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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – FAUUnB 1

DEPARTAMENTO DE PROJETO, EXP. & REP. EM ARQ. & URB.

NOTAS DE AULA
PADRÕES INTEGRADOS DE COMPORTAMENTO E ESPAÇO – PICS
PROF. FREDERICO FLÓSCULO PINHEIRO BARRETO – 2009/1

O AMBIENTE DAS
CRIANÇAS 1

Children's Environment
KALEVI KORPELA
(Professor no Departamento de Psicologia da Universidade de Tampere, Finlândia)
Tradução: Prof. Frederico Flósculo Pinheiro Barreto (FAUUnB)

Vários autores contemporâneos têm enfatizado a necessidade de


avançarmos desde dados descritivos para concepções teóricas nos estudos das
preferências de crianças e adolescentes por determinados lugares (Conn, 1994;
Malinowiski & Thurber, 1996; Wohlwill & Heft, 1987). A partir dessa
constatação, temos que o principal objetivo deste trabalho é a discussão dos
estudos empíricos que nos ofereçam novas idéias e conceitos, que nos ajudem na
compreensão da dinâmica psicológica que subjaz às preferências que as pessoas
jovens têm por lugares, e ao relacionamento dessas preferências com outros
fatores. Em especial, este trabalho se refere à experiência relacionada a lugares de
crianças e adolescentes, na faixa de idade que vai dos 4 aos 19 anos, em termos
de suas emoções e das relações entre emoções e auto-regulação. Essas questões

1
Nota da disciplina: o presente texto forma o Capítulo 24, intitulado Children’s Environment, do livro
“Handbook of Environmental Psychology”, editado por Robert Bechtel e Arza Churchman (Nova Iorque: John
Wiley & Sons, 2003, pp. 363-373).
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não foram objeto de explícita revisão em trabalhos anteriores, que buscaram


cobrir todo o campo da psicologia ambiental (Holahan, 1986; Russell & Ward,
1982; Saegert & Winkel, 1990; Stokols, 1978; Sundström, Bell, Busby, &
Asmus, 1996; Wohlwill & Heft, 1987).

Neste trabalho, faremos inicialmente a revisão dos estudos sobre as


preferências por lugares (ou dos seus lugares preferidos). O termo “estudos de
lugares preferidos” se refere principalmente ao exame das descrições que as
crianças fazem dos lugares de seu cotidiano que são seus favoritos, assim como
os lugares que não gosta, em termos de sua importância, apreciação, valorização,
entre outros aspectos. Assim, também o desenvolvimento dessas preferências por
determinados lugares, e os fatores que afetam essa seleção dos lugares favoritos,
e os aspectos relacionados ao tipo de bem-estar que as crianças sentem, a esse
senso de restauração e de auto-regulação, sobretudo emocional, serão examinados
a seguir. Alguns estudos recentes acerca de lugares preferidos sugerem que a
auto-regulação, a identidade dos lugares, o apego aos lugares, a regulação da
privacidade, e os efeitos de restauração proporcionados por esses ambientes,
podem ser compreendidos como fenômenos inter-relacionados. Investigar suas
relações tem o potencial benefício de oferecer novas idéias para a teoria e
pesquisa no campo da preferência por lugares. Desse modo, ao final do trabalho,
há o desenvolvimento de algumas especulações teóricas. Para limitar o escopo
dos assuntos a serem examinados, tópicos como as questões de projeto dos
ambientes para as crianças, em geral, ou para edificações específicas tais como
escolas, creches, jardins-de–infância e parques de diversão, por exemplo, foram
excluídos.
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EMOÇÕES E PREFERÊNCIAS POR LUGARES

Os estudos sobre as memórias de infância sobre os lugares favoritos, tais


como os de Lukashok e Lynch (1956), Hester (1979), Cooper Marcus (1978,
1979), Wyman (1985), e Sobel (1990), e os estudos sobre o uso dos lugares pelas
crianças, tais como os de Hart (1979) e Moore (1986), mostraram que fortes
emoções estão ligadas aos lugares. Por outro lado, os lugares podem ser
associados a sentimentos de privacidade, controle e segurança. A necessidade de
estar só e de escapar das pressões sociais, assim como a importância dos lugares
“de se esconder” são achados gerais de tais estudos.

No final dos anos 1980, os dados acumulados sobre o comportamento de


crianças na faixa dos 4 aos 12 anos de idade sugeriam que os ambientes
exteriores (à habitação) apresentavam mais significado emocional do que seria de
se esperar, dado o tempo efetivamente despendido nesses lugares, e que certos
lugares especiais, como lugares escondidos (ou de se esconder) ou lugares para
observar a cidade, as ruas, assim como as matas que circundam algumas cidades,
ou as matas de seus parques urbanos, seus morros e penhascos, mesmo quando
proibidos para as crianças, possuíam significância emocional para elas (Hart,
1979; Moore & Young, 1978). Ações como estar na rua com os amigos,
conversarem entre si ou jogarem jogos sedentários constituem de 19% a 30% das
atividades em locais situados ao alcance das crianças (Moore & Young, 1978).

Os lugares de retiro solitário podem se tornar importantes, e a perda de um


lugar favorito, ou mesmo parte dele – que muda de uso ou é edificado para outras
finalidades, e não se torna mais disponível para as crianças – pode se tornar numa
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experiência emocional difícil para as crianças apegadas a esse lugar (Hart, 1979).
Em meados dos anos 1990, os estudos relacionados às crianças de 11 a 19 anos
revelaram que ter liberdade e ter controle eram elementos importantes para os
adolescentes em seus lugares favoritos (Owens, 1988). Os adolescentes sentem
falta de lugares para se isolarem, assim como de lugares para a interação social
(Lieberg, 1994; Noack & Silbereisen, 1988; Owens, 1994); lugares com
paisagem natural são valorizados em meio a áreas residenciais (Owens, 1988;
Schiavo, 1988), e tais lugares estão entre os que mais são associados ao bem-estar
das pessoas, aos momentos em que colocam a sua vida em perspectiva (Owens,
1988).

