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CRITÉRIOS PARA IMPLANTAÇÃO DE INSTALAÇÕES PARA

AQUICULTURA

Bruno Adan Sagratzki Cavero1; Thiago Marinho Pereira1


1
Universidade Federal do Amazonas/Faculdade de Ciências Agrárias/Departamento de
Ciências Pesqueiras. basc@ufam.edu.br

Introdução

A criação de organismos aquáticos é uma atividade em grande expansão devido aos


atrativos de rentabilidade que oferece. Por se tratar de uma atividade que precisa de
módulos de produção que exigem a modificação do ambiente, tem um impacto pontual
sobre o meio, como o desmatamento de áreas verdes para construção das instalações.
Portanto existe a necessidade de maximizar a produção utilizando o mesmo ambiente,
fato que permitiria o aumento da oferta do produto sem a necessidade de impactar novas
áreas.
A aplicação de novas tecnologias para o aumento da produção de forma sustentável é
um desafio que a aquicultura moderna tem de enfrentar. Isto implica em treinamento da
mão obra local e difusão de tecnologia de fácil acesso.
Os critérios principais a serem observados para a implantação de instalações para
aquicultura devem ser os seguintes:
1. Localização geográfica: este fator está diretamente relacionado com a elaboração
de logística, escoamento da produção e recepção de insumos e equipamentos,
proximidade de centros de consumo, localização preferencial em estrada
asfaltada e próxima da rede de alta tensão.
2. Relevo e topografia: importante para definir tamanho, posição dos módulos de
produção e projeção de custos com terraplenagem e infra-estrutura.
3. Potencial hídrico: tem a finalidade de quantificar o tamanho dos módulos de
produção a serem implantados, de acordo com a demanda hídrica do
empreendimento.
4. Solo: determina a seleção do local com solos adequados para a construção dos
módulos de produção, uma vez que o excesso de infiltração pode inviabilizar o
projeto.
5. Cronograma de execução da obra: deve estar ligada ao fator climático,
preferencialmente a períodos de baixa pluviosidade.
6. Legislação ambiental: a obra deve estar licenciada no órgão ambiental
competente e atender as resoluções 367/05 e 369/06 do CONAMA e as
resoluções Estaduais que regem a atividade.
7. Avaliação econômica do empreendimento: devem ser usadas ferramentas
econômicas que indiquem a viabilidade financeira do empreendimento ao longo
de um determinado período.
8. Acesso ao fomento: o empreendimento poderá ser fomentado pelas agências de
financiamento (bancos e/ou agencias estaduais).

Diversos sistemas são usados para a criação de organismos aquáticos como: viveiros
escavados com fundo de argila, barragens, race-ways, tanques-rede e canais de igarapé.
Os viveiros escavados com fundo de argila apresentam diversas vantagens sobre os
sistemas citados: por serem projetados, permitem cálculos organizados de produção,
devido ao conhecimento do tamanho e profundidade, proporcionando facilidades para o
controle e manejo, como a retirada dos peixes, alimentação, medicação e acesso; não
sofrem choques térmicos ambientais, ao contrário de barragens e canais de igarapés que
sofrem grande influencia da chuva, facilitando assim, o aparecimento de doenças e
parasitoses. Os viveiros escavados precisam apenas de reposição da água perdida por
infiltração e evaporação dispensando altas taxas de renovação de água, evitando com
isso, o lançamento de efluentes através do descarte de água residual.
Embora seja impossível produzir sem provocar alterações ambientais, pode-se
reduzir o impacto sobre o meio ambiente, de modo que não haja redução da
biodiversidade, esgotamento ou comprometimento de qualquer recurso natural, nem
alterações significativas na estrutura e funcionamento dos ecossistemas. Aliada aos
aspectos de produção de renda e desenvolvimento social, a aquicultura também deve
estar embasada na sustentabilidade ambiental.
Seleção de áreas para implantação de instalações para aquicultura

Localização Geográfica: devem ser observados os seguintes critérios:


1. Distância do empreendimento com relação ao centro consumidor: este fator
facilita a idealização de logística de escoamento da produção, podendo dar
indicativos de preços de transporte e/ou investimento em frota de escoamento
própria. Ainda, por se tratar de um produto perecível, o tempo de escoamento da
produção favorece a entrega de produtos com menor tempo de transporte e
consequentemente melhor qualidade.
2. Distância do empreendimento com relação aos fornecedores de insumos e
equipamentos: facilita a aquisição de produtos para o funcionamento do
empreendimento. Ainda, no caso da construção, diminuem o custo de transporte
de maquinário de terraplenagem, de materiais de construção (areia, cimento,
seixo, ferro, combustível, etc.). Nos itens 1 e 2 recomenda-se a distância de até
200 km de distância.
3. Proximidade à rede elétrica de alta tensão: favorece a inclusão de tecnologia
para melhoria da produção, permite também a instalação de sistema hidráulico
de abastecimento, diminuindo custos em longo prazo com bombeamento de
água; permite, também, a instalação de aeradores em série para o aumento da
produtividade do empreendimento.
4. Proximidade à estrada pavimentada: permite o escoamento da produção e
recebimento de insumos e equipamento sem contratempos climáticos. Em
épocas chuvosas, o trânsito em estradas de terra é prejudicado pela formação de
charcos evitando a entrada e/ou saída de veículos de grande porte.

Figura 1. Localização indicada para implantação do empreendimento.


Relevo e Topografia

Inicialmente, a escolha do lugar de implantação do empreendimento, pode ser realizada


visualmente, verificando o relevo do terreno com pouca declividade. Esta observação
serve para a implantação de viveiros escavados e semi-escavados. No caso do terreno
ainda não estar desmatado, devem ser abertas picadas pelo meio da mata com a
finalidade de análise da inclinação do terreno. Este trabalho pode ser feito de acordo
com o exemplo a seguir:
1. Abertura da trilha (picada) principal: deve ser realizado um corte na mata de
aproximadamente um metro de largura, retirando a vegetação que impede a linha
de visada do equipamento topográfico (nível topográfico ou teodolito). Para que
a acurácia do instrumento topográfico possa nos trazer um perfil próximo da
realidade, aconselha-se que o mesmo seja posicionado na região que apresenta
maior elevação.
2. Abertura das trilhas (picadas) secundárias: deve ser observado o mesmo critério
da trilha principal. As trilhas secundárias devem estar posicionadas
perpendicularmente a trilha principal;
3. Escolha do ponto de referência de nível: deve ser o ponto mais alto na trilha
principal. Esta posição permitirá o uso do nível topográfico sem a necessidade
de grandes deslocamentos;
50,0m 50,0m 50,0m 50,0m
A
Observação lateral Observação lateral

50,0m

B
Observação lateral Observação lateral

50,0m

C
Observação lateral Observação lateral

50,0m

D
Observação lateral Observação lateral

50,0m
Trilha principal
E
* RN

* Referência de nível Escala: 1:1.000

Figura 2. Orientação de trilhas para confecção dos quadrantes


4. Nivelamento da trilha principal: é realizado a partir do ponto escolhido como
referência de nível. As medidas devem ser realizadas através de equipamento
específico (nível topográfico, teodolito ou estação total). Na falta dos
equipamentos, as marcações poderão ser realizadas através da utilização do nível
de mangueira. Este último é mais demorado, porém, se realizado com atenção,
apresenta bons resultados. Na existência de um ramal principal (estrada vicinal),
o mesmo pode servir como trilha principal.
5. Nivelamento das trilhas secundárias: deve ser feito a partir do ponto de
intersecção entre a trilha principal e a respectiva perpendicular secundária. Para
estas medidas devem ser adotados os mesmos critérios do item anterior.
6. Elaboração da planta planialtimétrica: a elaboração da planialtimetria pode ser
realizada através de: softwares específicos ou método tradicional de plotagem
dos pontos em papel milimetrado. A planta deve possuir escala compatível para
procedimento dos futuros cálculos e/ou nortear a interpretação de técnicos no
momento da construção e/ou planejamento .

