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Aluno Luiz Henrique de Oliveira


DIREITO CONSTITUCIONAL CPF - 352.284.038-09
PROF. FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS

CONSTITUCIONALISMO

ACEPÇÕES TRADICIONAIS DA PALAVRA

Constitucionalismo, como teoria normativa da política, é a limitação do poder político com o


propósito de fortalecer os direitos fundamentais da pessoa.
Por outro lado, o constitucionalismo, como uma das vertentes do iluminismo, designa
também o movimento político e cultural que apregoa a limitação do poder através de uma
constituição escrita, de origem popular e hierarquicamente superior a todo ordenamento jurídico e
ao próprio Estado, de observância obrigatória aos governados e governantes.
O iluminismo, surgido nos séculos XVII e XVIII, desenvolveu-se na América do Norte e Europa
Ocidental, caracterizou-se como sendo o movimento político e cultural de oposição ao Estado
Absolutista, que dentre outros benefícios, acabou também por permitir a instituição da figura da
Constituição.
As primeiras constituições escritas inspiradas nesse movimento surgiram na América do
Norte, com as ex-colônias inglesas que conquistaram a independência, e, depois, já como Estados
soberanos, elas se uniram para formar os Estados Unidos da América, que, em 1.787, promulgou
sua Constituição, em vigor até hoje. Em seguida, como consequência da Revolução Francesa, a
França promulgaria também a sua Constituição inspirada no movimento iluminista.
Na verdade, a teoria normativa da política era um dos pilares do movimento iluminista e
propulsionou a ideia de Constituição com sendo a limitação do poder estatal.

CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO

Constitucionalismo contemporâneo é a expressão usada para indicar as novas fases do


significado do seu desenvolvimento histórico.
Abrange o neoconstitucionalismo e o transconstitucionalismo.

NEOCONSTITUCIONALISMO

Neoconstitucionalismo é a possibilidade conferida ao juiz de aplicar diretamente a


Constituição, na solução do caso concreto, sem ter a lei como intermediária.
Trata-se de uma nova dimensão da função jurisdicional, que se opõe ao modelo jurisdicional
clássico em que o juiz era mero aplicador da lei aos casos concretos.
O neoconstitucionalismo, que é enaltecido na Europa e por alguns juristas brasileiros,
proporciona uma verdadeira produção normativa pelo Poder Judiciário. É, pois, a consagração do
chamado ativismo judiciário, isto é, a produção de normas jurídicas através do Estado- Juiz.
Em sistemas normativos abertos, que contém mais princípios que regras, o
neoconstitucionalismo costuma se desenvolver com mais frequência.

TRANSCONSTITUCIONALISMO

Transconstitucionalismo é a necessidade de a Corte Constitucional de um Estado resolver as


questões constitucionais em harmonia com a interpretação dada pelas Cortes Internacionais e
Tribunais Constitucionais de outros Estados estrangeiros.
Diante da globalização, que marca o mundo contemporâneo, os Estados não podem resolver
as questões constitucionais isoladamente, voltados exclusivamente para o direito interno, e sim

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buscar um diálogo com os demais Estados antes de tomar uma decisão.


No Brasil, o STF no julgamento do Recurso Extraordinário 511.961 decidiu que não há
necessidade de diploma para exercer a profissão de jornalista, porquanto essa exigência, além de
representar censura prévia, ainda violaria a liberdade de expressão e, por consequência, a própria
liberdade de imprensa. Na fundamentação central dessa decisão, o STF utilizou também a
jurisprudência da Corte Internacional de Direitos Humanos.

CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO

INTRODUÇÃO

Tradicionalmente, Constituição é o conjunto de normas jurídicas supralegais e rígidas que


disciplinam o poder do Estado e os direitos fundamentais da pessoa.
A supralegalidade é a superioridade sobre as demais normas jurídicas (leis, atos
administrativos e costumes) e a rigidez é a dificuldade maior de alterar essas normas.
No Brasil, entretanto, qualquer norma inserida no texto constitucional é dotada de
superioridade hierárquica e rigidez e, por isso, caracteriza-se formalmente como sendo norma
constitucional, estando, pois, no topo da pirâmide jurídica. Todavia, em sentido estrito, isto é, da
matéria, as normas constitucionais são apenas aquelas relacionadas ao poder (elemento orgânico)
ou aos direitos humanos fundamentais (elementos limitativos).
O conceito de constituição varia conforme o modelo de Estado e sua respectiva evolução
histórica. De um lado, encontra-se a constituição liberal e de outro a constituição social.

