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Eletricidade e Sonorização – Parte 1 –

Cálculo de estimativa de consumo


Introdução

Compra-se uma fantástica mesa de som, um monte de periféricos, amplificadores e caixas de som
potentíssimas. Tudo do bom e do melhor. Mas tudo isso precisa de eletricidade para funcionar. E na maioria
das vezes, acredita-se que basta conectar os aparelhos na primeira tomada de parede que se encontrar.
Completo engano: quase sempre as instalações elétricas que vão atender os equipamentos de sonorização
não são adequadas ou não recebem os cuidados devidos.

Recentemente participei de um Workshop sobre mesas digitais da Yamaha. O Aldo Linares, especialista de
produtos da Yamaha, passou quase uma hora enfatizando que as pessoas precisam ter muito cuidado com a
eletricidade que disponibilizam para as mesas digitais, e contou inúmeros casos em que o usuário danificou
a mesa digital (algumas de R$ 50.000,00) por problemas de energia! O que ele não contou, mas todas as
empresas fazem assim, é que a garantia não cobre danos causados por problemas elétricos e erros de
operação.

Também participei de um curso do IATEC, Operação de Sistemas de Sonorização, onde o instrutor Fred
Júnior passou uma manhã inteira falando somente sobre Eletricidade, dizendo os cuidados básicos e contando
casos “bárbaros” de shows que ele fez (ou não fez) devido a problemas elétricos. Aliás, os peazeiros que
estavam lá também contaram muitas histórias (sempre tristes). Em todas as histórias, os prejuízos eram de
alguns milhares a até dezenas de milhares de reais (imagine um show para 30.000 pessoas que é cancelado
por problemas elétricos).

Problemas elétricos não poupam ninguém, nem os “grandes”. Uma artista de renome nacional, fazendo um
mega-show em um estádio de futebol, teve o show paralisado por 20 minutos por causa justamente disso.

E este próprio autor já vivenciou problemas seríssimos devido a isso. Oito mil pessoas reunidas e o som
“acabou” porque alguém ligou um equipamento indevido na rede elétrica.

Todos que lidam com a área de sonorização sabem que sem som não tem evento – seja um culto ou um mega-
show. Qualquer operador responsável leva o material necessário e inclusive equipamento de backup, para o
caso de alguma eventualidade. Mas sem energia, não há som!

Ter energia elétrica disponível é até mesmo questão de segurança. Imaginem um ginásio lotado quando falta
energia. É necessário haver suprimento elétrico de emergência – e sonorização e iluminação – para manter
as pessoas calmas, orientar a saída, etc. Sem isso, pode haver pânico, e a responsabilidade é toda dos
responsáveis pelo evento.
Não podemos esquecer que, quando acontecem problemas em um evento, é o nome do organizador que
estará sendo prejudicado. Ninguém quer saber se foi a empresa X ou Y a responsável pela parte elétrica ou
de sonorização. Todos imaginam que a responsabilidade é do promotor do evento. O mesmo se aplica à
igrejas. As igrejas são as responsáveis pelos eventos que promovem. Uma pessoa que visita um evento da
igreja pela primeira vez e vivencia uma situação ruim provavelmente terá grandes ressalvas em repetir
novamente a visita.

Assim, o assunto Eletricidade é dos mais importantes. Mas também é dos mais ignorados pelos operadores
de som. Talvez pela simplicidade aparente – muita gente acha que é só ligar tudo na primeira tomada que
aparecer na frente. Entretanto, o assunto é extremamente complexo (um engenheiro não fica 5 anos na
faculdade à toa). Um simples fio é muito mais que sua bitola. Um disjuntor, desses que todos temos em casa,
na verdade pode ser de 4 tipos, de acordo com a velocidade de disparo – e isso pode fazer muita diferença
em um sistema de sonorização.

Apesar da complexidade, o técnico de som tem obrigação de entender algumas coisas, sob pena de ver seu
trabalho comprometido por causa de problemas elétricos. Podem acontecer danos aos equipamentos,
insuficiência de desempenho ou mesmo paralisação dos trabalhos de sonorização. Qualquer que sejam as
consequências, “vai sobrar” para o operador de áudio, e podem ter certeza que não será nem um pouco bom!

Assim, tentaremos nesta série de artigos apresentar conceitos básicos e noções gerais, que são necessárias
para se evitar problemas que podem atingir o ser humano nas suas partes mais sensíveis: os ouvidos (e o
bolso).

Para a turma dos medrosos (como este autor), saiba que o operador de som só precisa ter noções, não precisa
saber fazer instalações (eu falo sempre: “não sei”, “não mexo”, “não encosto”, “tenho medo”, “não chego
nem perto”). Mas o operador precisa saber passar, na linguagem do engenheiro / eletrotécnico o que ele
precisa para que tudo funcione bem. É isso que vamos tentar ensinar.

Mas ficam dois alertas. O primeiro é o seguinte: para projetar um sistema de energia adequado, é necessário
um engenheiro eletricista ou pelo menos um eletrotécnico. O assunto é extremamente complexo, há vários
livros sobre isso. Então, o que faremos aqui são apenas dicas básicas, simplificadas ao máximo – o suficiente
para que o operador de som possa conversar com o responsável pela parte elétrica de forma satisfatória. E
quem quiser se aprofundar, sugerimos muito procurar um livro especializado.
O segundo é quanto ao perigo. NÃO MEXA COM ELETRICIDADE se você não tem formação específica
para isso. Existe risco de MORTE. Aquelas caveiras pintadas na frente de quadros de energia não estão lá à
toa!

Estimando o consumo elétrico dos equipamentos

A primeira coisa que qualquer operador de som tem que saber é calcular o quanto de energia elétrica seus
equipamentos consomem. A tarefa é extremamente simples. Pegue os manuais e procure, nas páginas de
especificações técnicas de cada aparelho, a seguinte especificação:

Consumo máximo: XXX Watts

Ou o equivalente em inglês ou outras línguas. Mesmo que esteja em língua estrangeira será fácil, pois estará
sempre expresso em Watts (padrão internacional de potência). Esse valor corresponde em geral ao ao
consumo elétrico máximo do aparelho*. A partir daí, some todos os consumos (de todos os equipamentos) e
você terá o consumo elétrico máximo total do seu sistema de sonorização.

*Não confundir, em amplificadores, o consumo elétrico (também chamado de potência elétrica) com a
potência útil do amplificador. O consumo elétrico é sempre maior que a potência especificada do
equipamento. A potência dos amplificadores também é estimada em Watts, mas em geral vem acompanhada
dos valores 2 Ohms, 4 Ohms, 8 Ohms. Para mais informações sobre isso,
consulte: http://www.somaovivo.mus.br/artigos.php?id=145

Para tanto, vamos dar como exemplo o sistema de sonorização de um Anfiteatro. Esse sistema tem os
seguintes equipamentos:

Mesa de Som Ciclotron VEGA 48MF – consumo máximo de 335Watts


4 amplificadores Ciclotron PWP 6000 – consumo máximo de 1.800 Watts cada
2 amplificadores Ciclotron PWP 4000 – consumo máximo de 1.320 Watts cada
1 Equalizador Ciclotron CGE 2313 – consumo máximo de 30Watts
1 Compressor Alesis RA3630 – consumo máximo de 25 Watts
4 microfones sem fio Shure modelo T4N – consumo máximo de 12Watts cada

Temos então:

Mesa de som = 335W


Periféricos / microfones sem fio = 103W
Amplificadores = (1800 x 4) + (1320 x 2) = 9.840 Watts.
Total: 10.278 Watts (arredondando, 10.300 Watts)

Note que as mesas de som e os periféricos têm consumo consideravelmente menor que os amplificadores.
Os grandes consumidores de energia em um sistema de sonorização são sempre os amplificadores.
Os valores acima foram obtidos através dos manuais dos equipamentos ou consulta ao site do fabricante.
Mas nem sempre isso é possível, pois em alguns casos o fabricante não mais existe ou não temos manuais. A
solução é simples, bastando consultar o próprio equipamento. Muitos trazem escrito o consumo máximo no
painel traseiro e, se não existir esse dado, é possível calculá-lo através do valor do fusível, aplicando a Lei
de Ohm (um cientista que estudou a eletricidade).

Potência (Watts) = Amperagem x Voltagem

Por exemplo, um equipamento com fusível de 4A em 110V* consome então

Potência = 4A x 110V = 440Watts

* Alguns aparelhos trazem escrito 110V, outros 115V, outros 120V, 125V ou até 127V, assim como 220V,
230V, 234V ou 240V.

Só que precisamos fazer esse cálculo em relação à nossa voltagem real, aquela que encontramos na tomada.
Na minha cidade, a voltagem é de 127V/220V, mas existem cidades onde a voltagem é 120V/208V, outras
onde é 115V/230V. Mais adiante falaremos sobre isso. Assim, no exemplo acima, para uso na minha cidade,
teremos 4A em 127V, então:

Potência = 4A x 127V = 508Watts

O engenheiro que revisou esta série comentou que um aparelho de 4A em 110V quase nunca alcançará esse
valor de 508 Watts de consumo elétrico, que só raras condições isso poderá acontecer. Segundo ele, o
consumo na maioria das vezes é inferior até mesmo que o consumo de 440 Watts (4A x 110Volts), devido a
algo chamado “Fator de potência”. Quando o fabricante explicita o consumo máximo no manual, ele leva
em consideração esse parâmetro também. Mas neste caso, onde aplicamos a Lei de Ohm por não ter
informação do fabricante, precisamos pensar na pior das hipóteses que possam acontecer, e o consumo de
508 Watts é essa pior hipótese, e é o valor que deve ser considerado.

Alguns equipamentos, em geral de pequeno consumo (mas que precisam ser levado em consideração), vem
com fontes externas. A informação do consumo elétrico costuma vir escrito na própria fonte. Esse é o valor
que entrará no cálculo do consumo total.

Voltando ao nosso exemplo, já calculamos que nosso sistema de sonorização tem 10.300 Watts de consumo
elétrico máximo, considerando-se apenas os equipamentos de sonorização. Mas muitas instalações elétricas
de sonorização são compartilhadas também com os instrumentos musicais e seus acessórios. Teclados,
pedaleiras de guitarra/violão e cubos de instrumentos. Todos eles apresentam consumo elétrico e têm que ser
levado em consideração no cálculo. Aliás, cubos de instrumentos são amplificadores, e alguns tem consumos
elétricos bastante elevados. Vamos então colocar que o nosso consumo total seja de 11.000 Watts (ou 11
KW, sendo K = 1000).

Além disso, é preciso incluir no cálculo uma folga para o sistema. Só que não é possível precisar se a folga
será de 10% ou de 30% ou outro valor qualquer. Cada caso é um caso. No sistema do Anfiteatro que estamos
usando de exemplo, se considerarmos que o mesmo é pobre em periféricos e bem servido de amplificadores
(neste caso), podemos considerar uma folga pequena de 1.000 Watts, suficientes para a adição de um
computador (200 a 300W) quando houver gravação, e novos periféricos – módulos de efeitos, equalizadores,
compressores (50 a 150W cada um). Já em um sistema de menor porte, mas onde novos amplificadores
poderão ser necessários, é melhor calcular logo uma folga bem grande.

Assim, podemos estimar o consumo máximo do sistema de exemplo em 12 KWatts. Esse valor inclui os
equipamentos utilizados comumente, e uma folga útil para adição de novos equipamentos, ainda que de uso
esporádicos.

Este é o valor que vamos informar ao engenheiro eletricista ou eletrotécnico, e é o parâmetro que ele usará
para dimensionar o sistema elétrico do local (no-breaks/geradores, bitola de cabos, disjuntores, etc). No
próximo artigo, aprenderemos noções básicas de como fazer esse dimensionamento.
Eletricidade e Sonorização – Parte 2 –
Dimensionamento do sistema elétrico
O operador de um sistema de áudio sempre precisa saber a estimativa de consumo elétrico máximo do
mesmo, pois é a partir dessa informação que é feito o levantamento dos cabos elétricos, disjuntores e outros
equipamentos que compõem o sistema elétrico de um local. No exemplo do artigo anterior, já estimamos um
consumo máximo de 12 KWatts (K = 1000) .

