Altura, Altitudes e Níveis… para muitos de nós, isto é parecido, talvez até a mesma coisa! Mas em
aeronáutica, cada uma destas palavras tem um significado muito próprio, e quando confundidas, a segurança de
voo está em risco!
Antes de passarmos à altimetria em si, temos de conhecer o meio que nos envolve, que é também a
razão pela qual existe a altimetria, a Atmosfera.
A Atmosfera é uma camada gasosa que envolve a Terra e contém vários gases. A sua composição é de
cerca de 21% de oxigénio, 78% de azoto e 1% de outros gases, principalmente árgon. Estes valores são mais ou
menos constantes em toda a Atmosfera.
Apesar da Atmosfera acompanhar a Terra no seu movimento (translação e rotação) tem também o seu
próprio movimento. Este movimento vem principalmente da diferença de temperaturas entre os pólos e os
trópicos, e também entre a terra e a água devido à radiação solar. A atmosfera é quente junto à Terra porque a
terra e a água absorvem a radiação solar, e depois libertam essa energia em forma de calor, pelo que à medida
que subimos na atmosfera, diminui a temperatura. Mas não é só a temperatura que diminui. A pressão
atmosférica também diminui.
Pressão e Temperatura
Ao nível do mar, com uma temperatura de 15ºC a pressão é de 1013.25 hPa ou 29.92 Hg. (segundo a
ISA – iremos ver mais à frente)
Não existem temperaturas (T) negativas. O que existe, são temperaturas abaixo de zero.
A medida de temperatura absoluta, é o Kelvin (ºK).
A 0ºK corresponde 273ºC abaixo de zero. Esta temperatura de 273ºC abaixo de zero ou 0ºK é o zero absoluto,
onde já não existe movimento de partículas.
O instrumento que lê a altura é o altímetro. Este instrumento indica a altitude através de uma diferença
de pressões.
Como a pressão varia de dia para dia, e de local para local, este instrumento é regulável. Este ajuste é
feito manualmente pelo piloto, através da janela de Kollsman.
Nesta janela, de Kollsman, é onde o piloto irá ajustar a pressão (em relação à qual quer saber a altitude),
para que então, possa ler a altitude correctamente.
O problema é… que pressão é que se introduz lá? Isso agora, depende do que o piloto deseja. Existem
várias pressões. QFE, QNH, QFF e QNE. Aqui vamos falar do QFE e do QNH.
QFE
O QFE, é a pressão num dado local. Pego no meu barómetro, vou ali fora, e vejo quanto indica o
barómetro. Seja na Serra da Estrela, ou no Algarve, o QFE é a pressão no local. Se tivermos o avião parado na
placa, verificarmos a pressão nesse local, e a introduzirmos na janela de Kollsman o altímetro irá ler 0 (zero). Se
tiver o avião num local qualquer e desejar saber a pressão, fazendo ao contrário, basta ajustar a janela de
Kollsman até que o altímetro leia 0. A pressão que está indicada é o QFE.
QNH
O QNH é o QFE reduzido ao nível do mar segundo a ISA.
Mas que raio quer isto dizer! Bem, para já, temos de saber a que
altitude nos encontramos em relação ao MSL (Mean Sea Level)
Nível médio das águas do mar. Suponhamos que nos
encontramos num aeródromo, e que a sua altitude é de 270’ em
relação ao MSL. Sabemos também que a pressão no local (QFE)
é de 1009 hPa.
Como foi dito atrás, a pressão diminui 1hPa por cada 27’
em altura. Então, uma vez que o aeródromo está a 270’ de
altitude, isso significa que isso corresponde a uma variação de
10hPa. Se por 1hPa se sobe 27’, se estamos 270’ acima do mar,
estamos com uma pressão 10hPa inferior à que está no nível do
mar. Assim, como sabemos que o QFE (pressão no local) é de
1009, sabemos que o QNH é de 1019hPa.
Para evitar isto, acima de um certa altitude que iremos ver mais a frente, todos os aviões voam em
relação à pressão atmosférica ao nível do mar nas condições ISA. Esta pressão é 1013.25 hPa.
Neste momento, sabemos que para descolar, temos de usar o QNH local, depois, acima de um certa altitude,
mudamos para 1013.25hPa, e depois, antes de aterrarmos, voltamos a mudar para o QNH local do aeroporto de
destino, abaixo de um certo nível.
Quando descolamos de um dado local, descolamos com o QNH introduzido na respectiva janela (ou
seja, estamos a voar em altitudes), e ao subimos, vamos passar por uma dada altitude em que vamos mudar
para 1013.25. Esta altitude é a Altitude de Transição (Transition Altitude – TA). Esta altitude é fixa, uma vez que
é sempre em relação ao nível do mar.
Depois, fazemos o resto do voo todo
em 1013.25. Como todos os aviões
voam em relação a esta pressão
standard, mesmo que estejam a voar
com erros altimétricos, todos têm o
mesmo erro, todos voam com base nos
mesmos erros, o que torna o voo
seguro. Digamos que este erro
altimétrico é um mal necessário.
O Nível de Transição está sempre acima da Altitude de Transição, e a distância física entre estes é entre
500’ a 1000’, e a este espaço chama-se Camada de Transição (Transition Layer). Nesta camada não se voa,
apenas se passa, e esta serve apenas para que o piloto tenha tempo para fazer a mudança de QNH para 1013 e
vice-versa. Poderá acontecer o piloto voar (nivelado) mesmo na TA ou na TL, mas não é usual voar (nivelado)
dentro do espaço físico da camada.
Como podemos ver na figura, o avião está a voar em FL180 ou seja, esta a voar a 18000’ em relação ao
1013. Como a atmosfera não é constante, e a pressão varia ao longo da terra, não tinha lógica o piloto ter de
mudar a todos os minutos para o QNH local. Assim, adoptou-se este método. Apesar de ter estas pequenas
variações de altitude, estamos sempre
ao mesmo nível de pressão, FL, neste
caso FL180.