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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


ESCOLA DE ENGENHARIA ELÉTRICA, MECÂNICA E DE COMPUTAÇÃO
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
ELEMENTOS DE MÁQUINAS I
PROF. DR. MARLIPE GARCIA FAGUNDES NETO

1º TRABALHO DE ELEMENTO DE MÁQUINAS


Projeto e dimensionamento de um eixo funcional

Felipe Arantes Lobo


João Lucas Pereira Leitão
Rafael Guilherme Luiz de Faria

Goiânia
Outubro de 2017
Felipe Arantes Lobo
João Lucas Pereira Leitão
Rafael Guilherme Luiz de Faria

1º TRABALHO DE ELEMENTO DE MÁQUINAS


Projeto e dimensionamento de um eixo funcional

Primeiro trabalho da disciplina de


Elementos de Máquinas I ministrada pelo
Professor Dr. Marlipe Garcia Fagundes Neto,
referente ao projeto e dimensionamento de um
eixo funcional, com a localização dos mancais
e do pinhão.

Goiânia
Outubro de 2017
RESUMO

Este documento a seguir se refere ao projeto mecânico de um eixo que deve atender às
especificações geométricas básicas fornecidas e resistir, dado um fator de segurança, à
aplicação das forças também dadas. Este é um problema para o qual uma resposta única e direta
não pode ser obtida, devido à complexidade e a interdependência de vários fatores. Assim, uma
série considerações baseadas em dados de peças reais obtidas comercialmente (como mancais
e engrenagens) foram feitas. Esses dados foram obtidos através de catálogos oferecidos pelos
próprios fabricantes, aqui fornecidos em anexos. Com base nessas considerações é possível
aplicar o equacionamento referente ao dimensionamento de eixos rotativos com relação à
resistência mecânica, a fadiga e a distorção dimensional. Este equacionamento segue mais à
frente e foi realizado conforme as referências utilizadas. Após a obtenção de todas as dimensões
do eixo é necessária uma verificação da conformidade destes valores com os dados dos
componentes dos catálogos e com o fator de segurança escolhido. Uma que isso tudo seja
realizado, os resultados finais podem ser exibidos em um desenho técnico do eixo
Lista de Símbolos

A Área de seção
D, De Diâmetro maior ou externo
d, Di Diâmetro menor ou interno
E Módulo de elasticidade ou Módulo de Young
F Força
g Gravidade
G Módulo de rigidez a torção
I Momento de inércia da área
I0 Momento de inércia da massa
J Momento de inércia polar
Ka Fator de acabamento
Kb Fator de geometria
Kc Fator de esforço atuante
Kf Fator de concentração de tensão em fadiga flexional
Kfs Fator de concentração de tensão em fadiga torcional
KT Constante de mola torcional
Kt Fator de concentração de tensão flexional
Kts Fator de concentração de tensão torcional
L,l Comprimento
M Esforço de momento
m Massa
Ma Momento alternado
Mm Momento médio
n Coeficiente de segurança
N Número de ciclos
Ø Diâmetro de secção
q Sensibilidade ao entalhe
R,r Raio
Se Limite de resistência à fadiga para vida infinita
Se’ Limite de resistência à fadiga para de corpo de prova
Sf Limite de resistência à fadiga para vida finita
Sut Limite de resistência à tração
Sy Limite de resistência ao escoamento
T Escorço de torção
t Espessura
Ta Esforço de torção alternado
Tm Esforço de torção médio
Ud Energia de distorção
V Esforço cortante
x, y e z Coordenadas
y,δ Deflexão linear
θ Ângulo ou deflexão angular
ρ Massa específica
σ’ , τ’ Tensão equivalente de von Mises
σa Tensão normal alternada
σm Tensão normal média
τa Tensão cisalhante alternada
τm Tensão cisalhante média
ω Velocidade angular crítica ou de trabalho
ωn Frequência natural
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1.1 Alguns elementos de máquinas......................................................................... 1

1.2 Material do eixo ................................................................................................ 3

1.3 Propriedades geométricas do eixo .................................................................... 4

1.4 Dimensionamento do eixo ................................................................................ 5

1.5 Critérios de falha ............................................................................................... 5

2. PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS .................................................................. 16

2.1 Análise das Tensões ........................................................................................ 16

2.2 Análise dos Concentradores de Tensão .......................................................... 17

2.3 Análise da Deflexão ........................................................................................ 18

2.4 Análise da Velocidade Crítica ........................................................................ 19

3. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................... 21

3.1 Projeto por tensão e resistência ....................................................................... 21

3.2 Deflexão e rigidez ........................................................................................... 28

3.3 Velocidade crítica ........................................................................................... 30

4. CONCLUSÃO .................................................................................................... 34

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 35

6. ANEXOS ............................................................................................................ 36
1. INTRODUÇÃO

Na indústria em geral há praticamente uma onipresença da utilização de elementos


girantes transmissores de movimento e potência como polias, engrenagens, rodas dentadas, etc.
Estes elementos são utilizados nas mais variadas situações, desde o acionamento de
bombas, conversão de rotações em redutores, carregamento de carga em veículos ou em
esteiras, dentre outros. Em todos estes casos existe em comum um elemento de extrema
importância, o eixo.
O eixo é um dos elementos de máquinas de maior importância na construção de
mecanismos. É responsável pela fixação dos elementos girantes e pela transmissão de
movimento e/ou potência para os mesmos. Usualmente, eles possuem uma seção transversal
circular e um comprimento bem maior do que o seu diâmetro.
Podem ser classificados como: eixo fixo, onde os outros elementos são apenas apoiados
no eixo, apresentando rotação relativa em relação a este, uma vez que ele não rotaciona e
consequentemente não transmite movimento aos elementos. Um exemplo clássico é a carroça,
onde o eixo é responsável apenas por fazer com que o elemento rolante, a roda, permaneça em
uma determinada posição, girando livremente ao redor de seu centro. Existe também o eixo
rotativo, onde o eixo é fixo no elemento girante, não havendo a rotação relativa, ou seja, neste
caso existe a transmissão de potência. Sua aplicação é bastante vasta, sendo um exemplo
clássico o eixo automotivo.
Eixos fixos geralmente podem ser analisados como vigas apoiadas (SHIGLEY, 2011),
para calcular suas deflexões, esforços e deformações, ignorando-se os esforços devido à fadiga,
por ser um elemento não rotativo.

