Goiânia
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Goiânia
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Aos meus pais por todas as oportunidades que me concederam e pelo apoio ao longo da minha vida.
Ao meu futuro esposo pela parceria neste trabalho.
Aos meus amigos do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Goiás (CREA-GO) Júnior,
que participaram dos grandes desafios e vitórias conquistadas.
Á geógrafa Ângela Daher, assessora do CREA Júnior e ao Presidente do CREA-GO engenheiro Gerson
Taguatinga, pela oportunidade de liderar o CREA-GO Júnior e crescer junto com esta equipe.
Aos engenheiros Cláudio Henrique Bezerra de Azevedo e Gerson Tertuliano, dirigentes do Sindicato dos
Engenheiros do Estado de Goiás (SENGE-GO) pelo apoio e confiança.
Á todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram com o desenvolvimento deste trabalho.
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Agradecimentos
"Na vida, não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos
com aquilo que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nós!"
Chico Xavier
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RESUMO
A Educação em Engenharia tem sido cada vez mais reconhecida como uma área do
conhecimento que existe não como um simples somatório das duas áreas que compõe a sua
denominação (Educação e Engenharia), mas como uma área que vem a corresponder aos
atuais desafios da formação e do exercício profissional em Engenharia na atualidade. Os
modelos atuais exigem não só requisitos que contemplam a formação técnica e teórica, mas
requisitos de um profissional multidisciplinar. Neste sentido, coloca-se a importância de um
profissional bem informado em relação aos aspectos da sua profissão, ciente dos seus deveres
e direitos como profissional e consciente das suas ações como cidadão.
Os Cursos de Engenharia são responsáveis pela formação profissional dos
engenheiros. E as Entidades de Classe? Qual o papel das Entidades de Classe na formação do
engenheiro? Este trabalho de conclusão de curso consiste em desenvolver um estudo sobre a
influência das entidades de classe na formação acadêmica dos estudantes de engenharia, em
particular no caso dos estudantes do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de
Goiás.
O modo de investigação compreende a pesquisa bibliográfica e documental sobre as
entidades de classe em Goiás e uma contextualização nacional, uma pesquisa de campo
realizada por meio da participação em eventos e reuniões de cada entidade a fim de melhor
conhecê-las, além da realização de entrevistas com roteiro semiestruturado para colher o
depoimento de dirigentes de cada entidade (CREA-GO, SENGE e CENG), professores e
estudantes da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Goiás, para tornar mais
frutíferas as discussões dando a todos os lados maior base substantiva.
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 3 − Evento Cresce Brasil realizado pelo SENGE-GO em parceria coma FNE.
Figura 5 − Evento realizado no CREA pelo CREA Júnior em parceria com a UFG.
Figura 6 − Reunião realizada pelo SENGE com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil e Empresas Juniores de Goiás.
Figura 7 − Reunião realizada no CREA com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil.
Figura 8 − Evento realizado pelo CONFEA com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil.
Figura 9 − Evento realizado na Escola de Engenharia da UFG pelo CREA Júnior em parceria
com a ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).
Figura 11 − Reunião realizada no CREA Goiás pelo CONFEA, com a presença dos
presidentes de CREAs do País.
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LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
Resumo........................................................................................................................................6
Abstract.......................................................................................................................................7
Lista de Ilustrações......................................................................................................................8
Lista de Siglas.............................................................................................................................9
Introdução.................................................................................................................................11
1.5 A Mútua...............................................................................................................................19
CONSIDERAÇÕES POSSÍVEIS..........................................................................................49
REFERÊNCIAS......................................................................................................................55
APÊNDICES............................................................................................................................58
ANEXOS..................................................................................................................................71
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INTRODUÇÃO
Dessa forma, pretende-se neste trabalho levantar algumas dessas problemáticas a partir
de estudos sobre o sistema profissional, suas influências na formação do profissional
engenheiro, estudar a proposta pedagógica da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de
Computação da UFG quanto ao caráter ético, humanístico e social da profissão e por fim
sugerir caminhos para uma melhor formação, que atenda não só aos interesses dos estudantes
como também do mercado de trabalho e da sociedade como um todo.
Destaca-se neste trabalho a importância histórica das entidades de classe da engenharia
para o Estado de Goiás, no desenvolvimento social, econômico e político do Estado. E a partir
dessa temática será abordado como têm acontecido o envolvimento das entidades de classe
com a academia e suas contribuições.
É importante citar que este trabalho abordará o sistema profissional como um conjunto
de cinco subsistemas, sendo eles: de formação profissional, de Serviço Público, sindical,
associativo, e de assistência, e não somente o Sistema CONFEA/CREA.
A metodologia utilizada neste trabalho compreende a pesquisa bibliográfica sobre as
entidades de classe em Goiás e uma contextualização nacional. A investigação contempla
também uma pesquisa de campo realizada por meio da participação em eventos e reuniões de
cada entidade a fim de melhor conhecê-las, além da realização de entrevistas com roteiro
semiestruturado (Anexo C) para colher o depoimento de dirigentes de cada entidade (CREA-
GO, SENGE e CENG), professores e estudantes da Escola de Engenharia da Universidade
Federal de Goiás, para tornar mais frutíferas as discussões dando a todos os lados maior base
substantiva.
Após o período de coleta de dados, passa-se ao tratamento dos mesmos. Alberti (1990)
chama de processamento da entrevista o conjunto de etapas necessárias à passagem do
depoimento da forma oral para a escrita. Ou seja, transcrição, conferência de fidelidade,
leitura final, digitação e conferência da digitação.
Segundo Queiroz (1998), a narrativa oral, uma vez transcrita, transforma-se num
documento semelhante a qualquer texto escrito. De fato, o cientista social interroga uma série
de escritos, contemporâneos ou não, que constituem a fonte de dados em que apoia seu
trabalho. É sobre essa fonte que se realizará o procedimento primordial de toda pesquisa – a
análise.
Em relação à exposição da pesquisa esta se apresenta em três capítulos fundamentais:
o que trata do sistema profissional, o da educação em engenharia e o que apresenta a
percepção das entidades do sistema profissional.
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CAPÍTULO 1
O SISTEMA PROFISSIONAL
de uma categoria profissional operando numa mesma base territorial, base esta que não
poderá ser inferior à área de um município.
Os sindicatos, nos quais a participação é sempre voluntária, objetivam
fundamentalmente a defesa dos direitos e interesses das categorias profissionais que
representam, inclusive em questões jurídicas e administrativas. Desenvolvem, também,
atividades assistenciais junto a seus associados e promovem a ação política para o
fortalecimento do profissional como trabalhador (PADILHA, 2013).
AS ASSOCIAÇÕES , CLUBES, CENTROS, INSTITUTOS, etc., são entidades que
promovem a reunião e a integração dos profissionais em torno de interesses comuns, tais
como os de ordem cultural, política, de lazer, desportiva, social e outros. Dentro do Sistema
Profissional o subsistema associativo é o de maior número de unidades, o mais disseminado
no território nacional e o de maior número de participantes voluntários, através do qual pode-
se integrar à comunidade profissional e experimentar o intercâmbio e a convivência
indispensáveis tanto ao desenvolvimento pessoal como profissional (PADILHA, 2013).
A MÚTUA atua como entidade assistencial do Sistema CONFEA/CREA/Mútua e com
o objetivo constante de propiciar melhor qualidade de vida aos seus associados, a Mútua de
Assistência dos Profissionais do CREA é uma Sociedade Civil sem fins lucrativos, criada por
uma resolução do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), em
1977. Possui Jurisdição em todo o território nacional através de suas representações junto aos
Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia – CREA’s (PADILHA, 2013).
A partir deste estudo prévio, são abordados de forma mais detalhada cada subsistema,
através das entidades presentes e mais atuantes no Estado de Goiás.
(função reservada aos sindicatos) e com a fiscalização do uso e ordenamento do solo urbano,
liberação de alvarás ou embargar construção de obras irregulares (papel legalmente atribuído
às prefeituras municipais).
Em seus cadastros, o Sistema CONFEA/CREA tem registrados cerca de um milhão de
profissionais que respondem por cerca de 70% do PIB brasileiro, e movimentam um mercado
de trabalho cada vez mais acirrado e exigente nas especializações e conhecimentos da
tecnologia, alimentada intensamente pelas descobertas técnicas e científicas do homem.
O Conselho Federal é a instância máxima à qual um profissional pode recorrer no que
se refere ao regulamento do exercício profissional (CONFEA, 2014).
1.5 A Mútua
A Mútua - Caixa de Assistência dos Profissionais dos Creas - é uma sociedade civil
sem fins lucrativos, criada pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(Confea), pela resolução nº 252 de 17 de dezembro de 1977, conforme autorização legal
contida no artigo 4º da Lei 6.496 de sete de dezembro de 1977.
O principal objetivo da Mútua é oferecer a seus associados planos de benefícios
sociais, previdenciários e assistenciais, de acordo com sua disponibilidade financeira,
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CAPÍTULO 2
A EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA
CAPÍTULO 3
“Não houve nenhum contato com o sistema profissional. Não éramos informados
sobre as questões referentes à profissão [...]”. (TAGUATINGA, 2014).
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“O nosso sistema tem por finalidade normatizar e fiscalizar nossa profissão. Eu ainda
acho que nosso sistema fiscaliza e normatiza pouco, deveria ser mais rigoroso ainda.
Existem diversos casos de desvio de conduta de profissionais que são verdadeiras
aberrações. Esses profissionais que agem dessa maneira denigrem a imagem do bom
profissional, da engenharia e do conceito de honestidade e exemplo para o nosso país
[...]”. (TAGUATINGA, 2014).
“Eu sempre tive participação muito ativa como membro do Clube de Engenharia,
passei por todos os cargos, dos mais altos aos mais simples. Quando houve eleição
para representação do clube no conselho, eu me inscrevi e fui eleito. Fui conselheiro
por dois mandatos e na metade do segundo mandato fui eleito presidente do CREA.
Foi algo inesperado para mim, eu já mais imaginei presidir o conselho, até porque
sempre fui muito critico. Mas quando eleito me comprometi a valorizar o profissional
e interiorizar o conselho”. (TAGUATINGA, 2014).
