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Sobre os livros e os supostos "plágios" de Samael

Algumas perguntas pertinentes sobre o assunto são:

P. Por que o ensinamento do V.M. Samael é semelhante ao de outros autores que


vieram antes dele, tais como Gurdjieff, Rudolf Steiner, Ouspensky etc?

R. Porque o V.M. Samael estudou intelectualmente as obras desses autores e delas


partiu, como o faz qualquer estudioso. Os estudiosos, sejam de ocultismo ou outra
área, não partem do nada, do vazio, partem de matrizes teóricas. Os autores com os
quais o V.M. Samael possui semelhança são suas matrizes teóricas, as linhas
ocultistas das quais ele partiu.

P. Por que o V.M. Samael critica certos autores e ao mesmo tempo utiliza os
conhecimentos deles? Isso não é contraditório?

R. Porque as obras desses autores compõem suas matrizes teóricas. Isso não é
contraditório por ser resultado da imparcialidade. A posição do V.M. em relação aos
autores que critica é imparcial e não tendenciosa, ou seja, ele os critica, aponta erros,
não por "ser contra" o autor e sim por estar realizando um trabalho de ampliação e
desenvolvimento dessas obras. O Mestre os critica e ao mesmo tempo os adota
porque sua meta é dar continuidade ao trabalho realizado por eles. Os discípulos
fanáticos desses autores ficam horrorizados e irritados porque estão presos à forma
exterior desses ensinamentos e nunca os realizaram em si mesmos, isto é, não são
verdadeiros ocultistas, somente teóricos. A postura samaeliana em relação aos demais
ocultistas é uma postura amadurecida, imparcial, e não uma postura infantil de "estar
contra" ou "a favor" do autor. Apenas pessoas infantilizadas confundem crítica
imparcial com antipatia pessoal, como é o caso dos detratores da Gnosis.
P. Por que nos seus livros há alguns trechos idênticos e outros quase idênticos aos de
outros autores?

R. Por que não houve correta revisão nesses livros e tais trechos não foram citados
segundo as normas técnicas que deveriam ter sido utilizadas. Em muitos casos, eram
transcrições de conferências gravadas em fitas e nem sempre o conferencista se
detém citando nomes de autores, páginas e parágrafos.
A meta do V.M. Samael não era ser ovacionado academicamente e nem receber
reconhecimento literário algum, sua meta era transmitir orientações esotéricas às
pessoas interessadas. Logo, não há muito sentido em julgar seus livros do ponto de
vista literário ou acadêmico, principalmente porque todo o seu trabalho se deu fora
desse âmbito.

Sobre os supostos "plágios":

Alguns detratores da obra do V.M. Samael acusam-no de plágio. É uma acusação


infundada pelos motivos que seguem:

1. O V.M. Samael não dominava as técnicas acadêmicas de citação de obras, pois


não era acadêmico e sim um homem simples que vivia na Colômbia, um país
atrasado;
2. Na época em que ele lançou seus livros, os modernos recursos eletrônicos de
editoração e correção de erros não eram disponíveis, muito menos nas
cidadezinhas do interior da Colômbia. O escritor redigia os textos à mão ou em
máquinas de escrever, o que tornava quase impossível que TODOS os erros
gráficos, gramaticais e técnicos de um livro fossem corrigidos;
3. Era muito difícil para uma pessoa pobre publicar um livro naqueles tempos e
quem o conseguia tinha que correr contra o tempo, enviando rapidamente os
manuscritos para as gráficas, o que fazia com que muitos erros sempre fossem
junto;

As frases supostamente "plagiadas" de outros autores são, na verdade, paráfrases ou


citações inseridas nos textos de forma tecnicamente errônea, faltando somente as
aspas e os nomes dos autores. A simples inserção de aspas e notas de rodapé
resolveriam o problema, mas seguidores fanáticos do mestre não permitiram que se
fizesse qualquer inserção, o que prejudicou a credibilidade dos seus trabalhos.
Ressalto que isso aconteceu somente em alguns poucos casos e uns poucos livros.

Falta de originalidade no corpo de doutrina

Os detratores da Gnosis afirmam que o V.M. Samael não tinha originalidade alguma
e que suas idéias foram roubadas de outros autores. Isso é uma mentira pelo seguinte.
O ensinamento do V.M. Samael é um ensinamento de síntese, como ele mesmo
afirma. Ele não "usurpou" idéias dos outros, apenas as ampliou e aprofundou. O seu
trabalho literário é no sentido de corrigir, aprofundar, ampliar e acrescentar
informação aos ensinamentos dos mestres que o antecederam. As matrizes teóricas
utilizadas provém dos autores que ele estudou: Paracelso, Franz Hartmann, V.M.
Huiracocha, H. P. Blavatsky, Ouspensky & Gurdjieff, Eliphas Lévi, Rudolph Steiner,
Annie Besant, Leadbeater, entre muitos outros.
O V.M. Samael parte destes autores mas fundamenta-se em sua experiência própria.
Portanto, ele não "roubou" idéias de ninguém e não é um charlatão como os
detratores de sua obra dizem.
Concentração e imaginação

Quando relaxamos o corpo físico e nos concentramos em uma imagem mental,


estamos exercitando a clarividência e desligando a consciência dos sentidos físicos
externos, dos pensamentos e dos sentimentos. Ao aprofundarmos a concentração, o
desligamento é total. Por isso disse o V.M. que em tal estado estamos "mais além do
corpo, dos afetos e da mente".

Quando a concentração atinge um nível máximo, podemos nos desligar até mesmo do
objeto de concentração. Então caímos no vazio da meditação.

Qualquer imagem mental serve para concentração, mas uma imagem simbólica
fornecida por um mestre é melhor porque atua de forma mais incisiva sobre o
psiquismo. Os V.M. Samael e Rabolú nos fornecem muitas imagens simbólicas para
concentração em seus livros.

A concentração trabalha junto com a imaginação consciente e a desenvolve até o


ponto de se tornar clarividência.

Na prática da concentração, antes de atingirmos as "closed eyes visions"


propriamente ditas (imaginação consciente), há dois níveis no que concerne à nitidez
das imagens percebidas interiormente:

1. Um nível em que elas são quase imperceptíveis, de tão distantes e apagadas;


2. Um nível em que elas se tornam mais discerníveis, mas ainda não possuem a
nitidez das verdadeiras "closed eyes visions", a qual se equipara ou ultrapassa a
nitidez da percepção visual comum, exterior.

Antes de começarmos a prática, nada percebemos porque o chakra não está tão ativo.
Quando nos acomodamos, relaxamos e nos concentramos em uma imagem mental, o
chakra começa a entrar em atividade e atingimos o primeiro nível acima descrito. Se
aprofundarmos a concentração, chegaremos ao segundo nível.

O chakra estará mais ativo quando ultrapassarmos o segundo nível e cairmos em um


terceiro nível, em que a percepção do mundo interior se abre de fato.

Ejaculação e fantasias mentais

Diz o V.M. Rabolú que as caídas vêm pela mente. Entendo que ele quer dizer que a
ejaculação decorre do pensamento.
Quando estamos praticando o arcano, ejacularemos a energia se ficarmos pensando
em luxúria, mulheres e dando asas a fantasias sexuais.
O impulso ejaculatório parte do cérebro. Se ficarmos fantasiando morbosidades
durante a prática, lembrando de fantasias que gostaríamos de satisfazer, filmes e
imagens pornográficas, mulheres que desejamos muito mas nunca conseguimos
possuir etc. chegaremos a um estado de excitação máxima. O cérebro entenderá que é
hora de ejacular e enviará a ordem ao órgão sexual. O resultado é uma caída.
A solução é, portanto, não pensar nada durante o arcano, somente concentrar a
imaginação na transmutação e evitar todo pensamento morboso e imaginação
luxuriosa. Assim evitamos que o nível de excitação ultrapasse o limite da ejaculação.
Esse conselho também serve para aqueles que sofrem com a ejaculação precoce. Por
meio da concentração, podemos não somente atrasar mas também suspender a
ejaculação, retirando-nos do ato sem derramar uma gota sequer de sêmen.
Todo homem possui fantasias eróticas: mulheres que ele deseja mas nunca conseguiu
possuir, coisas obscenas específicas que ele gostaria de fazer etc. Tais fantasias vêm à
mente durante o ato sexual e promovem a caída. Se não permitirmos que nenhuma
fantasia entre na mente, mantendo-nos sem pensar em nada luxurioso e evitando toda
imagem mental de mulheres nuas e coisas assim, conseguiremos nos manter no ato
sexual sem ejacular. Quem for muito treinado neste campo, é capaz de manter-se em
intensa atividade sexual sem que a ejaculação sequer se aproxime.
Não devemos seguar a ejaculação, devemos evitar que ela se aproxime e a melhor
forma de fazê-lo é mantendo a mente limpa de toda fantasia luxuriosa.

Caro, há uns anos comecei a utilizar-me de tais práticas de concentração


e respiração, afim de evitar o impulso ejaculatório. Ocorre que com o
passar do tempo, fui melhorando a ponto de conseguir transar por horas
e não ejacular.

Isso dava-me força, disposição e clareza mental no dia a dia; entretanto,


embora EU não chegasse ao orgasmo, as parceiras chegavam incontáveis
vezes durante a prática sexual.

O problema é que embora as parceiras tenham se tornado mais


submissas e afim de me agradar, isso gerava nelas um impulso luxurioso,
o qual estavam sempre querendo mais e mais se sentir usadas pelo seu
dono, além de ter gerado ciúmes excessivos nelas

A não ejaculação deve ser praticada também pela mulher? Pois notei que
nessas práticas o homem eleva seu bem-estar e a parceira continua no
mesmo patamar.. ou até decai para fantasias luxuriosas (como ser feita
de escrava sexual pelo parceiro).

R. Sim, o direcionamento correto da energia deveria ser a meta de todos.

No entanto, tenho que informá-lo, para o seu bem, que você abusou da
prática e cometeu Violência contra a Natura. A prática da magia sexual
não é para ser usada deste modo, para "proporcionar mais prazer" e sim
para nos dar força na morte do apego a todos os prazeres corporais.
Quanto mais o amigo se apegar aos prazeres sensoriais do corpo físico,
mais materializado ficará e mais sofrerá depois da desencarnação. O que
faz os defuntos sofrerem é o desejo carnal insaciável que foi cultivado
durante a vida terrena, sob todas as suas formas. Tal procedimento está
reforçando o Ego ao invés de enfraquecê-lo. O Ego se nutre, ainda mais,
com a energia transmutada nesses casos.

Há também o problema da queima dos canais etéricos por onde a energia


transmutada deveria circular. Ficar horas brincando com o fogo sexual
sem transmutar a energia danifica esses canais e torna o
desenvolvimento espiritual ainda mais difícil.

Outro ponto importante sobre esse mau uso da magia sexual é a troca
incessante e a multiplicidade de parceiras. Enquanto você tiver mais de
uma parceira, permanecerá estancado espiritualmente.

Ficar algumas horas sem ejacular não é um feito difícil para quem tem
boa concentração e qualquer um, com um pouco de treino, pode realizar
isso. A verdadeira façanha consiste em manter-se meses e anos sem
ejaculação, ou até a vida inteira.

Parece-me que você, meu caro amigo, foi confundido por orientações
falsas sobre o tantra que existem em revistas e na internet. Há milhares
de grupos, hoje em dia, que pregam o sexo tântrico como forma de
prolongamento do ato sexual com a intenção de retardar o orgasmo.
Tudo isso não é mais que adulteração das verdadeiras práticas sexuais
tântricas do Oriente, mera fornicação sob disfarce, além de constituir
portas para a magia negra. Infelizmente, os modernos ocidentais
costumam estragar todo o conhecimento que recebem, fazem mal uso e o
direcionam para fins meramente materiais, hedonistas e sensoriais, pois
não são capazes de compreender as vantagens do verdadeiro
desenvolvimento espiritual.

Hercólubus

Os detratores anti-gnósticos riem de Hercolubus, demonstrando com isso que estão


contra as descobertas da própria astronomia oficial na qual se apóiam.

De acordo com as descobertas astronômicas recentes, existem vários planetas extra-


solares gigantescos (e não somente um), muitos com rotas ainda desconhecidas para
os astrônomos e com dimensões aproximadas às dimensões de Hercólubus
mencionadas pelo V.M. Samael.

Acrescente-se a isso o fato de que a maior parte da matéria que compõe o espaço é
invisível (matéria escura).
Portanto, Hercólubus deveria ser considerado ao menos como uma possibilidade
teórica pelas pessoas sensatas. Ao menos no nivel das possibilidades e de acordo com
as teorias científicas oficiais e academicamente aceitas, Hercólubus pode ser um
destes gigantescos planetas extra-solares ou ainda um corpo de grande massa
planetária formado por matéria escura. A propósito, qual é a prova de que a
perturbação nas órbitas dos últimos planetas do sistema solar não seja devida a ele? O
cientista Le Verrier se enganou quanto a esta perturbação? Também se enganou
Carlos Muñoz Ferrada? E quanto às imagens do South Pole Telescope e da estação
Amündsen, na Antártida? É tudo mentira? Então por que a NASA não desmentiu
tudo isso oficialmente ainda?

Finalizo esta postagem com a seguinte pergunta aos que riem e duvidam deste
planeta:

Qual é a prova de que Hercólubus não existe? Vocês afirmam sua inexistência, então
provem-na, ao invés de transferir a nós o ônus da prova.

Apresentem-na, por favor, para que o eliminemos de nossas possibilidades teóricas.

****

Atualmente, vários planetas extra-solares gigantescos e anãs marrons com


características semelhantes às de Hercólubus/Nibiru foram descobertos. São corpos
celestes gigantescos, com massa superior à de Júpiter, sendo alguns
vermelhos/marrons e outros sem órbita conhecida.

Ainda assim, os céticos afirmam ser Hercólubus uma mentira, não apresentam provas
de sua inexistência (transferindo espertamente o ônus da prova aos proponentes) e
nem sequer o admitem como uma possibilidade teórica entre várias. Eles preferem
desdenhar da teoria (que para os ocultistas é um fato) a examiná-la e considerá-la
cuidadosamente. E ainda se acreditam "cientistas" (como pode alguém ser cientista
sem ter ciência daquilo que afirma?).

Segundo o meu modo de entender, a estrela Nêmesis que Richard Muller procura
talvez possa ser o corpo celeste esotericamente denominado sol Tylar. Suponho,
ainda, que o sol Tylar talvez seja Gliese 581 por três motivos.

1. O sistema solar de Tylo, centralizado no sol Tylar, possui seis planetas gigantes e o
sistema solar de Gliese 581 também possui seis planetas gigantes;

2. A dimensão de ambos os sistemas planetários (o esotérico Tylo e o descoberto


pelos astrônomos) é mais ou menos semelhante.

3. Ambos os sistemas planetários não estão muito distantes do nosso sol (Gliese 581
está a 20,5 anos luz da Terra).

Por outro lado, Hercolubus, ou talvez até Tylar, talvez também possa ser a anã
marrom errante UGPSJ0722-05, que está somente a nove anos luz da Terra.

Tylar-Nêmesis e Hercólubus-Nibiru também poderiam ser a estrela Barnard e


Barnard I. Entretanto, o Dr. Richard Muller descartou essa possibilidade (o que não
significa que ele também não possa se enganar) e continua procurando Nêmesis.
Documentário sobre Nêmesis pode ser visto aqui (poderia se os links estivessem
colando neste blog precário...):

Os astrônomos céticos admitem que Barnard está se aproximando do nosso sistema


planetário, mas riem da idéia de que poderá fazê-lo em algumas décadas ou em
alguns poucos séculos, bem como da idéia de que se aproximará o suficiente para nos
ameaçar. Em outras palavras: eles não admitem que seus cálculos de velocidade e
trajetória possam estar errados! Crêem-se, portanto, infalíveis, ainda que não
apresentem prova alguma da falseabilidade da teoria proponente. É ridículo: parece
até que desconsideram que não existe velocidade absoluta no universo e que o
relativismo torna seus cálculos "exatos" passíveis de erros constantes.

Há ainda corpos bem mais próximos do nosso sistema planetario, como Próxima
Centauro. E existem corpos ainda invisíveis e não descobertos, por emitirem somente
radiações em faixas muito baixas do espectro.

Pelo que pude apurar até o momento, caso os cálculos dos astrônomos convencionais
(acadêmicos) estejam equivocados com relação a trajetória e velocidade, os possíveis
"candidatos a Hercólubus" poderiam ser os seguintes planetas/estrelas:

1. UGPSJ0722-05: anã marrom errante que se encontra há 9 anos luz da Terra.

2. Estrela Algol ("demônio", em árabe): binária eclipsante na constelação de Perseus.


Já passou, há 7,3 milhões de anos atrás, há uma distância de 9,8 anos luz e causou
imensas perturbações gravitacionais. Faz parte de um sistema estelar triplo.

3. Gliese 710: anã vermelha localizada na constelação de Serpens (ao lado de


Ophiucus), chegará à distância de 1,1 anos luz (70 mil UA) da Terra em 1,4 milhões
de anos, segundo dados do telescópio Hipparcos.

4. Gliese 581: anã vermelha de tipo espectral M3V localizada a 20,3 anos-luz da
Terra, na constelação de Libra. Possui seis planetas gigantes que a orbitam: Gliese
581 b, Gliese 581 c, Gliese 581 d, Gliese 581 e, Gliese 581 f e Gliese 581 g (reparem
que sistema planetário de Tylo também possui seis planetas gigantescos).
5. Barnard: anã marrom localizada na constelação de Ophiucus, está há 5,96 anos luz
da Terra. É uma das estrelas mais próximas do Sol (depois das três de Alfa Centauri)
e a que apresenta o mais rápido movimento aparente em direção ao nosso Sistema
Solar.

6. Muitas outras estrelas ainda invisíveis e não detectadas.

Recentemente, astrônomos da Espanha garantiram ter descoberto uma Anã Marrom


na borda do nosso Sistema Solar: G1.9 e por aí vai...

Para piorar e confundir ainda mais, os céticos apelam para o argumento da Navalha
de Occam, o que é hilariante, pois o mundo real não se submete ao princípio de que
"o mais simples é necessariamente o melhor e verdadeiro". Ignoram que teorias
pouco óbvias aos olhos e mais complexas, com um aparente caráter absurdo, podem
ser as teorias verdadeiras.

Lembremos que os astrônomos não são deuses infalíveis. Eles também erram. É
possível que a trajetória, velocidade, volume, peso e distância de todos esses corpos
gigantescos recém descobertos tenham sido calculados erroneamente pelos cientístas,
dado que vivemos em um universo relativístico. Hercolubus e Tylar tanto podem ser
um dos corpos já descobertos e mal calculados como podem ser corpos gigantescos
ainda invisíveis para a maioria dos astrônomos.

Por mais céticos que sejam os astrônomos, eles atualmente não negam que existam
estrelas/planetas extra-solares que perturbem nosso sistema ou que estejam se
aproximando. Mas negam veementemente que tais aproximações ou perturbações
acontecerão em um futuro próximo. Portanto, a divergência parece ser somente com
relação às datas: enquanto os ocultistas afirmam que o sistema solar sofrerá uma
grave perturbação muito em breve, os céticos afirmam que isso somente acontecerá
daqui há milhões de anos. Também não negam que existam as chamadas "estrelas da
morte" no universo, capazes de destruir planetas inteiros ao seu redor (infelizmente,
esse blog precário não está colando os links):

É um grande equívoco supor que somente os corpos distantes podem escapar aos
telescópios dos astrônomos. Corpos próximos podem muito bem existir sem serem
detectados, como são os casos de asteróides que de vez em quando passam raspando
a Terra. Corpos escuros podem muito bem estar à espreita, nas bordas do sistema
solar. Logo, o argumento muito comum "se existisse, já teria sido detectado" é sem
fundamento, pois se baseia na ridícula idéia da infalibilidade da observação
astronômica.

Conclusões:

Para a ciência oficial, o nosso planeta será destruido em um futuro distante e não tão
cedo quanto afirmam os defensores de Hercólubus.

A ciência oficial não possui prova alguma de que a destruição da Terra NÃO será
daqui há pouco, mas mesmo assim afirma,com todas as letras, que não corremos
nenhum risco.

A possibilidade de sermos surpreendidos por uma destruição massiva é uma


possibilidade teórica plausível.

Imagens escondidas na natureza13 de janeiro de 2011 10:21


Para minha surpresa, acabei de descobrir que, até o momento, são 12
(DOZE) o número de estrelas que estão se dirigindo para cá e entrarão
na área de influência gravitacional do sol no futuro (daqui há milhões de
anos).

http://eternosaprendizes.com/2010/03/13/gliese-710-sera-a-estrela-mais-
proxima-da-terra-alem-do-sol/

Mais uma prova de que a NASA é contraditória,admitindo e negando a


possibilidade de que grandes corpos extra-solares destruam a vida na
Terra.
Responder

A Condição Social do Homem8 de abril de 2011 23:47


Agora a NASA mudou o discurso: se antes afirmava que a teoria de
Nêmesis era absurda e ridícula, agora afirma que talvez exista uma anã
marrom ou algo assim na nuvem de Oort, mas que tal corpo gigante, "se
existir", não ocasionará ameaça alguma à Terra. Até o nome mudaram,
passando de Nêmesis para Tyche:

http://www.nasa.gov/mission_pages/WISE/news/wise20110218_prt.htm
Responder

1. A Condição Social do Homem8 de abril de 2011 23:53


Curioso é que, no ano passado, astrônomos espanhóis tenham entrando
em polêmica com a NASA ao afirmarem que G1.9 era uma anã marrom
dentro do sistema solar e não uma supernova distante, como queriam. A
NASA desmentiu tudo, negou a descoberta dos espanhóis e agora vem
com essa de que está procurando Tyche.

O problema da mente

Alguns estudantes se confundem ao utilizarem a palavra "mente". Vamos definí-la:


"Mente é a substância componente do pensamento" (definição do autor deste blog)

A matéria do mundo mental é utilizada por nós para compor pensamentos. A mente
não é o sentimento, não é a atenção, não é o cérebro, não é a consciência e nem o
instinto.

Com a mente fabricamos pensamentos, raciocínios e imagens mentais. As imagens


mentais podem ser fabricadas conscientemente ou inconscientemente. Quando as
fabricamos inconscientemente, são chamadas de fantasias ou imaginações mecânicas.
Quando as construímos conscientemente, chamamos tal trabalho de "imaginação
consciente".

A mente é sempre o obstáculo principal para todo avanço esotérico, segundo uma
entrevista do V.M. Rabolú a uma delegação da Grécia. Por isso, um cuidado especial
e fundamental deve ser posto sobre ela. Silenciar a mente é prioritário para todas as
práticas. Deixar a mente vagar com suas imaginações mecânicas e raciocínios
desnecessários é criar um obstáculo que nos estanca espiritualmente.

Quem não silencia os pensamentos e imaginações mecâncias, não consegue praticar o


arcano, não é capaz de se concentrar em um só pensamento e não é capaz de sair em
astral conscientemente.

Portanto, tudo começa pelo domínio da mente. Por isso disse o V.M. Samael, no
Matrimônio Perfeito, que o estudante deve aprender primeiramente a "deter o curso
dos pensamentos".

Temos que dominar a faculdade imaginativa, silenciando a mente e dirigindo-a rumo


às imaginações conscientes.
A castidade e a morte do ego são questões prioritariamente mentais. Não podemos
descuidar da atenção sobre a cabeça.

1. Pseudônimo.7 de agosto de 2012 22:32


Como cessar os pensamentos?

2. Praticante8 de agosto de 2012 07:08


P. Como cessar os pensamentos?

R. Você não exatamente os cessa, você os abandona. Eles deixam de


existir para você (e nesse sentido foram cessados), mas continuar a
funcionar diabolicamente na quinta dimensão. A palavra "cessar" ou
"quietude mental" tem originado confusão, pois as pessoas imaginam
que devem correr atrás de todos os pensamentos que possuem para calar
um por um, sendo que isso não é possível.

Quando os mestres da meditação falam em silêncio mental e em esvaziar


a mente, estão se referindo ao completo abandono do mundo físico, do
corpo físico, do corpo astral, das emoções, do corpo mental e dos
pensamentos.

Para abandonar os pensamentos, é imprescindível focar-se


primeiramente em algo. Se algum pensamento insiste em atrapalhar, é
importante compreender sua inutilidade. Se compreendemos a
inutilidade de um pensamento, então ele nos deixa em paz.
Responder

3. Praticante8 de agosto de 2012 07:10

Quando os mestres falam em "calar todos os pensamentos, um por um" estão se


referindo a desvencilhar-se de todos os pensamentos que invadem o campo da
consciência.
Concentrar a atenção e o pensamento

O pensamento único é a imaginação consciente. O pensar disperso é a imaginação


mecânica.
O pensamento único é concentrado, porque se desenvolve sem permitir interferência
de outros pensamentos. Para que o pensamento seja concentrado, a atenção sobre ele
deve estar vigilante.
Se nos concentramos em uma vela, logo sentimos sono. Se continuamos pensando na
vela com os olhos fechados, sem permitir que outros pensamentos intervenham,
estamos nos concentrando. Então o nosso pensamento sobre a vela pode se
desenvolver em etapas. Não serão vários pensamentos diferentes, mas apenas um que
se desenvolverá: De que a vela é feita? Para que serve? Como foi construída? E muito
mais (não há limite). Somos então inundados por informações sobre a vela. Então,
concentramos a atenção na vela e também o pensamento na vela. E a imaginação
consciente flui.
Quem concentra o pensamento se desliga das percepções sensoriais do mundo físico.
Os cinco sentidos apagam, ele se esquece do corpo físico e adormece. Porém sua
atenção está plenamente ativa, o que significa que ele está totalmente consciente.
É assim que o estudante gnóstico entra conscientemente no mundo astral.
É claro que o pensamento que desenvolvamos sobre a vela não é a vela em si mesma.
Mas o que interessa aqui é somente educar a mente para que se consiga ter um único
pensamento, que será descartado para a meditação, assim que se consiga a
compenetração total e o desligamento do corpo físico.
A concentração é uma forma de esquecimento: esquecemos tudo, menos o objeto em
que nos concentramos. Exercita a atenção e por isso desperta a consciência,
obrigando a essência a trabalhar.
As imaginações mecânicas devem ser evitadas. Os pensamentos inoportunos devem
ser abandonados (descartados). Se insistirem, temos que compreender a inutilidade
dos mesmos, tal como o ensinou o V.M. Samael em "Respostas que deu um Lama".
Compreendemos a inutilidade de um pensamento quando nos questionamos a
respeito de sua utilidade: "Para que serve este pensamento, se o mesmo está me
afastando da realidade presente neste momento e me desvia do aqui-agora?" A morte
em marcha também pode ajudar.
Para manter um pensamento único, temos que concentrar sua função imaginativa,
mantê-la centrada sobre um único foco. Para realizar tal trabalho, temos que manter a
atenção igualmente focada sobre o mesmo. De modo que a concentração abrange o
pensamento e a atenção simultaneamente.
Mantendo a atenção focada, saberemos se o processo imaginativo se desvia ou não do
curso proposto. Caso se desvie, temos que trazê-lo ao curso novamente. Todos os
pensamentos que não se relacionem com o objeto devem ser descartados.

O que é a concentração do pensamento?

Concentrar o pensamento é pensar conscientemente em algo, em um tema, sem


mesclar o pensamento com outros temas. Este é o pensamento único.
Pensar de forma concentrada é pensar conscientemente. Pensar conscientemente é
pensar sabendo-se o que se está pensando e não pensar a esmo. O pensamento único é
o pensamento dirigido, voluntariamente conduzido. Não é, necessariamente, o
pensamento estático, mas é necessariamente único, dirigido, voluntário e consciente.
É o pensamento voluntário que nos tira do corpo físico. Mas não o confundamentos
com a simples teorização.
A prática da concentração apresenta dois aspectos distintos, que não foram muito
diferenciados pelos V.V.M.M. por falta de perguntas dos discípulos. Um é o aspecto
atencional e o outro é o aspecto pensamental ou imaginativo. A imaginação
consciente, da qual nos falaram os mestres, corresponde ao segundo aspecto, sendo o
próprio pensamento conscientemente dirigido.
O sono não se instala se os pensamentos simplesmente forem bloqueados, o que se
instala sob tal condição é o conflito, o qual nos impede de adormecer. Quem quiser
aprender a viajar conscientemente para os mundos paralelos, deve aprender a dormir
sem permitir que seus pensamentos vaguem a esmo. O controle da função mental
(pensamental ou imaginativa), é fundamental, corresponde ao primeiro degrau da
escala da iniciação.
Na prática correta, concentramos a atenção e também o pensamento. Como poderia
alguém concentrar o pensamento se não concentrar sua atenção sobre o fluir deste
mesmo pensamento? O pensamento concentrado exige atenção igualmente
concentrada e focada, contínua.
Assim, concentrar a atenção e concentrar o pensamento, embora não sejam idênticos,
são dois aspectos de uma só coisa, de um só trabalho.
Eis o que tenho que fazer: focalizo a atenção sobre um objeto e, em seguida, passo a
pensar sobre aquele objeto, sem me tornar desatento. Ocorre que, sensorialmente,
ninguém vê o objeto em si. Portanto, quando penso que estou focando minha atenção
sobre o objeto em si, na verdade estou focalizando minha atenção sobre uma forma
mental, ainda que eu a veja com os meus olhos carnais abertos. No fundo, tudo o que
vemos fisicamente são formas mentais.
Concentrar-se em uma tarefa é um bom meio de praticar o esquecimento de tudo. É
também algo muito similar a concentrar-se em um pensamento: você se ocupa com
todas as atividades daquilo está fazendo, até concluir.

PS. Aqueles que ainda não compreendem como se pratica a concentração e a


meditação, poderão se beneficiar lendo as obras de Sivananda.

1. Marcus Vinicius de Oliveira4 de dezembro de 2010 07:53


Boa tarde, estou aprendendo agora sobre gnosis, apesar de já ter lido
muitos artigos e conversado muito com várias pessoas sobre.
Como começar a trilhar o que o V.M. Samael chama de senda do fio da
navalha?
Responder

A Condição Social do Homem1 de janeiro de 2011 15:29


Olá.

Você deve começar pelas práticas de morte do ego, concentração e


meditação, desdobramento astral e magia sexual.

Sugiro que pratique a observação de si mesmo agora, neste exato


instante em que está lendo estas linhas.

Informações adicionais sobre a morte do Ego


Para aqueles que buscam mais informações sobre a morte dos defeitos ou morte do
ego, recomendo estes textos interessantes que encontrei:

http://web.archive.org/web/20080310135359/http://www.iranian-blog.com/Gino

Esses temas estão bem tratados ali e me pareceram claros e didáticos, motivo pelo
qual os recomendo.

Interrupção dos pensamentos na prática da morte


mística

A batalha contra a luxúria e os demais defeitos é principalmente uma batalha


mental. Embora se dê também em outros níveis ou centros, os fundamentos dos egos
são mentais.

Evitamos a possessão nos desviando das situações que as provocam e também


trabalhando diretamente com os detalhes. O trabalho com os detalhes evita que os
defeitos se alimentem porque os abatemos quando começam a surgir e ainda são
fracos em suas manifestações.

É sempre melhor prevenir do que remediar, mas há casos em que a prevenção


não é possível. Quanto se dão tais casos, necessitamos de ferramentas que nos
possibilitem sair do horrível estado alterado negativo e recuperar o estado ideal de
normalidade.

O primeiro a fazer, quando se está sob a possessão de um desejo, é parar a


mente. Após deter os cursos dos pensamentos, recordações e imaginações mecânicas,
o aspirante inicia sua auto-observação. Não me parece coerente tentar observar o ego
em manifestação através dos cinco centros ao mesmo tempo em que se dá asas à
mente. Se damos passe livre aos pensamentos, perceberemos somente os
pensamentos. Os pensamentos e imaginações mecânicas são escórias da memória.
Apesar de parecerem muito úteis, não passam de lixo psíquico. Como poderíamos ver
aquilo que está oculto se nos detemos distraídos com as escórias da memória? Temos
que limpar nosso psiquismo, jogar todo o entulho fora e esvaziar nossa casa interior.
A limpeza começa pelo lixo mental.

Geralmente nós, aspirantes, caímos no erro de tentar sair do estado de


possessão sem deter a mente. O resultado é um conflito infrutífero em que nos
debatemos em vão contra os desejos. De modo que a seqüência de atos é:

1) Parar a mente (é o primeiro passo);

2) Observar os detalhes do ego através dos centros (é o segundo);

3) Suplicar por sua desintegração (é o terceiro).

Temos que saber que a luxúria é o defeito capital mas não é o único. Para
ampliar a captação de defeitos, temos que nos observar também sob outros
parâmetros, mas sem nunca negligenciarmos este defeito fundamental.
A Morte do Eu é o Esquecimento

O esquecimento na Morte do Ego


A morte do Eu é o esquecimento. Mesmo recordações boas relacionadas com o
desejo, incluindo a curiosidade em analisá-lo, podem atraí-lo ao espaço psicológico.
Quando não estamos identificados com um defeito, devemos esquecê-lo
completamente,evitando evocar lembranças, ainda que altruístas e positivas, que lhes
estejam vinculadas de qualquer forma, mesmo que pareçam muito necessárias. As
possessões se iniciam por recordações sutis. A simples cogitação da possibilidade de
retorno do desejo expulso (enfraquecido) inicia o processo de atração. A vigilância
dos atos visa eliminar as recordações, principalmente as sutis. Até mesmo dúvidas,
curiosidades e indagações a respeito do defeito podem atraí-lo à possessão.
É melhor e muito mais fácil evitar a possessão do que tentar revertê-la após ter
se instalado. A análise de um eu se justifica apenas quando a possessão já está
instalada, caso em que se faz premente a necessidade de expulsar o elemento psíquico
invasor. A expulsão se dá em proporção direta ao enfraquecimento. A debilitação do
poder despótico de um agregado psíquico (complexo autônomo ou defeito) se verifica
à medida em que se aprofunda a compreensão de suas múltiplas facetas ou aspectos.
Compreender as múltiplas facetas é tomar consciência de todos os mecanismos de
operação, bem como de todas as características do eu analisado: absolutamente tudo o
que se relacione aquele defeito, até onde alcancemos.
Acredito que um dos pontos-chave da obsessão psíquica é a crença de que o
desejo é necessário por proporcionar prazer e satisfação. Em tal estado, todos os
inúmeros, imensos e graves danos que o desejo ocasiona às nossas vidas são
desconsiderados. Consequentemente, a expulsão do invasor requer a tomada de
consciência dos inúmeros prejuízos, desgraças e catástrofes ocasionados e por
ocasionar. A conscientização dos danos é a conscientização dos aspectos negativos,
dos problemas trazidos, e desenvolve sentimentos de revolta contra o despotismo. A
revolta contra o despotismo interior de um eu-defeito resultará na vontade cada vez
maior de expulsá-lo de dentro de nós. A vontade de nos livrarmos não resulta do
nada: provém da conscientização dos danos e prejuízos, os quais estão excluídos do
processo cognitivo durante a possessão. O possuído está louco e não julga com
sensatez, chegando muitas vezes a arriscar a própria vida para satisfazer um impulso.
A intenção da análise é percorrer conscientemente, sem identificação alguma, o
processo experiencial do eu obsessor para enxergar e esquecer suas múltiplas facetas
nesse transcurso. Dar-se conta e esquecer são o caminho da desobsessão. Esquecer é
abandonar. Morrer é ser esquecido.
O trabalho de análise se justifica plenamente quando há possessão, mas me
parece prejudicial se for realizado quando não houver necessidade. Se eu começar
analisar um defeito do qual já me libertei, o estarei alimentando e o trarei de volta.
Neste caso, o indicado é a vigilância constante e profilática, principalmente sobre os
pensamentos, e a reação imediata mais adequada à aproximação de um eu invasor é a
súplica à Mãe Divina. A Morte em Marcha (V.M. Rabolú) é, entre outras coisas, uma
profilaxia contra a possessão.
A invasão por um ego ocorre principalmente pelo centro intelectual, embora
não apenas por ele, porque somos animais pensantes. Assim, importa vigiar
prioritariamente os pensamentos, sem abandonarmos a vigilância sobre os outros
centros da máquina.
Em todo o desenvolvimento espiritual, a mente é sempre o maior obstáculo. É
na mente que estão as deformidades do entendimento, as crenças defeituosas que
correspondem à destrutiva idiossincrassia egóica. Então, é pela mente que temos que
começar e é sobre a mente que temos que trabalhar continuamente, dando-lhe atenção
especial sempre. Trabalhar sobre a mente não é raciocinar: é, ao contrário, buscar o
silêncio. As recordações, embasamentos para os desejos, estão na mente. Lembrar é
pensar. Morrer é silenciar e esquecer. No esquecimento há alívio e libertação.
Morte em marcha no centro intelectual
Há certos instantes em que o desejo nos deixa em paz como, por exemplo, os
minutos ou horas que se seguem após sua satisfação, ou então os momentos em que
algo nos impacta e afasta nossas preocupações de um desejo específico. Observe-se
nesses momentos, quando estiver completamente livre de um desejo atormentador.
Você constatará que nesses instantes não há traços de sofrimento ou insatisfação, mas
sim um estado interior de calma, serenidade, traquilidade: é o esquecimento da
maravilhosa morte. O objeto do desejo está esquecido e não nos preocupamos com
ele. É esse o estado ideal que deveríamos perpetuar.
Infelizmente, não conseguimos perpetuar este estado simplesmente tentando
“segurá-lo” em nós, sem estratégia alguma. É preciso uma estratégia correta. E a
estratégia correta consiste em vigiarmos a nós mesmos contra os pensamentos de
todo e qualquer tipo que se relacionem com aquele objeto de desejo. Importa por
cuidado principalmente nos pensamentos cuja relação com o objeto de desejo é sutil,
ou seja, pensamentos cujo caráter prejudicial é tênue, vago e não muito claro. Esses
pensamentos também ocasionam dano porque reforçam o desejo. A atenção não pode
ser posta somente nos pensamentos que explicitamente reforçam o que não queremos
mas também, e principalmente, nos pensamentos que parecem ser inocentes. Essa é a
morte em marcha no centro intelectual e inclui: pensamentos, lembranças,
recordações, imaginações, raciocínios e análises, os quais não passam de
manifestações intelectuais de caráter delituoso sutil mas, por isso mesmo, enganador
e perigoso. O V.M. Rabolú os chama de “detalhes”. Sugiro o estudo dos mesmos em
duas de suas obras: “A Águia Rebelde” e “Hercólubus ou Planeta Vermelho”.
Os detalhes, ou comportamentos que parecem inocentes à primeira vista,
também se expressam nos outros centros (emocional, motor, instintivo e sexual) e
neles devem ser igualmente vigiados. Tudo isso está bem explicado nestes dois
livros.
A mente deve estar fechada à invasão dos pensamentos. Por isso diz o V.M.
Samael em “Kabala e Eons” para uma mulher que havia sido desobsessionada mas
estava curiosa por saber mais a respeito da entidade tenebrosa que a havia
possuído: “No te preocupes ni piense mas eso, porque estás atrayéndola.” Esta
resposta foi dada porque a mulher o havia interrogado, querendo saber se a entidade
tenebrosa obsessora era um defeito seu ou pertencia a outra pessoa. A mulher
contesta: “Lo mejor es olvidarς” E o V.M. responde-lhe: “Olvídate de eso, no
pienses mas en eso!...” Em outras palavras: se pensarmos no defeito, ainda que com
boas intenções, o atrairemos. O melhor é esquecê-lo. Um defeito é uma entidade
obsessora, um ego invasor.
A limpeza dos pensamentos deve ser diária e constante, assim nos polarizamos
no lado da morte, ou seja, da pureza da essência. Todo pensamento reforça algum
defeito ou impede a sua observação. A partir da limpeza do pensamento, podemos
limpar também os sentimentos (centro emocional) e as ações (centro motor-
instintivo-sexual), mas primeiro temos que limpar os pensamentos. A mente é sempre
o grande e contínuo obstáculo, durante toda a vida.
Importa ainda não permitir que os maus pensamentos prossigam nos instantes
imediatamente seguintes à sua irrupção na mente.

Fortificação da fé
A fé fortifica-se com comprovações. Coletemos fatos e experiências para nos
convencermos e eliminarmos todas as dúvidas. A fé não é a crença cega e nem a
convicção gratuita, é a certeza e esta somente pode ser conseguida mediante a
experiência e a comprovação.
Deus e o Diabo
Deus e o Diabo “falam” ao homem na alma, interiormente. A voz de Deus e a
inspiração divina podem ser identificados mediante os preceitos de nossa religião. É
assim que diferenciamos inspirações divinas das inspirações diabólicas. Deus é o Ser
e o Diabo é o Eu. O desejo é diabólico e a vontade é divina. Entretanto, a má-
vontade, que é a determinação para fazer o mal, é também diabólica por ser o próprio
desejo concentrado.
Os religiosos realizam o contato com o mundo espiritual por meio dos sentidos
internos, ainda que não tenham consciência dos nomes “clarividência”,
“clariaudiência” e outros similares.
Impulsos para fazer o mal ao próximo ou a si mesmo são malignos. Impulsos
para fazer o bem tanto ao próximo como a si mesmo são benditos. As hierarquias
divinas nos julgam e medem pelo bem que realizamos ao próximo e a nós mesmos.
Os pecados são os defeitos. Quando prestamos atenção ao coração, podemos
perceber impulsos para satisfação dos pecados e impulsos para superação dos
pecados. Os primeiros nos arrastam para baixo, para a perdição, e os segundos nos
arrastam para cima, para a bem-aventurança. Deus e o Diabo travam combate no
interior do homem por sua alma. Quando Deus vence o Diabo, então o assimila e o
destrói, dissolvendo-o.

Auto-prejuízo
O ato ejaculatório é um ato de auto-agressão sob disfarce prazeiroso. Ao
orgasmo se sucede a sensação de morte. Quando fornicamos, estamos fazendo mal a
nós mesmos sem termos consciência disso. A ilusão do ego nos engana.
O homem comum não vive sem o orgasmo. Concebe a vida sem ele como
doentia, triste e sem gosto por ignorar as felicidades que existem nos céus, que são
muito maiores.

A disciplina
A disciplina deve passar por cima de tudo, sem que se espere pela compreensão
correspondente ao ato disciplinado. Esperar desapegar-se para somente então
disciplinar-se é rumar diretamente ao fracasso. A disciplina não se sucede à morte: a
antecede.

Eus muito fortes que levam a vontade a desfalecer


Se sua vontade desfalece e você fraqueja ao tentar suplicar contra um Eu muito
poderoso que te domina, tal fato se deve à tentativa equivocada de opor-se
diretamente ao núcleo do defeito em questão ao invés de retirar os detalhes
gradativamente.
Eus muito poderosos não podem ser eliminados imediatamente. São
enfraquecidos quando começamos a eliminar suas partes sutis, seus pequenos
detalhes, um após o outro, dia após dia. Então observamos um curioso processo: a
desidentificação da alma com o agregado psíquico acompanhada pela diminuição
progressiva de sua força.
À medida que os detalhes do eu poderoso são descobertos e eliminados no
cotidiano, vamos nos tornando cada vez mais separados do mesmo e passamos a vê-
lo cada vez mais como algo estranho, intruso e alheio. Tal visão se deve à ruptura
com a identificação. O defeito já não é mais visto como algo que nos pertence e ao
qual estamos unidos, como antes era considerado, mas como uma deformidade
invasora. Seus desejos e pensamentos não são mais considerados como partes de nós.
É um avanço de compreensão.
É por este meio que aos poucos vencemos estes eus, os quais costumam
provocar sensações de impotência.

Esquecimento como indicador

Um sinal de que um defeito está começando a ser enfraquecido é o esquecimento. Se,


por exemplo, um homem apaixonado por uma mulher pensa nela todos os dias, aos
poucos começará a esquecê-la se aplicar corretamente a morte em marcha sobre todos
os detalhes de sua paixão. Começará a ficar longos períodos sem pensar em sua
amada e, com o avanço da morte, se esquecerá completamente. O mesmo vale para
qualquer outro ego.

O vício de "checar" a morte

O hábito de checar constantemente se um defeito foi realmente eliminado constitui


uma forma de recordação do mesmo e um meio de fortificá-lo. É um indicador de
desconfiança em relação ao poder da Mãe Divina.
Se um defeito não está mais se fazendo sentir ou perceber, temos que nos ocupar com
outros ao invés de checar ou fazer pequenos "testes" para se o mesmo realmente
enfraqueceu. Quando um defeito não dá sinais de atividade, temos que nos esquecer
completamente dele.

1. Radamanthys25 de maio de 2010 13:10


Perfeito. Seu texto é muito esclarecedor. Estava começando a perder a fé
na morte em marcha, após aplica-la dois dias consecutivo comecei a
sentir um grande alívio no terceiro dia, a respeito do meu desejo
opressor. Ele enfraqueceu e minhas idéias começaram a mudar de foco
naturalmente, elas não eram mais atraídas para esse objeto específico.

Como disse Nietzsche, no Zaratustra, a verdadeira sabedoria está em


passar e esquecer.
Responder

A Condição Social do Homem3 de novembro de 2010 03:22


O fundamental é deixar que a Mãe atue. Para tanto, temos que cumprir
nossa tarefa de observar e pedir, deixando a eliminação para ela. Esse é o
erro daquele que se reprime: ele tenta segurar ou resistir ao defeito,
tomando a dianteira da Mãe Divina.
Responder

A Condição Social do Homem24 de novembro de 2010 08:36


Tampouco devemos dar asas a atitudes, falas, conversas, imaginações e
pensamentos luxuriosos ou de outro teor.
Temos que usar a pequena margem de livre arbítrio de que dispomos
para evitar fazer tudo o que é errado, enquanto a aumentamos pela
Morte.

A Região da Compreensão Avassaladora

Há uma região no interior do homem, na qual nenhuma ilusão resiste. É a região da


verdade e da compreensão destruidoras e terríveis, onde são varridas como folhas
todas as mentiras que contamos para nós mesmos e todos os auto-enganos. Ali reina a
morte de Maya, e é onde compreendemos a nulidade de nossa existência. Ali
entendemos que não somos nada, que tudo é uma gigantesca mentira que nos
contaram e que contamos para nós mesmos desde o nascimento. Ali entendemos que
sempre invertemos tudo, confundindo o real com o ilusório. É uma região
avassaladora.
Não é muito fácil chegar lá. Não sei indicar sua localização, sei somente que está
dentro do homem, em algum lugar da Alma ou do Espírito.
Quando entramos nesta parte de nós mesmos, nos damos conta de que tudo o que
amamos neste mundo nos é emprestado, que nada nos pertence. O que ficaria de nós
se nos tirassem tudo? O que sobraria se fôssemos arrancados daquilo que mais
amamos? Restaria somente a miséria interior!
Não há sentido algum em prender-se ao passado ou ao material: a morte arrasa com
tudo! É melhor e mais sensato, portanto, antecipar-se a ela, não querer corrigir a
natureza e romper todas as ligações voluntariamente, antes que a natureza nos force a
fazê-lo.
O problema está em nós, não nas leis naturais. É absurdo querer inverter as leis
naturais da morte, da impermanência e da transitoriedade. Temos que nos aliar a elas
e caminhar lado a lado, o que é possível quando alcançamos a Região da
Compreensão Avassaladora. É lá que reside a transformação do homem, a nossa
salvação. Entendo que ali reside o nosso Verdadeiro Ser.
Ali compreendemos que luxúria, fornicação, mulheres, apegos, poder, riquezas etc.
não são o que parecem e que os perseguimos por pura ignorância, por não sermos
capazes de enxergá-los como são. Tal incapacidade se deve a um condicionamento ou
subjetivação mental: a mente, condicionada, não é capaz de ver as coisas de outro
modo.