1.1 Alguns elementos de máquinas

1.1.1 Polia

São peças de formato circular com, geralmente, canais ao longo de sua superfície
cilíndrica. Têm por objetivo receber o movimento transmitido através de correias e transmiti-
lo através de um eixo ou o contrário. São classificadas em planas ou trapezoidais e podem ter
cavidades, para o caso de correias dentadas.
É necessário tomar alguns cuidados em sua utilização e montagem, como o alinhamento
entre as polias, evitar desgaste nos canais, evitar defeitos na superfície de contato e evitar o

1
contato da superfície com graxas e lubrificantes, pois além de poder danificar a correia, ela
pode deixar de exercer sua função de transmitir potência.

1.1.2 Chaveta

A chaveta consiste em uma pequena peça metálica usada como meio de travamento da
rotação relativa entre o eixo e o elemento girante em questão.
Um pequeno rasgo é feito tanto no eixo, como na polia, por exemplo, e a chaveta ocupa
o lugar desses rasgos em ambas as peças, permitindo a transmissão de potência. A região desse
rasgo é uma região de concentração de tensão considerável, que altera drasticamente as
características do projeto.
As chavetas são divididas em paralelas, cônicas e chavetas meia-lua, classificadas assim
de acordo com seu formato, e são consideradas elementos de sacrifício, ou seja, são projetadas
para falhar antes dos demais componentes do sistema, poupando maiores gastos com a
manutenção, reparo ou troca de eixos, polias ou engrenagens, que são elementos muito mais
complexos e caros.
Como na maior parte do tempo, as chavetas são carregadas por esforços cisalhantes, são
usualmente utilizados materiais dúcteis para resistir a esses esforços, como aços baixo carbono,
inoxidáveis, latão, etc.

1.1.3 Mancais

São partes que fornecem apoio para eixos e rolamentos, geralmente produzidos de ferro
fundido ou aço. Podem ser classificados em mancais de deslizamento, onde o eixo é encaixado
diretamente no mancal e desliza livremente sobre ele, e mancais de rolamento, onde o eixo é
encaixado em um rolamento e este rolamento é encaixado ao mancal. Neste caso, o mancal
somente suporta o rolamento, não entrando em atrito dinâmico com nenhum componente.
Usualmente, mancais de deslizamento são utilizados em casos onde a carga suportada é
muito grande, uma vez que a área de contado neste caso é muito maior do que a área de contato
entre as esferas ou cilindros de um rolamento com as suas pistas internas e externas.
Um ponto de vital importância no projeto e montagem de mancais é seu alinhamento.
Desalinhamentos podem impor esforços sobre o rolamento e o eixo para os quais estes não
foram projetos para suportar, podendo causar graves falhas.

2
1.1.4 Rolamentos

Rolamentos são componentes projetados com a principal finalidade de reduzir o atrito


entre o eixo e seus mancais de apoio, aumentando a eficiência da transmissão de potência e
reduzindo o desgaste das partes. São compostos por dois anéis metálicos chamados de pistas,
por onde deslizam elementos rolantes, como esferas.
São classificados com relação ao tipo de carga a que são submetidos, sendo rolamentos
axiais aqueles solicitados na direção axial do eixo e rolamentos radiais os que são submetidos
a esforços em direções normais ao eixo, como em rodas de veículos por exemplo. Existem
também casos onde o rolamento deve suportar cargas combinadas, ou seja, radiais e axiais.
Rolamentos também podem ser classificados quanto a sua vedação e quanto ao formato
de seus elementos rolantes. Os tipos são rolamento de esferas, de esferas com contato angular,
axiais de esferas, de rolos cilíndricos, de rolos cônicos, auto-compensadores de rolo, axiais de
agulhas e gaiola e rolo.

1.2 Material do eixo

Na quase absoluta maioria das vezes o material utilizado na confecção de eixos é o aço,
devido às boas propriedades mecânicas, a possibilidade da aplicação de tratamentos térmicos
ou superficiais e a ampla variedade de ligas que podem oferecer até resistência à corrosão.
Porém, também podem ser encontrados eixos fabricados em alumínio ou titânio em aplicações
onde se busca uma alta eficiência através da redução de peso.
Quando utilizado o aço, ao se analisar as deflexões que surgem no eixo, a rigidez do
material não é um fator de grande significância, isso ocorre pois dentre todos os inúmeros tipos
de aço existentes, a variação da rigidez dentre eles, dada pelo módulo de elasticidade, é muito
pequena, ou seja, todos os aços possuem aproximadamente a mesma rigidez, e apresentarão os
mesmos níveis de deflexão dada a aplicação das mesmas cargas. Diante disso, a análise de
deflexão é realizada considerando-se os aspectos geométricos da seção transversal do eixo,
ignorando-se um pouco as propriedades do material com que é fabricado.
Para a análise de falha por fadiga e de resistência à tensões por carregamento, a seleção
levando-se em conta a resistência mecânica do material é de extrema importância, pois ela afeta
diretamente na fadiga do eixo. É recomendável que eixos submetidos à fadiga elevada sejam
construídos com material de maior resistência mecânica. De forma análoga, materiais com
maior resistência mecânica possuem maior resistência à tensões por carregamento.

3
Os processos de fabricação também influenciam diretamente na seleção do material,
pois determinam a qualidade do acabamento superficial do eixo e o nível de tensões residuais,
ambos fatores que influenciam na concentração de tensões.
A realização de tratamentos térmicos como a têmpera, o recozimento e a normalização
podem aliviar tensões geradas pela usinagem e aumentar a resistência do material, porém não
é garantido que se alcançará as propriedades ideais desejadas.

