Os Senas
A língua materna falada pelos Senas de Manica é o XiSena que é também, considerada
uma das línguas ou variação de língua mais falada em Moçambique.
Praticas Socioeconómicas
Os aspectos principais da vida material dos Senas são palhotas quadradas de dois tipos:
as lacustres e as construídas directamente sobre o solo.
Práticas agrícolas
As praticas agrícolas para os Senas tem a ver com a localização deste grupo linguístico,
onde os que se encontram mais próximo dos dedicam as culturas como arroz, milho,
batata-doce e pequena hortaliça.
Os que se localizam distante dos rios dedicam as culturas como mexoeira, murumbi,
mapira e praticam agricultura de rendimento de algodão e um pouco de gergelim.
Nas regiões mais altas e de solos mais leve surge o amendoim e a mandioca. Entre as
árvores frutíferas destaca-se a mangueira e sobretudo a bananeira. Juntamente com os
antecedentes, as palmeiras e alguns citrinos, concedem direitos de propriedade sobre a
terra ocupada.
Tipo de alimentação
Em termo de frutos silvestres que a Sena mais gostam são matondo, ndalala, nhongolo
ndheme e massanica, malambe, mpfula, para além de outros.
A tradição do povo Sena (Manica)
O Nascimento
Quando nasce uma criança, os Senas colhem uma planta com uma espécie de seiva que
é colocada no pénis do rapaz para separar o excesso de pele no pénis. Mas tarde,
administra-se uma erva que visa matar vermes que podem habitar no estômago do
bebé. Depois dum tempo o bebe recebe um medicamento tradicional que e
administrado na cabeça com o intuito de secar a zona maleável mais rapidamente e se
assim não for, o recém-nascido corre risco de perder a vida.
Rituais de iniciação
Quando nasce uma criança, os Senas colhem uma planta com uma espécie de seiva que
é colocada no pénis do rapaz para separar o excesso de pele no pénis. Mas tarde,
administra-se uma erva que visa matar vermes que podem habitar no estômago do
bebé. Depois dum tempo o bebe recebe um medicamento tradicional que e
administrado na cabeça com o intuito de secar a zona maleável mais rapidamente e se
assim não for, o recém-nascido corre risco de perder a vida.
Adolescência
Quando chega a puberdade, o filho sena escolhe o nome que mais lhe agrada, que
duma maneira geral, é aquele que era conhecido seu avô paterno.
O rapaz atinge a sua maior idade e capacidade para procriar, depois de um exame
previamente feito pelo tio mais velho, do tronco paterno, ao produto das suas
seminações, necessárias a maturação para dar vida e gerar novos seres, reconhecendo
este, pela cor que apresenta e pela consciência que oferece. Este aconselha, então o
sobrinho a procurar a mulher que mais lhe convenha e agrade para se unir pelo
casamento.
Os rapazes são ensinados para procurarem fruto de nome vungute. Corta-se em pedaço
este fruto, ainda fixo na árvore, uma parte fica a crescer na árvore e deve controlar o
crescimento enquanto o pedaço cortado é introduzido na garrafa com água e vai se
tomando até que o pénis tome o tamanho do fruto e daí corta-se para não exagerar.
Além desta árvore usam raízes de alguns arbustos de nome nhandhima fazem secar as
raízes trituradas e as outras que não são trituras, são postas nas garrafas juntando com
água para se tomar, este facto tem o nome de mizinha que é usado para dar potência
sexual.
Os senas geralmente não se tatuam, não são sujeitos a iniciação sexual nem a
circuncisão, o que não quer dizer que não a façam, por vezes. As raparigas são
reconhecidas as suas capacidades procriadoras no início das primeiras menstruações.
O casamento: Macungudzo
Quando o rapaz passa pelos ritos de iniciação, já pode procurar por uma parceira.
Quando encontra aquela rapariga de que gosta, vai (representado pelas tias) anunciar a
família da mesma com um valor simbólico. Primeiramente pode não ser aceite pela
miúda ou pela família da mesma, a ser assim, deve voltar de 7 em 7 dias até que seja
aceite.
De seguida vão perguntar o que comem e precisam os pais. Depois de trazer tudo que
lhe foi pedido, dá-se uma festa para confraternizar, isto é, sem a presença do rapaz. E
só quando a rapariga já for crescida o suficiente, os pais arrumam a roupa do miúdo e
levam alguns mantimentos e marca-se o dia.
Importa referir que quando a menina é muito nova, fazem uma cerimónia na altura em
que atinge a idade para casar, chamada kudyesana.
Casam-se seis meses até um ano depois deste encontro entre as famílias. Durante este
período, a menina está sempre acompanhada por uma irmã quando visita o rapaz ou em
casa dos sogros. O dia do casamento pode ser combinado pelas duas famílias para ter
uma grande festa, ou pode ser realizada por outra maneira: no dia do casamento, os
sogros mandam prendera menina por Ela finge que não quer sair da casa dos pais. Os
homens enviados pelos sogros pede água a ela, e quando ela dá, apanham a menina.