Como sair de uma possessão

Quando uma pessoa está tomada por um desejo, dizemos que ela está possessa por
um eu-diabo.
O ideal é não chagarmos ao extremo da possessão, trabalhando na morte dos detalhes
e evitando-a muito antes que aconteça. Entretanto, se, por descuido, caímos nesse
extremo, só nos resta sair de tão lamentável estado.
Nos livramos da possessão quando substituímos a repressão do desejo pela
observação sem identificação associada à petição por sua morte. Em lugar de resistir
ao desejo, devemos observá-lo e orar por sua dissolução.
Temos que ter o cuidado de não substituir a repressão pela satisfação. O correto é
deixamos de resistir ao defeito para observá-lo em ação e não para fortificá-lo
satisfazendo-o. Trata-se de substituir mecanismos de contenção: em lugar de reprimir
(resistir), observamos e oramos. A observação com oração é um meio de contenção
do desejo muito mais eficiente do que a repressão. Esta o represa, aquelas o
enfraquecem e o tranformam até sua extinção completa.
Satanás é o Eu e atua na primeira pessoa. Ele sopra pensamentos em nossa mente. Se
nos identificamos com os pensamentos, somos invadidos e ficamos obsessionados.
Daí o silêncio mental cultivado pelos budistas.
Quando estamos obsessionados, devemos observar a obsessão de fora, tratando-a
como algo estranho. Embora o Ego esteja dentro de nós, deve, ainda assim, ser
abordado como um sujeito distinto, como alguém ou algo que não é o Ser. Observar
esse invasor como se observa uma outra pessoa nos conduzirá à compreensão de suas
atitudes. Quanto mais dados descobrimos sobre o elemento psíquico obsessionante,
mais alívio e liberdade sentimos. Conforme a compreensão se aprofunda, o alívio se
intensifica.
Não conseguirá ser desobsessionado aquele que não for absolutamente sincero
consigo mesmo. A auto-sinceridade é requisito fundamental para a desobsessão.
Quando a obsessão é mais forte, a auto-reflexão a respeito do defeito obsessor é
altamente eficaz. Neste caso, transformamos nosso sofrimento, desejo, sentimento,
compulsão, ou o que seja, em objeto de estudo meditativo. Refletimos a respeito do
mesmo reunindo toda informação possível. O resultado será a compreensão. Quanto
mais informações reunirmos, mais compreensão teremos. O que importa é "dar-se
conta", tomar ciência daquilo que desconhecíamos sobre nós mesmos.
Não é demais lembrar mais uma vez que quem nos livra da possessão é nossa Mãe
Divina. Todo o trabalho aqui descrito será inútil se não for acompanhado por orações
sinceras à Ela para que dissolva o eu-demônio obsessor e liberte a nossa alma.

Vencendo o inimigo

O maior inimigo de um homem é ele mesmo. Devemos observar o nosso inimigo,


que é o nosso próprio Eu(s).
Tentarei descrever um pouco a correta observação do Ego. Não pretendo suplantar as
orientações de um mestre, somente contribuir com as mesmas.
Na correta auto-observação, a sinceridade é completa. Não tememos as revelações.
Temos coragem de encarar a realidade a respeito do que somos. Não resistimos ao
impulso do ego e nem nos entregamos: nos separamos e o observamos de fora.
Resistimos à sua fascinação para enfraquecer o seu poder. Cortamos sua alimentação
para que definhe. De modo algum permitimos que tome conta. Não tememos sua
aproximação, mas a vencemos quase antes que comece a brotar.
Nos adiantamos ao seu ataque: o esperamos. Não esperamos que o impulso cresça e
tome conta de tudo: o derrubamos muito antes. Tomamos a dianteira porque estamos
vigilantes. Somos sentinelas em tempo de guerra.
A observação é penetrante, não deprecia nada. Priorizamos a mente (centro
intelectual) mas não negligenciamos os movimentos, os sentimentos, os instintos
(manifestações corporais ligadas à preservação da vida e da espécie) e o sexo. Todo
detalhe é percebido e assimilado. A observação visa principalmente os detalhes.
Comportamentos inocentes vinculados aos desejos não passam de modo algum
desapercebidos. Tudo o que reforce o defeito, direta ou indiretamente, é observado e
retirado assim que descoberto.
Transformamos nossa pessoa em objeto de estudo observacional. O estudo é cada vez
mais profundo. Nos enchemos de compreensão.

Reflexão introspectiva

Quando há oportunidade, podemos nos deter para refletir sobre nosso múltiplo Eu.
Porém a correta reflexão, que estou mencionando, não é um devaneio teórico.
Tentarei descrevê-la.
Na correta auto-reflexão, não teorizamos sobre nós mesmos: trazemos à consciência
fatos psicológicos concretos. Buscamos, com base na auto-observação detalhista
realizada, formas e causas das manifestações, até onde alcancemos. Nos interessam
apenas fatos psicológicos reais: o que concretamente falamos, pensamos,
imaginamos, lembramos, planejamos, tentamos, sentimos, fizemos etc. em suas
múltiplas nuances sutis, porém concretas, e em seus múltiplos encadeamentos
sequenciais.
Esta reflexão aprofunda ainda mais a compreensão conseguida com a observação
direta, mas o ponto de apoio é sempre esta última.
Aqueles que cometem erros na vida, atos reprováveis etc. não compreendem o que
estão fazendo ou o compreendem apenas parcialmente. Se compreendessem de fato a
ridicularia inerente ao que fazem, deixariam de fazê-lo.Mas para tanto, necessitariam
conhecer a si mesmos e isso não seria possível sem auto-observação e auto-reflexão.
Temos que nos compreender, pois, ainda que pareça absurdo, não nos
compreendemos, as pessoas não compreendem a si mesmas, não se conhecem.

Dois dentro de nós

Quando iniciamos o trabalho da Morte, evidenciamos a existência de dois homens


distintos dentro de nós: um que tenta subir aos céus e outro que quer nos arrastar ao
abismo. Um deles está enamorado pelo pecado e o outro anseia pela libertação. Não
devemos oscilar entre ambos, temos que optar por um deles. Que a opção seja pelo
homem superior que tenta se libertar do pecado para ascender aos céus.

Observando o "desimportante"

Compreendemos um defeito quando, dirigindo conscientemente a atenção sobre nós


mesmos, buscamos: quais pensamentos o alimentam? Quais sentimentos? Que
atitudes o reforçam? Quais movimentos? Que formas de falar, agir, andar, formas de
vestir-se, e muitíssimo mais, estão a ele relacionadas e o nutrem? Que traços
comportamentais o favorecem ou estão a ele diretamente relacionados?

Suponhamos que tenhamos medo da morte. Vários pensamentos relacionados a tal


medo passarão por nossa cabeça e vários sentimentos os acompanharão. Poderemos
ser assaltados por sentimentos aparentemente desconectados dos pensamentos, mas
de algum modo vinculados ao defeito em si. Nossa mente poderá disparar e
imaginaremos mil coisas. Teremos atitudes e falas direcionadas para o reforço deste
defeito. Todo defeito é um universo imenso a ser explorado de muitas maneiras, isto
é, conhecido por muitas vias.

A todo momento estamos nutrindo nossos defeitos sem perceber. Existem múltiplos
canais de nutrição que atuam fora do holofote de nossa consciência. São canais
normalmente invisíveis, mas que se tornam visíveis quando passamos a buscá-los
intencionalmente no cotidiano por meio da auto-observação. O motivo pelo qual não
os percebemos é porque os consideramos desimportantes e inofensivos.
Negligenciamos muitos elementos por os concebermos como desvinculados dos
defeitos que nos prejudicam. Então a compreensão não avança.

Vejamos um exemplo. Incorrem em erro aqueles que tentam eliminar somente a


luxúria e deixam de lado os demais egos. Se o fizermos, estaremos renunciando à
oportunidade de resgatar porções de essência e ampliar a consciência, o que nos daria
mais força para enfrentar o inimigo maior.

Recusar-se a resgatar a essência engarrafada nos defeitos distintos da luxúria é


recusar-se a aumentar a força espiritual que permitiria enfrentá-la com eficiência.
Uma comparação: seria como um general que se limita a combater somente o inimigo
maior e se recusa a combater inimigos muito mais fracos e fáceis de serem vencidos,
o que lhe permitiria preender armas e mantimentos com os quais se tornaria mais
forte. Ao combatermos "eus" não luxuriosos, adquirimos mais força, pois resgatamos
essência engarrafada.

Na Morte em Marcha, não há nada depreciável: tristezas, frustrações, empolgações,


receios, irritações etc. são defeitos que podem e devem ser dissolvidos.

Nossos defeitos se alimentam por comportamentos inofensivos, que nos parecem


absolutamente normais e aceitáveis. Comportamentos que acreditamos ser
desimportantes ou até benéficos podem estar nutrindo eus perigosos. Temos, então,
que aprender a observar nossos atos em busca de facetas inofensivas que nutrem os
egos.
Diante de um ato comum, temos que nos perguntar: "Estará este ato nutrindo algum
defeito? Estará ele vinculado a algum ego prejudicial?" Atos aos quais não damos
importância não podem passar desapercebidos.

É justamente por não percebermos os atos que consideramos sem importância que os
mesmos prosseguem vivendo livremente e reforçando egos despóticos que tanto nos
atormentam e nos fazem sofrer.

Temos que aprender a observar o "desimportante", aquilo que acreditamos que não é
defeito, os atos comuns, que todos aceitam. Ali se esconde o delito.
Sobre este pormenor, diz o V.M. Rabolú:

"Como se compreende a ira, o orgulho, se tem milhares de manifestações diminutas


que se crê que não é nada? E, sim, é, porque daí se está alimentando o ego." (A
Águia Rebelde, cap. II, p. 32, 1ª edição, São Paulo: Movimento Gnóstico Cristão
Univesal do Brasil na Nova Ordem, julho de 1995)

Cremos que as várias manifestações da ira não são nada, ou seja, acreditamos que não
possuem importância. O ego nos engana, age livremente fora do campo de nossa
consciência. Comportamentos inofensivos podem ser defeitos disfarçados.

Isso não significa que tenhamos que ficar neuróticos com todas as coisas inocentes
que fazemos. Temos que combater somente os comportamentos inofensivos que
nutrem os egos e não todos os comportamentos inofensivos que existem. Se você não
percebe vínculo algum de um comportamento com um ego, não tem porque pedir por
sua eliminação.
Um comportamento "desimportante" será um delito somente se nutrir algum defeito,
caso contrário não.

Os atos, frases, pensamentos e emoções podem nos parecer completamente


aceitáveis, inofensivos, desimportantes, comuns e, não obstante, estarem reforçando
um defeito. Até o inofensivo ato de beber água poderá estar reforçando algum
defeito, dependendo da situação em que aconteça (Ex. suponhamos que você escolha
para beber água, tendo outras opções, exatamente o lugar ou momento em que esteja
uma pessoa com quem você queira fornicar) .

Temos, assim, que explorar a nossa vida. Mas isso não o faremos teorizando,
elocubrando ou pensando a respeito. Temos que aprender a fazê-lo praticamente, por
meio da observação. A observação será educada neste sentido, por meio da prática, e
se desenvolverá, refinará e se tornará altamente sensível. Quanto mais a utilizarmos,
mais sensível se tornará, captando rapidamente sutis manifestações e identificando o
que nutre os defeitos. Falas, palavras, frases, olhares, movimentos, emoções tênues,
recordações, sorrisos, gargalhadas etc. serão facilmente percebidos pela consciência.
É importantíssimo não descuidarmos da fala, pois a palavra alimenta muitos erros.

******

Quando nosso sentido de auto-observação ainda não está desenvolvido, não


percebemos as sutis e refinadas manifestações do Ego, percebemos somente as
manifestações mais grosseiras. As manifestações sutis, que são as que nutrem as
manifestações grosseiras, ocorrem sem que as percebamos. Temos que aprender a
dirigir a atenção para o sutil, o leve, o imperceptível.

Se começamos a prestar atenção no sutil, nos daremos conta de que estamos nutrindo
as manifestações grosseiras a todo momento, por todos os centros. Então podemos
retirar tais manifestações, mediante a Morte em Marcha, e constataremos que as
manifestações grosseiras perderão o vigor.
Concentração e meditação – dicas

Dicas que podem ajudar na concentração:

Buscar o silêncio da mente.

Ouvir o som interno emanado pelo objeto da concentração. Não ouvir nenhum outro
som.

Ver a imagem interna emanada do objeto de concentração. Não ver nenhuma outra
imagem.

Focalizar a atenção e dirigir conscientemente a imaginação. Não permitir que


nenhuma imaginação mecânica tome conta.

Direcionar conscientemente o fluxo dos pensamentos, fazendo-o fluir em torno do


objeto.

Capturar todas as imagens que trouxerem alguma informação a respeito, provindas do


inconsciente e que correspondem a sabedoria interior, adquirida através da
experiêcia.

Separar-se dos pensamentos e não lutar com eles. Deixá-los, abandoná-los, esquecê-
los.

Compreender a inutilidade dos pensamentos (V.M. Samael em "A Segunda Jóia do


Dragão Amarelo").

Manter os olhos fechados. Permitir que o sono tome conta do corpo físico.
Adormecer fisicamente e, ao mesmo tempo, despertar interiormente mais e mais.

Tentar visualizar a imagem com a visão interior (clarividência).

Esquecer o corpo físico: coceiras, dores etc. Esquecer tudo: problemas, amigos,
coisas boas e ruins. Buscar o alvo da concentração e o Nada que está além.

Penetrar sem medo, cair no infinito, entregar-se.

Pedir e confiar no Íntimo e na Mãe Divina.

Despojar a atençâo de toda tensão e esforço, entregando-se à pura e plena percepção


interior.

A percepção interior pura contínua, desprovida de preocupações de quaisquer


espécie, é a concentração plena.

O frescor mental, a sensação de leveza na cabeça, é um ótimo indicador da correta


concentração. Trata-se de um critério que permite distinguir se estamos no caminho
correto. Se o frescor é perdido, então há tensão e a prática está se desviando.

Para se prestar atenção em algo, não é necessário esforço algum e nem, muito menos,
qualquer espécie de ansiedade, preocupação, tensão, desespero ou algo assim. Apenas
se faz necessário um cuidado: o de não permitir nenhuma intranquilidade.

A essência do que se faz na meditação e como se a atinge é indescritível. As


descrições e orientações visam somente auxiliar um pouco.

Busque a tranquilidade aliada à lucidez, na ausência total do esforço.


Busque o silêncio mesmo enquanto estiver concentrando o pensamento.

Procure ver com o terceiro olho aquilo que estiver imaginando conscientemente. O
terceiro olho é a visão espiritual, clarividência ou endopercepção.

Concentração e meditação – reflexões

Pensamentos insistentes que atrapalham a meditação

O pensamento insiste porque o consideramos importante. Nos livramos de um


pensamento insistente quando compreendemos sua inutilidade, sua total
desimportância para o presente. Como não é a realidade, o pensamento é
desnecessário e chega mesmo a ser prejudicial. O conteúdo de um pensamento não é
a realidade presente, é tão somente um conjunto de representações visuais e sonoras
do passado e de um possível futuro, com variações ficcionais em diversos graus. Não
é, portanto, útil para o momento da concentração.

Além do corpo, dos afetos e da mente

Separar a alma do corpo físico é desvincular a consciência de todos os cinco sentidos


que nos dão acesso ao mundo material exterior.
Separar a essência do ego (ou da mente) é esquecer todas as preocupações, desejos,
pensamentos, sentimentos etc. tornando a alma temporariamente pura, ou seja, livre.
A alma é nossa essência, o que somos verdadeiramente.
Desvincular-se totalmente dos sentidos físicos, dos sentimentos e dos pensamentos é
estar “além do corpo, dos afetos e da mente”.

Acalmar primeiro
É útil acalmar a mente antes de iniciarmos uma prática de concentração.

A disciplina para desenvolver a concentração

Uma das coisas que importa nas disciplinas para concentração não é a prática
ininterrupta mas a continuidade após os intervalos. Cada prática somente pode ser
prolongada conforme nossa capacidade de suportá-las.

A Retenção da Força-Semente – textos adicionais

Duas dificuldades

Após aprender a se manter distante do orgasmo, o praticante terá que desenvolver a


capacidade de interromper o ato sexual. Esta é uma segunda dificuldade.
É mais fácil prolongar o ato, mantendo-se afastado da ejaculação, do que interrompê-
lo antes de havê-lo concluído. A tentação para prolongá-lo infinitamente é muito
grande.
Assim, há duas dificuldades: 1. Evitar a ejaculação; 2. Abandonar o ato sexual sem
concluí-lo.

Similaridade da magia sexual com outras formas de temperança

Os escravos do prazer sensorial, aqueles que não são capazes de deterem a si mesmos
durante um ato prazeiroso qualquer, como o ato de comer, por exemplo, serão
incapazes de praticar a magia sexual por não conseguirem interromper e mudar o
curso de suas ações.

Antecipando-se ao desejo onanista


Os masturbadores conseguirão muitas vitórias sobre seu vício se aplicarem a morte às
primeiras recordações distantes do desejo, isto é, muito antes de serem tomados pelo
desejo propriamente dito.

Magia sexual - alguns cuidados

Aprender a concentrar a mente no que está fazendo, mantendo-a constantemente


apartada de toda luxúria;
Não criar o mau costume de excitar-se sexualmente com pensamentos, imaginações e
imagens mentais, aprender a excitar-se com uma mulher real, de carne e osso;
Manter a excitação sexual em um nível médio, suficiente para manter a ereção e
lubrificação do phalus, bem como para a realização eficiente do coito, mas
insuficiente para a ejaculação;
Acostumar-se a preservar a excitação sexual em um nível médio de intensidade,
porém prolongando-a sem interrupções por um longo período;
Aprender a encontrar satisfação na ereção e no coito, mas não na ejaculação;
Manter o nível de excitação baixo, somente o necessário para realização do ato;
Retirar-se do maithuna sem dó, após o tempo adequado;
Não prolongar o maithuna mais que o indicado, a despeito de todo desejo;
Aquecer a caldeira no nível de temperatura adequado, sem aquecê-la demais. A
caldeira que se aquece exageradamente sai do controle;
Manter a mente constantemente limpa da luxúria, não aceitar sequer manifestações
fugazes;
Remover dos atos cotidianos todos os traços indiretos de luxúria.

1. Anônimo26 de julho de 2012 16:33


"Retirar-se do maithuna sem dó, após o tempo adequado;"

Uma duvida: Qual a frequencia do Maithuna? Me refiro frequencia


semanal e quantidade de minutos por dia. Existem restrições quanto às
posições?
Responder

Anônimo2 de agosto de 2012 20:49


Ainda sobre o Maithuna:

Qual o horário adequado para a prática? À noite? De dia? ou tanto faz?


Ouvi dizer que tem os devidos horários para o Maithuna:

Eliminação de defeitos (à noite, de preferencia madrugada), e


canalização da energia sexual para construção dos corpos solares (de dia,
de preferencia de manhã cedinho).

Procede? Ou posso realizar os dois tipos de prática no mesmo ato? Em


qualquer horário?

Namastê!

2. Praticante5 de agosto de 2012 07:50


P. Qual o horário adequado para a prática? À noite? De dia? ou tanto
faz? Ouvi dizer que tem os devidos horários para o Maithuna.

R. De manhã, bem cedo, é o melhor horário, Se não der nesse horário


pode ser em outro, mas fica mais difícil, embora também seja possível.

P. Eliminação de defeitos (à noite, de preferencia madrugada), e


canalização da energia sexual para construção dos corpos solares (de dia,
de preferencia de manhã cedinho). Procede? Ou posso realizar os dois
tipos de prática no mesmo ato? Em qualquer horário?

R. Sempre de manhã cedo. Durante o ato, primeiro canaliza a energia


por um bom tempo, depois procede à eliminação do defeito. Depois se
separa sexualmente da mulher e continua a canalilzar a energia por meio
da respiração.

Praticante5 de agosto de 2012 07:53


P. ma duvida: Qual a frequencia do Maithuna? Me refiro frequencia
semanal e quantidade de minutos por dia.
R. Uma vez por dia, durante os sete dias da semana, exceto quando a
mulher está menstruada ou grávida. Pratica-se inicialmente cinco ou dez
minutos diários e vai-se aumentando aos poucos.
P. Existem restrições quanto às posições?

R. Prefira aquelas que facilitam a preservação do esperma e evite aquelas


que facilitam a ejaculação.

Anônimo5 de agosto de 2012 08:39


"R. De manhã, bem cedo, é o melhor horário, Se não der nesse horário
pode ser em outro, mas fica mais difícil, embora também seja possível."

Se não der de manhã cedo, a transmutação é menos eficiente?

"R. Sempre de manhã cedo. Durante o ato, primeiro canaliza a energia


por um bom tempo, depois procede à eliminação do defeito. Depois se
separa sexualmente da mulher e continua a canalilzar a energia por meio
da respiração."

Por quanto tempo devo fazer essa respiração sozinho?? Em decúbito


dorsal?? Respirações profundas, enquanto imagino a energia se
espalhando pelo corpo??

Praticante7 de agosto de 2012 06:43


P. Se não der de manhã cedo, a transmutação é menos eficiente?

R. Sim.

P. Por quanto tempo devo fazer essa respiração sozinho??

Meia hora

P. Em decúbito dorsal??

Sim

P. Respirações profundas, enquanto imagino a energia se espalhando


pelo corpo??
Sim

Desejar é sintonizar
Quando desejamos, entramos em uma certa sintonia com o objeto de desejo. É uma
forma de harmonia, mas que pode ser destrutiva. Ao desejar qualquer coisa, estou
afinando meus sentimentos com aquilo.

Indisciplina e excesso de compromissos


Excesso de compromissos nos impede de adotar rigorosas disciplinas. A disciplina de
fazer práticas de concentração todos os dias, por exemplo, fica grandemente
prejudicada se lançarmos sobre nossas costas muitos compromissos. Convém,
portanto, minimizarmos ao máximo os vínculos com o mundo material se quisermos
ascender espiritualmente.

Não há porque esperar mais.

O momento de iniciar a santificação é aqui e agora. Não podemos deixar para mais
tarde. Não importa quanto tempo ainda tenhamos ou o que tenhamos feito, nem quão
terrível deve ser o nosso karma. Todo empenho em santificar-se é válido e útil.
Se estamos errando e fracassando, isso se deve principalmente ao fato de não
dedicarmos tempo à oração e à comunhão com o Divino. Por mais que aperfeiçoemos
as estratégias, por mais corretos que sejam os esforços, tudo será inútil se tentarmos
trilhar sozinhos o caminho da purificação. Este caminho somente pode ser trilhado se
nos voltarmos a Deus e buscarmos a comunhão com Ele. Os monges cristãos que
oram sem cessar e devotam toda a sua vida a Deus estão no caminho correto. O
mesmo fazem os iogues que concentram sua vida na busca de Atman.
Não importa se acreditamos que Deus tenha este ou aquele nome ou seja assim ou
assado: o que importa é o fato de que Ele é o criador de tudo e, portanto, emanamos
dEle. Ora, se Ele criou o nosso Espírito, então o nosso Espírito herdou dEle o caráter
divino. Se Deus é onipresente e está em toda a criação, então toda a criação tem um
aspecto divino. Daí resulta que a incompatibilidade entre os ensinamentos das várias
religiões é aparente e que não devemos nos atormentar com dúvidas.
Sucumbimos repentinamente às piores tentações porque negligenciamos à comunhão
com o Pai (Origem ou Fonte), porque preferimos nos distrair com os tesouros
atraentes deste mundo. O corpo e a matéria em si não são maus, mas a submissão da
alma aos mesmos é ruim por ser uma forma de idolatria. Pistis Sophia sofre por ser
forçada a adorar a escuridão e é forçada ao ser enganada. Nossa alma acredita que a
felicidade está neste mundo e não compreende que há infinitos esplendores além dele.
Este é o engano que sofre Pistis Sophia, pobre vítima da ilusão de Mara. O mundo da
matéria é maya e inclui: desejos sensuais, prazeres sensoriais, corporalidade, matéria,
luxúria, gula.
É um grande erro adiar purificação, acreditando-se que ainda se tem muito tempo. É
também um erro renunciar à mesma por acreditar que não se tem mais tempo. Ainda
que o tempo que nos resta seja curto, pode e deve ser vivido como santificação
máxima. Mesmo que não sejamos capazes de viver mil dias na perfeição, se formos
capazes de fazê-lo por um dia já é um bom começo. O que importa é começar e é isso
o que não fazemos. Aí está um dos nossos erros.
Se você está desesperado, aconselho, humildemente, que inicie seu desprendimento
agora, dentro de suas capacidades. Viva em santidade e devoção, nem que seja por
um minuto, mas faça-o. Inicie, aja e não adie.
A morte do eu, a auto-observação, a concentração e a meditação não serão um fato se
você tentar alcançá-los sozinho. Tentar trabalhar sem devoção caminhar para o
fracasso.
Aqueles que cometeram muitos e graves erros acreditam-se condenados
definitivamente. Penso que, enquanto se tenha anelos superiores, existe a
possibilidade de transcender o passado. Pode ser que tenhamos que pagar karmas
gravíssimos e inegociáveis, aqui ou em outros mundos, mas, ainda assim, podemos
buscar a Deus em meio às dificuldades. Entendo que não existe dificuldade que nos
impeça de tentar buscar a Deus. Até no abismo existem mestres lutando por resgatar
almas perdidas. Então isso significa que sempre há uma porta aberta.
Todos teremos que enfrentar a desencarnação cedo ou tarde, então é melhor nos
desapegarmos do mundo material e ajudar a humanidade agora. Nada de deixar para
depois. Amanhã poderá ser tarde. Se você quer a bem-aventurança da alma, deve
trabalhar por isso o mais que puder. Desligue-se dos atrativos do mundo, liberte sua
alma da fascinação pelas chamada “coisas boas da vida”. Viva somente para o Ser (O
Espírito Divino).

Karma e sofrimento

Quando sofremos, estamos pagando karma e, portanto, estamos nos livrando de


dívidas. Por isso devemos nos alegrar.
Entendo que os sofrimentos voluntários, principalmente se forem sacrifícios pelo
próximo, podem ser oferecidos a Deus e às Hierarquias Divinas como uma forma de
pagamento antecipado pelos muitos pecados que cometemos. Se isso for assim, é
também possível que as promessas sejam um meio de se conseguir “crédito”.
Entretanto, se não as pagarmos, o peso do karma será ainda pior por termos
trapaceado.
Seja qual for a sua religião, eu sugiro que, se você está sofrendo, se sacrifique
voluntariamente por seus semelhantes e ofereça este sacrifício Àquele que você
acredita ser o Deus Supremo. Deste modo, é possível que seu sofrimento seja aliviado
e sua existência na Terra seja prolongada para que você possa se libertar um pouco
mais dos seus pecados.
Os incrédulos não admitem que existam pecados porque não conhecem a lei de causa
e efeito. Supõem que não exista nenhuma inteligência acima do homem que regule os
efeitos de suas ações. Tal equívoco se deve à crença de que o animal racional é a
criatura mais elevada e inteligente do universo, nada mais existindo acima dele.
Os Mestres da Medicina são Devas

Os Devas da natureza

Os mestres da medicina são Devas, hierarquias da natureza. Comandam os elementais


e conhecem a fundo o funcionamento do corpo físico. Podem, por tal razão, curar
doenças incuráveis que não estejam sob o jugo fatal do karma ou que sejam
negociáveis. Não há porque duvidar deles, uma vez que comandam os elementos e,
portanto, a forma como os mesmos se organizam dentro do corpo físico.
O corpo físico é composto pelos quatro elementos. Há em nossos tecidos e fluídos:
terra (elementos minerais e substâncias químicas), água (também ela uma substância
química), ar (oxigênio e outras moléculas de gases) e fogo (energia calorífica).
As partículas subatômicas, atômicas e moleculares que formam as células são partes
dos quatro elementos. O fogo também é um elemento e é composto por partículas. As
partículas se arranjam sob a direção dos elementais e estes são conduzidos pelos
Devas (hierarquias da natureza).
Os Devas podem possuir ou não corpo físico. Emanam de si uma essência que tomará
corpo da sexta dimensão para baixo. A parte superior do homem sempre estará
situada em algum grau hierárquico dentro da natureza, com o poder de conduzir
forças elementais.
A atuação não-usual das forças que comandam as partículas componentes dos corpos
pode promover curas incompreensíveis e constitui os chamados milagres.

Os espíritos da natureza atuam no interior do homem


Sob as ordens dos Devas da natureza, os elementais atuam sobre a matéria física a
partir do mundo subatômico(1), que é o seu mundo. Modificam as partículas
subatômicas de modo a produzirem rearranjos nos níveis atômico, molecular e
celular, dando origem a fenômenos naturais visíveis, meteorológicos, elétricos,
térmicos, luminosos, químicos, sismológicos, ígneos, eólicos e a muitos outros.
Atuam sobre os tecidos vivos, originando doenças ou curas, de acordo com a lei
kármica.
No caso das curas, os elementais não interferem somente no corpo físico, mas
também no corpo vital e nos demais corpos internos, afetando o psiquismo humano.
Operam de dentro para fora, da alma para o corpo. As plantas medicinais modificam
o padrão vibratório anímico do doente.
Os processos biológicos e fisiológicos não se resumem ao que os cientistas vêem,
possuem uma contraparte interna com infinitos estratos dimensionais.

Curas que provém do mundo espiritual

As forças para a cura e para as doenças provém do inconsciente. No inconsciente atua


o corpo astral e os demais corpos que estão dentro dele.
Dentro do corpo físico está o corpo vital, constituído por partículas menores do que
as que constituem o primeiro. Dentro do corpo vital está o corpo astral, constituído
por partículas ainda menores. Dentro do corpo astral está o corpo mental, ainda mais
sutil e assim sucessivamente, até o último dos corpos.
Ao analisar a evolução de uma doença no microscópio, os biólogos são capazes de
enxergar somente até o nível biomolecular. O aspecto infinitamente pequeno do
mundo subatômico, que também afeta o mundo celular, lhes permanece inacessível.
É por isso que tratam das doenças e concebem suas causas somente até este nível.
Um mundo composto por partículas muito menores do que os átomos conhecidos
pelos cientistas compenetra o mundo visível. Estas partículas ínfimas se associam
para formar corpos de extensões variáveis, maiores ou menores do que o corpo
humano. Podem formar planetas e galáxias. São estas partículas que compõem a
mente, os sentimentos e a consciência. Além das partículas ínfimas conhecidas
(neutrinos, fótons etc.) há uma infinidade de outras partículas ainda menores. Não há
um limite para as suas existências.
Aquilo que fazemos psiquicamente atinge as profundidades de nosso psiquismo, o
que equivale a dizer que atinge os corpos internos. As conseqüências de nossos atos
podem ser transferidas de uma existência para outra, uma vez que os mesmos
imprimem marcas em nossos veículos sutis. O resultado desta matemática resultará
em saúde ou doença. Em outras palavras: a alma pode ferir ou curar o corpo. Por isso
é que as orações e os placebos curam, enquanto os nocebos inutilizam agressões. Do
mesmo modo, os maus pensamentos e maus atos provocam doenças nesta ou em
futuras existências.
Os elementais podem alterar o funcionamento de nossa alma, alterando assim sua
relação com a matéria densa.

A fé

Ocorrem no corpo humano processos naturais de cura. A fé pode desencadeá-los sob


a forma de placebos e nocebos, mas também pode criar doenças sob a forma de
sugestões ou induções. O efeito placebo é tão poderoso que chega a atrapalhar os
experimentos e pesquisas científicas com medicamentos.
Quando aprendemos a ter fé, desencadeamos os processos naturais de cura dirigidos
pelo Ser.
O corpo sempre tende a buscar a cura e o equilíbrio. A doença resulta da obstrução
desta tendência.

Nota:
(1)Este mundo subatômico não se restringe às partículas detectadas pelos físicos.
Abrange o abismo do infinitamente pequeno, cujo limite nunca será atingido, e
envolve partículas que nunca serão conhecidas pelos estudiosos do átomo. Tais
partículas, em união, formam arranjos de extensões variáveis, algumas das quais
podem se estender muito além das dimensões de uma galáxia, formando mundos e
universos paralelos habitados. A matéria física tem origem em seus próprios
transfundos subatômicos (energia, do nosso ponto de vista humano), motivo pelo qual
as religiões afirmam que o universo foi criado pela Inteligência Divina .

Dialogando com a mente

As dúvidas que surgem durante a meditação

Durante a meditação, surgem dúvidas na mente, relacionadas com os mais variados


assuntos. Estão ligadas a problemas cotidianos que enfrentamos, a desejos que
queremos satisfazer etc. As dúvidas estimulam o raciocínio com o intuito de
compreender o problema ao qual se referem e assim resolvê-las.

A tendência comum do praticante novato é identificar-se com tais dúvidas,


desviando-se da concentração, ou rejeitá-las sem compreender seu conteúdo (reprimí-
las) criando um conflito. Ambas as coisas estancam a prática e a fazem retroceder.
Obtemos o avanço quando não rejeitamos e nem tampouco nos identificamos com as
dúvidas, mas as dissecamos e compreendemos seu conteúdo.

Compreender o conteúdo de uma dúvida é descobrir o que contém, ou seja, é


tomarmos consciência do que a consiste. Em que consiste esta dúvida que me assalta
neste momento? A que se refere esta dúvida? O que há nela? De que se trata?

Não basta apenas auto-inquirir, temos que buscar a resposta. A resposta já existe
dentro de nós mesmos, na própria dúvida. A própria dúvida traz seu conteúdo e o
expõe à nossa consciência ao se manifestar na mente. Fazer-se consciente desse
conteúdo é o indicado. Não é criando um conflito que a superamos, mas sim
"dissecando-a para ver o que escondem de real", como disse o V.M.Samael:

"Durante a meditação, devemos dialogar com a mente. Se alguma dúvida surge,


temos de fazer a dissecação dessa dúvida. Quando uma dúvida foi devidamente
estudada, quando a dissecamos, não deixa em nossa memória rastro algum,
desaparece. Mas quando uma dúvida persiste, quando pretendemos combatê-la
incessantemente, forma-se o conflito. Toda dúvida é um obstáculo para a meditação.
Mas não será rejeitando as dúvidas que iremos eliminá-las. Ao contrário, é fazendo a
sua dissecação para ver o que é que escondem de real." (V.M. Samael Aun Weor, A
Revolução da Dialética, cap. 16)

Não avançamos na viagem da meditação se não transcendermos as dúvidas:

"Qualquer dúvida que persiste na mente converte-se numa trava para a meditação."
(idem)

À medida em que as dúvidas vão sendo ultrapassadas, a prática vai se aprofundando.


Uma dúvida é transformada "em pó" quando é compreendida, mas resiste fortemente
quando é simplesmente rejeitada sem compreensão:

"Temos que analisá-la, esquadrinhá-la, reduzi-la a pó... Não será combatendo-a, mas
sim abrindo-a com o bisturi da autocrítica, fazendo uma rigorosa e implacável
dissecação, que iremos descobrir o que havia nela de importante, o que havia nela de
real e o que havia de irreal. Assim, as dúvidas, às vezes, servem para esclarecer
conceitos. Quando alguém elimina uma dúvida mediante uma análise rigorosa,
quando a disseca, descobre alguma verdade. De tal verdade vem algo mais profundo,
mais sabedoria, mais experiência." (ibidem)
Analisá-la é transformá-la em objeto de escrutínio, em alvo de compreensão. Nos
ocupamos com ela apenas enquanto existir, mas a largamos tão logo se aquiete por ter
sido compreendida. Abrí-la com o bisturi da auto-crítica é questionar-se a respeito.
Quando nos questionamos acerca do conteúdo de uma dúvida, e buscamos
sinceramente a resposta ao nosso questionamento, a estamos abrindo para que revele
o que há dentro. Descobrimos que traz algo de real mesclado a algo de irreal. Este
trabalho cognitivo a elimina por meio da transformação. A dúvida se transforma em
experiência e nos deixa em paz para prosseguir.

Auto-crítica é o auto-questionamento, a postura crítica em relação a si mesmo. Uma


postura crítica é uma postura ativa, em que não se aceita passivamente idéias dadas.
A auto-crítica é um bisturi porque nos permite duvidar das próprias convicções, de
crenças ancestrais e de paradigmas, abrindo-os para verificar o que escondem.
Aplicada às dúvidas interferentes, tem o saudável resultado de transformá-las "em
pó", isto é, em nada, no vazio e no silêncio.

O diálogo com a mente

Quando a mente não se aquieta e insiste com alguns pensamentos, temos que dialogar
com ela. Temos que interrogá-la sinceramente e deixar que fale. Interrogar
sinceramente é perguntar tentando buscar a resposta em nós mesmos, sem evasivas
ou justificativas. Trata-se de um auto-diálogo em que somos o inquiridor e a mente é
tratada como o sujeito estranho a ser inquirido, embora esteja dentro de nós e seja
uma parte de nós (mas não o Real Ser e sim um veículo). Quando interrogamos
sinceramente a mente, a resposta para a pergunta surge do inconsciente, pois ali jazia
antes do ato da interrogação. Todos temos conhecimento inconsciente, para o bem ou
para o mal,e é este conhecimento que fornece a resposta.

Interrogar a mente é o indicado quando ela insiste com algum palavrório inútil. A
indagação é referente ao conteúdo do pensamento insistente.

"Elabora-se a sabedoria à base da experimentação direta, na própria experimentação,


à base da meditação profunda. Há vezes em que precisamos, repito, dialogar com a
mente, porque muitas vezes queremos que a mente fique quieta, fique em silêncio, e
ela insiste em suas tolices, em seu palavrório inútil, em continuar a luta das antíteses.
É quando se faz necessário interrogar a mente: 'Muito bem, mente, mas o que é que
queres? Me responda!' Se a meditação for profunda, poderá surgir em nós alguma
representação. Nessa figura, nessa representação, nessa imagem, está a resposta.
Temos então de dialogar com a mente e fazê-la ver a realidade das coisas, fazê-la ver
que sua resposta está errada, fazê-la ver que suas preocupações são inúteis e que os
motivos pelos quais se agita também são inúteis. Por fim, a mente fica quieta e em
silêncio." (ibidem)

A mente deve compreender que seu falatório é inutil. O trecho acima me recorda o
que disse o V.M.Samael certa vez em uma entrevista, quando o interrogaram a
respeito de como silenciar um pensamento que estivesse atrapalhando a meditação.
Sua resposta foi: "Compreendendo a inutilidade deste pensamento". É exatamente o
mesmo que está sendo dito agora.

Ocorre que nossa cultura mentalista nos ensinou que os pensamentos são importantes
e úteis. Tal crença arraigada nos leva a dar extrema importância às bobagens que
pensamos. Dos milhões de pensamentos que temos em um dia, menos de 1 por cento
servem para alguma coisa. Por considerá-los importantes, os alimentamos e os
mantemos ativos o tempo todo. É esta inutilidade que necessitamos compreender
durante a meditação.

Quando interrogamos a mente, somos o sujeito que pergunta e somos também o


elemento que fornece a resposta. Entretanto, elemento que fornece a resposta deve ser
tratado como um sujeito estranho, como algo que não é o Ser: um estranho dentro de
nós que, não obstante, é nós mesmos. Há, portanto, uma dissociação. A resposta não
virá se não a buscarmos. Qualquer pessoa pode realizar a experiência de dialogar
consigo mesma, buscando dentro de si respostas pertinentes a questões pessoais. Um
pessoa dividida entre dois amores poderá se perguntar: qual das duas pessoas me
agrada mais? Em seguida, ela mesma, se tiver ser perguntado sinceramente,
descobrirá a resposta. A resposta já existia dentro dela e ela simplesmente tomou
consciência. Entendo que é a este tipo de indagação a que se refere o V.M., porém
direcionadas às dúvidas que surgem e aos pensamentos mais renitentes, que insistem
e não nos deixam continuar a prática.

Quando dialogamos conosco a respeito de uma dúvida, ela normalmente nos deixa
após ser compreendida. Mas há casos em que a mente insiste em pensar, por
considerar tais pensamentos importantes. É a inutilidade deste processo que precisa
ser compreendida para que a mente silencie. É assim que adentramos ao nosso mundo
interior.

Caso ainda assim a atividade mental persista, temos que interrogar a mente ainda
mais profundamente, com mais força:

"Mas se notamos que a iluminação ainda não surge, que ainda persiste em nós o
estado caótico, a confusão incoerente do palavrório incessante com sua luta de
opostos, temos que chamar de novo a atenção mente, interrogando-a: O que queres,
mente? O que estás procurando? Por que não me deixas em paz? Há que falar claro e
dialogar com a mente, como se ela fosse um sujeito estranho, já que ela não é o Ser.
Temos de tratá-la como se fosse uma pessoa estranha. Temos de recriminá-la e de
repreendê-la." (ibidem)

É óbvio que os pensamentos, embora inúteis, possuem suas metas. A atividade


mental tem seus objetivos, equivocadamente considerados úteis e importantes. É a
essas metas que se referem as perguntas do tipo: "O que queres, mente? O que estás
procurando?" Quanto mais enérgica e incisiva for a pergunta em sua

sinceridade, tanto mais profundamente nos chegará a resposta. A resposta não nos
chega por um passivo ato de mágica, mas nos cai se nos tornamos receptivos a ela,
como no mencionao exemplo da pessoa dividida entre dois amores. A própria pessoa
que está meditando sabe quais são as metas (inúteis) do seu pensamento insistente, de
sua mente, mas não se torna plenamente consciente delas até o momento que se auto-
questiona.

Sintetizemos, então. 1) Quando os pensamentos interferem, os dissecamos pela auto-


crítica; 2) Quanto mais teimosa for a insistência da mente, mais enérgica deve ser a
auto-indagação; 3) A auto-indagação deve girar em torno do conteúdo das dúvidas e
das intenções da mente pensante; 4) A dúvida nos deixa e a mente silencia quando
compreende o caráter inútil de sua atividade.

******

Quando estamos pensando, não compreendemos a inutilidade dos pensamentos. A


mente pensa tanto porque crê que os múltiplos pensamentos são importantes e úteis.

Há situações em que é importante pensar de forma concentrada, quando não se possui


outras faculdades superiores ao intelecto (ex. quando temos que encontrar a solução
para um problema grave e urgente), mas, via de regra, o pensar disperso e desatento
não nos traz vantagem alguma.

Quando tomados por pensamentos insistentes, podemos atenuá-los em grande medida


se nos questionarmos com toda a sinceridade: Para que servem estes pensamentos?
Quais são as suas utilidades? Em que podem me ajudar a resolver o problema que me
incomoda? Se buscarmos as respostas com toda a sinceridade, chegaremos à
conclusão de que os pensamentos são, não só desnecessários, mas também um
estorvo prejudicial. Estas perguntas, quando dirigidas para a própria mente, terminam
por convencê-la de que seus pensamentos são inúteis. O motivo básico pelo qual
pensamos tanto é este: nossa mente (uma parte de nós, mas que não é o Ser e nem a
Essência ou Alma) acredita que os pensamentos são importantes.

Paralelamente a tais perguntas, podemos também aplicar a dualidade: recordarmos ou


pensarmos em algo que torna o pensamento em algo sem importância, alterando seu
significado (ex. se estamos pensando em dinheiro para comprar um lindo carro, nos
recordarmos de que iremos morrer fisicamente um dia). Assim como certas situações
alteram o significado de outras, certos pensamentos também alteram o significado de
outros pensamentos. Quando opomos a um pensamento um outro pensamento oposto,
que o inutilize, podemos descartar ambos.

De modo que há dois procedimentos para aquietar pensamentos:

1. questionar-se sinceramente a respeito de suas importâncias (questionar a


própria mente);
2. opor aos pensamentos outros pensamentos opostos que os anulem.

Repressão: um erro a ser evitado

Temos um problema filosófico difícil. Por um lado, entregar-se à satisfação dos


impulsos é o mais rápido caminho para a perdição. Por outro, resistir à satisfação é o
mais rápido caminho para a somatização de doenças e para a dissociação neurótica.
Qual seria a solução? Uma terceira via, normalmente desconsiderada: a
transformação do impulso em neutralidade. Há que se entender claramente este ponto
para se evitar confusões que poderiam resultar em desvios nefastos.

Um incauto poderia concluir que defendemos a satisfação dos desejos como forma de
dissolvê-los. Tal idéia nos parece absurda pois a satisfação os fortifica, ao invés de
enfraquecê-los. A satisfação ocorre via identificação e afasta o defeito somente
temporariamente, tornando-o ainda mais despótico em momentos seguintes.
Aquele que remove os mecanismos de repressão do ego cairá sob seu domínio, caso
não lance mão imediatamente de outras armas para contê-lo de forma eficiente.
Importa entender que não estamos sugerindo a entrega ao desenfreio dos desejos sob
a desculpa de observá-los. Estamos propondo a substituição do mecanismo repressivo
por meios realmente funcionais de transmutação do desejo em neutralidade (liberdade
da alma). Os meios consistem, primeiramente, em manter-se alerta em tempo integral
para não nutrir os defeitos e, secundariamente (isto é, quando falhamos na adoção do
primeiro), na ruptura da identificação com o elemento obsessor. Em ambos os casos,
a observação de si e a oração às partes superiores do Ser são imprescindíveis.

Propomos, portanto, a substituição da repressão por um meio muito mais eficiente


para a transformação e o resultante domínio de si.

É uma perda total de tempo analisar e refletir sobre um defeito se o estamos


reforçando no dia a dia. Importa, então, encontrar os caminhos insuspeitados pelos
quais os reforçamos, para assim dissolvê-los. A mera recordação de um impulso
compulsivo leva-lhe energia e resulta posteriormente em obsessão.

Combate-se a obsessão combatendo-se os comportamentos que a nutrem. De nada


adianta debater-se uma vez que esteja instalada se logo em seguida a reforçarmos
novamente. O caminho começa, portanto, pelo cuidado em não as alimentarmos (daí
a auto-observação e a morte em marcha). No entanto, aqueles que estão tomados por
um agregado psíquico devem também dispor de um meio que lhes permita sair de tão
horrível estado. Aqui entra em ação a auto-reflexão, a qual somente será funcional se
a pessoa não voltar a nutrir o defeito obsessor tão logo se veja livre dele. É
desnecessário dizer que somente a Mãe Divina tem o poder de dissolver o elemento
obsessor, transformando-o o em virtude. Não menciono isto todo o tempo para não
ser repetitivo, mas o leitor deve considerar que estamos pressupondo o apelo à Ela
todo o tempo.
Relacionar-se com a Mãe Divina é uma questão de amá-la,assim como a outras partes
do Ser. O amor a Deus é fundamental para a evolução espiritual. Temos que chegar a
amar a Deus mais do que ao mundo, ao corpo e a nós mesmos, somente assim nos
unimos a Ele para sempre. Em nosso atual estado, amamos muito mais ao mundo, à
matéria, do que ao Ser.

Aceitação

Temos que trabalhar a aceitação da realidade. Não adianta nos pressionarmos contra
aquilo que somos. Ao invés disso, é melhor nos compreendermos. Há uma diferença
entre compreender o ego para dissolvê-lo e tentar sufocá-lo.

Eus bons

A tentativa de sufocação dos defeitos (recalque) é realizada por eus bons que cobiçam
virtudes. São esses eus que originam neuroses através da auto-cobrança, auto-
pressionamento, auto-condenação, auto-depreciação e auto-exigência. Os eus bons
são, portanto, extremamente perigosos e podem ocasionar doenças. Por trás da
virtude aparente de tais eus podem existir objetivos egoístas. A morte deve também
se efetuar sobre tais elementos daninhos.

Delegar à Mãe Divina

Deixemos a responsabilidade da morte com a Mãe Divina. Façamos a nossa parte:


vigiar e orar.

Essas palavras do V.M. Samael ilustram bem a idéia deste post sobre o vício de
resistir aos desejos e tentar reprimi-los:
"A resistência é a força opositora. A resistência é a arma secreta do ego.

A resistência é a força psíquica do Ego, que se opõe à que tomemos consciência de


todos os nossos defeitos psicológicos.

Com a resistência, o Ego tende a sair pela tangente, postulando desculpas para calar
ou tapar o erro.