1.3 Propriedades geométricas do eixo

Como foi dito acima, as características do material não são tão críticas no projeto do
eixo. As suas características geométricas são mais determinantes, tanto na falha quanto na
fixação de outros elementos ao eixo.
O comprimento do eixo, ou de extremidades em balanço, e a distância entre os mancais
de fixação estão diretamente relacionados com os níveis de deflexão e de vibração os quais o
eixo apresentará.
Quanto à fixação dos elementos, ela é realizada por meio de interferência ou através de
chavetas, pinos e/ou anéis retentores, responsáveis por evitar a movimentação na direção axial
e/ou rotação relativa ao eixo. Rolamentos geralmente são montados com interferência no eixo,
enquanto engrenagens e polias são montadas através de pinos e chavetas.
O acabamento superficial não precisa ser de extrema precisão, como o polido.
Superfícies usinadas já se comportam de forma satisfatória para este tipo de aplicação. Porém,
devido à torção, talvez seja necessária uma resistência maior na superfície do eixo, já que a
componente de esforço cisalhante é máxima no raio máximo (ou seja, na superfície)
A seção transversal escolhida é geralmente a circular devido as melhores condições de
concentração de tensão, mas também existem casos onde eixos de seção quadrada, oval,
triangular, dentre outros, são utilizados (Figura 1.1). Nestes casos a transmissão de potência se
dá devido ao próprio formato do eixo, eliminando a necessidade de elementos fixadores como
chavetas.

4
Figura 1.1 – Exemplo de eixo de seção quadrada.

Fonte: Aliexpress, acesso em outubro de 2017

1.4 Dimensionamento do eixo

Ao realizar o dimensionamento do eixo, leva-se em conta os tipos de esforços aos quais


este será submetido em situações normais e anormais de trabalho, analisando os critérios de
resistência para esses esforços. Estes critérios levam em conta tanto os esforços solicitantes,
quanto as propriedades do material e suas propriedades geométricas.
Basicamente, os esforços solicitantes poderão ser: esforços normais, cisalhantes,
momentos fletores e torsores e, claro, esforços combinados. Estes esforços são considerados
para a realização de um dimensionamento inicial do eixo em uma situação estática. Caso o eixo
seja um eixo fixo, esta etapa já basta, uma vez que o eixo não estará sujeito à fadiga.
A fadiga é provocada pela rotação do eixo em seu estado dinâmico normal de
funcionamento. Sua contabilização é feita pelos critérios de resistência à fadiga através de
parâmetros como número de ciclos, propriedades do material, confiabilidade, acabamento do
eixo, propriedades geométricas, etc.
Também são considerados os fatores de concentração de tensão que surgem em regiões
de mudança de geometria na seção do eixo.

1.5 Critérios de falha

Quando um elemento mecânico está sujeito a estados combinados e/ou variáveis de


esforços, o que é provavelmente o caso de todas as situações reais encontradas em problemas

5
de engenharia, a física e a lógica básica não são suficientes para dimensionar corretamente uma
peça e garantir que a sua falha não ocorra.
Com este problema em mente, foram elaborados ao longo da história equacionamentos
que comtemplam e fornecem soluções satisfatórias para estes casos mais complexos. Estes
equacionamentos são os critérios de falha.

1.5.1 Carregamento Estático e Materiais dúcteis – Critério de Tresca

Usualmente, a falha de materiais com característica dúctil não é considerada como sendo
a sua ruptura, mas sim seu escoamento. O critério de Tresca (ou teoria da tensão máxima de
cisalhamento) considera uma relação entre o limite de escoamento do material e a máxima
tensão de cisalhamento em que estará sujeito no momento da falha, que é a tensão de maior
influência em materiais dúcteis, uma vez que causa maiores deformações.
Segundo este critério, a falha ocorre quando a tensão máxima de cisalhamento em um
elemento de tensão ultrapassa a tensão máxima de cisalhamento de um corpo de prova sob
tração em escoamento, que corresponde à metade da tensão normal de escoamento (SHIGLEY,
2011).

Figura 1.2 – Estado de tensão para um elemento sobre tração pura

Fonte: MCGUIRE, acesso em outubro de 2017.

Assim, a tensão de cisalhamento a qual provocará o escoamento de um material dúctil


será:

𝑆𝑦
𝑆𝑠𝑦 = (1.1)
2
6
Então, pelo estado plano de tensão no círculo de Mohr (Figura 1.2), tem-se que:
𝜎1 – 𝜎3 𝑆𝑦
𝜏𝑚𝑎𝑥 = = (1.2)
2 2

Quando se considera um fator de segurança η, a equação acima pode ser reescrita como:

𝜎1 – 𝜎3
𝜏𝑚𝑎𝑥 = (1.3)
𝜂

A figura abaixo mostra uma representação gráfica da teoria do cisalhamento máximo,


ou critério de Tresca, sendo a região sombreada considerada a região que engloba todos os
casos de tensão onde foi obtido um dimensionamento totalmente seguro da peça.

Figura 1.3 – Gráfico do critério de Tresca.

Fonte: SHIGLEY, 2011.

1.5.2 Carregamento Estático e Materiais dúcteis – Critério de Von Mises

O critério de Von Mises ou da máxima energia de distorção parte do mesmo princípio


do critério de Tresca com relação ao limite de escoamento. A diferença aqui é que são

7
consideradas para o cálculo as tensões principais que agem no elemento de tensão. Assim,
encontra-se uma tensão equivalente, e esta é comparada ao limite de escoamento do material.
Figura 1.4 – Elemento de tensão

Fonte: Autores

Considerando o elemento de tensão acima, o critério de Von Mises diz que o escoamento
do material ocorrerá quando a energia de distorção Ud para aquele carregamento ultrapassa a
energia de distorção para o escoamento sobre a tração ou compressão simples (SHIGLEY,
2011). Assim, partindo da equação de energia de distorção Ud:

(1.4)

(1.5)

A tensão equivalente de Von Mises em função das tensões principais será então:

(1.6)

Ou em função das tensões aplicadas:

(1.7)

8
Segue a representação gráfica do critério de Von Mises. Comparado ao critério de
Tresca, Von Mises é um critério mais preciso e menos conservador, isto pode ser visualizado
no gráfico, uma vez que a área oval referente à Von Mises envolve a área referente à Tresca.

Figura 1.5 – Gráfico comparativo entre Von Mises e Tresca.

Fonte: SHIGLEY, 2011.

