A examinadora elabora provas que exigem mais do que o conhecimento puro do ECA.
Não utilizar o termo menor, que além de preconceituoso é atécnico. Utilizar criança,
adolescente e jovem.
Site: ABMPD
Propõe que a criança e o adolescente sejam reconhecidos como pessoa em condição peculiar
de existência. A segunda proposta é que o Estado, a família e a sociedade devem fazer o
possível e o necessário para desenvolver integralmente a personalidade da criança e do jovem
por intermédio de garantias apropriadas.
De maneira geral, propõe-se que crianças e adolescentes sejam tidos como sujeitos especiais
de direito em razão de sua condição peculiar. Condição peculiar é entendida como
vulnerabilidade pessoal e social.
Atua sob o signo da prevenção geral, ou seja, o sistema jurídico tem que atuar de modo a criar
condições para a efetividade dos direitos fundamentais consagrados. A ideia de prevenção
geral redunda na ideia de políticas públicas. A proteção da criança e do adolescente deixa de
ter caráter repressivo e passa a possuir caráter protetivo, com a necessidade de políticas
públicas destinadas a esses sujeitos especiais de direitos.
2. Princípios
Esse princípio é o fundamento do direito da infância, que visa garantia igualdade material às
crianças e adolescentes.
A tutela de direitos da infância goza de prioridade absoluta frente a quaisquer outros direitos
ou interesses contrapostos.
O ECA diz que os serviços públicos devem garantir prioridade no atendimento de crianças e
adolescentes. Há um voto do Ministro Celso de Mello, no qual estabelece a necessidade de
construção de creches pelo poder público, sem espaço para a alegação da reserva do possível.
A prioridade absoluta tem limites e algumas vezes deve ser relativizada: ponderação de
interesses.
Suponha-se que um prefeito tenha verba para a construção de dez creches. O município sofre
uma enchente e milhares de famílias carentes ficam sem teto. Ele poderá realocar essa verba
para a construção de casas? Trata-se de outro caso em que deverá haver ponderação de
interesses.
Art. 2º do ECA.
O critério objetivo definidor é o etário ou biológico: criança é toda pessoa com menos de 12
anos e adolescente é toda pessoa maior de 12 e menor de 18 anos.
Jovem-adulto é aquele que tem entre 18 e 21 anos, não é mais adolescente, mas ainda não
terminou o ciclo de amadurecimento. Ele pode ser tratado pelo ECA, desde que haja norma
especial de caráter autorizativo (2º, parágrafo único). Ex.: art. 121, §5º (jovem-adulto deve ser
posto compulsoriamente em liberdade aos 21 anos, ou seja, jovem-adulto pode cumprir
medida socioeducativa por ato infracional cometido antes da maioridade).
Em relação ao nascituro, o direito de infância ainda oscila. O CC, segundo o STF, é natalista. O
julgamento da ADI sobre a Lei de Biossegurança mostra que o STF ainda adota a corrente
natalista. Por esta corrente, o nascituro não será sujeito da proteção integral. Dentro da
perspectiva jurídica atual, entretanto, é difícil continuar defendendo a corrente natalista. MHD
diz que o nascituro tem personalidade jurídica material e adquire a personalidade jurídica
formal ao nascer com vida (teoria da personalidade condicionada). Pela teoria da
personalidade condicional, é possível conceder ao nascituro a proteção integral.
No campo estatutário (ECA), existe uma corrente concepcionista em razão do art. 8º, que
estabelece que a gestante tem direito ao atendimento pré e perinatal. É liderada pela
professora Tânia Pereira (filha de Caio Mário).
4. Sistema de garantias
Advém das seguintes fontes: CR (art. 227), ECA (arts. 7º a 69) e Convenções Internacionais.
Devem ser vistos tanto na dimensão subjetiva (pessoal) como na dimensão objetiva. Na
dimensão subjetiva, os direitos fundamentais são de natureza individual. A dimensão objetiva
envolve a projeção nos direitos sociais e garantias processuais formais.