50,0m 50,0m 50,0m 50,0m

A
39,0m 39,2m 38,8m 37,0m 38,3m

50,0m

B
39,3m 39,0m 38,8m 38,3m 38,5m

50,0m

C
39,5m 39,3m 39,0m 38,8m 38,5m

50,0m

D
39,7m 39,5m 39,3m 39,0m 38,3m

50,0m

E
* RN 39,7m 39,3m 39,0m 38,8m
40,1m

* Referência de nível Escala: 1:1.000

Figura 3. Topografia do relevo realizada através de quadrantes com a finalidade de


orientar o corte, aterro e disposição dos viveiros.
7. Cálculo de corte e aterro: poderá ser realizado após a observação da planta
planialtimétrica. Este tipo de análise serve para calcular o material a ser
deslocado pela terraplenagem com base real. Uma boa topografia pode gerar
uma economia de até quarenta por cento (40%) nos custos de implantação do
empreendimento. No caso de cálculos realizados sem topografia adequada, a
margem de erro pode levar a não conclusão da obra por sub ou
superfaturamentos dos recursos, influenciando no aumento dos custos de
implantação da obra. Em ambos os casos, os transtornos gerados levam a
inviabilidade da obra e ao encarecimento do empreendimento.

Observação: em algumas situações, os terrenos, oriundos de outras atividades pecuárias,


encontram-se desmatados. Nesses casos, deve-se posicionar o equipamento topográfico
na área mais elevada do terreno. A seleção da referência de nível deverá ser conduzida
de acordo com os itens citados anteriormente.

Exemplo: considerando o quadrante selecionado na figura....podemos ter a seguinte


situação: solo a ser removido
39,7m
39,3m

39,5m
39,3m

Figura 4. Perfil do solo do quadrante selecionado na figura 03.


Aproximação por triangulação: Para efeito de cálculo de remoção de terra sem
empolamento, podemos usar a seguinte fórmula:

39,5m 39,7m
39,3m 39,3m

50m 50m

0,4m
50m
Figura 5.Aproximação por triangulação do material a ser removido do quadrante
selecionado da figura 03.

Volume a ser removido sem empolamento (VRE)


VRE = (lado do quadrante (L))2 x altura (h) x 2-1
VRE = (50m)2 x 0,4m x 2-1 = 500m3
Para o nivelamento do terreno, deverá ser removido 500m3 de solo. Entretanto, devemos
lembrar que, o solo, após ser movimentado, sofre um incremento de volume chamado
empolamento. Geralmente, aproxima-se em trinta por cento (30%) o percentual de
incremento. Todavia, pode ser calculado pela fórmula a seguir:
Taxa de empolamento (T.E.) = ((yN/yS)-1) x 100%
Onde: yN = densidade natural do solo; yS = densidade solta
*Densidade é a relação da massa sobre o volume. Para obter a densidade é necessário
conhecer o volume e o peso (massa) do material coletado.
Obs: A amostra do solo para definir a densidade natural pode ser coletada com um trado
de rosca. O volume correspondente a coleta no trado é considerada a densidade natural.
A solta do solo pode ser realizada após a medida do volume da densidade natural. O
volume ocupado pelo material solto é a densidade solta. Para as medidas podem ser
usados recipientes com medidas de volume.

Definição técnica de empolamento: é o aumento do volume sofrido por um determinado


material do seu estado natural para o estado solto ao ser transportado, ou seja, ocorre o
aumento do Índice de vazios entre as partículas sólidas.
Critérios para seleção de áreas para construção de viveiros escavados e/ou semi-
escavados

As melhores áreas para a construção desse tipo de viveiros são aquelas que
apresentam, em seu território, grandes porções planas. Abaixo, podemos observar um
exemplo de relevo pouco acidentado, ideal para a construção de viveiros escavados:

Figura 2. Relevo adequado para a implantação de viveiros escavado e/ou semi-


escavados com fundo de argila.
A preferência por terrenos planos se deve à relação proporcional da declividade
com relação à movimentação de terra, ou seja, pequenos níveis de declividade resultam
em baixos índices de material (solo) a ser movimentado. Conseqüentemente, o custo da
obra, fator calculado em cima da quantidade de material movido, também será menor.
Outro fator relevante é que o custo do empreendimento aproveitando as
características naturais do terreno diminui, ou seja, quanto maior a modificação, maior
será o custo final da obra, como podemos observar na figura abaixo:

Perfil a
1m

Perfil b
2m

Perfil c
3m

100m

Figura 6. Perfil de inclinação e nivelamento. (perfil a) inclinação de 1%; (perfil b)


inclinação de 2% e (perfil c) inclinação de 3%.
Considerando as proporcionalidades do talude montante = 2:1 e talude de jusante =
1,5:1, com largura de crista de 3m podemos calcular a movimentação do solo nas
situações a seguir:
Perfil a: para nivelar o talude de 100m de extensão de um viveiro com inclinação de 1%
seria necessário movimentar 475m3 de solo compactado.
Perfil b: para nivelar o talude de 100m de extensão de um viveiro com inclinação de 2%
seria necessário movimentar 1.150 m3 de solo compactado.
Perfil c: para nivelar o talude de 100m de extensão de um viveiro com inclinação de 3%
seria necessário movimentar 2.025m3 de solo compactado
Obs: o volume real de transporte pode ser calculado a partir da taxa de empolamento do
solo.

Ainda, se possível, devem ser selecionadas áreas anteriormente destinadas a


outras atividades, como a de criação de bovinos. Estes ambientes possuem extensas
áreas desmatadas, evitando custos com desmatamento e entraves para o licenciamento
ambiental.
O solo para a implantação de viveiros escavados e/ou semi-escavados deve ter
percentual de argila em torno de 35 a 60%, com no máximo de 20% de areia. Ainda, é
recomendada a compactação do solo enquanto mantiver boa umidade. Solos com
elevado percentual de argila ressecam rapidamente e apresentam rachaduras. Outra
sugestão importante é a de encher os viveiros logo após a finalização da compactação
com a finalidade de evitar a perda de umidade e aparecimento de rachaduras no solo que
permitam a infiltração da água.
Alguns autores recomendam solos com percentuais de argila inferiores (15% até
30%). Entretanto, este tipo de solo, na nossa região, quando da construção em regime de
verão intenso perde umidade muito rápido favorecendo a infiltração.
Em hipótese alguma devem ser construídos viveiros de aquicultura em solos
com percentual de argila/silte abaixo de 15% devido a não serem apropriados para
aqüicultura.
Com relação à distância da área de implantação do empreendimento, os viveiros
devem estar localizados o mais próximo possível do reservatório de água (barragem),
com a finalidade de diminuir custos de instalação com rede de abastecimento.
Critérios para seleção de áreas para construção de barragens ou reservatórios de
água