Por causa da resistência, os sonhos tornam-se difíceis de interpretar e o


conhecimento que se quer ter sobre si mesmo torna-se nebuloso.

A resistência atua como um mecanismo de defesa, que trata de omitir erros


psicológicos desagradáveis, para que não se tenha consciência deles e se continue na
escravidão psicológica.

Mas, na realidade e de verdade, tenho de declarar que existem mecanismos para


vencer a resistência e são os seguintes:

1- Reconhecê-la.
2- Defini-la.
3- Compreendê-la.
4- Trabalhar sobre ela.
5- Vencê-la e desintegrá-la por meio da super-dinâmica sexual.

Mas o Ego lutará durante a análise de resistência para que não sejam descobertas
suas falácias, o que põe em perigo o domínio que ele tem sobre a nossa mente.

Nos momentos de luta com o Ego, há que apelar a um poder superior à mente: o fogo
da serpente Kundalini dos hindus."
(Samael Aun Weor - A Revolução da Dialética, cap. 4)

A questão da resistência ao ego é da maior importância. Muitos estudantes adquirem


o vício de simplesmente resistir aos desejos ao invés de estudá-los. Tentam, por meio
do simples esforço sem critério, “não sentir o desejo”. Esta é uma forma de auto-
agressão, de um equivocado esforço contra si mesmo, cujos resultados são as
neuroses e doenças emocionais mais graves. Esse não é o caminho da morte do ego.

Ao invés de perdermos o tempo nos auto-agredindo com esforços indevidos e com o


inútil hábito de resistir aos desejos, é melhor nos separarmos dos defeitos, observá-
los em ação e suplicar por sua morte à Mãe Divina.

O mecanismo da resistência ao desejo está ligado à culpa e a culpa está relacionada


com o medo. Diante do temor das consequências da satisfação de um desejo
avassalador que não é aceito socialmente, a pessoa imediatamente faz esforços para
sufocá-lo, bloqueá-lo, pois não conhece a didática para correta para a sua morte. A
pessoa que não conhece a didática da Morte está à mercê dos defeitos.

Há em qualquer um de nós (inclunido os moralistas politicamente corretos que vivem


criticando o próximo ao invés de criticarem a si mesmos) egos perigosíssimos, que
podem destruir completamente a nossa vida e a vida de outras pessoas. São desejos
intensos que podem nos levar a cometer crimes, atos socialmente reprováveis e
punidos com medidas cruéis e severas. Diante de um tal perigo, é normal que as
pessoas optem pelo caminho mais curto da repressão ou recalque, aperfeiçoando sua
capacidade de simplesmente resistir e sufocar as paixões e emoções.

No entanto, o hábito de resistir aos defeitos é também um defeito, corresponde a uma


forma encontrada pelo ego para evitar ser alvo da análise consciente. Se prestarmos
atenção, veremos que, quando resistimos a um desejo, não fazemos mais nada, não o
observamos e nem tampouco pedimos. Como poderíamos observar aquilo que
banimos da nossa vista? Resistir a um desejo é “empurrá-lo para dentro”, de volta ao
inconsciente, retirando-o de nosso campo de visão, expulsando-o do campo da
consciência.

Expulsar um desejo do campo de visão não é matá-lo. O inimigo continua vivo e


ativo dentro de nós, agora por baixo de nossa zona de auto-percepção consciente, não
sendo captado pela auto-observação. Se eu expulso meu inimigo do meu campo de
visão, jamais poderei estudá-lo e compreendê-lo. Não se mata um defeito através de
resistências. A resistência é a opção por um pólo em detrimento do outro, é a opção
por um desejo, socialmente aceitável e louvável, em detrimento de outro desejo,
socialmente reprovável e condenável.

Ocorre, entretanto, que o ego jamais poderá matar o ego. De nada adianta optar por
um pólo (um desejo) porque o outro pólo (o desejo contrário), continuará existindo.
Muitos religiosos contemporâneos, desesperados para se livrarem do pecado, optam
por pela via nefasta da resistência e vemos como eles sofrem, tentando resistir aos
desejos e sendo por eles atormentados durante toda a vida, chegando algumas vezes a
cometerem aberrações.

Se você faz muitas “coisas feias” e tem uma grande besta escondida no armário, não
perca o seu tempo se sentindo culpado por tais monstruosidades. Isso nada tem a ver
com o verdadeiro arrependimento (se fosse arrependimento verdadeiro, você nunca
voltaria a fazer aquilo) e é, na verdade, um mecanismo dos egos para te enganarem e
continuarem existindo. Aproveite o seu tempo observando e pedindo para a Divina
Mãe a morte dos milhares de detalhes. Observe os resultados, você verá que as coisas
mudam. Lembre-se que o trabalho de Morte é Ela quem realiza e não você, mero
mortal do lodo da terra.

A Morte é tarefa da Mãe Divina. Devemos deixar essa tarefa com Ela e não tentar
usurpá-la. Nos mantenhamos em nosso posto, no posto que nos corresponde, e
façamos a nossa parte.

A Mãe Divina é o apoio e a arma do estudando, do neófito. Sem Ela, nenhum


progresso é possível na Morte do Ego. Aquele que quer morrer deve apoiar-se na
Mãe Divina. Não apoiar-se nEla, não rogar-Lhe, é ser ingrato.

O ato de delegar a morte de um defeito à Mãe Divina é o único ato que pode
substituir o vício da resistência. Tentar a morte por si só, sozinho, é começar
fracassando.

Os mecanismos de resistência são defeitos que devem ter seus detalhes observados e
eliminados. Devem ser tratados como quaisquer outros defeitos.

Os mecanismos de resistência são muito queridos pelas pessoas que tiveram uma
educação dentro das religiões confessionais. Se não forem compreendidos e
dissolvidos, a Morte não avança. As pessoas temem eliminar seus mecanismos de
resistência, pois acreditam que, se o fizessem, se tornariam vulneráveis a possessões.
O medo é injustificado, pois a invasão violenta de paixões apenas ocorrerá se a
pessoa optar pelo pólo contrário (buscando satisfazer o desejo contido) e não é, de
modo algum, isso o que estamos defendendo. Não defendemos a opção por nenhum
dos lados: nem pelo lado da resistência e nem tampouco pelo lado contrário à
resistência, que é o da satisfação do desejo ao qual se resiste. Propomos uma terceira
via: renunciar à batalha de opostos, esquecer o processo de opção, e nos ocuparmos
em observar receptivamente, sem emitir juízos, conceitos, condenações ou
absolvições apriorísticas. Quem alimenta um desejo está tão equivocado quanto quem
resiste a ele. Em ambos os casos, o ego sobrevive.

Devemos dar tempo ao tempo e não nos pressionarmos para resistir. Quem reprime
não observa. Se eu reprimo alguém, como poderei observá-lo em ação?
O eixo central da luxúria

Há um eixo central na luxúria: o gozo da sensação do esperma em contato com os


canais nervosos do aparelho sexual. Sobre a prazer originado de tal sensação se
baseia todo e qualquer ato da fornicação.
Um fornicário é alguém que goza sentindo o sêmen fluir pelos canais nervosos de seu
aparelho sexual até a ejaculação. Um luxurioso é alguém que está apegado a este
prazer. O apego a tal sensação constitui o eixo central da luxúria, sendo secundárias
todas as formas restantes de apego ao feminino. Se o removêssemos, a luxúria
perderia todo o seu sentido. Os prazeres sensoriais proporcionados pelas formas
femininas, pela delicadeza, pelo perfume, pela voz doce e pelas feições delicadas,
embora sejam muito fortes, são secundários em relação ao prazer do ato ejaculatório
em si.
Tornar-se casto é dissolver o eixo central da luxúria, sua manifestação ou raiz
principal, e também suas manifestações secundárias. Dissolvemos o eixo central
cortando os sutis canais de nutrição que lhe levam energia e o fortificam. As armas
são auto-observação detalhista e oração contínua. Tanto o eixo central quanto as
manifestações secundárias necessitam ser enfraquecidos até a morte.
Ao percorrer o caminho para fora do corpo, o sêmen contata canais nervosos no
aparelho sexual. Este contato satura os nervos com a refinadíssima energia seminal. É
esta energia que proporciona o prazer orgásmico, o qual é totalmente animal. É ela
também que proporciona o prazer espiritual sentido na coluna daqueles que
transmutam sua energia. Há, portanto, dois tipos de prazer: o espiritual e o animal.
Um é experimentado quando a energia sobe e entra no corpo. O outro é sentido
quando a energia desce e sai. O primeiro revigora e regenera o homem, o segundo o
enfraquece e o degenera.
Os viciados na sexualidade animal (a maioria de nós, seres humanos) se condicionam
desesperadamente à sensação da energia percorrendo o caminho animal: para baixo e
para fora. Se quisermos inverter nosso funcionamento, teremos que compreender e
dissolver o apego a tais sensações, incluindo todas as lembranças, imaginações etc.
Quando a energia percorre o caminho animal, proporciona prazer intenso e rápido,
sentido em uma parte localizada e específica da anatomia: o órgão sexual. Este prazer
se deve ao caráter divino da energia, que neste caso está sendo desperdiçada para
passar por um processo involucionante que se concluirá quando a mesma for
ejaculada. Ao ser ejaculada, a energia sexual sofre uma involução.
A energia sexual deve ser transmutada dentro do organismo humano e não fora dele,
mas isso não será possível enquanto o homem se manter apegado aos prazeres do
trajeto involucionante do sêmen. O apego ao prazer da intensa, porém breve,
sensação do sêmen em contato com os nervos durante sua saída do corpo físico deve
ser sacrificado sem piedade.
bento.s12 de junho de 2010 10:51
Muito Bom o texto. Já adicionei o blog aos favoritos, e estou
acompanhando.

Ninja31 de maio de 2011 09:00


O blog tem algum twitter ou newsletter para acompanhar atualizações?
Responder

1. A Condição Social do Homem21 de junho de 2011 06:18


Olá Ninja

Este blog não tem twitter e nem newsletter por enquanto.

Atribuir a morte à Mãe Divina


É um erro acreditar que sozinhos podemos realizar a morte do ego. Na morte, nosso
papel se limita a observar detalhadamente, estudar, compreender. Além disso,
somente nos cabe pedir. Quem realiza a morte de fato é a Mãe Divina.
Em lugar de resistir ao desejo, deixemos sua dissolução com a Mãe Divina. A morte é
atribuição dEla e não nossa. Apelemos ao seu poder, considernado-a como algo
completamente distinto do nosso Eu e que atua de forma independente de nós
mesmos, ainda que seja uma parte derivada do nosso próprio Ser.
Entendamos que a realização da morte é uma meta da Mãe Divina, que cabe a ela
dissolver o ego. Deixemos a morte com Ela, a nós cabe a observação e compreensão.
O V.M. Samael diz que quando descobrimos um defeito devemos apelar à Mãe
Divina sem demora, ou seja, imediatamente. Se você estiver obsessionado por um eu,
separe-se dele, observe-o e peça por sua dissolução. Então você o verá enfraquecendo
aos poucos. Não creia que somente através da compreensão poderá se livrar dos
defeitos, das obsessões e tormentos interiores.
Concebamos a Mãe Divina como uma força atuante, totalmente distinta do ego, da
mente e da personalidade, e também como algo que não é a essência, mas a chispa
por trás dela. Nos relacionemos com Ela e aprendamos a amá-La.

Cobiçar virtudes

Cobiçar virtudes é uma ínútil perda de tempo, além de provocar neuroses.


Quanto mais alguém cobiça uma virtude, mais se afasta da mesma por um
mecanismo de represamento da libido (desejo) contrária. A verdadeira virtude está
além da dualidade.
O ego que cobiça uma virtude está por trás da recalque de egos contrários. Cobiçar
virtudes é um defeito.
Os egos possuem antípodas (egos contrários) que cobiçam seu extermínio por
motivos egoístas: controle total da máquina. O ego pode inclusive realizar
(mecanicamente) a auto-observação e até pedir pela morte.
Os estudantes gnósticos que se viciam em cobiçar desesperadamente a castidade se
tornam adúlteros, masturbadores e fornicários. Tal cobiça deturpa a prática da morte,
enganando aquele que intenciona praticá-la. Então o ato de recalcar (reprimir) os
desejos substitui a prática verdadeira, desviando e atrazando a pessoa em seu trabalho
interior, fazendo-a perder muito tempo e até a existência inteira.

blog2 de agosto de 2012 14:05


será q não tem como migrar pra outro blog levando todas as informações
deste? Eu também não entendo mas no mundo da internet tudo é
possível. Eu tenho algumas dúvidas sobre os textoq vc postou mas não
sei se vc pode ver essas postagens pois não recebo nenhum aviso.
abraço
Responder

blog2 de agosto de 2012 14:06


gostaria de saber se vc permite que eu tire algumas dúvidas de modo
particular, pois estou passando por problemas e não gostariade expô-los
aqui. Abraço.

O discernimento intuitivo de que se está em astral

Nos primeiros momentos em que discernimos que estamos em astral, podemos ainda
ser assaltados por dúvidas a respeito deste mesmo fato. A materialidade do mundo
astral pode nos fazer duvidar de sua astralidade, ou seja, podemos duvidar do fato de
que estamos em astral porque vemos à nossa frente um mundo material como o
mundo físico. Trata-se de um ceticismo prejudicial.
A certeza de estarmos em um mundo paralelo, extra-físico, não nos advém somente
por associações intelectuais, embora o raciocínio nesse mundo possa ser
perfeitamente articulado, mas também por uma via intuitiva.
O discernimento intuitivo me parece ser muito facilitado após a constatação de que o
mundo astral é um mundo não-físico, porém real e material.
Generalizações indevidas dos velhacos do intelecto

Acreditam os velhacos do intelecto que toda concepção religiosa se fundamenta em


crenças, carecendo de experimentação e de comprovação. Esta idéia perpassa todos
os seus discursos, é um pressuposto constante.
Quando muito, tentam explicar a experiência espiritual em termos químicos,
biológicos e psiquiátricos, reduzindo-a, como se isso resolvesse o problema o
problema lógico que evocam. O verdadeiro teor dessas experiências não lhes
interessa e eles preferem iludir-se com suas explicações superficiais, visto que as
mesmas se encaixam perfeitamente em seus entendimentos deficientes.
É comum que generalizem a partir das concepções católico-protestantes,
considerando que todas as experiências místicas sejam semelhantes. E evitam a todo
custo se debruçar sobre este ponto.
A idéia de "alucinação" é uma ferramenta que lhes é muito útil nesses casos, visto
que serve para acobertar problemas lógicos que, de outra forma, teriam que ser
encarados.
Em suma, para reforçar a crença de que toda experiência espiritual é falsa e carece de
fundamentos comprobatórios, os velhacos evocam a idéia de que as mesmas são
meras fantasias criadas pela mente, nas quais o experienciante passa a acreditar. É
claro que não assume isso, mas tal pressuposto é visível para qualquer um que analise
com cuidado seus discursos. Para defender a tese de que toda experiência mística é
um conjunto de crenças, eles se valem da idéia de "alucinação".

A Morte em Marcha em outros autores

O V.M. Samael diz em várias passagens dos livros que devemos nos observar e
morrer de instante a instante, a cada momento e a cada detalhe. Eis a Morte em
Marcha.
Ao ensinar que os súcubus e íncubus e outras larvas e elementários somente podem
ser arrojados mediante a oração e a manutenção de um pensamento puro, Paracelso
está ensinando a Morte em Marcha.

Blavatsky afirma que o discípulo não deve permitir que nem sequer a sombra dos
desejos se aproximem dele, o que não é outra coisa senão a mesma Morte em
Marcha.
Em "A Doutrina Secreta", podemos ler:

"Não creias que a luxúria possa ser aniquilada se satisfeita ou saciada, pois isso é uma
abominação inspirada por Mâra. É nutrindo o vício que ele cresce e se robustece, tal
como a lagarta engorda no coração da flor." (versículo 76)

Em outras palavras, não devemos alimentar os defeitos.

Jesus ensinou os discípulos a vigiarem e orarem sem cessar, para que não entrassem
em tentação. Vigiar é observar-se e orar é suplicar. Trata-se, igualmente, da Morte em
Marcha.

Em um manuscrito original dos essênios exposto em São Paulo, certa vez eu li:

"Não permita Deus que Satã se apodere da minha mente".

É claro que o manuscrito se referia à Morte em Marcha.

A Morte em Marcha não é uma invencionice caprichosa do V.M. Rabolú. É uma


técnica milenar usada para manter a mente limpa (e também os demais centros da
máquina) a todo instante. O conceito e a nomenclatura podem ser novos, mas o
conteúdo não. A morte do ego sempre veio por este caminho e não por outro.
Na Bíblia, a Morte em Marcha está claramente representada pela luta de Davi contra
Golias. Davi representa a essência e Golias representa o Ego. Não podemos enfrentar
Golias diretamente, "em bruto", como supõem muitos. Por ser muito mais poderoso,
qualquer confronto direto nos levará à derrota. Temos que atingir Golias em seu
ponto fraco: os inocentes canais de alimentação. Davi acertou o gigante na têmpora,
isto é, no ponto vulnerável, e o gigante caiu de uma vez.

Assim é também com os defeitos. Imagine um defeito ou desejo poderíssimo, um ego


que realmente te domina e te arrasta, contra o qual você é impotente e não pode
resistir. Pois bem, você não pode resistir-lhe, porque ele é muito mais poderoso.
Então acerte-o no ponto fraco. O Golias se fortifica a todo momento, sem que você
perceba. Você lhe dá vida e não se dá conta. Atitudes simples, que parecem
totalmente inocentes e desprovidas de maldade, levam nutrição ao gigante e o
mantém vivo. Dissolva tais atitudes mediante a vigilância e a oração, ao invés de
reprimí-las. Faça como Davi: não espere que o gigante te agarre, não deixe que o
desejo invada sua mente. Antecipe-se ao desejo, dissolva seus detalhes antes que ele
chegue e tome conta de tudo. Seja o primeiro a golpear, ataque primeiro, antes que o
Gigante te pegue. Aprenda, como ensinou Blavatsky, a perceber a aproximação da
sombra, muito antes da chegada do monstro hediondo que a origina. Não permita que
as sombras te engulam, reaja muito antes. Perceba os primeiros traços de
aproximação minutos ou até mesmo horas antes do Golias chegar e destruir tudo.
Mantenha-se longe do monstro e o acerte nas têmporas quantas vezes forem
necessárias.

Os indícios de aproximação são os pequenos detalhes. Reprimí-los é perder o tempo:


melhor é orar pela eliminação e aguardar, observando os mesmos perderem força. Se
resistir aos desejos fosse um meio verdadeiro de eliminação, todas as pessoas seriam
liberadas, já que é somente isso que todo mundo aprende a fazer desde que nasce.

A situação dos ascetas religiosos e espiritualistas é dolorosa. Lutam bravamente


contra os desejos sem nenhum resultado e alguns chegam mesmo a piorar com o
tempo, até a degeneração total. Isso mostra que suas técnicas de ascese não
funcionam. Se mudassem e aplicassem Morte em Marcha, ao invés das inúteis
tentativas de resistir aos desejos e de controlá-los, conseguiriam os resultdos que
tanto almejam. Mas para tanto seria necessário mudar a estratégia, renúnciar ao
controle e à denúncia, sem entregar-se ao desenfreio. Orar e confiar que a Mãe
Divina irá atuar.

Se um homem necessita resistir a um desejo, isso indica que o desejo é muito


poderoso. Ora, se é poderoso, é porque não está enfraquecido, não está ferido. É
absurdo supor que alguém que esteja realmente dissolvendo um defeito necessite
resistir-lhe. Se a Mãe Divina está dissolvendo o desejo, porque haveria necessidade
de resistir? Que necessidade há de estabelecer diques ou barreiras contra um inimigo
que está sendo morto? É algo absurdo e ilógico.

1. Douglas30 de julho de 2010 18:07


Essa é a morte do grão para germinar uma nova planta. Precisamos está
em alerta e em constante oração a Nossa Mae Santíssima, arrependendo
e pedido que ela destrua de nossa mente, de nosso coração e por
consequencia de nossa atitude tal ou qual defeito que se manisfastou.
Responder

A Condição Social do Homem24 de novembro de 2010 08:33


Entendo que a germinação do grão é um resultado espontâneo da morte e
que a morte é o resultado espontâneo de observar e pedir.
Responder

BOB3 de agosto de 2012 05:57


Olá não sei se ajuda mas achei esse tutorial explicando como solucionar
o problema dos comentarios. O que eu não entendi é se todos os
seguidores tem q fazer isso ou se é o proprietário do blog. dá uma
olhada. Duas cabeças "pensam" melhor q uma afinal tem mais ego
hehehe.
http://www.universofemininocomelisa.com.br/2011/07/porque-nao-
consigo-comentar-no-blog-o.html
Responder
2.
Praticante5 de agosto de 2012 07:55
Parece que a página foi retirada.

Vigiando o que vem antes

Se você não resistiu a um desejo e cometeu um ato que não gostaria de ter cometido
(por ex. ejaculou seu precioso sêmen, seja fornicando ou se masturbando) isso
ocorreu por você não ter matado o defeito correspondente bem antes que se tornasse
um desejo obsessivo. Você alimentou o defeito, sem o perceber, com atos e
pensamentos sutis, desprovidos de qualquer traço delituoso aparente.

Se fizer uma retrospectiva, poderá comprovar que muito antes de sentir o desejo
propriamente dito, muitos pensamentos e ações inocente, porém de alguma forma
relacionadas ao defeito em questão, te acometeram. Se você lhes aplicasse a morte
em marcha nas primeiras fases de manifestação, a situação não teria evoluído na
direção em que se desenvolveu.

É muito mais fácil eliminar um pensamento/ato inocente do que eliminar um ato


fortemente motivado por desejo. Por tal razão a morte em marcha deve ser aplicada a
todo momento, em qualquer traço psicológico que de algum modo alimente algum
defeito. Agir assim é atingir o Ego em pontos estratégicos, ferindo-o de morte. Não
queira medir forças com a legião, combatendo-a "em bruto", como diz o V.M.R. Se
Davi houvesse tentado medir forças contra Golias, teria sido esmagado. Atinja a
"têmpora" do Ego, seu ponto fraco e vital: os sutis canais de alimentação.
Muito antes de um desejo poderoso nos invadir, inocentes e sutis traços
comportamentais, principalmente pensamentos, o alimentaram. Vigie-os, portanto.
Eles são os detalhes do qual nos fala o V.M.R.

Quando, por descuido, já estamos identificados (invadidos ou obsessionados), temos


que descobrir qual foi o detalhe que abriu as portas para tal estado:

"P - Porém, se a gente se identifica, por exemplo, deu-nos ira e nos identificamos,
qualquer coisa...

V.M. - Temos que olhar o detalhe. Por que foi que lhe deu ira? No momento em que
você sentiu esse impulso, aí mesmo deve apelar à Mãe Divina. Aí se corta a ação.
Não se chega aos extremos." (V.M. Rabolú, p.140)

Se, em um dado momento, nos encontramos completamento perdidos de nós


mesmos, identificados e dominados por um ego, é porque, momentos antes,
permitimos que algum detalhe sutil se apoderasse de nossa máquina. O detalhe, ao
invadir-nos, abriu as portas para outros egos mais poderosos, culminando na
identificação plena com um defeito prejudicial.

Por regra, o ideal é antecipar-se, por meio da morte dos detalhes, a tais obsessões, o
que consegue mediante uma observação rigorosa que capte o princípio das
manifestações:

" P - Porém, existem eus muito fortes, por exemplo, o da ira, que nos podem sacudir.

V.M. - É que, olhe, a ira, vamos a um exemplo. Eu digo uma palavra ferina que
incomodou a você. Tem um princípio. Foi por uma frase minha, ou uma ação minha
que você se desgostou. Se você está alerta em si mesmo, quando você sente este
desgosto, apele duma vez à Mãe Divina aí. Então não há nenhum problema.

P - O problema é não fazê-lo?

V.M. - Não fazê-lo, é claro. Se nesses momentos em que disse essa frase ou fui e fiz
algo que não agradou a você, que se vê a ira, aí mesmo apelar à Mãe Divina,
instantaneamente, já. Evita-se o problema com os demais, e tudo, e vai morrendo.

P - Para isso necessita-se estar sempre alerta.

V.M. - É que para poder trabalhar com estes detalhes, tem que se estar alerta em si
mesmo, a nós não fica tempo de estar olhando o que o outro está fazendo. Se estamos
aqui nesta reunião, como pode haver milhares numa reunião destas, nós não nos
devemos identificar com as pessoas, senão sempre estar pondo cuidado em si mesmo,
para ver que agregado está se manifestando nesses momentos. Não se descuidar de si;
do contrário, perde-se o tempo.” (V.M. Rabolú, p. 147)

O princípio de cada manifestação egóica não será captado se não estivermos em


alerta rigoroso, porém espontâneo. Nosso erro comum consiste em deixar que tais
manifestações passem sem nada fazermos. Ao invés de agirmos logo de início,
permitimos que as mesmas colham energia, se fortifiquem e nos dominem. É assim
que nos tornamos escravos dos egos. A chave está no princípio das manifestações, no
pequeno e insignificante começo. Temos que “bater” nos egos assim que eles
comecem a brotar. A passividade resulta em posterior impotência.

Note-se que, em momento algum, o V.M. recomenda que se tente recalcar ou


reprimir os detalhes. Ao contrário, a recomendação é que se o observe rigorosamente
e se ore à primeira aproximação. Obviamente, observar e orar diferem de observar e
reprimir.

Esse trabalho vale para todos os centros e não somente para um dos centros.

Referência:

V.M. Rabolú. A Águia Rebelde. São Paulo: Movimento Gnóstico Cristão Universal
do Brasil na Nova Ordem, 1995.

Um erro comum: pedir sem nada perceber

Suplicar pela morte dos defeitos aleatoriamente é um erro. A morte não é um


processo mecânico mas sim consciente. A vigilância dos centros é consciente e a
súplica se sucede à constatação indubitável da presença de algum elemento
indesejável. Não é um ato mecânico, repetitivo, que se efetua em intervalos regulares
de tempos.
Pedir por pedir, aleatoriamente, sem que nada tenha se manifestado em nenhum
centro é mecanizar a prática e inutilizá-la.
O Ego tende a mecanizar tudo, até a prática da auto-observação.

Aprendizagem gradativa da vigilância


O fato de não conseguirmos vigiar todos os centros de uma só vez não significa que
estejamos fracassando na prática da auto-observação pois aprendemos a realizá-la aos
poucos.
Os principiantes iniciam vigiando um ou outro centro separadamente
(preferencialmente o intelectual, por uma questão estratégica) e aos poucos sua
consciência se aprimora e amadurece, aprendendo a vigiar mais de um centro ao
mesmo tempo.
Aprendemos primeiro a vigilância no centro intelectual (vide "A Necessidade de
Mudar a nossa Forma de Pensar"). Após tê-la exercitado bem, podemos começar a
vigiar o centro emocional e depois os outros. A meta é ser capaz de vigiar todos os
cinco centros.
Não se trata de dividir a atenção consciente, mas de por a atenção em si mesmo tendo
as alterações que ocorrem nos centros como parâmetro.

Vigilância mental e silêncio interior

A vigilância no centro intelectual almeja a paz e o esquecimento. Uma vez que


estejamos vigiando a mente, os pensamentos que invadem adentram ao nosso campo
de consciência e os vemos.

A inutilidade da atividade mental

Damos asas a tantos pensamentos porque os consideramos importantes. Quando


compreendemos a inutilidade de um pensamento, por nos questionarmos
sinceramente a respeito, a mente sossega espontaneamente e o pensamento nos deixa.
Se um homem se questiona ("para que serve este pensamento que me assalta agora?")
e busca sinceramente a resposta, compreenderá que não necessita tanto assim dos
pensamentos como crê.
A esmagadora maioria dos pensamentos que nos assaltam durante o dia são inúteis e
somente atrapalham. Ainda assim, os consideramos importantes, por pura ignorância.
É por isso que não nos livramos da mente.

Silêncio mental na auto-observação

Na auto-observação e na morte em marcha também pratica-se o silêncio. Um único


pensamento é suficiente para desencadear todo um processo de obsessão, de forma
análoga ao efeito borboleta.
Mantendo o silêncio mental, nos observamos, à espera de alguma alteração no
movimento, nos sentimentos, nos pensamento, na parte instintiva ou na parte sexual,
que denuncie a aproximação de um eu. Em silêncio mental vigiamos os pensamentos
e os demais centros. Em silêncio mental observamos o Eu. Em silêncio mental
oramos e pedimos.
O observador interior (a essência) deve estar quieto enquanto contempla.

Castidade e silêncio mental

Limpar a mente constantemente é o principal meio de se alcançar a castidade.


Silêncio mental é imprescindível durante a prática da magia sexual.
Aprenda a ter e a manter ereções unicamente por excitações físicas, sem recorrer às
fantasias eróticas. Se apelar à imaginação morbosa, sua fisiologia neuro-sexual ficará
dependente da mesma para obter ereção e sentir excitação.

Dicas:

Não forçar o silêncio. Deixar que ele se instale. Aproveitar o pouco silêncio
espontâneo que se alcançou, permitindo-o estabelecer-se.
Não conflitar com os pensamentos e nem tampouco estimulá-los.
Tentar aquietar os pensamentos com violência é dar-lhes importância.

Lei6 de junho de 2011 20:30


Caro amigo,
Baixei o livro "O Orgasmo Múltiplo do Homem" do Mantak Chia e
Douglas Abrams Arava. É um bom livro para as práticas da "magia
sexual", em conjunto com a morte em marcha?
Responder

A Condição Social do Homem21 de junho de 2011 06:16


Nunca li tal livro e não sei do que trata, mas se o conteúdo corresponder
com exatidão ao que o título sugere, está na contramão do que
praticamos. O livro parece ensinar formas do homem ter vários
orgasmos e nós ensinamos o êxtase anti-orgásmico ou transmutação(que
é um orgasmo ao contrário).
Se o autor do livro estiver estimulando os homens a terem orgasmos sem
ejaculação, está fazendo um grande prejuízo porque o resultado de tais
práticas são danos à saúde. Portanto, ao que tudo indica, o citado livro
sugere o contrário do que sugerimos e praticamos.
Responder

1. Lei8 de julho de 2011 09:51


Caro amigo,
O autor do livro fala sobre a energia sexual, e ensina formas de
transmuta-la, através do orgasmos interno, sem ejaculação. Pelo que ele
diz no livro, esse orgasmo é no "corpo inteiro" e "revigora ao invés de
desgastar". Ele até ensina práticas de respirações, contrações musculares
específicas, de tal forma a retardar a ejaculação. Creio eu que,
trabalhando esses conhecimentos, com os conhecimentos da morte em
marcha, devo estar no caminho certo. Favor me corrigir se eu estiver
errado. Sugiro dar uma olhada nesse livro, uma breve lida. No google vc
deve encontrá-lo facilmente. Aguardo resposta. Caso esse livro não seja
indicado, qual literatura o Sr. recomenda sobre Magia Sexual?
Abraços.

A Condição Social do Homem11 de julho de 2011 18:32


Bem...como eu tenho muitas coisas para ler e não tenho tempo, ficarei
devendo a leitura.

O que sabemos por experiência é que existe um êxtase erótico na


ausência do orgasmo, de tipo espiritual e de natureza similar, porém
antitética, ou seja, é algo completamente ao avesso de um orgasmo.
Logo, a palavra "orgasmo" não serve para designá-lo.
Se o autor estiver se referindo à transmutação da energia sexual, estará
se referindo ao mesmo que nós. Se estiver pregando alguma forma de
orgasmo com simultânea retenção de esperma, está se referindo a algo
distinto.
O que estudamos aqui não é nenhum tipo de orgasmo retardado e nem de
orgasmo sem ejaculação. Aqui estudamos um êxtase sem orgasmo de
qualquer tipo. Por isso desconfio que o autor citado é só mais um entre
tantos que abundam no Ocidente e que transformaram o sexo tântrico em
uma forma maquiada de promiscuidade. Mas isso é só uma suspeita e
não uma afirmação categórica.
Responder

2. Lei12 de julho de 2011 06:51


Qual literatura o Senhor recomenda, sobre Magia Sexual?
Responder

3. A Condição Social do Homem23 de julho de 2011 05:57


Recomendo os livros Ciência Gnóstica e o Mistério do Áureo Florescer.
A partir destes, vá puxando outros livros vinculados (dos mesmos
autores ou de autores citados).

Pensamentos: não reprimir e nem estimular

É tão errado criar conflito com os pensamentos, tentando silenciá-los à força, quanto
estimulá-los.
O verdadeiro silêncio encontra-se em um estado intermediário, no qual não damos
asas ao devaneio e nem tampouco tentamos forçar os pensamentos a se calarem:
simplesmente os esquecemos até onde for possível por estarmos com a atenção no
objeto de nossa concentração.

Sobre os elementais ou espíritos da natureza

Inspirado em "Tratado de Medicina Oculta e Magia Prática"

As múltiplas vocações dos elementais vegetais

As plantas contém segredos para cura de doenças, defesa contra inimigos, proteção
contra feitiçarias, controle do clima, interferência em fenômenos naturais e sociais
etc.
Os elementais das plantas são mais poderosos do que os elementais animais por não
fornicarem e podem interferir magicamente na mundo físico e alterá-lo. Cada planta
expressa um poder específico da Mãe Natureza. O segredo de seu emprego pelo
mago consiste em descobrir qual é a planta que pode ser utilizada para um fim
específico e qual é o ritual que lhe corresponde. O conhecimento a respeito das
vocações das plantas e de seus respectivos rituais constitui uma ciência hermética,
totalmente distinta da ciência profana (a palavra "ciência" não é sinônimo de
academicismo e implica em conhecimento sistematizado, inclusive em termos de
comprovação). É um conjunto de conhecimentos de vastidão infinita, protegido pelos
guardiães da humanidade desde passados antiquíssimos. O mau uso desta ciência
implica em violação da Lei Divina e constitui a magia negra. A magia negra é o uso
das forças mágicas para fins egoístas, ainda que sejam bons e elevados em aparência.
Para não violarmos a Grande Lei, temos que rogar ao nosso Pai Ìntimo para que atue,
oficie e também para que ordene ao nosso Intercessor Elemental para que realize o
ritual correspondente às plantas que formos utilizar. O Intercessor Elemental conhece
todos os rituais existentes porque é uma parte de nós, nossa parte vegetal. Trata-se de
uma parte do Ser que criamos no passado, quando fomos vegetais. Ele não atende ao
ego, motivo pelo qual não adianta lhe ordenar ou perdir a ritualização, mas atende ao
Íntimo e o obedece prontamente.
O intercessor elemental contém todo o conhecimento das plantas e, quando
dissolvemos o ego, o absorvemos em nós. Então conhecemos todos os rituais e
funções dos vegetais, para que servem e que doenças curam, sem necessidade de ler
nenhum livro.
Para os adormecidos, as curas/adoecimento são as manifestações mais imediatamente
palpáveis e visíveis das vocações dos vegetais. Quando uma planta cura ou adoece
alguém que a ingeriu, o que está se passando é que seu respectivo espírito elemental
está atuando na matéria física da pessoa. O elemental, uma vez dentro do corpo,
promove alterações energético-físico-químico-biológicas, ou seja, atua sobre a
energia e, por extensão, sobre a matéria. O efeito de um extrato de uma planta sobre
um grupo de células, visto por um cientista através de um microscópio em um
laboratório, não é mais que a atuação física do elemental.
Os elementais atuam do espírito para a matéria, ou seja, de dentro para fora. Quando
curam o corpo físico de alguém, estão curando as causas psíquicas que originaram a
doença. Toda matéria física tem um assento metafísico (interno ou psíquico), que
corresponde uma forma mais sutil de matéria, comumente designada sob o termo
"energia". Por tal motivo, toda doença tem uma origem psíquica, mesmo aquelas que
não o aparentam.
Mas os elementais não atuam apenas quando partes das plantas são ingeridas. Eles
podem atuar à distância e não somente sobre os tecidos vivos, mas também sobre a
mente das pessoas e até sobre os fenômenos naturais. Podem provocar chuvas,
ventos, incêndios etc. desde que se conheça suas vocações específicas e se saiba
como manipulá-los.

Informações adicionais fornecidas por Dora van Gelder, discípula clarividente e


enteada de Leadbeater:

Sílfides
Sílfides reagem de acordo com nossos sentimentos. Se quisermos impor-lhes algo,
adotando um estado interior de exigência (como querer-ia um cético para admitir sua
existência), elas não correspondem. Mas se perceber que os sentimentos motivadores
são de brincadeiras inocentes, elas correspondem modelando as nuvens em várias
formas. Gostam de saber que crianças se divertem com as figuras que criam no céu.

Origens das sílfides

Sílfides são salamandras e ninfas que evoluiram.

Salamandras

Salamandras evocam correntes emocionais intensas e apaixonantes, as quais são


normais para elas mas podem nos prejudicar. Não são más mas são perigosas devido
ao nosso estado psicológico negativo.

Como ver esses seres

Os elementais devem ser procurados além da transparência do ar, com o terceiro olho
e com o canto dos olhos físicos. A luz a ser buscada é tênue e mais sutil que a luz
comum.
Esses seres trabalham com fluxos energéticos, que para eles são partículas sólidas e
formam estruturas palpáveis.
A matéria componente do corpo das fadas (éter) é ligeiramente mais sutil que o
hidrogênio.
A visão física é complemento para se ver as fadas.
As percepções da glândula pituitária se somam às percepções dos olhos físicos e, sob
um ponto de vista alterado ou foco específico, revela as formas vivas do Éter.
Aquilo que fisicamente é visto como parte da natureza, incluindo o espectro luminoso
visível, torna-se parte de formas discerníveis sob a percepção de luzes sutis e sob
alterações nos pontos de vista ou focos que isolam formas pelos pensamentos.
Os elementos sutis constituem estruturas orgânicas em outros níveis de matéria (leia-
se Capra).

Vida em pedras

A estrutura fisico-químico de uma pedra é a parte física de sua estrutura orgânica,


complementada pela parte energética.

Corpos físicos dos elementais

Salamandras, ninfas e sílfides podem ter corpos físicos vegetais ou animais.

Samael e Rabolu: aprofundamentos


1. Sobre os Jinas

Não são necessários muitos pré-requisitos para se sair em jinas:

“Segui experimentando por mi cuenta, y descobri que para transportarse uno


con cuerpo fisico en estado de Jinas, sólo se necessita una mínima cantidad de sueño
y mucha fé.” (Tratado de Medicina Oculta, 1952, cap. intitulado “La Maestra
Litelantes – Las Fuerzas Harpocratianas – El Huevo Orfico y Los Estados de Jinas”)

Para sairmos em jinas, a mente deve estar em silêncio, quieta. O processo dos
pensamentos deve ser detido, ainda que, no princípio, superficialmente. As imagens
“sonhativas” (oníricas) que surgem à aproximação do sono (madorna) devem ser
apartadas da mente:

“Sucede que durante el estado de transición entre la vigilia y el sueño, surgen


imágenes ensoñativas. El discípulo debe rechazar dichas imágenes, porque si no lo
hace se quedará abstraído en ellas y se dormirá.” (Tratado de Medicina Oculta,
1952, cap. V, intitulado “Hombres y tierras de jinas”)

“(...)Deseche de su imaginación toda classe de imagenes ensoñativas y


mentales. (...)Concéntrese unica y exclusivamente en el processo del
sueño.” (Tratado de Medicina Oculta, 1952, cap. intitulado “Salones de Magia Negra
en los Cementerios)

A concentração vem, portanto, após limpar a mente de múltiplas imagens e não


antes.

2. Chacras

A vocalização desperta os chacras do corpo físico e não do corpo astral:

“El cuerpo físico también tiene chacras (vórtices) que son los que despiertan
con la vocalización; los del astral despiertan através del fuego.” (p.1)(V.M. Rabolú,
Sobre La Enseñanza Gnóstica: Seleción de Conferências del V.M. Rabolú, tercera
edición, novembro de 2008, [on line]
disponível:http://MuertedelosDefectosyDesdoblamientoAstral.es.tl )

Uma coisa é ter experiência, que é algo definitivo por haver porções de
consciência desperta, e outra coisa é ter somente a consciência de que se está
desenvolvendo no mundo astral (id, p.2).

Cenas luxuriosas oníricas luxuriosas são demonstrações de como estamos


fisicamente . Através de tais cenas nos fazem ver o nosso estado (ibid, p.3)

Não devemos pedir a outros mestres, mas somente ao nosso Íntimo (ibid, p. 4)

Pode-se ir à Igreja Gnóstica sem corpo astral solar, somente com o corpo de
desejos como instrumento momentâneo da essência (ibid, pp. 5-6)

Conhece-se a autenticidade da experiência por meio da intuição (id, p.6)

No desdobramento astral, a concentração deve ser mais aguçada quando se


sente a preguiça porque é neste momento em que se perde a consciência (ibid, p. 6)
O discernimento deve ser praticado quando vejamos coisas “raras” (estranhas?)
e deve se nortear pelas seguintes dúvidas: “Por que estou aqui neste lugar?” “Por que
estou vendo tal objeto raro?” (ibid, p. 10)

Agarrar-se a qualquer objeto que esteja por perto é uma efetiva maneira de
evitar que emoções intensas nos tragam de volta ao corpo físico (id, p. 10-11)

2 comentários:

Druida Galês25 de setembro de 2009 02:59


Olá, parabéns pelo blog...
Ao menos um gnóstico que reflete sobre o ensinamento e não se contenta
em apenas copiar o que diziam os outros...

Consciência e Compreensão, eis nosso caminho!

druidagales.blogspot.com

Esforço correto que evita um erro

Nós, gnósticos, cometemos um erro: tentar atrelar o ensinamento sobre a morte do


ego às idéias preconcebidas que nos foram inculcadas pela educação religiosa na
infância, particularmente no que se refere a "tentar não sentir" o que se sente. Diante
dos impulsos violentos dos egos, nos acostumamos a fazer esforços para "tentar não
sentir" o desejo.
A educação religiosa teve sua utilidade em seu tempo, porém, quando adentramos a
um ensinamento revolucionário, a mesma passa a ser um estorvo, como um barco
após atravessarmos o rio: não faz sentido continuarmos presos ao barco após
realizarmos a travessia.
A principal consequência negativa dos inúteis e equivocados esforços para "não
sentir" o que se sente são as neuroses e desvios comportamentais. Uma vez represada,
a libido não transmutada (não transformada) não deixará de existir, forçará passagem
por outros caminhos originando doenças físicas e psíquicas.
Não é muito fácil clarificar o que pretendo aqui. Estou afirmando que o ato de
reprimir os desejos é tão prejudicial quanto o ato de dar-lhe livre curso. Quando nos
entregamos ao desenfreio hedonista, os desejos se fortificam e aumentam
progressivamente seu poder sobre nós. Por outro lado, quando os reprimimos, eles
forçam passagem, geram problemas emocionais ou, subitamente, nos fazem
"descontar o tempo perdido". Precisamos então de outro caminho, outra estratégia,
outra linha de ação.
O emprego equivocado da vontade (esforço incorreto), resultará em fracasso. Na
morte do ego, temos que aplicar a disciplina, a vontade, a determinação, o rigor e o
superesforço da forma correta. Basicamente, temos que aplicá-los da seguinte
maneira: 1) para evitar a identificação com os defeitos; 2) para nos observarmos com
o maior detalhamento e sinceridade possíveis e 3) para orar, pedindo a Morte à Mãe
Divina.
Aquele que reprime os defeitos, tentando "não sentir" o que sente, sufocando os seus
sentimentos, demonstra com tal atitude que não confia no poder da Mãe Divina para a
desintegração. As intenções podem ser boas, mas os efeitos são desastrosos. Está
correto tentar cortar a ação do defeito taõ logo o detectamos, mas tal interrupção é
feita pela atuação da Mãe Divina dentro de nós e não por um simples esforço de
vontade. Entendo que tentar barrar a ação dos defeitos por meio da vontade, e não por
meio da oração, é um esforço equivocado, ainda que bem intencionado. Logo,
necessitamos corrigir este equívoco.
O erro não está em tentar cortar a ação do defeito tão logo a percebemos. Está em
tentar fazê-lo de uma forma errônea: reprimindo. Substituamos a repressão pela
oração e observemos os resultados.
Reprimir um defeito é tentar sufocá-lo, é fazer um esforço para não sentir ou para não
desejar, é opor a um desejo o desejo de não desejar. Por trás dos mecanismos de
repressão estão egos. Ex. um ego pode desejar não ter luxúria ou livrar-se da
fornicação por medo de suas consequências físicas e espirituais.
A verdadeira morte é outra coisa, não é uma simples sufocação de desejos. É uma
transformação real das forças que fluem interiormente, uma transmutação dos
defeitos em virtudes, dos desejos em liberdade (livre-arbítrio interior).
Separar-se (não identificar-se), observar e orar são três elementos fundamentais para
a Morte.
Obviamente, a aplicação desses três elementos que acabo de apontar não deve tardar.
A auto-observação deve ser minuciosa, detalhista, em busca de manifestações sutis.
À primeira manifestação detectada, temos que orar por sua eliminação e aguardar.
Não há porque sermos negligentes e relapsos. O relapso não corta a ação dos defeitos
mediante a oração e permite que intensifiquem o poder sobre sua personalidade.
Quanto antes cortarmos a ação de um ego, melhor. Porém, temos que fazê-lo
mediante a oração e não mediante o esforço repressivo.
Aquele que confia no sagrado poder destruidor da Mãe Divina, ora e aguarda
confiante, enquanto contempla sua divina ação dissolucionante sobre o elemento
indesejável. Desenvolverá a fé por experiência direta e a dúvida terá cada vez menos
espaço dentro de si.

Reprimir não é eliminar e é desnecessário

Quando se trabalha com a oração e a dissociação (não-identificação), a repressão dos


desejos se torna desnecessária porque a Mâe Divina corta a ação dos defeitos, sem
necessidade de que o reprimamos. Reprimir é, portanto, um sintoma de que a prática
da morte não está correta. Se você necessita se reprimir e resistir aos seus desejos,
isso indica que sua prática de Morte está errada e necessita ser corrigida.

Quando o V.M.S. e o V.M.R. usam as expressões "combater os defeitos", "estar em


alerta contra si mesmo", "disciplinar-se", "não alimentar os defeitos", "matar o desejo
e a sombra do desejo" etc. não estão se referindo a nenhuma forma de repressão e sim
ao trabalho de não nos identificarmos e de apelar ao poder da Mãe Divina. Os V.M.s
jamais ensinaram que o estudante deveria resistir aos desejos e sim que deveriam
enfraquecê-los e matá-los por meio do poder da Mãe Divina. A tarefa de enfraquecer
e matar não é nossa, pertence à Mãe Divina. Fazer esforços para "não sentir o que se
sente" é tentar usurpar a função dEla. Suspeito que os gnósticos entenderam a morte
do ego de forma errônea neste pormenor.

Quando deixamos de nos reprimir e observamos a nós mesmos (em nossos centros)
como a um sujeito estranho, os egos começam a ser percebidos aos montes. E se
pedimos à Mãe Divina, mantendo a recordação de nós mesmos e evitando a
identificação com esses defeitos, vemos que rapidamente eles perdem força como por
um passe de mágica, sem que necessitemos fazer mais nada. Nenhum esforço para
reprimí-los é necessário pois a Mãe toma a dianteira e os mata. Os defeitos
gradualmente perdem força, se enfraquecem por si mesmos sob a atuação dEla.

Embora necessários para quem não conhece a dissolução do Ego, os mecanismos


repressivos atrapalham a prática da Morte.