O ideal seria que todo o sistema elétrico desse local seja estimado para fornecer continuamente essa
quantidade de energia. Entretanto, é bom saber que sistemas elétricos têm custo proporcional à capacidade
(quanto mais energia suportam, mais caros). Um sistema apto a suprir 12KW é bem mais caro que um sistema
apto a suprir 6KW, por exemplo.

Mas aqui cabe um primeiro debate. Presenciei uma cena interessante neste Anfiteatro. Mesmo sabendo que
o equipamento todo consome 12 KWatts, instalaram um no-break de apenas 6 KWatts. E houve uma
discussão acalorada entre um dos operadores e o eletricista. O eletricista alegava que o no-break tinha
capacidade mais que suficiente, pois feitas medições com alicate amperímetro, os equipamentos nunca
haviam consumido um valor maior que 6 KW. Já o operador alegou que poderia haver momentos de picos,
onde a potência máxima do sistema (e o consumo máximo) seria atingida.

Ao final, chegou-se à conclusão que os dois estavam certos em suas posições. Tudo depende do tipo de uso
(por exemplo, o estilo musical) que os equipamentos terão.

Enquanto mesa de som e periféricos tem consumo razoavelmente baixo e relativamente constante (sem muita
variação), o consumo elétrico de um amplificador varia grandemente de acordo com o tipo de música que
está sendo executada. A partir de inúmeras medições, os profissionais da área estabeleceram a seguinte
tabela*:

Tipo de Programa Musical Consumo


(com distorção nunca maior que 1%) Típico

em %

Sinal senoidal 100%

Ruído rosa, que se aproxima do aplauso 50%

Rock n’roll de alta compressão nos médios graves 40%


Trio elétrico com seu emprego típico 35% – 40%

Jazz moderno e os programas de show brasileiro 30%

Música ambiente 20%

Voz isolada de um cantor e a conversação contínua 10%


(pregação)

Sistema de chamadas de uso pouco freqüente 1%

* Autoria de Ruy Monteiro e Rosalfonso Bortoni. Disponível em www.studior.com.br/cabos.zip. A tabela


aqui apresentada tem algumas adequações de nome feitas pelo autor deste artigo.
Esses valores representam uma média de utilização (por isso o nome: Consumo Típico) em relação ao tipo
de música que é executada . Evidente que poderá haver momentos em que potência máxima será exigida (um
fortíssimo – momento mais forte de uma música, ou então quando ocorre uma microfonia, um “tiro”, um
“estalo”, um microfone que cai no chão, um grito, etc), mas em outros o sistema trabalhará “folgado”
(pianíssimo – as partes mais suaves de uma música, uma pausa no meio da pregação, etc).
Não custa lembrar que, para efeito de cálculo, eles consideram que o amplificador nunca entra em regime de
clipping – distorção.
Para usarmos essa tabela proposta pelos autores, devemos ter em mente sempre a pior hipótese de estilo
musical que possa acontecer. Uma festa “rave”, cujas músicas praticamente usam sinais senoidais puros
por vários segundos, e sempre tudo em volumes altíssimos, precisa considerar seu consumo típico em
100%. Já um DJ, que executa nas festas som de rock de alta compressão (músicas de CD´s quase sempre
sofrem alta compressão), precisam considerar um consumo típico de 40%.
Já para uma igreja, onde se alterna momentos de pregação e de música, o sistema deve ser dimensionado
para atender à pior hipótese, que é a de música. Qual tipo de música? Cada igreja é um caso, mas não podemos
descartar que às vezes um hino é em estilo de rock mesmo. E é bom lembrar que de vez em quando há uma
microfonia, um cabo ruim gerando estalos, etc. Por mais que isso seja indesejado, temos que levar em
consideração todos esses fatores.
No documento dos engenheiros, eles propõem um cálculo que envolvem parâmetros complicados, como
Fator de Potência, Eficiência Energética, Consumo em Repouso, etc. Alguns desses fatores têm que ser
solicitados aos fabricantes, já que raramente estão disponíveis nos manuais. Em resumo: o método pode ser
exato, mas muito complicado para a média das igrejas e operadores de som. Já a nossa proposta é trabalhar
diretamente com o valor de consumo típico encontrado.
Assim, com base nesses dados, este autor propõe que o consumo típico de igrejas seja calculado com base
no valor de 50%. Muito provavelmente o valor será exagerado, mas em eletricidade é sempre bom trabalhar
com folga.
Assim, sabendo-se o consumo elétrico máximo, chegamos ao valor de consumo típico simplesmente
dividindo-o por 2 (50%).
Consumo típico do sistema de som da igreja = Consumo elétrico total estimado / 2

E é esse o valor que será levado ao dimensionamento do sistema.


No nosso exemplo, se nossos equipamentos de sonorização tem consumo estimado de 12.000 Watts, metade
disso (50%) é igual a 6.000 Watts! A partir desse valor encontrado (6 KW) é feito o dimensionamento do
sistema elétrico do local. Dimensionar o sistema elétrico envolve três coisas: fios de energia, disjuntores e
sistema de fornecimento de energia (no-break/gerador).
Para nosso sistema de exemplo, ligado em 127V monofásico (uma fase – o positivo, e um neutro – o
negativo), teremos então:
a) disjuntor de 50A, pois 50A x 127V = 6.350 Watts
Na verdade, poderá até haver um disjuntor central de 50A, mas o mais comum é dividir esta capacidade em
vários circuitos (um conjunto de disjuntor mais as tomadas a eles ligadas formam um circuito). No caso do
Anfiteatro, temos dois disjuntores de 20A para atender aos amplificadores mais um disjuntor de 10A para
atender à mesa de som e periféricos. Isso é interessante, pois se um disjuntor dos amplificadores desligar, o
som não some completamente, por exemplo.
b) para o cálculo dos cabos, os engenheiros Ruy e Rosalfonso consideram que um cabo flexível transporta
aproximadamente 5A para cada 1 mm² de bitola*. Então serão necessários cabos de energia de 10mm² de
bitola. (10mm² x 5A = 50A), um para a fase e outro para o neutro. E 50A x 127V = 6.350 Watts.
*Quanto aos cabos, o cálculo exato do dimensionamento deles é bastante complicado. Envolve o tipo do fio
(flexível ou rígido), a bitola, o comprimento, se é fio único ou se é paralelo (como nos cabos PP), o tipo de
calha/canaleta por onde passa, o local onde está instalado (se próximo a locais com altas temperaturas), a
temperatura ambiente e até mesmo a quantidade de emendas. A estimativa de 5A para cada 1mm² é
extremamente “conservadora” (existem fios de 1mm² que chegam a transportar 18A em determinadas
condições), mas refletem exatamente a realidade da “pior hipótese”, tão comum em sonorização: cabos
flexíveis e paralelos, de grande comprimento, mal-emendados, diretamente sob o sol, etc.
Da mesma forma que no caso dos disjuntores, poderá haver fios principais de 10mm² (ligados ao disjuntor
principal) e depois divide-se esses fios em outros mais finos, mais práticos para trabalhar. No caso do
Anfiteatro, os disjuntores dos amplificadores são ligados com fio 4mm² e o disjuntor da mesa de som e
periféricos é ligado com fio 2,5mm².
c) No caso de haver sistema de fornecimento ininterrupto de energia, precisaremos de um no-break ou
gerador de 6KWatts úteis. Todo no-break/gerador tem capacidade especificada em Volts x Amperes (VA,
ou mais comum ainda, KVA), mas é obrigatório levar em conta o seu Fator de Potência e o tipo de carga, o
que nem sempre vem especificado de maneira clara. Um no-break de 8KVA, por exemplo, consegue
alimentar 6KW de cargas resistivas ou apenas 5KW de cargas indutivas. Sempre consulte o fabricante do
equipamento, pois o assunto é complicado mesmo.
Falaremos mais sobre no-breaks e geradores adiante.
Nosso sistema de exemplo também pode ser ligado em 220V (muitos sistemas de sonorização de grande
porte são 220V, adiante veremos porque), teremos então:
a) disjuntor bipolar (2 pólos, 2 fases) de 30A*, pois 30A x 220V = 6.600 Watts
*Nota: não usamos disjuntor bipolar de 25A porque 25A x 220V = 5500 Watts, valor abaixo do mínimo.
Da mesma forma que antes, esse disjuntor principal poderá ser dividido em diversos circuitos.
b) os cabos continuam transportando 5A para cada 1 mm² de bitola, independente de ser em 110V ou 220V.
Só que instalações de 220V são compostas de duas fases mais neutro. Como são duas fases, poderemos usar
2 fios de 5mm². Entretanto, esse valor não é comercial, então devemos usar cabos imediatamente superiores,
de 6mm². O neutro, por sua vez, já que é único, continuará sendo de 10mm².
Também esses cabos de maior bitola serão divididos em circuitos menores, com cabos de menor bitola.
c) No caso de haver sistema de fornecimento ininterrupto de energia, continuaremos a precisar de um no-
break ou gerador de 6KWatts úteis. A potência do sistema permanece constante, não importa se 50A x 127V
ou 30A x 220V.
Lembrando que esse documento é apresentado de forma bem simples, para que os operadores de áudio
tenham noção de como as instalações são feitas e dimensionadas. Existem inúmeras normas, regras e tabelas
que devem ser observadas. Consulte um engenheiro ou um eletrotécnico sempre!
E pronto, está feito o dimensionamento do sistema elétrico. São os valores mínimos adequados para que não
aconteçam problemas no sistema elétrico. É possível usar mais que isso (cabos e disjuntores maiores, por
exemplo), nunca menos. Qualquer coisa menor que o especificado traz o risco do sistema sobrecarregar
(disjuntor desarmar, no-break desligar) no meio do evento, isso na melhor das hipóteses. A pior hipótese é
um incêndio.
Se no mercado não encontrarmos um determinado valor de disjuntor ou de cabo, por exemplo, deve-se
sempre comprar um valor acima, nunca abaixo. Por exemplo, se não existisse fios de 10mm², apenas 8mm²
ou 12mm², a nossa escolha deve ser o fio de 12mm², nunca o de 8mm². E o disjuntor deve ser adequado aos
cabos instalados.
Aliás, é bom comentar que disjuntores são feitos para proteger as instalações elétricas (os fios) e não os
equipamentos. Com a passagem de corrente elétrica, os cabos ficam aquecidos, e superaquecimento (passar
mais corrente elétrica que o adequado) pode levar à destruição do isolante (a borracha isolante se desfaz) e
os cabos entram em curto-circuito, com um seríssimo risco de incêndio. Os disjuntores nunca devem ter mais
capacidade de corrente (Amperes) que os fios a ele ligados. A proteção dos equipamentos é sempre
individual, em geral através de fusíveis.
Um pouco de prática…
O objetivo de mostrar como o dimensionamento do sistema é feito, como mostrado acima, não é para que o
operador de som faça o projeto elétrico da igreja ou do local onde o sistema será instalado (ginásio, quadra,
praça, salão, etc). O objetivo na verdade é que, tendo que montar um sistema de sonorização em algum lugar,
o operador possa ANTES conferir o estado e o dimensionamento da parte elétrica do local.
Muitas igrejas têm instalações elétricas semelhantes às residenciais. Se o instalador seguiu a norma ABNT,
toda a instalação é feita em fio único (não paralelo), rígido, sem emendas, de pelo menos 1,5mm², ligado a
um conector de tomada que suporta, no mínimo, 10A em 120V, e a um disjuntor de 10A de capacidade
mínima. Nessas condições, temos 1200 Watts disponíveis para o nosso sistema de sonorização. Isso se não
houver mais nada instalado no mesmo circuito elétrico (em outra tomada, mas ligado ao mesmo disjuntor).
O problema começa com a economia na construção. O eletricista (não engenheiro nem eletrotécnico) fala
que acha o flexível mais fácil e rápido de trabalhar. Então o responsável pela obra compra esse tipo de fio,
pois há prazos a cumprir e a obra já está toda atrasada. Só que, se era para comprar fio de 1,5mm² rígido, ele
compra a mesma bitola, só que flexível, mas desconhece que o fio flexível tem menor capacidade de corrente
que o rígido de mesma bitola.
E na hora de comprar o fio, que deveria ser único, o responsável compra fio paralelo (dois fios juntos, presos
um ao outro), e faz tudo desse tipo de fio, inclusive aproveitando todos os retalhos em emendas mal feitas e
mal isoladas. Na hora de comprar as tomadas, encontra duas com capacidade de 10A, mas a que tem selo do
INMETRO é bem mais cara que a outra, que não tem selo nenhum (e não suporta os 10A que deveria).
E o (ir)responsável pela obra faz isso tudo tranquilo, já que tudo ficará escondido do lado de dentro da
tomada. Ninguém vai notar a diferença entre uma tomada dentro da norma de outra fora da norma. E na hora
que der um problema, o construtor vai estar longe, bem longe dali.
Já que falamos em fios flexivéis e paralelos, vamos falar das extensões elétricas, aquelas que usamos para
“puxar” a energia de uma tomada distante. De nada adianta termos uma tomada toda dentro da norma (1.200
Watts) se usamos encaixado nela uma extensão com fio paralelo flexível de 1 mm², cujo valor de corrente
máxima é de aproximadamente 600 Watts (5A x 120V). E esse é o fio típico de uma extensão de energia
dessas comuns! A capacidade máxima do sistema de energia deixa de ser o da tomada (1.200 Watts) para o
da extensão. Se colocarmos 1200 Watts em uma extensão dessas, ela provavelmente derreterá, poderá
inclusive haver um risco de incêndio, pois o disjuntor não atuará, já que não foi atingido o valor limite de
corrente dele. Eu já vi isso acontecer. Usar extensões, principalmente as finas, é um perigo. Elas são
necessárias, mas precisamos dar muita atenção à elas.
Por essas e outras, as locadoras de equipamentos costumam levar “extensões” grandes (dezenas a centenas
de metros), feitas de cabos bem grossos (6mm², 10mm²), ligadas diretamente no quadro de disjuntores do
local. Como eles fazem eventos cada vez em um local diferente, e não podem atestar a qualidade das
instalações de cada local, eles preferem desprezar as tomadas já existentes do próprio local e usar as suas
próprias, as quais confiam, “puxadas direto da fonte”.