CONSTITUIÇÃO LIBERAL (também chamada constituição clássica, constituição garantia e


constituição defensiva)

Estado liberal é o não intervencionista, que não se intromete em áreas como saúde,
educação, previdência e trabalho, relegando esses assuntos à iniciativa privada. É, pois, o Estado
mínimo, que avoca para si apenas a manutenção da ordem pública.
Este modelo de Estado liberal foi implementado no final do século XVIII, a partir das
revoluções liberais (Revolução Americana de Independência das Colônias Inglesas e Revolução
Francesa). As primeiras constituições, segundo a acepção do constitucionalismo (as anteriores eram
apenas sementes de constituição), surgiram para retratar esse modelo de Estado Liberal,
disciplinando apenas a organização do Estado, a organização do poder e os direitos individuais da
pessoa, isto é, a primeira dimensão de direitos fundamentais.
Os objetivos das constituições liberais eram limitar o poder político dos governantes e
fortalecer os direitos individuais do homem.
Do exposto dessume-se que constituição liberal é o conjunto de normas superiores que
dispõe sobre a organização do Estado, a organização do poder e os direitos individuais da pessoa.
Restringe-se, pois, a esse trio temático de matérias.
A organização do Estado abrange:
a) Forma de governo (república ou monarquia);
b) Sistema de governo (presidencialismo, parlamentarismo ou semipresidencialismo).
c) Forma de Estado (federal ou unitário);
d) Órgãos do Estado, suas competências, servidores públicos e princípios da administração
pública.
e) Forças armadas, segurança pública, orçamento público e tributação

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A organização do poder, por sua vez, compreende:


a) A titularidade do poder;
b) Exercício e limitação do poder;
c) Órgãos do poder, formas de composição desses órgãos;
d) Sistema partidário, sistema eleitoral e direitos políticos.

Finalmente, os direitos e garantias individuais são os que protegem o homem enquanto


pessoa humana. Exemplos: direito à vida, à igualdade, à liberdade, etc. Representam a primeira
dimensão dos direitos fundamentais.

CONSTITUIÇÃO SOCIAL

Estado Social ou Estado Providência (Welfare State) é o intervencionista, que disciplina a


ordem econômica e social e ainda presta serviços nas áreas dos direitos sociais (saúde, educação,
previdência, trabalho, etc). É, pois, o Estado que visa proporcionar o bem estar social, por isso,
avoca para si atividades que antes cabiam à iniciativa privada, não se limitando apenas às
atividades do Estado Liberal, de mero fiscal da manutenção da ordem pública.
No final do século XIX, mais precisamente no início do século XX, surge o Estado Social,
impulsionado por crises econômicas instauradas pela forte industrialização, pela economia de
guerra, sobretudo, primeira guerra mundial, pelo surgimento dos sindicatos e fortalecimento de
partidos políticos.
Por consequência, começam a aparecer as Constituições Sociais, que disciplinam a ordem
econômica e social. A primeira delas foi a constituição mexicana de 1.917, seguida pela constituição
Alemã, de Weimar, em 1.919. No Brasil, em 1.934, foi promulgada a primeira constituição social,
que revogou a de 1.890.
Ao lado dos fins típicos das constituições liberais, isto é, limitação do poder político e
fortalecimento dos direitos individuais, as constituições sociais objetivam também uma atuação
positiva do Estado intervencionista consistente na prestação de serviços nas áreas dos direitos
sociais, econômicos e culturais.
Do exposto conclui-se que Constituição Social é o conjunto de normas superiores que, além
da organização do Estado, organização do poder e direitos individuais, ainda disciplinam a ordem
econômica, a ordem social e os direitos sociais, econômicos e culturais.

PRINCÍPIO DA RESERVA DO POSSÍVEL

De acordo com o princípio da reserva do possível, a concretização dos direitos sociais,


econômicos e culturais estabelecidos pelas Constituições Sociais depende da disponibilidade
financeira e orçamentária, salvo quanto ao mínimo existencial das pessoas.
Portanto, no que tange aos serviços relacionados ao mínimo existencial das pessoas, o Estado
tem o dever de prestá-los, independentemente da disponibilidade financeira, enquanto os demais
serviços prometidos pela Constituição estariam condicionados à disponibilidade financeira e
orçamentária.
A identificação do mínimo existencial é definida pelo próprio Poder Judiciário no julgamento
das ações judiciais em que esse assunto é discutido.

