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Ac. 05474.

000/98-7 AR

AÇÃO RESCISÓRIA. Pretensão à desconstituição de acórdão que entendeu nula a despedida da ré,
com amparo no inciso V do artigo 485 do CPC, baseada em argumentos, no tocante ao seu direito
potestativo de despedir, que importam em conferir interpretação diversa àquela proferida no acórdão
rescindendo, o que é inviável em sede rescisória, pois ação de restrita aplicação que não pode ser
tomada como sucedâneo de recurso. Também não ampara o corte rescisório o fato de ter a ré se
aposentado após a despedida, na medida em que, além de não estar prequestionada esta matéria no
acórdão rescindendo e não ter a autora apontado, na inicial, dispositivos que entende afrontados a
este respeito, a reintegração não implica em novo contrato, mas na continuidade daquele existente -
cujo término, segundo o julgado em questão, padece de nulidade -, descabendo perquirir de afronta a
dispositivos da Constituição Federal vigente, eis que o contrato de trabalho se iniciara sob a égide da
Carta anterior. Ainda sob a alegação da existência de erro de fato no acórdão rescindendo - inciso IX
do artigo 485 do CPC -, reitera a autora argumentação própria de recurso, sequer apontando qual o
erro em que teria incidido o julgado, mas tecendo a apreciação do caso que entende correta e
buscando, segundo afirma, o reexame de provas, ao que não se destina este dispositivo legal.

