O artigo “A demanda por engenheiros e profissionais afins no mercado de
trabalho formal” dos autores Aguinaldo Nogueira Maciente, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, e Thiago Costa Araújo, assistente de pesquisa da Diset e também do instituto, analisa dados referentes ao período 2000-2010, projetando ao menos três cenários de crescimento econômico para o período 2011-2020.
A obra é dividida em, ao menos, 4 partes. Começa com uma introdução ao
tema abordado, que contextualiza o país em um cenário com mais de uma década de crescimento econômico, expõe os objetivos do estudo, a abordagem e os principais pontos da discussão. Imediatamente, a segunda parte aborda o crescimento médio real do PIB setorial nos períodos 1996- 2010 e 2003-2010. Em seguida, demonstra a partir de três gráficos e tabelas – porcentagem de engenheiros no emprego setorial em 1986-2009, elasticidade do emprego de engenheiros relativamente ao valor adicionado e taxa de expansão média entre 2000-2010 – a expansão das atividades do engenheiro em diversos setores. No que se segue, os autores elaboram uma projeção, a partir de dados do Rais (MTE) e das Contas Nacionais (IBGE), para a demanda por engenheiros até 2020, sendo que ela aumentaria em 716% no período 2000-2020 no cenário mais otimista e 348% no menos otimista. Em uma última abordagem, uma análise entre oferta e demanda de emprego naqueles setores, a partir do boletim de Pereira e Araújo (2011), comparando a projeção anterior e a oferta de profissionais diplomados nas áreas. Finalmente, nas considerações finais, são apresentados os desafios políticos diante dessas previsões e as dificuldades para sua garantia, como também as perspectivas para resolução delas e citação de outros trabalhos que abordam essas temáticas.
Pressupondo um crescimento médio do PIB de 4% a.a. entre 2011 e 2020
e uma expansão média de concluintes do curso de engenharia no mesmo período. Um dos cenários menos otimistas, os autores conclui que 45% dos engenheiros formados serão empregados pelo mercado de trabalho formal nas suas funções típicas em 2020. O que, de acordo com eles, configuraria um défice desses profissionais, já que esses profissionais também atuam em outros setores. No cenário mais pessimista, Maciente e Araújo preveem uma desvalorização dessa mão de obra qualificada.
Diante desse cenário, aponta-se para necessidade de antecipar as
políticas à necessidade do mercado através da capacitação dos ingressantes ao ensino superior, por uma vital melhora no ensino básico; do ajuste da oferta de profissionais; do aumento da qualidade dos cursos de engenharia, nas universidades públicas e privadas; da avaliação temporal em uma relação causa-efeito entre a aplicação dessas políticas públicas e seu reflexo no mercado e, acima de tudo, manter o ritmo de crescimento econômico.
Através de uma abordagem quantitativa, com utilização de dados
provenientes de diversas fontes, e pressupostos flexíveis (que previam três cenários possíveis), os autores chegam a conclusões, talvez não alcançadas por conta de uma imprevisível crise política, além de quantitativas, qualitativas, nas quais, ainda, preveem políticas necessárias para alcançar o almejado cenário e obter dele os melhores resultados. Um artigo indicado para os profissionais da área, investidores, gestores públicos e estudantes que desejam ser engenheiros, para auxiliar em um possível planejamento de carreira, desenvolvimento de políticas públicas ou projeção de investimento em certos setores.