Por outro lado, as crianças também desenvolvem sentimentos negativos


com relação a seu ambiente, e identificam lugares que temem e que consideram
perigosos (Hart, 1979; Matthews, 1992). O’Brien, Jones, Sloan e Rustin (2000)
estudaram crianças na faixa de idade dos 10 aos 14 anos, na Inglaterra, e
descobriram que as garotas falavam mais do medo que os rapazes. Pelo menos
um estudo mais aprofundado mostrou como as crianças lidam com seus medos
quando tinham que andar sozinhas nas vizinhanças de suas residências. Por
exemplo, uma garota de 11 anos, moradora da área central de Londres, criava
coragem e afastava o medo ao repetir mentalmente para si mesma: não se
preocupe, ao passar por lugares que despertavam sua ansiedade e medo.

No estudo realizado na Holanda por van Andel (1990), crianças da faixa


etária de 6 a 12 anos avaliaram elementos naturais e lugares de sua vizinhança em
termos de sua atratividade, de seu caráter enfadonho, ou assustador, ou perigoso.
Bixler e Floyd (1997) estudaram, no Texas, estudantes da oitava série do
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primeiro grau, e descobriram que as frustrações no alcance de suas expectativas


de vida, sua sensibilidade a situações repugnantes, e seu desejo por comodidades
modernas se relacionavam às preferências que demonstraram ter por
determinadas imagens de ambientes naturais a que foram expostos. As crianças
que evidenciaram maiores frustrações quanto às suas expectativas de vida, e que
demonstraram a mais elevada sensibilidade aversiva a insetos, a sujeira ou a lixo,
assim como maior desejo por comodidades modernas, também demonstravam
maior preferência por parques públicos bem cuidados, de esmerado paisagismo, e
por paisagens urbanas altamente ordenadas, de boa aparência. Essas pessoas
também não apreciavam os ambientes naturais intactos, e expressaram menos
interesse em atividades recreacionais em ambientes exteriores, como caminhadas
e canoagem. Holaday, Swan e Turner-Henson (1997) encontraram em uma
amostra multi-étnica norte-americana de crianças na faixa de idade de 10 a 12
anos, com doenças crônicas (com diagnósticos de asma, doenças cardíacas
congênitas, desordens neuro-musculares e diabetes), que gostavam mais de estar
com seus amigos da mesma idade e com os adultos mais queridos no contexto da
vizinhança urbana onde moravam, do que em passeios em lugares naturais. Por
outro lado, expressavam seu maior desagrado com relação a pessoas que não
conheciam e com o isolamento, e em segundo lugar desagradava-lhes a ausência
de lugares naturais, de barulho excessivo, de distâncias, ou de barreiras físicas
naturais que lhes limitassem os movimentos, como as elevações de montanhas ou
mesmo colinas.
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OS ESCOLHAS DOS LUGARES FAVORITOS PELAS CRIANÇAS,


POR GÊNERO E IDADE

Alguns estudos expõem diferenças de idade entre a infância e a


adolescência na freqüência de suas seleções de lugares favoritos naturais ou
privados (Pihlström, 1992; Sommer, 1990), enquanto outros estudos mostram
pequenas ou nenhuma diferença com relação à idade (Malinowski & Thurber,
1996; Schiavo, 1988; Silbereisen, Noack & Eyfrth, 1986). Por exemplo, os dados
de Pihlström (1992) acerca de um outro estudo não-publicado sobre os lugares
favoritos de crianças de 7 – 12 anos, indicaram que as crianças de de 7 a 9 anos
selecionaram situações naturais com maior freqüência que as crianças de 10 a 12
anos.

Sommer (1990) descobriu que crianças estonianas 2 de 11 a 13 anos


preferiam ambientes naturais como seus lugares favoritos com maior freqüência
que as crianças com 15 a 17 anos. Silbereisen, Noack e Eyferth (1986)
descobriram que crianças alemãs de 12 anos de idades, em Berlim, preferiam
ambientes naturais como seus lugares favoritos para os momentos de lazer, com
maior freqüência que as crianças com 15 anos de idade. Os ambientes
domésticos, as quadras esportivas e ginásios, os shopping centers ou as ruas de
comércio eram preferidos por ambos os grupos. Esses resultados obtidos junta a
crianças européias indicam que o grupo de crianças de 7 a 9 anos, mais que o
grupo de crianças de 11 a 13 anos – e ambos, mais que o grupo de 15 a 16 anos –
preferiam os locais externos naturais.

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A Estônia é um pais...
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Em contraste, o estudo feito por Schiavo (1988) nos E.U.A. não revelou
diferenças relacionadas às idades em crianças com 10 anos, 13 anos e 17 anos,
quanto à sua preferência por ambientes naturais como seus lugares favoritos, ou
como lugares importantes, em suas vizinhanças de moradia. Maliniwski e
Thurber (1996) descobriram também que somente eram significativas algumas
pequenas diferenças nas escolhas de lugares favoritos entre quintis de resultados
obtidos junto a crianças norte-americanas de 8 a 16 anos, durante uma colônia de
férias de duas semanas havida em New Hampshire. Lugares naturais, lagos ou as
margens de lagos e rios, e ainda refúgios, como cabanas, foram escolhas comuns
entre essas crianças. É bem possível que os locais dominados por paisagens
naturais onde foram feitos os estudos de Schiavo, assim como os de Malinowski
e Thurber, expliquem em parte esse contraste com os estudos europeus
mencionados acima.

Com respeito às diferenças de gênero, os resultados obtidos em diferentes


países sugerem que os garotos tendem a favorecer ambientes externos às suas
casas, enquanto que as meninas tendem a favorecer ambientes internos às suas
casas. Sebba (1991) descobriu que garotos israelitas de 8 a 11 anos de idade
escolhem lugares externos como seus lugares favoritos como maior freqüência
que as garotas. Lieberg (1994) descobriu que as garotas suecas de 13 a 17 anos
preferiam lugares favoritos onde tinham maior privacidade, enquanto os garotos
preferiam lugares mais públicos, onde desfrutavam menor privacidade. De um
modo semelhante, na Inglaterra e no País de Gales (Smith & Barker, 2000), os
garotos de 5 a 12 anos preferiam significativamente mais que as garotas os jogos
em ambientes externos quando freqüentavam clubes que ofereciam serviços para
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crianças, após suas atividades escolares. No estudo feito por Sommer (1990),
garotos estonianos de 11 a 12 anos escolhiam locais na natureza como seus
lugares favoritos, com maior freqüência que as garotas.

