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Aula 04

Peças Práticas p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas)

Professor: Vinicius Silva


Peça Prática para Delegado de Polícia Pernambuco
Prof. Vinícius Silva – Aula 04

AULA 04: Exame de insanidade mental (art. 149,


§1°, do CPP).

SUMÁRIO PÁGINA
1. Apresentação 1
2. Aspectos teóricos acerca da representação por exame de 2
insanidade mental
3. Representação por exame de insanidade mental 8
4. Modelo Representação por exame de insanidade mental 13
5. Questão de prova 19
6. Questões propostas 24
7. Respostas das questões propostas na aula 03 27

1. Apresentação
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Olá futuro Delta,

O nosso curso continua e estou muito feliz pela boa receptividade que tenho
tido por parte dos alunos. Muitos elogios estão sendo recebidos por min e
tenho a certeza de que o meu trabalho está sendo feito da melhor forma e
minha maior satisfação será vê-los exercer esse cargo que tanto desejam.

A cautelar de hoje é muito boa e pode ser perfeitamente cobrada em prova,


apesar de nunca ter caído em prova alguma, pelo menos sozinha, essas
medidas menos populares você deve ficar ligado que elas podem ser
cobradas misturadas com outras medidas mais populares como as
cautelares pessoais.

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A medida de hoje é a representação por exame de insanidade mental do


investigado. Vamos aprender a representar por essa importante cautelar
no processo penal, notadamente na fase de inquérito.

A medida é regulada no próprio código de processo penal, em seus


arts. 149 e ss. Vamos abordar aspectos teóricos sobre a medida e
trabalhar com as principais dicas de produção da peça.

Ressalto que não se trata de uma medida cautelar complexa, você deve
ficar ligado nas principais nuances particulares a essa cautelar, no entanto,
muitos aspectos são idênticos aos aqui estudados em aulas anteriores.

2. Aspectos teóricos acerca do exame de insanidade mental

O que você deve ficar ligado aqui é que essa representação tem uma
finalidade específica, que é a aferição do estado psíquico do
investigado/indiciado. Ou seja, o delegado chega a um momento da
investigação em que paira uma dúvida acerca do estado mental do
investigado no tempo do crime.

Essa medida pode ser decretada tanto antes da ação penal, que é o caso
que vamos estudar, como também durante a ação e até depois, durante a
execução da pena.

Antes da ação penal, ela se presta a estabelecer a imputabilidade do


agente, durante a ação ela também possui a mesma finalidade, mas as
consequências são diferentes, pois existe toda uma sistemática prevista
nesses casos de inimputabilidade ou semi-imputabilidade durante o
processo judicial, por fim, na execução da pena, o eventual incidente possui
sua regulamentação na lei de execução penal (Lei n° 7.210/84).

Durante o curso do processo essa medida tem a finalidade de aferir se a


época do crime o agente era capaz de entender o caráter ilícito do fato ou
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determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de doença


mental ou desenvolvimento incompleto ou retardado, é o que prevê o art.
26, do CP.

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por


doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse
entendimento. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

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Esse artigo, de acordo com a teoria tripartida do delito está inserido na


culpabilidade do agente. Ou seja, se presta a saber se o agente é culpável.
É um dos elementos da culpabilidade, de acordo com a moderna teoria do
crime, aceita no ordenamento pátrio.

Em caso de reconhecimento dessa inimputabilidade, o juiz proferirá a


chamada sentença absolutória imprópria, quando ele impõe a chamada
medida de segurança.

Esse não será o nosso objeto de estudo, uma vez que se trata de uma
medida a ser tomada no curso do processo e o delegado de polícia atua
durante a fase pré-processual, na grande maioria das vezes.

Outro fato a ser esclarecido é que se a doença mental se dá durante o


processo e não à época do crime, as consequências são distintas, pois
deverá ser seguido o rito do art. 152, do CPP.

Art. 152. Se se verificar que a doença


mental sobreveio à infração o processo
continuará suspenso até que o acusado se
restabeleça, observado o § 2o do art. 149.

§ 1o O juiz poderá, nesse caso, ordenar a


internação do acusado em manicômio
judiciário ou em outro estabelecimento
adequado.

§ 2o O processo retomará o seu curso, desde


que se restabeleça o acusado, ficando-lhe
assegurada a faculdade de reinquirir as
testemunhas que houverem prestado
depoimento sem a sua presença.

Veja que as consequências são sempre distintas, a depender do momento


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em que sobreveio a doença.

Em relação à referida medida durante a execução penal, ressalto o que está


previsto na lei de execução penal ao teor de seu art. 183:

Art. 183. Quando, no curso da execução da


pena privativa de liberdade, sobrevier
doença mental ou perturbação da saúde
mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do
Ministério Público, da Defensoria Pública ou
da autoridade administrativa, poderá
determinar a substituição da pena por

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medida de segurança. (Redação dada pela


Lei nº 12.313, de 2010).

No entanto, a nossa medida cinge-se no que está previsto no caput e no


§1°, do art. 149, do CPP.

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a


integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, do defensor, do curador,
do ascendente, descendente, irmão ou
cônjuge do acusado, seja este submetido a
exame médico-legal.

§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na


fase do inquérito, mediante representação
da autoridade policial ao juiz competente.

Nesse dispositivo nós já temos a revisão legal da medida com a legitimidade


do delegado de polícia para representar e o cabimento.

Professor, essa previsão não fere o princípio do


nemo tenetur se detegere? O investigado não
estaria a produzir prova contra si mesmo?

Excelente pergunta Aderbal, mas a doutrina e


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jurisprudência já pacificaram que o exame não fere


tal princípio.

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Salvo qualquer hipótese de ilegalidade, o investigado, ao ser submetido ao


referido exame, não estaria produzindo prova contra si mesmo, pois se
trata de uma questão de ordem pública saber o estado psíquico do agente
delituoso quando da ação criminosa ou quando no decorrer da ação judicial
ou após ela. Na mesma toada, não se exige qualquer comportamento ativo
do periciando, assim, podemos afirmar que não há violação a tal princípio.

O juiz, ao deferir, está se pautando por uma questão de ponderação, acima


de tudo, cabe ao judiciário, em caso de manifesta dúvida em relação ao
estado mental do investigado proceder ao exame a fim de que seja tomada
a medida justa em relação a ele.

Nesse sentido vejamos o entendimento do STJ:

EXAME DE SANIDADE MENTAL.


REALIZAÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
INEXISTÊNCIA: “1 — O exame de sanidade
mental, previsto no art. 149, do CPP, porque
instituído no interesse da Justiça, é matéria de
ordem pública, não se compadecendo, por isso
mesmo, com eventuais alegações de prejuízo à
defesa. Constrangimento ilegal não existente. 2
— Ordem denegada” (STJ, 6ª T., HC 16.686/RJ,
rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 2-10-2001, DJ,
30 jun. 2003, p. 314).

O exame de insanidade mental é utilizado na fase investigatória quando


o delegado se depara com indícios que possam suscitar a dúvida em
relação à higidez mental do investigado.

O delegado antes de relatar o inquérito se depara com a dúvida, então ele


procede à representação e o juiz determina ao investigado que seja
submetido ao exame pericial a ser realizado, geralmente por um médico
psiquiatra. 13601418207

No entanto, podemos visualizar outro estado psíquico que pode suscitar


dúvidas no que diz respeito à classificação do delito cometido. Estamos
falando do estado puerperal.

