ACÓRDÃO N.521/2018
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III — Doações de bens estimáveis em dinheiro realizadas até o limite
de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), por pessoa cedente, estão
dispensadas de comprovação na campanha eleitoral, contudo,
devem estar devidamente registradas no sistema de contas, à luz do
disposto no art. art. 63, § 4º, da Resolução TSE n. 23.553/17.
VI – Contas desaprovadas.
Relatora
RELATÓRIO
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documentos a serem esclarecidos e/ou saneados pelo prestador das contas, conforme relatório
de exame preliminar para diligências (ID 362087).
É o relatório.
PARECER MINISTERIAL
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Senhor Presidente, essas irregularidades já são reiteradas, o candidato
sabe, tem conhecimento a respeito do cumprimento da legislação e, ainda assim,
continua a descumprir. Não dá para vir, aqui, depois de diversas oportunidades para
regularizar a situação juntar a documentação de forma intempestiva e querer
regularizar, aquilo que não foi feito, de forma tempestiva.
VOTO
Como dito no relatório, tanto a parcial quanto a prestação de contas final foram
apresentadas intempestivamente, pois, nos termos dos artigos 50 e 52 da Resolução TSE nº
23.553/2017, a parcial deveria ser apresentada no período de 9 a 13/9/2018 e quanto à
prestação final, referente ao primeiro turno, até o trigésimo dia após as eleições. Nesta
hipótese, o prazo expirou em 06/11/2018:
(...)
(...)
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estimável em dinheiro ocorrida desde o início da campanha até o dia 8 de
setembro do mesmo ano.
[grifei]
Quanto ao mérito, verifico nos autos que muitas das ocorrências apontadas no
relatório preliminar expedido para diligências (ID 362087) foram saneadas com apresentação
das contas retificadoras (ID 406587 a 406937 e ID 502737) e com a documentação
apresentada após o parecer ministerial (ID 586487 a 588137), objeto de reanálise pela unidade
técnica. Porém, algumas delas, por serem insanáveis, como é o caso da intempestividade, e
outras por não terem sido devidamente esclarecidas e/ou comprovadas a regularidade,
permanecem no processo.
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2º - Quanto ao registro de gastos eleitorais em data posterior a sua
realização (item 9.6.1. do Parecer Técnico Conclusivo) e quanto à
realização de despesas após a data da eleição (item 9.6.2. do
Parecer Técnico Conclusivo), são elencadas pelo candidato como
“incongruências aptas a gerarem ressalvas”. Nesse caso, é pacífico
o entendimento. Tecnicamente, são impropriedades que ensejam
RESSALVAS nas contas, nos termos art. 77, II, da Resolução TSE
n. 23.553/2017. Dessa forma, mantenho o entendimento registrado
no Parecer Técnico Conclusivo.
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efetuado em 15/10/2018, no valor de R$ 14.000,00, cujo comprovante foi
apresentado na prestação de contas final retificadora (ID 406887). O art.
22, §3º, da Resolução TSE nº 23.553/2017 dispõe que as doações
financeiras recebidas em desacordo com o artigo 22 da mesma Resolução
não podem ser utilizadas e devem, na hipótese de identificação do doador,
ser a ele restituídas. No presente caso, o candidato não devolveu a doação
financeira recebida de forma diversa da prevista na Resolução e ainda a
utilizou em sua campanha.
II - ...
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III - ...
IV - ....
CONCLUSÃO
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realizados em datas anteriores ao período de entrega da prestação de contas parcial, mas não
informados à época, permanecem no processo como irregularidades insanáveis em razão da
intempestividade.
No entanto, observo que essas ocorrências não causaram prejuízo à análise das
contas, haja vista que as informações pertinentes vieram aos autos com a prestação de contas
final ou com a retificadora, o que levou, inclusive, o controle interno a opinar, pela consignação
de ressalvas somente (item 1º do Parecer Conclusivo de Reanálise — ID 618987).
Não restam dúvidas que essas irregularidades se tratam de falhas formais que
não têm o condão de impor a desaprovação, mais apenas ressalvas na hipótese de aprovação
das contas, conforme precedentes desta Corte.
Conquanto evidenciado que tais gastos foram pagos em data posterior ao dia das
eleições (07/10/2018), ficou demonstrado no processo que as respectivas despesas foram
efetivadas antes da eleição, portanto, em conformidade ao disposto no art. 38, § 1º, da
Resolução TSE nº 23.553/2017, no sentido de que os gastos eleitorais se efetivam na data da
sua contratação, independentemente da realização do seu pagamento, e devem ser
registrados na prestação de contas no ato da contratação.
Vejo que os registros dessas despesas na prestação de contas foram feitos no dia
seguinte à realização delas, o que demonstra a intempestividade do ato, hipótese que, por não
ocasionar óbice à aferição das contas, implica somente em ressalvas, conforme registrou a
unidade técnica no item 2º do Parecer Conclusivo de Reanálise — ID 618987.
Assim, nos mesmos termos da ocorrência apontada no item 9.6.1, esta também
implica apenas a imposição de ressalvas nas contas (item 2º do Parecer Conclusivo de
Reanálise — ID 618987).
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Inicialmente, a análise técnica das ocorrências capituladas nestes dois itens levou
o controle interno a concluir por recomendar a desaprovação tendo em vista que, mesmo com
a apresentação da retificadora, o prestador das contas não lograra afastar as irregularidades
apontadas.