Entendamos que o Ego a ser morto e´a nossa própria pessoa, com tudo o que nos é
querido. Esta pessoa , que nos é tão cara, é múltipla e se manifesta através dos cinco
centros da máquina. A transformação virá quando observarmos esta pessoa em ação,
admitindo e aceitando aquilo que resistimos em admitir. Ex. um homem pode resistir
teimosamente em admitir para si mesmo que possui medo de algo por ser o medo
uma característica feminina e, portanto, algo vergonhoso. Quando for assaltado pelo
medo, tal homem tentará sufocá-lo dentro de si, tentará resistir ao sentimento
invasivo e sofrerá. Mas, se tiver coragem de admitir este sentimento indesejável,
poderá imediatamente observá-lo sem identificar-se e pedir por sua morte. O
resultado será um alívio que se aprofundará se ele insistir nessa prática. Uma parte
dele mesmo terá sido morta, isto é, transformada pois a morte é a transformação.
Aquele que reprime seus defeitos não crê que sua Mãe Divina os está desintegrando.
Se peço e tenho fé, não tenho necessidade de recalcar nada. Ao contrário: removo
minhas resistências ao desejo e observo seu progressivo enfraquecimento e
diminuição á medida em que suplico por sua morte.

Remover a resistência ao desejo não é o mesmo que identificar-se. Remover a


resistência é tão somente não opor ao desejo um contra-desejo (o desejo de não
desejar).

Aquele que remove a resistência e, ao mesmo tempo, não se identifica, protege-se da


obsessão. Aquele que remove a resistência e se identifica, torna-se incapaz de livrar-
se do desejo. Observar, não se identificar e orar são peças fundamentais na Morte do
Ego.

A identificação fortifica o defeito, escravizando-nos mais e mais.

Os mecanismos de repressão consistem em se fazer um esforço de vontade para não


desejar quando se está desejando. É uma tentativa de não sentir o que se está
sentindo. Indica desconfiança em relação ao poder da Mãe Divina. Aqueles que
reprimem sentimentos e desejos costumam sentir um aperto ou sensação de mal estar
no peito. Impulsos reprimidos geram doenças, pois os egos recalcados não desistem
de buscar suas passagens para manifestação.

Os mecanismos de repressão foram desenvolvidos por nossa cultura ocidental como


forma de conter os efeitos destrutivos dos desejos que conflitam com os valores
morais e regras de conduta. Entretanto, tais valores e regras também são outras
formas de desejo. Os mecanismos de repressão são forjados por eus bons. São úteis
para quem não trabalha na Morte e prejudiciais para quem a realiza, por não
permitirem a observação dos defeitos em ação.
Se não permito a manifestação de um defeito, como irei observar sua manifestação?
E se não observo sua manifestação, como irei compreendê-lo?

É correto cortar a ação de um ego mediante a não-identificação e à oração. É


incorreto tentar cortar-lhe a ação mediante um esforço de resistência ou simples
tentativa de "não sentir nada". Temos que diferenciar ambas as coisas. Resistir aos
defeitos foi o que sempre fizemos até hoje, sem resultado algum para a Morte. Temos
que ir além da resistência inútil. Pedir, observar, orar e romper com a identificação
não são o mesmo que resistir e não exigem nenhum tipo de recalque.

Importante: temos que refinar a observação e cortar a ação dos defeitos muito antes
que aumentem sua ação sobre nós e nos obsessionem, temos que nos antecipar às
obsessões, observando-nos de instante à instante.

Esclarecimento adicional

Como deve ter ficado claro, por "reprimir" devemos entender: sufocar, bloquear,
simplesmente tentar não sentir, "forçar a barra" contra as próprias emoções. O
desbloqueio à repressão a que nos referimos é o desbloqueio emocional. O bloqueio a
ser removido é o bloqueio das emoções e não a relutância em cometer atos. É
importante que isso fique claro. Evitar reprimir não é satisfazer o desejo, pois isso
nos escraviza ainda mais, é somente remover o bloqueio das emoções, para que
possams vê-las com mais clareza.

Este ponto tem gerado muita confusão entre os estudantes do gnosticismo. Entendo
que o auto-controle por meio da vontade somente pode e deve ser exercido nos
campos em que já se conquistou o livre arbitrio, sendo uma perda total de tempo
tentar exercê-lo nos campos em que ainda não se o conquistou. Neste último caso, o
poder da vontade deve ser empregado de outra maneira.
Deixemos as tarefas do enfraquecimento progressivo e da morte dos defeitos com a
Mâe Divina e nos ocupemos unicamente com a observação e súplica. O defeito não
morre por nosso próprio esforço, mas pela atuação de um poder superior a nós. Nos
limitemos a cumprir bem nossa parte: observar, encontrar, compreender, pedir com
fé, sem dúvida. Deixemos para a Mãe o esforço para deter os "eus".

A verdadeira morte do Ego não é o aumento dos conflitos internos, mas sim sua
diminuição. Morrer não é agredir a si mesmo, nem violentar as próprias emoções e
nem entrar em conflito com os desejos.

Reprimir é bloquear, não reprimir é desbloquear. O desbloqueio não deve servir de


desculpa para nos identificarmos e nem para satisfazer e alimentar os desejos.

Não reprimir significa simplesmente desbloquear as emoções para observá-las, não


significa satisfazer os desejos, nem fazer o que dá vontade, sem freios.

Deixe a força avassaladora do instinto em seu curso, não se ocupe com ela, não tente
revertê-la. Ocupe-se com a tarefa de retirar-lhe o alimento.
Você deseja algo proibido e moralmente reprovável? Não se ocupe com esse desejo
em si, deixe-o de lado e se ocupe com seus detalhes ou facetas. Observe as formas
sutis de manifestação desse desejo, as coisas pequenas que você faz, pensa, sente e
que dão força ao defeito em questão. Não reprima as manifestações sutis, observe-as,
descubra-as e ore pela eliminação. Ao mesmo tempo, mantenha-os separados de si
mesmo e não se identifique. Delegue o trabalho da morte dos elementos descobertos
a uma força maior.

Morte do Ego – recomendações

Reagindo aos primeiros pensamentos

Na morte em marcha, corta-se a ação do defeito ao primeiro pensamento, sentimento


ou ação sutil, não dando-lhe tempo de apoderar-se de nós.
Corta-se a ação do defeito pela súplica e não pelo mero "esforço para deixar de sentir
o que se está sentindo", como todo mundo pensa e apregoa por aí. O defeito tem sua
ação interrompida pela força atuante da Mãe Divina e não pelo emprego direto de
nossa (débil) vontade no sentido de não desejar, não pensar ou não agir. O emprego
da vontade nesse sentido apenas se destina ao uso dos percentuais livres de essência
nos âmbitos em que se tenha livre arbítrio. Não há lógica em tentar fazer o uso do
livre arbítrio (capacidade de não fazer, não pensar ou não sentir) em circunstâncias
dentro das quais há condicionamento. Neste último caso, o mais sensato é empenhar-
se primeiramente em adquirir a liberdade interior, para somente então fazer uso da
mesma.
Aquele que tenta reprimir seus defeitos, moldando-se à força bruta, está tentando
desfrutar de uma liberdade que em realidade não possui. É correto moldar-se, porém
mediante a estratégia correta e não mediante esforços equivocados.
Especificamente, a vigilância sobre os pensamentos é indispensável, visto que "a
mente é a guarida do desejo" (não me lembro a fonte desta citação).

Sobre "não começar"

Se realmente vigiarmos os nossos pensamentos, podemos prolongar por tempo


indefinido os raros momentos de paz interior e pureza espontâneas.
Um dos segredos, na morte dos defeitos, é "não começar": não começar a pensar, não
começar falar e não começar a fazer as besteiras.
Na morte do ego, um dos segredos fundamentais é esse de "não começar": não
começar a pensar e não começar a fazer o que não se deve. Sempre que
"começamos", não conseguimos mais nos livrar daquilo que acordamos. É mais fácil
evitar dar a partida do que parar o carro a cem quilômetros por hora.
Corte todas as formas de alimentação do desejo que você quer eliminar. Toda
lembrança, toda fala, todo ato, todo olhar, tudo! Morra! Que aquilo não exista mais
para você!
Nos casos mais graves, você deve mesmo evitar totalmente a presença e a
proximidade do objeto desejado. Isso não é fugir do enfrentamento e nem reprimir. É
descobrir canais de alimentação que antes eram inconscientes, é encontrar formas
inconscientes de nutrir o defeito e removê-las.
Corte absolutamente tudo e nos conte os resultados. Preste atenção nos detalhes
pequenos do seu comportamento, formas disfarçadas e sutis de nutrir defeitos.

Ver e não teorizar

Olhemos para nós mesmos e não pensemos sobre nós mesmos. Se não enxergarmos
nada, que não preenchamos a lacuna cognitiva com elocubrações e teorizações a
respeito do ego.
Observar as emoções é tentar enxergar seus conteúdos e não racionalizar ou teorizar
sobre os mesmos. As conclusões devem advir a posteriori.

Evitar ginásios insuportáveis

Convém evitar o contato com ginásios que não suportamos. Há graus e graus de
dificuldade nos distintos ginásios. Ginásios que não suportamos atualmente devem
ser encarados somente no futuro, quando estivermos preparados. Portanto: evitemos
ginásios extremos.
Não procuremos ginásios difíceis: deixemos que as hierarquias e as partes internas
nos guiem para eles.

Não enveredar pelos caminhos do erro

Fracassamos porque enveredamos diariamente pelos caminhos propostos pelos egos


(pensamentos e imaginação mecânica). E enveredamos por tais caminhos porque
subestimamos os perigos psíquicos. Acreditamos que pequenos erros não fazem mal.

Intenções por trás dos atos


Todo grande defeito se alimenta por comportamentos que parecem ser inocentes e
aparentam não ter nenhuma relação com ele. Atos aparentemente desprovidos de
qualquer caráter delituoso podem se revelar como meio de nutrição de defeitos
quando suas intenções são melhor investigadas.
Um mesmo ato poderá estar ou não alimentando um defeito, tudo dependerá da
intenção oculta com que é realizado. Os atos que reforçam os egos são os atos
facilitadores de sua satisfação. Qualquer ato que facilite a realização das metas de um
ego o estará fortificando, ainda que de forma não intencional. O trabalho consiste em
encontrar esses atos facilitadores (os "detalhes" do V.M.R.) e eliminá-los, não com o
esforço repressor, mas sim com a força da Mãe Divina.
Os defeitos se fortificam pela satisfação. Quanto mais satisfeitos, mais fortes se
tornam e mais nos tiranizam. Qualquer ato, por mais "bobo" que seja, pode estar
facilitando ou conduzindo à satisfação de um defeito e precisa ser dissolvido
enquanto vai sendo observado.
A pessoa que passa a remover os detalhes pode ter a sensação de que está "fugindo"
ou "evitando se confrontar" com os defeitos. Tal idéia é equivocada e tem sua origem
nos mecanismos repressores da cultura, os quais nos levam a tentar nos opor aos
desejos (enfrentar "em bruto", como diria o V.M.R.). Na verdade, a pessoa que se
ocupa em descobrir e remover os detalhes está conhecendo o defeito grande pouco a
pouco, já que tais detalhes são as múltiplas facetas do ego que alimentam.

Identificando sutis manifestações do Ego

Ações insuspeitadas podem estar alimentando defeitos, daí a necessidade de


observarmos o que fazemos.
A vigilância rigorosa sobre os atos permite-nos descobrir se os mesmos estão
alimentando algum elemento psíquico indesejável.
Cada ato que tenhamos pode ou não conduzir ao reforço de um agregado psíquico.
Temos que tomar consciência dos atos que reforçam defeitos. Os vários atos
relacionados a um defeito são as múltiplas facetas deste mesmo defeito.
Discernimos se um ato é ou não faceta de um defeito pelas metas, intenções, emoções
e pensamentos que o acompanham. Para onde aquele ato aponta? Quais são os seus
resultados? Se os resultados de um ato forem a satisfação de um ego, podemos
concluir que o mesmo é um de seus detalhes. Além disso, as emoções e pensamentos
que acompanham um ato também podem denunciar seu caráter egóico.
Durante o dia, temos milhares de pequenos atos inconscientes que nutrem defeitos
dos quais temos consciência de que existem. De modo que não basta ter consciência
da existência de um defeito: temos que tomar consciência dos múltiplos atos que o
reforçam, de seus múltiplos detalhes ou facetas.
Trabalhar com os detalhes é trabalhar com as causas, no nível tridimensional, da
manifestação dos defeitos. No nível físico, um defeito leva à manifestação de outros,
em uma sequência cujo encadeamento necessita ser conscientemente percebido.
A auto-observação, ao realizar sobre todos os cinco centros, e não apenas sobre um
ou outro, permite-nos vigiar nossos atos e descobrir emoções, pensamentos e reações
instintivas que os acompanham. Permite-nos ainda descobrir como reagimos perante
as circunstâncias em todos os cinco centros.

Outras recomendações:

Contemplar-se, vigiar.
Reagir com oração (e não com tentativas de sufocar os desejos).
Refinar a observação ao extremo.
Buscar o pequeno, o sutil. Ser detalhista.
Orar todas as vezes que as sutis manifestações voltem.
Não permitir que as manifestações cresçam. Não deixar que se alimentem e nem que
tomem força. Impedí-las de se arraigarem em nossa personalidade. Cortá-las tão logo
comecem, assim que principiem a brotar.
Evitar que role a primeira pedra, para que não ocorram avalanches.
Não dar asas aos pensamentos e nem à imaginação mecânica.
1. A.28 de março de 2010 11:30
http://terceirofator.blogspot.com/

A Condição Social do Homem21 de abril de 2010 07:41


Muito obrigado pelo link, amigo.

Rompendo a cadeia de manifestações

Antes que um defeito "se carregue" (V.M.R.) sobre algo ou alguém (uma dama, por
exemplo), outras manifestações, com menor gravidade, o antecederam e se
encadearam em uma sequência que conduziu até aquele estado. A partir de
manifestações sem gravidade alguma, originam-se outras manifestações, com
gravidade maior. As várias manifestações, em sequência, formam uma cadeia cujo
término é a manifestação do defeito propriamente dito (obsessão), cuja gravidade
pode ser alta e do qual almejamos nos livrar. Um erro comum que nós, estudantes e
aspirantes, cometemos consiste em não darmos importância às manifestações
antecedentes e em tentar enfrentar o defeito "já carregado", isto é, já fortificado e em
plena manifestação. Tal erro se deve à ausência de gravidade das manifestações
comuns, do ponto de vista kármico. Como essas manifestações não nos parecem tão
graves e não nos preocupam, não lhes damos importância e lhes damos curso livre. O
resultado é, então, a fortificação dos defeitos considerados "perigosos" e nossa
consequente impotência ao tentar enfrentá-los.Comportamentos que consideramos
inocentes, inócuos e desprovidos de quaisquer relações com os defeitos propriamente
ditos podem, na verdade, ser facetas pelas quais os mesmos se nutrem. A estratégia
correta consiste em identificar essas múltiplas facetas, flagrando-as em plena
manifestação. Ignorá-las e tentar enfrentar diretamente o defeito poderoso é um erro
estratégico pois isso seria o mesmo que tentar enfrentar um inimigo sitiado que está
recebendo munições e provisões diariamente. O que pensaríamos de um estrategista
de guerra que quisesse tomar uma fortaleza, mas permitisse que seu inimigo
recebesse provisões, armas e homens constantemente, não dando importância para tal
fato por considerá-lo de "pouca gravidade"? Certamente, o consideraríamos estúpido.
Ao permitir que armas, provisões e guerreiros entrassem constantemente na fortaleza,
o desventurado estrategista estaria fortificando o inimigo que almejaria combater.
Seus esforços seriam inúteis. E é exatamente isso o que muitos de nós fazemos
quando queremos tomar posse de nossa fortaleza, isto é, de nossa casa interior.
Tentamos desalojar os invasores, mas permitimos que eles recebam reforços.Uma
coisa é a gravidade kármica de um ato. Outra coisa, completamente distinta, é a
estratégia para dissolver um defeito. Atos sem nenhuma gravidade kármica aparente
podem ser o caminho para fortificação e manifestação de atos de altíssima gravidade.
Tentar reprimir os atos graves, quando já estão "carregados" de energia, é anti-
estratégico. O que se deve fazer é despotenciá-los ou, melhor ainda, evitar que se
"carreguem", dissolvendo os comportamentos inocentes que os energizam.Evitamos
que um defeito altamente prejudicial e perigoso se carregue com energia quando
dissolvemos os atos inocentes e inócuos que lhe abrem caminho. É sobre tais atos que
a auto-observação deve se dar rigorosamente.Tudo aquilo que fazemos, pensamos e
sentimos deve ser vigiado rigorosamente. Entendo que nos comportamentos inócuos
está a chave. Comportamentos inócuos podem consistir em canais de reforço
energético que fortificam comportamentos perigosos e indesejáveis. E tais canais são
insuspeitados, motivo pelo qual os V.M.s os qualificam acertadamente como "sutis".
Por isso dizem que "o mal se refina". Os comportamentos inócuos, isto é,
aparentemente inocentes, devem ser alvo de um escrutínio rigorosamente sincero que
nos permita descobrir se os mesmos fortificam comportamentos perigosos. Por
"comportamento", estou me referindo à manifestação do ego em todos os cinco
centros, pois quem não o observa em todos os cinco centro não descobre nada ou
descobre muito pouco.Dissolvendo os comportamentos inócuos condutores de
reforço, rompemos a cadeia de manifestações que vai abrindo passagem para a
invasão dos defeitos perigosos.Um exemplo específico ajudaria muito aqui. O desejo
violento de um homem por uma mulher (ou por todas as mulheres bonitas que lhe
passem na frente!) possui um núcleo, constituido pelo desejo de fornicar
propriamente dito, e algo que poderíamos comparar a uma "periferia", constituída por
múltiplas manifestações, aparentemente não luxuriosas ou pouco luxuriosas, que
energizam o núcleo. Os psicólogos chamam a este conjunto de "complexo", por ser
um amplo sistema, ou de "agregado psíquico", por constituir um agregado de
energias. Embora pareçam não causar prejuízo algum, as manifestações não
luxuriosas estão voltadas para o núcleo e para ele conduzem suas forças,
robustecendo-o cada vez mais. Debater-se contra o núcleo é uma perda de tempo
porque, ao fazê-lo, deixamos de nos ocupar com a periferia, que é por onde realmente
fluem as forças que o robustecem. No caso específico da luxúria, que é o nosso
exemplo, do núcleo poderiam fazer parte: o desejo de copular, de beijar, de pegar nos
cabelos e também tudo aquilo que a imaginação morbosa for capaz de conceber. Da
periferia poderiam fazer parte: atos amistosos, elogios, gentilezas e tudo o que,
aparentemente, for desprovido de sentido luxurioso, mas que se revelam voltados
para a luxúria quando examinados mais de perto. A gama destes últimos
comportamentos é quase infinita. O interessante é que os mesmos não opõem muita
resistência ao poder da Mãe Divina, sendo rapidamente incinerados por Ela, às vezes
imediatamente. Em alguns casos, entretanto, requerem um fogo mais poderoso: a
petição durante o maithuna.
A morte de um defeito é, portanto, a resultante natural (e não forçada) da adoção de
uma linha de trabalho correta. É por isso que se diz que morrer não é reprimir. Como
posso reprimir aquilo que está morrendo? Se algo está morrendo, não se faz
necessário reprimir.
Imaginemos que você, leitor, esteja agora mesmo com uma mulher para fornicar.
Como as coisas chegaram até este ponto? Se você revisar os acontecimentos, verá
que houve uma sequência de atos que se associaram no tempo, um após o outro, até
você chegar ao deplorável ponto em que está. Se retroceder bastante, constatará que
os "primeiros passos" que o conduziram a esta situação eram desprovidos de caráter
delituoso ou luxurioso. Os atos, pensamentos e sentimentos vão se sucedendo e se
articulando em uma corrente temporal, até culminarem no problema propriamente
dito. Evitamos o problema evitando os fatos que o antecedem, cortando o mal pela
raiz.

Compreendendo os prejuízos dos defeitos

Compreender um defeito é dar-se conta de sua ridicularia e de seu caráter absurdo.


Sob estado de identificação, consideramos os defeitos úteis, benéficos e até
indispensáveis, apesar de todos os seus efeitos destrutivos sobre nossa vida e nossa
alma. Os prejuízos ficam excluídos do campo de nossa pobre e adormecida
consciência, durante o estado de identificação. Identificados com os desejos e
pensamentos, nos tornamos ignorantes a respeito dos danos ocasionados pelos
defeitos. À medida que avançamos na compreensão, mediante a auto-observação
rigorosa e a morte em marcha, vamos nos dando conta de quão ínúteis e perigosos
são os egos.Identificar-se com um defeito equivale a distorcer a cognição, a perturbar
o entendimento. O entendimento, sob a ótica dos egos, se torna enviesado,
tendencioso e condicionado. Tal classe de entendimento nos leva a concluir que os
agregados psíquicos são importantes.Uma pessoa obsessionada por um desejo ou
sentimento negativo não pode ser considerada sã. Está louca, pois perdeu a
capacidade de julgar com clareza. Por isso o V.M.S. diz que "sua consciência se
processa em função do seu próprio embotelhamento". De fato, a consciência, ou
inteligência, do adormecido se processa de modo condicionado, isto é, tendencioso,
subjetivo e unilateral. Aquele que está obsessionado pela luxúria, inveja, ódio etc.
acredita, em tal estado lamentável, que os pensamentos, impulsos, comportamentos e
desejos que está tendo lhe trazem benefício, satisfação etc.Quando aprendemos a
retirar as causas (detalhes) que originam as manifestações mais pesadas dos egos, aos
poucos os vamos compreendendo e percebemos, de fato e não por simples
associações intelectuais, seus prejuízos sobre a nossa vida.

Ito17 de novembro de 2009 08:06


Se você compreende um defeito, então a priori você o percebe como
defeito, se você toma consciência disso, então há o desejo de mudança e
alteração, para que ele não ocorra ou se "transforme" em um não-defeito.

Na medida que você entende e sabe que àquilo é um defeito mas o deixa
do jeito como está, seria você mosaquista ou maléfico?

Mas é verdade, quando aprendemos retirar as causas, tudo fica mais


nítido!

1. A Condição Social do Homem17 de novembro de 2009 12:16


Entender que um defeito é prejudicial não é o mesmo que sentir
profundamente no coração tais prejuízos.A simples compreensão
intelectual dos prejuízos não é suficiente para dissociá-lo de nós.
Imagens escondidas na natureza3 de dezembro de 2009 15:01
O Sr Ito supõe ser impossível que alguém compreenda um defeito e
desconheça que a Morte é tarefa Mãe Divina?

Eus que se reforçam

Aquele que reprime o Eu não consegue observar o enfraquecimento que


vai acompanhando as petições por sua morte.
Muitas vezes um defeito se fundamenta em valores aparentemente
distintos e até opostos à sua meta . Ex. uma forte excitação sexual
pode se fundamentar (ou ser reforçada) no medo ou até no ódio. Cada ego possui sua
lógica própria que necessitamos descobrir e compreender. É um
sentido ou lógica que costumam diferir do que entendemos por
coerência. Uma situação perigosa, por exemplo, poderá excitar
sexualmente algumas pessoas cujo defeito associe perigo ao valor
sexual do ato. Os exemplos e variações desta tendência são
infinitos.
Um desejo pode estar apoiado em outro com o qual não tenha nenhuma
relação aparente.
Quem é observado

Quando nos observamos, é importante não esquecermos que o "Ego" é nossa própria
pessoa, embora não seja nossa essência, e corresponde a praticamente tudo o que nos
proporciona a sensação de "Eu".

A sensação de que se está evitando o confronto

No trabalho da morte em marcha, podemos ser tomados pela sensação de que


estamos evitando o confronto com o Ego ou de que estamos fugindo dele. Tal
sensação procede do fato de que nos ocupamos exclusivamente com os detalhes que
circundam o defeito e evitamos o confronto direto com o núcleo.

Eus bons e eus inofensivos

Entendo que os detalhes são os eus bons e os eus inofensivos, para os quais não
damos importância por terem o caráter prejudicial sutil e de difícil detecção. Para
detectá-los, necessitamos de "olho clínico", como disse o V.M.S. em "Dialética da
Razão Objetiva". Tais eus muitas vezes não causam dano visível algum e, apesar
disso, alimentam elementos psíquicos perigosos.

O caráter prejudicial dos detalhes é sutil, nos escapa à observação superficial. Por
serem inofensivos em aparência, acreditamos que não sejam defeitos e não lhes
damos importãncia. Damos-lhes livre curso por acharmos desnecessário dissolvê-los,
já que não nos parecem prejudiciais.

Portanto, temos que observar nossos comportamentos inofensivos com o intuito de


verificarmos se não alimentam defeitos.
******

O Ego a ser observado não é somente aquela parte nossa que comete delitos, é tudo o
que designamos por "Eu". Inclui tudo o que fazemos, dizemos, sentimos e pensamos,
não se limitando àquilo que a moral e a cultura definiram como "errado" ou "feio". O
Ego a ser compreendido vai muito além do que a cultura considera "imoral" ou
impróprio.

Se não for assim, se a observação não romper com os limites da moral, não se chega
aos fundamentos dos defeitos mais perigosos. Os defeitos mais prejudiciais
alimentam-se a todo momento por meio de manifestações "inocentes" que são
perfeitamente aceitáveis dos pontos de vista social, cultural e moral. Atos e
pensamentos que acreditamos ser inofensivos e até benéficos podem estar nutrindo
elementos psíquicos altamente prejudiciais e perigosos. O eu da fornicação, por
exemplo, se alimenta a todo momento sem que o percebamos. O mesmo se dá com o
eu do medo, da gula etc. Somente a observação rigorosa detecta as manifestações que
os alimentam.

Por que não avançamos na busca da castidade?

Nós, os aspirantes espiritualistas, temos sofrido muito com os defeitos,


principalmente com a luxúria em suas muitas variações (adultério, fornicação,
masturbação, promiscuidade etc.), às quais podem chegar até mesmo a perversões e
aberrações. O vazio que se sente após as caídas é terrível e costuma ser acompanhado
por medo e preocupação a respeito de nosso destino e futuro no campo espiritual.

Pensemos agora especificamente na luxúria. A luxúria, tal como costumamos


concebê-la,isto é, como um "Eu" único ou defeito único, não existe. O que existem
são milhões e milhões de facetas luxuriosas que se associam formando um gigantesco
bloco composto por partes diminutas e ao qual chamamos de "defeito da luxúria". Por
uma simples questão de comodidade e facilidade de expressão, dizemos "o eu da
luxúria", mas em verdade não há tal coisa, não há um "eu da luxúria" e sim
muitíssimos "eus da luxúria".

O motivo pelo qual não conseguimos nos livrar deste defeito terrível é exatamente
este: porque o alimentamos a todo momento sem nos darmos conta. Reforçamos a
luxúria ao longo de todo o dia através de pensamentos, falas, atitudes e olhares. Se
nos observarmos= em plena relação com as pessoas, perceberemos atos, falas,
olhares, pensamentos, movimentos etc. aparentemente inocentes mas que, em
realidade, fortificam este defeito.

A interrelação com os semelhantes é imprescindível para que haja este


descobrimento. Embora também possamos alimentar a luxúria sozinhos, através da
imaginação morbosa, em contato com o sexo oposto muitas outras manifestações
surgem e podem ser flagradas. É um erro, portanto, evitar o contato social. E é outro
erro identificar-nos com as mulheres enquanto travamos o contato social. O ideal é:
travar o contato social com mulheres sem nos identificarmos com elas para que
possamos nos observar e descobrir as muitas facetas da luxúria em plena atividade.
Se não for por este caminho, não conseguiremos nos livrar.

Outro erro consiste em tentar aplicar a Morte em Marcha nos defeitos já "carregados"
(reforçados com energia), sem deixar de alimentá-los. Isso equivale a pisar no freio e
no acelerador: por um lado os enfraquecemos mas por outro os reforçamos. Muitas
pessoas sinceras aplicam a Morte nos desejos intensos, mas não prestam atenção nas
muitas maneiras pelas quais os alimentam. Por exemplo: o estudante reforça a luxúria
o dia todo e, à noite, tentar conter os impulsos fornicadores/ejaculatórios. Preocupam-
se, sinceramente, em combater tais impulsos, mas não se preocupam em retirar os
comportamentos que os reforçam. É por isso que não avançam.
A libertação da luxúria e a conquista da castidade resultam naturalmente da
eliminação das pequenas facetas detectáveis no dia. Não é algo que se conquiste
diretamente pela força, mas sim pela estratégia. A castidade é um resultado e não
propriamente uma meta, pois a meta é enfraquecer o impulso sexual irrefletido e
despótico. Não se preocupe, você não ficará eunuco e nem perderá o instinto ou
potência, apenas irá adquirir maior controle sobre si mesmo e aumentará a margem
do seu livre arbítrio nesse campo.

O fundamental é aprender a nos vermos enquanto estamos em contato com elas, em


plena relação social com o sexo oposto. Na presença delas, evitemos os identificar e
olhemos para nós mesmos, verificando se o que estamos fazendo ou dizendo, num
dado momento, está ou não reforçando este nefasto defeito. Em outras palavras,
temos que vigiar o que estamos fazendo, buscando em nosso comportamento as
formas de reforço.

O que tenho feito, seguindo as diretrizes deixadas pelos V.M.s em seus livros, é o que
explicarei a seguir.

Observando-me em plena presença de mulheres, costumo me perguntar: "Isto que


estou fazendo agora, neste momento, está reforçando a luxúria ou não?". Faço a
pergunta sinceramente e busco a resposta com mais sinceramente ainda através da
observação direta, sem teorizar. Deixo a mente passiva, procuro não pensar e nem
raciocinar a respeito, e vou observando e me dando conta. É claro que um
principiante raciocinará um pouco, mas com a prática ele aprenderá que não precisa
pensar na questão, bastando apenas olhar.

Essa indagação pode ser aplicada a qualquer outro defeito. Funciona com a ira, com a
gula e com todos os outros egos. O que importa é vigiar, buscando detectar qualquer
coisa que possa reforçar o defeito. Durante a vigilância, temos que buscar o que está
por trás dos comportamentos, atos, diálogos, formas de se vestir etc.
Nossos comportamentos, por mais comuns que nos pareçam, podem ter
consequências psicológicas. Temos que nos inquirir a respeito dessas consequências
psicológicas do que fazemos. Nesse sentido, podemos dizer que nossa forma de agir,
pensar e sentir constituem "causas" (no nível tridimensional) cujas consequências são
a fortificação dos agregados psíquicos, defeitos ou complexos.

Suponhamos, por exemplo, que você esteja segurando um livro com a mão direita.
Será que por trás deste ato há alguma intenção excusa escondida? Observe-se
sinceramente. Caso você detecte alguma intenção secundária vinculada a algum
defeito, você o estará alimentando.

Se quisermos eliminar a luxúria, nenhuma frase, pensamento ou expressão deve


passar "em branco". Todas devem ser percebidas em flagrante e eliminadas no
mesmo instante.

O trabalho de morte em marcha resolve o problema da compreensão, pois nos fornece


um entendimento progressivamente mais profundo dos defeitos, e também impede
que defeitos enfraquecidos ressucitem.

Todos temos, com certeza, muitas dificuldades nesse campo específico, por isso,
sugiro a leitura do livro "A Prática do Brahmacharia", de Sri Swami Sivananda. É um
livro com muitas orientações esclarecedoras e pode ser obtido aqui:

http://www.dlshq.org/download/brahmacharya.htm (em html)

http://www.dlshq.org/download/brahmacharya.pdf (em pdf )

BOB13 de agosto de 2012 07:31


Olá amigo poderia tirar dúvidas em particular? meu e-mail é
kbu@ig.com.br. caso positivo me envie um e-mail.
Desde já agradeço

Praticante17 de agosto de 2012 08:10


R. Os casos particulares, por serem muito delicados, requerem a
orientação de alguém de consciência desperta, o que não é o meu caso.
Sugiro,entretanto, que poste os seus problemas de uma forma geral e
como anônimo ou então com outro perfil, para não se comprometer. Se o
problema for muito grave e até comprometedor, fale de uma forma geral,
escrevendo algo assim: "Que orientação deveríamos dar para a pessoa
que sente tal e tal desejo" Isso poderia ajudá-lo.

Trabalhando nas causas

Sabemos que não devemos ejacular nosso precioso sêmen. Saber disso, contudo, não
é suficiente para deter o compulsivo processo de ejaculação. Muito sofremos, com
remorsos e medos, por não termos a verdadeira castidade.
Ocorre que tudo tem uma causa e não se pode deter a ejaculação (fornicação,
masturbação e polução noturna) sem atingirmos suas causas. Quando perdemos o
sêmen, esta triste perda se deve a processos interiores que ocorreram antes da perda,
por baixo da nossa zona de percepção consciente. Talvez os tenhamos percebido
superficialmente ou de forma vaga. Um defeito somente se "carrega" de força porque
não aplicamos a morte, antes, sobre pensamentos, emoções e ações que o alimentam.
O segredo é ir à causa. E onde está a causa? No "antes", nas manifestações que o
antecedem. Sobre essas manifestações é que temos que direcionar o poder de fogo da
Mãe Divina, e queimá-las sem recalque, apenas pela observação e oração.
Vigiar antes é o segredo.
Nós, principiante, não podemos ir conscientemente até o mundo das causas naturais,
na sexta dimensão, para "desligar a tomada" que carrega os defeitos de energia, mas
podemos, muito bem, remover as causas aqui no mundo tridimensional, que são os
primeiros resultados (efeitos) físicos dessas causas que estão bem além, no mundo
causal. No causal está a "causa causorum" e aqui estão as causas físicas. As causas
físicas são efeito das causas que se encontram na sexta dimensão e, ao mesmo tempo,
a origem da fortificação dos defeitos aqui.
O ato infeliz de ejacular deve, portanto, ser encarado como mero resultado de
processos anteriores de fortificação, processos esses que se dão sem serem vistos
claramente pela consciência, por ela não estar vigiando ativamente. Se você perde
continuamente seu sêmen, saiba que essa perda resulta de processos psicológicos que
você deveria ter observado em ação e que foi por não observá-los direito que isso está
te acontecendo. Encare sua perda como resultado (efeito) de uma causa a ser
conhecida. Qual causa? As manifestações dos detalhes. Vários detalhes se
manifestaram através de você e você não os viu, não os observou e nem pediu pela
dissolução. O resultado foi que de repente sentiu uma tremenda vontade de ejacular,
ficou tomado por aquilo e não resistiu, obviamente. E como poderia ter resistido se
deu alimento e forças ao inimigo?
Portanto, não fique se lamentando por fracassar, chorando ou duvidando de sua
capacidade, da Gnosis ou dos Veneráveis Mestres. Há algo melhor para fazer:
descubra o que te acontece antes de ficar louco de desejo. Caso se observe, verá que
bem antes de ficar doido (minutos ou horas antes) você deixou que muitos
pensamentos, frases, movimentos, lembranças, fantasias e emoções passassem em
branco. Foi lá que você errou. Você negligenciou as causas, a origem. Corte um rio e
a represa seca, arranque a tomada e maquinário se desliga. O ato de ejacular resulta
de um erro de estratégia: tentar segurar o desejo ao invés de atacá-lo em suas origens.
E onde estão as origens? Estão no cotidiano. Observe-as lá, procure-as e verá. São
milhões de coisas aparentemente inocentes que te conduziram a isso. Tire-as de si e
ficará livre dos seus efeitos nefastos. Não perca tempo fazendo esforços à toa,
medindo forças com o gigante: acerte-o logo no ponto fraco. Não queira se mais forte
que seu inimigo, seja mais astuto. Empregue toda a força que possui de maneira
correta e verá os resultados interessantes que surgirão daí.
Sabemos que precisamos da castidade, não somente para tomar ayahuasca (se você
for um gnóstico ayahuasqueiro, já que nem todos são) mas principalmente para
fortificar o kundalini e o poder da Mãe Divina e do Cristo dentro de nós, aumentando
a efetividade da morte do ego. Quanto mais casto formos, mais rapidamente o ego
morrerá.
Pensemos na masturbação e nas poluções noturnas. Em ambos os casos, o sêmen é
perdido porque a pessoa fantasia coisas "maravilhosas" com mulheres. Em que
mulheres você pensou antes e durante o ato masturbatório? Com quais beldades você
sonhou? O que imaginou estar fazendo com elas? Falarei claramente. Talvez você
tenha imaginado sexo oral ou anal, múltiplas posições, rostos lindos, peitos redondos,
peles lisas e depiladas, bocas gulosas e ávidas, lábios carnudos, traseiros empinados e
loucuras. Com que mulheres você fantasia? Atrizes pornôs? Colegas de trabalho?
Adolescentes? Sua vizinha? A esposa do seu amigo? Quem mais? Descubra, torne-se
consciente disso e de tudo o mais que houver escondido aí no baú da sua mente.
Essas fantasias "maravilhosas" são, na verdade infernais, te fascinam e te arrastam
pro fim. São fantasias que te tornam impotente sob todos os pontos de vista e acabam
com a tua vida. Aprenda a enfraquecê-las em suas origens, antes que tomem força, e
assim não ficará idiotizado.
Sócrates dizia que o vício da sensualidade deixava o homem estúpido. A experiência
nos mostra que ele estava correto. Desta forma de estupidificação estão surgindo
todas as aberrações que estamos vendo: pedofilia, zoofilia, necrofilia, coprofilia etc. e
tudo ficará ainda pior, já que o humanóide está sempre insatisfeito e se lança
desesperado em busca de novas sensações eróticas. Nessa busca infernal não há fim,
é a queda de cabeça em um precipício sem fundo.
Pois bem, meu amigo, se você quer mudar, estou do seu lado e quero te ajudar. Se
quer se livrar dessas maldições, descubra o que te acontece antes de ficar louco de
desejo e remova tudo isso.
Você falha uma e outra vez, fracassa e cai novamente na fornicação ou na
masturbação? Não importa! Continue pois, como disseram os Veneráveis Mestres,
ninguém se ergue reto como um pinheirinho, o que importa não são as caídas mas
sim a falta de coragem de nos levantarmos e continuar. O que importa é continuar,
assim a experiência se acumula. Lembre-se: para o Espírito não há tempo, Ele é
imortal.
Diferenciando os esforços
Estudantes gnósticos que confundem a verdadeira morte com o recalque giram em
círculos por tempo indefinido, oscilando entre a sufocação dos desejos e o desenfreio.
Por um tempo, controlam seus impulsos e, em seguida, os mesmos irrompem
violentamente. Somente é possível sair deste círculo vicioso quando se compreende
as diferenças entre a morte verdadeira e as várias simulações de morte. Na autêntica
morte, a pessoa não realiza o esforço interior visando sufocação dos impulsos, típica
do vício de recalcar desejos. O esforço interior correto corresponde principalmente a:

1. não identificar-se com os defeitos;

2. observar os detalhes dos eus em ação;

3. pedir por sua eliminação;

Além disso, há também empenho em manter a vigilância constante, em antecipar-se


às obsessões, em não pensar e em descobrir se algum defeito está sendo reforçado
(alimentado) por este ou aquele ato inocente.
Não faz parte do esforço correto a tentativa de segurar as emoções ou de controlá-las.
Para sabermos o quanto um "eu" está sendo enfraquecido, temos que deixar de tentar
controlá-lo e, em um certo sentido, até deixá-lo meio "livre", para ser observado sem
identificação.

A estratégia
A estratégia, em qualquer guerra, consiste em atacar o inimigo em seus pontos
vulneráveis. Tentar vencer um inimigo atacando-o em seus pontos invulneráveis é
falta de inteligência.
Na guerra contra o ego, as facetas sutis que lhe dão alimento a todo instante são os
pontos vulneráveis a serem atacados. Enfrentá-lo frontalmente é certeza de fracasso
por ir contra a estratégia.

Alimentamos os defeitos diariamente

Alimentamos os defeitos a todo instante, sem nos darmos conta. Através de


pensamentos, imaginações, falas, atitudes etc. reforçamos a nossa prisão interior.

Com uma simples frase, expressão facial, forma de andar ou se vestir, podemos estar
fortificando algum defeito. O simples fato de imaginarmos uma mulher desejável
proporciona, por exemplo, energia ao defeito da luxúria.

Se quisermos nossa liberação, o caminho a seguir é: não fortificar os defeitos de


nenhuma forma.

É ilógico e absurdo tentar destruir um defeito ao mesmo tempo em que o


alimentamos. Fortificar o inimigo do qual queremos nos livrar é um contra-senso.

Muitas pessoas lutam contra seus defeitos mas não vigiam os detalhes por meio dos
quais os alimentam e reforçam. Fazem esforços em vão, fortificam o inimigo interior,
como se pisassem no freio e no acelerador simultaneamente.

Somente com pensar, recordar ou mencionar algo, podemos estar alimentando


defeitos correspondentes.
Quando queremos acabar com um defeito, temos que retirar de nossa vida tudo o que
o alimente. Todos os canais de alimentação devem ser cortados, a começar pelos
pensamentos. Nenhum pensamento que alimente o defeito deve ser deixado vivo.
Além dos pensamentos, toda conduta e fala que o alimentem também devem ser
eliminados. Dito em outros termos, TUDO o que se relacione, direta ou
indiretamente, com o defeito que almejamos eliminar tem que ser cortado de nossa
vida. Se algo for permitido, o defeito não morrerá.

Não poderei eliminar a luxúria de modo algum se manter conversas morbosas com
meus amigos, se assistir filmes pornográficos ou ficar fantasiando sexo de várias
maneiras. Não eliminarei o medo se ficar assistindo a filmes de terror, pensando no
perigo, comentando sobre o perigo com as pessoas todo o tempo (o que difere de
alertá-las). Um determinado ego pode colher energia e alimentar-se de diversas
maneiras, por muitos canais, como fazem os capilares das raízes de uma árvore. A
auto-observação consiste em descobrir os muitos canais por meio dos quais um
defeito se alimenta, os quais estão escondidos em nossa vida, se processam na
sombra, sem que os vejamos. Lançando a luz da auto-observação a todo instante, os
descobrimos. Nisso consiste a descoberta de si mesmo, o auto-conhecimento e a
compreensão dos defeitos.

Se, mesmo aplicando esta técnica de retirada dos “capilares”, o defeito que você quer
eliminar não enfraqueceu, isso significa que você continua lhe fornecendo alimentos
sem dar-se conta, que há muitos outros “capilares” que você não está vendo, ou seja,
há muitos outros canais de alimentação escondidos em sua conduta.

Impulso de variação

O impulso de variação (trocar de mulher constantemente, experimentar mulheres


novas) difere do impulso copulatório em si mesmo. Não é o impulso de acasalar-se
mas sim de experimentar sensações proporcionadas por mulheres desconhecidas. É
uma espécie de "curiosidade sexual". Trata-se de um ego que necessita ser eliminado
como todos os outros.

Tranquilidade na concentração

O relaxamento é uma das partes mais importantes da meditação e não deve ser
negligenciado. Aperfeiçoar a meditação não é somente aperfeiçoar a concentração, é
também aperfeiçoar o relaxamento.

Por meio do relaxamento, damos início ao processo de "desligamento" do corpo


físico e do mundo exterior. Ao aprofundá-lo, começamos a rumar em direção ao
vazio.

A concentração/meditação não é algo que acontece pela oposição e nem pelo


empenho de ser contrário ao seu oposto (a desconcentração e a atividade mental
dispersa dos vários pensamentos). Não se trata de ir contra nada. A concentração é
simplesmente uma continuidade do relaxamento, sua continuação além do nível
muscular. Há, entre o relaxamento e a concentração, um continuum.

São palavras que exprimem mais ou menos a correta concentração: esvaziar, acabar,
relaxar, desfazer, sumir, cair no vazio, tranqüilizar-se, morrer (por que não?) e sumir,
sumir, sumir... Ainda assim a consciência é preservada, ela não se vai, a percepção
continua. São palavras que exprimem o que se sente no processo: relaxar, desfazer-se,
desprender-se, desaparecer, desligar-se de tudo, até o fim...

Concentrar-se não é criar conflitos com os pensamentos. A concentração não é uma


oposição aos milhares de pensamentos que nos distraem, é uma continuidade do
relaxamento, a qual nos faz cair ao pensamento único, nos leva para dentro dele. E a
meditação não é nenhum trabalho de esforço mas, pelo contrário, um trabalho de não
esforço, de entrega e de desprendimento total.

Concentrar-se é desprender-se da mente, dos milhares de pensamentos e distrações e


não envolver-se com os mesmos em uma luta. É um abandono.

Quando os mestres se referem ao esforço, estão se referindo ao empenho e à


dedicação, à disciplina de fazer algo sempre, com constância e continuidade, mas
não, de modo algum, à tensão. Eles não se referem a nenhum tipo de tensão, portanto
o esforço não deve ser entendido como sinônimo de tensão.

Concentrar-se não é forçar a atenção, é dirigi-la. Dirigir a atenção não é forçá-la, é


escolher um alvo e voltá-la para o mesmo.

Quanto mais concentrados estivermos, mais soltos e vazios estaremos.


Concentração não é tensão mental de nenhum tipo, é uma questão de escolha.
Escolher não é sinônimo de tensionar-se.

Conforme a concentração se aprofunda, o relaxamento atinge níveis


sub/inconscientes. A concentração é acompanhada pelo descanso cada vez maior dos
centros emocional e intelectual.

Um monge que atinge profunda e intensa concentração seguiu um caminho contrário


ao do esforço e da tensão mental.

Não é correto falar de relaxamento mental porque temos muitas mentes. Mas
podemos definir a concentração profunda como relaxamento, descanso e inatividade
dos centros emocional e intelectual.

Não se consegue reduzir a atividade dos centros mediante o esforço, mas sim
mediante o não-esforço. O trabalho de concentrar-se é o trabalho de acabar com os
esforços para concentrar-se.

Direcionar a atenção é mantê-la de forma "plena, natural e espontânea em algo que


nos interessa, sem artifício de espécie alguma"(1). O esforço e a tensão são artifícios
que bloqueiam a concentração, por não permitirem que a atenção seja plena, natural e
espontânea.

A palavra "esforço" tem duplo sentido. Em seu sentido usual no ocidente, evoca a
idéia de tensão e ansiedade. Entretanto, há também outro significado: dedicação,
empenho. Quando os V.V.M.M. se referem ao esforço e ao super-esforço, estão se
referindo à dedicação, à constancia, à tenacidade e à disciplina e não à teimosia, à
tensão, ao desespero por resultados, à ansiedade.
É necessário buscar a concentração de forma tranquila, intensificando a sensação de
tranquilidade. Precisamos ter a tranquilidade como um caminho a ser seguido, como
um guia: se a tranquilidade se perturba, estamos nos desviando do curso.

A concentração é a atenção plena, natural e espontânea (V.M.S.). O fio condutor


desta atenção plena no objeto não é o esforço e sim a tranquilidade; quanto mais
concentrados, mais calmos estaremos.

O esforço é perturbação. A mais leve perturbação ou ansiedade tem que ser evitada.
Ansiedade por concentrar-se, por ter êxito na prática, é perturbação.

Nossa cultura ocidental, infelizmente, associa idéias de esforço, preocupação e tensão


às palavras "alerta", "atenção" e "concentração". Isso conduz ao erro de acreditar que
concentrar-se é fazer esforço e lutar contra os múltiplos pensamentos em favor de um
só pensamento. A concentração que conduz à meditação, entretanto, é o
aprofundamento do relaxamento.

Quando alguém vê um monge em concentração e meditação profundas, imagina que


ela está fazendo intensos esforços. Na verdade é contrário: todo seu empenho é em
não realizar esforço algum. Ele eliminou todos os esforços, todas as tensões, todas as
preocupações, caiu no esquecimento.

O relaxamento é a soltura total no nível muscular. A concentração é a continuidade


desta soltura no plano psíquico. É por isso que o V.M. Samael, referindo-se à
concentração no mantram Fa - Ra - On, diz:

"Evitad toda la tensión mental y adormeèzcase" (2)


Portanto, concentrar-se é aprofundar a soltura, entregando-se ao pensamento único. É
deixar-se levar, sumir-se, acabar-se naquele pensamento, viajar nele. Em tal processo
não se perde a lucidez, muito pelo contrário: a lucidez aumenta.

