Confira a definição reportagens na televisão, pois os apelidos pejorativos
Bullying é uma situação que se caracteriza por e as brincadeiras ofensivas foram tomando proporções agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maiores. "O fato de ter consequências trágicas - como maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um mortes e suicídios - e a impunidade proporcionaram a ou mais colegas. O termo bullying tem origem na necessidade de se discutir de forma mais séria o tema", palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. aponta Guilherme Schelb, procurador da República e Mesmo sem uma denominação em português, é autor do livro Violência e Criminalidade Infanto-Juvenil entendido como ameaça, tirania, opressão, (164 págs., Thesaurus Editora tel. (61) 3344-3738). intimidação, humilhação e maltrato. 4. O que leva o autor do bullying a praticá-lo? "É uma das formas de violência que mais cresce no Querer ser mais popular, sentir-se poderoso e obter mundo", afirma Cléo Fante, educadora e autora do uma boa imagem de si mesmo. Isso tudo leva o autor livro Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência do bullying a atingir o colega com repetidas nas Escolas e Educar para a Paz(224 págs., Ed. Verus, humilhações ou depreciações. É uma pessoa que não tel. (19) 4009-6868 ). Segundo a especialista, o bullying aprendeu a transformar sua raiva em diálogo e para pode ocorrer em qualquer contexto social, como quem o sofrimento do outro não é motivo para ele escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de deixar de agir. Pelo contrário, sente-se satisfeito com a trabalho. O que, à primeira vista, pode parecer um opressão do agredido, supondo ou antecipando quão simples apelido inofensivo pode afetar emocional e dolorosa será aquela crueldade vivida pela vítima. fisicamente o alvo da ofensa. Sozinha, a escola não consegue resolver o problema, Além de um possível isolamento ou queda do mas é normalmente nesse ambiente que se rendimento escolar, crianças e adolescentes que demonstram os primeiros sinais de um praticante de passam por humilhações racistas, difamatórias ou bullying. "A tendência é que ele seja assim por toda a separatistas podesm apresentar doenças vida, a menos que seja tratado", diz. psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que 5. O espectador também participa do bullying? influencie traços da personalidade. Em alguns casos Sim. É comum pensar que há apenas dois envolvidos no extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional conflito: o autor e o alvo. Mas os especialistas alertam do jovem de tal maneira que ele opte por soluções para esse terceiro personagem responsável pela trágicas, como o suicídio. continuidade do conflito.O espectador típico é uma 2. O que não é bullying? testemunha dos fatos, pois não sai em defesa da vítima Discussões ou brigas pontuais não são bullying. nem se junta aos autores. Quando recebe uma Conflitos entre professor e aluno ou aluno e gestor mensagem, não repassa. Essa atitude passiva pode também não são considerados bullying. Para que seja ocorrer por medo de também ser alvo de ataques ou bullying, é necessário que a agressão ocorra entre por falta de iniciativa para tomar partido. pares (colegas de classe ou de trabalho, por exemplo). Também são considerados espectadores os que atuam Todo bullying é uma agressão, mas nem toda a como plateia ativa ou como torcida, reforçando a agressão é classificada como bullying agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo. Eles Para Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e retransmitem imagens ou fofocas. Geralmente, estão professora da Faculdade de Educação da Universidade acostumados com a prática, encarando-a como natural Estadual de Campinas (Unicamp), para ser dada como dentro do ambiente escolar. ''O espectador se fecha bullying, a agressão física ou moral deve apresentar aos relacionamentos, se exclui porque acha que pode quatro características: a intenção do autor em ferir o sofrer também no futuro.Se for pela internet, por alvo, a repetição da agressão, a presença de um público exemplo, ele ?apenas? repassa a informação. Mas isso espectador e a concordância do alvo com relação à o torna um coautor'', explica a pesquisadora Cléo ofensa. ''Quando o alvo supera o motivo da agressão, Fante, educadora e autora do livro Fenômeno Bullying: ele reage ou ignora, desmotivando a ação do autor'', Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a explica a especialista. Paz (224 págs., Ed. Verus, tel. (19) 4009-6868). 3. O bullying é um fenômeno recente? 