Goiânia
Outubro de 2017
Felipe Arantes Lobo
João Lucas Pereira Leitão
Rafael Guilherme Luiz de Faria
Goiânia
Outubro de 2017
RESUMO
Este documento a seguir se refere ao projeto mecânico de um eixo que deve atender às
especificações geométricas básicas fornecidas e resistir, dado um fator de segurança, à
aplicação das forças também dadas. Este é um problema para o qual uma resposta única e direta
não pode ser obtida, devido à complexidade e a interdependência de vários fatores. Assim, uma
série considerações baseadas em dados de peças reais obtidas comercialmente (como mancais
e engrenagens) foram feitas. Esses dados foram obtidos através de catálogos oferecidos pelos
próprios fabricantes, aqui fornecidos em anexos. Com base nessas considerações é possível
aplicar o equacionamento referente ao dimensionamento de eixos rotativos com relação à
resistência mecânica, a fadiga e a distorção dimensional. Este equacionamento segue mais à
frente e foi realizado conforme as referências utilizadas. Após a obtenção de todas as dimensões
do eixo é necessária uma verificação da conformidade destes valores com os dados dos
componentes dos catálogos e com o fator de segurança escolhido. Uma que isso tudo seja
realizado, os resultados finais podem ser exibidos em um desenho técnico do eixo
Lista de Símbolos
A Área de seção
D, De Diâmetro maior ou externo
d, Di Diâmetro menor ou interno
E Módulo de elasticidade ou Módulo de Young
F Força
g Gravidade
G Módulo de rigidez a torção
I Momento de inércia da área
I0 Momento de inércia da massa
J Momento de inércia polar
Ka Fator de acabamento
Kb Fator de geometria
Kc Fator de esforço atuante
Kf Fator de concentração de tensão em fadiga flexional
Kfs Fator de concentração de tensão em fadiga torcional
KT Constante de mola torcional
Kt Fator de concentração de tensão flexional
Kts Fator de concentração de tensão torcional
L,l Comprimento
M Esforço de momento
m Massa
Ma Momento alternado
Mm Momento médio
n Coeficiente de segurança
N Número de ciclos
Ø Diâmetro de secção
q Sensibilidade ao entalhe
R,r Raio
Se Limite de resistência à fadiga para vida infinita
Se’ Limite de resistência à fadiga para de corpo de prova
Sf Limite de resistência à fadiga para vida finita
Sut Limite de resistência à tração
Sy Limite de resistência ao escoamento
T Escorço de torção
t Espessura
Ta Esforço de torção alternado
Tm Esforço de torção médio
Ud Energia de distorção
V Esforço cortante
x, y e z Coordenadas
y,δ Deflexão linear
θ Ângulo ou deflexão angular
ρ Massa específica
σ’ , τ’ Tensão equivalente de von Mises
σa Tensão normal alternada
σm Tensão normal média
τa Tensão cisalhante alternada
τm Tensão cisalhante média
ω Velocidade angular crítica ou de trabalho
ωn Frequência natural
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
4. CONCLUSÃO .................................................................................................... 34
6. ANEXOS ............................................................................................................ 36
1. INTRODUÇÃO
1.1.1 Polia
São peças de formato circular com, geralmente, canais ao longo de sua superfície
cilíndrica. Têm por objetivo receber o movimento transmitido através de correias e transmiti-
lo através de um eixo ou o contrário. São classificadas em planas ou trapezoidais e podem ter
cavidades, para o caso de correias dentadas.
É necessário tomar alguns cuidados em sua utilização e montagem, como o alinhamento
entre as polias, evitar desgaste nos canais, evitar defeitos na superfície de contato e evitar o
1
contato da superfície com graxas e lubrificantes, pois além de poder danificar a correia, ela
pode deixar de exercer sua função de transmitir potência.
1.1.2 Chaveta
A chaveta consiste em uma pequena peça metálica usada como meio de travamento da
rotação relativa entre o eixo e o elemento girante em questão.
Um pequeno rasgo é feito tanto no eixo, como na polia, por exemplo, e a chaveta ocupa
o lugar desses rasgos em ambas as peças, permitindo a transmissão de potência. A região desse
rasgo é uma região de concentração de tensão considerável, que altera drasticamente as
características do projeto.