1.5.3 Carregamento Estático e Materiais frágeis – Critério de Rankine

Agora, para os materiais de característica frágil, considera-se a falha como sendo a


ruptura do elemento, e não seu escoamento, sendo causada principalmente por esforços de
natureza normal. Assim, os critérios de falha para materiais frágeis utilizarão os limites de
resistência à tração e à compressão para dimensionar os elementos. Esses limites são
relacionados às tensões principais correspondentes, de acordo com cada caso.
O critério da máxima tensão normal, ou critério de Rankine, define que a falha ocorrerá
assim que uma das três tensões principais (voltar à figura 1.2) ultrapassa o limite de resistência
à tração ou à compressão do material (SHIGLEY, 2011). Isto é:

𝑆𝑢𝑡
𝜎1 = (1.8)
𝜂

9
𝑆𝑢𝑐
|𝜎3 | = (1.9)
𝜂

Figura 1.6 – Critério de Rankine

Fonte : SHIGLEY, 2011

1.5.4 Carregamento Estático e Materiais frágeis – Critério de Coulomb-Mohr

A Teoria do Atrito Interno ou critério de falha de Coulomb - Mohr é uma adaptação do


critério de Rankine, que busca melhorar a sua precisão.
Segundo este critério, três são os casos possíveis:
- Primeiramente, quando há apenas a tração, isto é, σ1 > σ2 > σ3 > 0.

(1.10)

- Quando há apenas compressão, σ1 > σ2 > σ3 < 0:

(1.11)

10
- Existe tanto a tração quanto a compressão, ou seja, σ1> 0 e σ3 < 0:

(1.12)

Segue um gráfico comparativo entre os métodos de Rankine de Coulomb-Mohr. É


possível notar que, como o gráfico de Rankine engloba o gráfico de Coulomb-Mohr, o critério
de Couloumb-Mohr pode ser considerado como sendo mais conservador e mais seguro.

Figura 1.7 – Critérios de Coulomb-Mohr e Rankine.

Fonte: NORTON, 2013.

1.5.5 Carregamento variável e Fadiga

Ao longo do tempo, notou-se que quando uma certa peça mecânica está submetida à
esforços que variam continuamente ao longo do tempo, é possível que ocorra falha mesmo que
os níveis de tensão máximos suportados pelo material não sejam atingidos. Esta é a chamada
falha devido à fadiga do material.
No caso de materiais dúcteis, existe o agravante de que, nessas situações, eles passam a
apresentar falhas com característica frágil, isto é, o material se rompe sem que apresente
anteriormente alguma deformação notável. A falha ocorre “ sem prévio aviso”.

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Falhas por fadiga ocorrem em três estágios: Nucleação da trinca, Crescimento estável
da trinca e a Ruptura súbita. As regiões de falha por fadiga são muito características, tornando
possível a clara identificação dos lugares da seção transversal onde a trinca se iniciou e até onde
se propagou antes que a peça falhasse subitamente (Figura 1.8).

Figura 1.8 – Início da trinca (A), propagação (B) e região de ruptura súbita (C)

Fonte: SHIGLEY, 2011

Foi identificado que as falhas por fadiga ocorrem, primariamente, em função do número
de ciclos à que a peça é submetida, em geral independendo da frequência com que esses ciclos
se repetem. A falha também dependerá da magnitude das tensões que estão sendo aplicadas,
onde quando menor a tensão, maior será o número de ciclos que o material suportará. Este
padrão segue até um nível de tensões a partir do qual o material suportará um número infinito
de ciclos, considerado como sendo um valor maior ou igual a 106 ciclos.
O gráfico da figura 6 representa esse fenômeno e a linha vermelha construída em escala
logarítmica pode ser descrita pela seguinte equação, onde a e b são parâmetros calculados em
função do material:

𝑆′𝑓𝑛 = 𝑎𝑁 𝑏 (1.13)

Figura 1.9 – Diagrama S-N de fadiga.

12
Fonte: NORTON, 2013.

Comumente, para os aços, se considera a seguinte relação entre o limite de vida infinita
Se do material e o seu limite de resistência a ruptura Sut :

𝑆𝑢𝑡
𝑆𝑒 = , 𝑆𝑢𝑡 ≤ 1400 𝑀𝑃𝑎 (1.14)
2

𝑆𝑒 = 700 , 𝑆𝑢𝑡 > 1400 𝑀𝑃𝑎 (1.15)

Uma série de fatores podem influenciar diretamente na fadiga de um material,


modificando seus valores de resistência. Alguns desses fatores são: acabamento superficial,
tamanho da peça, o tipo de carregamento, a temperatura, dentre outros. Esses fatores são
relacionados com a vida infinita Se:

(1.16)

Assim como para o dimensionamento em casos estáticos, para os casos de fadiga


também existem critérios de falhas a se seguir. Seguem alguns deles.

1.5.6 Tensões alternadas e uniaxiais

Nessa situação, a tensão média atuante é nula. Para este caso, a tensão alternada nominal
é expressa por:

(1.17)

13
Este valor é multiplicado pelo fator concentrador de tensão para a fadiga Kf, obtendo-se
a tensão alternada:

(1.18)

Agora, considerando o coeficiente de segurança n, tem-se:

𝑆𝑒
𝜎𝑎 = (1.19)
𝑛

O mesmo processo acima pode ser realizado com relação à tensões cisalhantes.

1.5.7 Tensões flutuantes e uniaxiais

Aqui a tensão média não será mais nula, ela será calculada a partir das tensões máximas
e mínimas atuantes sobre a peça (Eq. 1.20). A tensão alternada será calculada da mesma forma
que fora anteriormente.

(1.20)

1.5.8 Tensões alternadas, flutuantes e multiaxiais

Para um caso mais geral onde estão presentes tensões alternadas e flutuantes em
múltiplas direções, faz-se o basicamente o mesmo que foi mostrado anteriormente, porém, em
adição, aplica-se também de Von Mises a fim de obter tensão alternadas e médias equivalentes.

