subsídios para
conjuntura agrária
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 3
1.5 LISTA DOS PRINCIPAIS PROJETOS RELACIONADOS À DISPUTA DE MODELOS PARA O CAMPO ............. 15
2. REFORMA AGRÁRIA.......................................................................................................................... 19
2.1 ANÁLISE DA PROPOSTA DE DECRETO QUE REDUZ A REFORMA AGRÁRIA A UM NEGÓCIO.................. 20
3. CRIMINALIZAÇÃO NO CAMPO........................................................................................................ 25
3.1 VIOLÊNCIA NO CAMPO E CRIMINALIZAÇÃO DO MST: BALANÇO
DE 2017 E PERSPECTIVAS PARA 2018.......................................................................................................... 26
3.2 ERA TEMER JÁ TEM MAIS DE 100 ASSASSINATOS POR CONFLITOS AGRÁRIOS..................................... 29
4. REFORMA GOLPISTA......................................................................................................................... 31
4.1 REFORMA DA PREVIDÊNCIA FOI ARQUIVADA PELO POVO, AFIRMAM DIRIGENTES.............................. 32
5. CAMPO UNITÁRIO............................................................................................................................. 35
5.1 RELATÓRIO DO SEMINÁRIO NACIONAL DO CAMPO UNITÁRIO............................................................. 36
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Passado o carnaval, as baterias do gover- teresses das empresas, tendo como priorida-
no e da bancada de sustentação ativam suas de este ano estes pontos : Reforma do PIS/
ações na retirada de direitos e na entrega do COFINS e a simplificação tributária, Au-
patrimônio público e da nossa soberania, por tonomia do Banco Central, Marco legal de
Brasília, principalmente com o retorno dos licitações e contratos, Nova lei de finanças
trabalhos no congresso nacional. públicas, Regulamentação do teto remune-
ratório, Privatização da Eletrobrás, Redução
Numa manobra de marketing, o governo
da desoneração da folha, Atualização da Lei
derrotado nas ruas e nos blocos de carnaval
Geral de Telecomunicações, Extinção do
retirou a pauta da Reforma da Previdência
Fundo Soberano e outros pontos mais.
para pautar o tema da segurança publica com
uma intervenção Militar no Rio de Janeiro, Com estes pontos apresentados e com a
acirrando ainda mais o fosso da desigualda- continuidade da crise econômica e politica a
de e da criminalização, desta vez colocando tendência do calendário de lutas este ano seja
no centro do poder politico da crise o Exér- ainda mais acirrado tendo que levarmos em
cito Brasileiro que depois de anos assuem o conta o processo eleitoral e a copa do mundo,
comando do ministério da Defesa e com isso por estas razões e pelo aprofundamento da
relocando o ministro interventor Jungmann crise social e ambiental que os movimentos
para o recém-criado ministério da Segurança tende a construir também uma pauta insti-
publica. tucional para enfrentar os desmontes do go-
verno e sua força. Este documento organiza-
Com esta manobra o governo muda a
do pelo escritório e Brigada Adão Pretto que
pauta e poderá fazer meia reforma da previ-
atua no Congresso Nacional busca alinhar
dência por decretos em pontos que não seja
estes pontos de enfrentamento institucional
necessário a aprovação do congresso e ao
e na construção de bandeiras de lutas sociais.
mesmo tempo tenta puxar parte da socieda-
de em defesa da pauta do suposto combate A luta pela democracia e pelo direito a
ao crime organizado Lula ser candidato será sem duvida uma das
mais fortes bandeiras nas ruas e por isso es-
Na pauta econômica segue o avanço de
tamos neste campo de batalha com as demais
uma politica voltada para o mercado acele-
organizações politicas do campo popular, e
rando de qualquer forma a privatização dos
precisamos seguir acompanhando o avanço
passivos ambientais e da nossa estatais elé-
do projeto do agronegócio no congresso na-
tricas como o caso da Privatização da Eletro-
cional e na esfera do executivo para poder
brás
entender e construir na luta com as demais
Além-claro da pauta apresentada logo em organizações do Campo Unitário e da Frente
seguida para a sociedade e para aprovação Brasil Popular nossas táticas de lutas, para
do congresso que vem dar mais solidez as fazer um enfrentamento ao Projeto de lei
politicas neoliberais deste governo ilegítimo que quer transformar ocupação rural e urba-
e de um congresso que defende apenas os in- na em terrorismo, mas também precisamos
3
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
4
1
Projeto do golpe e
do agronegócio no
congresso nacional
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
https://www.cartacapital.com.br/
O perfil dos deputados e senadores eleitos em 2014 surpreendeu por ter sido o mais con-
servador desde o golpe de 1964, frustrando a expectativa criada pelas manifestações iniciadas
de junho do ano anterior. Para 2018, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamen-
tar (Diap) arrisca um prognóstico para o pleito de outubro e, assim, evitar nova surpresa: o
fenômeno conservador será potencializado pelo aumento das bancadas ruralista, religiosa,
empresarial e da bala.