As chavetas são divididas em paralelas, cônicas e chavetas meia-lua, classificadas assim
de acordo com seu formato, e são consideradas elementos de sacrifício, ou seja, são projetadas
para falhar antes dos demais componentes do sistema, poupando maiores gastos com a
manutenção, reparo ou troca de eixos, polias ou engrenagens, que são elementos muito mais
complexos e caros.
Como na maior parte do tempo, as chavetas são carregadas por esforços cisalhantes, são
usualmente utilizados materiais dúcteis para resistir a esses esforços, como aços baixo carbono,
inoxidáveis, latão, etc.
1.1.3 Mancais
São partes que fornecem apoio para eixos e rolamentos, geralmente produzidos de ferro
fundido ou aço. Podem ser classificados em mancais de deslizamento, onde o eixo é encaixado
diretamente no mancal e desliza livremente sobre ele, e mancais de rolamento, onde o eixo é
encaixado em um rolamento e este rolamento é encaixado ao mancal. Neste caso, o mancal
somente suporta o rolamento, não entrando em atrito dinâmico com nenhum componente.
Usualmente, mancais de deslizamento são utilizados em casos onde a carga suportada é
muito grande, uma vez que a área de contado neste caso é muito maior do que a área de contato
entre as esferas ou cilindros de um rolamento com as suas pistas internas e externas.
Um ponto de vital importância no projeto e montagem de mancais é seu alinhamento.
Desalinhamentos podem impor esforços sobre o rolamento e o eixo para os quais estes não
foram projetos para suportar, podendo causar graves falhas.
2
1.1.4 Rolamentos
Na quase absoluta maioria das vezes o material utilizado na confecção de eixos é o aço,
devido às boas propriedades mecânicas, a possibilidade da aplicação de tratamentos térmicos
ou superficiais e a ampla variedade de ligas que podem oferecer até resistência à corrosão.
Porém, também podem ser encontrados eixos fabricados em alumínio ou titânio em aplicações
onde se busca uma alta eficiência através da redução de peso.
Quando utilizado o aço, ao se analisar as deflexões que surgem no eixo, a rigidez do
material não é um fator de grande significância, isso ocorre pois dentre todos os inúmeros tipos
de aço existentes, a variação da rigidez dentre eles, dada pelo módulo de elasticidade, é muito
pequena, ou seja, todos os aços possuem aproximadamente a mesma rigidez, e apresentarão os
mesmos níveis de deflexão dada a aplicação das mesmas cargas. Diante disso, a análise de
deflexão é realizada considerando-se os aspectos geométricos da seção transversal do eixo,
ignorando-se um pouco as propriedades do material com que é fabricado.
Para a análise de falha por fadiga e de resistência à tensões por carregamento, a seleção
levando-se em conta a resistência mecânica do material é de extrema importância, pois ela afeta
diretamente na fadiga do eixo. É recomendável que eixos submetidos à fadiga elevada sejam
construídos com material de maior resistência mecânica. De forma análoga, materiais com
maior resistência mecânica possuem maior resistência à tensões por carregamento.
3
Os processos de fabricação também influenciam diretamente na seleção do material,
pois determinam a qualidade do acabamento superficial do eixo e o nível de tensões residuais,
ambos fatores que influenciam na concentração de tensões.
A realização de tratamentos térmicos como a têmpera, o recozimento e a normalização
podem aliviar tensões geradas pela usinagem e aumentar a resistência do material, porém não
é garantido que se alcançará as propriedades ideais desejadas.
Como foi dito acima, as características do material não são tão críticas no projeto do
eixo. As suas características geométricas são mais determinantes, tanto na falha quanto na
fixação de outros elementos ao eixo.
O comprimento do eixo, ou de extremidades em balanço, e a distância entre os mancais
de fixação estão diretamente relacionados com os níveis de deflexão e de vibração os quais o
eixo apresentará.
Quanto à fixação dos elementos, ela é realizada por meio de interferência ou através de
chavetas, pinos e/ou anéis retentores, responsáveis por evitar a movimentação na direção axial
e/ou rotação relativa ao eixo. Rolamentos geralmente são montados com interferência no eixo,
enquanto engrenagens e polias são montadas através de pinos e chavetas.
O acabamento superficial não precisa ser de extrema precisão, como o polido.
Superfícies usinadas já se comportam de forma satisfatória para este tipo de aplicação. Porém,
devido à torção, talvez seja necessária uma resistência maior na superfície do eixo, já que a
componente de esforço cisalhante é máxima no raio máximo (ou seja, na superfície)
A seção transversal escolhida é geralmente a circular devido as melhores condições de
concentração de tensão, mas também existem casos onde eixos de seção quadrada, oval,
triangular, dentre outros, são utilizados (Figura 1.1). Nestes casos a transmissão de potência se
dá devido ao próprio formato do eixo, eliminando a necessidade de elementos fixadores como
chavetas.
