately recoverable resources. Natural resources research, v. 19, n. 3, p.
209-230.

SOUZA-LIMA W, ANDRADE E.J., BENGTSWON P., GALM, P.C. 2002. A Bacia de Sergipe-
Alagoas: evolução geológica, estratigrafia e conteúdo fóssil. Fundação
Paleontológica Phoenix, 34p.

112
SPIEGELHALTER, D. J. & KNILL-JONES, R. P. 1984. Statistical and knowledge-based
approaches to clinical decision-support systems, with an application in
gastroenterology. Journal of the Royal Statistical Society. Series A (General), 35-
77.

SPIEGELHALTER, D. J. 1986. Probabilistic prediction in patient management and clinical


trials. Statistics in medicine, 5(5), 421-433.

STEINMETZ, R. 1992. The business of petroleum exploration. American Association of


Petroleum Geologists: USA. 382p.

STONE, L. D. 1990. Bayesian estimation of undiscovered pool sizes using the discovery
record. Mathematical geology, v. 22, n. 3, p. 309-332.

STONELEY, R. 1995. Introduction to petroleum exploration for non-geologists. Oxford


University Press, USA.

SUSLICK, S. B., FURTADO, R. 2001. Quantifying the value of technological, environmental


and financial gain in decision models for offshore oil exploration. Journal of Petroleum
Science and Engineering, v. 32, n. 2, p. 115-125.

SUSLICK, S. B., SCHIOZER, D. J. 2004. Risk analysis applied to petroleum exploration and
production: an overview. Journal of Petroleum Science and Engineering, v. 44, n. 1,
p. 1-9.

SUSLICK, S. B., SCHIOZER, S., RODRIGUEZ, M. R. 2009. Uncertainty and risk analysis in
petroleum exploration and production. Terræ, v. 3, p. 36-47.

THOMAS, J. E. 2001.Fundamentos de engenharia de petróleo. Editora Interciência. 272p.

TREESH, M. L., 2006. Prospect and Play Assessment. Petroskills Course Training Manual.

TCU – TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2015a. Fiscalização TCU nas Rodadas de


Licitações de Blocos Exploratórios. Disponível em <
http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/regulacao/Petroleo%20e
%20G%C3%A1s_Concess%C3%A3o%20de%20blocos_web.pdf>. Acesso em
janeiro/2015.

TCU - TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2015b. Acórdãos sobre fiscalização de


desestatização e regulação. Disponível em <http://portal2.tcu.gov.br/
portal/page/portal/TCU/comunidades/regulacao/areas_atuacao/petroleo_gas_natural/>
. Acesso em janeiro/2015.

UFRN – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. 2008. Revisão


Geológica e Reavaliação dos Sistemas Petrolíferos da Bacia de Sergipe-Alagoas.

113
Relatório final do projeto Bacia Sergipe-Alagoas, objeto do Contrato
ANP/UFRN/FUNPEC N 5.059/03-ANP-009.519 celebrado entre a Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte/Programa de Pós Graduação em Geodinâmica e Geofísica
(UFRN/PPGG) .392p.

USGS - UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY., 2015. National Cooperative Geologic


Mapping Program. Available at <http://ncgmp.usgs.gov/>. Accessed December, 2015.

WALLS, M. R., 1994. Corporate risk tolerance and capital allocation: a practical approach to
implementing an exploration risk policy. Journal of Petroleum Technology, v. 47, n.
04, p. 307-311.

WALLS, M. R., DYER, J. S., 1996. Risk propensity and firm performance: A study of the
petroleum exploration industry. Management Science, v. 42, n. 7, p. 1004-1021.

WANG, H., CAI, G., CHENG, Q., 2002. Data integration using weights of evidence model:
applications in mapping mineral resource potentials: Proceedings of International
Society of Photogrammetry and Remote Sensing, Ottawa, Canada. 9, CDROM.

WANG, Y., WONG, A. K.C. 2003. From association to classification: Inference using weight of
evidence. Knowledge and Data Engineering, IEEE Transactions on, v. 15, n. 3, p.
764-767.

WENHUI, D., GONGWEN, W., YONGQING, C. et al., 2014. Information Extraction and
Interpretation Analysis of Mineral Potential Targets Based on ETM+ Data and GIS
technology: A Case Study of Copper and Gold Mineralization in Burma. In: IOP
Conference Series: Earth and Environmental Science. IOP Publishing.

WHITE, D. A. 1988. Oil and Gas Play Maps in Exploration and Assessment: GEOLOGIC
NOTE. AAPG Bulletin, 72(8), 944-949.

YANG, X. Q., KODIKARA, G. R., LUEDELING, E. et al., 2012. Looking below the ground:
Prediction of Tuber indicum habitat using the Weights of Evidence method. Ecological
Modelling, 247, 27-39. Looking below the ground: Prediction of Tuber indicum habitat
using the Weights of Evidence method. Ecological Modelling, v. 247, p. 27-39.

YILMAZ, Ö., 2001.Seismic data analysis. Tulsa: Society of exploration geophysicists.

ZHANG, D., F. AGTERBERG, Q. CHENG et al., 2013. A comparison of modified fuzzy


weights of evidence, fuzzy weights of evidence, and logistic regression for mapping
mineral prospectivity. Mathematical Geosciences, p. 1-17.

114
ZHENXUE, J. XIONGQI, P., ZHUO, L. et al., 2012. An improved multi-parameter-constrained
Pareto model for hydrocarbon resource assessment and its application in Bozhong
Sag, Eastern China. Bulletin of Canadian Petroleum Geology, v. 60, n. 3, p. 209-
217.

115

Anda mungkin juga menyukai