Segundo ele, o crescimento conservador deve acirrar a tensão sobre temas como a redu-
ção da maioridade penal, a revisão do estatuto do desarmamento e a imposição de barreiras
a discussões envolvendo questões de gênero. “Todas as bancadas conservadoras estão se pre-
parando para aumentar. Será um Congresso pior que o atual”, afirma.
ENOVAÇÃO FRUSTRADA
O diretor do Diap avalia também que haverá frustração no desejo de renovação do Con-
gresso desejado pela sociedade. Este será o efeito direto de mudanças feitas pelos atuais parla-
mentares na legislação eleitoral. Queiroz estima uma redução no índice de renovação - abaixo
dos 50% desde 1994.
6
1. PROJETO DO GOLPE E DO AGRONEGÓCIO NO CONGRESSO NACIONAL
Os prefeitos precisarão escolher entre novos e velhos aliados, que devem ser favorecidos
pela distribuição de emendas parlamentares. Cada deputado tem direito a R$ 14,8 milhões por
ano para destinar a cidades de sua base eleitoral. No total, as emendas formam bolo de R$ 8,8
bilhões em 2018, disputado por prefeitos de todo o país.
FORO PRIVILEGIADO
De acordo com o Diap, o índice tradicional de 20% de deputados que não buscam a ree-
leição deve cair. Com isso, a renovação será prejudicada. O cálculo é de que a cada cem depu-
tados em reeleição, 80 conseguem renovar o votos para permanecer na Câmara. Uma peneira
com mais mandatários na disputa dificulta a passagem de candidatos em busca do primeiro
mandato.
O foro deve levar alguns senadores a desistir da reeleição para tentar uma vaga na Câ-
mara. “O que vai ocorrer é uma circulação no poder com o cara que é senador saindo para
deputado”, diz o diretor do Diap.
Serão 54 das 81 cadeiras em disputa no Senado, contra 513 vagas para a Câmara. “Na
nossa simulação, devem se reeleger de 21 a 25 senadores. Será menos de 50% de reeleição”,
afirma. “Haverá uma renovação a partir de celebridades, parentes [de políticos] e ocupantes
de cargos públicos em outras estruturas como ex-prefeitos.”
7
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
O ano de 2017 foi a consolidação do golpe na parte institucional do Congresso e nas ações
do governo federal. Ficaram escancarados os objetivos do golpe, o projeto político de entrega
das riquezas do País, a expansão da miséria e do desemprego e os retrocessos na garantia dos
direitos humanos, numa corrida sem fim para a aprovação de leis que impedem a maioria do
povo brasileiro de acessar políticas públicas.
Nos últimos anos, as bancadas ruralista, da bala e evangélica têm ocupado espaços em di-
versas comissões da Câmara dos Deputados. Historicamente, os ruralistas sempre priorizam a
Comissão de Agricultura, mas estão migrando para a outras comissões, como Meio Ambiente,
Direitos Humanos e a de Constituição e Justiça com o objetivo de aprovar seus projetos.
Com o golpe, essas forças intensificaram sua atuação, que teve como resultado a criação
da CPI da Funai e Incra (que no seu relatório final pediu o indiciamento de mais de 100 pesso-
as, entre lideranças indígenas, quilombolas, Sem Terra, servidores públicos, procuradores da
República e religiosos), MP 759 (regularização fundiária rural e urbana), alteração no Estatuto
do Desarmamento (liberação das armas no rural), mudanças nos limites de parques e unida-
des de conservação na Amazônia, alteração da legislação da mineração, decretos legislativos
que cancelam os decretos de desapropriação da reforma agrária, reconhecimentos de territó-
rios quilombolas e terras indígenas (assinados pela então Presidente Dilma em abril de 2016),
alteração na lei de cultivares, alteração da Lei do Funrural (perdão das dívidas do ruralistas e
de suas empresas).
8
1. PROJETO DO GOLPE E DO AGRONEGÓCIO NO CONGRESSO NACIONAL
Com a aprovação da PEC dos tetos dos gastos em 2016, que congela o orçamento da
União por 20 anos, a proposta orçamentária aprovada para este ano diminuiu recursos de di-
versos ministérios, aprofundando o projeto de desmonte do Estado Brasileiro. Entre os seus
alvos, programas voltados para a agricultura familiar, setor responsável por colocar comida
na mesa do brasileiro.
O governo não anuncia o fim dos programas, mas age para “desidratá-los”. Os progra-
mas mais ameaçados são o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), conhecido
como Merenda Escolar (a maior política de alimentação gratuita do mundo, que atende cerca
de 38 milhões de alunos) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Com a eleição, o ano será mais curto e a agenda ficará concentrada no primeiro semestre
do ano. No Senado, projetos que flexibilizam a rotulagem dos transgênicos e a mudança no
estatuto do armamento devem avançar e começará a tramitar na Comissão de Direitos Huma-
nos do Senado a proposta de projeto de lei de criminalização do MST e de outros movimentos
(que teve apoio de mais de 21 mil pessoas na página na internet).
