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2.1.

Generalidades

É bem maior que se pode julgar à primeira vista a profundidade das já


citadas palavras do poeta grego Píndaro: De todas as coisas, a melhor é a água.
Uma análise mais cuidadosa de suas características físicas, químicas e físico-
químicas será capaz de revelar fatos ao mesmo tempo estranhos, interessantes
e indispensáveis para a manutenção de qualquer das formas conhecidas de vida
no planeta Terra.
Com relação à sua estrutura química básica, aprende-se já na Química
ministrada nos cursos secundários que a água é constituída de um átomo de
oxigênio unido a dois átomos de hidrogênio através de ligações covalentes.
As propriedades químicas desse tipo de estrutura fariam com que se
esperasse que a água, nas condições ambientes, se apresentasse no estado
gasoso, não fosse o surgimento das denominadas pontes de hidrogênio.
Tal fenômeno surge em virtude da molécula da água (H-O-H) não ser
exatamente linear. O ângulo de ligação entre seus constituintes é de 105º, ao
invés de 180º, sendo suficiente para produzir um desequilíbrio elétrico na
molécula. O átomo de oxigênio torna-se parcialmente negativo, e os átomos de
hidrogênio tornam-se parcialmente positivos, propiciando que as moléculas de
água mantenham-se ligadas umas às outras por forças eletrostáticas. O mesmo
fenômeno não ocorre em compostos de estrutura química semelhante, tais como
o H2Se, H2Te, H2S e outros, que são gases nas condições ambientes.
Entretanto, não se consegue explicar de forma tão imediata outras
propriedades da água.
Assim, por exemplo, ao se observar sua curva densidade x temperatura,
verifica-se que não ocorre, como na maioria das demais substâncias conhecidas,
uma relação inversa entre as duas variáveis. Vê-se claramente (e constata-se
experimentalmente em atividades simples do cotidiano, como durante o degelo
de um refrigerador doméstico), que a água no estado sólido apresenta
densidade menor que no estado líquido. Sabe-se que sua maior densidade
ocorre em torno de 4ºC.
Diversas teorias, sumarizadas por Branco 3, buscam explicar essa anomalia,
responsável pelo não congelamento de todas as massas de água da terra
durante o inverno, inclusive dos oceanos, possibilitando a continuidade da vida
no planeta ao longo de toas as estações do ano. O conhecimento desta
característica particular da água é altamente relevante no estudo da limnologia e,
portanto, da qualidade da água dos lagos.
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É de grande importância, do ponto de vista hidráulico e sanitário, o
conhecimento de outras propriedades básicas da água, tais como: peso
específico, módulo de elasticidade, viscosidade, tensão de vapor, tensão
superficial e calor específico 12.
Em obras clássicas de Ecologia Aplicada, Branco 3 e Rocha 10 descrevem,
de forma didática e atraente, a importância de cada uma dessas propriedades.