1. Dimensionamento da área de preservação permanente a ser utilizada: não deve


ultrapassar cinco por cento (5%) da Área de Preservação Permanente (APP) do
terreno do empreendimento. Ex: o terreno possui uma área de 100 ha dos quais 13
ha são APP. A área a ser alagada não deve ultrapassar 0,65 hectares. O uso de
APP’s é regulamentada pela resolução 369/06 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA).
2. Observação do melhor ponto de construção da barragem: deve ser o de menor
distância entre as duas margens. Ainda deve ser observada a presença de material
argiloso nas encostas para determinar a área de empréstimo. A presença deste
material no local evita o transporte de argila de outros lugares. No caso da
inexistência de argila para empréstimo próximo do local escolhido sugere procurar
uma jazida de argila com DMT* até de 1000m.
* DMT = distância máxima de transporte.
3. Quantificação da microbacia de captação de água para a barragem: inicialmente
devem ser locados os divisores de água. A distância entre eles com relação a
nascente e adjacências representa a área de captação de água que será
disponibilizada na barragem. Por se tratar de um método fácil e eficiente, esta
medição pode ser realizada com o auxílio da tecnologia GPS (Global Positioning
System). Diversos softwares, de acesso livre, calculam automaticamente as áreas
plotadas a partir das coordenadas dos pontos obtidos pelo GPS.
4. Verificação do subsolo para construção da cava de fundação da barragem:
escavação de trincheira para determinar o tipo de solo que pode variar de argiloso a
areno-argiloso (argila misturada com areia). O tipo de subsolo determinará o
tamanho, posição, largura, núcleo e maciço da barragem. No caso de não
encontrarmos sub-solo adequado até 2 m de profundidade, sugere-se a construção de
um tapete a jusante da barragem para aumentar a trajetória de percolação da água.
5. Dimensionamento de estruturas hidráulicas para drenagem do reservatório de água:
deve ser levada em consideração a pluviosidade anual dos últimos trinta anos. Ex: se
uma bacia de captação de 20 hectares captou uma precipitação de 10mm/hora
(índice pluviométrico máximo diário), portanto, deve receber 2.000m3 de água em
uma hora. A estrutura de drenagem deve ser compatível para escoar essa quantidade
de água. Um monge ou estrutura compatível com abertura de drenagem de 1m2 deve
permitir a passagem de 0,8m3/seg ou 2.880m3 de água no período de uma hora.
6. Observação da declividade do curso de água: a declividade não deve ultrapassar três
por cento (3%), ou seja, 3m de diferença de nível a cada 100m de distância. Esta
relação pode mudar de acordo com a largura do vale. A declividade do curso da
água deve ser relacionada ao tamanho da bacia que será preciso alagar,
dimensionando a largura do vale. Embora o estreitamento do vale seja importante
para a construção da barragem, para a bacia de captação é importante o alargamento
do vale. Esta situação permite uma maior estocagem de água. Se a água captada no
reservatório tem a finalidade de bombeamento para os viveiros será necessário
calcular a cubagem de água utilizável do reservatório.
7. Determinação da área a ser alagada: é realizada a partir da altura da estrutura
hidráulica instalada para a retenção da água. A esta estrutura são relacionadas às
curvas de nível obtidas na topografia da bacia de captação de água.

b 43m
44m
43m
43m 43m

42m

41m

40m

a
135m

40m

41m

42m

43m

200m

a Melhor local para a construção da barragem e da estrutura de drenagem

b Divisor de águas

Área a ser alagada

Figura 7. Levantamento topográfico de uma micro-bacia hidrológica para construção de