Na Câmara, além dos temas que os ruralistas não conseguiram concluir a votação em
2017, será necessário enfrentar novamente o tema do armamento, o PL de terra de estrangei-
ros, a alteração do licenciamento ambiental, o projeto de alteração da lei de cultivares, a priva-
tização do setor elétrico com repercussão nas áreas rurais (MP 814 e PL 9463/18), o tema dos
agrotóxicos com a liberação geral dos produtos (sendo anunciada como troca do apoio da ban-
cada ruralista), o arrendamento das terras indígenas para exploração por não índios, o projeto
de lei que altera a lei do terrorismo (que inclui as ações dos movimentos), a MP 808/2017 (com
967 emendas à reforma trabalhista). Os encaminhamentos do relatório da CPI da Funai/Incra
derivaram diversos projetos de interesse dos ruralistas, que tramitam nas comissões.
9
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
http://www.congressoemfoco.uol.com.br/
O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) apresentou um projeto que visa classificar o Mo-
vimento dos Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) como
grupos terroristas. O projeto (leia a íntegra), apresentado no início de fevereiro e entregue ao
plenário da Câmara ontem (quarta, 21), altera o artigo 2º da Lei 13.260/16, conhecida como
Lei Antiterrorismo (leia a íntegra do dispositivo abaixo). A lei foi sancionada em março de 2016,
a poucos meses da realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.
Goergen afirmou ao Congresso em Foco que há outro projeto que também trata de al-
terações na lei, mas sua proposta visa coibir atos que “ultrapassam o limite Constitucional”.
“Ele [o outro projeto] não trata da forma como eu trato. Ele tenta transformar em ato terrorista
e aumentar pena para manifestações. Eu não tenho nenhum problema em relação a manifes-
tações”, afirmou o deputado.
O deputado disse que é preciso “colocar um limite” nas ações dos movimentos que lutam
por terra, e afirma que as organizações sociais agem como grupos terroristas e podem ameaçar
vidas. O deputado citou um episódio em que o MST foi acusado de invadir e depredar uma
fazenda. A invasão e a depredação citadas pelo deputado teriam acontecido no início de no-
vembro do ano passado. O Movimento Brasil Livre (MBL) divulgou, no Facebook, imagens de
um galpão incendiado e de destruição de parte das fazendas Igarashi e Curitiba, localizadas
em Correntina, no interior da Bahia, afirmando que o movimento destruiu “fazenda produti-
va, referência em tecnologia”.
O projeto
10
1. PROJETO DO GOLPE E DO AGRONEGÓCIO NO CONGRESSO NACIONAL
cho pretende alterar define a interpretação do que é terrorismo e quais atos são enquadrados
como tal, prevendo pena de 12 a 30 anos de reclusão, além das penas aplicadas à ameaça e
violência (veja mais abaixo o que a lei define como atos terroristas).
O projeto de Goergen faz uma espécie de emenda ao parágrafo 2º da lei, que não aplica os
atos de terrorismo manifestações políticas ou de movimentos sociais, sindicais, religiosos, de
classe ou de categoria profissional que tenham “propósitos sociais ou reivindicatórios” para
defender direitos, liberdades e garantias previstas na Constituição. O acréscimo sugerido pelo
deputado determina que o parágrafo “não se aplica à hipótese de abuso do direito de articula-
ção de movimentos sociais, destinado a dissimular a natureza dos atos de terrorismo, como os
que envolvem a ocupação de imóveis urbanos ou rurais, com a finalidade de provocar terror
social ou generalizado”.
Art. 2o O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste arti-
go, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos
com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz
pública ou a incolumidade pública.
§ 1º São atos de terrorismo: I – usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consi-
go explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes
de causar danos ou promover destruição em massa; II – (VETADO);
III – (VETADO);
Pena – reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à violência. §
2º O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações
políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados
por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o
objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal
contida em lei.