2.2. A água: solvente universal

Quase todas as substâncias, em maior ou menor concentração, podem ser


dissolvidas pela água.
Essas substâncias conferem-lhe características peculiares, que a tornarão
própria ou imprópria para consumo humano ou industrial.
É evidente, portanto, que não haja água pura na Natureza, do ponto de vista
químico. Aliás, para fins de abastecimento de água, é até desejável que isto
ocorra. A água quimicamente pura é insípida e imprópria para consumo, uma
vez que seria agressiva para muitos materiais constituintes das unidades dos
sistemas de abastecimento e, teoricamente, capaz de alterar o equilíbrio
osmótico do organismo humano.
A água potável é, portanto, uma solução, praticamente incolor, agradável à
vista e ao paladar. Traz dissolvida consigo, entre outras substâncias, silicatos,
bicarbonatos, íons metálicos e halogênios, cujos teores variam de local para
local (poder-se-ia dizer que é praticamente impossível encontrar dois mananciais
com águas cujas análises de laboratório apresentassem resultados idênticos),
algumas das quais são adicionadas nas estações de tratamento de água (entre
as quais destacam-se o cloro desinfetante, alcalinizantes destinados a reduzir a
agressividade da água e íons fluoreto adicionados para a redução da incidência
da cárie dentária em crianças de idade escolar).
Através das análises de laboratório realizadas em amostras de água in
natura pode-se reconstituir partes importantes de sua história, em vista de
substâncias nela contidas e que terão sido dissolvidas em seu percurso.
Para melhor caracterizar a afirmação anterior, procurar-se-á descrever, em
seguida, de modo singelo, o ciclo das águas naturais 8.
Para efeitos práticos, pode-se admitir que a água precipitada pelas chuvas
seja pura.
Ao cair, ela absorve os gases e vapores normalmente presentes na
atmosfera, notadamente: oxigênio, nitrogênio e gás carbônico.
Ao atingir a terra, parte da água filtrada infiltra-se, indo constituir as reservas
subterrâneas, e outra parte escoa sobre a superfície, indo mais tarde atingir os
lagos e os cursos d’água.
Cessada a chuva, cessa também o escoamento superficial resultante.
Contudo, os lagos e cursos d’água perenes não se extinguem, pois são
abastecidos pelos mananciais subterrâneos.
Ao escoar sobre o solo, de forma temporária, durante as chuvas, ou de
forma contínua, nos cursos d’água perenes, a água leva consigo parte dos
constituintes desse solo, sob forma de suspensões ou soluções. Evidentemente,
2-2
esses constituintes, bem como suas concentrações, dependerão das
características geológicas, topográficas e da natureza do uso do solo.

Fig. 2.1 – O ciclo das águas (adaptado de Fair, Geyer e Okun 7)

Em regiões calcárias, a água dissolverá carbonatos, enquanto que em solos


cristalinos a concentração desses compostos será menor.
Solos sobre os quais desenvolvem-se atividades agrícolas intensas,
compreendendo operações de aragem, fertilização artificial, aplicação de
biocidas, plantio e colheita, conferirão à água concentrações de matérias em
suspensão e produtos químicos sintéticos, capazes de condenar sua utilização
para abastecimento público doméstico.
Por outro lado, águas provenientes de lagos naturais, ou de lagos artificiais
construídos com os cuidados recomendados pela boa técnica 5, quase sempre
apresentam baixas concentrações de matérias em suspensão. Em alguns casos,
entretanto, são aí encontradas algas e outros organismos capazes de conferir-
lhes odores e sabores, sobretudo em épocas determinadas do ano em que
encontram condições favoráveis para se reproduzirem de forma excepcional.
No caso de águas superficiais de baixa velocidade, sobretudo em brejos e
pântanos, a decomposição da matéria orgânica contribui para o aumento da cor,
do sabor e do odor da água. Publicações especializadas têm apresentado
artigos a respeito da presença de compostos orgânicos naturais que, ao se
combinarem com o cloro adicionado nas estações de tratamento, formam
compostos denominados trihalometanos, apontados como substâncias
possivelmente carcinogênicas. Para evitar essa formação, devem ser tomadas
medidas especiais durante o tratamento da água 9,11.
As águas superficiais também arrastam consigo diversos microrganismos de
vida livre, bem como outros típicos do trato intestinal de animais de sangue
quente. Sua presença é detectável pelas análises bacteriológicas de rotina.

