FICHA TÉCNICA
Título
II Colóquio Cabo-verdiano de Educação – CEDU 2015
Políticas e Práxis da Educação nas Perspetivas e em Contextos Pós-coloniais
Organizadora
Ana Cristina Pires Ferreira
Revisão
Anabela Fortes Moreno
Mariana Faria
Concepção Gráfica
GCI - Gabinete de Comunicação e Imagem da Uni-CV
Edições Uni-CV
Praça Dr. António Lereno, s/n - Caixa Postal 379-C
Praia, Santiago, Cabo Verde
Tel (+238) 260 3851 - Fax (+238) 261 2660
Email:edicoes@adm.unicv.edu.cv
Copyright©
Organizadora, autores e Universidade de Cabo Verde
ISBN 978-989-8707-23-9
Comissão Organizadora
Ana Cristina Pires Ferreira (Universidade de Cabo Verde)
Ana Domingos (Universidade de Cabo Verde)
Arlindo Vieira (Universidade de Cabo Verde)
Eurídice Amarante (Universidade de Cabo Verde)
Lionilda Sá Nogueira (Universidade de Cabo Verde)
Magno Rocha (Universidade de Cabo Verde)
Mariana Faria (Camões, I.P./ Universidade de Cabo Verde)
Sara Spínola (Universidade de Cabo Verde)
Comissão Científica
Adriana Carvalho (Universidade de Cabo Verde)
Almerindo Afonso (Universidade do Minho)
Ana Cristina Pires Ferreira (Universidade de Cabo Verde)
Arlinda Cabral (CES-Universidade Nova de Lisboa)
Bartolomeu Varela (Universidade de Cabo Verde)
Bento Duarte Silva (Universidade do Minho)
Carlos Bellino Sacadura (Universidade de Cabo Verde)
Carlos Spínola (Universidade de Cabo Verde)
Corsino Tolentino (Academia das Ciências e Humanidades de Cabo Verde)
Crisanto Barros (Universidade de Cabo Verde)
Elias Moniz (Universidade de Santiago)
Fernando Serra (Universidade Técnica de Lisboa)
Filomena Fortes (Comité Olímpico Cabo-verdiano)
Germano Lima (Universidade de Cabo Verde)
José Augusto Pacheco (Universidade Minho)
José Carlos Anjos (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
José Manuel Pereira (Universidade de Cabo Verde)
Júlio Santos (Universidade Minho)
Luísa Inocêncio (Universidade de Cabo Verde
Maria André Trindade (Instituto Universitário da Educação)
Mariana Gaio Alves (Universidade Nova de Lisboa)
Michel Cahen (Instituto de Estudos Políticos-Universidade de Bordéus)
Sílvia Cardoso (Universidade Nova de Lisboa)
Teresa Leite (Escola Superior de Educação de Lisboa)
Victor Fortes (Universidade de Cabo Verde)
AGRADECIMENTOS
A realização deste Colóquio foi possível graças aos patrocínios e apoios
concedidos pela Reitoria da Universidade de Cabo Verde e seu Departamento de
Ciências Sociais e Humanas, Universidade do Minho, Centro de Língua Portuguesa/
Camões, I.P., Instituto Internacional de Língua Portuguesa, Embaixada de França
em Cabo Verde, BORNEfonden (Cabo Verde) e Ministério de Educação e Desporto
a quem os organizadores agradecem.
POLÍTICAS E PRÁXIS DA
EDUCAÇÃO NAS PERSPETIVAS
E EM CONTEXTOS
PÓS-COLONIAIS
Organizadora
Ana Cristina Pires Ferreira
ÍNDICE
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM ANGOLA
Rosa Silva; António Carvalho da Silva...................................................................205
INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: UMA REFLEXÃO SOBRE CONTRIBUTOS DE AÇÕES DE
FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE
Dulce Pereira dos Santos; Kátia Maria da Cruz Ramos.......................................... 216
RESUMO
De acordo com a literatura educacional, o feedback revela-se como um aspeto
importante na relação entre professor e aluno. É através do feedback do professor
que os alunos têm a oportunidade de se autorregularem, quer em aspetos de
aprendizagem e do desempenho académico, quer na identificação de capacidades
individuais, fornecendo suporte para o desenvolvimento de perspetivas
vocacionais.
Este estudo faz parte de um projeto de investigação mais amplo desenvolvido
em contexto institucional de cinco centros educativos portugueses, tendo o
objetivo de entender as perceções de desenvolvimento da identidade vocacional
dos jovens institucionalizados, enquanto estudantes do ensino profissional.
O plano metodológico utilizado incluiu a recolha de dados documentais das
trajetórias de vida dos jovens e entrevistas semiestruturadas. Participaram 15
jovens institucionalizados, com a média de idades situada nos 16 anos. Todos estes
jovens frequentavam cursos de Educação e Formação de Adultos, para obtenção
de equivalência ao 6º e 9º ano de escolaridade, bem como para qualificação
profissional.
Da análise de conteúdo ao discurso dos jovens, o feedback dos professores pode
ser considerado um mediador na autorregulação de aprendizagens académicas,
bem como na promoção de competências sociais e vocacionais. A voz destes
jovens leva-nos a pensar que o professor tem um espaço de intervenção, com a
sua prática, na orientação e desenvolvimento vocacional.
Palavras-chave: Feedback do professor, desenvolvimento vocacional, jovens
institucionalizados
INTRODUÇÃO
Este estudo integra uma tese de doutoramento em Psicologia da Educação que
aprofunda a temática do “Desenvolvimento da identidade vocacional dos jovens
institucionalizados em centros educativos portugueses”, a qual faz parte de um
projeto mais amplo.
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MÉTODO
1.1 PARTICIPANTES
Os participantes deste estudo eram jovens institucionalizados em cinco centros
educativos portugueses, de Portugal Continental, em cumprimento de medidas
tutelares educativas sob o regime de internamento aberto, semiaberto e fechado,
com as idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos de idade (M = 16.5, DP
= 1.06). Participaram ao todo neste estudo 15 jovens rapazes que frequentavam
cursos EFA de tipologia B2 e B3 que conferiam equivalência ao 2º e 3º ciclo do
Ensino Básico, bem como uma qualificação profissional.
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RESULTADOS
A análise dos resultados procurou entender as perceções de desenvolvimento
vocacional dos 15 jovens participantes institucionalizados em centros educativos.
As figuras a seguir apresentadas são o resultado da elaboração de várias grelhas de
redução de dados, i.e., do “recorte, agregação e enumeração” para representar o
conteúdo (Bardin, 2011, p. 129), com recurso ao programa NVivo, versão 10.
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Das perceções dos jovens: (a) caraterísticas biográficas dos jovens participantes;
(b) trajetórias escolares antes da institucionalização; (c) trajetórias escolares após
a institucionalização; (d) os professores na orientação vocacional. Os resultados
relativos a estas quatro categorias são apresentados segundo a ordem enunciada.
Com a pesquisa a documentos institucionais dos 15 jovens (e.g., Processos
Tutelares Educativos), apurou-se que os jovens participantes cumpriam medidas
tutelares educativas sob o regime de execução de internamento aberto (6.6%),
semiaberto (60%) e fechado (33.3%). Os motivos que levaram ao internamento em
centro educativo foram crimes puníveis por lei, designadamente: (a) crimes por
ofensa à integridade física; (b) por furto ou roubo; (c) por violação e (d) homicídio
qualificado. A maioria dos jovens participantes (53.3%) apresentavam medidas
tutelares educativas anteriores às medidas que estavam a cumprir, à data de
recolha de dados, como por exemplo medidas cautelares de guarda e medidas de
acolhimento noutras instituições.
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DISCUSSÃO
Os jovens participantes apresentavam trajetórias biográficas e escolares pouco
estruturadas. O agregado familiar é caracterizado pela monoparentalidade
e o percurso escolar é na voz dos jovens identificado pelo desinteresse e
absentismo escolar.
Em conformidade com outras investigações (e.g., Manso & Almeida, 2009), o
processo de institucionalização foi percecionado pelos jovens participantes de
duas formas: sentimento de tristeza versus oportunidade de mudança de vida.
Parece-nos que os jovens percecionam o acesso à formação como uma forma de
valorização pessoal e social.
Os jovens identificaram os professores como os agentes educativos mais próximos
e em termos de formação como experientes e bons conhecedores dos seus alunos.
O feedback dos professores pode ser considerado um mediador na autorregulação
de aprendizagens académicas, bem como na promoção de competências sociais e
vocacionais. A voz destes jovens leva-nos a pensar que o professor tem um espaço
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal deste estudo salienta as perceções de desenvolvimento
da identidade vocacional de jovens institucionalizados em centros educativos
portugueses, enquanto estudantes em cursos EFA, ligando o feedback dos
professores como forma de orientação vocacional.
O estudo insere-se numa preocupação transnacional que centra a promoção
de oportunidades de aprendizagem formal, que na atualidade preenche a
agenda política europeia para o desenvolvimento de uma sociedade coesa e
economicamente sustentável. Diante de uma sociedade cada vez mais competitiva
há necessidade de (re)pensar a adequabilidade das formas de aprendizagem,
nomeadamente para os jovens que se inserem em contextos socioeconómicos
mais desfavorecidos.
O discurso orientador dos professores, presente na ação do feedback, é uma
ação poderosa e positiva (Hattie, 2003) que engloba a aprendizagem a par do
desenvolvimento vocacional. Pesquisas recentes evidenciam que o feedback apesar
de ser uma estratégia pedagógica com impacto é pouco realizada (Hattie & Rates,
2014). Assim, é necessário promover formas de desenvolvimento profissional
ou de capacitação dos professores para mediação da orientação vocacional em
contextos de educação e formação.
AGRADECIMENTOS
Aos jovens participantes e instituições; membros do projeto Feedback, Identidade
e Trajetórias Escolares: Dinâmicas e Consequências (PTDC/CPE-PEC/121238/2010)
e à Fundação para Ciência e Tecnologia.
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REFERÊNCIAS
Bardin, L. (2011). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70
Carvalho, C., Martins, D., Santana L. E., & Feliciano, L. (2014). Teacher’s Feedback:
Educational Guidance in Different Schools Contexts. Procedia - Social and
Behavioral Sciences 159, 219–223. doi:10.1016/j.sbspro.2014.12.360
Hattie, J. & Rates, G. (2014). Using Feedback to promote learning. In Benassi, V.,
Overson, C., & Hakala, C. (Eds). Aplying Science of Learning in Education-Infusing
Psychological Science into the Curriculum (pp. 45-58). Society of Psychology
and for the Teaching: Division 2 APA. Retirado de http://teachpsych.org/
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Hattie, J. (2003). Teachers make a difference. What is the research evidence? Australian
Council for Educational Research (1-17). Australia: University of Auckland. Retrieved
from https://www.det.nsw.edu.au/proflearn/docs/pdf/qt_hattie.pdf
Hattie, J. (2009). Visible Learning: a synthesis of over 800 meta-analyses relating to
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Hattie, J. (2011). Feedback in schools. In Sutton, R., Hornsey, M.J., & Douglas,
K.M. (Eds., 2011). Feedback: The communication of praise, criticism, and
advice (pp. 265-278). Peter Lang Publishing: New York. Retirado de http://
visiblelearningplus.com/sites/default/files/Feedback%20article.pdf
Hattie, J., & Timperley, H. (2007).The Power of Feedback. Review of Educational
Research, 77(1), 81 112. doi:10.3102/003465430298487
Kluger, A. N., & DeNisi, A. (1996). The effects of feedback interventions on
performance: Historical review, a meta-analysis and a preliminary feedback
intervention theory. Psychological Bulletin, 119, 254-284.
Manso, A., & Almeida, A. (2009). Representações sociais de jovens institucionalizados
em Centro Educativo: Perspectivas sobre a educação para o direito. Ousar
Integrar-Revista de Inserção Social e Prova, 2, 31-42.
Martins, D., & Carvalho, C. (2014). Students’ Perceptions about Teachers’ Feedback
in a Career Construction: A Study in Vocational Education. Electronic Journal
of Research in Educational Psychology, 12(2) 303-324. doi: http://dx.doi.
org/10.14204/ejrep.33.13144
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FLIPPED CLASSROOM PARA CABO VERDE: UM
ESTUDO EXPLORATÓRIO
RESUMO
A introdução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na educação
tem transformado as práticas pedagógicas dos docentes, dinamizando os processos
de ensino e de aprendizagem dos jovens e adolescentes. Estas mudanças na
sociedade e na educação exigem do professor e do aluno mais (in) formação para
lidarem com as exigências desta sociedade de conhecimento. Esta investigação,
realizada no âmbito da dissertação de mestrado, visa contribuir para o estado
de arte no domínio das TIC em Cabo Verde, bem como ajudar na melhoria do
ensino e da aprendizagem nas escolas secundárias do país. Pretende-se explorar
a aplicação do método Flipped Classroom no âmbito do processo de Revisão
Curricular no ensino secundário e nas mudanças implementadas pelo programa
Mundu Novu; contribuir para a mudança das práticas pedagógicas nas escolas
do país; diagnosticar as dificuldades sentidas pelos professores na utilização
de metodologias diferenciadas, ativas e inovadoras; identificar medidas que
contribuem para uma rápida implementação do método em Cabo Verde.
Recorrendo a uma metodologia quantitativa, pretende-se conhecer as principais
práticas pedagógicas dos professores de ensino secundário na ilha de Santiago,
procurando com base nesses resultados construir um estado de arte devidamente
consolidado, procurando contribuir com a disseminação de conhecimentos no
âmbito das metodologias de ensino e de aprendizagem ativas, apoiadas pelas TIC.
Palavras- Chave: Flipped Classroom, Práticas Pedagógicas, TIC
INTRODUÇÃO
A integração escolar das tecnologias de informação e comunicação (TIC) já
é uma realidade em muitos países e em Cabo Verde está-se a dar os primeiros
passos rumo a uma educação de qualidade em resposta às exigências do ensino
e da aprendizagem próprias desta sociedade de informação. Assim como se
encontra espelhado no Programa Estratégico para a Sociedade de Informação
(PESI), o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)
para a afirmação de uma sociedade de informação e de conhecimento representa
uma opção estratégica, atendendo a que estas representam um meio central
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PROBLEMÁTICA DO ESTUDO
No que se refere ao uso da Internet e dos seus serviços nunca se está adiantado
ou se é ambicioso demais, visto que a cada “clic” haverá uma nova invenção, um
novo aplicativo e novas e variadas formas de manejá-los. Tudo isso se sente de
uma forma mais acentuada nestas ilhas, uma vez que a relação Cabo Verde – Rede
de Internet só foi possível em meados do ano de 1997 (ANAC, 2009).
Não obstante, o curto percurso na senda desta sociedade de informação tem-se
vindo, ao longo dos anos, a lutar para que Cabo Verde se integre nesta sociedade.
Estarão, no momento, criadas as condições para esse desiderato? O governo de
Cabo Verde, através do PESI, nomeadamente do pilar da educação, concretizado
com o designado “choque tecnológico” do programa Mundu Novu e da revisão
curricular recentemente realizada, tem vindo a demonstrar a importância que
atribuí à integração das TIC na educação no país. Estará esta articulação entre os
princípios do programa Mundu Novu e a revisão curricular garantida nos novos
programas escolares?
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para prender a atenção dos alunos, fazendo com que a motivação para aprender
partisse dos mesmos. No caso destes professores a preocupação provinha do
elevado número de faltas dos estudantes, justificadas pelos mais variados motivos.
Na perspetiva de se identificar soluções para que os alunos que perdiam as aulas
não ficassem sem os conteúdos, passaram a gravar as aulas em vídeos e postar
na Internet, o que teve grande adesão, tanto da parte dos que faltavam às aulas
como os que estavam presentes. A partir daquele momento perspetivaram uma
nova forma de transmitir as informações aos seus educandos, que batizaram de
“Flipped Classroom”. Assim a sala de aula estava invertida (Trevelin, Pereira &
Neto, 2013, p. 7). Mas será que o conceito Flipped Classroom se resume à gravação
das aulas em vídeos para posteriormente serem facultadas aos alunos através das
ferramentas da Internet? A resposta a esta questão é não.
Para Bergmann, Overmyer e Wilie (2014, p.?) “Flipped Classroom is not a synonym
for online video (…) about replacing teachers with videos, an online course (…)
students spending the entire class staring at a computer screen (…) ”
Este método promove a interação entre professor e alunos e destes com o
conteúdo a ser ministrado na aula, possibilitando aos discentes uma familiarização
mais acentuada com o que se lhes propõe aprender. Os alunos aprendem ao seu
ritmo, têm mais tempo para esclarecimento de dúvidas, trabalham em grupo o
que lhes permite ouvir a explicação dos conteúdos na sua linguagem, facilitando a
compreensão.
O método pode ser aplicado a todos os níveis de ensino e todas as disciplinas
desde que com a devida contextualização a cada realidade.
Procurando-se perceber um pouco melhor este método, pode-se considerar que:
The purpose of flipping the classroom is to shift from passive to active learning to
focus on the higher order thinking skills such as analysis, synthesis and evaluation
(Bloom). As explained in this short video, Flipping the Classroom: Simply Speaking
(Penn State), students access key content individually (or in small groups) prior
to class time and then meet face-to-face in the larger group to explore content
through active learning and engagement strategies (Leggett, s.d., p. 2).
Inerentes a este método, existem alguns elementos chave que não poderão ser
descurados e que se apresentam na figura 1.
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METODOLOGIA
Atendendo à escassez de investigações desta natureza em Cabo Verde, procurou-
se com este estudo, responder às necessidades evidentes vivenciadas no país,
especificamente na área educativa, contribuindo com o estado de arte que possa
apoiar outros educadores com interesse nesta matéria. Assim, propõe-se realizar
um estudo exploratório, de natureza quantitativa, tendo como instrumento de
recolha de dados o inquérito por questionário.
O estudo exploratório tem como objetivo “proceder ao reconhecimento de uma
realidade pouco ou dificilmente estudada e levantar hipóteses de entendimento
dessa realidade” (Carmo & Ferreira, 2008, p. 48). Tal como explica Theodorson e
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PARTICIPANTES
Para a consecução dos objetivos previamente traçados, foram selecionados
150 professores de todos os níveis do ensino secundário, de doze escolas em
diferentes Concelhos da ilha, nomeadamente as Escolas da Praia (Abílio Duarte,
Cônego Jacinto Peregrino da Costa, Polivalente Cesaltina Ramos, Pedro Gomes,
Constantino Semedo e Manuel Lopes), nos Concelhos do interior da ilha, Tarrafal –
Escola Secundária do Tarrafal, Santa Cruz – Escola Secundária Alfredo da Cruz Silva,
São Lourenço dos Órgãos – Escola Secundária Luciano Garcia e Concelho de Santa
Catarina as Escolas Secundárias Amílcar Cabral, Gran Duque Henri (escola técnica)
e Napoleão Fernandes.
RESULTADOS ESPERADOS
Sem ignorar as muitas limitações a que o país está sujeito no que diz respeito às
tecnologias educativas, ambiciona-se com esta investigação: 1) construir um estado
da arte em relação ao método Flipped Classroom e áreas afins suficientemente
consistente para informar e sensibilizar a comunidade académica para estas
práticas e instigar outros investigadores para a realização de mais estudos desta
natureza; 2) elaborar um diagnóstico da perceção dos professores sobre o uso das
TIC nos processos de ensino e aprendizagem, incluindo o seu grau de conhecimento
do método Flipped Classroom; 3) propor ações de formação que contribuam para
o aperfeiçoamento das competências docentes, conduzindo a uma mudança
de atitudes e conceitos em torno das atividades letivas; 4) facultar pistas para o
desenvolvimento de alguns conteúdos disciplinares com recurso ao FC; 5) facilitar
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REFERÊNCIAS
Agência Nacional das Comunicações (2013). Recuperado em 13 de janeiro, 2015:
http://www.anac.cv/index.php?option=com_content&view=article&id=
76&Itemid=56&lang=pt
Bergmann, J. Overmyer, J. Wilie, B. (2013, janeiro). The Flipped Classroom: What
it is and what it is not. Recuperado em 10 de fevereiro, 2015: http://www.
thedailyriff.com/articles/the-flipped-class-conversation-689.php
Carmo, H. & Ferreira, M. (2008). Metodologia da investigação: guia para auto-
aprendizagem (2.ª edição). Lisboa: Universidade Aberta.
Colombo, C. D. S., Stahl, N. S. P., Schröetter, S. M. & Duncan, C. P. (2014, julho).
A ferramenta wink e o modelo “sala de aula invertida” aplicados ao ensino
de programação. Recuperado em 10 de fevereiro, 2015, de Anais do Encontro
Virtual de Documentação em Software Livre e Congresso Internacional de
Linguagem e Tecnologia Online, Vol. 3, No. 1: http://www.periodicos.letras.
ufmg.br/index.php/anais_linguagem_tecnologia/article/view/5864
Costa, F. A., Rodriguez C., Cruz, E. & Fradão. S. (2012). Repensar as TIC na educação:
o professor como agente transformador. Carnaxide: Santillana.
Freire, Paulo. (2003). Pedagogia do Oprimido. (36ª edição). São Paulo: Paz e Terra
Leggett, A. (s.d.). What is a ‘Flipped Classroom’? Recuperado em 15 janeiro 2015:
http://www.uq.edu.au/tediteach/flipped-classroom/what-is-fc.html.
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FORMAÇÃO DE COORDENADOR PEDAGÓGICO
NORTEADA PELO PROGRAMA DE FORMAÇÃO
CONTINUADA DOS 5CS: IMIGRANDO
AS POTENCIALIDADES DA TEORIA DA
FLEXIBILIDADE COGNITIVA PARA O CONTEXTO
EDUCACIONAL
RESUMO
A morosidade com a qual acontecem as mudanças na escola vem sendo
destacada pela comunidade educativa e parte dessa responsabilidade é atribuída
à limitação das ações formativas, seja inicial ou continuada, que prosseguem
sustentadas em modelos anacrônicos, de natureza mais teórica e distanciadas da
realidade. Reconhecendo a carência de mecanismos de formação que considerem
os fatos diversificados que emergem da escola e de formadores de professores
que compartilhem dessa realidade, estamos realizando uma investigação na
Universidade de Coimbra, Portugal, na área de Ciências da Educação, especialização
em Formação de Professores, com o objetivo de desenvolver e avaliar o Programa
de Formação Continuada 5Cs (PFC5Cs), cujos Cs referem-se às dimensões
Coerência, Colaboração, Conscienciosidade, Construção e Criticidade, que dará
suporte teórico a um programa de formação continuada para Coordenadores
Pedagógicos/Diretores de Turma, com a finalidade de os tornar aptos a realizarem
formação continuada de professores no contexto laboral, com base no PFC5Cs. O
Programa terá como base epistemológica os princípios da Teoria da Flexibilidade
Cognitiva (Spiro, 1987), pelos fundamentos da Teoria da Complexidade (Morin,
2003) e Teoria do Conhecimento cunhada por Paulo Freire (2003) e será testado
em três países lusófonos, Brasil, Cabo Verde e Portugal. A metodologia qualitativa
e crítico-interpretativo nortearão a investigação ação.
Palavras chave: Casos reais; Coordenadores pedagógicos; Programa de Formação
Continuada dos 5Cs (PFC5Cs)s; Teoria da Flexibilidade Cognitiva.
1. INTRODUÇÃO
Estamos vivendo e convivendo em uma nova ordem mundial fortemente
marcada pelas tecnologias que informam em tempo real, aproximam os
mundos, proporcionam grandes avanços na ciência e vem suscitando incertezas,
contradições e complexidades em diversos setores da sociedade. Segundo Hall
(2001), “todas as estruturas sociais fazem parte do processo de deslocamento
movido pela forte influência da globalização, e a educação como uma composição
dessa sociedade, também sofre os efeitos desse deslocamento social, político,
econômico e cultural” (citado por Anjos, 2011, p. 1).
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1. Corrente filosófica que admite somente o que é real, o inquestionável e que teve larga influência na
educação em diversos países.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprender a pensar diante da incerteza e complexidade que emana da escola é
aprender a (des) construir e reconstruir saberes, é possibilitar o desenvolvimento
de outras capacidades para os professores da atualidade. Essa exigência vem sendo
feita por alguns segmentos da sociedade que demonstram desapontamento e
preocupação com a qualidade do sistema educativo, em algumas partes do mundo.
Alguns especialistas da área de formação de professores não duvidam de que,
grande parte da responsabilidade do insucesso do sistema educativo atual, está
centrada nas ações formativas, que insistem em desconsiderar as necessidades reais
da escola, ao que propõem a análise sistematizada dos casos advindos do contexto
escolar como uma nova forma de (re) construção de conhecimento, que envolve
desenvolvimento da reflexividade e flexibilidade do pensamento dos docentes.
Essa perspectiva aponta para um novo movimento em torno da proposta
de construção/reconstrução ou elaboração de conhecimento, se aproxima do
reconhecimento de que a aprendizagem é um movimento construído pelo sujeito
que aprende e se distancia do ideal de conhecimento objetivo, determinado por
ideais positivistas que dominou e compartimentalizou, por algumas décadas, o
processo de ensino e aprendizagem.
Atentando para essa demanda, estamos construindo um programa de Formação
Continuada dos 5Cs, com a finalidade de tornar os coordenadores pedagógicos
agentes ativos da formação dos professores no âmbito da escola, com base nos
casos concretos advindos do contexto escolar, tendo como apoio para desconstruir
e reconstruir os referidos casos, a Teoria da Flexibilidade Cognitiva, que tem como
principal preocupação o estudos de casos concretos.
REFERÊNCIAS
Alarcão, I; Roldão, M. C. (2008) Supervisão: Um contexto de desenvolvimento
profissional dos professores. Mangualde: Pedago.
Almeida, L. R. (2006). A dimensão relacional no processo de formação docente:
uma abordagem possível. In: E. B. G. L. R. Bruno; Almeida & C. L. H. Silva (orgs).
O coordenador pedagógico e a formação docente. São Paulo: Loyola.