Durante as gestões como dirigente do CREA como foi o contato com a universidade?
“A academia sempre foi distante daqui. Não adianta buscar culpados. O que vemos é
que a academia devia estar próxima do conselho e o conselho próximo da academia,
mas isso não acontece. A prova disso é que mesmo com o CREA Júnior é muito
pequena essa aproximação. Vejo que o CREA Júnior tem sido a melhor ferramenta no
sentido de preencher essa lacuna que é a falta de relacionamento entre a academia e
os nossos estudantes. Nisso o CREA não tem poupado esforços e na política de
aproximação tem sido correspondido. Tenho feito palestras em diversas
universidades, debatendo assuntos inerentes a elas. É importantíssimo esse
relacionamento, não podemos nunca estar distantes, um é complemento do outro
[...]”.(TAGUATINGA, 2014).
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Percebe-se por parte dos dirigentes, grande preocupação com a formação profissional.
Não no que diz respeito à formação técnica, dada pela universidade. Mas à formação ética e
ao entendimento da função social da profissão, os deveres e direitos do profissional. Com
isso, idealizou-se grande projeto denominado CREA Júnior, existente há 15 anos a nível
nacional e presente em Goiás há três anos. Este projeto destina-se a aproximar os acadêmicos
do conselho por meio de atividades que forneçam a eles informações sobre o sistema
profissional como um todo, noções de ética e legislação e vivências do sistema profissional.
Além disso, com a criação da Comissão de Educação e Cultura no CREA, pretende-se manter
ações junto às instituições de ensino e assessorar o CREA nas ações que objetivem o
aperfeiçoamento técnico e cultural do profissional do Sistema CONFEA/CREA.
“Eu acho que a parcela maior cabe a nossas escolas, mas por consequência o CREA
está inserido nisso também. Não podemos fugir da nossa responsabilidade e o CREA
tem sim, um papel fundamental na formação do profissional, principalmente no que
diz respeito à ética e legislação. Grande parte das multas e outras punições vêm mais
por ignorância do que por má fé do profissional, por isso devemos estar vigilantes à
formação nesse sentido, pois eles estão sendo formados baseados no “ouvi dizer” e
eles devem ter argumentos próprios e conhecimento de caso [...]”. (TAGUATINGA,
2014).
Como foi o contato com o sistema profissional quando acadêmico de Engenharia Civil,
na Escola de Engenharia Civil da UFG?
Segundo ele, o estudante é pouco e mal informado sobre o sistema profissional, o que
dificulta o entendimento e o interesse por este.
De acordo com o depoimento, o Clube de Engenharia tem uma particularidade por ser
uma entidade e uma associação recreativa. Esta dupla função do Clube de Engenharia traz
certo problema de compreensão do seu real papel perante os profissionais e nem sempre é
bem compreendida pelas outras entidades. A visão do Clube de Engenharia como associação
recreativa muitas vezes suprime a visão como entidade de classe representativa.
organizados por ele. Porém, percebe-se que o estudante, em maioria, não tem acesso a essas
informações e elas pouco são divulgadas. O argumento do desinteresse generalizado para
explicar o pouco envolvimento com os acadêmicos também é presente no discurso.
“Existe hoje a iniciativa de trazer o estudante por duas maneiras: pelo segmento
profissional e pelo segmento social. No segmento social, os estudantes já podem se
associar com valores bem acessíveis. No segmento técnico, fazemos muitos eventos
técnicos, todos eles abertos aos estudantes, como o Dia da Água, onde tivemos cerca
de 800 inscritos, em sua maioria estudantes” [...].O que vem acontecendo, e não é
privilégio nosso, da engenharia, é uma situação social, é o desinteresse pelas coisas
que estão acontecendo no país, um desinteresse generalizado. As pessoas se julgam
cada vez melhores e não participam dos eventos, das reuniões. Isso é da sociedade
[...]”. (QUEIROZ, 2014).
“Eu não sei dizer com precisão se os profissionais têm saído conscientes do seu papel
social, mas como profissional eu sinto que há um pleno desconhecimento, por parte
dos jovens profissionais, da importância social da engenharia, vejo uma apatia, mas
já houve momentos até piores.” (QUEIROZ, 2014).
De acordo com o dirigente, o Clube tem muito a contribuir, porém surge novamente a
figura da instituição de ensino focada na formação profissional, em detrimento da formação
humana. A academia convida para palestras técnicas, no entanto, pode-se fazer um viés ligado
a questões polêmicas, como postura ética dos engenheiros, que os acadêmicos aceitam bem. .
“É preciso o querer, não adianta eu querer levar para a universidade uma coisa que a
Universidade não quer, não pode ou não interessa. Toda vez que eu sou convidado por
um professor para dar uma palestra, eu levo no bolso outra, sobre “Postura e
Compostura do Engenheiro”, ela é ótima e bem aceita. Mas se eu digo que vou falar
sobre isso ninguém aceita, porque ela é polêmica, traz questionamentos, e isso é
importante [...]”. (QUEIROZ, 2014).
porém, há grande esforço em manter o viés técnico e profissional vivo e ativo, trazendo à tona
a figura representativa da entidade de classe, mesmo que abalada pelo desinteresse dos
profissionais.
Os dirigentes viveram períodos distintos, porém muito delicados no que diz respeito à
participação política, período pré e pós-ditadura. Nota-se que o contato com o sistema
profissional foi muito discreto e que apesar das dificuldades políticas, participaram de
agremiações estudantis.
“Era um momento histórico muito delicado, ditadura, havia muita delação, todo
mundo desconfiava de todos, e como eu era militante, devia agir de forma muito
discreta para não levantar desconfianças. Eu sempre participava do movimento
estudantil, mas o envolvimento político maior era no meio operário. Na faculdade,
tínhamos que ser cautelosos. Professores, que haviam sido delatores de colegas e de
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alunos, ministravam aulas com revolver ostensivamente à vista. Por ocasião do golpe
militar de 64, a Escola de Engenharia teve um grande contingente de professores e
alunos presos. Mesmo assim, éramos atuantes. A primeira panfletagem na Escola de
Engenharia foi feita com minha participação, durante a noite, para que na manhã
todos tivessem acesso ao conteúdo [...] O Clube de Engenharia teve papel
fundamental na criação da Escola de Engenharia. Naquela época, não havia
nenhuma outra associação ou entidade, até mesmo o CREA ainda era o de Minas
Gerais. Foi a minha turma que serviu de massa crítica para a implantação do CREA-
GO, meu registro é o n. 58. Em virtude desta ocorrência fomos agraciados com um
desconto de 80% em nossas anuidades”. (BOSCO, 2014).
“Por mais que a gente queira, existe uma disputa muito grande entre o empresário e o
trabalhador. Vemos um interesse muito grande da classe empresarial em
desregulamentar o serviço profissional e modificar as leis do trabalho, enfim algo que
prejudica profundamente a classe trabalhadora. Esse é um momento muito sério e
delicado. A representação trabalhista está muito desvalorizada, onde quem é ouvido é
a classe dos empresários e isso é muito prejudicial. Nosso momento político é muito
difícil. E a função do sindicato é importantíssima, temos acompanhado todas as ações
no congresso através do DIAP2 e estamos preocupados com este momento”.
(TERTULIANO, 2014).
“Eu sempre fui classista, e sempre procurei elevar o nível de conhecimento dos
engenheiros. Na época em que eu presidia o Sindicato, uma coisa que nós fazíamos
muito, era assistência aos bairros mais carentes. Todos os sábados, nós ajudávamos
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DIAP: Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
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“Na época em que presidi o Sindicato tivemos uma interação boa com os alunos de
engenharia. Por dois motivos, um que havia muitos engenheiros do sindicato que
eram professores, outra que éramos convidados para dar palestras na universidade.
Nós os incentivávamos a se envolverem nos movimentos estudantis, a buscarem
aprendizado de liderança, se envolver com a vida profissional, social e política”.
(BOSCO, 2014).
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“Hoje falta uma coisa fundamental, que existia antigamente, é uma matéria que
chamava OSPB, Organização Social e Política Brasileira. Eram ensinados os valores
e respeito ás instituições. É inconcebível hoje que a gente denigra e faça chacota
contra o próprio país. Por isso acredito que se no último período da universidade
houvesse uma disciplina que ensinasse o que é sistema profissional, o que é sistema
sindical, ajudaria muito. Não basta o CREA dar uma palestra antes do recebimento
do registro. O código de ética deveria ser estudado, as leis deveriam ser objeto de
estudo, as leis trabalhistas,... Deveríamos propor às instituições e até ao MEC esse
ensino mais profundo sobre o sistema e se isso não adiantar as entidades de classe
deveriam atuar junto aos profissionais, levar através de uma parceria com os
professores, palestras com o sindicato, com o CREA. Existe uma lacuna muito grande
entre o profissional e a academia e isso deve ser tratado com muita cautela.
Resumindo, a entidade de classe pode sim ajudar muito na formação do profissional,
principalmente o recém-formado.” (TERTULIANO, 2014).
“Eu vejo sim que o sindicato pode vir a ter um papel importante na formação do
profissional, hoje em dia, a maioria das infrações cometidas pelos profissionais se
deve mais à falta de esclarecimento, e não por má-fé [...]. Os jovens precisam de um
despertar e de terem um maior espírito de classe e também comunitário. As entidades
carecem de pessoas comprometidas, de líderes de verdade, que possam ser um farol
ou um ponto de referência para os jovens profissionais.” (BOSCO, 2014).
em dia, nós estamos formando profissionais para o consumo e não para a produção.
Nós temos que formar engenheiros voltados para as necessidades da comunidade e do
mercado de trabalho. As Universidades, por analogia com um sistema de castas,
parece conferir, ao final do curso, um título de nobreza. Assim o recém-formado é
obrigado a trocar o ônibus ou a bicicleta por um carro próprio, o restaurante
universitário pelos restaurantes da moda, a roupa simples por um terno. Deve ainda
adquirir um anel de formatura, assumindo um status de consumista. Como o ensino se
processa divorciado da realidade do mercado os formandos têm dificuldades para se
inserirem no mercado produtivo.” (BOSCO, 2014).