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Números elevados desses microrganismos podem indicar a presença de algum
ponto de lançamento de esgoto orgânico a montante.
Entre esses organismos, assumem importância especial, do ponto de vista
sanitário, as bactérias do grupo coli (ao qual pertencem as do gênero
Escherichia) que são habitantes normais do intestino humano e de outros
animais homeotermos. Incluem-se nesse grupo também outras espécies
capazes de viver e reproduzir-se em vida livre, como habitantes do solo. É
possível, entretanto, fazer a distinção, no laboratório, entre os dois tipos.
Cabe observar que essas bactérias não causam, em geral, danos ao seu
hospedeiro, mas admite-se que sua ocorrência na água esteja associada à
presença de organismos patogênicos.
Dessa forma, costuma-se considerar que as águas que contenham mais de
1 bacilo coli por 100 mililitros são impróprias para consumo, devendo sofrer, pelo
menos, desinfecção prévia 4.
Existem, além disto, limites pré-estabelecidos por instrumentos legais para a
concentração de coliformes em águas naturais, acima dos quais considera-se
que o tratamento convencional é insuficiente para a sua potabilização 6 (ver
também o Anexo 13 desta publicação).
A parcela de água que se infiltra no solo vai constituir as reservas
subterrâneas.
Em seu caminho, a água absorve e libera gases, interagindo com o
ambiente circundante, conforme sua natureza.
Em solos férteis, ela desprenderá o oxigênio dissolvido e absorverá o gás
carbônico. Ocorrerá, em conseqüência, a abaixamento do pH, e a dissolução de
alguns minerais do solo.
Evidentemente, a água atingirá os lençóis subterrâneos trazendo consigo as
substâncias solúveis presentes nas sucessivas camadas do solo que terá
atravessado, variáveis de região para região, podendo conter íons Ca+2 e Mg+2,
entre outros, responsáveis pelo aumento da denominada dureza da água, e
associados principalmente a bicarbonatos, sulfatos e cloretos.
Poderá conter também ferro e manganês, capazes de encardir louças e
tecidos, entre outros efeitos 1.
Por outro lado, a filtração natural elimina, na maioria dos casos, a matéria
orgânica e os microrganismos 8.
Com menor freqüência, podem ser encontrados nas águas subterrâneas
gases dissolvidos, tais como: gás sulfídrico e metano, resultantes da
decomposição de matéria orgânica.
De modo geral, a água subterrânea é potável, ou necessita pequenas
correções em sua composição para se tornar potável. Na maioria dos casos, o
tratamento da água subterrânea inclui apenas instalações de cloração, de forma
a assegurar-lhe proteção para o caso de ocorrência de pequenas e eventuais
contaminações no sistema distribuidor, e a adição de algum alcalinizante, com
vistas a eliminar sua agressividade, caso necessário.
Algumas vezes, é necessário remover o ferro, sempre que esse metal
estiver presente em concentrações inaceitáveis.

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Com menor freqüência, poderá ser necessário remover o manganês e
certos gases dissolvidos, e reduzir a concentração de fluoretos.
É preciso estar atento, entretanto, à possibilidade de contaminação do lençol
subterrâneo, especialmente do freático.
O lençol freático é especialmente sujeito à contaminação, especialmente à
bacteriológica, que pode originar-se do contato indireto com fossas ou cursos
d’água que recebam lançamentos de esgoto sanitário.
Poços profundos mal construídos costumam buscar corretamente a água do
aqüífero confinado, sob a camada impermeável do solo, mas ao atingirem a
camada impermeável, instalam filtros nesse local, com o objetivo de aproveitar
também a água do aqüífero livre (freático). Caso esse lençol esteja contaminado,
a instalação do filtro terá comprometido a boa qualidade da água do poço e,
possivelmente, estabelecido a contaminação do aqüífero confinado.
Vignoli Filho elaborou interessante levantamento em poços no estado de
Minas Gerais, tendo encontrado contaminação bacteriológica em diversos deles
13,14
.