Notas:

(1) V.M.Samael Aun Weor. O Mistério do Áureo Florescer


(2) V.M.Samael Aun Weor. Meditación y Gnosticismo Práctico. Conf. "Naturaleza
practica del mensaje de acuario"

Um pouco sobre o medo

O medo é um sentimento/emoção poderoso que invade a alma e vincula-se, assim


como os outros defeitos, a um condicionamento da cognição. A pessoa atemorizada
está com o entendimento distorcido e não consegue recobrar a lucidez. No fundo,
subconscientemente, acredita que o medo poderá alterar favoravelmente a situação, o
que é falso.
A pessoa atemorizada não compreende, em profundidade, que o medo, em si mesmo,
não a beneficia em nada e não melhora o problema que o origina. Mesmo que tente
fazê-lo, não conseguirá, visto que seu entendimento está condicionado, ou seja, sua
consciência está embotelhada. O medo não salva e nem transforma o problema para
melhor. Ele é, portanto, inútil. Ainda assim, o atemorizado acredita
inconscientemente na necessidade do medo. Essa crença é algo autônomo, não
obedece à simples vontade e não adianta simplesmente determinar-se a não temer.
Explorando o medo, descobriremos vários canais que o alimentam: muitas atitudes,
movimentos, falas, pensamentos etc.
A eliminação do medo requer a morte do defeito psicológico que o origina e a
transmutação da energia sexual, visto que o descarregamento energético do corpo
leva a pessoa a se sentir exposta, vulnerável.
Ego e distorções cognitivas

Todo defeito corresponde a uma visão distorcida da realidade. Por isso se diz que os
egs são "os elementos subjetivos das percepções" (V.M.S.).
Um defeito é uma cognição condicionada, distorcida, que resiste às simples tentativas
voluntárias de corrigí-la. Um homem pode compreender intelectualmente que um
vício o prejudica, mas ainda assim, este vício permanecerá atormentando-o, pois a
porção de sua psique correspondente ao vício (a parte que sente o desejo) entende as
coisas de modo diferente.
O ego correspondente a um vício considera este mesmo vício algo maravilhoso. Daí a
necessidade de compreendermos o defeito, se quisermos eliminá-lo. Quando se
trabalha com a morte em marcha, esta compreensão vai se configurando
naturalmente, como resultado da observação constante.
Se prestarmos atenção, perceberemos que os defeitos distorcem nossa percepção da
realidade. Por exemplo: um luxurioso não vê o sexo e nem as mulheres tal como são,
de forma objetiva, mas sim de forma subjetiva e distorcida, os vê de acordo com a
ótica do eu da luxúria. É uma visão condicionada da qual o luxurioso não escapará a
menos que dissolva a causa do problema: o ego. O mesmo se passa com a ira, a
inveja e os demais defeitos que tenhamos.
O Ego não permite ao ser humano enxergar a realidade, distorce tudo e faz com que
vivamos em um mundo de ilusões e mentiras. Por isso é tão importante destruí-lo.

Tarefas práticas
Para quem ainda não entendeu a morte do ego, algumas propostas práticas que podem
ajudar:

1. Primeira proposta:

Observe-se durante um dia inteiro ou durante algumas horas, à procura dos


pensamentos, atos, frases, movimentos etc. que de algum modo alimentarem um
defeito (por exemplo, a ira). Anote-os e depois releia. Esses canais de alimentação
que você descobriu são os detalhes ou facetas do defeito observado. Rasque ou
queime as anotações depois, pois isso não é da conta de ninguém.

2. Segunda proposta:

Observe, durante outro dia, as pequenas reações de todo tipo que você tem perante as
situações, pessoas etc. Anote essas reações e releia depois. Aí estão vários detalhes
descobertos.

Entendeu? É simples assim: apenas olhar para si mesmo e ver.

O que se faz com esses detalhes, uma vez descobertos? Pede-se por sua morte à Mãe
Divina. Você deve pedir instantaneamente, no mesmo instante em que os vê, e não
esperar para depois. Peça pela morte deles em plena manifestação, sem reprimí-los
mas também sem satisfazê-los.

3. Outra proposta: corte toda alimentação de um defeito por um tempo, com esse
procedimento da Morte em Marcha, e observe os resultados. Você comprovará que
ele se enfraquece, perde o poder sobre você.
O erro de adotar posturas negativistas

Um erro cometido por muitos de nós, estudantes gnósticos, a meu ver, foi tomar o
ensinamento de modo negativista. A Gnosis não é, de modo algum, algo negativo e
não cultiva a negatividade. Entretanto, muitos estudantes a tomaram sob esta
perspectiva, abordando-a de modo pessimista. Ao invés de se ocuparem com a
castidade, se ocuparam com a luxúria, ao invés de se ocuparem com o despertar,
ocuparam-se com a inconsciência. Criamos o vício de prestar atenção no mal, de nos
ocuparmos com ele e, desta forma, o energizamos.
O ensinamento dos Veneráveis Mestres é um ensinamento de regeneração e não um
ensinamento derrotista. Eles nos ensinaram que existe uma Mãe Divina que liberta
nossa alma dos pecados, que há um Pai que nos guia e contra o qual a escuridão não
tem poder, que existem hierarquias que nos defendem quando estamos trabalhando.
Também ensinaram que o desenvolvimento espiritual é perfeitamente possível ao
homem, mesmo que se tenha um carma grave, desde que se mude de conduta, o que é
perfeitamente possível quando se quer e se conhece os meios.
Entendo que a Gnosis é algo positivo, superior e otimista, sem ser alienante. Uma das
razões pelas quais não avançamos é porque focamos a atenção no que não queríamos,
ao invés de focá-la no que queríamos. Sempre demos muita importância ao que não
deveria e, assim, energizamos o indesejável. Ficar pensando nos defeitos, ainda que
com a boa intenção de estudá-los, é atraí-los e dar-lhes força. Damos forças ao mal
quando nos ocupamos desnecessariamente com ele.
A Gnosis ensina que existe um Deus Único (Unidade Absoluta), de onde se origina
toda a criação, todos os mundos, todas as hierarquias e todos os Eons. Esta Grande
Origem tem o nosso Real Ser como uma de suas múltiplas manifestações. O caminho
para o retorno é amoroso: temos que amar a Deus sobre todas as coisas. O que é amar
o Divino? É querer unir-se, estar junto, em comunhão, fazendo a Sua vontade. É
querer fazer a vontade do Pai e não a nossa. Amar a Deus é chorar por Sua presença,
é não aceitar Sua distância. É sentir com todo o coração e com toda a alma um
ardente desejo de Ser. É o caminho da emoção superior. Amá-lo sobre todas as coisas
é amá-lo mais do que amamos a este mundo de vãs ilusões que passam, é amá-lo em
sua Eternidade, porque Ele é o Eterno, o Imutável, o Ser. Quem ama a Deus mais que
a tudo, deseja ir embora deste mundo e viver com Ele para sempre. Estou usando
termos masculinos (Deus, Ele), mas Deus está além dos gêneros, é Andrógino: Alfa e
Ômega, duas polaridades em uma. Sua manifestação feminina é a Mãe Divina, que
vemos em todos os cultos ancestrais da Terra.
Amar a Deus é também confiar, pedir e descansar na confiança. Se confiamos em
nosso Pai Interno e em nossa Mãe Divina, não poderemos de modo algum ter uma
visão pessimista da vida, não há espaço para o desespero, não importa o que esteja
acontecendo. Se amarmos sinceramente nosso Ser, Ele nos salvará, resgatará nossa
alma do pecado, a atração fatal da matéria, se comunicará conosco por diversos sinais
e não seremos obrigados a acreditar nas pregações de líderes religiosos, pois
estaremos bebendo da água da vida na fonte. Ele nos dará a comprovação e a
experiência direta, e não teremos que acreditar em homens. Teremos uma fé
verdadeira, apoiada na experiência espiritual direta, e não uma simples crença ou
crendice.
O conhecimento espiritual e a fé verdadeira estão ao alcance de qualquer pessoa que
os busque sincera e corretamente. Uma simples oração é respondida de diversas
formas, mas, por sermos sempre tão negativos, pessimistas e céticos, simplesmente
não vemos as respostas, já que focamos nossa atenção no mal e não no bem. É claro
que aqui na Terra o mal existe e não podemos negligenciá-lo, mas tampouco
devemos dar-lhe forças ocupando-nos com ele desnecessariamente.
Por muito tempo, cometi o erro de ser pessimista e ressaltar a negatividade, sob a
justificativa de "tentar melhorar". Na verdade, tal postura tem o efeito de atrair e
reforçar justamente o que não queremos.
Quanto mais exercitarmos a fé em Deus, mais ela se desenvolverá e é somente por
meio da fé que podemos avançar espiritualmente.
Para sermos socorridos por nossa Mãe Divina e por nosso Pai que estão nos céus, é
imprescindível amá-los e nEles confiar.
Os efeitos prejudiciais do derrotismo é bem apontado pelo V.M. Samael neste texto:
"O animal intelectual, falsamente chamado homem, tem a idéia fixa de que a
aniquilação total do Ego, o domínio absoluto do sexo e a Auto-Realização Íntima do
Ser são coisas fantásticas e impossíveis, e não se dá conta de que esse modo de
pensar tão subjetivo é fruto de elementos psicológicos derrotistas que dirigem a
mente e o corpo daqueles que não despertaram a consciência.
As pessoas desta época caduca e degenerada carregam em seu interior um agregado
psíquico que é um grande estorvo no caminho da aniquilação do Ego: o Eu do
derrotismo.
Os pensamentos derrotistas incapacitam as pessoas de elevar sua vida mecânica a
estados superiores. A maioria das pessoas consideram-se vencidas já antes de iniciar
a luta ou o trabalho esotérico gnóstico.
Temos que nos auto-observar e auto-analisar para descobrir dentro de nós mesmos,
aqui e agora, essas facetas que constituem isso que se chama derrotismo.
Sintetizando, diremos que existem três atitudes derrotistas comuns:
1) Sentir-se incapacitado por falta de educação intelectual.
2) Não sentir-se capaz de iniciar a Transformação Radical.
3) Andar com a canção psicológica: nunca tenho oportunidades de mudar ou
triunfar.

PRIMEIRA ATITUDE

Quanto a sentir-se incapacitado por uma falta de educação, temos de nos lembrar
que todos os grandes sábios como Hermes Trimegisto, Paracelso, Platão, Sócrates,
Jesus Cristo, Homero, etc, nunca foram à universidade. Na realidade e de verdade,
cada pessoa tem seu próprio Mestre, sendo este seu próprio Ser, “isso” que está
além da mente e do falso racionalismo. Não se confunda educação com sabedoria e
conhecimentos.
O conhecimento específico dos mistérios da vida, do cosmos e da natureza é uma
força extraordinária que nos permite conseguir a revolução integral.

SEGUNDA ATITUDE

Os robôs programados pelo anti-Cristo - a ciência materialista - sentem-se em


desvantagem porque não se sentem capazes. Isto deve ser analisado. O animal
intelectual, por influência de uma falsa educação acadêmica que adultera os valores
do Ser, fez com que em sua mente sensorial existam dois terríveis eus que devem ser
eliminados: a idéia fixa: “vou perder”, e a preguiça para praticar as técnicas
gnósticas a fim de adquirir os conhecimentos necessários para emancipar-nos de
toda a mecanicidade e sair, de uma vez por todas, dessa tendência derrotista.

TERCEIRA ATITUDE

O pensar do homem-máquina é: nunca me dão oportunidades...


As cenas da existência podem ser modificadas. É a pessoa mesmo que cria suas
próprias circunstâncias. Tudo é resultado da Lei de ação e consequência, mas com a
possibilidade de que uma lei superior transcenda uma lei inferior.
É urgente, é improrrogável, a eliminação do eu do derrotismo. Não é a quantidade
de teorias o que conta e sim a quantidade de super-esforços que se façam no
trabalho da Revolução da Consciência. O homem autêntico fabrica no momento que
quiser as ocasiões propícias para o seu adiantamento espiritual ou psicológico."

(A Revolução da Dialética, cap. 7, "O derrotismo")

As experiências da vida condicionam o inconsciente. Se tenho pavor de batatas,


imagino que sejam perigosas. Se imagino que sejam perigosas, sonho com batatas
ameaçadoras e monstruosas. Se tenho tais sonhos, é porque me condicionei
inconscientemente a vê-las de tal modo. E me condicionei porque tive experiências
desagradáveis com batatas. Para descondicionar-me, tenho que repassar
conscientemente todo o processo para resignificá-lo.
Se me considero um fracasso na meditação e na morte do Ego, minhas práticas não
terão resultado algum devido a tal condicionamento inconsciente. Experiências
passadas necessitam ser acessadas e corrigidas.
Nosso inconsciente foi programado para acreditar que o desenvolvimento espiritual é
impossível, que não existem tais possibilidades no homem, que a realidade se limita
ao sensorial etc.

Lycopodium6 de março de 2011 18:59


Excelente texto, isto é profundo ao mesmo tempo animador. Também
passei a fase do pessimismo, mas não o filosofico o pessimismo
meramente humano da deteriorização.

E realmente sem amor não tem como, esquecemos de tudo no inferno do


sofrimento, de Deus, cristo e claro nossos irmãos.

Pensar: grave erro que cometemos!

O V.M.R. orienta-nos a não "levar a mente ao sexo oposto" durante a prática do


arcano (maithuna), caso contrário, será impossível evitarmos uma ejaculação. O que
se entende por "levar a mente ao sexo oposto"? Pensar na mulher (ou no homem) e
em tudo o que estiver direta ou indiretamente relacionado a ela, absolutamente tudo.
E o que é pensar? Pensar é imaginar (mecanicamente), ver na tela da mente, lembrar,
raciocinar, analisar, fantasiar e também duvidar. Tudo isso enquadra-se na expressão
"levar a mente ao sexo oposto". Em outras palavras, no arcano, sentimos e
praticamos, mas mantemos a mente parada, sem projetar.
Entendo que esta orientação pode ser estendida para todos os âmbitos do
desenvolvimento espiritual.
Um dos vários erros que podemos cometer consiste em pensarmos nas práticas, na
morte em marcha, nos problemas da vida e em tudo o mais. Pensamos em demasia e
acreditamos que pensando poderemos resolver as situações. Pensamos buscando
soluções, mas elas muitas vezes surgem de onde não estamos esperando e sem que
houvesse necessidade alguma de pensarmos.
Quando temos um problemas, ficamos martelando-o mentalmente, em busca da
soluções. Quando alguém que amamos falece, ficamos pensando, como se o
pensamento resolvesse ou melhorasse a situação.
Observando os animais, me dei conta de que eles não sofrem tanto quanto nós por
que não possuem a mesma capacidade de pensar. Isso lhes protege do sofrimento em
grande medida.
Mesmo o sofrimento físico fica atenuado quando não se pensa nele e, após ter
passado, não deixará sequelas ou, se as deixar, serão poucas. Não pensar é um dos
segredos para libertar a alma do sofrimento, por isso é que costumo dizer que a morte
do Eu é o esquecimento.
Entretanto, somos viciados no pensar. Acreditamos que o pensar é imprescindível.
Nossa capacidade de pensar, indubitavelmente, nos conferiu o poder de manipular a
matéria, desenvolver a ciência e a tecnologia, mas o preço que pagamos foi alto: nos
tornamos criaturas sofredoras. Sofremos com o passado que se foi, com o futuro que
tememos. Tudo porque somos muito mentais.
No que se refere às práticas que queremos tanto desenvolver (Morte do Ego,
concentração, meditação, viagens astrais, magia sexual), podemos afirmar que o
pensamento é absolutamente desnecessário e prejudicial. Ficar pensando no trabalho
interior é não realizá-lo.
Não necessitamos pensar para nos observarmos, nem para levantar da cama e sair em
astral. Tampouco necessitamos pensar para orar. A meditação é a busca do não-
pensamento, pois Deus, a Grande Verdade, está muito além do corpo, dos afetos e...
da mente!
Entendo que o desenvolvimento interior resulta, entre outras coisas interessantes, na
capacidade de enfrentarmos as situações mais aterradoras da vida sem levarmos a
mente ao negativo, ao desastre, sem pensarmos no pior. É uma capacidade que
somente alguns poucos homens possuem e que se consegue somente com a morte do
Ego. Por isso a Morte é tão importante.
Limpemos a mente continuamente, a todo momento. A auto-observação não pode ser
realizada se a mente estiver suja. Se ficarmos pensando, como poderemos enxergar?
Descobrir novas facetas do ego no cotidiano requer lucidez, observação atenta, as
quais não são possíveis se estivermos pensando. O trabalho sobre a mente é, portanto,
fundamental.
Na origem de todos os problemas psíquicos e emocionais está a mente. Na mente está
a origem do ego. Se alguém quiser descobrir detalhes do Eu, terá que domar a mente
para poder focar a atenção sobre si mesmo. Surge aqui então um problema: como
silenciar a mente?
Todos temos uma capacidade relativa de silenciá-la pela vontade, de suspender o
pensar, ainda que seja por alguns poucos instantes. A capacidade se desenvolve com
o exercício. É esta capacidade que exercitaremos e, à medida que formos morrendo, a
iremos aumentando. Aqui não se trata de silenciar todos os níveis subconscientes,
como se busca na meditação, pois não estamos tentando dissociar a essência livre dos
pensamentos e sim observar os defeitos que afloram durante as relações sociais ou
mesmo quando estamos sós. A meta, aqui, não é meditar e sim morrer. Na meditação,
esquecemos completamente do eu, nos dissociamos dele para mergulhar no real. Na
morte, da qual trata esta explicação que estou dando, observamos o eu para conhecê-
lo. Então são dois casos distintos: em um caso nos esquecemos do eu e no outro nos
ocupamos com ele, em um caso viramos as costas ao eu e no outro nos voltamos para
ele. Mas em ambos os casos a mente irá tentar atrapalhar e impedir.
Observemos a nós mesmos de fora, como observaríamos uma outra pessoa, buscando
compreender o que fazemos cada vez com mais clareza.

Fiquem com Deus


O vicio da masturbação - algumas considerações

Apesar de ouvirmos por todas as partes que a masturbação é algo muito bom e
saudável, nos atrevemos aqui a enfatizar a idéia contrária: a de que esta prática é um
vício e nos prejudica física e espiritualmente. Sendo assim, é bom descobrir os meios
de libertar alguém deste vício, tão elogiado pelos sexólogos.

O ato da masturbação fortalece a luxúria de um modo geral e não somente os "eus"


específicos de masturbação, embora estes últimos também sejam reforçados. O
masturbador é alguém que se condicionou a excitar-se com imagens mentais eróticas.
O conteúdo de suas fantasias varia imensamente e abrange a forma geral e ampla de
sua luxúria. Por meio do ato masturbatório, o masturbador satisfaz seus desejos
sexuais mais intensos, lhes dá vazão. Importa, portanto, àquele que quer libertar-se,
observar o conteúdo de tais fantasias para conhecê-las.

A prática da Morte em Marcha deve operar-se muito antes da obsessão. As pequenas


reações que impelem ao ato devem ser eliminadas o quanto antes. Tais reações
provém dos íncubus/súcubus que obsessionam a mente do masturbador e vampirizam
suas energias. Toda recordação, por menor que seja, deve ser retirada, pois a
castidade se consegue por meio do esquecimento total. É por meio do pensar que se
atrai elementos psíquicos funestos.

Uma vez que a pessoa esteja há vários dias sem cair novamente nesta prática, sentirá
a força no órgão sexual impelindo-o à ejaculação. Deve, então, intensificar mais
ainda a morte ou retornará ao ponto de partida. Para pular a oitava, isto é, dar um
passo verdadeiro, é preciso ultrapassar as fases em que somos atraídos de volta.
Entretanto, se a pessoa cair, não deve ficar preocupada e nem lamentar-se, pois todo
crescimento espiritual é tortuoso. Dá-se vários passos para frente e em seguida alguns
para trás. Os passos para trás são resultado natural dos ensaios e não são perdas
totais: fica a experiência, a qual facilitará o avanço posterior.

O momento em que a pessoa cai nesta prática são os momentos em que a vigilância é
esquecida: pode ser à noite, antes de dormir, de manhã, logo ao acordar, durante o
banho etc.

Sabemos que não devemos reprimir os desejos, mas tampouco devemos satisfazê-los.
É útil remover bloqueios emocionais e admitir tudo com a máxima sinceridade, para
que a observação seja perfeita. Entretanto, quanto mais alguém satisfazer um defeito,
tanto mais escravo do mesmo será. Deter-se "curtindo" (saboreando) um desejo ou
suas imagens mentais, sob o pretexto de observar-se, é cair em um erro grave, que
resulta em estancamento e até em retrocesso espiritual. O masturbador comete este
erro, já que se compraz em contemplar imagens eróticas, seja na tela de sua mente,
seja na tela de uma televisão ou nas folhas de uma revista. Aquele que quer libertar-
se deste vício, deve retirar todos os canais que o alimentam.

Muitas vezes, o desejo do masturbador não é exatamente masturbar-se e sim


satisfazer fantasias eróticas que gostaria de realizar concretamente mas não o
consegue. O masturbador fantasia relações e práticas com mulheres que deseja
ardentemente e lhe são inacessíveis. A masturbação é a realização virtual das metas
sexuais inatingíveis e, portanto, dos desejos sexuais mais reprimidos e insatisfeitos.
Sem afrontá-los, não é possível libertar-se.

Por trás do ato de masturbar-se, estão as fantasias eróticas específicas, as quais


desempenham um papel preponderante no vício e sobre as mesmas é que importa
operar. Os viciados que queiram libertar-se, necessitam enfraquecer e abandonar suas
fantasias sexuais. Quem cultiva fantasias sexuais, jamais se libertará do vício
masturbatório. Quando as fantasias sexuais deixam deixam de ser alimentadas e
perdem força, o vício também se enfraquece. O caminho para se libertar desse vício
tão nefasto é, portanto, deixar de alimentar as fantasias eróticas, fazendo com que
elas enfraqueçam até desaparecerem.

O hábito de olhar para o corpo feminino

O ato de olhar para certas partes do corpo das mulheres reforça tremendamente a
luxúria no dia a dia.
Observando-nos, percebemos que antes de cometer o ato de olhar, sentimos o desejo
incontrolável de fazê-lo. Este desejo não deve ser reprimido (sufocado) e nem
tampouco satisfeito.
O desejo é sentido como emoção. Sufocando-a, iremos simplesmente represá-la até o
ponto de explodir. O mais indicado é desbloqueá-la e observá-la "de fora" (sem
identificação) em plena ação, captando suas facetas e detalhes, enquanto pedimos
pela dissolução de cada um deles.
O bloqueio a ser removido é o bloqueio emocional.
Devemos observar o desejo agindo dentro de nós, porém sem permitir que ele se
realize, pois isso irá fortificá-lo e nos escravizará ainda mais.
Então, se queremos dissolver a luxúria, não podemos permitir que este desejo de
contemplar as formas femininas passe ao segundo nível, isto é, que se realize com o
ato de observá-las.
Sem fazer nenhum esforço para sufocá-lo, pedimos por sua morte. Então ele
enfraquecerá e não passará ao segundo nível, que é o nível da satisfação por meio da
ação. Permanecerá no primeiro, que é o nível em que apenas sentimos o desejo mas
não o realizamos na prática.
Esse vício de olhar para o corpo das mulheres é um grande problema e traz muito
sofrimento.

Lycopodium6 de março de 2011 22:31


"Permanecerá no primeiro, que é o nível em que apenas sentimos o
desejo mas não o realizamos na prática."

Ja tive experiência com isto, eu ja senti uma força maior forçando eu


olhar para mulher que estava justamente me olhando.

Claro não vou cair no esquecimento que ja olhei para as mulheres,


inclusive as que se vestem de forma sugestiva, e que estão esperando é
você olhar mesmo. Como também ja vi mulheres me olhando com os
mesmos trajes provocativos, mas ao mesmo tempo consegui olhar reto
sem dar atenção, o que resultou da mesma ter ficado enfurecida a
posteriori tentando me provocar com falas inferiores devido o fato de
não ter dado a devida atenção que a mesma queria. (Isso uma
desconhecida)

Duas formas distintas de lidarmos com os pensamentos

Uma é a forma de tratarmos os pensamentos quando estamos buscando a Morte.


Outra é a forma de tratá-los na meditação, quando queremos nos desvincular deles
temporariamente. Uma coisa é escapar do ego para experimentar o que está mais
além e outra coisa, muito diferente, é matá-lo. Não devemos confundir ambas as
coisas.
Na meditação, não nos detemos pedindo pela eliminação dos defeitos que se
manifestam sob a forma de pensamentos, posto que nossa meta é somente
escaparmos deles por um tempo. O que buscamos nessa prática é separar a essência
(o que temos de alma e de real dentro de nós) dos defeitos, o que se consegue
rompendo-se toda identificação. Após nos posicionarmos e relaxarmos
profundamente, o próximo passo é concentrar o pensamento e a atenção. Conforme a
concentração avança, as identificações e fascinações são rompidas, as frações
dispersas de essência se juntam e a atenção se intensifica e focaliza, enquanto o
silêncio mental se aprofunda. Entretanto, isso não significa que as porções de
essência que estejam enfrascadas em cada defeito sejam desenfrascadas. O que se
passa é que porções de essência livre (desenfrascada portanto) porém adormecida,
que vagueavam dispersas dentro do Ego (entre os defeitos e não dentro de cada
defeito), nos diversos níveis sub/inconscientes, levam um choque, se unem e
focalizam, como a luz de um laser. Este não é um processo de Morte dos defeitos.
Portanto, na meditação, esquecemos dos defeitos completamente, não pensamos
neles.
Se conseguimos um relativo silêncio mental e ainda assim não temos nenhuma
revelação ou experiência espiritual, isso significa que nossa concentração não é plena,
pois há ainda muitas partes da nossa essência livre (os três por cento) que estão
perdidas nos níveis mais profundos, fascinadas em meio aos pensamentos submersos.
Temos, então, que descer a esses níveis mais profundos e chamar a atenção dessas
partes desatentas. Como se faz isso? Por meio do sono. Sem o sono, não é possível
descer a esses níveis. Se não houver sono, ficaremos somente aqui fora, nos níveis
mais superficiais.
Na concentração plena, todo o percentual de essência livre direciona sua atenção a
um mesmo ponto. Se existirem partes da essência livre com atenção dispersa,
fascinadas, a atenção não será plena. Portanto, a atenção plena somente se consegue
quando se desce a níveis mais profundos e se "puxa" a atenção ao objeto que nos
interessa. Entretanto, ninguém conseguirá descer e direcionar a atenção se não dispor
do sono, pois o sono é a ferramenta que nos permite entrar nas regiões do
inconsciente, onde estão as porções de essência livre distraída.
Quando toda a atenção estiver plenamente focada, então a concentração é perfeita e
chegou a hora de saltar no vazio para cair além.
Na Morte, ao contrário, não almejamos simplesmente nos separar dos pensamentos,
mas sim encarar e dissolver os defeitos que se manifestam no centro intelectual. Por
isso é que os observamos em ação e suplicamos por sua morte. Aqui, o tratamento
dado aos pensamentos é outro e é exatamente o mesmo tratamento que damos às
manifestações do ego nos demais centros: observar e pedir pela desintegração.
Isso de tentar não sentir luxúria ao mesmo tempo em que se permite que pensamentos
de luxúria distraiam a essência é um absurdo. Não existe tal coisa. Se permitirmos
que os pensamentos distraiam nossa atenção, seremos incapazes de nos livrar de seus
resultados nefastos. Por atenção entenda-se: essência livre, já que é dela que provém
a atenção consciente e silenciosa no aqui e no agora.
O motivo pelo qual fracassamos tanto no combate à luxúria, bem como aos outros
egos, é que não limpamos a mente continuamente. Permitimos, vez por outra, que a
mente fique suja com imagens morbosas. Um pequeno instante de descuido é mais
que suficiente para nos levar à fornicação, à masturbação e a outros problemas
parecidos. Caímos porque não limpamos a mente em tempo integral. É claro que
também não devemos descuidar de outros centros, mas a mente é fundamental, por
ser estratégica. Manter a mente limpa é estratégico.
Quando olhamos para uma mulher e sentimos luxúria antes mesmo de emitir
qualquer pensamento visível, tal reação resulta de uma forma de entender a situação,
de encarar a mulher, de contemplar suas formas... e isso é algo, antes de tudo, mental!
Neste caso, embora as imagens morbosas somente apareçam um pouco depois da
reação nos outros centros (pois o centro intelectual é lerdo), elas existem em níveis
submersos sob formas viciadas e tendenciosas de entendimento. A luxúria é uma
forma (errônea) de entender o sexo, o amor e a mulher (ou o homem).

É importante, então, não esquecer que, tanto na meditação quanto na morte, rompe-se
toda identificação com os pensamentos e não se permite que os mesmos fascinem a
essência à vontade. Nos dois casos, se combate a fascinação e a distração.
Espero ter ajudado e boa sorte no caminho, meu irmão.

Postado por Praticante às

46 comentários:

1.
Lycopodium6 de março de 2011 22:54
Muito util tirar a associação da morte do ego e da meditação, pois elas
tem similaridades inclusive existe um som budista chamado "death of
the ego" para matar os egos em meditação, deixa eu ver se captei, treinar
a meditação seria unir a essencia, capacitar a concentração. Seria um
treino de limpeza, para depois. Outra hora, pós meditação praticar a
morte do ego sem poluíções mentais?

Espero que não seja charlatões,mas li que , alguns batuques budistas,


meditações, orações, LSD, Salvia divinorum , LSD , psilocibina ,
mescalina , DXM , ou DMT, privação de sono, jejum, tanque de
isolamento, oferecem uma solução temporária sobre a morte do ego.
Inclusive com relatos. Não fui atrás por não ser totalmente de o meu
interesse, mas sobre certa curiosidade até duvidosa e parcial.
Responder

2.
Anônimo14 de julho de 2012 20:18
Olá,

Relativo ao trecho abaixo e sobre outras questões, tenho algumas


dúvidas.

"Se conseguimos um relativo silêncio mental e ainda assim não temos


nenhuma revelação ou experiência espiritual, isso significa que nossa
concentração não é plena[...]".

1) Para ativarmos percentuais livres da nossa essência, é imprescindível


que tenhamos alguma revelação espiritual durante a meditação?

2) Que tipo de revelações espirituais o senhor se refere? Eu geralmente


me concentro num lakshia(som intra-craniano) e na imensa maioria das
vezes escuto esse som aumentar cada vez mais, até que meu corpo
inteiro leve um "choque elétrico sutil", eu vá perdendo os sentidos do
tato, mas com consciência... e vou sentindo meu corpo mais leve, cada
vez mais leve, até que, quando eu percebo, saí do corpo fisico e estou
desobrando. Isso seria algum tipo de revelação espiritual?? Já aconteceu
de eu escutar rugidos de monstros e eu acordar assustado. Meu instrutor
disse que são entidades das infradimensões. E já ocorreu de eu escutar
vozes de pessoas também (conhecidas ou não). Algum desses
mencionados são tipos de revelações? Se não for, o senhor poderia me
dar exemplos?

3) Algumas vezes, quando estou meditando, o que me atrapalha é que


fico salivando e quando vou engolir a saliva, isso me interrompe muitas
vezes. Alguma dica para isso não me atrapalhar?
OBS: Sempre medito deitado.

4) Já que na meditação é imprescindível o sono, o melhor horário que eu


acho, é pela manhã, bem cedinho. Meu desempenho é bem melhor. Meu
desempenho na meditação não é muito bom pela tarde, já que não sinto
muito sono, a não ser que eu tenha andado muito durante o dia, ou me
desgastado por causa do estudo ou trabalho. É uma boa fazer musculação
ou alguma arte marcial, ou yoga do rejuvenescimento para ajudar o
processo do sono durante a meditação (no caso pela tarde) ?

5) Quem está anelando a senda do fio da navalha, pode fazer alguma arte
marcial? É possível trabalhar a morte em marcha em cima dos eus que
surgirem durante o treino? Ou é andar em círculos, sendo que estarei
retro-alimentando estes eus, logo após pedir pelas suas eliminações?

OBS: A arte marcial que me refiro é Wing Chun Kung Fu, ou até mesmo
Jiu Jitsu. (Meu intento é praticar apenas como defesa pessoal e usar
apenas em casos de extrema urgencia: casos de vida ou morte).

OBS2: Me parece que os monges shaolin, nos templos budistas,


conseguem conciliar o caminho reto com as artes marciais (Kung Fu),
por isso me parece possível, então gostaria da sua opinião.

6) Quando consigo me desdobrar, consigo no máximo flutuar com o


corpo astral dentro do quarto e depois de um tempo eu volto ao corpo
físico. Geralmente certas emoções ou sensações tomam conta de mim.
Quando tento sair pela janela do quarto voando, eu volto para o corpo
físico. Isso é normal pra quem está começando?

Muito obrigado.

Paz Inverencial.

3. Anônimo17 de julho de 2012 15:07

Outras duvidas:

1) As vezes quando vou me deitar para fazer uma prática de meditação,


até que começo bem, mas por algum motivo externo me desconcentro
(barulho local, ou na rua) e vou perdendo a pequena "sonolência", sem
voltar a consegui-la. Nesses casos é uma boa parar, levantar, fazer outra
coisa, e depois voltar novamente a tentar a prática de meditação?? Já que
não faz bem pra saúde, ficar tentando meditar mesmo estando sem sono
(como já foi mencionado aqui no blog).

2) Quando alcançamos o estado de consciência ideal através da


meditação, a partir de qual momento esta começa a fazer efeito na nossa
consciência?? questão de minutos?? 3, 5, 10... ??

Praticante18 de julho de 2012 17:47


P. Relativo ao trecho abaixo e sobre outras questões, tenho algumas
dúvidas.

"Se conseguimos um relativo silêncio mental e ainda assim não temos


nenhuma revelação ou experiência espiritual, isso significa que nossa
concentração não é plena[...]".

1) Para ativarmos percentuais livres da nossa essência, é imprescindível


que tenhamos alguma revelação espiritual durante a meditação?

R. Não necessariamente, pois as revelações dependerão da intensidade


da ativação de tal percentual. Uma ativação inicial não provocará
grandes revelações, mas permite perceber alterações emocionais e
mentais, maior tranquilidade e silêncio interior, por exemplo.

2) Que tipo de revelações espirituais o senhor se refere?

R. Refiro-me a quaisquer percepções alteradas e pouco comuns que


ocorram durante a prática. A gama de tais percepções é muito vasta.

P. Eu geralmente me concentro num lakshia(som intra-craniano) e na


imensa maioria das vezes escuto esse som aumentar cada vez mais, até
que meu corpo inteiro leve um "choque elétrico sutil", eu vá perdendo os
sentidos do tato, mas com consciência... e vou sentindo meu corpo mais
leve, cada vez mais leve, até que, quando eu percebo, saí do corpo fisico
e estou desobrando. Isso seria algum tipo de revelação espiritual??

R. Sim, já são revelações iniciais do mundo espiritual, mas ainda


superficiais e subjetivas. O desligamento dos sentidos físicos que você
menciona é o pratyahara.

P. Já aconteceu de eu escutar rugidos de monstros e eu acordar


assustado. Meu instrutor disse que são entidades das infradimensões. E
já ocorreu de eu escutar vozes de pessoas também (conhecidas ou não).
Algum desses mencionados são tipos de revelações?

R. Também são.

P. Se não for, o senhor poderia me dar exemplos?

R. Todos os tipos de sons, visões extrafísicos correspondem a tais


revelações iniciais, mas são somente os primeiros passos.

Praticante18 de julho de 2012 17:48


3) Algumas vezes, quando estou meditando, o que me atrapalha é que
fico salivando e quando vou engolir a saliva, isso me interrompe muitas
vezes. Alguma dica para isso não me atrapalhar?
OBS: Sempre medito deitado.

R. Primeiramente, tente esquecer a saliva, pratique o esquecimento


(vairagya). Se isso não for suficiente, experimente mudar a posição do
corpo.

4) Já que na meditação é imprescindível o sono, o melhor horário que eu


acho, é pela manhã, bem cedinho. Meu desempenho é bem melhor. Meu
desempenho na meditação não é muito bom pela tarde, já que não sinto
muito sono, a não ser que eu tenha andado muito durante o dia, ou me
desgastado por causa do estudo ou trabalho. É uma boa fazer musculação
ou alguma arte marcial, ou yoga do rejuvenescimento para ajudar o
processo do sono durante a meditação (no caso pela tarde) ?

R. Musculação e outras atividades físicas são recomendados para quem


não trabalha em servições pesados, mas não são facilitadores do sono. O
que facilita o sono consciente na meditação é o esquecimento. Para
esquecer, você precisa ter algo em que pensar. Se você não está
conseguindo se desligar, é porque não está se ocupando com o lakshya.
Quem realmente se entrega a um pensamento único irá dormir.

Praticante18 de julho de 2012 17:48


5) Quem está anelando a senda do fio da navalha, pode fazer alguma arte
marcial?

R. Depende da utilização. A arte em si não faz mal, mas ferir os outros


faz. Se você tem vida sedentária, poderá fazer bem, desde que a arte não
seja voltada para o robustecimento do ego.

P. É possível trabalhar a morte em marcha em cima dos eus que surgirem


durante o treino? Ou é andar em círculos, sendo que estarei retro-
alimentando estes eus, logo após pedir pelas suas eliminações?

R. É possível, desde que o seu objetivo no treino não seja vencer e você
não esteja identificado com o outro e nem com a vitória ou a derrota. Se
você não se importar se o outro vence ou não e se concentrar somente
em manter-se alerta, usando a oportunidade para tal fim, a arte irá ajudar.
O ato de lutar permite que o estado de alerta relaxado aumente e também
ajuda a esquecer os pensamentos, concentrar-se no presente etc.
Infelizmente, as pessoas usam a arte marcial com outros fins.

P. OBS: A arte marcial que me refiro é Wing Chun Kung Fu, ou até
mesmo Jiu Jitsu. (Meu intento é praticar apenas como defesa pessoal e
usar apenas em casos de extrema urgencia: casos de vida ou morte).

R. Se você pensa em defesa pessoal, está se desviando do propósito que


descrevi. O propósito que descrevi consiste em usar o combate para
exercitar a atenção e a percepção de si mesmo, buscando sair da mente,
esquecer os pensamentos etc.

P. OBS2: Me parece que os monges shaolin, nos templos budistas,


conseguem conciliar o caminho reto com as artes marciais (Kung Fu),
por isso me parece possível, então gostaria da sua opinião.

R. O que se passa é que tais monges, assim como outros de outras partes
do oriente, meditam muitas horas por dia e usam a arte marcial como
forma de exercitar o corpo físico e também a consciência. A defesa
pessoal é só uma consequência, mas não a meta.

Praticante18 de julho de 2012 17:49


6) Quando consigo me desdobrar, consigo no máximo flutuar com o
corpo astral dentro do quarto e depois de um tempo eu volto ao corpo
físico. Geralmente certas emoções ou sensações tomam conta de mim.
Quando tento sair pela janela do quarto voando, eu volto para o corpo
físico. Isso é normal pra quem está começando?

R. Sim, é normal e ocorre por causa das emoções instáveis. Conforme


você praticar mais e mais, vai estabilizando sua permanência.

Praticante18 de julho de 2012 17:58


P. Muito util tirar a associação da morte do ego e da meditação, pois elas
tem similaridades inclusive existe um som budista chamado "death of
the ego" para matar os egos em meditação, deixa eu ver se captei, treinar
a meditação seria unir a essencia, capacitar a concentração. Seria um
treino de limpeza, para depois. Outra hora, pós meditação praticar a
morte do ego sem poluíções mentais?

R. De certo modo. Na meditação você varre a sujeira, a retira da sala. Na


morte do ego você incinera o lixo que varreu durante a meditação. No
entanto, parece-me que você confunde a meditação com a concentração,
sendo que ambos são distintos. A meditação é a consequência da
concentração.

P. Espero que não seja charlatões,mas li que , alguns batuques budistas,


meditações, orações, LSD, Salvia divinorum , LSD , psilocibina ,
mescalina , DXM , ou DMT, privação de sono, jejum, tanque de
isolamento, oferecem uma solução temporária sobre a morte do ego.
Inclusive com relatos. Não fui atrás por não ser totalmente de o meu
interesse, mas sobre certa curiosidade até duvidosa e parcial.

R. Há muita confusão a esse respeito. Uma experiência com LSD é


totalmente distinta de uma experiência mescalínica, no entanto, as
pessoas insistem em dizer que é tudo igual. Os desconhecedores ignoram
que as experiências com o além podem ser de diversos tipos.

Nos dias atuais, qualquer experiência metafísica é associada com


meditação: hipnose, drogas e outras. Na verdade, há diferenças
substanciais entre elas. O teor de uma experiência meditativa é algo
peculiar e jamais pode ser confundido com qualquer experiência do tipo
místico. Há muitos tipos de experiências místicas e elas diferem
enormemente entre si. Há que se entender claramente como é uma
experiência meditativa autêntica para não confundi-la com qualquer
transe ou experiência psíquica negativa.

Praticante18 de julho de 2012 18:00


Nenhuma substância química ou disciplina poderá destruir o Ego. O Ego
somente pode ser destruído com o fogo da Mãe Divina. O que não for
por aí, resultará em tentativas frustradas. Você poderá se disciplinar ao
extremo, ainda assim o Ego continuará vivo.

Quem quer destruir seus egos, tem que apelar ao poder superior que tem
a capacidade de desintegrá-lo. Entendeu?

Praticante18 de julho de 2012 18:04


Outras duvidas:

1) As vezes quando vou me deitar para fazer uma prática de meditação,


até que começo bem, mas por algum motivo externo me desconcentro
(barulho local, ou na rua) e vou perdendo a pequena "sonolência", sem
voltar a consegui-la. Nesses casos é uma boa parar, levantar, fazer outra
coisa, e depois voltar novamente a tentar a prática de meditação?? Já que
não faz bem pra saúde, ficar tentando meditar mesmo estando sem sono
(como já foi mencionado aqui no blog).

R. Se você realmente não consegue ir além, melhor é não brigar com a


mente, levantar-se e voltar dali há pouco. No entanto, tal preocupação
indica que os barulhos estão sendo considerados importantes. Quem tem
a concentração bem desenvolvida, consegue desligar-se mesmo em
meios barulhentos. Mas isso depende do desenvolvimento de cada um.

2) Quando alcançamos o estado de consciência ideal através da


meditação, a partir de qual momento esta começa a fazer efeito na nossa
consciência?? questão de minutos?? 3, 5, 10... ??

R. Quando se alcança o estado ideal, o efeito já está se fazendo sentir.


Ambos se desenvolvem paralelamente.

Praticante19 de julho de 2012 04:06


Aprofundamentos:

As revelações às quais me refiro no artigo são as viagens astrais e


experiências diretas com os mundos superiores. Essas experiências
apresentam três graus: imaginação, inspiração e intuição. o grau
imaginativo, alcançamos ver os objetos imaginados com a visão
espiritual (clarividência), no grau da inspiração, sentimos vários tipos de
emoções superiores relacionadas ao objeto de nossa concentração e no
grau intuitivo, tais emoções se transformam em um sentido cognitivo
objetivo e exato, porém distinto dos sentidos ordinários comuns. O grau
intuitivo corresponde ao desenvolvimento do conhecimento do coração
(chakra anahata).

Essas são as revelações espirituais às quais o artigo se refere.

Praticante19 de julho de 2012 04:13


Qualquer prática que envolva movimentos pode ser usada para
desenvolvermos a concentração, incluindo a dança e o combate. Para
tanto, a pessoa deve ocupar sua consciência unicamente com os
movimentos e esquecer de todo o resto, inclusive do próprio corpo. Deve
aprender a deixar que o centro motor flua livremente, sem interrupções
para análise, mantendo-se atenta ao presente. Sua consciência deve
ocupar-se completamente com o que está fazendo e com o momento
presente,tudo o mais deve ser esquecido. Neste caso, ao invés de se
concentrar em um pensamento, a consciência está focada no movimento,
em profunda recordação de si. As melhores artes são aquelas que se
desenvolvem através do relaxamento e não aquelas que valorizam a
tensão muscular e o esforço bruto. O excesso de esportes, no entanto,
prejudica o centro motor e desregula a máquina.

Anônimo19 de julho de 2012 10:14


Muito boas aclarações! Me tirou muitas dúvidas.

Treinei artes marciais por uns 3 anos, mas tive que sair por causa da
faculdade e estágio. Pretendo voltar a treinar, se não por agora, num
futuro próximo. E se eu voltar a treinar, com certeza seguirei esses
preceitos: Usar a arte marcial como uma forma de treinar a atenção
plena. Isso é muito bom. Sim, realmente, hoje em dia praticamente
inexiste pessoas que praticam com este fim (somente nos templos). Os
que praticam hoje é somente para robustecimento do ego, bater nos
outros, achar que é melhor que os outros etc. O MMA por exemplo se
enquadra nisso. Os lutadores só lutam por fama e glória, ou seja,
rebustecimento do ego.

Tenho outras dúvidas.

1) A respeito da morte dos defeitos, entendo que não devemos nos ater
apenas à morte em marcha, sendo que devemos complementar este
método com a auto análise Krishnamutriana que o VM Samael se refere,
seguida pela suplica à Mãe Divina. A prática exclusiva de um desses
métodos, não é correto. Certo??

2) Pois bem, está auto análise, deve ser feita apartir de uma concentração
sobre o objeto de estudo?? Por exemplo: Estou estudando um detalhe
dos ciúmes. Eu necessito deitar-me e relaxar com o objeto de
concentração, esta imagem mental que se refira ao defeito(ou qualquer
coisa que seja), até atingir o pratyahara?? Ou simplesmente devo fechar
os olhos e contemplar este defeito, sem necessariamente alcançar o
pratyahara?? Às vezes confundo, porque já ouvi o VM Samael falar a
respeito da meditação sobre um defeito. Então me perguntava se deveria
ou não alcançar esse extase do pratyahara, para obter a compreensão.

Muito obrigado.

Paz Inverencial.

Anônimo19 de julho de 2012 10:57


Outra pergunta:

A respeito de bebidas alcoolicas, ou quaisquer produtos industrializados,


sabemos que faz mal a saúde, são envenenamentos à longo prazo. Quem
vive tomando coca cola, quem vive em bebedeiras, quem vive perdendo
noites em festins, está estragando o seu corpo e desgastando todo o
centro motor instintivo praticamente.

Do ponto de vista gnóstico, porque não é bom ingerir alcool? Existe uma
explicação exotérica profunda a respeito? Algum livro que aprofunde
sobre isso?
Praticante25 de julho de 2012 06:32
P. Do ponto de vista gnóstico, porque não é bom ingerir alcool?

R. Porque o álcool provoca uma espécie de meditação ao contrário,


sintoniza a alma com o abismo, provoca impotência sexual, fortifica e
ressucita egos, além de destruir a saúde. Se você brinca com álcool,
ingerindo um pouquinho com certa frequência, logo vai sentindo desejo
de ingerir mais.

P. Existe uma explicação exotérica profunda a respeito?

R. Existe. Ao excitar o órgão kundartiguador, como o faz qualquer outra


droga, o álcool intensifica a fascinação da essêncai e o adormecimento
da pouca consciência que ela tenha. Como resultado, o processo de
criação, fortificação e ressurgimento dos Egos se acelera. Embriaguês
alcoólica não é compatível com a lucidez da essência ativa que lutar por
despertar.

P. Algum livro que aprofunde sobre isso?

R. Mistério do Áureo Florescer, cap. "O abominável vício do álcool" e,


no geral, todos os livros que tratem dos temas das drogas, pois o álcool
não é diferente de outras drogas no que se refere aos danos espirituais.

Praticante25 de julho de 2012 06:54


1) A respeito da morte dos defeitos, entendo que não devemos nos ater
apenas à morte em marcha, sendo que devemos complementar este
método com a auto análise Krishnamutriana que o VM Samael se refere,
seguida pela suplica à Mãe Divina. A prática exclusiva de um desses
métodos, não é correto. Certo??