Em suma, os estudos que foram feitos nos anos de 1990 fortalecem os


achados anteriores acerca da importância das habitações, dos lugares na natureza
e dos locais de reunião social – assim como os ambientes comerciais – nas
preferências ambientais de crianças e adolescentes (Chawla, 1992). Ainda que
haja exceções, as evidências apontam para o fato de que as crianças de 7 a 9 anos,
mais que as crianças de 11 a 13 anos (em comparação com diversos outros
grupos de idade, como o de 15 a 16 anos), e os garotos mais que as garotas,
tendiam a favorecer os ambientes abertos, externos naturais. Há certa carência de
mais resultados relacionados ao grupo etário de 17 a 19 anos em comparação com
outros grupos de idade, mas é perfeitamente possível que os lugares externos e
naturais ganhem uma maior atenção nesse grupo. No estudo de Korpela (1992),
as casas eram preferidas em primeiro lugar, enquanto os lugares naturais e
comerciais ficavam em segundo lugar nas preferências de jovens estudantes
finlandeses na faixa etária de 17 a 18 anos. Schiavo (1988) não encontrou uma
queda significativa na preferência por lugares naturais entre os grupos de jovens
com 17 anos e os grupos de 10 a 13 anos de idade. Owens (1988) descobriu que o
lugar mais popular na escolha de jovens de 14 a 18 anos eram os parques
naturais. Num outro estudo de Owens (1994), os parques naturais estavam no
quarto lugar das preferências de adolescentes australianos. No entanto, apenas 6
dentre 101 respondentes pertenciam à faixa etária dos 17 aos 19 anos, e a maioria
pertencia à faixa de 13 a 16 anos.
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Diante do volume de dados de todas essas pesquisas, é importante


questionar, como fez Conn (1994): qual é a dinâmica subjacente às preferências
observadas por lugares, nessas pesquisas? Por que esses lugares interessam a
crianças e adolescentes? Várias respostas a essas questões surgiram ao longo dos
anos de 1990, como as descrições associadas ao desenvolvimento humano, as
análises de variáveis intervenientes que afetam as escolhas de lugares favoritos,
as análises das experiências restauradoras em lugares favoritos, e as visões
emotivas e auto-regulatórias relacionadas à escolha e ao uso dos lugares
favoritos.

DESENVOLVIMENTO HUMANO: GENERALIZAÇÕES TEÓRICAS


SOBRE AS MUDANÇAS NAS PREFERÊNCIAS RELACIONADAS AO
LUGAR

Generalizações teóricas acerca de como as preferências de lugar se


desenvolvem com a idade ainda são pouco numerosas na literatura. Isso reflete o
fato de que os estudos nessa direção ainda são poucos, e se caracterizam por
comparações genéricas entre grupos de idade em delineamentos de pesquisas que
alinham situações e recortes distintos (cross-sectional designs). Com base em um
estudo de revisão da literatura sobre o uso de lugares, as preferências por lugares,
e o mapeamento comportamental, feito ao longo dos anos 1970 e 1980, Chawla
(1992) oferece uma das duas mais recentes sínteses acerca das mudanças nas
preferências por lugar associadas à idade de crianças. O desenvolvimento de
preferências por lugares é relacionado ao desenvolvimento da auto-identidade,
das necessidades de privacidade, e das afiliações sociais. O período mediano da
infância, dos 6 aos 11 anos, é caracterizado por uma expansiva exploração do
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ambiente imediato, de cooperação com os outros nessas explorações e em jogos,


em uma auto-identidade determinada pela força física e destreza, e criação de
locais de brincar, como casinhas improvisadas ou fortes militares, etc., no
ambiente ao alcance das crianças. Após essa relação expansiva com o ambiente
local em companhia de amigos do mesmo sexo, vem um período de formação de
novos grupos mistos, com meninos e meninas buscando a privacidade de suas
casas, ou de lugares de estar em shoppings centers, em pontos de reunião
localizados em áreas mais públicas de suas cidade, ao longo do período dos 12
aos 17 anos. As preferências por lugares durante a infância e a adolescência
supostamente ofereceriam apoio para o desenvolvimento da auto-identidade, para
a satisfação da necessidade de segurança, assim como as ligações sociais com os
“cuidadores” (pais, professores, monitores, etc.) e com o grupo de amigos da
mesma faixa etária, e a prática de papéis sociais. No entanto, o padrão de
preferências não é assumido como universal, ou como algo que refletiria
necessidade de desenvolvimento humano universal.

Malinowski e Thurber (1996) oferecem uma outra síntese preliminar,


também associada ao desenvolvimento humano que sugere a existência de uma
mudança desde preferências por lugares de caráter social e comercial, na primeira
infância, até lugares selecionados com base no uso do lugar, e das preferências
por atividades, no período final da infância. Na adolescência, os lugares
preferidos são selecionados com base em critérios estéticos e cognitivos. Essas
mudanças nas preferências por lugares são explicadas através do modelo de Hart
e Moore (1973), de desenvolvimento da compreensão, pelas crianças, dos
ambientes sociais de larga escala. Até a idade pré-escolar, presume-se que as
crianças compreendem os ambientes de forma egocêntrica, relacionando-os
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somente a elas mesmas. Gradualmente, esse modo é substituído por um quadro


de referência mais estável, através do qual a criança orienta o ambiente com
relação a determinados referenciais. Quando o raciocínio abstrato e formal se
desenvolve nos anos de escolarização, um quadro coordenado de referências
começa a emergir. Quadros fixos são sintetizados em uma visão coordenada do
ambiente, e uma compreensão das direções cardinais, de orientação geral do
mundo, se torna possível. Assim, Malinowski e Thurber (1996) sugerem que o
egocentrismo das crianças mais jovens pode levá-las a preferir lugares onde a
gratificação e a proteção estão mais facilmente acessíveis. Isso pode explicar a
preferência por lugares de natureza comercial e social, para as crianças na faixa
de 5 a 10 anos. O amadurecimento de um quadro estável de referências, ao longo
da faixa de idade dos 9 aos 13 anos, pode concentrar a sua atenção no propósito e
no uso dos lugares, produzindo preferências associadas ao uso do solo (land use).
A visão de mundo mais abstrata que caracteriza as crianças mais velhas (14 a 16
anos) leva às preferências por lugares baseadas em critérios estéticos ou
cognitivos - neste último sentido, com a possibilidade de importar em reflexão
sobre assuntos pessoalmente importantes.