4
Figura 1.1 – Exemplo de eixo de seção quadrada.
5
de engenharia, a física e a lógica básica não são suficientes para dimensionar corretamente uma
peça e garantir que a sua falha não ocorra.
Com este problema em mente, foram elaborados ao longo da história equacionamentos
que comtemplam e fornecem soluções satisfatórias para estes casos mais complexos. Estes
equacionamentos são os critérios de falha.
Usualmente, a falha de materiais com característica dúctil não é considerada como sendo
a sua ruptura, mas sim seu escoamento. O critério de Tresca (ou teoria da tensão máxima de
cisalhamento) considera uma relação entre o limite de escoamento do material e a máxima
tensão de cisalhamento em que estará sujeito no momento da falha, que é a tensão de maior
influência em materiais dúcteis, uma vez que causa maiores deformações.
Segundo este critério, a falha ocorre quando a tensão máxima de cisalhamento em um
elemento de tensão ultrapassa a tensão máxima de cisalhamento de um corpo de prova sob
tração em escoamento, que corresponde à metade da tensão normal de escoamento (SHIGLEY,
2011).
𝑆𝑦
𝑆𝑠𝑦 = (1.1)
2
6
Então, pelo estado plano de tensão no círculo de Mohr (Figura 1.2), tem-se que:
𝜎1 – 𝜎3 𝑆𝑦
𝜏𝑚𝑎𝑥 = = (1.2)
2 2
Quando se considera um fator de segurança η, a equação acima pode ser reescrita como:
𝜎1 – 𝜎3
𝜏𝑚𝑎𝑥 = (1.3)
𝜂
7
consideradas para o cálculo as tensões principais que agem no elemento de tensão. Assim,
encontra-se uma tensão equivalente, e esta é comparada ao limite de escoamento do material.
Figura 1.4 – Elemento de tensão
Fonte: Autores
Considerando o elemento de tensão acima, o critério de Von Mises diz que o escoamento
do material ocorrerá quando a energia de distorção Ud para aquele carregamento ultrapassa a
energia de distorção para o escoamento sobre a tração ou compressão simples (SHIGLEY,
2011). Assim, partindo da equação de energia de distorção Ud:
(1.4)
(1.5)
A tensão equivalente de Von Mises em função das tensões principais será então:
(1.6)
(1.7)
8
Segue a representação gráfica do critério de Von Mises. Comparado ao critério de
Tresca, Von Mises é um critério mais preciso e menos conservador, isto pode ser visualizado
no gráfico, uma vez que a área oval referente à Von Mises envolve a área referente à Tresca.
𝑆𝑢𝑡
𝜎1 = (1.8)
𝜂
9
𝑆𝑢𝑐
|𝜎3 | = (1.9)
𝜂
(1.10)
(1.11)
10
- Existe tanto a tração quanto a compressão, ou seja, σ1> 0 e σ3 < 0:
(1.12)
Ao longo do tempo, notou-se que quando uma certa peça mecânica está submetida à
esforços que variam continuamente ao longo do tempo, é possível que ocorra falha mesmo que
os níveis de tensão máximos suportados pelo material não sejam atingidos. Esta é a chamada
falha devido à fadiga do material.
No caso de materiais dúcteis, existe o agravante de que, nessas situações, eles passam a
apresentar falhas com característica frágil, isto é, o material se rompe sem que apresente
anteriormente alguma deformação notável. A falha ocorre “ sem prévio aviso”.
11
Falhas por fadiga ocorrem em três estágios: Nucleação da trinca, Crescimento estável
da trinca e a Ruptura súbita. As regiões de falha por fadiga são muito características, tornando
possível a clara identificação dos lugares da seção transversal onde a trinca se iniciou e até onde
se propagou antes que a peça falhasse subitamente (Figura 1.8).
Figura 1.8 – Início da trinca (A), propagação (B) e região de ruptura súbita (C)
Foi identificado que as falhas por fadiga ocorrem, primariamente, em função do número
de ciclos à que a peça é submetida, em geral independendo da frequência com que esses ciclos
se repetem. A falha também dependerá da magnitude das tensões que estão sendo aplicadas,
onde quando menor a tensão, maior será o número de ciclos que o material suportará. Este
padrão segue até um nível de tensões a partir do qual o material suportará um número infinito
de ciclos, considerado como sendo um valor maior ou igual a 106 ciclos.