Levantam-na a casa dos sogros. Ela tem que chorar muito, e parecer que não tem
coragem. Os sogros ficam «zangados» com os raptores e devolvem a menina a sua
casa.
Feito isso, o noivo arranja uma galinha que mata e vai entregar a mulher que escolheu
para madrinha, para que dela faça presente aos futuros sogros e que significa pedir
serviço que consiste o noivo antes de casar, servir os sogros por alguns anos. Em
continuação das negociações arranja-se dativa mais substancial e valioso o dinheiro ou
gado com significado de pedir a noiva em casamento.
O rapaz não pode dormir com a rapariga no mesmo dia, leva-se a noiva para junto das
mulheres mais velhas e experientes como forma de averiguar se ainda é virgem. Se
confirmar-se que a jovem ainda encontra-se pura, pode, dormir com o seu marido e se
por acaso não for virgem, é devolvida a sua família.
Para a primeira noite os noivos devem dormir e manter relações sexuais em lençóis
brancos e na manhã seguinte, as velhas retornam à casa dos recém-casados para ver se
houve sangramento no acto, se sim, confirma-se a rapariga era realmente virgem.
Passado uma semana, o noivo deve regressar à casa dos pais da noiva para saber quanto
deve pagar por ter tirado a virgindade da sua filha. Desta feita consuma-se o enlace.
O Lobolo: A Cerimónia
Luphato – declaração;
Mphete – confirmação do ajuste e entrega de importância acordada;
Malimbico – transição do namoro para o noivado oficial;
Maxungudzo – pedido formal apresentado pelos pais do noivo, com oferendas
de dinheiro, bebidas, panos, etc.;
Gogodo –ritualizado pela mãe da noiva, feito perante o noivo, com o fim de lhe
solicitar presentes;
Sembwene – pagamento honorários devido às anciãs que ministram a noiva os
ensinamentos tradicionais.
Lei conjugal
Para servir nsomba (um peixe preto com barbas), ele divide-se em 4 partes: a cabeça
vai na mesa dos homens, a barriga às mulheres, a primeira parte atrás da barriga aos
homens, e a segunda às mulheres. Depois de jantar, os membros da família falam
sobres os acontecimentos do dia, trocam anedotas, e contam estórias que ensinam as
crianças.
Sistema de parentesco
O sistema parentesco dos Sena obedece o sistema patrilinear, que consiste em os filhos
pertencer aos homens, que apesar disso, esses mantém uma relação muito forte com a
família da mãe.
Kuphata Nfuta: acção de ungir com óleo, a mulher senta-se numa cadeira especial
denominada em que esfrega no corpo em quanto o marido observa. É um tipo de teatro
para animar o marido;
Kupaswa Mafuwa: fazem esta cerimónia para dar instrução à noiva sobre a cozinha. É
cerimónia de entregar à noiva as pedra para cozinhar.
A Gravidez
Quando uma mulher casada fica grávida, passados três meses, ela faz uma dança para
mostrar que ela chegou no outro nível da vida. A partir daí ela pode tirar os seios fora
do vestido (que é proibida até aquela altura). Na dança só participam as mulheres
idosas e a principal jovem. Um partir desta dança é a verificação na parte da sogra que
a nora é realmente grávida.
Nos Senas, se alguém morrer, tem que se praticar a cerimónia de pita kufa. Quando não
se pratica, outras pessoas também podem morrer por várias enfermidades provocadas
por não cumprimento desta cerimónia. Para cumprir a cerimónia, matam uma galinha
ou mais que representa a pessoa morta.
Antes de se completar a cerimónia de pita kufa, ninguém pode ter qualquer contacto
sexual e toda aldeia tem que ter cuidado, mas especialmente a família enlutada. Se
alguém não cumprir esta regra, deve ir ao dono da cerimónia para confessar. Se
confessar não sofre nenhuma enfermidade ou doença “não vai tossir sangue e não
morrerá” por causa de não cumprimento desta cerimónia.
Para os crentes senas, não cumprem esta cerimónia de Pita kufa e não morrem por
causa de não cumprimento desta.
Para além de pita kufa, os sena são submetido a outros tipos de cerimónias, como: pita
zadue, pita mbhepo, pita moto entre outras.
A cerimónia de pita zadué, consiste nas cerimónias pós parto, para retirar o bebé
dentro da casa, onde os progenitores da criança são submetidos a esta cerimónia.
Depois de cada morte, o povo Sena consulta um curandeiro para saber da pessoa que
causou a morte do seu familiar. Para os crentes não fazem a consulta, acreditam que
tudo está nas mãos de deus, e pode confiar nele. Se foi alguém que causou também
dizem que é Deus que sabe e nada mais o que eles podem fazer.
