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LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS RELACIONADAS COM O

TRABALHO:

Magnitude do Problema a Nível Nacional

Luís Cunha Miranda


Instituto Português de Reumatologia

Filomena Carnide
Faculdade de Motricidade Humana

Maria de Fátima Lopes


Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho

INTRODUÇÃO

As lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho


constituem, actualmente, um problema mundial, quer do ponto de vista da
saúde, quer social e económico. Têm sido observadas tanto em países
desenvolvidos como subdesenvolvidos e nos mais diversos sectores de
actividade. Por esta razão, as lesões músculo-esqueléticas relacionadas com
o trabalho, têm constituído objecto de diversas investigações e debates,
particularmente no que respeita às possibilidades de prevenção deste tipo
de problema que, na opinião de alguns autores, começa a revelar-se uma
verdadeira epidemia.

DIMENSÃO DO PROBLEMA: diversidade entre países e sectores


de actividade

Nos EUA, a incidência de lesões músculo-esqueléticas devidas a


traumas repetitivos, tais como são conhecidas pelo Bureau of Labour
Statistics (BLS) tem aumentado. Só na indústria privada, entre 1984 e
1997, aumentou de 3.2 para 5.1 casos por 10 000 operadores a tempo
inteiro (Forcier & Kuorinka, 2001). De acordo com o relatório do grupo de
trabalho do National Arthritis and Musculoskeletal Disorders and Skin
Diseases (1997)1, 37.9 milhões de pessoas, que representam 15% da
população total dos Estados Unidos da América, sofreram pelo menos uma
ou mais lesões músculo-esqueléticas crónicas em 1990. Estes dados, em
consonância com as alterações demográficas expectáveis, permitem estimar
para o ano de 2020 uma taxa de 18.4%, ou seja, 59.4 milhões de pessoas
com este tipo de lesões (NRC & IOM, 2001).

1 Citado por NRC & IOM (2001), pag. 39.

1
Na Comunidade Europeia, os resultados de um inquérito sobre
condições de trabalho aplicado em 2000, revelam que 60% dos operadores
consideram que o trabalho afecta negativamente a sua saúde (em 1995, os
resultados eram 57%). Desses, 33% associam este impacto negativo a
sintomas de lombalgias, 23% a dores na coluna cervical e ombros e 17% a
dores nos membros superiores e inferiores (WHO, 2002).

Nos Países Nórdicos, o total de custos relacionados com as lesões


músculo-esqueléticas representam 0.5% a 2% do produto interno bruto
(Buckle & Devereux, 1999). A percentagem correspondente às lesões
relacionadas com o trabalho pode assumir 30 a 40% dos custos, sendo para
algumas profissões superior a 50% (Westgaard & Winkel, 1996).

Os indicadores de incidência e prevalência de lesões músculo-


esqueléticas apresentam, assim, discrepâncias entre áreas geográficas,
facto que parece estar relacionado com a definição atribuída por cada país
àquilo que legalmente considera como doença profissional e dentro desta o
que se entende por lesão músculo-esquelética relacionada com o trabalho.
Como consequência, surgem diferentes listas de doenças profissionais
impedindo o conhecimento da verdadeira dimensão do problema, ou de um
modo mais global, dificultando a avaliação do impacto do trabalho sobre a
saúde da população activa.

Efectivamente, as estatísticas de compensação dos operadores estão


provavelmente a mostrar apenas uma parte da dimensão das lesões
músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho, não só porque a sua
definição de caso é restrita (isto é, do que se considera reclamação
aceitável), mas também porque outros mecanismos podem ser
operacionalizados e podem ter impacto sobre o número de lesões registadas
(por exemplo, o turnover elevado ou o “efeito do trabalhador saudável”)
(Silverstein, 2001).

Em Portugal, escasseiam dados sobre a prevalência de lesões


músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho, já que as organizações
responsáveis, nomeadamente, a Segurança Social e as Instituições
Seguradoras, não os têm tratado de forma sistemática. Porém, isto não nos
permite concluir que, no nosso país, o problema não possa assumir as
mesmas tendências evolutivas referidas nos países supracitados.

Até 2001, a entidade governamental responsável pelo registo e


estatísticas das doenças profissionais era o Centro Nacional de Protecção
contra os Riscos Profissionais (CNPRP), sendo actualmente da

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responsabilidade do Instituto de Gestão e Informática da Segurança Social.
As lesões músculo-esqueléticas reconhecidas como doenças profissionais,
estão classificadas na lista recentemente publicada no Decreto
Regulamentar nº 6/2001 de 5 de Maio (actualização da lista publicada no
Decreto Regulamentar nº 253/82, de 15 de Outubro), estando incluídas nas
lesões da categoria de doenças provocadas por agentes físicos,
particularmente, as vibrações e os agentes mecânicos. Existe contudo uma
excepção a esta lista, considerando o registo deste tipo de patologias
“qualquer lesão corporal, perturbação funcional ou doença não incluída na
referida lista, desde que se prove ser consequência, necessária e directa, da
actividade exercida e não resulte do normal desgaste do organismo”.

O número de processos aferentes ao CNPRP de doentes com


patologia músculo esquelética aumentou de 796 em 1994 para 1364 em
1998, sendo a indústria manufactora, o sector de actividade mais afectado
(Coelho, 2000).

De acordo com o EU Labour Force Survey (LFS) realizado em 1999, O


número de queixas por 100 000 operadores, empregados a tempo inteiro,
foi superior para as mulheres do que para os homens, em particular em
Portugal, cujo rácio homem/mulher foi de 0.8. Os principais tipos de
ocupação que registaram taxas (rácio homem/mulher) de queixas mais
elevadas foram operadores sem qualificação (1.3), operadores manuais
especializados (0.9), administrativo (0.8), gestores e técnicos (0.7),
serviços e vendas (0.5), (Dupré, 2001).