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MUSEUS VIRTUAIS DA EDUCAÇÃO: PROCESSOS
DE CONSTRUÇÃO DE PATRIMÓNIOS DIGITAIS
E INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS EM PORTUGAL E
CABO VERDE
RESUMO
No tempo atual temos assistido a um olhar renovado dos investigadores sobre
o património cultural da educação, privilegiando a materialidade desse património
e a inserção dos artefactos nos contextos das práticas pedagógicas onde foram
usados e reutilizados. Esta colocação dos objetos no seu contexto possibilita a
atribuição de significado ao lugar que ocuparam no universo da práxis educativa
e dos processos pedagógicos. Acompanhando uma linha de investigação que se
destacou em vários países (Espanha, Países Baixos, Brasil, etc.), foi implementado
em Portugal um projeto que teve como um dos seus produtos fundamentais
o MuVE-Museu Virtual da Educação (Instituto de Educação da UL), tendo
posteriormente sido desenvolvido um produto semelhante num projeto em Cabo
Verde. Fortemente articulados, estes dois museus virtuais pretendem constituir
uma forma de recuperação, salvaguarda e difusão do património da educação, mas
também um instrumento para o desenvolvimento de experiências pedagógicas
nas escolas. A arquitetura informática destes museus suporta a sua estruturação
interna pelos níveis de escolaridade em que assentam os sistemas educativos,
mas abrindo-se também a temáticas específicas (educação colonial, educação
feminina, imprensa). Ambos os museus se encontram on line e a sua divulgação
tem sido progressiva nos meios académicos e escolares.
Palavras-chave: Museus Virtuais; património educativo; inovação.
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Biblioteca Museu do Ensino Primário (1933), dirigida por Adolfo Lima (Mogarro,
2003). Mais recentemente, no campo do estudo científico sobre o património
da educação, é fundamental tomar como referência um levantamento de 1996
sobre as instituições escolares do sistema de ensino não superior, abrangendo os
seus espólios arquivísticos, bibliográficos e museológicos. O trabalho foi realizado
por um grupo coordenado por António Nóvoa e conduziu à criação do Instituto
Histórico da Educação, que existiu entre 1998-2002. Era a afirmação veemente
de “uma ideia com passado”, como então foi sublinhado (Nóvoa, 1997) e que hoje
constitui uma referência para nós.
Em Portugal, registam-se numerosas iniciativas (de natureza muito diversificada)
no sentido de desenvolver estudos sobre a escola, o seu património histórico e a
sua memória (Mogarro, 2006;
Fernandes & Felgueiras, 2000). Mais recentemente, a base de dados do Ministério
da Educação sobre o Inventário on line Património Museológico da Educação
permitiu uma análise extensiva sobre as coleções das escolas, com o registo de
cada objeto museológico e seus aspetos. No entanto, torna-se necessário um
enquadramento científico sistemático e uma interpretação contextualizada,
relativamente aos objetos e em articulação com os processos educativos (Mogarro,
Gonçalves, Casimiro & Oliveira, 2010).
Em Cabo Verde, foi criado o Núcleo de Memórias na Universidade de Cabo Verde
(deliberação do Conselho da Universidade, de 27 de Dezembro de 2011), com a
missão de promover a prestação de serviços científicos e técnicos especializados
nos domínios dos Arquivos, do Património, da Museologia Educativa e da História
da Educação em Cabo Verde, bem como a recolha sistemática de informação e
de fontes documentais, escritas, icónicas e orais do património cultural cabo-
verdiano, tendo em vista a constituição de repositórios (físicos e virtuais) e de bases
de dados relevantes sobre os domínios referidos. Neste quadro, foi elaborado o
estudo multidisciplinar Memórias do Liceu da Praia (Carvalho & Gomes, 2013) e o
projeto Recuperação e Valorização da Memória Institucional da Universidade de
Cabo Verde. A salvaguarda do património museológico educativo cabo-verdiano
tem sido o foco central das atividades da ASPPEC - Associação para a Promoção do
Património Educativo e Cultural, que constituiu um Núcleo Museológico sobre o
ensino colonial, em parceria com a Universidade de Cabo Verde.
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CONCLUSÃO
Estes dois museus virtuais da educação representam produtos significativos
de projetos de investigação que visam a salvaguarda e valorização do património
educativo, em dois países específicos unidos por uma língua e uma cultura comum,
a par de uma história partilhada. São também iniciativas representativas de um
esforço de inovação, envolvendo as comunidades académicas e os professores
das escolas e inserem-se nas correntes mais recentes destas temáticas a nível
internacional.
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56
QUE CABO-VERDIANO PARA O SÉCULO XXI?
PERSPETIVAS A PARTIR DE MANUAIS ESCOLARES
RESUMO
Perspetivar o africano para o século XXI implica analisar reformas na Educação
que raramente excluem o currículo. Apesar de este ser entendido como um todo
que engloba finalidades, conteúdos escolares, métodos pedagógicos, modalidades
de avaliação e de gestão das aprendizagens, o foco desta comunicação será os
manuais de leitura do ensino básico. Estes veiculam uma visão parcial da sociedade
e o perfil desejado para a criança e o jovem, enquanto futuros cidadãos. Assim,
o objetivo é, com base no exame de manuais e entrevistas a diversos atores,
aportar elementos de resposta às questões seguintes: que perfil do cabo-verdiano
é veiculado nos manuais de língua portuguesa nas reformas educativas de 1990
e de 2010? Como a orientação curricular para a abordagem por competência,
privilegiada na reforma educativa em curso, influencia a representação do cabo-
verdiano patente nos referidos manuais? Que desafios para a sociedade cabo-
verdiana estão subjacentes a essas representações veiculadas nos manuais? O que
se pode extrapolar do caso cabo-verdiano para a África?
Palavras-chave: currículo, manual escolar, Cabo Verde
INTRODUÇÃO
Perspetivar o cabo-verdiano para o século XXI demanda mudanças que
raramente excluem o currículo. Por isso, esta comunicação terá como base a
reforma curricular mais recente. Apesar desta abranger o currículo no seu todo o
que engloba finalidades, conteúdos escolares, métodos pedagógicos, modalidades
de avaliação e de gestão das aprendizagens (Békalé, 2013, p. 38), o meu foco será
nos manuais escolares de leitura utilizados no ensino básico. São privilegiados os
manuais em vigor seja novos, seja não renovados no âmbito da reforma curricular
em curso desde 2006. Com efeito, os manuais são instrumentos da implementação
da reforma que refletem, parcialmente, a realidade social, política, económica e
cultural; são historicamente contextualizados e veiculam a visão, a seleção feita
em relação ao que deve ser o perfil desejado da criança e do jovem no futuro.
O currículo, e os manuais em particular, para além de retratar o contexto nacional,
recebe também influência das políticas educativas e escolares internacionais que
veiculam padrões universais a serem difundidos na maioria dos países.
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1.1 INTERNACIONAL
Findo o prazo para a consecução dos objetivos de desenvolvimento do Milénio,
dezembro de 2015, novas perspetivas do que se pretende para o mundo nos
próximos 15 anos desenham-se. A visão que ganha força é a de um mundo de
prosperidade, igualdade, liberdade, dignidade e paz, que demanda políticas mais
fortes de proteção social e de garantia do pleno emprego.
Cabo Verde não está alheio a esse movimento internacional em prol de uma
agenda global para o desenvolvimento após 2015, pelo que no Fórum de
Transformação do país no horizonte 2030, ocorrido em maio de 2014, o Governo
reafirmou a visão do futuro desejado: uma nação mais próspera, equitativa,
inclusiva, com igualdade de oportunidades para todos.
Concomitantemente, assiste-se à pressão internacional e nacional para que o
país aumente a sua performance económica e competitividade. Subsiste, ainda, a
injunção das organizações internacionais de ajuda ao desenvolvimento para que
haja crescimento económico baseado não tanto na exploração de recursos naturais
(modelo predominante atualmente) mas sim na industrialização, na economia de
serviços, baseada no conhecimento.
O programa de Educação para Todos, dos anos 90 e 2000, que levou à
massificação do acesso pôs a nu a grande diversidade dos que chegam à escola
o que torna complexa a tarefa de conceção do perfil do indivíduo que se
pretende. Além disso, a questão da qualidade tornou-se crucial e incontornável
no desenvolvimento sustentável dos países após-2015. Assim, o 4º objectivo
perspetivado nesse quadro é:
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“Goal 4. Ensure inclusive and equitable quality education and promote life-long
learning opportunities for all”2.
1.2 NACIONAL
O Governo publicou, em 2010, uma nova orientação para o sistema educativo, o
decreto Lei das Bases do Sistema Educativo (DLBSE) que preconiza como finalidades
do sistema educativo (Artº 5º):
§ A formação integral e permanente do indivíduo, numa perspetiva universalista;
§ A eliminação do analfabetismo;
§ A salvaguarda da identidade cultural como suporte da consciência e dignidade
nacionais e fator estimulante do desenvolvimento harmonioso da sociedade;
§ A educação contextualizada e associado ao mundo do trabalho que prepare
cidadãos e permita a integração destes na comunidade e contribuir para o seu
constante progresso.
Os principais objetivos de política (Artº 10º) que destaco, dada a sua pertinência
para esta comunicação, são:
§ Assegurar a formação da consciência ética e cívica, do desenvolvimento de
atitudes positivas em relação ao trabalho;
§ Aprofundar o conhecimento e a afirmação da língua nacional cabo-verdiana,
enquanto primeira língua de comunicação oral, visando a sua utilização oficial
a par da língua portuguesa;
§ Assegurar a igualdade de oportunidades para ambos os sexos;
§ Proporcionar ao cidadão um equilibrado desenvolvimento físico, o reforço da
consciência e da unidade nacionais e o estímulo à preservação e à reafirmação
da identidade cultural e do património nacionais.
Decorrente desses princípios e objetivos, o Ministério da Educação e Desporto
(MED) concebeu o perfil de saída do jovem que frequenta o ensino básico
obrigatório, que foi alargado de 6 para 8 anos no DLBSE de 2010. Este perfil, que
apresento a seguir, engloba a visão do que se pretende para o cabo-verdiano no
século XXI e é orientador do desenvolvimento curricular.
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1.3 QUESTIONAMENTOS
Face a essas constatações e considerando a temática central do Colóquio
questiono: que perfil do cabo-verdiano se pretende desenvolver para que haja
uma sociedade mais próspera, justa e inclusivas, com economia competitiva
mundialmente?
Apoiando-me na reflexão de Ki-Zerb (2006)3
“A educação deve ser considerada o coração do desenvolvimento. Hoje, isto
justifica-se tanto mais porquanto o principal investimento é o da inteligência
(…). Mais do que nunca, a educação e o desenvolvimento devem ser postos em
equação, na condição de tratar-se de uma educação adaptada. É aqui que é
necessário sair do mimetismo, da cópia pura e simples dos modelos vindos de
fora. Tal como existe hoje, a educação é uma “educação antidesenvolvimento”. A
maioria das crianças africanas recebe hoje uma educação que destrói o seu futuro
em todos os planos” (p. 156).
3. René Holenstein (2006). “Para quando África?”Entrevista de René Holenstein. Campo das Letras
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Manual- Ano de
Ano de entrada Situação
Escolaridade em vigor
1º ano 2013 Novo e generalizado
2º ano 2013 Novo e generalizado
3º ano Ainda não reformado, perspetiva-se novo em 2014-
15
4º Ainda não reformado, perspetiva-se novo em 2015-
16
5º Ainda não reformado, perspetiva-se novo em 2014-
15
6º Ainda não reformado, perspetiva-se novo em 2015-
16
7º 2011 Reformado, versão experimental
8º 2012 Reformado, versão experimental
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O exame do conteúdo dos manuais foi efetuado com base numa grelha de
leitura que permite desenvolver uma análise temática e por categorias. Estas e
as subcategorias utilizadas foram inspiradas das análises realizadas por diversos
autores (Mollo, 1965, 1970; Chombart de Lauwe, 1965; Dandurand, 1972;
Rosenberg, 1976) sobre manuais escolares e literatura infantil franceses. A grelha
engloba as categorias seguintes: Escola (relações e valores), Família (relações e
valores), Personagens (imagem da Criança e do Adulto e dos contextos em que se
encontram), Cidadania e valores políticos, morais e sociais, Contexto geográfico,
cultural e histórico nacional e estrangeiro.
Levei também em consideração as ilustrações não para efetuar uma análise
aprofundada das mesmas, mas para identificar os elementos figurativos e perceber
se eram simples complementos do texto ou se reforçavam a mensagem veiculada.
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4.1 OS CONTEXTOS
Identificando os espaços geográficos representados nos manuais, constatei que
nos 46 textos em que podem ser claramente identificados), o nacional prevalece
(31 textos). O manual LP4, de 1994, é particular porque não foi possível identificar
nele contextos estrangeiros ainda que contenha 2 textos de autores africanos.
4.1.1 NACIONAL
Tanto o urbano como o rural são, igualmente, evocados nos textos enquanto o
mar está muito pouco presente, a não ser nos raros textos que se referem a viagem
inter-ilhas (ir ao Fogo, a Brava), à antiga pesca da baleia, e ainda nas imagens desse
elemento nos manuais mais recentes (LP7). As referências ao contexto urbano
destacam Mindelo, considerada a mais cosmopolita, Assomada (1994), um misto de
urbano e rural e omitem a capital do país, Praia. Será uma intenção de descentrar?
Noto pois, uma tendência crescente à representação do país como sendo
urbano o que vai ao encontro da realidade atual e das projeções futuras em que
a população nas cidades predominará (mais de 50% em Cabo Verde). Coloca-se o
desafio de, no futuro, valorizar o contexto rural sobretudo para as crianças que
nele vivem e de reforçar a mensagem de proteção do ambiente, sabendo que a
sustentabilidade ambiental é um valor essencial para o futuro. Ora, privilegiando
um ambiente urbanizado e continuando a veicular uma imagem idílica do mundo
rural pergunto até que ponto a escola estará a inculcar o princípio de preservação
do ambiente? Apenas dois textos (LP7 e LP8) referem-se a essa problemática mas
de forma vaga.
Além do espaço geográfico, o contexto nacional é revelado nos textos que
abordam aspetos da cultura cabo-verdiana, nomeadamente as manifestações
culturais (música, artesanato, etc.), os usos, costumes (festejar São João) e crenças
(contos tradicionais). Nota-se uma simplificação e uma seleção no que se apresenta
às crianças da cultura cabo-verdiana em que se mistura o pagão e o religioso, o
africano e o europeu: todos os manuais incluem textos relativos ao Natal; quase
todos referem-se ao Carnaval e ao Festival de Baía das Gatas (S. Vicente).
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4.1.2 ESTRANGEIRO
Para além do contexto nacional, os manuais referem-se a espaços geográficos
estrangeiros sendo o continente africano privilegiado. Contudo, este é apresentado
através de contos e lendas (privilegiam a savana, os animais) que não permitem ao
cabo-verdiano ter uma noção real desse espaço, nem mesmo dos países africanos
de língua portuguesa. As ilustrações, tão pouco retratam a vida nos países
africanos, estes são representados pelo mapa do continente, à exceção a duas
ilustrações em que figura Nelson Mandela.
O contexto europeu é veiculado através de contos clássicos, nomeadamente,
“A aventura de Gulliver, o rapto de Helena”, relatos de vida, “Diário de Anne
FranK” que deixam entender que se procura divulgar uma cultura universal
seguindo mais as orientações pedagógicas dos manuais (ensino e aprendizagem
de diferentes tipos de textos) do que poderiam ser necessidades das crianças e
jovens cabo-verdianos.
Enfim, infere-se um certo distanciamento da Africa, um aproximar da realidade
nacional e demarcação da sua especificidade cultural através dos textos em crioulo
e, ao mesmo tempo, uma intenção de abertura para o mundo (Africano e Europeu)
sobretudo, através do imaginário (contos).O desafio inerente a essa perspetiva é
de ultrapassar as tensões ideológicas.
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como Nelson Mandela, Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King. Reconheço
que a inserção desses tipos de textos nos manuais (LP7 e LP8) remete para o
2º estádio do processo de socialização política4 das crianças, “personificação”
definida por Easton e Denis (1978) como a conceção da vida política enquanto
ação de algumas personalidades.
Para além disso, constata-se que os autores dos manuais procuram de forma
explícita a sensibilização política com a inclusão de textos que evocam a participação
na discussão de problemas, de questões que afetam o país, como por exemplo, a
notícia sobre o 6º parlamento infanto-juvenil (LP8, p. 66), a comemoração do dia
da Mulher cabo-verdiana (LP8, pp. 79-80) ou ainda o texto de uma criança sobre o
dia da independência (LP4, p.57).
Enfim, considero ser também elemento importante dessa socialização política a
inserção de diversos textos de promoção da igualdade, da inclusão e de rejeição à
discriminação por causa da diferença (cor da pele, de cultura, género e deficiência).
A título de exemplo:
“(…) E daí? Qual a importância tem isso? Homem ou mulher, onde está a
diferença? Eu… posso ser cosmonauta, se quiser está bem? A mãe, por exemplo,
trabalha com computadores (…) (LP4, 24)
“Quando chegaram, a mãe levou-a à sala de aula. Elas cumprimentaram os
colegas através de gestos, pois a Cláudia era surda. As crianças da turma ficaram
admiradas e curiosas e disseram: queremos aprender a linguagem gestual para
podermos comunicar com a Cláudia”. (LP2, p. 59).
A partir dessas informações entendo que os valores de inclusão, de equidades
associadas ao civismo, à cidadania são elementos caros à perspetiva de formação
do cabo-verdiano no século. Contudo, a inculcação desses valores não está isento
de tensões entre estes e as perspetivas tradicionalistas do papel do homem, da
mulher e da criança na sociedade africana; tensão entre a manutenção de uma
certa ordem política e o seu questionamento através das mensagens difundidas
nos manuais.
4. Esse processo integra segundo o autor os seguintes estádios: politização (sensibilização à existência
do político, personificação (ação política de algumas entidades), idealização (afetação do poder de um
sinal positivo ou negativo) e a institucionalização (política como uma estrutura de poder).
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4.3 PERSONAGENS
4.3.1 A CRIANÇA E OS CONTEXTOS EM QUE SE ENCONTRA
Em síntese, parece que se perspetiva uma identidade plural, cosmopolita e de
certa forma aberta. Esta afirmação baseia-se no destaque concedido ao contexto
escolar, no modelo de família apresentado em que se nota uma tensão entre
europeísmos e africanidades, entre o local e o global. Tensão que se encontra
também a nível dos discursos políticos sobre a educação que assigna à escola as
funções de reforço da identidade nacional e de promoção de valores universais
(LBSE, 2010). Na realidade a confrontação África/Europa assume em Cabo Verde
diversas nuances que dependem da conjuntura e das elites políticas e administrativas
no poder (Moniz, 2009). Com efeito, em 1986, fez-se uma “limpeza” da África nos
manuais (Pires-Ferreira, 1994, Spínola, 2008), que persiste em 1994, enquanto se
valoriza o nacional, o estilo europeu. Nos manuais recentes procura-se “resgatar”
a África mas numa outra perspetiva, não a de luta pela independência e reforçar
o nacional, o quotidiano próximo das crianças. Em relação a este último aspeto
patenteia-se a influência da opção curricular da abordagem por competências,
importada das organizações internacionais, que preconiza a inserção da criança
em situações significativas para ela e próximas da sua realidade.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo o Estado cabo-verdiano (Ministério da Educação) detentor o monopólio
da edição de manuais e que são por ele financiados depreende-se que que a
mensagem ideológica é tanto explícita como implícita. Assim, a representação da
sociedade privilegiada nos manuais recentes, em uso segue os preceitos de coesão
social, de sociedade inclusiva, de modernização das instituições (sendo a escola
uma delas), de participação social patentes na política governamental.
Com efeito, a sociedade representada tende a urbanizar-se, a ser mais
equitativa na distribuição dos papéis dos homens e das mulheres na sociedade,
com particular destaque à micro-sociedade que é a família. No entanto, não são
descurados os problemas sociais associados a conflitos na família, à degradação
ambiental. Os manuais procuram valorizar a cultura, o património nacional, não na
sua diversidade mas sim no uso da língua cabo-verdiana e no que parece constituir
a imagem dominante no exterior do país, a música (representada pelos festivais
musicais e pelas letras das canções reproduzidas) e o Carnaval.
Ainda que o Estado cabo-verdiano tenha assumido a orientação curricular de
desenvolvimento de competências, que traz a esperança de uma nova sociedade
porque « facilita a aprendizagem pela resolução de problemas e tomada de decisões
autónomas, coloca em perspetiva uma geração mais proactiva e empreendedora » (,
dirigente do Ministério da Educação) as imagens veiculadas tanto da criança e como
do adulto, pouco ou nada têm a ver com a pro-actividade, com o empreendedorismo.
Não existe consenso no seio dos docentes relativamente aos manuais, pois enquanto
alguns reconheçam que estimulam os alunos a serem mais participativas outros os
consideram demasiado complexos para a faixa etária das crianças.
Assim, concordo com Perrenoud que a escola deve melhor preparar para a vida,
para as transformações no mundo, pelo que o currículo de forma geral e o manual
escolar em particular, para além de colocarem a criança, o jovem perante situações
do seu quotidiano, não podem descurar as influências da globalização.
70
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
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71
UM CONTRIBUTO PARA A CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO SOBRE O ENSINO ONLINE NA
UNICV
RESUMO
A problemática de avaliação em contextos de formação online envolvendo
práticas de e-learning mostram o renovado interesse pela educação a distância,
impulsionado pelo reconhecimento do contributo das tecnologias de informação e
comunicação na Educação.
Na Uni-CV, os modelos de formação online de professores suportados pela
plataforma Moodle têm sido, nos últimos anos, objeto de análise atenta e de
reflexão científica.
Com esta comunicação, pretende-se, por um lado, trazer para reflexão um
conjunto de situações problemáticas relacionadas com a qualidade do percurso
formativo dos participantes do Curso de Complemento Pedagógico de Licenciatura
e, por outro lado, contribuir para esclarecida tomada de decisões, fundamentada
em evidências científicas.
Desenvolveu-se um estudo exploratório e descritivo de natureza qualitativa,
que se assenta em princípios de construção colaborativa do conhecimento. Como
instrumento de recolha de dados utilizou-se a entrevista online por questionário
administrada a uma amostra constituída por dezanove inquiridos, dos quais 8
docentes e 11 formandos, os resultados obtidos mostram que as potencialidades
oferecidas pelas TIC favorecem a expansão da oferta formativa na modalidade
e-learning, a qual necessita forçosamente de acompanhamento contínuo,
ajustamento e aperfeiçoamento.
São apontadas algumas limitações deste estudo e definidas perspetivas de
investigação.
Palavras-chave: modelos de formação de professores, plataforma Moodle,
experiência-piloto
INTRODUÇÃO
Com o advento da Internet de banda larga tonou-se possível a implementação de
práticas de formação suportadas por plataformas de e-learning, proporcionando à
educação e formação novas oportunidades para a renovação de teorias e práticas
pedagógicas. Estas tecnologias tendem a ajustar-se melhor a contextos promotores
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1.ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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2. METODOLOGIA
2.2. INSTRUMENTAÇÃO
Administraram-se dois questionários on-line, sendo um aos estudantes e, outro,
aos docentes. Concebidos coma ajuda do software Survey Monkey, tinham como
objetivo conhecer o grau de satisfação dos alunos em relação ao desempenho
dos docentes, e vice-versa. As respostas dos inquiridos foram encaminhadas
para uma base de dados digital, evitando a sua manipulação, e garantindo um
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maior rigor e fiabilidade dos dados. Utilizou-se o Excel para se fazer o respetivo
tratamento estatístico.
2.3. PARTICIPANTES
Onze estudantes participaram no inquérito, dos quais 10 responderam às
questões, sendo 8 do género feminino, e 2 do género masculino. Cinco têm a idade
compreendida entre 30 e 40 anos, três entre 40 e 50 anos, dois não indicaram a
sua idade. Evidencia-se uma clara predominância da faixa etária entre 30-40. Dos 10
respondentes, 6 afirmam ser professores, 2 não exercem funções docentes e 2 não
responderam a esta questão. Quanto ao nível de escolaridade e ao tempo de serviço,
as respostas dos entrevistados encontram-se resumidas no Quadro1, infra:
Quadro 1 –Habilitações académicas/tempo de serviço
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Nº Semestre 1 Nº Semestre 2
1. Psicologia da Educação - (PE) 5. Teoria e Prática de Avaliação em
Educação (TPAI)
2. Sociologia da Educação - (SE) 6. Paradigmas e Práticas de
investigação
em Educação (PPIE)
3. Didática Específica 1 - (DE1) 7. Didática Específica 2– (DE2)
4. Teoria do Desenvolvimento 8. Planificação e Gestão Escolar –
Curricular – (TDC) (PGE)
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Classificação Nº respondentes
Bom 4
Muito Bom 2
(em branco) 1
Total geral 7
81
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5. RECOMENDAÇÕES
A modo de síntese, identificaram-se 3 fatores a considerar na avaliação das
próximas edições do CCPL e, eventualmente, de outros cursos/programas de
formação em e-learning, cuja qualidade irá depender da capacidade da instituição
para implementar medidas corretiva. São eles:
§ Legislação: aprovar e implementar o Regimento do Curso das Orientações
Pedagógicas e do Regulamento do estágio pedagógico; criar de um sistema de
incentivos aos formadores e comunicação adequada sobre os requisitos do curso.
§ Competências dos formadores e formandos: a intervenção dos e-formadores
no apoio à aprendizagem em regime de e-learning exige-se-lhes um amplo
leque de competências e habilidades. Os formandos devem receber uma
formação prática que lhes auxilie no acesso fácil aos recursos disponibilizados
pelos docentes e ao serviço de assistência técnico.
§ Infraestruturas: garantir garantir acesso ilimitado às condições existentes
Centro de Formação Aberta e a Distância - FOADeL e a uma linha telefónica
para ligações de emergência.
6. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Como principal limitação deste estudo, assinala-se o tamanho da amostra,
muito reduzida, o que não permite a sua generalização a outros cursos do campus
virual da Uni-CV, sendo as suas conclusões válidas apenas para o curso em apreço.
Considera-se uma sugestão útil que nas futuras investigações sejam desenvolvidos
estudos cujas amostras sejam mais abrangentes e representantivas, permitindo
conhecer outras dimensões da atividade pedagógica em contexto online.
6. BIBLIOGRAFIA:
Gomes, M.J. (2004). Educação a distância. Braga: Universidade do Minho;
Guilhermina, L. (Org.) (2009). Ensino Online e Aprendizagem Multimédia.
Lisboa:Relógiod´Água;
Hrastinsky, S. (2008). What is online learner participation? A literature review.
Computers & Education, 51, 1755-1765.