(...) A autora busca a desconstituição do acórdão que negou provimento ao recurso por ela interposto,
entendendo nula a despedida da reclamante, ora ré, levada a efeito sem observância das exigências e
limitações impostas pelo regulamento interno (fls. 190/193). Informa que a ré foi despedida em
04.07.91 e ajuizou a reclamatória em 03.06.93, tendo sido determinada sua reintegração com o
pagamento das parcelas postuladas: salários vencidos e vincendos, com todas as promoções,
majorações e reajustes do período, férias e 13º salários e recolhimentos ao FGTS do período.
Aponta como causa de rescindibilidade a violação literal de dispositivos de lei – inciso V do artigo 485
do CPC -, citando como violados os artigos 37, II, XVII e parágrafo 2º, da Constituição Federal, no
tocante à investidura em cargo público sem concurso na vigência da Constituição Federal, e 173,
parágrafo 1º, também da Carta Magna. Alega que seus empregados não são regidos pela Lei 8.112/90,
mas pela CLT e demais normas aplicáveis aos empregados, e que possui o direito potestativo de
despedi-los, tendo sido pagos todos os direitos da ré em sua rescisão, com a devida homologação do
sindicato de classe, e obedecidos os critérios do acordo coletivo de trabalho para o desligamento.
Afirma que a ré jamais deteve estabilidade no emprego, quer por norma administrativa interna, quer
por acordo coletivo de trabalho ou por disposição legal, com a agravante de que a ré foi reintegrada
estando aposentada, o que é inviável, pois houve a extinção da relação havida em face da concessão de
aposentadoria a partir de 05.07.91, dia posterior ao da rescisão contratual. Sustenta que tal
entendimento fere frontalmente o disposto no já citado parágrafo 1º do artigo 173 da CF, mencionando
decisões a respeito, e que é de se aplicar também, por analogia, o Enunciado 345 do TST.
O acórdão rescindendo expressamente reconhece o direito do Estado, de forma ampla, representado
por seus órgãos de administração direta ou indireta, autarquias e fundações, de dispensar empregados
contratados sob a égide da CLT, dizendo inexistir quaisquer outros óbices, que não aqueles elencados
neste diploma legal, para a despedida do empregado sob tal regime contratado, afastando o argumento
contrário contido na sentença (fl. 191). A seguir, entende, contudo, analisando normas internas da
autora, que esta não observou, para a despedida da ré, exigências e limitações impostas pelo seu
regulamento interno, a cuja observância está obrigada, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade.
Afirma expressamente: "Observe-se que, ainda que a consolidação não oponha tais limites ao direito
potestativo do empregador, se este, por sua própria vontade o faz, mediante regulamento, ordem de
serviço ou outro ato normativo interno, não pode, posteriormente, deixar de observá-los, sob pena de
nulidade do ato posterior, por falta da necessária presença do requisito legalidade, inafastável dos
atos praticados pelos representantes do ora recorrente." (fl. 192).
Não se vislumbra, pois, a alegada violação do artigo 173, parágrafo 1º, da Constituição Federal, visto
que o acórdão rescindendo trata a ré como empregada regida pela CLT, nada havendo a respeito da
citada Lei 8.112/90, nem tampouco tendo sido negado seu direito potestativo de despedir seus
empregados.
Como se denota das alegações da autora acima expostas, esta busca, especialmente ao afirmar que a ré
não detinha qualquer espécie de estabilidade, que sua norma interna não instituiu estabilidade, e ao
pretender a aplicação, por analogia, do Enunciado 345 do TST, o reexame do próprio teor do
julgamento proferido como se de recurso se tratasse, o que é inviável através de ação rescisória,
remédio extremo de restrita aplicação por visar à desconstituição da coisa julgada, que não pode ser
tomado como sucedâneo de recurso. Note-se, ainda a este respeito, que os enunciados de súmula, em
que pese relevantes no ordenamento jurídico, apenas expressam posicionamento jurisprudencial, não
tendo força de lei a ensejar o corte rescisório com amparo no inciso V do artigo 485 do CPC. O
enunciado de súmula trazido pela autora, ademais, refere-se a situação específica de outro ente público,
cuja aplicação mesmo em sede recursal não seria pacífica.
No tocante ao artigo 37, II, XVII, e parágrafo 2º, da Constituição Federal, da sucinta fundamentação da
inicial a respeito, e mais claramente da manifestação à contestação (fls. 242/247), depreende-se que a
autora os entende violados por ter sido a ré, segundo sustenta, reintegrada quando aposentada, tendo
ocorrido a extinção da relação havida em face da concessão de aposentadoria no dia seguinte ao da
rescisão contratual. O acolhimento desta alegação exigiria o reconhecimento de que a reintegração
importa na formação de um segundo contrato - dada a extinção do primeiro pela aposentadoria -, que
seria nulo por não ter a ré prestado concurso público.
De início, veja-se que a questão referente à extinção ou não do contrato de trabalho pela aposentadoria
não foi objeto de análise no acórdão rescindendo, nem o havia sido na sentença. Ainda que a autora
tivesse mencionado a aposentadoria da ré em sua defesa na reclamatória (fls. 130 e 134), não opôs
embargos declaratórios à sentença, nem tampouco a renovou em seu recurso ordinário, não tendo,
ainda, nem na defesa, nem no recurso, feito qualquer referência aos incisos do artigo 37 da CF ora
trazidos. Assim, a rigor, não há prequestionamento da matéria, afastando a possibilidade rescisória, a
teor do entendimento contido no Enunciado 298 do TST, ainda mais se considerada a controvérsia
doutrinária e jurisprudencial existente sobre este assunto, o que também inviabiliza o corte rescisório,
segundo entendimento dos Enunciados 83 do TST e 343 do STF. Além disso, a autora não aponta na
inicial dispositivos legais que entenda afrontados quanto à questão referente à extinção do contrato
pela aposentadoria, o que é imprescindível em se tratando de ação rescisória fundamentada na hipótese
ora em análise (inciso V do artigo 485 do CPC). Apenas na manifestação à contestação faz referência
ao artigo 453 da CLT (fl. 243), aludindo, no entanto, à "reforma" da decisão e mesmo à existência de
entendimentos contrários, o que não se afeiçoa à ação rescisória, pois esta não dá margem à
interpretação de normas legais – o que se verifica, sinale-se, em relação a esta matéria na