Os direitos fundamentais também são direitos sociais. A partir do momento em que o mundo
percebe mais claramente suas distinções de classe, sua miséria, as desobrigações do Estado,
que se dá com a 2ª GM, os direitos sociais passam a ter maior importância. Percebe-se que os
direitos fundamentais sociais de nada servem se não houver condições materiais para
viabilizar seu exercício.
O ECA enumera alguns direitos fundamentais: direito à vida e à saúde (arts. 7º a 14), direito à
liberdade, à dignidade e ao respeito (arts. 15 a 18), direito à convivência familiar e comunitária
(arts. 19 a 52), direito à educação, à cultura e ao lazer (arts. 53 a 59) e direito ao não trabalho
para a criança e parte dos adolescentes, à profissionalização e à proteção no trabalho (arts. 60
a 69).
O art. 7º faz referência clara à garantia do direito à vida e à saúde em condições dignas. Não
basta garantir a mera sobrevivência, mas o mínimo existencial deve ser garantido a todos.
Direito à saúde não é o direito à ausência de doença, mas ao bem-estar físico, psíquico,
emocional, condições sanitárias, condições socioambientais adequadas, atendimento
preventivo e curativo. Expressão importante desse direito é o art. 13, que garante a crianças e
adolescentes que os pais lhes acompanhem quando internadas em hospital, ainda que em
ambiente coletivo. Essa companhia ajuda na recuperação da criança e do adolescente.
A crianças e adolescentes é concedida liberdade integral, ou seja, não são obrigadas a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em razão de imperativo legal. Abarca a liberdade de ir e vir,
de expressão do pensamento, de convicção religiosa, de culto, de associação, de ação política
para os que tenham 16 anos. A única liberdade que é restringida é a liberdade de iniciativa
econômica. Os direitos de liberdade são amplos e são afirmativos do tratamento de crianças e
adolescentes como entes autônomos, capazes de manifestar vontade.
Direito à convivência familiar é o direito de ser criado e educado junto a uma comunidade
familiar. É mecanismo essencial da proteção integral. O ECA consagra esse direito como a base
da proteção integral.
Conceitos de família:
i) natural: é a família biológica, nuclear. É o núcleo mais restrito das relações familiares.
Compõe-se de ascendentes e seus descendentes.
ii) extensa: é a família para além dos pais, envolve tios, avós.
O direito à educação tem três faces importantes: i) garantia de acesso e permanência universal
e gratuita no ensino fundamental (ensino fundamental compreende desde a creche até a 8ª
série); ii) garantia da participação do aluno e de sua família no processo pedagógico influindo
com suas opiniões; iii) garantia a educação de qualidade (grande problema do Brasil).
No centro encontra-se o juiz, que é uma espécie de eixo. Deve ser um juiz garantista do
sistema (e não autoritário). Ao lado dele, encontra-se o MP, que também cumpre papel
importante e deveria ter uma atuação garantista em relação aos direitos fundamentais. Do
outro lado, encontra-se a DP e a advocacia privada.
MP juiz DP
Ainda pode ser incluída no sistema de garantias a polícia, que hodiernamente não tem
cumprido seu papel garantista.
O fundamento é o art. 204 da CR, que deu ensejo à edição do art. 82 do ECA.
A estrutura se dá em cada uma das unidades da federação. Todo município e estado tem um
conselho de direitos e existe, ainda, o CONANDA, que é o conselho nacional. Cada um atua em
sua esfera de competência.
A atividade do conselho se reveste de caráter deliberativo, vinculativo para órgãos públicos e
sociedade em geral. O caráter não é opinativo.
Os membros da sociedade civil organizada são eleitos para mandato de 3 anos, podem ser
reconduzidos uma vez e não recebem remuneração.
As medidas em meio aberto (LA e PSC) são geridas pelo Município. As medidas em meio
fechado (SL e internação) são cadastradas no CONDECA.