(1.21)

(1.22)

14
1.5.9 Critérios de Falha de Soderberg, Googman e Langer

O chamado critério de Soderberg relacionará as tensões flutuantes com os limites de


resistência ao escoamento e à vida infinita do material:

(1.23)

O critério de Goodman fará essa relação com a o limite de resistência à tração ao invés
do escoamento:

(1.24)

E por fim, o critério de Langer relacionará as tensões apenas ao limite de resistência ao


escoamento:

(1.25)

15
2. PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS

2.1 Análise das Tensões

O processo de dimensionamento de um eixo para a tensão que o eixo irá ser submetido
depende de vários fatores. O primeiro a se considerar é a aplicação pura das tensões no eixo,
fazendo a análise somente quanto a resistência dos materiais, através das cargas aplicadas em
seus respectivos pontos e em seguida, verificando as tensões presentes no material e assim,
dimensionando o eixo para suportar aquelas tensões, porém, isto não é suficiente. Os eixos
apresentam elementos fundamentais para seu devido funcionamento como: chavetas;
engrenagens; polias e rolamentos, e cada um desses elementos tem sua implicação no
dimensionamento, seja por contato, ou por concentração de tensões ou por outros motivos.

O primeiro passo do dimensionamento do eixo por tensão é a análise das tensões nos
locais críticos, uma vez que a análise do estado de tensões em todos os pontos do eixo é inútil,
então se analisa os pontos do eixo onde os esforços são maiores. Se este eixo for de seção
circular e submetido a cargas cíclicas, temos as seguintes relações:

32 M a
a  K f (2.1)
d3

32 M m
m  K f (2.2)
d3

16Ta
 a  K fs (2.3)
d3

16Tm
 m  K fs (2.4)
d3

Utilizando a teoria da energia de distorção de von Mises, temos:

2 2
 32 K f M a   16 K fsTa 
 a    3  
2 2
  3   (2.5)
 d  d 
a a 3 3

16
2 2
 32 K f M m   16 K fsTm 
 m    3  
2 2
  3   (2.6)
 d  d 
m m 3 3

Para elementos submetidos a esforços de fadiga, o critério de Goodman pode ser
utilizado quando conhecida as tensões médias e alternadas:

1  a  m
  (2.7)
n S e Sut

E substituindo os valores obtidos nas equações

1
 16n  1 1  3
d   4( K f M a )  3( K fsTa )  4( K f M m )  3( K fsTm )  
2 2 2 2

 (2.8)
   Se Sut 

A equação acima é de grande utilidade no dimensionamento de eixo, em vista que


relaciona um diâmetro mínimo a um fator de segurança, os esforços médios e alternados
sofridos pelo eixo e também, aos concentradores de tensão.

2.2 Análise dos Concentradores de Tensão

Entretanto, quando se adiciona os elementos necessários ao devido funcionamento do


eixo, é necessário escaloná-lo, pois cada região do eixo apresentará pontos críticos e outros
fatores que podem resultar em um diâmetro diferente do calculado acima.

O processo de análise por tensão é bastante dependente dos concentradores de tensão,


que por sua vez, não são obtidos facilmente, uma vez que não se conhece as dimensões dos
ressaltos e ranhuras de chavetas, porém, como os mesmos apresentam proporções padronizadas,
é possível estimar os fatores de concentração de tensão destes elementos para o desenho inicial
do eixo, e cada vez que há uma mudança no mesmo, estimar outro valor dos ressaltos e ranhuras,
tornando o processo iterativo, até que os mesmos sejam conhecidos. Os ressaltos para o suporte
de mancais e engrenagens devem se equiparar as recomendações de catálogo para um mancal
ou engrenagem específico.

17
2.3 Análise da Deflexão

A análise da deflexão do eixo todo requer o cálculo da deflexão de todos os pontos do


eixo, porém, a deflexão é algo calculado especificamente para um ponto ao longo do eixo, logo,
para obter a deflexão em todo o eixo, seria necessária calculá-la em todos os pontos do eixo,
que por mais simples que isso possa parecer no texto, é algo complexo de obter. Por isso, a
análise da deflexão do eixo envolve a escolha dos melhores pontos para se analisar a deflexão
naquele local, tanto a linear ou deslocamento, quanto a angular.

Para um melhor entendimento do problema, as equações abaixo são utilizadas para


calcular as deflexões de viga:

d 4 y q( x)
 (2.9)
dx 4 EI

d 3 y V ( x)
 (2.10)
dx3 EI

d 2 y M ( x)
 (2.11)
dy 2 EI

dy
  ( x) (2.12)
dx

Como o eixo é escalonado, as propriedades da seção transversal mudam ao longo do


eixo em cada local, que tornam ainda mais complexo os valores das funções q(x), V(x) e M(x),
complicando a solução das equações diferenciais acima. Entretanto, apenas as dimensões
geométricas brutas precisam estar inclusas na análise da deflexão, em vista que elementos como
filetes, sulcos e ranhuras tem pouco impacto na deflexão.
Concluindo, a análise por deflexão de um eixo tem o papel de verificar se a deflexão
sofrida num ponto não atrapalha o devido funcionamento do eixo em sinergia com os
componentes utilizados pelos mesmos, e isso deve ser dimensionado em conjunto com o
catálogo do fabricante dos elementos, tais como mancais e engrenagens, que devem ter um

18
desalinhamento máximo permissível, de modo a operar sem comprometer os mesmos. Por isso,
ao dimensionar o eixo, deve se verificar se a deflexão linear e angular, principalmente nos
mancais e engrenagens, e verificar se está de acordo com as recomendações do fabricante dos
mesmos.