reservatório de água (barragem) e instalação de estrutura de drenagem.
Critérios para seleção de áreas para construção de produção de peixes em sistemas
de alto fluxo
1. Legislação ambiental instalação dos módulos de alto fluxo: este tipo de sistema está
diretamente ligado ao uso de áreas de preservação permanente (APPs), as quais tem
o uso regulamentado pela Resolução CONAMA 369/06. Entretanto, módulos
projetados para serem instalados em áreas adjacentes a igarapés são viáveis e não
implicam na alteração do curso d’ água e na impossibilidade da migração dos peixes
nesse ecossistema.
2. Determinação da disponibilidade de água: a criação de peixes nestes sistemas
demanda de vazões de água superiores a 100L/seg., uma vez que este tipo de
módulo é regulado pela qualidade de água que entra. Exemplo: a criação de
biomassa de matrinxã permitida pode ser observada na seguinte simulação:
Quadro 01. Simulação da estocagem de marinxâ (Brycon amazonicum)
considerando diferentes vazões de água.
Vazão(Q) (L/seg.) OD (mg/L) OD (mg/L)/h Biomassa a ser estocada (kg)
20 5,0 360.000 1008
40 5,0 720.000 2016
60 5,0 1.080.000 3024
120 5,0 2.160.000 6048
Obs: para efeito de cálculo foi considerado um consumo de OD (mg/L)/kg de
biomassa de matrinxã/hora = 250 mg/OD; consumo de OD pelos metabólitos e
outros compostos = 30% do total disponível.
3. Observação do tamanho do vale: para a instalação de empreendimentos de criação
de peixes em alta densidade, observando-se como parâmetro principal o fluxo de
água, devem ser escolhidos vales estreitos que permitam a canalização da água.
Ainda, os vales devem possuir áreas que permitam a construção dos módulos de
produção. Os mesmos podem ser projetados em caixas de fibra de vidro, PVC,
alvenaria e/ou outros materiais selecionados pelo projetista. Levando em
consideração o quadro 01, a produtividade de um módulo de 10m3 de volume de
água, com vazão de entrada no módulo de 60L/seg deve ser de 3.024kg de biomassa
para a criação de matrinxã ou 302,4 kg/m3. Os módulos de produção devem
obedecer a relação mínima de 1 altura: 5 comprimento: 2 largura. Em algumas
situações deve se acompanhar o relevo do terreno evitando onerar o custo com
escavações.
4. Vazão de água compatível com o tamanho de empreendimento: a vazão da água
deve estar relacionada à produtividade desejada. Ex: um igarapé com vazão de
350L/s com variabilidade média de 5,0 mg/OD/L, deve suportar 17.640,00 kg de
biomassa de matrinxã. A construção dos módulos de produção deve obedecer à
relação estabelecida no item anterior.
5. Declividade do terreno: é importante para a instalação da caixa de coleta de água
(desvio do igarapé principal). Quanto maior o declive, menor será o custo com
tubulação para abastecimento dos módulos. Declividades de 3% permitem a
instalação de módulos de produção à 50m de distância da caixa de coleta.
6. Observação de área para instalação do empreendimento: os módulos de produção
devem ser construídos em áreas adjacentes ao igarapé e com pelo menos 1,5m
abaixo do nível da caixa de coleta de água no igarapé. A área deve ser relativamente
plana com condições de alocar os módulos.

43m
44m
43m
43m 43m

42m

41m

40m

135m
Igarapé
a

b
40m b

41m

42m

43m

200m

a Melhor local para a construção da caixa coletora

b Local adequado para a construção dos módulos de produção

Figura 8. Levantamento topográfico de uma micro-bacia hidrológica para instalação de


módulos de produção peixes em alto fluxo de água.
Obs: o local escolhido para a instalação dos módulos de produção garante o
abastecimento de água nos módulos por gravidade.
Critérios para levantamento do potencial hídrico do terreno

Para avaliarmos o potencial hídrico de uma propriedade, devemos conhecer toda a


área das bacias que existem na região. Ainda, conhecer profundamente o regime
pluviométrico, os cursos d água, suas vazões e quanto cada um contribui para o local
escolhido da construção da barragem. As informações levantadas sobre o potencial
hídrico servem para dimensionar o tamanho do empreendimento, uma vez que, a
demanda por água no momento de abastecimento dos viveiros, na infiltração e
evaporação devem ser supridos pelo reservatório de água, o qual deve ter condições de
renovação. Ex: um empreendimento de cinco (5) hectares de lâmina d água, estocadas
em viveiros semi-escavados com profundidade média de água utilizável igual a um
metro e meio (1,5m), pode sofrer diversas taxas de infiltração de acordo com a tabela a
seguir:
Situação 01
Tamanho do reservatório Volume de água utilizável Taxa de renovação de água Taxa de reposição máxima Infiltração Infiltração Infiltração
Área (hectares) (hectares) (litros) (litros/segundo) (litros/hora) % (litros/dia) (litros/hora)
5,00 1,30 20.000.000,00 10,00 36.000,00 0,50 375.000,00 15.625,00
0,75 562.500,00 23.437,50
1,00 750.000,00 31.250,00
2,00 1.500.000,00 62.500,00

Situação 02
Tamanho do reservatório Volume de água utilizável Taxa de renovação de água Taxa de reposição máxima Infiltração Infiltração Infiltração
Área (hectares) (hectares) (litros) (litros/segundo) (litros/hora) % (litros/dia) (litros/hora)
5,00 1,30 20.000.000,00 20,00 72.000,00 0,50 375.000,00 15.625,00
0,75 562.500,00 23.437,50
1,00 750.000,00 31.250,00
2,00 1.500.000,00 62.500,00