6. Como identificar o alvo do bullying? Não. O bullying sempre existiu. No entanto, o primeiro O alvo costuma ser uma criança ou um jovem com a relacionar a palavra a um fenômeno foi Dan Olweus, baixa autoestima e retraído tanto na escola quanto no professor da Universidade da Noruega, no fim da lar. ''Por essas características, dificilmente consegue década de 1970. Ao estudar as tendências suicidas reagir'', afirma o pediatra Lauro Monteiro Filho, entre adolescentes, o pesquisador descobriu que a fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia). Aí é que ameaça e que, portanto, o bullying era um mal a entra a questão da repetição no bullying, pois se o combater. aluno procura ajuda, a tendência é que a provocação A popularidade do fenômeno cresceu com a influência cesse. dos meios eletrônicos, como a internet e as Além dos traços psicológicos, os alvos desse tipo de sofre não sabe o motivo e se sente culpada", explica a violência costumam apresentar particularidades pesquisadora norte-americana Rachel Simmons, físicas. As agressões podem ainda abordar aspectos especialista em bullying feminino.Ela conta que as culturais, étnicos e religiosos."Também pode ocorrer meninas agem dessa maneira porque a expectativa da com um novato ou com uma menina bonita, que acaba sociedade é de que sejam boazinhas, dóceis e sempre sendo perseguida pelas colegas", exemplifica passivas. Para demonstrar qualquer sentimento Guilherme Schelb, procurador da República e autor do contrário, elas utilizam meios mais discretos, mas não livro Violência e Criminalidade Infanto-Juvenil (164 menos prejudiciais. "É preciso reconhecer que as págs., Thesaurus Editora tel. (61) 3344-3738). garotas também sentem raiva. A agressividade é 7. Quais são as consequências para o aluno que é alvo natural no ser humano, mas elas são forçadas a de bullying? encontrar outros meios - além dos físicos - para se O aluno que sofre bullying, principalmente quando não expressar", diz Rachel. pede ajuda, enfrenta medo e vergonha de ir à escola. 10. O que fazer em sala de aula quando se identifica Pode querer abandonar os estudos, não se achar bom um caso de bullying? para integrar o grupo e apresentar baixo Ao surgir uma situação em sala, a intervenção deve ser rendimento.Uma pesquisa da Associação Brasileira imediata. "Se algo ocorre e o professor se omite ou até Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência mesmo dá uma risadinha por causa de uma piada ou (Abrapia) revela que 41,6% das vítimas nunca de um comentário, vai pelo caminho errado. Ele deve procuraram ajuda ou falaram sobre o problema, nem ser o primeiro a mostrar respeito e dar o exemplo", diz mesmo com os colegas. Aramis Lopes Neto, presidente do Departamento As vítimas chegam a concordar com a agressão, de Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da acordo com Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Sociedade Brasileira de Pediatria.O professor pode Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da identificar os atores do bullying: autores, espectadores Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp). O e alvos. Claro que existem as brincadeiras entre colegas discurso deles segue no seguinte sentido: "Se sou no ambiente escolar. Mas é necessário distinguir o gorda, por que vou dizer o contrário?"Aqueles que limiar entre uma piada aceitável e uma agressão. "Isso conseguem reagir podem alternar momentos de não é tão difícil como parece. Basta que o professor se ansiedade e agressividade. Para mostrar que não são coloque no lugar da vítima. O apelido é engraçado? covardes ou quando percebem que seus agressores Mas como eu me sentiria se fosse chamado assim?", ficaram impunes, os alvos podem escolher outras orienta o pediatra Lauro Monteiro Filho. pessoas mais indefesas e passam a provocá-las, Veja os conselhos dos especialistas Cléo Fante e José tornando-se alvo e agressor ao mesmo tempo. Augusto Pedra, autores do livro Bullying Escolar (132 8. O que é pior: o bullying com agressão física ou o págs., Ed. Artmed, tel; 0800 703 3444):- Incentivar a bullying com agressão moral? solidariedade, a generosidade e o respeito às Ambas as agressões são graves e causam danos ao alvo diferenças por meio de conversas, campanhas de do bullying. Por ter consequências imediatas e incentivo à paz e à tolerância, trabalhos didáticos, facilmente visíveis, a violência física muitas vezes é como atividades de cooperação e interpretação de considerada mais grave do que um xingamento ou uma diferentes papéis em um conflito;- Desenvolver em fofoca.''A dificuldade que a escola encontra é sala de aula um ambiente favorável à comunicação justamente porque o professor também vê uma blusa entre alunos;- Quando um estudante reclamar de algo rasgada ou um material furtado como algo concreto. ou denunciar o bullying, procurar imediatamente a Não percebe que uma exclusão, por exemplo, é tão direção da escola. dolorida quanto ou até mais'', explica Telma Vinha, 11. Qual o papel do professor em conflitos fora da sala doutora em Psicologia Educacional e professora da de aula? Faculdade de Educação da Universidade Estadual de O professor é um exemplo fundamental de pessoa que Campinas (Unicamp).Os jovens também podem repetir não resolve conflitos com a violência. Não adianta, esse mesmo raciocínio e a escola deve permanecer porém, pensar que o bullying só é problema dos alerta aos comportamentos moralmente abusivos. educadores quando ocorre do portão para dentro. É 9. Existe diferença entre o bullying praticado por papel da escola construir uma comunidade na qual meninos e por meninas? todas as relações são respeitosas.''Deve-se De modo geral, sim. As ações dos meninos são mais conscientizar os pais e os alunos sobre os efeitos das expansivas e agressivas, portanto, mais fáceis de agressões fora do ambiente escolar, como na internet, identificar. Eles chutam, gritam, empurram, batem. Já por exemplo'', explica Adriana Ramos, pesquisadora da no universo feminino o problema se apresenta de Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e forma mais velada. As manifestações entre elas podem coordenadora do curso de pós-graduação ''As relações ser fofocas, boatos, olhares, sussurros, exclusão. "As interpessoais na escola e a construção da autonomia garotas raramente dizem por que fazem isso. Quem moral'', da Universidade de Franca (Unifran).''A intervenção da escola também precisa chegar ao Adolescência (Abrapia). O primeiro passo é admitir que espectador, o agente que aplaude a ação do autor é a escola é um local passível de bullying. É necessário fundamental para a ocorrência da agressão'', também informar professores e alunos sobre o que é o complementa a especialista. problema e deixar claro que o estabelecimento não 12. O professor também é alvo de bullying? admitirá a prática. Conceitualmente, não, pois, para ser considerada "A escola não deve ser apenas um local de ensino bullying, é necessário que a violência ocorra entre formal, mas também de formação cidadã, de direitos e pares, como colegas de classe ou de trabalho. O deveres, amizade, cooperação e solidariedade. Agir professor pode, então, sofrer outros tipos de agressão, contra o bullying é uma forma barata e eficiente de como injúria ou difamação ou até física, por parte de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade", um ou mais alunos. afirma o pediatra. Mesmo não sendo entendida como bullying, trata-se 14. Como agir com os alunos envolvidos em um caso de uma situação que exige a reflexão sobre o convívio de bullying? entre membros da comunidade escolar. Quando as O foco deve se voltar para a recuperação de valores agressões ocorrem, o problema está na escola como essenciais, como o respeito pelo que o alvo sentiu ao um todo. Em uma reunião com os educadores, pode-se sofrer a violência. A escola não pode legitimar a descobrir se a violência está acontecendo com outras atuação do autor da agressão nem humilhá-lo ou puni- pessoas da equipe para intervir e restabelecer as lo com medidas não relacionadas ao mal causado, noções de respeito. como proibi-lo de frequentar o intervalo. Se for uma questão pontual, com um professor apenas, Já o alvo precisa ter a autoestima fortalecida e sentir é necessário refletir sobre a relação entre o docente e que está em um lugar seguro para falar sobre o o aluno ou a classe. ''O jovem que faz esse tipo de coisa ocorrido. "Às vezes, quando o aluno resolve conversar, normalmente quer expor uma relação com o professor não recebe a atenção necessária, pois a escola não que não está bem. Existem comunidades na internet, acha o problema grave e deixa passar", alerta Aramis por exemplo, que homenageiam os docentes. Então, se Lopes, presidente do Departamento Científico de o aluno se sente respeitado pelo professor, qual o Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade motivo de agredi-lo?'', questiona Adriana Ramos, Brasileira de Pediatria. pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas Ainda é preciso conscientizar o espectador do bullying, (Unicamp) e coordenadora do curso de pós-graduação que endossa a ação do autor. ''Trazer para a aula "As relações interpessoais na escola e a construção da situações hipotéticas, como realizar atividades com autonomia moral", da Universidade de Franca trocas de papéis, são ações que ajudam a conscientizar (Unifran). toda a turma.A exibição de filmes que retratam o O professor é uma autoridade na sala de aula, mas essa bullying, como ''As melhores coisas do mundo'' (Brasil, autoridade só é legitimada com o reconhecimento dos 2010), da cineasta Laís Bodanzky, também ajudam no alunos em uma relação de respeito mútua. ''O jovem trabalho. A partir do momento em que a escola fala está em processo de formação e o educador é o adulto com quem assiste à violência, ele para de aplaudir e o do conflito e precisa reagir com dignidade'', afirma autor perde sua fama'', explica Adriana Ramos, Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas professora da Faculdade de Educação da Unicamp. (Unicamp) e coordenadora do curso de pós-graduação 13. O que fazer para evitar o bullying? ''As relações interpessoais na escola e a construção da A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à autonomia moral'', da Universidade de Franca Infância e Adolescência (Abrapia) sugere as seguintes (Unifran). atitudes para um ambiente saudável na escola:- 15. Como lidar com o bullying contra alunos com Conversar com os alunos e escutar atentamente deficiência? reclamações ou sugestões;- Estimular os estudantes a Conversar abertamente sobre a deficiência é uma ação informar os casos;- Reconhecer e valorizar as atitudes que deve ser cotidiana na escola. O bullying contra esse da garotada no combate ao problema;- Criar com os público costuma ser estimulado pela falta de estudantes regras de disciplina para a classe em conhecimento sobre as deficiências, sejam elas físicas coerência com o regimento escolar;- Estimular ou intelectuais, e, em boa parte, pelo preconceito lideranças positivas entre os alunos, prevenindo trazido de casa. futuros casos;- Interferir diretamente nos grupos, o De acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora do quanto antes, para quebrar a dinâmica do S.O.S. Down - Serviço de Orientação sobre Síndrome de bullying.Todo ambiente escolar pode apresentar esse Down, em São Paulo, é normal os alunos reagirem problema. "A escola que afirma não ter bullying ou não negativamente diante de uma situação desconhecida. sabe o que é ou está negando sua existência", diz o Cabe ao educador estabelecer limites para essas pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação reações e buscar erradicá-las não pela imposição, mas Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e por meio da conscientização e do esclarecimento. Não se trata de estabelecer vítimas e culpados quando É também essencial que o trabalho de conscientização o assunto é o bullying. Isso só reforça uma situação seja feito também com os espectadores do bullying, polarizada e não ajuda em nada a resolução dos aqueles que endossam a agressão e os que a assistem conflitos. Melhor do que apenas culpar um aluno e passivamente. Sem que a plateia entenda quão nociva vitimar o outro é desatar os nós da tensão por meio do a violência pode ser, ela se repetirá em outras ocasiões. diálogo. A violência começa em tirar do aluno com 18. Bullying na Educação Infantil. É possível? deficiência o direito de ser um participante do processo Sim, se houver a intenção de ferir ou humilhar o colega de aprendizagem. É tarefa dos educadores oferecer um repetidas vezes. Entre as crianças menores, é comum ambiente propício para que todos, especialmente os que as brigas estejam relacionadas às disputas de que têm deficiência, se desenvolvam. Com respeito e território, de posse ou de atenção - o que não harmonia. caracteriza o bullying. No entanto, por exemplo, se 16. Como deve ser uma conversa com os pais dos uma criança apresentar alguma particularidade, como alunos envolvidos no bullying? não conseguir segurar o xixi, e os colegas a segregarem É preciso mediar a conversa e evitar o tom de acusação por isso ou darem apelidos para ofendê-la de ambos os lados. Esse tipo de abordagem não mostra constantemente, trata-se de um caso de como o outro se sente ao sofrer bullying. Deve ser bullying."Estudos na Psicologia afirmam que, por volta sinalizado aos pais que alguns comentários simples, dos dois anos de idade, há uma primeira tomada de que julgam inofensivos e divertidos, são carregados de consciência de 'quem eu sou', separada de outros ideias preconceituosas.''O ideal é que a questão da objetos, como a mãe.E perto dos três anos, as crianças reparação da violência passe por um acordo conjunto começam a se identificar como um indivíduo diferente entre os envolvidos, no qual todos consigam enxergar do outro, sendo possível que uma criança seja alvo ou em que ponto o alvo foi agredido para, assim, restaurar vítima de bullying. Essa conduta, porém, será mais a relação de respeito'' explica Telma Vinha, professora frequentes num momento em que houver uma maior do Departamento de Psicologia Educacional da relação entre pares, mais cotidiana'', explica Adriana Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Ramos, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).Muitas vezes, a escola trata de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso de pós- forma inadequada os casos relatados por pais e alunos, graduação As relações interpessoais na escola e a responsabilizando a família pelo problema. É papel dos construção da autonomia moral", da Universidade de educadores sempre dialogar com os pais sobre os Franca (Unifran). conflitos - seja o filho alvo ou autor do bullying, pois 19. Quais são as especificidades para lidar com o ambos precisam de ajuda e apoio psicológico. bullying na Educação Infantil? 17. O que fazer em casos extremos de bullying? Para evitar o bullying, é preciso que a escola valide os A primeira ação deve ser mostrar aos envolvidos que a princípios de respeito desde cedo. É comum que as escola não tolera determinado tipo de conduta e por crianças menores briguem com o argumento de não quê. Nesse encontro, deve-se abordar a questão da gostar uma das outras, mas o educador precisa apontar tolerância ao diferente e do respeito por todos, que todos devem ser respeitados, independentemente inclusive com os pais dos alunos envolvidos. de se dar bem ou não com uma pessoa, para que essa Mais agressões ou ações impulsivas entre os ideia não persista durante o desenvolvimento da envolvidos podem ser evitadas com espaços para criança. diálogo. Uma conversa individual com cada um 20. O que é bullying virtual ou cyberbullying? funciona como um desabafo e é função do educador É o bullying que ocorre em meios eletrônicos, com mostrar que ninguém está desamparado.''Os alunos e mensagens difamatórias ou ameaçadoras circulando os pais têm a sensação de impotência e a escola não por e-mails, sites, blogs (os diários virtuais), redes pode deixá-los abandonados. É mais fácil sociais e celulares. É quase uma extensão do que os responsabilizar a família, mas isso não contribui para a alunos dizem e fazem na escola, mas com o agravante resolução de um conflito'', diz Telma Vinha, doutora de que as pessoas envolvidas não estão cara a em Psicologia Educacional e professora da Faculdade cara.Dessa forma, o anonimato pode aumentar a de Educação da Universidade Estadual de Campinas crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos (Unicamp). podem ser tão graves ou piores. "O autor, assim como A especialista também aponta que a conversa em o alvo, tem dificuldade de sair de seu papel e retomar conjunto, com todos os envolvidos, não pode ser feita valores esquecidos ou formar novos", explica Luciene em tom de acusação. ''Deve-se pensar em maneiras de Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e mostrar como o alvo do bullying se sente com a pesquisadora do Departamento de Psicologia agressão e chegar a um acordo em conjunto. E, depois Educacional da Faculdade de Educação da de alguns dias, vale perguntar novamente como está a Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp). relação entre os envolvidos'', explica Telma. Esse tormento que é a agressão pela internet faz com que a criança e o adolescente humilhados não se sintam mais seguros em lugar algum, em momento algum. Marcelo Coutinho, especialista no tema e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que esses estudantes não percebem as armadilhas dos relacionamentos digitais. "Para eles, é tudo real, como se fosse do jeito tradicional, tanto para fazer amigos como para comprar, aprender ou combinar um passeio." 21. Como lidar com o cyberbullying? O cyberbulling precisa receber o mesmo cuidado preventivo do bullying e a dimensão dos seus efeitos deve sempre ser abordada para evitar a agressão na internet. Trabalhar com a ideia de que nem sempre se consegue apagar aquilo que foi para a rede dá à turma a noção de como as piadas ou as provocações não são inofensivas. ''O que chamam de brincadeira pode destruir a vida do outro. É também responsabilidade da escola abrir espaço para discutir o fenômeno'', afirma Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).Caso o bullying ocorra, é preciso deixar evidente para crianças e adolescentes que eles podem confiar nos adultos que os cercam para contar sobre os casos sem medo de represálias, como a proibição de redes sociais ou celulares, uma vez que terão a certeza de que vão encontrar ajuda. ''Mas, muitas vezes, as crianças não recorrem aos adultos porque acham que o problema só vai piorar com a intervenção punitiva'', explica a especialista