O gráfico da figura 6 representa esse fenômeno e a linha vermelha construída em escala
logarítmica pode ser descrita pela seguinte equação, onde a e b são parâmetros calculados em
função do material:
𝑆′𝑓𝑛 = 𝑎𝑁 𝑏 (1.13)
12
Fonte: NORTON, 2013.
Comumente, para os aços, se considera a seguinte relação entre o limite de vida infinita
Se do material e o seu limite de resistência a ruptura Sut :
𝑆𝑢𝑡
𝑆𝑒 = , 𝑆𝑢𝑡 ≤ 1400 𝑀𝑃𝑎 (1.14)
2
(1.16)
Nessa situação, a tensão média atuante é nula. Para este caso, a tensão alternada nominal
é expressa por:
(1.17)
13
Este valor é multiplicado pelo fator concentrador de tensão para a fadiga Kf, obtendo-se
a tensão alternada:
(1.18)
𝑆𝑒
𝜎𝑎 = (1.19)
𝑛
O mesmo processo acima pode ser realizado com relação à tensões cisalhantes.
Aqui a tensão média não será mais nula, ela será calculada a partir das tensões máximas
e mínimas atuantes sobre a peça (Eq. 1.20). A tensão alternada será calculada da mesma forma
que fora anteriormente.
(1.20)
Para um caso mais geral onde estão presentes tensões alternadas e flutuantes em
múltiplas direções, faz-se o basicamente o mesmo que foi mostrado anteriormente, porém, em
adição, aplica-se também de Von Mises a fim de obter tensão alternadas e médias equivalentes.
(1.21)
(1.22)
14
1.5.9 Critérios de Falha de Soderberg, Googman e Langer
(1.23)
O critério de Goodman fará essa relação com a o limite de resistência à tração ao invés
do escoamento:
(1.24)
(1.25)
15
2. PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS
O processo de dimensionamento de um eixo para a tensão que o eixo irá ser submetido
depende de vários fatores. O primeiro a se considerar é a aplicação pura das tensões no eixo,
fazendo a análise somente quanto a resistência dos materiais, através das cargas aplicadas em
seus respectivos pontos e em seguida, verificando as tensões presentes no material e assim,
dimensionando o eixo para suportar aquelas tensões, porém, isto não é suficiente. Os eixos
apresentam elementos fundamentais para seu devido funcionamento como: chavetas;
engrenagens; polias e rolamentos, e cada um desses elementos tem sua implicação no
dimensionamento, seja por contato, ou por concentração de tensões ou por outros motivos.
O primeiro passo do dimensionamento do eixo por tensão é a análise das tensões nos
locais críticos, uma vez que a análise do estado de tensões em todos os pontos do eixo é inútil,
então se analisa os pontos do eixo onde os esforços são maiores. Se este eixo for de seção
circular e submetido a cargas cíclicas, temos as seguintes relações:
32 M a
a K f (2.1)
d3
32 M m
m K f (2.2)
d3
16Ta
a K fs (2.3)
d3
16Tm
m K fs (2.4)
d3
2 2
32 K f M a 16 K fsTa
a 3
2 2
3 (2.5)
d d
a a 3 3
16
2 2
32 K f M m 16 K fsTm
m 3
2 2
3 (2.6)
d d
m m 3 3
Para elementos submetidos a esforços de fadiga, o critério de Goodman pode ser
utilizado quando conhecida as tensões médias e alternadas:
1 a m
(2.7)
n S e Sut
1
16n 1 1 3
d 4( K f M a ) 3( K fsTa ) 4( K f M m ) 3( K fsTm )
2 2 2 2
(2.8)
Se Sut
17
2.3 Análise da Deflexão
d 4 y q( x)
(2.9)
dx 4 EI
d 3 y V ( x)
(2.10)
dx3 EI
d 2 y M ( x)
(2.11)
dy 2 EI
dy
( x) (2.12)
dx
18
desalinhamento máximo permissível, de modo a operar sem comprometer os mesmos. Por isso,
ao dimensionar o eixo, deve se verificar se a deflexão linear e angular, principalmente nos
mancais e engrenagens, e verificar se está de acordo com as recomendações do fabricante dos
mesmos.