MODALIDADES DE CONSTITUIÇÕES SOCIAIS

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A doutrina apresenta as seguintes modalidades de Constituições Sociais:


a) Constituição Programática: é a que traça diretrizes para que o Poder Público implemente
programas sociais e econômicos. Referidas constituições preveem normas-tarefas ou normas-fins,
que estabelecem essas diretrizes.
b) Constituição dirigente: é que especifica determinados programas sociais e econômicos.
Não se limita, portanto, a traçar as diretrizes para a implementação desses programas. É o caso da
Constituição de Portugal, de 1.976, que, inclusive, influenciou a elaboração da Constituição
brasileira de 1.988. A Constituição brasileira é simultaneamente programática e dirigente. Segundo
Canotilho, o ideal é que as constituições sejam mais programáticas que dirigentes.
c) Constituição Balanço: é a elaborada após o Estado atingir determinada etapa. Vigorou na
antiga União Soviética, cujo objetivo máximo era alcançar o socialismo pleno, que, no entanto,
dependia do atingimento de determinadas metas, e, a cada etapa concluída, elaborava-se uma
nova constituição, dando-se um passo adiante ao fim ultimo do Estado. Foram as características das
constituições soviéticas de 1.920, 1.930 e 1.970.
d) Constituição Cultural: é a expressão empregada por Canotilho para designar as
constituições sociais que não se limitam a disciplinar a ordem econômica, cuidando também da
educação, cultura e desporto, como é o caso da constituição brasileira.

ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

De acordo com José Afonso da Silva, os elementos da Constituição Brasileira se dividem em:
a) Elementos Orgânicos: são as normas que tem relação direta com a organização do Estado
em sentido amplo, abrangendo, destarte, as que disciplinam a organização do poder, sistema
tributário, orçamento público, forças armadas e segurança pública. Desde as sociedades políticas
primitivas, o Estado exerce funções militar e policial, daí a relação direta entre os temas segurança
pública e forças armadas com a organização do Estado.
b) Elementos Limitativos: são as normas que restringem o poder estatal com o fulcro de
fortalecer os direitos fundamentais. Referidas normas são as que tratam dos direitos fundamentais,
com exceção das que versam sobre os direitos sociais. Assim, as normas constitucionais sobre
direitos individuais e coletivos, direitos à nacionalidade, direitos políticos e atuação partidária
compõem esses elementos limitativos. Exemplos: a liberdade de reunião e associação é exercida
independentemente da autorização estatal. Quanto aos direitos sociais, conquanto sejam também
direitos fundamentais, não se prestam a limitar o poder do Estado, pelo contrário, eles visam
estimular a atuação do Estado a prestar os serviços nessas áreas.
c) Elementos Socioideológicos: são as normas que retratam as influências ideológicas e
doutrinárias da Constituição. Exemplos: as normas sobre direitos sociais, ordem social, ordem
econômica e sistema financeiro. A Constituição brasileira contém normas inspiradas no liberalismo
como, por exemplo, o art. 170 que, ao cuidar da ordem econômica, consagra o tripé do liberalismo
(propriedade privada, livre iniciativa e livre concorrência), bem como normas da ideologia
socialista, ao disciplinar a reforma agrária (arts. 184 e 186), aliás, o próprio art. 170 também faz
referência expressa à função social da propriedade, à ideia de que a ordem econômica visa o bem
estar social. O modelo econômico brasileiro não é um liberalismo ou socialismo puros, mas um
modelo misto, um capitalismo social, conforme denominação empregada por José Afonso da Silva.
Há, pois, mais de uma ideologia no texto constitucional.
d) Elementos de Estabilidade Constitucional: são as normas que visam assegurar a supremacia
e estabilidade da Constituição. Ingressam nesse rol as normas sobre a rigidez da reforma

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constitucional, as que versam sobre controle de constitucionalidade, intervenção federal,


intervenção estadual, estado de sítio e estado de defesa. Referidas normas têm o objetivo
assegurar a estabilidade da própria Constituição, isto é, evitar que ela seja violada, bem como
solucionar os conflitos constitucionais e garantir a defesa das instituições democráticas do próprio
Estado de Direito. Em suma, são as normas que visam defender a própria constituição.
e) Elementos Formais de Aplicabilidade: são as normas que visam favorecer a efetiva
interpretação e aplicação das normas constitucionais. Exemplos: o §1º do art. 5 da CF estabelece a
aplicação imediata das normas sobre direitos fundamentais. Outro exemplo: ADCT (atos das
disposições constitucionais transitórias).

