Orlando
2018
Thiago de Paula Espinosa Gouvea
Orlando
2018
Análise de decisões judicias do Tribunal de Justiça do Paraná em face do
___________________________________________________________________
Professor(a) - Presidente
___________________________________________________________________
Professor(a) - Membro
___________________________________________________________________
Professor(a) Membro
Conceito: __________________
Orlando
2018
Dedico o presente Trabalho de
Conclusão de Curso aos meus
queridos pais (...)
AGRADECIMENTOS
(…)
RESUMO
(...)
1. Introdução 9
2. Desenvolvimento 13
2.1. Controle Externo pelos Tribunais de Contas 13
2.1.1. Histórico dos Tribunais de Contas 13
2.1.2. O Tribunal de Contas do Estado do Paraná 17
2.2. Controle de Constitucionalidade 18
2.2.1. Controle de Constitucionalidade e Tribunais de Contas 21
2.2.2. A apreciação de constitucionalidade nas decisões proferidas pelo
TCEPR 29
3. Metodologia 33
4 . Análise dos dados empíricos 34
4.1. Acórdãos do Tribunal de Justiça do Paraná 35
5. Considerações finais 48
Referências Bibliográficas 50
9
1. Introdução
poder.
Assim, tem-se que os poderes são autônomos e devem exercer suas funções
dos atos dos responsáveis pela gestão pública. Neste sentido, os Tribunais de Contas
Poder.
analisam os atos e leis sob sua jurisdição, sempre respaldando sua atuação na
Constituição. Desta forma, na análise dos atos e leis, os Tribunais deverão perpassar
10
pela apreciação da constitucionalidade desses atos, haja vista que todos os atos
constitucional.
se que algumas Cortes de Contas possuem incidente processual específico para esta
alguns membros do Supremo Tribunal Federal que alegam que a referida Súmula não
inconstitucional.
Contas do Paraná?
11
O presente estudo tem por objetivo geral verificar se o TJPR entende que a
constitucional das atribuições dos Tribunais de Contas de realizar exame dos atos que
Diante da relevância social dos atos apreciados pelo TCEPR, este estudo foi
sobre aqueles que estão sob sua jurisdição, pois suas decisões influenciam
atos que lhe são submetidos, haja vista as recentes decisões proferidas em caráter
monocrático pelo Supremo Tribunal Federal para que a Súmula 347 seja revisada
que trata do papel dos Tribunais de Contas, e de forma específica, sobre a forma do
exercício do controle externo que exerce sobre os atos sob sua jurisdição. Ademais,
deste trabalho.
2. Desenvolvimento
xxxx
2.1. Controle Externo pelos Tribunais de Contas
xxx
2.1.1. Histórico dos Tribunais de Contas
República, por meio do Decreto 966-A de 1890, foi criado o primeiro Tribunal de
posterior para que o Tribunal de Contas fosse implantado, o que não ocorreu. Assim,
1893, tendo seus pronunciamentos combatidos desde seu início por questionar os
atos dos governos. Nesta ordem constitucional o Tribunal fazia a análise dos atos do
nesta ordem constitucional foi delimitado o Tribunal de Contas como órgão auxiliar
anteriores.
prerrogativas dos Tribunais, que retomaram com relevo somente com a Constituição
de 1988.
Assim, com a Constituição Federal de 1988, não apenas houve retomada das
das competências, sendo que a natureza dos exames pelas Cortes de Contas foram
controle externo, sendo este último exercido pelo Poder Legislativo com auxílio do
15
para que estes órgãos exerçam sua responsabilidade pelo controle externo.
Tribunais de Contas, sendo que, em linhas gerais, estes órgãos tem por objetivo: i) a
emissão de parecer prévio sobre a contas prestadas pelo Chefe do Poder Executivo,
ii) julgamento das contas dos administradores e responsáveis por recursos públicos,
iii) apreciação, para fins de registro, da legalidade dos atos de admissão, bem como
quaisquer recursos repassados pelos entes, vi) prestar informações solicitadas pelo
para providências quando for identificado ato ilegal, ix) sustação de execução atos
2012).