Tem natureza típica de órgão público, dotado de alguns poderes específicos visando à
proteção da infância. O principal poder é o de requisição, para garantir direitos
administrativamente, em caráter de prevenção, para que o Judiciário só seja chamado em
último caso.
As características principais são: i) local (a sede é sempre o município), ii) colegiado (composto
por 5 cidadãos comuns eleitos pela população para mandato de 4 anos, podendo ser
reconduzido uma única vez. A partir de 2015, a eleição será nacionalmente unificada)), iii)
autonomia funcional (as deliberações do conselho só podem ser revistas pelo Judiciário
quando abusivas), iv) permanente (são considerados permanentes os órgãos essenciais), v)
não jurisdicional (atua na hipótese de ameaça a direito, mas a atividade é meramente
administrativa).
Requisitos para ser conselheiro: i) idoneidade moral, ii) idade mínima de 21 anos e iii)
residência no local onde exerça a atividade.
Impedimentos: i) marido e mulher, ii) ascendentes e descendentes, iii) sogro e genro ou nora,
iv) irmãos, v) cunhados durante o cunhadio, vi) tio e sobrinho, v) padrasto, madrasta ou
enteado.
iii) art. 56: atribuição de garantir incolumidade às crianças e adolescentes vítimas de violência
familiar ou doméstica e àquelas que abandonam os estudos. Os coordenadores de escola
devem comunicar as ocorrências de maus-tratos, evasão escolar e elevados níveis de
repetência ao conselho tutelar.
iv) fiscalização das entidades de atendimento. Entidades de atendimento são entidades que
desenvolvem programas voltados às crianças e adolescentes em risco, seja no âmbito do ato
infracional ou da assistência e promoção. Essas entidades promovem acolhimento
institucional, cumprimento de medidas socioeducativas.
6.3. Juiz
A decisão do juiz deve ser fundamentada e levar em conta a natureza do espetáculo, o nível de
frequência do público do espetáculo, impacto eventual sobre a criança do ponto de vista moral
etc.
O juiz não pode baixar portarias que restrinjam a locomoção de adolescentes pela via pública
depois de determinado horário. É o chamado toque de recolher. Esse tipo de portaria foi
considerada ilegal pelo STJ, pois existe em prol da criança e do adolescente o direito de
liberdade de ir e vir e um ato administrativo não poderia restringir esse direito. Além disso, o
limite dessa liberdade deve ser regulado pelos pais (o Estado não deve se imiscuir no exercício
do poder familiar) e o juiz não poderá se valer de portarias para legislar. Ou seja, através de
portarias o juiz não pode criar normas gerais.
O juiz também tem competência jurisdicional (art. 148). Há algumas competências exclusivas:
i) aplicação de medida socioeducativa, ii) remissão como forma de suspensão ou extinção do
processo, iii) decidir sobre adoção e procedimentos coligados (guarda e tutela podem ser
deferidas pelo juiz de família), iv) ações coletivas que tutelam direitos da criança e do
adolescente, v) aplicação de penalidades administrativas.
O juiz não pode instaurar procedimento (procedimento verificatório) para averiguar situações
de risco. Essa competência é do MP.
O MP tem atribuição para atuar no processo também, como autor, assistente da parte ou
custos legis. Será autor quando tiver legitimação para agir (legal e autônoma ou legitimação
extraordinária). Ex.: ação de investigação de paternidade, destituição do poder familiar.
Ex. do MP assistente da parte: MS manejado pelo MP para defender direito individual de uma
criança.
Se o MP não atuar como custos legis haverá nulidade do processo. Ou seja, quando o MP não
for parte, deverá atuar como custos legis. Essa nulidade, entretanto, é relativa, devendo ser
comprovado o prejuízo efetivo.
A DP tem papel relevante, podendo atuar tanto na promoção de direitos quanto na defesa de
direitos fundamentais, tanto no âmbito individual como coletivo.
