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Edição No 13/2016 - Junho - Distribuição Gratuita

SÃO ILEGAIS AS MEDIDAS


CONTRA PROFESSORES E
TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO
QUE ENGRAVIDAM ALUNAS –
Despacho n.º 39/GM/2003, de 05 de Dezembro

Crédito: www.shutterstock.com & .www.youtube.com

A Instrução Ministerial n.º 5/2016 de 27 de Abril e o antecessor


Despacho n.º 39/GM/2003 de 05 de Dezembro são ambos ilegais e
não irão atingir os objectivos que se pretendem, se não prejudicar o
normal decurso do processo de ensino-aprendizagem.
anti-corrupção l Boa governação l transparência l anti-corrupção l Boa governação
Crédito: www.beyondblackwhite.com
Por: Baltazar Fael e Egídio Rego

F oi publicado pelo então Ministério


da Educação e assinado pelo na
altura Ministro do pelouro, Alcido
Eduardo Nguenha, o Despacho n.º 39/
GM/2003, de 05 de Dezembro, onde se
plinar movido contra o mesmo e quando
este já fosse, por conseguinte, conside-
rado como arguido. Ademais, a medida
era válida (e continua a valer no estatuto
em vigor) por um período de sessenta
enquadrável nos factos descritos no n.º
1 do referido Despacho. Isto é, a alínea
a) do n.º 1 do Artigo 183 do EGFE dis-
põe que a pena de demissão será aplicá-
vel nos seguintes casos: “Procedimento
faz alusão no n.º 1 do diploma legal re- dias, só prorrogável a título meramen- atentatório ao prestígio e dignidade
ferido que se “Manda suspender dos te excepcional e, concomitantemente, da função”.
serviços e vencimentos e, constituir quando existissem fortes indícios de cul- Portanto, exceptuando as infracções a
infractores, em processo disciplinar, pabilidade e à infracção fosse aplicável a que caibam penas de advertência e re-
os docentes e outros trabalhadores da pena de demissão ou de expulsão – n.º preensão pública, que poderão ser apli-
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educação, ligados às escolas, que en- 1 do artigo 198 do Estatuto Geral dos cadas sem dependência de processo
gravidem alunas afectas a essa mes- Funcionários do Estado (EGFE). disciplinar, as restantes implicam neces-
ma escola, assim como aos que asse- Em primeiro lugar, o Despacho n.º 39/ sariamente a sua instauração – n.º 1 do
diam sexualmente estudantes”. GM/2003 não fixa o período de duração artigo 194 do EGFE.
Se, por um lado, é de concordar que a da suspensão. Assim, o despacho violava Por via disso, segundo o preconizado no
prática descrita é prejudicial ao processo o EGFE, que fixava o período de ses- já citado n.º 1 do Artigo 198 do EGFE,
de aprendizagem das alunas, por outro, senta dias (prorrogável excepcionalmen- não se podem aplicar tais medidas (de
esta medida parece ilegal a todos os ní- te), o que quer dizer que tais medidas po- suspensão dos serviços e vencimentos)
veis. diam durar “ad eternum” ou o tempo sem que haja sido aberto o competente
Ora, o Despacho n.º 39/GM/2003 já se que quem estivesse encarregado da sua processo disciplinar, senão constituiria
mostrava ilegal aquando da vigência do implementação o desejasse, o que para uma flagrante violação ao referido es-
Estatuto Geral dos Funcionários do Es- uma medida cautelar não é de acolher. tatuto que, em termos de hierarquia das
tado (EGFE) aprovado pelo Decreto n.º Por isso, deve-se fixar o tempo de dura- leis, é superior a um simples Despacho
14/87, de 20 de Maio, na medida em que ção da medida. ou Instrução Ministerial, aos quais se
a suspensão do funcionário do Estado No que tange à conduta que se considera ataca a sua falta de legalidade, por aquele
e dos respectivos vencimentos só podia reprovável, o que se observa é que, por ter sido aprovado por um decreto que
surgir no âmbito de um processo disci- via do EGFE feito referência, aquela é tem categoria superior quando compa-