2.3. Distribuição da água sobre a Terra

Sabe-se que grande parcela da superfície da Terra é coberta pelos oceanos,


e que os maiores desníveis existentes em nosso planeta estão submersos.
Ainda assim, torna-se de certa forma compreensível que se considerasse
inesgotáveis os recursos hídricos, e que tão pouca importância fosse atribuída à
sua conservação.
Uma análise mais cuidadosa da forma que a água se distribui sobre a Terra
certamente contribuirá para que o leitor compreenda melhor a real magnitude
dos recursos hídricos utilizáveis para abastecimento.
Azevedo Netto descreve, de forma particularmente interessante, como se
distribui a água sobre a Terra 2. Reproduz-se essa descrição a seguir.
Os oceanos contêm 97,4% de toda a água do planeta. Como água doce
sobram apenas 2,6%.
De toda a água doce existente (2,6%), a maior parte (2,3%, ou seja, 90% do
total) não se aproveita: a água encontra-se nas geleiras polares e glaciais e
também no sub-solo, em grandes profundidades (abaixo de 800 m).
A água aproveitável corresponde apenas a 0,3% do total, e em toda essa
parcela os rios e lagos somam apenas 0,01%. Quase toda a água aproveitável
encontra-se nos lençóis subterrâneos.
Essa grande parcela de água doce disponível no subsolo, aliada à sua boa
qualidade na maioria dos casos, explica o porquê de se procurar, em primeiro
lugar, sempre que possível, os mananciais subterrâneos para o abastecimento
público.
Evidentemente, nem sempre eles serão a solução almejada, em vista, entre
outros fatores, das características hidrogeológicas da região (a maioria dos
terrenos de Minas Gerais, por exemplo, apresenta sub-solo constituído de
aqüíferos pobres) quando confrontadas com a demanda a ser atendida.

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São então aproveitados os recursos hídricos superficiais, principalmente
para o abastecimento de centros urbanos de maior porte.

Questões para recapitulação


(Respostas no final deste Item)

Assinale a(s) alternativa(s) fala(s) ou verdadeira(s):


1. O fenômeno denominado pontes de hidrogênio surge em virtude da molécula
de água (H-O-H) não ser exatamente linear.
2. A água no estado sólido apresenta densidade maior que no estado líquido.
Sabe-se que sua menor densidade ocorre em torno de 4ºC.
3. Quase todas as substâncias, em maior ou menor concentração, podem ser
dissolvidas na água.
4. A água potável é uma solução, praticamente incolor, agradável à vista e ao
paladar.
5. Ao cair, sob forma de chuva, a água absorve os gases e vapores
normalmente presentes na atmosfera, notadamente oxigênio, nitrogênio e
gás carbônico.
6. Em regiões calcárias, a água dissolverá carbonatos, enquanto que em solos
cristalinos a concentração desses compostos será menor.
7. Águas provenientes de bacias hidrográficas cobertas por vegetação nativa e
permanente serão quase sempre de boa qualidade, podendo ser
potabilizadas com os recursos oferecidos por uma instalação convencional
de tratamento de água.
8. Algas e outros organismos presentes em águas de lagos poderão conferir-
lhes odores e sabores.
9. A decomposição da matéria orgânica contribui para o aumento da cor, do
odor e do sabor da água.
10. Publicações especializadas têm apresentado artigos a respeito da presença
de compostos orgânicos naturais que, ao se combinarem com o cloro
adicionado nas estações de tratamento, formam compostos denominados
trihalometanos, apontados como substâncias possivelmente carcinogênicas.
11. As bactérias do grupo coli (ao qual pertencem as do gênero Escherichia) não
são habitantes normais do intestino humano. Incluem-se nesse grupo
também outras espécies capazes de viver e reproduzir-se em vida livre,
como habitantes do solo, não sendo possível fazer a distinção, em
laboratório, entre os dois tipos.
12. Bactérias coliformes causam, em geral, danos irreparáveis ao seu
hospedeiro.
13. Ferro e manganês são capazes de encardir louças e tecidos, entre outros
efeitos.
14. De modo geral, a água subterrânea é potável, ou necessita pequenas
correções em sua composição para se tornar potável.
15. É preciso estar atento à possibilidade de contaminação do lençol
subterrâneo, especialmente do freático.
16. O lençol freático é imune à contaminação, inclusive à bacteriológica.
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17. Os oceanos contêm 97,4% de toda a água do planeta. Como água doce
sobram apenas 2,6%.

Respostas:
1(v); 2 (f); 3(v); 4(v); 5(v); 6(v); 7(v); 8 (v); 9(v); 10(v); 11(f); 12(f); 13(v); 14 (v);
15(v); 16(f);17(v)

Referências bibliográficas

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