jurisprudência -, mas exige violação flagrante e direta ao imperativo legal dito afrontado. Note-se que
o artigo citado não trata expressamente da extinção do contrato de trabalho, mas apenas se refere ao
cômputo do tempo de serviço em caso de readmissão do empregado.
Cumpre considerar, ainda, que a reintegração determinada não importa em novo contrato de trabalho,
mas na continuidade do mesmo contrato, cujo término pela despedida, segundo o julgamento
proferido, padece de nulidade. Veja-se que a aposentadoria ocorreu após a despedida da ré, o que não
sofre alteração por ter se dado apenas um dia após. Assim, considerando que foi determinada a
reintegração, ou seja, a continuidade do contrato existente entre as partes, e iniciado este em 1975, não
cabe perquirir de afronta ao dispositivo constitucional em análise, da Constituição Federal de 1988, e,
portanto, inaplicável ao caso.
Apenas a título de argumentação, registra-se que na Constituição Federal de 1967, com a redação da
Emenda Constitucional 1/69 - sob cuja vigência iniciou-se o contrato de trabalho -, não havia a
expressa exigência de realização de concurso público em relação aos empregos públicos, como é o
caso da ré, consoante os termos do artigo 97, parágrafo 1º: "A primeira investidura em cargo público
dependerá de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, salvo os casos
indicados em lei.” Não havia, pois, à data de sua admissão, a exigibilidade de prestação de concurso
público.
Quanto ao inciso XVII do artigo 37 da Constituição Federal, a autora não apresenta qualquer
fundamentação, apenas mencionando-o juntamente ao inciso II acima analisado. Poder-se-ia cogitar,
assim, de que se refira à acumulação dos salários percebidos pela ré, dada sua reintegração, e dos
rendimentos auferidos pelo benefício da aposentadoria. Ainda assim, não se configura a violação de tal
dispositivo, tanto porque nada há na reclamatória quanto a tal matéria, inexistindo, pois,
prequestionamento, bem como porque o dispositivo em questão não fala expressamente em
rendimentos da Previdência Social, descabendo, pois, falar, em sede rescisória, de sua violação literal.
Tal entendimento importaria, à evidência, em dar-se cunho interpretativo à norma legal, que impede o
corte rescisório, como já explanado acima.
A autora também fundamenta a ação no inciso IX do artigo 485 do CPC, afirmando que a reintegração
da ré foi determinada sem a devida observância às provas produzidas nos autos, ocorrendo erro de fato.
Sustentando que o acórdão rescindendo entendeu que a autora tinha limitações ao direito potestativo de
despedir por estar vinculada a norma interna de natureza cogente, ressalta que à ré - que ingressou em
1975 através de opção pois era estatutária do quadro de pessoal do extinto INPS, modificando o seu
regime de trabalho passando a ser regida pela CLT – não era assegurada a estabilidade, porque não se
enquadra nos casos previstos no ordenamento jurídico. Assim, afirma que seu direito de despedir foi
corretamente exercido, como pode ser comprovado pela rescisão do contrato de trabalho devidamente
homologada pelo sindicato profissional, tendo a ré recebido e dado quitação de todos os seus créditos.
Sustenta que a dispensa se deu com observância da cláusula 34ª do acordo coletivo de trabalho, não
tendo a ré exercido seu direito de pedir reconsideração de tal ato, como facultado nesta cláusula, pois
não tinha interesse em permanecer na empresa, vindo a ajuizar reclamação trabalhista quase dois anos
após sua despedida, sem mencionar que estava aposentada desde um dia após a despedida. Como a
aposentadoria espontânea é causa extintiva do contrato de trabalho, entende que o segundo contrato
(após a reintegração) é nulo, à míngua de concurso público, sendo impositivo o desligamento.
Como se evidencia dos termos acima transcritos, a autora pretende, sob a hipótese de erro de fato,
novamente o reexame do próprio teor do julgamento proferido como se de recurso se tratasse,
buscando a reapreciação de provas e de interpretação das normas legais, o que é inviável através da
presente ação, com argumentos inclusive já trazidos sob a alegação de violação de dispositivos de lei
acima analisados. Note-se que a autora sequer aponta qual seria o erro de fato contido no acórdão,
trazendo a apreciação do caso que entende correta, o que não se afeiçoa à natureza da presente ação.
Refere expressamente que busca o "melhor exame” das provas (item 6.2.3, fl. 08), ao que não se
destina o dispositivo em referência.
O erro de que trata o inciso IX do artigo 485 do CPC é o erro de percepção do Julgador, que, no dizer
de Franciso Antonio de Oliveira (in Ação Rescisória Enfoques Trabalhistas, RT, 1992, p. 192), "vê
algo que não existe ou não vê algo que existe; não de interpretação. Na interpretação existe uma
apreciação prévia da matéria, não se podendo falar em erro de fato, mas quando muito, em má
apreciação da prova". Como expõe Manoel Antonio Teixeira Filho, in Ação Rescisória no Processo do
Trabalho (op.cit., p. 292): "... o erro de fato não é um erro de julgamento e sim de percepção do juiz,
consistente em uma falha que lhe escapou à vista, no momento de compulsar os autos do processo...”.
O erro que justifica a rescisória é, pois, aquele decorrente da omissão ou desatenção do Julgador
quanto à prova e não aquele advindo da justiça ou injustiça do julgado; reside no fato e não na sua
interpretação, a qual nenhuma influência exerce sobre sua validade. Esta hipótese, portanto, não se
destina ao reexame de provas, como pretende a autora. A aposentadoria da ré, fato ao qual a autora dá
relevância em sua manifestação à contestação, já foi exaustivamente analisada acima, tratando-se de
matéria, consoante a fundamentação então exposta, que se afasta totalmente da hipótese de erro de
fato, tal como prevista na norma ensejadora do corte rescisório.
Por todo o exposto, impõe-se julgar improcedente a ação.

AÇÃO CAUTELAR. A autora, em ação cautelar incidental, busca a suspensão da execução até o
julgamento da ação rescisória.
O não-acolhimento da pretensão formulada na ação rescisória implica também o não-acolhimento da
pretensão deduzida na ação cautelar, pois não comprovados os pressupostos específicos do fumus boni
iuris e do periculum in mora que a fundamentam.
Impõe-se, pois, julgar improcedente esta ação.

Ac. 05474.000/98-7 AR
Julg.: 09.07.99 - 2ª SDI
Publ. DOE-RS: 27.09.99
Relator: Paulo José da Rocha

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