Segundo o dirigente, ele não teve nenhum contato com o sistema profissional
enquanto acadêmico e percebe-se no discurso certa indiferença em relação ao conselho
profissional.
Para o diretor, a falta de contato com o sistema nunca resultou em algum tipo de
prejuízo, e ele acredita que, para quem escolhe a vida acadêmica, o CREA não tem utilidade.
Evidencia ainda que a exigência do Conselho para o credenciamento dos professores de
cursos de engenharia gera animosidade por parte de alguns dos professores das Escolas de
Engenharia em relação ao CREA.
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“Sinceramente nunca senti falta. Para quem está na vida acadêmica não vejo
nenhuma necessidade do CREA e esse vem sendo um grande embate entre
Universidade e CREA.” (NOGUEIRA, 2014).
“Nunca tive contato com o mercado de trabalho. Quando sai da universidade foi um
período complicado para conseguir emprego e logo consegui uma bolsa de mestrado
e vi que a docência poderia ser uma boa alternativa.” (NOGUEIRA, 2014).
“Para quem atua no segmento acadêmico não vejo a importância nem necessidade do
CREA. Mas reconheço sua função e importância fundamental no meio profissional.
Vejo que a luta pela regulamentação e fiscalização é importantíssima, mas que a
forma como eles (CREA) vêm tentando se relacionar com a universidade é que está
errada. Como profissional eu nunca recebi nenhum informativo, nenhum tipo de
contato além de cobrança de anuidade e isso só piora o relacionamento com os
profissionais. A universidade não tem informações sobre o que está acontecendo no
conselho e só é procurada por eles para cobranças. A pouca representatividade da
Engenharia Elétrica e a hegemonia da Engenharia Civil também dificulta a luta pelos
nossos interesses. Nunca ganhamos nada com o CREA, só cobranças. Procuramos
por diversas vezes apoio para projetos sociais na engenharia e nunca obtivemos
nenhum. Também não conhecemos as outras entidades, a mútua, ninguém conhece,
ninguém sabe para que serve. O sindicato que nós professores estamos vinculados é o
dos professores, mas também pouco contato tivemos com o SENGE, eles nunca vieram
aqui na Escola, nunca buscaram nenhuma aproximação. Tivemos algumas poucas
parcerias em eventos, com a ABEE quando realizávamos os Fóruns de Engenharia,
mas logo se findaram devido ao envolvimento extremamente político e busca por
interesses particulares por parte dessa entidade e que não era bem vista por nós.”
(NOGUEIRA, 2014).
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Pelo depoimento, percebe-se que muitas vezes as ofertas de benefícios por parte das
entidades não chega aos profissionais e que o principal benefício vai de encontro com a
formação continuada a preços acessíveis.
“O profissional busca coisas básicas, auxílio médico, odontológico, mas essas ofertas
devem chegar até nós. Mas, na minha opinião, o mais importante diz respeito à
educação continuada, atualizações para engenheiros, para que pudéssemos nos
manter atualizados em relação ao mercado.” (NOGUEIRA, 2014).
“Na verdade isso começou com a criação de normas para horas complementares, de
forma que abrangesse a doação de sangue, serviço voluntário, entre outros. Eu acho
que quando a gente valoriza atividades que o aluno faz fora do universo da
engenharia, isso já ajuda na formação social. Também houve a inclusão da disciplina
Ética e alguns itens da disciplina de Direito que deveriam suprir a exigência da lei e
colaborar para essa formação humana. [...] Outra coisa que tem sido feita é a
conscientização a partir da disciplina de Introdução à Engenharia, o CREA é
convidado para palestras e outras entidades também. Mas isso deve ser contínuo, só
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“Na época, nosso registro era de Minas Gerais, o que impunha certo distanciamento.
Mas o Sistema era bem diferente, as eleições ainda eram indiretas. Apesar de tudo
isso, nós tínhamos muita informação através dos professores, porque todos atuavam
no mercado de trabalho. Não era como hoje, que muitos se quer conhecem o Sistema,
nunca nem exerceram a profissão de engenheiro. Naquela época também não havia
uma militância classista, uma luta pela profissão como hoje eu tenho visto. O Clube
de Engenharia era a única entidade e acabava apoiando na promoção de eventos
técnicos e muitos destes eram feitos em conjunto, Universidade e Clube.
Posteriormente, com a criação de outras associações, e sindicato, o panorama mudou
um pouco. [...] Exerci por dois anos a função de presidente do diretório acadêmico, e
nós buscávamos o interesse dos alunos, em todos os sentidos, de esporte, e da visão
técnica. Nós nos envolvíamos com as grandes questões da engenharia, inclusive essa
foi a época da construção da usina de Itaipu”. (VALINOTE, 2014).
“A lei que instituiu o sistema profissional, em seu artigo primeiro, ele tem uma
particularidade muito especial, fala que a atividade da engenharia é voltada para
área social. Se é uma profissão social, ela tem que defender a sociedade, e isso
começa na formação de bons profissionais, de bons acadêmicos de Engenharia. E
nisso, a Universidade é totalmente envolvida, por isso eu não consigo diferenciar
sistema profissional de sistema acadêmico, e acredito inclusive que quem faz essa
diferenciação é por que não conhece um dos dois. Vejo que na formação do aluno, nós
temos que conduzi-lo para o exercício profissional. E no exercício profissional ele
deve cumprir a lei e principalmente o artigo primeiro, que é o fazer em prol da
sociedade, fazer pelo bem da sociedade. O sistema não foi feito para perseguir
profissionais ou para proteger profissionais, mas sim para defender a sociedade. [...]
E hoje em dia tem-se muitos embates quanto ao que o MEC permite, passando por
cima do conselho, e da opinião da sociedade sobre isso. Nesse ponto eu vejo que em
muitos casos não é o conselho que se afasta da academia, mas a academia que se
afasta do conselho. Por isso eu acho que academia e o conselho deveriam andar
juntos, e se isso acontecesse, metade dos problemas estariam resolvidos”.
(VALINOTE, 2014).
Como o senhor acredita que deve ser a formação do profissional por parte da
universidade?
Segundo o depoimento, a cidadania é primordial para a formação do profissional. Mas
coloca-se a importância da formação desde os primeiros anos de idade, e não somente na
Universidade.
“A academia não tem que formar primeiro o profissional, ela tem que formar primeiro
o cidadão, depois o profissional. Porque se você forma um bom cidadão ele vai ter
coerência, ele vai ter conhecimento e seriedade no exercício profissional, e não vai ter
nenhum problema com fiscalização. [...] Ainda assim é muito complicado a gente
formar um cidadão. O cidadão não é formado na rua, essa formação começa em casa
e é sempre contínua, em todas as fases da vida. A função da Universidade é promover
a troca de conhecimento e a cidadania tem que começar em casa. A falta de limites,
de cidadania, de educação, reflete na ética do profissional. E esse é o grande
problema do exercício profissional. [...] Tenta-se fazer tudo para melhorar a
formação. A criação de um código de ética já é um grande passo. A universidade tem
feito a sua parte, mas vejo que a cidadania deve começar em casa.” (VALINOTE,
2014).
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“Já são doze anos como diretor e eu passei por momentos distintos dentro da
Universidade. Acompanhei todo o crescimento da instituição, acompanhei as
modificações de regime acadêmico, de crédito para seriado anual, com isso a rapidez
no envolvimento de professores com a pós-graduação, o crescimento de número de
doutores e mestres, o alavancamento da pesquisa, o envolvimento dos alunos com
pesquisa. Outro momento importante foi com o REUNI, a criação do curso de
engenharia ambiental e a melhoria na infraestrutura e nos cursos.” (VALINOTE,
2014).
Segundo o diretor, o sistema tem papel fundamental por meio da fiscalização. E isso
contribui para manter o conselho atualizado de informações sobre as instituições de ensino.
Infelizmente isso não tem acontecido, até porque o profissional que esta ali não é
capacitado para falar do sistema. Na Civil, a gente tenta suprir fazendo palestras,
reuniões, trazendo elementos do sistema para apresentá-los aos acadêmicos. Mas é
complicado, pois como já falamos muitos dos nossos professores nem sabem o que é,
de que se trata o sistema, das vantagens oferecidas pelo sistema. E quem sabe, como a
sua sugestão, um seminário para os professores e acadêmicos poderia ajudar, mas
trazendo as pessoas certas, para falar as coisas certas e serem objetivos. Absurdo é
não fazer, a gente tem que tentar realizar, fazer algo diferente. A gente deve cobrar,
fazer a nossa parte, mas trabalhar em prol do nosso sistema, participar de fato. Eu
vivo o sistema, tenho paixão por ele, pois eu acredito que ele tenha uma função
fundamental para o desenvolvimento do nosso país, da nação. (...] E se tivermos um
sistema atuante, competente, observador, podemos resolver o problema da falta de
ética e corrupção do nosso país”. (VALINOTE, 2014).
“Tive pouco contato, através de palestras, mas era uma média de no máximo uma vez
por ano. Essas palestras eram ministradas na disciplina de Introdução à Engenharia
e nos Congressos e Semanas de Engenharia.” (RESENDE, 2014).
“O contato é pequeno, e raramente vem através dos nossos professores, parece que
existe uma barreira entre eles e o sistema profissional [...]” (Acadêmico de
Engenharia Elétrica , 2014).
“Basicamente eu conheço três órgãos: CREA, CONFEA e SENGE. Pelo que eu sei o
CREA e CONFEA são como órgãos reguladores, que servem para fiscalizar. E o
SENGE serve para apoiar de fato o engenheiro. Quanto às outras entidades e
associações, nunca tive nenhum contato, nem acesso, nem convite. Até gostaria de me
associar ao clube, por exemplo, mas não sei como funciona.” (RESENDE, 2014).
“O pouco que eu ouvi, por parte de alguns professores, trazia o CREA como um órgão
que servia exclusivamente para cobrança de anuidade. Ainda me foi colocado que
eles não oferecem nenhuma vantagem ou benefício para o engenheiro.” (Acadêmico
de Engenharia Elétrica 1, 2014).