R. Depende. Se você pratica somente a Morte em Marcha e o faz


corretamente, realizará a mesma prática no mundo astral e nos demais
mundos, conforme for se desenvolvendo. A Morte em Marcha, por si só,
dá conta de todo o trabalho de Morte do Ego necessário, inclusive
porque a meditação no defeito (ou análise krishnamurtiana à qual você
se refere) não fará outra coisa senão revelar os mesmos detalhes que não
foram vistos ao vivo enquanto se manifestaram. Obviamente, se você
aprendeu a meditar corretamente, não há problema algum em meditar em
defeitos persistentes para acelerar a compreensão dos mesmos.

No entanto, quem se limitar a somente praticar por meio dessas análises,


negligenciando a Morte em Marcha no momento da manifestação dos
egos, não irá avançar porque estará "retro-alimenando" continuamente os
defeitos. Explico melhor.

Quem não pratica Morte em Marcha, mesmo que no final do dia analise
os seus egos, os estará fortificando a todo momento, ou seja, cairá em
um círculo vicioso. A Morte só é possível se a alimentação dos eus for
interrompida. Em outras palavras: é perfeitamente possível morrer em si
mesmo somente através da Morte em Marcha, mas não é possível fazê-lo
somente através da análise krishnamurtiana. Tal análise tem sua utilidade
no que se refere a defeitos específicos, que importunam muito (por
exemplo, uma obsessão específica por algo), mas não permite uma morte
ampla e geral do ego, somente uma morte específica (caso em que tem
sua utilidade). Em que consiste tal análise? Em recordar-se da
manifestação de algum defeito para que se possa visualizar todas as suas
facetas. Ora, a visualização das múltiplas facetas é exatamente o que
fazemos na Morte em Marcha, a diferença é que não deixamos nada para
ser feito depois, fazendo tudo no momento. Na Morte em Marcha,
capturamos e eliminamos os detalhes na mesma hora em que se
manifestam, na análise krishnamurtiana, os capturamos e eliminamos
depois. Entendido?

2) Pois bem, está auto análise, deve ser feita apartir de uma concentração
sobre o objeto de estudo??

R. Sim, seu lakshya será a manifestação do defeito.

Anônimo29 de outubro de 2012 10:36


Obs: Estou fazendo essa pergunta neste tópico, apenas para
dar continuidade à este tema específico.

Sobre a sua resposta da pergunta 1, sim, entendido. Estive


estudando o livro A Águia Rebelde do VM Rabolú:

"P. – Porém, poderíamos dedicar essa prática, ocorre-me, a


esse defeito ou a esse detalhe mais forte, tratar de
compreendê-lo um pouco mais profundamente?

V.M. – Não ! Ao que insista, pois, dá-se-lhe na “torre” duma


vez. Quantas vezes queira insistir, dá-lhe, porque numa
dessas tem que morrer. Tem que morrer!

P. – Esta prática da meditação da morte do ego, deixa-la-


íamos fora dos cursos ou temos que explicá-la?

V.M. – Pois eu creio que isso é perder o tempo. Isso é perder


o tempo.

P. – Então, esse exercício retrospectivo, de quando se


manifestou um defeito na infância?

V.M. – Com esse trabalho não se necessita de nada disso.


Estar de instante em instante, de momento em momento."

Eu tenho percebido muito alívio em diferentes egos. É uma


técnica e tanta. Por exemplo, nos egos que envolvem apego,
ciúmes, desconfiança, ira (com relação à parceira). Tenho
aplicado a Morte em Marcha nesses casos:

Um certo aperto no peito, sentimentos variados, uma certa


taquicardía etc. Como ensinou o Rabolú, com vóz militar
imperativa: "Mãe, desintegra-me este defeito!!!!". E após esse
defeito dar uma aliviada, dá um tempinho e surge novamente.
E aqui estou eu aplicando novamente a Morte em Marcha, até
que vou percebendo que vai aliviando, diminuindo essas
manifestações nos centros.

São sinais de que o defeito está enfraquecendo, sim? Estou


agindo corretamente, sendo insistente? O VM Rabolú quis
dizer isso, correto?

Muito obrigado.

Praticante31 de outubro de 2012 20:07


R. A princípio sim, você está certo, mas se você fizer tudo
isso e, em seguida, continuar pensando e se ocupando com a
coisa, estará inutilizando todo o trabalho realizado. Essa
Morte em Marcha é para eliminar TODAS as identificações
com o problema, incluindo as recordações, falas e todas as
formas de se ocupar e conferir importância àquilo.
Anônimo1 de novembro de 2012 02:40
Sim, entendido.

Praticante25 de julho de 2012 06:54


P. Por exemplo: Estou estudando um detalhe dos ciúmes. Eu necessito
deitar-me e relaxar com o objeto de concentração, esta imagem mental
que se refira ao defeito(ou qualquer coisa que seja), até atingir o
pratyahara??

R. Sim, até atingir o pratyahara, isto é, até esquecer tudo o mais que
existe.

P. Ou simplesmente devo fechar os olhos e contemplar este defeito, sem


necessariamente alcançar o pratyahara??

R. Depende do seu grau de desenvolvimento. Se você não consegue


alcançar o pratyahara normalmente, também não conseguirá quando seu
tema for a manifestação de algum ego.
P. Às vezes confundo, porque já ouvi o VM Samael falar a respeito da
meditação sobre um defeito. Então me perguntava se deveria ou não
alcançar esse extase do pratyahara, para obter a compreensão.

R. Se você quiser a compreensão profunda e integral, tem que alcançar o


pratyahara. No entanto, a compreensão será proporcional à profundidade
da sua prática. É claro que todo ser humano tem certo grau de
concentração, ainda que pequeno. Quanto mais profunda for sua prática,
mais profunda será sua compreensão. Se você é capaz de chegar ao
pratyahara, terá uma compreensão mais profundo do que se não o
alcançasse. E se você ultrapassar o pratyahara, terá uma compreensão
ainda mais profunda. Então, o que se tem nessas práticas são distintos
graus ou níveis de concentração. O que importa é sempre ir o mais longe
que se consiga, e voltar em seguida, para ir ainda mais longe do que se
foi. Se você sente que não alcança o desligamento total dos sentidos, não
importa, não se preocupe com isso. Mesmo que não chegue ao
pratyahara, com certeza haverá alguma compreensão proporcional aos
passos que deu.

Praticante25 de julho de 2012 07:01


Sobre a Mãe Divina: em todos os casos, seja na Morte em Marcha ou na
analise krishnamurtiana, se suplica à Mãe Divina pela morte do defeito,
pois somente Ela pode desintegrá-los.

Sobre a meditação no defeito: meditar em alguns egos algumas horas por


dia e, no restante do tempo, permitir que eles se manifestem sem serem
observados e enfraquecidos pela Mãe Divina é cair em um círculo
vicioso no qual se os enfraquece e fortifica simultaneamente.

Anônimo25 de julho de 2012 11:23


Excelente, compreendi e achei muito boa, toda a explanação.

A respeito da morte em marcha: O VM Rabolú diz que podemos


imaginar a Mãe Divina incinerando algum monstro (que representa o
defeito em questão), ou atacando-lhe com alguma lança, espada
flamígera com um fogo terrivelmente divino etc.

Pergunta: A eliminação será eficiente se eu apenas fizer o pedido com


fé? Ou será mais eficiente se eu fizer a imaginação referida?

Anônimo25 de julho de 2012 11:30


Excelente, compreendi e achei muito boa, toda a explanação.

A respeito da morte em marcha: O VM Rabolú diz que podemos


imaginar a Mãe Divina incinerando algum monstro (que representa o
defeito em questão), ou atacando-lhe com alguma lança, espada
flamígera com um fogo terrivelmente divino etc.

Pergunta: A eliminação será eficiente se eu apenas fizer o pedido com


fé? Ou será mais eficiente se eu fizer a imaginação referida?
Anônimo29 de julho de 2012 15:47
O Samadhi, "ou vazio iluminador" a que o VM Samael se refere, seria o
pratyahara??

Anônimo30 de julho de 2012 10:13


"R. Primeiramente, tente esquecer a saliva, pratique o esquecimento
(vairagya). Se isso não for suficiente, experimente mudar a posição do
corpo."

Eu sempre tento meditar em decúbito dorsal, com uma almofada sob a


cabeça. Raras vezes alcanço o pratyahara, ou uma relativa paz interior.
Quando sinto dificuldade, eu viro de lado, daí adormeço com facilidade
e aproveito esse sono que vem, e adormeço conscientemente
(pratyahara). Estou agindo corretamente??

Certas vezes, eu alcanço o pratyahara mas só dura alguns segundos...


meio minuto, às vezes 1 minuto e por algum motivo volto ao normal.
Mesmo desse jeito, ajuda no avanço do despertar dos 3% da essência
livre?
Praticante2 de agosto de 2012 12:16
P. Eu sempre tento meditar em decúbito dorsal, com uma almofada sob a
cabeça. Raras vezes alcanço o pratyahara, ou uma relativa paz interior.
Quando sinto dificuldade, eu viro de lado, daí adormeço com facilidade
e aproveito esse sono que vem, e adormeço conscientemente
(pratyahara). Estou agindo corretamente??

R. Sim, se está conseguindo adormecer, é porque o processo está


fluindo.

P. Certas vezes, eu alcanço o pratyahara mas só dura alguns segundos...


meio minuto, às vezes 1 minuto e por algum motivo volto ao normal.
Mesmo desse jeito, ajuda no avanço do despertar dos 3% da essência
livre?

R. Sim, ajuda. Continue que, com a prática, esse tempo aumentará.

Praticante2 de agosto de 2012 12:33


Pergunta: A eliminação será eficiente se eu apenas fizer o pedido com
fé? Ou será mais eficiente se eu fizer a imaginação referida?

R. O pedido com fé é suficiente. Se a imaginação referido for vívida, a fé


será mais intensa. Mas não podemos sair fazendo isso pelas ruas, certo?

Praticante2 de agosto de 2012 12:34


P. O Samadhi, "ou vazio iluminador" a que o VM Samael se refere, seria
o pratyahara??

R. Não, é algo posterior ao pratyahara. Pratyahara é somente a abstração


dos sentidos, o desligamento da consciência do mundo exterior.

Anônimo5 de agosto de 2012 09:10


Amigo, qual a sua opinião sobre essas escolas que desprezam a morte
em marcha e acham-na inútil, e que consideram útil apenas a morte por
reflexão?

Anônimo5 de agosto de 2012 09:14


Considero que eles estão fadados ao fracasso, por ignorarem o poder da
Mãe Divina sobre pequenos detalhes. Penso que eles poderiam adiantar
muito rápido o progresso deles, se não pensassem dessa forma. O que
acha?

Praticante7 de agosto de 2012 07:10


P. Amigo, qual a sua opinião sobre essas escolas que desprezam a morte
em marcha e acham-na inútil, e que consideram útil apenas a morte por
reflexão?

P. Estão fazendo um trabalho parcial e perdem o pouco que conseguem


durante o dia, pois imaginam que a Morte pode ser conseguida de forma
ampla por meio de trabalhos limitados sobre defeitos específicos e
somente em certos momentos do dia.

P. Considero que eles estão fadados ao fracasso, por ignorarem o poder


da Mãe Divina sobre pequenos detalhes. Penso que eles poderiam
adiantar muito rápido o progresso deles, se não pensassem dessa forma.
O que acha?

R. Concordo, aumentariam, mas há neles a crença de que a Morte em


Marcha foi inventada caprichosamente pelo V.M. Rabolú, ignorando que
essa prática é muito antiga e aparece na Bíblia e em outros ocultistas.
Até em um papiro original dos essênios, em uma exposição em São
Paulo, certa vez eu li uma referência à Morte em Marcha. Nos livros do
V.M. Samael tenho visto muitas referências também, pena que não as
anotei, mas é só questão de procurar.

Oscar Uzcategui é um dos principais defensores dessa crença


contraproducente.
Anônimo8 de agosto de 2012 04:08
Este comentário foi removido por um administrador do blog.

Praticante8 de agosto de 2012 07:11


Gostei muito do vídeo, das músicas, das mensagens e das
imagens.

Praticante8 de agosto de 2012 07:20


Temos que contar a verdade para o mundo, pois a cada dia
aumentam as mentiras sobre nós. É uma recorrência de
tempos antigos. Hoje, ateus, fanáticos religiosos e pseudo-
ocultistas esquecem suas diferenças e se unem para perseguir,
caluniar e difamar a Gnosis. O conhecimento gnóstico é
perigoso porque liberta e eles se sentem ameaçados.

Praticante8 de agosto de 2012 07:22


Imaginem o perigo que representa um conhecimento que une
as religiões, permite a experiência direta com o Além, sem
necessidade de recorrer a crenças e teorias, e dá às pessoas a
chance de comprovarem que o materialismo é uma fraude?
Esse é o perigo que o conhecimento gnóstico representa. Por
isso a Gnosis é tão caluniada e perseguida.

Anônimo8 de agosto de 2012 09:59


Concordo, assino em baixo.

Praticante8 de agosto de 2012 07:17


(Cont.)

Quando permitimos que desejos leves passem livremente, sem sofrerem


a atuação da Mãe Divina, eles tomam força e se tornam obsessores. Um
dos segredos é, portanto, mantermos constantemente um estado de
tranquilidade, não permitindo que os desejos leves se fortifiquem.

Anônimo9 de agosto de 2012 04:18


Levando em consideração isso, se saímos na rua, somos
bombardeados por mulheres atraentes de todos os lados, não
tem pra onde escapar. Devemos literalmente aplicar a morte
em marcha de momento a momento, de segundo a segundo.
A cada rostinho bonito e fascinante, corpo bonito, olhares de
paqueras delas. Certo?

Anônimo8 de agosto de 2012 09:52


Amigo, gostaria que apagasse o meu comentário que contém o video que
eu passei e esse comentário aqui tbm, por favor, por uma questão de
identificação.

Mas pode deixar os outros, suas respostas são muito boas. Sugiro que
depois vc abra um novo tópico aqui no blog, colocando esse video e
expondo algumas verdades ocultas, que as pessoas precisam saber.
Infelizmente muitas pessoas tem olhos mas não querem enxergar a
verdade.

Conseguiu resolver algo das respostas nos textos mais recentes?


Saudações Inverenciais.
Anônimo8 de agosto de 2012 15:51
Sabemos que o VM Rabolú fechou o ciclo de Mestres na história da
gnosis.

Perguntas:

1) Quem elimina 100% do ego, vira um Mestre?


2) É possível eliminar esses 100% do ego durante a vida sem virar
Mestre?
Anônimo8 de agosto de 2012 17:21
Pergunta:

1) Pode explicar a respeito do desdobramento astral, que o VM Samael e


VM Rabolu, disseram que é necessário deitar até 22 horas, para
conseguir se desdobrar normalmente? Ouvi dizer que tem algo a ver com
os ciclos etéricos durante o dia. Sabe explciar o porque?

2) É verdade que nossas vidas passadas vão alternando assim: corpo de


homem/ corpo de mulher/ corpo de homem/ corpo de mulher ??

Namastê!

Praticante8 de agosto de 2012 19:49


P. Amigo, gostaria que apagasse o meu comentário que contém o video
que eu passei e esse comentário aqui tbm, por favor, por uma questão de
identificação.

R. OK, comentário excluído.

P. Mas pode deixar os outros, suas respostas são muito boas. Sugiro que
depois vc abra um novo tópico aqui no blog, colocando esse video e
expondo algumas verdades ocultas, que as pessoas precisam saber.
Infelizmente muitas pessoas tem olhos mas não querem enxergar a
verdade.

Conseguiu resolver algo das respostas nos textos mais recentes?

R. Não, por mais que eu salve a autorização irrestrita para os


comentários, eles continuam sendo bloqueados.

Perguntas:

1) Quem elimina 100% do ego, vira um Mestre?


R. Sim, na verdade, bem antes desses 100% já é um mestre de mistérios
menores.

2) É possível eliminar esses 100% do ego durante a vida sem virar


Mestre?

R. Não, pois a eliminação em si, nesses níveis, requer a maestria.


Somente um Cristo poderá alcançar esses graus.

Pergunta:

1) Pode explicar a respeito do desdobramento astral, que o VM Samael e


VM Rabolu, disseram que é necessário deitar até 22 horas, para
conseguir se desdobrar normalmente? Ouvi dizer que tem algo a ver com
os ciclos etéricos durante o dia. Sabe explciar o porque?

R. Porque fica mais fácil, pois se você deita nesse horário, estará bem
descansado na hora do brahmamuhurta, que é a madrugada, quando as
energias estão favoráveis às práticas. Observe que as práticas feitas de
manhã dão mais resultado. No entanto, você pode se desdobrar a
qualquer hora se for prático e tiver boa concentração. Sempre que você
tiver sono, pode tentar a meditação ou desdobramento.

2) É verdade que nossas vidas passadas vão alternando assim: corpo de


homem/ corpo de mulher/ corpo de homem/ corpo de mulher ??

R. Não necessariamente nessa ordem ou sequência. Isso depende


também do karma e da recorrência.

Anônimo9 de agosto de 2012 13:09


Uma dúvida:

Assim como podemos pedir à nossa Mãe Divina a eliminação de


defeitos, podemos também pedir à ela ou ao nosso Pai Interno,
conquistas materiais?
Por exemplo: Arrumar um emprego, que se esteja precisando ?

Tenho essa dúvida, pois, não sei se seria um bom negócio, sendo que o
meu dharma que pode ser gasto por recompensas espirituais, vai estar
sendo gasto com realizações materiais. O que acha disso?

4. Praticante10 de agosto de 2012 10:27

P. Assim como podemos pedir à nossa Mãe Divina a eliminação de


defeitos, podemos também pedir à ela ou ao nosso Pai Interno,
conquistas materiais?

R. Podemos (nada impede), mas tal pedido é um contra-senso e eles


dificilmente darão importância ao mesmo, visto que a meta espiritual é
desprender-se do material. As partes internas nos provém materialmente
de acordo com o nosso karma e o desenvolvimento espiritual consiste
justamente em desligar-se da matéria e unir-se ao Espírito. Por outro
lado, quem se une ao Ser e é bem-aventurado espiritualmente, não
assenta sua felicidade nos bens materiais.

P. Por exemplo: Arrumar um emprego, que se esteja precisando ?

R. Melhor é pedir a Morte e, com o desenvolvimento das habilidades daí


decorrentes, como a inteligência e a observação, tornar-se mais apto a
diversas funções profissionais.

P. Tenho essa dúvida, pois, não sei se seria um bom negócio, sendo que
o meu dharma que pode ser gasto por recompensas espirituais, vai estar
sendo gasto com realizações materiais. O que acha disso?

R. São dois tipos diferentes e não há como mesclá-los. Você não pode
ser recompensado materialmente por méritos espirituais e nem o
contrário.

P. Levando em consideração isso, se saímos na rua, somos


bombardeados por mulheres atraentes de todos os lados, não tem pra
onde escapar. Devemos literalmente aplicar a morte em marcha de
momento a momento, de segundo a segundo. A cada rostinho bonito e
fascinante, corpo bonito, olhares de paqueras delas. Certo?

R. Quase certo: não exatamente a cada rostinho e corpinho fascinante,


mas a cada percepção dos mesmos que nos altere psiquicamente. Se você
não sentir nada, não tem porque suplicar. Por isso é que temos que
observar com atenção e cuidado, olho clínico.
Se o rostinho bonito passa por você e você nada sente, nem
remotamente, não motivo algum para pedir. No entanto, se algo se agita
dentro, mesmo de leve, se sente algum impulso, alguma alteração, então
tem que pedir imediatamente. O melhor mesmo é nem sequer perceber
tais presenças, passando por elas sem desviarmos nossa atenção do que
estamos fazendo.

1. Anônimo10 de agosto de 2012 12:34

Perfeito, entendi.
Praticante10 de agosto de 2012 10:29
Sobre o material:

Quanto mais morremos em nós mesmos, menos necessitaremos do


material, inclusive para a sobrevivência do corpo físico.

A quem orar?

Não importa qual seja a sua religião, você deve orar à sua Grande Origem, à Fonte de
onde você emanou.
Os V.V.M.M. sempre nos disseram que temos que orar às diversas partes superiores
do Ser (Mãe Divina, Íntimo, Pai Interno, entre outras partes). Se este conceito te
incomoda, pela educação religiosa que você teve, simplesmente ore Àquele (ou
Àquilo) que te originou e não perca seu tempo complicando a questão com
especulações teóricas, já que quebrar a cabeça com uma questão tão gigantesca é
inútil.
As formas religiosas da Terra são somente aproximações, modelos limitados mas
importantes. Servem para nos balizar na busca por um poder maior que nos ultrapassa
e do qual somos provenientes.
Não importa muito se você se apóia na Bíblia, no Alcorão, nos cânones budistas ou
hinduístas. O que importa é que você dirija seu coração à sua Grande Origem, à Força
que te originou, de onde sua alma provém. Se você é protestante e ora ao Criador,
você não está em desacordo comigo.
Não devemos condenar àqueles que possuem uma idéia de Deus diferente da nossa.
Eles não estão errados, já que Deus, sendo a origem de todas as formas existentes,
não tem forma e pode assumir a forma que queira, para o povo que quiser. É por isso
que há várias religiões no mundo. Como tudo veio de Deus, é claro que tudo está
contido nEle, todas as formas estão ali, em estado latente, potencial, e podem ser
adoradas. Sempre que se busque o alto, o sublime, a melhora, a perfeição (sem fazer
da perfeição uma neurose...) se estará buscando o Deus verdadeiro.

A mente e o ego

Há uma diferença radical entre a mente e os sentimentos. A mente é a matéria-prima


dos pensamentos, imaginações, raciocínios, lembranças e das nossas memórias. O
sentimento é uma forma mais duradoura assumida pelas emoções. Emoções e
sentimentos estão interligados, são quase uma só coisa. A mente radica na cabeça e as
emoções no coração. Aqui se inicia uma confusão.

Acontece que os desejos são sentidos fortemente no centro emocional, sob a forma de
emoções inferiores. Por serem sentidos no coração, aqueles que querem se livrar do
desejo tentam sufocar os próprios sentimentos ao invés de matá-los. Contudo, a raiz
do problema não está ali, mas sim na cabeça: são as imagens mentais. No fundo do
sentimento se encontra a mente e é precisamente ali que temos que trabalhar.

De nada adianta tentar "não sentir nada" porque a origem do sentir está no pensar. Se
não penso, não sinto. Se estou sentindo, é porque estou pensando. Se estou sentindo e
não percebo pensamento algum correspondente, é porque o mesmo está se
processando inconscientemente, nas sombras, sem que eu possa vê-lo. Temos que
atacar o Ego em nossa cabeça, antes de tudo. Tentar "segurar" ou controlar o centro
sexual, o emocional ou outros centros, enquanto se enche a cabeça de imagens que
nutrem o defeito, é cometer auto-agressão e cair no fracasso. Pensar é a primeira, mas
não a única, forma de nutrir defeitos.
Em "Tratado de Medicina Oculta y Magia Practica", o V.M.Samael ensina que todos
os sofrimentos humanos radicam na mente e que nenhuma dor por preocupações
terrenais, isto é, por apego à matéria, pode chegar ao Íntimo. Isto significa que
sofremos porque pensamos no sofrimento, nos lembramos dele e que aquele que for
capaz de não pensar, não será atingido, nem mesmo pelo sofrimento físico intenso
das doenças. O V.M. ensina ainda que os pensamentos são a principal forma de
alimentar e fortificar os desejos.

"La cueva del deseo está en la mente. El cuerpo de deseo es tan sólo un instrumento
emotivo de la mente." (Tercera Parte: Plantas y sus Poderes Magicos - cap. intitulado
"La Mente")

Portanto, tal como ensinam Blavatsky e Samael, a morte dos desejos requer antes de
mais nada que acabemos com os pensamentos. Tentar combater emoções,
sentimentos, vícios, impulsos etc. sem combater os pensamentos correspondentes é
arrebentar-se interiormente. É isso o que fazem muitos religiosos e os pobres sofrem
horrivelmente. Sugiro aos irmãos católicos e protestantes que buscam
verdadeiramente a santidade que disciplinem os pensamentos antes de tudo. Matar os
maus pensamentos é estratégico e todas as tentativas que não forem por aí fracassam.

Um homem poderá tentar deter seus impulsos sexuais, mas se não silenciar as
imagens e tagarelices mentais relacionadas, se despedaçará interiormente e cairá
ainda mais profundamente no vício.

A chave para a morte dos desejos é a morte dos pensamentos. E a chave para a morte
dos pensamentos são a vigilância e a oração. Nós vigiamos (observamos) e oramos
(pedimos). Então Deus os mata. É Deus que mata os inimigos interiores do homem,
não é o homem que os segura. A parte humana somente pede e a parte divina atua.

Este ensinamento dos V.V.M.M. Samael e Blavatsky, converge com uma orientação
do V.M.R. de que não devemos levar a mente ao sexo oposto durante prática do
arcano. Na verdade, podemos expandir essa orientação para todos os âmbitos da
manifestação do ego.

Sempre que estamos possessos, é porque, de algum modo, estamos levando a mente
ao problema, ao objeto da ira, da preocupação ou do desejo. O primeiro a fazer,
quando estamos obsessionados por um Ego, é focar a atenção na cabeça, na mente, e
não levar a mente ao objeto desencadeador do desejo ou do impulso.

Se você está obsessionado, é porque está pensando naquilo de algum modo. Coloque
sua atenção na cabeça um pouco, aquiete seus pensamentos a respeito e você verá que
a situação irá melhorar dali há pouco.
Suponhamos que você esteja tomado de luxúria por uma mulher. Obviamente, você
está pensando nela de diversas maneiras e não conseguirá observar nenhum centro se
continuar com tais pensamentos. Use a pequena margem de livre arbitrio que possui e
pare seus pensamentos, interrompa-os. Então você verá como irá melhorar! Em
seguida, poderá observar-se e estudar essa luxuria nos demais centros.

A mente é estratégica para a Morte. Começamos a mudar pelo centro intelectual.


Tentar começar pelo centro emocional, pelo centro sexual ou pelo centro motor é
absurdo.

Quando eliminamos um defeito, resta ainda na mente sua recordação. A recordação


do sabor daquele desejo permanece no fundo da mente e mais leve pensamento pode
acordá-la.

Como a mente sabota a Morte e a meditação

A mente é como uma tela de televisão ou de cinema. Por esta tela da mente, passam
sucessivas imagens ou cenas. O desenrolar das cenas segue rumos nem sempre
coerentes. De uma cena, passa-se à outra, e à outra, e à outra...e assim
sucessivamente, em uma procissão sem fim.
As cenas que passam na tela da mente são os pensamentos, lembranças e imaginações
mecânicas ou fantasias. São infinitas imagens, fixas ou móveis, através das quais
alimentamos os egos. Trata-se de manifestações dos egos no centro intelectual.
Como somos animais racionais, temos que colocar especial atenção no centro
intelectual. Não é possível dissolver o ego se negligenciarmos a Morte neste centro.
De nada adianta tentar manter-se casto quando se permite que na tela da mente
permaneçam imagens de mulheres, sexo e delícias eróticas. O trabalho da Morte
começa pela mente e termina na mente, apesar de também ter necessariamente que
passar pelos outros centros.
Quando as imagens mentais desfilam sob o controle do ego, temos o que se chama
imaginação mecânica. Trata-se de um tipo de imaginação involuntária, que ocorre
sem participação consciente. São cenas que os Egos projetam e sobre as quais
desfrutam e deleitam. O deleite do Ego sobre tais cenas se dá por meio da
identificação. Identificar-se com as imagens mentais é um grande erro, pois fortifica
os desejos.
Há também a tagarelice interior, composta por sons internos, vozes, e não por
imagens. As vozes da tagarelice podem ser a nossa própria voz ou de outras pessoas,
em situações hipotéticas passadas ou futuras ou em situações reais mescladas a
situações possíveis. Tagarelice interior e fantasia se associam no processo de
fortificação dos defeitos.
Por trás das imagens e falas mentais estão os Egos. O conteúdo da cenas indica qual é
o desejo que está se fortificando.
A guarida dos desejos está na mente. O desejo é sentido intensamente no centro
emocional, mas o fundo sobre o qual se embasa está no centro intelectual. Quando se
mata o pensamento, se torna muito mais fácil matar o desejo em seguida. Quanto
mais se pensa em um desejo ou problema, pior se torna a situação interior.
Quantidade de imagens mentais explode na cabeça, somos invadidos e não sabemos
como sair da situação. A chave é: calar a mente, não pensar.
Para que a mente não atrapalhe, temos que ter um foco de atenção. Se estivermos
andando, trabalhando etc. o foco será a nossa pessoa (auto-observação e morte em
marcha). Contudo, se estivermos meditando ou formos nos deitar, o foco poderá ser
um Koan, um mantram ou um trabalho de imaginação consciente.
A imaginação consciente é diferente da imaginação mecânica. Nela escolhemos
voluntariamente um objeto, algo para imaginar. Então fixamos a atenção nesta
imagem, até enxergá-la nitidamente com os "olhos espirituais" (clarividência - todo
mundo tem um pouco de clarividência que pode ser ativada momentaneamente com
esta prática). Ao enxergá-la, então podemos começar a penetrar o objeto da imagem e
acompanhar algumas revelações que vão ocorrendo através da imagem, escolhendo
conscientemente por onde iremos penetrá-la. As revelações vão aparecendo e vamos
aprofundando o processo. Se estivermos concentrados na imagem da chama de uma
vela, podemos penetrar nessa chama representada em nossa imaginação, para ver o
que se revela. Se for uma planta, podemos entrar na imagem da planta, como faziam
Jacob Boheme e Goethe, descobrindo o que havia dentro desta imagem. O resultado
será um desdobramento astral ou até uma viagem mais além. O trabalho de penetrar a
imagem não tem necessariamente um fim, podendo haver penetrações sucessivas e
cada vez mais profundas, até um nível em que há não haja espaço algum para
nenhuma atividade mental. Ao ultrapassá-lo, já estamos na meditação, mergulhados
na realidade. Quando se atinge tais alturas, o corpo está em sono profundo e o cérebro
em ondas Theta e Delta. Há outros níveis além, e os hindus e tibetanos os designam
por distintos nomes. Mas não vamos nos afastar tanto para "cima do telhado", já que
somos todos principiantes e nem sequer sabemos nos concentrar direito.
Quando focamos a atenção em uma imagem, a mente lança múltiplas imagens
distintas (pensamentos) para nos atrair a atenção. Se nos deixamos distrair, nos
desviamos de nosso objetivo. Se nos ocupamos com tais imagens, tentando silenciá-
las à força, criamos um conflito e igualmente nos desviamos. O indicado é manter-se
focado no objeto e, no caso da insistência ser muita, silenciarmos o pensamento
perturbador descobrindo o seu conteúdo. O que é que contém este pensamento
insistente? De que se trata? Que imagens contém, o que almeja etc. Assim, com uma
breve compreensão, ele deixa de nos perturbar e podemos descartá-lo. Importa,
especificamente em tais casos, compreender a inutilidade do pensamento persistente,
perguntando-nos com máxima sinceridade: para que serve este pensamento, neste
momento? Qual a sua importância? A mente considera seus pensamentos importantes
e temos que fazê-la compreender que o pensamento que insiste em perturbar não
serve para nada.
Importa entender, aqui, que a mente é o nosso grande inimigo, o qual sabota
implacavelmente o trabalho da morte e as práticas da meditação, sem trégua.
Podemos considerar a mente como sinônimo do Ego, já que, em nosso estado, quase
não dispomos de mente pura e límpida. Sempre que quisermos escapar
momentaneamente do Ego, na meditação, ou quisermos matar alguns defeitos, a
mente estará interferindo para impedir.
Se quisermos triunfar, a prática da meditação deve ser realizada várias vezes por dia e
a Morte em Marcha em tempo integral. Se não for assim, fracassamos.

Lycopodium9 de março de 2011 01:02


A minha duvida entra na seguinte questão, antigamente fazia esforços
incorretos, usava a força contra o pensamento. Conseguia, 3 dias, 3
semanas, 3 meses, contava as vezes que fracassava, mas somava as vezes
que conseguia, querendo sempre aumentar a ausência do ego, mas
percebendo meu erro de esforço hoje eu faço o seguinte, quando me vem
um pensamento luxurioso por exemplo, eu rapidamente o detecto mas
sem analiza-lo, sei que é luxurioso devido seus efeitos, desvio meu
pensamento penso em Deus e faço minha oração para expulsar, destruir,
e dar me força, e também compreensão e arrependimento. Porém
percebo que são varios egos diferente em uma mesma causa, eles
aparecem do nada, e sempre quando faço isso eles somem, quando eu
questiono, faço alguma perguntaou mesmo tento observa-los sem me
identificar, eu não consigo definir nada eles simplesmente somem, e isso
ultimamente tem sido de forma automatica, não somente o ego mas a
morte do ego em si, aparece a imagem minha mente rapidamente diz 'é o
ego' então me distâncio, nem quero analisa-lo, sei que é ego pelos efeitos
prejudiciais , da luxuria por exemplo, acontece em frações de segundos,
ja faço a suplica peço força e o mesmo some. Me distâncio, não tem sido
tal tortuoso como da primeira vez. Não consigo observa-los, como antes,
antes conseguia obsersar muita coisa e até escrever.

Começando com comprovações imediatas

A fé nas partes internas se desenvolve a partir do momento em que começamos a


pedir e observar os resultados em seguida. Quanto mais estreita for nossa relação com
as partes internas, mais rapidamente a fé se desenvolverá.
Convém começar pelas comprovações pequenas, acumulando certezas, de modo a
irmos nos convencendo da existência e do poder das partes superiores do Ser. Não se
pode começar com as grandes comprovações (ex. investigações nos arquivos
akáshicos) porque a fé de que dispomos é pequena e fraca, então comecemos
comprovando as coisas mais simples. A partir das comprovações simples se
desenvolverão progressivamente certezas cada vez maiores, até que toda a concepção
de realidade da pessoa sofra uma modificação. Há comprovações que podem ser
obtidas imediatamente por qualquer pessoa comum. Um exemplo de comprovação
simples e imediata é o poder da Mãe Divina de enfraquecer o detalhe de um defeito
ou de aliviar um sofrimento, seja físico ou emocional.

Steve18 de abril de 2010 16:24


A própria Bíblia diz: Vigiai e Orai.

A Condição Social do Homem3 de novembro de 2010 03:24


Vigiar é observar os defeitos. Orar é pedir pela morte dos mesmos.

A Condição Social do Homem3 de novembro de 2010 03:24


Vigiar e orar é praticar a morte em marcha.

Equilibrando os cinco centros da máquina

Ficar sem dormir ou dormir pouco provoca o desgaste de todos cinco centros da
máquina. Quando dormimos, o ego se afasta do corpo físico e temporariamente deixa
de desgastar os centros. Devemos dormir até que o sono se esgote totalmente. Não se
guie pelo número de horas que os médicos recomendam, deixe que o centro instintivo
te informe quando a necessidade de sono acabou.

Ficar pensando mil e uma bobagens todo o tempo, tagarelando interiormente,


raciocinando sobre tudo, conceituando, discutindo, teorizando, transformando tudo
em problema, analisando tudo etc. ao invés de manter a observação silenciosa de si
mesmo, provoca o desgaste do centro intelectual.

São muitas as situações do dia a dia que desgastam o centro emocional. Podemos
desgastá-lo sem o perceber, com reações emocionais constantes ao longo do dia,
sejam de ira, medo, tristeza, alegria, frenesi, euforia, apaixonamento etc. Se você
sofre com palpitações, arritmias cardíacas, ansiedade, depressão, síndrome do pânico,
esquizofrenia etc. é bem possível que o desgaste do centro emocional seja a causa, ou
uma das causas. Mediante a morte do ego, conseguimos dar um descanso para este
centro. Descansamos este centro quando não o usamos, isto é, quando evitamos as
emoções inferiores, principalmente as emoções intensas. Emoções inferiores são
todas as emoções comuns, ligadas aos defeitos ou aos egos, sejam eles socialmente
aceitos ou não. Cultivar as emoções superiores não desgasta este centro porque o
centro emocional superior quase não é usado por nós.

Todas as emoções mundanas, boas ou más, são inferiores. Emoções relacionadas à


vida horizontal, sem relação com o desenvolvimento espiritual, pertencem a esse tipo.
Todas as emoções inferiores, quando exageradas, desgastam e prejudicam o cérebro
emocional (o coração). Aqueles que apreciam emoções intensas e violentas, ainda
que sejam emoções aparentemente boas, estão desgastando o cérebro emocional.
Temos que dar um descanso ao coração, cultivando as emoções superiores e
reduzindo as emoções inferiores a zero ou, pelo menos, ao mínimo.

Você estará desgastando o seu centro emocional quando:

 ficar entusiasmado;
 rir e dar gargalhadas em excesso;
 assistir a filmes de ação;
 brigar;
 curtir tristezas;
 assistir a filmes de terror;
 ouvir músicas baixas e inferiores
 enfim, sempre que ficar perdendo o tempo cultivando emoções que não sejam a
devoção espiritual.

Você estará cultivando e desenvolvendo as emoções superiores quando:

 orar;
 contemplar a arte edificante;
 ouvir música clássica;
 meditar;
 extasiar-se contemplando as obras da criação.

Ficar fantasiando sexo ideal, com mulheres lindas que fazem tudo o que desejamos,
masturbar-se, fornicar e identificar-se com as fêmeas, pensar somente no sexo etc.
desgasta o centro sexual. Resultado: disfunção erétil.

Para prevenir o desgaste, temos que usar os centros levemente, sem sobrecarrregá-
los. Usar um pouco um centro, depois usar outro, depois outro...variando as
atividades: praticar a magia sexual um pouco, depois ler mais um pouco, depois
passear, depois ouvir uma música superior etc. Variando os tipos de atividades ao
longo do dia, sem ficar muito tempo somente em um tipo de atividade. Se o seu
trabalho desgasta a emoção, deixe de usar o centro emocional (inferior) durante os
períodos de folga; se desgasta os movimentos e músculos, deixe de usar o centro
motor; se desgasta o intelecto, deixe de usá-lo.

Se a magia sexual pode corrigir a impotência oriunda do desgaste do centro sexual


(vide V.M. Samael - "Sim Há Inferno..."), então pode corrigir também o desgaste dos
outros centros. Portanto, magia sexual e morte do ego são o caminho para equilibrar
os centros da máquina. É o ego quem os desequilibra, com seus excessos e vícios de
todo tipo.

Estresse

Os agentes estressores desequilibram os centros e prejudicam a máquina humana (o


corpo físico). Experimente fazer uma lista de todos os agentes estressores externos e
internos de sua vida e ficará surpreso ao constatar como você se agride e se destrói
sem perceber.
Os centros da máquina estão desequilibrados por causa do estresse e a causa do
estresse são os egos. Tenha uma vida simples, sem grandes cobiças mundanas e
sentirá um grande alívio. Não acumule e não se comprometa, seja livre.

Sobre o estudo das emoções

Como nos ensinou o V.M.S., o centro emocional é como um elefante louco, difícil de
amansar. Um homem racional, como eu, talvez não o considere assim, mas tal idéia
se deve somente a falta de contato consciente com as próprias emoções.
As pessoas muito racionais, polarizadas no intelecto, tendem a acreditar que não
possuem muitas emoções/sentimentos ou que sua parte emocional não seja muito
ativa. Ledo engano! Na verdade suas emoções se processam inconscientemente, às
vezes de forma muito intensa. No nível consciente, elas realmente podem ser muito
frias, calculistas e, aparentemente, equilibradas. Mas, fora do campo de alcance da
consciência, elas podem ser altamente emotivas e até infantilizadas.
Emoções que se processam sem serem percebidas conscientemente tendem a causar
grande estrago, uma vez que não são vistas e seus efeitos somente se fazem sentir
quando em fase avançada. São como doenças que se processam na penumbra.
Um erro que pode ser cometido na morte do ego por algumas pessoas é fingir para si
mesmo que não se tem emoções, que se é altamente equilibrado, sereno, e muito
pouco sentimental. Isso acusa pouco contato consciente com as próprias emoções,
isto é, negligência em observar o centro emocional.
Sabemos que temos cinco centros, entre os quais o centro emocional (o "elefante
louco"). A observação deste centro não pode nunca ser negligenciada.
O estresse e a correria do dia a dia, os múltiplos compromissos, os traumas da
existência, as dificuldades de relacionamento, os reveses amorosos, as dores da alma,
as traições etc. atingem e desgastam diretamente este centro.
É importantíssimo conhecer o jogo de ações e reações do centro emocional, o que
pode ser conseguido pela observação direta deste centro em ação a todo momento.
Em casos extremos, em que os problemas emocionais se acumulam, ao invés de
serem resolvidos, e se transformam em enfermidades, atingindo até o nível físico sob
a forma de somatizações, se faz necessária a psico-análise ou psicoterapia, para
restabelecimento do equilíbrio. A psicoterapia é o estudo dos egos sob a supervisão
de um profissional. Nem sempre é bom e nem recomendável revelar nossas mazelas
interiores para alguém, mas nos casos graves isso se faz necessário. Todavia,
devemos lembrar que o trabalho interno é algo intimo e que as revelações de cunho
esotérico não podem ser divulgadas a ninguém, nem mesmo ao terapeuta. Mas um
profissional pode nos ajudar a ter um melhor contato com as próprias emoções e a
analisar o nosso Eu sob parâmetros e critérios distintos daqueles nos quais estamos
viciados.
Um dos grandes obstáculos ao autoconhecimento é o condicionamento do
entendimento dentro de certos parâmetros, critérios e paradigmas. Novas perspectivas
de análise podem nos dar novas descobertas. O que importa é descobrir o novo dentro
de nós mesmos, descobrir aquilo que não sabíamos antes sobre os nossos egos (no
caso, sobre nossas emoções).
Quando estamos em uma situação emocional realmente difícil, sofrendo
horrivelmente, e não conseguimos penetrar em nossos sentimentos nem a golpes de
martelo, a análise dos sonhos pode ajudar muito. Diz o V.M.R. que nos sonhos as
Hierarquias e as partes superiores do Ser nos revelam o estado em que nos
encontramos. Podemos, através dos sonhos, descobrir sentimentos/emoções que estão
se processando sub/inconscientemente. A forma em que uma pessoa aparece em
meus sonhos revela o que sinto por ela. Explorar os sonhos ajuda a explorar as
emoções. Por isso o sonho lúcido/viagem astral é tão importante.
Entendo que as análises desses conteúdos se justificam somente nos casos piores. Nas
demais situações, a simples observação receptiva dá conta do problema, sem
necessidade de ficarmos quebrando a cabeça, raciocinando e nem pensando. A
observação é direta e rápida, enquanto a análise é algo lento. Para mim, a análise do
Eu deve ser empregada somente em casos graves, de difícil penetração e que
requerem certa urgência. É algo complementar às praticas de auto-observacao, morte
em marcha, concentração, meditação e desdobramento astral. E a análise com o
auxilio de um terapeuta apenas se justifica quando a pessoa não é capaz de efetuá-la
sozinha.
Penetrar o centro emocional com a observação me parece mais difícil do que penetrar
os demais centros. A emoção é algo sutil, que escapa. Identificar pensamentos,
movimentos, processos corporais instintivos e impulsos sexuais é algo relativamente
fácil, em comparação à tarefa de identificar as emoções.
A todo momento as emoções estão se processando, o centro emocional está reagindo
às situações e eventos, mas experimentemos tentar identificar as várias emoções que
estão se processndo para vermos se é algo tão fácil como parece... O materialismo
racionalista atrofiou nossas percepções sutis e fez com que o mundo das emoções nos
parecesse algo vago.
Observar as emoções e como observar o vácuo ou como tentar enxergar o vapor com
os olhos físicos. O sentido da auto-observação está atrofiado e o resultado é nossa
imensa dificuldade em ver as emoções tal como são.
Quem enxerga as emoções com objetividade não necessita rotulá-las. Simplesmente
as vê com os sentidos internos com tanta objetividade quanto enxergaria uma pedra
com os olhos físicos e não necessita identificá-las por nomes, visto que apenas uma
parte ínfima das emoções existentes foram nomeadas pelos seres humanos.
Reprimir as emoções, fazendo de conta que não se as possui (como fizemos nós, os
estudantes gnosticos por muito tempo) é o pior dos negócios. Elas continuarão
existindo e dinamitarão a pessoa interiormente. O melhor é não se auto-enganar,
observá-las em ação, enxergando-as em detalhes. Como ensinou o V.M.R., nos
detalhes está a chave. Temos que observar os detalhes das emoções.
Durante as relações sociais, as emoções afloram espontaneamente e podem ser
perfeitamente observadas. À medida que vão sendo observadas em seus detalhes,
pouco a pouco e ao longo do tempo, vão sendo compreendidas com profundidade
crescente. E à medida que vão sendo compreendidas, podem ser eliminadas pela Mãe
Divina, sem necessidade alguma de recalques ou mecanismos repressivos. Dissolver
é muito melhor do que reprimir. Somente a Mãe Divina pode dissolver (eliminar,
decapitar, matar) uma emoção negativa. Aqueles que não apelam à Mãe Divina e não
realizam a auto-observação, terminam não tendo outra alternativa além da nefasta
repressão, com todas as suas desastrosas conseqüências. Observem o
eletroencefalograma de um sujeito reprimido e comprovem o que estou dizendo.
Gostaria também de atentar para outro erro muito comum: acreditar que o controle
das emoções inferiores é sinônimo de morte do ego. Na verdade, o controle das
emoções está condenado ao fracasso, é simplesmente algo impossível. Não podemos
controlar as emoções, podemos, no máximo, reprimi-las e elas, então, irão explodir
de uma ou outra forma, por outros canais. Podemos, também, observar, contemplá-las
e pedir pela morte do defeito correspondente (isso sim é recomendável). A Mãe
Divina tem todo o poder de matar o defeito e acabar com as emoções
correspondentes. Ao invés de perdermos tempo nesciamente tentando controlar as
emoções, é muito mais sensato observar o centro emocional e orar.
É claro que neste texto estou me referindo às emoções negativas do Ego. Não estou
me referindo de modo algum às emoções superiores do Ser. Estamos falando dos
centros inferiores da máquina, do centro emocional inferior.
O centro emocional inferior possui emoções negativas e positivas. Como existem
"eus" bons e maus, resulta que ambas as modalidades de emoções necessitam ser
observadas, compreendidas em seus detalhes, e dissolvidas para que a essência
comece a manejar este centro.
Lembremos que o Ego é nossa própria pessoa, esta pessoa que tanto amamos e que
nos é tão cara, e que observar as emoções é observar tudo o que nossa pessoa sente:
"Que estou sentindo, diante disto que está me acontecendo agora?"
Busquemos os sentimentos pequenos, sutis. Neles está a chave para a compreensão
do todo maior da emoção.
As emoções podem ser comparadas aos sabores dos alimentos. Cada emoção possui
seu sabor, indefinível porém exato. Ninguém poderia descrever o sabor da água, no
entanto a água possui seu sabor. O mesmo se passa com as emoções: seus sabores
não são claramente definíveis, mas são exatos para a consciência. Identificar uma
emoção é dar-se conta de seu sabor e não identificar seu nome. Quais são os sabores
da ira, do medo, da inveja, da tristeza? Toda emoção possui seu sabor e também
impelem para a realização de algo, para a satisfação do desejo correspondente. O
medo origina o desejo de fugir, de evadir-se. A ira origina o desejo de destruir,
trucidar, vingar-se. A cobiça origina o desejo de obter algo. Cada emoção, com seu
sabor característico, sucita um impulso que clama por satisfação. Enquanto o impulso
não é satisfeito, sente-se no coração uma sensação de falta, um vazio. Qual é o sabor
do vazio que impele para satisfação da luxúria? E qual é o sabor da luxúria em si
mesma? Tudo isso é sentido profundamente no centro emocional. A percepção do
sabor das emoções é parte imprescindível do processo de conscientização. E a
conscientização é parte do processo de dissolução. Temos que dissolver as emoções,
assimilando-as ao invés de reprimi-las. Portanto, observemos o sabor das emoções e
para que elas nos impelem.
Obrigado pela atenção e que Deus os guie nesta jornada do autoconhecimento.