2.4 Análise da Velocidade Crítica

Quando um eixo está girando, a excentricidade causa uma deflexão no próprio, devido
à forca centrífuga, que é resistida pela rigidez flexural do eixo, ou seja, EI. Quando as deflexões
causadas são pequenas, isso pode ser ignorado pois não causaria nenhum dano, entretanto, em
certas velocidades, chamadas de críticas, o eixo se torna instável e as deflexões aumentam sem
um limite, causando um problema. Embora a deflexão ocasionada nesse tipo de problema seja
dinâmica, ela pode ser estimada através de uma solução da condição de contorno de uma
Equação Diferencial, mostradas nas equações 2.8 a 2.11.
A velocidade crítica do eixo é causada pela massa do mesmo, e existe a recomendação
de que as primeiras velocidades críticas sejam pelo menos da ordem de duas vezes a rapidez
operacional. Para um eixo de diâmetro uniforme e apoio simples, a velocidade crítica pode ser
escrita como:

  gEI   
2 2
EI
     (2.13)
l  A l  m

E para um conjunto de acessórios, temos:

g  i yi
1  (2.14)
 y i
2
i

A frequência crítica para um eixo rodopiar é a mesma para a vibração lateral, que pode
ser encontrada utilizando o método de Rayleigh. No entanto, deve-se preocupar também com
as vibrações torcionais geradas pelas frequências torcionais naturais. A velocidade crítica
devido a vibração torcional em um eixo com dois discos pode ser descrita como:

19
I1  I 2
n  K T (2.15)
I1 I 2

GJ
KT  (2.16)
I0

mr 2
I0  (2.17)
2

20
3. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

Figura 3.1 – Dimensões e posições dos elementos.

Fonte: Garcia (2017).

O trabalho proposto consiste em projetar um eixo com as disposições dos mancais e do


pinhão condutor segundo a figura 3.1. O eixo gira a 1200 rpm.

3.1 Projeto por tensão e resistência

Figura 3.2 – Pontos no eixo.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Inicialmente realizou-se o diagrama de corpo livre para obter as reações nos mancais.
Através da força tangencial no pinhão condutor, calculamos também o torque transmitido
através do eixo, sendo o torque igual o produto da força pelo raio. As reações e o torque
calculados são expostos na tabela 3.1.
Com as reações nos mancais calculadas, é possível esboçar o diagrama de momento
fletor. A figura 3.3 mostra o diagrama de momento fletor nos planos z-y e x-y e o diagrama de
momento fletor resultante, sendo este, o mais crítico.
21
Tabela 3.1: Reações nos mancais e Torque
Reações e Torque
Ra,x [N] -1657.96
Rb,x [N] 5228.96
Ra,z [N] 697.36
Rb,z [N] -2199.36
Tm [N.m] 124.99
Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 3.3 – Diagrama de momento fletor.

Diagrama de Momento Fletor


300 251.81

200
Momento Fletor [N.m]

97.63
100
0 0
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
-100
-232.12
-200

-300
X [m]
Y-Z Y-X Resultante

Fonte: Elaborada pelo autor.

(3.1)

Com a equação 3.1, DE - Goodman (as tensões são combinadas usando a energia das
distorções (DE) e o critério de falha de Goodman é usado), é possível determinar um diâmetro
inicial para o eixo, inicial pois, o projeto de um eixo é iterativo. A fórmula usada para estimar
um diâmetro inicial não considera forças no sentido longitudinal do eixo, sendo assim,
desconsideraremos a força Fcy por facilidade de cálculo e pelo fato da tensão exercida por esta
força no eixo é muito menor que a tensão causada pelo torque e pela flexão. Alguns fatores são
determinados pela geometria do eixo e necessita de um valor do diâmetro para o seu cálculo.
Nas etapas seguintes as iniciais, estes fatores serão calculados, para um melhor resultado. No
22
cálculo do diâmetro inicial, alguns desses fatores são estimados e após definir um diâmetro, é
calculado o fator de segurança, nos pontos mais críticos do eixo.
O coeficiente de segurança, η, usado é de 1,5, valor indicado para eixos nas
bibliografias. No cálculo dos k’s da equação de Marin, ka é calculado pela equação 3.2, os
valores de a e b desta equação é dado na figura 3.4, kb precisa do diâmetro do eixo para ser
calculado, sendo assim, um valor de 0,9 será estimado, kc para esforços combinados
(multiaxiais) é igual a 1 e os outros k’s, por não se ter mais informações sobre, serão
considerados igual a 1.

ka = A · (Sut)b (3.2)

Figura 3.4 – Estimativa da primeira iteração para fatores de concentração de tensão.

Fonte: Fonte: SHIGLEY, 2011.

O kf e o kfs, concentração de tensão a fadiga e concentração de tensão a fadiga torcional,


respectivamente, são encontrados na figura 5. Considera-se kf = kt e kfs = kts e filete de ressalto
bem arredondado, sendo assim, temos kf = 1,7 e kfs = 1,5.
Usando um aço AISI 1020 laminado a frio de Sut = 470 MPa e Sy = 390 Mpa e sabendo
que a relação do limite de resistência a tração e limite de resistência a fadiga para corpos de
prova é igual a: Se′ =0.5 ·Sut. Com isso encontramos um diâmetro inicial mínimo de 34,3 mm,
o qual arredondaremos para 35 mm.
Com um valor do diâmetro, é possível calcular os coeficientes de segurança nos
ressaltos dos filetes e no rasgo de chaveta. Primeiramente calcularemos o coeficiente de
segurança para o filete. No filete, uma razão típica D/d é de 1,2, assim, temos um diâmetro de
42 mm. Assumindo um raio de filete de r = 0,1 · d = 4 mm. O kf e o kfs, concentração de tensão
a fadiga e concentração de tensão cisalhante a fadiga, respectivamente, são calculados a partir

23
da equação 28 e 29, respectivamente. Os valores de q, qs, kt e kts são encontrados nas figuras
14, 15, 16 e 17, respectivamente.

Figura 3.5 – Estimativa da primeira iteração para fatores de concentração de tensão.

Fonte: Fonte: SHIGLEY, 2011.

kf = 1 + q · (1 − kt) (3.3)

kfs = 1 + qs · (1 − kts) (3.4)

Na equação de Marin, o único fator alterado é o de kb, com um diâmetro, é possível


calcular o seu valor pela equação 3.5. E após isso, recalculamos o limite de fadiga corrigido.

(3.5)

Figura 3.6 – Sensibilidade ao entalhe, q.

Fonte: Fonte: SHIGLEY, 2011.

24
Figura 3.7 – Sensibilidade ao entalhe, cisalhante, qs.

Fonte: Fonte: SHIGLEY, 2011.

Figura 3.8 – Fator de concentração de tensão ao filete.

Fonte: Fonte: SHIGLEY, 2011.