“Nos eventos em que participei tive contato com o CREA e o SENGE, e entendi que o
CREA fiscaliza e o SENGE tem um papel mais de apoio ao profissional. Queria ainda
ter mais informações sobre o Clube de Engenharia, porque acredito que seria muito
interessante se pudéssemos participar”. (Acadêmico de Engenharia Elétrica 2, 2014).
“Para tudo na vida precisa-se de organização. Então vejo o conselho com função
integradora dos profissionais, como órgão que serve para fiscalizar, mas também
para conscientizar o profissional.” (JUNQUEIRA, 2014).
“Vejo que esta relação é muito burocrática, as pessoas pegam o registro no CREA, se
associam às entidades por obrigação, nem sabem o porquê, ou qual a necessidade de
se associar e buscar as entidades representativas da classe. Acredito que deveria
haver um trabalho mais intensivo para aproximar os acadêmicos e jovens
profissionais, explicar a função de cada entidade no sistema profissional.”
(RESENDE, 2014).
“Acredito que poderia haver um trabalho mais intenso e em conjunto por parte de
todas as entidades do sistema. Quem sabe um informativo, algo que trouxesse
informações básicas para o jovem e futuro profissional. O CREA Júnior também é
legal, quem sabe se as outras também fizessem esse contato com a gente seria mais
interessante”. (Acadêmico de Engenharia Elétrica 2, 2014).
“Já estou com o registro provisório, não foi difícil dar entrada e fazer o pedido. Mas
as informações poderiam ser mais claras e melhor divulgadas. [...] Logo que me
formei procurei me a associar ao sindicato dos engenheiros e me envolver com as
atividades desenvolvidas. Foi simples para me associar, e o profissional recém-
formado tem um ano de isenção de anuidade. Me informei sobre as reuniões com os
profissionais, mas soube que só haviam reuniões mensais com membros da diretoria.
Ainda assim fui convidada para algumas reuniões de diretoria, mas não há reuniões
frequentes com os profissionais associados”. (JUNQUEIRA, 2014).
“Eu acho que a Universidade não forma um profissional. A Universidade forma seres
mais pensantes. O grau de envolvimento do acadêmico com aquilo que ele gosta, se
identifica, é que vai determinar se aquele profissional vai ser mais ou menos
aproveitado. Quando entramos na faculdade, a grande maioria é extremamente
jovem, acabou de sair da adolescência. Sentamos no banco da faculdade e esperamos
envolvimento com o mercado de trabalho, mas encontramos inúmeras dificuldades,
como exigências de experiência em processos de estágio, que eu acho sem
fundamento, e ainda salários que não chegam a um salário mínimo. Então, vejo o
acadêmico muito desamparado, sem muitas expectativas. E acredito que isso dificulta
a formação dos futuros profissionais”. (JUNQUEIRA, 2014).
técnica dos professores, também pela grade da Engenharia Elétrica que tem muito a
melhorar. Do ponto de vista humanístico e social, poderíamos ter mais matérias
abordando isso e até uma disciplina com menor carga horária abordando o sistema
profissional, legislação etc.. A meu ver hoje, a Universidade está cada vez mais
distante do sistema profissional e do mercado de trabalho e se tivéssemos mais
convívio com as entidades esse gap poderia ser amenizado.” (RESENDE, 2014).
Como você vê o ingresso na vida profissional e quais são suas expectativas me relação ao
conselho?
Percebe-se que o jovem profissional enfrenta alguns problemas no ingresso do
mercado de trabalho e se depara com situações onde as entidades são o apoio que este
profissional precisa.
“É muito fácil à gente falar mal, ironizar, criticar, mas devemos fazer algo além. O
contato com o conselho pode fluir ou não, isso depende do profissional. Até agora eu
tenho tentado usufruir de tudo que o sistema oferece, utilizo a sala do profissional no
CREA, a minibiblioteca. [...]. Mas pelo que eu vejo o próprio conselho não cumpre
efetivamente algumas leis, como a do salário mínimo profissional. Vejo que o
sindicato vem fazendo uma campanha ativa de cumprimento do salário mínimo
profissional, mas no meio privado isso ainda é pouco efetivo. Eu gostaria que de
alguma forma o sistema profissional fiscalizasse e apoiasse o profissional quanto ao
cumprimento dessas leis. Muitas vezes, o profissional, sem outras opções acaba se
submetendo a cargos e salários incompatíveis com a categoria e a tendência desses
casos é só aumentar. Gostaria de estar amparada em relação a isso.” (JUNQUEIRA,
2014).
49
CONSIDERAÇÕES POSSÍVEIS
Este problema se agiganta quando o profissional, agora formado recebe sua carteira
profissional e com ela suas atribuições e responsabilidades técnicas. É apenas nesta ocasião
que grande parte dos recém-formados sente o peso da profissão e a falta que as informações
vão fazer. Coloca-se nas entrevistas que é neste momento que grande parte dos profissionais
comete grandes erros, e descumprem preceitos éticos, morais e legais em relação ao exercício
profissional, e pode-se dizer que a maioria destas infrações não ocorre por má-fé, mas por
desconhecimento do que é certo. Ao adentrar no mercado de trabalho são muitas as dúvidas e
desafios enfrentados pelo jovem profissional e é neste momento que as entidades devem
auxiliar e orientar os engenheiros.
veiculação das informações do CREA nas reuniões de Conselho Diretor, a presença constante
de um representante da Escola na plenária do CREA-GO e a participação de um membro da
Assessoria de Educação do CREA-GO na Comissão de Avaliação Institucional da UFG.
O Clube é visto pela maioria principalmente pelo viés do lazer e poucas são as ações
realizadas como entidade de classe, dessa forma, sugere-se que seja feita uma campanha
contínua não só para intensificar a associação dos acadêmicos, mas também para envolvê-los
nas atividades profissionais realizadas pelo Clube.
Uma importante iniciativa do Clube e que pode ser estendida aos acadêmicos é sua
revista mensal de grande alcance, que cumpre papel essencial de informar e manter
atualizados seus sócios sobre as principais notícias de engenharia no Estado de Goiás.
O CREA Júnior foi criado com o objetivo de ser um fórum composto por estudantes,
membros dirigentes e corporativos, representantes de cada curso de cada instituição
cadastrada no conselho com objetivo de executar atividades que aproximem o acadêmico do
CREA. Ao longo de suas atividades já conta com mais de 1800 futuros profissionais
cadastrados no site do CREA Júnior; mais de 50 palestras realizadas sobre Ética, Legislação,
Sistema Profissional entre outros; participação e realização de mais de 60 eventos técnicos e
formação de novos líderes. A iniciativa têm tido boa aceitação e alcançado bons resultados,
porém, para manter os bons resultados os dirigentes do Conselho devem estabelecer uma
51
Relativo ao Sindicato dos Engenheiros nota-se seu crescimento como entidade através
do trabalho relevante que vem fazendo ao longo dos anos de sua existência na defesa do
trabalhador engenheiro. Sua participação em dissídios coletivos e o presente discurso em prol
dos direitos da categoria conferiram maior responsabilidade e reconhecimento.
desinteresse geral por parte dos profissionais serve como pretexto para explicar as ações
discretas e o pouco envolvimento com a classe.
O que deve ocorrer é a tão conhecida política da “boa vizinhança” onde os subsistemas
coexistem em harmonia, cientes cada um de seu verdadeiro papel e sua importância para o
profissional sem concorrência ou preciosismos.
Acredita-se, portanto que cada entidade deve buscar cumprir com a sua respectiva
missão e objetivos, porém deve-se envolver o associado instigando-o a se colocar como
agente da profissão. Cabe também às entidades incentivar o profissional a se envolver com o
seu ofício e se apropriar das suas responsabilidades como engenheiro-cidadão. Devem-se
intensificar também as ações de comunicação, que informam a sociedade da importância da
figura do profissional engenheiro.
O engenheiro deve ser bem visto não pelo status que é atribuído a ele no ato da
formatura, como um título de nobreza, mas por ser um agente de mudança da sociedade,
promotor de melhorias na qualidade de vida do cidadão, profissional atuante e que trabalha
pela infraestrutura do país e evolução da nação, pautado pela ética profissional e pela
transparência das suas ações. Ainda neste sentido, campanhas de valorização profissional
devem reforçar ao profissional reconhecer a sua função social e o impacto das ações da sua
categoria na sociedade.
Durante este projeto outra grande contribuição foi alcançada, a criação do SENGE
Jovem, através da resolução no. 001/2014, DE 18 DE Junho de 2014, que cria a modalidade
de estudante de engenharia filiado ao Sindicato dos Engenheiros no Estado de Goiás. Mais
uma iniciativa que poderá informar amparar e defender os interesses da categoria, pautada
pela valorização profissional, formação de novos líderes e formação do engenheiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Luciano Andreatta. Educação em engenharia – Uma nova realidade. Educ. Porto
Alegre, v.1 n.12, p. 6-11, outubro 2009.
PADILHA, Ênio. O papel das entidades de classe na nova visão do sistema confea/crea, 2013.
TELLES, P C S. História da Engenharia no Brasil: Século XX. 2 Ed. Rio de Janeiro: Clavero,
1994.
TELLES, P C S. História da Engenharia no Brasil: Séculos XVI a XIX. 2 Ed. Rio de Janeiro:
Clavero, 1994.
58
ANEXO A
PERFIL DOS ENTREVISTADOS
Este anexo tem por objetivo apresentar um breve currículo de cada entrevistado e seu
perfil.
1.
Gerson de Almeida Taguatinga, 64 anos, bacharel em Engenharia Civil pela UFG em
1977. Nascido em Goiânia no ano de 1949, sua vida profissional começou aos 22 anos, como
professor de matemática nos colégios Lyceu, Assis Chateaubriand e Olavo Bilac. Após a
graduação trabalhou como engenheiro na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e no
Grupo Sotreq. Dentro das atividades empresariais, fundou a Construtora Rochedo em 1982 e
encerrou suas atividades em 1990. Desde o ano de 1991, é sócio-diretor da Pórtico
Construtora. Parte da sua vida profissional é dedicada também às atividades classistas. Em
2002 foi presidente do Clube de Engenharia de Goiás, onde também foi vice-presidente,
membro do Conselho Fiscal e do Conselho Deliberativo e diretor Financeiro. No período de
2005/2006 foi vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
de Goiás – CREA-GO. Atualmente presidente do Conselho regional de Engenharia e
Agronomia de Goiás.
