Anda di halaman 1dari 13

Normas penais

São aqueles em que se estabelece uma consequência após a prática de um


facto. Há uma previsão (crime) e uma estatuição (pena). Sempre que tivermos
esta situação é uma norma penal.

Todas as normas que para determinado comportamento (crime) há uma pena é


norma penal (estrito), mas também são normas penais aquelas que definem os
conceitos gerais do Direito Penal (ex. artº10º do C.P em que o legislador
equipara a omissão à acção). Também o comportamento (crime) cuja
estatuição da norma é uma medida de segurança também é norma penal
porque a medida de segurança aplicada vai ao encontro daquilo que é a função
do direito penal, proteger bens jurídicos essenciais, primordiais à vida em
sociedade (vida, património, etc) num estado de direito democrático com
pluralidade moral e social e que essa intervenção do direito penal se revele
necessária e eficaz (função subsidiária do Direito Penal).

O Conceito de crime

Formalmente, crime é tudo aquilo que legislador legitimamente considera como


tal e é um facto típico, ilícito culposo e punível. Materialmente crime é aquela
conduta que for lesiva de bens jurídicos fundamentais essenciais à vida em
sociedade e que a intervenção do direito penal se revele necessária e eficaz.
Dito de outra forma, crime é uma conduta lesiva de certo bem jurídico digno de
tutela penal e por isso é causa do dano ou, seja, causa dano ao ofendido, à
sociedade e ao próprio delinquente. De acordo com a Concepção funcional
racional o conceito de crime deve ser encontrado na função última que ele
desempenha, ou seja, função última do direito penal que é proteger os bens
jurídicos primordiais, essenciais à vida em sociedade num estado de direito
democrático com pluralidade moral e social (vida, património, etc.), o qual se
consegue em última instância com a aplicação das penas. Mas também é
preciso provar que a intervenção do direito penal é necessária e eficaz porque
os outros ramos do direito não os conseguem tutelar – função subsidiária do
direito penal

O Conceito de Bem Jurídico

Para Roxim e para o Professor Figueiredo Dias concordam que é no sistema


social que se deve procurar os bens jurídicos, mas esses bens têm de se
transformar em bens jurídicos dignos de tutela penal, nomeadamente através
da ordem axiológica jurídico-constitucional. Quer dizer que para ser
penalmente relevante tem de ter apoio na nossa CRP (nº2 do artº3º CRP).
Logo esta subordinação à CRP está acima do Direito Penal. Segundo o
professor Figueiredo Dias, é a expressão dum interesse da pessoa ou da
comunidade na manutenção da integridade de um certo estado (vida,
segurança social), objecto ou bem em si mesmo essencialmente relevante e
por isso reconhecido como valioso pela ordem jurídico-constitucional.

O fim das penas

Tirado do conceito da função do direito penal é:

a) Teoria da prevenção geral -diz-nos que o fim da pena é evitar a prática de


futuros crimes por parte de todos os indivíduos, motivando-os a actuar de
acordo com o direito ou seja, dissuadir as pessoas da prática de crimes
contribuindo assim para a paz e ordem social. o receio duma pena baseada na
culpa e a reprovação social vai intimidar a generalidade das pessoas a não
praticar crimes

Para os que defendem a prevenção geral negativa, esse fim será alcançado
intimidando as pessoas com a aplicação das penas. Para os que defendem a
prevenção geral positiva dizem que o fim não é alcançado com a intimação,
mas antes com a noção por parte das pessoas, que o direito é aplicado.

b) Teoria da prevenção especial - diz-nos que a pena visa evitar a prática de


futuros crimes por parte do próprio delinquente, ou seja, do próprio agente do
crime. ao responsabilizar-se o delinquente de acordo com a sua culpa, esta
tem um valor formativo uma vez que está pensada de acordo com a culpa do
próprio.