Apesar de mais de metade dos indivíduos dos países cobertos pela


União Europeia apresentarem, de modo similar, a categoria de problemas
osteo-articulares e musculares similares, como as queixas mais seriamente
experimentadas, existe uma diferença de valores consideráveis entre os
países da Comunidade. De facto, a análise das queixas por categoria de
problemas revelou que os indivíduos portugueses do género masculino
apresentam 45.6% de queixas relacionadas com o sistema músculo-
esquelético (média de 51.4% para a Europa), enquanto que os indivíduos
do género feminino, apresentam 34.3% de queixas para a categoria de
stress, depressão ou ansiedade (média de 20.2% para a Europa), logo
seguida da categoria problemas do foro músculo-esquelético, com 26.8%
(média de 54.4% para a Europa) (Dupré, 2002).

Os fenómenos susceptíveis de explicar este aumento da prevalência


deste tipo de lesões são, por um lado, a organização do trabalho em
produção contínua, que conduziu a um aumento da pressão de tempo e, em

3
consequência, a um incremento da carga de trabalho dos operadores e, por
outro lado, a automatização parcial dos processos de fabrico que aumentou
a repetitividade das sequências gestuais de trabalho, bem como as
exigências de movimentos precisos de pequena amplitude, realizados,
frequentemente, em condições desfavoráveis (INRS, 1996). Outras razões
não necessariamente distantes das anteriormente enunciadas, são o
aumento do número de operadores do género feminino como parte
integrante da força de trabalho e as alterações da natureza do trabalho para
o sector dos serviços, com a utilização quase exclusiva de meios
informáticos (Forcier & Kuorinka, 2001).

Naturalmente que estas constatações resultam também, de melhores


condições de protecção dos trabalhadores em risco e de uma melhoria dos
meios de diagnóstico, conducente a um conhecimento mais preciso deste
tipo de patologias e ao registo incrementado de casos, bem como as
melhorias operadas ao nível legislativo (Forcier & Kuorinka, 2001; INRS,
1996). Neste contexto, têm as reivindicações relacionadas com a protecção
da saúde em ambiente laboral, determinado a necessidade de melhor se
estudarem as características plurifacetadas deste problema.

As crescentes incapacidades e custos em países industrializados,


resultantes deste tipo de patologias têm, nos últimos anos, feito apelo à
definição de estratégias preventivas. Normas e regulamentos sobre o
envolvimento, equipamentos e métodos de trabalho têm sido acreditados
por muito autores, como sendo este o sentido a respeitar para o
cumprimento destas estratégias (Viikari-Juntura, 1997).

Deste modo, podem as intervenções ergonómicas assumir um


potencial considerável para a melhoria da saúde músculo-esquelética no
trabalho. Pela literatura disponível, foi possível constatar que muitas das
intervenções não alcançaram o sucesso esperado (Westgaard & Winkel,
1996, 1997). Uma das possíveis razões para tal insucesso deve-se ao facto
daquelas incidirem apenas sobre um aspecto particular do problema,
concentrando-se em factores individuais, ou do posto de trabalho, ou ainda,
das ferramentas de trabalho, ignorando o problema básico, ou seja, a
concepção do sistema de trabalho (Winkel & Mathiassen, 1994; Winkel &
Westgaard, 1992).

Por outro lado, é desejável que a análise da carga mecânica expresse


o nível, a duração e a variação (repetitividade) da exposição. Esta talvez
seja outra das razões para as estimações imprecisas das exposições em
estudos epidemiológicos (Winkel & Mathiassen, 1994). Segundo os autores,

4
a estimação da quantificação é, regra geral, imprecisa por se reportar,
apenas, a parte dos factores. Isto poderá ser compreensível, numa primeira
fase, onde não existem ainda resultados de avaliações quantitativas. No
entanto, é da caracterização da interacção dos vários factores de risco que
resulta o conhecimento completo deste problema (Mathiassen, 1993;
Sommerich, McGlothing, & Marras, 1993; Winkel & Mathiassen, 1994).

As lombalgias e as lesões do punho têm recebido uma maior atenção


na literatura, devido à elevada prevalência e custos das lesões que afectam
estes segmentos corporais (Armstrong, Foulke, Joseph, & Goldstein, 1982;
Burdorf & Van Riel, 1996; Devereux, Buckle, & Vlachonikolis, 1999; Hagg &
Milerad, 1997; Hagg, Oster, & Bystrom, 1997; Loslever & Ranaivosoa,
1993; Marras & Schoenmarklin, 1993; Moore & Gard, 1994; Riihimaki,
1995; Van der Beek, Frings-Dresen, & van Dijk, 1993). Contudo, o
acréscimo da ocorrência de lesões associadas ao trabalho envolvendo o
complexo articular do ombro, e o reconhecimento de que estas lesões,
assumem já o segundo lugar na frequência clínica, justifica a necessidade
de se concentrarem esforços, através da eventual realização de estudos
epidemiológicos, bem como, o desenvolvimento de intervenções
ergonómicas e respectiva validação, nesta área específica (Sommerich et
al., 1993; Van der Windt et al., 2000; Viikari-Juntura, 1997; Winkel &
Westgaard, 1992).

Pelo exposto, acredita-se na necessidade de um conhecimento mais


consolidado, obtido através de estudos multifactoriais, centrados na
influência da interacção dos factores de risco sobre a prevalência de lesões
músculo-esqueléticas, envolvendo os membros superiores. Tal
conhecimento, à luz do conhecimento actual, permanece por estabelecer,
em especial, numa perspectiva ergonómica.

Os objectivos deste trabalho foram a identificação da prevalência de


lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho, a nível nacional,
bem como o conhecimento de forma simples sobre o eventual impacto que
as mesmas exercem no tecido produtivo nacional e respectivas
repercussões na relação dos trabalhadores com as empresas e os médicos
de trabalho.