11
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
O PL 2.289/2007, de autoria do deputado Beto Faro – PT/PA, propõe critérios tais como,
a vedação de arrendamento por tempo indeterminado; veda a concessão florestal à pessoa
estrangeira; veda a alienação, a qualquer título, ou doação, de terras públicas a pessoas es-
trangeiras; Limita a aquisição ou arrendamento a 35 (trinta e cinco) módulos fiscais, em área
contínua ou descontínua, ou a 2.500 (dois mil e quinhentos) hectares, o que for menor; dispen-
sa de qualquer outra exigência, a aquisição/arrendamento de área entre 04 (quatro) e 10 (dez)
módulos fiscais; aquisição/arrendamento estará condicionada ao cumprimento da Função
Social da Propriedade (artigo 186, CF/88); no caso de loteamentos rurais, pelo menos 50% da
área deverá ser ocupada por brasileiros; a soma das áreas rurais pertencentes e arrendadas a
pessoas estrangeiras não poderá ultrapassar a 25% (vinte e cinco por cento) da área total dos
Municípios onde se situem; pessoas de mesma nacionalidade não poderão ser proprietárias
ou arrendatárias, em cada Município, de mais de 40% (quarenta por cento) do limite anterior;
os projetos deverão ser aprovados pelos ministérios competentes; a aquisição de imóvel situ-
ado na Amazônia Legal e em área indispensável à segurança nacional dependerá do assenti-
mento prévio do Conselho de Defesa Nacional; e, estabelece a obrigatoriedade dos cartórios
manterem cadastro especial das terras registradas em nome de estrangeiros.
12
1. PROJETO DO GOLPE E DO AGRONEGÓCIO NO CONGRESSO NACIONAL
- Limitações às aquisições: Este ponto não tem consenso em nenhum dos setores envol-
vidos. Os ruralistas dividem-se entre os mais radicais que não admitem qualquer restrição de
área; os que aceitam ampliar os limites, mantidas as limitações por território. No governo a
principal resistência vem do setor militar, principalmente em relação ás aquisições ilimitadas
na faixa de fronteira; e, do lado dos movimentos sociais e populares, há divergência quanto
aos investimentos em áreas ambientais, terras indígenas, etc.
- Regularização das aquisições irregulares: O Estado não tem o controle das aquisições
feitas sob a Lei 5.709 de 7 de outubro de 1.971. Os ruralistas defendem uma regularização sem
qualquer exigência ou restrição, o que desmoraliza a proposta em face das inúmeras denún-
cias de irregularidades.
- Controle Estatal: O Órgão responsável, por Lei, para fazer o controle é o INCRA. Mas
este controle não é feito, porque se trata de um Órgão desmoralizado e sem estrutura física e
humana para dar conta da tarefa. Os PLs também não dão conta de resolver este ponto. Pri-
meiro porque para criar, modificar ou suprimir a atribuição do INCRA a proposta deve ser de
iniciativa do Presidente da República.
O Poder Executivo até o presente momento não ousou apresentar um Projeto de Lei sobre
o Tema, limitando-se em adotar, em 2010, o Parecer CGUIAGU n° 0l/2008-RVJ, datado de 03
de setembro de 2008, do Excelentíssimo Consultor-Geral da União que estabeleceu alguns cri-
térios mínimos para equiparação de pessoa jurídica brasileira com pessoa jurídica estrangeira
quanto à aquisição e ao arrendamento de imóveis rurais, que adotou como critério que uma
determinada empresa criada em território nacional com participação de capital transnacional
somente será considerada como estrangeira se essa participação assegurar aos seus detentores
o poder de conduzir as deliberações da assembleia geral, de eleger a maioria dos administra-
dores da companhia e de dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos
13
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
Por fim, considerando o grau de divergência existente no tema; que a exigência de regu-
larização deixou de ser um entrave para o capital, em decorrência do governo que se instalou
com o golpe; que o tema não se encontra elencado entre as prioridades divulgadas pelos atuais
ocupantes do Palácio do Planalto; não consta, sequer, da pauta dos movimentos sociais; é de
se concluir dificilmente será votado pelo Congresso Nacional neste ano eleitoral de 2018.
14
1. PROJETO DO GOLPE E DO AGRONEGÓCIO NO CONGRESSO NACIONAL
Lei 13.606/2018 – Funrural – No dia 10 de janeiro foi publicada a lei que tratou das dí-
vidas do Funrural e outros temas que forma apresentados pela bancada do PT e que seria em
benefício dos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O Governo sancionou a
Lei com 33 vetos, sendo alguns da área de interesse do nosso campo. Na retomada dos traba-
lhos do Congresso estes vetos serão analisados.
15
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
16
1. PROJETO DO GOLPE E DO AGRONEGÓCIO NO CONGRESSO NACIONAL
MP 808/2017 - Altera a Consolidação das leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decre-
to-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. (Alteração da Reforma Trabalhista)
MP 814/2017 - Altera a Lei nº 12.111, de 9 de dezembro de 2009, que dispõe sobre os ser-
viços de energia elétrica nos Sistemas Isolados, e a Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002, que
dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica emergencial, recomposição tarifária ex-
traordinária, cria o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica - Proinfa
e a Conta de Desenvolvimento Energético - CDE e dispõe sobre a universalização do serviço
público de energia elétrica.
PEC 412/2009 - Altera o § 1º do art. 144 da Constituição Federal, dispondo sobre a or-
ganização da Polícia Federal. Explicação: Dispõe que Lei Complementar organizará a Polícia
Federal e prescreverá normas para sua autonomia funcional, administrativa e de elaboração
de proposta orçamentária.