A posição do nosso legislador

Nº1 do artº40º e nº1 do artº71º CP

Sousa e Brito defende que o fim da pena é não só a reparação do dano da


culpa (recuperando o delinquente para a sociedade) mas também a prevenção
geral que consiste em prevenir futuros crimes e estes dois pressupostos
baseiam-se na nossa CRP (artº1ºCRP) e daqui resulta que só se pode julgar
uma pessoa que actua com autonomia da sua liberdade ou seja da sua culpa
(dominável pela vontade) – ex. o sonâmbulo. A prevenção geral, de acordo
com o nº2 do artº18º CRP diz que o estado só pode sacrificar direitos
fundamentais se tal for indispensável para proteger outros bens jurídicos
fundamentais. Não basta determinar os pressupostos da aplicação das penas é
ainda necessário saber quais os critérios que influem na determinação da
medida concreta da pena a aplicar ao agente. O 1º critério é a culpa e tal retira-
se do nº2 do artº40ºCP quando diz “em caso algum a pena pode ultrapassar a
medida da culpa”. O 2º critério é a prevenção especial, e é o nº1 do artº40ºCP
que nos diz que a prevenção especial estabelece um limite abaixo da culpa.
Um 3º critério é a prevenção geral que vai condicionar a medida da pena
determinando um limite mínimo necessário para a defesa dos bens jurídicos.
Significa que para a prevenção geral funcionar vamos aplicar uma pena acima
da prevenção especial (alarme social), quer dizer que há um limite mínimo que
não podemos baixar para podermos prevenir a prática de futuros crimes pela
generalidade das pessoas- é uma teoria unificadora que resulta da nossa lei.

A posição do professor Figueiredo Dias Para o Professor Figueiredo Dias os


fins primordiais da pena são a prevenção geral positiva, que consegue evitar a
prática de futuros crimes através da confirmação da eficácia do direito, ou seja,
o estado demonstra à comunidade que o direito tem eficácia e a prevenção
especial que evita a prática de futuros crimes por parte do próprio delinquente
de acordo com a sua culpa (valor formativo e socializador que recupera o
agente para a sociedade)

Para o Professor, a prevenção geral negativa que defende que a prevenção de


futuros crimes se faz através da intimidação não é o fim principal, é mais
importante a espectativa que a comunidade tem da eficácia do direito.

Já quanto à determinação da pena, Figueiredo Dias diz que a medida da pena


determina-se através da prevenção geral positiva (máximo -medida óptima da
tutela dos bens jurídicos) e da prevenção geral negativa (mínimo- estritamente
necessário para a defesa dos bens jurídicos ao evitar a prática de futuros
crimes mas, também pela prevenção especial que corresponde à socialização
do agente recuperando-o (aqui a prevenção especial negativa actua, através
da intimidação quando a prevenção especial positiva não tem eficácia )

Dia ainda que é a culpa que irá fornecer o limite inultrapassável da pena, ou
seja, a culpa estabelece o máximo da pena compatível com o respeito pela
dignidade da pessoa humana e a base legal é o nº2 do artº18º CRP e também
os nºs 1 e 2 do artº40º do CP. Neste sentido a Professora Ana Brito diz que a
culpa é também fundamento da pena, isto devido ao princípio da culpa, o qual
exige sempre que se prove a culpa.

O professor F. Dias diz ainda que a culpa determina o limite exacto da pena,
mas conforme diz a Professora Ana Brito, a culpa faz variar a pena entre um
limite mínimo e um limite máximo por isso não nos dá a medida exacta
daquela. (ex. o artº132º C.P) e por isso a culpa não é uma medida exacta.
Através do nº 3 do artº71º C.P verificamos que a determinação da medida da
pena, dentro dos limites definidos na lei, é feita em função da culpa do agente e
das exigências de prevenção”.
Princípios fundamentais do Direito Penal

O Princípio da Culpa

Sintetiza-se numa frase “não há pena sem culpa” que tem a ver com a
característica do crime que surge após a ilicitude mas também com a ligação
subjectiva do sujeito com o facto, isto é, o direito penal só pode actuar quando
o sujeito actua com liberdade de acção caso contrário não há ligação mínima
entre o sujeito e o facto (contrário ao C. Civil). De acordo com o princípio da
culpa, a medida da pena, não pode ultrapassar a medida da culpa, mas nem
toda a culpa tem de ser punida. Também nos podemos referir ao artº1º CRP
como base legal do princípio da culpa (dignidade da pessoa humana- liberdade
de agir= culpa).
O artº27º da CRP é outro princípio da culpa. Só há respeito pela liberdade se
se julgar segundo a sua culpa.