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UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS DIGITAIS
ASSOCIADAS AO USO DA PLATAFORMA
MOODLE: UMA EXPERIÊNCIA COM ESTUDANTES
DA UNIVERSIDADE DE CABO VERDE
RESUMO
As tecnologias de informação e comunicação constituem uma referência de
primordial relevância para a pedagogia atual. As mudanças dos paradigmas
educacionais a que temos assistido nos últimos anos em educação têm renovado o
progressivo interesse no recurso às novas tecnologias digitais. Torna-se necessária a
aplicação de novas concepções e práticas pedagógicas que fortaleçam o estudante
no acesso à tecnologia para que ele aprenda, e reforcem o papel do professor na
sua capacidade para responder às situações desafiadoras no dia-a-dia.
O presente artigo tem como objetivo apresentar os resultados de uma experiência
de utilização da plataforma moodle na Uni-CV, envolvendo os estudantes dos
cursos de licenciatura em Estatística e Gestão de Informação 1º ano e licenciatura
em Engenharia Informática de Computadores 2º ano. No decurso da experiência,
foram utilizadas e exploradas algumas ferramentas do moodle, designadamente
trabalho, fórum, teste online, mensagens e glossário da disciplina, para o
complemento e reforço das aulas ministradas, presencialmente, nas disciplinas de
Informática e Sistema Operativo.
Com este artigo, pretende-se ainda, realçar um conjunto de benefícios e,
também, dificuldades que foram encontradas no decurso da realização desta
experiência. A finalidade é recolher alguns subsídios para uma posterior reflexão
sobre o uso da plataforma moodle na Universidade de Cabo Verde, colaborando
assim para o incentivo à sua utilização nas práticas letivas no ensino superior.
Palavras-chave: TIC, ensino à distância; moodle; ferramentas de aprendizagem
à distância, interação
INTRODUÇÃO
O interesse pelo campo das tecnologias de informação e comunicação na
educação é hoje, particularmente, saliente pelo incomparável potencial inerente
às mais recentes tecnologias digitais em rede, mas, sobretudo, porque elas, de
alguma maneira, se associam à força necessária para desencadear a mudança na
própria escola. (Carvalho, 2000 ”et all”) in (Costa 2007:15).
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áreas de instalação num servidor de uma instituição de ensino até aos professores
que disponibilizam conteúdos educativos.
A palavra moodle é acrónimo de Modular Object Oriented Dynamic Learning
Environmet, isto é, um ambiente virtual de ensino- aprendizagem dinâmico e
orientado por objetos.
O moodle é um “software” livre disponível na internet em www.moodle.org,
a grande popularidade do moodle (mais de 200 000 utilizadores registados,
pertencentes a 175 nações) deve-se ao facto de ser código aberto e de livre
utilização, estas caraterísticas levaram a que seja atualmente uma das mais
utilizadas a nível mundial. Portanto, é um software criado para professores e
alunos totalmente grátis, desenvolvido por Martin Dougiamas, Austrália Ocidental,
em 2001.
Existe em 75 idiomas, incluindo o português, que facilita a comunicação entre
os intervenientes da comunidade escolar através da comunicação síncrona, ou
seja, em tempo real, com a disponibilização do “chat” e de salas de discussão,
relacionadas com disciplinas, temas, etc. Permite, igualmente, uma comunicação
assíncrona, através da utilização do correio eletrónico e dos fóruns de discussão.
A seguir é apresentada uma estatística da sua utilização a nível mundial, (https://
moodle.org/stats/, consulta em 20-07-2013):
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No que toca ao e-mail LiveID, 12 estudantes afirmaram ter acesso e apenas 4 não
fazem o seu uso.
Para o curso de EIC 2.º Ano, dos 18 estudantes, 17 têm computadores e apenas
um não o possui. Quanto ao acesso à internet, 16 estudantes afirmaram ter
acesso à internet nos lugares seguintes: Uni-CV e Casa, sendo que 12 têm acesso
tanto na Uni-CV como em casa e 2 apenas em casa e outros 2 apenas na Uni-
CV. Quanto à utilização da plataforma moodle, 16 estudantes confirmaram a
sua utilização anterior também nas disciplinas de Álgebra Linear e Geometria
Analítica e Electromagnetismo. Apenas 2 não a utilizaram. Sobre o e-mail LiveID,
17 estudantes utilizam o e-mail institucional, sendo assim apenas 1 não usa.
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FERRAMENTAS DO MOODLE
O moodle permite a publicação online de quatro tipos de material sem
interatividade: Página de texto e web, URL, etiqueta de texto/imagem. Por outro
lado, a versão básica do moodle disponibiliza seis tipos de material didático
interativo: submissão de trabalho, teste online, realização de referendo, lição,
inquérito, exercício.
Para além destas, existem cinco atividades eminentemente socias em que os
estudantes devem interagir uns com os outros: Chat, fórum, glossário, wiki,
workshop.
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Este tipo de trabalho, para além de permitir que o estudante envie o seu anexo,
permite a atribuição de notas, actualização de comentários e verificação do
cumprimento ou não o prazo.
FÓRUM
Esta atividade é uma das mais importantes, pois é aqui que têm lugar a maior
parte dos debates, a partilha de ideias e o esclarecimento de dúvidas. Podemos usar
o fórum para: estimular o pensamento crítico, reflexão sobre um tema proposto,
estimular o aluno a escrever a sua opinião de forma clara e ordenada, discussão
interação entre os participantes, perceber as dúvidas de muitos e intervir de
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TESTE ONLINE
O teste é um instrumento composto por perguntas: falso-verdadeiro, escolha
múltipla, correspondência, resposta curta.
As respostas são avaliadas de forma automática, permite fornecer feedback geral
para cada questão, pode ser configurado para permitir várias tentativas ou apenas
uma, permite definir um tempo para a conclusão do teste, calcula a nota final.
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GLOSSÁRIO DA DISCIPLINA
O glossário é uma lista de termos com definições como um dicionário ou
enciclopédia e pode ser utilizado como uma atividade colaborativa em que os
alunos fazem as inserções dos termos e como material de apoio.
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FÓRUNS
O fórum já foi descrito no ponto 5.1.2, bastará colocar o exemplo da sua utilização nesta
disciplina.
100
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TRABALHO
A atividade trabalho também já foi descrita no ponto 5.5.1, será apresentado o
exemplo da sua utilização.
Figura 12: Atividade trabalho
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PRINCIPAIS CONCLUSÕES
Desta experiência destacam-se alguns pontos pertinentes e que poderiam ajudar
na divulgação de algumas pistas que possibilitarão chegar a novos caminhos nas
nossas práticas educativas com apoio à plataforma moodle.
GANHOS
De acordo com os dados expostos, ficou visível que o moodle é uma
§
ferramenta que facilita as atividades do docente e dos estudantes no contexto
de aprendizagem, dado ao seu ambiente amigável e de fácil navegação;
Todos os estudantes destes cursos beneficiaram de uma pequena ação de
§
formação em utilização da plataforma moodle.
Os estudantes utilizaram a internet e poderam conhecer e explorar várias
§
outras ferramentas de apoio à aprendizagem com a utilização do moodle nos
seus estudos;
Recompensaram uma certa autonomia e responsabilizadade no
§
desenvolvimento dos seus trabalhos e de outras pesquisas;
A organização da disciplina por tópicos ou formato semanal num só espaço
§
permitiu com maior facilidade que os estudantes possam, a qualquer
momento e em qualquer lugar, interagir com o docente e com os outros
colegas, acedendo a conteúdos da disciplina, enviando mensagens de dúvidas
e esclarecimentos, deixando as suas contribuições sobre a forma de fóruns,
glossários, etc.
Todos os trabalhos efetuados na disciplina foram entregues de forma online,
§
via plataforma, não sobrecaregando assim o e-mail do docente e evitando
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DIFICULDADES
A utilização da plataforma moodle consumiu mais tempo de trabalho ao
§
docente principalmente na preparação dos e no acompanhamento das todas
as atividades dos estudantes na plataforma;
No período da realização desta experiência, a plataforma apresentou
§
problemas de limitação de espaço de armazenamento - apenas 2MB;
O mesmo acontece com a colocação de ficheiros no ambiente, há que se ter
§
em conta o uso dos caráteres sensíveis nos ficheiros;
Acesso à internet um pouco dificultada e alguns cortes de energia;
§
Considerações finais
§ Os docentes devem reunir-se regularmente para partilha das suas inovações
pedagógicas, estimularem a discussão de todos quantos se interessem por
esta área;
§ Divulgar as suas práticas apoiadas nas TIC entre a comunidade académica para
reflexões e o uso dos novos recursos de aprendizagem online existentes.
§ Exige-se um esforço acrescido e um grande desafio na elaboração de conteúdos
digitais das disciplinas, disponibilizados de forma online num único espaço de
forma seguro;
§ A Uni-CV deve criar as condições adequadas ao desenvolvimento e utilização
das TIC em contexto de ensino e aprendizagem, nomeadamente, a utilização
da plataforma moodle (criação e disponibilização de cursos online), já que se
trata de uma universidade em rede e Cabo Verde é um país insular e composto
por diversas ilhas separadas, alargando assim a sua oferta formativa;
§ Aconselha-se fazer o backup das disciplinas regularmente no moodle;
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os docentes devem reunir-se regularmente para partilha das suas inovações
§
pedagógicas, estimularem a discussão de todos quantos se interessem por
esta área;
Divulgar as suas práticas apoiadas nas TIC entre a comunidade académica para
§
reflexões e o uso dos novos recursos de aprendizagem online existentes.
Exige-se um esforço acrescido e um grande desafio na elaboração de conteúdos
§
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REFERÊNCIAS
Correia, M. L. & Inocêncio, M. L. (2013). Interacção em ambientes virtuais de
ensino e aprendizagem: que modelo de interação serve melhor a formação a
distância? Comunicação apresentada ao CEDU -2013 I Colóquio Cabo-Verdiano
de Educação (4-3 de Julho), Praia.
Costa, F. A., Peralta, H., Viseu, S. (2007). As TIC na Educação em Portugal: Local:
Porto Editora.
Elearning UniCV: www.elearning.unicv.edu.cv.
Estatísticas moodle: http: https://moodle.org/stats/
Figueira, A., Figueira A, C., Santos, H. (2009). Moodle, Criação e Gestão de cursos
online. Local: FCA.
Inocêncio, L., Pereira, M., Andrade, E., (2010). O potencial do e-Learning para além
da tecnologia um desafio emergente na Uni-CV. Local: Praia: Edições Uni-CV.
Lima, J., Capitão, Z. (2003). E-learning e e-conteudos, Aplicações das teorias
tradicionais e modernas de ensino e aprendizagem á organização e estruturação
de e-cursos. [http://www.centroatl.pt/titulos/si/imagens/e-book-ca-e-learning-
excerto.pdf]
104
PROFISSIONALIDADE E FORMAÇÃO DE
DOCENTES
A EDUCAÇÃO DOS SENTIDOS: PERSPECTIVAS E
DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA DOCÊNCIA
RESUMO
Pensar a educação é, em qualquer momento, pensar perspectivas e desafios.
Perspectivas no sentido de ver a educação de forma grande, com significado
de formação integral dos sujeitos aprendentes. Desafios como forma de
desenvolvimento dos programas de formação dos professores, evidenciando o
reconhecimento dos docentes como “profissionais da aprendizagem” (Zabalza,
2004, p. 169). Profissionais capazes de exercer o ofício a partir do desenvolvimento
das competências científica e pedagógica, mas não apenas como meros técnicos
do ensino. Como tão bem expressa Pessoa (2007, p. 03), “o educador não deverá
ser apenas um técnico, mas um tecelão de afetos consigo, com os outros, com os
textos e com os contextos”. Vivemos tempos de mudanças desagregadoras, que
exigem da educação uma nova dinâmica social, numa perspectiva de formação que
contemple fatores como a reflexão, a construção da afectividade e da esperança e
a ressignificação das emoções. Temos como objectivos deste estudo em primeiro
lugar a compreensão teórica desta nova demanda de ensinar e aprender na
perspectiva da reflexão, da construção do afecto e da esperança para os espaços
docentes. Pretendemos trabalhar com a literatura de Pessoa (2007); Zeichner
(2008); Freire (1998); Zabalza (2004), entre outros, e, por outro lado, conversar
com e através dos relatos da experiência, contextos vivenciados pelos autores
deste estudo.
Palavras-chave: educação e desafios, construção reflexiva, perspectivas
afectivas.
INTRODUÇÃO
Para iniciar este texto recorremos à presença significativa de Rubem Alves (2011)
com o seu texto “Educação dos Sentidos e Mais...” no qual o autor zelosamente
trabalha o valor dos sentidos no processo formativo das pessoas. Alves (2011) com
linguagem poética recorre ao caminho das imagens para tratar das explicações
conceituais. E a imagem utilizada pelo autor para trabalhar a educação com sentido
é das caixas que o corpo carrega a caixa de ferramentas e a caixa de brinquedos.
Seguindo sua imagem, a caixa de ferramentas o corpo leva na mão direita, mão
da destreza e do trabalho e na mão esquerda, mão do coração, é levada a caixa
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(1997), que a actividade docente deve ser uma experiência alegre por natureza. É
falso tomar como inconciliáveis a seriedade docente e a alegria, como se a alegria
fosse inimiga do rigor metódico. Mas a capacidade de brincar também precisa ser
aprendida, assim como os outros sentidos que fazem a educação ter sentido.
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REFERÊNCIAS
Alves, R. (2011). Educação dos sentidos e mais... Campinas, São Paulo: Verus
Editora.
Araújo, M. L (2008). Os sentidos da sensibilidade: sua fruição no fenômeno do
educar. Salvador: EDUFBA.
Buchmann, M. (1993) Beyond planning and decision making: Professional
development in teacher thinking In L. KREMER-HAYON, H. C. VONK & R.
FESSLER (1993) Teacher Professional Development: A multiple perspective
approach (pp. 1-21). Amesterdam: Swets & Zeitlinger B.V.
Drumonnd, C. A. (1938). Poema: No meio do caminho tinha uma pedra. São Paulo:
3º nº Revista Antropofágica.
Freire, P. (1997). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra.
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CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA
PORTUGUESA EM BENGUELA - ANGOLA
Joana Quinta
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia Lisboa - Portugal
quintajo@gmail.com
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RESUMO
A investigação tem como objeto de estudo a formação de professores de Língua
Portuguesa (LP) na Escola de Formação de Professores de Benguela (EFPB).
Os objetivos consistem em analisar os modelos de formação de professores
de LP usados no estudo de caso, para elevar o nível de formação dos mesmos.
Clarificar as políticas linguísticas implementadas no sistema de ensino.
A metodologia consiste numa análise documental com recurso a uma Análise de
Componentes Principais (ACP), elaborada no software PASW 20.0 mostrando as
relações entre as variáveis de formação recolhidas com as entrevistas.
As principais conclusões são as carências na formação de professores;
necessidade de formação de professores de LP, necessidade de contextualizar os
conteúdos de formação, nota-se a evolução da LP nos PALOPs e a relevância do
papel da LP nesses países;
A partir dos anos 60 do Século XX aprovou-se um projeto que criava Centros de
Estudos Universitários. Em 1978, depois da independência de Angola, ocorreu uma
reforma, em termos de análise de currículos. Em 2001, implantou-se a reforma
atual com o objetivo de dar respostas às necessidades do ensino.
Palavras-chave: Formação, Professores, Variação Linguística, Língua Materna,
Língua Segunda.
INTRODUÇÃO
Observam-se os modelos de formação inicial de professores que estão no
sistema de ensino em Portugal, desde o século XX. Os Modelos de Organização
da Formação, as implicações políticas e filosóficas da formação são escurecidas,
problematizando as diferentes circunstâncias sociais e educativas, pelo que a
formação ocorre.
O objeto de estudo da investigação centra-se no assunto da formação de
professores de LP. O estudo de caso é sob a Escola de Formação de Professores de
Benguela (EFPB).
O objetivo desta investigação é analisar o processo de formação de professores
de LP na EFPB, a fim de se perspetivar uma formação inicial, adequada, para
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1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Uma das províncias de Angola, designada por Benguela, com sede na cidade
de Benguela, tem uma área de 39 827 km² e tem cerca 2 110 000 residentes. A
província de Benguela localiza-se a 692 Kms da capital nacional, chamada Luanda.
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3. A capacidade de se alegrar com os avanços de cada um dos alunos para
atingirem os objectivos.” (Gomes, 1991, p. 10).
A psicologia cognitiva mostra que o indivíduo é provido de duas vias que lhe
permitem a aquisição da aprendizagem da leitura e escrita que são a via direta ou
lexical e a via fonológica. Neste contexto, o docente de LP deve criar atividades
que mostrem caraterísticas gráficas de palavras. Usar com frequência este tipo
de exercício, a fim de que os alunos guardem nas suas memórias a sequência
de grafias dentro das palavras. A via fonológica, segundo (Sousa, 2010, p. 44) “
(…) recorre a regras de correspondência fonema – grafema para transformar os
grafemas em fonemas (…) ”. Nesta via o aluno escreve tal como pronuncia. Daí a
dificuldade de transcrição gráfica, por parte de alguns alunos, no que diz respeito
às palavras irregulares.
Por outro lado, se a tecnologia traz benefícios, nota-se, também que desmotiva
no domínio da escrita, pelo fato de se omitir letras nas palavras e cada um poder
criar abreviaturas ao usar mensagem. Diante deste cenário, o professor de LP deve
criar na sala de aula, atividades de escrita e leitura, para que os alunos ganhem
apetências nesta matéria. No dizer de Rodrigues “só uma prática de leitura
contínua e sistemática poderá dar origem a bons leitores (…) “ (Rodrigues, 2012, p.
9). As novas tecnologias, por vezes podem estimular os alunos ao gosto da leitura
e da escrita.
CONCLUSÃO
A análise da formação de professores em Portugal tem sido apoiada na
problemática dos modelos de organização da formação e confirma-se que eles
são de quatro tipos como o Modelo Clássico, a Profissionalização em Exercício,
podemos caraterizá-los como empiristas e centrados, a Profissionalização em
Serviço como funcional e descentralizado e detalhado Bietápico e o Estágio
integrado funcional e descentralizado (Formosinho, 1986).
Neste seguimento, a psicologia cognitiva exibe que o sujeito é dotado de duas
vias que lhe permitem a aquisição da aprendizagem da leitura e escrita que são a
via direta ou lexical e a via fonológica. Neste âmbito, o docente de LP deve gerar
atividades que apresentem caraterísticas gráficas de palavras. Por outro lado, se
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Amorim, C. & Sousa, C. (2013). Gramática de língua portuguesa. Porto: Editores Areal.
Baldé, B. (2013). Formação de Professores de Língua Portuguesa na Escola Normal
Superior Tchico Té, Guiné-Bissau. Dissertação de Mestrado. Universidade de Lisboa.
Candé, F. (2008). A Língua Portuguesa na Formação de Professores do Ensino Básico
da Região de Bafatá – Guiné Bissau. Dissertação de Mestrado. Universidade
Nova de Lisboa.
Cardoso, J. R. (2013). O Professor do Futuro. Valorizar os professores, melhorar a
Educação. Lisboa: Guerra e Paz.
Chicumba, M. S. (2012). Formação de Professores de Português, Língua Segunda (PL2)
Em Angola: o caso da Universidade KatyavalaBwila – Benguela. Dissertação
apresentada ao Departamento de Mestrado. Universidade de Lisboa.
Chivela, D. L., Nsiangengo, P. & Fernandes, P. (2003). Currículo de formação de
professores do 1º ciclo do ensino secundário. Luanda: INIDE.
CM. (2001). Estratégia integrada para a melhoria do sistema de educação =2001-
2015.Luanda: INIDE.
Conceição, M., E. da (2012). Formação de professores e docência integrada: um
estudo de caso no âmbito dos programas nacionais de formação contínua.
Tese de Doutoramento. Universidade do Minho, Braga em: http://hdl.handle.
net/10198/6969
Coscarelli, C. V. (2008). Livro de receitas do Professor de Português. Actividades
para Sala de aula. Belo Horizonte:
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ANÁLISE DAS NECESSIDADES DE FORMAÇÃO
CONTÍNUA DE PROFESSORES DO ENSINO
SECUNDÁRIO DE CABO VERDE NO CONTEXTO
DA REVISÃO CURRICULAR
Arlindo Vieira
Universidade de Cabo Verde
arlindo.vieira@docente.unicv.edu.cv
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RESUMO
O presente estudo procura“articular a formação contínua, no contexto de
revisão curricular em Cabo Verde, nos seus modelos, processos e práticas, com
as necessidades de formação”. A abordagem metodológica remeteu-nos para a
necessidade de elaborar um guião de inquérito por entrevista e três inquéritos
por questionários, tendo em vista a recolha de dados. Inquirimos professores
experimentadores do novo programa (n=83), coordenadores disciplinares (n=47) e
orientadores de programas (n=10). Entrevistámos professores experimentadores
(n=11) e responsáveis técnicos dos serviços centrais (n=4), para além da recolha
de dados através da análise documental, com incidência no corpus legislativo,
relatórios e memorandos. Os resultados demonstram que formação contínua
de professores, poderá articular-se com as necessidades de formação, nos seus
modelos, processos e práticas, na medida em que se procura superar as deficiências
sentidas no exercício da profissão, aliadas ao modelo desenvolvimento profissional
contínuo, centrado na escola e nas reais necessidades dos professores e do sistema
educativo, assumindo, ao mesmo tempo, uma dimensão prospetiva e retrospetiva,
pesquisando necessidades potenciais e respondendo à satisfação das mesmas.
Palavras-chave: Análise de necessidades de formação contínua de professores,
Abordagem por competências, Reformas curriculares em Cabo Verde; Ensino
Secundário.
INTRODUÇÃO
A presente comunicação é resultado de uma investigação sobre “Análise das
necessidades de formação contínua de professores do ensino Secundário de Cabo
Verde no contexto da revisão curricular”e tem por finalidade pesquisar a relação
existente, no quadro do processo de revisão curricular de Cabo Verde, em curso,
entre a formação contínua de professores e suas necessidades de formação.
Num momento em que o sistema educativo cabo-verdiano atravessa fases
cruciais da sua reforma curricular, que levou à criação de uma Unidade de
Desenvolvimento Curricular (UDC) na Direção Nacionalde Educação (DNE), por
um Despacho Ministerial de 23/03/06, a publicação do novo plano curricular,
pelo Decreto- Lei nº 32 de 14 de Setembro de 2009, e a publicação da nova Lei
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relação às novas funções que lhe são exigidas e os seus desejos de um melhor
aperfeiçoamento profissional.
Uma das argumentações teóricas prende-se com o facto de que os dados teóricos
e empíricos comprovam que o processo de análise de necessidades de formação
deva recorrer as diversas perspetivas. Neste estudo, socorremo-nos da conjugação
de várias abordagens complementares, como a avaliação direta de necessidades, a
partir de uma sondagem abrangente; a exploração de perceção que os membros
de uma dada comunidade têm das suas necessidades; a determinação decorrente
das exigências de funcionamento das organizações, realizada por especialistas; e
a determinação a partir da expressão das expetativas dos indivíduos ou grupos,
recorrendo a informantes-chave, para alcançar os objetivos propostos.
Para uma argumentação metodológica, a recolha de dados reveste-se de
natureza qual-quantitativa (Seabra, 2010, Serapioni, 2000), pois, procura encontrar
a chave para um desenho metodológico em que as fraquezas de um método são
equilibradas pelas forças de outro, numa simbiose e complementaridade que
conduz a resultados satisfatórios, aproximando-nos do conhecimento mais fiel da
realidade em estudo.
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SÍNTESE CONCLUSIVA
Tanto dos resultados provenientes das entrevistas aos professores e aos demais,
como dos textos legais e documentos internos analisados, infere-se que há
necessidades de formação contínua dos professores para o aprofundamento na
área da nova abordagem pedagógica, adotada no sistema educativo, e nas áreas
para a melhoria de intervenção da sua prática letiva. Com efeito, várias vezes os
professores afirmaram não saber “elaborar situações de integração” e, sobretudo,
como “avaliar as produções dos alunos nessas situações”. Dos vários documentos
analisados, infere-se que a APC não foi, ainda, aprimorada, convenientemente,
pelos diversos agentes educativos. Depreende-se que os conteúdos abordados nas
sessões de formação são exigentes e “complexos” para uma “rápida assimilação e
aplicação” em tempo “record” que se almeja.
Assim, podemos afirmar que a institucionalização da formação contínua de
professores poderá articular nos seus os modelos de formação, na medida
em que procurará compensar ou preencher as lacunas ou deficiências da
formação inicial. Articulará, ainda, com o modelo de desenvolvimento profissional,
baseado no desenvolvimento curricular/organizacional. Poderá articular com
as necessidades nos seus processos de formação dos professores na medida
em que requer um sistema integrado e centrado na escola com base nas reais
necessidades dos professores e da comunidade educativa. Articulará, ainda, nas
suas práticas com a necessidade de formação na medida em que, no âmbito da
planificação, o processo de formação contínua assumir uma dimensão prospetiva,
pesquisando necessidades potenciais que permitissem rever e melhorar ou até
alterar programas, serviços, estruturas ou mesmo criar, de novo, outros cursos
mais condicentes, e ao mesmo tempo, em que adquire uma dimensão retrospetiva
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ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
Dado que a educação é, essencialmente, uma área de aplicação, a investigação
deverá propor algumas recomendações para eventuais alterações da prática
educativa, fundamentando-nos não só apenas nos resultados obtidos, mas
também da realidade que conhecemos de Cabo Verde. Pensamos poder fazer
algumas recomendações a considerar na elaboração dos futuros programas de
formação para professores, e passamos a enunciar, apenas as que consideramos
serem de caráter prementes: a) criar medidas legislativas para a regulamentação
de mecanismos de formação profissional contínua de professores; b) estruturar
programas de formação no sentido de integrar objetivos relacionados com:
a diversificação dos métodos de ensino; o apoio e o diagnóstico de alunos
com dificuldades de aprendizagem; a prática de pedagogias diferenciadas; as
estratégias pedagógicas de acompanhamento de alunos, articulados com as
áreas de competências de base exigida pela revisão curricular; c) promover
rede de formação contínua, assegurada, predominantemente, pelas respectivas
instituições de formação inicial em estreita cooperação com os estabelecimentos
onde todos os agentes educativos desempenham as suas funções; d) promover
atividades de formação, privilegiando as que impliquem a análise objetiva e
holística do fenómeno educativo, sobretudo, das situações conhecidas como
sendo problemáticas; e) sugere-se o abandono da lógica de APC no sistema normal
de ensino, provendo, sim, a melhoria dos programas com temas transversais e
atuais na base de pedagogias ativas, relegando a abordagem por competências
para os sistemas de formação profissionalizantes.