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rado aos outros (Despacho e Instrução GM/2003 não pode contrariar o dispos- De modo que o diploma legal em causa
Ministerial). Quer isto dizer que um di- to no EGFE por ser um diploma legal já era e devia ter sido considerado ilegal
ploma legal de hierarquia inferior não de hierarquia inferior e nem o pode re- por violar gravosamente o EGFE que
revoga outro de hierarquia superior. vogar, salvo se essa for a vontade expres- estava em vigor na altura da sua apro-
Assim sendo, o Despacho n.º 39/ sa e inequívoca do legislador. vação.

Despacho n.º 39/GM/2003 de 05 de Dezembro

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Actualmente a Instrução Ministerial n.º 5/2016
enferma do mesmo vício de ilegalidade por
continuar a violar o Actual Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE)
Para reforçar o Despacho n.º 39/ Despacho. processo disciplinar, os docentes e
GM/2003 foi produzida a Instrução Quer isto dizer que a Instrução Minis- outros trabalhadores da educação
Ministerial 5/2016, de 27 de Abril, terial em causa se cinge “ipsis verbis” …”, então se depreende que se pode
assinada pelo actual Ministro da Edu- no estatuído no n.º 1 do Despacho n.º suspender aprioristicamente o funcio-
cação e Desenvolvimento Humano, 39/GM/2003 e no artigo 87 do actual nário ou trabalhador da educação e só
Luís Jorge Ferrão. No entanto, e mais EGFAE que também reproduz na ín- depois abrir-se um processo discipli-
uma vez, este diploma legal vem de tegra o preconizado no n.º 1 do já re- nar, o que a acontecer constituiria uma
forma continuada violar o agora de- ferido artigo 183 do revogado EGFE. violação grosseira do EGFAE.
signado Estatuto Geral dos Funcio- Portanto, para que sejam aplicadas as O procedimento correcto é abrir o
nários e Agentes do Estado (EGFAE) medidas de suspensão do funcionário processo disciplinar e depois disso, e
aprovado pela Lei n.º 14/2009, de e dos respectivos vencimentos, obriga- havendo fundamento que se consubs-
17 de Março, que revogou o anterior se que haja prévia instauração do com- tancia na possibilidade de aplicação de
EGFE, nos mesmos termos. Assim é, petente processo disciplinar. uma medida de demissão ou expulsão,
porque os fundamentos não divergem A medida de suspensão deve ser apli- aplicar as medidas de suspensão da ac-
em nenhuma medida do que vigorava cada em decorrência de um anterior tividade do funcionário e dos respecti-
no anterior estatuto em vigor na altu- processo disciplinar ou como conse- vos vencimentos e não o contrário, isto
ra da aprovação do Despacho n.º 39/ quência deste e não surgir previamente. é, suspendê-lo primeiro e depois abrir
GM/2003, conforme preconizado no Se atendermos que o que preconiza o o processo disciplinar.
artigo 87 do actual EGFAE que fixa referido n.º 1 do Despacho é que “são Portanto, a Instrução Ministerial n.º
a mesma medida que se pode enqua- suspensos dos serviços e vencimen- 5/2016 ao invés de sanar a ilegalidade,
drar no respectivo n.º 1 do já referido tos e, constituídos infractores, em reforça-a.