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METODOLOGIA

1- Caracterização da amostra

A amostra foi constituída por 822 empresas do Tecido Empresarial


Português com um número de trabalhadores superior a 250 e
correspondente à População das empresas de grande dimensão em
Portugal, de acordo com os dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho. No
que respeita ao número efectivo de colaboradores, a amostra correspondeu
a 410496 trabalhadores, representativos dos sectores de actividade e dos
grupos profissionais envolvidos.

2- Métodos

Os dados foram recolhidos por um questionário de saúde músculo-


esquelética, concebido para o estudo e aplicado no ano de 2006 (Anexo 1).
Este instrumento contemplava a recolha de informação relativa às lesões
músculo-esqueléticas diagnosticadas por um especialista (Cervicalgia,
Tendinite do Ombro, Tendinite do punho/mão, Sindroma do Túnel Carpico,
Dorsalgia, Lombalgia e Tendinite dos Membros Inferiores), às características
demográficas dos trabalhadores da empresa, ao tipo de actividade da
mesma e informação complementar respeitante às medidas de diagnóstico
e de prevenção.

O questionário foi administrado via postal, e endereçado ao Médico


do Trabalho das empresas em estudo, tendo sido estabelecido um prazo de
um mês para a respectiva resposta. A devolução do questionário foi feita do
mesmo modo, através do modelo RSF. Esta última fase decorreu entre os
meses de Junho e Julho de 2006.

Após o prazo pré-estabelecido foi efectuada uma solicitação junto das


empresas não respondentes, por contacto telefónico e foi enviado de novo o
questionário via e-mail. O processo de recolha de dados ficou, então,
concluído no mês de Novembro de 2006.

Os indicadores utilizados neste estudo dizem respeito, por um lado, à


frequência de lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho em
referência ao número total das empresas e ao número total de
trabalhadores.

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3- Tratamento dos dados

Para a introdução dos dados, foi desenvolvida uma base de dados


com recurso à utilização do software Acess e para verificação da
consistência interna das respostas no momento da introdução de dados.
Posteriormente, os dados foram importados para uma base dados do
software de análise estatística SPSS, versão 14.0 ® (www.spss.com), para
a análise estatística dos mesmos.

Para o tratamento dos dados, foi efectuada, numa primeira fase, uma
análise estatística descritiva, por análise de frequências para as variáveis
qualitativas categóricas e dos parâmetros de tendência central para as
variáveis contínuas. Esta análise teve como objectivo, fornecer um cenário
global e simultaneamente diferenciador da prevalência de lesões músculo-
esqueléticas por sector de actividade.

De seguida, foi realizada uma análise estatística de correlação


bivariada de Spearman a partir das informações relativas ao número de
lesões diagnosticadas, às características demográficas e ao tipo de
actividade. Esta abordagem, mais clássica, confere uma visão de conjunto
das características do trabalho e dos sectores de actividade envolvidos que
com maior probabilidade, poderão estar envolvidos na ocorrência de lesões
músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho. Partindo dos resultados
relevantes do tratamento anterior, foi aplicado o teste Krus-Kalvallis para a
análise das comparações múltipla e confirmatória da análise bivariada.

RESULTADOS

1- Participação no estudo

Das 822 empresas seleccionadas, 515 responderam ao inquérito,


sendo que 3 não cumpriam os requisitos de elegibilidade, pelo que foram
excluídas do processo. A taxa de resposta foi, então, de 62, 3%.

Não são conhecidas as razões de não resposta das empresas não


respondentes.

2- Caracterização da População

A frequência relativa de respostas foi superior entre as empresas de


Serviços (34,8%), seguido da categoria “Outra Indústria” (25,2%) (tabela
1).

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Tabela 1- Frequência absoluta e relativa do número de empresas por sector de
actividade económica.

Empresa Trabalhadores
N % N %
Indústria Automóvel 29 5,66 16994 4,14
Indústria de montagem de 10861 2,65
componentes eléctricos ou
electrónicos 14 2,73
Construção Civil 34 6,64 20799 5,07
Indústria Metalo-Mecânica 32 6,25 12228 2,98
Pesca 1 0,20 596 0,15
Exploração Mineira 1 0,20 821 0,2
Outra Indústria 129 25,20 64745 15,77
Empresa de Serviços 178 34,77 224979 54,80
Outra 89 17,38 52726 12,84
Total 507 99,02 404749 98,6
Não responderam 5 0,98 5747 1,4

Entre as empresas estudadas, observou-se um equilíbrio na


distribuição do número médio de trabalhadores por género, sector de
actividade e idade média. No entanto, importa referir o valor da mediana
para o sector administrativo (tabela 2).

Tabela 2- Descrição dos parâmetros de tendência central das características


demográficas.

Nº de trabalhadores: N Média sd Mediana Min Max


Género
Feminino 498 425 1524 165 1 22760
Masculino 497 3990,4 7060,8 233 3 9647
Sector
Administrativo 462 1440,4 402,9 60,5 2 5749
Produção 408 478,5 642,4 294 3 5905
Idade
Superior a 45 anos 486 221,9 436,3 123 1 5605
Média do género feminino 461 37,9 5,1 38 18 55
Média do género masculino 462 39,5 5,7 40 18,5 60

Em termos médios, existe um predomínio de trabalhadores do género


masculino (3990, com idade média de 39,5 anos). Os trabalhadores
trabalham maioritariamente no sector de actividade de produção. De
salientar que a idade média é elevada, quando comparada com a média
etária europeia.