Alguns casos reais envolvendo dimensionamento de instalações elétricas


Certa vez fui fazer um evento em uma cidade do interior do estado. O evento seria para 1.000 pessoas no
ginásio de uma escola (o único ginásio da cidade). Estava levando uma mesa Ciclotron MIX 24 canais, um
amplificador Ciclotron DBK 720 para retorno e dois amplificadores DBK 3000 para PA. Então eu tinha:

Mesa de som: consumo de 100 Watts


Amplificador DBK 720: consumo de 350 Watts
Amplificadores DBK 3000: consumo de 1.200 Watts x 2 = 2.400Watts
Consumo total: 2850 Watts.
Arredondamento (incluindo a folga): 3.000 Watts
Consumo típico (50%): 1.500 Watts.

Do lado de onde estava montando o som havia uma tomada de energia. Estava bem tentadora, exceto pelo
fato de ser uma tomada bem velha, bem velha mesmo. Coloquei o multímetro para testar e tinha 125V,
perfeito. Mas, por aquelas coisas que só Deus faz, tive o cuidado de desmontar a tomada para ver o estado
da fiação interna. Qual a minha surpresa quando o que vi foram fios de telefone, ligando aquelas tomadas.
Fios de telefone não tem sequer 0,5mm², e não são feitos para suportar eletricidade. Instalar os equipamentos
naquela tomada seria certeza de dor de cabeça. A solução foi levar um cabo de 4mm² do som até o quadro
de disjuntores do ginásio.
Mas já houve situações onde não foi possível passar outro fio. Levamos inúmeros equipamentos, mas
descobrimos que a única instalação elétrica disponível só agüentaria 1.200 Watts (disjuntor de 10A), e então
tivemos que sacrificar algumas coisas. Para não sacrificar muito o público, os instrumentistas ficaram sem
seus cubos e pedaleiras, abrimos mão de periféricos e os amplificadores trabalharam com o atenuador em -
3dB. Evidente que houve reclamação, mas a outra hipótese era ficar sem som nenhum no meio do evento.
Os exemplos acima foram em eventos fora da igreja. Mas nas igrejas também acontecem muitos problemas.
Igrejas antigas costumam ter instalações subdimensionadas (20 anos atrás praticamente não havia
computadores, projetores, telões, etc). Foi isso que aconteceu com um amigo meu. A igreja dele foi
reformada, acrescentou-se um anexo, cresceu quase 50% do espaço. Por causa disso, ganhou mais caixas e
mais amplificadores. E a aparelhagem de som também trocou de posição dentro da igreja. Mas no dia da
inauguração do “novo” templo, no segundo hino o disjuntor desarmou, e ele levou um bom tempo para
descobrir o problema. Quando finalmente conseguiu ligar tudo novamente, não demorou muito para o
disjuntor desarmar novamente. E ele, sem noções de eletricidade, não sabia o que fazer. Não sabia que, com
os acréscimos de equipamentos, ele passou a precisar de pelo menos um sistema elétrico preparado para 15A,
enquanto a tomada de energia da onde ele estava situado era de apenas 10A.
O mais interessante foi ele contando a história e comentando “mas no ensaio funcionou tão bom…” e eu
falando “mas era ensaio, igreja vazia, menos volume, menos potência, menos consumo…”
Já fiz inúmeros casamentos, e sempre cheguei bem cedo para montar tudo, passar extensões elétricas para
onde for necessário, testar tudo. E inúmeras vezes vi a mesma cena: o pessoal da filmagem, com seus
poderosos holofotes, chega já próximo ao horário do evento e pedem para usar as nossas extensões, nossas
tomadas. Alguns dos holofotes chegam a ter 500W de consumo constante. Eu nunca deixei, pois sei os
problemas que podem causar, apesar de vários protestos do pessoal da filmagem. Mas já soube muita gente
que passou sérios apertos por deixar a pessoa usar, e simplesmente o sistema elétrico do local não agüentar.
Em geral, o disjuntor desarma, mas houve um caso onde o isolamento da extensão elétrica derreteu, fechou
curto-circuito, o disjuntor velhíssimo não desarmou e houve um princípio de incêndio. Tudo isso dentro da
igreja, no meio de um casamento!
O maior problema que enfrentei, com 8.000 pessoas e nada de som, foi causado exatamente porque não
atentaram para o dimensionamento do sistema elétrico. Havia um no-break, que sempre funcionou para
sustentar os trabalhos de sonorização e projeção de vídeo (projetores também são consumidores vorazes de
energia elétrica). Mas naquele evento em especial, resolveram levar um projetor 3 vezes mais potente (e com
consumo três vezes maior). Em vez de um projetor de 10 Amperes, um de 30 Amperes (faça as contas: são
mais 2000 Watts de carga). O no-break desarmou no primeiro hino que foi cantado, foi religado, desarmou
novamente no segundo hino, foi religado, e no terceiro hino o no-break não agüentou e estourou!
Falar de dimensionamento também importa em responder uma pergunta interessante: 110V ou 220V? Porque
os grandes sistemas de sonorização são todos ligados em 220V? Já demos uma prévia para o assunto, mas
há detalhes que ficam para o próximo artigo.
Eletricidade e Sonorização – Parte 3 –
110V ou 220V?
Já conhecemos uma das Leis de Ohm:

Potência (Watts) = Amperagem x Voltagem

Agora, vamos conhecer o “Efeito Joule”. Toda corrente elétrica passando por meio de um condutor* (o fio),
sofre perdas de energia (na forma de calor). Quanto maior a distância e/ou menor a bitola do fio, maiores as
perdas serão.

* um dos campos de maior pesquisa e investimento no mundo todo são os supercondutores, materiais que
conduzem corrente elétrica com um mínimo de perda.

Em eletricidade, essa é sempre uma questão preocupante. Se usarmos fios finos demais, haverá muita energia
perdida, o fio vai esquentar, e se esquentar demais o isolante de borracha/PVC vai derreter, e se derreter
teremos um belo curto-circuito, e um curto-circuito pode gerar um incêndio. Já fios grandes demais podem
fazer com que desperdicemos grande parcela da corrente elétrica pelo caminho.

Em sonorização, é a mesma coisa. É por isso que uma das regras da sonorização é usar os cabos de bitola o
maior possível, e fios de menor comprimento possível, exatamente para evitar perdas. É por isso que existem
inúmeras tabelas de dimensionamento de cabos de ligação entre amplificadores e caixas acústicas, como as
existentes no documento já citado no artigo anterior. Tudo isso para minimizar perdas.

Mas voltando ao assunto 110V ou 220V, vamos direto à fonte da energia, vamos até uma usina hidrelétrica.
A energia que uso na minha casa é produzida em um usina situada há centenas, milhares de quilômetros de
distância. Como fazer para transportar uma enorme quantidade de energia (uma grande potência, centenas
de KiloWatts ou mesmo alguns MegaWatts) por uma grande distância?
Uma solução seria usar fios de bitola grande. Algo como “alguns metros” de bitola. Infelizmente,
impraticável, não só pelo custo quanto pela dificuldade de manejo de um fio dessa bitola.

Outra solução seria usar metais mais nobres, com menos perdas. Ouro e prata são condutores melhores que
o cobre. Além do custo proibitivo, os ladrões adorariam essa idéia.

Então, a solução é aplicar a lei de Ohm. Para uma mesma potência, quanto maior for a Voltagem, menor será
a corrente elétrica (a Amperagem, a quantidade de elétrons percorrendo o fio). Menos elétrons percorrendo
o fio significa menos chance de um deles esbarrar no núcleo do átomo, menos perdas.

As usinas costumam entregar a sua energia em até 750.000 Volts (isso mesmo, 750 mil Volts, o suficiente
para “vaporizar” qualquer um que encoste nele). Nessas condições, uma corrente de 5A (que pode passar
tranqüilamente por um fio de 1 mm²) significa:

Potência = V x A = 750.000 x 5A = 3.750.000 Watts = 3,75MW

O suficiente para abastecer uma grande cidade.

Essa é a tensão que encontramos naquelas enormes torres de transmissão que vemos ao longo das estradas,
atravessando todo um Estado.
Ao chegar nas cidades, essa enorme quantidade de energia é direcionada para as subestações, onde elas são
reduzidas para “apenas” 13000 Volts por grandes transformadores, e distribuídas por grandes “ramais”, cada
ramal abastecendo uma determinada região da cidade (bairros). Essa é energia que podemos encontrar nos
fios mais altos de um poste, em geral os fios que ficam na horizontal. A tensão continua alta para a corrente
elétrica ser levada por quilômetros de fios dentro das cidades.

Essa energia, em 13 KVolts, alimenta os transformadores, que estão espalhados por toda a cidade. Estes
transformadores reduzem as tensões para valores mais “normais”, algo como 110V e/ou 220V, e é esta a
energia que utilizamos no nosso dia-a-dia.
Aliás, se pararmos para observar um poste, veremos que é assim. Na maioria dos casos, veremos uma linha
de alta tensão com três cabos elétricos, na parte superior, na horizontal. São as chamadas fases R, S e T. A
tensão entre uma fase e outra 13kV. Esse circuito não possui neutro, pois o tipo de ligação é chamado “Delta”.
Mais a frente entenderemos essas ligações através de ilustrações.

Já mais embaixo no poste, veremos quatro cabos paralelos na vertical. Geralmente de cima para baixo, é o
Neutro, Fase 1, Fase 2 e Fase 3. A tensão entre uma fase e outra é geralmente de 220V, e a tensão entre fase
e neutro é 127V. Só que esses valores podem variar de acordo com a cidade e a concessionária. A figura do
“Neutro” existe pois este circuito está na configuração “Estrela”.