ESTRUTURA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO DE 1.988

A Constituição de 1.988 tem a seguinte estrutura:

a) Preâmbulo;
b) Disposições permanentes (art. 1º ao 250);
c) ADCT;
d) Emendas Constitucionais;
e) Tratados Internacionais de Direitos Humanos.
Sobre as emendas constitucionais e tratados internacionais de direitos humanos, serão
tratados mais adiante.

PREÂMBULO

O preâmbulo é a introdução da Constituição. Expressa a ideologia do Poder Constituinte que a


elaborou. Foi ele votado pela Assembleia Constituinte, que aprovou a sua redação. Integra pois a
Constituição Federal. O que consta no preâmbulo serve para embasamento da interpretação e
aplicação das normas constitucionais. É assim um elemento formal de aplicabilidade da
Constituição. O STF decidiu que o preâmbulo não tem força normativa, uma lei que o afronta não
pode ser considerada inconstitucional, para o STF o preâmbulo é apenas um enunciado
principiológico de conotação política sem conteúdo jurídico. Outra corrente sustenta que o
preâmbulo tem força normativa, pois ele se localiza na Constituição, que é também um
instrumento de conteúdo jurídico. Em matéria de concurso público o candidato deve seguir a
orientação do STF e portanto as Constituições Estaduais não precisam reproduzir o preâmbulo da
Constituição Federal, nem fazer menção à Deus, pois o preâmbulo não é norma jurídica e sim um
instrumento de divulgação de princípios políticos.
O preâmbulo faz menção à proteção de Deus, mas oficialmente não adota nenhuma religião.
O Brasil é um Estado laico, pois não tem religião oficial. Ao tempo do Império, o Brasil era um
Estado confessional, havia uma religião oficial, que era a Católica Apostólica Romana. Desde a
Constituição de 1.890, adota-se uma posição neutra em matéria religiosa. O fato de o preâmbulo
pedir a proteção de Deus, não torna o Brasil um estado confessional à medida que não se filiou a
qualquer tipo de religião. Persiste portanto a neutralidade religiosa, o Estado laico é uma
característica do Brasil, que se filia, no entanto, ao teísmo, isto é, admite a existência de um ser
superior, que é Deus, contrapondo-se ao ateísmo, que é o Estado materialista em matéria de fé
religiosa.
Referentemente aos feriados religiosos, adotados por lei, revestem-se de flagrante
inconstitucionalidade, pois a veneração a um determinado santo ou santa não é comum a todas as

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religiões. Essas leis violam o princípio constitucional do Estado laico, afrontam a neutralidade que
deve existir em matéria religiosa. Quanto ao Natal não é apenas um feriado religioso, trata-se de
uma tradição mundial, adotada na Europa e em quase todo o mundo há séculos e portanto não
viola o princípio do Estado laico.

DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS PERMANENTES E TRANSITÓRIAS

As disposições permanentes da Constituição Federal, compreendidas entre os artigos 1º a


250, regulam situações que não se exaurem pelo decurso do tempo.
Em contrapartida, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que é composto por 96
artigos, trata de situações passageiras, grosso modo regulamenta a transição entre a Constituição
de 1.969 e a de 1.988. Definiu, por exemplo, que o mandato do então Presidente Sarney, eleito sob
a Constituição anterior, seria de seis anos. Justamente por regular situações transitórias suas
normas foram separadas das demais normas constitucionais permanentes. Todavia, as normas do
ADCT são de índole constitucional, figuram no mesmo patamar hierárquico das normas
constitucionais permanentes e por isso só podem ser alteradas através de Emendas
Constitucionais. Não se pode estabelecer hierarquia entre uma e outra norma à medida que ambas
emanaram do mesmo Poder, que é o Poder Constituinte Originário.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