Em geral, para os Senas cada algo maligno ou bom que acontece por exemplo na
compra de qualquer algo de valor, para garantir o bom funcionamento deste, tem que
praticar uma cerimónia.
Enterro
Quando alguém numa dada sociedade morre, consideram que a família do malogrado
encarrou sofrimento, portanto, vão na casa desta família enlutada outros familiares,
amigos, inclusive toda comunidade com intuito de comungar a mesma dor e dirimindo
a assaz dor da família enlutada, tendo-se aglomerado todos na casa do falecido, a
família juntamente com os outros de sentimentos profundos, procuram organizar
materiais fúnebres como caixão pode ser tradicional, usam enxada, pá, picareta, catana,
as vezes machado para abertura de uma tumba. Depois de preparação da tumba, levam
o corpo para o caixão e de seguida procedem para o cemitério local onde será
depositado o corpo do malogrado, acompanhando com cânticos fúnebres, podem ser
também de carácter religiosos.
Depois do enterro, todos voltam para casa do falecido, para se despedirem com a
família em profundas tristezas, sensibilizando-ma desejando a paz e a felicidade. Dai,
vão só esperando a cerimónia do sétimo dia, que é a cerimónia de purificação.
Os Senas antes de realizar o enterro, fazem uma dança de tristeza chamada (use), nesta
dança usa-se um e único batuque. Mas antes disto, fazem ouvir tambor como anúncio
de morte, naquela povoação.
Para os Senas o morto não deve ir impuro, com isto rapa-lhe a cabeça e os pelos dos
corpos e vala-o convenientemente; este trabalho é executado por indivíduos
especializado no assunto. O corpo é utado com óleo, especialmente as articulações,
para que não vá rígido para juntos dos espíritos.
É vestido com outros panos e metido numa cesta de caniço, cozido nas extremidades
com cascas de árvore.
A cova é aberta numa mata (cemitério), um pouco afastado das povoações. No dia
seguinte faz-se um cortejo que conduzirá o defunto à sua última morada. É aberto o
cortejo por alguns parentes e, depois, o esquife armado com caniço, com o morto
dentro.
Não lhe fazem culto especial, pois pouco se importam com ele, a não ser para a
cerimónia de purificação que consiste em mais uma festa, com bastante bebida e
comida em que o morto tem a sua quota-parte, derramam a bebida sobre a campa. Esta
dança denominada “sedo” e usam nove batuques de várias alturas. Os participantes
põem máscara como se fosse um carnaval, para animar e consolar a família enlutada. A
dança “djagadja” é semelhante como “sedo” e usa-se também para aliviar as pessoas
com o mesmo tipo de sofrimento.
Se for o homem casado a morrer, a viúva é herdada pelo cunhado, que tem por
obrigação olhar pela família do morto. Se a viúva, porém, passado alguns meses
preferir casar com outro homem, nada a impede de a fazer, findo aquele tempo
considerado tabu. Os filhos do morto são pertença do tio mais velho.
Danças culturais
Os Senas praticam danças culturais que não tem nada ver com os demónios, mas
simplesmente fazem parte do património cultural. As danças são distintas e facilmente
reconhecidas. Todos sabem que aquele estilo é Sena. Também podem começar eventos
e datas na história.
Para os Senas são notáveis os seguintes tipos de danças:
Sedo: uma dança que usa-se nove batuques de varias alturas, dançada quando existe
cerimónias de morte;
Use: uma dança de tristeza, com um só batuque, que pode ser lata qualquer. Dança-se
durante funerais, antes de enterro;
Djagadja: semelhante com “sedo”, dança-se de mascaras, para alegrar pessoas depois
de alguém morrer. Usa-se três batuques e todos os homens e mulheres que sabem
dançar podem participar;
Masesseto: quando uma menina atinge 14 anos, as jovens da mesma idade (já
iniciadas) dançam para ensinar a nova companheira. Os homens não são admitidos para
assistir a este tipo de dança. É simplesmente para as mulheres e todas tiram roupa no
processo de dança.
Makhurundzo: quando uma mulher casa e fica grávida de três meses, ela é submetida
a este tipo de dança, para mostrar que verdadeiramente está naquele estado;
Thati: é uma das cerimónias que se realiza depois de se tirar dentro da casa um bebe
recém-nascido. Realizam esta dança para ensinar a nova mãe como tomar conta do
bebe.
Cikudzire: uma dança que se realiza em conjunto entre rapazes e raparigas. Usam três
batuques e acompanham batendo palma, é para ocasiões especiais, só para alegria ou
consolar um familiar depois dum falecimento;
Likhuba: uma dança de rapazes com meninas, usam três batuques, com o mesmo
significado do cikudzire;
Valimba: uma dança com música de marimba, todos dançam em conjunto, por alegria
para fazer festa a uma pessoa;
Ngundula: Uma dança para todos, sempre usam três batuques, especialmente para os
jovens, em festa quaisquer.