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Reportando a uma análise por sector de actividade, verifica-se que
predominância de operadores do género masculino ocorre,
fundamentalmente, na Indústria Automóvel, Construção Civil, Pesca e
Exploração Mineira. As áreas de produção com mão-de-obra
predominantemente feminina são a Indústria de Componentes Eléctricos e
Electrónicos e Empresas de Serviços (tabela 3).

Tabela 3- Distribuição dos trabalhadores por género, em função do sector de


actividade

Género
Masculino Feminino
Sector de actividade
X Sd Med X Sd med

Indústria Automóvel 433,93 495,02 312 152,07 175,05 62


Indústria de montagem de
311,71 318,59 311,71 464,07 367,75 373,50
componentes eléctricos ou electrónicos
Construção Civil 553,65 575,82 403,00 58,09 42,00 42,00
Indústria Metalo-Mecânica 315,25 239,84 256,00 66,88 46,00 60,19
Pesca 473,00 473,00 123,00 123,00
Exploração Mineira 756,00 756,00 65,00 65,00
Outra Indústria 263,77 454,13 197,00 246,03 431,35 162,00
Empresa de Serviços 522,56 1048,72 218,00 811,77 2526,10 263,00
Outra 322,76 342,20 226,50 290,34 352,74 193,50

No que respeita à distribuição do número de trabalhadores por sector


de produção, verificamos uma predominância de trabalhadores inseridos no
sector de produção, independentemente do ramo de actividade analisado.
Este indicador, confirma os resultados globais supra-enunciados (tabela 4).

Tabela 4- Distribuição do número médio de trabalhadores por sector de actividade

Sector
Administrativo Produção
Actividade
X Sd Med X Sd med

Indústria Automóvel 106,41 88,87 100,00 454,66 463,02 268,00


Indústria de montagem de
153,54 124,39 120,00 647,62 516,36 408,00
componentes eléctricos ou electrónicos
Construção Civil 94,21 75,74 71,00 500,52 347,00 558,16
Indústria Metalo-Mecânica 60,72 63,47 37,00 313,50 212,53 237,50
Pesca 168,00 168,00 428,00 428,00
Exploração Mineira 95,00 95,00 726,00 726,00
Outra Indústria 110,52 437,74 43,00 365,77 414,06 286,50
Empresa de Serviços 209,12 566,31 61,00 687,19 1012,16 330,00
Outra 146,15 213,44 75,00 379,00 383,40 266,00

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Quanto à caracterização da idade, mais concretamente, à média de
idades associadas ao género e ao número de operadores com idades
superiores a 45 anos, por sector de actividade, observa-se que os sectores
da Pesca e Exploração Mineira apresentam trabalhadores com idades
médias superiores a 49 e 42 anos, respectivamente, sendo que todos os
trabalhadores apresentam um valor de mediana, para ambos os géneros,
superior a 35 anos. Para além destes sectores, regista-se um maior número
de operadores com idades superiores a 45 anos nas Empresas de Serviços,
Construção Civil e Pescas (tabela 5).

Tabela 5- caracterização da idade média e do número de trabalhadores com idade


superior a 45 anos, por sector de actividade

Idade Média
Sector de
Género feminino Género masculino > 45 anos (n)
Actividade
X Sd Med X Sd med X Sd med

Indústria Automóvel 35,72 3,57 36,00 35,95 4,29 35,00 95, 66 85,48 75,00
Indústria de montagem
de componentes 36,56 5,61 38,00 36,56 5,05 35,00 106,29 88,53 99,50
eléctricos ou electrónicos
Construção Civil 36,71 4,68 36,34 41,17 2,55 41,00 244,55 282,37 153,00
Indústria Metalo-
38,51 4,54 39,00 39,32 4,95 40,00 133,16 142,62 98,50
Mecânica
Pesca 49,00 49,00 49,00 49,00 450,00 450,00
Exploração Mineira 42,00 42,00 41,00 41,00 281,00 281,00
Outra Indústria 39,15 4,56 39,00 40,77 4,75 41,00 180,34 453,19 117,50
Empresa de Serviços 37,45 5,38 38,39 38,37 6,45 40,00 309,28 594,03 137,00
Outra 38,12 5,23 38,50 40,60 6,19 40,95 209,44 232,03 133,00

2- Prevalência de LMERT

De um modo global, a prevalência mais elevada de lesões músculo-


esqueléticas foi reportada para os três segmentos da coluna vertebral e
ombro.

A lesão mais prevalente foi a lombalgia (X=18,2), seguida da


cervicalgia (X=9,1), das dorsalgias (X=6,6) e da tendinite do ombro
(X=4,7), não obstante a variação dos valores máximos em relação à
tendinite do ombro (tabela 6).

Se observarmos a sua distribuição por sectores de actividade,


verificamos que nos ramos de Construção Civil, Metalo-Mecânica e “Outra
Indústria”, prevalecem as patologias da coluna lombar, enquanto que na
Indústria Automóvel, de Montagem de Componentes Eléctricos e
Electrónicos e no sector Outra Indústria, são mais prevalentes as lesões nos

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Membros superiores, designadamente, a tendinite do ombro, do cotovelo,
do punho e o Sindroma do Túnel Cárpico, muito provavelmente devido à
especificidade da natureza das condições de realização do trabalho (tabela
7). Não obstante, podemos observar que a lombalgia mantém-se como a
patologia mais prevalente, qualquer que seja o sector de actividade.

Tabela 6- Descrição dos parâmetros de tendência central das das lesões em estudo,
em função do número de empresas avaliadas.

N Média sd Mediana Min Max


Cervicalgias 511 9,1 24,4 2 0 400
Tendinite do ombro 512 4,7 27,9 1 0 600
Síndroma do Túnel Cárpico 512 2,3 5,8 0 0 70
Tendinite do Cotovelo 511 2,4 5,8 0 0 60
Tendinite da Mão e Punho 512 3,6 9,3 1 0 110
Dorsalgia 510 6,6 14,2 2 0 200
Lombalgia 512 18,2 40,4 2 0 500
Tendinite do Membro Inferior 512 0,7 2,7 0 0 36

Apesar de apenas uma empresa da “Exploração Mineira” ter


respondido ao questionário, não podemos deixar de relevar o número
elevado de lesões reportadas, independentemente do segmento corporal em
análise.

