Por causa de seu núcleo feito de metal líquido, a Terra funciona como um
enorme ímã com pólos positivo e negativo. O campo magnético é a uma
"camada" de forças ao redor do planeta entre esses dois pólos.
"É o campo magnético que nos protege das partículas que vêm de fora,
especialmente do vento solar (que pode ser muito nocivo)", explica o geólogo
Ricardo Ferreira Trindade, pesquisador do Instituto de Astronomia e Geofísica
da Universidade de São Paulo (USP).
A questão, segundo Trindade, é que nos últimos dez anos ele tem "variado numa
velocidade muito maior do que variava antigamente".
Modelo de campo
A mudança está forçando os especialistas em geomagnetismo a atualizarem o
Modelo Magnético Mundial, espécie de mapa que descreve o campo magnético
no espaço e no tempo.
Segurança espacial
As causas
Os cientistas estão trabalhando para entender por que o campo magnético está
se modificando com tanta velocidade.
"O campo é todo variável e muito imprevisível", afirma a geóloga Marcia Ernesto,
também pesquisadora do Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade
de São Paulo (USP).
Segundo Philip W. Livermore, um dos autores do estudo, esse jato poderia estar
enfraquecendo o campo magnético no Canadá, enquanto o da Sibéria se
mantém forte, o que estaria "puxando" o norte magnético em direção à Rússia.
O campo é tão variável que o pólo norte e o pólo sul magnéticos já se inverteram
muitas vezes desde a formação do planeta.
A sua atual configuração é a mesma há 700 mil anos, mas pode começar a se
inverter a qualquer momento. Segundo Ernesto, essa inversão demoraria cerca
de mil anos.
"Pode ser que (a aceleração nas mudanças no campo) signifique que ele está
caminhando para uma inversão, mas não é certeza. Pode ser que seja apenas
uma aceleração momentânea", diz Márcia Ernesto