QUANTO AO CONTEÚDO: FORMAL E MATERIAL

a) Constituição Formal: abrange todas as normas inseridas na Constituição,


independentemente do seu conteúdo, à medida que gozam de supremacia hierárquica em relação
às normas infraconstitucionais. Subdivide-se em constituição formal nuclear e constituição formal
complementar.
A nuclear abrange as normas que estão no texto da constituição. A complementar
compreende as normas que não estão no texto constitucional, mas que gozam da supremacia
hierárquica de norma constitucional, o exemplo é o tratado de direitos humanos aprovado pelo
Congresso Nacional através do procedimento das emendas constitucionais, pois seu ingresso no
ordenamento jurídico se dá com força de norma constitucional, nos termos do §3º do art. 5º da CF.
b) Constituição Material: abrange as normas previstas na Constituição que dispõem sobre
organização do Estado, organização do poder e direitos individuais, que são as três matérias típicas
da Constituição. Alguns autores incluem todos os direitos fundamentais e não apenas os direitos
individuais. Normas que versam sobre esses três temas, mas que se encontram na legislação
infraconstitucional, como o Código Eleitoral, são enquadradas, para a doutrina minoritária, como
constituição material, mas, diante da ausência da supremacia hierárquica, esse ponto de vista não é
aceito.
Todas as normas previstas na Constituição são formalmente constitucionais (Exemplo: art.
242, §2º, que cuida do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro), mas nem todas são materialmente
constitucionais.
Não há hierarquia entre as normas materialmente e as formalmente constitucionais.

QUANTO À EXTENSÃO: SINTÉTICA E ANALÍTICA

a) Constituição Sintética: são as constituições com poucos dispositivos, curtas, breves, que

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traçam apenas normas gerais, cujo detalhamento é relegado à legislação infraconstitucional.


Exemplo: Constituição dos EUA.
b) Constituição Analítica ou Prolixa: são as constituições que, além das normas gerais, cuidam
de matérias que, a rigor, poderiam ser disciplinadas pela lei ordinária. É o caso da Constituição
brasileira.

QUANTO À FORMA: ESCRITA E NÃO ESCRITA

a) Constituição escrita: quando todas as normas constitucionais encontram-se concentradas


num documento único. Exemplo: Constituição Brasileira. Bloco de constitucionalidade é o fato de a
constituição atribuir força constitucional a atos e documentos que estão fora do texto codificado.
No Brasil, há esse bloco de constitucionalidade em relação aos tratados de direitos humanos
aprovados pelo Congresso Nacional pelo procedimento das Emendas Constitucionais, pois eles têm
o status de norma constitucional, nos termos do §3º do art. 5º da CF.
b) Constituição não escrita: quando as normas constitucionais não se encontram codificados
num único documento. Nesse sistema, que é adotado pela Inglaterra, as normas constitucionais
surgem com base nos costumes, decisões dos tribunais, e em normas escritas esparsas. Portanto,
parte dessa constituição é sim escrita.

QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: HISTÓRICA E NÃO DOGMÁTICA

a) Constituição Histórica ou Costumeira: é a que não é escrita, surge com a evolução gradativa
das instituições políticas. Toda constituição não escrita é histórica. Exemplo: Constituição da
Inglaterra.
b) Constituição Dogmática: é a que é escrita e preparada por uma Assembleia Constituinte,
convocada especialmente para esse fim, para que a elabore com base nos ideais que, naquele
momento, prevalecem na sociedade. Toda constituição escrita é dogmática. Exemplo: Constituição
Brasileira.

QUANTO À IDEOLOGIA: ORTODOXA E ECLÉTICA

a) Constituição Ortodoxa ou Dogmática: é a elaborada para seguir uma única ideologia.


Exemplo: Constituição de Cuba. Outro exemplo: as Constituições liberais dos séculos XVIII e XIX.
b) Constituição Eclética ou Compromissória ou Utilitária ou Pragmática: é a elaborada para
seguir mais de uma ideologia. É o caso da Constituição Brasileira. Evidentemente que o grupo de
integrantes da Assembleia Constituinte que sustentam ideologias diversas devem firmar um
compromisso, chegar a um consenso para que o texto constitucional seja aprovado.