Lycopodium6 de março de 2011 23:12


Sempre tive essa teoria de uma pessoa muito intelectual as vezes pode
ser um beberrão, ele se concentra no intelecto para esconder o
sentimento.

A miséria do apego à matéria densa

No evangelho de Maria Madalena está escrito:

"Por isso adoeceis e morreis[...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as
coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de
algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra."

Os desejos são paixões pela matéria, em suas distintas formas. Os desejos são
voltados para aquilo que é exterior, material. Desejamos mulheres, dinheiro, luxo.
Desejamos também saúde e bem estar. Tudo isso é paixão pela matéria. A matéria
produz em nós uma paixão sem limites, somos apaixonados pelo corpo físico e pelo
mundo físico. Acreditamos que a felicidade se encontra na sensorialidade.

Quando sofremos uma imensa dor física, nossa atenção é violentamente forçada a se
focar sobre o local da dor. Ali, onde está a atenção, está também o pensamento.
Pensamos mil coisas sobre o problema físico, sobre a doença, lesão ou enfermidade.
Estamos plenamente focados no sofrimento e não somos capazes de nos dissociarmos
dele. Há uma atração forçada da mente, dos pensamentos e da atenção sobre o órgão
ou parte do corpo afetada. Quanto mais atenção voltamos ao sofrimento, mais o
intensificamos. A intensificação ocorre por nossa identificação com a matéria. E nos
identificamos com a matéria porque estamos apaixonados por ela. Os seres humanos
amam o mundo material de forma desesperada.

Quando morre um ente querido, nos desesperamos porque conhecemos tão somente
sua parte ilusória. Nos apegamos à seu aspecto temporal, perecedouro. Tememos a
morte pela mesma razão. Se nos desenvolvêssemos conscientemente em outros
mundos, nos universos paralelos, as coisas seriam diferentes. Mas estamos
apaixonados por este mundo e não pelo outro. Somos feridos pela morte por causa do
materialismo arraigado em nossas almas.

Se não estivéssemos distantes d'Aquilo que é imperecedouro, imutável e eterno em


nós, teríamos acesso ao que é imperecedouro, imutável e eterno no outro. O amor
transcenderia o espaço e o tempo, a morte seria entendida como reencontro, como
retorno ao lar.

O apego ao mundo e o medo de viajar ao Além, durante a meditação e as viagens


astrais, bem como o temor da desencarnação originam-se do apego a este mundo
sensorial.

Desenvolver-se espiritualmente é, entre outras coisas, dissociar-se da matéria densa e


do veículo físico.
A apego à matéria nos leva à identificação com o corpo. A identificação com o corpo
nos impele a buscar ardentemente os prazeres sensoriais e a sofrer com a dor física.
Quanto mais prazeres buscarmos, mais dores teremos que sofrer como compensação,
para restabelecimento do equilíbrio.

O Ego é o anseio pela vida, pelos prazeres dos sentidos. Quando o Ego morre, morre
o apego ao mundo.

Apaixonar-se pelo que é perecedouro e finito é prender-se ao sofrimento. Mas


somente poderia apaixonar-se pelo aspecto eterno da vida quem realizou o Eterno em
si mesmo. O Ser é o sempre, algo que os materialistas nunca entenderão.

O Ser, que é Eterno, poderia eternizar o corpo físico e protegê-lo de todo


desequilíbrio, se o Ego, que é paixão pela matéria, não interferisse. Por uma estranha
contradição, aqueles que adquirem a imortalidade física são justamente aqueles que
se desvincularam emocionalmente da vida material de forma absoluta, por meio da
morte do Ego.

Quando Pistis Sophia desce até este Eon, ela se apaixona e sofre terrivelmente. A
matéria possui um poder hipnótico.

A matéria a qual este artigo se refere é a matéria física e não a matéria espiritual. A
matéria física existe para ser vencida, viemos a este mundo para vencê-lo. Vencer
este mundo é vencer as paixões, os inimigos interiores.
Não acreditar-se capaz de conjugar castidade com

imaginações morbosas

As caídas (ejaculações) são sinais de que a luxúria invadiu e dominou a mente por
algum aspecto.
Mais do que controlar a ejaculação, busquemos eliminar a luxúria. Eliminando a
luxúria, as ejaculações desaparecem.
Quando estamos há muitos dias sem ejacular (e portanto cheios de energia) e
permitimos que a mente seja invadida pela luxúria (pensamentos morbosos de
infinitos tipos), nos esquecemos de tudo o que não seja o objeto sexual do desejo. A
única meta passa a ser a satisfação do desejo.
Um importante segredo para não cairmos é este: limpar constantemente a mente de
quaisquer traços de luxúria, mesmo após muito tempo (dias, meses ou anos) de
castidade. Se, após um certo tempo, nos sentimos fortes e viris e nos acreditamos
muito capazes de deter a ejaculação, pode dar-se o infeliz caso de acreditarmos que
seremos capazes de "resistir" aos impulsos ejaculatórios da luxúria mesmo se dermos
"asas à imaginação" sexual.
Um importante motivo pelo qual os neófitos e adeptos caem sexualmente é a crença
de que poderão dar asas à imaginação luxuriosa (pensar em sexo) sem cair ne
ejaculação. Trata-se de um erro ao qual são induzidos pelo Ego.
Se houvermos guardado a energia sexual por um certo tempo (horas, dias, meses ou
anos, não importa!) e começarmos a dar asas à imaginação luxuriosa, inevitavelmente
cairemos na ejaculação novamente, seja pela masturbação, seja pela fornicação.
Se os pensamentos morbosos desapareceram de sua mente, não seja ingênuo: eles
poderão voltar a qualquer momento, ainda que tenham sumido há muito tempo.
Continue vigiando sua mente.
Não se preocupe tanto com o número de ejaculações que tenha, preocupe-se em
limpar a mente, a fala e as ações da luxúria. A castidade virá por acréscimo. De nada
adianta tentar forçar a castidade se não se está limpando a mente, o verbo, a palavra,
os gestos etc. Tal tentativa resultará em fracassos e neuroses, nada mais, além de
muitas ejaculações deprimentes!
A mente é a guarida do desejo. É ali, na mente, que temos que combater o inimigo e
vigiá-lo, mesmo que ele pareça já estar morto.
Não pense nas ejaculações que teve e nem se preocupe com elas. Apesar de nefastas,
são meras consequências com as quais não vale a pena se ocupar. Esqueça-as.
Concentre seu empenho em vigiar a mente. Lamentar-se pelas ejaculações é cultivar
eus de sofrimento que mais tarde terão que ser eliminados. É também perder o tempo
com o que não interessa: com os resultados indesejáveis. Mais sensato é ocupar-se
com as causas do problema.

Aprendendo a concentrar o pensamento

Muitas pessoas se confundem quando querem concentrar o pensamento, não sabem


exatamente o que fazer. Outros confundem o ato de concentrar o pensamento com o
ato de concentrar a atenção. Tentarei esclarecer esses pontos.

Usamos a voz interior para pensar porque usamos a voz exterior (física ou material)
para significar o mundo. Entretanto, existem pensamentos também na ausência da
voz (tagarelice) interior. Há pensamentos não tagarelantes e, não obstante,
interiormente "sonoros" e interiormente "visuais", que são percebidos pela
clariaudiência e clarividência residuais do ser humano. Podemos silenciar o aspecto
"tagarelante" dos pensamentos e, ainda assim, continuarmos pensando por meio de
representações visuais e auditivas, neste último caso correspondentes a sons distintos
da fala humana. A imagem mental de um pássaro cantando, por exemplo, não
apresenta tagarelice alguma e, mesmo assim, é um pensamento e contém
representações sonoras e visuais.

O pensamento único desenvolvido na concentração não é, necessariamente,


tagarelante. Em uma oração concentrada, pode haver uso da fala interior em estágios
iniciais do desenvolvimento. Em estágios avançados, essa fala é abandonada.

O pensamento desenvolvido sobre um objeto, sem o recurso da fala interior


mecânica, é a mesma imaginação consciente. Se estiver imaginando processos
relacionados ao nascer e morrer de uma planta, não necessitaremos da fala, bastando-
nos os sons da natureza e as visões dos processos.

Quando se diz que "imaginar é ver", está-se dizendo que, por meio da clarividência,
podemos ver claramente e objetivamente as imagens interiores. Tais percepções se
dão através dos sentidos internos.

Concentrar o pensamento é mantê-lo, sob a forma de uma corrente prolongada e


duradoura, sobre um objeto. Quando nos concentramos, focamos primeiramente a
atenção sobre o objeto. Em seguida, passamos a pensar nele e somente nele, não
permitindo desvios do pensamento. A função do pensamento passa então a ser
direcionada de forma consciente e voluntária.

O pensamento aleatório e disperso é o que se chama de "imaginação mecânica" ou


"fantasia". Não nos interessa.

Quando nos concentramos em um objeto, fazemos passar por nossa mente tudo o que
está contido nele (sua história, utilidade, constituição, seu futuro etc.). O fluxo
contínuo e direcionado do pensamento subtrai a consciência do corpo físico e das
exopercepções, desligando-a de tudo o que não seja o objeto e fixando-a em tudo o
que seja aquele objeto. Então, conscientemente, pensamos somente naquilo.

Se somente concentrarmos a atenção em um objeto físico sensível e não fizermos


mais nada, teremos iniciado o processo de concentração mas não o teremos
concluído, pois ainda falta-nos direcionar e desenvolver o pensamento a respeito
daquele objeto.

Uma vez que o pensamento esteja bem firme no objeto, podemos até ir mais longe e
descartar esse pensamento único. Então cairemos no vazio.

O que é a concentração do pensamento

Concentrar o pensamento é pensar conscientemente em algo, em um tema, sem


mesclar o pensamento com outros temas. Este é o pensamento único.

Pensar de forma concentrada é pensar conscientemente. Pensar conscientemente é


pensar sabendo-se o que se está pensando e não pensar a esmo. O pensamento único é
o pensamento dirigido, voluntariamente conduzido. Não é, necessariamente, o
pensamento estático, mas é necessariamente único, dirigido, voluntário e consciente.
É o pensamento voluntário que nos tira do corpo físico. Mas não o confundamentos
com a simples teorização.

A prática da concentração apresenta dois aspectos distintos, que não foram muito
diferenciados pelos V.V.M.M. por falta de perguntas dos discípulos. Um é o aspecto
atencional e o outro é o aspecto pensamental ou imaginativo. A imaginação
consciente, da qual nos falaram os mestres, corresponde ao segundo aspecto, sendo o
próprio pensamento conscientemente dirigido.

O sono não se instala se os pensamentos simplesmente forem bloqueados, o que se


instala sob tal condição é o conflito, o qual nos impede de adormecer. Quem quiser
aprender a viajar conscientemente para os mundos paralelos, deve aprender a dormir
sem permitir que seus pensamentos vaguem a esmo. O controle da função mental
(pensamental ou imaginativa), é fundamental e corresponde ao primeiro degrau da
escala da iniciação.

Uma coisa é concentrar o pensamento e outra é concentrar a atenção. São duas coisas
distintas, apesar de relacionadas. Obviamente, a concentração do pensamento exige
concentração da atenção, mas concentrar a atenção não implica, necessariamente, em
concentrar o pensamento, visto que podemos concentrar a atenção nos movimentos,
em processo externos etc. sem necessariamente pensar a respeito daquilo. Por outro
lado, é impossível concentrar o pensamento sem concentrar sobre ele a atenção, pois
uma tal tentativa resultaria em dispersão mental. Para que o pensamento seja
conscientemente conduzido, necessita-se atenção plena sobre os seus rumos.

O pensamento conscientemente conduzido em torno de um objeto conduz ao sonho


lúcido e do sonho lúcido podemos passar à viagem astral, tudo é questão de
entrarmos nas regiões oníricas mantendo a consciência. E da viagem astral podemos
passar à meditação.

Concentrar-se sem desejar

Concentrar é observar continuamente.

Observar não é esforçar-se. Observar é receber. A receptividade não é desespero,


ansiedade, é entrega.

A observação pura, isenta de ansiedade e desejo de observar, tem um sabor, uma


qualidade distinta da observação preocupada. Há que se aprender a observação pura,
sem mescla alguma de ansiedade, preocupação, esforço ou desejo de observar. A
observação pura, uma vez aprendida, pode ser prolongada.

O prolongamento (dharana = manter) da observação prescinde, igualmente, do


esforço, da preocupação, do desespero, da ansiedade e do desejo de prolongamento.
Na verdade, a observação pura prolongada e o desejo de conseguí-la são antagônicos.

Desejar concentrar-se é sabotar a prática.

Concentrar-se pelo esquecimento


Ao invés de fazer força para prender a atenção no objeto, empenhe-se em esquecer
tudo o que não seja o objeto.

A atenção pura, sem interferência do esforço, é conseguida esquecendo-se tudo o que


não seja o objeto. Ao esquecermos tudo o que não seja o objeto, somente ele restará
no campo de consciência.

BOB7 de agosto de 2012 05:23


Suas observações são coerentes mas em nada se relaciona com o
ensinamento pregodo na instituição onde o medo a repressão eram o
carro chefe. O proprio M.Rabolu passava isso em suas cartas e livros.
Isso me deixa muito confuso a esse respeito. Vc poderia me esclarecer
esse ponto? Desde já agradeço.

Praticante7 de agosto de 2012 07:23


P. Suas observações são coerentes mas em nada se relaciona com o
ensinamento pregodo na instituição onde o medo a repressão eram o
carro chefe. O proprio M.Rabolu passava isso em suas cartas e livros.
Isso me deixa muito confuso a esse respeito. Vc poderia me esclarecer
esse ponto? Desde já agradeço.

R. Se você estudar com cuidado as obras dos V.V.M.M. Samael e


Rabolú, verá que aquilo que digo está diretamente relacionado e não
desvinculado. O que faço é uma ampliação de pontos que, a meu ver,
não estavam claros o suficiente para nós.

O medo referido a que a pergunta se refera é algo produzido pela própria


pessoa, por seu psiquismo débil, ao entrar em contato com a realidade
que os mestres expuseram. Na verdade, a culpa por esse medo não é dos
mestres, mas do psiquismo das próprias pessoas, que não suporta o
choque da realidade.

A imensa distância entre o estado dos mestres e o nosso foi um fator que
dificultou a interação, pois somos todos débeis mentais. Como eu
também sou um débil mental, adormecido e ignorante, fica mais fácil
para mim me fazer entender e transmitir o conhecimento dos mestres em
uma linguagem e com uma didática para outros seres débeis mentais
como eu.

Meu ponto de vista é o de que um ignorante adormecido como eu tem


mais facilidade de interação com os seus iguais do que um mestre
desperto, pois este último, ainda que se esforce, sempre terá dificuldades
em descer ao nível dos adormecidos. O que tento fazer é "traduzir" o
ensinamento superior e elevado dos mestres em uma linguagem
compreensível para os fracos de compreensão e carentes de experiência,
que somos todos nós. Tento fazer uma espécie de ponte. Posso fazer isso
simplesmente por ser um estudante mais antigo e um pouco (muito
pouco) mais avançado que a maioria, só isso.

Não pensem que tenho algum tipo de grau ou iniciação ou algo assim.

Praticante7 de agosto de 2012 07:28


O medo que reina nos meios gnósticos tem as seguintes origens:

1) a debilidade do psiquismo dos estudantes, que não suportam o choque


das realidades espirituais descritas pelos mestres;

2) o vício e fanatismo dos dirigentes, que se fixam no aspecto perigoso e


negativo da realidade descritos pelos mestres e o propagam, por vários
motivos, deixando de lado o aspecto da esperança e dos caminhos que os
mestres apontaram.

Portanto, o nosso foco parece ser sempre o mal e aquilo que não presta,
damos ênfase demasiada ao que não presta e, sob tal ótica tendenciosa, é
que lemos os livros. Quando lemos um livro gnóstico, tendemos a
ressaltar tudo o que há de ruim e a negligenciar tudo o que há de
esperançoso e favorável. Entendido?

Paralisia do sono: uma dica

Ontem, quando fui meditar, tive uma paralisia. Ao invés de tentar me mover, tentei
relaxar mais, aquietar mais a minha mente e ficar mais consciente. Tomei a paralisia
como um dos sinais de que a meditação estava se aprofundando e tentei aumentá-la.
O resultado foi que ela sumiu imediatamente.

Lobsang Rampa afirma que a paralisia é provocada pelo desejo de reverter o processo
do sono, o que faz com que a pessoa fique ansiosa e apressada para se movimentar,
travando o processo: o sono não aprofunda e não reverte.

A paralisia resulta de um conflito entre o processo corporal do sono, que está


avançando, e o desejo da pessoa, que é o de revertê-lo. Ou seja: a pessoa provoca o
sono (porque se deita para dormir) e, quando o percebe, fica com medo e quer voltar.
Há, portanto, uma contradição: sono X desejo de acordar. Logo, resolvendo esta
contradição, resolvemos também o problema.

Pessoas experientes na prática da meditação e da viagem astral não sofrem com a


paralisia, pois não desejam reverter o processo natural do sono assim que o percebem
conscientemente, ao contrário dos iniciantes e novatos, que se assustam com o
mesmo.

Diario de um Free Dance27 de janeiro de 2011 12:18


Puxa depois de tanto tempo, vc resolveu voltar?? ki bom!!! Um dia
desses, eu fiz uma pratica do viparita longo.. ou seja: fiquei por no
maximo 1 hora de pernas pro ar apoiados na parede, o resultado é que
tentei conciliar a pratica com o sono, as vezes adormecia e esquecia até
das minhas pernas estendidas, e as vezes voltava ainda com um pouco de
sono ja sentindo um certo desconforto de dor nos calcanhares e uma
ansiedade de sair da postura pra poder dormir.. mas agora com esse post
esclareceu o que no fundo ja percebia.. Justamente esse conflito que o
ego nos põe.. Namastê...

A Condição Social do Homem31 de janeiro de 2011 01:17


Uma hora de uma só vez acho que é muito. Melhor seria você diminuir o
tempo e aumentar aos poucos.

Aprendendo a observar-se melhor


Podemos analisar as facetas de um ego após sua manifestação ou podemos observá-lo
durante sua manifestação. Ambos trabalhos podem ser complementados, apesar da
análise ter sua profundidade em dependência da observação.
No início, a análise de um ego é algo meramente intelectual. Com o aprimoramento
da capacidade de meditar, este trabalho ultrapassa as fronteiras do intelecto.
A observação de um defeito ao vivo, em plena manifestação, pode substituir
completamente a análise a posteriori quando se aperfeiçoa. Então, não necessitamos,
posteriormente, pensar a respeito do defeito, pois todas as suas facetas já foram
detectadas.
Compreender um defeito é compreender suas facetas e suas facetas são seus detalhes.
É por isso que aqueles que rechaçam a observação dos detalhes fracassam na
compreensão. Os detalhes aqui referidos são detalhes do que fazemos, pensamos e
sentimos. Se você se observar em pleno delito, verá que esses detalhes são inúmeros
e te desconcertam.
Quanto mais o sentido de auto-observação se desenvolve, mais detalhes consegue
capturar. A captura de quantidades crescentes de detalhes é o exercício do sentido de
auto-observação.
Se, em um determinado ato errôneo (defeituoso, pecaminoso) percebemos
conscientemente 15 detalhes ou facetas, por que esperar até a noite para suplicar pela
morte dos mesmos? É muito mais efetivo pedir imediatamente. É assim que
aprendemos a morrer no cotidiano, o tempo todo.
Resistir aos detalhes, sufocá-los, é uma tolice porque eles não morrem desta maneira.
Identificar-se com eles, satisfazê-los, é outra tolice porque eles também não morrem
assim. Se for assaltado por um defeito forte, não perca tempo resistindo: separe-se
dele, observe-o e peça por sua morte. Você comprovará que ele se enfraquece. Não se
sinta sendo aquele desejo, faça esforços apenas para separar-se e observá-lo cada vez
com mais clareza. Não faça esforços para imobilizá-lo. Separe-se e deixe-o dançar
dentro de você, enquanto você o observa em detalhes e pede por sua morte.
Os defeitos não morrem quando os satisfazemos e nem tampouco quando os
sufocamos dentro de nós. Eles somente morrem com o fogo letal da Divina Mãe
Kundalini. Peça e Ela agirá, você verá o monstro que se agita dentro de você perder
força aos poucos.
Vou dar um exemplo de observação de um ego bem feio. Suponhamos que você
goste de ficar espiando sua vizinha pela janela, à noite. Você fica desesperadamente
invadido de paixão sexual por ela. Quais são os detalhes que sua observação
provavelmente captaria?
Vejamos. Talvez você comprasse um binóculo, este seria um detalhe. Você ficaria
acordade até tarde, esperando a hora H, o momento em que ela trocaria de roupa, este
seria outro detalhe. Você apagaria as luzes da sua casa para ninguém vê-lo, este seria
outro detalhe. Caminharia silenciosamente, para não ser notado, eis outro detalhe.
Que outros detalhes haveriam? Talvez você abrisse a janela suavemente, para não
chamar a atenção, seu coração batesse mais forte no momento em que ela começasse
a tirar a roupa, você perdesse o fõlego, sua respiração poderia mudar o ritmo,
tremesse de nervoso, se recordasse de outras mulheres parecidas que você já viu nuas,
experimentasse uma emoção com um sabor característico e peculiar, procurasse o
melhor ângulo de visão, ficasse bravo e decepcionado se ela não tirasse a roupa ou se
suas formas não correspondessem ao que você imaginava...seu pênis ficaria ereto!
Tudo isso seriam detalhes deste ego particular. Bem...eu citei alguns detalhes neste
exemplo hipotético, mas na prática apareceriam centenas. Quando mais você os
descobrisse e pedisse, mais fraco ficaria esse desejo infeliz de espiar sua vizinha.
O avanço na observação dos detalhes requer aprofundamento daquilo que se enxerga,
quer dizer, que se enxergue cada vez mais. Quanto mais detalhes enxergarmos, mais
clara será a visão que teremos do defeito e mais profunda será a compreensão. O que
importa é isso: observar com clareza crescente. É isso o que buscamos com os
detalhes: clareza.
Na observação dos detalhes, não há nada depreciável: cada mínimo impulso,
movimento, pensamento, sentimento, intenção, recordação, alteração corporal etc.
deve ser observado rigorosamente. Dar-se por satisfeito com o que se descobriu
equivale a estancar. A compreensão e elástica, quem quiser avançar, deve sempre
compreender mais e mais.
Bem...dei um exemplo radical, para melhor entendimento, mas não precisamos
chegar a tanto, isso depende do estado em que cada um se encontra. Qualquer pessoa,
por pior que seja, pode começar este trabalho e modificar-se totalmente. Não importa
se você é um grande pecador ou algo assim, se você se decidir a realizar este
trabalho, irá se transformar, virar outra pessoa.
Tenha isso como meta: procure sempre ver mais, mais e mais, procure o novo.

Renan2 de fevereiro de 2011 19:27


Parabéns!!! Belo trabalho.

Marco Romer15 de junho de 2011 10:11


Gostaria de uma ajuda: no caso da paixão por uma mulher, quais
poderiam ser os detalhes a serem observados? A saudade, as lembranças,
a imagem dela, ficar esperando que ela apareça on-line, ver fotos?

A Condição Social do Homem21 de junho de 2011 06:12


Perfeitamente! E, à medida que você se observar mais e mais, descobrirá
muitos outros detalhes dos quais, neste momento, nem eu e nem você
conseguirmos nos recordar, mas que estão lá no inconsciente, atuando
subterraneamente.

1.

Sobre o desapego a este mundo

Temos que alcançar a aceitação das perdas, nos tornarmos dispostos a perder tudo.
No final, tudo o que conhecemos deste mundo nos será tirado, não há saída, não há
alternativa, além de aprendermos a conviver com essa fatalidade.
A aceitação da perda implica em morrer completamente em si mesmo. Mas não
poderemos morrer para este mundo se não chegarmos a compreender que o mesmo é
uma ilusão, que não é de modo algum como se nos apresenta.
Isso que chamamos de "meu mundo", meus amigos, minha família, meu emprego,
minha amada, meus entes queridos, meus prazeres, minhas diversões enfim, minha
vida (horizontal), não passa de um engano, uma ilusão, melhor dito: uma mentira.
Mas não compreendemos isso e o tomamos por uma verdade, e é justamente aí que
reside o nosso sofrimento. Sofremos porque damos importância ao que não existe, ao
que é falso. E lhe damos tal importância porque cremos ser real.
Aquilo que entendemos como sendo nossa vida horizontal é um conjunto de imagens
e significados e não coisas em si mesmas. Nossa consciência está aprisionada no
mundo relativo das formas e não alcança penetrar na realidade maior. Não somos
capazes de perfurar o véu da ilusão para penetrar no mundo verdadeiro. Como
consequência, não conhecemos o mundo verdadeiro e, aos primeiros contatos com o
mesmo, o tememos. Tememos o desconhecido e nos sentimos à vontade no mundo
conhecido, o qual entreanto é falso. Em outras palavras: nos sentimos à vontade no
mundo de mentira.
Eliminar os sentimentos de apego à vida e à matéria é importante, mas não é tudo. Há
que se desenvolver conscientemente em outras dimensões, adquirir uma vida
consciente paralela em outros mundos e ali estabelecer alicerces. Nós, adormecidos
humanóides ignorantes do lodo da Terra, estabelecemos nossa base no mundo físico.
Amamos a vida física, adoramos o corpo, os prazeres e as sensações. O mundo
sensorial é aquele em que nos sentimos familiarizados.
Entretanto, cedo ou tarde seremos arrancados deste mundo sensorial. Então,
necessitamos estabelecer bases mais sensatas, no interno.
Os inexperientes e desconhecedores imaginam que o mundo exterior, o sensorial, seja
o mundo real e objetivo. Ignoram que não percebem os objetos em si (por ex. seus
parentes e amigos), mas sim imagens fabricadas pelos seus cérebros, imagens que
correspondem tão somente a uma parcela ínfima do que as coisas são em si mesmas.
Em si mesmo, qualquer objeto existente é inacessível, pois seu aspecto absoluto é
infinito.
Deste modo, compreender a nulidade deste sistema de coisas é parte fundamental
para se adquirir a verdadeira felicidade. Somente o conseguiremos se morrermos
muito em nós mesmos e nos desenvolvermos conscientemente na parte espiritual.
A necessidade de aceitarmos o que somos

A maioria dos aspirantes espiritualistas almejam atingir estados como o do


SenhorGautama, o Budha, ou do Senhor Jesus, o Cristo. Trata-se de uma meta
maravilhosa mas que, curiosamente, pode tornar-se prejudicial se for
tomada equivocadamente.

Ser alguém como Milarepa, Krishna, Cristo ou Budha é algo maravilhoso. Mas
tornar-seobsecado por tal estado, estando ainda com a consciência adormecida e o
Ego bem vivo, é criar graves problemas emocionais e psicológicos para si mesmo.

Nosso estado interior encontra-se muito distante dos elevados níveis dos turyas,
santos,mahatmas e mestres. Somos mortais do lodo da Terra. Nossas metas devem ser
realistas: pular apenas um ou dois degraus da escada, ao invés de ficarmos
dolorosamente contemplando os últimos degraus. Após galgarmos nosso degrau
imediatamente superior, teremos condições de galgar o próximo e assim por diante,
continuamente e sem limite.

Os mestres não nascem do dia para noite, são o resultado de longos e lentos trabalhos
de superação gradativa diária de si mesmo. normalmente ao longo de mais de uma
existência. Esses estudantes que se torturam emocionalmente porque não
conquistaram amaestria e nem mesmo o adeptado em 10 ou 20 anos, estão fora da
realidade, alimentam perspectivas irrealistas. Analisemos mais de perto tal equívoco.

As perspectivas irrealistas escondem egos bons, que sentem urgência em avançar


espiritualmente e nos torturam por não fazê-lo. Tais egos têm pressa no avanço
espiritual, não por amor verdadeiro ao Ser e nem por um desejo intenso de unir-se a
Ele, mas porque cobiçam as benesses da consciência desperta. Analisando tais
defeitos, poderemos descobrir muito egoísmo disfarçado de impulso espiritual. Tais
defeitos almejam uma libertação imediata da fornicação, da gula etc. Embora
tais objetivos sejam nobres, legítimos e sublimes, podem se transformar em obstáculo
ao crescimento interior, caso se tornam obsessões. Ao se tornarem obsessões,
esses Egos rompem completamente comEgos contrários, que almejam a fornicação e
a degeneração, e originam doenças emocionais de vários tipos.

Poderíamos denominar tais egos de "imediatistas". São eus de pressa, voltados


especificamente à questões espirituais. Confundem-se facilmente com manifestações
legítimas da essência e nos mostram que "entre o incenso da prece se esconde o
delito" (V.M.S.). Realmente, o delitos se disfarçam de mártir e até se vestem com a
túnica do Cristo, com o único propósito de nos fazer estancar espiritualmente.

Por incrível que pareça, há, dentro de nós, ao lado dos eus da luxúria, eus que
rejeitam a fornicação e almejam a castidade e todas as demais virtudes.
São egos moralistas que querem nos manter dentro dos preceitos do que aprendemos
ser moralmente correto, de acordo com a lei do homem ou com a Lei de Deus.

Portanto, em nosso interior os egos formam polaridades: alguns querem nos arrastar
para a direita e outros para a esquerda, alguns querem obedecer rigidamente à moral,
enquanto outros querem subvertê-la completamente.

Aquele que principia o trabalho da morte pode tornar-se interiormente dividido,


cindido, caso se ocupe em eliminar somente os eus imorais e tome partido
dos eusmoralistas/imediatistas. O imediatismo poderá criar sérios distúrbios
emocionais ao estudante que se polarizar, uma vez que sua meta imediatista de
tornar-se subitamente umbudha jamais se realizará. O conflito entre as possibilidades
reais de crescimento e a obsessiva intenção de crescer com urgência originará o
distúrbio. Quando a realidade se choca com nossas obsessões, algo ruim sempre nos
espera.
Tenho observado que muitos estudantes gnósticos desenvolveram
distúrbios psiquiátricoscom o passar dos anos e atribuo os mesmos principalmente ao
obsessivo imediatismo, embora possam haver também outras causas. Depressão,
ansiedade e outros transtornos, em um estudante gnóstico, podem estar relacionadas à
uma cisão violenta entre os egosmoralistas e os egos imorais. Como resolver?
Dissolvendo os egos de ambos os lados.

Seria interessante informar também que o sentimento de culpa não é arrependimento.


A culpa possui um referencial egoísta: o temor de sermos prejudicados pelos nossos
próprios atos. O arrependimento vai além: quando nos arrependemos, não queremos
mais realizar o ato prejudicial.

Entendo que a culpa é um defeito, um ego. Se me sinto culpado após realizar algo
errado, isso se deve a crenças que carrego a respeito do caráter delituoso daquilo.
Detalhando,esquadrinhando e explorando a culpa, descobrimos que sua natureza não
é a mesma do arrependimento e nem do remorso.

Sentir-se culpado é sentir-se responsável por algo prejudicial ou errado. Esse


sentimento, embora pareça sublime, é um sentimento inferior, composto por emoções
inferiores. Os critérios a respeito do certo e do errado são construções culturais do
Eu. Temos que eliminar a culpa, para que o arrependimento verdadeiro tome o seu
lugar.

A culpa e o remorso podem se misturar, mas ainda assim são distintos. O remorso é o
princípio do arrependimento, enquanto a culpa é algo assim como uma preocupação
ou tristeza porque nos sentimos responsáveis por algo prejudicial a nós mesmos ou ao
outro. A culpa não é exatamente a vontade de não realizar novamente o ato que
reprovamos. Para diferenciar ambos, basta verificarmos o teor real do que sentimos
após cometermos um erro: sentimos medo de suas consequências ou vontade de não
realizá-lo mais?

Os egos imediatistas podem se vincular estreitamente aos eus de culpa, até mesmo se
confundindo com eles. De todas as maneiras, correspondem àquela parte nossa que
nos leva a ficar lamentando a perda de tempo e os fracassos, impedindo-nos de
arregaçarmos as mangas e nos pormos à ação. Enquanto ficamos nos lamentando e
pensando a respeito dos nossos fracassos, erros, perdas ou caídas, perdemos o tempo
inutilmente na inércia e deixamos de agir.

O trabalho interior é realizado à base de pura ação, sem


sentimentalismos lamentosos que nos estancam e nos atrasam.

Tomada pelo imediatismo, a pessoa não suporta seu estado atual. Ao invés de aceitá-
lo em seu cru realismo, tenta desesperadamente evadir-se. Transforma isso em um
grave problema emocional e sofre muito. Não aceita sua crua realidade interior, a
rejeita por não compreender que a aceitação é o primeiro passo para a transformação.
Se não aceitarmos o que realmente somos no atual estágio, se não admitirmos a
realidade crua e desagradável do nosso estado interior, jamais podermos transformá-
lo. Transformar-se é compreender e compreender é aceitar uma dada realidade que
não se aceita e contra a qual erigiu-se muitos muros, defesas e resistências.

Na verdadeira Morte do Ego, retiramos tudo o que nos prejudica, sem piedade,
mesmo que se trate de algo com aparência espiritual ou sublime. Não nos orientamos
pela moral e nem pelo politicamente correto, nos orientamos unicamente pela
compreensão. O trabalho consiste basicamente em vigiar e orar (observar e pedir à
Mãe Divina), e não em cultivar sentimentos negativos de culpa, tristeza, derrotismo e
fracasso. Se não formos capazes de realizar avanços fenomenais nesta existência,
aceitemos os avanços que conseguirmos. O que importa é sempre estarmos
melhorando mais, dia após dia. Se certos defeitos graves e reprováveis persistem, não
importa. Melhoremos em outros aspectos, enquanto prosseguimos trabalhando sobre
os renitentes, de forma disciplinada mas sem pressa. Há defeitos que levam vários
anos e até uma vida inteira para serem dissolvidos.

O estudante que avança é aquele que sabe ser altamente disciplinado sem ter pressa
alguma, que aceita sua crua realidade e opera sobre ela de forma realista, não
fantasiando avanços absurdamente velozes. Aquele que procede assim, verificará
que, quando menos espera, já realizou um grande avanço.

Não estou, de modo algum, desculpando os defeitos ou tratando de incentivar a


negligência com relação ao mal que trazemos dentro. Estou unicamente chamando a
atenção para a necessidade de sermos realistas, não pendendo para os extremos
dootimismo e nem do pessimismo. Um otimista inconsciente, extremista, será
negligente e fará muito pouco por si mesmo. Um pessimista extremista, será
derrotista e igualmente fará muito pouco por si mesmo. Precisamos do equilíbrio, do
caminho do meio, da síntese. E a síntese é uma postura realista.

Formas de nutrir a luxúria

Você estará nutrindo a luxúria quando:

 ver películas pornográficas


 contar piadas pornográficas
 usar palavras de duplo sentido
 ficar pensando em lindas mulheres nuas
 dar asas às fantasias sexuais
 imaginar-se realizando tudo o que deseja com as mulheres que mais deseja
 buscar situações que promovam excitação sexual cada vez maior
 imaginar como seria experimentar práticas sexuais que nunca experimentou
 imaginar situações em que suas fantasias sexuais fossem satisfeitas
 manter conversas mórbidas
 ficar olhando para as bundas e peitos das mulheres
 tentar ver a calcinha das mulheres por baixo das saias
 tentar enxergar a silueta corporal delas através de vestidos transparentes
 lançar cantadas
 elogiá-las sem necessidade alguma
 agradá-las sem necessidade alguma
 contemplá-las
 ficar lembrando da mulher desejada
 buscar situações que te deixem sexualmente excitado

Esses são alguns detalhes e correspondem a apenas alguns exemplos de como damos
energia ao complexo da luxúria. Há muitíssimos outros mais no cotidiano, que
podemos capturar com a auto-observação.

Normalmente, são manifestações inconscientes, isto é, acontecem em baixo do nosso


nariz mas não as vemos. Com a auto-observação passamos a vê-las e as descobrimos
progressivamente.

Temos que aplicar a morte em marcha em tais manifestações, sem reprimi-las.

Identificá-las e reprimi-as não adiantará nada. Ao invés de reprimi-las, peça pela


morte à Mãe Divina e observe os efeitos acontecerem. Você as verá enfraquecendo.

Postem outras formas aqui.

Lycopodium2 de março de 2011 19:11


Este "Ver particulas pornograficas" é muito sinistro. Porquê mesmo você
não querendo você é bombardeado na internet com banners
pornograficos ou semi pornograficos. Quero ver um internauta que foi
ver seu email e nunca deparou com uma pornografia ou semi
pornografia.
E quando você não ve pornografia e elas veem te assombrar?

Banners, mulheres que realmente fazem isso, utilizam-se da sua luz


astral para o mal. Para fazer-nos de escravos idiotas.

Quando lutamos seriamente contra isso somos retaliados na vida real,


com fatos, com pessoas, com banners, letreiros, mulheres de verdade,
musicas. Só nos resta entrar no meio do mato e isolarmos de todos. A
pornografia ja está sendo considerado normal, repudie isto de um
cidadão e aguarde ser tachado de homosexual por homens e mulheres, de
louco, de te chamarem de estranho, da roça, do mato.

E o Carnaval? nem se fala.Olha as propagandas (Alcool + camisinha) =


sexo seguro!

Onde que um corpo vai abandonar a luxuria onde a mente vai abandona-
la? O objetivo é sugar a energia deste ponto. Como um cara pode se
tornar um cristão, se somos agredidos de forma tempestuosa?

Parece que não nos resta outra forma a não sermos um pouco agressivos
também.

Primeiro que precisamos de nos concentrar, nos organizar para pode não
nos identificar,e isto só é possivel mediante um silêncio externo
inicialmente.

Qualquer forma de pensamento que dirija-se a mulher com o sexo.

Evitar as amizades ou pessoas que estão em estagio ou momento de


hipnotização pornografica também é uma forma.

Uma vez que você não evita você aceita de forma passiva.

Evitar também conversar, ou pelo menos desvie o pensamento do


momento e fale de forma mecanica, as vezes somos obrigados fingir no
meio.

Evitar bancas preferencialmente o setor pornografico, ou até loucadoras


deste setor e sexy shop.

Não ficar passando nas ruas onde as prostitu-las trabalham só para dar o
ar da graça.
A Condição Social do Homem5 de março de 2011 14:27
Quando essas imagens te bombardearem, você deve manter sua mente
quieta e não ir atrás delas e nem ficar recordando das mesmas. Nada de
acompanhá-las ou seguí-las. Assim se resolve isso.

Os bloqueios ao Ego e a morte verdadeira

Há uma diferença entre bloquear e enfraquecer. Bloquear algo é barrá-lo, sem


necessariamente retirar-lhe ou diminuir-lhe a força. Enfraquecer é retirar a força,
despotenciar.

Quando retiramos gradativamente a força de algo, um ser vivo por exemplo, o


tornamos cada vez mais inativo. Ao torná-lo inativo, não há necessidade de bloqueá-
lo. Não é necessário bloquear aquilo que foi enfraquecido.

Bloquear é represar, como se faz com um rio: coloca-se um dique, mas não se
diminui sua força. O dique deve ser cada vez mais reforçado e, à medida que o rio
enche, sua força aumenta e a tensão também. Se o homem dispusesse de um meio
para retirar a força com que um rio flui, represá-lo tornar-se-ia desnecessário: o rio
deixaria de fluir a partir de um determinado ponto. A força que impele o rio é a força
da gravidade, pois ele quer descer através do relevo, a água sempre procura as regiões
mais baixas. Quando represamos um rio, aumentamos e força com que ele se opõe à
barragem ao invés de diminuí-la, pois mais quantidade de água se acumula,
pressionando mais. Em uma enchente violenta e anormal, a barragem se rompe, caso
não se abram as comportas...

Com o ego, é algo igual. A maioria das pessoas represam desejos que consideram
errôneos ou prejudiciais, aumentando sua força progressivamente, até que os mesmos
rompam violentamente suas defesas. Esse foi um erro de muitos estudantes gnósticos:
confundiram a verdadeira morte do ego com bloqueios de suas manifestações.
Quando enfraquecemos realmente um defeito, não necessitamos bloqueá-lo ou
reprimi-lo, pois seus ataques são cada vez mais fracos. Aqueles que estão bloqueando
seus desejos são justamente os que os possuem mais vivos e poderosos. Se esses
estudantes querem a Morte verdadeira, devem corrigir o erro, aprendendo a
enfraquecer o ego progressivamente.

Barrar ou bloquear o Eu é uma forma de auto-engano e de simulação da Morte


verdadeira. Quem está barrando não está morrendo, está fingindo para si mesmo e
para os demais.

Barrar, bloquear, reprimir, resistir e recalcar os impulsos são uma só coisa. Quem,
dentro de nós, reprime os defeitos? Outros defeitos contrários. O bloqueio é um
mecanismo do ego para continuar existindo.

Enfraquecer progressivamente os impulsos prejudiciais equivale a começar matá-los


para transformá-los em impulsos favoráveis e beneficiantes. Quem, dentro de nós,
enfraquece e mata os impulsos egóicos, que são irrefletidos e condicionados? A MÃE
DIVINA! Não somos nós que os enfraquecemos e matamos e sim Ela. O indivíduo
repressor de si mesmo despreza a Mãe Divina e tenta vencer o Mim Mesmo sozinho,
sem recorrer à Força Superior. O resultado é o fracasso e a loucura.

Por que temos tendência de reprimir? Por que acreditamos que isso seja uma forma
de enfraquecer e de matar o desejo e porque temos .medo de fortificá-lo caso
removamos os bloqueios. Não nos damos conta de que, por tal mecanismo, o
fortificamos, do mesmo modo que o fazemos quando nos entregamos ao desenfreio.
Temos aprendido a resistir e a reprimir desde a infância, pela religião, pela cultura e
pela moral, e agora nos condicionamos a isso.
Há então dois pólos, dois extremos: resistir e satisfazer. Temos que transcender esse
par de opostos. Por um lado, identificar-se e satisfazer o Ego o nutre e o fortifica, por
outro lado, reprimi-lo o represa até o ponto da explosão.

Remover a repressão não significa cair no desenfreio, na entrega à satisfação.


Significa tão somente deixar de opor um desejo a outro desejo. Reprimir ou bloquear
é tentar combater um ego com um ego contrário. É por isso que as repressões geram
doenças emocionais, como vimos em muitos estudantes de Gnosis. E a culpa não é da
Gnosis, mas sim da cultura repressora em que vivemos. Todas as culturas humanas
adotam proibições, que não são mais que mecanismos repressores instituídos. A
repressão não é algo restrito aos meios religiosos, a encontramos em qualquer grupo
de seres humanos.

Quem imagina que remover os bloqueios é entregar-se ao desenfreio da satisfação


está equivocado, pois são duas coisas completamente distintas. Não devemos
alimentar nenhum dos dois lados, nenhum dos dois pólos. Em um dado momento,
temos que eliminar tanto o Eu que resiste e reprime quanto o Eu que quer satisfazer-
se. Não devemos tomar partido do Ego, de nenhum lado. Fiquemos fora da
polaridade e nos guiemos unicamente pela compreensão.

Em em mecanismo qualquer de repressão, sempre estarão envolvidos dois egos, ou


grupos de egos, opostos. Um eu reprime o eu contrário e gera uma tensão interior,
que será tanto mais violenta quanto maior for a força empregada na repressão.

O eu que teme os resultados nefastos da fornicação e cobiça as benesses da castidade


tenta reprimir o eu que deseja fornicar. Optar por um dos egos não irá resolver.
Temos que observar e eliminar ambos. Se satisfazermos o eu repressor, o eu
fornicário continuará existindo, ocultamente, e nos atormentando de múltiplas
maneiras. Se satisfazermos o eu fornicário, por outro lado, nos tornaremos mais
escravos de seus impulsos, ao mesmo tempo em que o eu repressor continuará nos
atormentando com sua culpa. Não há felicidade em nenhum dos dois.

Como superar o vício condicionado da repressão? Observando e pedindo pela morte


dos elementos psíquicos repressores, bem como dos seus contrários.

Como fazemos para eliminar ambos os pólos? Por meio da conhecida didática de
observar e pedir, sem identificação.

Diante de um desejo qualquer, o indicado não é bloqueá-lo e sim nos dissociarmos.


Dissociar-se do defeito é separar-se do mesmo, observá-lo de fora, como um
elemento estranho. É romper com a identificação. Aí está o segredo.

Ao rompermos com a identificação, não reprimimos e nem tampouco alimentamos o


inimigo interior. Como rompemos com a identificação? Primeiramente, nos
recordamos de nós mesmos, saindo da fascinação. A fascinação é a forma pela qual
os egos nos roubam a consciência. Romper com a fascinação é encontrar o caminho
do meio. O caminho do meio, entre ambos os pólos prejudiciais, encontra-se na
ruptura com a fascinação. Não fascinar-se é entrar por esta porta.

Entramos pela porta correta quando rompemos com a identificação e passamos a


olhar os defeitos de fora, como algo alheio a nós, completamente distintos do Ser. É
aí que se encontra a chave para não reprimirmos e nem tampouco fortificarmos.

Então, que se entenda corretamente:

1. Quando nos recordamos de nós mesmos (de nosso verdadeiro Ser, manifestado sob
a forma de nossa essência), rompemos com a fascinação;

2. Quando rompemos com a fascinação, rompemos com a identificação;


3. Quando rompemos com a identificação, passamos a ver o defeito de fora, como
algo alheio (do mesmo modo como o faríamos com o defeito de uma outra pessoa);

4. Quando vemos nosso defeito como algo alheio, podemos então observá-lo cada
vez com mais clareza, compreendendo-o cada vez mais;

5. Ao observarmos os defeitos em ação, percebemos suas facetas, seus detalhes, suas


múltiplas formas de agir e de se alimentar;

6. Ao percebermos as facetas, pedimos imediatamente por sua morte à Mãe Divina.

A Mãe Divina é que conclui a tarefa de eliminar um ego.

Um ego jamais eliminará outro. O eu da mansidão não eliminará o eu da ira, o eu da


castidade não eliminará o eu da fornicão, os eus gnósticos não eliminarão o homem
mundano e inferior que existe dentro de nós. Somente a Mãe Divina pode matar o
Ego.

Temos que entender o que é "identificar-se". A palavra "identificar" significa


encontrar. Identificar-se com algo é confundir-se com aquilo, é encontrar-se ali.
Identificar-se com um ego é considerá-lo como parte de nosso Ser, o que é um erro,
uma visão falsa e equivocada, pois o Ego e o Ser são opostos e incompatíveis.

O segredo para não cairmos na repressão e nem tampouco no desenfreio é não nos
identificarmos com nenhum dos dois lados.

Se você quiser um alívio na sua alma, deve entrar por esta porta do meio. Não perca
tempo fazendo esforços inúteis para reprimir, faça esforços corretos para não se
identificar. Separe-se dos seus desejos, pensamentos, movimentos, emoções e
instintos e passe a observá-los conscientemente. Contemplação é a verdadeira
natureza do Ser. Não tente conter seus impulsos, apenas os observe conscientemente
e peça pela Morte. Quanto mais se disciplinar nesse sentido, mais feliz ficará. Busque
uma disciplina de ferro nesse sentido.

Em suma, disciplinar-se para resistir aos desejos é diminuir a compreensão dos


mesmos. É muito melhor aprender a manter corretamente a atenção pura, livre de
qualquer tensão ou preocupação.

Lycopodium15 de março de 2011 22:10


Bom vamos lá.
A alguns anos atrás eu reprimia o ego, fica 100% em vigilância, resum,
reprimia tudo, para poder silênciar a mente, no começo me senti forte,
mas com tempo senti que me esgotei totalmente e demorei a
compreender que era apenas um esforço meu.