Em suma, Malinowski e Thurber (1996) enfatizam o desenvolvimento


cognitivo em concomitância com o desenvolvimento de preferências por lugares.
Chawla (1992) combina o desenvolvimento de preferências por lugares com o
desenvolvimento de habilidades sociais, de auto-identidade e de necessidades de
privacidade. Nenhuma dessas generalizações inclui adolescentes mais velhos, na
faixa de idade entre 17 e 19 anos. Os conceitos de auto-identidade e de
privacidade implicitamente indicam que aspectos emocionais e motivacionais
também podem contribuir para o desenvolvimento de preferências por lugares.
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Emoções não apenas interagem com o desenvolvimento cognitivo, tal como


sugerido pela pesquisa contemporânea acerca da integração de cognição e
emoção (Barnett & Ratner, 1997), mas também pode desempenhar um papel
independente nas preferências por lugares, como mostraremos a seguir.

FATORES QUE AFETAM A SELEÇÃO DE LUGARES FAVORITOS

As crianças escolhem lugares favoritos dentro de seu alcance territorial.


Por um lado, Wohlwill e Heft (1987) propõem que o conhecimento que as
crianças têm de seu ambiente, a sua predisposição para explorar esse ambiente, e
sua curiosidade, podem servir como possíveis variáveis intervenientes a afetar o
seu âmbito territorial. Por outro lado, restrições tanto de ordem social (como as
impostas pelos pais) ou físicas (como as impostas pelas vias e pelo trânsito da
vizinhança), podem cortar as possibilidades de uma ampla variedade de
experiências ambientais, das quais as crianças poderiam derivar preferências por
lugares. As restrições impostas pelos pais são o resultado de negociações
familiares onde os medos dos adultos, as convenções do cuidado infantil, os
julgamentos acerca do grau de maturidade e competência das crianças, as
expectativas relacionadas ao gênero e as orientações culturais são incluídas
(Matthews & Limb, 1999; O’Brien & al., 2000). Por exemplo, O’Brien et al.
(2000) descobriram que a herança cultural dos pais muçulmanos mantinha suas
filhas longe de muitos lugares públicos em Londres, pois esses pais estariam a
proteger a honra de suas filhas da curiosidade pública. Depois de estudar as
preferências das crianças quanto a espaços externos na Holanda, van Andel
(1990) colocou que o comportamento ambiental das crianças e suas opiniões
ambientais são, principalmente, determinados por características ligadas à sua
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idade, e ao seu gênero, além dos impactos de ambientes específicos. Por


exemplo, uma pequena cidade rural e uma grande área metropolitana diferem
quanto à disponibilidade de lugares específicos para o desempenho de papéis
(behavior settings), quanto às oportunidades para o desenvolvimento de
habilidades especializadas, quanto à quantidade freqüência de contato social, e
quanto aos níveis de estímulos tais como os ruídos (Wohlwill & Heft, 1987).

Malinowski e Thurber (1996) listaram uma série de variáveis


intervenientes a afetar a escolha e a avaliação de um lugar favorito:
- exposição anterior a diferentes ambientes;
- crescimento em ambiente rural versus urbano;
- restrições feitas pelos pais quanto à exploração ambiental;
- familiaridade vicária com diversos ambientes através da mídia;
- preferências de seus amigos da mesma faixa etária.

O estudo feito por Thurber e Malinowski (1999) com garotos norte-


americanos na faixa etária de 8 a 16 anos é o primeiro a mostrar o quanto as
diferenças emocionais podem ser responsáveis por diferenças na seleção e no uso
de lugares. Eles descobriram que garotos com altos níveis de emoções negativas
apresentavam maior probabilidade de escolher lugares onde pudessem ficar sós,
por exemplo, em uma colônia de férias de verão, ao passo que os garotos com
altos níveis de emoções positivas escolhiam lugares onde pudessem socializar
com mais pessoas. Os garotos com níveis mais elevados de emoções negativas
também apresentavam uma maior probabilidade de visitar novos lugares nos
ermos em volta das colônias de férias de que participavam que seus pares menos
estressados.
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Em resumo, sugere-se que as emoções devem ser entendidas como um


fator entre muitos outros a influenciar e explicar as preferências por lugares.
Outra evidência da importância dos fatores emocionais pode ser encontrada nas
investigações das experiências restauradoras, na auto-regulação e na regulação
dos estados emocionais associados a lugares favoritos.

RESTAURAÇÃO EM LUGARES FAVORITOS

Em auto-relatos não-estruturados (as crianças falaram à vontade sobre os


temas de seu interesse), os lugares favoritos de crianças e adolescentes foram
freqüentemente associados a estados de relaxamento, calma, conforto. Também
se contabilizou a freqüente menção a uma sensação de distanciamento da rotina
de suas vidas, das preocupações cotidianas, e à possibilidade de refletir sobre a
vida pessoal indica que os lugares favoritos permitem relaxamento de tensões
emocionais e experiências restauradoras (Korpela & Hartig, 1996). Outra ligação
entre os lugares favoritos e a restauração pessoal é oferecida pela descoberta da
predominância de lugares naturais entre os lugares favoritos. Um corpo de
conhecimentos que está a acumular-se fortalece a noção de que os ambientes
naturais oferecem benefícios restauradores (Hartig, Book, Garvill, Olsson &
Gärling, 1996; Hartig, Mang & Evans, 1991; Kaplan & Kaplan, 1989; Ulrichet e
cols., 1991). De forma associada a antecedentes negativos, como estresse ou
déficit de atenção, os ambientes naturais, se comparados aos ambientes
construídos, produzem acentuadas mudanças de natureza psicológica, na direção
do relaxamento, por exemplo, na tensão muscular e na pressão sangüínea, e uma
significativa redução quanto ao registro de sentimentos negativos, como o choro
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sem controle, a raiva, a depressão, e ainda efetivamente mantêm a atenção em


foco, produzindo elevados níveis de experiências restauradoras que podemos
denominar fascinação, confortável distanciamento, coerência, compatibilidade.
Duas principais teorias acerca da restauração dominam esse campo: uma teoria
focada na recuperação de curto prazo de estresse psico-fisiológico agudo (Ulrich
e cols., 1991), e outra teoria voltada para a recuperação de fadiga da atenção
direcionada (Kaplan & Kaplan, 1989).

