E ALTERNATIVA
PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU
SUMÁRIO
.. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
.. LEGISLAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
.. COMPREENDENDO AS DIMENSÕES DA ACESSIBILIDADE
.. SOBRE A INCLUSÃO DIGITAL
.. UNIVERSALIZAÇÃO TECNOLÓGICA E COMUNICACIONAL
.. CIDADANIA NA ERA DA INFORMAÇÃO
.. SOBRE O DIAGNÓSTICO NA INCLUSÃO
.. DESCREVENDO AS CATEGORIAS DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
.. TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA ÁVIDA DIÁRIA
.. TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA ÀS HABILIDADES FÍSICAS
.. SOB O PARADIGMA DA INCLUSÃO PSICOSSOCIAL
.. TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA AOS RECURSOS AMBIENTAIS
LEGISLAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
Inicialmente, define-se acessibilidade como a possibilidade para a remoção dos
entraves que representam as barreiras para a efetiva usabilidade e participação de
pessoas nos diversos cenários da vida pessoal, social e profissional. Ainda, entende-se
que a acessibilidade está diretamente vinculada aos pressupostos da inclusão social e
educacional, ou seja, trata-se de questões próprias dos Direitos Humanos Universais e
do pleno exercício da cidadania.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento
marco na história dos direitos humanos. Elaborada por representantes de diferentes
origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi
proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de Dezembro
de 1948 [...]. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos
humanos. [...]
Uma série de tratados internacionais de direitos humanos e outros instrumentos
adotados desde 1945 expandiram o corpo do direito internacional dos direitos
humanos. (DUDH, 1948.)
A acessibilidade enquanto direito humano deve nortear-se nos alicerces da
inclusão que visam à autonomia, à independência e ao empoderamento da pessoa com
deficiência. Segundo Sassaki (1997, p. 38), empoderamento significa “o processo pelo
qual uma pessoa usa o seu poder pessoal inerente à sua condição para fazer escolhas e
tomar decisões, assumindo, assim, o controle de sua vida”.
Portanto, a acessibilidade nas dimensões arquitetônica, tecnológica,
comunicacional, linguística, pedagógica e atitudi- nal (preconceito, medo e
ignorância), preconiza a construção de acesso e a eliminação dos diversos tipos de
barreiras, favorecendo a dignidade e o bem-estar daqueles que têm limitações ou
mobilidade reduzida.
A legislação, em geral, existe para promoção da igualdade de oportunidades
entre as pessoas, especificamente da pessoa com deficiência, visando a um fim
comum: tornar a estrutura em que vivemos apta a acolher as diferenças individuais e a
diversidade cultural. Assim, é importante destacar e compreender o sentido e o
significado da lei, em uma citação de Dischinger.
Lei: no sentido jurídico, é a regra jurídica escrita, instituída pelo legislador, no
cumprimento de um mandato, que lhe é outorgado pelo povo. Segundo Clóvis
Beviláqua, “A ordem geral obrigatória que, emanada de uma autoridade competente
reconhecida, é imposta coativamente à obediência de todos”. A lei institui a ordem
jurídica, em que se funda a regulamentação, para manter o equilíbrio entre as relações
do homem na sociedade, no tocante a seus direitos e deveres. (DISCHINGER, 2012, p.
103-104)
A lei organizadora da sociedade visa, então, ao aprimoramento da civilização e
à evolução do ser humano. A legislação da acessibilidade consiste na construção de
um mundo includente, permitindo a existência integral e plena da pessoa.
Fazer parte de uma sociedade significa ter condições de desempenhar
papéis dos quais somos capazes, como o de pais, cidadãos, estudantes, trabalhadores,
entre outros, de modo que a nossa capacidade não seja obstada por barreiras externas.
O Decreto 5.296/2004, que regulamenta, inclusive, a Lei Federal 10.098/2000,
sustentando a acessibilidade e estabelecendo as normas e critérios básicos para a
Promoção de Acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, em
seu artigo 8.° (incisos I e II) esclarece:
Das condições gerais da acessibiliade
Art. 8.° Para os fins de acessibilidade, considera-se:
I. Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total
ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e in-
formação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;
II. Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a
liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas
se comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas em:
a) Barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso
público;
b) Barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das edificações
de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas
edificações de uso privado multifamiliar;
c) Barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de transportes; e
d) Barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo
que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por
intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de
massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação;
(brasil, decreto n. 5.296/2004)
Ainda baseando-se na legislação, é possível desdobrar a acessibilidade em seis
dimensões:
1. Acessibilidade arquitetônica - sem barreiras ambientais físicas em todos
os recintos internos e externos da escola e nos transportes coletivos.
2. Acessibilidade comunicacional - sem barreiras na comunicação
interpessoal, na comunicação escrita e na comunicação virtual e digital.
3. Acessibilidade metodológica - sem barreiras nos métodos e técnicas de
estudo, de ação comunitária, cultural e de educação dos filhos, dos estudantes e nas
relações familiares.
4. Acessibilidade instrumental - sem barreiras nos instrumentos e utensílios
de estudo, de atividades habituais da vida diária e de lazer, esporte e recreação
(dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e mentais etc.).
5. Acessibilidade programática - sem barreiras invisíveis embutidas em
políticas públicas (leis, decretos, portarias, resoluções, medidas provisórias etc.), em
regulamentos (institucionais, escolares, empresariais, comunitários etc.) e em normas
de um modo geral.
6. Acessibilidade atitudinal - através de programas e práticas de sensibilização
e de conscientização das pessoas em geral e da convivência na diversidade humana
resultando em quebra de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações.
A legislação de acessibilidade assim descrita pretende contribuir para que todo
ser humano, independentemente de suas diferenças físicas ou capacidades
sensório-perceptivas, possa ter garantido a equidade de oportunidades para além das
deficiências, na valorização da dignidade, independência e autonomia do cidadão.
.
entorno do aluno e, também, aos dispositivos legais voltados à acessibilidade, de-
senho universal, CIF, entre outros. Para essa tarefa, os autores descrevem algumas
das propriedades que devem ser atendidas pelo sistema de comunicação alternativa:
• O sistema utilizará objetos concretos?
• O sistema será composto por fotografias, figuras ou desenhos?
Em linhas gerais, para avaliar o aluno e a situação na qual o sistema será utilizado,
deveremos verificar:
1. As habilidades físicas do usuário: acuidade visual e auditiva; habilidades
perceptivas; fatores de fadiga; habilidades motoras tais como preensão manual, flexão e
extensão de membros superiores, habilidade para virar páginas;
2. As habilidades cognitivas: compreensão, expressão, nível de escolaridade,
fase de alfabetização;
3. O local onde o sistema será utilizado: casa, escola, comunidade;
4. Com quem o sistema será utilizado: pais, professores, amigos, comunidade
em geral;
5. Com qual objetivo o sistema será utilizado: ensino em sala de aula,
comunicação entre amigos.
Dessa forma, é importantíssimo fazer um levantamento das habilidades já
existentes e do potencial do aluno, uma vez que o recurso alternativo de comunicação
dará possibilidade ao professor de trabalhar aspectos da compreensão e expressão da
linguagem do aluno.
Tendo em mãos os dados dessa avaliação, é possível preparar o recurso a ser
utilizado, ou seja, qual será a forma desse recurso, por exemplo, se ele deverá conter um
vocabulário específico para a sala de aula ou para outra situação, se haverá um
vocabulário básico com figuras acoplado com letras, ou mesmo com objetos.
(MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 6-7).
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA APLICADA À EDUCAÇÃO
SISTEMA PIC:
4. ESCOLA ACESSÍVEL
A escola acessível é aquela instituição educacional que se instrumentaliza das
mudanças sociais e dos dispositivos legais de inclusão e acessibilidade para atualizar os
seus recursos e práticas didático-pedagógicas com fins de promover o progresso edu-
cacional e a inclusão dos alunos com deficiência. “Toda criança possui características,
interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas”
(SALAMANCA, 1994, p. 1)1.
A escola acessível acompanha os avanços da ciência e da tecnologia e aplica-os
de acordo ao seu ambiente de uso, o espaço escolar, àquilo que é necessário para
potencializar a autonomia, a independência e o empoderamento do aluno. Os “sistemas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta
diversidade de tais características e necessidades” (SALAMANCA, 1994, p. 1).
A Tecnologia Assistiva ocupa lugar de destaque na escola acessível como área de
conhecimento que aborda a deficiência na sua abrangência psicossocial, e pesquisa as
possibilidades oferecidas pelos recursos e serviços tecnológicos e as condições de sua
aplicação no ambiente escolar para o aluno.