Princípio da necessidade da pena e da medida de segurança

Tem a ver com o princípio da intervenção mínima do direito penal ou princípio


da subsidiariedade do direito penal. Está no nº2 do artº18º da CRP e assim o
estado só pode sacrificar direitos fundamentais para a defesa de bens jurídicos
fundamentais para atingir a segurança e paz social (ex. privação da liberdade).
Significa que direito penal só deve actuar quando outros meios se revelem
ineficazes e inadequados para a tutela do bem jurídico. Portanto se outros
meios de controlo social fazem esse papel o direito penal não deve actuar. Mas
além de se ter de provar que a intervenção do direito penal é necessária
também tem de se demonstrar que é eficaz, ou seja, se previne a prática de
futuros comportamentos (aborto) e tem direito penal tiver mais consequências
positivas que negativas (ex. crimes sem vítima – droga, prostituição).

Princípio da Humanidade das penas

Deriva do princípio da dignidade da pessoa humana (proíbe as penas que


ofendam). As penas desumanas não são necessárias e até são prejudiciais do
ponto de vista do P. da igualdade. (nº2 do artº24º da CRP – pena de morte). A
pena de morte põe em causa os valores e usa as pessoas para satisfazer a
protecção dos bens jurídicos, mas um estado não pode ter como fim o mal (ex.
nº2 do artº25ºCRP)

Principio da igualdade

O artº13º da CRP – manifesta-se por não haver discriminação das pessoas


sujeitas ao direito penal – diferenciação devido ao sexo, raça. Também se
manifesta na igualdade da aplicação da pena (critérios de determinação)
Principio da aplicação da Lei Penal

O princípio da jurisdicionalidade quer dizer que o direito penal só se pode


aplicar em processo penal

O princípio da legalidade

Tradicionalmente é apresentado pela expressão “ nullu crimem nullo poena


signe legé” – não há crime nem pena sem lei e acrescentamos que não há
crime nem pena sem lei escrita, certa, estrita, prévia(Nºs 1, 3 e 4 do artº29º da
CRP e artº1º e nº1 do artº2º do CP)

Qual é o fim do Princípio da legalidade?

O fim do princípio da legalidade é proteger os direitos individuais das pessoas,


garantir os direitos dos cidadãos face ao poder punitivo do estado. Ao não
permitir que se surpreenda o cidadão com a criminalização de condutas com as
quais não podia contar criando desta forma segurança e certeza jurídica. No
fundo visa evitar uma intervenção estadual arbitrária ou excessiva.
Formalmente subordina o estado ao direito que ele próprio cria e materialmente
subordina toda actividade do estado aos direitos fundamentais do homem
(ideia de justiça-segurança e certeza jurídica). Daqui também resulta o princípio
da separação de poderes que para aquilo que nos interessa, reserva a criação
do direito penal ao poder legislativo.

âmbito de aplicação do princípio da legalidade

Do fim do P. da legalidade tiramos o seu âmbito de aplicação que para a maior


parte da doutrina se devia (também os seus subprincípios) de aplicar às
normas penais positivas (aquelas que fundamentam ou agravam a
responsabilidade jurídico-criminal do agente e que desta forma possam
surpreender) e não às normas penais negativas (atenuam e excluem a
responsabilidade), porque estas últimas têm exactamente o mesmo fim do
princípio da legalidade (ex. artº32º do C.P (legitima defesa) como norma penal
negativa que é, exclui a ilicitude que por sua vez exclui a responsabilidade
penal. Quer dizer que esta norma já visa salvaguardar os direitos dos cidadãos
face ao poder punitivo do Estado. Mas já o artº131º do C.P (homicídio) como
norma penal positiva que é, obriga-nos a aplicar o princípio da legalidade para
proteger direitos fundamentais face ao poder do estado. Neste sentido as
normas que prevêem crimes têm de estar sujeitas ao princípio da legalidade
(nºs 1, 3 e 4 do artº29º da CRP e artº1º e nº1 do artº2º do CP) , porque eu
tenho de saber o que é que o Estado considera crime.
Os subprincípios do princípio da legalidade

1- As fontes do direito penal- inicialmente apresenta-se da seguinte forma:


“não há crime nem pena nem medida de segurança sem lei formal” e face à
nossa CRP, lei formal, que pode ser fonte de direito penal é a Lei da A.R ou DL
do governo autorizado pela A.R (alínea c) do nº1 do artº165º da CRP –
competência relativa da A.R).Aplica-se não só à definição de crime, à definição
das penas e à definição das medidas de segurança, mas também á definição
da conexão entre os crimes e as penas, os comportamentos e as medidas de
segurança. Mas face ao nº2 do artº29º CRP podemos ter como fonte de direito
penal algo que não é lei formal (costume internacional -direito comum
internacional - crimes contra valores fundamentais, valores humanos
essenciais – genocídio), mas temos de ir à lei interna para definir as condutas e
as penas.