2.
Reinaldo Gonçalves Nogueira possui graduação em Engenharia Elétrica pela
Universidade Federal de Uberlândia (1991), mestrado em Engenharia Elétrica pela
Universidade Estadual de Campinas (1995) e doutorado em Engenharia Elétrica pela
Universidade Estadual de Campinas (2001). Atualmente é professor associado da
Universidade Federal de Goiás e diretor da FUNAPE - Fundação de Apoio à Pesquisa. Foi
diretor da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação de 2006 a 2014. Tem
experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Controle e Automação Industrial,
atuando principalmente nos seguintes temas: controle, sistema multiagente, robótica
cooperativa, automação e descoberta de conhecimento.
3.
Osvaldo Luiz Valinote possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade
Federal de Goiás (1973), especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho (1978) e
59
4.
Luiz Soares de Queiroz, Engenheiro Civil, formado pela Universidade Federal de
Goiás. Atuante no Clube de Engenharia de Goiás desde 1979 onde já desempenhou diversos
cargos diretivos foi presidente da entidade e atualmente exerce o cargo de Vice-Presidente
para Assuntos Administrativos.
5.
João Bosco é Engenheiro Civil, formado na Universidade Federal de Goiás. Foi da
primeira turma a obter o CREA de Goiás. Iniciou sua vida profissional na SANEAGO, onde
protagonizou a criação da Associação de Engenheiros da Saneago-ASES, entidade que
recentemente completou 30 anos de existência. Foi ainda professor da UNB e da
Universidade Católica, atual PUC. Participou ativamente do sistema profissional através do
SENGE-Goiás desde a década de 70. Foi membro da diretoria e presidiu por seis anos a
entidade. Foi, ainda, representante do SENGE junto à Federação Nacional dos Engenheiros;
Conselheiro do CREA-GO; coordenador da Câmara de Engenharia Civil desta Entidade e no
CONFEA foi eleito Vice-presidente Nacional da Câmara de Engenharia Civil. Atualmente
está aposentado.
6.
Gerson Tertuliano é Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho. Atualmente
desempenha suas atividades na Companhia Elétrica do Estado de Goiás – CELG-D. Atuante
no sistema profissional através do Sindicato dos Engenheiros de Goiás- SENGE-GO é
atualmente presidente da entidade e representante do SENGE junto à Federação Nacional dos
60
7.
Felipe Resende de Carvalho Sousa é Engenheiro Eletricista (com ênfase em Sistemas
de Potência) e Mestrando em Inteligência Computacional pela Escola de Engenharia Elétrica,
Mecânica e Computação da Universidade Federal de Goiás (EMC-UFG). Foi estagiário da
CELG Distribuição S.A. na área de Engenharia de Manutenção, onde trabalhou com
equipamentos do sistema elétrico e técnicas de manutenção preditiva e corretiva. Também
estagiou no Laboratório de Metrologia em Equipamentos de Conversão de Energia e no
Laboratório de Máquinas Especiais, ambos da EMC-UFG. Tem interesse nas áreas: Sistemas
de Potência, Manutenção de Equipamentos Elétricos, Inteligência Computacional
(Otimização de Sistemas) e Computação Aplicada à Engenharia.
8.
Samantha Moreira Junqueira, Engenheira Civil, formada pela IUESO. Atualmente é
fiscal de obras da Universidade Estadual de Goiás, lotada na Gerência de Infraestrutura.
Possui experiência na área de fiscalização de obras, planejamento e levantamentos; Na área de
Controle Tecnológico, atuou como Coordenadora de Laboratório, sendo responsável pelo
controle de produções de Indústria de Artefatos de Cimento, desenvolvimento de traços de
concreto, pesquisa e inovação. Enquanto Técnica em Edificações atuou em Construtoras, com
ênfase em planejamento e acompanhamento de serviços, medições, controles de estoque,
mapeamentos, levantamentos quantitativos e fiscalização. Possui experiência também na área
de instrução profissional, para cursos técnicos na área da Construção Civil.
61
ANEXO B
REGISTROS DAS PESQUISAS DE CAMPO
Fonte: Autora.
62
Fonte: Autora.
Figura 3 − Evento Cresce Brasil realizado pelo SENGE-GO em parceria coma FNE.
Fonte: Autora.
63
Fonte: Autora.
Figura 5 − Evento realizado no CREA pelo CREA Júnior em parceria com a UFG.
Fonte: Autora.
64
Figura 6 − Reunião realizada pelo SENGE com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil e Empresas Juniores de Goiás.
Fonte: Autora.
Figura 7 − Reunião realizada no CREA com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil.
Fonte: Autora.
65
Figura 8 − Evento realizado pelo CONFEA com a presença dos CREAs Juniores de diversos
Estados do Brasil.
Fonte: Autora.
Figura 9 − Evento realizado na Escola de Engenharia da UFG pelo CREA Júnior em parceria
com a ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental)
Fonte: Autora.
66
Fonte: Autora.
Figura 11 − Reunião realizada no CREA Goiás pelo CONFEA, com a presença dos
presidentes de CREAs do País.
Fonte: Autora.
67
ANEXO C
ROTEIRO DAS ENTREVISTAS REALIZADAS
Para a realização das entrevistas, optou-se por elaborar previamente roteiros que
servissem como guia para as entrevistas, que se dividiram em categorias de professores,
profissionais que participaram ativamente do sistema profissional, recém profissionais e
acadêmicos dos cursos de Engenharia.
1. IDENTIFICAÇÃO
a. Nome:
b. Local de nascimento:
c. Graduação
d. Universidade:
e. Curso:
f. Período (ano de início e formatura):
2. FORMAÇÃO PROFISSIONAL
a. Na sua formação houve algum contato com entidades de classe/ sistema profissional?
Como aconteceu? De quem foi a iniciativa?
b. O senhor teve alguma participação política dentro da universidade? Centro
Acadêmico, Diretório Estudantil, etc.? Qual foi a motivação para participar?
e. Em sua opinião, o projeto pedagógico dos cursos da Escola de Engenharia atendem além da
formação profissional, a necessidade de uma formação humana e política? Os engenheiros
estão cientes de seus deveres e direitos perante a sociedade?
f. Em sua opinião, as entidades de classe podem contribuir para a formação humanística e
política dos engenheiros?
4. OUTRAS INFORMAÇÕES
a. O senhor gostaria de acrescentar mais alguma informação que não tenha fornecido por
meio dessas questões? Por favor, sinta-se à vontade.
5. AVALIAÇÃO
a. Que avaliação o senhor faz desta pesquisa?
1. IDENTIFICAÇÃO
a. Nome:
b. Local de nascimento:
c. Graduação:
d. Universidade:
e. Curso:
f. Período (ano de início e formatura):
2. FORMAÇÃO PROFISSIONAL
a. Na sua formação houve algum contato com entidades de classe/ sistema profissional?
Como aconteceu? De quem foi a iniciativa?
b. O senhor teve alguma participação política dentro da universidade? Centro
Acadêmico, Diretório Estudantil, etc.? Qual foi a motivação para participar?
3. VIDA PROFISSIONAL
a. Quais motivações o levaram a escolher a vida acadêmica?
b. Em sua opinião qual é a importância do sistema profissional para o engenheiro?
c. Qual era o contexto histórico e político do momento em que o senhor dirigiu a escola?
d. Qual era a proximidade da academia e das entidades de classe?
69
e. Durante sua trajetória na escola, o senhor desenvolveu algum projeto com objetivo de
aproximar os acadêmicos de engenharia do sistema profissional? O senhor pode detalhar isso?
f. Em sua opinião, o projeto pedagógico dos cursos da Escola de Engenharia atendem além da
formação profissional, a necessidade de uma formação humana e política? Os engenheiros
estão cientes de seus deveres e direitos perante a sociedade?
g. Em sua opinião, as entidades de classe podem contribuir para a formação humanística e
política dos engenheiros?
4. OUTRAS INFORMAÇÕES
a. O senhor gostaria de acrescentar mais alguma informação que não tenha fornecido por
meio dessas questões? Por favor, sinta-se à vontade.
5. AVALIAÇÃO
a. Que avaliação o senhor faz desta pesquisa?
2. FORMAÇÃO PROFISSIONAL
a. Durante a vida acadêmica, houve algum envolvimento/contato com o sistema profissional?
Como ocorreu?
b. O que você conhece como sistema profissional e as formas de atuação de cada entidade?
c. Você já recebeu algum convite para conhecer ou participar?
d. Como você vê a importância do sistema profissional para a profissão?
e. O que você acha que o sistema profissional poderia fazer para aproximar do estudante e do
jovem profissional?
70
4. OUTRAS INFORMAÇÕES
a. O senhor gostaria de acrescentar mais alguma informação que não tenha fornecido por meio
dessas questões? Por favor, sinta-se à vontade.
5. AVALIAÇÃO
a. Que avaliação o senhor faz desta pesquisa?
71
APÊNDICE A
72
de alimentos, têxteis e outros produtos. O uso de produtos No Brasil. o ensino de engenharia originou-se na área militar,
químicos demandou uma indústria de produção em massa destes em 1699, no Rio de Janeiro, por ordem do Rei D. Pedro I, de
produtos, por volta de 1880. No início do século XX, nos EUA, o Portugal, dando origem à bicentenária Escola Politécnica da UFRJ,
projeto de processos, de produção em massa, de produtos antecedendo à École Politechnique (Paris, 1794), considerada
complexos montados teve início, com a “Administração Científica" referência, e a todas as escolas de engenharia das Américas.
de F.W.Taylor e H. Ford, e inaugurou a engenharia de produção, Em dezembro de 1933, no Governo de Getulio Vargas, é
galgando importância crescente ao inovar e criar soluções para a promulgado o Decreto Federal 23.569, que regulamentou as
produção em massa. Na produção em grande escala de produtos profissões de Engenharia, Arquitetura e Agrimensores e instituindo
complexos remanufaturados, os estudos de engenharia de os Conselhos Federal e Regionais de Engenharia e Arquitetura. Em
produção se agregam aos de engenharia de produtos, numa 1966, a Lei 5.194 revoga tacitamente este decreto, conferindo maior
atividade de engenharia propriamente simultânea (ou concorrente), autonomia ao CONFEA, incluindo a expressão Agronomia nas
descaracterizando uma visão de práticas de engenharia por denominações dos Conselhos.
especialidades. Ao final do século XX, tendências como a
nanotecnologia apontam para a criação de novos materiais
apoiados em manufatura molecular, como os fulerenos, assim como
para processos de produção-consumo planejados de modo a
recuperar materiais e componentes produzidos, como a
remanufatura, em implantação na indústria automobilística da
Alemanha, por força de leis federais.