Porque a tensão entre uma fase e outra fase não seria 254V (o dobro de 127V)? Ou porque a tensão fase-
neutro não seria 110V (metade de 220V)?

Falamos nas configurações “Delta” e “Estrela”? É essa configuração que vai determinar esses níveis de
tensão. Observe a ilustração abaixo:

No circuito em vermelho temos a ligação da parte primária do transformador, que recebe os 13.000V das
fases de alta tensão. O circuito azul é a parte secundária, que nos disponibiliza tensão de 127V e 220V. Estes
valores são assim pois existe uma fórmula que diz que as tensões de linha (por exemplo, se você medir entre
F1 e F3) será igual a tensão de fase (por exemplo, entre F2 e o Neutro) vezes a raiz quadrada de 3 (que é
aprox. 1,73). Experimente: multiplique 127 por 1,73 e teremos os 220V, ou divida 220 por 1,73 e teremos
127V.
Mas, e 110V? Esta tensão existe quanto você tem uma bobina e dela tira um circuito (um cabo elétrico)
exatamente do meio dela. Existem transformadores onde entram dois cabos elétricos e saem três. O esquema
elétrico básico é este:

Finalmente, chegamos às tomadas elétricas da nossa casa ou igreja, onde vamos ligar os nossos
equipamentos. Mas porque falamos 110V e 220V se o que encontramos nas tomadas é 127V e 230V? Ou
ainda 115V e 208V? Ou mesmo 120V e 240V?

Na verdade, tudo depende das tensões utilizadas em todo esse trajeto e do tipo de transformadores instalados
nas ruas pelas concessionárias. Podemos encontrar um dos seguintes conjuntos de tensão:

110V / 220V; 115V/ 230V; 120V/240V; 120V / 208V; 127V/ 220V.

A escolha do tipo de tensão depende da vontade da concessionária, da distância da usina hidrelétrica, da


tensão utilizada na rede de distribuição, vários fatores. A concessionária do meu Estado, por exemplo,
padronizou tensão 127V/220V Ou seja, em todo o meu Estado, espera-se encontrar em qualquer tomada de
energia as voltagens 127V e/ou 220V. Em outros Estados, outras concessionárias, os padrões podem ser
outros. O Estado de São Paulo, que tem várias concessionárias de energia, pode apresentar padrões diferentes
entre municípios.
Além disso, a voltagem encontrada em uma tomada varia de acordo com distância do local em relação ao
transformador da rede elétrica. A tensão nominal da minha cidade, por exemplo, é de 127V, mas a própria
concessionária informa que poderá variar de 133V (muito próximo ao transformador) a até 116V (muito
longe do transformador). A tensão cai a uma taxa de 1V a cada 50m, aproximadamente, de distância. A carga
instalada (quantidade de equipamentos elétricos) na região também influencia no valor da tensão.

Nas cidades, as concessionárias colocam transformadores a cada espaço de algumas centenas de metros, de
forma que a tensão não caia muito além da tensão nominal. Mas na zona rural ou em cidades menores a
situação pode ser bem complicada. Não raro, os 220V viram 190V, 180V…

Note que não há problemas em encontrar 110V, 115V, 120V ou 127V, assim como não há problemas em
encontrar 208V ou 240V. Praticamente todos os equipamentos do mundo são fabricados para suportar essa
faixa de voltagens, de 110V a 127V e/ou de 208V a 240V. Na verdade, o mais comum é que eles vão além
disso, suportando por exemplo de 105V a 132V, de 200V a 250V. Alguns fabricantes chegam a fazer fontes
que suportam trabalhar com qualquer tensão entre 90V e 250V.

Aliás, é bom citar a diferença do 110V “e” 220V para o 110V “ou” 220V. Quando um fabricante globalizado
(que vende para o mundo inteiro) produz um aparelho, ele adequa a alimentação para a energia que
encontrará no local onde o produto pretende ser comercializado. Por exemplo, existem equipamentos que
aceitam uma única tensão. Aqui no Brasil, vemos às vezes os Behringer que são apenas 220V, feitos para o
mercado europeu, onde 220V é a tensão mais comum. Já os equipamentos comprados por aqui mesmo em
geral são 110V, que é a tensão mais comum em todo o país. Mas a maioria dos equipamentos possui uma
chave seletora de tensão de trabalho, 110V ou 220V. São os chamados aparelhos bivolts. É sempre bom
conferir as tensões de trabalho ANTES de comprar, para não ter uma “infeliz surpresa” depois.

E também é bom deixar um alerta: bons projetos suportam melhor grandes variações de voltagens. Maus
projetos suportam menos variações. Por exemplo, existem amplificadores áudio que não funcionam quando
a tensão cai abaixo de 205V, enquanto outros de melhor projeto costumam agüentar trabalhar com até 185V.
Evidente que isso trará conseqüências (isso influenciará na potência deles), mas pelo menos eles não
desarmam e ficamos sem som.

As construções (casas, lojas, prédios) podem ser monofásicas, bifásicas ou trifásicas. Mono (1), bi (2) e tri
(3) se referem à quantidade de fases (fios positivos – os que dão choque) que chegam à construção (e sempre
um único fio neutro – o negativo). A maioria das residências e comércios são bifásicos, enquanto as indústrias
geralmente são trifásicas, mas isso depende da carga e do tipo de equipamento instalado, e pode ser solicitado
à concessionária converter um sistema para outro. Já sistemas monofásicos são mais comuns em residências
muito antigas, casas de baixa renda ou na zona rural.

Qualquer local que seja bifásico ou trifásico 127V (ou 110V ou 115V ou 120V) pode também ter tomadas
220V (ou 208V ou 230V ou 240V). Isso porque os aparelhos 220V podem funcionar em duas configurações:
Ou funcionam com Fase (220V), Neutro e Terra (F, N, T), como o encontrado nas cidades cuja tensão
nominal é 220V, ou com F (127V), F (127V) , Terra (duas fases e o neutro/terra), nas cidades onde a tensão
nominal é 110V. A figura acima mostra exatamente estas duas ligações.

É muito comum, em locais onde eventos que precisam de sonorização são constantes, encontrarmos tomadas
padrão 110V e outras padrão 220V. Há um motivo para isso, pois muitos sistemas de sonorização,
principalmente os de altas potências, só funcionam em 220V.

Aqui, cabe mais um alerta. Um aparelho com tensão ajustada para 220V, quando ligado em 110V, “parece”
funcionar, mas terá desempenho insuficiente. Já um aparelho ajustado em 110V, quando ligado em 220V,
costuma soltar faíscas e fumaça, e depois o dono vai gastar um bom dinheiro no conserto. Ligações mistas
(onde existem tomadas 110V e 220V) precisam ser sempre identificadas, muito bem identificadas (cada
tomada acompanhada de uma placa indicativa da tensão), para evitar esse tipo de problema. Na dúvida, teste
com o multímetro ANTES de conectar os aparelhos.

A maioria dos equipamentos de áudio, como mesas, consoles e periféricos, trabalham tanto com 110V ou
220V. Os amplificadores de baixa potência também, mas à medida que a potência (e o consumo elétrico)
sobe, os amplificadores bivolts começam a ficar raros e só encontramos aparelhos 220V.

Grandes sistemas de sonorização geralmente tem amplificadores ligados em 220V, de forma a minimizar os
gastos com cabos, disjuntores. Como já vimos, subindo a voltagem, estamos reduzindo a corrente elétrica, e
os fios poderão ser mais finos, as tubulações menos grossas, etc.

Vamos agora voltar ao nosso exemplo, do nosso sistema de sonorização que precisa de um disjuntor de 50A
e cabos de 10mm² (10mm² na fase e 10mm² no neutro). Isso para ligação em 110V. Para ligação em 220V,
ou seja, onde temos duas fases, vamos utilizar cabos de 6mm² em cada uma das fases. Cabos menores, mais
baratos, mais fáceis de manejar.
Para uma locadora de equipamentos de som, que carrega seus equipamentos de um lado a outro, imagine
além do custo do cabo de AC de 10mm², também o peso (muito maior) e a dificuldade para trabalhar com o
cabo (manobrar, enrolar, etc), sempre muito mais difícil que cabos de 6mm². Os profissionais preferem
trabalhar com 220V.

Por isso tudo, e também pensando em reduzir os fios internos e simplificar os seus equipamentos, os
amplificadores de alta potência acabam sendo fabricados apenas em 220V.

Sistemas em 220V só não são bons para quem toma choque! O choque é muito mais forte, causa mais danos
à saúde. Para evitar isso, as locadoras fazem assim: eles montam todo o sistema de som primeiro (todo
mesmo) e só por último, depois que tudo já está conectado e conferido, é que conectam os seus fios à rede
elétrica. O AC é sempre o último a entrar em funcionamento, exatamente para evitar riscos de choques
durante a montagem.

Para igrejas pequenas, onde as potências envolvidas não são grandes, talvez 110V – que é o mais comum de
encontrar – seja o mais prático. Para grandes eventos, potências grandes, 220V traz vantagens. O mais
importante é atentar para tal informação antes de se adquirir aparelhos, para evitar problemas depois. E
também prestar atenção antes de ligar o aparelho na tomada. Aferir a voltagem antes é uma prática sempre
bem-vinda.
Eletricidade e Sonorização – Parte 4 –
Ruídos, estalos, induções…
Em um workshop que assisti, o palestrante contou uma história muito interessante. A igreja comprou um
sistema de som grande e caro. Tudo novo, testes 100%, mas na hora do uso, acontecia um problema sério:
às vezes aparecia um barulho: hhhuuummm hhhuummm hhhuuumm. O pior é que o barulho era
completamente inconstante. Às vezes um hhhuuummm e demorava para haver outros, às vezes eram vários
seguidos, às vezes nenhum problema. A igreja quis devolver tudo, e o lojista pediu para o palestrante ir
verificar. Ele assistiu ao culto e notou a existência do ruído. No outro dia, no mesmo horário, em vez de
assistir o culto ele foi circular pela igreja. Bem atrás da parede onde ficam os equipamentos de som, havia a
secretaria da igreja, e uma máquina de xerox. Alguém, precisando de uma tomada para a xerox, foi do outro
lado, no som, fez um buraco na parede (solução extremamente prática, só precisa de uma furadeira) e
“puxou” uma das tomadas do som para a copiadora. E toda vez que alguém pedia para tirar cópia…
hhhuuummm.

Eu peguei um problema parecido, com uma geladeira bem velha (alguém se lembra da marca Frigidaire?).
Toda vez que o motor da geladeira armava (e nesse instante ele consome muita corrente, o que em geral
causa queda de tensão), o amplificador da igreja “resetava” (desligava e armava novamente). O som não
chegava a sumir, mas distorcia e voltava. A igreja trocou de equipamentos várias vezes sem sucesso,
continuou com o problema, que ninguém conseguia identificar, até o dia em que a geladeira deu defeito e a
levaram para o conserto, e alguém associou que, nos 15 dias que ela ficou longe, os amplificadores
funcionaram perfeitamente bem.

Na minha denominação, as igrejas costumam ter vários ventiladores. Pode ir em qualquer templo e conferir:
quando se liga o ventilador, dá um estalo no som. Nunca vi uma que não tivesse, exceto na minha (onde eu
mesmo convenci $$ um eletricista a fazer algumas alterações).

Todos os problemas relatados acima são causados por uma coisa só: existem equipamentos que “sujam”,
“contaminam” a rede elétrica local, e essa “sujeira” vai parar nos equipamentos de áudio e, por fim, nos
nossos ouvidos. Qualquer motor (geladeira, copiadora, ventiladores, ar-condicionados, liquidificadores, etc),
qualquer reator (lâmpadas), até outros aparelhos eletrônicos têm a incrível capacidade de introduzir induções
(ruídos) na rede elétrica.