Vários estudos recentes também começaram a analisar os efeitos dos


ambientes naturais sobre a imaginação e o comportamento de atenção das
crianças. Taylor, Wiley, Kuo e Sulliven (1998) mostraram que significativamente
ocorriam mais brincadeiras de modo geral, e mais brincadeiras criativas, e mais
contato com adultos, em espaços públicos exteriores e com uma alta presença de
vegetação, do que em espaços públicos com pouca vegetação. Esse estudo foi
realizado em Chicago, Illinois, em uma das dez vizinhanças mais pobres dos
Estados Unidos. As pesquisas sobre os pátios de escolas suecas do ensino
fundamental e intermediário mostraram que os professores se mostravam mais
satisfeitos (qualificando como “bons pátios”) com aqueles que tinham acesso a
lugares naturais, ao passo que se mostravam insatisfeitos (“maus pátios”) com os
que não tinham esse acesso. Também se constatou que as crianças que dispunham
de “bons pátios” também se envolviam em mais atividades que as crianças que
somente dispunham de “maus pátios”. Em particular, as brincadeiras mais
freqüentes, inclusive as programadas, assim como as atividades propostas pelos
professores, eram concentradas em lugares com contato com a natureza
(Lindholm, 1995). Wells (2000) estudou crianças na faixa dos 7 aos 12 anos, que
viviam em áreas urbanas com população de baixa renda, que foram removidas
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para novas áreas das suas respectivas cidades, antes e depois dessa remoção. Ela
descobriu que as crianças moradoras dos lares em que houve uma melhoria em
termos das suas visões da natureza desde suas casas, e cujas casas tinham áreas
de jardins e quintais com mais elementos naturais tendiam a apresentar os mais
elevados graus de capacidade de atenção. A mudança na qualidade geral da
habitação, contudo, não se mostrou um preditor significativo na habilidade de
focar a atenção. Taylor, Kuo e Sullivan (2001) descobriram que, de acordo com
as avaliações feitas pelos pais ou responsáveis, crianças na faixa etária dos 7 aos
12 anos, com desordem do déficit de atenção, mostravam um melhor desempenho
acima do normal após atividade em lugares naturais, com vegetação – e que
quanto mais verde a área verde presente nos locais de atividades e brincadeiras
onde estavam, menos severos se tornavam os sintomas de seu déficit de atenção.

A AUTO-REGULAÇÃO MEDIADA PELO AMBIENTE

Estudos feitos por Silbereisen e Eyferth (1986), por Silbereisen, Noack e


Eyferth (1986), por Noack e Silbereisen (1988), e por Silbereisen e Noack (1988)
em Berlim, foram, provavelmente, os primeiros a adotar uma visão auto-
reguladora da seleção do lugar. Eles consideraram o desenvolvimento como
“ação no contexto”, e sugeriram que os adolescentes regulam seu próprio
desenvolvimento através da seleção e da modelação de contextos externos
apropriados a seus objetivos. Por exemplo, as preferências de lugares para os
momentos de lazer podem ser vistos como parte da estratégia das pessoas, para
lidar com tarefas de seu desenvolvimento, tais como a formação da identidade
pessoal ou das relações pessoais com seus pares. De um modo similar, Cotterell
(1991), ao utilizar o conceito de ajuste ambiental individual como princípio
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orientador, observou que a escolha feita por crianças de 13 a 19 anos por um


determinado pavilhão na Exposição Mundial da Austrália era baseada na
suposição de que sua atmosfera era compatível com as necessidades desse grupo,
naquele momento.

Um número crescente de estudos acerca dos lugares favoritos de crianças e


adultos (Korpela, 1989, 1992; Korpela, Hartig, Kaiser & Fuhrer, 2001; Newell;
Spencer & Woolley, 2000; Twigger-Ross & Uzzell, 1996; Wölfing, 1996) apóia
uma explicação mais detalhada da auto-regulação, como dinâmica subjacente às
preferências e experiências em lugares favoritos. O conceito de auto-regulação
ambiental sustenta que o ambiente físico pode tornar-se parte essencial no
processo de regulação da experiência do self e das emoções.

A auto-regulação implica que as influências psicológicas de qualquer fator


externo tal como estímulos sensoriais, processos viscerais / orgânicos, ou normas
sociais, são processados de acordo com a atividade mental individual, consciente
ou inconsciente, seguindo determinados princípios básicos de motivação. A teoria
cognitivo-experimental do self (cognitive-experimental self theory – CEST)
(Epstein, 1985, 1991) descreve esses princípios de auto-regulação. Os princípios
são basicamente similares, em muitas das teorias recentes acerca da identidade e
do self (Breakwell, 1986; S. Taylor, 1991; Tesser, 1986). CEST postula que todas
as pessoas desenvolvem uma teoria pré-consciente da realidade e do self, que é
composta de um conjunto de esquemas cognitivos hierarquicamente organizados.
As crenças básicas acerca do mundo e da natureza humana estão nos mais altos
níveis da hierarquia, como seus principais construtos. Quando descemos a
hierarquia, os esquema se tornam mais restritos e especializados, mais associados
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com a experiência direta, concreta. Os esquemas da mais baixa ordem são


cognições associadas a situações específicas, que podem mudar com rapidez, sem
que afetem a estrutura acima. Esses sistemas conceituais, ou teorias, pré-
conscientes, não são desenvolvidos de forma rígida, ou aleatória, ou
gratuitamente, mas para tornar a vida mais gratificante, significativa,
emocionalmente satisfatória, tanto quanto possível.

Na teoria cognitivo-experimental da teoria do self, os princípios que


governam a cognição, a motivação e a ação são associados com as crenças
básicas de uma teoria mantida pela própria pessoa (Epstein, 1991). A manutenção
de um equilíbrio favorável entre os fatores de prazer e de desconforto é um
princípio funcional, associado com a crença que relaciona os aspectos
benevolentes e malevolentes do mundo. A capacidade de assimilar os dados da
realidade em um sistema conceitual coerente se associa com a crença de que o
mundo é dotado de sentido – ou não. A capacidade de manter um nível favorável
de auto-estima é associada com a crença de que o self é valioso – ou não. A
capacidade de manter relacionamento ou um estado de compreensão das relações
com as outras pessoas (relatedness) é associada com a crença de que as outras
pessoas oferecem apoio e satisfação – ou insegurança e insatisfação. Esses quatro
princípios funcionais são de igual importância, e o comportamento cotidiano das
pessoas implica em uma solução do compromisso entre elas (Epstein, 1991).