QUANTO À ORIGEM: OUTORGADA, PROMULGADA E CESARISTA

a) Constituição Outorgada: é a imposta unilateralmente pelo governante ou grupo que detém


o poder. A expressão Carta Magna ou Magna Carta ou Carta Constitucional deve ser empregada
para designar essas constituições outorgadas, e não as democráticas, pois carta é um ato unilateral
de vontade. No Brasil, foram outorgadas: a Constituição do Império (1.824), a Constituição “Polaca”
(1.937), imposta por Getúlio Vargas que inspirou-se na Constituição da Polônia, promulgada dois
anos antes, outrossim, a Constituição Militar (1.967). A Emenda nº 1 de 1.969 também foi
outorgada, mas, a rigor, não foi uma nova Constituição, mas apenas uma Emenda Constitucional

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abrangente, tanto é que a Constituição de 1.988, no art. 34 das Disposições Transitórias, trata como
constituição anterior a de 1.967.
b) Constituição Promulgada ou Democrática ou Votada ou Popular: é a que é livremente
discutida, votada e aprovada por representantes eleitos pelo povo. Às vezes uma constituição
votada não é democrática, mas outorgada, como aconteceu com a Constituição de 1.967, o
governo militar, num Congresso Nacional praticamente sem oposição, encaminhou-lhe o texto
constitucional para a aprovação. No Brasil, foram democráticas as Constituições de 1.891, de 1.934
(que decorreu inclusive de uma revolução constitucional), de 1.946 e a Constituição Cidadã de
1.988.
c) Constituição Cesarista ou Napoleônica: é a imposta unilateralmente pelo governante e
referendada pelo povo, que é consultado a manifestar-se. Os césares de Roma e Napoleão usavam
desse artifício para dar ao texto constitucional uma aparência de legitimidade democrática.

QUANTO À ESTABILIDADE OU REFORMA (ALTERABILIDADE, MUTABILIDADE OU


CONSISTÊNCIA): IMUTÁVEL, RÍGIDA, FLEXÍVEL, SEMIRRÍGIDA, SUPER-RÍGIDA, PLÁSTICA E ABERTA.

a) Constituição Imutável: quando o texto constitucional proíbe a sua própria reforma.


Exemplo: Constituição da Finlândia.
b) Constituição Rígida: quando a sua reforma exige um procedimento mais solene e
dificultoso que o exigido para a aprovação de leis. É, pois, a rigidez que assegura a supremacia, isto
é, a superioridade das normas constitucionais à medida que elas não poderão ser alteradas pelas
leis ordinárias. As constituições brasileiras, à exceção da Constituição do Império de 1.824, foram
rígidas, mas, modernamente, classificam-se, conforme veremos, como super-rígidas.
c) Constituição Super-rígida: é a rígida que possui cláusulas pétreas, isto é, matérias que não
podem ser alteradas por Emendas Constitucionais. É o caso da Constituição Brasileira de 1.988.
d) Constituição Flexível: é a que pode ser alterada facilmente, pois adota o mesmo
procedimento de reforma exigido para a aprovação das leis ordinárias. São, pois, reformadas por
leis ordinárias. Assim, nessas constituições, não há hierarquia entre norma constitucional e
legislação ordinária, sendo distinguidas as normas constitucionais apenas pelo conteúdo da
matéria.
e) Constituição Semirrígida: quando algumas normas são rígidas e outras flexíveis. Foi o caso
da Constituição do Império de 1.824 em que a maioria dos dispositivos eram flexíveis, alteráveis por
lei ordinária, mas alguns, como os que versavam sobre os poderes públicos e direitos do cidadão,
exigiam um procedimento dificultoso, que incluía a participação de uma assembleia popular,
sanção do imperador e referendo popular.
f) Constituição Plástica: é aquela que, por possuir várias cláusulas gerais, permite que o
legislador atualize o significado desses conceitos sem a necessidade de Emenda Constitucional. É,
pois, a Constituição que pode ser moldada pelo legislador infraconstitucional. Alguns autores, como
Pinto Ferreira, usa o termo constituição plástica como sinônimo de constituição flexível.
g) Constituição Aberta: é aquela que contém muitas normas principiológicas (conceitos
indeterminados, genéricos), e, por isso, confere maior liberdade interpretativa, facilitando a sua
atualização e reforma, independentemente de Emenda Constitucional ou de leis. Nessas
constituições, como é o caso da Constituição de 1.988, encontra-se implicitamente autorizada,
segundo jurisprudência do STF, a figura da mutação constitucional, que é a reforma da constituição
através de instrumentos informais, não oficiais, como a consolidação de um costume e a fixação de
uma nova interpretação jurisprudencial.