76
a Lei 5.194/66 (Engenheiros, Agrônomos e as demais profissões 2. OS CONSELHOS PROFISSIONAIS são órgãos auxiliares da
afins) e a Lei 12.378/2010 (Arquitetos e Urbanistas). administração pública federal, nos quais o registro dos profissionais
É importante ressaltar que é condição necessária e respectivos é obrigatório. São pessoas jurídicas criadas por leis
fundamental para o exercício das profissões regulamentadas, o específicas para o desempenho de atividades públicas
registro e o pagamento da anuidade no devido conselho perfeitamente caracterizadas. São investidos de capacidade
profissional. contenciosa e, especialmente no caso do Sistema Confea/Creas,
conforme determina a Lei 5.194/66, de capacidade de
O SISTEMA PROFISSIONAL regulamentação da lei que o criou, podendo aplicar penalidades,
arrecadar taxas e exercer o chamado “poder de polícia”. Existem
O Sistema Profissional da Engenharia e Agronomia é fundamentalmente para a verificação, a fiscalização e o
composto por cinco subsistemas, são eles: de formação profissional, aprimoramento do exercício profissional e representam, de um
de Serviço Público, sindical, associativo, e de assistência. lado, a presença do Estado, através de prepostos autorizados – os
1. A INSTITUIÇÃO DE ENSINO representa a organização correspondente Conselhos Regionais, no controle desse exercício e, de outro, a
à fase da formação profissional. Seus objetivos são a qualificação do presença dos próprios profissionais em sua gestão.
profissional através do ensino, a geração de tecnologias através da É importante lembrarmos a singularidade da natureza multi-
pesquisa e a integração à comunidade através da extensão. Foi, e profissional do Sistema CONFEA-CREA, sendo o único Conselho no
em parte continua sendo, através da escola que a sociedade Brasil que congrega mais de 300 profissões (engenheiros de todas
transfere ao cidadão os conhecimentos acumulados historicamente as modalidades, técnicos industriais e agrícolas, geógrafos,
sobre determinada área do saber e o transforma em cidadão- meteorologistas, geólogos e etc.), representando um universo de
profissional. 850 mil profissionais.
78
Com a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), por 4. ASSOCIAÇÕES, CLUBES, CENTROS, INSTITUTOS, etc., são entidades que
meio da lei 12.378/2010, os profissionais de arquitetura e promovem a reunião e a integração dos profissionais em torno de
urbanismo passaram a ser abrangidos por este Conselho. O CAU interesses comuns, tais como os de ordem cultural, política, de
começou a funcionar, efetivamente, a partir de 19/12/2011, com a lazer, desportiva, social e outros. Dentro do Sistema Profissional o
conclusão do seu primeiro processo eleitoral. subsistema associativo é o de maior número de unidades, o mais
3. OS S INDICATOS são os organismos propriamente corporativos das disseminado no território nacional e o de maior número de
profissões. Entidades de direito privado cujo funcionamento é participantes voluntários, através do qual pode-se integrar à
regido por disposições constitucionais e instrumentos legais comunidade profissional e experimentar o intercâmbio e a
específicos. Essa legislação estabelece como princípio geral a convivência indispensáveis tanto ao desenvolvimento pessoal como
chamada unicidade sindical, de acordo com a qual só poderá existir profissional.
um único sindicato representativo de uma categoria profissional 5. A MÚTUA atua como entidade assistencial do Sistema
operando numa mesma base territorial, base esta que não poderá Confea/Crea/Mútua e com o objetivo constante de propiciar melhor
ser inferior à área de um município. Os sindicatos, nos quais a qualidade de vida aos seus associados, a Mútua de Assistência dos
participação é sempre voluntária, objetivam fundamentalmente a Profissionais do Crea é uma Sociedade Civil sem fins lucrativos
defesa dos direitos e interesses das categorias profissionais que criada por uma resolução do Conselho Federal de Engenharia,
representam, inclusive em questões jurídicas e administrativas. Arquitetura e Agronomia (Confea), em 1977. Possui Jurisdição em
Desenvolvem, também, atividades assistenciais junto a seus todo o território nacional através de suas representações junto aos
associados e promovem a ação política para o fortalecimento do Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia – Creas.
profissional como trabalhador.
79
É importante ressaltar que os Conselhos não são órgãos de O CONFEA surgiu oficialmente com esse nome em 11 de
defesa dos interesses econômicos, políticos, sociais, econômicos ou dezembro de 1933, por meio do Decreto nº 23.569, promulgado
trabalhistas. A missão deles é proteger a sociedade contra o risco a pelo então presidente da República, Getúlio Vargas e considerado
que estará exposta pela execução de atividades técnicas por leigos marco na história da regulamentação profissional e técnica no
ou ainda pelo mau exercício profissional. Para a sociedade, essa Brasil.
atuação significa segurança nas obras e serviços prestados. Em sua concepção atual, o Conselho Federal de Engenharia e
A capacidade de ação dos CREAS está restrita às leis que Agronomia é regido pela Lei 5.194 de 1966, e representa também
regulamentam o exercício das profissões e às normas estabelecidas os geógrafos, geólogos, meteorologistas, tecnólogos dessas
pelo Conselho Federal. Contudo, é permitido aos Conselhos modalidades, técnicos industriais e agrícolas e suas especializações,
Regionais baixar Atos no sentido de garantir o cumprimento das leis num total de centenas de títulos profissionais.
e, também, das resoluções do Confea, no âmbito de suas O CONFEA é uma autarquia federal, especial, que tem como
jurisdições. missão fiscalizar e regulamentar o exercício ético e legal da
Os Conselhos Regionais são mantidos através de anuidades profissão em prol da sociedade. Não se pode, portanto, confundir
recolhidas pelos profissionais e empresas e, entre outras taxas, a da com a defesa os interesses individuais e coletivos dos profissionais
ART – Anotação de Responsabilidade Técnica. Parte dessa receita é (função reservada aos sindicatos) e com a fiscalização do uso e
repassada ao Confea, às Entidades de Classe e Instituições de ordenamento do solo urbano, liberação de alvarás ou embargar
Ensino que mantém convênio com o CREA e parte é destinada à construção de obras irregulares (papel legalmente atribuído às
manutenção da Mútua (Caixa de Assistência dos Profissionais). prefeituras municipais).
80
Em Goiás, o Conselho é constituído por 66 Conselheiros, Presidência é o órgão executivo do Conselho. O Presidente
sendo 33 efetivos e 33 uplentes, com renovação anual de um terço exerce função em caráter honorífico com mandato de três anos e é
de seus membros. Exercendo uma função honorífica, o Conselheiro eleito pelo voto direto de todos os profissionais registrados no
tem mandato de três anos. CREA, desde que estejam com suas anuidades atualizadas. Compete
O Plenário é o órgão supremo do Conselho, sendo ao Presidente: dirigir, coordenar e administrar todas as atividades
constituído pelo Presidente e pela totalidade dos conselheiros do Conselho.
efetivos e suplentes, estes na falta ou impedimento daqueles. É a A diretoria é o órgão auxiliar da Presidência. É constituída
última instância administrativa no âmbito do Estado, na decisão de pelo Presidente e mais seis Conselheiros (dois vice-presidentes, dois
assuntos relativos à competência do Regional. secretários e dois tesoureiros).
As Câmaras Especializadas são órgãos incumbidos de julgar e As comissões permanentes são órgãos auxiliares do Plenário
decidir, em 1ª instância, sobre assuntos de fiscalização pertinentes do Conselho, no desenvolvimento de atividades contínuas
às respectivas profissões e infrações ao Código de Ética Profissional. relacionadas a um tema específico de caráter legal, técnico ou
Cada Câmara é composta por, no mínimo, quatro Conselheiros, administrativo. São compostas por, no mínimo, três Conselheiros.
sendo três da mesma modalidade profissional e um representante Atualmente o Conselho conta com as seguintes Comissões
do Plenário. Permanentes:
Atualmente o Conselho possui quatro Câmaras: 1 - Ética Profissional;
-Câmara Especializada de Agronomia (C.E.A.); 2 – Orçamento e Contas;
-Câmara Especializada de Engenharia Civil (C.E.E.C.); 3 - De Meio Ambiente;
-Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (C.E.E.E.); 4 - De Estudo de Renovação do Terço;
-Câmara Especializada de Engenharia Industrial (C.E.E.I.). 5 - De Engenharia de Segurança do Trabalho;
82
sistema CONFEA/Crea, conscientizando o acadêmico quanto ao O SINDICATO DOS ENGENHEIROS - SENGE GOIÁS
papel do profissional junto à sociedade e orientando-o para o
exercício profissional dentro dos princípios éticos; O Sindicato dos Engenheiros no Estado de Goiás, com sede e
III- Fortalecer junto aos acadêmicos o espírito participativo foro em Goiânia, foi criado em 10 de dezembro de 1976 e é
associativo, apresentando as entidades classistas profissionais aos constituído para fins de estudo, defesa dos interesses econômicos e
acadêmicos, a fim de despertar o interesse e o envolvimento profissionais da categoria e dos interesses individuais dos
destes; associados, coordenação, proteção e representação legal da
IV- Inserir os acadêmicos na vida institucional do sistema, buscando categoria engenheiros (Civis, de Minas, Mecânicos, Eletricistas,
entender as necessidades deste; Industriais, Agrônomos e demais especialidades profissionais
V- Oferecer serviços informativos relacionados a Engenharia e fixadas pelo CONFEA), na base territorial do Estado de Goiás,
Agronomia aos acadêmicos das profissões vinculadas ao sistema conforme estabelece a legislação em vigor sobre a matéria e com o
CONFEA/Crea; intuito de colaboração com os poderes públicos e as demais
VI- Propiciar oportunidades de complementação curricular técnica, associações, no sentido da solidariedade social e da sua
buscando contribuir com a formação do futuro profissional; subordinação aos interesses nacionais.