A auto-regulação se processa com a aplicação de estratégias mentais,


físicas, sociais e ambientais (Korpela, 1989, 1992). As estratégias mentais
envolvem operações psíquicas com as intenções, as imagens, os afetos e os
motivos de que se pode lançar mão para manter a auto-estima. As estratégias
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físicas envolvem o uso do corpo com todos os seus processos somáticos. Por
exemplo, as caminhadas podem ser um meio de manter uma auto-imagem
positiva através do controle da forma física. As estratégias de auto-regulação
social envolvem a confiança em outras pessoas para o alcance de objetivos
pessoais. Essas estratégias têm raízes na infância, quando uma criança precisa da
ajuda de um cuidador para a redução de tensões internas, pessoais, tais como a
fome ou a dor (Izard & Kobak, 1991). As estratégias de auto-regulação social e
emocional implicam em extensões que extrapolam os processos de homeostase
interior, e que incluem transações com o ambiente, como as relações sociais. As
estratégias ambientais possuem uma extensão assemelhada, e envolvem o uso
que se faz dos lugares, as cognições dos lugares, e afetos associados às emoções e
à auto-regulação. Por exemplo, um estudo de Korpela (1992) descobriu que
adolescentes na faixa dos 17 a 18 anos freqüentemente iam a seus lugares
favoritos depois de passarem por eventos emocionalmente negativos, que
ameaçassem a sua auto-estima e a coerência de sua experiência de self. Estar em
um lugar favorito o ajudava a relaxar, a acalmar-se, a ter clareza dos fatos, a
ganhar perspectiva das coisas, e conseguir encarar o problema. Os lugares
favoritos com freqüência ofereciam um escape para as pressões sociais,
estimulando respostas, controle, e liberdade de expressão. Desse modo, os
lugares favoritos oferecem alívio emocional, experiências restauradoras, e
possibilidades para a reflexão em circunstâncias que não são diversionistas ou
escapistas. Os resultados sugerem que os lugares favoritos são usados para a
regulação não somente das experiências, mas das emoções também.

No contexto da auto-regulação ambiental, a regulação das emoções implica


que as emoções são afetadas e moduladas por determinados reguladores e por
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fatores como lugares particulares (Dodge & Garber, 1991). Por exemplo, as
pessoas mostram sensibilidade quanto a seus estados emocionais e a seu humor,
relacionados a localidades particulares, e o ingresso ou a passagem da pessoa
através de um determinado lugar induz determinadas mudanças em seu humor
(Kerr & Tacon, 1999; Sttats, Gatersleben & Hartig, 1997). O conceito de
regulação emocional, assim como o de auto-regulação não é sinônimo de controle
emocional, ou de supressão e eliminação de emoções. O conceito de regulação é
neutro, nesse sentido, e pode se referir ao seu aguçamento, à sua elaboração,
assim como à sua sustentação e manutenção (Izard & Kobak, 1991). Em resumo,
a regulação da emoção inclui não apenas fatores intra, mas também extra-
organismo, através dos quais a estimulação emocional é redirecionada,
modificada e modulada em situações emocionalmente excitantes (Cicchetti,
Ganiban & Barnett, 1991).

PERSPECTIVAS FUTURAS E ESPECULAÇÕES TEÓRICAS

A auto-regulação como um construto teórico tem o potencial de integrar


vários fenômenos relacionados com as preferências por lugares. Em primeiro
lugar, as estruturas cognitivas e afetivas que formam a identidade do lugar
(Feldman, 1990; Proshansky, Fabian & Kaminoff, 1983) podem ser vistas como
resultantes de um processo auto-regulador ativo (Korpela, 1989, 1992). Tal
processo pode ser examinado em diferentes níveis de análise, onde diferentes
teorias e conceitos tornam-se úteis (Lalli, 1992). Nós podemos imaginar
estratégias de regulação em termos de curtos e longos prazos, e os produtos
desses processos, tanto no nível comportamental quanto experiencial. Assim, os
conceitos de identidade do lugar no nível cognitivo, de apego ao lugar no nível
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emocional, e os processos comportamentais tais como territorialidade,


personalização e privacidade tornam-se integrados ao ponto de vista da auto-
regulação ambiental. Tanto Korpela (1991) quanto Newell (1994, 1997) também
propuseram que as teorias que envolvem processos de auto-regulação são efetivas
quando colocadas a serviço da explicação dos efeitos restaurativos dos lugares
favoritos.

PRIVACIDADE

Para as crianças, os significados emocionais da privacidade e as


conseqüências de não ter privacidade são de grande profundidade. Por exemplo,
Smith e Barker (2000) descobriram que crianças na faixa dos 5 aos 12 anos de
idade criam “esconderijos” como uma forma de obter um lugar privado em um
âmbito especial amplo, longe do olhar e controle dos adultos encarregados dessa
vigilância, nos clubes de comunidade, na Inglaterra e País de Gales. A violação
das necessidades das crianças por privacidade, como ocorre em habitações ou em
creches super-populadas, parece resultar tanto em retração comportamental,
quanto em agressividade, a depender da intensidade da situação de aglomeração e
das características individuais (Maxwell, 1996). O estudo feito por Maxwell
(1996) nos EUA com crianças na faixa etária de 3 a 5 anos mostrou que as
crianças cronicamente expostas a situações de alta densidade em suas casas e nas
creches eram mais suscetíveis a distúrbios comportamentais, tais como agressões,
ansiedade e hiperatividade.

Por outro lado, pode-se dizer que, em termos do desenvolvimento, a


possibilidade de se ter privacidade é estreitamente relacionada com o alcance de
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auto-identificação e auto-estima (Laufer & Wolfe, 1976; Newell, 1994). A


personalização de espaços privados propicia o alcance de signos tangíveis, ao
alcance de crianças e adolescentes, que sejam únicos e diferentes entre si (Rivlin,
1990; Sobel, 1990). A solidão e as oportunidades para a reflexão em situações
que envolvam quietude, com a produção de estados emocionais positivos, foram
mencionados com uma notável freqüência em estudos acerca de lugares favoritos
(Korpela, 1992; Korpela & Hartig, 1996; Newell, 1997). Chawla (1991) escreveu
que, logo aos 3 anos de idade, as crianças valorizam fortemente o domínio sobre
um âmbito especial que seja seu, que possa ser nominado como o lugar que, em
primeiro lugar, se sintam em casa, abrigadas, que possam personalizar, e para
onde podem recorrer quando precisam isolar-se, quando estão ansiosas, onde
sabem que não serão perturbadas. O estudo de Harden (2000) de crianças
escocesas na faixa de idade dos 9 aos 15 anos corroboram o entendimento de que
muitas crianças “comuns” experimenta suas casas como lugares seguros, e muito
raramente a associam a riscos. Sentimentos de insegurança, tais como se sentir
amedrontado por ladrões que podem invadir os lugares onde estejam, são
relatados de forma associada às suas casas, especialmente quando estão sós. No
entanto, quando discutimos riscos e segurança, as crianças entrevistadas não
mencionaram apenas a esfera privada de suas casas, mas a esfera local. Essa
esfera local inclui suas vizinhanças, e foi identificada em termos de proximidade
das casas e familiaridade com esses arredores, com outros moradores e pessoas
que viviam em sua comunidade. Dentro da esfera local, as crianças se sentiam
relativamente seguras. A esfera local não era associada ao mesmo nível de
segurança de suas casas, mas incluíam áreas públicas tais como os parques, as
avenidas, as ferrovias, onde adultos transeuntes poderiam ser considerados como
potenciais riscos, especialmente à noite. O espaço público com o qual as crianças
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não tinham familiaridade era, sobretudo, associado com riscos claramente


percebidos. Esses sinais de risco incluíam os medos de se perder, ou de se
meterem em lugares perigosos, assim como preocupações com adultos estranhos
e gangs de adolescentes. No entanto, as crianças nem sempre aceitam esses riscos
e as restrições impostas por seus pais, e esperam que haja algum tipo de
negociação com seus responsáveis, de forma a aliviar ou redefinir as restrições
impostas.

Conclui-se que os estados emocionais positivos relacionados à


disponibilidade de lugares que sejam privados e favoritos sugerem que as
relações entre a regulação da privacidade, a restauração do equilíbrio emocional,
e a auto-regulação, nas crianças, merecem mais estudos (Korpela et al., 2001;
Newell, 1995).

TERRITORIALIDADE E ALCANCE TERRITORIAL

A territorialidade não tem sido apenas relacionada com a identidade e o


self (Edney, 1976), mas também tem sido sugerido que os estudos acerca do
alcance territorial das crianças, o âmbito físico ao qual têm usual acesso, podem
beneficiar-se dos processos psicológicos tais como a motivação e os objetivos
envolvidos nas viagens e percursos de passeio de crianças (Wohlwill & Heft,
1987). Isso significa o estudo da correspondência entre os objetivos pessoais das
crianças, suas emoções e a extensão na qual elas se movem fora de suas
habitações, nos arredores de suas casas e vizinhanças. Korpela, Kyttä e Hartig
(2000) iniciaram uma investigação acerca do modo pelo qual o uso de lugares
favoritos se torna um meio de desenvolver coordenadamente a auto-regulação e o
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alcance territorial (territorial range).

IDENTIDADE DO LUGAR, APEGO AO LUGAR E EXPERIÊNCIAS


RESTAURADORAS

A observação de que as pessoas usam lugares particulares para a regulação


do self e de suas emoções é comum na literatura de pesquisa sobre a identidade
dos lugares, apego aos lugares, e ambientes restauradores. A identidade dos
lugares é fundamentalmente formada por experiências e cognições que
desempenham papéis definidos na regulação das emoções e do self. Desse modo,
o apego ao lugar é implícito na identidade percebida do lugar (Korpela, 1989).
Relações de apego são formadas com relação a lugares satisfazem as
necessidades emocionais das pessoas, e que as habilita a desenvolver e manter
suas próprias identidades (Kaiser & Fuhrer, 1996). Os passos do
desenvolvimento envolvidos na formação de uma identidade do self e relações
grupais com os pares refletem-se nas preferências por lugares, ao longo da
infância – mas, em particular no final da adolescência (entre os 17 e 19 anos)
quando as situações privadas e naturais tornam-se predominantes entre os lugares
favoritos. Estudos recentes revelam que essa predominância é evidente entre
adultos (Korpela et al., 2001; Newell, 1997; Wölfing, 1996).

De um modo geral, a literatura de pesquisa sobre identidade do lugar não


registra que tipos similares de princípios auto-reguladores do self, tal como
expostos neste trabalho e em estudos anteriores (Korpela, 1989, 1992), e que
estiveram presentes no trabalho clássico de Proshansky e colegas (1983) sobre a
identidade do lugar. Esses princípios integradores – ou estabilizadores – são
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referidos nas descrições das funções das cognições da identidade do lugar,


dirigidas a (1) reconhecer ambientes, (2) construir o sentido do ambiente, (3)
ajustar as preferências das pessoas e as condições impostas pelo ambiente, (4)
intermediar os processos de mudança (5) servir como mecanismos de defesa e
controle da ansiedade. As funções são aparentes nos pensamentos, nos
comportamentos e nas experiências dos indivíduos, e vão ao encontro das
necessidades por um nível mínimo de integração com a identidade do self
individual. Proshansky e colegas (1983) vão mais além, e propõem que as
cognições da identidade do lugar tanto definem diretamente quem a pessoa é, ou
fazem isso de forma indireta, através da defesa e proteção contra aqueles outros
lugares que representam ameaças contra o que a pessoa é e contra o que ela
deseja vir a ser. O fato de definirem, manterem e protegerem a identidade do self
de uma pessoa implica que as cognições da identidade do lugar regulam a
ansiedade e as sensações de dor e ameaça. Essencialmente, o que a pessoa
experiencia é um determinado nível de auto-valoração ou de auto-estima. Assim,
apesar de Proshansky e colegas (1983) enfatizarem o crescimento e a mudança
nas cognições da identidade do lugar, eles também postulam determinadas
funções dessas cognições. As funções revelam que os seres humanos buscam a
integração e a consistência cognitiva, a redução da ansiedade, e a manutenção da
auto-estima, através do uso de lugares para o alcance desses objetivos.