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QUANTO À RELAÇÃO ENTRE A EFETIVIDADE CONSTITUCIONAL E O EXERCÍCIO DO PODER


POLÍTICO: NORMATIVA, SEMÂNTICA E NOMINAL

a) Constituição Normativa: quando os poderes políticos cumprem à risca os mandamentos


constitucionais.
b) Constituição Semântica ou Disfarce: é a que contém instrumentos que favoreçam a
perpetuação do governante no poder. Exemplo: a Constituição Brasileira de 1.937 autorizava, em
certos casos, o Presidente da República a dissolver o parlamento.
c) Constituição Nominal: é a que é reiteradamente descumprida pelo poder político.

QUANTO À CONCRETIZAÇÃO OU CONCEPÇÃO: JURÍDICA, REAL E POLÍTICA

a) Constituição Jurídica ou em sentido jurídico: é a constituição regularmente aprovada pelo


poder competente e, portanto, dotada de eficácia jurídica.
b) Constituição Real ou em sentido sociológico: é a composta por aquilo que, de fato,
determina a atuação dos órgãos do Estado. Esta ideia foi construída pelo publicista prussiano do
século XIX Ferdinand Lassalle. Segundo ele, o que verdadeiramente direciona a atuação do Estado é
a realidade social e não a constituição jurídica. Enquanto Kelsen prioriza a constituição jurídica em
detrimento da realidade social, dizendo que o que importa é o texto constitucional, Lassalle
sustenta que a constituição jurídica é uma mera folha de papel que só terá valor quando retratar
fielmente a constituição real e, no conflito entre elas, prevalecerá a constituição real, que é a única
que verdadeiramente retrata os fatores reais do poder, isto é, o poder de fato que, amiúde,
concentra-se nas instituições financeiras, militares, etc.
c) Constituição em sentido político: é a parte da constituição que expressa a decisão política
fundamental. A constituição política abrange as normas constitucionais sobre forma de Estado,
organização do poder e direitos fundamentais. Quanto às demais normas constitucionais, seriam
apenas leis constitucionais, que foram inseridas na Constituição para gozar do benefício da
supremacia hierárquica.

QUANTO À RELAÇÃO ENTRE O ESTADO E A RELIGIÃO: LAICA E TEOCRÁTICA

a) Constituição Laica: é a que impõe a separação entre o Estado e a religião, vedando-se a


religião oficial e qualquer outra discriminação religiosa. Exemplos: as constituições brasileiras
republicanas, inclusive a de 1.988.
b) Constituição Teocrática ou Confessional: é a que promove a união entre o Estado e a igreja,
instituindo-lhe uma religião oficial, ainda que se garanta a liberdade religiosa aos demais credos.
Exemplo: Constituição Brasileira de 1.824 (adotava a religião católica). Outro exemplo: Constituição
da Inglaterra (adota a religião anglicana).

QUANTO À ORIGINALIDADE: ORIGINAL E REPRODUZIDA

a) Constituição original: é a que contém um princípio político inédito, sem similar em


constituições anteriores do próprio Estado ou de Estados estrangeiros. Exemplo: Constituição dos
EUA (foi a primeira a criar a forma federativa de Estado e o sistema presidencialista). Outro
exemplo: Constituição Brasileira de 1.988 (foi a primeira e única a considerar o município como
ente da federação).

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b) Constituição Reproduzida: é a que não inova nos princípios políticos. A Constituição


brasileira de 1.988 é preponderantemente reproduzida, embora tenha alguns pontos originais.

QUANTO À UNIDADE DO TEXTO CONSTITUCIONAL: UNITEXTUAIS E PLURITEXTUAIS

a) Constituições Unitextuais: quando as emendas constitucionais são incorporadas no texto


constitucional, sem figurarem como normas apensas. Exemplo: a Constituição de Portugal.
b) Constituições Pluritextuais: quando as emendas constitucionais podem se incorporar no
texto, para substituir o dispositivo alterado, ou permanecer anexa, apensa, com valor de norma
constitucional. É o caso da constituição brasileira.