Implicações pedagógicas
e de natureza administrativa
A instrução “suspensiva” do MINE- funcionamento da instituição. na falta orçada ou forçada de docentes,
DH, afora o seu lado dissuasor de prá- l Por assédio ou gravidez de uma aluna coloca os alunos carecentes sob a re-
ticas que atentam contra a integridade e fica sem aulas uma turma ou mais, numa gência dum professor já ocupado, o que
dignidade das raparigas em situação de disciplina ou mais, quando os seus pro- multiplica a carga de trabalho e o esforço
estudantes, tem previsivelmente implica- fessores, já de hábitos mais ou menos deste, com a consequente e conhecida
ções pedagógicas prejudiciais aos alunos absentistas, forem suspensos das activi- queda da qualidade de ensino-aprendi-
da escola em que se registe o assediar se- dades de leccionação. zagem.
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xualmente ou o engravidar alunas. Senão, l A instrução do MINEDH sai num Outrossim, os alunos poderão ficar desti-
veja-se: contexto de frequente descontinuação tuídos dos cuidados de higiene e seguran-
das aulas ora devido a intempéries1, ora ça das instalações escolares e dos servi-
l Por assédio ou gravidez de uma alu- devido a presença de indivíduos armados ços de apoio administrativo da Secretaria
na fica sem professor toda uma escola com fins belicosos2, ora devido a pobre- e Direcção, uma vez que a suspensão não
primária ou secundária que, muitas vezes, za3, de modo que se poderá agravar a si- é só tomada contra docentes, mas tam-
só a muito custo e tardiamente consegue tuação de alunos sem aulas. bém contra “outros trabalhadores da
completar o corpo docente para o normal l Muitas vezes as direcções escolares, Educação, ligados às escolas”.

1
In http://www.dw.com/pt/milhares-de-alunos-ao-relento-devido-às-cheias-em-moçambique/. Disponível em 08/06/2016
2
Vide, a título ilustrativo, o jornal Notícias, nº 29753, de 06/06/2016, p 7.
3
In http://www.voaportugues.com/a/nampula-escolas-pobreza-abandono-escolar/3227598.html. Disponível em 01/06/2016
.

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anti-corrupção l Boa governação l transparência
Crédito: www.timeslive.co.za
Dúvidas que Ficam…
A Instrução Ministerial nº 5/2016 de 27 Três) A Instrução Ministerial nº
de Abril (“atinente às medidas que 5/2016, de 27 de Abril, não diz que
devem ser tomadas contra docentes anula o Despacho nº 39/GM/2003;
e outros trabalhadores da educação E se for maior antes pelo contrário, cita-o, reitera-o e
que engravidam alunas”) levanta dú- reforça-o. Ora, esse Despacho veda a
vidas para as quais é bom que se chame de 18 anos a frequência no curso diurno às alunas
a atenção do Ministro Jorge Ferrão, que aluna assediada que são engravidadas, mesmo que estas
assina o supra-citado documento: sejam as menores do nível médio e as
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Um) O documento peca no sentido


ou engravidada muito menores ainda dos níveis básico
de que manda suspender dos serviços pelo docente e e elementar. Ora, continuaremos a alve-
e vencimentos e constituir infractores, funcionário não jar o transgressor (com a suspensão do
em processo disciplinar, os docentes e serviço e do vencimento do professor)
outros trabalhadores da educação que docente, o autor juntamente com a vítima (com a expul-
engravidam ou assediam sexualmente contínua passível são da menor para o curso nocturno)?
alunas da escola onde eles trabalham. Quatro) O curso nocturno vai conti-
Um docente ou qualquer outro traba- da aplicação das nuar a ser o irmão réprobo do curso
lhador da Educação pode cometer estas referidas medidas e diurno, ao continuar a receber deste as
infracções contra as alunas doutras es- alunas lá rejeitadas?
colas e ficar impune? da instauração de um Cinco) E como será com as alunas que
Dois) E se for maior de 18 anos a aluna processo disciplinar, se engravidarem no curso nocturno, já
assediada ou engravidada pelo docente que as diurnas são expulsas para aqui?
e funcionário não docente, o autor con- atendendo que ela é E com os professores que no curso
tínua passível da aplicação das referidas adulta? nocturno engravidarem ou assediarem
medidas e da instauração de um processo alunas menores?
disciplinar, atendendo que ela é adulta? O Despacho de 2003 assevera que