Desta maneira, afirma Justen Filho (2016) que tudo o que caracteriza um “Poder”
Nesta mesma linha, Oliveira (2015) aponta que o Tribunal de Contas não é
Ayres Britto (2001), no sentido de que o Tribunal de Contas da União “além de não
funcional.” Segue o eminente autor afirmando que o “TCU se posta é como órgão da
pessoa jurídica da União, diretamente, sem pertencer a nenhum dos três Poderes
Federais.”
de Contas do Estado do Paraná, que desde seu início foi instalada no município de
Curitiba.
meio do Decreto-lei nº 627 e seu primeiro regimento interno foi aprovado em agosto
de 1947. Em sua primeira formação o órgão era formado pelo Corpo Deliberativo
sete, sendo criados mais sete ministros substitutos. Também é aprovado o segundo
que trouxe mais garantias fundamentais, inclusive com maior diretrizes para
sendo que todos os entes federados devem exercer suas atribuições por ela
(Silva, 2012).
aos demais atos normativos, verificando se estes estão compatíveis com os princípios
Este controle pode ser realizado de forma preventiva, ou seja, antes que o ato
edição do ato. Na sua forma preventiva, pode ser realizado pelo Poder Legislativo
repressivo, tem-se que ele pode ser político (como a competência do Congresso
Nacional de sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitem seu poder
enquanto outras estão sujeitas ao controle jurisdicional) (Dantas, 2017; Lenza, 2017).
concretização das ações estatais. Tanto o é que Mendes e Branco (2012) classificam
controle.
magistrado John Marshall defendeu que compete ao Poder Judiciário dizer o direito
sempre prevalecer. Este exame pode ser exercidos por todos os magistrados nos
casos concretos que se encontrasse sob sua jurisdição, analisando o controle concreto
combinou o controle por via incidental e difuso com o controle pela via principal e
seja, é lícito que desde o juiz estadual até o Supremo Tribunal Federal interpretem a
Constituição Federal.
Legislativo podem determinar que seus órgãos deixem de aplicar leis ou atos com
4 STF, ADI MC 221/DF, j. 29.03.90, Tribunal Pleno, Relator Min. Moreira Alves.
5 Pet 4656, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 19/12/2016, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-278 DIVULG 01-12-2017 PUBLIC 04-12-2017
22
No mesmo sentido, como bem assentou o Min. Celso de Mello nos autos do
MS 31923 MC/DF6:
seu âmbito de sua atuação, sob pena de ter a sua missão constitucional alijada.
atos a que lhe são submetidos, restando vinculadas suas decisões em seu âmbito de
atuação7. No entanto, ainda que autônomo, seus atos poderão ser revistos pelo
jurisdicional.
(2016) a referida súmula foi editada em 1963, sob a égide da Constituição de 1946,
7 Neste sentido: STJ. RMS 21.918/DF, Rel. Min. Felix Fischer. DJU 07/02/2008
8 Neste sentido já julgou o Superior Tribunal de Justiça no REsp 1032732/CE, Rel. Ministro Luiz
Fux, Primeira Turma, julgado em 19/11/2009, DJe 03/12/2009
9 RMS 8372, Relator(a): Min. Pedro Chaves, Tribunal Pleno, julgado em 11/12/1961, DJ 26-04-1962
PP-00793 EMENT VOL-00496-01 PP-00133
24
deste Poder, cabendo aos demais Poderes deixar de aplicar leis e atos
No entanto, a referida Súmula 347 vem sofrendo críticas sobre a sua validade
reserva à função jurisdicional (seja a via difusa, seja a via concentrada) a declaração
revogada.
contra ato TCU que determinou que a empresa se abstenha de aplicar o Procedimento
Licitatório Simplificado (instituído por Decreto com base na Lei 9.478/97) por
época em que fora editada não havia qualquer forma de controle concentrado no
entendia-se cabível que o Presidente da República pudesse deixar de aplicar lei que
com a inovação trazida pela Emenda, surgiu um meio processual adequado para o
referido controle.
(...)