REFERÊNCIAS
CANARIO, R. (1994). Centros de Formação de Associações de Escolas: que futuro?
In A. Amiguinho &R.Canário, (org.), Escolas e Mudança: O Papel dos Centros de
Formação. Lisboa: Educa.
ÉRAUT, M. (1985). Inservice Teacher Education. In Dunkin, M. J. (Ed.).The
International Encyclopedia of Teaching and Teacher Education. Oxford:
Pergamon Press 2nd ed.
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REFERÊNCIAS NORMATIVAS
BO da República de Cabo Verde de 14 de Setembro de2009. I Série Nº 36.
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A REFORMA EDUCATIVA EM ANGOLA: O QUE
PENSAM OS PROFESSORES
RESUMO
A última reforma educativa em Angola, instituída com a publicação da Lei nº
13/01, de 13 de dezembro – Lei de Bases do Sistema de Educação (LBSE) –, constitui
um marco importante na história da educação daquele país. Passados dez anos
sobre a sua implementação, importa averiguar quais os efeitos que gerou junto
dos principais agentes envolvidos nesse processo – os professores.
Esta comunicação pretende dar conta de alguns resultados de um estudo
mais amplo, realizado junto de professores que lecionam em escolas do ensino
primário, ao longo do qual procurámos conhecer as suas perceções e averiguar se
as mudanças desencadeadas pela reforma educativa se aproximam ou afastam das
ideias que a consubstanciaram.
Na realização desta parte do estudo recorremos a uma metodologia quantitativa,
tendo utilizado como instrumento de recolha de dados um questionário que
aplicámos aos professores que no ano letivo de 2012/2013 exerceram funções em
escolas públicas do ensino primário na província de Benguela, em Angola.
Os resultados demonstram que a decisão curricular em Angola continua muito
centralizada, o que tem inviabilizado a construção de uma efetiva autonomia
curricular e contribuído para que os professores se limitem, essencialmente,
a cumprir aquilo que lhes é prescrito. Daí que a flexibilização, articulação e
contextualização do currículo continuem mais no campo das intenções do que nas
práticas que desenvolvem nas escolas, em particular nas salas de aulas.
Palavras-chave: Reforma educativa, currículo, profissionalidade docente.
INTRODUÇÃO
Tendo em conta que o lema central da reforma é criar condições que proporcionem
uma Educação para todos, entendida como necessária quer para o desenvolvimento
pessoal e profissional de cada indivíduo, quer para a melhoria das condições de vida
das comunidades, quer, ainda, para o desenvolvimento sustentado e o progresso
do País, considerámos pertinente averiguar se os propósitos que têm presidido a
esse empreendimento estão, de facto, a concretizar-se a nível das práticas que se
desenvolvem nas escolas e nas salas de aula.
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Só que, nem sempre reformar significa mudar. Para Gimeno (1997, p. 26), a ideia
de reforma associa-se à ideia de “remoção”, o que confere uma “certa notoriedade”
ao processo perante a opinião pública e os docentes, relegando, muitas vezes, para
segundo plano “uma política de medidas discretas mas de constante aplicação,
tendentes a melhorar o serviço da educação”. No fundo, muitas reformas criam
“sensação de movimento, geram expectativas e isso parece provocar por si
mesmo a mudança” (ibidem). É nesta ordem de ideias que Popkewitz (1997, p.
166) considera que o principal desafio de qualquer reforma é “identificar os meios
mais apropriados para alcançar os fins estabelecidos, assim como as estratégias
para aumentar a eficiência e a coordenação dos programas”. Também para Silva
(2008, p.184), uma reforma educativa “é um dos mais poderosos instrumentos
no campo da administração do ensino, e a própria ideia de reforma está também
ligada a ideia de sistema: unidade coerente composta de diferentes elementos”.
Por isso, considera que as reformas “são projetos políticos e intelectuais com forte
repercussão nas práticas, ligando as vertentes técnica e política da administração
educacional, e as componentes teórica e prática” (ibidem). Daí a sua importância
na mudança e melhoria do sistema educativo de qualquer país.
No caso de Angola, a reforma educativa e curricular é um processo que vem
decorrendo há já alguns anos com o intuito de gerar condições para criar estruturas
básicas essenciais ao sistema de ensino e implementar políticas educacionais
que garantam a modernização do sistema e o desenvolvimento de inovações
pedagógicas que tornem o ensino mais atrativo e de melhor qualidade, numa
lógica de igualdade educativa para todos os cidadãos.
Foi com base nos pressupostos que acabámos de referir que se tornou pertinente
averiguar se, no ensino primário, a reforma conduziu a uma efetiva descentralização
das decisões curriculares, se viabilizou a participação dos professores e das
comunidades educativas na vida das escolas e se conseguiu gerar mudanças nas
dinâmicas de trabalho que se desenvolvem no seu interior.
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o currículo ser definido a nível central, os professores devem ter autonomia para
recorrer a temáticas que considerem pertinentes, isto é, devem ter possibilidade
de explorar temáticas e recorrer a metodologias que permitam adaptar o currículo,
tanto ao contexto como aos estudantes, tendo em vista a melhoria das suas
aprendizagens.
No tocante à introdução de novos conteúdos nos programas, sempre que os
professores considerem necessários, as opiniões dividem-se: 46,6% dos inquiridos
assegura que recorre a outros conteúdos para além dos que estão previstos nos
programas, 39,1% assegura que não e 14,3% não se pronuncia sobre o assunto.
Se tomarmos em consideração a diferença percentual que existe entre os que
admitem e rejeitam esta possibilidade, podemos concluir que os professores não
utilizam as oportunidades de decisão que lhes estão consignadas no processo de
desenvolvimento do currículo, nem se mostram dispostos a poder usufruir delas.
Trata-se de uma situação preocupante, uma vez que ninguém melhor do que o
professor poderá tomar essas decisões, pois é ele que conhece as reais necessidades
dos estudantes. No entanto, a análise das respostas a esta questão levantou
algumas dúvidas em relação aos que afirmam recorrer a outros conteúdos, uma
vez que a extensão dos programas em vigor dificulta essa possibilidade. Por isso,
este é um assunto que merecia uma análise mais profunda, para verificar a que
conteúdos os professores se referem, porque recorrem a eles e quais os benefícios
que daí resultam para os alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluída a apresentação dos dados, importa agora fazer uma análise crítica
dos mesmos, já que, para além de permitir inferir algumas conclusões no estudo
que realizámos, permitirá constatar se, na opinião dos professores, a reforma
educativa em Angola produziu os efeitos previstos, bem como inventariar aspetos
de melhoria futura.
No que diz respeito às dinâmicas de trabalho dos professores, verificámos que
embora predomine o trabalho individual, começam a aflorar situações de trabalho
conjunto, o que demonstra que os professores têm consciência dos benefícios
que daí podem advir em termos pessoais e profissionais. Convém lembrar que
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a colaboração é um dos temas que, nos últimos anos, tem sido frequentemente
referenciado no campo da educação, uma vez que se reconhece ser uma mais-
valia na melhoria da qualidade dos processos de ensino-aprendizagem e no
desenvolvimento profissional dos professores.
Um outro aspeto digno de registo é o reconhecimento, pelos inquiridos, da
necessidade de alterar a forma como planificam e desenvolvem as atividades
letivas, o que só será possível através da mudança das suas práticas curriculares.
Não nos surpreende que esta seja uma mudança ainda muito ténue, uma vez que
envolve uma mudança de mentalidades, a que não é alheia uma transformação
dos valores, das emoções e das conceções que modelam a prática docente e a
visão sobre a educação, o ensino e a aprendizagem.
O mesmo se passa relativamente à possibilidade de recorrerem a temas que
considerem fundamentais para a aprendizagem dos alunos. Embora reconheçam
que é uma prática crucial para o sucesso educativo dos alunos, bem como para a
construção da sua autonomia, constata-se que não é, ainda, uma prática comum
nas escolas.
Porém, existe ainda uma outra questão não menos preocupante, que o estudo
mais amplo revelou e que não podemos deixar de trazer à colação. O facto de
uma maioria significativa de professores, formados para lecionarem no 1º e no 2º
ciclo, não serem portadores dos conhecimentos e das competências pedagógicas
e metodológicas necessárias para atender às necessidades dos alunos do ensino
primário. Daí a necessidade de, por um lado, aumentar a capacidade e melhorar
a qualidade da formação ministrada nas escolas de formação de professores do
ensino primário e de, por outro lado, criar condições para que os professores
que já estão no sistema possam fazer formação contínua em instituições que os
apetrechem com saberes – científicos, pedagógicos, didáticos e metodológicos
– que lhes permitam atender às necessidades de aprendizagem dos jovens que
frequentam este nível de ensino.
É que, como refere Morgado (2011, p. 808), “a necessidade de os professores
mudarem as suas práticas curriculares” é inadiável, sendo certo que “qualquer
reforma que descure este aspeto está condenada ao fracasso”. Para que isso
seja possível, é preciso que os docentes “deixem de se limitar a cumprir aquilo
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REFERÊNCIAS
Canário, R. (1992). Escolas e Mudanças: da lógica da reforma à lógica da inovação.
In A. Estrela & M. Falcão (Orgs.), A Reforma Curricular em Portugal e nos Países
da Comunidade Europeia. Lisboa: Universidade de Lisboa.
Gimeno, J. (1997). Docencia y cultura escolar: reformas y modelo educativo. Buenos
Aires: Lugar Editorial.
Leite, C. et al., (2012). Práticas curriculares no ensino da matemática: perceções
de alunos do 9.º ano de escolaridade e sua relação com a contextualização
curricular. interacções, nº. 22, pp. 83-112. Disponível emhttp://revistas.
rcaap.pt/interaccoes/article/viewFile/1537/1228 . (Consultado em 25 de
outubro de 2013)
Morgado, J. C. (2011). Identidade e profissionalidade docente: sentidos e (im)
possibilidades. Ensaio: Avaliação e Politicas Públicas em Educação, v. 19, n. 73,
793-812.
Pacheco, J. A. (2001). Currículo: teoria e praxis. Porto: Porto Editora
Popkewitz, Th. (1997). Reforma Educacional – uma política sociológica. Porto
Alegre: Artmed.
DOCUMENTOS LEGISLATIVOS
Lei nº 13/01, de 31 de dezembro – Aprova a Lei de Bases do Sistema de Educação
(LBSE). Diário da República, I série - nº 65 de 31 de Dezembro de 2001.
148
DE PAR EM PAR MULTIDISCIPLINAR: UM
MODELO DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE
PROFESSORES NO ENSINO SUPERIOR
RESUMO
O projeto “De Par em Par”, em curso na U. Porto desde 2009, pretendeu romper
com a tradição solitária de se exercer a docência no Ensino Superior e promover
práticas colaborativas que constituíssem um modelo de formação pedagógica.
O seu caráter inovador não reside na entrada de outros professores dentro da
sala de aula, mas na abertura da mesma porta ao olhar de outros professores
de outras áreas disciplinares, com outras culturas epistémicas. Contribui-se,
por isso, para o estabelecimento de ligações entre professores de diferentes
Unidades Orgânicas e para o reconhecimento necessário da alteridade que pode
produzir colaborações futuras.
O projeto foi recentemente financiado para a sua disseminação através do
programa “Projetos Inovadores no Domínio Educativo - Desenvolvimento do
Ensino Superior”, e do Concurso Inovação Didática no Ensino Superior Português
pelo que se pretende contribuir para a discussão do modelo, em arenas mais
abrangentes da Comunidade académica e contribuir para o reconhecimento do
modelo de observação de pares multidisciplinar como uma prática de formação de
professores do Ensino Superior.
Na apresentação que se propõe ao CEDU 2015, pretende-se dar conta quer dos
resultados que o projeto foi produzindo ao longo dos 5 anos da sua implementação,
quer das principais conclusões obtidas no Seminário Interinstitucional de Partilha
Pedagógica, que teve lugar no dia 6 de fevereiro na U. Porto, do qual a presente
comunicação constitui o resumo alargado.
Palavras-chave: Ensino Superior; Modelo de formação pedagógica; Observação
de Pares multidisciplinar.
1 INTRODUÇÃO
As universidades têm mudado devido à maior diversidade do seu público, assim
como aos novos desafios que as sociedades lhes colocam. Entre estas mudanças,
as questões pedagógicas têm uma enorme importância por se associarem às
finalidades da sociedade do conhecimento e da aprendizagem ao longo da vida
que o Horizonte 2020 estabeleceu para os países europeus. Paralelamente a
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2 OBJETIVOS DO PROJETO
O “De Par em Par” tem como finalidade criar instrumentos para a melhoria
da qualidade e pertinência do trabalho docente dos professores envolvidos no
projeto e, consequentemente, do ensino superior. Tomando a Universidade
do Porto como caso de estudo, pretende-se criar um modelo que possa ser
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Segundo McMahon, Barret & O’ Neill, (McMahon et al., 2007), para prevenir
o risco da perda de poder sobre o trabalho próprio é importante garantir ao
observado:
§ A liberdade de se envolver ou não na observação de pares;
§ A escolha do observador;
§ A escolha do que está em foco na observação;
§ A escolha das formas e métodos de feedback;
§ O anonimato da devolução dos dados;
§ O controlo do uso dos dados;
§ O controlo dos passos a dar no futuro.
Tendo em conta estas preocupações, a gestão interna dos quartetos é gerida
pelos próprios docentes, sem qualquer intervenção da organização do projeto,
o que garante, por um lado, a confiança interpares e, por outro, o anonimato e
confidencialidade das observações realizadas perante a organização. Compete
ao Coordenador de Quarteto, nomeado para o efeito, garantir que o quarteto
funciona regularmente, agilizando o agendamento das observações e comunicando
à organização eventuais dificuldades de ação. O esquema apresentado na A
liberdade de se envolver ou não na observação de pares;, sendo o esquema de
funcionamento mínimo esperado pela organização, não é de todo limitante.
Fica ao critério dos docentes do quarteto agendar mais observações que as
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5. CONCLUSÕES
Neste artigo foi apresentado o projeto “De Par em Par”, que visa a melhoria
do processo ensino-aprendizagem pela partilha pedagógica multidisciplinar entre
pares. O projeto utiliza um plano de investigação-ação, que pretende aliar as
tarefas de investigação com a intervenção no terreno, que a observação de pares
e respetiva dimensão reflexiva exigem. São resultados tangíveis deste projeto os
seguintes:
a. O desenvolvimento de competências auto e hetero reflexivas dos professores
do ensino superior;
b. A melhoria dos processos de ensino-aprendizagem;
c. Construção de um dispositivo de observação de aulas;
d. A disseminação da metodologia implementada no espaço lusófono.
Ao longo dos cinco anos de existência do “De Par em Par” foram registadas mais de
300 observações de aulas, resultantes da participação de perto de 200 docentes da U.
Porto no programa de observação de aulas multidisciplinar. Conclui-se, da análise de
guiões de observação, da mais-valia que a observação de pares tem para os docentes,
quer como crescimento pessoal, de enriquecimento profissional, quer pela melhoria
das práticas pedagógicas, com reflexo na qualidade de ensino na U. Porto.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o suporte financeiro concedido pela Fundação Calouste
Gulbenkian, Portugal, através do financiamento do programa “Projetos Inovadores
no Domínio Educativo - Desenvolvimento do Ensino Superior” (referência número
128176) e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, em colaboração com a
Direção-Geral do Ensino Superior, através do programa “Partilha e Divulgação
de Experiências em Inovação Didática no Ensino Superior Português” de 2014
(Processo 79/ID/2014).
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REFERÊNCIAS
Becker, T. and Troyler, P. (2001). Academic tribes and territories: Intellectual enquiry
and the culture of disciplines. Buckingham: Open University.
Knorr Cetina, K. (1999) Epistemic cultures: how the sciences make knowledge.
Cambridge/ London: Harvard University Press.
Mouraz, A., Lopes, A., Ferreira, J. M. (2013). Higher education challenges to teaching
practices: perspectives drawn from a multidisciplinary peer observation of
teaching program. International Journal of Advance Research, 1(6), 377-386.
McMahon, T., Barrett, T., and O’Neill, G. (2007). Using observation of teaching
to improve quality: Finding your way through the muddle of competing
conceptions, confusion of practice and mutually exclusive intentions. Teaching
in Higher Education 12(4): 499- 511.
O’Keefe, M., Lecouteur, A., Miller, J. & McGowan, U. (2009). The colleague
development program: A multidisciplinary program of peer observation
partnerships. Medical Teacher, 31, 1060-1065.
Pêgo, J., Ferreira, J., Lopes, A., & Mouraz, A. De par em par na U. Porto: Um
programa de observação de aulas em parceria multidisciplinar (2011). In Pedro
Iglesia (Org.), II congreso internacional de docencia universitária, 1-8. Santiago
de Compostela: Andavira Editora.Availableat. http://webs.uvigo.es/xie2011/
prog_por.html
159
FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS PROFESSORES:
REQUISITO PARA UM ENSINO DE QUALIDADE
RESUMO
O conceito de qualidade da educação é dinâmico e com múltiplos significados;
depende do espaço e tempo. Existem várias condicionantes da qualidade da
educação, nomeadamente a qualificação docente, na melhoria das condições
mínimas de lecionação e o resgate da dignidade profissional.
A questão da massificação do ensino e as suas consequências conjugada com o
fenómeno da globalização vem a colocar a nu a necessidade da aquisição de novas
competências por parte dos professores.
O objetivo deste trabalho é reconhecer a formação contínua dos professores
como forma de responder às necessidades da escola atual e de disponibilizar um
ensino de qualidade.
A metodologia utilizada é qualitativa consistindo na revisão bibliográfica e
análise denormativos.
Esse artigo apresenta um enquadramento sobre o ensino de qualidade e
a formação contínua como um garante dessa qualidade e na segunda parte
considera a abordagem utilizada por Cabo Verde de 1986 a 1999 para a realização
da formação contínua de docentes.
Palavras-chave: Formação contínua, ensino de qualidade e desenvolvimento
profissional.
INTRODUÇÃO
A qualidade na educação é um conceito dinâmico e polissémico, dependendo
do contexto histórico, cultural e temporal. No dizer da UNESCO (2001), a educação
de qualidade deve proporcionar a todos, uma participação ativa na sociedade e a
serem cidadãos do mundo.
Na segunda metade do século XX o aumento da natalidade gerou uma
superlotação de escolas. Com o aparecimento da regressão económica, a taxa de
desemprego disparou. Neste cenário, começou a surgir nas escolas uma população
heterogénea em termos de culturas e interesses diferentes (Dias, 2005).
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A QUALIDADE DO ENSINO
A questão da qualidade não se limita ao conceito polissémico e nem aos fatores
intra e extra curriculares.
Em 1972, a UNESCO implementou a noção da educação permanente, enquanto
garante do ensino de qualidade. Anos mais tarde esse organismo enveredou-se para
aprendizagem ao longo da vida assente em pilares, nomeadamente, aprender a
aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. Em 2002 uma nova
tentativa da UNESCO foi na ótica de Educação para o Desenvolvimento Sustentável
cuja ideia é implementar os princípios, as práticas e os valores do desenvolvimento
sustentável em todos os aspetos da educação e ensino. A sustentabilidade significa o
bem-estar pessoal em perfeita harmonia com o ambiente e equilíbrio com a pessoa
do outro. Nesse contexto, a educação joga um papel importante no sentido que a
sustentabilidade social e ambiental depende de aquisição de consciência e a escola
tem como missão educar consciências, (UNESCO, 2005:57, citado Gadotti, 2009).
Esse mesmo autor defende que a qualidade na escola de entre outros aspetos
passa também pela formação contínua dos docentes e pela garantia das condições
mínimas de lecionação e a par disso, o resgate da dignidade da profissão. Essa
qualidade deve ter uma abordagem sistémica, ou seja, abranger do pré-escolar
ao doutoramento, considerando que as políticas isoladas sem uma integração
orgânica dos subsistemas não redundam em sucesso.
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PROJETO EDUCAÇÃO II
Este projeto, situado entre 1997 e 2001, surgiu na continuidade do PRESE
e do PEBF (Projeto de Educação de Base e Formação). A necessidade adveio de
dar continuidade à reforma do ensino secundário geral (a generalização de
3 ciclos iniciada com o PRESE e a consolidação do ensino secundário técnico
iniciado com o PEBF. O objetivo foi de aumentar a capacidade de acolhimento
no ensino secundário construindo três liceus, melhorar a qualidade do ensino
secundário geral; reforçar as capacidades de planificação e gestão do Ministério
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da Educação e desenvolver o ensino não formal. As atividades desenvolvidas e as
componentes do projeto englobam: extensão do ensino secundário: construção
e equipamento de um liceu e expansão e equipamento de outros dois; reforço da
qualidade do ensino secundário: renovação e equipamento do Instituo Superior
de Educação; formação de 550 professores para o ensino de disciplinas do 3º ciclo
e de 5 inspetores; elaboração de programas de 3º ciclo com assistência técnica
(Escola Superior de Educação de Setúbal Portugal); apoio à pós alfabetização e
às atividades de formação profissional sobretudo de mulheres desenvolvidas
pelas ONG; gestão e planificação de educação: formação de quadros técnicos nos
domínios da planificação e administração, assistência técnica e equipamento para
o Gabinete de Estudos e Planificação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A qualidade de ensino é um conceito que depende do contexto histórico, cultural
e temporal.
Na segunda metade do século XX, houve um aumento significativo da natalidade
que originou o aumento dos efetivos escolares.
Este aumento da população escolar exigiu da escola um modelo de ensino com
características próprias dessa população.
Com a universalização do acesso ao ensino básico surge a massificação do ensino
que conjugada com o aparecimento da globalização e sociedade de informação
impõe à escola o desafio da formação contínua.
Cabo Verde na primeira década pós independência (1986-1999) consegue
promover a formação contínua dos professores, através de projetos de educação,
financiado sem regime de donativos e empréstimos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, M. (2005). Como abordar…A Construção de uma Escola Mais Eficaz. AREAL Editores.
FERREIRA, A.C (2002). La prise de décisions, participation et autonomie
dans la gestion de l’Education au Cap -Vert. Tese de Doutoramento.
FORMOSINHO, J e MACHADO, J (2009). Professores na escola de massas. Novos
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169
OS DESAFIOS DAS REFORMAS NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES NA ÁFRICA SUBSARIANA
Arlindo Vieira
Universidade de Cabo Verde
arlindo.vieira@docente.unicv.edu.cv
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RESUMO
Este texto,8 resultante de uma pesquisa de cunho teórico-descritivo-
bibliográfico, é fruto de uma análise crítica sobre a formação de professores
nos seus processos modelos e práticas. Dessa forma, consideramos pertinente
a discussão no sentido de problematizar e analisar as tendências e os desafios
das reformas curriculares nos processos de desenvolvimento profissional dos
professores no contexto da África subsariana9, discutindo algumas propostas de
modelos de formação, nomeadamente, o inicial, o de indução e o de carreira.
Defendemos que é necessário que o modelo de formação de professor se centre
numa conceção relacional cultural e construtivista em que, numa perspetiva
colaborativa, o professor desenhe o seu processo de desenvolvimento profissional
permanente numa lógica de formação baseada na análise, discussão, investigação
e resolução dos problemas inerentes à prática pedagógica efetiva, entendida como
um processo apropriativo de oportunidades educativas, vividas no quotidiano.
Concluindo, afirmamos que tanto a formação contínua como a formação inicial
devam relacionar-se de forma mais efetiva por forma a superar a conceção
academicista e tecnicista do desenvolvimento profissional, na qual o professor
individual se coloca como receptor de formação.
Palavras-chave: reformas na formação de professores no contexto africano;
modelos de formação de professores; processos de desenvolvimento profissional
Tendências das reformas na formação de professores
As transformações que ocorreram nas sociedades, essencialmente no processo
de trabalho, a partir da inserção de novas tecnologias e do esgotamento do
modelo do fordismo, tornaram imprescindível a formação de um novo tipo de
trabalhador. No cenário do modelo do fordismo, a escola formou o trabalhador
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CONCLUINDO
As escolas, os professores e as sociedades civis terão de tomar parte neste
processo e assumir as suas responsabilidades, pois estará em jogo novos desafios
de conceber a profissão docente e a educação, tarefas que não podem continuar
apenas nas mãos de Estados tendencialmente centralizadores e reguladores
sobretudo, num momento em que vários países desenvolvidos já se encontram
no prolongamento da lógica da abordagem por competências para a de projeto de
Metas educativas 2021, num cenário marcado, cada vez maior, pela materialização
do triunfo do neoliberalismo e do ensino a distância em 2027. Estes desafios colocam
a necessidade de se organizar a escola para o professor poder consciencializar
e desenvolver a sua identidade profissional, suscetível de gerar oportunidade
de responder, autonomamente, ao desafio de adequar as formas de partilhar o
saber às formas de apropriação de cada aluno, respeitando as orientações locais,
nacionais e internacionais, integrando a participação de todos os intervenientes
interessados numa educação científica, mas, sobretudo, numa educação cívica
direcionada para o desenvolvimento sustentável destes países africanos.
REFERÊNCIAS
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Educa.
CASTELLS, M. (1996).The rise of the network society. Cambridge: Blackwell
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Curriculum Studies. 1(31), 43-56.
COOLAHAN, J. (2002). Teacher Education and the Teaching Career in an Era of Lifelong
Learning. OECD: Directorate for Education. Education Working Paper (2).
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PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
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Republic of Burkina Faso for a Post Primary Education Project. Banco Mundial.
Washington D.C.
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WEBGRAFIAS
SEIA, Relatorio do Ensino Secundário na África(2007). “Na Encruzilhada: Escolhas
para o Ensino Secundário e Formação Profissional na África Subsariana.”
Departamento de Desenvolvimento. Disponível em: http://siteresources.
worldbank.org/INTAFRREGTOPSEIA/Resources/SEIA_Synthesis_portuguese.
pdf.Acesso em Abril de 2008, pelas18h34mn.
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distância na Universidade de Cabo Verde: análise de uma experiência-piloto.
Educação, Formação & Tecnologias, 3(2), 45-60. [Online], disponível a partir de
http://eft.educom.pt.
180
POSSIBILIDADES PARA UMA PRÁTICA
PEDAGÓGICA COLABORATIVA E
EMANCIPATÓRIA NA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS (EJA) NO ESTADO DE PERNAMBUCO/
BRASIL.