Defesa de direitos: proteção e atuação na esfera dos direitos coletivos e individuais. Na esfera
dos diretos coletivos, compete à DP a promoção de ACPs coletivas na proteção de interesses e
direitos da criança e do adolescente no âmbito dos direitos fundamentais em geral, embora
não disponha de meios para a investigação administrativa dessas violações por meio do
inquérito civil. Na esfera individual, a DP está devidamente legitimada para atuar na defesa de
direitos do adolescente autor de ato infracional, impetrando medidas necessárias, como HC,
MS, tanto quanto promovendo sua defesa em juízo. Na esfera cível também compete à DP
papéis relevantes como a impetração de MS, ações de alimentos, investigação de paternidade
e medidas correlatas para a garantia de direitos.
As medidas de proteção têm diretrizes específicas que devem ser observadas (arts. 100 e 101).
São as diretrizes da intervenção protetiva. Visam a otimizar esse atendimento e devem ser
respeitadas por todos os órgãos que operam o sistema de garantias. As mais importantes são:
ATO INFRACIONAL
1. Conceito
Ato infracional é tudo aquilo que é considerado crime ou contravenção penal (art. 103 do
ECA).
Criança comete ato infracional, porém não é responsabilizada, ou seja, a ela só podem ser
aplicadas medidas de proteção. A criança apreendida é encaminhada ao concelho tutelar, que
pode aplicar medidas de proteção. Lembrar que o conselho tutelar não pode colocar a criança
em família substitutiva ou em acolhimento institucional ou familiar.
O adolescente pode ser apreendido em flagrante delito ou por ordem judicial fundamentada.
Uma vez apreendido em flagrante delito, o adolescente deve ser encaminhado a uma
delegacia de polícia. A autoridade policial deve entrar em contato com os pais do adolescente.
A regra é a liberação do adolescente, ou seja, para que o adolescente fique apreendido a
autoridade policial deve fundamentar sua decisão na manutenção da ordem pública ou para
proteção do próprio adolescente.
Se o crime é cometido com violência ou grave ameaça, o delegado lavra um auto de apreensão
em flagrante. Se não houver violência ou grave ameaça, o delegado pode fazer um boletim de
ocorrência circunstanciado.
Caso não sejam localizados os pais ou responsável, o delegado pode acionar o conselho tutelar
para auxiliar na procura dos pais.
O delegado pode entregar o adolescente à família, que assina um termo de compromisso para
que o adolescente seja encaminhado no primeiro dia útil seguinte ao MP, para a realização da
oitiva informal.
Se o delegado não libera o adolescente, deve apresentar incontinenti ao MP, para a oitiva
informal. Se isto não for possível, o delegado deve encaminhar o adolescente para entidade
própria. Em SP, essa entidade é a UAI – unidade de atendimento inicial. Na maioria das
cidades, esse local não existe, então o adolescente permanece na delegacia, separado dos
adultos, e deve ser encaminhado ao fórum em até 24h.
A oitiva informal está prevista no art. 178 do ECA. Oitiva informal ainda não é processo. No
âmbito da infância e juventude vige o princípio da oralidade que irá trazer celeridade. A oitiva
informal é o primeiro contato do adolescente com o MP. Podem comparecer os pais e
responsável e também a vítima. O promotor conversa com o adolescente e com os pais. A
presença da defesa não é expressa no ECA, mas também não é vedada e a CR e os princípios
da ampla defesa e contraditório devem ser aplicados. Sempre que possível o adolescente deve
ser acompanhado por defensor.
A DP entende que a oitiva informal é inconstitucional por ferir o princípio da ampla defesa e do
contraditório. A ideia da oitiva informal trazida pelo ECA é boa, pois pode ser aplicada a
remissão, mas na prática utiliza-se a oitiva informal para responsabilização do adolescente.