Figura 3.9 – Fator de concentração de tensão cisalhante ao filete.

Fonte: Fonte: SHIGLEY, 2011.

O valor σa′ e σm′ são calculados pelas equações 3.6 e 3.7, respectivamente. O coeficiente
de segurança η é calculada por um dos critérios de falha, o utilizado foi o de Goodman, equação
33. A tabela 3 mostra os resultados e os fatores usados.

25
(3.6)

(3.7)

(3.8)

O critério de Goodman não se resguarda ao escoamento, sendo assim, é necessário verificar


para o escoamento. Para verificar o escoamento, a tensão máxima de Von Mises é comparada
à resistência de escoamento. Uma forma simplificada é dada, não necessitando calcular a tensão
máxima, usando ( ), pois este sempre será maior que , resultando na equação 3.9.
Resultado se encontra na tabela 3.2.

(3.9)

Tabela 3.2: Valores encontrados no cálculo de coeficiente de segurança do filete.


Concentrador de tensão
kt 1.6
q 0.82
kf 1.49
kts 1.35
qs 0.95
kfs 1.33
Fatores Modificadores de fadiga
ka 0.8837
kb 0.8495
Se [Mpa] 176.04
σa [Mpa] 89.257
σm [Mpa] 34.265
Critério de Goodman
nf 1.72

26
Escoamento
Sy 393
ny 3.18
Fonte: Elaborada pelo autor

Agora faremos o cálculo do coeficiente de segurança para o rasgo da chaveta. O raio no


fundo da chaveta utilizado é calculado através de uma relação de r e d, sendo ela: r/d = 0,02.
Os passos para o cálculo do coeficiente de segurança são os mesmos que os passos do cálculo
para o filete. A única diferença são os valores dos fatores de concentração de tensão, kt e kts e a
sensibilidade ao entalhe, q e qs. Os valores de kt e kts são encontrados na figura 3.5 e os de q e
qs são encontrados nas figuras 3.6 e 3.7, respectivamente. O resultado é mostrado na tabela 3.3.

Tabela 3.3: Valores encontrados no cálculo de coeficiente de segurança do rasgo da chaveta.


Chaveta
W h Lcis [m] Sy n Lesm [m]
0.01 0.008 0.00714 300 1.5 0.00223
Rasgo de Chaveta
r [m] Kt q kf kts qs kfs
0.0007 2.14 0.65 1.741 3 0.9 2.8
σa [Mpa] σm [Mpa] nf
6.204 72.0017 5.31
Fonte: Elaborada pelo autor

Após uma pesquisa em catálogos disponíveis na internet, encontrou-se o pinhão de


número de série BE423045016 (Anexo II) da fabricante A.T.I. Brasil, com um diâmetro interno
de 20 mm. Foram selecionados também os rolamentos da fabricante NSK de números 6909 ZZ
VV DDU e HR 32207 C (Anexo I). Assim, uma nova proposta de geometria para o eixo foi

pensada.
Sendo d3 igual a 20 mm e a largura desta parte possui a largura igual à do pinhão condutor.
Projetamos esta seção com o menor comprimento possível para minimizar os efeitos de
deflexão, pois a região em balanço é bastante crítica para deflexão.

27
Será feito novos cálculos de tensão e resistência. O material usado inicialmente não
aguentaria as forças na seção com diâmetro de 20 mm, sendo assim, alteramos o material
escolhido. Após calcular para alguns materiais, percebemos que será necessário um material
com limite de resistência a tração bastante elevado, o material escolhido será o AISI 1141
temperado e revenido a 315 ºC com limite de resistência a tração de 1460 Mpa e de escoamento
de 1280 MPa. Os cálculos realizados são análogos aos realizados anteriormente, sendo assim,
não há necessidade de repetir a explicação. Os resultados encontrados estão apresentados na
tabela 3.4.
Tabela 3.4: Nova geometria do eixo de aço AISI 1141 temperado e revenido.
Mudança de Seção Rasgo de Chaveta
ka 0.654 r 0.0004
kb 0.902 Kt 2.14
Se [Mpa] 412.933 q 0.9
σa [Mpa] 212.311 kf 2.026
σm [Mpa] 203.278 kts 3
Critério de Goodman qs 0.9
nf 1.53 kfs 2.8
σa
Verif. Escoamento [Mpa] 49.806
σm
Sy 1280 [Mpa] 385.884
ny 3.080 nf 2.598
Fonte: Elaborada pelo autor

3.2 Deflexão e rigidez

Na deflexão de eixo tem a deflexão estática e deflexão dinâmica, calcularemos a


deflexão estática. O resultado de deflexão para muitos casos de carga e condições de contorno
foram resolvidos e estão disponíveis, inclusive o caso do eixo proposto aqui neste trabalho. Na
figura 3.10 mostra o caso e as equações que serão usadas. A figura 3.11 mostra a deflexão linear
nos dois planos e a deflexão resultante.
A inclinação de deflexão, o θ, é encontrado derivando a deflexão linear em função de x,
ou seja, a equação 3.10. Assim encontramos a inclinação em função de x. As inclinações nos
mancais são mostradas na tabela 3.5.

28
𝑑𝑦
𝜃= (3.10)
𝑑𝑥
Segundo a figura 3.4, a inclinação nos mancais está dentro do limite. No projeto dos mancais
deve se usar um mancal de rolamento que permita maior inclinação no mancal B e como a
inclinação no mancal A é bem menor, pode se usar um rolamento que suporte a força axial
imposta.

Figura 3.10 – Cisalhamento, momento e deflexão de viga.

Fonte: Fonte: SHIGLEY, 2011.

Figura 3.11 – Deflexão Linear

29
Deflexão Linear
0.000001

0.0000005

0
y [m] 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
-5E-07

-0.000001

-1.5E-06

-0.000002
x [m]

Yzy Yxy Yresultante

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 3.5: Inclinação dos Mancais.


Mancal A [rad] Mancal B [rad]
0.00000890 0.01229
Fonte: Elaborada pelo autor

Figura 3.12 – Intervalos máximos, típicos para inclinação e deflexões transversais.

Fonte: SHIGLEY, 2011.