RESUMO
Este estudo representa uma reflexão no âmbito das políticas públicas do
Programa de Formação Continuada em Serviço para Professores do Estado
de Pernambuco, no período de 2012 a 2014. Os professores que lecionam na
Educação de Jovens e Adultos (EJA), no Ensino Fundamental e Médio, vivenciaram
em termos pedagógicos uma (re)organização curricular à luz do paradigma crítico e
emancipatório, que procurou, de acordo com o perfil exigido aos professores da EJA,
possibilitar um aprofundamento teórico-prático a partir dos seus conhecimentos
e saberes, de modo a possibilitar uma melhor atuação nas práticas formais e não-
formais. As especificidades e necessidades dos estudantes da EJA nos dias de
hoje exigem professores comprometidos, autónomos e com um perfil específico
para trabalhar na referida modalidade de ensino. A formação de professores em
serviço constitui um espaço de reflexão e debate, fundamentais tanto para o
desenvolvimento da autonomia, política e curricular, como para a produção de
material didático e a (re)organização das práticas docentes. Os resultados obtidos
revelam uma participação ativa, colaborativa, satisfatória, produtiva e significativa
dos professores que atuam na sala de aula, bem como dos professores que atuam
como coordenadores. Revelam também que a (re)organização do Projeto Político
Pedagógico, quando realizada de forma coletiva e colaborativa, é fundamental
para a superação de alguns desafios políticos, curriculares e metodológicos da
prática pedagógica na Educação de Jovens e Adultos.
Palavras–chave: Formação de Professores, Educação de Jovens e Adultos,
Política Curricular, Prática Pedagógica.
INTRODUÇÃO
A prática educativa na sua complexidade é, de fato, um desafio. Instiga o professor
a repensá-la cotidianamente, questionando e revendo conceitos para (re)significá-
la e torná-la coerente com os anseios e necessidades das diversas modalidades da
educação básica. Pela sua relevância, tornou-se uma temática foco de debates,
reflexão e questionamentos no âmbito das políticas educativas e curriculares.
Sob esse ponto de vista, politicamente e curricularmente, os professores
da educação de jovens e adultos (EJA)11, têm reclamado ao longo dos anos a
A educação de Jovens e Adultos (EJA)será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade
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14. Manual de apoio didático para a prática pedagógica da EJA, construído pelos professores e pelos
professores técnicos-pedagógicos da EJA no Estado de Pernambuco.
15. É importante ressaltar que no ano de 2012 apenas o Ensino Fundamental havia sido contemplado
com livros didáticos pelo Plano Nacional do Livro Didático EJA – PNLDEJA.
16. Professor da Rede que passa por um processo de seleção simplificada para atuar nas escolas junto
a equipe administrativa e pedagógica na (re)organização das práticas pedagógicas e curriculares e
gestão colegiada.
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17. É importante ressaltar que cada esfera assumia a ação do monitoramento. O Estado monitorava
as GREs e as escolas, enquanto os Municípios monitoravam suas escolas.
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação continuada em serviço, além de um direito, é uma oportunidade
de interação e troca de experiências, apropriação de conhecimentos entre
os pares nos mais diversos contextos em que se faz o elo entre a profissão e
a identidade do educador, que se constrói num processo histórico, dialético
e colaborativo. A identidade profissional possibilita a consciência crítica da
educação e de sua funcionalidade, que na perspetiva freireana assume um
caráter emancipador e humanizador.
Diante de tais considerações, podemos inferir que a formação continuada se
configura como possibilidade para os professores da rede estadual e da rede
municipal de ensino, mas ainda longe de dar conta da problemática das lacunas,
sobretudo da formação inicial para o professor da EJA.
No entanto, diante dos resultados obtidos, reafirmamos os seguintes aspetos:
o programa de formação continuada, além de um direito, é um espaço que faltava
para a (re)organização das aulas atividades dos professores nas escolas; é um
espaço de trabalho colaborativo entre os pares; um espaço de (re)sinificação e
(re)construção curricular; um espaço de (re)organização das práticas pedagógicas
específicas para a EJA; um espaço de escuta, embate, ponto e contraponto, mas
também de consenso, de produção, de construção e avaliação.
Outro aspeto relevante a considerar diz respeito ao ganho significativo da
modalidadade com a instituição da Gerência de Políticas Educacionais de Jovens,
Adultos e Idosos – GEJA. Do ponto de vista das políticas educativas, ganha-se
espaço para reflexões e debates; como consequência, do ponto de vista das
políticas curriculares, surgem, de fato e de direito, documentos orientadores
das práticas pedagógicas18, Manuais Escolares (livros didáticos para o ensino
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Libâneo, J. C. (2004). Organização e gestão da escola: teoria e prática.(5ª ed). São
Paulo: Alternativa.
Morgado, J. C. (2005). Currículo e profissionalidade docente. Porto: Porto Editora
Morgado, J. C; Fernandes, Preciosa; Mouraz, A. (2001). Contextualizar o currículo
para melhorar a aprendizagem dos alunos. XI Congresso da Sociedade
Portuguesa de Ciências para a Educação. (pp. 155-161) Guarda.
Morgado, J.C. (2012). Projeto curricular e autonomia da escola: das intenções às
práticas. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação (RBPAE),
27 (3), (pp, 391-408).
Pacheco, J. A. (2005). Escritos curriculares. São Paulo: Cortez.
190
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REGULAÇÃO ÉTICO-DEONTOLÓGICA
DA PROFISSÃO DOCENTE – PROJETO DE
INVESTIGAÇÃO-AÇÃO NUMA ESCOLA DO
ENSINO SECUNDÁRIO NA ILHA DE SÃO VICENTE
(CABO VERDE)19
19. Os professores Anildo Medina Coronel, Emanuel José do Rosário, Francisca Gomes Pires, João
Manuel Fonseca Fortes, Osvaldo da Rocha Lopes, Paulina Maria Lima Santos do Rosário, Salete da Luz
Rocha, Sílvia Maria Gomes Monteiro Santos Mendes, Arminda Sousa da Cruz, Cláudia Helena Gomes
Silva Évora, Filomena Maria dos Santos da Cruz Estevão, Jair Silvestre Rodrigues, José Manuel Freitas
Santos, Maria Rosa de Jesus Monteiro e Samuel Freitas Santos Lima elaboraram colaborativamente
com a autora a proposta de carta ética dos professores para a sua escola. Aqui deixamos um especial
agradecimento pelo empenho e determinação com que participaram no projecto.
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RESUMO
A comunicação apresenta o processo de construção de um instrumento de
regulação ético-deontológica de professores do ensino secundário, correspondendo
a uma solicitação de uma escola da ilha de São Vicente.
O projeto de investigação-ação decorreu ao longo de um ano e teve, até ao
momento, três fases:
§ na primeira fase do projeto, a metodologia seguida foi discussão com grupos
focais, nos quais se debateram os valores da profissão, as tarefas específicas,
os destinatários e os compromissos dos professores;
§ na segunda fase, foi distribuído a todos os participantes um dossier de leituras
e realizou-se uma sessão de formação para orientação de leitura;
§ na terceira fase, com base nas conclusões das anteriores, um grupo de
trabalho produziu uma Carta Ética dos professores da Escola. O documento
a que chegaram usando esta metodologia colaborativa inclui um conjunto
de princípios gerais (de natureza ética) e orientações práticas (de tipo
deontológico).
Palavras-chave: Ética, Deontologia, Profissão Docente
INTRODUÇÃO
A regulação ético-deontológica representa uma dimensão importante da
identidade profissional, juntamente com o reconhecimento de que a actividade
desenvolvida é socialmente relevante, a competência garantida por uma
qualificação e a existência de uma cultura profissional. A qualificação, por seu
lado, presume a formação sistemática e certificada, um corpo de conhecimentos
especializados que fundamenta a prática e, além disso, constitui condição para
a emissão de credenciais, prévia e indispensável à autonomia no exercício
profissional (Loureiro, 2006).
Simultaneamente fruto da reflexão ética dos profissionais e geradora de critérios
para apreciação e juízo sobre as suas práticas, a regulação ético-deontológica
está, apesar disso, sujeita a dificuldades, tanto se se trata de profissões mais
recentes, como no caso de outras que, embora antigas, se viram privadas de um
reconhecimento social que lhes permitisse estabelecerem agremiações próprias.
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Está neste caso, a profissão docente, tanto em Cabo Verde como na antiga
Metrópole.
Nesta comunicação, apreciamos a regulação ético-deontológica do exercício
profissional docente, e apresentamos o projeto de investigação-ação levado a
cabo numa escola do ensino secundário de São Vicente (Cabo Verde), de dezembro
de 2013 a dezembro de 2014.
ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
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2.2. METODOLOGIA
A metodologia foi antecipadamente discutida de modo global com a Direção da
Escola que divulgou o projeto e respetivos objetivos e abriu inscrições para todos
os professores que quisessem participar. Em função dos horários dos interessados,
foram definidos três grupos de discussão que funcionaram na primeira fase,
respetivamente com 23, 24 e 17 professores.
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a qual tem vindo a ser socializada durante o segundo trimestre. Prevê-se que seja
votada em Assembleia de Escola até ao final do presente ano letivo.
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Esperamos que este exemplo dos professores de uma escola secundária possa
estender-se a outras e vir a gerar uma organização profissional dos professores
e um Código Deontológico, pelo qual se afirme a profissionalidade docente, se
promova a competência ética dos professores, se “estimule o desenvolvimento
de práticas pautadas por padrões de exigência e rigor científicos, bem como de
qualidade pedagógica e inovação didática” e se “fomente uma cultura democrática
(...) entre todos os membros da comunidade educativa”.
BIBLIOGRAFIA:
Barbour, R. (2009), Grupos Focais, Porto Alegre: Artmed.
Carvalho, M.A. (2008), Do Magistério Primário ao Instituto Pedagógico de Cabo
Verde: mudam-se currículos, os tempos e as vontades, in R. Fernandes e A.C.
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Decreto-Lei 45908 (1962, 10 de Setembro). Recuperado em 2015-03-25 de http://
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Loureiro, A. (2006), O Trabalho, o Conhecimento, os Saberes e as Aprendizagens
dos Técnicos de Educação de Adultos Numa ONGD: Contribuições etnográficas
para uma renovação da Sociologia da Educação, Tese de Doutoramento
apresentada à Universidade de Trás-os-Montes.
Marçal, L. (2012), A formação inicial dos educadores: professores e professoras,
Rizoma freireano - Rhizome freirean, n. 12 Instituto Paulo Freire de España.
Recuperado em 2015-03-25 de http://www.rizoma-freireano.org/index.php/
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Monteiro, A. R. (s/d). Educação, acto político. Lisboa: Livros Horizonte
Morais, M.H. (2005), A Formação de Professores – uma nova perspectiva do
ensino da língua inglesa no ensino secundário, Trabalho de investigação
tutelado realizado para a obtenção do Diploma de Estudos Avançados, Praia:
Universidade Jean-Piaget.
202
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO DE
PROFESSORES EM ANGOLA
RESUMO
Com o alcançar da paz em 2002, Angola deu continuidade às mudanças educativas
iniciadas em 1975, após a independência.
Essas mudanças sugerem a introdução de novos materiais, de novas metodologias
e, consequentemente, de um novo perfil do professor.
Partindo da questão Qual o perfil do professor no pós-independência?, pretende-
se caracterizar os futuros professores de Língua Portuguesa, na província do
Uíge, definir as suas expetativas face à formação académica e identificar as suas
perspetivas sobre a profissão docente.
Para o cumprimento destes objetivos, optou-se por uma metodologia de tipo
qualitativo e como estratégia de investigação a recolha de fichas de caracterização
(inquérito com perguntas abertas), junto de alunos do curso de Língua Portuguesa
(ensino superior).
A análise de conteúdo destes dados revela um cruzamento entre a identidade e o
estado-nação, um estatuto privilegiado na construção da sociedade, um conjunto
de dificuldades linguísticas e materiais e o encarar da formação académica como
meio para superar essas dificuldades.
Palavras-chave: Professor, língua, identidade, Angola.
1. INTRODUÇÃO
Angola é uma jovem Nação em Paz, após um período de guerra de libertação e
outro de guerra civil, que terminou em 2002. Estes períodos de conflito deixaram
marcas no país, nomeadamente no sistema de educação.
Após a independência, desenhou-se a primeira reforma educativa que
entraria em vigor em 1978. Esta caracterizou-se “essencialmente por uma maior
oportunidade de acesso a educação e a continuação dos estudos, do alargamento
da gratuitidade e aperfeiçoamento permanente do pessoal docente.” (MED,
2011: 7). Em 1986, aquando da realização do diagnóstico ao sistema de educação,
verificou-se que o número de alunos que concluíam o ensino primário (4.ª classe)
era bastante reduzido, resultado das elevadas taxas de reprovação (Benedito,
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não saberem ler nem escrever); quantidade de cábulas feitas pelos alunos;
os professores sem formação, por isso não conseguem preparar as aulas
nem cumprir os pressupostos da Reforma Educativa, mais de 50/60 alunos
por turma (excesso); a exigência de novos materiais obrigará o professor a
deslocar-se para investigar, por isso ser professor é ser paciente, humilde e
ter amor aos outros, para lhes despertar o gosto pela aprendizagem; número
de escolas insuficiente para o número de alunos; para planificar o professor
precisa de materiais; monodocência. Estas desvantagens fazem com que os
alunos cheguem ao ensino superior a ler e a escrever mal). Nota-se ainda
um desconhecimento do processo de implementação da Reforma Educativa,
pois há quem considere que é um Sistema implementado pela UNESCO ou
que ainda está em fase de experimentação porque não identifica grandes
mudanças no Sistema de Educação. Há quem considere que este sistema
trouxe melhorias, em particular no sistema de avaliação, porém requer muita
paciência por parte dos professores.
materiais didáticos: há dificuldades de acesso, já que quase não existem
§
livrarias nem bibliotecas. Os materiais que existem são caros, pois apenas são
oferecidos pelo Ministério da Educação no ensino primário.
formação: é considerada um desafio porque está em processo de
§
desenvolvimento, porque ainda há muitos professores sem formação
específica para a sua área de lecionação (“trabalham por curiosidade”).
Faltam instituições que ofereçam boas condições de formação, quer a nível
de infraestruturas quer a nível dos materiais disponibilizados e dos docentes.
Porém, reconhecem que a capacitação de professores é uma das grandes
preocupações do Ministério da Educação.
outras informações: o professor é, ainda, definido como “o combatente da
§
linha da frente”, o “formador do homem novas/gerações vindouras”, “espelho
da comunidade/sociedade/nação”, desempenha um papel na reconstrução
social. No exercício da atividade docente, são identificadas as seguintes
dificuldades: “trabalhar num país em desenvolvimento”, ter de lidar com
pessoas de vários grupos sociais, dificuldades das vias de acesso e das distâncias
percorridas para trabalhar e estudar, trabalhar no meio rural, o aparecimento
da reforma educativa, a existência de escolas debaixo das árvores, a gestão do
tempo disponível para a aprendizagem, o número insuficiente de salas de aula
e de professores (em alguns municípios um professor é responsável por cinco
classes), o elevado número de responsabilidades, a persistência da corrupção.
Dadas estas dificuldades, alguns (futuros) professores consideram que ser
professor é um sacrifício e que a imagem do professor está desvalorizada
(salário insuficiente), por isso é necessário ter “vontade, empenho e dedicação”.
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4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
O professor do pós-independência parece ser um professor que suporta todo
um peso histórico e bélico, que fragilizou o sistema educativo. Um professor
que ainda revela inúmeras dificuldades na base do que é ser professor, isto é,
os conhecimentos linguísticos, técnicos e metodológicos, como aponta o Plano
Mestre de Formação de Professores em Angola:
212
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Para que a profissão docente deixe de ser entendida como “o único meio que
[o professor] tem para sobrevivência” (Ventura, 2013: 46) será necessário criar
condições motivadoras para o exercício da profissão, nomeadamente traçar uma
estratégia formativa que responda às necessidades de cada contexto (Bennell,
2007; Sifuna & Sawamura, 2010), que inclua uma supervisão efetiva do trabalho
do professor, para que paulatinamente supra as dificuldades enunciadas, através
da reflexão sobre a sua ação. E uma estratégia que não deixe os alunos do ensino
geral sem professor durante longos períodos, pois tal condiciona a aprendizagem,
a melhoria da qualidade da educação e o acesso à educação nos meios rurais, pois
“In any system of education, teachers play a highly significant role. Not only are
they agents of state responsible for the inculcation of vital skills and knowledge
as well as moral values, they are also agents of change functioning as community
leaders, especially in the remote settlements and urban slums.” (Sifuna &
Sawamura, 2010: 13).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Coimbra.
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INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NOS
ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA
REFLEXÃO SOBRE CONTRIBUTOS DE AÇÕES DE
FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE
RESUMO
A partir de uma inquietação sentida diante de limites em lidar com alunos com
deficiência em sala de aula regular, este estudo congrega dados de uma pesquisa
que teve como objetivo identificar ações de formação continuada ofertadas
pela Secretaria de Educação, Esporte e Lazer (SEEL) da Prefeitura do Recife
(Pernambuco/Brasil) que vêm auxiliando o professor no processo de inclusão de
pessoas com deficiência nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Tal pesquisa,
elegendo como suporte a abordagem de pesquisa qualitativa e um questionário
como instrumento de recolha de dados, teve como sujeitos 15 professoras que
vêm recebendo alunos com deficiência em sala de aula regular. E os dados obtidos,
além de apontarem para uma ausência da oferta de formação por parte da SEEL e
confirmarem que a formação do(a) professor(a) para intervir na inclusão continua
sendo um processo de responsabilidade individual, ratificam tanto a importância
e pertinência de ações de formação continuada como a urgência de se pensar a
obrigatoriedade articulada ao desenvolvimento de ações para apoiar o professor
no processo de inclusão escolar de pessoas com deficiência.
Palavras-chave: Formação continuada. Educação inclusiva. Ensino Fundamental.
INTRODUÇÃO
A defesa por uma escola inclusiva encontra, entre outros, amparo na Resolução
CNE/CEB nº 2/2001 que vem possibilitando tornar realidade a inserção de pessoas
com deficiência nas salas de aula do ensino regular. Se por um lado esta ordem de
acontecimento indica um avanço, por outro lado tem sido motivo de inquietação
por parte de professores que sentem limites em lidar com alunos com deficiência
pela falta de preparo diante de especificidades das deficiências.
Tal situação aflorou o interesse em pesquisar sobre encaminhamentos da
Secretaria de Educação, Esporte e Lazer (SEEL) da Prefeitura do Recife (PR) para
reverter tal quadro no âmbito da formação continuada. Isso porque, embora já
exista a obrigatoriedade de um componente curricular que trate da temática da
Educação Inclusiva na formação docente, ainda é a formação continuada que vem
possibilitando uma aproximação com questões da inclusão escolar.
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CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
Nesse sentido, foi realizada uma pesquisa com o objetivo de identificar ações
de formação continuada ofertadas pela SEEL que vêm auxiliando o professor
no processo de inclusão de pessoas com deficiência nos anos iniciais do Ensino
Fundamental (EFI), cujos dados estão contemplados neste estudo.
Para dar conta desse propósito o texto congrega três pontos. O primeiro trata
de questões da obrigatoriedade da inclusão na sua relação com a formação para
atender crianças com deficiência no EF1. O percurso metodológico é objeto de
atenção do segundo. E o terceiro ponto trata dos resultados, que se encontram
agregados em eixos temáticos. Nas considerações finais tanto é ratificada a
importância e pertinência de ações de formação continuada como a urgência de
se pensar a obrigatoriedade articulada ao desenvolvimento de ações para apoiar
o docente no processo de inclusão de pessoas com deficiência nos anos iniciais do
Ensino Fundamental.
REFERENCIAL TEÓRICO
A educação considerada como um agente de transformação é um elemento
de fundamental importância no processo de superação de preconceitos e de
exercício da cidadania, principalmente na luta de segmentos sociais pela inclusão
na sociedade. Notadamente quando compreendida no âmbito da afirmativa de
Santos (2003) de que “as pessoas e os grupos têm o direito de ser iguais quando
a diferença os inferioriza, e o direito de ser diferentes quando a igualdade os
descaracteriza” (p.56).
No âmbito desse movimento surge em vários países o debate acerca da educação
inclusiva, a partir do reconhecimento de que não era mais possível que as pessoas
com deficiência vivessem em ambientes segregados, por notaram que suas
habilidades mesmo que restritas poderiam ser mais desenvolvidas no convívio
com crianças do ensino regular (Mantoan, 2006). Notadamente tendo por base
a compreensão de que “tratar as pessoas diferentemente podem enfatizar suas
diferenças, assim como tratar igualmente os diferentes podem esconder as suas
especificidades e excluí-los do mesmo; portanto, ser gente é correr sempre o risco
de ser diferente” (ibidem, p. 17).
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METODOLOGIA
O debate sobre a Educação Inclusiva, notadamente no que diz respeito a
obrigatoriedade da matrícula de alunos com deficiência em salas de ensino regular,
vem apontando para a necessidade e pertinência de se refletir sobre a formação
continuada como um elemento de fundamental importância no processo de inclusão.
Nesse quadro, conforme já explicitado, a pesquisa teve como propósito identificar
ações de formação continuada que vêm auxiliando o professor no processo de
inclusão de alunos com deficiência nos anos iniciais do Ensino Fundamental. E
apoiando-se na abordagem de pesquisa qualitativa que, de acordo com Minayo
(1996), privilegia o universo das significações, a investigação teve como campo a
Rede de Ensino da Prefeitura do Recife e como objeto privilegiado ações de formação
continuada ofertadas pela SEEL. E como sujeitos de pesquisa professores lotados
em três escolas que permitiu contemplar 2 das 6 Regiões Político-Administrativas da
Cidade do Recife21, 1 escola localizada na RPA4 e 2 escolas na RPA5.
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Segundo dados da SEEL, relativos ao censo de 2012, um total de 2.156 alunos com
deficiência estava sendo atendido no âmbito da Rede, distribuídos em 25 creches
e 186 escolas – contando com professores itinerantes, que atendem na sala de
recursos ou como volantes, e 19 salas especiais. Na RPA4 estavam matriculados
317 alunos com deficiência e na RPA5 estavam matriculados 332.
Na escola localizada na RPA4 encontravam-se matriculados 31 alunos com
deficiência, dos quais 20 com Deficiência Intelectual (DI), 6 com Deficiência Física
(DF), 3 com baixa visão e 2 cegos. Nas escolas localizadas na RPA5, ambas de
médio porte, numa estavam matriculados 13 alunos com deficiência, dos quais
11 DI, 1 com Deficiência Auditiva (DA) e 1 DF. E na outra escola encontravam-se
matriculados 27 alunos com deficiência, dos quais 25 DI, 1 DA e 1 com baixa visão.
A pesquisa contou com a participação voluntária de 15 professoras, das quais 5
da escola localizada na RPA4, 4 professoras de uma das escolas localizadas na RPA5
e com 6 professoras da outra escola. Todas essas professoras têm curso superior,
a maioria em Pedagogia, e apenas 4 não tem curso de especialização. No geral
têm experiência mínima de um ano atuando com alunos com deficiência e em sua
maioria atendem a crianças com deficiência intelectual.
Os dados foram recolhidos através de um questionário e para tratamento do
material recolhido foi utilizado o procedimento da análise de temática. E para
dar conta deste procedimento foram definidos 3 eixos orientadores da análise. O
primeiro eixo relacionado a um mapeamento das ações de formação continuada
ofertadas pela SEEL, o segundo referente as ações de formação continuada docente
que vêm auxiliando no processo de inclusão de alunos com deficiência, e, por fim,
o terceiro eixo congregando características de ações de formação continuada que
vêm possibilitando um auxílio ao docente no processo de inclusão de alunos com
deficiência.
RESULTADOS
Antes de dar a conhecer os resultados segundo a temática de cada um desses
eixos, serão explicitadas as dificuldades sentidas pelas professoras no processo
de inclusão de alunos com deficiência no EF1. Em sua maioria, as dificuldades
explicitadas estão relacionadas com lacunas na formação, falta de condições no
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CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
ambiente, falta de conhecimento científico e específico para lidar com o aluno com
deficiência, ausência de apoio pedagógico.
Ainda foram acrescidas a essas dificuldades a questão de salas inadequadas,
falta de materiais para o trabalho e falta de apoio pedagógico através da formação
continuada. Mas, no geral, os depoimentos das professoras estão em consonância
com as inquietações que estão na base deste estudo, reafirmando que as escolas
não se encontram preparadas e indiciando a importância de ações de formação
continuada específica para a atuação junto a alunos com deficiência.
Essa situação é ratifica por Souza e Oliveira (2009) quando apontam para a
falta de formação específica como um grande dilema das professoras, por não se
sentirem preparadas para atuarem nesse novo contexto que é a inclusão, além
disto, também apontam para falta de apoio pedagógico. Inclusive essas autoras
afirmam que “o magistério, na educação inclusiva, deve partir do pressuposto de
que ensinar a todos, não significa ensinar tudo, da mesma forma, a todos, com
os mesmos objetivos e formas de avaliação. É preciso considerar as diferenças”
(ibidem, p. 5).
No que diz respeito ao primeiro eixo houve a impossibilidade de mapear as
ações de formação continuada para auxiliar o docente no processo de inclusão
de alunos com deficiência, diante da resposta unânime da ausência de formação
continuada desta ordem. E, corroborando com o depoimento dos professores,
num levantamento junto a SEEL foi constatado que nada tem sido feito em relação
a ações de formação continuada no âmbito da educação inclusiva para apoiar
professores do EF1.
Embora, conforme documento disponibilizado pela Gerência de Estatística,
Avaliação e Pesquisa (GEAD), tenha sido ofertado curso de Libras para professores
e a comunidade em geral, Curso do Sistema Braile e uso do Sorobã para professores
do Atendimento Educacional Especial (AEE) e do ensino regular e Formação
Continuada (presencial e a distância) e em serviço para, respectivamente,
professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Mas tratou-se de
ações voltadas para especialistas e ausência de formação para aqueles que sentem
dificuldades, como no caso das professoras sujeitos da pesquisa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, é possível afirmar que os dados revelam que a Secretaria de
Educação, Esporte e Lazer da Prefeitura do Recife ainda está distante de cumprir
com as exigências da obrigatoriedade de garantir a inclusão de alunos nas séries
iniciais do Ensino Fundamental, do ponto de vista da preparação docente para tal
– embora comece a alterar essa ordem de acontecimento através da promoção de
um curso de especialização em educação inclusiva.