Remissão pode ser entendida como perdão. Na remissão, não se discute a responsabilização
do adolescente. É bem semelhante à suspensão condicional do processo. A remissão
concedida pelo MP é forma de exclusão do processo.
A remissão pode ser pura e simples ou cumulada com medida. A DP entende que não cabe
remissão cumulada com medida, pois somente poderia cumprir MS o jovem que foi
responsabilizado pelo ato infracional. Na remissão não se discute autoria.
A remissão somente pode ser cumulada com meios em meio aberto (advertência, obrigação
de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida).
Obs.: a DP entende que para a remissão com medida ou pura e simples é imprescindível a
concordância do adolescente. Há decisões judiciais no sentido de que é necessária a
concordância e também no sentido de que não seria necessária.
Havendo representação, o juiz decide se recebe ou não. Recebendo, o juiz marca desde logo a
audiência de apresentação e decide sobre a apreensão ou não do adolescente (se vai
responder ao processo internado provisoriamente ou não). A internação provisória ou a
desinternação podem ser decididas a qualquer tempo antes da sentença.
O ECA não fala expressamente do uso de algemas, mas deve-se fazer analogia à SV que
restringe o uso de algemas a casos excepcionais.
Se o adolescente não for encontrado para ser notificado da audiência da apresentação, o juiz
pode decretar a busca e apreensão do adolescente. Se o adolescente for devidamente
notificado e não comparecer à audiência, o juiz pode determinar a condução coercitiva.
Caso o juiz considere o adolescente responsável, poderá aplicar uma MS. Não existe gradação
entre as medidas, ou seja, qualquer MS pode ser aplicada a qualquer momento, preferindo-se
as medidas em meio aberto.
Súmulas do STJ:
Súmula 342 – no procedimento para aplicação de MS, é nula a desistência de outras provas em
face da confissão do adolescente.
Súmula 265 – é necessária a oitiva do menor infrator antes de se decretar a regressão da MS.
Se o adolescente descumprir uma medida, o juiz, antes de decretar a internação, deve ouvir o
adolescente.
Súmula 492 – o ato infracional análogo ao trafico de drogas por si só não conduz
obrigatoriamente à imposição de MS de internação ao adolescente. O art. 122 do ECA fala das
hipóteses de internação. A internação pode ser aplicada quando houver violência ou grave
ameaça contra a pessoa. Trafico de drogas não envolve violência ou grave ameaça à pessoa,
portanto, a internação não poderia ser aplicada. Os juízes, na prática, fundamentam a
internação na prática do ato grave e em alguma outra situação (como, por exemplo, que o
adolescente foge constantemente de casa). É uma artimanha para driblar a expressão “por si
só” da súmula.
Súmula 338 – a prescrição penal é aplicável às MS. O TJSP entende que a MS prescreve em 4
anos (isso porque o prazo máximo de internação é de 3 anos e pela regra do art. 109 do CP
prescreveria em 8 anos. contudo, deve-se aplicar a redução do art. 115 do CP, por ser o
adolescente menor de 18 anos na data do fato, chegando ao patamar de 4 anos).
Porém, se para um adulto a prescrição ocorre em termo menor, esse prazo deve ser aplicado,
pois o tratamento destinado ao adolescente não pode ser mais gravoso do que o destinado ao
adulto. Ex.: uso de drogas prescreve em 2 anos. Utilizando-se a regra do art. 115 do CP, o crime
prescreveria em 1 ano, então esse prazo deve ser aplicado ao adolescente em detrimento do
prazo de 4 anos.
Tese da DP: nem todo ato infracional é passível de internação, portanto, o prazo máximo de
internação de 3 anos também não pode ser aplicado às demais medidas. O problema está na
liberdade assistida, para a qual não há prazo máximo previsto em lei. A DP defende, com base
no principio da brevidade, que a prescrição deve se dar pelo prazo mínimo de 6 meses, ou
seja, prescreveria em 1 ano e meio.
