Anda di halaman 1dari 1

Amar é dá o que não tem.

Monique Rodrigues.

Estranho como a doença conduz você a pensamentos mágicos, sei lá. Noutro dia de mais um
dorme e acorda. Deparei-me com uma frase de Lacan, ela surgiu assim como um flash.
"Amor é dá aquilo que não se tem". Óbvio, talvez nem tanto; que ele quis dizer que esse
sentimento é solitário, não tem complemento. Amar é simplesmente doação, por você não ter
garantia que receberá do outro o que está ofertando, visto deste modo quando amamos
estamos dando nosso tempo, nossa alma e sentimentos. Sem que obtenhamos de volta.
Amor é pura doação, mas as pessoas recusam o amor. Estamos no capitalismo, onde já se viu
dar sem receber. Queremos de volta o que ofertamos, brigamos com o objeto amado. Só
ofertar é perder, imprimimos uma moeda nessa relação: o sexo. Nesse sim imaginamos que
há troca, nada quem se satisfaz primeiro vence. Mulheres estão em desvantagem, quantas de
nós se masturba para conhecer o que agrada seu corpo? Poucas, isso é um tabu. Mulher que
faz isso em pleno século XXI ainda é vista com maus olhos.
Essa moeda que deveria ser a dois, não tem essa conotação. Não há uma troca no sexo, o que
as mulheres fazem? Elas dão, vejam isso, não ganhamos nada mesmo com a moeda, estamos
lá amando, mesmo as que fingem que não. Por que não impomos a troca? Se você quer gozar,
eu também quero.
E o amor? Continua amordaçado nesta briga capitalista do perder e ganhar. Se aprendêssemos
a simplesmente sentir o amor, acho que teríamos menos disputas, não colocaríamos nossos
sentimentos num campo de batalha. É incrível com estamos em guerra, quais a palavras que
usamos para nos referirmos ao enamoramento? Conquista, pegar, alguns chega a ponto de
dizer caçar e abater. Que disputa cruel um sentimento que deveria ser bom, nos causa
angustia e dor, estamos mais preocupados em vencer a batalha do que amar.
Se amassemos por amar, por ele ser exatamente isso, dá o que não se tem. Talvez se dois
doassem o que não tem certeza que possuirão, teriam ambos amor e felicidade.
Creio a cada dia no obscurantismo da alma humana pelo que é seguro, o medo de enfrentar o
desconhecido. Nada mais seguro do que me dedicar aquilo que conquistei, tem uma
conotação de posse. Mentira ninguém é de ninguém. Fingimos fidelidade, enquanto ardemos
de desejo. Fingimos amor, por estarmos dando exatamente aquilo que recebemos, o mínimo
de nós.

Anda mungkin juga menyukai