QUANTO AO SISTEMA: PRINCIPIOLÓGICA E PRECEITUAL

a) Constituição Principiológica: é a que reúne mais princípios que regras. Os princípios são
normas de elevado grau de abstração, que contém as diretrizes do sistema jurídico, enquanto as
regras regulam apenas uma situação específica.
b) Constituição Preceitual: é a que contém mais regras que princípios. Regras são normas que
disciplinam uma situação específica e, por isso, contém um grau menor de abstração.

QUANTO À FASE POLÍTICA EM QUE FOI ELABORADA: DEFINITIVA E DE TRANSIÇÃO

a) Constituição Definitiva: quando as instituições disciplinadas no texto constitucional já eram


consagradas pela sociedade. Exemplo: a Constituição dos EUA, quando foi promulgada, já contava
com a sociedade americana habituada à separação dos poderes e outros institutos.
b) Constituição de Transição: quando a sociedade ainda não se encontra adaptada às
instituições trazidas pelo texto constitucional. É o caso da Constituição Brasileira de 1.988 que,
quando foi promulgada, a sociedade ainda se adaptava ao regime democrático.

QUANTO À FINALIDADE: LIBERAL E SOCIAL

a) Constituição Liberal ou Garantia ou Defensiva: é a que tem a finalidade de limitar o poder


político e fortalecer os direitos fundamentais.
b) Constituição Social: é a que, além das finalidades acima, ainda visa disciplinar a ordem social
e econômica e promover a efetividade dos direitos sociais.

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Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Luiz Henrique de Oliveira
DIREITO CONSTITUCIONAL CPF - 352.284.038-09
PROF. FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS

PERGUNTAS:

1) O que significa constitucionalismo, nas suas duas acepções tradicionais?


2) Quais as primeiras constituições inspiradas no constitucionalismo?
3) Quais as duas vertentes do constitucionalismo contemporâneo?
4) O que é neoconstitucionalismo?
5) O que é transconstitucionalismo?
6) O que é constituição?
7) O que é constituição liberal?
8) O que inspirou o surgimento das constituições liberais?
9) Quais os objetivos das constituições liberais?
10) O que é constituição social e quais seus objetivos?
11) Qual foi a primeira constituição social brasileira?
12) O que inspirou o surgimento das constituições sociais?
13) O que é o princípio da reserva do possível?
14) Quais as modalidades de constituições sociais?
15) Qual a diferença entre constituição programática e constituição dirigente?
16) O que é constituição balanço?
17) O que é constituição cultural?
18) Quais os elementos da constituição brasileira, segundo Jose Afonso da Silva? Explique-os.
19) A constituição brasileira é liberal ou social?
20) Qual é a estrutura normativa da Constituição brasileira de 1.988?
21) O que é preâmbulo?
22) O preâmbulo tem força normativa?
23) As constituições estaduais que não fazem menção à Deus são constitucionais?
24) As disposições constitucionais transitórias têm a mesma hierarquia que as permanentes?
25) Qual a diferença entre constituição formal e constituição material?
26) Qual a diferença entre constituição formal nuclear e complementar?
27) O Código Eleitoral é uma norma constitucional?
28) Qual a diferença entre constituição sintética e analítica?
29) Qual a diferença entre constituição escrita e não-escrita?
30) O que é bloco de constitucionalidade?
31) Qual a diferença entre constituição histórica e dogmática?
32) Qual a diferença entre constituição ortodoxa e eclética?
33) Qual a diferença entre constituição outorgada, promulgada e cesarista?
34) Quais as constituições brasileiras que foram outorgadas e quais foram democráticas?
35) O que é carta constitucional ou magna carta?
36) Qual a diferença entre constituição rígida, semirrígida, flexível e super-rígida?
37) Qual a diferença entre constituição plástica e aberta?
38) Qual a diferença entre constituição normativa, semântica e nominal?
39) Qual a diferença entre constituição jurídica, real e em sentido político?
40) Qual a diferença entre constituição laica e teocrática?
41) Qual a diferença entre constituição original e reproduzida?
42) Qual a diferença entre constituição unitextual e pluritextual?
43) Qual a diferença entre constituição principiológica e preceitual?
44) Qual a diferença entre constituição definitiva e de transição?

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45) Quanto à finalidade, como se classificam as constituições?

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