Solução? O ideal seria que os equipamentos de sonorização tivessem uma fase (um dos fios positivos que
entram na construção. Em geral são 2 – sistema bifásico ou três – sistema trifásico) exclusiva para eles, sem
mais nada misturado, e assim sem nenhuma “sujeira”. Seria como se o fio continuasse direto do poste para
os equipamentos de áudio. Na minha igreja, quando eu pedi para o eletricista identificar os ventiladores e as
lâmpadas e tirá-las da fase dos equipamentos de som (110V), resolveu na hora! Não mais acontecem estalos
quando alguém liga qualquer um dos ventiladores, nem fica o barulho de hhhuummm típico dos reatores de
lâmpadas. Uma das fases da minha igreja agora é exclusiva do som, e as outras (minha igreja é trifásica)
atendem a todo o restante (ventiladores, iluminação, geladeira, bebedouro e ar-condicionado, computador,
projetor, etc).

Mas minha igreja é trifásica, o que facilita muito a esse tipo de trabalho. Para igrejas bifásicas, que é o caso
mais comum, é complicado fazer o mesmo. Não dá para pendurar todos os outros equipamentos em uma
única fase por causa de uma coisa chamada “balanceamento de carga*”, e as conseqüências que isso trás.
Por exemplo, o relógio contador de energia registra sempre o consumo da maior fase – colocar tudo em uma
única fase vai aumentar a conta de energia. Até é possível solicitar uma ligação trifásica, mas isso depende
de um engenheiro elétrico, fazer um novo projeto elétrico, novos gastos…

*As cargas existentes (os aparelhos elétricos) de um local devem sempre ser divididos pelas fases, de maneira
“equilibrada” (potências parecidas). Uma residência com dois chuveiros elétricos, por exemplo, deve ter
cada um ligado a uma fase diferente. Isso porque o chuveiro consume muita energia (aproximadamente 4.000
Watts), e colocar os dois chuveiros na mesma fase poderá sobrecarregá-la (a fiação precisaria estar
dimensionada para aguentar 8.000 Watts). Esse estudo é sempre feito na fase de projeto de uma construção.

Assim, o cenário ideal de ter uma fase apenas para os equipamentos de som é algo realmente difícil de ser
conseguido na prática. Mas há algumas coisas a fazer, que podem minimizar os problemas de ruídos e
sujeiras.

a) tenha um disjuntor exclusivo para os equipamentos de áudio. Não deixe no mesmo “circuito elétrico” (o
conjunto de tomadas atendidas por aquele disjuntor) outros equipamentos que não os de áudio.

b) no balanceamento de carga, tente deixar os equipamentos de áudio junto com outros equipamentos
eletrônicos (que costumam gerar pouca ou nenhuma sujeira) e com tomadas que raramente serão utilizadas.

c) iluminação* pode ficar junto com a sonorização**. Reatores de lâmpadas fluorescentes costumam gerar
ruído na faixa de 60Hz (o famoso “hum”) e seus harmônicos (125Hz, 250Hz). A grande vantagem é que as
lâmpadas são ligadas antes do início do evento, e permanecem ligadas todo o tempo, ou seja, o ruído é
constante, e podemos atenuá-lo com o uso de equalizadores.

*iluminação “normal”, lâmpadas comuns, por exemplo. Holofotes, spots, canhões de luz e outros similares
tem consumo muito alto, e não devem ficar ligados junto com o som. Mais uma vez, consulte um engenheiro
elétrico ou eletrotécnico!

** entre iluminação e motores elétricos para deixar junto com o som, prefira a iluminação.

d) tente colocar equipamentos como motores (liquidificadores, geladeiras, ventiladores, ar-condicionados,


elevadores, etc) em outra fase, que não a do som. Além deles também gerarem ruído de “hum”, eles causam
estalos quando ligados. Cada equipamento gera “estalos” em uma freqüência diferente (por exemplo, a
geladeira em 2KHz, o ventilador em 1KHz e o ar-condicionado em 500Hz), e não há equalizador que dê
jeito, além do fato dos motores armarem e desarmarem várias vezes durante o culto (geladeira, ar-
condicionado). Motores também causam variações na voltagem, sempre prejudiciais aos aparelhos – os
chamados “surtos de tensão”.

d) tenha aterramento. Equipamentos com possibilidade de aterramento deveriam ser obrigatoriamente


ligados com fio terra – e isso inclui a maioria dos equipamentos de áudio. Os ruídos sempre “procuram” o
aterramento, são “drenados” por eles. Falaremos de aterramento mais adiante, em um artigo próprio.

Todas essas são medidas simples, exigem muitas vezes apenas mudanças no quadro de disjuntores, que um
eletricista pode fazer a um custo mínimo. Para quem não tem condições de fazer isso na sua igreja, um
paliativo (não resolve, mas minimiza) para o problema de induções são os filtros. Existe toda uma gama de
filtros que podem ser utilizados, de simples filtros de linha a estabilizadores, passando pelos filtros de linha
profissionais e pelos no-breaks. Mas é assunto para o próximo artigo.
Eletricidade e Sonorização – Parte 5 – Filtragem,
Estabilização e Suprimento alternativo de energia
Já vimos que a energia elétrica que utilizamos pode estar contaminada com “sujeiras” diversas, sendo estas
sempre prejudiciais ao funcionamento dos equipamentos eletrônicos, entre eles os equipamentos de áudio.
Mas existem equipamentos que podem minimizar ou mesmo eliminar esses problemas, e será o nosso objeto
de estudo neste artigo.

O primeiro passo, agora, é entender os tipos de sujeira que afetam a rede elétrica. Em uma rede elétrica
perfeita, a energia chega até o aparelho na forma de uma onda do tipo senóide:

Só que, infelizmente, não vivemos em um mundo perfeito:

Os problemas que podem ocorrer são:


1) Alterações de freqüência. A freqüência padrão de funcionamento da rede elétrica no Brasil é de 60Hz (e
os equipamentos são preparados para trabalhar assim). Esta freqüência pode sofrer alterações, apesar de ser
bem raro. Em geral, acontece em locais alimentados por geradores a diesel ou gasolina, sendo provocada por
aumentos do consumo elétrico e o tempo de resposta do gerador insuficiente para atender essa variação. Uma
grande alteração na freqüência pode causar desde mal-funcionamento até sobreaquecimento, com possível
queima do aparelho

2) Ruído de Linhas (Noise). Causada por interferências eletromagnéticas introduzidas na rede elétrica pelo
funcionamento de motores (ar-condicionados, geladeiras, ventiladores, etc). Podem causar mal-
funcionamento nos aparelhos. O tipo mais facilmente observado são os “chuviscos” na imagem da televisão
causados pelos liquidificadores, em uma residência.

3) Brownout. É causado por uma drástica redução da tensão da rede elétrica, impedindo o funcionamento
dos aparelhos. Em geral, é causado por problemas na rede elétrica da concessionária, ou rede elétrica
sobrecarregada (por exemplo, quando ocorre interrupção em uma das fases de uma rede elétrica 220V
bifásica – 127V + 127V).

4) Apagão (black-out). Interrupção total do fornecimento de energia. Pode ser causado por vários fatores,
como sobrecarga elétrica (com conseqüente acionamento de dispositivos de proteção – disjuntores),
problemas na concessionária, queda de postes, etc. O resultado é a incapacidade do aparelho funcionar.

5) Sobretensão de rede. Situação onde a tensão da rede elétrica excede o seu valor normal em até 100%,
com duração que pode chegar a alguns segundos. Causado por grande variação de carga sobre um sistema
elétrico subdimensionado. Pode provocar desde mal-funcionamento a até queima de equipamentos.

6) Surtos de tensão. Também conhecidos como transientes ou spikes, é caracterizado por um drástico
aumento da tensão instantânea da rede (em alguns casos, até 1000% a mais). Normalmente causado por raios
(que não precisam sequer atingir diretamente a rede elétrica, basta caírem próximos a ela) ou transformadores
que explodem. A conseqüência normal é a queima dos equipamentos.

7) Distorção Harmônica. Alteração na forma de onda da rede elétrica. Pode ter inúmeras causas, entre elas
transformadores ou geradores defeituosos, presença de motores na rede, etc. Podem causar mal
funcionamento em alguns tipos de aparelhos.

8) Subtensão de rede. Situação onde a tensão da rede elétrica cai abaixo do seu valor normal, com duração
que pode chegar a alguns segundos. Pode ocorrer pelo acionamento de um equipamento elétrico de consumo
muito alto. Em geral causam poucos danos aos aparelhos, mas causam mal-funcionamento (perda de
rendimento) dos mesmos. O tipo mais facilmente observado são as lâmpadas incandescentes, que diminuem
de brilho quando a geladeira da casa é ligada.
9) Afundamento de tensão. Caracteriza-se pela diminuição momentânea do valor eficaz da tensão elétrica.
Causado por curtos-circuitos na rede ou acionamento/desligamento de equipamentos que demandam grande
consumo. Causam mal-funcionamento de equipamentos.

Mesmo que um equipamento não aparente ter sofrido danos imediatos com a ocorrência de algum destes
problemas, seus efeitos cumulativos podem reduzir a vida útil do equipamento.

Fazendo agora uma analogia, em que cada problema desses é uma doença, cada doença vai exigir um tipo
de remédio diferente. Para combater estas doenças, existem 3 tipos de remédios: os filtros de linha, os
estabilizadores e os no-breaks/geradores. Vamos estudá-los.

FILTROS DE LINHA

Os filtros nada mais são que componentes eletrônicos (como indutores, capacitores e varistores) que são
instalados no caminho percorrido pela energia elétrica.

Os capacitores (os componentes em azul na figura acima) e os indutores (as duas “rodas”) têm propriedades
de filtragem de freqüência (passa-baixas e passa-altas), eliminando assim possíveis problemas de ruídos que
possam existir. Já os varistores (as peças em amarelo, que estão na vertical) protegem contra surtos de tensão.
Os fusíveis protegem o próprio filtro contra excesso de corrente (consumo máximo maior que o filtro pode
suportar) e contra curto-circuitos. A figura acima, inclusive, é de um projeto de filtro de linha simples mas
eficaz.

No comércio podemos encontrar vários aparelhos chamados de “filtros de linha”, como o da figura abaixo:
Esse aparelho, além de (teoricamente) filtrar ruídos da rede e providenciar proteção contra surtos, ainda tem
a função de extensão de energia e de providenciar múltiplos conectores (este acima transforma uma tomada
em 5). Entretanto, existem inúmeros “filtros” que são apenas extensões, sem função alguma de filtragem,
ainda que vendidos como tais. Veja:

O modelo acima não tem absolutamente nenhum componente de filtragem/proteção, apenas o fusível (que é
proteção para o próprio “filtro”). É mera extensão. Já o modelo abaixo

traz, além do fusível, um único capacitor (à direita, no círculo vermelho). O nível de proteção contra ruído é
mínimo, insuficiente. O outro componente à esquerda é apenas uma resistência para ligação do led indicativo
de aparelho ligado.

Infelizmente, essa é a realidade do nosso mercado. Os chamados “filtros de linha” de baixo custo quase
sempre têm níveis de proteção ou inexistentes ou insuficientes. Mas existem filtros “de verdade”, como este
abaixo:
que tem uma série de componentes para proteção e filtragem, promovendo um nível eficaz de filtragem e
proteção. Só que o custo é bem mais alto. Este custa na faixa de R$ 150,00. Bem diferente dos preços dos
outros "filtros", quase sempre abaixo de R$ 30,00.

Para quem trabalha com áudio, existem alguns filtros de linha profissionais (que realmente filtram e protegem
os aparelhos), construídos de forma a caber em um rack padrão, de 19”. No Brasil, temos os produtos da
Pentacústica (www.pentacustica.com.br) e da Zerotron, ambos de fabricação nacional, e os seguintes
produtos importados: Fuman (de longe o mais famoso, com inúmeros modelos), RackRider (produzidos
também pela Furman) e Samson Powerbrite, além de outras marcas.

Uma grande vantagem desses aparelhos é que possuem filtros específicos para a atenuação de ruídos nas
faixas audíveis, atuando melhor que modelos projetados para outros usos (Informática, por exemplo).