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Crédito: www.foxnews.com
“As dúvidas decorrentes da inter- ministerial), em vez de saná-las, reedita
pretação e aplicação do presente as dúvidas e as injustiças contra a rapa-
despacho serão sanadas sob forma riga! Talvez mais 13 anos sejam neces-
de despacho do Ministro da Edu- sários para se “descobrirem” medidas
cação.” Passados 13 anos, o novo tendentes a proteger verdadeiramente
despacho do MINEDH (ou instrução as raparigas que ousam estudar…
Como será com
as alunas que se
engravidarem no
Será que o Despacho e a curso nocturno, anti-corrupção l Boa governação l transparência
Instrução Ministerial Ilegais já já que as diurnas
Alguma Vez Foram Aplicados? são expulsas para
aqui? E com os
A questão que se coloca agora é a de sa- da Educação já terá sido suspenso em
professores que
ber se estes instrumentos legais já foram decorrência da aplicação dos referidos no curso nocturno
ou não aplicados contra os docentes diplomas legais.
que se encontravam ou se encontram As dúvidas surgem e adensam-se por-
engravidarem ou
nas situações que aqueles prescrevem. que já passam quase 13 anos desde que assediarem alunas
Se o foram, tais medidas são ilegais e, se o Despacho n.º 39/GM/2003 foi apro- menores
estão a ser aplicados a factos actuais, os vado e entrou em vigor e o mesmo vem
mesmos devem ser suspensos. em 2016 a ser reforçado, o que indicia
Tal questão surge porque não temos que o primeiro continua em vigor, mes-
conhecimento, pelo menos público, mo que enfermado do vício de ilegali-
de que algum funcionário do sector dade aqui aludido.

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Por Borges Nhamire e Winass Macuvel*
Através do programa de jornalismo investigativo, o Centro
O Conselho Municipal da Cidade de Inhambane (CMCI) de Integridade Pública (CIP) apurou detalhes documenta-
adjudicou uma mesma obra a dois empreiteiros, num dos e fundamentais do processo que evidenciam má conduta
processo com fortes indícios de sobrefacturação e claro do município neste processo. O presidente do município de
desrespeito às regras do procurement público. Trata-se Inhambane prestou informação ao CIP e confirmou ter co-
da empreitada de reabilitação e arrelvamento do cam- metido algumas falhas. Afirma, porém, ter conduzido o pro-
po de futebol 11 de Muelé que foi adjudicada, em 2014, cesso em defesa do interesse público.
a uma empresa denominada Conexão Multi-Serviços,
com valor pouco acima de 7 milhões de meticais. Em
2015, o município voltou a adjudicar a mesma obra a um Da primeira adjudicação
segundo empreiteiro, desta feita à Sidat Sport, e com um à suspensão das obras
valor de contrato acima de 16 milhões de meticais. Esta
segunda adjudicação não foi precedida de concurso pú- O Conselho Municipal da Cidade de Inhambane lançou con-
blico e a obra está a ser executada sem o visto do Tribu- curso em 2014 para seleccionar uma empresa que procedesse
nal Administrativo. Assim, o município de Inhambane ao arrelvamento do campo de futebol 11 de Muelé. A em-
está prestes a pagar 23 milhões de meticais por uma presa apurada foi a Conexão Multi-Serviços, com quem o
obra que poderia ter cerca de um terço deste valor.

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Informação Editorial

Director: Adriano Nuvunga Contacto:


Equipa Técnica do CIP: Anastácio Bibiane, Center for Public Integrity (Centro de
Baltazar Fael, Borges Nhamire, Celeste Filipe, Integridade Pública, CIP)
Edson Cortez, Egídio Rego, Fátima Mimbire, Bairro da Coop, Rua B, Número 79
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Assistente de Programas: Nélia Nhacume Tel.: +258 21 41 66 25
Propriedade: Centro de Integridade Pública Cell: +258 82 301 6391
Fax: +258 21 41 66 16
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Website: www.cip.org.mz

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