(...)
inconstitucionais que estejam sob seu exame. No caso dos Tribunais de Contas, a
autora estabelece que, para o cumprimento pelos Tribunais de Contas de sua missão
dos atos que lhes são submetidos, ou seja, o poder-dever de apreciar e não declarar
inconstitucionalidade.
não deve ficar restrita ao Poder Judiciário. Ainda, segundo os autores, vedar que os
Portanto, as Cortes de Contas ao verificar que o ato e a lei que está sob sua
apreciação seja incompatível com a constituição, não poderá deixar que se perpetue,
pois ainda que esteja revestido da legalidade, estes atos e leis estão maculados pela
vício de inconstitucionalidade.
execução de despesas indevidas aos cofres públicos. Ainda, em vista da alta demanda
29
que as cortes judiciais enfrentam, a apreciação pelos Tribunais de Contas pode ser
mais tempestiva, pelo fato de que o controle jurisdicional realizado pelo Poder
sua apreciação pela via incidental, não existindo qualquer óbice que a decisão seja
suas atribuições, afirmando o eminente autor que o “(...) Poder Judiciário, portanto,
com apreciação de casos concretos em que o ato ou lei submetida a apreciação esteja
abstrato da Lei, o que não lhe é lícito, ainda que vigente a Súmula 347 do STF.
limita-se aos casos concretos, não podendo ser realizado exame abstrato, em tese, da
lei.
afastar a sua aplicabilidade na via incidental por afrontar o Texto Maior”. Assim,
13 Medida Cautelar Inominada - Acórdão 2330/15 - Relator: Ivan Lelis Bonilha. Disponível em:
http://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2015/5/pdf/00277518.pdf
14 Tomada de Contas Extraordinária - Acórdão nº 5893/15 - Relator Fernando Augusto Mello
Guimarães. Disponível em: http://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2015/12/pdf/00287395.pdf
15 Prevista no art. 97 da CF/88 em que prevê que somente pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público
31
normativos atacados.
dispositivos inconstitucionais.
artigos 948 a 950 do CPC, mas sim de um incidente processual para análise de ato ou
apreciar contas ou qualquer feito que esteja sob a jurisdição do Tribunal de Contas,
cada Tribunal de Contas, como por exemplo os Tribunais de Contas de São Paulo,
Minas Gerais, Espírito Santo e Mato Grosso. O Tribunal de Contas da União possui
previsão tanto em sua Lei Orgânica (art. 11, XI, c/c art. 78), quanto em seu
decidido pelo Pleno do Tribunal, sendo que a decisão será considerado precedente a
ser aplicado nas decisões a serem proferidas pelo Tribunal, conforme art. 408 do
precedente no âmbito do Tribunal de Contas, para que se for o caso, seja realizada a
declarado pelo Tribunal por meio dos legitimados para tal. De fato, enquanto órgão
Tribunal de Contas não tem eficácia erga omnes e força para retirar a norma do
haja vista que mesmo que o juízo singular acate a inconstitucionalidade no caso
processo, aos moldes do art. 948 do CPC2015. Portanto, também no controle difuso
análise também ocorre no Incidente julgado pelo TCEPR que após julgado é
jurisdicionados.
lei apreciada, a Corte de Contas representa ao Ministério Público Estadual para que
Pois, com o próprio julgado do TCEPR o ente responsável pelo ato ou lei pode tomar
3. Metodologia
documental, haja vista que foram utilizados documentos como fonte de dados, ou
seja, utilizou-se os acórdãos do TJPR que fizeram menção à Súmula 347 do Supremo
pesquisa no site do TJPR até o ano de 2018. Ou seja, foram analisados todos os
acórdãos do respectivo tribunal em que a Súmula 347 foi mencionada. Para tanto, os
referida Súmula.
constitucionalidade pelos Tribunais de Contas nos atos que são submetidos à sua
apreciação.
Acórdão Escopo
quatro Acórdãos (vinte e oito por cento da amostra) tem como escopo Prestação de
Contas Anual e dois Acórdãos são referentes à questões de concursos que abordaram
Declaração.