Reportando-nos ao total de operadores envolvidos no estudo,


podemos afirmar que a prevalência de lesões foi de 5,9% (24 269 casos).
Destes, 4,22% (17 340 casos) resultam de diagnóstico de raquialgias- 1,
13% (4651 casos) de cervicalgias; 0,82% (3379 casos) de Dorsalgias e
2,27% (9310 casos) de lombalgias As demais lesões identificadas reportam-
se ao Membro Superior, sendo que o número de casos foi superior para a
Tendinite do Ombro- 0,6%.

Analisando a distribuição da prevalência de lesões por sectores de


actividade, verificamos que nos ramos de Construção Civil, Metalo-Mecânica
e “Outra Indústria”, prevalecem as lombalgias (2,85%, 2, 92% 3 3,66%,
respectivamente), enquanto que na Indústria Automóvel, de Montagem de
Componentes Eléctricos e Electrónicos e no sector Outra Indústria, são mais
prevalentes as lesões nos Membros superiores (2, 43%, 2,16% e 1,5%,
respectivamente), designadamente, a tendinite do ombro e do punho. A
diferenciação da prevalência dever-se-á, muito provavelmente, à
especificidade da natureza das condições de realização do trabalho. Para
além disso, encontramos indicadores preocupantes no sector de actividade
da Indústria Mineira e pescas, ainda que o número de empresas
respondentes, nos reserve a uma conclusão mais globalizante.

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Estes factos podem ser confirmados pelos resultados de análise de
comparação múltipla, onde identificamos diferenças estatisticamente
significativas entre os sectores de actividade no que respeita ao número de
casos diagnosticados de cervicalgias, Tendinite do ombro, Síndroma do
Canal Cárpico, Tendinite do Cotovelo e Tendinite do Punho (tabela 7).

Tabela 7- Resultados da análise de comparações múltiplas entre sectores de


actividade por tipo de lesão em análise.

Tendinite
Síndroma Tendinit Tendinite
Cervicalgia Tendinite Dorsalgi Lombalgi do
do Túnel e do da mão e
s do ombro a a membro
Cárpico cotovelo punho
inferior

K 43,53 46,86 44,72 34,08 16,69 15,29 15,39 12,62

f 8 8 8 8 8 8 8 8

p 0.000 0.000 0.000 0.000 0.034 0.054 0.052 0.125

A par dos valores médios absolutos de Lesões Músculo-esqueléticas


diagnosticadas, procedeu-se à análise da frequência relativa de lesões por
sector de actividade, em função do número total de operadores que integra
cada sector (tabela 8). Pode-se, então, verificar que os resultados relativos,
mantém a mesma tendência das observadas para a análise dos valores
absolutos das lesões, isto é, a predominância de lombalgia, seguida das
restantes lesões da coluna vertebral, sendo que são as empresas de
Indústria de Montagem de Componentes Eléctricos e Electrónicos e as de
Serviços que apresentam valores relativos mais elevados de prevalência de
lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho.

Tabela 8- Frequência relativa de lesões músculo-esqueléticas em função do sector


de actividade

% I.A. I.E.E. C.C. I.M.M. E.M. O.I. E.S. OUT.


Cerv 2,10±1,77 1,31±2,38 1,13±2,20 1,39±2,00 11,81 2,54±3,91 1,40±3,00 1,70±3,28
T.O. 0,76±1,95 2,04±3,72 0,40±1,20 0,63±1,10 3,05 1,09±2,52 0,41±1,37 0,76±1,88
STC 0,47±1,13 1,00±1,23 0,25±0,72 0,34±0,57 0,12 0,81±1,68 0,29±0,65 0,35±1,19
T.C. 0,46±1,09 0,83±1,09 0,33±0,72 0,41±0,46 0,97 0,69±1,57 0,27±0,86 0,34±0,73
T.M.P. 0,75±1,82 1,39±2,16 0,47±1,47 1,00±2,28 0,97 1,00±1,99 0,38±0,88 0,77±2,22
Dors. 1,36±2,56 0,84±0,97 1,09±1,69 0,78±0,98 4,02 2,08±3,05 1,44±2,32 1,34±2,71
Lomb. 3,61±5,78 1,61±2,45 3,91±5,94 3,71±6,08 36,18 4,74±6,29 2,82±4,95 3,46±5,73
T.M.I. 0,97±5,78 0,29±0,10 0,26±0,80 0,04±0,11 2,31 0,13±0,40 0,48±0,17 0,97±0,30

I.A.- Indústria automóvel; I.E.E.- Indústria de componentes eléctricos e electrónicos; C.C.- Construção
Civil; I.M.M.- Indústria Metálo-mecânica; E.M.- Exploração Mineira; O.I.- Outra Indústria; E.S.- Empresa
de Serviços; OUT.- Outra
Cerv.- Cervicalgias; T.O.- Tendinite do ombro; STC- Síndroma do Túnel Cárpico; T.C.- Tendinite do
cotovelo; T.M.P.- Tendinite da mão/punho; Dors.- Dorsalgia; Lomb.- Lombalgia; T.M.I.- Tendinite do
membro inferior

12
O género feminino está positivamente correlacionado com todas as
lesões (com excepção de tendinite dos membros inferiores). No caso do
género masculino, apenas se observam correlações com as lesões de
Tendinite do Cotovelo e dos Membros Inferiores (tabela 9).