3.1. Advertência
A DP defende que a advertência como prevista no ECA é inconstitucional, pois para aplicação
de MS é preciso prova da autoria e da materialidade. O ECA, contudo, diz que para a aplicação
da advertência basta a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. Aplica-se uma
MS sancionatória com base apenas em indícios de autoria, o que revela o caráter
inconstitucional da medida.
O prazo máximo é de 6 meses. Podem ser cumpridas 8 horas semanais, em dias úteis ou não,
desde que não atrapalhe o estudo e o trabalho do adolescente.
O trabalho não pode ser degradante, humilhante e deve ter alguma relação de utilidade com o
adolescente.
O trabalho é gratuito.
3.3. Obrigação de reparar o dano
O adolescente vai até um determinado local no qual é acompanhado por um corpo técnico,
que trabalha o adolescente e sua família. Realiza-se matrícula na escola, em estudo técnico ou
desenvolvimento de trabalho como aprendiz. O grande problema prático é que não existem
muitas equipes técnicos.
3.5. Semiliberdade
É a medida mais difícil de ser cumprida pelo adolescente por envolver grande senso de
responsabilidade. O adolescente fica internado durante a semana, podendo sair para estudar,
trabalhar, fazer um curso, sem necessidade de autorização judicial para a realização dessas
atividades externas. O juiz não pode limitar a realização de atividades externas. O adolescente
dorme na unidade de internação durante a semana e nos finais de semana retorna a sua casa.
3.6. Internação
É a MS privativa de liberdade.
O adolescente fica internado por prazo indeterminado. Há o prazo máximo de 3 anos previsto
no ECA.
i) por ato cometido com violência ou grave ameaça à pessoa. O tráfico de drogas, ainda que
crime hediondo, não entra nesse inciso, ou seja, não cabe internação.
ii) pelo cometimento reiterado de infrações de natureza grave. Reiteração não é o mesmo que
reincidência. Reincidência é a prática de novo crime após sentença transitada em julgado por
crime anterior. O adolescente reincidente não pode ser internado com base no inciso II.
Reiteração configura-se com o cometimento do terceiro ato. A DP entende que reiteração só
se configura no quarto ato.
A reiteração deve ser de infração de natureza grave. Entende-se que infração grave é aquela
cujo crime é apenado com reclusão. O STJ, contudo, entende que o furto, ainda que apenado
com reclusão, não é crime de natureza grave. Ex.: cometimento de tráfico com duas
reiterações de crimes de dano anteriores não cabe a internação por esse inciso. Isso porque o
dano não é crime de natureza grave e o inciso fala em reiteração em crimes de natureza grave.
É preciso o transito em julgado dos atos anteriores. Na prática, contudo, isso não é observado.
Deve haver audiência com oitiva prévia do adolescente para a decretação da internação-
sanção.
Se o adolescente não cumpre a LA em remissão, ele não pode ser internado. O que acontece
que é o processo é retomado.
Obs.: remissão não serve para fins de antecedentes, pois não há responsabilização do
adolescente.
Terminado o prazo da internação-sanção, o adolescente deve voltar a cumprir a medida. O
correto é que o juiz faça uma audiência para ouvir o adolescente e avaliar a necessidade da
medida.
1. Medidas socioeducativas
Objetivos:
ii) integração social do adolescente (caráter pedagógico) e garantia dos seus direitos
individuais e sociais, através do cumprimento do PIA.
Princípios:
i) legalidade: o jovem não pode receber tratamento mais gravoso que um adulto. Ex.: na
prática de ato infracional equiparado ao roubo, para a DP, não poderia ser imposta internação,
pois um adulto primário cumpriria pena em regime semiaberto por roubo simples.
iii) prioridade a práticas e medidas restaurativas: foco na vítima. Justiça restaurativa é uma
forma de composição de conflitos na qual mais importante do que apreciar a responsabilidade
ou não é encontrar a pacificação das partes.
v) brevidade.