VII- Estabelecer parcerias com as Instituições de Ensino para a A cada três anos o sindicato realiza eleições e até hoje sete
realização de eventos de formação profissional; presidente estiveram à frente do destino da entidade.
VIII- Disponibilizar aos acadêmicos dos cursos das profissões Na primeira eleição do Sindicato dos Engenheiros no Estado
vinculadas ao sistema CONFEA/Crea demais parcerias e de Goiás mais de 700 profissionais já faziam parte da entidade. Hoje
oportunidades que o Crea-GO possa oferecer. são mais de quatro mil filiados que compartilham dos benefícios do
SENGE-GO.
84
c) Incentivar e promover a participação de jovens e futuros e trabalho e pelo fortalecimento da democracia e suas instituições.
profissionais em atividades de benefício da profissão e no conselho Direitos dos profissionais, melhores condições de trabalho, inclusão
profissional; social e fortalecimento da democracia são suas principais bandeiras.
d) Preparálos para uma ativa representação perante os órgãos Trabalha fortemente pelo desenvolvimento nacional por meio do
públicos e no meio político; projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”.
e) Participar de eventos acadêmicos para promoção da classe A FNE engajou-se ao esforço de criação da CNTU porque
profissional junto à comunidade acadêmica. observou que suas questões não eram uma discussão só dos
engenheiros, mas sim de muitas categorias. A criação da CNTU é
A FEDERAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS – FNE uma forma concreta de unir forças, somar com as reivindicações de
outras entidades que têm objetivos em comum.
A FNE (Federação Nacional dos Engenheiros), filiada a CNTU A Constituição de 1988 proíbe a interferência do Estado na
(Confederação Nacional dos Trabalhadores liberais Universitários organização dos sindicatos, definindo o enquadramento sindical por
Regulamentados),foi fundada em 25 de fevereiro de 1964, tem categoria profissional.
sede em Brasília e, hoje, é composta por 18 sindicatos estaduais, A Federação Nacional dos Engenheiros representa os
aos quais estão ligados cerca de 400 mil profissionais. A entidade foi profissionais em questões trabalhistas, como Acordos, Convenções
constituída com o objetivo de representar nacionalmente a e Dissídios Coletivos de Trabalhos , independente dos mesmos
categoria, atuando na coordenação, na defesa e na representação serem associados ou não aos sindicatos. No entanto, se um
dos profissionais, por intermédio de seus sindicatos. profissional se associa a outros sindicatos, que não representam a
Atua intensamente na congregação de seus representados e sua categoria, não tem a garantia da aplicação dos acordos e
luta pelos direitos dos profissionais, por melhores condições de vida dissídios promovidos por esses sindicatos.
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* Em alguns Estados a FNE possui sindicatos com a inclusão - Atuar, isolado ou com outros órgãos de classe, na defesa da
dos arquitetos e agrônomos. sociedade;
Constituem a FNE os seguintes sindicatos dos Estados do Acre, - Fazer com que a Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia
Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, nas suas várias modalidades sejam justa, humana e social,
Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio objetivando o bem da coletividade a que serve;
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São - Orientar com base no “Código de Ética Profissional” todas as
Paulo e Tocantins. atividades relacionadas com a Engenharia, Arquitetura, Agronomia
e Geologia;
O CLUBE DE ENGENHARIA – CENGE GOIÁS - Colaborar com outros órgãos de Classe pela valorização dos
profissionais da Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia;
O Clube de Engenharia de Goiás, Entidade de Classe da - Promover o entrosamento com Instituições de Ensino Superior da
Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia, também Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia do Estado de Goiás,
denominado CENG, foi fundado em dezembro de 1942 e tem como visando contribuir na melhoria e qualidade do ensino técnico e
finalidades principais: científico;
- Congregar os profissionais de nível superior da Engenharia, - Desenvolver atividades técnicas, culturais, sociais, esportivas e de
Arquitetura, Agronomia e Geologia; lazer para os associados e seus familiares;
- Contribuir para o aperfeiçoamento técnico e cultural dos - Contribuir para o aprimoramento das instituições nacionais e
Engenheiros, Arquitetos, Agrônomos e Geólogos; colaborar na defesa dos princípios democráticos e do estado de
- Estudar questões técnicas, econômicas e sociais de interesse direito;
público correlacionadas com a classe congregada;
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- Representar a Classe perante os poderes públicos constituídos, A ESCOLA DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
outras entidades congêneres e a sociedade; e A história da EMC/UFG vem sendo construída desde 1952,
- Promover competições e atividades desportivas a seus associados, com o esforço dos seus primeiros idealizadores, os dirigentes do
dotando para tanto o CENG de locais apropriados. Clube de Engenharia.
Atualmente o regimento do clube de engenharia já abrange A Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação
a modalidade de sócio aspirante, podendo assim o estudante de da Universidade Federal de Goiás teve início com a Escola de
engenharia se associar a partir do quinto ano da sua formação Engenharia do Brasil Central, com sede em Goiânia, criada em 1952
acadêmica. e reconhecida pelo Decreto nº. 45.138A de 29 de dezembro de
1958, publicado no Diário Oficial da União em 12 de janeiro de
1959. Naquela ocasião havia apenas o curso de graduação em
Engenharia Civil.
Posteriormente, com a criação da Universidade Federal de
Goiás (UFG) em 14 de dezembro de 1960 através da Lei nº. 3.844C,
a Escola de Engenharia do Brasil Central tornou-se a Escola de
Engenharia da UFG. Em 1964, foi implantado o curso de graduação
em Engenharia Elétrica, reconhecido pelo Decreto nº. 67.032 de 10
Fonte: CENGE, [8].
de agosto de 1970.
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anos se comprovada a culpa do profissional pela ocorrência. Dentro RESPONSABILIDADE PENAL OU CRIMINAL
da responsabilidade civil, de acordo com as circunstâncias de cada Ela resulta da prática de uma infração que seja considerada
caso concreto, poderão ser discutidos os seguintes itens: contravenção (infração mais leve) ou crime (infração mais grave) e
• Responsabilidade pelo projeto; pode sujeitar o causador – no caso o profissional da engenharia ou
• Responsabilidade pela execução da obra contratada; agronomia – conforme a gravidade do fato, a penas que implicam
• Responsabilidade por sua solidez e segurança; na eliminação da liberdade física (reclusão, detenção, ou reclusão
• Responsabilidade quanto à escolha e utilização de materiais; simples), a penas de natureza pecuniária (multas) ou a penas que
• Responsabilidade por danos causados aos vizinhos; impõe restrições ao exercício de um direito ou de uma atividade
• Responsabilidade por danos ocasionados a terceiros; (interdições).
Em se tratando de obras e serviços contratados, o Por outro lado, as infrações penais podem ser dolosas ou
responsável técnico responde menos como profissional do que culposas. “São dolosas quando há intenção, de parte do agente
como contratante inadimplente, uma vez que o fundamento da causador, de corolário”. E mais, não haverá distinções relativas à
responsabilidade civil não é a falta técnica, mas sim a falta espécie de emprego e a condição do trabalhador, nem entre
contratual, isto é, o descumprimento das obrigações assumidas. trabalho intelectual, técnico ou manual.
Quanto à falta técnica, se ocorrida por qualquer uma de suas várias • Empregador: “a empresa, individual ou coletiva que, assumindo
motivações, sujeitar-se-á o profissional infrator a outros tipos de os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
responsabilidade. prestação pessoal de serviços.”.
Esclarece ainda a CLT que se equiparam ao empregador os
profissionais liberais que admitem trabalhadores como
empregados, decorrente daí o vínculo empregatício e toda a
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responsabilidade do profissional liberal no âmbito da legislação registrado em um Estado pretenda exercer a atividade em
trabalhista. outro, deve solicitar um "visto" em sua carteira no CREA do
Estado onde pretende trabalhar.
O EXERCÍCIO PROFISSIONAL Registro Empresarial é a inscrição de pessoa jurídica para
habilitá-la a exercer atividades inerentes às profissões fiscalizadas
A graduação confere o título ao profissional e indica que ele pelo Conselho. O registro somente habilita a empresa para o Estado
está qualificado para desenvolver atividades próprias de sua onde é requerido. Da mesma forma que ocorre com o registro
formação, porém, para exercer a profissão este deve estar profissional, caso a empresa registrada em um Estado pretenda
habilitado pelo CREA, através do seu registro profissional. exercer atividades em outro, deve solicitar um "visto" junto ao
Registro Profissional é o ato de inscrição, no CREA, dos CREA do Estado onde pretende atuar.
profissionais das modalidades mencionadas, no Estado onde
pretendem exercer suas atividades. É o documento que habilita ao CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL
exercício profissional. Há dois tipos de registros: Para o exercício da profissão, o engenheiro conta com as
1 - Provisório: Com validade por um ano, prorrogável por suas ferramentas técnico-científicas: o seu diploma e sua carteira
idêntico período, e destina-se ao profissional que ainda de registro no Crea.