De registar que, quando fazemos a mesma análise por sector de


actividade económica, apenas se identificaram correlações positivas entre o
sector Administrativo e a Tendinite do Ombro. Para o Sector de Produção
encontrámos correlações positivas, qualquer que seja a patologia em
análise.

13
Tabela 9- Análise correlacional entre as variáveis demográficas e o número de lesões diagnosticadas.

Síndroma do Tendinite do
Tendinite do Tendinite do Tendinite da
Cervicalgias Túnel Dorsalgia Lombalgia membro
ombro cotovelo mão e punho
Cárpico inferior
Correlation Coefficient 0.09 0.15 0.24 0.12 0.20 0.11 0.09 0.06
Nº de Trabalhadores
Sig. (2-tailed) 0.05 0.00 0.00 0.01 0.00 0.02 0.04 0.16
do género feminino
N 497 498 498 497 498 496 498 498
Correlation Coefficient 0.05 0.07 -0.07 0.11 -0.03 0.03 0.06 0.13
Nº de Trabalhadores
do género masculino Sig. (2-tailed) 0.31 0.10 0.14 0.01 0.56 0.51 0.15 0.00
N 496 497 497 496 497 495 497 497

Nº de Trabalhadores Correlation Coefficient 0.07 0.10 0.03 0.08 0.01 0.01 0.03 0.09
do Sector Sig. (2-tailed) 0.13 0.04 0.53 0.09 0.85 0.90 0.47 0.06
Administrativo
N 461 462 462 461 462 460 462 462

Nº de Trabalhadores Correlation Coefficient 0.13 0.19 0.17 0.26 0.21 0.13 0.16 0.19
do Sector de Sig. (2-tailed) 0.01 0.00 0.00 0.00 0.00 0.01 0.00 0.00
Produção
N 407 408 408 407 408 407 408 408

Nº de Trabalhadores Correlation Coefficient 0.18 0.17 0.13 0.14 0.08 0.13 0.18 0.20
com idade superior a Sig. (2-tailed) 0.00 0.00 0.00 0.00 0.08 0.00 0.00 0.00
45 anos
N 485 486 486 485 486 484 486 486

Idade média dos Correlation Coefficient 0.11 0.05 0.05 0.04 -0.03 0.05 0.06 0.12
trabalhadores do Sig. (2-tailed) 0.02 0.27 0.31 0.35 0.47 0.30 0.21 0.01
género feminino
N 461 461 461 460 461 459 461 461
Idade média dos Correlation Coefficient 0.13 0.02 0.07 -0.01 -0.04 0.07 0.11 0.09
trabalhadores do Sig. (2-tailed) 0.01 0.60 0.14 0.78 0.44 0.12 0.02 0.05
género masculino
N 462 462 462 461 462 460 462 462

14
Em face às diferenças estatisticamente significativas observadas
entre sectores, globalmente, para algumas das lesões músculo-
esqueléticas, torna-se interessante analisar qual a expressão das diferenças
entre cada sector para cada uma das lesões em estudo (tabela 10).

Tabela 10- Comparação dos valores médios das patologias entre sector de
actividade

IMCEE CC IMM OI ES Out


IA 0,85 -7,10 -0,13 -1,06 -1,32 -0,11
IMCEE -0,40 -0,48 -1,36 -0,51 -0,39
CC -0,73 -2,18* -0,71 -0,84
Cervicalgia
IMM -1,23 -0,20 -0,14
OI -4,07** -1,85
ES -1,99*
IA 0,33 -2,70** -1,72 -0,56 -4,17** -2,40*
IMCEE -2,65** -1,86 -0,94 -3,66** -2,32*
Tendinite CC -0,92 -2,88** -0,61 -0,79
Ombro IMM -1,66 -1,08 -1,66
OI -6,05** -0,26
ES -2,20*
IA 0,08 -3,15** -1,53 -0,53 -3,48** -3,03**
IMCEE -3,53** -2,47* -1,21 -3,67** -3,52**
Sindroma
CC -1,29 -3,99** -0,94 -1,18
Túnel
IMM -2,36 -0,17 -2,36*
Carpico
OI -5,69** -0,61
ES -0,51
IA 0,65 -2,83** -1,40 -1,52 -4,44** -3,08**
IMCEE -2,78** -1,17 -1,15 -4,22** -2,90**
Tendinite CC -1,81 -2,40* -0,75 -0,46
Cotovelo IMM -0,14 -2,22 -1,65
OI -5,19** -2,33*
ES -1,84
IA 1,00 -3,28** -1,60 -1,36 -3,99** -2,76**
IMCEE -2,56** -1,00 -0,71 -2,83** -1,81
Tendinite CC -1,89 -2,97** -0,38 -1,40
Punho IMM -0,77 -1,29 -0,77
OI -4,44** -1,93
ES -1,63
IA 0,44 -0,61 -0,52 -2,26** -0,01 -0,45
IMCEE -0,05 -0,12 -1,34 -0,42 -0,13
CC -0,11 -1,66 -0,81 -0,26
Dorsalgia
IMM -1,75 -0,20 -0,30
OI -3,63** -2,00*
ES -0,79
IA 0,63 -0,17 -0,55 -1,89 -1,15 -0,08
IMCEE -1,28 -1,52 -2,57* -0,56 -1,33
CC -0,34 -1,44 -1,37 -0,18
Lombalgia
IMM -1,15 -0,18 -0,51
OI -4,61** -0,,15
ES -1,74
IA 0,17 -0,61 -1,12 -0,20 -1,67 -0,42
IMCEE -0,81 -0,49 -1,19 -0,51 -1,05
Tendinite
CC -0,47 -0,47 -0,68 -0,30
Membros
IMM -1,10 -0,13 -0,87
Inferiores
OI -2,11** -0,18
ES -1,60
*p<0,05
**p<0,01

A análise estatística Krus-Kalvallis permite verificar que:

15
- não existem diferenças estatisticamente significativas dos valores
de mediana das lesões entre a Industria Automóvel e a Indústria de
Montagem de Componentes Eléctricos e Electrónicos;

- o sector de Construção Civil e as Empresas de Serviços apresentam


um maior número de lesões, com significado estatístico, de Tendinites do
Ombro, quando comparadas com a Indústria de Montagem de Componentes
Eléctricos e Electrónicos e o sector “Outra Indústria”.