Situação 03
Tamanho do reservatório Volume de água utilizável Taxa de renovação de água Taxa de reposição máxima Infiltração Infiltração Infiltração
Área (hectares) (hectares) (litros) (litros/segundo) (litros/hora) % (litros/dia) (litros/hora)
5,00 1,30 20.000.000,00 30,00 108.000,00 0,50 375.000,00 15.625,00
0,75 562.500,00 23.437,50
1,00 750.000,00 31.250,00
2,00 1.500.000,00 62.500,00

* De acordo com as situações acima taxas de renovação de água (vazão) abaixo de


20L/seg. podem comprometer o sucesso de empreendimentos de acordo com a taxa de
infiltração.
* O cálculo do potencial hídrico deve estar diretamente correlacionado com a taxa de
perda de água, principalmente a infiltração. Um estudo prévio da mecânica do solo pode
indicar o nível de compactação necessário para obter a menor taxa de infiltração nos
viveiros. São recomendáveis taxas abaixo de 1%. Ainda, a informação taxa de entrada
de água a partir do fluxo natural do curso d água serve para o dimensionamento da
bomba d’ água a ser instalada.
* Neste estudo, levou-se em consideração um módulo mínimo de cinco hectares de
lâmina d água para a produção de peixes em sistema semi-intensivo. Empreendimentos
menores a este módulo são inviáveis economicamente.
Cronograma de execução da obra

As obras na região amazônica devem ser realizadas preferencialmente no período de


estiagem, quando a precipitação pluviométrica é menor, permitindo maior número de
dias trabalhados. Sempre que possível, sugere-se seguir o cronograma de execução
abaixo:
1. Implantação da obra: nesta fase deve ser prevista a construção de instalações de
suporte como galpão, dormitório, refeitório, armazém, instalações sanitárias e
hidráulicas e rede elétrica principal.
2. Eletrificação do sistema de abastecimento.
3. Identificação da área de empréstimo ou localização da jazida onde será retirada a
argila para construção da barragem;
4. Limpeza do local onde será construída a barragem e da área de alagação com
DMT* de 2000m
5. Construção da barragem (reservatório de água);
6. Construção do sistema de abastecimento: estas instalações garantem a chegada
da água até os viveiros no caso do bombeamento da água;
7. Limpeza do local onde serão construídos os viveiros com DMT* de 1000m;

Figura 9. Retirada e transporte da camada vegetal.

8. Construção dos viveiros de alevinagem: permite adiantar o processo de


produção de peixes. Deve se prestar atenção ao tempo da próxima fase, uma vez
que a demora da construção dos viveiros de engorda podem prejudicar o
desempenho dos peixes durante a alevinagem devido ao excesso da densidade de
estocagem.
9. Abastecimento dos viveiros de alevinagem;

Figura 10. Abastecimento dos viveiros de alevinagem.

10. Construção dos viveiros de engorda;

Figura 11. Construção dos viveiros de engorda.


11. Abastecimento dos viveiros de engorda;

Figura 12. Abastecimento dos viveiros de engorda.

12. Construção do sistema de drenagem;


13. Construção do sistema de filtro (tratamento de efluentes).
Legislação ambiental

A legislação que rege a aquicultura obedece a várias instâncias:


1º O empreendimento deve se enquadrar inicialmente na resolução 369/06 do
CONAMA que tratam sobre o uso de áreas de preservação permanente (APPs) no limite
de 5% do total da APP do terreno;
2º No caso do Estado do Amazonas, o empreendimento deve receber a certidão de
viabilidade ambiental do município onde será instalado;
3º O empreendimento deverá ser licenciado perante o órgão estadual competente do
meio ambiente;
4º Após o licenciamento que permite a instalação deverão começar as obras de
construção;
5º O empreendimento deve atender a resolução 367/05 do CONAMA que trata sobre o
lançamento de efluentes em corpos d água públicos.
Cabe lembrar que empreendimentos somente poderão ser financiados pelas
agências de fomento após a liberação do licenciamento ambiental. Ainda, no Estado do
Amazonas, empreendimentos acima de 10 hectares de lâmina d água precisam do Plano
de Controle Ambiental para licenciamento.
Sugere-se destinar o período de elaboração do projeto e do licenciamento
ambiental a estação chuvosa devido à dificuldade em realizar obras de instalação de
módulos aqüícolas nesta época do ano.
Critérios técnicos e econômicos para a elaboração de projetos de aquicultura

