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COMUNICAÇÃO ASSITIVA

E ALTERNATIVA

PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU
SUMÁRIO
 .. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
 .. LEGISLAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
 .. COMPREENDENDO AS DIMENSÕES DA ACESSIBILIDADE
 .. SOBRE A INCLUSÃO DIGITAL
 .. UNIVERSALIZAÇÃO TECNOLÓGICA E COMUNICACIONAL
 .. CIDADANIA NA ERA DA INFORMAÇÃO
 .. SOBRE O DIAGNÓSTICO NA INCLUSÃO
 .. DESCREVENDO AS CATEGORIAS DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
 .. TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA ÁVIDA DIÁRIA
 .. TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA ÀS HABILIDADES FÍSICAS
 .. SOB O PARADIGMA DA INCLUSÃO PSICOSSOCIAL
 .. TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA AOS RECURSOS AMBIENTAIS

 .. •TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA AO ESPORTE E LAZER


 .. MODELOS CONCEITUAIS - MÉDICO E SOCIAL
 .. APRENDENDO COM O DESENHO UNIVERSAL
 .. COMPREENDER A INCAPACIDADE E A FUNCIONALIDADE
 .. TECNOLOGIAS NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS
 .. DIMENSÕES DO USO DAS TECNOLOGIAS EDUCATIVAS
 .. APRENDENDO SOBRE A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
 .. DEFININDO UM SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
 .. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA APLICADA À EDUCAÇÃO
 .. SISTEMAS ALTERNATIVOS DE COMUNICAÇÃO
 .. ESTRATÉGIAS NOS RECURSOS PARA
 .. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA - DESENVOLVENDO AUTONOMIA
 .. ESCOLA ACESSÍVEL
 .. RECONHECENDO A SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL
 .. ESPAÇO MULTIFUNCIONAL DE APRENDER A SER
CONTEXTUALIZAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
Uma proposta de contextualização busca revelar a articulação das diversas
realidades presentes na sociedade do mundo globalizado para que possam emergir um
significado e um sentido da realidade observada. Assim apresentamos alguns pontos
relevantes para a contextualização e compreensão da acessibilidade na atual sociedade
inclusiva brasileira.
Para enfrentar os desafios do século XXI, novas concepções de educação devem
ser ampliadas para uma visão de plenitude, em que as pessoas possam, em síntese,
aprender a ser conforme aponta o relatório da Comissão Internacional de Educação
para o século XXI feito para a UNESCO (2010) sobre os pilares da educação. A
Constituição Brasileira de 1988 garante o direito de igualdade a todos os cidadãos no
espaço social da nação. Esse direito inclui o acesso a serviços essenciais, como
habitação própria, saúde, educação e trabalho, para todas as pessoas sem qualquer
forma de discriminação. É direito do cidadão e cabe ao Estado a promoção e a
proteção desse direito por meio da implementação e manutenção de ações que
atendam, individual e coletivamente, às necessidades e às expectativas do cidadão.
Na celebração dos 25 anos de vigência da Carta Constitucional do Brasil, como
parte das comemorações, o Governo Federal lançou uma versão da Constituição em
texto, áudio e linguagem de sinais - Libras (Língua Brasileira de Sinais), fortalecendo
o paradigma vigente de acessibilidade na sociedade inclusiva brasileira.
É notório que grande parte da população é confrontada cotidianamente com
diferentes barreiras, que tornam inacessíveis o transporte coletivo, prédios públicos,
metodologias educacionais, tecnologias de baixo custo, a comunicação nos setores
públicos, entre outros obstáculos. Vale verificar os números no Censo Demográfico do
IBGE, realizado em 2015, de características da população, religião e pessoa com
deficiência:
Os dados do Censo são significativos e justificam o incremento nas ações
voltadas à acessibilidade, inclusão, tecnologias assistivas e comunicação alternativa
nos espaços de educação formal e não formal e organizações do estado nacional.
Ainda, vale um alerta, devemos considerar que a possibilidade de enfrentamento das
barreiras, obstáculos do cotidiano ou até mesmo da condição de deficiência temporária
assola qualquer pessoa em alguma situação de vida, senão a todos os sujeitos no
processo do desenvolvimento do envelhecer que traz limitações naturais a todo o ser
humano.
Outro aspecto fundamental nessa contextualização e que interfere na
acessibilidade e no processo inclusivo trata da globalização que, como um processo
complexo atual, traduz o modo das interações entre os continentes e os países. Esse
mecanismo interfere nas decisões numa gama de aspectos econômicos, educacionais,
culturais e políticos, que articulam os confrontos planetários.
Por meio da globalização, as pessoas estão mais próximas de todo mundo, os
governos e as organizações trocam ideias, realizam transações e disseminam um
modus operandi nas questões da educação e cultura pelos quatro cantos do planeta,
como as proposições da ONU e da UNESCO, expandindo, dessa forma, os limites das
fronteiras e da territorialidade e consequentemente interferindo nas atitudes das
pessoas.
O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos confirma essa
complexidade e nos ajuda a refletir sobre o conceito de “globalização” quando
considera que “o global e o local são socialmente produzidos no interior dos processos
de globalização” (2002, p. 63). Isso nos conduz a compreender a complexidade da
globalização, a qual produz trocas entre as redes humanas sem fronteiras,
indiscriminada e instantaneamente. Ampliam desta forma a territorialidade dos
continentes e estabelecem a complexidade das decisões, dos recursos, dos
instrumentos, entre outros, hoje em dia. Sem dúvida, favorecem e fortalecem cada vez
mais as ações coletivas civilizatórias.
Acessibilidade = lei, cidadania, autonomia, globalização, comunicação.

LEGISLAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
Inicialmente, define-se acessibilidade como a possibilidade para a remoção dos
entraves que representam as barreiras para a efetiva usabilidade e participação de
pessoas nos diversos cenários da vida pessoal, social e profissional. Ainda, entende-se
que a acessibilidade está diretamente vinculada aos pressupostos da inclusão social e
educacional, ou seja, trata-se de questões próprias dos Direitos Humanos Universais e
do pleno exercício da cidadania.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento
marco na história dos direitos humanos. Elaborada por representantes de diferentes
origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo, a Declaração foi
proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de Dezembro
de 1948 [...]. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos
humanos. [...]
Uma série de tratados internacionais de direitos humanos e outros instrumentos
adotados desde 1945 expandiram o corpo do direito internacional dos direitos
humanos. (DUDH, 1948.)
A acessibilidade enquanto direito humano deve nortear-se nos alicerces da
inclusão que visam à autonomia, à independência e ao empoderamento da pessoa com
deficiência. Segundo Sassaki (1997, p. 38), empoderamento significa “o processo pelo
qual uma pessoa usa o seu poder pessoal inerente à sua condição para fazer escolhas e
tomar decisões, assumindo, assim, o controle de sua vida”.
Portanto, a acessibilidade nas dimensões arquitetônica, tecnológica,
comunicacional, linguística, pedagógica e atitudi- nal (preconceito, medo e
ignorância), preconiza a construção de acesso e a eliminação dos diversos tipos de
barreiras, favorecendo a dignidade e o bem-estar daqueles que têm limitações ou
mobilidade reduzida.
A legislação, em geral, existe para promoção da igualdade de oportunidades
entre as pessoas, especificamente da pessoa com deficiência, visando a um fim
comum: tornar a estrutura em que vivemos apta a acolher as diferenças individuais e a
diversidade cultural. Assim, é importante destacar e compreender o sentido e o
significado da lei, em uma citação de Dischinger.
Lei: no sentido jurídico, é a regra jurídica escrita, instituída pelo legislador, no
cumprimento de um mandato, que lhe é outorgado pelo povo. Segundo Clóvis
Beviláqua, “A ordem geral obrigatória que, emanada de uma autoridade competente
reconhecida, é imposta coativamente à obediência de todos”. A lei institui a ordem
jurídica, em que se funda a regulamentação, para manter o equilíbrio entre as relações
do homem na sociedade, no tocante a seus direitos e deveres. (DISCHINGER, 2012, p.
103-104)
A lei organizadora da sociedade visa, então, ao aprimoramento da civilização e
à evolução do ser humano. A legislação da acessibilidade consiste na construção de
um mundo includente, permitindo a existência integral e plena da pessoa.
Fazer parte de uma sociedade significa ter condições de desempenhar
papéis dos quais somos capazes, como o de pais, cidadãos, estudantes, trabalhadores,
entre outros, de modo que a nossa capacidade não seja obstada por barreiras externas.
O Decreto 5.296/2004, que regulamenta, inclusive, a Lei Federal 10.098/2000,
sustentando a acessibilidade e estabelecendo as normas e critérios básicos para a
Promoção de Acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, em
seu artigo 8.° (incisos I e II) esclarece:
Das condições gerais da acessibiliade
Art. 8.° Para os fins de acessibilidade, considera-se:
I. Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total
ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e in-
formação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;
II. Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a
liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas
se comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas em:
a) Barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso
público;
b) Barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das edificações
de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas
edificações de uso privado multifamiliar;
c) Barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de transportes; e
d) Barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo
que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por
intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de
massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação;
(brasil, decreto n. 5.296/2004)
Ainda baseando-se na legislação, é possível desdobrar a acessibilidade em seis
dimensões:
1. Acessibilidade arquitetônica - sem barreiras ambientais físicas em todos
os recintos internos e externos da escola e nos transportes coletivos.
2. Acessibilidade comunicacional - sem barreiras na comunicação
interpessoal, na comunicação escrita e na comunicação virtual e digital.
3. Acessibilidade metodológica - sem barreiras nos métodos e técnicas de
estudo, de ação comunitária, cultural e de educação dos filhos, dos estudantes e nas
relações familiares.
4. Acessibilidade instrumental - sem barreiras nos instrumentos e utensílios
de estudo, de atividades habituais da vida diária e de lazer, esporte e recreação
(dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e mentais etc.).
5. Acessibilidade programática - sem barreiras invisíveis embutidas em
políticas públicas (leis, decretos, portarias, resoluções, medidas provisórias etc.), em
regulamentos (institucionais, escolares, empresariais, comunitários etc.) e em normas
de um modo geral.
6. Acessibilidade atitudinal - através de programas e práticas de sensibilização
e de conscientização das pessoas em geral e da convivência na diversidade humana
resultando em quebra de preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações.
A legislação de acessibilidade assim descrita pretende contribuir para que todo
ser humano, independentemente de suas diferenças físicas ou capacidades
sensório-perceptivas, possa ter garantido a equidade de oportunidades para além das
deficiências, na valorização da dignidade, independência e autonomia do cidadão.

COMPREENDENDO AS DIMENSÕES DA ACESSIBILIDADE

Reconhecer a aplicabilidade das seis dimensões de acessibilidade propostas na


legislação nos fortalece no reconhecimento do caminho trilhado nas práticas para a
verdadeira sociedade inclusiva, que abre suas portas à pessoa com deficiência na vida
escolar para a vida profissional, a fim de conquistar o pleno exercício da cidadania,
entendido como o lugar máximo de todo ser humano na civilização.
É importante considerar, na aplicação das propostas de acessibilidade, a
existência de situações ambientais, atitudinais, tecnológicas em que possam ocorrer
barreiras, obstáculos de diversos âmbitos. Essas situações devem ser tomadas como
parâmetros investigativos para se encontrar a solução viável aos problemas vividos. A
alternativa acessível deve considerar o processo histórico, cultural e educacional,
demonstrando a necessidade de constante alinhamento para soluções criativas e
enriquecedoras do ser humano na permanente construção e atualização da sociedade
inclusiva.
Para a aplicação das seis dimensões de acessibilidade apresentamos algumas
alternativas:
1. Acessibilidade arquitetônica - sem barreiras ambientais físicas dentro dos
critérios preconizados pela norma NBR 9050 (2004), que estabelece os parâmetros
técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptações de

edificações, mobiliários, equipamentos urbanos ás condições de acessibilidade como


rampas, piso tátil, banheiros adaptados, nos transportes coletivos, entre outros.
2. Acessibilidade comunicacional - sem barreiras na comunicação
interpessoal (face a face, língua de sinais, linguagem corporal, linguagem gestual
etc.), na comunicação escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo
textos em braile, textos com letras ampliadas para quem tem baixa visão, notebook e
outras tecnologias assistivas para comunicar) e na comunicação virtual
(acessibilidade digital).
3. Acessibilidade metodológica - sem barreiras nos métodos e técnicas
de estudo (adaptações curriculares, aulas baseadas nas inteligências múltiplas, uso de
todos os estilos de aprendizagem, participação do todo de cada aluno, novo conceito
de avaliação de aprendizagem, novo conceito de educação, novo conceito de logística
didática etc.), de ação comunitária (metodologia social, cultural, artística etc. baseada
em participação ativa) e de educação dos filhos (novos métodos e técnicas nas
relações familiares etc.).
4. Acessibilidade instrumental - sem barreiras nos instrumentos e
utensílios de estudo (lápis, caneta, transferidor, régua, teclado de computador,
materiais pedagógicos), de atividades da vida diária (tecnologia assistiva para
comunicar, fazer a higiene pessoal, vestir, comer, andar, tomar banho etc.) e de lazer,
esporte e recreação (dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e
mentais etc.).

5. Acessibilidade programática - sem barreiras invisíveis embutidas em


políticas públicas (leis, decretos, portarias, resoluções, medidas provisórias etc.), em
regulamentos (institucionais, escolares, empresariais, comunitários etc.) e em normas
no geral.
6. Acessibilidade atitudinal - através de programas e práticas de
sensibilização e de conscientização das pessoas em geral e da convivência na
diversidade humana, resultando em quebra de preconceitos, estigmas, estereótipos e
discriminações.
Finalizamos esta aula com uma reflexão significativa. A legislação brasileira
voltada à pessoa com deficiência nas suas diferentes expressões, acessibilidade,
tecnologias assistivas e comunicação alternativa é de boa qualidade e possui
quantidade bastante abrangente, a ponto de destacar o Brasil ao nível de países mais
desenvolvidos do ponto de vista político, econômico e social. A questão “deficiente”
está no cumprimento prático da legislação e no frágil exercício prático da cidadania.