Quanto ao Órgão julgador, observa-se que nove (sessenta e quatro por cento)
foram julgados pelo Órgão Especial e três Acórdãos foram julgados por Câmara
Cíveis em sua composição integral. Apenas um Acórdão foi julgado por Turma
Ademais, verifica-se que oitenta e cinco por cento dos Acórdãos foram
decididos por unanimidade, restando apenas dois Acórdãos julgados por maioria.
xx
Tribunal de Contas, bem como que fosse determinado que o Tribunal de Justiça não
Tribunal de Contas tem o dever e poder de se manifestar pela negativa de ato ou lei
administração, cujo ato foi apreciado pelo Tribunal de Contas, reverter a decisão
do controle judicial.
38
Contas somente pode ser revertida por meio judicial, haja vista a legitimidade da
Corte de Contas em apreciar os atos que lhe são submetidos, sendo a sua decisão
impositiva.
realizada sem amparo legal. No entanto, o TJPR se manifestou no sentido de que está
Tribunal de Contas.
347 pelo TJPR. Assim, em razão do fato novo apresentado em sede de Embargos, o
servidora municipal que teve o registro de sua aposentadoria negada pelo Tribunal de
Lei Federal 11.301/2006 que dispôs sobre a aposentadoria especial dos profissionais
do magistério.
A questão cinge-se pelo fato de que a referida Lei estava sendo atacada por
constitucionalidade da referida lei, haja vista que a Súmula 347 fora editada em
Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADI, entendeu que a função de magistério não
se limita ao trabalho em sala de aula, desde que as atividades realizadas extra classe
básico.
não poderia apreciar a constitucionalidade da Lei, o TJPR não se debruçou sobre este
Assim, foi se arguido que o TCEPR não possui competência para declarar a
Acórdão:
dá os meios.” (pg. 8)
Assim, o TJPR afirma que mesmo que a Lei esteja sendo objeto de ADI no
Supremo Tribunal Federal, não obsta que o Tribunal de Contas aprecie de forma
de concessão de aposentadoria.
eram prefeito e vice-prefeito que majoram suas remunerações de forma ilegal, o que
dolo dos agentes. No entanto, o TJPR ao analisar a apelação, não conseguiu aferir a
no caso concreto da apelação fosse indicado pelo MP o dolo dos agentes ao aumentar
e seguir recebendo sua remuneração de forma irregular, poderia ser imputada a pena
aos agentes.
assim, como inferir que os réus apelantes agiram com dolo para
Contas, esta declaração seria suficiente para imputar o crime aos autores.
julgamento.” (pg.6).
que prejudica a análise. Faz sentido o apontamento, dado o fato que não se questiona
haja vista a majoração de subsídios de forma irregular pela referida Casa Legislativa
Municipal.
moralidade e impessoalidade.
Vinculante nº 3 do STF.
2000, pois existe a possibilidade de que tal órgão assim proceda, nos
10).
47
interposto pelo Estado do Paraná contra decisão judicial que deferiu o pedido de
Contas do Paraná.
mérito.
5. Considerações finais
atos que estão sujeitos a registro pelas Cortes de Contas. Deste modo, ao exercer o
Desta feita, esta pesquisa teve como objetivo geral verificar se o TJPR
dos atos que lhe são submetidos à apreciação afastando sua aplicabilidade de forma
Paraná.
leis e atos que estejam sob sua jurisdição, sob pena de ter alijadas as suas
Destaca-se que todos os Acórdãos analisados foram julgados pelo TJPR sob a
égide da atual Constituição de 1988, sendo assim possível afirmar que a referida
estudo pode ser realizado para analisar o entendimento das demais cortes estaduais
Contas.
50
Referências Bibliográficas
2001.
Juruá.
abr./2008.
Lições de Direito Financeiro. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 119-
151.
Saraiva.
Justen Filho, M. (2016). Curso de Direito Administrativo. (4ªed). São Paulo: Editora
Mendes, G. F., & Branco, P. G. G. (2012). Curso de Direito Constitucional. (7ª ed.)
<https://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2018/4/pdf/00326545.pdf>
para ciências sociais aplicadas (2ªed.). São Paulo, SP: Editora Atlas.
Silva, J. A. (2012). Curso de Direito Constitucional Positivo. (35ª ed). São Paulo:
Malheiros.