Os preços variam de R$ 300,00 (modelos mais simples) a até próximo de R$ 1.000,00 (Pentacústica PC-
8000 microprocessado), mas quando pensamos que um possível problema vindo pela rede elétrica pode
danificar milhares de reais em equipamentos é um investimento que vale mais que a pena.

Mas cuidado: da mesma forma que existem “filtros” que não filtram nada, existem “filtros” em formato de
rack que não passam de simples extensões. Alguns tem até monitores de voltagem na frente, mas nenhum
componente de filtragem/proteção. São chamados de “tomadeiros”.

ESTABILIZADORES DE TENSÃO

Os filtros combatem os problemas de ruídos, distorções e surtos elétricos. Entretanto, quando o problema é
de tensão elétrica variando (sobretensão ou subtensão), entram em cena os estabilizadores de tensão. São
aparelhos que conseguem, através de um transformador (por isso são grandes e pesados quando comparados
com os filtros), fazer pequenas correções de voltagem na tensão.
Mas existem aparelhos e aparelhos. Alguns estabilizadores conseguem atuar somente sobre variações de 5%,
enquanto outros conseguem 10% ou mesmo 15%. Os fabricantes chamam isso de “estágios de regulação”.
Quanto mais estágios de regulação um estabilizador tiver, maior a sua capacidade de estabilização.

Por exemplo, se tivermos um estabilizador de tensão nominal de 120V (saída regulada em 120V) e +/-5%
de variação, isso quer dizer que variações de +6V ou -6V (126V a 114V) serão corrigidas para 120V. Se a
tensão cair para 110V, por exemplo, ele conseguirá ajustá-la em +6V, ou seja, para 116V. Já outros modelos
conseguirão ir além, fazendo ajustes de até +/- 12V (10%) ou até +/-18V (15%), por exemplo.

Evidente que, quanto maior a variação suportada, melhor e mais caro será o estabilizador, mas também maior
e mais pesado ele será (pois exigirá um transformador maior). A figura abaixo mostra um transformador.

Um alerta: o uso de um estabilizador não exclui o de um bom filtro de linha. Como já falamos acima, para
cada tipo de doença, um tipo de remédio. Estabilizadores apenas atuam sobre problemas de variação de
tensão de rede elétrica, não atuando nada sobre sujeiras e sobre surtos de tensão.

Aliás, até 2007, os fabricantes de estabilizadores não tinham obrigação de incluir um filtro de linha (apesar
de alguns o fazerem). Entretanto, a partir de 1º de janeiro de 2008, os estabilizadores são obrigados a incluir
filtros de linha por imposição da ABNT (NBR14373). Aliás, a melhor maneira de comprar um estabilizador
é verificando se o produto atende à essa norma e tem selo do INMETRO.

Entretanto, é até raro ver estabilizadores sendo usado em sonorização por alguns motivos. Os
transformadores são grandes e pesados, ao contrário dos filtros de linha (um filtro para rack tem apenas 4,4
cm de altura e peso próximo a 5kg). Por outro lado, a maioria das fontes de equipamentos já é projetada para
suportar variações de tensões, tornando assim o uso de estabilizadores menos essencial que o uso de filtros.
Lembrando que isso depende do projeto do fabricante. Além disso, o uso de no-breaks e geradores em geral
dispensa o uso de estabilizadores.

NO-BREAKS E GERADORES

E quando falta energia (apagão ou brownout) no meio de uma atividade essencial? Para este tipo de problema,
temos os no-breaks e os geradores.

Os no-breaks, por serem dotados de baterias (alguns usam baterias específicas, outros usam baterias
semelhantes às de automóveis), conseguem prover energia por um tempo limitado (a duração da carga da
bateria ou do conjunto de baterias), muitas vezes o suficiente para dar instruções de saída e garantir a
segurança das pessoas em um evento, por exemplo.
Existem alguns tipos de no-breaks, em relação às tecnologias adotadas. Quanto à tecnologia, temos os
seguintes tipos:

- “line interactive”, também chamados de “standy-by”. Nesses, os equipamentos são sempre alimentados
pela rede elétrica comum. O no-break fica monitorando a rede todo o tempo. Ao menor sinal de interrupção
da energia, eles entram em ação, passando a alimentar os equipamentos com a energia de suas baterias.

Esse tipo de no-break é de custo mais baixo, mas traz alguns problemas. Eles não isolam os equipamentos
da rede elétrica, e picos, transientes e outros problemas podem passar por eles, chegando aos aparelhos. Ou
seja, eles até sustentam os equipamentos no caso de falta de energia, mas não fazem estabilização nem
filtragem (ou o fazem de modo muito simples). Alguns até chegam a incorporar filtros de linha (a partir de
1° de janeiro de 2008, todos vão incorporar) e estabilizadores, mas isso depende de fabricante para fabricante.

- “on-line”. Tipo de no-break em que a rede elétrica alimenta as baterias, e são as baterias que alimentam os
equipamentos conectados ao no-break. Em outras palavras, os equipamentos ficam completamente isolados
da rede elétrica, sempre alimentados pela energia da bateria.

Esse tipo de no-break na verdade faz três funções: filtra (a medida que isola os equipamentos da rede elétrica),
estabiliza (na medida que a energia que os equipamentos recebem é sempre regulada e constante) e supre
energia quando houver algum problema de fornecimento. São excelentes, mas muito caros.

Quanto à forma da onda de saída, temos:

- saídas PWM, um tipo de onda quadrada que tenta “imitar” o comportamento de uma onda senoidal (por
isso chamada também de “semi-senoidal”). Adequados para equipamentos com fontes chaveadas (em geral,
informática). Um no-break com saídas PWM costumam inserir bastante ruído audível em equipamentos de
áudio. São mais baratos.

- saída senoidal, onde a onda é idêntica à da concessionária. São mais caros, mas garantem uma energia de
melhor qualidade, sem introdução de ruídos.
A maioria dos no-breaks line-interactive também são PWM, assim como a maioria dos no-breaks on-line são
senoidais. Mas nada impede que haja um no-break line-interactive de onda senoidal, assim como um no-
break on-line PWM.

Pelas características explicadas acima, está claro que os melhores no-breaks para uso com áudio são os
senoidais on-line. Mas ainda assim, é necessário consultar os fabricantes, perguntar se já foram testados com
equipamentos de áudio e se não apresentaram problemas de ruídos na faixa audível. E preparar o bolso, pois
são caros, muito caros.

Além de serem caros, no-break tem capacidade limitada. Em geral, o tempo de duração da sua bateria é de
alguns minutos a poucas horas. Para determinados eventos (cultos, por exemplo), é o tempo suficiente para
encerrar as atividades e encaminhar as pessoas em segurança para a saída.

Entretanto, há eventos que não podem ser interrompidos sob pena de grande risco de segurança ou mesmo
financeiro (um grande show, por exemplo). Por causa disso, em sonorização de grandes eventos é mais
comum contar com grupos geradores, que nada mais são que motores de veículos (caminhões, em geral)
convertidos para produzirem energia elétrica. Eles tem grande autonomia, e além disso podem ser
reabastecidos com gasolina ou diesel sem interrupção do funcionamento. E geradores profissionais (porque,
assim como os outros equipamentos, existem os que não tem bom desempenho), em geral entregam energia
estável e bem limpa, sendo necessário apenas trabalhar com filtros de linha, para evitar os surtos que podem
se formar quando amplificadores de grande potência são ligados/desligados.
Sobre geradores, é importante saber que alguns levam alguns minutos para entrar em funcionamento
e começar a produzir energia de maneira estável. Alguns locais adotam um misto de solução de no-break +
gerador. O no-break fornece energia de modo instantâneo, por alguns minutos, tempo suficiente para o
gerador entrar em operação.

Outro alerta: todos os equipamentos citados aqui (filtros, estabilizadores, no-breaks e geradores) têm tensão
de trabalho (alguns são 110V, outros são 220V e outros são bivolts) e suportam uma amperagem máxima.
Observe isso antes de comprá-los. Não adianta nada comprar um filtro de 110V e 1.000 Watts se os
equipamentos tem consumo de 2.000 Watts e trabalham em 220V.

No caso de geradores e no-breaks, é obrigatório consultar o fabricante, pois são equipamentos que tem um
“fator de potência” bem diferente entre um modelo e outro, e até mesmo potências que variam dependendo
do tipo de aparelhos que serão utilizados. Na dúvida, não deixe de consultar um engenheiro elétrico.

Apresentamos abaixo uma tabela resumo, para melhor entendimento.

Por último, um dos melhores meios de se evitar problemas na rede elétrica não é somente com o uso de
filtros, estabilizadores e no-breaks/geradores. É com o uso de um aterramento bom e eficiente. Mas fica para
o próximo artigo, quando se dará o encerramento desta série.
Eletricidade e Sonorização – Parte 6 –
Aterramento
“Aterramento? Simples demais! Vá em qualquer casa de material elétrico e compra uma barra de cobre, 1,5
metro de comprimento já está bom. Enterre bem no quintal, depois prenda um fio e pronto, tá feito! (…) Ah,
mora em apartamento? Usa o aterramento do pára-raio. (…) Não tem pará-raio no seu prédio? Então quebre
uma viga até encontrar a ferragem, prenda um fio aí e tá resolvido! É muito simples, não tem mistério!”

Essa foi aproximadamente a descrição da minha primeira “aula” sobre aterramento, quando comecei a
trabalhar com informática. Para o “professor”, era tudo muito simples e fácil de fazer. Provavelmente, ele
nunca ouviu falar de terrômetro, potencial zero, aterramento em triângulo ou em estrela, etc. Provavelmente
ele nem sabia direito para que o aterramento serve. Mesmo assim, “dava aula” sobre o assunto.

Todos nós trabalhamos com energia elétrica. Se não houvesse eletricidade, estaríamos de volta ao início do
século XIX, com tudo movido à vapor. Mesmo sendo imprescindível, sabemos, pelos diversos exemplos
diários nos jornais, que eletricidade pode se tornar algo perigoso, com risco de vida! Ainda assim, quase
ninguém se preocupa em estudar um assunto que pode salvar a vida de alguém, ou então evitar muita dor de
cabeça, que é o aterramento. E não é por falta de material de estudo:

E nem por falta de dinheiro para comprar livros. Existem excelentes manuais sobre aterramentos elétricos
gratuitos, como o disponibilizado no no site da Procobre:

http://www.procobre.com/pr/pdf/pdf_pr/03_aterrame.pdf
Ou ainda, basta consultar um engenheiro eletricista ou um eletrotécnico (pessoas com curso técnico em
Eletrotécnica ou superior de Engenharia Elétrica, com registro no CREA)

Mesmo com todos esses recursos, poucos dão tão importância para tal assunto, e quando não ocorrem
somente prejuízos materiais, são vidas humanas ceifadas mesmo.

Para entender a importância do aterramento de uma instalação elétrica, vamos primeiro conhecer e estudar
sua função.

O aterramento tem por função básica interligar um circuito elétrico (um equipamento que use eletricidade
para funcionar) à terra (no sentido propriamente dito; chão, solo, piso), servindo assim como pólo de
referência de potencial zero (tensão = 0V), ajudando no desempenho do aparelho.

Para um circuito elétrico funcionar, deve haver no mínimo um pólo positivo (fase) e um pólo negativo
(neutro). Entretanto, circuitos elétricos complexos (equipamentos eletrônicos, como os usados em
sonorização e informática, entre outros) podem precisar de um terceiro pólo, que é o de referência. Este pólo
de referência (ou referencial) serve como parâmetro para o funcionamento do equipamento, e sem ele o
desempenho do aparelho pode ser prejudicado. Em geral, esse pólo de referência tem que ter potencial zero,
ou seja, zero Volts.

Além dessa função, o aterramento perfaz um caminho alternativo de baixa resistência entre a fase e a terra,
para uso em eventual necessidade e determinadas condições.