Quando um eixo está girando, a excentricidade causa uma deflexão no próprio, devido
à forca centrífuga, que é resistida pela rigidez flexural do eixo, ou seja, EI. Quando as deflexões
causadas são pequenas, isso pode ser ignorado pois não causaria nenhum dano, entretanto, em
certas velocidades, chamadas de críticas, o eixo se torna instável e as deflexões aumentam sem
um limite, causando um problema. Embora a deflexão ocasionada nesse tipo de problema seja
dinâmica, ela pode ser estimada através de uma solução da condição de contorno de uma
Equação Diferencial, mostradas nas equações 2.8 a 2.11.
A velocidade crítica do eixo é causada pela massa do mesmo, e existe a recomendação
de que as primeiras velocidades críticas sejam pelo menos da ordem de duas vezes a rapidez
operacional. Para um eixo de diâmetro uniforme e apoio simples, a velocidade crítica pode ser
escrita como:
gEI
2 2
EI
(2.13)
l A l m
g i yi
1 (2.14)
y i
2
i
A frequência crítica para um eixo rodopiar é a mesma para a vibração lateral, que pode
ser encontrada utilizando o método de Rayleigh. No entanto, deve-se preocupar também com
as vibrações torcionais geradas pelas frequências torcionais naturais. A velocidade crítica
devido a vibração torcional em um eixo com dois discos pode ser descrita como:
19
I1 I 2
n K T (2.15)
I1 I 2
GJ
KT (2.16)
I0
mr 2
I0 (2.17)
2
20
3. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Inicialmente realizou-se o diagrama de corpo livre para obter as reações nos mancais.
Através da força tangencial no pinhão condutor, calculamos também o torque transmitido
através do eixo, sendo o torque igual o produto da força pelo raio. As reações e o torque
calculados são expostos na tabela 3.1.
Com as reações nos mancais calculadas, é possível esboçar o diagrama de momento
fletor. A figura 3.3 mostra o diagrama de momento fletor nos planos z-y e x-y e o diagrama de
momento fletor resultante, sendo este, o mais crítico.
21
Tabela 3.1: Reações nos mancais e Torque
Reações e Torque
Ra,x [N] -1657.96
Rb,x [N] 5228.96
Ra,z [N] 697.36
Rb,z [N] -2199.36
Tm [N.m] 124.99
Fonte: Elaborada pelo autor.
200
Momento Fletor [N.m]
97.63
100
0 0
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
-100
-232.12
-200
-300
X [m]
Y-Z Y-X Resultante
(3.1)
Com a equação 3.1, DE - Goodman (as tensões são combinadas usando a energia das
distorções (DE) e o critério de falha de Goodman é usado), é possível determinar um diâmetro
inicial para o eixo, inicial pois, o projeto de um eixo é iterativo. A fórmula usada para estimar
um diâmetro inicial não considera forças no sentido longitudinal do eixo, sendo assim,
desconsideraremos a força Fcy por facilidade de cálculo e pelo fato da tensão exercida por esta
força no eixo é muito menor que a tensão causada pelo torque e pela flexão. Alguns fatores são
determinados pela geometria do eixo e necessita de um valor do diâmetro para o seu cálculo.
Nas etapas seguintes as iniciais, estes fatores serão calculados, para um melhor resultado. No
22
cálculo do diâmetro inicial, alguns desses fatores são estimados e após definir um diâmetro, é
calculado o fator de segurança, nos pontos mais críticos do eixo.
O coeficiente de segurança, η, usado é de 1,5, valor indicado para eixos nas
bibliografias. No cálculo dos k’s da equação de Marin, ka é calculado pela equação 3.2, os
valores de a e b desta equação é dado na figura 3.4, kb precisa do diâmetro do eixo para ser
calculado, sendo assim, um valor de 0,9 será estimado, kc para esforços combinados
(multiaxiais) é igual a 1 e os outros k’s, por não se ter mais informações sobre, serão
considerados igual a 1.
ka = A · (Sut)b (3.2)
23
da equação 28 e 29, respectivamente. Os valores de q, qs, kt e kts são encontrados nas figuras
14, 15, 16 e 17, respectivamente.
kf = 1 + q · (1 − kt) (3.3)
(3.5)
24
Figura 3.7 – Sensibilidade ao entalhe, cisalhante, qs.