Esse estado é natural nas mulheres que acabam de dar à luz. Estudos
mostram que esse estado perturba as faculdades mentais da mulher, e ela,
acometida por essa perturbação, quando mata o bebê recém nascido,
comete o crime de infanticídio, que possui uma pena menor que a do
homicídio.

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Portanto, é fundamental saber se a mulher estava no estado puerperal


durante o tempo do crime, o momento em que ocorreu a morte, a fim de
que o delegado ao indiciar possa fazê-lo no crime efetivamente cometido.

ESTADO PSÍQUICO CRIME


PUERPERAL INFANTICÍDIO
NÃO PUERPERAL (NORMAL) HOMICÍDIO

Esse exemplo geralmente não consta nos livros, no entanto, é muito


importante na atividade policial. Os livros de Direito Processual Penal
primam pelo exame na fase processual, ou seja, quando já oferecida a
denúncia e iniciada a ação penal.

O nosso curso se preocupa com você e com as possibilidades que podem


vir na sua prova, por isso entendemos ser essa uma boa possibilidade de
cobrança em prova.

A outra hipótese é a de imputabilidade/inimputabilidade quando no tempo


do crime.

Importante frisar que essa medida cautelar não tranca o inquérito


policial, podendo, portanto, ser dado continuidade às investigações, sem
necessidade de se aguardar o resultado do exame, essa diferença é
substancial em relação ao exame na fase processual.

Aqui, na fase pré-processual, o ideal é concluir a investigação o quanto


antes, de modo a acelerar a persecução penal, uma delegacia de polícia
tem prazos a serem cumpridos para a conclusão do inquérito.

Outro exemplo oriundo dos livros é de crimes múltiplos, em que um agente


delituoso comete estupro seguido de homicídio. Pode ser perfeitamente
aceitável que o agente seja acometido de uma doença sexual, uma
patologia mental ligada à atividade sexual e por conta disso tenha cometido
o crime de estupro. No entanto, ao cometer o crime de homicídio para
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acobertar o estupro (queima de arquivo) ele não esteja acometido de


nenhuma doença mental.

Assim, no decorrer da persecução os dois crimes vão tomar caminhos


diferentes, uma vez que foram cometidos por um agente inimputável e
imputável, respectivamente, a depender do resultado do exame pericial.

Bom, esses são os principais exemplos em que se visualiza o exame pericial


de sanidade mental como cabível no dia a dia da atividade policial. Ou seja,
quando um crime prevê um estado psíquico no seu tipo, é importante esse
exame para a definição do crime cometido.

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Cabe ressaltar a necessidade de quesitação pelo delegado de polícia em


sua representação.

É importante, uma vez que o delegado está imerso em uma dúvida, dizer
o que ele necessita saber do médico perito para saná-la. Ou seja, o
delegado perguntará ao perito médico no sentido de saber se a agente
estava sob a influência do estado puerperal ao tempo do crime, entre outros
exemplos.

Esse rol de quesitos deve ser inserido no pedido, ou após ele. Quando
falarmos do pedido daremos exemplos de quesitos para os diversos tipos
de representação por exame.

Um detalhe teórico importante ainda sobre a quesitação é a possiblidade


de quesitos por parte do advogado do investigado. Vou expor aqui duas
correntes doutrinárias. Não gosto muito de discussões doutrinárias, no
entanto, existem temas em que essas nuances são necessárias para um
melhor posicionamento diante de um concurso específico como o que você
está prestando.

1ª Corrente: É necessária a intimação do advogado do investigado, caso


o tenha constituído, para oferecer quesitos e essa intimação é determinada
pelo juiz, uma vez que é competência dele deferir a medida e indicar o
procedimento para a realização do exame pericial.

2ª Corrente: (a ser utilizada em concursos para Delegado de


Polícia): Antes de mais nada, em concursos da área policial você deve
primar pela defesa do bom inquérito, aquele em que o delegado busca
compensar o atraso que possui em relação ao agente delituoso. Assim,
partindo dessa premissa, não caberia a intimação do advogado do
investigado para apresentação de quesitos. A investigação é presidida pelo
delegado, fica ao seu critério definir quais as diligências necessárias à
elucidação do crime. Aqui o ideal é defender a inquisitoriedade da
investigação policial. 13601418207

Não obstante o que foi relatado acima, cabem ainda quesitos do juiz e do
membro do Ministério Público – MP.

Em relação à nomeação de curador, entendemos ser desnecessária e


inadequada, mais uma vez por conta do caráter inquisitório do inquérito
policial, pois de acordo com o art. 149, § 2°, do CPP:

§ 2o O juiz nomeará curador ao acusado,


quando determinar o exame, ficando
suspenso o processo, se já iniciada a ação
penal, salvo quanto às diligências que
possam ser prejudicadas pelo adiamento.

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Como o código menciona acusado, entendemos que a nomeação de


curador se dará caso o exame seja determinado durante a fase processual.
Se você está com dúvidas acerca dessas nomenclaturas e da fase
processual que estamos tratando, verifique esse artigo cujo link segue
abaixo:

http://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/dica-de-peca-pratica-2a-
fase-delegado-pcdf/

O incidente deve ser processado em autos apartados, ou seja, quando o


delegado de polícia representar pela medida, deverão ser formados autos
apartados nos quais processar-se-á a medida cautelar.

Após a apresentação do laudo pericial os autos deverão ser apensados ao


processo principal, tudo na forma do art. 153:

Art. 153. O incidente da insanidade mental


processar-se-á em auto apartado, que só
depois da apresentação do laudo, será
apenso ao processo principal.

3. Representação por realização de exame de sanidade mental

3.1 Legitimação

A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no


art. 149, I, do CPP. Vejamos:

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a


integridade mental do acusado, o juiz ordenará,
de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, do defensor, do curador, do ascendente,
descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja
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este submetido a exame médico-legal.

§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase


do inquérito, mediante representação da
autoridade policial ao juiz competente.

Portanto, a legitimidade ao delegado é dada pelo próprio Código de


Processo Penal. Vamos ver como isso foi cobrado na segunda fase de um
importante concurso de delegado de polícia, o do Rio de Janeiro.

Segue a questão:

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(PCRJ – 2ª Fase – Delegado de Polícia Civil) Ana Carolina Santos foi


presa por policiais lotados na 52ª DP – Nova Iguaçu – e autuada em
flagrante delito por ter sido surpreendida no momento em que praticava
maus-tratos contra o adolescente Vinícius Silva (coincidência danada esse
nome na questão), deficiente físico, que não possuída condições mínimas
de administrar sua vida. Durante o curto período em que a conduzida se
encontrava custodiada na Delegacia, a autoridade policial percebeu que a
mesma apresentava sinais evidentes de deficiência mental. Diante disso,
convocou a perícia médico-legal para realizar o exame de corpo de delito,
objetivando comprovar uma possível insanidade. Nesse ínterim, concluiu e
relatou o inquérito policial. Com base no inquérito policial e no laudo, que
concluiu pela insanidade, representou ao juiz pela internação provisória
com fundamento de evitar a reiteração criminosa (art. 319, III, parte final
do Código de Processo Penal). No caso hipotético, responda
(fundamentadamente):

a) Agiu corretamente a autoridade policial ao determinar a realização do


exame de corpo de delito?