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CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
REFERÊNCIAS
Albuquerque, E, & Machado, L. (2009). Resistências e impossibilidades nas
representações sociais de inclusão de professoras. Anais da 32ª Anped, Brasil, 1-15.
Declaração de Salamanca (1994, 7-10 de junho). Sobre Princípios, Políticas e
Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Salamanca, Espanha:
UNESCO.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação n. 5.692 (1971, 11 de agosto. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Ministério da Educação.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação n. 9.394 (1996, 20 de dezembro). Estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Ministério da Educação.
Magalhães, R. (Ed.). Educação Inclusiva: escolarização, política e formação docente.
Brasília: Editora Liber, 2011.
Mantoan, M. (2006). Igualdade e diferenças na escola: como andar no fio da
navalha. In V. Arantes (Ed.). Inclusão escolar (pp. 15-30). São Paulo: Summus.
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CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
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RELAÇÃO DO PROFESSOR ITINERANTE COM O
PROFESSOR DO ENSINO REGULAR NA INCLUSÃO
DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
RESUMO
Inserido no debate sobre educação inclusiva este estudo trata da atuação do
professor itinerante, na sua relação com o professor do ensino regular, no processo
de inclusão de alunos com deficiência nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Para tanto, congrega dados de uma pesquisa que teve como suporte a abordagem
qualitativa, o questionário como instrumento de coleta, como campo a Rede de
Ensino da Prefeitura do Recife (Pernambuco/Brasil) e como sujeitos professores do
ensino regular e itinerantes. E os dados recolhidos ao mesmo tempo que apontam
que a relação do professor itinerante com o professor do ensino regular, no processo
de inclusão da criança com deficiência, necessita superar o paradigma da integração,
revelam possibilidade de superação de tal paradigma ao indiciar que tanto o
professor itinerante como o professor de ensino regular reconhecem que o diálogo
e a parceria entre os segmentos da comunidade escolar é que torna possível uma
atuação compartilhada. Neste caso, o estudo ratifica a pertinência da compreensão
da relação de completude entre as partes envolvidas no processo de inclusão de
crianças com deficiência na esfera social em geral e no âmbito escolar em particular.
Palavras-chave: Professor Itinerante. Educação Inclusiva. Ensino Fundamental.
INTRODUÇÃO
O final do século XX foi palco de um acelerado processo de mudanças que deram
visibilidade, entre outras, a pertinência da inserção de pessoas com deficiência
no ensino regular em oposição ao caráter segregador do ensino especializado.
Embora essa ordem de acontecimento venha representando um avanço, o
despreparo docente para lidar com a obrigatoriedade da inserção vem apontando
para a necessidade da reflexão sobre esse processo.
Nesse quadro, este estudo congrega dados de uma pesquisa que teve como
objetivo identificar o lugar que vem ocupando o professor itinerante no processo de
inclusão de alunos com deficiência nos anos iniciais do Ensino Fundamental (EF1).E
para dar a conhecer os resultados o texto inicia por tratar da educação inclusiva
na sua relação com a figura do professor itinerante. O percurso metodológico
é objeto de atenção do segundo ponto e o terceiro trata dos resultados. Nas
considerações finais é ratificada a importância e pertinência do diálogo entre o
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OS ACHADOS
Para dar conta do propósito do estudo os dados foram sistematizados tendo por
referência os seguintes eixos: Concepções de professor itinerante; Características
da atuação do professor itinerante na sua relação com o professor do ensino
regular; Limites e possibilidades da atuação do professor itinerante e, por fim,
sugestões para viabilizar a atuação do professor itinerante.
No tocante a concepção de professor itinerante foi identificada uma compreensão
deste profissional como guiando os fazeres inclusivos na comunidade escolar;
como um apoio a sala de aula; como suporte da área de Educação Especial atuando
nas escolas; como mediador da inclusão guiando os fazeres inclusivos junto à
comunidade escolar. Essas concepções apontam para a compreensão do professor
itinerante como um profissional que atua nos vários segmentos do âmbito escolar,
principalmente no sentido de integrador da criança com deficiência na sala de aula.
Nesse sentido, os dados revelam que o professor itinerante é visto como o
profissional que atende ao aluno com deficiência, complementando o trabalho do
professor de sala. E ratificam o afirmado por Cavalcanti (2007), de que o “professor
itinerante é visto como a peça chave da integração escolar. Esse profissional viria
ser o elemento de ligação – elo – entre a sala de aula e o aluno com deficiência,
entre o aluno e o professor do ensino comum”(p. 33).
No que diz respeito às características da atuação do professor itinerante no
processo de inclusão de alunos com deficiência no EF1, o marco característico da
atuação deste professor resume-se ao atendimento a criança com deficiência no
processo de ensino aprendizagem e sua socialização (integração). Foi explicitado
que a falta da formação continuada para o professor regular, no que diz respeito
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Nesse quadro foi sugerido para uma melhor atuação do professor itinerante a
instalação de SRM no sentido de proporcionar um melhor atendimento a criança
com deficiência e a parceria entre os que constituem a comunidade escolar,
juntamente com a oferta de formação continuada que contemple a pedagogia
inclusiva.
As sugestões viabilizadoras de uma atuação itinerante têm em comum oferta
de formação continuada aos professores do ensino regular, de implantação de
SRM e a parceria entre os segmentos da comunidade escolar. Ainda é de ressaltar
a sugestão do aumento do número de professores itinerantes, mais apoio da
secretaria de Educação e acesso a programas de assistência à criança com
deficiência, para complementar o trabalho inclusivo.
No computo geral, os dados ratificam a importância atribuída à SRM, a oferta
de formação continuada aos professores do ensino regular, o diálogo entre os
pares da comunidade escolar, e o apoio dos órgãos públicos responsáveis pela
acessibilidade da inclusão como sugestões pertinentes no processo inclusivo
escolar e consequente atuação do professor itinerante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos dados apresentados é possível afirmar que o professor itinerante
é concebido como profissional que atende as peculiaridades da criança com
deficiência, podendo atuar em todos os segmentos da escola como agente
da inclusão. Nesse sentido, ele é o professor quando atua em conjunto com o
professor de ensino regular na sala de aula ou SRM, é agente inclusivo quando atua
fora destas – sendo a sua atuação em dois lugares e com propostas diferentes, em
uma prevalece o didático-pedagógico como prioridade para inclusão e na outra
a inclusão como prioridade para assegurar o didático-pedagógico. Mas ainda
persiste a visão do papel do professor itinerante como integrador, em decorrência
do distanciamento de ações inclusivas coletivas, principalmente quando a SRM é
utilizada para atender a diferença de forma isolada.
Acentuando o peso imposto por tal visão, os limites da atuação do professor
itinerante encontram-se na ausência de recursos físicos, materiais e humanos para
o atendimento dos alunos com deficiência, a falta de formação para os professores
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REFERÊNCIAS
Cavalcanti, N. (2007). O papel do professor itinerante face à inserção da pessoa
com deficiência no ensino regular: significando e ressignificando a itinerância.
Dissertação de Mestrado não publicada, Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, Pernambuco, Brasil.
Declaração de Salamanca (1994, 7-10 de junho). Sobre Princípios, Políticas e Práticas
na Área das Necessidades Educativas Especiais. Salamanca, Espanha: UNESCO.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação n. 9.394 (1996, 20 de dezembro). Estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Ministério da Educação.
Magalhães, R. (Ed.). Educação Inclusiva: escolarização, política e formação docente.
Brasília: Editora Liber, 2011.
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CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
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ENSINO DAS LÍNGUAS E BILINGUISMO
A QUESTÃO LINGUÍSTICA EM CABO VERDE: UM
ESTUDO DE CASO: 18 “VOZES” OUVIDAS NO
ÂMBITO DA REFORMA DO ESTADO
RESUMO
A insatisfação relativa à língua nacional e à língua oficial é generalizada no país.
Surpreendente é não haver uma política linguística para cada uma delas, pensada
claramente, divulgada e assumida. Conhecer a natureza e o grau dessa insatisfação
seria útil para a tomada de decisões políticas sobre a matéria e a conquista dos
cidadãos para elas.
Seria importante estudar o que pensa sobre isso uma amostra representativa
da população do país, para o que não possuímos os meios. Todavia, conhecemos
as respostas de dezoito cidadãos, oriundos de todas as ilhas, com diversas idades,
formações e atividades profissionais. Foram ouvidos no âmbito da Reforma
do Estado, à qual pertence, naturalmente, a questão linguística. As entrevistas
aparecem na revista Vozes das Ilhas, outubro 2014.
No estudo, recorremos às metodologias de “estudo de caso” e de “análise de
conteúdo”. Ambas apresentam capacidade produtiva perante o objeto de estudo
e revelam-se complementares uma da outra.
Pensamos, no final, alcançar uma teorização que decorre da interpretação e
compreensão dos dados. Estes interrogam permanentemente aquelas operações num
movimento circular que se, por um lado, as consolida, por outro, também as questiona.
Palavras-chaves: português, crioulo, oficialização, língua oficial, língua nacional.
0. INTRODUÇÃO
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0.2. METODOLOGIA
Recorremos ao estudo de caso (Carazo, 2006), conscientes da sua fragilidade,
mas, também, da sua eficácia analítica, e ao percurso próprio da análise de
conteúdo (Moraes, 1999).
Segundo Carazo (2006: 167, o estudo de caso é uma investigação qualitativa que
“mede e regista a conduta das pessoas envolvidas no fenómeno estudado” (2006:
167). Como limitações, tem carência de rigor, influência do investigador no percurso
e nas conclusões e ausência de generalização (2006: 171-172). Todavia, citando
Yin (1989), Carazo (2006: 169) refere que nele estamos perante a “generalização
analítica” de uma “amostra teórica” e não uma “generalização estatística” de uma
“amostra representativa”, usando-se para “ilustrar, representar ou generalizar
uma teoria. Deste modo, também os resultados do estudo de caso podem
generalizar-se a outros que representem condições teóricas similares” (2006: 173).
Trata-se, assim, “do desenvolvimento de uma teoria que pode ser transferível para
outros casos. Por isso, alguns autores preferem falar de transferibilidade em vez de
generalização, na investigação de natureza qualitativa.”
Parte-se das perguntas de investigação e propostas teóricas (Carazo, 2006: 179),
que enquadram o problema e correspondem à preocupação do investigador. As
etapas seguintes são: seleção da amostra e definição das unidades de análise – o
que poderá acontecer entre os quatro e os dez indivíduos / casos (Carazo, 2006:
183-184); recolha – podendo recorrer-se a várias fontes, relacionando-as entre
si (triangulação); e análise da informação – que, na investigação qualitativa, o
essencial é produzir uma explicação do problema (2006: 185-186).
A última etapa é aqui auxiliada pela análise de conteúdo, metodologia usada
para “descrever e interpretar todo o tipo de documento e texto” (Moraes, 1999:
2). Eis as suas etapas: preparação das informações, unitarização ou transformação
do conteúdo em unidades, categorização ou classificação destas em categorias,
descrição e interpretação (Moraes, 1999: 4-5).
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1. RECOLHA DA INFORMAÇÃO
Tomamos a informação e o tipo de amostra presentes em Vozes das Ilhas24, de
outubro 2014, que constituímos em corpus. São 18 opiniões de cidadãos cabo-
verdianos sobre o tema, representando as ilhas e dois países da diáspora. Segundo o
seu organizador, Vicente Lopes (2014: 2-3), são “ ‘vozes’ que representam a ideia do
Cabo Verde […] neste 40º aniversário da independência nacional”. Dois objetivos se
destacam para o nosso tema: “Recolher subsídios para apoiar na [sic] formulação de
políticas públicas […]; Consensualizar opiniões […]” (Santos: 2014: 240).
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de uns, opõem outros a evidências das práticas; onde alguém apela às regras
outrem afirma a expressão de uma liberdade. O maior grupo remete a decisão
para o futuro.
A categoria (5) Posição perante o português apresenta esta língua aceite e
inquestionável, todos lhe desejando o maior cuidado.
A categoria (6) Posição perante o ensino do português mostra insatisfação com
métodos e conteúdos; o retrocesso na qualidade da formação de professores e
do perfil de saída dos diplomados de todos os níveis de ensino, limitando-os quer
na emigração, até para os PALOP, quer no acesso à literatura cabo-verdiana, em
português.
5. ELABORAÇÃO DA TESE
Aqui chegados, uma tese ganha consistência: a sociedade cabo-verdiana e
os seus membros vivem um impasse perante a questão linguística no seu país,
fraturante em vários azimutes. Como sair dele? Pelo esclarecimento amplo, pelo
debate franco, pelo diálogo aberto, propiciadores de uma catarse das imagens
feitas (ou fantasmas, em linguagem psicanalítica) do crioulo e do português,
atribuídas aos outros, como acontece com o termo e conceito de “ideologia”. Essa
magna tarefa seria atribuível a uma Fundação – entidade proposta por um dos
entrevistados para os crioulos – denominada Fundação para as Línguas de Cabo
Verde: o primeiro passo para a almejada política das línguas cabo-verdianas,
crioulo e português, necessitadas de investimento grande a três níveis – descrição
linguística, ensino e imagem ou marketing.
CONCLUSÃO
Pretendemos com este trabalho conhecer melhor a questão linguística em Cabo
Verde, a partir das “vozes” de 18 cidadãos, presentes na revista Vozes das Ilhas, de
outubro 2014. As metodologias seguidas revelaram-se adequadas e levaram a uma
conceptualização e explicação do problema e à tese formulada no final. Esperamos
que este estudo de caso permita aumentar a compreensão da questão e partir
para outros casos, que tragam novos olhares, para que as soluções cheguem cada
vez mais esclarecidas.
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REFERÊNCIAS
Carazo, P. C. M. (2006). El método de estúdio de caso. Estratégia metodológica
de la invetigación científica. In Pensamento e Gestión, nº 20, pp. 165-193.
Universidad del Norte, ISSN 1657-6276.
Ceia C. (2011). Aprender uma língua Segunda. In Carmen Muñoz et al. Aprender
uma Língua Segunda (pp. 59-79). Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos
Santos, Apoio da Porto Editora.
Conceição, M. C. (2011). Prefácio, in Carmen Muñoz et al. Aprender uma Língua
Segunda (pp. 5-8). Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, Apoio da
Porto Editora.
Duarte, D. A. (2003). Bilinguismo ou Diglossia (2ª ed.). Praia: Spleen Edições.
Lopes, A. M. (2011). As Línguas de Cabo Verde. Uma Radiografia Sociolinguística.
Tese de Doutoramento. Universidade de Lisboa. Lisboa. Portugal.
Lopes, J. V. (2014). Prefácio. In Vozes das Ilhas, Revista da Reforma do Estado,
Edição Especial. Praia: Outubro 2014.
Moraes, R. (1999). “Análise de conteúdo” In Revista Educação. Porto Alegre, v.
22, n. 37, pp. 7-32 (“http://cliente.argo.com.br/~mgos/analise_de_conteudo_
moraes.html, consultado em 19/2/2011).
Rosa, J. (2010). Discursos Linguísticos e Realidades nas Salas de Aulas. Praia: Uni-CV.
Santos, C. (2014). “Posfácio”. In Vozes das Ilhas, Revista da Reforma do Estado,
Edição Especial. Praia: Outubro 2014.
Silva, A. C. (2010). “Prefácio”. In João Rosa, Discursos Linguísticos e Realidades nas
Salas de Aulas. Praia: Uni-CV.
Vozes das Ilhas, Revista da Reforma do Estado, Edição Especial. Praia: Outubro 2014.
248
EDUCAÇÃO BILINGUE EM MOÇAMBIQUE. UM
ESTUDO DE CASO, NA PROVÍNCIA DE GAZA,
CENTRADO NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO
ENSINO BÁSICO
RESUMO
Em contextos como o de Moçambique que apresenta uma diversidade linguística,
o uso de mais de uma língua no ensino é quase que obrigatório. Assim, urge a
necessidade de formalizar a Educação Bilingue (EB) nas escolas moçambicanas. A
modalidade de EB em Moçambique é de transição e manutenção, nas primeiras
classes (1ª, 2ª e 3ª) usa-se a língua local como meio de instrução e o Português é
uma disciplina, a partir da 4ª classe há uma inversão. Dessa estratégia o aluno deve
estar em condições na 5ª classe de enfrentar o exame nacional, que é feito em
língua oficial Portuguesa, para transitar do 1º para o 2º grau. O trabalho tem como
problema esta interrogação: De que modo o programa curricular de Educação
Bilingue se traduz nas práticas pedagógicas nas escolas do Ensino Básico que usam a
língua Portuguesa e Changana no distrito de Bilene, na província de Gaza? O estudo
empírico é de natureza qualitativa e quantitativa, com a utilização de técnicas de
recolha de dados como a análise documental, entrevistas, questionário e provas
escrita e oral aos alunos. Do estudo conclui-se: i) Não existe um programa de
base especificamente para EB; ii) Há incongruência entre o programa e as práticas
pedagógicas e iii) Os alunos apresentam maior dificuldades de compreensão, na
escrita do que na oralidade, nas provas de conhecimento nas disciplinas básicas
(Português e Matemática) em língua Portuguesa.
Palavras-chave: Educação Bilingue; Currículo e Práticas Pedagógicas
1. INTRODUÇÃO
Em Moçambique, para além do Português, que é língua oficial, encontramos mais
de 20 línguas nacionais africanas que são faladas por um pouco por todo o país.
Ngungaet al (2010, p. 9) mostram que, “vários estudos feitos após a independência
(Lopes, 2009, Martins, 1992, Ngunga, 1985, 2008, Nhongo, 2009, entre outros) têm
vindo a revelar que as crianças são, por um lado, penalizadas por não dominarem
a língua que é usada como meio de ensino e, consequentemente, por outro, o
sistema educativo tem vindo a registar grandes perdas de toda a ordem”. Para
justificar o pressuposto, Benson (2000) diz que todo o currículo foi baseado num
modelo do Português Europeu, o que significa que as artes da linguagem são
projetadas para falantes nativos de Português e que o conteúdo acadêmico é mal
250
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
2. PROBLEMA DE PESQUISA
O modelo de Educação Bilingue aplicado em Moçambique, inicia no 1º ciclo a
lecionação com a língua, materna, nesse caso Changana/Xichangana26, como meio
de instrução e o Português como disciplina, somente ao nível da oralidade. A partir
do 2º ciclo, concretamente na 4ª classe, há uma inversão da língua de ensino, que
passa a ser feita em Português e a língua Changana é usada como disciplina. Os
alunos de EB só iniciam a aprender a escrita na língua Portuguesa a partir da 3ª classe.
No entanto, os alunos na 5ª classe, que é a última classe do1ª grau, para passarem
para o 2ª grau, são submetidos a um exame nacional em língua Portuguesa. Esta
situação exige que os alunos, da EB, estejam minimamente habilitados em termos
de competência linguística em língua Portuguesa (compreensão na leitura, escrita
e oralidade) para fazer face aos mesmos, compreendendo o que se pede em cada
exame e, consequentemente, dar respostas corretas de forma que lhes garanta a
26. Entenda-se que estamos a referir a mesma língua, a primeira escrita no vocabulário ortográfico
da língua Portuguesa e a segunda da própria língua.
251
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nota positiva para transitarem de classe. Em função dessa situação, de forma a não
nos dispersarmos, pretendemos encontrar resposta relativa a pergunta de partida.
Segundo Quivy e Campenhoudt (2008, p. 44), “com esta pergunta, o investigador
tenta exprimir o mais exatamente possível aquilo que procura saber, elucidar,
compreender melhor.
A pergunta de partida que serviu de primeiro fio condutor da investigação, é
apresentada da seguinte forma:
De que modo o programa curricular de Educação Bilingue se traduz nas práticas
pedagógicas nas escolas do Ensino Básico que usam a língua Portuguesa e Changana
no distrito de Bilene, na província de Gaza?
No seguimento de Tuckman (2000, p. 38), quando postula que, “o problema
formula-se melhor em forma de questão (na medida em que é distinto da
formulação declarativa da hipótese, derivada do mesmo problema) ”. Pacheco
(2006, p. 14), a propósito e centrado na educação mostra que “(...) a investigação
educativa está centrada na busca de respostas para questões problemáticas, mas
desde que não se reduza a realidade a uma mera pergunta”.
Os objetivos decorrentes do problema são formulados do seguinte modo:
i. Analisar o processo de concepção do programa curricular de Educação
Bilingue, atendendo às questões teóricas sobre a conceção de um programa
curricular;
ii. Relacionar o programa de Educação Bilingue com as práticas pedagógicas
considerando a formação dos professores, as metodologias de ensino e o
material didático;
iii. Avaliar o desempenho dos alunos que se encontram a frequentar a 5ª
classe, através de prova escrita e oral, nas disciplinas básicas (Português e
Matemática) em língua Portuguesa.
3. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
3.1 METODOLOGIA
A abordagem que escolhemos para esta investigação é uma abordagem mista de
natureza qualitativa e quantitativa, na base do pressuposto de que cada método
possui caraterísticas próprias e são adequados a propósitos de uma investigação
específica.
252
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27. Todas as transcrições dos dados foram feitas pelo entrevistador, como assegura Woodsapud
Pacheco (1995, p. 102), que mostra que “o entrevistador é o melhor transcritor por mais tédio que
essa tarefa possa parecer”.
253
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4. CONCLUSÕES
Com à análise e discussão dos dados teóricos e empíricos, chegamos as seguintes
conclusões principais, divididos nos três objetivos enunciados:
i) Sobre a análise do programa curricular do 1º ciclo de EB, o programa apresenta
os aspetos nucleares de concepção de um programa curricular. Porém não faz
menção a nenhuma língua materna a ser utilizada no ensino, apenas explica que a
língua a adotar será da escolha da própria escola, podendo ser uma língua local da
zona ou não. O que revela uma certa inconcisão no instrumento que serve de guia
para o processo de ensino e aprendizagem.
Os objetivos no programa curricular são extensivos, quer para alunos bilingues,
quer para monolingue e, os mesmos se organizam de maneira mais específica
nos programas das disciplinas. Isso nos mostra que apesar do Ensino Básico ter
duas modalidades de ensino, o fim último é que os alunos tenham as mesmas
competências e habilidades que se esperam no PCEB sem distinção.
Os temas são relevantes para o contexto e o nível de ensino, em que tratam no
caso da L1 e L2 de temas relacionados com Família, Escola, Comunidade, Ambiente,
Corpo Humano e Saúde.
Tomando em consideração que a língua Portuguesa é a língua que será usada a
partir do 2º ciclo em diante, como língua de instrução, a carga horária da disciplina
de Português devia ser acrescentada para as duas classes, que compõem o 1º ciclo
(1ª e 2ª), de forma a permitir que, as crianças estejam expostas muito tempo em
contato com a língua Portuguesa, a semelhança do que acontece na L1. Isso para
garantir o equilíbrio na aprendizagem das duas línguas e assegurar que os alunos
nas classes subsequentes estejam em condições de usar com alguma facilidade a
língua Portuguesa que será o canal de transmissão de conhecimento.
Ainda sobre os temas, no plano temático das disciplinas de Língua Moçambicana
e de Matemática, para o 1º ciclo, que são ministradas na língua Changana, os
conteúdos aparecem em Português e há necessidade de se especificar por
escrito a língua local a ser usada e que as disciplinas que são ministrada na
mesma língua, tenham os seus temas e conteúdos nessa mesma língua, para que
haja clareza do que tem de ser dado e para facilitar o trabalho dos professores.
254
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28. (Bolívar,2007, p. 21)
29. Ibid
255
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256
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Lopes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
257
ENSINO DA ESCRITA EM LÍNGUA FRANCESA:
ANÁLISE DE UM MANUAL. CONCEÇÕES E
PRÁTICAS DOS SUPERVISORES
RESUMO
Esta comunicação incide sobre conceções e práticas de escrita em Francês
no ensino secundário em Cabo Verde. Objetivos: caracterizar as propostas de
aprendizagem da escrita num manual de Francês do 2.º ciclo do ensino secundário;
caracterizar as conceções de escrita dos supervisores; comparar as conceções
de escrita do manual com as dos supervisores; caracterizar práticas supervisivas
no ensino da escrita. A pesquisa insere-se num paradigma interpretativo e de
natureza descritiva, com recurso a uma grelha de análise do manual e ao inquérito
por questionário a supervisores de estágio de Francês. Resultados: predomínio de
uma conceção redutora das práticas de escrita no manual, sobretudo concebida
como produto, conta a da escrita como processo, com possível reflexo nas práticas
pedagógicas dos professores. Os supervisores têm uma visão mais atual da
escrita, mas com algum desfasamento em relação às suas perceções das práticas
supervisivas, sobretudo a falta de apoio e informação aos estagiários sobre a
escrita e análise de práticas à luz de referenciais teóricos. Há necessidade de mais
formação neste campo, que facilite um olhar crítico sobre os manuais e as práticas
supervisivas.
Palavras-chave: Didática das línguas. Processo da escrita
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Mestrado em Ciências da Educação,
na Área de Especialização em Supervisão Pedagógica na Educação em Línguas
Estrangeiras, na Universidade do Minho. Integra uma investigação sobre a escrita
em Francês no ensino secundário em Cabo Verde, visando pesquisar em que
medida é promovida a competência de escrita no manual analisado e conhecer
as conceções e práticas dos supervisores, no contexto de estágio, no âmbito da
promoção do ensino da escrita, na disciplina de Francês do ensino secundário em
Cabo Verde.
O estudo apresenta os seguintes objetivos:
§ Caracterizar:
1. as propostas de aprendizagem da escrita num manual escolar de Francês do
2º ciclo do ensino secundário;
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2. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
Esta investigação insere-se num paradigma interpretativo e é de natureza
descritiva, implicando o recurso a uma grelha de análise de um manual e ao
inquérito por questionário. O estudo decorreu em 2008/2009 e integrou um grupo
9 supervisores no contexto de estágio no ensino secundário em Cabo Verde: 4
docentes de Francês na Universidade de Cabo Verde e 5 nas escolas secundárias na
ilha de Santiago (3 na cidade da Praia, 1 em São Domingos e 1 em Santa Catarina).
Fez-se uma abordagem indutiva combinada com uma abordagem dedutiva,
decorrentes da literatura acerca da escrita e da pedagogia da escrita.
Através da triangulação de dados foi possível tornar os resultados mais sólidos e
credíveis. A validade do estudo foi assegurada pelo rigor na recolha e tratamento
dos dados, o que garante a sua fiabilidade.