A atividade econômica de criação de organismos aquáticos é considerada a


quinta melhor em rentabilidade perdendo para setores de serviços, saúde e alta
tecnologia. Entretanto, a aplicação de tecnologia na aquicultura vem tornando esta
atividade cada vez mais lucrativa e atraente para os investidores. Este ramo de
negócios tem crescido mais de 1.000% nos últimos anos e a cada dia a cadeia
produtiva desta atividade se fortalece.
Atualmente empreendimentos de aquicultura são considerados bons
investimentos, e por se tratar de uma atividade que demanda investimento alto, a
tomada de decisão deve seguir critérios de avaliação de investimentos de capital
descritos a seguir:
1. Oportunidade de negócio: nesta etapa deve ser estudada a realidade da atividade, a
oferta e a demanda do produto, os incentivos fiscais (se existirem), os financiamentos
(TJLP, Juro Fixo, Fundo Perdido e/ou outros programas governamentais), o nível de
informação sobre a atividade, a espécie alvo, o tipo de empreendimento; e a seleção
do profissional para consultoria;
2. Elaboração de projeto de investimento com fundamentação técnica: nesta fase
devem ser levantados todos os dados técnicos como o potencial hídrico do terreno e
qualidade da água, a análise de solo e lençol freático, a seleção da espécie a ser
cultivada, a seleção do sistema de criação a ser adotado, a legislação ambiental que
regulamenta a atividade, o período de instalação do empreendimento, definição de
logística para aquisição de serviços e insumos, o relevo e a topografia da área e deve
ser determinada a localização geográfica onde será construída a estação de
aquicultura.
3. Análise do projeto mediante utilização de métodos de análise de projetos de
investimento de capital: nesta fase devem ser usadas ferramentas econômicas que
indiquem a viabilidade financeira do empreendimento ao longo de um determinado
período. Para esta análise são orçados os custos de investimento de capital e custeio,
a construção do fluxo de caixa (fase mais importante da análise de um projeto de
investimento de capital, mostra o investimento a ser realizado ao longo do tempo), o
período de recuperação do capital (PRC ou payback) e a taxa interna de retorno
(TIR).
4. Identificação das fontes de recursos para a implantação: O empreendimento
poderá ser fomentado pelas agências de financiamento (bancos federais, Banco do
Brasil, BASA, e privados e/ou agencias estaduais) principalmente se as taxas de
juros forem atrativas. No caso da região amazônica existem programas especiais com
taxas excelentes para financiamentos para aquicultura.

Considerações finais

A produção comercial de peixes, assim como qualquer outra atividade pecuária, tem
como objetivo básico obter o maior nível de renda possível com a melhor eficiência.
O produtor, técnico ou o gerente necessitam conhecer: os fatores que interferem com
o desempenho dos peixes e a produtividade dos diferentes sistemas de produção,
conhecer os índices reais ou estimativos confiáveis dos parâmetros de desempenho
do sistema de produção, dominar algumas noções básicas de planejamento,
implantação e controle para auxiliar em tomadas de decisão e na avaliação do
sucesso técnico e econômico do empreendimento, planejar a administração do
empreendimento, de como controlar (quantificar) o desempenho e corrigir os desvios
do empreendimento, como realizar a produção dos peixes, definindo
responsabilidades, estendendo gerentes ou administradores para um módulo de
produção e finalmente buscar informações sobre preços de mercado com a finalidade
de negociar o produto.
Bibliografia consultada

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