faz parte de uma série de 4 DVDs (8 horas de filmes no total) produzida pela Scientific
American, BBC, Discovery Chanel e ProSieben.
Esse filme retrata o contexto histórico, intelectual, científico e de sociedade do século
XIX, no qual Charles Darwin elaborou a Teoria da Evolução pela Seleção Natural.
Mostra os choques culturais e societais que essa teoria provocou (e ainda provoca hoje
em certos países e certos setores da sociedade), e as imensas implicações que esses
novos conceitos têm na nossa compreensão atual da biodiversidade e no devido lugar do
ser humano nessa biodiversidade.
O filme é divido em vários capítulos que mostram a construção progressiva dessa nova
teoria, no contexto social e familial que era o do C. Darwin, bem como exemplos atuais
de aplicação dessa teoria.
O século IXX é um período de muita efervescência nas diversas áreas da Ciência do
mundo vivo e de outras Ciências como a geologia. Os dogmas do fixismo e do
criacionismo são cada vez mais questionados, bem antes do Darwin, por evidências
geológicas. A descoberta de fósseis estranhos provoca um imenso interesse na
sociedade em geral e no mundo científico em particular. As ideias e/ou hipóteses de
possibilidade de transformação das espécies surgem e provocam debates.
Após mais de 30 anos de acumulação de observações, de dados e de material, e de
deduções lógicas, Darwin propõe, em 1859, um conjunto de hipóteses que vão
revolucionar nossa concepção de origem do mundo vivo, e das relações entre as
espécies. Propõe um olhar radicalmente diferente, em completa contradição com os
dogmas vigentes naquela época (e ainda presentes hoje em muitos setores da
sociedade), sobre a origem da biodiversidade e o lugar do ser humano nessa
biodiversidade.
E esse percurso intelectual e a importância dessa nova visão da biodiversidade que o
filme tenta retratar.
Para melhor entender a trama histórica retratada no filme, são apresentados a seguir os
retratos resumidos de algumas figuras históricas do filme.
Owen foi um brilhante e ambicioso cientista britânico que ficou conhecido por seus
trabalhos em anatomia comparada, particularmente de fósseis (tinha um grande talento
para “interpretar” fósseis) e por sua consequente e importante contribuição à
paleontologia.
Foi durante um breve período de formação na área de
medicina (na qual nunca atuou), mais precisamente na área
de cirurgia, que ele desenvolveu um enorme interesse pela
anatomia, principalmente em comparações específicas entre
os órgãos e estrutura de diferentes animais. Começou sua
carreira científica como curador assistente do “Hunterian
Museum” em Londres. Era um museu ligado ao “Royal
College of Surgeons” (Colégio Real dos Cirurgiões da
Inglaterra), e que comportava uma grande coleção de peças
anatômicas de humanos e animais. Mais tarde, se tornou o
conservador desse museu. Em 1856, deixou o “Hunteriam
Museum” e se tornou superintendente das coleções do
departamento de história natural do “British Museum”.
Usando da sua posição nesse museu, batalhou durante anos para que seja criado um
museu de história natural separado do “British Museu”, o que se concretizou com a
abertura, em 1881, do hoje famoso “Natural History Museum” de Londres.
Durante toda sua longa carreira científica, Owen desenvolveu inúmeros trabalhos
originais de anatomia de grupos de Invertebrados (em particular moluscos cefalópodes),
maas também de Vertebrados de quase todos os grupos (peixes, répteis, aves,
mamíferos).
Boa parte do seu trabalho sobre répteis e mamíferos foi ligado a formas extintas
(fósseis). Aliás, é ele que publicou a primeira descrição geral importante do grande
grupo dos répteis terrestres do mesozóico e é também ele que cunhou o nome
Dinosauria (dinossauros) (do grego “deinos” e “sauros” – o que significa “largartos
[sauros] terríveis [deinos]”) para esse grupo. Também foi o primeiro a reconhecer que
um grupo de répteis terrestres do mesozóico (Sinapsida) possuia afinidades tanto com
os anfíbios auanto com os mamíferos.
Em relação aos mamíferos, suas mais importantes contribuições foram com os
Monotremada (ex: ornitorrincos), os marsupiais e os macacos antropóides. Muitos dos
seus trabalhos sobre mamíferos foram realizados com as formas extintas, um interesse
que foi particularmente incentivado pelos notáveis fósseis coletados por Darwin na
América do Sul, durante sua viagem de 1831 a 1836 a bordo do HMS Beagle.
Foi a partir dos fósseis coletados por Darwin que Owen descreveu grupos de animais
gigantes (e extintos) como Toxodon (*) (animais que tinham o tamanho de rinocerontes
atuais e possuem afinidades com roedores atuais), Glyptodon (tatus gigantes
relacionados com os tatus atuais), Mylodon e Megatherium (preguiças terrestres
gigantes relacionadas com as preguiças atuais).
(*)
Darwin foi um dos primeiros a coletar fósseis de Toxodon, após ter pago a um camponês do Uruguai a
soma de 18 pence para um crânio de T. platensis (umas das primeiras cenas do filme onde se pode ver
Darwin, acompanhado pelo capitão Fitzroy, tentando comprar fósseis).