2.1. O MANUAL ANALISADO
O manual analisado intitula-se Le Mag 2 (Hachette, 2006), da autoria de Céline
Himber, Charlotte Rastello e Fabienne Gallon, e é dirigido a alunos com grau de
proficiência A1-A2 em francês, de acordo com o Quadro Europeu Comum de
Referência. Os objetivos são funcionais e adopta uma progressão em espiral. É
composto por um livro do aluno (LA), um caderno exercícios (CE), dois CDs e um
guia para o professor (GP), analisados em função dos objectivos traçados. Este
manual apresenta quatro competências-chave – a compreensão oral, a produção
oral, a compreensão escrita e a produção escrita –, mas acentua sobretudo as
actividades de compreensão e produção oral.
O LA apresenta 13 actividades de produção escrita. Na seleção dessas atividades
para a análise, não foram incluídas as que visam desenvolver outras competências
(por ex. gramaticais ou de leitura).
O CE segue a mesma estrutura do LA, facilitando a identificação das actividades
dando uma certa autonomia ao aluno para poder fazer exercícios de revisão da
matéria. O CE apresenta 25 atividades de produção escrita.
O GP é um suporte complementar do manual, destinado aos professores, com
propostas de exploração do LA. Fornece algumas pistas didáticas, apelando a uma
abordagem comunicativa na exploração das actividades.
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4.ANÁLISE DE DADOS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação ao ensino-aprendizagem da escrita, o manual apresenta alguns
desfasamentos relativos ao que é desejável. Apresenta actividades variadas, mas os
processos de escrita, as competências mobilizadas e as características textuais não
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REFERÊNCIAS
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da Escrita. Braga: Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho.
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ENSINO DAS CIÊNCIAS: PERSPETIVAS
ATUAIS
ENSINO DAS CIÊNCIAS: PERSPETIVAS ATUAIS
APRENDER E EXPLICAR CIÊNCIAS FORA DA
ESCOLA – INDAGAÇÕES SOBRE A RELAÇÃO
ENTRE JOVENS E EXPLICADOR
RESUMO
Nesta comunicação parte-se de conhecimentos de âmbito internacional sobre
o fenómeno das explicações em educação porém acrescenta-se a especificidade
de uma outra abordagem centrada na relação dos jovens e do explicador, com
enfoque especial sobre o aprender e explicar ciências fora do contexto escolar.
Começa-se então, por problematizar o desencanto e a fuga que as disciplinas de
matemática, física e química geram nos jovens, ao longo do seu percurso escolar,
procurando sistematicamente ajudas ao nível das explicações para a compreensão
dos conteúdos e para a melhoria dos resultados escolares mas fora da escola.
Afinal o que é ser explicador em ensino de ciências? Neste âmbito e para este
trabalho trazemos o recorte das entrevistas de discussão focalizada realizadas com
o explicador e os jovens no contexto doméstico das explicações.
Na compreensão do decurso deste processo de ensino - aprendizagem
podemos afirmar que o Explicador atua no espaço de interação que é mediado
entre os saberes e a relação de ajuda e a confiança mútua que se estabelecem
entre os intervenientes na explicação nomeadamente, através da qualidade da
comunicação e da relação entre explicador e explicandos. Ao (re)conhecermos
diferentes práticas e interações educativas temos como objetivo conseguir
melhorar o trabalho escolar, através do olhar o ensino das ciências para uma maior
equidade e justiça educativa no meio escolar.
Palavras-chave: Ensino das Ciências, Aprender e Explicar Ciências, Equidade na
Escola
INTRODUÇÃO
Esta comunicação pretende alargar o debate em torno do ensino das ciências
na atualidade ao propor olhar o desafio de ensinar ciências, através da partilha de
um conjunto de preocupações, dinâmicas e dispositivos em desenvolvimento no
contexto português, no âmbito de uma equipa envolvida na área de investigação
dos estudos sobre escolas e juventudes. Neste meandro de interesses em
investigação surgiu a pesquisa em curso intitulada “Ciências Fora Escola” (CFE)30
em desenvolvimento no Norte de Portugal, com o propósito de atingir as seguintes
30. Trata-se de um projeto em curso que reúne um pequeno grupo de investigadores com práticas e
saberes diversificados, mas interesses em comum em torno das pedagogias e o desafio do ensino das
ciências. Tem ainda a particularidade de incluir na equipa dois jovens estudantes do ensino secundário.
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aprender suscita e exige. Percebe-se que foram livres na opção que tomaram ao
escolherem aquele explicador, sendo o critério de escolha o testemunho de outros
colegas e familiares que são ou foram seus explicandos:
“Nós viemos para as explicações dele porque os meus pais já o conheciam e o
meu irmão mais velho, que agora está na Universidade já foi explicando dele […]”
ou ainda dizem: “Foi a minha colega que me sugeriu este explicador, ela disse-me
que poderia ser bom para mim face ao meu perfil de aluno […]” e “Soubemos do
“M” pelos nossos colegas.”
A relação educativa que se estabelece ou estabeleceu de acordo com os
jovens é de natureza afetiva e de ajuda, o Explicador no decurso do processo de
aprendizagem protagonizado(a) pelo aluno(a) atua no espaço intermédio entre o
saber adquirido ou não na sala de aula e o estudo individual do próprio aluno com
vista a uma adequada assimilação dos conceitos abordados no decurso das aulas.
Evidentemente que nesta relação de trabalho educativo - Explicador/ Explicando
é imperativo que o primeiro seja portador de conhecimento científico correto
e rigoroso sobre os conteúdos programáticos que vai partilhar com o seu aluno
(explicando). O trabalho desenvolvido só pode ter sucesso, se se estabelecer uma
relação de confiança mútua entre os intervenientes na explicação. Essa relação
exige que o Explicador procure de forma cuidada avaliar as dificuldades do aluno
assim como os receios ou medos que este possui face à tarefa de trabalho que lhe
é proposta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por inúmeras e legítimas que sejam as diferentes considerações sobre o
fenómeno das Explicações, parece-nos útil, em função do que este trabalho
preliminar recolheu, acrescentar um novo olhar sobre o conceito, os protagonistas
e as consequências mais ou menos diretas que esta forma de ensino produz num
qualquer Sistema de Ensino atual.
Tendo em conta as premissas deste trabalho e a preocupação de melhor
entender o processo de aprendizagem através do que nos dizem os jovens,
podemos salientar modos de trabalho pedagógico diferenciado entre a atividade
do professor e a do explicador. O primeiro desenvolve uma prática contextualizada
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282
ESTUDO EXPLORATÓRIO DAS DIFICULDADES
ENCONTRADAS NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
EM MATEMÁTICA, POR ALUNOS DO 6º ANO DE
ESCOLARIDADE
RESUMO
Perante as recorrentes dificuldades na resolução de problemas em Matemática,
apresentadas pelos alunos do ensino básico, a autora desenhou um estudo
exploratório, com vista a esboçar o fundamento científico para as dificuldades
encontradas. Trabalhando com alunos do 6º ano de escolaridade de uma escola
básica, da Praia, a autora considerou a idade, o género, o Q.I., o aproveitamento
escolar e a compreensão leitora dos alunos como variáveis intervenientes nos
resultados, assim como o professor, a heterogeneidade da turma, o clima da sala de
aula e a atitude dos pais desses alunos, face ao sucesso escolar em Matemática. O
estudo ainda decorre, mas dos resultados encontrados, parece emergir uma forte
correlação entre a compreensão leitora e as dificuldades na resolução de problemas.
Palavras-chave: resolução de problemas; dificuldades de aprendizagem;
compreensão leitora; bilinguismo.
INTRODUÇÃO
A descolonização de Cabo Verde fez emergir o uso do crioulo como língua
alternativa à língua do colonizador, a qual passou a ser considerada como a língua
oficial. Sem entrar em considerações de ordem linguística sobre se o crioulo é, ou
não, uma língua no sentido estrito e rigoroso que os linguistas perseguem – que
para mim, enquanto formadora de professores de Matemática, é um assunto lateral
– dei-me conta, nas minhas práticas profissionais, que muitas vezes os estudantes
parecem ter dificuldades em compreender o sentido exacto das palavras, quando
questionados em português. Essa dificuldade parece apresentar um cunho
transversal, pois tanto se manifesta nos alunos com bom aproveitamento escolar,
como naqueles que apresentam um aproveitamento mais fraco. Ora acontece
que, muitas vezes, os problemas são colocados no âmbito da aprendizagem em
Matemática, utilizando a língua oficial, quer sob a forma escrita, quer sob a forma
oral. Tal facto pode colocar questões de compreensão leitora aos alunos que, ou
por incapacidade de raciocinar na língua oficial, ou de compreendê-la ou, ainda,
por uma qualquer outra razão, se sentem confusos e incapazes de encontrar a
resposta para as questões levantadas.
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METODOLOGIA SEGUIDA
Considerando o número de alunos que apresentam dificuldades na resolução de
problemas em Matemática resolvemos realizar um estudo exploratório três escolas
do ensino básico onde nos era fácil penetrar, não só porque se situa na mesma
cidade em que habitamos, mas também porque conhecíamos pessoalmente a(s)
professora(s) de Matemática do 6º ano de escolaridade.
A nossa hipótese de trabalho radica no bilinguismo. Na verdade, o facto de a
língua materna se sobrepor ao uso escolar da língua oficial tem como consequência
uma aparente falta de domínio da língua portuguesa, o que pode provocar uma má
compreensão dos enunciados dos problemas e, consequentemente, o insucesso
no encontrar de soluções correctas para os problemas propostos. Assim, depois de
contabilizar os alunos que apresentavam dificuldades na resolução de problemas
no universo do estudo, considerámos três categorias de variáveis: As referentes
aos alunos, ao contexto de sala de aula e aos pais e encarregados de educação. No
primeiro caso, considerámos: a idade, o género, o Q.I., e a compreensão leitora; no
segundo caso, considerámos: o professor, a heterogeneidade da turma31 e o clima
da sala de aula; finalmente, no terceiro caso, considerámos: a atitude dos pais face
ao sucesso escolar em Matemática.
Na caracterização do universo do estudo, utilizámos as variáveis da idade e de
género. A «compreensão leitora» foi medida de duas formas distintas: através
da aplicação da bateria de testes NARA32II e da resolução de um exercício, que
implicava: a) para traduzir em linguagem Matemática uma determinada expressão
oral33; b) para escrever o raciocínio usado na resolução de um problema34. O «Q.I.»
foi medido através da aplicação das Matrizes Progressivas de Raven. Na variável
«Professor» apenas o uso que diz fazer do crioulo caboverdiano em sala de aula.
O «clima de sala de aula» foi caracterizado pelas interacções aluno-professor,
professor-aluno e aluno-aluno. Finalmente, a variável «a atitude dos pais face ao
31. Não considerámos o tamanho da turma por se tratar de um estudo exploratório e por o universo
do estudo ser demasiado pequeno
32. Neale Analysis of Reading Ability;
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IMPLEMENTAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
O trabalho experimental decorreu numa escola de ensino básico da cidade da
Praia, abrangendo todos os alunos que frequentam o 6º ano de escolaridade.
Como referimos havia que considerar três categorias de variáveis: as referentes
aos alunos, ao contexto de sala de aula e aos pais/encarregados de educação.
Começando pela última, constatamos não ser possível avançar ainda qualquer
conclusão dado que o número de questionários recolhidos é ainda muito
reduzido (2%).
Relativamente ao clima de sala de aula resolvemos abandonar o
aprofundamento dessa análise dado que a metodologia adoptada (expositiva)
e o tipo de interacções resultantes se verificaram idênticos nas situações em
causa pelo que não havia lugar a qualquer juízo divergente. Talvez quando o
número de docentes do estudo aumentar, encontremos ângulos e manifestações
susceptíveis de uma análise mais focalizada.
Este estudo exploratório deteve-se apenas no estudo da variável referente aos
alunos, cujos resultados apreciamos a seguir.
RESULTADOS
A investigação a que nos propusemos ainda está a decorrer visto que esta é
apenas a parte exploratória de um projecto mais ambicioso que continuaremos a
desenvolver. Este facto explica o número reduzido dos dados recolhidos, o que não
nos permite, para já, um tratamento estatístico mais poderoso.
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Dito isto, e no que respeita aos dados recolhidos sobre os sujeitos deste estudo,
constatámos a existência de uma uniformização em termos de idade que nos levou
a descartar este item.
Quanto ao género, não encontramos qualquer pista para a problemática do
bilinguismo, dado que a investigação disponível sugere que, no processamento
da linguagem escrita, o desempenho dos rapazes e das raparigas não difere
significativamente, excepto na velocidade desse processamento e, isto, apenas no
1º ano de escolaridade35.
Quanto às outras categorias a considerar na variável referente aos alunos, elas
revelam alguns aspectos com interesse que iremos partilhar convosco.
Em primeiro lugar a medição do nível de inteligência geral através das Matrizes
Progressivas de Raven, permitiu-nos acautelar que os sujeitos desta amostra
se apresentavam dentro dos parâmetros da normalidade. Pretendemos ainda
estabelecer correlações entre as três séries (A, Ab e B) das Matrizes e as operações
cognitivas inerentes às tarefas exigidas pela resolução de problemas de Matemática.
A capacidade de compreensão foi medida através da Neale Analysis of Reading
Ability- second, traduzida e adaptada à língua portuguesa por Trindade (1998).
Apesar do seu reduzido número, os resultados já apurados parecem apontar
para uma forte correlação entre a compreensão e a resolução de problemas em
Matemática, para os alunos observados.
Tudo aponta para um forte significado estatístico nas correlações entre os
resultados do teste de compreensão leitora, por um lado e, por outro, o de resolução
de problemas apresentados na forma escrita utilizando a língua oficial.
Foi também possível identificar algumas das dificuldades de aprendizagem em
Matemática que oportunamente iremos relacionar com os níveis de processamento
linguístico na língua materna e na língua oficial das crianças que observámos.
Dá-se um passo na confirmação da ligação estreita entre a compreensão leitora e a
resolução de problemas. Esta última, contudo, merece uma atenção mais detalhada,
na medida em que as relações detectadas deixam ainda algumas dúvidas que iremos
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colmatar através da análise mais fina dos resultados do teste de inteligência geral,
como atrás referimos.
Através do cruzamento de variáveis iremos perceber o sentido do emparelhamento
das tarefas constantes das duas áreas de conhecimento (Língua Portuguesa e
Matemática) no ciclo de escolaridade em estudo. Mas parece, desde já, perceptível
a relação significativamente relevante entre o processamento do português escrito
e oral e a resolução de problemas matemáticos.
Caso nos seja possível introduzir neste estudo uma metodologia experimental, talvez
possamos comprovar se a instrução em certos skills específicos do processamento
da informação na língua escrita oficial de Cabo Verde, ajuda a superar as dificuldades
em Matemática, principalmente, ao nível da resolução de problemas escritos.
É todo um campo de pesquisa extremamente relevante cientificamente e
socialmente útil aquele que se nos oferece no horizonte próximo.
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292
GEOGEBRA NA DESCOBERTA DE
POTENCIALIDADES COGNITIVAS DE PROBLEMAS
GEOMÉTRICOS
RESUMO
O Software GeoGebra é um instrumento moderno e inovador no processo
ensino-aprendizagem ao nível do ensino secundário. Permite colocar ênfase no
professor, no seu desenvolvimento criativo na produção de “novos” problemas.
Esta ferramenta é hoje indispensável no trabalho diário do professor e pode ser
aplicada conforme os objetivos, entre os quais: resolução, análise e descoberta
de potencialidades cognitivas de problemas, por meio da construção de figuras
geométricas, que satisfazem às exigências textuais/enunciado, com base em
definições, axiomas e teoremas convenientes. Trata-se de uma pesquisa alicerçada
na vasta experiência de elaboração de provas das Olimpíadas Nacionais de
Matemática (desde o ano 2000), com o envolvimento dos docentes do ensino
secundário e do ensino superior.
Palavras-chave: geometria, software geométrico GeoGebra, potencialidades
cognitivas de problemas.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho, de carater qualitativo, é uma pesquisa alicerçada: 1) na vasta
experiência de elaboração de provas das Olimpíadas Nacionais de Matemática
(desde o ano 2000); 2) na experiência de formação contínua de professores ao
nível do Ensino Secundário (2009 – 2011), no âmbito do projeto “EDULINK”
– Qualificação de professores em países Lusófonos, com o envolvimento de 20
(vinte) docentes do ensino secundário, na qualidade de formandos; 3) e bem assim,
nos vinte e cinco anos de experiência letiva, adquirida ao nivel do ensino superior,
enquanto formadoras.
Segundo a investigadora, RODRIGUES (2012: 2):
‘O professor pesquisador de sua própria prática alia investigação e ensino: em
face de um problema didático, submete-o a exame crítico, resolve-o da melhor
maneira possível e divulga sua solução. Este trabalho beneficia o próprio
professor e os alunos, gera conhecimento e desenvolve a cultura profissional da
comunidade de referência’.
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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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1. APLICAÇÕES PRÁTICAS:
Na formação contínua de professores de matemática do ensino secundário,
realizada nas escolas secundárias: Constantino Semedo, Achada Grande e Abílio
Duarte (2009-2011) e nas sessões de resolução de problemas geométricos com
os professores responsáveis pela preparação dos alunos-olímpicos, (por docentes
equipolentes a treinadores-olímpicos, FURTADO, 2011), que envolvia os Softwares
dinâmicos: Cabri-3D e GeoGebra, notou-se a qualidade catalisadora dos últimos na
descoberta de PCP.
A título de um exemplo, descreve-se um processo de descoberta de PCP,
realizado com a ajuda de GeoGebra. Assim, pode sê-lo o problema proposto nas
Olimpíadas de Matemática de Cabo Verde (2012):
Problema N1: Numa circunferência as cordas AC e BD intersetam-se no ponto P. As
perpendiculares a AC e BD traçadas pelos pontos C e D, respetivamente, intersetam-
se no ponto Q. Mostrar que as retas que contêm AB e PQ são perpendiculares.
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Nesta etapa, convém pensar sobre as questões seguintes: “Que posições relativas
entre as cordas dadas podem ocorrer? Como os comprimentos das cordas podem
influir na demonstração?” A partir de tais auto-interrogações surgem “pistas”, que
abrem portas para “novas” invenções!...
DEMONSTRAÇÃO:
7. Identificação e separação de dados: tanto daqueles de que se dispõem
como daqueles por solicitar.
Neste processo, as questões que podem inquietar o professor, entre outras, são:
“Que dados devem ser mantidos e quais podem ser alterados? Dessas alterações,
vão surgir situações mais simples ou mais complexas?”
8. Procura de ligações entre os “dados” e “solicitações” do problema,
escolha do caminho de construção do raciocínio; formulação de hipóteses a
serem testadas.
As etapas 1ª e 2ª da demonstração não dependem de meios “exteriores”
modernos (computadores e respetivos softwares) disponíveis ao professor e só se
realizam a partir de uma base sólida dos conhecimentos do mesmo.
Refletindo sobre o problema proposto, observa-se que as retas, que contêm [AB]
e [PQ], são envolvidas na construção de triângulos, cuja semelhança poderá levar à
conclusão pretendida. Logo vem a hipótese: ∆BPR~∆QPD.
Se for assim, tendo em conta que em triângulos semelhantes os ângulos
homólogos são iguais, obteríamos : (BRP) ̂=(QDP) ̂=90°, i. e. as retas que contêm
[AB] e[PQ] são perpendiculares e o objetivo será alcançado.
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de relações existentes entre os elementos do mesmo problema. Após criação de
um conjunto de novos desafios, o professor deve passar para a seguinte etapa:
Elaboração de uma estratégia para preparar os alunos a enfrentar os desafios de
nível de dificuldade superior. Isso pressupõe a organização do processo ensino-
aprendizagem em conformidade com o grau de dificuldade e de complexidade
dos problemas, criados por meio de PCP, ordenando-os segundo a lógica “do mais
simples ao mais complicado”.
Assim, com vista a reforçar as ideias acima expostas, vejamos agora como é que
os recursos de GeoGebra podem ser explorados na resolução de problemas não-
estandardizados de nível das Olimpíadas de Matemática da CPLP (Angola – 2014):
Problema N2: No quadrilátero convexo ABCD, sejam P e Q pontos dos lados BC
e DC, respetivamente, tais que ∠BAP=∠ DAQ. Mostre que se a linha que une os
ortocentros dos triângulos ABP e ADQ é ortogonal a AC, então as áreas desses
triângulos são iguais.
CONSTRUÇÃO DE DESENHO:
DEMONSTRAÇÃO:
∆AQ_1 H_2~∆AA_2 D (Critério AA,∡H_2 AQ_1=∡DAA_2 – comum) ⟹
AQ_1/AA_2 =(AH_2)/AD ⟹ AQ_1∙AD=AH_2∙AA_2
∆ABA_1~∆AP_1 H_1 (Critério AA,∡ABA_1=∡P_1 AH_1 – comum) ⟹
(AP_1)/(AA_1 )=(AH_1)/AB ⟹
AP_1∙AB=AH_1∙AA_1. Daí, AQ_1∙AD= AP_1∙AB.
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CONCLUSÃO
As potencialidades cognitivas de um problema, descobertas no processo da
sua análise, e formuladas em problemas novos, simples ou complexos, ajudam ao
professor a ter uma visão mais sólida sobre os conteúdos, lecionados no Ensino
Secundário e aprofundados na preparação de alunos-olímpicos. O Software
GeoGebra é indispensável nesse processo, todavia, deve ser aplicado ao ensino
com a devida precaução.
Na perspetiva como foi desenvolvido este tema, o foco está centrado no
professor e no seu profissionalismo, enquanto garante principal e elo de ligação
304
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
BIBLIOGRAFIA:
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305
O ENSINO E APRENDIZAGEM PRÁTICA DA
GEOGRAFIA NO SUBSISTEMA DO II CICLO DO
ENSINO GERAL, NO NAMIBE - ANGOLA
RESUMO
Pretende-se apresentar nesta comunicação o trabalho realizado no âmbito de
uma investigação, em curso, sobre o ensino e aprendizagem prática da geografia
no subsistema do II ciclo do ensino geral, no Namibe - Angola. Com a investigação
pretende-se: identificar as causas que motivam o insucesso no processo de ensino
e aprendizagem prática da geografia, e relacionar o processo de formação de
professores de geografia com as práticas de ensino-aprendizagem implementadas,
fundamentalmente nas escolas de formação de professores do Namibe - Angola.
1. INTRODUÇÃO
Desenvolve-se nesta comunicação o trabalho realizado no âmbito de uma
investigação, em curso, sobre o ensino e aprendizagem prática da geografia no
subsistema do II ciclo do ensino geral, no Namibe- Angola. Partindo dos pressupostos
identificados no problema sobre o processo de ensino e de aprendizagem da
geografia e recorrendo a um quadro teórico centrado no campo da didática da
geografia e na teoria do currículo, os principais elementos nele integrante, como
sendo, o plano curricular, os conteúdos programáticos, o ensino realizado pelos
professores e a aprendizagem dos alunos.
2. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
O problema de investigação incide no processo de formação académica dos
alunos afectos ao subsistema do II ciclo, do ensino secundário geral. Verifica-se
que os alunos terminam o ciclo da sua formação sem aprendizagem prática do
ensino da geografia. Pois que, os mesmos deparam-se com sérias dificuldades na
caracterização e interpretação dos (fenómenos) elementos e factores geográficos
em geral, e na compreensão dos elementos do ambiente que os rodeia. Face ao
problema enunciado a presente investigação procura verificar se as razões do
insucesso dos alunos se relacionam com as características do currículo nacional,
com a falta de aprendizagem prática da geografia nas escolas, ou se estão
relacionadas com o processo de formação de professores.
307
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
3. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO
Selecionamos três (3) escolas do I Ciclo do ensino secundário com uma amostra
de vinte e sete (27) alunos, numa primeira fase e seleccionados da seguinte forma:
uma escola do I ciclo do centro Urbano, uma periurbana e uma terceira do campo.
Destas seleccionaremos; Três (3) alunos da 7.ª classe, Três (3) alunos da 8.ª classe,
Três (3) alunos da 9ª classe, numa ordem qualitativa, isto é, um aluno tido como
o melhor da sala, um tido como médio e outro tido como o menos forte dos dois.
Por outro lado, trabalharemos com os professores que leccionam a geografia
nestas referidas escolas, que em número são, apenas, seis (6). Aparentemente,
é um número reduzido, mas não é, pois o referido número explica-se pelas
características lectivas e curriculares do Ciclo em causa e das horas atribuídas à
disciplina de geografia. E, por fim duas escolas do II Ciclo, também já seleccionadas,
nomeadamente: A escola weliwítschia Mirabilis do Namibe sede, e António
Agostinho Neto do Tômbwa, com a mesma metodologia selectiva atrás referida.
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CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
outro para professoras, dois para alunos, uma sala de professores, um laboratório
de Química uma sala para a coordenação, estreito Hall onde funciona a Une Angola,
uma Direção e Subdirecção Pedagógica.
2. Escola António Agostinho Neto (Tômbwa)
É uma instituição do II Ciclo do ensino geral, situa-se no município do Tômbwa,
construída de fibra cimento, é pequena, possui nove salas de aulas, funcionando
nos três turnos, isto é, manhã, tarde e noite. Em função do número de salas de
aulas, a escola possui quarenta turmas, sendo dezoito das ciências humanas, treze
de económico - jurídicas e nove das ciências físico-biológicas. Dai que na razão de
40 alunos por turma, apresenta (1.741) mil setecentos e quarenta e um alunos, e
um número de professores na ordem de 57.
309
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
310
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
6. ESTRUTURA CURRICULAR
O Currículo do II Ciclo do ensino geral é composto por:
1. Uma área de Ciências físicas e Biológicas está vocacionada para os alunos que
pretendam seguir cursos de Engenharia (Construção Civil, Mecânica, Química,
Informática, Matemática, Geologia, Engenharia Geográfica, Geofísica e outros),
Medicina, Ciências Biológicas e Enfermagem Superior.
2. Uma área de Ciências Económico-Jurídicas está orientada para os cursos de
Economia e do Direito.
3. Uma área de Ciências Humanas, vocacionada para cursos de Línguas, História,
Geografia, Filosofia, e outras afins.
4. Uma área das Artes Visuais, orientada para o acesso aos cursos de Artes
Plásticas, Música, Arquitectura, Desenho e afins. “ Artigo 19.º da Lei de Bases
do Sistema de Educação”.