No tocante a este item (item 9.2.1), cabe destacar o seguinte. Quanto aos
recursos em espécie recebidos de terceiros através depósito bancário, observa-se nos autos
que o prestador das contas não se pronunciou a respeito da doação efetuada por Elson
Moreira Deiró em 15/10/2018, no valor de R$ 14.000,00 (quatorze mil reais), elencada no item
2.1 do relatório de diligência (ID 362087) e nos itens 9.2.1 e 9.5.1 do primeiro parecer
conclusivo.
Desse modo, citada doação se afigura irregular, pois não se demonstrou a origem
do valor cedido à campanha do candidato por Elson Moreira Deiró, porquanto o recibo
acostado aos autos com a ID 406887, registra depósito em dinheiro, e o prestador das contas
não comprovou que esse valor proveio do patrimônio do doador ou de outra fonte lícita.
(...)
(...)
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§ 3º As doações financeiras recebidas em desacordo com este artigo não
podem ser utilizadas e devem, na hipótese de identificação do doador, ser
a ele restituídas ou, se isso não for possível, recolhidas ao Tesouro
Nacional, na forma prevista no caput do art. 34 desta resolução.
[grifei]
Nesse contexto, embora demonstrado que o montante doado foi promovido pelo
próprio candidato, não restou comprovado no processo que esses valores tiveram como origem
o patrimônio do doador. Haja vista os comprovantes bancários juntados com a ID 406887
registrarem apenas que tais depósitos foram feitos em dinheiro por Elcirone Moreira Deiró (a
pessoa física do candidato). Assim, as doações em tela se afiguram como irregularidade grave,
com expressão bastante para desaprovação das contas.
Como bem anotou a unidade técnica, aludidas receitas por serem captadas de
forma irregular não poderiam ser utilizadas pelo candidato.
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Quanto à ocorrência deduzida no item 5.3 do relatório de diligência, esta alude à
falta de comprovantes de propriedade de bens estimáveis em dinheiro (veículos)
temporariamente cedidos à campanha.
Art. 27. Os bens e/ou serviços estimáveis em dinheiro doados por pessoas
físicas devem constituir produto de seu próprio serviço, de suas atividades
econômicas e, no caso dos bens, devem integrar seu patrimônio.
(...)
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I - A retificação das contas visando esclarecer equívoco, não constitui má-fé por
parte do prestador de contas de campanha. II - Caracterizada a aquisição do bem
móvel por meio da tradição, comprova-se a propriedade do veículo, para o "fim de
cessão de uso em campanha eleitoral.
(...)
Desses quinze cedentes, verifico que o prestador das contas não logrou
comprovar a propriedade da maioria dos veículos doados, pois o conjunto da documentação
trazida ao processo para tal finalidade trata-se apenas do contrato de cessão, declaração do
cedente que afirma ter comprado o veículo e, em alguns casos, declaração de testemunhas no
mesmo sentido. Esses documentos, a meu ver, não são bastantes para provar, pelo menos, a
propriedade de fatos dos referidos bens (veículos), de modo que as correspondentes cessões
continuam irregulares.
I — Não há como conhecer dos documentos juntados na fase recursal, pois verificado
nos autos que houve preclusão consumativa no momento em que o recorrente
apresentou documento na fase oportuna.
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II — Recursos caracterizados pela doação de trabalho de mobilização de rua como
cabos eleitorais são impossíveis de transitarem em conta bancária, por sua natureza
estimável em dinheiro. Dessa forma, quanto a este ponto, não houve vício algum.
IV — Nota fiscal emitida por erro do fornecedor, a qual foi cancelada, não possui
gravidade, a ponto de retirar a confiabilidade das contas e prejudicar sua análise. Tal
falha foi justificada pelo candidato recorrente, o que é suficiente.
[g.n.]
[g.n.]
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Conquanto citados julgados se arrimarem no art. 55, § 3º, I, da Resolução TSE n.
23.463/2015, esse permissivo encontra-se reproduzido no art. 63 da atual Resolução TSE n.
23.553/2017, verbis:
Art. 63. A comprovação dos gastos eleitorais deve ser feita por meio de
documento fiscal idôneo emitido em nome dos candidatos e partidos
políticos, sem emendas ou rasuras, devendo conter a data de emissão, a
descrição detalhada, o valor da operação e a identificação do emitente e do
destinatário ou dos contraentes pelo nome ou razão social, CPF ou CNPJ e
endereço.
Oportuno registrar que embora não comprovada a propriedade dos bens doados
pelos cedentes relacionados, o prestador das contas procedeu ao registro dos valores
correspondentes às operações na sua prestação de contas, de modo a atender ao disposto §
4º do art. 63 da reportada Resolução TSE n. 23.553/17:
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veículo cedido pertenceu à cedente até 16/10/2018, portanto após as eleições de 07/10/2018; e
a propriedade do veículo cedido por Marinaldo de Lima, veio ao processo (ID 587787) cópia do
documento oficial de transferência do veículo assinado com firma reconhecida por tabelião em
data de 24/06/2016.
I – pessoas jurídicas;
II – origem estrangeira;
É como voto.
EXTRATO DA ATA
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PRESTAÇÃO DE CONTAS n. 0601228-13.2018.6.22.0000. Origem: Porto Velho
– RO. Relatora: Juíza Úrsula Gonçalves Theodoro de Faria Souza. Assunto: Prestação de
Contas - De Candidato - Cargo - Deputado Estadual. Requerente: Elcirone Moreira Deiro.
Advogado: Luiz Felipe da Silva Andrade – OAB/RO n. 6175. Sustentação oral: Advogado Luiz
Felipe da Silva Andrade.
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