PEC 7/2016 - Proposta de emenda à Constituição para inserir a terra e a água como di-
reitos fundamentais, que tramita no Senado. A proposta de autoria de Lindbergh Farias foi
admitida em votação pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. Uma
proposta foi apresentada na Câmara e outra no Senado. Em 2016, em articulação com mo-
vimentos sociais do campo e com o Ministro Milton Rondó, os deputados Paulo Pimenta e
Padre João e o Senador Lindbergh Farias apresentaram a proposta.
17
2
REFORMA
AGRÁRIA
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
No findar de 2016, o Governo Temer publicou a MP 759, cujo conteúdo foi objeto de
muitas críticas de movimentos sociais e de pesquisadores. Como esperado, a tramitação da
MP no Congresso, causou danos maiores com alterações significativas no texto original. Em
24/11/2017, o Incra enviou à Casa Civil uma minuta de decreto de regulamentação da referi-
da lei. Nesta análise são apontados, ainda que de maneira muito breve, os principais retroces-
sos verificados no texto.
1 Este dispositivo foi inserido na conversão da MP 759 em Lei 13.465 por emenda proposta pelo Senador Wellington
Fagundes (PR/MT). O referido parlamentar é alvo de inquérito no STF (Inquérito nº 2340/2006) que apura crime de corrup-
ção ativa, passiva, peculato e lavagem ou ocultação de bens. Foi citado na delação premiada do ex-governador Silval Barbosa
como beneficiário de propina e seu nome também consta na planilha da JBS apreendida pela PF.
20
2. REFORMA AGRÁRIA
tonomia dos assentamentos mediante a invasão sem limites do capital nas áreas reformadas.
Pela proposta, os ocupantes irregulares que possuem áreas de quatro módulos fiscais (até
400 hectares na região amazônica) pagarão 50% do valor previsto na pauta de valores. Aque-
les que conseguirem regularizar um lote de 1 módulo fiscal, deverão pagar 10% do valor pre-
visto na pauta de valores. Se o pagamento for realizado à vista, cabe 20% de desconto. Além
de representar até 98,64% de isenção no preço de mercado, a inclusão de laranjas permitirá
verdadeira grilagem nos lotes da reforma agrária.
Ainda sobre o tema da consolidação, a minuta traz cópia do previsto na Lei, consideran-
do consolidado o assentamento após 15 (quinze) anos de sua implantação. Explicitamente
determina que, mesmo sem o cumprimento dos dispositivos no Art. 46, o assentamento será
considerado consolidado, o que abarca uma quantidade imensa de assentamentos em todo o
País.
21
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
O INCRA está com uma equipe de Brasília andando pelos assentamentos e devemos
estar afiados no debate pra questionar e barrar mais esse golpe nos nossos direitos. Sabemos
que essa discussão não é fácil com nosso povo, por conta da precarização nos assentamentos
e pelo sentimento de ter algo “seu” no papel (o que é legítimo, mas não nesse contexto, e nem
para esta conquista que custou tanta luta coletiva).
22
2. REFORMA AGRÁRIA
tamentos que tenham 15 anos (ou mais) na data da publicação da lei (01/06/17), e estes
o INCRA deve consolidar em até 3 anos; b) assentamentos criados até 2 anos depois da
data de publicação da MP 759 (22/12/2016). Parece complicado, mas é só um tratamen-
to sobre assentamentos antigos e os novos. Na prática, por enquanto, só “escapam” os
assentamentos que tiverem menos de 15 anos (mais um dia vão chegar lá) e que foram
criados antes da MP 759. Esse absurdo faz com que famílias assentadas “novas” – que
na realidade praticamente não existem - sejam assentadas e imediatamente, tituladas,
sem necessitar da tal consolidação do assentamento (caso sejam homologadas após
22/12/2018). O INCRA tá acelerando seus trabalhadores a titularem o maior número
de famílias e prometeram até premiações – criaram um titulômetro para promover a
competição entre as superintendências. Por que tanto interesse do golpista na titula-
ção? E Temer já anunciou na imprensa que faz questão de estar em entregas de CCU e
TD pelo país afora. Lutar!!!
23
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
6. O QUE QUEREMOS? Determinar o uso sobre a terra conquistada e que ela seja
sempre um território livre do latifúndio! Não deixaremos que decidam por nós, pois
governos passam, mas a comunidade que construimos com tanta luta, ninguém arran-
ca de nós!
Não tem carranca, nem trator, nem alavanca, quero ver quem é que arranca, nós aqui desse
lugar (A Violeira, Chico Buarque)
TÍTULO I
DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA RURAL
“Art. 18. A distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária far-se-á por meio de títulos de
domínio, concessão de uso ou concessão de direito real de uso – CDRU (...)