SOBRE A INCLUSÃO DIGITAL


A inclusão digital, entendida como um dos desdobramentos das acessibilidades
comunicacional e instrumental constitui-se como um desafio e um compromisso para a
inclusão social. Coerente com o Desenho Universal, trilha caminhos para a melhoria
da qualidade de vida de cada cidadão, oferecendo dispositivos de acesso a qualquer
usuário em todos os espaços e lugares na sociedade. Um dos princípios da inclusão
digital é atender a questão do baixo custo com alto benefício ao usuário.
Os programas de inclusão digital para pessoas com deficiência buscam
desenvolver tecnologias que respeitem a acessibilidade, a usabilidade e a
comunicabilidade desses usuários na interface com a internet, eliminando, assim, as
barreiras que os impedem de fazerem uso de sistemas computacionais.
Na dimensão educacional, consideramos relevante que as tecnologias
participem da formação dos estudantes, propiciando diferentes modos de aprender e
ensinar, redefinindo as relações interpessoais em sala de aula, possibilitando
abordagens diferenciadas para conteúdos curriculares e fomentando novas práticas
pedagógicas. Simultaneamente, consideramos que o uso de tecnologias nas práticas
educativas escolares precisa fomentar, tanto para estudantes quanto para professores,
modos diferentes de se relacionarem com conteúdos e de se apropriarem de novos
conhecimentos.
Para que esses modos diferentes de relacionar-se com o conteúdo tornem-se
possíveis, todos precisam apropriar-se das tecnologias de maneira ativa, crítica e
inclusiva. (RICHIT; MALTEMPI, 2013, p. 37-38)
Compreende-se que a inclusão digital, em sua aplicação em diferentes campos
sociais e educacionais, visa à universalização do acesso às tecnologias da informação
e da comunicação, bem como ao domínio da linguagem básica para potencializar a
autonomia, a independência e o empoderamento da pessoa.
Nesse sentido, as políticas públicas de inclusão digital podem ser analisadas
como políticas de acesso ao cidadão na era da informação. Destaca-se, em 1997, a
criação do Programa Nacional de Informática Educativa (Prolnfo), focado na
promoção do uso de tecnologias no contexto da educação em diferentes níveis, desde
a Educação Básica até o Ensino Superior. Vale consultar o site do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) e verificar as inúmeras legislações que
ancoram as práticas de acessibilidade virtual no século XXI, e, dessa maneira,
atendem a emergente necessidade do cidadão.
• Manual de Orientação e Apoio para Atendimento às Pessoas com
Deficiência, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e da
Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Disponívelem:<www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/acessibilida-de/manual-d
e-orientacao-e-apoio-para-atendimento-pes- soas-com-deficiencia>. Acesso em:
29 out. 2014.

UNIVERSALIZAÇÃO TECNOLÓGICA E COMUNICACIONAL


O avanço das tecnologias e da comunicação revela-se como alavanca na
consolidação de um mundo verdadeiramente acessível a todas as pessoas pelas
possibilidades de construção de ferramentas adequadas às necessidades de cada
indivíduo. Quando dirigidas ao espaço escolar, considera-se que:
É por meio de novos canais de comunicação que todas as formas de expressão e
estilos de aprendizagem serão valorizadas permitindo, ao aluno, o acesso ao
conhecimento. Conhecer sobre as tecnologias de informação e comunicação
sensibiliza o professor para que se paute pelas potencialidades dos seus alunos e não
pelas suas limitações. (GIROTO; POKER; OMOTE, 2012, p. 10)
Na universalização tecnológica e comunicacional, é importante considerar três
qualidades da interação pessoa-tecnologia. Essas três qualidades, quando
interrelacionadas e integradas, garantem o sucesso no processo das inclusão social e
educacional.
1. ° Acessibilidade: tem por princípio garantir o acesso e a utilização dos bens
e serviços privados e públicos existentes na sociedade para todos;
2. ° Usabilidade: traduz-se na facilidade de uso na interface usuário diante do
recurso tecnológico. Se o usuário aprende a utilizar um recurso com facilidade,
agilidade e qualidade, isso significa que o recurso tem boa usabilidade. Identifica-se
aqui o grau de satisfação do usuário;
3.° Comunicabilidade: tem por premissa identificar a acessibilidade de
comunicar na interface com o usuário. Destaca-se que é na interface1, na experiência,
que o usuário deverá reconhecer a finalidade do recurso tecnológico.
Na especificação de requisitos para a comunicabilidade, Pontes destaca que:
São necessárias interfaces mais eficazes que possam atender a uma variedade
cada vez maior de usuários, devendo utilizar-se de métodos e técnicas na construção de
websites que permitam que a mensagem seja devidamente captada. Estas técnicas, é
importante ressaltar, devem ser baseadas na experiência dos usuários. Atualmente,
existem ferramentas desenvolvidas para prestar apoio na aplicação de alguns métodos
de avaliação. (PONTES, 2008, p. 7)
Sendo assim, é fundamental que todos os aspectos citados sejam considerados,
pois fazem parte de um diversificado conjunto de instrumentos virtuais atualmente
disponíveis nas redes sociais virtuais, tais como: programas de computador, chats,
correios eletrônicos, homepages, ambientes virtuais de aprendizagem no ensino a
distância, ferramentas que facilitam o acesso a navegação na web e softwares
específicos a pessoas com deficiências. Em outras palavras, equipamentos e tecnologias
geralmente presentes na dimensão das acessibilidades instrumental e comunicacional.
Sobre o espaço escolar, especificamente, vale destacar o avanço da
tecnologia de informação, que tem sido usada para incrementar a comunicação das
informações escolares. Os alunos têm disponíveis uma série de serviços pela
internet, como boletins de notas e frequência, reservas de livros na biblioteca,
disciplinas a distância, entre outros.

CIDADANIA NA ERA DA INFORMAÇÃO


Não encontramos na literatura um consenso sobre a definição de cidadania, mas
é visível que o exercício da cidadania abarca direitos e deveres numa convivência em
sociedade. Na era da informação, a complexidade da globalização1 e o avanço das
tecnologias de informação e comunicação contribuem para a relativização do conceito
de cidadania. De acordo com o proposto pelo Ministério da Educação em 2007, a
definição e o exercício da cidadania consistem em:
Entender a cidadania a partir da redução do ser humano às suas relações sociais
e políticas não é coerente com a multidimensionalidade que nos caracteriza e com a
complexidade das relações que cada um e todas as pessoas estabelecem com o
mundo à sua volta. Deve-se buscar compreender a cidadania também sob outras
perspectivas, por exemplo, considerando a importância que o desenvolvimento de
condições físicas, psíquicas, cognitivas, ideológicas, científicas e culturais exerce na
conquista de uma vida digna e saudável para todas as pessoas.
Tal tarefa, complexa por natureza, pressupõe a educação de todos [...] com a
intenção explícita de promover a cidadania pautada na democracia, na justiça, na
igualdade, na equidade e na participação ativa de todos os membros da sociedade
nas decisões sobre seus rumos. (BRASIL, 2007, p. 11-12, grifo nosso.)
Assim, a cidadania na era da informação considera o acesso aos recursos
tecnológicos um direito de todos. Mostra-se promissora na implementação e
consolidação de ações inclusivas à rede digital. Destaca a autonomia do cidadão
globalizado em acessar as informações e serviços da web, o direito a se comunicar,
armazenar e processar informações em qualquer local, independentemente da condição
social ou financeira, das capacidades física, visual e auditiva, do gênero e da idade.
Segundo Delors, “a tensão entre o global e o local: tornar-se, aos poucos, cidadão do
mundo sem perder suas raízes pela participação ativa na vida do seu país e das
comunidades de base” (DELORS, 2001, p. 8).
A sociedade informacional tem o interesse de levantar as potencialidades das
pessoas com deficiência e abrir-lhes o caminho à acessibilidade digital por meio da
utilização das diversas possibilidades tecnológicas. Pensar e intervir na inclusão
sociodigital significa projetar um mundo onde a igualdade de direitos, a liberdade, a
dignidade e o respeito às diferenças individuais e à diversidade humana são praticadas.
A percepção da diferença contribui para a construção da identidade e tem, por
isso, um papel determinante na aprendizagem. Não se pode construir uma identidade
senão num ambiente diverso. Nunca agradeceremos o suficiente aos outros por nos
ajudarem a entender e a estruturar o que somos a partir da diferença que neles
percebemos. (GIROTO; POKER; OMOTE, 2012, p. 30)
Esperamos que a compreensão da complexidade da definição de cidadania na
sociedade informacional atual para uma inclusão total e a plena acessibilidade nas suas
diversas dimensões, atreladas às experiências cotidianas dos cidadãos, seu
envolvimento e comprometimento para com um mundo melhor, contribua para uma
maior sistematização das práticas sobre a acessibilidade, o desenho universal, as
tecnologias assistivas e a comunicação alternativa, apoiando o Brasil na construção de
uma sociedade cada vez mais inclusiva, acessível a todas as pessoas.
De posse das informações desta aula, redija uma frase que traduza as ideias
apresentadas na citação de Delors.
Refletir sobre a importância do diagnóstico nos processos de inclusão e
apresentar a Tecnologia Assistiva.

SOBRE O DIAGNÓSTICO NA INCLUSÃO


Saber lidar com a diversidade humana implica compreender os processos
diagnósticos e não o diagnóstico, “porque não entendemos que deva ser feito em
momentos específicos do tratamento, e sim, que deve ser uma preocupação constante do
profissional” (FABRICIO; CANTOS, 2011, p. 2). Desta maneira, o diagnóstico deve ser
um processo sistemático e permanente de investigação e análise de hipóteses
diagnósticas, com a finalidade primordial de evitar a discriminação, a estigmatização ou
a rotulação da pessoa com deficiência. Todo o processo diagnóstico deve se sustentar na
ética dos Direitos Universais do Ser Humano. “Uma postura diagnóstica e a observação
cuidadosa do momento do indivíduo são pressupostos indispensáveis para construção de
uma intervenção positiva”. (FABRICIO; CANTOS, 2011, p. 2)
O tema do diagnóstico no processo inclusivo é delicado e fundamental quando
pensamos numa sociedade plenamente acessível e respeitosa da diversidade e das
diferenças individuais.
[...] as diferenças entre os indivíduos, indicadas pelos limites, são também
determinadas socialmente, mas tais limites, quando não são produtos de um delírio, tem
uma base real. Quem tem deficiência visual, deficiência auditiva, deficiência intelectual,
deficiência física, pode ter diversos destinos, dependendo dos significados que a cultura
atribui a essas deficiências; significados que dependem de condições sociais objetivas.
(CROCHIK, 2012, p. 43).
Quer dizer, ser deficiente, ser incapaz, está relacionado ao contexto
sócio-histórico-cultural. Por vezes, não reconhecemos que as diferenças individuais
constituem aquilo que é o comum entre os seres humanos, somos todos digitalmente
diferentes, uns dos outros. Por vezes, desconsideramos este detalhe fundamental e
estruturante de cada pessoa. Saber sobre as diferenças individuais é considerar que cada
pessoa é única e detentora de potencialidades singulares. Boaventura Souza Santos
assim se expressa: “temos o direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza, e
temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza” (SANTOS,
2003 apud SOUSA, 2011, p.1).
O diagnóstico é o início de um atendimento, que pode desdobrar-se num plano de
tratamento, num encaminhamento. É no ato de debruçar-se na procura de sinais,
sintomas, causas que o levantamento de hipóteses diagnósticas estabelece prováveis
prognósticos e prescreve direções de tratamento para os respectivos quadros particulares
que singularizam o diagnóstico de cada pessoa.
Um processo diagnóstico satisfatório exige uma postura de distanciamento do seu
próprio ponto de vista para considerar os outros pontos de vista, muitas vezes, contrários
aos seus. Assim, o diagnóstico inclusivo sugere uma prática em equipe multidisciplinar
e interdisciplinar, entre profissionais de diversos segmentos da saúde como: psicólogo,
médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, entre outros.
Finalmente, as práticas diagnósticas precisam ser repensadas dia a dia para que os
discursos não sejam abstrações de palavras vazias, sem sentido e significado, ditos de
todos, que se revestem de padronizações limitadoras, que rotulam, e que excluem de
maneira velada as diferenças existentes no espaço escolar, até mesmo na sociedade.
IMPACTO CAUSADO PELA DEFICIÊNCIA NO SER HUMANO
Saber do impacto do diagnóstico sobre a pessoa com deficiência é importante
quando pensamos na longevidade do ser humano e os avanços das tecnologias de
informação e comunicação, quer dizer, após o diagnóstico é necessário atentar às Ajudas
Técnicas para o planejamento de ações que considerem o dia a dia das pessoas, a
limitação na execução das tarefas e a restrição na convivência em sociedade e,
finalmente, o contexto ambiental que interfere facilitando ou dificultando a
responsividade da pessoa no desempenho das suas tarefas, comprometendo a inclusão
social.
As limitações de atividade são as dificuldades que o indivíduo pode ter para
executar uma determinada atividade. As restrições à participação social são os
problemas que um indivíduo pode enfrentar ao se envolver em situações de vida.
(FARIAS, 2005, p. 190.)
A inclusão social e educacional pautada na proposição de trabalhar com a
diversidade cultural deve focar sua atenção e ação na superação das práticas educativas
de exclusão, desta forma, vai buscar estratégias que promovam a qualidade de vida e a
equiparação de oportunidades para todas as pessoas. Assim, a comunidade escolar
constrói práticas educativas éticas, democráticas e de respeito à cidadania.
Jacques Delors no relatório para a UNESCO (2010) destaca que o século XXI da
Civilização do Conhecimento se alicerça:
[...] na esperança de um mundo melhor à medida que sabe respeitar os direitos
humanos, colocar em prática a compreensão mútua e transformar o avanço do
conhecimento em um instrumento, não de distinção, mas de promoção do gênero
humano. (DELORS, 2010, p. 6.)
Assim, é importante saber que a “deficiência” interfere no desenvolvimento e na
estruturação do ser humano, especificamente nele, o si mesmo e, também na constelação
e relação familiar, valer dizer que: “a informação sobre o diagnóstico acrescido da
funcionalidade fornece um quadro mais amplo sobre a saúde do indivíduo” (FARIAS;
BUCHALLA, 2005, p. 194).
Tomando como referência os sites: Deficientes em ação, Vez da voz e Espaço
Psiquê1, apresentamos a seguir uma breve descrição das deficiências com suas
características, indicadores mais comuns, que auxiliam no reconhecimento das mesmas:
Na Deficiência visual, que significa a diminuição da resposta e acuidade visual
em virtude de causas hereditárias e adquiridas. A diminuição da resposta visual pode ser
leve, moderada, severa ou profunda (que compõem o grupo de visão subnormal ou baixa
visão) e ausência total da resposta visual (cegueira). Verifica-se que essas
especificidades da deficiência visual interferem no desempenho diário, seja no âmbito
social ou escolar, de modo diverso a cada pessoa com baixa visão ou cega. O tempo de
perda da acuidade visual se ao nascer ou ainda na infância, exigirá necessidades sociais e
educacionais diferentes daquelas que perderam a visão mais tarde.
Na Deficiência física, podemos dizer que existe uma variedade de fatores que
interferem na mobilidade corporal e na coordenação motora global e fina,
comprometendo o sistema dos movimentos físicos que compreende o sistema
ósteoarticular, o sistema muscular e o sistema nervoso. As causas podem ser
adquiridas e ou genéticas, com índices de alta incidência de malformações genéticas
que ocasionam alterações funcionais e estruturais no cérebro e como consequência,
levam a um parto com complicações, às paralisias cerebrais de grau leve, moderado
ou grave.
Na Deficiência intelectual, são inúmeros os fatores de risco que podem
ocasioná-la. O atual conceito de deficiência intelectual compreende limitações
significativas tanto no funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizagem,
resolução de problemas) quanto no comportamento adaptativo das pessoas, que se
expressam nas habilidades conceituais, práticas e sociais e ocorrem antes dos 18 anos
de idade (AAIDD, 2010 - American Association on Intellectual and Developmental
Disabilities). As Ajudas Técnicas ao deficiente intelectual devem ser planejadas como
os recursos e estratégias individuais necessários para a promoção do desenvolvimento
integral e da qualidade de vida.
Na Deficiência auditiva conhecer os fatores que a ocasionam é importante,
para o planejamento de ações de prevenção e proteção das dificuldades do surdo. Uma
vez que, na deficiência auditiva, a comunicação está comprometida em diferentes
graus, seja no reconhecimento das intenções do ouvinte e das regras conversacionais
para estabelecer um diálogo ou transmitir uma ideia. As causas mais comuns da
surdez são: genéticas, pré-natais (como, por exemplo, rubéola, toxoplasmose, sífilis,
medicamentos, incompatibilidade Rh), perinatais (como traumatismos de parto, falta
de oxigênio) e pós-natais (como traumatismos, infecções, medicamentos).
Para minimizar os impactos da deficiência sobre o ser humano, atualmente
encontramos as Tecnologias Assistivas, no planejamento e desenvolvimento de recursos
ou procedimentos que aumentam ou restauram a função humana. Retire do texto da
ficha de estudo uma frase que apresenta a função comprometida em cada uma das
deficiências descritas: deficiência auditiva, deficiência visual, deficiência física e
deficiência intelectual.
• Deficiência Auditiva - reconhecer as intenções do ouvinte e as regras para
conversação e transmissão de ideias;
• Deficiência Visual - diminuição da resposta visual pode ser leve,
moderada, Severa ou profunda;
• Deficiência Física - interfere na mobilidade corporal e na coordenação motora
global e fina, comprometendo o sistema dos movimentos físicos.
• Deficiência Intelectual - limitações no funcionamento intelectual (raciocínio,
aprendizagem, resolução de problemas) e no comportamento adaptativo da pessoa.

• TECNOLOGIA ASSISTIVA - VALORIZANDO A DIVERSIDADE


HUMANA
Num giro histórico pela valorização da diversidade humana nos processos
educativos, apresentamos a precursora Maria Montessori, 1870-1952, médica e
educadora italiana, que se dedicou ao tratamento e a educação de crianças com necessi-
dades especiais, especificamente, com deficiência mental. Seu método pedagógico
voltado à estimulação sensório-perceptiva e intelectual, com atividades motoras e
sensoriais dirigidas para cada aluno. Montessori teve a preocupação em atender às
diferenças individuais de modo a preservar a liberdade e a espontaneidade do aluno
para que se adapte à vida social e desenvolva suas potencialidades integralmente.
Na atualidade destacamos a contribuição do relator Jacques Delors que no
relatório para a UNESCO, 2010, descreve que o século XXI da Civilização do
Conhecimento deverá superar tensões, entre elas:
A tensão entre o extraordinário desenvolvimento dos conhecimentos e as
capacidades de assimilação do homem. [...] acrescentar novas disciplinas, tais como
o autoconhecimento e a busca dos meios adequados para garantir a saúde física e
psicológica ou, ainda, a aprendizagem de matérias que levem a conhecer melhor e
preservar o meio ambiente. (DELORS, 2010 p. 9, grifo nosso.)
Nestas considerações, Delors ressalta o trabalho atual na construção da sociedade
acessível a todas as pessoas calcada na valorização da diversidade cultural.
Especificamente na educação, o trabalho com as diferenças individuais, no ambiente
escolar, na sala de aula, deverá desenvolver ações para a emergência das potencialidades
e os variados ritmos de aprendizagem com os alunos, sejam deficientes ou não.
Acrescentamos, neste momento, a contribuição da Tecnologia Assistiva - TA, que
por definição dirige-se aos recursos de acessibilidade que atendam à pessoa com
deficiência ou mobilidade reduzida e limitada nas suas funções motoras, auditivas,
visuais ou de comunicação. Teófilo Galvão Filho (2013), ao refletir sobre a definição de
tecnologia assistiva, declara que em relação às características, deve-se considerar na
TA: O QUE, PARA QUEM e PARA QUE. O primeiro caracteriza o tipo de recurso
tecnológico, por exemplo, um recurso de acessibilidade física. O segundo, caracteriza a
quem se destina o recurso, exemplo, o usuário com limitação motora no caminhar. O
terceiro, o PARA QUE, caracteriza a finalidade do recurso em auxiliar na mobilidade de
determinada limitação do usuário em questão, para um idoso com dificuldade de
locomoção será útil um andador que lhe proporcione segurança e autonomia no
caminhar. Favorece deste modo, a vida independente e a inclusão social.
Percebe-se que os recursos das Tecnologias Assistivas configuram-se coerentes
com a Civilização do Conhecimento, valorizando as diferenças individuais e
reconhecendo a diversidade cultural.

DESCREVENDO AS CATEGORIAS DA TECNOLOGIA ASSISTIVA


Vamos identificar a trajetória histórica da Tecnologia Assistiva - TA na busca
por uma melhor conceituação. Dizemos que o século XXI é o auge da TA, uma vez que
vai ao encontro do paradigma da inclusão social de potencializar a autonomia,
independência e o empoderamento das pessoas com deficiência, mobilidade reduzida
ou idosos. Em acordo à Conferência da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo
Decreto 3.956/2001, que define como ato discriminatório com base na deficiência toda
diferenciação que impeça o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades
fundamentais.
Outro ponto é destacar o contexto social atual, complexo, globalizado,
tecnológico, comunicacional e as contingências das políticas públicas brasileiras,
conferências que na luta pelos direitos do cidadão com deficiência têm exigido dos
diversos arranjos sociais a acessibilidade, em todas as suas dimensões e para todos, nos
diversos aspectos da vida do cidadão.
As pesquisadoras Patricia Rodrigues e Lynn Rosalina Alves, no artigo
‘Tecnologia Assistiva - uma revisão do tema”, discorrem sobre o conceito de TA, que:
remete a concepções e paradigmas diferentes ao longo da história, com características
específicas a partir do referencial de cada país. Contudo, em todas essas variáveis
podemos identificar como objetivo essencial a qualidade de vida, com referência a
processos que favorecem, compensam, potencializam ou auxiliam habilidades ou
funções pessoais comprometidas por algum tipo de deficiência ou pelo
envelhecimento. (ALVES e RODRIGUES, 2013, p. 174)
Em complemento à busca por uma configuração conceituai da TA, citamos o
Programa de Inovação em TA, que atrelado ao Plano Viver sem Limites (2012),
instigam o desenvolvimento de produtos, estratégias e serviços inovadores que
aumentem a autonomia, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas com deficiência.
Podemos mencionar também a conclusão do Comitê de Ajudas Técnicas que
define como sendo adequada a nomenclatura TA e sugere uma definição mais ampla
para TA entendendo- -a como área do conhecimento de prática multidisciplinar, voltada
à promoção da funcionalidade de pessoas com o objetivo de potencializar a autonomia,
independência, qualidade de vida e inclusão social. Deve ser coerente aos princípios do
Desenho Universal na composição de produtos, estratégias e serviços.
Vale citar que a Legislação Brasileira, no Decreto 3.298/99, reconhece que os
primeiros conceitos para TA foram iniciados a partir dos conceitos de Ajudas Técnicas.
O decreto apresenta no seu artigo 19 a referência ao direito do cidadão às Ajudas
Técnicas:
Consideram-se ajudas técnicas, para os efeitos deste Decreto, os elementos
que permitem compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou
mentais da pessoa portadora de deficiência, com o objetivo de permitir-lhe superar
as barreiras da comunicação e da mobilidade e de possibilitar sua plena inclusão
social. (BRASIL, Lei n. 3.298/99)
Acrescentam-se aqui as tecnologias para a inclusão social em consonância
com as políticas públicas brasileiras. Refere-se à Tecnologia Social entendida
como:
O termo “Tecnologia Social” é pensado de forma ampla para as diferentes
camadas da sociedade. O adjetivo “social” não tem a pretensão de afirmar somente a
necessidade de tecnologia para os pobres ou países subdesenvolvidos. Também faz a
crítica ao modelo convencional de desenvolvimento tecnológico e propõe uma
lógica mais sustentável e solidária de tecnologia para todas as camadas da sociedade.
Tecnologia social implica participação, empoderamento e autogestão de seus
usuários. (JESUS, 2013, p. 17)
De posse dessas informações é que se poderá ajudar a estabelecer modelos
para serviços e projetos de desenvolvimento tecnológico em nosso país.
Caminhamos, então, para a aplicação de Tecnologia Assistiva, a qual abrange todas
as ordens do desempenho humano, desde as tarefas básicas de autocuidado até o
desempenho de atividades profissionais.
A TA pode ser descrita em onze categorias como:
1. Auxílio para a vida diária,
2. Comunicação suplementar e alternativa,
3. Recursos de acessibilidade ao computador,
4. Sistemas de controle de ambiente,
5. Projetos arquitetônicos para acessibilidade,
6. Órteses e próteses,
7. Adequação postural,
8. Auxílio de mobilidade,
9. Auxílios para cegos ou com visão subnormal,
10. Auxílios para surdos ou com déficit auditivo,
11. Adaptações em veículos.

A CIF descreve as Ajudas Técnicas coerentes a ISSO 9.999:


A classificação ISSO 9.999 das Ajudas Técnicas define-se como ‘qualquer
produto, instrumento, equipamento ou sistema técnico utilizado por uma pessoa
incapacitada, especialmente produzido ou geralmente disponível, que se destina a
prevenir, compensar, monitorizar, avaliar ou neutralizar a incapacidade’. É aceite que
qualquer produto ou tecnologia pode ser de apoio, (vide ISSO 9.999: Ajudas Técnicas
para pessoas com incapacidade - CIF, 2004, p. 157)
Finalmente, a TA está engajada em trabalhar para ampliar a compreensão sobre
ela e as necessidades de diferentes áreas do conhecimento e pessoas, se envolvendo na
pesquisa do tema, visando à inter-relação de saberes em prol de efetivas ações
transformadoras das práticas discriminatórias da sociedade em relação às pessoas com
deficiência.

TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA ÁVIDA DIÁRIA


Iniciamos este conteúdo justificando que não há consenso entre os
pesquisadores e órgãos legislativos quanto à uma única forma de classificar e
categorizar as tecnologias assistivas.
O critério que optamos para descrever as tecnologias assistivas foi pelo critério
da aplicação visto na troca usuário-tecnologia, considerando as três qualidades:
acessibilidade, usabi- lidade e comunicabilidade. Nesse critério elegemos 11 (onze)
categorias, sendo que nessa aula apresentaremos seis delas.
Outro aspecto relevante como proposição de aplicação surge do modelo de
classificação Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology (HEART),
o qual propõe um foco em Tecnologia Assistiva, com base nos conhecimentos
envolvidos na sua utilização. Consideram-se três componentes de planejamento em
Tecnologia Assistiva: técnicos, humanos e socio-econômicos. Especificamente, neste
momento, destacamos o componente humano:
Este grupo de componentes de formação inclui tópicos relacionados com o
impacto causado pela deficiência no ser humano. As noções adotadas pelas
ciências biológicas, pela psicologia e pelas ciências sociais, podem ajudar na
compreensão das transformações da pessoa, e como esta se relaciona com o espaço em
que vive, como resultado de uma deficiência, e como é que a TA pode facilitar a
autonomia dessa pessoa. (BRASIL, 2009, p. 21, grifo nosso.)
No componente humano analisa-se a limitação da deficiência que favoreça a
reabilitação e a autonomia, aceitação e imagem social da TA, análise de necessidades e
adequação da pessoa à tecnologia. Esses aspectos podem interferir no sucesso ou
fracasso da TA.
Na aplicação de um recurso ou serviço da tecnologia de informação e
comunicação deve-se observar que traduzam as melhores condições de vida,
preservem a igualdade de oportunidades, assegurem valores éticos socialmente
desejáveis por parte da comunidade e que seja uma maneira de enfrentar as práticas
excludentes e um bom caminho para uma ação que visa o exercício da cidadania. Na
comunidade escolar, especificamente, saber lidar com a diversidade e saber visualizar
cada aluno como possuidor de competências é um desafio para a garantia de acesso e
permanência na escola para todos.

Apresentamos aqui seis possíveis aplicações das tecnologias à vida diária:


1. Como auxilio às atividades do cotidiano - materiais e produtos para auxílio
em tarefas rotineiras, como: comer, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar
cuidados pessoais de higiene etc.;
2. Na comunicação suplementar e alternativa - consiste de recursos
eletrônicos ou não, que permitem a comunicação expressiva e receptiva das pessoas.
São muito utilizadas as pranchas de comunicação com os símbolos pcs ou bliss, além
de vocalizadores e softwares dedicados para este fim;
3. Como auxílio de mobilidade - cadeiras de rodas manuais e motorizadas,
bases móveis, andadores, scooters de 3 rodas e qualquer outro veículo utilizado na
melhoria da mobilidade pessoal;
4. Como auxílios para cegos ou com visão subnormal - inclui lupas e lentes,
braille para equipamentos com síntese de voz, grandes telas de impressão, sistema de
tv com aumento para leitura de documentos e publicações;
5. Como auxílios para surdos ou com déficit auditivo - auxílios que inclui
vários equipamentos (infravermelho, fm) aparelhos para surdez, telefones com
teclado-teletipo (tty), sistemas com alerta tátil-visual, entre outros;
6. Nas adaptações em veículos - acessórios e adaptações que possibilitam a
condução do veículo, elevadores para cadeiras de rodas, camionetas modificadas e
outros veículos automotores usados no transporte pessoal.

TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA ÀS HABILIDADES FÍSICAS


Nesta aula descrevemos as tecnologias aplicadas às habilidades físicas, que
como visto anteriormente, devem relacionar os recursos e serviços da TA ao critério
de aplicação, quer dizer, as possibilidades de propiciar uma maior independência,
autonomia, qualidade de vida, de outra maneira, que para sua utilização deve atender
as habilidades, as potencialidades do usuário incrementando assim a inclusão social.
Justifica-se o foco no aspecto social, na medida em que o indivíduo faz trocas e
tem experiências no ambiente social como: a família, a escola e o trabalho. É neste
ambiente de convivência sócio-histórico-cultural que o indivíduo se relaciona com
pessoas e diversos grupos sociais. É no espaço interativo indivíduo-ambiente que é
confrontado cotidianamente a resolver desafios e daí extrair significados e sentidos
para sua vida.
Esse aspecto está bem descrito, no documento que o modelo de classificação
Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology - HEART (BRASIL,
2009) apresenta sobre a aplicação da Tecnologia Assistiva. Destaca que se deve
conhecer o seu uso e a sua utilização no ambiente de convivência social do usuário. O
HEART considera três componentes fundamentais de planejamento e de produção em
Tecnologia Assistiva: técnicos, humanos e socioeconômicos. Especificamente, neste
momento, destacamos o componente socioeconômico:
Este grupo de componentes indica que a tecnologia afeta as interações dentro do
contexto social (pessoas, relacionamentos e impacto no usuário final). Os
socioeconômicos também enfatizam as vantagens e desvantagens dos diferentes
modelos de prestação de serviços. (BRASIL, 2009, p. 22)
O HEART (BRASIL, 2009) destaca que o componente socio- econômico vai
contemplar no planejamento as qualidades de acessibilidade e usabilidade do recurso ou
serviço de TA, adaptações do local de trabalho, perspectivas na sociedade, procedi-
mentos para financiamento de TA. Lembrando que os contextos de vida do usuário
podem ser o profissional, o escolar ou familiar.
No espaço escolar, a questão da aplicação da TA focaliza a prática educativa
facilitadora e promotora do aprender. “Potencializar pode ser a chave do processo, no
sentido de ampliar as facilidades do ensino e da aprendizagem” (BARROS, 2012, p.
211). Quer dizer, para compreender como as pessoas aprendem e como focar no
desenvolvimento das habilidades pessoais do aprendiz, a descoberta de estilos de
aprendizagem facilita esse processo. Assim, o sucesso escolar está associado à oferta de
recursos e soluções da TA que auxiliem o aluno na superação de limitações funcionais
no ambiente escolar.
Apresentamos nessa aula a descrição de outras cinco categorias de TA e sua
aplicação:
1. Recursos de acessibilidade ao computador - equipamentos de entrada e saída
(síntese de voz, Braille), teclados adaptados, auxílios alternativos de acesso (ponteiras
de cabeça, de luz), acionadores, softwares especiais (de reconhecimento de voz);
2. Sistemas de controle de ambiente - sistemas eletrônicos que permitem às
pessoas com limitações locomotoras controlar remotamente aparelhos eletroeletrônicos,
sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e
arredores;
3. Projetos arquitetônicos para acessibilidade - adaptações estruturais na casa
e/ou ambiente de trabalho, através de rampas, elevadores, adaptações em banheiros
entre outras, que eliminam ou reduzem as barreiras físicas;
4. Órteses e próteses - troca ou ajuste de partes do corpo, faltantes ou de
funcionamento comprometido, por membros artificiais ou outros recursos
ortopédicos (talas, apoios etc.). Incluem-se os protéticos para auxiliar nos déficits ou
limitações cognitivas, como os gravadores de fita magnética ou digital que
funcionam como lembretes instantâneos.
5. Adequação postural - adaptações para cadeira de rodas ou outro sistema de
sentar, visando o conforto e distribuição adequada da pressão na superfície da pele
(almofadas especiais, assentos e encostos anatômicos), bem como posicionadores e
contentores que propiciam maior e melhor estabilidade e postura adequada do corpo
através do suporte e posicionamento de tronco/cabeça/membros.

É necessário conhecer o ambiente escolar para que a TA auxilie as práticas


educativas como facilitadora e promotora do aprender. ATA participa como
potencializadora do processo do aprender. Quais as perguntas iniciais que devemos
fazer ao ambiente escolar, a fim de identificar a TA adequada?

SOB O PARADIGMA DA INCLUSÃO PSICOSSOCIAL


Esta aula busca refletir sob a égide do paradigma da inclusão psicossocial, seus
alicerces e alavancas como: as diferenças e a diversidade. Falar em evolução e
progresso, atualmente, implica em um respeitar as diferenças individuais e a
diversidade cultural. Vivemos numa sociedade que busca a inclusão psicossocial que
envolve dimensões políticas, sociais e educacionais e seus desdobramentos no
ambiente imediato do cidadão e nos ambientes do entorno. Trata-se aqui de questões
próprias aos Direitos Humanos Universais e ao pleno exercício da cidadania.
Complementando, a conceituação de Direitos Humanos de acordo com a
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF):
Direitos Humanos
Desfrutar de todos os direitos nacional e internacionalmente reconhecidos que
são atribuídos às pessoas pelo simples facto da sua condição humana, tais como, os
direitos humanos reconhecidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos das
Nações Unidas (1948) e as Normas Padronizadas para a Igualdade de Oportunidades
para Pessoas com Incapacidades (1993); o direito à autodeterminação ou autonomia; e
o direito de controlar o próprio destino. (OMS, 2004, p. 150)
É essencial uma atitude compreensiva do contexto sócio- -histórico-ambiental
que engendra o paradigma psicossocial.
Para que possamos assumir um posicionamento mais crítico e construtivo em
relação à inclusão numa perspectiva psicossocial e as modificações que se atrelam a
ela, precisamos conhecer o que está sendo proposto. (MINETTO, 2008, p. 17).
A informação, os recursos e o conhecimento proporcionam um pensamento
crítico-reflexivo e apontam na direção de outra atitude frente às pessoas com
deficiência, mobilidade reduzida ou idosos. Refere-se aqui à postura adotada coerente
com a acessibilidade atitudinal.
Nesse contexto identificamos outra postura, um outro estilo de vida, um pensar e
intervir, do/no século XXL O clima ambiental promove muitos dispositivos legais para
o movimento inclusivo psicossocial. Um dos dispositivos fundamentais apresentado
por SASSAKI (2007), como sendo a semente da inclusão, a Disabled People
International (DPI), Organização Não Governamental dirigida por pessoas com
deficiência, define em sua Declaração de Princípios de 1981, o conceito de
equiparação de oportunidades, que era, em parte, o seguinte:
O processo mediante o qual os sistemas gerais da sociedade, tais como o meio
físico, a habilitação e transporte, os serviços sociais e de saúde, as oportunidades de
educação e trabalho, e a vida cultural e social, incluídas as instalações esportivas e de
recreação, é feito acessível para todos. Isto inclui a remoção de barreiras que impedem
a plena participação das pessoas deficientes em todas estas áreas, permitindo-lhe assim
alcançar uma qualidade de vida igual à de outras pessoas. (SASSAKI, 1997, p. 39)
Conhecer os dispositivos legais atuais e históricos voltados aos processos
inclusivos, o conceito de inclusão e a sua forma normatizadora significa saber que,
como toda relação social, a inclusão é pautada em direitos e deveres que constroem a
cidadania participativa e transformadora da realidade sócio-histórica-cultural.
A inclusão social e educacional ainda no século XXI depara-se com grandes
obstáculos, uma vez que a sociedade não está preparada para os desafios implícitos ao
processo de inclusão. Entre eles, o estranhamento é o mais difícil de ser percebido e
vencido por todos. 0 estranhamento é uma reação humana às novidades que permeiam
as inter-relações, portanto, podem aparecer nas relações pessoais a qualquer tempo e
momento.
A estabilidade é algo que buscamos frequentemente, pois ela nos dá segurança.
Quanto mais conhecemos determinado fato ou assunto, mais nos sentimos seguros
diante dele. O novo gera insegurança e instabilidade, exigindo reorganização,
mudança. É comum sermos resistentes ao que nos desestabiliza. Sem dúvida, as ideias
inclusivas causaram muita desestabilidade e resistência. (MINETTO, 2008, p. 17).
Aqui tratamos de uma das dimensões de acessibilidade que acredita-se ser
essencial e determinante à inclusão psicossocial: a acessibilidade atitudinal. Na
relação custo/bene- fício de acessibilidade, tem o menor custo financeiro e o maior
benefício, pois está na raiz da diversidade humana. Depende tão somente da atitude, da
postura pessoal de cada um de nós, ninguém fará isso por você. Conceitua-se atitude
como a manifestação de um ponto de vista interno aplicado no meio externo, quer
dizer, reflete os comportamentos e ações de cada indivíduo frente às outras pessoas e
situações do seu ambiente.
TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA AOS RECURSOS
AMBIENTAIS
Refletir sobre as tecnologias assistivas aplicadas aos recursos ambientais
remete-nos aos impactos ambientais que envolvem o ambiente imediato do indivíduo e
o ambiente no entorno de todas as pessoas e seus grupos sociais.
O espaço ambiental constitui-se do ambiente físico, social e atitudinal no qual as
pessoas convivem desde o nascimento ao longo de toda a vida e o modo como são
reconhecidas e se sentem pertencentes ao grupo. As TAs integram, interagem, e fazem
continente ao estabelecimento da acessibilidade no ambiente a todos os indivíduos.
Compreende-se que os fatores ambientais são de natureza externa ao indivíduo, e
podem exercer uma influência favorável ou desfavorável ao desenvolvimento e a
inclusão psicossocial. Especificamente, na escola, os fatores ambientais impactam e
podem interferir no aproveitamento, desempenho e relacionamento intra e interpessoal
daqueles que transitam no espaço escolar, professores, pais, alunos, diretor, merendeiro,
bibliotecário, terceirizado, dentre outros.
A CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
apresenta os fatores ambientais referendados por dois níveis específicos:
(1) Os Fatores Ambientais estão organizados na classificação tendo em vista dois
níveis distintos:
(a) Individual - no ambiente imediato do indivíduo, englobando espaços
como o domicílio, o local de trabalho e a escola. Esse nível inclui as características
físicas e materiais do ambiente em que o indivíduo se encontra, bem como o contato
direto com outros indivíduos, tais como, família, conhecidos, colegas e estranhos.
(b) Social - estruturas sociais formais e informais, serviços e regras de
conduta ou sistemas na comunidade ou cultura que têm um impacto sobre os
indivíduos. Esse nível inclui organizações e serviços relacionados com o trabalho,
com atividades na comunidade, com organismos governamentais, serviços de
comunicação e de transporte e redes sociais informais, bem como, leis, regulamentos,
regras formais e informais, atitudes e ideologias.
(2) Os Fatores Ambientais interagem com os componentes das Funções e
Estruturas do Corpo e as Atividades e a Participação. Para cada componente, a
natureza e a extensão dessa interação podem ser mais bem definidas com base nos
resultados de trabalhos científicos a desenvolver no futuro. A incapacidade é
caracterizada como o resultado de uma relação complexa entre a condição de saúde
do indivíduo e os fatores pessoais, com os fatores externos que representam as
circunstâncias nas quais o indivíduo vive. Assim, diferentes ambientes podem ter
um impacto distinto sobre o mesmo indivíduo com uma determinada condição
de saúde. Um ambiente com barreiras, ou sem facilitadores, vai restringir o
desempenho do indivíduo; outros ambientes mais facilitadores podem melhorar esse
desempenho. A sociedade pode limitar o desempenho de um indivíduo criando
barreiras (e.g. prédios inacessíveis) ou não fornecendo facilitadores (e.g.
indisponibilidade de dispositivos de auxílio). (OMS, 2004, p.19, grifo nosso.)
Os fatores ambientais vão ao encontro, e devem se interagir e integrarem-se a
acessibilidade nas suas dimensões: arquitetônica, comunicacional, instrumental,
atitudinal, metodológica e programática. Conceitua-se aqui as TAs como área do
conhecimento, que com seus recursos e serviços instrumentaliza as pessoas com
deficiência para sua autonomia e empoderamento, para seu pleno exercício de cidadania
e para a conquista da inclusão psicossocial.
Apresentamos nesse grupo as possíveis aplicações de TA como dispositivos de
auxílio ambiental, seja pessoal ou para a vida coletiva:
• Nos ambientes íntimos adaptados como quartos de dormir e banheiro;
• Facilitadores na mobilidade pessoal como as cadeiras de rodas manuais e
motorizadas, os mais variados tipos de andadores para pessoas com deficiência ou
mobilidade reduzida;
• No ambiente do entorno do indivíduo levantamos as adaptações nos veículos,
como acessórios e adaptações que possibilitam a condução do veículo, elevadores para
cadeiras de roda e camionetas modificadas e outros veículos automotores usados no
transporte pessoal;
• No ambiente natural e de mudanças feitas pelo homem, como a geografia
física, clima, flora e fauna;
• Na comunicação suplementar e alternativa que consiste de recursos
eletrônicos ou não, que permitem a comunicação expressiva e receptiva das pessoas.
São muito utilizadas as pranchas de comunicação com os símbolos pcs ou bliss, além
de vocalizadores e softwares dirigidos para esta finalidade.
• TECNOLOGIA ASSISTIVA APLICADA AO ESPORTE E LAZER
Estudar as TAs aplicadas ao esporte e lazer é considerar seu âmbito de aplicação
que envolve atividades básicas da convivência social organizada distanciadas das
atividades essenciais familiares, assim, constituem atividades aplicadas à vida comu-
nitária, social e cívica.
Recreação e lazer participar em qualquer forma de jogos, atividade recreativa
ou de lazer, como por exemplo, jogos ou desportos informais ou organizados,
programas de exercício físico, relaxamento, diversão, ir a galerias de arte, museus,
cinema ou teatro; participar em trabalhos artesa- nais ou ocupar-se em passatempos,
ler por prazer, tocar instrumentos musicais; fazer excursões, turismo e viajar por
prazer. (OMS, 2004, p. 149)
Para o planejamento, execução e avaliação dos recursos e serviços da TA ao
esporte e lazer, usam-se balizadores de funcionalidade, que são: as limitações da
atividade e as restrições na participação eliminando barreiras discriminatórias da
sociedade em relação às pessoas com deficiência, mobilidade reduzida ou idosas.
Alinhada a essas ideias, as Tecnologias Assistivas contribuem no enfrentamento dos
desafios e na resolução de problemas com vistas a atuar de forma cidadã, ética e
responsável em sua comunidade e na sociedade.
Esses balizadores são conceituados na CIF - Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, da Organização Mundial da Saúde (2004, p.
187), sendo que:
Atividade é a execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo. Ela representa
a perspectiva individual da funcionalidade.
Limitações da atividade são dificuldades que um indivíduo pode ter na
execução das atividades. Uma limitação da atividade pode variar de um desvio leve a
grave em termos da quantidade ou da qualidade na execução da atividade comparada
com a maneira ou a extensão esperada em pessoas sem essa condição de saúde.
Participação é o envolvimento de um indivíduo numa situação da vida real. Ela
representa a perspectiva social da funcionalidade.
Restrições na participação são problemas que um indivíduo pode enfrentar
quando está envolvido em situações da vida real. A presença da restrição de
participação é determinada pela comparação entre a participação individual com
aquela esperada de um indivíduo sem deficiência naquela cultura ou sociedade.
Apresentamos neste grupo as possíveis aplicações de TA como dispositivos ao
esporte e lazer:
• Apoios e relacionamentos com pares, colegas, pessoas em posição de
autoridade e animais domesticados;
• Vida comunitária em todos os aspectos da vida social em comunidade,
como, vínculos com associações esportivas, beneficentes e clubes profissionais;
• Nas atividades desportivas a participação em jogos
Colaborativos e competitivos ou de atletismo, organizados informal ou
formalmente, sozinho ou em grupo, como por exemplo, atividades de ginástica, tênis
de mesa, basquete e nado sincronizado;
• participação em jogos com regras ou jogos sem regras, que podem ser
“livres” e a recreação espontânea ou dirigida, como por exemplo, jogos de roda, jogo
de xadrez, corrida do saco, brincadeiras, jogos de tabuleiro e pular corda.
Conforme o Movimento Paraolímpico Internacional, os atletas podem ser
classificados em seis grupos:
• Amputados;
• Paralisados cerebrais;
• Deficientes visuais;
• Lesionados na medula espinhal;
• Deficientes mentais;
• Les autres (inclui todos os atletas com alguma deficiência de
mobilidade e que não se enquadram nos demais grupos)
Além desses critérios, o atleta ainda é classificado de acordo com os critérios
próprios de cada modalidade, segundo suas habilidades funcionais e desempenho.

MODELOS CONCEITUAIS - MÉDICO E SOCIAL

A sociedade inclusiva do século XXI, pautada no exercício pleno da cidadania,


abre-se para as pessoas com deficiência a fim de que conquistem uma vida
independente. Dessa maneira, a compreensão do conceito e a classificação de
“deficiência” estão pautadas em um modelo denominado psicossocial.
A TA se alinha perfeitamente a essa conceituação, uma vez que funciona como
Ajuda Técnica, como recurso-chave pelo qual as pessoas com deficiência têm
equiparadas as oportunidades, a fim de conquistar um estilo de vida independente,
autônomo, no qual tenham a liberdade para escolher e arcar com as consequências em
todos os aspectos da vida social, familiar e profissional.
Historicamente, a legislação que referendou o direito à igualdade de
oportunidades se deu no ano 2000, na Lei 10.098, regulamentada pelo Decreto
5.296/2004 que aprovou a criação do Comitê de Ajudas Técnicas “com a finalidade
principal de propor a criação de políticas públicas, aos órgãos competentes,
relacionadas com o desenvolvimento e uso de Tecnologia Assistiva” (BRASIL, 2009,
p. 11). A Tecnologia Assistiva, anteriormente, era chamada de Ajuda Técnica.
Nessa retrospectiva, em torno dos anos de 1976-1980, a Organização Mundial
da Saúde (OMS), preocupada com os vários aspectos e estados da saúde, busca um
sistema de classificação às “deficiências” e propõe a Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), tendo como baliza- dor os componentes
da funcionalidade e das atividades desenvolvidas pela pessoa que tem alterações em
seu desempenho da estrutura do corpo próprio e público. A funcionalidade e a
incapacidade da pessoa são determinadas pelos fatores ambientais, individuais e
sociais, que dizem respeito à pessoa e ao seu entorno.
A CIF, de acordo com Farias e Buchalla (2005), parte de uma referência
biopsicossocial de leitura da “deficiência” que integra os componentes de saúde nos
níveis corporais e sociais, ou seja, na classificação da pessoa com deficiência
desconsidera o modelo biomédico baseado no diagnóstico etiológico da disfunção,
evoluindo para um modelo que incorpora as três dimensões: a biomédica, a psicológica
(dimensão individual) e a social. Nesse modelo cada nível age sobre e sofre a ação dos
demais, sendo todos influenciados pelos fatores ambientais. (FARIAS; BUCHALLA,
2005, p. 189)
Veja como esses mesmos autores descrevem em esquema as interações entre as
dimensões:
Historicamente, a “deficiência” foi definida e classificada sob a égide do
modelo médico que considerava as limitações da pessoa como consequências
intrínsecas ao corpo deficiente. Atualmente, as limitações da atividade e restrições na
participação da pessoa com deficiência articulam-se ao seu ambiente imediato e ao
seu entorno, considera o contexto sócio-histórico-cultural, portanto a abordagem
biopsicossocial, multifatorial proposta pela CIF e adotada na OMS é o modelo social
ou psicossocial. A CIF distingue os modelos conceituais médico e social:
MODELO MÉDICO - considera a incapacidade como um problema de
pessoa, causado diretamente pela doença, traumas ou outro problema de saúde, que
requer assistência médica sob forma de tratamento individual por profissionais. Os
cuidados em relação à incapacidade tem por objetivo a cura ou a adaptação do
indivíduo e mudança de comportamento. A assistência médica é considerada como
a questão principal e, a nível político, a principal resposta é a modificação ou
reforma da política de saúde. (CIF, 2004, p. 21, grifo nosso.).
MODELO SOCIAL - incapacidade, por sua vez, considera a questão como
um problema criado pela sociedade e como uma questão de integração plena do
indivíduo na sociedade. A incapacidade não é um atributo de um indivíduo, mas sim
um conjunto complexo de condições, muitas das quais criadas pelo ambiente social.
Assim, a solução do problema requer uma ação social e é da responsabilidade
coletiva da sociedade fazer as modificações ambientais necessárias para a
participação plena das pessoas com incapacidade em todas as áreas da vida social.
Portanto, é uma questão atitudinal ou ideológica que requer mudanças sociais
que, a nível político se transformem numa questão de direitos humanos. De acordo
com este modelo, a incapacidade é uma questão política. (CIF, 2004, p. 21-22, grifo
nosso.).
De posse dessas informações, é possível apresentar à pessoa com deficiência um
diagnóstico funcional e planejar a TA adequada que fortaleça e favoreça a vida
independente e o desenvolvimento das potencialidades da pessoa com deficiência,
mobilidade reduzida ou idosa.

Em poucas palavras, construa um texto identificando esses aspectos no estudo


de caso apresentado abaixo:

APRENDENDO COM O DESENHO UNIVERSAL


O Desenho Universal, atrelado aos demais dispositivos legais à acessibilidade,
mostra-se coerente com a abordagem biopsicossocial da “deficiência”, entendida
como um problema nas funções do corpo ou nas suas estruturas do corpo, tais como
um desvio significativo ou uma perda. Assim, a conceitu- ação de Desenho Universal
contempla a diversidade e o “bem- estar” do ser humano.
O conceito de Desenho Universal do Instituto Nacional de Reabilitação,
descrito a seguir, visa à concepção de objetos, equipamentos e estruturas do meio
físico destinados a ser utilizados por todas as pessoas indiscriminadamente. Seu
fundamento é simplificar a vida de todos, tornando os produtos, estruturas, a
comunicação e o meio edificado utilizáveis pelo maior número de pessoas possível, a
baixo custo ou sem custos extras, para que todas as pessoas possam integrar-se
totalmente numa sociedade inclusiva.
Desenho Universal: O conceito de desenho universal se propõe a gerar
ambientes, serviços, programas e tecnologias acessíveis, utilizáveis equitativamente,
de forma segura e autônoma por todas as pessoas - na maior extensão possível sem
que precisem ser adaptados ou readaptados especificamente. O desenho universal
engloba e avança conceitualmente em relação à acessibilidade e às ajudas técnicas. O
propósito do desenho universal é atender às diversas necessidades e viabilizar a
participação social e o acesso a bens e serviços à maior gama possível de usuários,
contribuindo para que pessoas impedidas de interagir com a sociedade passem a
fazê-lo. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RS, 2011, p. 7)
A realização de um projeto em Desenho Universal obedece a sete princípios
básicos:
1. Uso equiparável - pode ser utilizado por qualquer grupo de usuários com
igualdade de oportunidade a todos;
2. Uso flexível - engloba as preferências e capacidades individuais;
flexibilização de utilização;
3. Utilização simples e intuitiva - fácil de compreender, independentemente da
experiência do usuário, dos seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de
concentração;
4. Informação perceptível - Fornece a informação necessária a qualquer
usuário;
5. Tolerância ao erro - minimiza riscos decorrentes de ações acidentais ou
involuntárias;
6. Pouca exigência de esforço físico - pode ser utilizado de forma eficaz e
confortável com um mínimo de fadiga;
7. Tamanho, espaço de acesso e de utilização - dimensão e espaço adequado
para a abordagem, manuseamento e uso.
O Desenho para Todos assume-se, assim, como instrumento privilegiado para
a concretização da acessibilidade e, por extensão, de promoção da inclusão social.
Finalmente, com mais esse dispositivo de acessibilidade, podemos deduzir que
qualquer produto de TA que seja desenvolvido, atendendo a limitações e a
funcionalidade derivadas de deficiências individuais, possibilitará e facilitará
também o acesso por todos os usuários que, sem sofrer essas deficiências, se
encontrem em contextos coletivos, como é o caso da escola. A escola é definida aqui
como espaço de cultura inclusiva e de convivência social, importante para o
desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos. Desse modo, a escola
cumpre seu papel de formadora, facilitando assim o exercício da cidadania.

COMPREENDER A INCAPACIDADE E A FUNCIONALIDADE


A CIF tem por objetivo organizar um sistema de classificação voltado a pensar
a saúde e o bem-estar do ser humano, que possibilite uma via de comunicação
universal às diferentes áreas do conhecimento e setores da saúde, em um trabalho em
equipes multi e interdisciplinares; descreve a saúde e os estados relacionados com a
saúde como exemplos de domínios da saúde incluem ver, ouvir, andar, aprender e
recordar, enquanto que exemplos de domínios relacionados com a saúde incluem
transporte, educação e interações sociais. (CIF, 2004, p. 11, grifo nosso.)
A CIF representa uma mudança de paradigma para se pensar e trabalhar a
“deficiência” e serve como uma aliada fundamental às propostas da TA enquanto
área do conhecimento que pesquisa as melhorias na funcionalidade, nos interesses e
na participação da pessoa com deficiência na sociedade.
Como a CIF é uma classificação da saúde e dos estados relacionados com a
saúde também é utilizada por setores, tais como, seguros, segurança social, trabalho,
educação, economia, política social, desenvolvimento de políticas e de legislação em
geral e alterações ambientais. Por estes motivos foi aceita como uma das classifica-
ções sociais das Nações Unidas, sendo mencionada e estando incorporada nas
Normas Padronizadas para a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com
Incapacidades. Assim, a CIF constitui um instrumento apropriado para o
desenvolvimento de legislação internacional sobre os direitos humanos bem como de
legislação a nível nacional. (CIF, 2004, p. 9-10, grifo nosso.)
A CIF permite descrever situações relacionadas com a funcionalidade do ser
humano que remete às funções do corpo e às suas incapacidades, ou, dito de outra forma,
às suas restrições e limitações na participação, e serve como enquadramento para
organizar essas informações. A CIF organiza a informação em duas partes com dois
componentes cada.

1. Componentes da Funcionalidade e da Incapacidade


O componente Corpo inclui duas classificações, uma para as funções dos
sistemas orgânicos e outra para as estruturas do corpo. Nas duas classificações os
capítulos estão organizados de acordo com os sistemas orgânicos.
O componente Atividades e Participação cobre a faixa completa de domínios
que indicam os aspectos da funcionalidade, tanto na perspectiva individual como social.

2. Componentes dos Fatores Contextuais


O primeiro componente dos Fatores Contextuais é uma lista de Fatores
Ambientais. Estes têm um impacto sobre todos os componentes da funcionalidade e da
incapacidade e estão organizados de forma sequencial, do ambiente mais imediato do
indivíduo até ao ambiente geral.
Os Fatores Pessoais também são um componente dos Fatores Contextuais,
mas eles não estão classificados na CIF devido à grande variação social e cultural
associada aos mesmos. (CIF, 2004, p. 11-12)
A CIF articula-se desta maneira à acessibilidade e ao desenho universal,
removendo barreiras em todas as dimensões da acessibilidade, e a TA se revela neste
espaço como recurso e serviço chave que abre as portas para todas as pessoas ao pleno
exercício da cidadania, ou melhor, a vida com cidadania. Significa ter oportunidade para
tomar decisões que afetam a própria vida, responsividade e autodeterminação. Significa
ter a liberdade de falhar e aprender com as próprias falhas, tal qual fazem todas as
pessoas. Finalmente, a TA promove um estilo de vida independente, essencial para
acessar a verdadeira inclusão social.
Sugere-se a leitura do livro Direitos das pessoas com deficiência: garantia de
igualdade na diversidade, de Eugênia Favero, Editora WVA, Rio de Janeiro: 2004.

TECNOLOGIAS NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS


Após conhecer e trabalhar sob as prerrogativas do Desenho Universal, da CIF e da
acessibilidade, a escola introduz parâmetros técnicos relacionados à acessibilidade, por
exemplo, arquitetônica, dos espaços escolares que devem ser observados durante o
projeto, construção, instalação e adaptação de edificações e mobiliário. Vamos pensar
nas tecnologias: O que são tecnologias? Qual a definição de tecnologia?
Verificamos que não existe consenso na definição de tecnologia. Veraszto et al.
(2008), no seu artigo “Tecnologia: buscando uma definição para o conceito”, apresenta
uma revisão literária de envergadura histórica e atual considerando a tecnologia como
[...] um corpo sólido de conhecimentos que vai muito além de servir como
uma simples aplicação de conceitos e teorias científicas, ou do ma-
nejo e reconhecimento de modernos artefatos. Precisamos deixar
bem claro que o conhecimento tecnológico tem uma estrutura
bastante ampla e, apesar de formal, a tecnologia não é uma disciplina
como qualquer outra que conhecemos, nem tampouco pode ser
estruturada da mesma forma. O conhecimento tecnológico não é algo
que pode ser facilmente compilado e categorizado da mesma forma
como o conhecimento científico.
A tecnologia poderia ser apresentada como uma disciplina, mas sabemos que é
mais bem qualificada como uma forma de conhecimento, e por isso adquire formas e
elementos específicos da atividade humana. Dessa forma podemos dizer que o caráter
da tecnologia pode ser definido pelo seu uso. (VERASZTO et al, 2008, p. 75, grifo
nosso.)
Os autores finalizam dizendo que “a tecnologia abrange um conjunto organizado
e sistematizado de diferentes conhecimentos, científicos, empíricos e intuitivos. Sendo
assim, possibilita a reconstrução constante do espaço das relações humanas”.
(VERASZTO et al, 2008, p. 79)
Na medida em que a escola norteia suas práticas educativas sob a diversidade
humana, as diferenças individuais e, propõem facilitadores1 ao processo do aprender,
avança diversos passos na efetivação do paradigma da inclusão psicossocial, neste
mesmo caminho, as TAs integram as práticas educativas como ajudas tecnológicas
adequadas no ambiente escolar.
As tecnologias, aplicadas ao contexto educacional, vêm para possibilitar o acesso
virtual, a inclusão digital a todas as pessoas que devido às restrições participativas e
limitações que podem ser motoras, visuais, auditivas e físicas necessitam do uso dos
recursos de hardware e software que a sociedade informacional disponibiliza.
As tecnologias assistivas como área de conhecimento oferecem muitas
alternativas, recursos e serviços de apoio ao professor que ajudam na educação dos
alunos com deficiência. Todos os alunos, em determinado momento de sua vida
escolar podem apresentar necessidades educacionais especiais que comprometam o
sucesso escolar pela falta de soluções que os auxiliem na superação de dificuldades
funcionais no ambiente da sala de aula e fora dele. Os professores que conhecem as
TAs se beneficiam de diferentes estratégias para dar respostas às necessidades dos
alunos. Garantem, desta maneira, o acesso e a permanência na escola para todos os
agentes escolares.
Buscar alternativas e estratégias que promovam melhores condições de vida
para toda a comunidade, na igualdade de oportunidades educativas e sociais e na
construção de valores éticos socialmente desejáveis, é uma maneira de enfrentar a
exclusão, eliminar barreiras e um bom caminho para uma vida com mais qualidade,
mais independência na coletividade. O vídeo mostra o desenvolvimento de tecnologia
assistam de baixo custo, aplicado a crianças com disfunção neuromoto ra. As
crianças precisam de um mobiliário para uso cotidiano o exemplo apresentado
trabalha com tubos de PVC de soldi e de roscas, que mostra ser um material com
acessibilidade i usabilidade. Neste sentido é um recurso facilitador na eliminação de
barreiras e, restrição de participação às crianças cor deficiência. O grupo relata que
desenvolveu sete tipos de equi pamentos, como: andadores, vaso sanitário, mesas,
entre ou tros. Os recursos apresentados, por exemplo, o andador podi ser ajustado com
um sistema de roscas, de acordo ao tamanho da criança. Este mobiliário, segundo
relato de profissionais de saúde auxilia no tratamento complementar realizado em
caso. A confecção do mobiliário é fácil e não exige alta tecnologia. Um outro ponto
interessante da reportagem trata da divulgação da TA, esta é uma atitude importante
que atende a acessibilidade atitudinal, ao desenho universal fortalecendo o com
promisso da TA com o estilo de vida independente das pessoas.
SOFTWARES E AS DEFICIÊNCIAS
c. Sistema operacional
• DOSVOX - Software de interface especializada que se comunica com o usuário
em português, por meio de síntese de voz. É um recurso nacional de relação
custo/benefício acessível.
d. Leitora de tela
• Virtual Vision - Software de leitura de telas desenvolvido para funcionar sobre
os aplicativos mais comuns utilizados;
• Jaws - permite ao usuário que configure a intensidade da leitura;
• OpenBook - permite acesso e edição de materiais impressos mediante um
processo de digitalização.
2. Deficiência auditiva e a acessibilidade digital, alguns exemplos:
a. Tecnologia baseada na oralização
• Comunicar e palavras baralhadas - videojogos educativos.
b. Tecnologia baseada na Libras
• Karytu - software de letramento;
• Falibras - tradutor de português para libras;
• Dicionário de Libras INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos;
• Teclado especial - utiliza recursos das ferramentas de autotexto e
autocorreção do Word.
3. Deficiência motora e a acessibilidade digital, alguns exemplos:
a. Hardwares
• Teclados - variedades de teclados;
• Máscara de teclado - placa de plástico com um orifício correspondente a cada
tecla;
• Pulseiras de pesos - diversos modelos ajudam a reduzir a amplitude do
movimento causada pela flutuação do tônus;
• Mouses e acionadores - adaptados de acordo com as necessidades do usuário;
• Teclado virtual da PUCPR - reúne características de teclado virtual,
sintetizador de voz e sistema de predição da palavra.

DIMENSÕES DO USO DAS TECNOLOGIAS EDUCATIVAS


Os softwares educativos são recursos tecnológicos indicados como ajudas
técnicas, assim, são planejados adequadamente para atender as características
individuais de cada aluno e da fase do desenvolvimento em que se encontra e ainda,
respeitam os dispositivos legais como: desenho universal, CIF e a acessibilidade, para
que pessoas com limitações visuais, auditivas, motoras possam conquistar o mundo
digital.
Para escolher um software educativo para um aluno com necessidades
educacionais especiais, algumas perguntas básicas são importantes:
• Para que o sistema serve?
• Qual a vantagem de utilizá-lo?
• Como o sistema funciona?
• Quais os princípios gerais de interação com o sistema?
O computador a serviço da educação oferece softwares que agregam no seu
planejamento, funcionalidade e usabilidade com objetivos pedagógicos (SONZA,
2013), podem ser classificados em: tutoriais, de programação, aplicativos, exercícios e
práticas, multimídia e internet, simulação, modelagem e jogos.
Tutoriais - apresentam informações planejadas e organizadas para instigar a
aprendizagem do aluno, partindo da interação computador - usuário e pertinência
curricular. No site da Secretaria de Educação do Paraná: Dia a Dia Educação - você
pode encontrar orientações sobre diversos softwares educacionais. O site pode ser
acessadopelolink:
<www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=167>. Acesso em: 13 nov. 2014.
Veja alguns exemplos:
Programação/Autoria - tecnologia usada como ferramenta auxiliando a
aprendizagem, dá liberdade ao usuário para criar seu próprio programa de atividade.
Como exemplo, podemos citar o Scratch, um website desenvolvido com o foco na
aprendizagem e educação, onde é possível desenvolver e programar diversas atividades
de forma dinâmica e estimuladora. Pode ser acessado através do link:
<http://scratch.mit.edu/>. Acesso em: 13 nov. 2014.
Aplicativos - voltados para aplicações específicas, como processadores de texto,
planilhas eletrônicas e gerenciadores de banco de dados.
Exercícios e Práticas - Consiste somente na resolução de questões e atividades,
sem se preocupar com o uso pedagógico, o aprendizado e o propósito do software.
Multimídia e Internet - Com recursos de acessibilidade na escolha de multimídias
para executar uma navegação na internet.
Simulação e Modelagem - Consistem na apresentação de situações problema que
devem ser resolvidas pelo aluno, possibilita vivências, teste de hipóteses, incentiva o
aluno a procurar soluções para os desafios apresentados. A robótica educativa é hoje um
exemplo significativo de aplicação de simuladores.
Jogos - softwares educativos lúdicos consistem numa ferramenta pedagógica
excelente para motivar o aluno à aprendizagem, são planejados de acordo com a idade
do aluno.
Softwares educativos às pessoas com deficiência – que auxiliam os professores no
ensino de diversas disciplinas, como: Língua portuguesa, inglês, matemática, artes etc.
SONZA et aí. (2013) apresentam uma lista de jogos, relacionados a seguir:
• Menino curioso - software direcionado a crianças em fase de alfabetização,
com jogos relacionados à caixinha mágica, por exemplo.
Disponívelem:<http://infoeducindiaquaresma.blogspot.
com.br/2010/03/software-menino-curioso.html>. Acesso em: 13 nov. 2013.
• Programa Gcompris 9.2 - é um aplicativo amplo com muitas atividades e
atende a diversas áreas do conhecimento. Disponível (em inglês) em:
<http://gcompris.net/index-en. html. Acesso em: 13 nov. 2013.
• Cobpaint - desenvolvido para pessoas com dificuldades motoras e
deficiência visual;
• Creative Painter - personagens animados;
• Tux Paint - usada com crianças com paralisia cerebral;
• Smart Panda - software de matemática;
• Zac Browser - favorece a interação social;
• Hércules e Jiló - usado para a criança com deficiência intelectual.A
sociedade globalizada e tecnológica exige que o cidadão utilize os recursos e serviços
tecnológicos. Atualmente são muitos os recursos disponíveis ao processo educativo e
são muito eficazes, desde que sejam usados adequadamente.
A sugestão é assistir a reportagem do Jornal Record - Prensa: tecnologias
acessíveis. Disponível em: <www.youtube. com/watch?v=9Z2WmHWdR7U>. Acesso
em: 8 nov. 2014.

APRENDENDO SOBRE A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA


O que é comunicação? É transmitir oralmente uma mensagem? É a ação de um
emissor enviar uma mensagem a um receptor? É possível viver sem comunicação?
Essas questões são de grande importância para elucidar o conceito de comunicação.
Comunicação é a possibilidade de uma pessoa expressar uma mensagem de forma
diversificada e possibilita a interação entre as pessoas nos diferentes ambientes que
estão ao seu redor.
A comunicação é um marco histórico que revolucionou o mundo, desde os
primatas até os dias atuais. A tecnologia avançou a passos largos e a comunicação
teve seu contributo na medida em que o tempo passava, e ela estava sempre presente.
A comunicação foi e continua a ser o elo mais importante da evolução humana, fez o
grande diferencial entre o hoje e o ontem. Será a mola propulsora entre o hoje e o
amanhã e será uma grande força contributiva de um futuro bem próximo.
(BRAGANÇA, 2009, p. 1, grifo nosso.)
Cada um de nós possui variados modos de comunicar: com o olhar, o sorriso,
movimentos corporais, com o corpo ou partes do corpo etc. Por exemplo: acenar com
o braço para dizer “tchau” ou para chamar um táxi na rua e balançar a cabeça para
dizer “sim” ou “não”. Com os gestos corporais, comunicamos nossas vontades,
interesses, concordâncias ou discordâncias, emoções, sentimentos.
A comunicação entre pessoas é marcada e complementada por vários elementos
comunicativos que permitem compreender o outro e, também, ser compreendido.
(MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 3)
O sistema de comunicação humana consiste em diversos sinais que podem ser
gestos, sons, signos linguísticos que possuem significados singulares ou universais,
transmitidos por via de comunicação natural e/ou alternativa.
O livro O Corpo Fala, de Weil e Tompakow (2001 ), é um clássico da literatura
que descreve de maneira brilhante as diversas modalidades da linguagem não verbal do
corpo humano, apresentadas como ferramentas de comunicação, de troca mútua entre
pessoas. Os autores convidam o leitor a interagir com o texto por meio de recursos como
desenhos e personagens. Explicam o processo de comunicação
emissor-informação-receptor, desde a emissão da informação até a recepção e
decodificação pelo receptor, que interpreta e dá um significado à mensagem. “O tema
abrange a comunicação psicossomática inconsciente do próprio leitor e por isso o
fascina, diverte, desafia e esclarece ao mesmo tempo!”. (WEIL; TOMPAKOW, 2001,
p. 4)
A comunicação é um recurso essencial ao homem, é um indicador da evolução da
espécie humana. Por isso, quando nos deparamos com pessoas com deficiência que não
conseguem se comunicar bem, nos incomodamos. Isso acontece, por exemplo, quando
temos à frente uma pessoa com paralisia cerebral ou sequelas na área da fala, ou uma
pessoa surda que deseja comunicar algo e não consegue. Nesses momentos, a
comunicação alternativa é uma importante aliada.
Em educação especial, a expressão comunicação alternativa e/ou suplementar
vem sendo utilizada para designar um conjunto de procedimentos técnicos e
metodológicos direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência, ou
alguma outra situação momentânea que impede a comunicação com as demais
pessoas por meio dos recursos usualmente utilizados, mais especificamente a fala.
(MANZINI e DELIBERATO, 2006, p.
4) Inseridos na sociedade informacional, globalizada, e preocupados com
acessibilidade comunicacional, nos interrogamos sobre as formas alternativas de
comunicação. O que é preciso construir para ajudar uma pessoa a comunicar suas
vontades, conversar com os demais? Nesse ponto insere-se a comunicação
alternativa.

DEFININDO UM SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA


A comunicação alternativa (suplementar ou ampliada, como termos sinônimos)
enfatiza diferentes modalidades de comunicação com finalidades definidas a partir da
necessidade do usuário, que podem ser, segundo Deliberato e Manzini (2006):
• Propiciar uma comunicação alternativa para o usuário;
• Criar recursos de manutenção da comunicação alternativa para o usuário.
Os autores supracitados sugerem ainda duas dimensões às comunicações
alternativas:
1. Comunicação apoiada;
2. Comunicação não apoiada.
A comunicação apoiada indica que os recursos para a comunicação utilizam
apoios de expressão linguística que estejam fora do corpo do usuário e que recebem
ajuda de outra pessoa, assim, “são objetos reais, miniaturas de objetos, pranchas de
comunicação com fotografias, desenhos e outros símbolos gráficos e, ainda, os
sistemas computadorizados”. (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 5)
Em decorrência das dificuldades motoras, certos usuários de recursos de
comunicação apoiada vão, também, depender de alguém para selecionar e indicar os
estímulos necessários para que seja interpretado. É o caso dos alunos que necessitam
de outra pessoa para realizar o manuseio do material confeccionado, apontando as
figuras ou as fotos necessárias para estabelecer uma comunicação. A pessoa que
auxilia vai indicando uma figura após a outra até que a escolha seja feita (sistema de
varredura na linha e/ou na coluna). Após a seleção da figura pelo usuário, há
necessidade de retomar novas seleções. Há alunos que conseguem selecionar os
estímulos pelo olhar ou pelo apontar com a língua, mas não conseguem virar uma
página ou pegar uma prancha temática. Nessas situações, também, esses alunos
necessitam de auxílio do professor. (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 5, grifo
nosso.)
Já a comunicação não apoiada indica que os recursos de comunicação estão na
pessoa, ou, em outras palavras, o “banco de comunicação” é dela mesma, “tais como os
sinais manuais, expressões faciais, língua de sinais, movimentos corporais, gestos,
piscar de olhos para indicar ‘sim’ ou ‘não1” (MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 5-6).
As expressões são totalmente produzidas pelos seus usuários, ou seja, ela é
realizada por meio das ações que o próprio aluno pode produzir, sem o auxílio de outra
pessoa ou de equipamentos.
Cabe salientar que o uso da escrita, assim como o da língua de sinais, é um recurso
importante quando o aluno não tem a possibilidade de falar, pois estabelece uma
comunicação face a face. Embora sejam possibilidades comunicativas importantes,
tanto a escrita como a língua de sinais requerem habilidades motoras e, nesse sentido,
nem todos os alunos com deficiência física têm possibilidade de utilizá-las. (MANZINI;
DELIBERATO, 2006, p. 6, grifo nosso.)
Para selecionar, planejar e aplicar um sistema de comunicação, Manzini e
Deliberato (2006) advertem que temos que estar atentos ao ambiente individual e do

.
entorno do aluno e, também, aos dispositivos legais voltados à acessibilidade, de-
senho universal, CIF, entre outros. Para essa tarefa, os autores descrevem algumas
das propriedades que devem ser atendidas pelo sistema de comunicação alternativa:
• O sistema utilizará objetos concretos?
• O sistema será composto por fotografias, figuras ou desenhos?
Em linhas gerais, para avaliar o aluno e a situação na qual o sistema será utilizado,
deveremos verificar:
1. As habilidades físicas do usuário: acuidade visual e auditiva; habilidades
perceptivas; fatores de fadiga; habilidades motoras tais como preensão manual, flexão e
extensão de membros superiores, habilidade para virar páginas;
2. As habilidades cognitivas: compreensão, expressão, nível de escolaridade,
fase de alfabetização;
3. O local onde o sistema será utilizado: casa, escola, comunidade;
4. Com quem o sistema será utilizado: pais, professores, amigos, comunidade
em geral;
5. Com qual objetivo o sistema será utilizado: ensino em sala de aula,
comunicação entre amigos.
Dessa forma, é importantíssimo fazer um levantamento das habilidades já
existentes e do potencial do aluno, uma vez que o recurso alternativo de comunicação
dará possibilidade ao professor de trabalhar aspectos da compreensão e expressão da
linguagem do aluno.
Tendo em mãos os dados dessa avaliação, é possível preparar o recurso a ser
utilizado, ou seja, qual será a forma desse recurso, por exemplo, se ele deverá conter um
vocabulário específico para a sala de aula ou para outra situação, se haverá um
vocabulário básico com figuras acoplado com letras, ou mesmo com objetos.
(MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 6-7).
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA APLICADA À EDUCAÇÃO

Pensar sobre a comunicação alternativa aplicada à educação é refletir sobre os


princípios da educação atual sustentada na ética e na cidadania, para o pleno
desenvolvimento do ser humano; uma educação que valoriza o acesso e a permanência
do aluno no espaço escolar.
É a escola para todos. Santos (2007), quando reflete sobre os indicadores de uma
escola atual, identifica como sendo aquela que foca seu trabalho com as diferenças em
sala de aula, no contexto da diversidade cultural, em ações que desenvolvam o trabalho
com as diferenças e os variados ritmos de aprendizagem do alunado.
Transformação das dinâmicas e das metodologias utilizadas em sala de aula:
organização dos tempos e espaços com características individuais, em dupla, em
pequeno grupo e em grande grupo, viabilizando a ocorrência não apenas de ensino, mas
de aprendizagens que ocorrem nas interações professor e alunos.
Reorganização do tempo e espaço de forma flexível: o Projeto escolar
pressupõe flexibilidade de horários (aulas geminadas, aulas curtas etc.) e ocupação de
outros espaços que permitam ritmos e atividades diversificados.
Formação em serviço: a aprendizagem permanente não para e o desafio de uma
educação de qualidade está sempre presente para que os estudos contínuos aconteçam
sempre. (SANTOS, 2007, p. 27, grifo nosso.)
Esses sinais revelam o quanto a escola é coerente com os dispositivos legais
para o desenvolvimento do indivíduo, alicerçada no paradigma da inclusão:
autonomia, empoderamento e independência.
Uma boa via na efetivação do paradigma, segundo Galvão (2012), está na
atitude paciente, respeitosa ao ritmo da criança, e persistente ao estímulo, por parte
do professor, no enfrentamento dos obstáculos cotidianos. Um exemplo:
A escola ao lidar com o aluno surdo-cego precisa estar ciente da importância
da comunicação para este aluno, compreendendo, por exemplo, que não basta o
aluno surdo-cego usar gestos e sons que só ele entende. É preciso que as suas formas
de expressão estejam inseridas em um sistema linguístico, seja este baseado na
língua oral ou gestual. Ou seja, para facilitar o acesso do aluno aos conteúdos
escolares é importante conhecer as peculiaridades que envolvem a sua comunicação,
acolhendo os limites e possibilidades das formas de comunicação usadas pelos
alunos. (GALVÃO, 2012, p. 333)
Ressalta-se a importância da aplicabilidade das Ajudas Técnicas,
especificamente da comunicação alternativa, para assegurar e viabilizar as políticas
públicas educacionais à pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida ou idosa.
Desse modo, a educação favorece o acesso, participação e qualidade de vida por
parte de todas as pessoas. Devendo assim estarem integrados aos recursos da
sociedade informacional e ao currículo escolar.
A audiodescrição é um recurso de acessibilidade que amplia o entendimento
das pessoas com deficiência visual em eventos culturais (peças de teatro, programas
de TV, exposições, mostras, musicais, óperas, desfiles, espetáculos de dança),
turísticos (passeios, visitas), esportivos (jogos, lutas, competições), acadêmicos
(palestras, seminários, congressos, aulas, feiras de ciências, experimentos
científicos, histórias) e outros, por meio de informação sonora. Transforma o visual
em verbal, abrindo possibilidades maiores de acesso à cultura e à informação,
contribuindo para a inclusão cultural, social e escolar. Além das pessoas com
deficiência visual, a audiodescrição amplia também o entendimento de pessoas com
deficiência intelectual, idosos e disléxicos. (MOTTA, p. 1).

SISTEMAS ALTERNATIVOS DE COMUNICAÇÃO


Os sistemas alternativos de comunicação são representados por marcadores
como gestos, alfabeto digital, signos, fotos, figuras e desenhos. Os sistemas
alternativos mais populares no Brasil são: Blissymbols (Bliss), Picture
Communication Symbols (PCS) e Pictogram Ideogram Communication Symbols
(PIC). SONZA (2013, p. 255) destaca que os sistemas de comunicação aumentativa e
alternativa se referem aos componentes (símbolos, gestos, recursos, estratégias e
técnicas) utilizados pelos indivíduos para comunicação. Podem ser manuais ou grá-
ficos, sendo que os primeiros são aqueles que não requerem ajuda externa, como:
gestos, alfabeto digital e Libras (sem as flexões), além de outros marcadores
gramaticais complexos que venham a ser utilizados por ouvintes. SISTEMA BLISS:
[...] os símbolos são compostos por um número pequeno de formas, os elementos
simbólicos. Esses são combinados para representar milhares de significados. Os
símbolos podem ser: picto- gráficos (desenhos que parecem com aquilo que desejam
simbolizar); arbitrários (desenhos que não possuem relação pictográfica entre forma
e aquilo que desejam simbolizar); ideográficos (desenhos que simbolizam a ideia de
algo, criam uma associação gráfica entre símbolo e o conceito que ele representa) e
compostos (grupos de símbolos agrupados para representar objetos e ideias).
(SONZA, 2013, p. 256)
SISTEMA PCS:

[...] é basicamente pictográfico. Criado para indivíduos com comprometimento


na comunicação oral e que não compreendem o sistema ideográfico. Segue a mesma
divisão sintática e cores dos Símbolos Bliss (FERNANDES, 2000 apud SONZA,
2013, p. 256)

SISTEMA PIC:

[...] sistema basicamente pictográfico. Os símbolos são desenhos estilizados


em branco com fundo preto. Visualmente são fáceis de serem reconhecidos, porém,
de acordo com Fernandes (2000), o sistema é menos versátil e mais limitado, pelo fato
de os símbolos não serem combináveis. (SONZA, 2013, p. 257)

ESTRATÉGIAS NOS RECURSOS PARA COMUNICAÇÃO


ALTERNATIVA
Para identificar o recurso de comunicação alternativa mais adequado às
necessidades do aluno com deficiência, Manzini e Deliberato (2006) descrevem o banco
de ideias, com a finalidade de instrumentalizar o professor na seleção do recurso que
atenda ao estilo de aprendizagem e garanta acessibilidade instrumental e
comunicacional ao aluno. A seguir apresentamos o banco de ideias composto por cinco
temas principais:

1. Adaptação do formato dos recursos


• Pastas e fichários: tipos, cores e tamanhos variados que atendam às
características físicas e motoras do aluno.
• Pranchas com estímulos removíveis: por exemplo, álbuns de fotografias, de
desenhos.
• Prancha temática: figuras com tema específico, por exemplo, materiais de
higiene pessoal.
• Prancha fixa na parede: o professor pode fixar figuras relacionados ao tema da
aula.
• Prancha fixa sobre a carteira: para alunos que apresentam movimentos
involuntários.
• Pasta frasal: como um cardápio com figuras que representam ações (com
verbos).
• Prancha frasal: utilizada para construir textos com aluno.

2. Tipos de estímulos e estratégias utilizados


Podem ser compostos pelo próprio objeto, ou seja, mais próximos do real,
proporcionando melhor manuseio para o aluno.
• Objeto concreto e sua representação: por exemplo, laranja, banana.
• Miniaturas: por exemplo, animais, brinquedos.
• Símbolos gráficos: utilizam-se fotos ou figuras com os nomes dos objetos
representados.
• Figura temática: figuras com identificação dos nomes.
• Fotos e figuras de atividade sequencial: usadas para comunicar relato de
experiência.
• Símbolos gráficos com fundo diferente: cores contrastantes facilitam a
comunicação.
• Misto: integram mais de um estímulo.
• Gestos: usam-se partes do corpo.
• Expressões faciais: os olhos podem expressar vontades, interesses.

3. Quantidade de estímulos utilizados


Planejados para o trabalho com aspectos de percepção visual, auditiva e
sinestésica.
• Estímulo único: uma figura, um desenho.
• Dois estímulos: composição de figuras, fotos, desenhos.
• Vários estímulos: integram mais de um estímulo, auxiliam na interação
professor-aluno.

4. Participação do usuário na construção do recurso


Para selecionar os objetos, fotos ou figuras dependendo do usuário.
• Seleção dos estímulos.
• Confecção do recurso.
• Organização do recurso.

5. Ambientes e parceiros de comunicação alternativa


Facilitam a interação e a participação entre todos na escola.
• Parceiros de comunicação alternativa.
• Participação da família.
Finalmente, conforme Manzini e Deliberato:
A aparência do recurso em si pode ser muito simples, porém, o seu processo de
implementação necessita ser pensado, elaborado e testado em situação prática.
[...] um recurso só adquire funcionalidade para comunicar mensagens
quando conseguimos identificar as potencialidades de nossos alunos e
adequamos o meio para que essas potencialidades possam ser expressas.
Feito isso, estaremos dando voz a nossos alunos, que é uma das
primeiras formas para a construção de uma sociedade inclusiva.
(MANZINI; DELIBERATO, 2006, p. 42)
Os autores destacam o quão fundamental é a comunicação alternativa e como o
seu planejamento e uso devem ser cuidadosos. Inicialmente deve-se conhecer o
ambiente pessoal e o do entorno do aluno para que se preserve a natureza do recurso
como um mediador no processo de acessibilidade que promove a qualidade de vida.
O aluno é um parceiro importante na escolha do recurso para a sua aprendizagem,
para a conquista da vida independente, para a autonomia e para o exercício da
cidadania.

COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA - DESENVOLVENDO


AUTONOMIA
A comunicação alternativa desenvolvendo autonomia atende as prerrogativas da
ONU - Organização das Nações Unidas e da Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948) - quando descrevem as 3 dimensões dos direitos humanos:
1. As liberdades individuais ou direito civil;
2. Os direitos sociais;
3. Os direitos coletivos da humanidade conjugam os direitos e as liberdades
individuais e os deveres para com a comunidade em que se vive.
A comunicação alternativa disponibiliza ao usuário uma comunicação eficiente e
eficaz, que explora as diversas possibilidades da linguagem, respeita as diferenças
individuais e a diversidade humana.
Ao interagir com as práticas pedagógicas, identifica-se o estilo de aprendizagem
do aluno e assim elimina-se qualquer barreira que impede o aprender e o sucesso escolar
do aluno, ou seja, respeita-se o conhecimento prévio do aluno e trabalha-se com a zona
de desenvolvimento proximal.
A zona de desenvolvimento proximal refere-se, assim, ao caminho que o
indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de
amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu
desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio
psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é capaz de fazer
com ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã. (OLIVEIRA, 1993,
p. 60, grifo nosso.)
A educação nos dias atuais tem por meta a autonomia do aprendiz, o uso da
criatividade no enfrentamento e na resolução dos problemas cotidianos. O professor é
quem apresenta os desafios ao aprendiz e colabora na pesquisa de recursos e de
instrumentos de resolução da problemática em sala de aula. Assim, ele oferece as
condições no ambiente de aprendizagem.
As tecnologias assistivas e a comunicação alternativa são aliadas essenciais
quando o professor tem um aluno com deficiência na sala de aula. Possibilitam a
construção de recursos de acessibilidade nas suas diferentes dimensões: metodológica,
instrumental, comunicacional, atitudinal e arquitetônica.
Nas últimas décadas tem se consolidado a concepção que considera o processo de
aprendizagem resultado da ação do aprendiz. Por isso a função do professor é criar
condições para que o aluno possa exercer sua função de aprender participando de
situações que favoreçam isso. Nesse sentido, com relação aos alunos com deficiência,
torna-se indispensável a criação de condições de aprendizagem pelo professor por meio
da construção de recursos de acessibilidade.
Programas Geradores de Autonomia e Auxiliares na Comunicação Alternativa
1. Sistema Plaphoons - software de comunicação para pessoas com limitações
graves. Finalidade: construir mensagens para que a pessoa possa comunicar suas
vontades e interesses. Usado para leitura e escrita. O programa permite criar pranchas
e pode ser utilizado como editor de pranchas, prancha de comunicação, comunicador.
2. Sistema Notevox - da USP laboratório de psicologia. Sistema concebido
para servir paralisados cerebrais alfabetizados e portadores de esclerose lateral
amiotrófica. Tem três versões: Notevox-teclado, Notevox-mouse e Notevox-chave.
3. Sistema Boardmaker - processo computadorizado no qual as pranchas de
comunicação são montadas e impressas conforme a necessidade do usuário. O
sistema é composto por 3 500 símbolos do tipo PCS e possui suporte para a língua de
sinais. É uma ferramenta de autoria que permite construir os recursos de
comunicação e aprendizado dos quais o aluno necessitará em cada fase de seu
desenvolvimento educacional. Os exemplos e modelos que o Boardmaker possui
servem apenas para mostrar aos professores o potencial de criação deste software.

4. ESCOLA ACESSÍVEL
A escola acessível é aquela instituição educacional que se instrumentaliza das
mudanças sociais e dos dispositivos legais de inclusão e acessibilidade para atualizar os
seus recursos e práticas didático-pedagógicas com fins de promover o progresso edu-
cacional e a inclusão dos alunos com deficiência. “Toda criança possui características,
interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas”
(SALAMANCA, 1994, p. 1)1.
A escola acessível acompanha os avanços da ciência e da tecnologia e aplica-os
de acordo ao seu ambiente de uso, o espaço escolar, àquilo que é necessário para
potencializar a autonomia, a independência e o empoderamento do aluno. Os “sistemas
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta
diversidade de tais características e necessidades” (SALAMANCA, 1994, p. 1).
A Tecnologia Assistiva ocupa lugar de destaque na escola acessível como área de
conhecimento que aborda a deficiência na sua abrangência psicossocial, e pesquisa as
possibilidades oferecidas pelos recursos e serviços tecnológicos e as condições de sua
aplicação no ambiente escolar para o aluno.

Tecnologia apropriada e viável deveria ser usada quando necessário para


aprimorar a taxa de sucesso no currículo da escola e para ajudar na comunicação,
mobilidade e aprendizagem. Auxílios técnicos podem ser oferecidos de modo mais
econômico e efetivo se eles forem providos a partir de uma associação central em cada
localidade, aonde haja know-how que possibilite a conjugação de necessidades
individuais e assegure a manutenção. (SALAMANCA, 1994, p. 9, grifo nosso.)
Cabe à gestão escolar abrir espaço à TA para experimentar e verificar como a
tecnologia informacional se transformou em algo tão importante para a sociedade e,
gradativamente, vem sendo incorporada ao dia a dia das pessoas, no seu ambiente direto
e de entorno, como um instrumento revolucionário. É o que registra o Programa
Nacional de Informática na Educação (PROINFO)
Há uma nova gestão social do conhecimento a partir do desenvolvimento de
novas técnicas de produção, armazenamento e processamento de informações,
alavancado pelo progresso da informática e das telecomunicações.
Os computadores estão mudando também a maneira de conduzir pesquisas e
construir o conhecimento, e a forma de planejar o desenvolvimento tecnológico,
implicando novos métodos de produção que deixam obsoleta a maioria das linhas de
montagem industriais clássicas. (PROINFO, 1997, p. 2, grifo nosso.)
O desafio da escola acessível passa a ser compreender a diversidade e as
diferenças individuais em sua complexidade, multidimensionalidade e transversalidade
para que possa definir com clareza suas estratégias de ensino e de aprendizagem. Dessa
maneira, respeitará os diferentes estilos de aprendizagem dos alunos, especificamente,
daqueles com deficiência. E, finalmente, deverá utilizar com eficácia os recursos
presentes na sociedade informacional para promover qualidade de vida, exercício de
cidadania aos alunos com deficiência, mobilidade reduzida ou em idade avançada
(idosos).
A educação para a diversidade envolve a criação de um novo olhar. Para
que seja mais proveitosa, ela deve incluir alternativas que permitam trabalhar
essa temática de forma transversal. Isso significa, por um lado, pensar a educação
como algo além de capacitação e formação e, por outro, assumir o desafio de educar
para transformar instituições e não somente indivíduos. (MONTAGNER. et aí. 2010,
p. 53, grifo nosso.)

RECONHECENDO A SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL


O Decreto 7.611/2011 reconhece e regulamenta a sala de recursos multifuncional
no seu artigo 5.° parágrafo 3.°: “As salas de recursos multifuncionais são ambientes
dotados de equipamentos, mobiliário e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta
do atendimento educacional especializado”.
O Documento Orientador do Programa Implantação de Sala de Recursos
Multifuncionais, do Ministério da Educação, delineia os aspectos legais e pedagógicos
do atendimento educacional especializado:
A inclusão educacional é um direito do aluno e requer mudanças na concepção e
nas práticas de gestão, de sala de aula e de formação de professores, para a efetivação do
direito de todos à escolarização. No contexto das políticas públicas para o
desenvolvimento inclusivo da escola se insere a organização das salas de recursos
multifuncionais, com a disponibilização de recursos e de apoio pedagógico para o
atendimento às especificidades educacionais dos estudantes público- -alvo da educação
especial matriculados no ensino regular. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2013, p. 5,
grifo nosso.)
Galvão Filho e Miranda (2012), em uma análise crítica sobre questões da
educação inclusiva na atualidade, discorrem sobre a parceria entre a sala de recursos
multifuncional e as TAs e a extensão dos efeitos dessa parceria para além dos muros da
escola, incrementando a vida social do aluno e sua autonomia1.
É na sala de recursos multifuncional que o aluno aprende a utilizar os
recursos de TA, tendo em vista o desenvolvimento da sua autonomia.
Porém, estes recursos não podem ser exclusivamente utilizados nessa sala,
encontra sentido quando o aluno utiliza essa tecnologia no contexto escolar comum,
apoiando a sua escolarização. Portanto, é função da sala de recursos avaliar esta TA,
adaptar material e encaminhar esses recursos e materiais adaptados, para que sirvam ao
aluno na sala de aula comum, junto com a família e nos demais espaços que frequenta.
(GALVÃO FILHO; MIRANDA, 2012, p. 249, grifo nosso.)
Dessa forma, garantem a acessibilidade do aluno com deficiência. São atitudes
que paulatinamente eliminam ou evitam a segregação, a discriminação e a exclusão no
ambiente escolar. Preservam a equidade2 de oportunidades a todos os alunos, “para que
a deficiência não seja utilizada como impedimento à realização de sonhos, desejos e
projetos, valorizando o protagonismo e as escolhas dos brasileiros com e sem
deficiência.” (BRASIL, 2013, p. 8)

ESPAÇO MULTIFUNCIONAL DE APRENDER A SER


No espaço multifuncional de aprendizagem, um dos aspectos fundamentais trata
do acesso e domínio das ferramentas tecnológicas, necessários para uma convivência
harmoniosa na civilização do conhecimento do século XXL.
É, portanto, vital para a sociedade brasileira que a maioria dos indivíduos
saiba operar com as novas tecnologias da informação e valer-se destas para
resolver problemas, tomar iniciativas e se comunicar. Uma boa forma de se
conseguir isto é usar o computador como prótese da inteligência e ferramenta de
investigação, comunicação, construção, representação, verificação, análise, divulgação
e produção do conhecimento. E o locus ideal para deflagrar um processo dessa natureza
é o sistema educacional. (MEC, 1997, p. 2, grifo nosso.)
O Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), 1997 integra os
eixos Informática e Educação e justifica que para melhorar os processos de ensino e de
aprendizagem é necessário investir na melhoria da construção do conhecimento e, para
isso a qualidade do ensino nas escolas é determinante. É urgente investir na melhoria
dos espaços, ambientes educacionais e suas propostas pedagógicas que atendam à
diversidade do alunado e dos professores.
A tecnologia da informação, com seus serviços e recursos, é uma importante
aliada para essa transformação educacional.
O PROINFO considera a igualdade de oportunidades como uma marca de
evolução da sociedade tecnológica, assim nos seus objetivos visa abrir oportunidades a
todos:
•A igualdade de acesso a instrumentos tecnológicos disponibilizadores e
gerenciadores de informação;
• Os benefícios decorrentes do uso da tecnologia para desenvolvimento de
atividades apropriadas de aprendizagem e para aperfeiçoamento dos modelos de gestão
escolar construídos em nível local, partindo de cada realidade, de cada contexto. (MEC,
1997, p. 3)
Outro aspecto fundamental no espaço multifuncional é o reconhecimento e a
promoção da diversidade humana como essencial ao aprender a ser. O educar para a
diversidade deve privilegiar o respeito às diferenças individuais, as particularidades de
cada pessoa e a igualdade de oportunidades a todos como direito humano e como atitude
de valorização da dignidade humana.
A educação é o espaço por excelência para se pensar e intervir na efetivação de
novos comportamentos, atitudes inclusivas, em que a discriminação, o preconceito, o
estereótipo e o estigma são banidos das relações interpessoais no ambiente escolar.
REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, Marta. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo


sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos


Humanos. ONU, Paris: 1948. Disponível em: <www.dudh.org.br/declaracao/>. Acesso
em: 17 nov. 2014.

MANZINI, Eduardo José; DELIBERATO, Débora. Portal de ajudas técnicas para


educação - Equipamento e material pedagógico especial para educação, capacitação e
recreação da pessoa com deficiência física - RECURSOS PARA COMUNICAÇÃO
ALTERNATIVA. 2. ed. Brasília: MEC/SEESP, 2006. Disponível em: <http: / /portal.
mec.gov. br/seesp/arquivos/ pdf/ajudas_tec. pdf>. Acesso em: 14 nov. 2014.

SONZA, Andréa P. (Org.) Acessibilidade e tecnologia assistiva: pensando a inclusão


sociodigital de PNEs. Ministério da Educação. Bento Gonçalves, RS. 2013. Disponível
em: <www.planetaeducacao.com.br/portal/conteudo_
referencia/acessibilidade-tecnologia-assistiva.pdf>. Acesso em: 20 out. 2014.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CIF - Classificação Internacional de


Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Direção-Geral da Saúde. Lisboa- Portugal, 2004.
Amélia Leitão - tradução e revisão. Disponível em: <www.inr.
pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf> Acesso em: 1 nov. 2014.

VERASZTO, Estéfano; et al. Tecnologia: buscando uma definição para o conceito.


Prisma, COM, n. 7, 2008. Disponível em: <http://revistas.ua.pt/
index.php/prismacom/article/viewFile/681 /pdf>. Acesso em: 11 nov. 2014.

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