Respondendo à questão, podemos afirmar que o delegado de polícia que


presidia a investigação não procedeu de forma correta, pois não tem
legitimidade para decretar a realização do exame de sanidade mental de
ofício, ele deve fazer isso mediante representação do juiz, pois compete a
este decretar a realização do exame, por interpretação literal do que prevê
o art. 149, caput c/c §1°, do Código de Processo Penal.

Lembre-se de que essa previsão legal deverá constar de seu preâmbulo.

3.2 Fundamentos de fato ou Fatos

Aqui é a mesma coisa das aulas anteriores e das seguintes aulas também,
acostume-se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas
técnicas de resumo de textos, que você encontra em um bom livro de
produção textual. 13601418207

Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre
destacando aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação
jurídica.

Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser
repetitivo em relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena
utilizar a regrinha da resposta às perguntas abaixo:

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O que?

Quem?

Quando? ACONTECEU

Onde?

Por que?

Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem


objetivo, sua narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação
dessa parte estará garantida.

Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até


quando estiver contando uma história a algum colega.

Ademais, como se trata de um exame pericial, vale a pena ressaltar os


fatos que levam o delegado à dúvida em relação ao estado psíquico
do investigado, pois é por conta dele que a representação é necessária,
logo é algo importante que irá fundamentar a sua peça.

3.3 Fundamentos jurídicos

A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais
pontos, nela você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a
medida cautelar pela qual representa.

Nesse ponto você vai dividir sua fundamentação em 2 partes. A primeira


será relativa à prática delituosa, na qual você vai tipificar o crime. Veja
que se você estiver diante de uma dúvida entre infanticídio e homicídio
você deverá colocar justamente isso sob a análise nesse ponto, mostrando
que há dúvida em relação ao estado mental do investigado. Ou seja, você
vai oferecer as possibilidades do crime, e exatamente por estar em dúvida
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de qual crime ocorreu o exame é necessário.

A segunda parte da fundamentação se destina ao cabimento e


necessidade da medida cautelar.

A medida será cabível quando pairar dúvida em relação à higidez mental


do investigado. Sempre que a definição do estado psíquico do investigado
tiver consequências no decorrer da persecução penal.

Nesse ponto você deve retomar aquele ponto importante que eu ressaltei
nos fatos em que você mostra o fato que lhe leva à dúvida. Esse fato é o

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que motiva o cabimento da medida, ou seja, você vai retomar o fato que
lhe leva a dúvida e combinar esse fato com a previsão do art. 149, caput.

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a


integridade mental do acusado...

Destaquei apenas a parte que nos conduz ao cabimento.

Lembre-se, portanto, que


a medida cabe quando
houver dúvida.

Por outro lado, em relação à necessidade, ela acaba se confundindo com o


cabimento, ou seja, a medida é necessária para dirimir a dúvida, ou seja,
quando couber, será necessária, pois a dúvida deve ser retirada, sob pena
de indiciar em crime diverso ou o MP denunciar e requerer a condenação
de um inimputável, portanto, a medida é necessária até para que a
investigação seja preservada, assim como a ação penal.

Vejamos o que o STJ entende sobre o cabimento/necessidade do exame.

EXAME DE INSANIDADE MENTAL.


RECONHECIMENTO: “II — Só a dúvida séria
sobre a integridade mental do acusado serve de
motivação para a instauração do incidente de
insanidade mental. O simples requerimento, por
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si, não obriga o juiz” (STJ, 5ª T., HC 10.221/SP,


rel. Min. Felix Fischer, j. 15-2-2000, DJ, 13 mar.
2000, p. 187).

3.4. Pedido

Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça,
ele possui uma peculiaridade em relação aos demais.

A base é a mesma, você vai representar ao juiz pela decretação de exame


pericial de sanidade mental a ser realizado no investigado “fulano de tal”.

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Mas o exame deve ter uma finalidade, ou seja, um objetivo, e isso é


justamente o que você deve ter colocado nos fatos e fundamentos, a sua
dúvida, aquela que paira sobre a higidez mental do agente delituoso.

Mas para isso você deve indicar ao médico o que você deseja que ele
responda, qual a investigação que o perito deve realizar em face do
investigado. Para isso é fundamental que você ofereça quesitos ao médico
perito. Esses quesitos são perguntas que devem ser respondidas
objetivamente pelo médico quando da feitura do laudo pericial.

Vou apresentar uma série de quesitação específica para a questão


da imputabilidade/inimputabilidade:

a) O investigado (fulano de tal) ao tempo da ação que culminou na


prática do crime (citar o crime sob investigação), era portador de
doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou
desenvolvimento mental retardado?

b) Em caso afirmativo, em relação à pergunta do item “a”, qual


doença psíquica?

c) Por conta da doença psíquica citada em resposta do item


anterior, o investigado era inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento?

d) Em razão das mesmas circunstâncias citadas no item “c”, o


investigado possuía, ao tempo da ação delituosa, reduzida
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento?

e) Se houver outras informações pertinentes ou esclarecimentos a


serem feitos acerca do exame pericial?
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Apresentarei agora um novo tipo de quesitação em relação à


tipificação da conduta delituosa em infanticídio ou homicídio:

a) A pericianda esteve sob o estado psicótico puerperal?

b) É possível determinar a duração do referido estado, se sim, em


qual período perdurou o estado puerperal sob a influência do qual
a pericianda permaneceu?

c) Devido ao estado puerperal, a pericianda era capaz de


compreender o caráter ilícito da sua conduta e de se auto
determinar por este entendimento?

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d) Devido ao estado puerperal a pericianda teve reduzido seu grau


de compreensão do caráter ilícito de sua conduta ou de
autodeterminar-se de acordo com esse entendimento?

Essa particularidade dos quesitos é muito importante e não devemos deixar


de especifica-los em nosso pedido.

4. Modelo de representação por exame de insanidade mental

Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. É uma
representação simples, sem muitos detalhes, a não ser a quesitação no
pedido final.

4.1 Endereçamento

O endereçamento continua sendo muito importante, no caso de


representação por exame de insanidade mental, a peça pode ser
endereçada ao Tribunal do Júri ou ao Juiz de Direito, no caso de crime
contra a vida (homicídio vs. Infanticídio) a peça deve ser endereçada ao
Tribunal do Júri, não se esqueça de que a este compete o julgamento e
processamento de todos os crimes dolosos contra a vida. Na maioria dos
demais casos, caberá ao juiz comum (estadual ou federal) processar a
medida.

Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver dúvida,


volte para a parte de processo penal, onde se estuda a competência no
CPP, pois lá estarão bem claras as principais regras para identificar o juízo
competente.

Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for
mencionado isso no enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em
branco, para não perder pontos e nem ser prejudicado totalmente com uma
possível identificação de prova.
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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ____________).

4.2 Preâmbulo

Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e vai


fazer referência ao inquérito policial no bojo do qual se motiva a
representação por essa medida.

Lembrando que você não pode inventar um número de inquérito, mencione


número apenas se for mencionado no enunciado. Caso contrário, deixe o
bom e velho espaço em branco.

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O preâmbulo, cujo modelo segue abaixo, possui as mesmas características


dos preâmbulos já vistos nas aulas anteriores, com as modificações
relativas às legislações pertinentes.

“A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado


de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 149, §1°, do Código
de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem
assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil
do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela
decretação de realização de exame de sanidade mental a ser
realizado no(a) investigado(a) ______________________, pelos
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”.

Veja como é importante mencionar a pessoa que vai ser submetida ao


exame. Nos fatos, vale a pena qualificar o(a) investigado(a) para que seja
enviada intimação ou qualquer outra comunicação no endereço devido.

Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013


comprova que você tem sangue de delegado e que vai procurar valorizar
as suas atribuições quando no exercício delas.

Professor, o preâmbulo é sempre igual, mudando


apenas algumas coisas, nas suas aulas essa parte
parece ser até repetitiva, não tem outros modelos
de preâmbulo não?

Prezado Aderbal, sua pergunta é muito boa, e deve


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ser a pergunta de muitos dos nossos alunos. A ideia


do nosso curso é condicionar você a memorizar um
modelo cada vez mais enxuto de peça. Aquilo que for
repetitivo é melhor ainda para você memorizar.
Preocupe-se apenas com as diferenças entre as peças.

4.3 Fatos

Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você
vai ser medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não

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negligencie esse ponto, pois o examinador pode já não gostar muito da sua
peça, caso os fatos não sejam corretamente narrados.

Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo.


Responder àquelas perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um
bom norte a ser seguido.

Na peça de representação por exame de sanidade mental, mencione os


fatos que lhe levaram a ter dúvida acerca da higidez mental do investigado.

No entanto, você não pode inventar fatos, isso é terminantemente


proibido, sob pena de ter a peça “zerada” pela identificação da prova.

4.4 Fundamentos jurídicos

Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 2 pontos, quais


sejam, do crime sob investigação, do cabimento e da necessidade

Você deve tipificar o crime sob investigação, ou se a dúvida residir


exatamente sobre a tipificação do crime, você deve mencionar que a
medida visa a elucidar a tipificação que pode ser crime A ou crime B.

No cabimento você deve mencionar que a dúvida acerca da higidez mental


do investigado autoriza a autoridade policial a representar ao juiz pela
realização do exame, nos termos do art. 149, caput c/c §1°, sendo,
portanto, cabível no caso concreto.

Quanto à necessidade da medida ela se fará presente justamente pela


necessidade de se tipificar o crime corretamente ou esclarecer acerca da
culpabilidade do agente delituoso, auxiliando o titular da ação penal na
feitura de sua peça, requerendo ao final, se for o caso, pela absolvição
imprópria do indiciado e pela aplicação de medida de segurança.

Ou seja, o importante é mencionar que a dúvida gera o cabimento que


13601418207

desagua na necessidade de se efetuar uma investigação verossímil.

4.5 Do Pedido.

No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida


sempre de forma objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de
polícia representa e não requer, quem requer é o membro do MP.

Não se esqueça de mencionar os quesitos da autoridade policial.

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já


expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação de
realização de exame de sanidade mental a ser realizada em

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(fulano(a) de tal), já qualificado(a) acima, por médico psiquiatra, o


qual deverá responder aos quesitos abaixo, bem como prestar
quaisquer informações e esclarecimentos que se prestem à
investigação, por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, visando a
conclusão do inquérito policial, tipificação correta do delito
cometido e conclusão acerca da culpabilidade, após a oitiva do
ilustre membro do Ministério Público.

Seguem os quesitos da autoridade policial, sem prejuízo dos


quesitos do juiz e do membro do MP:

a) O investigado (fulano de tal) ao tempo da ação que culminou na


prática do crime (citar o crime sob investigação), era portador de
doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou
desenvolvimento mental retardado?

b) Em caso afirmativo, em relação à pergunta do item “a”, qual


doença psíquica?

c) Por conta da doença psíquica citada em resposta do item


anterior, o investigado era inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento?

d) Em razão das mesmas circunstâncias citadas no item “c”, o


investigado possuía, ao tempo da ação delituosa, reduzida
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento?

e) Se houver outras informações pertinentes ou esclarecimentos a


serem feitos acerca do exame pericial?

Ou 13601418207

a) A pericianda esteve sob o estado psicótico puerperal?

b) É possível determinar a duração do referido estado, se sim, em


qual período perdurou o estado puerperal sob a influência do qual
a pericianda permaneceu?

c) Devido ao estado puerperal, a pericianda era capaz de


compreender o caráter ilícito da sua conduta e de se auto
determinar por este entendimento?

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d) Devido ao estado puerperal a pericianda teve reduzido seu grau


de compreensão do caráter ilícito de sua conduta ou de
autodeterminar-se de acordo com esse entendimento?

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Vamos agora colocar tudo isso em um modelo.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ____________).

Ref. Inquérito policial n°___

“A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado


de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 149, §1°, do Código
de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem
assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil
do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela
decretação de realização de exame de sanidade mental a ser
realizado no(a) investigado(a) ______________________, pelos
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”.
13601418207

1. Dos fatos

Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

Vale a pena demonstrar a tipificação do crime cometido.

2.2 Do cabimento e necessidade

Mencione que a medida é cabível, pois existe dúvida acerca das


faculdades mentais do investigado e, nos termos do CPP a
medida é cabível e visa à elucidação do estado mental e
Prof.culpabilidade
Vinícius Silva do agente delituoso, quando não for necessária
www.estrategiaconcursos.com.br a
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correta tipificação do crime cometido.
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3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já


expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação de
realização de exame de sanidade mental a ser realizada em
(fulano(a) de tal), já qualificado(a) acima, por médico psiquiatra, o
qual deverá responder aos quesitos abaixo, bem como prestar
quaisquer informações e esclarecimentos que se prestem à
investigação, por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, visando a
conclusão do inquérito policial, tipificação correta do delito
cometido e conclusão acerca da culpabilidade, após a oitiva do
ilustre membro do Ministério Público.

Seguem os quesitos da autoridade policial, sem prejuízo dos


quesitos do juiz e do membro do MP:

a) O investigado (fulano de tal) ao tempo da ação que culminou na


prática do crime (citar o crime sob investigação), era portador de
doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou
desenvolvimento mental retardado?

b) Em caso afirmativo, em relação à pergunta do item “a”, qual


doença psíquica?

c) Por conta da doença psíquica citada em resposta do item


anterior, o investigado era inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
13601418207

entendimento?

d) Em razão das mesmas circunstâncias citadas no item “c”, o


investigado possuía, ao tempo da ação delituosa, reduzida
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento?

e) Se houver outras informações pertinentes ou esclarecimentos a


serem feitos acerca do exame pericial?

Ou

a) A pericianda esteve sob o estado psicótico puerperal?

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b) É possível determinar a duração do referido estado, se sim, em


qual período perdurou o estado puerperal sob a influência do qual
a pericianda permaneceu?

c) Devido ao estado puerperal, a pericianda era capaz de


compreender o caráter ilícito da sua conduta e de se auto
determinar por este entendimento?

d) Devido ao estado puerperal a pericianda teve reduzido seu grau


de compreensão do caráter ilícito de sua conduta ou de
autodeterminar-se de acordo com esse entendimento?

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Vejam que não é muito longa e não requer muitos detalhes a produção da
representação por decretação de exame de sanidade mental.

Vamos agora ao exercício de prova.

Escolhi para a nossa aula uma adaptação da questão que caiu na prova da
PCRJ para o cargo de Delegado de Polícia no ano de 2012.

5. Questões comentadas de prova.

Questão 1. (Adaptada pelo Prof. Vinícius Silva)

Delegado de Polícia - Concurso: PCRJ - Ano: 2012 - Banca: FUMARC


13601418207

- Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Medidas


Assecuratórias.

Ana Carolina Santos foi presa pelos policiais A, B e C lotados na 52ª


DP – Nova Iguaçu – e autuada em flagrante delito por ter sido
surpreendida no momento em que praticava maus-tratos contra a
pessoa que cuidava, o adolescente Vinícius Silva, deficiente físico,
que não possui condições mínimas de administrar sua vida, as
testemunhas E e F ao presenciarem o fato delituoso chamaram a
polícia por meio de ligação telefônica, que prontamente atendeu ao
chamado e encontrou a agente delituosa em situação de flagrância.

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Diante disso, a autoridade policial convocou a perícia médico-legal


para realizar o exame de corpo de delito.

Durante o curto período em que a conduzida se encontrava


custodiada na Delegacia, a autoridade policial percebeu que a
mesma apresentava sinais evidentes de deficiência mental, fato
esse corroborado pelo depoimento dos condutores e das
testemunhas que presenciaram o fato.

Diante disso, na qualidade de autoridade policial que conduz a


investigação, represente pela medida adequada ao caso concreto
apresentado, fundamentadamente.

Comentário e modelo de peça proposto.

A questão acima foi adaptada de uma questão discursiva da prova de


Delegado de Polícia Civil do Rio de Janeiro, uma questão muito boa acerca
da legitimidade do delegado de polícia para representar pela medida
cautelar em questão.

Nessa adaptação vamos representar pela cautelar, visando verificar a


sanidade mental da investigada, presa em flagrante.

O crime cometido é o de maus-tratos, tipificado ao teor do art. 136, do CP:

Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde


de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de
13601418207

alimentação ou cuidados indispensáveis,


quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de
correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano,


ou multa.

Veja que no caso da questão a Sra. Ana Carolina Santos era a cuidadora
de Vinícius Silva, e nessa qualidade praticou maus tratos contra ele,
provavelmente abusando de meios de correção ou disciplina.

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A questão foi enfática ao afirmar que ela praticou maus tratos, crime
tipificado no Código Penal, crime esse que não se confunde com o crime de
tortura castigo, tipificado ao teor do art. 1°, II, da Lei 9.455/97:

II - submeter alguém, sob sua guarda,


poder ou autoridade, com emprego de
violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

A questão, em momento algum, mencionou que Ana praticou ato que


levasse a vítima a intenso sofrimento físico ou mental. Portanto, não se
trata de questão em que ocorre o crime de tortura-castigo.

Verifique que o delegado encontra-se em dúvida em relação à higidez


mental da investigada, uma vez que ela mostrou comportamento muito
estranho, inclusive para os agentes policiais que a conduziram e para as
testemunhas, o que reforça a opinião do delegado acerca da possibilidade
de inimputabilidade da agente delituosa.

Portanto, para que seja sanada a dúvida, caberá ao delegado representar


pela decretação de exame de sanidade mental a ser realizado na
investigada por médico perito psiquiatra.

A identificação da peça é muito tranquila e sei que você percebeu. A ideia


aqui é a palavra dúvida, ela indica fortemente que a peça é uma
representação por exame de sanidade mental.

Vamos à peça.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA


13601418207

CRIMINAL DA COMARCA DE NOVA IGUAÇU-RJ.

Ref. Inquérito policial n°___

A Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 149, §1°, do Código de
Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela
(citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o
qual está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de

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Vossa Excelência, representar pela decretação de realização de exame de


sanidade mental a ser realizado no(a) investigado(a) ANA CAROLINA
SANTOS, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Narram os autos do iquérito em epígrafe que a Sra. Ana Carolina Santos


foi presa em flagrante quando cometia o crime de maus-tratos, em face do
Sr. Vinícius Silva, em meio a uma praça pública.

A agente delituosa era a cuidadora do Sr. Vinícius Silva, que por ser
deficiente físico, não possui condições de administrar a própria vida.

As testemunhas D e E presenciaram os fatos e foram conduzidas também


à delagacia para prestar esclarecimentos.

No momento em que permaneceu custodiada nessa unidade policial, a


investigada apresentou comportamento muito peculiar, aparentando não
estar em sua plenitude, no que diz respeito às suas faculdades mentais.

Os fatos acima foram corroborados pelos depoimentos das testemunhas e


do condutor da custodiada.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

Ana Carolina Santos praticou o crime de maus-tratos em face da vítima


Vinícius Silva, uma vez que, abusando dos meios de correção e disciplina,
provocou ofensa física à vitima, estando, portanto, tipificado o crime
previsto no art. 136, do Código Penal.

A materialidade do delito está comprovada, pois Vinícius Silva foi


encaminhado ao IML, ocasião em que foram constatadas as lesões no corpo
13601418207

de delito.

2.2 Do cabimento e necessidade

A medida que se impõe ao caso concreto se faz cabível, pois existe dúvida
acerca das faculdades mentais da investigada e, nos termos do CPP a
medida é cabível e visa a elucidação do estado mental e culpabilidade do
agente delituoso.

O art. 149, §1°, do CPP prevê a possibilidade de realização de exame de


sanidade mental sempre que o delegado de polícia vislumbrar a
possibilidade de estarmos diante de um caso de inimputabilidade.

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A medida é necessária, na medida em que o relatório do delegado de polícia


deve esclarecer todas as medidas que foram realizadas, bem como as
percepções da autoridade policial visando a mencionar todas as
circunstancias em meio das quais o crime ocorreu.

Logo, a culpabilidade do agente é um elemento do crime que deve ser


esclarecido no caso concreto, pois é notória a necessidade de se elucidar a
medida da culpabilidade do agente face o comportamento inadequado
demonstrado por Ana Carolina durante o curto intervalo de tempo em que
ficou custodiada nessa delegacia.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já


expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação de
realização de exame de sanidade mental a ser realizada em Ana Carolina
Santos, por médico psiquiatra, o qual deverá responder aos quesitos
abaixo, bem como prestar quaisquer informações e esclarecimentos que se
prestem à investigação, por ser a medida de direito adequada ao caso
conforme se demonstra na fundamentação exposta, visando à conclusão
do inquérito policial, e ponderações acerca da culpabilidade, após a oitiva
do ilustre membro do Ministério Público-MP.

Seguem os quesitos da autoridade policial, sem prejuízo dos quesitos do


juiz e do membro do MP:

a) Ana Carolina Santos, ao tempo da ação que culminou na prática do crime


de maus-tratos, era portadora de doença mental, desenvolvimento mental
incompleto ou desenvolvimento mental retardado?

b) Em caso afirmativo, em relação à pergunta do item “a”, qual doença


psíquica?

c) Por conta da doença psíquica citada em resposta do item anterior, o


13601418207

investigado era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato


ou de determinar-se de acordo com esse entendimento?

d) Em razão das mesmas circunstâncias citadas no item “c”, o investigado


possuía, ao tempo da ação delituosa, reduzida capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento?

e) Se houver outras informações pertinentes ou esclarecimentos a serem


feitos acerca do exame pericial?

Nestes Termos. Pede Deferimento.

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Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

6. Questões propostas

Questão 1 (Vinícius Silva):

No dia 22 de abril de 2015 a chegou ao conhecimento da equipe de


plantão da 33ª Delegacia de Polícia no município de Fortaleza, no
estado do Ceará, que no mesmo dia por volta de 05:00 uma jovem
de aproximadamente 19 anos havia dado entrada no hospital de
plantão por conta de um mal súbito que ocorrera no início da
madrugada.

A jovem chamava-se Maria Clara, era domiciliada na Avenida


Domingos Olímpio, Bairro: Centro, Fortaleza, Ceará. Ela foi atendida
pelo médico de plantão do hospital IJF e esse em seu relatório
médico indicou que a jovem tinha um forte sangramento na região
vaginal, assim como também foi possível constatar que ela estava
grávida até a noite anterior.

Foram feitos exames médicos complementares e durante a


realização deles a jovem, bastante atordoada, confessou que havia
jogado o bebê em um córrego próximo a sua casa, e que havia feito
isso por conta de que sua família era muito rica e o filho a que dera
à luz era fruto de um relacionamento não desejado por seus pais,
ela mencionou ainda que o parto ocorrera em um banheiro de um
bar com o auxílio de uma garçonete que a atendera.

A equipe médica prontamente entrou em contato com a polícia


militar que encontrou o bebê já sem vida, o qual foi levado ao IML
e no exame cadavérico concluiu-se que o bebê havia respirado.
13601418207

O inquérito foi instaurado e o delegado ainda não tipificou o crime


cometido. Na qualidade de presidente da investigação, represente
pela medida cautelar adequada para dirimir a dúvida da autoridade
policial quanto à tipificação do crime.

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Questão 2: (Vinícius Silva)

A 2ª delegacia da divisão especializada de homicídios de São Paulo-


SP, no inquérito de n°. 456/2015 apura o suposto crime de
homicídio cometido por Anderson de Melo, o qual, sem motivo
concreto, teria ceifado a vida de Pedro Barros no dia 21 de
dezembro de 2014, mediante 21 facadas todas desferidas na região
torácica da vítima.

No decorrer da investigação, apurou-se, mediante o depoimento de


testemunhas, que Anderson Melo é um morador de rua, dependente
químico de crack, oriundo de família de classe média, mas que há
aproximadamente um ano passa os dias e as noites na região
conhecida como cracolândia, sob condições mínimas de vida.

Os familiares de Anderson compareceram a delegacia e foram


ouvidos, relatando que o jovem durante sua adolescência era
aficionado por filmes violentos, notadamente aqueles em que há a
presença dos chamados “serial killers”.

Sobre Pedro Barros, constatou-se que também se tratava de um


morador da mesma região, também viciado em crack, que convivia
com o investigado a procura de drogas durante o dia para consumir
durante a noite.

No presente momento a investigação está sendo finalizada, e o


delgado deseja relatar o inquérito, no entanto, o delegado possui
fortes dúvidas acerca da higidez mental do agente, tendo em vista
a quantidade de golpes desferidos e o vício em entorpecentes que
ele apresenta. 13601418207

Na qualidade de delegado de polícia que preside o inquérito


456/2015, represente, fundamentadamente pela medida adequada
ao caso concreto apresentado.

Bom, agora que vimos as nossas duas questões propostas da aula de hoje,
vamos verificar as minhas propostas de peças para os dois casos propostos
na aula 03.

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7. Respostas dos exercícios da aula 03.

Questão 1 (adaptada pelo Professor Vinícius Silva):

Delegado de Polícia - Concurso: PCDF - Ano: 2007 - Banca: NCE -


Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Provas.

Cláudio, Delegado de Polícia do 5º Distrito Policial, instaurou


13601418207

inquérito policial para apurar crime de extorsão mediante


sequestro. Durante a investigação a autoridade policial e seus
agentes empreenderam diligências no sentido de encontrar a
vítima e depois de 3 dias conseguiram encontrar o cativeiro e diante
da situação flagrancial adentraram o local e a resgataram, no
entanto nenhum dos sequestradores foi encontrado no local.

Levada ao IML para exame de corpo de delito, a vítima não


apresentou nenhuma lesão.

Ademais, a casa foi totalmente periciada pela equipe da perícia


forense, não tendo esta encontrado nenhum fragmento de digitais
no local.

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Durante as investigações para a descoberta do local do cativeiro,


foram feitas algumas ligações para a família da vítima, sempre de
um mesmo número, qual seja, 99-9999-9999.

A descoberta do local do cativeiro foi feita após uma testemunha


ter feito denúncia anônima de que havia sequestradores mantendo
pessoa sob sua custódia. A testemunha morava vizinha ao local e
observou várias vezes pessoas entrando e saindo do local, inclusive
no dia do crime a referida testemunha viu o carro de placas XYZ-
1234 entrando na garagem da casa em alta velocidade e conseguiu
vislumbrar 2 elementos saindo do carro com uma pessoa
encapazuda e com as mão amarradas.

A testemunha disse não conhecer nenhum dos dois supostos


sequestradores, tampouco revelou ser sabedora de suas
identidades. No entanto, conseguiu escutar diversas vezes o
telefone celular com toque sonoro característico soar e os
sequestradores atenderem o aparelho e conversarem sobre o
crime.

No local do cativeiro não foi encontrado nenhum aparelho celular.

A vítima do sequestro informou ainda que escutou diversas vezes


as conversas entre os sequestradores e entre eles e sua família,
negociando o resgate.

Tudo que foi apurado consta nos autos do inquérito, como os


depoimentos da vítima e da testemunha.

A polícia judiciária ainda não conseguiu identificar os autores do


crime, embora tenha empreendido todas as diligências acima
citadas.
13601418207

Na qualidade de delegado de polícia que preside o inquérito,


represente pela medida cabível nesse momento da investigação
visando identificar os supostos autores do crime.

Comentário e sugestão de peça:

Na questão apresentada, adaptada de uma questão da PCDF, concurso de


2007, podemos verificar que os criminosos ainda não foram identificados,
tampouco presos.

A vítima já foi resgatada, motivo pelo qual não cabe a representação pela
busca domiciliar.

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A testemunha ouvida prestou informações valiosas, que nos leva a crer que
houve muitas ligações relativas ao crime perpetrado oriundas do número
99-9999-9999, ou seja, a questão mencionou o número de telefone em que
provavelmente os criminosos efetuam ligações.

Pode-se verificar também que muitas diligências foram realizadas, mas


nenhuma delas foi capaz de identificar os criminosos, inclusive foi ouvida
uma testemunha que informou vários detalhes sobre a conduta delituosa,
no entanto, a identificação dos criminosos não foi possível, ainda.

Assim, podemos afirmar que estamos diante do clássico caso de


interceptação das comunicações telefônicas, que visa a identificar os
agentes delituosos do crime de extorsão mediante sequestro na sua forma
qualificada, uma vez que a vítima permaneceu com sua liberdade restrita
durante mais de 24 horas, portanto, nos termos do art. 159, §1°, houve
extorsão mediante sequestro na sua modalidade qualificada.

Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de


obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do
resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide
Lei nº 10.446, de 2002)

(...)

§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e


quatro) horas, se o sequestrado é menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
anos, ou se o crime é cometido por bando ou
quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena - reclusão, de doze a vinte anos.


13601418207

Assim, a tipificação está feita, assim como o cabimento da medida cautelar


de interceptação das comunicações telefônicas.

A necessidade da medida se faz por conta de ser a última diligência a ser


adotada a interceptação para a tentativa de identificação dos criminosos.

Diante do número de telefone fornecido, reforça-se a ideia de que a medida


cautelar a ser representada é a interceptação das comunicações
telefônicas.

Vamos à peça:

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________.

URGENTE – 24 (VINTE E QUATRO) HORAS (art. 4°, §2°, da Lei


9.296).

DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA

Ref. Inquérito policial n°___

A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 3°, I, da Lei n° 9.296/96;
art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que
regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está
prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, representar pela interceptação das comunicações telefônicas do
número 99-9999-9999, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir
passa a expor.

1. Dos fatos

Os autos do inquérito em epígrafe prestam-se a esclarecer e buscar


elementos de informação acerca do crime de extorsão mediante sequestro
cometido em face da vítima que manteve sua liberdade cerceada como
meio de exigir preço pelo resgate.

Durante a investigação os familiares foram ouvidos e colaboraram com as


diligências, notadamente no que diz respeito aos contatos telefônicos
efetuados pelos supostos autores por meio do número de telefone 99-9999-
9999.

Em meio a investigação uma testemunha foi ouvida e ela afirmou que não
conhece os autores do sequestro, no entanto, afirmou que ouvia as
13601418207

conversas, pois sua casa era vizinha ao cativeiro.

De posse do depoimento da testemunha, essa delegacia diligenciou no


suposto endereço no qual estaria sendo mantida em cárcere a vítima e
conseguiu resgatá-la após três dias de seu sequestro, com vida e sem
lesões, conforme afirma o laudo de exame de corpo de delito juntado aos
autos.

No entanto, na empreitada de resgate da vítima não foi possível prender


os criminosos, uma vez que eles abandonaram o local quando a equipe
policial adentrou o ambiente, sendo possível apenas o resgate da vítima.

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No momento todas as diligências possíveis foram tentadas, no entanto,


nenhum resultado foi obtido no sentido de prender ou identificar os
prováveis autores do crime.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

De acordo com os fatos narrados acima, pode-se afirmar que houve a


consumação do crime de extorsão mediante sequestro, pois foi cerceada a
liberdade de locomoção da vítima, com a finalidade de exigir o preço pelo
resgate.

Nessa toada, podemos afirmar ainda que a vítima, ao ser resgatada já


passava por mais de 24 (vinte e quatro) horas de cerceamento de
liberdade, o que configura a modalidade qualificada do crime em apreço,
nos termos do art. 159, §1°, do CP.

2.2 Da reserva de jurisdição

A medida cautelar adequada ao prosseguimento das investigações é sujeita


à reserva de jurisdição, uma vez que envolve um direito
constitucionalmente protegido, que é a inviolabilidade das comunicações
telefônicas.

O juiz deve atuar na proteção da coletividade, não podendo admitir que


uma conduta delituosa seja levada a efeito e acobertada pelo manto da
inviolabilidade de comunicação telefônica, pois isso causaria um
desequilíbrio institucional. O juiz deve usar da ponderação para o
deferimento da medida, mesmo que cause um prejuízo à intimidade do
investigado, prejuízo maior foi causado à vítima e à sociedade por conta da
prática delituosa.

2.3 Do cabimento
13601418207

Conforme visto no item 2.1, o crime em apreço é punido com pena de


reclusão de 12 a 20 anos, o que, por conta da natureza da pena privativa
de liberdade autoriza a decretação da medida, nos termos do inciso III, do
art. 2°, da Lei n° 9.296/96.

2.4 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares para o deferimento também se encontram


plenamente satisfeitos, uma vez que no caso concreto há fortes indícios de
que os investigados praticam o crime de extorsão mediante sequestro, uma
vez que cercearam a liberdade da vítima e exigiram preço pelo resgate,
conforme depoimentos dos familiares.

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Assim, podemos afirmar que o requisito cautelar do inciso I, do art.2°, da


Lei n° 9.296/96 foi cumprido.

Noutro giro, a necessidade da medida é manifesta, pois a investigação


chegou a um impasse, não tendo elementos necessários para identificar os
agentes delituosos, ou seja, a investigação não cumpriu um de seus
principais papéis que é a prova da autoria.

Constam ainda informações acerca do número de telefone por meio do qual


eles entravam em contato com a vítima, informação corroborada pelas
alegações da testemunha que contribuiu com o resgate da vítima em seu
cativeiro.

Assim, de acordo com a fundamentação acima, mostra-se cabível e


necessária a interceptação das comunicações telefônicas do número
constante no preâmbulo, na busca da identificação dos autores da extorsão
mediante sequestro.

Todas as diligências possíveis já foram intentadas no sentido de identificar


os autores, no entanto, nenhuma delas foi capaz de comprovar a autoria
delituosa em apreço, assim, mostra-se necessária a medida cautelar de
interceptação das comunicações telefônicas nos termos do art 2°, inciso II,
da Lei 9.296/96.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já


expostos, representa, essa autoridade policial, pela interceptação das
comunicações telefônicas no número de telefone 99-9999-9999, a ser
conduzida por essa autoridade policial, com o auxílio das concessionárias
de serviço público, notadamente as de telefonia, pelo prazo de 15 (quinze)
dias, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra
na fundamentação exposta, visando à continuidade das investigações
13601418207

policiais e posterior identificação dos autores do crime tipificado ao teor do


art. 159, §1°, após a oitiva do ilustre membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

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Questão 2:

Adaptada pelo prof. Vinicius Silva

Delegado de Polícia - Concurso: PCAP - Ano: 2010 -


Banca: FGV - Disciplina: Direito Processual Penal -
Assunto: Inquérito Policial.

Instaurado inquérito policial nº 123/10, da Delegacia Especializada


em Entorpecentes, para apuração do crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, são identificados e indiciados 3 suspeitos da prática
do crime, os quais seriam intermediários entre o traficante
internacional que traz a droga proveniente do exterior e os
traficantes que vendem a droga diretamente aos usuários. Os
indiciados são José da Silva, João de Souza e Joaquim dos Santos.
Com o avançar das investigações, são inquiridas várias
testemunhas, as quais temem por suas vidas caso os indiciados
tomem conhecimento dos seus depoimentos, bem como reunidas
provas da participação de José, João e Joaquim no crime.

Em seus depoimentos os indiciados revelaram que existe contato


telefônico entre eles e o traficante internacional sendo para isso
utilizado o número 88-8888-8888, por meio do qual são acertados
os locais de entrega da droga.

As testemunhas, bem como os intermediários que foram ouvidos


não identificaram o traficante internacional, pois nunca tiveram
contato físico com ele, apenas telefônico.

Na qualidade de delegado de polícia que preside o inquérito policial


n° 123/10, represente pela medida necessária e adequada ao caso
a fim de prosseguir nas investigações.

Comentários e sugestão de peça 13601418207

A questão trata do crime previsto no art. 33, da Lei 11.343/06, o qual


tipifica a conduta de importar drogas sem autorização ou em
desconformidade com a determinação legal ou regulamentar.

Podemos ainda vislumbrar a tipificação contida no art. 35 da referida lei de


drogas, uma vez que duas ou mais pessoas estão juntas com a finalidade
de cometer o crime capitulado no art. 33.

Pelo que consta nos autos do inquérito, foram presos três envolvidos, José
da Silva, João de Souza e Joaquim dos Santos, os quais confessaram
que fazem parte de um ciclo criminoso que envolve o tráfico internacional
de entorpecentes, e, portanto, seriam apenas uma das peças de uma

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associação para o tráfico que envolve ainda a importação de drogas que


chegariam ao Brasil por meio de suas fronteiras ilegalmente.

A finalidade do inquérito, que deve estar sendo conduzido pelo Delegado


de Polícia Federal envolve o desbaratamento da associação para o tráfico
internacional de drogas.

Em relação ao suposto crime de formação de organização criminosa, não


podemos afirmar que a questão nos dá informações suficientes para
garantir a configuração do referido crime, pois não sabemos nada em
relação ao elemento estrutural necessário à tipificação da organização
criminosa.

No entanto, não se conhece nenhum dos investigados além daqueles que


foram presos. Portanto, temos de ter uma maneira de identifica-los e quem
sabe até proceder à prisão em flagrante caso saibamos os trâmites de
entrega da droga.

No entanto, nesse momento da investigação é necessária a interceptação


das comunicações telefônicas do número 88-8888-8888, pois através da
interceptação poderemos colher mais elementos de informação acerca da
ação criminosa que está sendo executada.

Ainda vale ressaltar que muitas outras medidas podem ser tomadas nesse
inquérito, no entanto, no momento a medida adequada seria a
interceptação das comunicações telefônicas, pois é a partir dela que será
descoberta a rotina da organização e aí sim seriam representadas outras
medidas cautelares como a busca domiciliar, a ação controlada, entrega
vigiada, etc.

Em relação ao cabimento e aos requisitos de cautelaridade, estão mais que


presentes. Vejamos.

Em relação ao cabimento o crime perpetrado possui pena de reclusão


13601418207

cominada.

Há fortes indícios de participação em crime punido com reclusão, pois os


próprios presos afirmaram que participam de um esquema de importação
de drogas do exterior.

Em relação à ultima ratio a interceptação seria a última medida a ser


tomada, pois não se conseguiria, de acordo com os depoimentos dos
investigados presos se chegar aos demais componentes da associação, pois
eles não conhecem pessoalmente os elementos internacionais do grupo
criminoso. Assim, não seria possível identificá-los, tampouco efetuar prisão
em flagrante sem o deferimento da medida.

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Assim, definimos a peça como a representação pela decretação da


interceptação das comunicações telefônicas.

Vamos à peça:

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ____ª VARA DA


SEÇÃO/SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________.

URGENTE – 24 (VINTE E QUATRO) HORAS (art. 4°, §2°, da Lei


9.296).

DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA

Ref. Inquérito policial n°123/10

A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 3°, I, da Lei n° 9.296/96;
art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que
regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está
prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, representar pela interceptação das comunicações telefônicas do
número 88-8888-8888, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir
passa a expor.

1. Dos fatos

Os autos do inquérito em epígrafe prestam-se a esclarecer e buscar


elementos de informação acerca do crime de tráfico de drogas e associação
para o tráfico na modalidade importar, tendo em vista o caráter
transnacional da atividade criminosa sob investigação.

Até o presente momento a investigação caminha colhendo elementos de


informação que possam ser usados para desbaratar uma suposta
13601418207

associação para o tráfico com caráter transnacional.

Até o momento foram presos três envolvidos na atividade criminosa, que


são José da Silva, João de Souza e Joaquim dos Santos, os quais
confessaram durente seus depoimentos que intermedeiam a entrada de
drogas no território brasileiro, que são distribuídas em pontos de vendas
de drogas direto ao consumidor.

Até o momento não foram identificados quaisquer dos agentes criminosos


internacionais, que fornecem a droga ao mercado brasileiro. O que se sabe,
porém, é que há contatos telefônicos sucessivos entre os agentes
criminosos internacionais e os indiciados presos, que nunca tiveram contato
direto com os traficantes.

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Depoimentos de testemunhas corroboram as alegações dos indiciados


presos e reforçam a verossimilhança das alegações dos agentes delituosos
presos.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Da Prática delituosa

De acordo com os fatos narrados acima, podemos vislumbrar a tipificação


contida no art. 33, uma vez que há nitidamente elementos por meio dos
quais podemos afirmar que há uma importação de drogas das quais os
indiciados presos são elementos que compõe o processo de entrada e
distribuição da droga ao mercado consumidor brasileiro.

Na mesma toada, o tipo previsto no art. 35 da referida lei 11.343/2006


também se faz presente no caso concreto, uma vez que duas ou mais
pessoas estão juntas com a finalidade de cometer o crime capitulado no
art. 33, da mesma lei.

2.2 Da reserva de jurisdição

A medida cautelar adequada ao prosseguimento das investigações é sujeita


à reserva de jurisdição, uma vez que envolve um direito
constitucionalmente protegido, que é a inviolabilidade das comunicações
telefônicas.

O juiz deve atuar na proteção da coletividade, não podendo admitir que


uma conduta delituosa seja levada a efeito e acobertada pelo manto da
inviolabilidade de comunicação telefônica, pois isso causaria um
desequilíbrio institucional. O juiz deve usar da ponderação para o
deferimento da medida, mesmo que cause um prejuízo à intimidade do
investigado, prejuízo maior está sendo causado à coletividade por conta da
entrada de drogas oriundas do exterior em território brasileiro.
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2.3 Do cabimento

Conforme visto no item 2.1, o crime em apreço é punido com pena de


reclusão, o que, por conta da natureza da pena privativa de liberdade
autoriza a decretação da medida, nos termos do inciso III, do art. 2°, da
Lei n° 9.296/96.

2.4 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares para o deferimento também se encontram


plenamente satisfeitos, uma vez que no caso concreto há fortes indícios de
que os investigados praticam o crime de tráfico de drogas e associação para

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o tráfico. A própria prisão dos investigados nos mostra que estão presentes
elementos de informação que reforçam a ocorrência dos crimes dos art. 33
e 35 da Lei de Drogas.

Assim, podemos afirmar que o requisito cautelar do inciso I, do art.2°, da


Lei n° 9.296/96 foi cumprido.

Noutro giro, a necessidade da medida é manifesta, pois a investigação


chegou a um impasse, não tendo elementos necessários para identificar os
agentes delituosos, ou seja, a investigação não cumpriu um de seus
principais papéis que a prova da autoria dos demais componentes da
associação para o tráfico, bem como a possível identificação da estrutura
criminosa, podendo inclusive culminar na tipificação de formação de
organização criminosa, pelo caráter transnacional da conduta.

Assim, de acordo com a fundamentação acima, mostra-se cabível e


necessária a interceptação das comunicações telefônicas do número
constante no preâmbulo, na busca da identificação dos demais elementos
que compõe a associação para o tráfico.

Todas as diligências possíveis já foram intentadas no sentido de identificar


os autores, no entanto nenhuma delas foi capaz de comprovar a autoria
delituosa em apreço, assim, mostra-se necessária a medida cautelar de
interceptação das comunicações telefônicas nos termos do art. 2°, inciso
II, da Lei 9.296/96.

3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já


expostos, representa, essa autoridade policial, pela interceptação das
comunicações telefônicas no número de telefone 88-8888-8888, a ser
conduzida por essa autoridade policial, com o auxílio das concessionárias
de serviço público, notadamente as de telefonia, pelo prazo de 15 (quinze)
dias, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra
13601418207

na fundamentação exposta, visando a continuidade das investigações


policiais e posterior identificação dos autores do crime tipificado ao teor do
art. 159, §1°, após a oitiva do ilustre membro do Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula

Bom, por hoje é só, estamos chegando em breve à metade de nosso curso.

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Na próxima aula voltaremos a conversar sobre medidas cautelares


pessoais, mas agora vamos falar das diferentes da prisão, não perca, pois
se trata de uma aula muito boa e que possui uma relativa probabilidade de
cair na sua prova da 2ª Fase.

Abraços.

Bons Estudos.

Prof. Vinícius Silva.

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