Entenderam a linguagem técnica? Talvez seja necessário explicar melhor:

1) Segurança pessoal do usuário

Por norma (recente, infelizmente), todo equipamento com gabinete (caixa, carcaça) metálico tem que ter sua
carcaça aterrada. Isso significa que, se houver um problema de isolação (por exemplo, um fio solto
internamente que encosta na carcaça, energizando-a), essa energia poderá desde danificar o equipamento até
produzir um choque em alguém que encoste na carcaça.

Exemplos muito comuns: alguém que toma choque quando encosta no gabinete do computador, alguém que
toma choque quando vai mexer nos ajustes do chuveiro elétrico (os antigos eram de metal, mas todos os
novos são com carcaça de plástico para evitar esse tipo de problema). Em ambos os casos, se houvesse
aterramento, os usuários não sofreriam com esse problema.

Indo para o áudio, o problema é muito mais sério. As conexões balanceadas, que incluem um condutor (a
malha de terra) que faz o papel de “terra”, são ligadas fisicamente à carcaça dos equipamentos, incluindo
mesas de som. No outro lado, nos microfones, a malha de terra também é ligada à carcaça do microfone. Em
sistemas onde a ligação entre equipamentos é balanceada, ou seja, há sempre uma malha de terra conectada
às carcaças dos equipamentos, interligando-as, basta um único aparelho com “fuga de corrente” (o nome
popular para problema de isolação) para contaminar todo o sistema. E todos os aparelhos interligados ao
sistema – do microfone ao amplificador vão dar choque e/ou poderão sofrer danos!

Alguém pode falar que sempre trabalhou com áudio e nunca viu dar esse tipo de problema. Realmente é raro,
mas quando acontece, em geral vira nota no jornal. Na seção de obituário. Exemplos:

“Um pastor foi eletrocutado dentro de sua igreja, no Texas (EUA) na manhã de domingo, enquanto
fazia um batismo. Ele ajustava um microfone ao mesmo tempo que pisava em água.

O Reverendo Kyle Lake, de 33 anos, estava pisando no batistério quando pegou um microfone, que produziu
um choque elétrico, disse o pastor Ben Dudley, da comunidade da Universidade da Igreja Batista.

A água no batistério normalmente alcança acima da cintura, disse o Byron Weathersbee, capelão temporário
da Universidade Baylor.

Lake foi considerado morto no Centro Médico Batista Hillcrest, disse a supervisora de enfermagem Pat Mahl.
A mulher que estava sendo batizada aparentemente não tinha entrado na água e não estava machucada.

Pastores na Universidade da Igreja Batista freqüentemente usam um microfone durante batismos, disse Jamie
Dudley, esposa de Ben Dudley, e administradora da igreja.

“Ele segurava o microfone para que todos pudessem ouvi-lo. É a única forma de se falar alto o suficiente,”
ela disse.

Cerca de 800 pessoas assistiam à missa, que foi maior do que o normal, pois era final de semana de retorno
para casa na Universidade, disse Dudley. Lake esteve na igreja por nove anos, os últimos sete com pastor.”

Fonte: http://www.overbo.com.br/modules/news/article.php?storyid=40

“Choque mata jovem no palco

O vocalista da banda natalense de trash metal Ravanes, Arinilson Régis de Medeiros, o ‘‘Chapula Davis’’,
de 20 anos, morreu eletrocutado por volta das 5h de domingo enquanto se apresentava no festival de música
Rock in PV, sediado no município de Pedro Velho (distante 86km de Natal). O acidente ocorreu no momento
em que o músico cantava a canção Tormenta, de autoria do Ravanes e que, segundo os próprios integrantes
do grupo, seria a última música tocada durante o evento.

A banda Ravanes subiu ao palco montado no clube Cantinho da Gente, localizado na Rua 12 de Outubro,
pouco depois das 5h. De acordo com a produtora de um banda que acompanhou toda a movimentação (mas
preferiu não se identificar) desde o acidente até a chegada de Chapula Davis ao Hospital-Maternidade de
Pedro Velho, o show do Ravanes durou não mais que 20 minutos. ‘‘Era a quinta ou sexta música. Estava
chovendo e, como já era de manhã, apenas umas 30 pessoas estavam no local’’, conta. Ela lembra ainda que
as últimas palavras ditas pelo músico foram: ‘‘Essa é a nossa música de trabalho que vai estar no nosso CD
que está chegando por aí e ela se chama Tormenta’’

Segundo ela, uma ambulância chegou ao local três minutos após o acidente e levou o músico para o hospital.
Enquanto Chapula Davis era atendido pela equipe médica, os quatro integrantes restantes do Ravanes
choravam apreensivos. A notícia da morte foi dada pela produtora, que a recebeu de um funcionário do
Hospital-Maternidade de Pedro Velho. O corpo do vocalista do Ravanes deixou o município e partiu em
direção a Natal por volta das 7h30. O Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) o liberou pouco mais de
uma hora depois e divulgou como causa da morte o choque elétrico.

Os rockeiros do Ravanes estavam programados para fazerem o penúltimo show do Rock in PV. O grupo
tocaria antes da banda Bigornia, que, por motivo não explicado pelo produtor do evento – de nome Charles
e não localizado pelo Diário de Natal até o fechamento desta edição – se apresentou no lugar do conjunto
liderado por Chapula Davis. Estiveram também tocando no evento DJ Cassiano, Andréa Doria, Zero 8 Quatro
e The Mechanix. A produtora afirmou que a desorganização do festival de música realizado em Pedro Velho
foi notada pelos participantes do Rock in PV antes mesmo de os músicos tomarem o ônibus que levariam
estes de Natal ao município-sede do evento.

Segundo ela, a produção pagou apenas R$ 600 dos R$ 1 mil exigido pela empresa contratada para transportar
os músicos e os equipamentos até Pedro Velho. Como solução, ela explicou que os próprios músicos
juntaram R$ 400 e pagaram o transporte. ‘‘A morte é absurda. A estrutura do palco era tão precária que a
pessoa que trabalhava para a produção do evento testou o microfone enrolando-o com uma flanela, com
medo de levar um choque. O show sequer dispunha de um mesário de som’’, conclui.”

Fonte: http://diariodenatal.dnonline.com.br/site/materia.php?idsec=2&idmat=148248

Em ambos os casos, a causa da morte foi uma só: problema de fuga de corrente em algum dos aparelhos
(como já vimos, nem precisa ser na mesa de som) e falta de aterramento. Os seus microfones (não cita, mas
eram modelos com fio*) estavam energizados. Ao encostar neles e ao mesmo tempo terem contato com o
solo…

* Nota: microfones sem fio são imunes a esse problema pelo fato de não haver contato físico (fio) entre o
transmissor e o receptor.

Só por essa função, o aterramento já deveria ser considerado essencial e obrigatório. Aliás, já é:

“LEI Nº 11.337, DE 26 DE JULHO DE 2006.

Determina a obrigatoriedade de as edificações possuírem sistema de aterramento e instalações elétricas


compatíveis com a utilização de condutor-terra de proteção, bem como torna obrigatória a existência de
condutor-terra de proteção nos aparelhos elétricos que especifica.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:

Art. 1º As edificações cuja construção se inicie a partir da vigência desta Lei deverão obrigatoriamente
possuir sistema de aterramento e instalações elétricas compatíveis com a utilização do condutor-terra de
proteção, bem como tomadas com o terceiro contato correspondente.

Art. 2º Os aparelhos elétricos com carcaça metálica e aqueles sensíveis a variações bruscas de tensão,
produzidos ou comercializados no País, deverão, obrigatoriamente, dispor de condutor-terra de proteção e
do respectivo adaptador macho tripolar.

Parágrafo único. O disposto neste artigo entra em vigor quinze meses após a publicação desta Lei.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publicação.

Brasília, 26 de julho de 2006; 185º da Independência e 118º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Luiz Fernando Furlan

Márcio Fortes de Almeida”

Infelizmente, a lei, de 2006 chegou tarde para alguns.

2) Proteção contra descargas atmosféricas.

É o caso do pára-raio. Se um raio cair em um local protegido por pára-raio, este conduzirá toda a energia do
raio até a terra, dissipando-a.

3) Proteção contra transientes de energia

Em artigo anterior, já estudamos que motores elétricos e outros equipamentos de grande consumo podem
provocar oscilações de tensão, causando desde mal-funcionamento a até queima de aparelhos. Inclusive
alguns problemas podem gerar ruídos e induções audíveis, em um sistema de sonorização. Curtos-circuitos
também podem provocar variações de tensão. O aterramento ajuda a drenar essas variações de tensão (em
especial as sobretensões), de maneira a proteger o equipamento e inclusive minimizar ou mesmo eliminar
problemas de ruídos.

4) Proteção contra eletricidade estática

Cargas elétricas estáticas, que se formam naturalmente pela abrasão entre alguns tipos de materiais em geral
não tem capacidade para ferir ninguém (mas percebe-se o choque), mas podem ser “fatais” para circuitos
eletrônicos delicados. O aterramento drena também a energia estática, não deixando ela se acumular,
protegendo assim os equipamentos.

5) Proteção contra interferências de rádio-freqüência

Na atmosfera, temos sempre presentes ondas de rádio-freqüência, originadas nos aparelhos celulares, torres
de transmissão de televisão, rádios de comunicação, rádios FM e AM, etc. Esses sinais de RF (Rádio-
Freqüência) são absorvidos pela carcaça metálica dos equipamentos ou pelos cabos (cabos de grande
comprimento funcionam como verdadeiras antenas, por isso devem ser evitados), e não tem um destino certo
quando não são aterrados. Neste caso, esses sinais são absorvidos e inseridos ao sinal da mesa de som ou
outros equipamentos, gerando ruídos indesejáveis nas caixas. O aterramento serve como uma forma de
escoamento destes sinais que são absorvidos por partes metálicas, os enviando para a terra (e não para os
alto-falantes).

6) Ponto de referência elétrica de tensão nula (= 0V)

Como já falamos acima, muitos aparelhos eletrônicos (ou seja, todos os de informática e de áudio) precisam
de uma referência para atingirem o melhor funcionamento. Sobre este assunto, vejam o seguinte texto:

“(…) Em todos os sistemas eletro-eletrônicos é necessário se ter uma tensão de referência (ou um referencial,
como também é chamado). Dentro dos aparelhos existem várias tensões, como por exemplo as tensões das
fontes de alimentação, as tensões dos geradores de corrente e/ou dos geradores de tensão e as tensões de
sinal. Todas estas tensões devem estar correlacionadas entre si de uma forma preestabelecida. Para isto, é
necessário se fazer um aterramento interno no aparelho, o qual fornecerá um referencial seguro para o
funcionamento correto deste aparelho. Caso este aterramento não seja feito, podem ocorrer, de forma muito
aleatória, oscilações internas, audíveis ou não, que prejudicam o som.

Vou lhes dar um exemplo: um amigo meu, que mora próximo à minha residência, possui um conversor
digital/analógico da Pink Triangle Ordinal, que é o mesmo que eu tenho. (…) É um ótimo aparelho pois
possui 95 pontos de qualidade auditiva pela revista alemã AUDIO. Nos artigos anteriores falei sobre
pontuação auditiva.

Voltando ao exemplo: o conversor do meu amigo, por ser o mesmo que o meu tem um som tão bom quanto
o meu. No entanto trabalha em uma temperatura muito mais alta do que o meu aparelho por uma razão
aparentemente inexplicável. Abrimos os dois aparelhos e verificamos que são realmente idênticos. O que
notamos é que, devido a alta temperatura do aparelho dele, os transformadores internos estão ficando com
uma coloração marrom escura, mostrando que o sobre-aquecimento os está prejudicando, fato este que os
está levando a correrem o risco de algum dia poderem vir a queimar.

Em seguida, analisamos os nossos sistemas de som e notamos uma diferença importante: o meu sistema tinha
aterramento e o dele não. Colocamos então o aparelho dele no meu sistema e vejam só: a temperatura se
normalizou! Ficou igual à temperatura do meu aparelho que estava lá.
Concluímos então que a falta de aterramento do sistema do meu amigo está causando uma falta de referencial
interno no aparelho dele, elevando assim alguma tensão lá dentro, de forma a sobre-aquecê-lo.

