Disciplina: Libras
Professora: Priscilla Leonnor Alencar Ferreira
Discente: Marcos Carvalho Pacheco
Sou surda e não sabia, é um documentário francês que mostra a história de uma
atriz francesa surda (Sandrine). Com riquezas de detalhes, sua trajetória de vida é contada
desde seu nascimento, relação com os pais, suas primeiras experiências na escola, até se
tornar adulta. Junto a seu depoimento acompanhamos a discussão sobre a oralização,
bimodalidade, implante coclear, e a necessidade de uma postura política de defesa à
cultura surda.
Sandrine relata como a descoberta da surdez em sua primeira infância foi algo
angustiante, filha de pais ouvintes, teve o diagnóstico de surdez um pouco tarde, fato que
mudou totalmente a sua relação com os pais. É interessante observar como ela descreve
sua percepção em relação a comunicação. Sem ouvir, nenhum som, Sandrine era levada
a crer que as pessoas se comunicavam através do pensamento. Como as pessoas não
entendiam sua mensagem resolveu se dedicar as coisas concretas. A natureza parecia ser
seu único refúgio pois se mostrava mais compreensiva as suas inquietações.
Sandrine recebeu aparelhos auditivos e estudou até os nove anos em escola
integrada, todavia não conseguiu nenhum progresso. As atividades passadas no quadro
pela professora não faziam sentido algum e ela sentia como se fosse um peixe fora d’água,
como se não pertencesse a esse mundo. A mudança ocorreu, segundo ela, quando foi
transferida para uma escola especializada em surdos, onde, pela primeira vez, teve contato
com crianças surdas iguais a ela. A escola não permitia o uso da língua de sinais, mesmo
assim, todos usavam escondido. A experiência com seus colegas nessa escola lhe permitiu
tomar uma postura política de se entender como surda, abandonar o projeto de oralização
imposto pela sociedade, e utilizar a línguas de sinais para se comunicar. Apesar de muitos
preconceitos Sandrine conseguiu se tornar uma atriz, mostrando para muitos surdos que
podem e devem ocupar todos os espaços possíveis.
O documentário nos ajuda a compreender a diferença entre a perspectiva médica
que define o surdo como “Deficiente auditivo” e a perspectiva cultural. A perspectiva
médica reforça a ideia de doença, portando passível de ‘cura”, e assim acaba reforçando
esse preconceito quando dizem aos pais que a criança tem problemas na audição, mas vão
fazer o possível para tentar curar, deixando a esperança que um dia a criança vai ouvir
igual as pessoas “normais”. O que não acontece na maioria dos casos. Já na perspectiva
cultural o surdo não é visto como doente, incapaz, coitadinho. A língua de sinais utilizada
pelos surdos deve ser aceita tanto quanto qualquer linguagem existente. Sendo assim, a
perspectiva cultural, reitera que o surdo é totalmente capaz de praticar todas as atividades
que os ouvintes fazem, e, portanto, tem o direito de participar de todos os espaços.