A regulação do self e a restauração pessoal em lugares favoritos também


apontam para a ligação entre os estudos de lugares e a psicologia da saúde. Por
exemplo, o estudo de Korpela (1992) com adolescentes finlandeses na faixa
etária de 17 a 18 anos encontrou – algo corroborado por Wölfing (1996), em seu
estudo de alemães que retornaram, com a unificação de 1990, a suas regiões de
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origem – que a humanização 3 (ou o ato de assinalar atributos humanos a lugares,


como a caracterização de um lugar como um “ouvinte compreensivo”) e o
controle de um lugar são aspectos importantes da experiência de um lugar
favorito. O sentimento de controle, e a humanização dos lugares podem ser
interpretadas como ilusões funcionais temporárias, cuja manutenção parece
garantir que a recuperação de golpes pessoais podem mesmo acontecer em um
lugar favorito. Essa interpretação é baseada na teoria de S. Taylor's (1983) da
adaptação cognitiva a eventos ameaçadores. Essa teoria sustenta que, quando os
indivíduos experienciam golpes pessoais, eles procuram pelo sentido que pode
haver nessa experiência, tentam recuperar seu controle sobre o evento, esforçam-
se por recuperar sua auto-estima. Seu sucesso, nessas tentativas, depende de sua
habilidade quanto a formar e manter um determinado conjunto de auto-ilusões,
sobretudo na forma de auto-avaliações positivas, de percepções exageradas de
seu controle e poder sobre a situação, e um otimismo não-realista. As ilusões
apresentam um significado funcional no sentido de contribuírem para manter o
self como um sistema altamente organizado, que é capaz de produzir persistência
comportamental, assim como o bem-estar psicológico (Greenwald, 1981; S.
Taylor & Brown, 1994; para uma discussão do papel das ilusões positivas na
saúde mental, ver também Block & Colvin, 1994; Colvin & Block, 1994). Pode
ser importante estudar o quão freqüentemente essas modalidades de ilusões
relacionadas a lugares aparecem entre as crianças. Também podemos investigar
se essas ilusões são importantes para determinados tipos de crianças, tais como as
crianças isoladas socialmente ou geograficamente, ou para adolescentes que
apresentam dificuldades para lidar com os processos de desenvolvimento da

3
Em português, temos o raro termo ANTROPOPATISMO, para designar “a atribuição de características humanas
a elementos da natureza, animais, divindades” (Houaiss, 2009).
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socialização. A importância do controle sobre a experiência vivida nos lugares


favoritos é notável devido à relevância que o conceito de controle tem para a
compreensão de fenômenos relacionados à saúde, como o estresse e a depressão
(Bechtel, 1992; Steptoe & Appels, 1989). Os estudos dos lugares favoritos, como
um todo, sugerem que uma coisa que pode ser potencialmente controlada é o
ambiente físico – o que é exatamente o caso dos lugares favoritos. Assim, parece
ser possível que em algumas das situações ou estágios do desenvolvimento, o
senso de controle pode ser derivado do ambiente físico. Por outro lado, a perda de
controle parece caracterizar os lugares que adultos jovens experienciam como os
mais depressivos de suas vidas (Bechtel, Fox, Korpela, & Parkkila, 1995).

Em suma, a identidade dos lugares, o apego aos lugares, a regulação da


privacidade e os efeitos restauradores são fenômenos inter-relacionados com a
regulação do self e das emoções. Um exemplo concreto: podemos supor que um
dado adolescente, ao penetrar em um lugar favorito (que provavelmente possui
alguma denominação especial, uma alcunha), sente-se protegido por uma espécie
de barreira contra as emoções negativas que prevalecem após um
desapontamento, como a sensação de fadiga mental ou a dor do estresse, ao
produzir sentimentos de familiaridade, de segurança, de pertencimento ao lugar,
ao mundo em volta. Uma expectativa acerca das qualidades humanizadas,
restauradoras, capazes de recuperar as forças perdidas, é capaz de fortalecer os
sentimentos positivos. Em seguida, a sensação de distanciamento da rotina diária,
das fontes ordinárias de problemas, pode vir à tona, e oferecer a oportunidade de
descanso para que um estado de atenção direcionada, para o estado de calma, de
relaxamento. Ao mesmo tempo, sinais e formas físicas dos arredores podem
sugerir boas lembranças de si mesmo, como se fossem personalizações ou signos
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inscritos no ambiente. Esses sinais e formas físicas também sugerem associações


positivas acerca do próprio self, que operam mudanças na compreensão dos fatos,
de modo a que o significado de eventos decepcionantes são interpretados de
forma positiva, valorada. O senso de compatibilidade com o lugar, acompanhado
de um sentimento de controle e engajamento em atividades mentais ou
comportamentais podem, finalmente, produzir novas percepções acerca de si
mesmo, e da situação que antecedeu a visita ao lugar favorito.

Concluindo: os estudos sobre as preferências por lugares que foram


revisados neste trabalho sugerem que os lugares favoritos afetam o bem estar
psicológico e, eventualmente, a saúde. Assim, as avaliações e medidas que
façamos sobre o bem estar, a saúde, a lide com os fatores de estresse e o uso de
lugares favoritos em diferentes estágios do desenvolvimento humano podem
constituir em valioso recurso para estudos futuros, como estratégia para o
aprofundamento desses conhecimentos. As idéias sobre a preferência por lugares
podem ser aplicadas na atualidade, por exemplo, quando os psicólogos tentam
diagnosticar os casos de crianças que se mostram especialmente vulneráveis
durante mudanças forçadas de moradia, ou quando tentam oferecer-lhes suporte
durante um período de mudança de moradia. Parte desses procedimentos de
diagnóstico pode incluir o estudo dos próprios lugares favoritos, ou ainda a
redação de autobiografias ambientais (Cooper Marcus, 1979), e a avaliação do
“status da identidade de lugar” portada por uma determinada criança (Marcia,
1966), ou seja, a sua dependência ou o seu compromisso com seu ambiente de
vida. Processos que sabidamente criam o sentimento de pertinência e apego a um
determinado lugar, tais como os de denominar-lhes, de humanizar-lhes, de
controlar-lhes, de personalizar-lhes, de criar-lhes signos de memória (Korpela,
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1989) põem ser oferecidos como métodos conscientes de lidar com fatores de
estresse, como do caso de crianças que se adaptam a novos ambientes (Jalongo,
1985).

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