Situações semelhantes devem existir por aí. Suponhamos que um aparelho qualquer que tenha três pinos no
cordão de força, onde o terra foi anulado através de um adaptador especial e venha eventualmente a queimar.
Normalmente não se cogita que a eliminação do terra possa ser uma das razões para o dano deste aparelho.
Portanto, o aterramento é fundamental e pode ser vital para o seu sistema.

Este exemplo ilustra bem como a falta de aterramento pode, de forma perniciosa, estar destruindo o seu
equipamento, sem que você o saiba. (…)

Fonte: http://www.byknirsch.com.br/artigos/03-05-aterramento-fazdif-prt-01.htm

Por tudo o que já expomos acima, não é à toa que alguns fabricantes excluem a garantia do produto se o
mesmo não estiver devidamente aterrado. Mesmo o “simples corte” do pino terra da tomada elétrica do
equipamento, como muitos fazem para não precisar usar adaptador, já é motivo para a exclusão da garantia.

Assim, já é possível entender que o aterramento é essencial. Protege a vida humana e o bolso, ao proteger os
equipamentos.

Fazendo o aterramento

Não é do nosso interesse ensinar a fazer o aterramento, coisa que o livro e o documento da Procobre, citados
acima, já o fazem muito bem. Entretanto, vamos apresentar alguns problemas comuns encontrados em
instalações de aterramento, alguns mitos e algumas verdades.

A) Aterramento do pára-raio pode ser usado para aterrar outros equipamentos?

Não! Nunca! Se um raio cair, a altíssima energia irá se espalhar pelo fio do pára-raio em direção à terra e
também em direção à tudo o que estiver ligado a ele, inclusive os equipamentos que estão utilizando o sistema
como aterramento.

Em construções, o aterramento do sistema elétrico e o do aterramento do pára-raios são distintos, em geral


feitos um bem longe do outro.

B) Pode-se usar as ferragens das colunas e vigas da casa ou do prédio como aterramento?

Sim, é uma boa idéia. As ferragens são todas interligadas entre si, com grande massa, e o concreto tem
resistividade elétrica melhor que a do solo propriamente dito. Entretanto, há alguns poréns. Essa ligação só
pode ser feita em prédios que não tenham pára-raios, porque o aterramento do pára-raios se utiliza da
estrutura de ferragens do prédio, na maioria dos casos. Por outro lado, para ligarmos um fio de cobre na
ferragem do prédio, não basta apenas enrolar o fio em volta do vergalhão. É preciso também soldá-lo, para
evitar que a corrosão futura venha a atrapalhar o contato elétrico. É para esse tipo de serviço que existem
ferros de solda de 400 Watts de potência, ou até mais. Por último, vergalhões de colunas (verticais, vão até
o solo) apresentam desempenho muito melhor que as vigas (horizontais).

C) Uma haste enfiada no solo resolve?

Talvez sim, talvez não. Tudo dependerá do tipo de solo. Solos arenosos são muitos ruins para aterramento,
logo uma grande quantidade de hastes será necessária. Em alguns casos, mais de 15.

D) Encontrei no mercado hastes de cobre de 1 metro a até 3 metros. Qual devo usar?

Barras curtas, de 1 a 1,5 metros são indicadas para solos rochosos, com pouca profundidade de camada de
terra. Em compensação, será necessário um maior número delas. As barras mais utilizadas para aterramento
em solo não rochoso tem de 2 a 3 metros. Quanto maior a barra, melhor capacidade de transferência de
energia para o solo ela tem, e com isso uma menor quantidade será necessária.

E) Um bom aterramento começa com o quê?

Apesar de haver várias formas de se instalar as hastes (cada uma mais adaptada para um tipo de solo), as
instalações de aterramento mais comuns contam com 3 barras, instaladas em forma de triângulo eqüilátero
(3 lados iguais), com distância entre elas não menor que o comprimento de cada barra. Para ajudar na
condução elétrica, em volta da barra é cavado um buraco com pelo menos 50cm de profundidade em volta
da haste, preenchido com salitre (um tipo de solo rico em sal, e ótimo condutor elétrico). É colocada uma
caixa de inspeção, para as verificações periódicas.

Também é interessante que o local esteja sempre úmido, pois a umidade do solo ajuda na dissipação da
energia. Um jardim é um ótimo local para um aterramento. Mas o salitre mata plantas.
Feito o aterramento inicial, faz-se a medição do mesmo. Havendo necessidade, instala-se mais hastes, até
atingir o valor ideal.

As hastes são interligadas umas às outras por um fio grosso, com diâmetro igual à dos condutores de fases
do local (por exemplo, se o padrão recebe um cabo de 10mm² na fase, o fio entre as hastes também deverá
ser de 10mm²). Da haste, parte um outro fio com grande bitola até a barra de terra, no quadro de distribuição
de energia (quadro de disjuntores). Nessa barra se concentrará as ligações de diversos fios terra, cada um
ligando os diversos equipamentos e tomadas do local.
Os fios terra deverão ser separados por tipo de equipamento. Um fio terra que atende o chuveiro não poderá
ser usado para o ar-condicionado, e este fio terra não poderá ser utilizado para os computadores ou
equipamentos de áudio. Caso sejam usados junto (um mesmo fio terra interligando um motor e um
equipamento eletrônico (computador, áudio), podem haver induções de ruídos e outras interferências.

A preocupação se estende até as tomadas elétricas. Todas precisam seguir um padrão de polaridade. Uma
inversão entre o negativo e o terra, por exemplo, causa enorme problemas.

E) Como testar se o aterramento está bom?

A maioria das pessoas faz isso com um multímetro, medindo a diferença de potencial (diferença de voltagem)
entre a fase (fio positivo) e o terra. Outros testam com lâmpada, ligando uma lâmpada incandescente entre a
fase e o terra, verificando se a mesma acende e com boa luminosidade.

Apesar dos 2 testes acima poderem dar uma boa idéia do aterramento, não são exatos. O único aparelho que
pode informar com exatidão sobre a qualidade de um aterramento é o terrômetro. É o terrômetro que
determina a quantidade de hastes necessárias até se atingir o valor adequado, ou se o aterramento feito nos
vergalhões da construção é suficiente.
F) Fiz o aterramento, com auxílio de engenheiro e tudo medido com terrômetro. Está 100%. Posso dar
o caso por encerrado?

Não! Com o tempo, as conexões entre as barras e o fio terra (fio que interliga as barras de aterramento e o
sistema elétrico) ficam com folgas ou corrosão (zinabre, etc). Por isso elas devem ser verificadas
periodicamente. Além disso, com as chuvas, a camada de salitre é naturalmente diluída pelo solo,
necessitando de reposição. Em geral, as instalações de terra possuem uma caixa para visitação, exatamente
para se verificar esse tipo de situação.

G) Posso usar o fio neutro como terra, interligando os terminais. Ele também é zero Volt, não?

Não! Nunca. Nem sempre o neutro tem potencial igual a zero Volts. Em muitos casos, ele tem alguma
voltagem presente, de poucos a até uma dezena de Volts. Isso pode ser resultado do uso de equipamentos
que não possuem os circuitos bem isolados, balanceamento de carga no circuito elétrico, etc, mas é algo
comum de acontecer, principalmente em instalações antigas.

Essa voltagem, apesar de insuficiente para dar choque em alguém, não terá a menor utilidade como
referencial para o equipamento, inclusive atrapalhando o seu funcionamento ou mesmo podendo causar
danos. Por menor que seja a voltagem!
Além disso, caso ocorra algum curto-circuito ou algum eletricista fizer uma inversão de polaridade,
estaremos colocando tensão no terra, o que em geral representa queima do aparelho ou choque em alguma
pessoa.

H) Mas o neutro lá do local é aterrado. Então nesse caso posso usar o neutro como terra?

As concessionárias de energia, já há alguns anos, tem obrigado novas construções ou mesmo reformas de
construções antigas a interligarem o neutro do quadro do relógio (marcador de consumo) em uma haste de
terra. É um tipo de aterramento feito principalmente para evitar que problemas alheios (curto-circuito no
transformador, em um vizinho) se espalhe e atinja outras residências.

As concessionárias exigem, em geral (cada concessionária estabelece suas próprias regras), uma única haste,
de X metros de comprimento (em geral 2 metros) , independente do tipo de solo. É feito assim porque,
existindo vários aterramentos em várias casas diferentes na mesma região (do transformador), eles funcionam
em conjunto, como se fosse um único aterramento eficiente.

A responsabilidade da compra do material e da instalação é do usuário, não da concessionária. E o usuário,


ao chegar na loja e descobrir que uma haste de 1 metro custa metade do preço da haste de 2 metros (na faixa
de R$ 70,00 cada haste), acaba muitas vezes “economizando”, usando uma haste de tamanho diferente do
indicado (após instalada no solo, ninguém sabe se a haste é de 10cm ou de 3 metros). Além disso, ninguém
faz o estudo do solo para saber a quantidade de barras necessárias, não se coloca salitre, não é feita medição
por terrômetro, ninguém faz verificações periódicas do estado das ligações.

Como já dissemos, esse aterramento só é útil em conjunto com o aterramento de outras residências, e assim
apenas para proteção de problemas que aconteçam de fora para dentro. Não se espante se alguém reclamar
que esse aterramento é feito para proteger a concessionária! Por regulamentação da ANEEL (Agência
Nacional de Energia Elétrica), os consumidores podem pedir indenização por problemas elétricos a que não
deram causa (externos às suas residências. Pense em um transformador que entra em curto, jogando grande
quantidade de energia no neutro da região. Ou em um acidente de carro que atinge um poste, e os fios
balançando encostam uns nos outros. E crianças jogando bola na rua, atingindo os fios, que encostam entre
si. São todos problemas externos mas que podem causar danos internos às residências. Mas quem tiver um
neutro aterrado não será atingido pelo problema, já que a energia será escoada para a terra antes de atingir
os aparelhos eletrônicos.

I) E qual fio que é usado para servir de fio terra? Qualquer bitola serve?

A norma manda que o fio seja sempre de cor verde, ou verde com uma listra amarela. Entretanto, a bitola
desse fio deve ser calculada por um engenheiro ou eletrotécnico devidamente habilitado, que o fará em
relação ao dimensionamento de carga instalado, tipo de consumo, distâncias percorridas, etc.

J) Como trabalham os profissionais de áudio?

Para quem faz sonorização de eventos diversos (cada dia em um lugar diferente), como as empresas de
locação de equipamento, a parte elétrica de um evento é sempre preocupante. Como nunca se sabe a situação
da instalação elétrica de um local, a maioria das empresas acaba fazendo as conexões de energia diretamente
nos quadros de entrada, de forma a abandonar o sistema elétrico local (desconhecido) em troca de um sistema
conhecido (fios e disjuntores da própria empresa). Nesses casos, havendo aterramento do neutro, pode-se
aproveitar o mesmo como fio terra, e pede-se a Deus que esse aterramento seja eficiente e que nenhum
problema com os postes e transformadores aconteçam a durante o evento.

Em não havendo aterramento disponível… vai sem aterramento mesmo. Cobra-se um valor a mais para
compensar o risco de danificar algum aparelho por falta de aterramento.

Conclusão

De tudo o que foi exposto, vimos que o aterramento é algo importantíssimo para a proteção (tanto pessoal
quanto para os equipamentos), afetando diretamente a qualidade de áudio que obtemos. Visto assim, gastar
dinheiro na contratação de um profissional para a montagem de um sistema de aterramento eficiente não
deve nunca ser considerado como custo, mas sim como investimento em segurança e qualidade. Quanto
maior o sistema de sonorização, mais importante é o aterramento, visto que um único aparelho defeituoso
pode “contaminar” todo o sistema. Para quem trabalha com equipamentos digitais, que são ainda mais
sensíveis, um aterramento é mais que obrigatório.

Mas a conclusão mais importante é: consulte um profissional habilitado! Não saia simplesmente enfiando
hastes de cobre no chão e achando que terá bons resultados.

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