O valor σa′ e σm′ são calculados pelas equações 3.6 e 3.7, respectivamente. O coeficiente
de segurança η é calculada por um dos critérios de falha, o utilizado foi o de Goodman, equação
33. A tabela 3 mostra os resultados e os fatores usados.
25
(3.6)
(3.7)
(3.8)
(3.9)
26
Escoamento
Sy 393
ny 3.18
Fonte: Elaborada pelo autor
pensada.
Sendo d3 igual a 20 mm e a largura desta parte possui a largura igual à do pinhão condutor.
Projetamos esta seção com o menor comprimento possível para minimizar os efeitos de
deflexão, pois a região em balanço é bastante crítica para deflexão.
27
Será feito novos cálculos de tensão e resistência. O material usado inicialmente não
aguentaria as forças na seção com diâmetro de 20 mm, sendo assim, alteramos o material
escolhido. Após calcular para alguns materiais, percebemos que será necessário um material
com limite de resistência a tração bastante elevado, o material escolhido será o AISI 1141
temperado e revenido a 315 ºC com limite de resistência a tração de 1460 Mpa e de escoamento
de 1280 MPa. Os cálculos realizados são análogos aos realizados anteriormente, sendo assim,
não há necessidade de repetir a explicação. Os resultados encontrados estão apresentados na
tabela 3.4.
Tabela 3.4: Nova geometria do eixo de aço AISI 1141 temperado e revenido.
Mudança de Seção Rasgo de Chaveta
ka 0.654 r 0.0004
kb 0.902 Kt 2.14
Se [Mpa] 412.933 q 0.9
σa [Mpa] 212.311 kf 2.026
σm [Mpa] 203.278 kts 3
Critério de Goodman qs 0.9
nf 1.53 kfs 2.8
σa
Verif. Escoamento [Mpa] 49.806
σm
Sy 1280 [Mpa] 385.884
ny 3.080 nf 2.598
Fonte: Elaborada pelo autor
28
𝑑𝑦
𝜃= (3.10)
𝑑𝑥
Segundo a figura 3.4, a inclinação nos mancais está dentro do limite. No projeto dos mancais
deve se usar um mancal de rolamento que permita maior inclinação no mancal B e como a
inclinação no mancal A é bem menor, pode se usar um rolamento que suporte a força axial
imposta.
29
Deflexão Linear
0.000001
0.0000005
0
y [m] 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
-5E-07
-0.000001
-1.5E-06
-0.000002
x [m]
Existem três tipos de vibração no eixo que são preocupantes, vibração lateral, rodopio
do eixo e vibração torcional. O rodopio do eixo é causado devido ao desbalanceamento gerado
30
pela imprecisão dos processos de fabricação. Esta vibração será desprezada, pois, no eixo em
questão no projeto será considerado o balanceamento totalmente correto.
(3.11)
30
𝜔𝑛 2804,3 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠
= 𝜋 = 22,3
𝜔𝑓 1200 𝑟𝑝𝑚
A velocidade crítica de rotação está 22,3 vezes acima da velocidade de trabalho, sendo
assim, vibração lateral não é um problema para o eixo.
31
3.3.2 Vibração Torcional
As mesmas equações que descrevem as vibrações laterais podem ser usadas para
vibrações torcionais, a equação 36. A vibração é calculada através da constante de mola,
equação 37, e momento de massa, equação 38.
(3.12)
(3.13)
(3.14)
30
𝜔𝑛 15430,92 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠
= 𝜋 = 122,8
𝜔𝑓 1200 𝑟𝑝𝑚
32
A velocidade crítica torcional de rotação está 122,8 vezes acima da velocidade de
trabalho, sendo assim, vibração torcional não é um problema para o eixo.
33
4. CONCLUSÃO
34
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATI; Componentes Para Transmissão, Catálogo de Produtos, disponível em < http:// www.c
asadosposicionadores.com.br/produtos/engrenagens_varias.pdf > acesso em outubro de 2017
BEER, Ferdinand P.; E. JOHNSTON, Russell Jr., DEWOLF, John T.; MAZUREK, David. F..
Mecânica dos Materiais. 7. ed. McGraw-Hill, 2015.
MCGUIRE, John; FEMCI: Notes Concerning Yield Criteria; disponível em < https://femci.
gsfc.nasa.gov/yield/ > acesso em outubro de 2017
35
6. ANEXOS
36
37
38
Anexo II – Catálogo de Engrenagem Cônica de Dentes Retos
39
Anexo III – Representação do eixo com os elementos atuantes no mesmo
40
Anexo IV – Representação da chaveta.
41