Obs.: É possível a aplicação de mais de uma MS na mesma sentença. O próprio ECA fala que a
imposição pode ser cumulativa, desde que compatíveis entre si (ex.: medida em meio aberto
não é compatível com medida em meio fechado).
Apenas o juiz pode aplicar MS. A defesa e o MP intervirão, sob pena de nulidade, na execução
de MS.
Obrigatórias:
i) representação, ii) certidão de antecedentes, iii) sentença ou acórdão, iii) estudos técnicos
realizados na fase de conhecimento.
Se o adolescente tiver algum problema que o impossibilite, a MS não pode ser cumprida,
devendo ser aplicada medida protetiva para tratamento.
Prazo para elaboração do PIA: o prazo para medida em meio fechado é de 45 dias e para
medida em meio aberto é de 15 dias.
Podem ter acesso ao PIA: i) servidores do programa de atendimento, ii) adolescente, iii) pais
ou responsável, iv) MP, v) defensor. Exceto expressa previsão judicial.
A gravidade do ato infracional, antecedentes e o tempo de duração da medida não são fatores
que, por si só, justifiquem a não substituição da medida por outra menos grave. A DP entende
que isso vale também para a extinção da medida.
Não pode haver nova internação por conta de ato infracional praticado antes do cumprimento
da medida (art. 45, §2º). Ex.: adolescente cumpre medida de internação e depois do
cumprimento, o juiz determina nova internação por ato praticado antes do cumprimento da
medida. O objetivo da internação é trabalhar o adolescente e se o juiz entende que a medida
cumpriu seus objetivos não há motivo para nova internação. Se houvesse nova internação,
haveria o caráter apenas punitivo da medida. Lembrar sempre que a MS tem caráter punitivo e
educativo.
A lei fala apenas em internação, mas na DP defender que não cabe para qualquer MS.
Direitos do adolescente:
ii) ser incluído em programa de meio aberto se inexistir unidade de atendimento, exceto em
casos de ato de violência ou grave ameaça.
iv) peticionar, por escrito ou verbalmente, a qualquer autoridade ou órgão público e ser
respondido, obrigatoriamente, em 15 dias.
Visita íntima: apenas para o adolescente casado ou que viva em união estável. O visitante deve
ser identificado, registrado pela direção do programa, que emitirá documento de identificação,
pessoal e intransferível especifico para visita íntima.
i) morte;
iii) aplicação da pena privativa de liberdade, a ser cumprida em regime fechado ou semiaberto,
em execução provisória ou definitiva. Ex.: adolescente que ainda está cumprindo MS depois de
ter completado 18 anos. Caso tenha ficado preso preventivamente e depois tenha sido
inocentado, esse prazo contará para a MS.
iv) pela condição de doença grave, que torne o adolescente incapaz de submeter-se ao
cumprimento da medida;
SAÚDE MENTAL
ii) involuntária: o usuário não adere ao tratamento e não concorda com a internação. O
paciente não quer o tratamento, mas terceiro (e não apenas família) pode solicitar a
internação. Não necessita de ordem judicial. Somente pode ser determinada a internação
quando a pessoa está em surto e coloca em risco a sua própria saúde. Se a pessoa tem
condições de entender a sua situação e não quer se tratar, ela não pode ser obrigada a isso. A
DP faz uma critica, pois se a pessoa estivesse com um câncer e não quisesse se tratar, ela não
poderia ser obrigada a tanto.
A internação deve se dar pelo mínimo de tempo possível. Quem determina o prazo não é o
Judiciário, pois se trata de questão médica.
Quando a pessoa vai ser internada, deve ser elaborado o plano terapêutico singular, inclusive
para cumprimento após a internação, nos equipamentos ambulatoriais.
iii) compulsória: o usuário também não adere ao tratamento e não concorda com a internação.
Necessita de ordem judicial.
Nas três modalidades é imprescindível a elaboração de laudo médico que entenda pela
imperatividade da medida.