não obteve seu diploma. Para requerê-lo basta apresentar O art. 2º da Lei 5.194/66 estabelece as condições de
declaração de conclusão do curso. capacidade e exigências legais para o exercício profissional:
2 - Definitivo: Com validade indeterminada, destina-se ao Art 2º - O exercício, no País, da profissão de engenheiro, arquiteto
profissional já diplomado. O registro somente o habilita ou engenheiro-agrônomo, observadas as condições de capacidade
para o Estado onde é requerido. Caso o profissional e demais exigências legais, é assegurado:
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real participação nos trabalhos delas; agronomia e áreas afins é que qualquer atividade, projeto, obra ou
d) O profissional que, suspenso do seu exercício, continue em serviço nestas profissões deve ser precedido de uma Anotação de
registram os seus contratos profissionais junto ao Crea, mediante o em geral. O desempenho de cargo ou função técnica, seja por
pagamento de uma taxa. A ART é feita por intermédio de um nomeação, ocupação ou contrato de trabalho, tanto em entidade
formulário próprio fornecido pelo Crea, onde são declarados os pública quanto privada, obrigada a Anotação de Responsabilidade
dados principais do contrato escrito ou verbal, firmado entre o Técnica no Crea em cuja jurisdição for exercida a atividade.
profissional e seu cliente. A ART é, assim, a súmula de um contrato Das ARTs pessoais extrai-se o seu acervo técnico. O acervo
firmado entre o profissional e o cliente para a execução de uma técnico é um documento oficial onde consta em detalhes toda a sua
obra ou prestação de serviço. Ela define, além das obrigações atividade profissional e constitui-se num comprovante idôneo para
contratuais, a identificação do(s) responsável(véis) técnico(s) pelo seu “curriculum vitae”. Pela exigência da ART, o Crea pode coibir o
serviço ou obra, bem como a delimitação clara desta exercício ilegal da profissão por leigos, o que é uma garantia das
responsabilidade. prerrogativas profissionais, constituindo-se, também, num
Lei nº 6.496/77: “Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução instrumento de defesa do seu mercado de trabalho.
de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referente A ART é uma forma de defesa dos direitos autorais de planos
à engenharia, à arquitetura e à agronomia fica sujeito à Anotação de projetos dos profissionais que os elaboram. Pela ART fica
de Responsabilidade Técnica”. anotado o que a lei assegura ao profissional em termos de direitos
A ART é o documento que define para os efeitos legais o(s) de autoria ou co-autoria. Sendo a ART uma expressão fiel do
responsável (eis) técnico(s) pela obra/serviço. Assim, quando o acordado entre o profissional e o cliente, por seus termos
profissional prestar um serviço, desde uma simples consulta até estabelecem-se os limites da responsabilidade que o profissional
uma grande obra, deverá fazer previamente uma ART. Da mesma terá no seu trabalho. Nela estará anotado exatamente o que se
forma, a ART deverá ser feita para o desempenho de cargo ou propôs a fazer para seu cliente e qual o seu nível de
função técnica nos órgãos públicos, instituição de ensino, empresa responsabilidade.
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Da mesma forma, ficam documentados na ART as compatível com as suas atribuições, desde que anotada a respectiva
obrigações contratuais de ambas as partes. A ART é um documento Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no Crea.
hábil para a garantia de sua remuneração por serviços ou obras O acervo técnico de uma pessoa jurídica é representado
prestadas, mesmo que contratados verbalmente. Nenhum pelos acervos técnicos dos profissionais de seu quadro técnico e de
profissional pode exercer atividades para as quais não tenha seus consultores técnicos devidamente contratados. Nas licitações,
habilitação específica. Pela ART, o Crea pode controlar as tanto no setor público como no privado, é cada vez mais frequente
atribuições profissionais e coibir a exorbitância, evitando que a sua a exigência de comprovação das atividades técnicas
prerrogativa profissional seja assumida por outro profissional não desempenhadas, quer por profissionais, que por pessoas jurídicas,
legalmente habilitado. por meio de certidões emitidas pelos Creas. Assim, é da maior
conveniência que o profissional mantenha em dia as ARTs das
ACERVO TÉCNICO atividades exercidas, sobretudo aquelas referentes às
coparticipações e ao desempenho de cargos ou funções técnicas. É
À medida que o profissional vai efetuando suas Anotações bom lembrar que a comprovação futura, além de difícil, nem
de Responsabilidade Técnica (ARTs), o seu Acervo Técnico vai sendo sempre é possível.
construído. No momento em que houver necessidade ou Lei 5.194/66:
simplesmente vontade de obtê-lo, bastará ao profissional dirigir-se Art. 68º: “As autoridades administrativas e judiciárias, as
ao Crea e requerer uma certidão de seu acervo técnico (CAT). repartições estatais, paraestatais, autárquicas ou de economia
Considera-se Acervo Técnico do profissional toda a mista não receberão estudos, projetos, laudos, perícias,
experiência por ele adquirida ao longo de sua vida profissional, arbitramentos e quaisquer outros trabalhos, sem que os autores
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da gestão das máquinas, materiais e energia, informações e humano que importem na realização dos seguintes
pessoas, de modo a assegurar a confiabilidade e economia dos empreendimentos:
processos de produção. I - aproveitamento e utilização de recursos naturais;
5. Ensino - atua basicamente, na formação e capacitação de novos II - meios de locomoção e comunicações;
profissionais, da mão-de-obra técnico operacional e de apoio às III - edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e
atividades da Engenharia. regionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos;
IV - instalações e meios de acesso a costas, cursos e massas de água
AS ÁREAS DE ATUAÇÃO e extensões terrestres; e
V - desenvolvimento industrial e agropecuário.
A Resolução nº. 1048/2013 do CONFEA estabelece as áreas
de atuação do engenheiro e engenheiro agrônomo.
Art. 1º Consolidar as áreas de atuação, as atribuições e as
atividades dos Engenheiros Agrônomos ou Agrônomos, Engenheiros
Civis, Engenheiros Industriais, Engenheiros Mecânicos Eletricistas,
Engenheiros Eletricistas, Engenheiros de Minas, Engenheiros
Geógrafos ou Geógrafos, Agrimensores, Engenheiros Geólogos ou
Geólogos e Meteorologistas, nos termos das leis, dos decretos-lei e
dos decretos que regulamentam tais profissões.
Art. 2º As áreas de atuação dos profissionais contemplados nesta
resolução são caracterizadas pelas realizações de interesse social e
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De acordo com a resolução nº. 1048/2013 do CONFEA as Em 1966, o Congresso Nacional aprovou a legislação que
atividades dos profissionais citados no art. 1º desta resolução são as estabelece o Salário Mínimo Profissional para os diplomados em
seguintes: Engenharia. Por esta legislação, o salário mínimo do engenheiro é
I - desempenho de cargos, funções e comissões em entidades calculado em função do número diário de horas trabalhadas. Assim,
estatais, para o profissional que cumpre jornada diária de seis horas o salário
paraestatais, autárquicas e de economia mista e privada; é de 6 vezes o Salário Mínimo vigente no país. Quando a jornada
II - planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, diária for superior a seis horas, o tempo excedente desse limite será
obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais apurado, tomando-se o custo da hora - um salário mínimo por hora
e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária; - acrescido do adicional de 25%. Assim, teremos, por exemplo,
III - estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, jornada de 7 horas diárias, 7,25 salários mínimos e jornada de 8
pareceres e divulgação técnica; horas diárias, 8,5 salários mínimos.
IV - ensino, pesquisa, experimentação e ensaios; A dúvida maior quanto à aplicação da lei 4950-A/66 surge
V - fiscalização de obras e serviços técnicos; quando o engenheiro trabalha no setor público. O Senado Federal
VI - direção de obras e serviços técnicos; considerou a lei inconstitucional em relação aos funcionários
VII - execução de obras e serviços técnicos; públicos estatutários.
VIII- produção técnica especializada, industrial ou agropecuária. Assim, se o engenheiro é contratado sob o regime
estatutário, a lei 4950-A/66 não se aplica. Já quando o funcionário é
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contratado sob o regime da CLT, o Judiciário tem entendido que o grupo social, que o constitui, pensa e define sua própria identidade
ente público se submete ao que está previsto na lei 4950-A/66. política e social; e como aquele grupo social se compromete a
Tabela para cálculo do Salário Mínimo Profissional realizar seus objetivos particulares de um modo compatível com os
princípios universais da ética.
A resolução nº. 1002/2002 do CONFEA adotou o seu código
de ética profissional.
Ética é um dos principais instrumentos da valorização
profissional. Ao agir dentro da legítima conduta ética, os
profissionais da área tecnológica – responsáveis pelas habitações,
cidades, produção de alimentos, segurança, sustentabilidade
ambiental etc. – têm sua função social reconhecida pela sociedade.
Pautar a conduta profissional pelo princípio da ética é o
caminho para a consolidação da identidade social que a Engenharia
Para consolidar padronizações de comportamento, cada O nome Minerva está vinculado a “mens” mente, e
grupo cria seus códigos de ética, para nortear a correção das “memini” recordar. Esta relação da deusa com os politécnicos tem,
intenções e das ações, nas relações entre a profissão e a sociedade. em realidade, correspondência com seus atributos mitológicos.
No âmbito das atividades da Engenharia, Agronomia, Minerva é deusa guerreira e protetora, mas, ao mesmo
Meteorologia, Geografia e Geologia, técnicos e demais profissões tempo, deusa da sabedoria e da reflexão. Ela não vence seus
afins, o cumprimento estrito do Código de Ética resulta na evolução inimigos pela força bruta, mas pelos ardis que inventa, pela astúcia
das nossas profissões. O documento trata do relacionamento e pela inteligência de seus estratagemas. Minerva tem a face
profissional, da intervenção profissional sobre o meio, da liberdade feminina e a masculina: embora mulher, é uma deusa virgem que
e segurança profissionais, dos deveres, dos direitos e do objetivo, defende o poder masculino. É a senhora das técnicas, da
natureza, honradez e eficácia profissionais. racionalidade instrumental, a criadora das saídas de
engenhosidade.
Deusa guerreira, da sabedoria, das atividades práticas, mas
CURIOSIDADES também do trabalho artesanal de fiação, do espírito criativo e da
Símbolo da Engenharia vida especulativa, ela reúne aspectos fundamentais à formação do
A Minerva tornou-se um símbolo que identifica as profissões politécnico. A Minerva sintetiza duas dimensões do trabalho do
abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREAs, com suas insígnias: a engenheiro: a criação, por um lado, e a execução, por outro.
lança, o capacete e a égide. É tida na Mitologia greco-romana como
uma das principais guerreiras de um longínquo passado utópico.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS