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19 de julho de 2004

Educação superior: reforma, acesso e


avaliação
Eliezer Pacheco*
De 1990 a 2002, a quantidade de alunos nos cursos de graduação aumentou 126%,
passando de 1,5 milhão para 3,5 milhões de estudantes. A expansão concentrou-se na rede
privada, que cresceu 153%, bem acima dos 82% no sistema público. Há doze anos, 62%
dos matriculados estavam nas instituições particulares, que, agora, detêm 70%. Nos Estados
Unidos, a meca do liberalismo, o modelo é inverso: 70% dos alunos estão na rede pública.

Mesmo com esse aumento de vagas, o acesso ainda é bem restrito. No Brasil, de cada cem
pessoas com 18 a 24 anos de idade, apenas 9 estão matriculadas no ensino superior. No
Chile, esse índice é mais que o dobro, e, na Argentina, é quatro vezes maior, isso para citar
apenas nossos vizinhos latino-americanos. Além de baixo, o índice de atendimento
brasileiro é desigual entre as regiões do País. Enquanto no Sul 12,8% dos jovens
freqüentam a universidade, no Nordeste a taxa é de 5%.

Outro ponto que preocupa a sociedade brasileira em relação à educação superior é a sua
qualidade. O Exame Nacional de Cursos de 2003, apesar de suas restrições como uma
avaliação educacional, mostrou que dos 5.897 cursos participantes do teste, nenhum obteve
média acima de 80, numa escala de zero a 100, e apenas 1,5% entre 60 e 80 pontos.

A ampliação do acesso e a garantia da qualidade são alguns dos pilares da reforma da


educação superior em discussão, que também engloba outros cinco grandes temas: papel do
ensino superior, autonomia, financiamento, gestão e estrutura, e conteúdos e programas. A
partir de um agrupamento de idéias e realização de audiências públicas, o governo federal
vai elaborar a Lei Orgânica da Educação Superior, a ser enviada ao Congresso Nacional até
o fim do ano.

Ao contemplar o acesso e a permanência do estudante no ensino superior, a reforma


sinaliza para um ponto primordial numa política da educação: garantir que a população
mais pobre tenha a oportunidade de freqüentar o curso de graduação e, mais do que isso,
que haja mecanismos, como bolsas de pesquisa e vagas no período noturno, que contribuam
para a permanência dos jovens na universidade. Ao dar esse passo, a reforma ultrapassa um
obstáculo que parece arraigado na cultura brasileira, isto é, a universidade não é um local
de pobre.

No campo da qualidade do ensino, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior


(Sinaes) é um avanço e está sintonizado com as discussões que vêm sendo feitas sobre a
reforma universitária. A implementação desse sistema trará importantes subsídios para as
políticas de autonomia, manutenção, melhoria e expansão da educação superior. O Sinaes
tem como objetivo traçar um panorama da qualidade dos cursos e instituições de educação
superior no País, promovendo a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos
estudantes.

O Sinaes abrange a Avaliação Institucional, que será realizada a partir da auto-avaliação


orientada e da avaliação externa, e a Avaliação das Condições de Ensino, que irá verificar a
qualidade do corpo docente, da organização didático-pedagógica e da infra-estrutura dos
cursos de graduação. Ambas são feitas no próprio local de funcionamento da instituição e
do curso, por uma comissão de especialistas. Também faz parte do Sinaes o Exame
Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), que será aplicado a alunos do primeiro e
do último ano do curso avaliado.

Estou certo de que uma reforma universitária, elaborada a partir de uma discussão
envolvendo vários segmentos da sociedade, dará uma função mais nobre às instituições de
ensino superior. Essas mudanças trarão uma significativa contribuição para o País, como a
melhoria na formação de professores, a definição de políticas para a educação básica, a
extensão de programas à comunidade e a realização de pesquisas essenciais ao
desenvolvimento. Acredito que, com a reforma, as instituições de ensino passarão a assumir
mais o seu papel de protagonistas na constituição de um novo projeto de nação, mais
democrático e inclusivo.

* Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira


(Inep/MEC)

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