§ 1° Os títulos de domínio e a CDRU são inegociáveis pelo prazo de dez anos, contado da data
de celebração do contrato de concessão de uso ou de outro instrumento equivalente, observa-
do o disposto nesta Lei.
Setor de Formação MST/SP
24
3
CriminalizAção
no Campo
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
O ano de 2017 foi marcado pelo acirramento da luta de classes em todos os campos de
batalhas política, jurídica e social. O presente texto tem como objetivo apresentar de forma
resumida os principais pontos da temática relacionada à criminalização da luta do MST em
2017, e apontar os principais desafios e batalhas que se avizinham em 2018, de acordo com as
atividades que são acompanhadas pelo Escritório de Direitos Humanos em BsB.
26
3. CRIMINALIZAÇÃO NO CAMPO
ressalvadas duas ordens de prisão no estado de Goiás que os companheiros continuam re-
sistindo à prisão. Neste particular destaca-se que não houve apreciação de mérito (sentença)
dos casos em primeira instância, o que deve acontecer, segundo nossa expectativa, no caso de
Goiás, ainda neste primeiro semestre de 2018.
ii) ordens de prisão para Cumprimento Provisório de Pena após Decisão de 2º Grau.
Após decisão do STF que autorizou prisão após decisão de 2ª instância, registramos especial-
mente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, a expedição de mandados de prisão
para cumprimento de pena em processos antigos, em que haviam decisões desfavoráveis nos
Tribunais de Justiça dos estados e que aguardam julgamento de recursos no STJ e STF. Em
virtude dessa situação, um companheiro no Rio Grande do Sul está preso e dois resistem à
ordem de prisão, e em São Paulo um cumpre prisão em regime semiaberto e alguns cumprem
pena no regime aberto e outros também resistem à prisão. Destaca-se que eventual ordem de
prisão para o ex-presidente Lula tem fundamento nesta mesma situação. Há expectativa de
que o STF ainda neste primeiro semestre de 2018 mude tal entendimento1, que se constitui um
dos importantes pilares processuais também da operação Lava Jato.
Importante destacar que diversas avaliações caminham no sentido de que a maior per-
seguição criminal, com a teoria do domínio do fato2 ganhando ainda mais força com a Lei de
Organização Criminosa, no atual momento político vem sendo feita contra dirigentes do PT
no âmbito da Lava Jato, como ilustram os diversos processos contra o ex-presidente Lula e a
sua condenação no TRF4. Mas, assim que “superada” tal fase, com o acirramento das lutas e
manifestações sociais, a bola da vez para a Mídia Golpista e os setores conservadores, tende a
serem novamente os movimentos sociais que botam gente na rua e promovem ações diretas.
Neste sentido importante manter campanhas que tenham como objetivo denunciar a crimina-
lização das lutas sociais, pois, “Lutar não é crime!”.
1 Autorizando o cumprimento da pena após condenação no STJ e não mais nos Tribunais de
Justiça dos Estados.
2 Aplicada contra nossas ações há muito tempo.
27
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
micamente as pessoas jurídicas, físicas e até mesmo servidores públicos que participaram de
algum modo em convênios que tiveram ou têm por objeto o apoio da Reforma Agrária. Neste
campo obtivemos poucas, mas importantes vitórias processuais em 2017. No entanto o quadro
geral é bem negativo, no sentido de que muitos dirigentes e pessoas jurídicas estão sendo con-
denadas nestes processos. Precisamos debater como transformar esse tema em pauta de luta
política, e não apenas jurídica.
Outro ponto que também merece destaque sobre este tema, é o aumento de processos de
indenização decorrentes de ocupações de terras que passaram a ser movidas em face de pesso-
as jurídicas, tratadas como supostas “mantenedoras” ou “parte de um grupo econômico” que
“financiariam” o MST. Em diversos casos as ações de indenização em ocupações passaram
a ser movidas contra as entidades relacionadas na CPI, e não contra as pessoas que partici-
pam diretamente da ocupação ou em face do “MST”, que não possui personalidade jurídica.
Constitui uma importante tarefa da organização, principalmente neste momento de avanço e
ampliação interna das atividades de produção, da comercialização, das vendas institucionais,
feiras, etc., o cuidado com a regularidade jurídica, contábil e administrativa das cooperativas.
28
3. CRIMINALIZAÇÃO NO CAMPO
Com 65 mortes, número de 2017 já é o maior nos últimos 14 anos e teve chacinas como
marca; Comissão Pastoral da Terra ainda apura outros casos e quantidade pode aumentar
A era Temer já tem mais de cem assassinatos por conflitos agrários. Dados da Comissão Pastoral
da Terra (CPT) mostram que já há 65 mortes confirmadas em 2017. E alguns casos ainda estão sob
análise. Os demais assassinatos ocorreram em 2016, no período após a queda de Dilma Rousseff (PT),
entre a interinidade e a efetivação de Michel Temer (PMDB) na Presidência da República.