311
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
CONCLUSÃO
Finalmente, salientando as apetências de compreender as causas que motivam
a fraca aprendizagem prática da geografia no II ciclo e em escolas do II Ciclo do
ensino geral, propomos desenvolver uma sequência metodológica qualitativa e
quantitativa, consubstanciada no seguinte:
1. Análise do currículo de geografia ministrado no subsistema do II ciclo de ensino
secundário Geral e em escolas de formação de professores que nos permitirá
contribuir para a compreensão e explicação das causas que motivam a fraca
aprendizagem prática de geografia.
2. Analise dos conteúdos programáticos ministrados no subsistema do II ciclo de
ensino secundário Geral e em escolas de formação de professores, bem como
em escolas do I Ciclo seleccionadas, sendo que uma do capo, outra da periferia
e por último uma do centro urbano;
3. Propor uma calendarização para a prática de campo a ser cumprida nos finais
de cada trimestre, antes mesmo do período de férias dos alunos, a fim de
aliar a teoria a prática, uma vez que os tempos lectivos na disciplina são muito
reduzidos.
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312
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
313
O ENSINO DA MATEMÁTICA E A AVALIAÇÃO
EXTERNA DE ESCOLAS: UM ESTUDO COM
PROFESSORES DO 1.º E 2.º CICLOS36
36. Este trabalho é financiado por Fundos FEDER através do Programa Operacional Fatores de
Competitividade – COMPETE e por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a
Tecnologia no âmbito do projeto PTDC/CPE-CED/116674/2010.
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
RESUMO
Os processos e práticas de educação e formação portugueses estão cada vez mais
integrados em agendas globalmente estruturadas, cujo eixo de influência se situa
no quadro comum das políticas da União Europeia e de organismos transnacionais
como a OCDE (Pacheco, 2009).
A avaliação tem vindo a assumir, nas últimas décadas, um papel central,
extrapolando a sua importância para além do campo da educação (Afonso, 2010). O
destaque atribuído à avaliação das escolas decorre de duas tendências que marcam
a generalidade dos países europeus: a descentralização de meios e a definição de
objetivos nacionais e de patamares de resultados escolares (Eurydice, 2011).
Utilizando a análise político-económica da globalização na educação e fazendo
também uma abordagem crítica às políticas de partilha (Takayama, 2013), pretende-
se analisar a mediação das pressões das políticas curriculares de homogeneização
e estandardização dos resultados (Afonso, 2012; Santiago, Donaldson, Looney &
Nusche, 2012) e a sua influência nos professores de Matemática.
O presente estudo quantitativo envolve a realização de um inquérito por
questionário aos professores do 1.º e 2.º ciclos de Matemática do Ensino Básico,
onde se averigua de que forma o modelo de avaliação externa de escolas,
implementado em Portugal desde 2006, tem colaborado para a elaboração
de consequências concretas nos standards de avaliação, e na preponderância
dos testes sumativos na disciplina de Matemática, considerando as mudanças
curriculares e pedagógicas.
Palavras-chave: Currículo, Matemática, Exames, Standards, Accountability.
1. INTRODUÇÃO
Nas sociedades contemporâneas (Pacheco, 2011, p.9 citando Gil, 2009) a avaliação
é indicada enquanto método universal de formação de identidades essenciais à
modernização, de exacerbada competência e clarificação da subjetividade, porque
a avaliação dá e mede a recompensa e o mérito (Ibid).
Salientando-se como um dispositivo impulsionador de uma nova identidade, a
avaliação é uma técnica de biopoder, ou de subjugação no sentido que Foucault
315
(1987) atribuí às políticas educativas e de saúde, colaborando para a afirmação do
receio “num contexto em que aumentam as pressões do curto prazo, os individuos
vivem no receio da avaliação permanente e de não estarem à altura das exigências
da empresa” (Lipovetsky & Serroy, 2010, p. 46).
Assim, esta investigação explora como quadro teórico a avaliação externa,
tanto a que diz respeito à avaliação institucional, ao nível de estabelecimentos de
organização escolar (Sobrinho, 2003; Sá, 2009), quanto a que se refere à avaliação
das aprendizagens, pois uma e outra são faces de uma mesma moeda, com raízes
nas políticas de partilha de conhecimento e nas denominadas reformas viajantes
(Steiner-Khamsi, 2012), nascidas no âmbito da globalização (Ball, 1998).
O currículo e a aprendizagem vistos como um itinerário de conhecimento,
levam a que a avaliaçãos eja centrada no conhecimento, ainda que atente ao
contexto histórico das políticas de educação e formação, mencionando práticas
avaliativas centradas nos conteúdos, nos objetivos específicos, nas atividades e nas
competências (DeKetele, 2008).
A avaliação deixa de ter uma componente sumativa ou formativa e converte-se
num projeto inacabado, flexível e viajante, respondendo mais diretamente a uma
avaliação por standards (Stake, 2006), valorizando essencialmente a dimensão
pessoal e a dimensão social – avaliação pelo outro (Pacheco, 2011).
Nas últimas décadas assistiu-se, em Portugal, à expansão e massificação dos
sistemas de ensino que levaram a uma preocupação crescente com as questões
de qualidade e de avaliação (OCDE, EU, UNESCO) e por outro lado, consolidou-
se uma tendência para o aprofundamento dos dispositivos de prestação de
contas e de responsabilização, que têm um impacto notório na formulação de
políticas educativas nacionais (CNE, 2010). Por estes motivos, os princípios básicos
da legislação nacional preconizam que a avaliação e o controlo de qualidade
devem aplicar-se a todo o sistema educativo, promovendo a melhoria, a eficácia,
a exigência e a informação qualificada para a tomada de decisão. A autonomia
das escolas, por este facto, está assim relacionada com a responsabilização e a
prestação de contas e com os resultados da avaliação externa (IGE, 2013).
Em Portugal, foi nos anos de 1990, que compreendendo a escola no âmbito da
Administração Central e a sua avaliação como unidade organizacional, descobre-
se na descentralização da administração pública e no crescente aumento da
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
317
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
2. MÉTODO
Das conclusões obtidas através da análise de relatórios e da revisão da literatura
relativa à temática, realizou-se um estudo empírico, de natureza quantitativa
(Moreira, 2006), com o recurso a um inquérito por questionário (Tuckman, 1994;
Ghiglione & Matalon, 1997), elaborado com itens distribuídos pela escala de
Likert, destinado a professores de matemática do 1.º e 2.ºciclos do ensino básico
das escolas de um concelho da zona norte de Portugal, cuja fiabilidade foi testada
noutro estudo empírico (Marques, 2013).
318
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
3. RESULTADOS PRELIMINARES
Os resultados obtidos do inquérito encontram-se organizados em duas
dimensões: Mudanças Curriculares e Mudanças Pedagógicas.
Através da análise das questões relacionadas com as Mudanças Curriculares,
podemos retirar alguns resultados específicos: os inquiridos mostram-se
consensuais com a ideia de que: os resultados escolares obtidos pelos alunos nas
provas nacionais contribuem para a construção da imagem social da escola (X=4.39;
D.P.=0.635); as provas nacionais a matemática devem ser realizadas no final de cada
ciclo (X=4.35; D.P.=0.976); o Plano de Acompanhamento da Matemática contribuiu
para uma maior colaboração pedagógica entre professores (X=4.33; D.P.=0.622);
com a noção de que os rankings contribuem para a competitividade entre escolas
(X=4.22; D.P.=0.702); com o facto de as metas curriculares corresponderem a
objetivos terminais (X=4.10; D.P.=0.855) e que estas definem os conteúdos que os
alunos devem aprender (X=4.01; D.P.=0.787).
Na dimensão Mudanças Pedagógicas, os resultados mostram-nos que os
docentes inquiridos demonstram concordancia com a ideia de que: os trabalhos
de casa contribuem para a melhoria dos resultados (X=4.43; D.P.=0.575); como
professor(a) de matemática, sente-se pressionado(a) para ensinar para as provas
nacionais (X=4.27; D.P.=0.723); os apoios pedagógicos proporcionados aos alunos
na escola devem estar direcionados para as disciplinas com provas nacionais
(X=4.24; D.P.=0.473); o ensino para os testes contribui para a melhoria dos
319
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
4. CONCLUSÕES
Os inquiridos neste estudo revelam concordância no que diz respeito aos efeitos
da avaliação externa nas suas práticas e que os feitos enunciados nos relatórios de
avaliação externa são retóricos, apesar de concordarem que a avaliação externa
esteja a contribuir para o ensino voltado para os testes e para a estandardização de
resultados. A ideia de que os resultados obtidos nas Provas Nacionais e a existência
de rankings contribuem para a competitividade entre escolas está presente nos
resultados deste inquérito, apesar de existir maior concordância entre os docentes
no facto de que os resultados a matemática nas provas nacionais não reflitam a
aprendizagem real dos alunos ou de que a sua influência provoque um aumento de
competitividade entre docentes.
A conceção da objetividade da avaliação centrada nos testes é alvo de grande
incerteza por parte dos inquiridos, havendo respostas bastante discordantes.
A maioria dos inquiridos afirma que se sente pressionado para ensinar para as
provas nacionais, que os apoios pedagógicos proporcionados aos alunos na escola
devem estar direcionados para as disciplinas com provas nacionais, que o aluno é
o principal responsável pelo seu desempenho escolar e também que o ensino para
os testes contribui para a melhoria dos seus resultados.
No entanto, existe uma certa indefinição sobre a ideia de que as metas
curriculares substituem o programa, resultado de um leque de respostas bastante
diverso, não encontrando consenso também sobre a noção de que se sentem
confortáveis com a existência de uma avaliação centrada nos testes ou de que são
responsáveis pelos resultados que os alunos obtêm nas provas nacionais.
320
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
324
SEQUENCIALIDADE EDUCATIVA ENTRE O
ENSINO BÁSICO E O ENSINO SECUNDÁRIO NA
DISCIPLINA DE MATEMÁTICA: O CASO ILHA DO
PRÍNCIPE
RESUMO
Na Região Autónoma do Príncipe, República de São Tomé e Príncipe, verifica-
se, que a transição dos alunos entre o Ensino Básico e o Ensino Secundário é
acompanhada de uma queda de rendimento académico ao nível do 7º ano,
sendo a Matemática uma das disciplinas em que tal é notório. Para responder
a esta realidade, foi desenhado um projeto de investigação-ação no sentido de
averiguar até que ponto a implementação de estratégias de comunicação e gestão
curricular entre docentes do Ensino Básico e Ensino Secundário pode contribuir
para melhorar a sequencialidade da disciplina de Matemática na transição entre
os dois ciclos. Para isso, foram definidos objetivos centrados na(s) análise(s) de: i)
continuidade programática; ii) práticas de gestão curricular; iii) lacunas nos pré-
requisitos dos alunos; iv) intervenção nas metodologias curriculares; v) mecanismos
de comunicação entre docentes dos dois ciclos de ensino. Resultados preliminares
sugerem que, embora a sequencialidade dos tópicos da disciplina de Matemática
esteja assegurada nos respetivos programas, existem diferentes visões em que
assentam. A aplicação do currículo de matemática traduz-se nos conteúdos e
manual/ textos de apoios e os professores arriscam pouco numa gestão do mesmo
à luz do contexto.
Palavras-Chave: Sequencialidade educativa, Gestão curricular, Práticas dos
professores, Matemática.
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO
A ilha do Príncipe, Região Autónoma de S. Tomé e Príncipe, com uma área de
cerca de 142 km2, tem 7542 habitantes, dos quais cerca de 3000 indivíduos, 40% da
população, estão em idade escolar (Instituto Nacional de Estatística, 2012). Como
resposta a uma população juvenil, a Educação é um dos principais pilares de ação
política no país em geral e na região autónoma em particular. O ensino em S. Tomé
e Príncipe é obrigatório da 1ª à 6ª classe, o Ensino Básico (EB). Findo este percurso,
os estudantes têm um exame incidindo nas disciplinas de Matemática e Língua
Portuguesa e, caso obtenham aprovação, poderão ingressar no Ensino Secundário
(ES) que é constituído por 6 anos escolares, 7ª a 12ª classe (Lei n.2, 2003). A 7ª
classe torna-se por isso, num ano de muitas decisões e central na vida do aluno.
326
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37. Dados gentilmente cedidos pelos diretores do EB e ES referentes ao ano escolar 2013/2014.
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2. OPÇÕES METODOLÓGICAS
Na ilha do Príncipe existem 5 instituições onde se leciona a 5ª e 6ª classes (2.º
ciclo do EB) e 3 escolas com 1º ciclo do ES (7ª, 8ª e 9ª classes). Neste ano letivo
lecionaram a disciplina de Matemática entre a 5.ª e a 12.ª classes 14 professores,
dos quais 13, distribuídos de acordo com a figura 1, mostraram-se disponíveis pela
colaborar na fase de diagnóstico do estudo.
Figura 1: Distribuição dos professores de Matemática por ciclos.
EB -2º ciclo ES
6 (46%) 7 (54%)
5ª 6ª 7ª 8ª-12ª
3 5 4 5
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Para a fase de diagnóstico, a recolha de dados teve por base métodos qualitativos
e quantitavos, incidindo nas seguintes técnicas: análise documental, entrevista e
questionário. A recolha de dados teve lugar entre Março e Julho de 2014.
A análise documental teve por base a legislação vigente do Sistema de Ensino de
São Tomé e Príncipe, dados do Instituto Nacional de Estatística, dados estatísticos
gentilmente cedidos pelos diretores do EB e ES da ilha do Príncipe. A análise dos
programas teve por base os programas oficiais da disciplina de Matemática, bem
como a consulta dos respetivos manuais oficiais.
As entrevistas dirigiram-se aos diretores do EB e do ES e tiveram por objetivo
contextualizar a situação atual da Educação na ilha do Príncipe. Para proceder
à recolha de dados sobre práticas de gestão curricular, conceitos nucleares de
Matemática e papel da comunicação entre docentes, foram realizadas entrevistas
a professores de Matemática de turmas das 6ª e 7ªclasses nas duas escolas.
Para definir a ordenação das áreas de intervenção foram recolhidos dados
em questionários aplicados aos docentes de Matemática do 2.º ciclo do EB e do
ES. Esta informação foi triangulada com os conceitos nucleares e competências
matemáticas essenciais identificadas pelos professores durante as entrevistas.
3. ETAPAS INICIAIS
Realizou-se um diagnóstico inicial, bem como a análise dos programas da 6ª
e 7ª classes, com o intuito de averiguar a sequencialidade entre eles – (objetivo
i). Foram ainda recolhidos dados que contribuíram para conhecer as práticas de
gestão curricular e de tempo dos professores – (objetivo ii), assim como para
ordenar os temas alvo de intervenção. Neste artigo, iremos focar os resultados
relacionados com estes objetivos.
330
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38. A carga horária do tema Proporcionalidade, presente no 2º ciclo do EB foi incluída em Números
e Operações.
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45. Na escala, 1 corresponde a sem necessidade de formação e 6 corresponde a com muita necessidade
de formação.
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POLÍTICAS EDUCATIVAS, COOPERAÇÃO
E INVESTIGAÇÃO EM CONTEXTOS PÓS-
COLONIAIS
A “NOVA ARQUITETURA DA COOPERAÇÃO” E
OS DESAFIOS PARA O ENSINO SUPERIOR. CABO
VERDE, UM ESTUDO EXPLORATÓRIO.
RESUMO
O discurso das políticas de cooperação para o desenvolvimento sofreu várias
transformações desde a década de 1990. A agenda da Declaração de Paris (2005) é
hoje instrumento de referência e os seus princípios – harmonização, apropriação,
alinhamento, gestão de resultados e responsabilidade mútua – expressam a
necessidade de rutura com práticas que caraterizaram a cooperação desde o
momento em que foi criada, no contexto de reconstrução pós 2ª Guerra Mundial.
Esta comunicação refere-se à forma como as agendas internacionais para a
cooperação têm influenciado a construção e definição de agendas nacionais na
educação. A análise desenvolvida centra-se nos conceitos subjacentes aos discursos
sobre a“nova” arquitetura da cooperação proposta na Declaração de Paris e explora
algumas das implicações dos modelos de cooperação ao nível do ensino superior
em países em desenvolvimento. Para a análise, são mobilizados dados recolhidos
num estudo exploratório realizado em Cabo Verde (entrevistas e documentos).
Ambos os materiais refletem o discurso hegemónico que rege a cooperação com
instituições de ensino superior num eixo Norte-Sul, desvalorizando conhecimentos
como o “local”, em aparente contradição com os conceitos e estratégias da “nova”
arquitetura da cooperação.
Palavras- chave: Cooperação para o desenvolvimento, ensino superior, Cabo Verde
Esta comunicação decorre do meu projeto de investigação na área das políticas de
cooperação para o desenvolvimento, tendo como objeto de estudo a cooperação
ao nível do ensino superior em Cabo Verde (CV). O quadro teórico que fundamenta a
análise assenta na articulação de dois campos teórico/metodológicos: a teorização
sobre o Empréstimo de Políticas e o campo da Análise do Discurso (AD). O foco
desta comunicação está nas políticas de Cooperação para o Desenvolvimento
(CPD) e no modo como se reconfiguraram desde a proclamação da Declaração
de Paris (2005). Pretendo ainda explorar algumas das implicações de modelos de
cooperação ao nível do ensino superior em países em desenvolvimento e mobilizar
dados do estudo exploratório realizado em Cabo Verde, considerando que é
através da linguagem que são construídas as realidades sociais. Do ponto de vista
operacional, discurso é entendido neste trabalho como a linguagem em uso numa
dada prática social (Jørgensen & Phillips, 1999).
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46. O modo de identificação destes contextos e Organizações não é uniforme. Para alguns autores
a designação “supranacional” refere-se ao contexto de influência direta do Estado-nação enquanto
que, para outros, a mesma designação é usada para se referirem às agências internacionais que
influenciam os conjuntos e/ou blocos organizados de Estados nação. Ao longo deste trabalho, a
designação “transnacional” refere-se à(s) agência(s) , como a ONU e o BM cuja existência está para
além dos Estados-nação considerados em bloco ou individualmente e regional quando for para referir
os blocos político-económicos que agregam Estados-nação (p. ex. a União Europeia, a Ásia-Pacífico
ou a NAFTA).
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ESTUDO EXPLORATÓRIO
A clarificação de algumas das dimensões do meu objeto de estudo implica um
conhecimento aprofundado do contexto em que se desenvolve a CPD. Neste
sentido, foi realizado um estudo exploratório em CV.
Dada a posição epistemológica que é assumida no meu trabalho, considero que
as investigações em contextos específicos como os “do Sul” devem desenvolver-se
através da auscultação dos atores locais do processo político da implementação de
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DESAFIOS DA INVESTIGAÇÃO EM CONTEXTOS
DE DESENVOLVIMENTO: UM PROJETO DE
INVESTIGAÇÃO EM ANGOLA
Sara Poças1; Amélia Lopes2; Teresa Medina2; Júlio Gonçalves dos Santos3
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto,
Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto1; Faculdade de Psicologia
e Ciências da Educação da Universidade do Porto2; Instituto da Educação –
Universidade do Minho, Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto3
sarapocas@gmail.com; amelia@fpce.up.pt; tmedina@fpce.up.pt; jgpsantos@
ie.uminho.pt
CEDU 2015 - Políticas e práxis da Educação nas perspetivas e em contextos pós-coloniais
RESUMO
O cenário de reconstrução e mudança educativa vivido em Angola, após um longo
período de conflito armado, que terminou em 2002, influencia as metodologias de
investigação utilizadas neste país.
O projeto de investigação em curso visa identificar e analisar os efeitos da
cooperação internacional, em particular da cooperação portuguesa, na formação
de professores de ciências, a nível do ensino secundário, em três províncias de
Angola: Benguela, Cabinda e Kunene.
Para a realização do estudo optou-se por uma metodologia qualitativa, com
recurso a análise de documentos de Angola e de agências internacionais com
influência na política educativa angolana, a observação participante de formadores
de professores, a realização de entrevistas semiestruturadas e grupos focais
com agentes educativos, responsáveis de organizações ligadas à formação de
professores e decisores do Ministério da Educação.
Pretende-se, assim, refletir sobre os desafios da investigação realizada no
contexto de Angola.
Na recolha de dados efetuada verificaram-se alguns desafios, como o acesso a
documentos de estratégia nacional, a realização de grupos focais com pessoas cujos
cargos estão ligados à administração estatal, o acesso à observação de práticas de
formação de professores e a especialistas sobre o ensino das ciências em Angola e
o acesso a instituições e/ou organizações, sem ter contactos privilegiados.
Palavras-chave: metodologias da investigação, cooperação para o
desenvolvimento, Angola
1. INTRODUÇÃO
Esta comunicação insere-se no projeto de doutoramento em curso intitulado
“Formação de professores em Angola: influências, conceções e práticas em
contexto de cooperação para o desenvolvimento”. Com esta investigação
pretende-se compreender em que medida agendas globalmente estruturadas
influenciaram e influenciam as decisões sobre a formação de professores em
Angola, em especial o papel desempenhado por diferentes instituições, como o
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3. METODOLOGIA
Esta comunicação reflete sobre a metodologia de investigação adotada para o
projeto de investigação. Para este projeto opta-se por uma abordagem qualitativa
(interpretativa) de entre os paradigmas comummente utilizados na investigação
em educação (positivista e interpretativo) (Bogdan & Biklen, 1996; Cohen, Manion
& Morrison, 2009) e pelo desenvolvimento de um estudo comparativo entre as
três províncias de Angola.
Estas províncias, do litoral e de zonas fronteiriças, têm diferentes influências
linguísticas, culturais e formativas: a província de Benguela, situada no litoral de
Angola, está a ser objeto do programa da cooperação portuguesa desde 2009; a
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47. Houve um técnico de uma organização com o qual a investigadora marcou 5 encontros, que não se
realizaram pois nunca o conseguiu encontrar no escritório.
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INVESTIGAÇÃO EM CONTEXTOS PÓS-COLONIAIS
–A NECESSIDADE DE AUTO-REFLEXÃO CRÍTICA
RESUMO
Esta comunicação surge da necessidade premente de repensar a investigação
que está sendo levada a cabo em contexto africano, sobretudo por investigadores
do Norte. Chama a atenção para a literatura que refere que parece existir pouca
reflexão crítica sobre os objetivos e práticas da investigação em educação e
desenvolvimento no Sul. Ao mesmo tempo, lembra que os investigadores e
práticos de terreno terão de ter a humildade de saber ouvir outros modos de
representação, de interpretação e de comunicação que têm sido marginalizados
no discurso do Ocidente, sendo útil considerar uma abordagem pós-colonial que
significa um outro olhar sobre o conhecimento e as necessidades desenvolvidos
fora do Ocidente.
Recorre-se também a notas de campo e a conversas informais com investigadores
que cruzam fronteiras em educação internacional e comparada para ilustrar,
inter alia, a complexidade dos contextos, a origem e hegemonia das agendas de
investigação e a relevância da cultura nos processos e práticas de investigação.
Palavras-chave: investigação e cultura, Contexto pós-colonial; educação
internacional e comparada.
INTRODUÇÃO
Esta comunicação retoma um dos desafios que coloquei no I Congresso Cabo
Verdiano de Educação e que diz respeito à questão da investigação em educação
no contexto dos países do Sul, em particular no contexto africano. Este é um
desafio urgente: trata-se de (re)pensar uma agenda para a investigação em
cooperação na área da educação, sensível aos contextos e que seja um contributo
para a cooperação para o desenvolvimento de qualidade, não desligada dos
desafios que se esperam que vão dominar a agenda do desenvolvimento pós-
2015 na área da educação. O 4º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
está consagrado à educação e está formulado da seguinte maneira: até 2030,
assegurar uma educação de qualidade, inclusiva, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida. Sabemos que as metas para atingir este ODS
são ambiciosas (algumas consideradas mesmo irrealistas) e estão a suscitar um
debate a nível internacional.
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Ora isto tem a ver com a preocupação que temos tido em “Aprender a ouvir o
Sul” Autores como Holmes e Crossley (2004:19) incitam-nos a procurar escutar
os “modos de interpretação, representação e comunicação que tem estado
historicamente marginalizados na investigação e no desenvolvimento educativos”.
A investigadora A capta de forma clara este sentido do aprender a ouvir:
“…É ter tempo para estar, para ouvir e para ver. Só assim se começa a perceber
o que é o contexto africano”.
Esta citação corrobora a importância que deve ser atribuída aos contextos. Crossley
/(2001) no capítulo intitulado “Reconceptualizing Comparative and International
Education” chama a atenção para a implicações teóricas do contexto e da cultura –
conceitos que, segundo ele, são centrais para o trabalho dos especialistas em Educação
Internacional e Comparada (EIC). Segundo Cristina Pires Ferreira (cf. entrevista à
revista Africana Studia nº 22), a investigação sobre educação em África deve ser
desenvolvida de “forma autóctone, com base em referenciais e epistemologias que
reflitam a vivência, (a)s identidade(s) africana(s). A reconceptualização de que fala
Crossley, passa pelo descentramento e desconstrução de paradigmas hegemónicos,
conforme a reflexão e desejo de Pires Ferreira:
“Espero que a África possa produzir e difundir conhecimento de si e para si,
seguindo a perspetiva avançada por Amílcar Cabral, em 1973, “pensar com as
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nossas próprias cabeças”. Almejo ainda, que esse conhecimento seja reconhecido
pela sua diversidade, pelo descentramento dos paradigmas hegemónicos que
acarreta e que, ao mesmo tempo, agregue valor à(s) cadeia(s) de conhecimento
global” (Ferreira, 2015)
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REFLEXÕES FINAIS
Esta comunicação chama a atenção para a circunstâncias particulares da
investigação em contexto pós-colonial lusófono. Estando longe de esgotar esta
temática, um certo olhar recai no trabalho de um grupo de investigadores (no
qual o autor desta comunicação se inclui) que se tem dedicado nos últimos anos
a investigar alguns segmentos importantes da educação em África: desde os
processos de cooperação em educação (todos partiram daqui para se agarrarem
teoricamente à educação internacional e comparada), ligando ao currículo e
globalização, às políticas e práticas de formação de formadores e identidade de
professores de Língua, aos processos globais de influência e de transferência via
48. Djumbai - palavra em crioulo guineense que descreve um encontro de pessoas para “conversa;
passatempo, especialmente durante a noite; convívio agradável; serão.” (Scantamburlo, 1999, p. 154)
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