- os valores de mediana do Síndroma do Canal Cárpico, da Tendinite


do Cotovelo e do Punho é menor, igualmente, para a Indústria Automóvel e
de Montagem de Componentes Eléctricos e Electrónicos, quando
comparados com o Sector da Construção Civil, as Empresas de Serviços e o
Sector “Outros”. O mesmo resultado foi observado quando comparamos a
Indústria de Montagem de Componentes Electrónicos com a Industria
Metalo-Mecânica e o Sector de Construção Cívil, com o de “outra Indústria”
e, esta última, com as Empresas de Serviços.

- o Sector “outra Indústria” apresenta um valor de mediana de


dorsalgia superior à de Indústria Automóvel e uma mediana menor à das
Empresas de Serviços;

- no que respeita à Lombalgia, apenas foram identificadas diferenças


estatisticamente significativas, na comparação da Indústria de Montagem
de Componentes Eléctricos e Electrónicos com o sector “Outra Indústria” e
entre estas e as Empresas de Serviços e “Outra”;

- por último, a mediana da Tendinite do Membros Inferior é


estatisticamente diferente e apresenta uma associação negativa entre o
sector “Outra Indústria” e a das Empresas de Serviços.

Na expectativa de encontrar alguns factores como preditores das


lesões analisadas neste estudo, efectuou-se uma análise de regressão
linear, considerando a associação das variáveis do sector de produção, a
idade média por género e o número de trabalhadores com idade superior a
45 anos com a percentagem de lesões diagnosticadas (tabela 11).

Desta análise resultou que o sector de produção e a idade superior a


45 anos, apresenta uma associação positiva para a maioria das lesões em
análise. O sector administrativo surge como um factor preditor com uma
associação negativa para a Cervicalgia, a Tendinite do Ombro e a
Lombalgias.

16
A idade Média dos trabalhadores do género feminino surge apenas
como preditor da Tendinite do Membro Inferior, em interacção com o sector
de Produção.

Tabela 11- Factores preditores de ocorrência de lesões

Tipo de Lesão Variáveis β p


Constante 3,995 0,010
Cervicalgias Produção 0,006 0,018
Sector
r2=0.165 Administrativo -0,035 0,000
Idade > 45 anos 0,037 0,000
Constante -1,094 0,564
Tendinite do ombro Produção 0,007 0,020
Sector
r2=0.135 Administrativo -0,039 0,000
Idade > 45 anos 0,039 0,000
Sindroma do Túnel Constante 1,799 0,000
Cárpico Sector Produção 0,002 0,000
r2=0.03
Tendinite do Constante 1,652 0,000
Cotovelo Sector Produção 0,002 0,000
r2=0.046
Tendinite do Punho Constante 3,175 0,000
r2=0.013 Sector Produção 0,002 0,023
Género Masculino
Idade > 45 anos
Dorsalgias Constante 4,591 0,000
r2=0.063 Sector Produção 0,005 0,000
Lombalgias Constante 11,868 0,000
r2=0.135 Sector Administrativo -0,47 0,000
Idade >45 anos 0,062 0,000
Constante -2,770 0,001
Tendinite do
Sector Produção 0,001 0,000
Membro Inferior
r2=0.075 Idade Mulheres 0,080 0,000
média

Entre os médicos respondentes, responsáveis pelo diagnóstico de


lesão, 43,2% têm formação em Medicina do trabalho e 82,4% afirmaram
terem esta especialidade. A par da especialidade em Medicina do Trabalho,
28,7% dos médicos consultados acumulam outra especialidade. Referimos,
a título de exemplo, 20% dos médicos respondentes ao questionário,
acumulam a especialidade de Clínica Geral e Familiar. As restantes
especialidades assumiram valores negligenciáveis (aproximadamente 1%).

Entre as lesões diagnosticadas nos vários sectores de actividade,


procurou-se saber quais as situações cujos trabalhadores foram
encaminhados para serviços especializados (tabela 12). Observou-se que,
aproximadamente 5% dos trabalhadores foram recolocados e 15%,
orientados para a Consulta de Ortopedia e Reumatologia.

17
Tabela 12- Descrição da percentagem de casos diagnosticados com
acompanhamento especial.

CR-
RECOL ECD CO/R CNPCRP MFR
< 10% 74,61 37,70 37,50 70,12 51,37
10 a 25% 5,08 8,79 21,09 1,95 14,65
26 a 50% 2,34 11,52 9,77 2,54 6,05
51 a 75% 0,59 8,20 6,64 1,17 2,93
>75% 1,17 19,34 9,77 3,91 3,91
Total 83,79 85,55 84,77 79,69 78,91
Não
responderam 16,21 14,45 15,23 20,31 21,09

RECOL-Percentagem de trabalhadores com diagnóstico de queixa que tiveram necessidade de serem


recolocados
ECD-Percentagem de trabalhadores com diagnóstico de queixa que fizeram exames complementares de
diagnóstico
CO/R-Percentagem de trabalhadores com diagnóstico de queixa que foram orientados para consulta de
ortopedia/reumatologia
CR-CNPCRP-Percentagem de casos reportados ao CNPCRP.
MRF- Percentagem de trabalhadores com diagnóstico de queixa que foram orientados para consulta de
Medicina Física e Reabilitação.

A tabela 13 apresenta uma frequência relativa de trabalhadores que


foram sujeitas a um encaminhamento especial, em função do tipo de lesão.

A análise dos resultados permite-nos observar que existiu um


número superior de empresas que optaram pelo encaminhamento dos
colaboradores com lesão músculo-esquelética na coluna vertebral
(Cervicalgias, Dorsalgia e Lombalgia) para a consulta de Ortopedia e
Medicina Física e Reabilitação. Importa salientar, igualmente, o número de
empresas que tiveram necessidade de recolocar os trabalhadores, em
consequência da Tendinite do Ombro, do Síndroma do Túnel Cárpico,
Tendinite da Mão/Punho e Lombalgia. Não obstante, a frequência relativa de
casos reportados ao CNPCRP em relação aos casos diagnosticados
clinicamente, mantém-se fundamentalmente entre os 10 e 25%, com
excepção da lombalgia.

18
Tabela 13- Frequência relativa das lesões diagnosticadas com encaminhamento especial.

Síndroma Tendinite Tendinite


Cervicalgia Tendinite do Túnel Tendinite da mão e do membro
s do ombro Cárpico do cotovelo punho Dorsalgia Lombalgia inferior

<10% 3.00 1.00 1.00 1.00 1.00 3.00 9.00 0.00


Percentagem de trabalhadores com 10-25% 5.00 2.50 2.50 1.50 3.00 2.50 12.00 0.00
diagnóstico de queixa que fizeram exames
26-50% 0.00 2.50 2.00 0.50 1.50 0.00 0.50 0.00
complementares de diagnóstico
51-75% 0.00 1.00 2.00 1.00 0.00 5.00 8.00 0.00
>76% 0.00 7.50 7.50 1.50 8.00 0.00 0.00 0.00
<10% 3.00 1.00 1.00 1.00 1.00 3.00 9.00 0.00
Percentagem de trabalhadores com 10-25% 5.00 2.50 2.50 1.50 3.00 2.50 12.00 0.00
diagnóstico de queixa que tiveram 26-50% 0.00 2.50 2.00 0.50 1.50 0.00 0.50 0.00
necessidade de serem recolocados 51-75% 0.00 1.00 2.00 1.00 0.00 5.00 8.00 0.00
>76% 0.00 7.50 7.50 1.50 8.00 0.00 0.00 0.00
<10% 3.00 1.00 0.00 0.00 1.00 2.00 7.50 0.00
Percentagem de trabalhadores com
10-25% 6.00 2.00 1.00 1.50 3.00 5.00 15.00 0.00
diagnóstico de queixa que foram
orientados para consulta de 26-50% 6.00 2.00 1.00 2.00 2.00 4.50 15.00 0.00
ortopedia/reumatologia 51-75% 7.00 6.00 2.00 1.00 2.00 5.00 10.00 0.00
>76% 0.50 1.50 1.50 1.00 1.50 1.00 4.50 0.00
<10% 2.50 1.00 0.00 0.00 1.00 3.00 7.00 0.00
Percentagem de trabalhadores com 10-25% 6.00 3.00 2.00 2.00 3.00 5.00 18.00 0.00
diagnóstico de queixa que foram
orientados para consulta de Medicina 26-50% 10.00 2.00 2.00 3.00 3.00 5.00 21.00 0.00
Física e Reabilitação 51-75% 3.00 3.00 1.00 2.00 2.00 2.00 6.00 0.00
>76% 1.00 2.00 1.00 1.00 2.50 1.50 5.00 0.00
<10% 3.00 1.00 1.00 1.00 1.00 3.00 9.00 0.00
10-25% 5.50 4.50 1.50 3.50 2.00 1.50 9.50 0.00
Percentagem de casos reportados ao
CNPCRP 26-50% 0.00 2.00 5.00 2.00 3.00 0.00 2.00 0.00
51-75% 5.50 1.00 2.00 1.00 2.00 1.50 9.00 0.00
>76% 0.00 2.00 2.00 1.00 2.00 1.00 4.50 0.00

19
Propostas de realização de intervenções posteriores

1. Os preocupantes resultados obtidos por este questionário implicam uma


estratégia diversificada de intervenção pelo que se deve basear em 3
vertentes, estudo mais aprofundado da situação, formação médica e da
população em geral, medidas legislativas.

2. Identificadas as empresas e áreas de maior impacto das LMERT seria


importante realizar trabalhos suplementares com a intenção de
identificar factores de risco associados ás tarefas e determinadas
actividades no terreno, no intuito de se adequar as estratégias
preventivas.

3. Cursos de actualização sobre LMERT no âmbito da DGS, para médicos


do trabalho mas igualmente para empregadores e sindicatos.

4. Tentativa de influenciar uma possível revisão legislativa por forma a


identificar estas lesões de forma mais individualizada quer em
incapacidades temporárias quer em definitivas.

5. Coordenar com a segurança social para que as incapacidades


temporárias definitivas e reformas possam ser atribuídas a
determinadas patologias, criação dum observatório conjunto para
determinar o impacto real destas doenças. Separando o registo da
segurança social, eminentemente administrativo, de outro para a DGS
eminentemente clínico.

6. Criação de uma rede nacional de consultas de referência para o envio


destas patologias.

7. Aprofundar o estudo das áreas das pescas e minas incluindo pequenas e


médias empresas.

8. Sensibilizar a Ordem dos Médicos para a formação pós graduada na


área da Medicina do Trabalho com a eventual criação do internato de
especialidade bem como as diversas Universidades que têm formação
na área da MT para reforçarem o ensino destas patologias.

9. Criação de um sistema de recolha de informação sistemático (online)


periódico sobre LMERT (esta propostas poderá estar associada com a
enunciada no ponto 5.

10.Ligação do PNCDR com o Plano Nacional da Dor com um protocolo de


avaliação conjunta das LMERT como causa de dor.

21
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