Na manhã de 12 de maio de 2016, o Senado votou pela abertura do processo de impeachment.
No mesmo dia, Dilma foi afastada para dar lugar a Temer. Dessa data até o fim do ano – conforme o
De Olho nos Ruralistas apurou junto à CPT -, 35 pessoas foram assassinadas por causa de conflitos no
campo. Mais da metade do total de mortos (61) daquele ano.
A situação piorou em 2017. Segundo dados parciais da CPT, divulgados em janeiro, no mínimo
65 pessoas foram assassinadas por lutarem pela reforma agrária e por seus territórios tradicionais.
Esse número pode aumentar se outras dez mortes sob investigação se confirmarem como assassinatos
políticos.
Este observatório mostrou no ano passado que, entre 1985 e 2016, 1.833 pessoas foram mortas
por conflitos agrários: “Democracia já tem quase 2 mil assassinatos políticos no campo“. Com as 65
mortes de 2017, esse número chega a 1.898.
Cabe registrar que esses números não se referem a conflitos comuns (em decorrência de brigas
entre trabalhadores rurais, por exemplo): referem-se a camponeses e lideranças assassinados em
decorrência da disputa por terra.
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TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
Os dados mostram o acirramento de uma tendência. O ano de 2016 já tinha uma marca histórica:
o maior número de assassinatos desde 2003. Isso significou um aumento de 20% de mortos em relação
a 2015. O ano de 2017 teve ainda mais mortes, 65, chegando perto da marca de 2003, quando 71 pessoas
morreram.
De acordo com o relatório da CPT sobre 2017, os assassinatos dos anos anteriores caracterizavam-
se pelos alvos seletivos: mortes de lideranças para amedrontar o restante da comunidade. No ano
passado, uma metodologia mais antiga voltou à tona: chacinas, massacres, assassinatos em massa.
O relatório destaca alguns exemplos mais eloquentes, como a chacina de Colniza, no Mato
Grosso, em abril, quando nove camponeses foram torturados e assassinados por pistoleiros a mando
dos madeireiros da região. A chacina de Vilhena, em Rondônia, ocorrida no mês seguinte, vitimou três
camponeses que lutavam pela reforma agrária na região.
O massacre com maior repercussão nacional foi o de Pau D’Arco, no Pará, também em maio.
Policiais militares e civis executaram dez trabalhadores rurais sem terra. O Tribunal de Justiça do
Estado do Pará (TJE) chegou a determinar a soltura, em 18 de dezembro, de todos os PMs envolvidos
nessa chacina. Na semana seguinte o Superior Tribunal de Justiça (STF) determinou novamente
a prisão.
“Chacina em Pau D’Arco foi responsabilidade do governo”, diz MST
O relatório descreve outros casos fatais e alguns episódios com vítimas que tiveram ferimentos
graves. Os dados são preliminares e devem integrar o relatório final que a comissão divulga sempre
no primeiro semestre do ano.
Segundo o relatório, os dados de 2017 confirmam uma tendência observada nos últimos dez anos:
as vítimas continuam sendo assassinadas indiretamente pela expansão do latifúndio, do agronegócio,
da mineração e das grandes obras de infraestrutura. Os atuais índices, destaca a pesquisa, conferem ao
Brasil o título de país mais violento para populações camponesas no mundo.
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REFORMA
GOLPISTA
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
De acordo com Alexandre, a manutenção do Dia Nacional de Luta realizado nesta segun-
da em todo o país cravou a derrota do governo. “Ao lado disso foi marcante nesse período
de recesso ver que a população como um todo estava contra a reforma. As manifestações do
carnaval mostraram isso”, lembrou o dirigente.
“A reforma era uma das condições do mercado então, sem condições de aprovar a PEC,
o governo optou pela intervenção como álibi frente ao mercado. Foi uma jogada”, enfatizou
Toninho. É determinação regimental do Congresso que quando há uma intervenção federal
no país não pode haver tramitação de Propostas de Emenda à Constituição.
O consultor reiterou ainda que mesmo se houvesse votação o governo não teria os votos.
O constrangimento imposto aos deputados impediu Temer de conseguir os votos. “Se ele ti-
vesse os votos não teria optado pela intervenção. Foi determinante a pressão do movimento
social, especialmente dos trabalhadores do serviço público e trabalhadores rurais para que o
governo não conseguisse a maioria de que precisava. A panfletagem nos aeroportos, outdoors
com fotos dos deputados pró-reforma, carro de som circulando na base dos parlamentares,
ofensiva contra a propaganda do governo. Foi um trabalho muito forte de pressão”.
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4. REFORMA GOLPISTA
De acordo com Adilson, a nova situação deve servir de lição para os movimentos popu-
lares organizados. “É preciso dialogar mais e melhor com o nosso povo sobre o que é a pre-
vidência social, que é o nosso maior programa de distribuição de renda e um dos maiores do
mundo”, analisou o presidente da CTB.