3.3 Velocidade crítica

Existem três tipos de vibração no eixo que são preocupantes, vibração lateral, rodopio
do eixo e vibração torcional. O rodopio do eixo é causado devido ao desbalanceamento gerado

30
pela imprecisão dos processos de fabricação. Esta vibração será desprezada, pois, no eixo em
questão no projeto será considerado o balanceamento totalmente correto.

3.3.1 Vibração Lateral

A velocidade crítica do eixo é dada pelo m´método de Rayleigh para massas


discretizadas, equação 2.13. São considerados para o cálculo 3 elementos, o W1 é a parte do
eixo com o diâmetro maior, entre os pontos A e B, o W2 é o eixo entre os pontos B e C e o W3
é o pinhão condutor. Os dados usados e os resultados são mostrados na tabela 7.

(3.11)

• Wi – peso na i-ésima posição


• yi – Deflexão na i-ésima posição

Tabela 3.6: Dados usados no cálculo e o resultado da velocidade crítica.


Método de Rayleigh
massa esp 7832
W1 20.14176885
delta1 4.67216E-07
W2 1.277981293
delta2 7.46314E-07
W3 10.29
delta3 1.69406E-06
g 9.8
wn 2804.286573
Fonte: Elaborada pelo autor

30
𝜔𝑛 2804,3 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠
= 𝜋 = 22,3
𝜔𝑓 1200 𝑟𝑝𝑚

A velocidade crítica de rotação está 22,3 vezes acima da velocidade de trabalho, sendo
assim, vibração lateral não é um problema para o eixo.

31
3.3.2 Vibração Torcional

As mesmas equações que descrevem as vibrações laterais podem ser usadas para
vibrações torcionais, a equação 36. A vibração é calculada através da constante de mola,
equação 37, e momento de massa, equação 38.

(3.12)

(3.13)

(3.14)

Os valores encontrados são expressos na tabela 8.

Tabela 3.7: Vibração Torcional


Vibração Torcional
G 79.3
k1 193481.39
Im1 0.000520243
k2 220429.33
Im2 0.0025725
keq 103039.06
Wn 15430.92
Fonte: Elaborada pelo Autor.

30
𝜔𝑛 15430,92 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠
= 𝜋 = 122,8
𝜔𝑓 1200 𝑟𝑝𝑚

32
A velocidade crítica torcional de rotação está 122,8 vezes acima da velocidade de
trabalho, sendo assim, vibração torcional não é um problema para o eixo.

33
4. CONCLUSÃO

No final do projeto chegamos a um fator de segurança de 1,5, sendo assim, um resultado


bastante conservativo. Todo o projeto foi feito sem o auxílio de soluções numéricas. Para a
análise de tensão e resistência um método analítico é de fácil implementação e não apresentam
erros elevados, contudo, devido algumas considerações como considerar as forças nos mancais
como pontuais e desprezar o Cortante, são possíveis geradores de erros, pequenos erros.
Outro ponto a ser considerado é acerca da deformação. Os métodos usados, consideram
somente a deformação estática, a deformação gerada pela força centrífuga que é gerada pela
rotação não foi considerada. Sendo assim, na prática o eixo pode apresentar deformações
maiores das que calculadas. Contudo, como as deformações calculadas não foram tão elevadas,
não deve ser crítica. Existem métodos computacionais que permitem calcular as deformações
com um erro menor do que os métodos usados e além do mais, os métodos usados, são, somente
para casos bem específicos.
O cálculo da velocidade crítica depende diretamente das deformações. Sendo assim,
erro grandes no cálculo da deformação, gerará erro grandes no cálculo da velocidade crítica.
Além disso, as bibliografias consideram o método usado, como um método inicial e simples de
calcular a velocidade crítica, mas deve ser usado como um cálculo inicial. Como no cálculo da
deformação, existem métodos numéricos que possibilitam o cálculo com maior precisão da
velocidade crítica.
Erros grandes de fabricação, como um alto desbalanceamento do eixo pode acentuar a
deformação e a vibração. Para estimar erros de fabricação, os processos usados devem ser
considerados, possibilitando considerar as tolerâncias de cada processo. Pela dificuldade de se
estimar estes erros, eles não foram considerados na análise.

34
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aliexpress; Square Axle Bottom Bracket; disponível em <


https://pt.aliexpress.com/w/wholesale-square-axle-bottom-
bracket.html?initiative_id=SB_20171018
073835&site=bra&g=y&SearchText=square+axle+bottom+bracket&CatId=201034001&
isrefine=y > acesso em outubro de 2017

ATI; Componentes Para Transmissão, Catálogo de Produtos, disponível em < http:// www.c
asadosposicionadores.com.br/produtos/engrenagens_varias.pdf > acesso em outubro de 2017

BEER, Ferdinand P.; E. JOHNSTON, Russell Jr., DEWOLF, John T.; MAZUREK, David. F..
Mecânica dos Materiais. 7. ed. McGraw-Hill, 2015.

BUDYNAS, Richard G.; NISBETT, J. Keith; Elementos de Máquinas de Shigley, Projeto


de Engenharia Mecânica, 8ª Edição; AMGH, 2011.

MCGUIRE, John; FEMCI: Notes Concerning Yield Criteria; disponível em < https://femci.
gsfc.nasa.gov/yield/ > acesso em outubro de 2017

NORTON, R. L.; Projeto de Máquinas: Uma Abordagem Integrada, 2ª Edição; Bookman,


2004

NSK; Catálogo Geral de Rolamentos, disponível em < http://www.nsk.com.br/upload/fi


le/Catálogo%20Geral%20NSK(1).pdf >

35
6. ANEXOS

Anexo I – Catálogo de Rolamentos

36
37
38
Anexo II – Catálogo de Engrenagem Cônica de Dentes Retos

39
Anexo III – Representação do eixo com os elementos atuantes no mesmo

Onde 1 é o rolamento 6909 ZZ VV DDU; 2 é o rolamento HR 32207 C; e 3 é a engrenagem


cônica de dente reto BE423045016. Sendo 1 e 2 retirados do Anexo I, e 3 retirado do Anexo
II.

40
Anexo IV – Representação da chaveta.

Anexo V – Representação do Eixo

41

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