A DP defende que o ideal é que o juiz não decida pela internação, pois se ele determinar é
apenas ele que irá desinternar. Nos casos mais graves, mesmo assim a DP não pede a
internação. A DP entra com ações de obrigação de fazer, para que o poder público cumpra
com sua obrigação e disponibilize vaga no equipamento de saúde. O intuito é que o juiz não
determine a internação. A DP por vezes coloca no pedido que a desinternação não dependa de
ordem judicial.
Frasseto entende que mesmo para a internação de criança ou adolescente não é preciso
autorização judicial. Há quem entenda pela necessidade de autorização judicial, como o
CREMESP.
CAPSIII: assemelha-se a um hospital, pois tem leitos e fica aberto 24h. A pessoa que está em
surto aguardando vaga para a internação deve esperar no CAPSIII.
A competência é do município. Para a falta de Caps, o defensor deve impetrar ACP.
Ao colocar a assistência nesse tripé, a CR legitimou a assistência social no campo dos direitos,
da universalização do acesso e da responsabilidade estatal. Ou seja, é um direito que pode ser
reivindicado.
O art. 2º afirma a proteção à família e aos indivíduos a ela pertencentes em relação aos ciclos
da vida que os fragilizam ou vulnerabilizam, quais sejam: a maternidade, a infância, a
adolescência e a velhice.
O BPC é o benefício concedido a alguns indivíduos por conta de deficiência ou por conta da
idade. Não é vitalício, devendo ser reanalisado a cada 2 anos. A renda familiar deve ser igual
ou inferior a ¼ do salário mínimo.
Fundo nacional de assistência social (FNAS) é instituído pela LOAS para financiamento de
programas na área de assistência.
São condições para os repasses dos recursos aos municípios, estados e DF, a instituição e
funcionamento do conselho de assistência social e ainda a comprovação orçamentária dos
recursos próprios destinados à assistência social, alocados em seus respectivos fundos de
assistência social, conforme art. 30 da LOAS.
A proteção social básica destina-se a famílias em que o vinculo ainda esteja preservado, mas é
preciso intervenção para que não haja maiores problemas.
A proteção social especial destina-se a famílias e indivíduos cujos direitos tenham sido violados
e/ou ameaçados, situação em que o risco social e pessoal já está instalado. O objetivo deste
nível de proteção social é restaurar a cidadania e, para tanto, são ofertados serviços
socioassistenciais que requerem maior estruturação técnico-operacional, atenção
especializada e individualizada, bem como encaminhamentos monitorados e sistemáticos
apoios e processos que asseguram qualidade na atenção protetiva e efetividade na reinserção
social almejada.
d) serviço de proteção social especial para pessoas com deficiência, idosas e suas famílias.
Nesses casos, ainda há certo vinculo com a família, mesmo nos casos de pessoa em situação de
rua.
Serviços de alta complexidade: publico alvo são crianças e adolescentes sob medida de
proteção, inclusive com deficiência, em situação de risco pessoal e social, em situação de
abandono ou cujas famílias ou responsáveis encontrem-se temporariamente impossibilitados
de cumprir sua função de cuidado e proteção; pessoa idosas que não disponham de condições
para permanecer com a família; pessoas adultas com deficiência, que não possuam vínculos
familiares ou mantenham vínculos fragilizados por ocorrência de abandono ou maus tratos,
que não dispõem de condições de auto-sustentabilidade; indivíduos e famílias em situação de
rua e de abandono, com vínculos familiares fragilizados ou rompidos, com reduzida capacidade
de autonomia e independência e sem condições de auto-sustento; mulheres vitimas de
violência doméstica ou tráfico de pessoas, acompanhadas de seus filhos, que se eneocntram
em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social.
Essas pessoas são tratadas também nos CREAS.
b) serviço de acolhimento em república para jovens (transição até que o jovem consiga
independência), adultos em processo de saída das ruas e idosos.