“Quando o trabalhador adoece não é o patrão que paga o tratamento são os recursos da
seguridade social. Da mesma forma quando o trabalhador está desempregado. É nessa pou-
pança pública, que é a previdência, que ele vai garantir o seguro-desemprego”, exemplificou
Adilson. Se por um lado, a vitória deixa o movimento sindical de cabeça erguida de outro é
preciso manter a vigilância. “Não podemos dar a matéria por vencida”.
Vigilância também foi a palavra usada por Alexandre. “Estamos vigilantes para manter
a nossa mobilização frente a qualquer tentativa de reforma da Previdência até porque eles po-
dem tentar fazer através de Projeto de Lei ou através de Medida Provisória, sem passar pelo
Congresso”, alertou o dirigente do MST.
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campo unitário
TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
Segue uma breve síntese dos debates realizados no Encontro Unitário dos povos do campo,
das florestas e das águas, realizados nos dias 03 e 04 de fevereiro na Escola Nacional
Florestan Fernandes. São debates acerca da conjuntura, desafios e compromissos assumidos
coletivamente.
I. Elementos da conjuntura
a) O atual contexto político revela com mais clareza quem são as classes e as frações de
classe que estão jogando os seus interesses com o golpe, e quais os métodos utilizados
para a sua implementação.
b) Em meio à crise econômica do capitalismo, o golpe proporciona uma margem de lucro
ainda maior às empresas que se beneficiam com as privatizações e com a acelerada
apropriação dos recursos naturais (terra, água, minérios, petróleo, etc.). As forças
imperialistas também se movem no golpe. Para eles o Brasil é estratégico: reservas do
pré-sal, bens naturais, o neo extrativismo mineral.
c) O capital financeiro continua tendo predominância nesse momento e tem repercussão
no agrário. Com o golpe se revela que o cerne da luta de classes se situa nas finanças
públicas, no controle da mais valia social.
d) Há um processo mundial de total desregulamentação do capital que leva à
desregulamentação dos direitos e condições básicas de vida para os povos. No
Brasil, o sistema financeiro se caracteriza pela ilimitabilidade, imputabilidade e
irresponsabilidade com a sociedade. Com isso, constrói um sistema gigantesco de
apropriação financeira que ninguém conhece ou consegue impedir.
e) Orçamento Federal de 2018: 52% é de despesa financeira; que não é detalhada. É nesse
processo que se extrai a mais valia social sobre o orçamento público.
f) Os elementos da conjuntura de 2016/17 marcados pela imprevisibilidade, no atual
período começam a se materializar: privatizações, reformas. Nesse sentido as frações
de classe das forças golpistas estão unificadas, não há divergências entre eles. É só ver
o quadro das reformas
g) Afloram e ganham força as ideias conservadoras que atacam os processos que visam
o combate das desigualdades. Com isso, os setores sociais mais vulneráveis, como as
mulheres, jovens, os negros e negras, são ainda mais atingidos pelas medidas golpista
e a retirada de direitos.
h) A derrota no golpe é uma derrota de natureza estratégica para as forças de esquerda.
Não se trata de uma visão pessimista de que não tem saída. É um período de defensiva
estratégica. Há um cerco estratégico imposto pela classe dominante.
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5. CAMPO UNITÁRIO
II. Desafios
a) Permanentemente buscar identificar os elos frágeis do cerco imposto pelas forças
conservadoras no golpe. Identificar as contradições e atuar sobre elas.
b) Esforço em três aspectos: enfrentar, confrontar e não se isolar, por isso o desafio da
unidade das ações, com atenção também para a articulação com os setores urbanos
c) O cenário pede ações de massas e cuidar de três batalhas decisivas: batalha das
antenas; batalha das ruas; batalha do judiciário.
d) Jornada do 08 de março iniciar ainda em fevereiro contra a reforma da previdência.
e) Nesse momento é fundamental fortalecer dois princípios e métodos de organização
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TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
III. Compromissos
III.I. Compromissos coletivos com a Frente Brasil Popular
Nos somamos com a avaliação politica realizada em recente plenária nacional da FBP,
da qual participamos, que coloca como centro de nossos esforços nesse quadrante da luta de
classes,:
1- A luta contra a reforma da previdência- Nenhum direito a menos.
2- A Luta por eleições livres e democráticas, - como direito de Lula ser candidato.
3- A luta em defesa da vida e dos direitos das mulheres.
4- Avançar no debate e construção de um programa popular, unitário para o Brasil.
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5. CAMPO UNITÁRIO
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TEXTOS: SUBSÍDIOS PARA CONJUNTURA AGRÁRIA
d) Correntina – BA
2. O MAB vai realizar a jornada de luta dos atingidos por barragens.
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5. CAMPO UNITÁRIO
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