Em primeiro lugar, os homens («armas e barões») que «por mares nunca navegados»
ultrapassaram o universo até então conhecido - «passaram ainda além da Taprobana» (Taprobana:
nome da atual ilha de Ceilão), constituindo em tão remotas paragens um «novo Reino». (Est. 1 vv. 1- 8)
Em segundo lugar, Camões pretende cantar os Reis que, na Africa e na Asia, se dedicaram a
dilatar (espalhar/expandir) «a Fé e o império».
Todos esses heróis, navegadores, guerreiros, reis e outros são dignos de ser cantando, porque para
além daquilo que era legítimo esperar, mais do que prometia a força humana.
A 3ª estrofe da Proposição vai constituir um 2º momento, em que Camões vai introduzir novos
elementos: os seus heróis, que mais não afinal do que o «peito ilustre Lusitano», isto é, os Portugueses, a
gente do Luso, «os Lusíadas», são superiores aos das antigas epopeias, o «sábio Grego (Ulisses, herói de
Homero), o «Troiano» (Eneias, o lendário fundador d e Roma) ou mesmo aos grandes militares da
Antiguidade (Alexandre Magno, Trajano). Por isso a Musa moderna vai vencer a musa antiga:
E porquê? Porque os Portugueses são um povo a quem Neptuno e Marte obedeceram. Isto é, a quem
os próprios deuses do Mar e da Guerra se curvaram.
Assim, a Proposição aponta também para os «ingredientes» que constituirão os 4 planos do Poema:
Celebração de uma Viagem, de um povo cuja História se vai contar, por significar a vitória sobre os
Deuses – e isto na interpretação privilegiada do seu cantor, o Poeta:
Que eu canto (…)
Cantando espalharei (…)
A palavra «Lusíadas» deriva de Luso, filho de Líber. Nasceu e povoou a parte mais ocidental da Ibéria,
a que se chamou Lusitânia, como explica Camões no Canto III; est. 21).
Ao contrário de Homero e Virgílio, Camões não escolheu um herói individual que motivasse o título da
sua obra, mas procurou que a sua epopeia anunciasse a história de um herói coletivo – o povo
português.
Recursos expressivos:
- Na primeira estância: (…) Ocidental praia Lusitana (v. 1-2):
- Na terceira estância: (…) peito ilustre Lusitano, (v. 5):
PERÍFRASE - (dizer por várias palavras aquilo que poderia ser dito por apenas uma)
=
PORTUGAL E OS PORTUGUESES
Sinédoque – (consiste em se tomar a parte pelo todo e vice-versa)
Em ambos os casos toma-se a parte pelo todo, a primeira expressão realça a localização a
segunda, o valor do povo português.
Os Lusíadas (Análise da Proposição)
1ªparte (estâncias 1 e 2)
2ªparte (estância 3)
o poeta canta a glória do povo português, que ultrapassou as façanhas contadas nos
poemas greco-romanos
os heróis
os homens imortalizados
"E aqueles que por obras valerosas/Se vão da lei da Morte libertando"
os reis
Planos da narrativa:
plano da viagem
plano do poeta
o poeta canta os feitos grandiosos dos portugueses porque estes merecem ser
exaltados mais do que os que foram cantados nas epopeias clássicas