O costume nacional é proibido como fonte de direito penal, ou seja, não pode
criar medidas penais positivas, mas, para afastar a responsabilidade penal já é
possível ( servir como causa da exclusão da ilicitude do comportamento)e
também pode ajudar a interpretar as normas penais.

2 – Princípio da tipicidade – já não tem a ver com as fontes, mas com o grau
de definição de crime e das penas e da conexão entre eles. Este subprincípio
apresenta-se com esta expressão “não há crime nem pena sem lei estrita
/certa” e diz-nos que é necessário que esteja determinado com suficiente
precisão, suficientemente determinados, as circunstâncias que compõem o
crime (os pressupostos) e o conteúdo da pena e da medida de segurança.
Quer dizer que nenhum comportamento humano poderá ser considerado
criminoso se não corresponder a um tipo legal de crime”. Mas não implica que
tenha de haver uma total determinação dos conceitos determinados pelas
normas penais, não quer dizer que não se possa utilizar conceitos
indeterminados (a expressão “motivo fútil” é um conceito indeterminado mas
não viola princípio da tipicidade. Suficiente determinado quer dizer: desde que
o essencial que constitui o ilícito criminoso esteja expresso no tipo legal não há
violação do princípio da tipicidade.

As normas penais em branco

Por exemplo, no artº278ºA do C.P, o pressuposto de facto desta norma remete-


nos para normas urbanísticas, quer dizer que temos de ter em conta normas
que não estão aqui, mas em outros ramos do direito. Mas em princípio este tipo
de norma também não representam uma violação ao princípio da legalidade
porque a norma não deixa de determinar os pressupostos do facto punível. Diz-
nos qual é o pressuposto de facto e remete-nos para outras normas para o
percebermos
As leis penais totalmente em branco

São normas totalmente remissivas porque remetem para outro ramo de direito
o essencial da conduta punível. Regra geral não é permitida em Direito Penal a
interpretação analógica (integração de lacunas), face ao nº1 doa rtº29ºCRP e
nº3 do artº1º C.P(tem a ver com o fim último do P. da legalidade para o cidadão
não ser surpreendido com a punição de condutas que não esteja à espera).
Mas essa integração só é proibida quando esta determine a fundamentação ou
a agravação da responsabilidade do agente. Quer dizer que se for para
diminuir ou afastar a responsabilidade já será possível e também para
interpretar conceitos em direito penal (ex. motivo fútil do artº132ºCP).

A interpretação extensiva

Não está na letra da lei, mas ainda cabe no pensamento do legislador, portanto
no espírito da lei, ou seja, têm o mínimo de correspondência na lei (Manuel de
Andrade) que entende que a interpretação extensiva não é possível em direito
penal se for para agravar ou fundamentar a responsabilidade jurídico-criminal
do agente (nº3 do artº29º CRP), mas é permitida a “interpretação declarativa
lacta”,

3- A aplicação da lei penal no tempo


Tem subjacente a expressão “não há crime nem pena sem lei prévia”
Os dois princípios gerais da aplicação da lei penal no tempo são:

a) Princípio da irretroactividade
Resulta do princípio da legalidade e significa que uma lei penal desfavorável
não poderá aplicar-se a factos praticados antes da entrada em vigor desta lei.
De acordo com o artº3º do C.P o facto considera-se praticado no momento da
conduta e não do resultado. Tal resulta dos nº1 e 3 do artº29º CRP, onde se
fala em lei anterior e também dos nº1 do artº1º e nº1 do artº2º ambos do C.P.
Este princípio estende-se às medidas de segurança e seus pressupostos (nº3
do artº29º CRP)
b) Princípio da rectroactiva
Este princípio está consagrado na última parte do nº4 do artº29ºCRP e artº2º
do CP. Ao contrário do Princípio da irretroactividade da lei penal desfavorável
ao agente não resulta do princípio da legalidade porque aqui não é preciso
proteger. Este princípio decorre de outros dois princípios fulcrais que são o
princípio da necessidade da pena (o direito só deve actuar quando necessário
para proteger bens jurídicos fundamentais e essenciais – intervenção mínima
do direito penal- deixou de ser necessário aplicar a pena mais grave) e o
princípio da igualdade (serem punidos da mesma maneira quando praticam os
factos).
A lei posterior à prática do crime é mais favorável ao arguido quando consente
uma punição mais leve (nº4 do artº2º do C.P) e as leis em confronto são as que
entram em vigor entre o momento da prática do facto até ao termo da
execução.

Se já tiver transitado em julgado e face à nova lei, o limite máximo a aplicar ao


crime for menor que a pena aplicada ao agente, a pena é reduzida
automaticamente ao limite máximo da nova lei. E neste caso nos termos do
artº371ºA do CPP pode ser pedida a apreciação da pena (libertado). Em todas
as outras situações em que o limite máximo da nova lei não é menor do que a
pena aplicada, mas o regime é mais favorável, caso já tenha havido trânsito em
julgado da sentença face ao artº371ºA do CPP há a possibilidade de interpor
um recurso extraordinário para avaliar a pena à luz desta nova moldura

A lei também é mais favorável quando a nova lei elimina a infracção, ou seja, o
facto que era crime deixa de o ser (nº2 do artº2º do C.P ou 2ª parte do nº4 do
artº29º da CRP). Tal pode acontecer também em duas situações:

a) quando é eliminada a norma incriminadora que previa o facto como crime


sem ser substituída por qualquer outra.

b) quando sem haver eliminação da norma incriminadora aquele facto deixa de


ser considerado crime face à nova lei (ex. crime de aborto- em 2007 começou a
haver uma nova causa de exclusão da ilicitude – 10ª semana)

As leis em confronto são aquelas que entram em vigor entre o momento da


prática do crime (artº3º CP) até ao termo da execução da pena (2ª parte do
artº2º do C.P) até ao termo da execução da pena mesmo que haja uma
condenação transitada em julgado, tem de ser aplicada a nova lei

leis temporárias e leis de emergência

Se houver uma lei temporária a prever um crime, face ao nº3 do artº2º CP o


facto praticado durante a vigência da lei continua a ser punido segundo essa
lei, mesmo que ele seja julgado após esse período. Mas coloca-se a questão
da constitucionalidade porque parece violar o princípio retroactividade da lei
penal mais favorável ao agente, mas tal não acontece porque não há alteração
da valoração dos factos pelo legislador. Não se considera que a lei posterior se
debruce sobre os mesmos factos. Apenas alteração factual e não de factos.

lei penal intermédia

É uma lei cujo início de vigência é posterior ao momento da prática do facto e


cujo termo de vigência ocorre antes do julgamento. O legislador fala em “leis
posteriores”. O princípio que está aqui em causa é o princípio da intervenção
mínima do direito penal – necessidade da pena.
Crime continuado ou permanente

Segundo o artº3º do C.P, o momento em que o agente actuou (acção) ou devia


ter actuado (omissão) independentemente do momento em que o resultado
típico se tenha produzido (este é irrelevante).

Nos crimes cuja acção se prolonga no tempo (ex. nº2 do artº30ºCP), é tido
como um único crime e o momento da prática considera-se desde o início até
ao último momento da conduta e se durante aquele período (a decorrer o
sequestro) surgir uma lei mais desfavorável ao agente, vamos aplicar essa lei
que surge entretanto e não estamos a violar o princípio da não aplicação da lei
mais desfavorável ao agente porque o princípio só diz que é proibida a
aplicação retroactiva da lei mais desfavorável ao arguido, após o momento da
prática do facto,se for durante o momento da prática do facto não há solução.
No fundo a alteração que se dá é a lei que prevê o regime mais desfavorável
ocorre durante a prática.

As causas de justificação

se surgir uma nova lei que vai restringir a causa de justificação, face ao
princípio da legalidade há proibição da aplicação retroactiva da lei mais
desfavorável ao agente e não se pode aplicar essa causa de justificação.
Sabemos que o princípio da proibição da aplicação retroactiva da lei penal mais
desfavorável, como todo o princípio da legalidade, por norma, só se aplica às
normas penais positivas (as que fundamentam e agravam a responsabilidade
jurídico-criminal do agente) e aprendemos que não se aplica as negativas e em
princípio também às causas de exclusão da ilicitude, porque não é preciso uma
vez que estas têm por objectivo excluir ou atenuar a responsabilidade criminal
do agente, mas neste caso o que aconteceu à norma penal negativa foi que foi
restringido o seu âmbito e por isso se eu não aplicar o princípio da legalidade,
vou tratar de forma mais desfavorável o arguido. Aqui não vigora a regra de
que o P. da legalidade só se aplica às normas penais positivas. Então vou ter
de aplicar o P. da legalidade para proteger o cidadão face ao poder punitivo do
Estado e para não o surpreender com a penalização duma conduta que ele não
estava a contar porque estava a pensar que era esse o seu âmbito. Não estava
a contar com essa restrição.

A legitima defesa preventiva

Se eu acrescentar ao artº31º CP mais causas de exclusão da ilicitude não


estou a violar o princípio da legalidade porque estas causas excluem a
responsabilidade jurídico-criminal do agente. Posso inclusive criar uma causa
de justificação supralegal como por exemplo a legítima defesa preventiva.

Para a legítima defesa actuar o nosso legislador exige que haja uma agressão
actual e ilícita, que ameace interesses juridicamente protegidos, e que a minha
reacção seja uma forma de afastar essa agressão actual e ilícita e é por isso
que esta norma é uma norma penal negativa porque permite excluir a
responsabilidade penal da pessoa. Na legitima defesa preventiva não há uma
agressão actual e ilícita como refere o legislador no artº32º C.P mas se a única
hipótese que ele tem de se defender é actuar naquele momento o pode entrar
aqui é uma causa de justificação que não está prevista na lei e por isso se
chama supralegal admissível à luz dos princípios fundamentais do direito
(defesa do direito face ao ilícito). Não viola o P. da legalidade porque se trata
duma norma penal negativa e este princípio, por regra, não se aplica a estas
normas porque elas já visam proteger o agente face ao poder punitivo do
Estado. Apenas às positivas que agravam ou fundamentam a responsabilidade
jurídico-criminal do agente.
Hipótese 0

o artº247º do C.P (bigamia) é ou não constitucional?

Tem a ver com o conceito material de crime. Visa dizer quais as características
que tem de ter para ser constitucional – tem de proteger bens jurídicos
fundamentais essenciais que estão em causa. Quer dizer que se não está em
causa um bem jurídico essencial a norma é inconstitucional- princípio da
mínima intervenção do direito penal.

Hipótese 1

Imagine-se que que a lei X previa para certo facto pena de prisão de 1 a 3 anos
e posteriormente surge a lei Y que passa a punir o facto como
contraordenação. Quid Juris?

Esta situação aconteceu em 2000 com o consumo de estupefacientes. Era


crime e passou a contraordenação. Qual a lei aplicável ao facto julgado em
2005 e praticado em 1999.

Nos termos da 2ª parte do nº4 do artº29ºCRP conjugado com o nº 2 do artº2º


do C.P conseguimos justificar que o facto deixou de ser considerado crime e
que o agente não vai ser punido pelo crime de estupefacientes. Este princípio
decorre de outros dois princípios fulcrais que são o princípio da necessidade da
pena (o direito só deve actuar quando necessário para proteger bens jurídicos
fundamentais e essenciais – intervenção mínima do direito penal- deixou de ser
necessário aplicar a pena mais grave.

A nova lei é descriminalizadora e o caracteriza o direito contraordenacional, ao


contrário do direito penal, é a aplicação duma coima e esta nunca é convertida
em pena de prisão e a multa pode sê-lo. Para podermos sancionar o agente
como tendo praticado uma C.O vamos consultar uma legislação complementar
ao Código Penal que é o R.G.C.O (nº1 do artº3º RGCO), o qual nos diz que
para a alguém ser punido com uma contraordenação ela tem de praticar o facto
no momento em que a lei entra em vigor. Embora aqui no RGCO também
vigore o princípio da irretroactividade este só faz sentido para aquelas
situações em que um comportamento não era C.O e subitamente passou a ser.
Mas aqui não foi isso que aconteceu, porque o que aconteceu foi que prática
do facto era crime e passou a C.O. Não podemos dizer propriamente que a
pessoa está a ser surpreendida. Há quem defenda que por analogia com o nº4
do artº2º do C.P, seria possível aplicar a C.O (mais leve e mais favorável ao
agente). O Professor Taipa de Carvalho, diz que a única hipótese de evitar que
os agentes deixem de ser punidos por C.O é incluir na nova lei que prevê
aquele comportamento como C.O, uma norma transitória que diga que os
comportamentos que se deram entre o momento que ela deixou de ser crime e
o momento que passou a C.O são puníveis como C.O, caso contrário face ao
nº1 do art.º 3º do R.G.C.O não é. Pelo exposto, para o professor taipa de
Carvalho o indivíduo, na hipótese em cima formulada, não é punido nem por
crime nem por C.O (após vários ácordãos, esta ideia já fixou já fixou
jurisprudência).

Hipótese 2

Imagine que a lei X previa para determinado facto uma pena de prisão de 1 a 3
anos e pena acessória de suspensão do exercício de certa profissão até 1 ano.
Esta lei é substituída por a lei Y que passa a punir o mesmo facto com pena de
prisão até 5 anos.

Qual a lei que se devia de aplicar a A que praticou o facto na vigência da lei X e
vai a julgamento na vigência da lei Y.

Resposta:

Antes de mais, o princípio que está aqui em causa é o principio da legalidade


(sentido de anterioridade) em virtude de este ter por função proteger os direitos
dos cidadãos face ao poder punitivo do estado, principalmente porque se
tratam de normas penais positivas (fundamentam e agravam a
responsabilidade jurídico-criminal do agente) e se o princípio da legalidade não
for aplicado pode implicar um tratamento mais desfavorável ao arguido. E neste
caso em concreto, tem de funcionar, o seu subprincípio que é o Princípio da
irretroactividade da lei penal mais desfavorável ao agente, o qual significa que
uma lei penal desfavorável não poderá aplicar-se a factos praticados antes da
entrada em vigor desta lei

O importante é determinar qual a lei mais favorável ao caso sub judice. Quer
dizer que se não temos indicação qual a lei mais favorável, temos de abrir as
duas hipóteses. Se o juiz decidir que a lei mais favorável é a X aplica-se a X ,
se decidir que é a Y aplica-se a Y.

Hipótese 3

Em janeiro de 2009 Rui praticou o crime previsto no nº2 do artº169ºC.P(1 a 8


anos). Imagine que em janeiro de 2010 era alterado o disposto nesse artigo
passando o crime a ser punido com pena de prisão de 3 a 6 anos.

a) Poderia Rui ser condenado a uma pena de 2 anos de prisão?

Tendo em conta que a lei posterior não é a mais favorável, o princípio da


irrectroactividade não pode ser aplicado, por isso a lei de 2010 não pode ser
aplicada (1ª parte do nº4 do artº29º CRP)

b) sendo julgado hoje (abril de 2016) poderia Rui ser condenado a uma pena
de 7 anos de prisão?
Não. Tendo em conta o princípio da retroactividade da lei penal mais favorável,
a pena de 3 a 6 anos passou a ser a mais favorável nos termos da 2ª parte do
nº4 do artº29º CRP e 1ª parte do nº4 do artº2º do C.P

c). Tendo sido condenado por decisão transitada em julgado em dezembro de


2009 a uma pena de 8 anos de prisão, poderia beneficiar da aplicação
rectroactiva da nova lei?

Sim. Nos termos da 2ª parte do nº4 do artº2º do C.P e automaticamente teria


de passar para 6 anos, mas, entretanto, face ao artº371ºA do CPP há a
possibilidade de interpor um recurso extraordinário para avaliar a pena à luz
desta nova moldura deveria ser pedida.

imagine agora que posteriormente à realização do aborto efectuado por Ana


entra em vigor uma lei acrescentando uma alínea f) ao nº1 do artº142º C.P,
considerando como causa de exclusão da punibilidade do aborto, o facto da
mulher grávida já ter 2 filhos. Poderia Ana beneficiar da aplicação da nova lei,
não obstante esta ser posterior à prática do crime?

Sim, tendo em conta o nº2 do artº2º do C.P e 2ª parte do nº4 do artº29º da


CRP, naquelas circunstâncias (Ana já era mãe de 3 filhos) e o aborto deixou de
ser punível.

Princípio da aplicação rectroactiva da lei penal ou regime mais favorável ao


arguido –Este princípio decorre de outros dois princípios fulcrais que são o
princípio da necessidade da pena (o direito só deve actuar quando necessário
para proteger bens jurídicos fundamentais e essenciais – intervenção mínima
do direito penal- deixou de ser necessário aplicar a pena mais grave)

Anda mungkin juga menyukai