Hoje os egos luxuriosos são os que mais me atacam, e sempre uma


imagem acompanhada de um som. Antes eram mais violentos, então
comecei a focar sobre 'esquecer', qualquer movimento que fosse do ego,
que me deixa-se no estado hipnotico, comecei a esquivar, desviar dessas
imagens e sons mentais, pensava em outra coisa, depois logo pensava na
imagem mas sem estar associado, antigamente conseguia anotar todas as
caracteristicas do ego e os centros que ele atingia, atualmente não
consigo fazer muita analise do ego, atualmente sinto aversão, um certo
tipo de nojo sobre essas imagens e que não valem apena estuda-las, elas
simplesmentes aparecem na minha mente em base de recordações de
relacionamentos passados, nostaugia. Ou imagens e antes mulheres que
passavam na rua.

Confesso que hoje está mais tranquilo, porque não sofro mais por
refrimir, desvio o pensamento pensando em outra coisa, faço a suplica, e
troco a imagem mental pela imagem do cosmos destruindo a escuridão
dentro de mim.

Hoje esses egos me atacam de forma sutil, sempre com algo que não tem
nada haver, tentando me induzir, quando me deparo ja estão jogando
perversões mentais me poluíndo.

Estou sentindo minha energia voltando mas aos poucos. Preciso eliminar
outros egos de forma não luxuriosa.
Podemos suplicar em estado onírico?

A Condição Social do Homem18 de março de 2011 16:02


Sim, pode e deve suplicar durante o sonho.

Além da disciplina de observar sem reprimir e pedir pela morte, aprenda


a não estimular de modo algum os desejos.

Corte toda lembrança, análise, recordação, cogitação etc. Não traga


absolutamente nenhuma lembrança ou pensamento sobre aquilo para a
sua mente. Não ocupe sua mente com o desejo, afaste-o dela e, em tal
estado, observe-se, visando descobrir as manifestações espontâneas que
as circunstâncias trazem.

A Condição Social do Homem18 de março de 2011 16:06


Não ocupe sua mente com o objeto do desejo de modo algum e observe-
se, sem tensão e nem ansiedade.

A correta auto-observação é contemplação pura.

A contemplação pura não contém ansiedade ou preocupação.

Tudo começa com a mente. Então a consciência pode observar o restante


e descobrir o que está em atividade oculta.

Não caia na armadilha de estimular o desejo para então observá-lo e nem


na armadilha de tentar eliminar o desejo através da repressão. Ambas te
conduzem ao fracasso.

A Condição Social do Homem18 de março de 2011 16:19


Considero muito importante este ponto, por isso insisto tanto nele.

Uma coisa é resistir aos desejos, outra coisa é estimular os desejos.

Podemos deixar de resistir aos desejos sem cair no erro de estimular os


desejos.

Estimulamos os desejos quando nos identificamos com eles. Não é


preciso identificar-se para remover um bloqueio.
Removemos a resistência, mas não nos entregamos à identificação.

A manifestação livre e plena de um defeito o reforça. Então, temos que


inibir a manifestação, mas não o fazemos através dos mecanismos
repressivos.

O procedimento inibidor da manifestação é a observação sem


identificação associada à oração e não o simples esforço auto-repressor,
o qual é inefetivo.

Se estimularmos a manifestação, sob o argumento de não reprimi-la para


observá-la, a reforçamos mais e mais. Se a reprimimos, ela explode, de
um ou outro modo. Então, ambos os caminhos são errôneos. Não
caiamos em nenhuma das duas armadilhas.

Nosso caminho é outro: não reprimimos e nem estimulamos. Lutamos


decididamente contra as duas coisas.

A Condição Social do Homem18 de março de 2011 16:25


Quando não nos ocupamos com um defeito, não o estamos reprimindo,
estamos somente deixando de alimentá-lo para que possamos observar
adiante, o que ainda não foi observado. Caso contrário, ficaríamos
eternamente ocupados com um círculo vicioso criado, no qual
estimularíamos, alimentaríamos e observaríamos o inimigo, que nunca
se enfraqueceria.
Não queremos observar eternamente o inimigo sem enfraquecê-lo.
Queremos observá-lo, enfraquecê-lo e esquecê-lo, para que possamos
nos ocupar com os outros inimigos que nos esperam.

A Condição Social do Homem18 de março de 2011 16:32


Quando uma pessoa está identificada com um defeito, sua consciência
está adormecida e ela não é capaz de observar nada. Por outro lado, se
ela o bloqueia, também não observa nada e fica fazendo esforços à toa.
Em ambos os casos, não há observação consciente.

A cada faceta observada, temos que pedir a Morte e esquecer. Aqueles


que não se permitem esquecer, que insistem em invadir a mente, devem
receber a Morte novamente.

Isso não é algo fácil de explicar, mas é fácil de fazer quando se pega o
jeito.
Lycopodium20 de março de 2011 19:30
realmente a explicação não é facil, encontro-se no estado que tive uma
vida na pré e na adolescencia e no inicio da fase adulta desviada. Então
quando você diz para não se lembrar, de fato as lembraças nos trazem
atona o efeito dos desejos sucumbidos erroneamente no passado. Mas
não só as lembranças mentais, mas as que ligão alguma cena que
visualizado no nos jovens de hoje, em fim uma boa quantidade de
imagens do que os jovens fazem hoje , me fazem recordar, forçando-me
a não olha-los para que não crie alguma especie de ancorarem e
nostaugia.

A Condição Social do Homem27 de abril de 2011 05:25


Há situações em que devemos nos lembrar das coisas e outras não.

O que não devemos fazer é ficar evocando lembranças que alimentem


defeitos e nos tornem ainda mais escravos dos mesmos.

Evaristo31 de outubro de 2012 10:12


Os textos daqui estão me elucidando facetas que não percebia. Como
ilustração, cito o desejo luxurioso que me assalta de quando em quando.
O tempo máximo que já fiquei sem me masturbar foi de dois meses, sem
isso sinto uma enorme quantidade de energia represada que requer vazão
para que eu me sinta leve novamente.

É incrível, mas quando me desafogo dessa forma, minha mente se


desanuvia, meu metabolismo se regulariza (a mais sensível é a função
intestinal, fico dias sem intestino preguiçoso nem prisão de ventre).

No entanto, observo que após a ejaculação, sinto uma "fundura" intensa


no chakra cardíaco, uma descompensação que deixa inerte esse centro de
energia, apático, como se ficasse inoperante por um tempo. Como
consequência, me sinto mal. Cheguei à conclusão que sou levado a me
masturbar por falta de contato humano despretensioso e amigável com
regularidade, por falta de oportunidades sadias de cultivos de laços
afetivos na quantidade que eu gostaria.

E é incrível como isso em algum nível se torna perceptível a quem


encontro. Parecem "saber" que me masturbei, e me tratam diferente,
como um mendigo energético, que precisa ser reabastecido. As pessoas
me tratam de forma lacônica e não estendem a duração de nenhum
contato, temorosas de que eu lhes sugue energia para repor a minha. Mas
isso é inconsciente e automático da parte delas, se eu questiono
diretamente agem como se não soubessem do que estou falando.

Antes eu até tinha a equivocada postura de pedir aos bons espíritos que
me isolassem energeticamente enquanto me masturbava, para não sofrer
nenhum ataque vampirizador ou obsessivo.

No momento, tenho evitado imagens e estímulos luxuriosos, assim como


lembranças de vivências luxuriosas do passado e pessoas que dela
fizeram parte. Ao mesmo tempo, quando sinto a pressão interna da
energia acumulada, faço prece para que sejam mortos esses desejos e
volto-me a atividades que envolvam criação. Como escrevo poesia e
textos literários, ponho-me a escrever novos textos ou revisar antigos,
para usar a energia de forma útil e promover a leveza que tão facilmente
perco em meio às atividades do cotidiano.

Reiterando, estes textos tem me ajuda muito e desejo bênçãos a todos


nós. Continuem com esse trabalho tão importante!

Praticante31 de outubro de 2012 20:18


R. Isso te acontece porque você não está conduzindo sua
energia para dentro e para cima. Você está tentando impedi-la
de sair, mas a mantém presa dentro do órgão sexual. Aí está o
problema. Tem que retirá-la dali mediante a concentração e a
imaginação.
Praticante31 de outubro de 2012 20:22
O órgão sexual é para produzir a energia e não para
armazená-la. A energia produzida tem que ser transmutada e
aproveitada pelo organismo.

Gravar na consciência o cuidado com a mente

É comum que os aspirantes à verdadeira castidade foquem sua atenção no sexo e se


esqueçam da mente, assim como é comum que não aceitem suas limitações e exijam
de si mesmos a perfeição imediata.
Toda caída sexual, seja através da masturbação, da fornicação com a esposa, com a
namorada, com uma amante ou de qualquer outra forma não mencionada aqui, tem
como causa a mente. Após uma caída, se refletirmos, poderemos nos dar conta de
como estava o funcionamento de nossa mente nos momentos, horas ou dias que a
antecederam. Em que pensávamos, sobre o que falávamos e como agíamos?
Descobriremos, então, que a caída foi o produto final, a síntese ou resultado de uma
soma de atitudes luxuriosas que se somaram e conduziram a excitação até o nível
máximo. E no fundo de todas essas atitudes luxuriosas estava a atividade mental.

Focar a atenção no sexo e esquecer da mente é cometer um erro estratégico. Temos


que ir à causa, aos motivos, aos fundamentos das caídas e eles estão na mente. Os
momentos em que caímos são os momentos em que a mente está obsessionada por
imagens, cenas, recordações, fantasias e pensamentos luxuriosos.

Acreditar que se pode deter o sexo e ao mesmo tempo robustecer a atividade mental
luxuriosa é ingenuidade, um erro que necessita ser corrigido. Temos que gravar
firmemente na consciência que o nosso alvo se encontra na mente e não no sexo.
Quando este conhecimento não fica fortemente gravado na consciência, não focamos
a atenção onde devemos, a desviamos e não percebemos os processos de
intensificação da luxúria até o resultado inevitável da caída. Logo, importa gravarmos
firmemente na consciência que nosso alvo está na mente. Temos que priorizar a
mente antes de tudo ou nada conseguiremos.

Sucede que, às vezes, acreditamos que estamos focados na mente e vigiando


corretamente os pensamentos. Cremos, então, que estamos protegidos e seguros mas,
com uma simples distração, perdemos a vigilância, nos abrimos para a luxúria e
sofremos invasões.
Se quisermos o êxito, temos que esquecer a luxúria e isso se consegue disciplinando a
mente e não tentando submeter o sexo, o qual é um reflexo do estado mental em que
vivemos.

Sexo e emoção são coisas que não se submete e nem se reprime: se desenvolve. Se
não os desenvolvemos voluntariamente para cima, se desenvolverão para baixo e nos
arrastarão.

A luxúria é principalmente imaginativa. Quando pensamos em sexo, imaginamos


cenas eróticas/pornográficas, tais pensamentos exercem um efeito sobre o
entendimento, tornando-o enviesado, condicionado. Passamos, então, a ver a mulher
e o sexo de uma forma específica, condicionada.

Nenhuma pessoa comum possui condições de contemplar cenas luxuriosas, mesmo


que esteja avançando na Morte, devido aos efeitos da imaginação sobre o
entendimento. O simples ato de ver já ativa a imaginação mecânica morbosa.

Dissolver a luxúria não é esforçar-se para se enquandrar em uma regra de


comportamento "decente" ou moralista, é lutar para se tornar forte e independente das
forças instintivas que nos levam à ruína e à submissão.

Tem alguma pergunta? Faça-a aqui.

Como este blog parece que ficou maluco, pois eu não consigo ativar os comentários
em todos os posts, somente em alguns e não sei o motivo, resolvi deixar esta ala
reservada somente para as dúvidas dos amigos praticantes.

Se você tiver qualquer dúvida e quiser me interrogar, pode fazê-lo aqui. Peço
somente paciência, pois não tenho sempre tempo para entrar aqui e, além disso, não
terei resposta para tudo...mas farei todo o possível para ajudar.

Shadowalk9 de julho de 2011 00:16


Perca de tempo discutindo..se vcs perdessem mais tempo estudando e se
realmente soubessem alguma coisa nem se preocupando com essas
coisas estariam, quem sabe realmente alguma coisa nao perde tempo
com blog nem site mais antes de tudo com a pratica e nao so com teorias
inuteis!
Ao inves de voces falarem pra NOS dispertamos, olhem um pouco pra si
mesmo, ninguem é obrigado a aceitar oque voces acham que é verdade.

A Condição Social do Homem11 de julho de 2011 18:40


O maluco acima está furioso porque desbancamos e desmascaramos
todas as mentiras infundadas inventadas pelos detratores da Gnosis,
entre os quais ele provavelmente se encontra.

Anônimo19 de junho de 2012 14:17


Olá, tentei publicar essas dúvidas referentes ao texto de 20 de maio de
2012 denominado "Transmutação: o círculo vicioso da energia sexual",
mas lá não tinha a opção de postar, então estou postando por aqui
mesmo.

Dúvidas:

1) Viúvos não podem mais praticar maithuna na vida? Ou devem esperar


um certo período até arrumar uma outra parceira?

2) Quem tem uma parceira a um tempo (1,5 ano ou mais) e mora com
ela, mas não são casados, pode praticar a Maithuna? Ou é arriscado o
desenvolvimento de Kundartiguador?

3) Poderia explicar o processo das energias atômicas, que o casal


compartilha entre si durante o ato sexual? Porque é necessário um tempo
de abstinência, caso o casal se separe?

Muito obrigado.

Paz Inverencial.

Praticante19 de junho de 2012 20:41


Olá

Há um problema com o blog: eu simplesmente não consigo permitir


comentários nos posts novos, só nos antigos. Não sei a que se deve. Já
salvei várias vezes a permissão para comentários, mas eles continuam
impedidos.

1) Viúvos não podem mais praticar maithuna na vida? Ou devem esperar


um certo período até arrumar uma outra parceira?

R. Podem, desde que tenha passado um ano sem contato sexual.

2) Quem tem uma parceira a um tempo (1,5 ano ou mais) e mora com
ela, mas não são casados, pode praticar a Maithuna? Ou é arriscado o
desenvolvimento de Kundartiguador?

R. Pode, não será arriscado. Esse risco existirá somente se você praticar
ilegitimamente (com várias mulheres ou com a mulher de outro, por
exemplo)

3) Poderia explicar o processo das energias atômicas, que o casal


compartilha entre si durante o ato sexual? Porque é necessário um tempo
de abstinência, caso o casal se separe?

R. Sim. Essa abstinência é necessária porque a pessoa poderia levar um


choque caso não observasse esse tempo. Esse choque não seria sentido
conscientemente, mas afetaria o corpo de forma supra-sensível.

Se você prestar atenção, após ter intimidade com uma mulher por um
certo tempo, você se acostuma com sua presença. Cada pessoa emana
uma frequência vibratória específica, percebida por nós somente
parcialmente, sob a forma de cheiros, sons e imagens que a pessoa emite.
A troca brusca provocaria um choque que afetaria a anatomia sutil.
Entendido?

Anônimo20 de junho de 2012 08:48


Este comentário foi removido por um administrador do blog.

Praticante8 de julho de 2012 06:51


Como assim anatomia sutil?

R. A anatomia energética.
Pode me indicar um livro que explique bem todo esse
processo?

R. Não lembro agora.

Caso a mulher esteja grávida: Se a mulher não tiver interesse


pelo caminho, mas o homem estiver seguindo este caminho,
ele será prejudicado, caso a mulher queira sexo durante a
gravidez?

R. Sim.

A ciência ocidental recomenda o sexo durante a gravidez


porque ajuda a folgar o canal vaginal para o parto. Mas do
ponto de vista da gnosis, porque seria proibido?

R. Por que as energias estão voltadas para a formação do feto.

Praticante8 de julho de 2012 06:53


PS. Para aprender mais sobre a anatomia sutil, você deve pesquisar sobre
o corpo vital ou corpo etérico. Há bastante material a respeito na
literatura espiritual. Pretendo, quando tiver tempo, publicar uma lista de
autores recomendados, mas até o momento não pude fazê-lo.

Anônimo21 de julho de 2012 09:56


"R. Podem, desde que tenha passado um ano sem contato sexual.

2) Quem tem uma parceira a um tempo (1,5 ano ou mais) e mora com
ela, mas não são casados, pode praticar a Maithuna? Ou é arriscado o
desenvolvimento de Kundartiguador?"

Ainda tenho insegurança nessa questão. O meu instrutor havia me dito


que o Maithuna sem casamento é um passaporte para o inferno. Então,
essa informação, realmente procede do VM Rabolu e VM Samael??
Sendo que nos dias de hoje não é 100% seguro o casamento, é bom
estarmos sempre de olhos abertos com nossas parceiras. Fica a minha
dúvida: Realmente nao tem perigo o Maithuna fora do casamento
(mesmo que o casal esteja namorando e more juntos a aproximadamente
1,5 ano)?

Abraços!
Praticante25 de julho de 2012 06:24
P. Quem tem uma parceira a um tempo (1,5 ano ou mais) e mora com
ela, mas não são casados, pode praticar a Maithuna?

R. Pode.

P. Ou é arriscado o desenvolvimento de Kundartiguador?

R. Não é arriscado. O casamento é uma cerimônia física que não tem o


menor valor espiritual. O que importa espiritualmente é que as pessoas
pratiquem corretamente. De nada adianta ser casado em centenas de
instituições se a pessoa não transmuta sua energia ou pratica
incorretamente (com várias mulheres, por exemplo).

P. Ainda tenho insegurança nessa questão. O meu instrutor havia me dito


que o Maithuna sem casamento é um passaporte para o inferno. Então,
essa informação, realmente procede do VM Rabolu e VM Samael??

R. Essa informação procede do V.M. Rabolú e não do V.M.Samael. Nos


tempos do V.M.Samael, o casamento, enquanto instituição social, não
havia se transformado na palhaçada que é hoje. Hoje o casamento,
enquanto instituição social, não existe mais ou está em rápido processo
de extinção. Os casamentos de hoje existem somente como uma fachada,
são uma farsa, salvo em alguns poucos casos. Na verdade, o que
chamam de "casamento" não é mais que um circo ou teatro que montado
com as mais absurdas intenções. Desse casamento não necessitamos para
nada.

Por outro lado, o casamento verdadeiro (da alma) ou matrimônio


perfeito, esse sim é necessário e indispensável para a prática. De modo
que há dois casamentos: o social e o espiritual. O primeiro é dispensável
e o segundo é imprescindível. A magia sexual é a forma de concretizar o
casamento verdadeiro, que é espiritual.

Há que se ver a qual casamento o seu instrutor se refere. Se ele considera


que o casamento cartorial é mais importante que a prática correta do
maithuna, é um fanático. Se ele estiver se referindo ao casamento
espiritual como algo indispensável, está certo.

P. Sendo que nos dias de hoje não é 100% seguro o casamento, é bom
estarmos sempre de olhos abertos com nossas parceiras. Fica a minha
dúvida: Realmente nao tem perigo o Maithuna fora do casamento
(mesmo que o casal esteja namorando e more juntos a aproximadamente
1,5 ano)?
R. Depende de qual casamento você se refere. Fora do casamento
espiritual, o maithuna é perigoso e fulmina a pessoa. Mas se você se
refere ao casamento tridimensional (papéis de cartório) saiba que esse
casamento não ata e nem desata, simplesmente não tire e nem põe.
Muitos gnósticos fanáticos acreditam, por falta de estudo, que o
casamento legal é o verdadeiro casamento. Se isso fosse assim, como
ficariam os povos que vivem apartados da civilização ocidental e nunca
ouviram falar em cartórios e nem em igrejas?

Na verdade, se você tem uma parceira e ambos praticam corretamente


(sem adotarem outros parceiros e sem perda da energia) você já estão
começando a se casar. Estarão casados completamente quando
alcançarem a perfeição, em um futuro.

Kernel4 de novembro de 2012 11:30


Sobre Aguia Rebelde pagina 45/46

Bom o que ele disse sobre o fato de ser casado no papel nao
garante que esteja casado em outras dimensoes
isso que as pessoas confundem.

Por tanto a conduta Brahma, o Tantra branco existe com


casamento espiritual e fisico e nao somente 1 tipo de
casamento. Isso estah escrito os livros dos mestres.

Alias o iniciante a gnostico eh preciso obedecer o que o


mestre disse e fazer tudo passo a passo, nao eh na primeira
iniciacao que se consegue o matrimonio no espiritual , o
casamento das almas gemeas entre bidhi e manas.

Kernel4 de novembro de 2012 18:50


a base do maithuna eh o amor, se a pessoa faz maithuna soh
para subir nao esta amando porque esta na presença de um
desejo, nao eh possivel amar com desejos, como disse Jesus,
aquele que quer salvar sua vida perde-la e aquele que quizer
morrer vivera.

Anônimo5 de novembro de 2012 02:47


"P. Amigo, pegando um gancho nessa questão e ligando ao
Maithuna:
Se o praticante não tiver eliminado totalmente a luxúria, mas
na hora do ato, conseguir se manter concentrado, com
devoção à Mãe, é possível que ainda assim se transmute uma
energia boa para a Mãe Divina??

R. Sim, é possível.

P. Ou se corre risco de cultivar kundartiguador??

R. O risco sempre existirá, mas mesmo assim, neste caso é


menor do que quando simplesmente se fornica. Além do
mais, as chances desenvolver o kundalini é claro que
aumentam, mesmo que você ainda não tenha eliminado a
luxúria, pois com o fogo sexual as chances de vencer a
luxúria são maiores.

Não é possível eliminar a luxúria antes de praticar a magia


sexual porque a luxúria é o maior de todos os defeitos e sobre
ela trabalhamos toda a vida. Se fôssemos esperar que a
luxúria morresse antes de iniciar a prática sexual, não a
começaríamos nunca.

É durante a própria prática sexual que exercitamos e


desenvolvemos uma outra forma de ver o sexo e a mulher.
Quanto mais praticarmos sexualmente da forma correta e com
a morte da luxúria, mais nos polarizamos na castidade e mais
leve se torna nossa energia.

O que importa é nos tornar nosso erotismo cada vez mais leve
e espiritual. O erotismo brutal é animalesco e nos faz
retroceder a etapas ultrapassadas, animalizando-nos. Aquilo
que é pesado desce, o erotismo pesado nos leva para baixo,
para o abismo. Em contraposição, a sexualidade sublime nos
eleva.

Os impulsos brutais e tensos da luxúria nos arrastam


espiritualmente para baixo, para os infernos, pela violência de
suas correntes. Os impulsos suaves do erotismo espiritual
aumentam nossa vibração e tornam nossas correntes mais
leves, sintonizando-nos com as dimensões superiores.

Não devemos esperar a pureza antes de começar a magia


sexual porque sem a magia sexual ninguém alcança a pureza.
Logo, começamos como animais e vamos, durante a própria
prática animalesca, transformando-a, ao mesmo tempo em
que nos transformamos também em outros momentos, fora da
prática.

Quanto mais devoção à Mãe Divina durante a prática, mais


energia será conduzida para cima, ainda que haja também
certa luxúria residual durante o ato. Não confundam,
entretanto, a luxúria residual com o fogo erótico direcionado
para cima. A luxúria é o fogo direcionado para fora do
corpo."

Anônimo5 de novembro de 2012 02:49


Acho que isso responde tudo.

Kernel7 de novembro de 2012 04:04


O mestre Rabolu disse que podemos enfraquecer a luxuria
com a morte dos detalhes,porque todos os outros 6 pecados
capitais alimentam a luxuria o mais forte, enfraquecendo
alguns dos 6 ou todos dos 6 ele enfraquece a luxuria, quando
ele da o exemplo da arvore, tem gente que diz que a morte em
marcha foi invetada por rabolu mas na verdade e a mesma
morte que Samael deixou, a morte de instante e instante, se eh
de instante em instante nao eh reflexiva, e se eh reflexivia nao
eh de instante em instante, acredito que uma complemente a
outra.

Rabolu sintetizou bem o que Samael disse, que devemos


conhecer nossas estruturas psiquicas, e ver a interligaçao dos
egos, a correlacao que eles fazem entre si.

Rabolu sintetizou este passo e o seguiu e assim conseguiu se


elucidar.

Anônimo25 de julho de 2012 10:25


Entendido. Me tirou muitas dúvidas. Eu estava me referindo ao
casamento pela lei. Agora compreendo. A respeito do trecho abaixo:

"Na verdade, se você tem uma parceira e ambos praticam corretamente


(sem adotarem outros parceiros e sem perda da energia) você já estão
começando a se casar. Estarão casados completamente quando
alcançarem a perfeição, em um futuro."

O que se passa é que, eu quero o caminho reto, mas ela não se interessa
pelo mesmo. Já a chamei para a gnosis algumas vezes, mas ela realmente
não quis, então não insistirei mais. Pelo menos ela não me atrapalha no
objetivo que eu almejo.

Já conversei com ela a respeito do sêmen, a importância que o mesmo


tem para a transmutação sexual, a energia sexual etc. Ela não
compreendeu, mas o mais importante: Ela me entendeu.

Então, ela continuará com a prática comum e corrente, com suas funções
meramente biológicas, enquanto eu farei o meu trabalho de transmutação
e oração à Mãe Divina, no ato.

O casamento espiritual ocorre mesmo que somente eu esteja fazendo o


meu trabalho de transmutação? Já expliquei, pedi a colaboração dela,
para me ajudar a preservar o meu líquido precioso e ela entendeu.

1) Se ela praticar o sexo comum, enquanto estou transmutando, isso


estancará o meu progresso? ou posso seguir trabalhando assim?

2) Desculpe pela minha pergunta idiota, mas vamos lá: A concentração


referida à respeito do Maithuna, é aquela que se alcança o pratyahara, ou
uma concentração de grau menor que não precise alcançar esse estado
antes de iniciar a pratica?

3) A respeito do local da prática do Maithuna, existe alguma restrição?


Não me parece uma boa idéia praticar o mesmo em moteis (onde outros
casais fazem a prática comum e corrente). Ou isso não tem implicações?
Se sim, poderia explicar o porque?

Nota: Nunca a traí (pretendo seguir assim também), e acredito que ela
nunca tenha me traído também.

Anônimo28 de julho de 2012 14:02


Levando em consideração que existem 3 tipos de casamento (cármico,
dármico e cósmico), o aspirante poderá praticar maithuna com sua
mulher, mesmo se estiver num casamento cármico ou dármico? Eles
podem mudar a recorrência deste relacionamento, caso os egos
envolvidos sejam eliminados? Ex: O relacionamento acabaria por conta
das brigas, ou adultério, mas aí um dos lados trabalhou contra os egos
que causam isso.
Anônimo29 de julho de 2012 15:58
O êxtase sentido no anti-orgasmo da transmutação, pode ser sentido por
alguém que está iniciando nesta prática?? Ou só pode ser sentido por
pessoas mais experientes?? Caso o primeiro seja verdadeiro, parece que
estou começando a sentir os seus efeitos, pós Maithuna. Uma certa
leveza, uma tranquilidade. Se fosse o orgasmo normal, estaria totalmente
acabado.

Praticante2 de agosto de 2012 12:19


P. O casamento espiritual ocorre mesmo que somente eu esteja fazendo o
meu trabalho de transmutação?

R. Ocorrerá somente até certo ponto.

Praticante2 de agosto de 2012 12:25


1) Se ela praticar o sexo comum, enquanto estou transmutando, isso
estancará o meu progresso? ou posso seguir trabalhando assim?

R. Não estancará. Pode seguir.

2) Desculpe pela minha pergunta idiota, mas vamos lá: A concentração


referida à respeito do Maithuna, é aquela que se alcança o pratyahara, ou
uma concentração de grau menor que não precise alcançar esse estado
antes de iniciar a pratica?

R. O grau não é menor e nem maior, o objeto é que é diferente, pois você
se concentra no avanço e elevação de sua própria energia.

3) A respeito do local da prática do Maithuna, existe alguma restrição?

R. Sim: você pratica em um local onde ficará tranquilo, sem medo de ser
interrompido ou surpreendido, e onde não existam interferências que
arrastem para a fornicação.

P. Não me parece uma boa idéia praticar o mesmo em moteis (onde


outros casais fazem a prática comum e corrente). Ou isso não tem
implicações? Se sim, poderia explicar o porque?

R. Tem implicações porque as formas mentais luxuriosas das pessoas


que fornicaram ali permanecem no lugar e obsessionam a mente de uma
pessoa que queira realizar o ato sexual naquele mesmo local,
multiplicando as dificuldades com a luxúria.

Praticante2 de agosto de 2012 12:28


P. Levando em consideração que existem 3 tipos de casamento (cármico,
dármico e cósmico), o aspirante poderá praticar maithuna com sua
mulher, mesmo se estiver num casamento cármico ou dármico?

R. Sim, a menos que, no casamento cármico, haja em um dos dois


alguma disfunção biológica ou anatômica que impeça a prática. Já no
caso do casamento dármico não poderia haver nada que atrapalhasse.

P. Eles podem mudar a recorrência deste relacionamento, caso os egos


envolvidos sejam eliminados?

R. Sim.

Praticante2 de agosto de 2012 12:31


P. O êxtase sentido no anti-orgasmo da transmutação, pode ser sentido
por alguém que está iniciando nesta prática??

R. Somente de forma muito breve e superficial.

P. Ou só pode ser sentido por pessoas mais experientes??

R. Quase nada, mas, mesmo sendo pouco, trata-se de algo real e, por isso
mesmo, válido. O bem estar já é um dos primeiros sinais. Não devemos
ficar buscando esse êxtase, devemos nos ocupar somente com a prática e
deixar que o resto venha, quando vier.

Anônimo2 de agosto de 2012 20:32


"Se souberem, me expliquem como devo fazer para abrir comentários
nos posts mais recentes, pois o blog parece estar maluco, já que permite
comentários nos posts antigos e não os permite nos mais recentes.
Obrigado."

Amigo, depois que estiver logado vai em:

painel(na parte superior da pagina do blog) --> central de ajuda(na parte


de baixo).
Deve ter algo que possa ajudar.

Obrigado pelos esclarecimentos!!

Anônimo3 de agosto de 2012 16:38


No texto "Sobre a necessidade de controlar os sentidos", tem uma
passagem:

"Quem tenta eliminar os defeitos sem renunciar aos pensamentos que


lhes correspondem, está se partindo, se despedaçando interiormente, pois
fortifica o inimigo e ao mesmo tempo faz esforços para matá-lo. A
pessoa, em tal caso, faz dois esforços contrários, que se anulam: esforço
para matar e esforço para dar vida. "

Fica o seguinte questionamento:

A dificuldade de eliminar o ego que olha para mulheres lindas (seja na


rua, trabalho ou faculdade), cheirosas e gostosas; o ego que sente um
prazer em olha-las e contemplar suas formas, o ego que gosta e sente
prazer em sentir o perfume delas; enfim...

Tendo o aspirante ou estudante trabalhado sobre esses egos, usando a


morte em marcha, percebendo certo alívio nesses quesitos e
posteriormente havendo um renascimento desse impulso egoico, o que
se deve fazer é aplicar a morte em marcha novamente, certo??

Pelo que entendi então, nesse caso, o correto seria NÃO OLHAR a
qualquer custo, as fêmeas desejáveis que passem por nós no dia a dia, a
fim de não alimentarmos esses egos??

Enquanto não alcançamos o estágio de olhar e não nos identificarmos


("Se desejamos e olhamos, nos identificamos, obrigatoriamente.
Somente quem está realmente morto pode olhar sem identificar-se.
Quem está vivo, forçosamente se identifica.") a única saída visível se
torna essa: Não olhar a qualquer custo, ou seja, não alimentar o desejo,
mesmo que se exploda por dentro, e ao mesmo tempo não se identificar
com essa reação, aproveitando e aplicando a morte sobre essa sensação.
Correto? é isso mesmo ?

Namastê!

Anônimo4 de agosto de 2012 14:46


"Pelo que entendi então, nesse caso, o correto seria NÃO OLHAR a
qualquer custo, as fêmeas desejáveis que passem por nós no dia a dia, a
fim de não alimentarmos esses egos??"

Só um adendo, nessa parte: Entendo que não necessitamos isolá-las,


devemos trata-las não como seres divinos, e sim como seres humanos
normais, não mais olhando suas belas formas e não mais se identificando
com isso.

Praticante5 de agosto de 2012 08:06


P. A dificuldade de eliminar o ego que olha para mulheres lindas (seja na
rua, trabalho ou faculdade), cheirosas e gostosas; o ego que sente um
prazer em olha-las e contemplar suas formas, o ego que gosta e sente
prazer em sentir o perfume delas; enfim...

Tendo o aspirante ou estudante trabalhado sobre esses egos, usando a


morte em marcha, percebendo certo alívio nesses quesitos e
posteriormente havendo um renascimento desse impulso egoico, o que
se deve fazer é aplicar a morte em marcha novamente, certo??

R. Sim, continuar aplicando, pois ele pode ter eliminado algumas facetas
mas as outras continuam vivas e se confundem, motivo pelo qual o
estudante pensa que não houve avanço algum.

P. Pelo que entendi então, nesse caso, o correto seria NÃO OLHAR a
qualquer custo, as fêmeas desejáveis que passem por nós no dia a dia, a
fim de não alimentarmos esses egos??

R. Sim, se você olha, alimenta o ego que gosta de olhar e sentir as


emoções morbosas correspondentes. Desde modo, alimenta sua
dependência. Como a luxúria está muito viva, quanto mais olhar, mais
irá desejar, pois não há tal coisa como olhar e não sentir nada.
Futuramente, quando o Ego estiver bem morto e outros sanskaras se
arraigarem profundamente em sua mente, poderá olhar para as mulheres
com certo cuidado. O que se passa é que a luxúria é o defeito mais forte
que temos e trabalhamos sobre ela durante toda a vida.

A auto-observação, neste caso, serve justamente para que você descubra


as olhadelas inconscientes que lança às mulheres, aquelas olhadas que
lança sem se dar conta, e as suprima mediante a Morte em Marcha. Em
outras palavras, você toma consciência de que há uma presença feminina
no ambiente e até interage com ela, mas sem levar sua mente para o
aspecto sexual, você se recusa a perceber sua beleza, a ficar
contemplando e admirando. Quando chegar ao estado de nem sequer
perceber que se trata de uma mulher desejável, terá atingido uma
condição mais ou menos ideal.

Enquanto não alcançamos o estágio de olhar e não nos identificarmos


("Se desejamos e olhamos, nos identificamos, obrigatoriamente.
Somente quem está realmente morto pode olhar sem identificar-se.
Quem está vivo, forçosamente se identifica.") a única saída visível se
torna essa: Não olhar a qualquer custo, ou seja, não alimentar o desejo,
mesmo que se exploda por dentro, e ao mesmo tempo não se identificar
com essa reação, aproveitando e aplicando a morte sobre essa sensação.
Correto? é isso mesmo ?

Praticante5 de agosto de 2012 08:18


P. Enquanto não alcançamos o estágio de olhar e não nos identificarmos
("Se desejamos e olhamos, nos identificamos, obrigatoriamente.
Somente quem está realmente morto pode olhar sem identificar-se.
Quem está vivo, forçosamente se identifica.") a única saída visível se
torna essa: Não olhar a qualquer custo, ou seja, não alimentar o desejo,
mesmo que se exploda por dentro, e ao mesmo tempo não se identificar
com essa reação, aproveitando e aplicando a morte sobre essa sensação.
Correto? é isso mesmo ?

R. Mais ou menos, pois há um equívoco aí em sua pergunta: se você não


contemplar a beleza com os olhos e nem com os pensamentos, não ficará
explodindo de desejos por dentro, como você está pressupondo.

Esse desejo intenso de olhar para mulher linda deve-se ao fato de que a
pessoa pensa na beleza e está se recusando a polarizar-se na não-
identificação, ou seja, está tentando conciliar identificação com a Morte,
o que é um ato contraproducente.

A beleza do maravilhoso corpo feminino é como o encanto da medusa:


atrai o olhar de forma iresistível e te transforma em pedra.

O desejo intenso de olhar para a beleza feminina deve ser enfraquecido


mediante a Morte em Marcha. Se não for enfraquecido, a pessoa
fatalmente irá olhar, fortificará a luxúria e tornar-se-á prisioneira do
desejo.

O que interessa, nesses casos, é acostumar-se a não notar a presença


dessas mulheres, nem sequer percebê-las ali, enquanto potenciais
parceiras sexuais. Você sabe que há um ser do sexo feminino, mas não
se interessa por saber se é jovem ou velha, qual é a forma dos seios, se a
pele é lisa ou não, se possui muitos pelos ou se é depilada etc. Não se
interessa pelos pormenores físicos e anatômicos que a definiriam como
uma parceira desejável ou não. Você não a despe mentalmente para
tentar avaliar ou julgar o grau de atratividade. Nesses sentidos que estou
apontando, você realmente a isola de forma completa e total, mas não
como ser humano. Entendido?

Veja se entendeu bem isso porque é um dos pontos que considero mais
importantes.

Anônimo18 de outubro de 2012 07:54


Perfeitamente.

Praticante5 de agosto de 2012 08:23


Sobre tratá-las como seres divinos, dependo muito do sentido que se
atribui a esta expressão. Se sabemos ver na mulher uma representação da
Grande Mãe, mas sem perder a consciência de que são meras cópias,
cheias de defeitos, e não uma divindade em si, estamos agindo
corretamente. Mas se nos identificamos e achamos que elas são deusas
encarnadas que devem ser adoradas, estamos nos complicando. Quem
adora a forma terrenal das mulheres cai inevitavelmente no culto da
fornicação. Temos que saber que as mulheres, assim como os homens,
possuem três aspectos: o divino, o humano e o infernal.

Anônimo5 de agosto de 2012 08:44


"Esse desejo intenso de olhar para mulher linda deve-se ao fato de que a
pessoa pensa na beleza e está se recusando a polarizar-se na não-
identificação, ou seja, está tentando conciliar identificação com a Morte,
o que é um ato contraproducente."

Polarizar-se na não identificação é tomar partido de que aquelas


sensações morbosas, prazeirosas, que sentimos ao contemplá-las, são
falsas, são ENGANOSAS, são do ego e não pertencem de forma alguma
ao nosso Ser. Correto?

"Você não a despe mentalmente para tentar avaliar ou julgar o grau de


atratividade. Nesses sentidos que estou apontando, você realmente a
isola de forma completa e total, mas não como ser humano. Entendido?"

Sim, entendi. Então a única saída mesmo é não contemplar, cultivar a


não-identificação e por fim, trabalhar com a morte em marcha sobre esse
impulso de olhar suas formas (seja na faculdade, trabalho, rua etc) e
também sobre ficar cogitando como é o corpo dela despido (que é outro
detalhe também) etc.... Certo?

Anônimo5 de agosto de 2012 08:48


Amigo, pegando um gancho nessa questão e ligando ao Maithuna:

Se o praticante não tiver eliminado totalmente a luxúria, mas na hora do


ato, conseguir se manter concentrado, com devoção à Mãe, é possível
que ainda assim se transmute uma energia boa para a Mãe Divina?? Ou
se corre risco de cultivar Kundartiguador??

Praticante7 de agosto de 2012 06:47


P. Polarizar-se na não identificação é tomar partido de que aquelas
sensações morbosas, prazeirosas, que sentimos ao contemplá-las, são
falsas, são ENGANOSAS, são do ego e não pertencem de forma alguma
ao nosso Ser. Correto?

R. Entre outras coisas e desde que não seja mero recalque da tendência
contrária: sim.

P. Então a única saída mesmo é não contemplar, cultivar a não-


identificação e por fim, trabalhar com a morte em marcha sobre esse
impulso de olhar suas formas (seja na faculdade, trabalho, rua etc) e
também sobre ficar cogitando como é o corpo dela despido (que é outro
detalhe também) etc.... Certo?

R. Sim, porém não "por fim" e sim "durante".

Praticante7 de agosto de 2012 06:48


Vejamos um exemplo: você entra em um ônibus, em um vagão de trem
ou em um avião e percebe que há mulheres lindas ali. Você não deve
prosseguir com essa curiosidade, buscando saber quem são, se são loiras
ou morenas, como estão vestidas, a idade que possuem, quais são as
formas corporais etc. Se enveredar por esse caminho, não sairá dele
ileso. Estará reforçando os sanskaras luxuriosos (as sinapses cerebrais
que te fazem ver as coisas sob a ótica da luxúria), ou seja, nutrindo e
reforçando a forma luxuriosa de ver as mulheres. Como terá reforçado as
cadeias que te aprisionam, poderá se debater contra as mesmas à
vontade, tentando resistir ao desejo, e não terá sucesso algum, colherá
somente sofrimento. Não pode haver a Morte enquanto estivermo dando
vida àquilo que queremos que morra. Entendido?
Anônimo18 de outubro de 2012 07:55
Perfeito.

Praticante7 de agosto de 2012 06:54


P. Amigo, pegando um gancho nessa questão e ligando ao Maithuna:

Se o praticante não tiver eliminado totalmente a luxúria, mas na hora do


ato, conseguir se manter concentrado, com devoção à Mãe, é possível
que ainda assim se transmute uma energia boa para a Mãe Divina??

R. Sim, é possível.

P. Ou se corre risco de cultivar kundartiguador??

R. O risco sempre existirá, mas mesmo assim, neste caso é menor do que
quando simplesmente se fornica. Além do mais, as chances desenvolver
o kundalini é claro que aumentam, mesmo que você ainda não tenha
eliminado a luxúria, pois com o fogo sexual as chances de vencer a
luxúria são maiores.

Não é possível eliminar a luxúria antes de praticar a magia sexual porque


a luxúria é o maior de todos os defeitos e sobre ela trabalhamos toda a
vida. Se fôssemos esperar que a luxúria morresse antes de iniciar a
prática sexual, não a começaríamos nunca.

É durante a própria prática sexual que exercitamos e desenvolvemos uma


outra forma de ver o sexo e a mulher. Quanto mais praticarmos
sexualmente da forma correta e com a morte da luxúria, mais nos
polarizamos na castidade e mais leve se torna nossa energia.

Praticante7 de agosto de 2012 06:59


O que importa é nos tornar nosso erotismo cada vez mais leve e
espiritual. O erotismo brutal é animalesco e nos faz retroceder a etapas
ultrapassadas, animalizando-nos. Aquilo que é pesado desce, o erotismo
pesado nos leva para baixo, para o abismo. Em contraposição, a
sexualidade sublime nos eleva.

Os impulsos brutais e tensos da luxúria nos arrastam espiritualmente


para baixo, para os infernos, pela violência de suas correntes. Os
impulsos suaves do erotismo espiritual aumentam nossa vibração e
tornam nossas correntes mais leves, sintonizando-nos com as dimensões
superiores.

Não devemos esperar a pureza antes de começar a magia sexual porque


sem a magia sexual ninguém alcança a pureza. Logo, começamos como
animais e vamos, durante a própria prática animalesca, transformando-a,
ao mesmo tempo em que nos transformamos também em outros
momentos, fora da prática.

Praticante7 de agosto de 2012 07:03


Quanto mais devoção à Mãe Divina durante a prática, mais energia será
conduzida para cima, ainda que haja também certa luxúria residual
durante o ato. Não confundam, entretanto, a luxúria residual com o fogo
erótico direcionado para cima. A luxúria é o fogo direcionado para fora
do corpo.

Anônimo7 de agosto de 2012 08:06


Perfeito.

"Você não deve prosseguir com essa curiosidade, buscando saber quem
são, se são loiras ou morenas, como estão vestidas, a idade que possuem,
quais são as formas corporais etc."

Essa curiosidade, é um detalhe da luxúria, que deve ser eliminado como


qualquer outro certo?
Praticante8 de agosto de 2012 06:42
Este comentário foi removido pelo autor.

Anônimo7 de agosto de 2012 09:27


Pergunta:

Se o iniciado se separar de sua esposa (por motivos quaisquer que sejam)


e arrumar outra 1 ano depois, ele perderá toda Kundalini conquistada?

Ou ela pode continuar intacta desde que, não se desperdice o licor


seminal?

Anônimo7 de agosto de 2012 09:46


Perguntas:

Se estou trablhando constantemente em cima do detalhe que gosta de


"olhar" os corpos das mulheres, percebo certa melhora momentânea, mas
logo após um tempo esse detalhe surge do nada, com força.

Significa que o detalhe é muito forte e preciso continuar aplicando a


morte em marcha sobre ele até ele enfraquecer bastante??

Pode explicar um pouco melhor sobre a questão dos Sanskaras?

Amigo, gostaria de saber sua opinião sobre as inquietudes das mônadas.


Seriam mônadas de mahavantaras de existência longos? Porque essa
particularidade existe só em poucas mônadas?

Penso que seja algo determinado do Absoluto pelo Grande Arquiteto do


Universo, desde o início dos tempos.

Estamos todos na 108° existência?

Parabéns, seus textos são muito bons para estudo.

Saudações Inverenciais.

Anônimo7 de agosto de 2012 10:13


O senhor disse que a energia na época da gravidez é voltada para o feto,
portanto não pode ser feito o Maithuna nessa época.

Os filhos podem nascer saudáveis após esse período, mesmo se um casal


comum e corrente pratiquem o sexo durante a gravidez (considerado
saudável pela ciência ateísta).

Os filhos são afetados de uma forma espiritual (invisível) ? Como eles


são afetados exatamente?

Anônimo7 de agosto de 2012 15:18


Suponhamos que o iniciado já está praticando o Maithuna corretamente
por um certo tempo (15 dias ou 1 mês por exemplo).

E num certo dia, durante o ato, ele faz as petições à Mãe Divina, para
eliminar certos defeitos com o seu fogo.
Pergunta: Se após essas petições, o ato resultar em 'queda', a eliminação
dos defeitos pedidos, serão anulados?

Anônimo7 de agosto de 2012 19:52


O método "carezza" pode ser feito se a mulher do iniciado estiver
gravida??

Praticante8 de agosto de 2012 06:45


P. "Você não deve prosseguir com essa curiosidade, buscando saber
quem são, se são loiras ou morenas, como estão vestidas, a idade que
possuem, quais são as formas corporais etc."

Essa curiosidade, é um detalhe da luxúria, que deve ser eliminado como


qualquer outro certo?

R. Sim. E há vários detalhes desses escondidos, se processando durante


o dia sem serem percebidos.

Praticante8 de agosto de 2012 06:46


Pergunta:

Se o iniciado se separar de sua esposa (por motivos quaisquer que sejam)


e arrumar outra 1 ano depois, ele perderá toda Kundalini conquistada?

R. Não.

Ou ela pode continuar intacta desde que, não se desperdice o licor


seminal?

R. Sim, desde que não desperdice.

Praticante8 de agosto de 2012 06:56


P. Se estou trabalhando constantemente em cima do detalhe que gosta de
"olhar" os corpos das mulheres, percebo certa melhora momentânea, mas
logo após um tempo esse detalhe surge do nada, com força.

Significa que o detalhe é muito forte e preciso continuar aplicando a


morte em marcha sobre ele até ele enfraquecer bastante??
R. Sim e também que o está alimentando por outras vias que você não
percebe.

P. Pode explicar um pouco melhor sobre a questão dos Sanskaras?

R. São formas sinápticas da mente se processar, caminhos seguidos


pelos funcionamentos psíquicos. Quando nos acostumamos a pensar,
sentir ou agir de determinada maneira, estamos fortificando os sanskaras
correspondentes.

P. Amigo, gostaria de saber sua opinião sobre as inquietudes das


mônadas. Seriam mônadas de mahavantaras de existência longos?

R. Não necessariamente, podem ser mônadas jovens também.

P. Porque essa particularidade existe só em poucas mônadas? Penso que


seja algo determinado do Absoluto pelo Grande Arquiteto do Universo,
desde o início dos tempos.

R. Não existem em poucas mônadas e sim em muitas delas. Acontece


que, por outro lado, a maioria das mônadas também não possui a
experiência necessária para controlar os veículos aqui embaixo ou então
preferem trabalhar seus veículos no futuro. Poucas são aquelas que
querem fazer isso já, nesta época e mesmo essas já fracassaram em
várias outras tentativas no passado. No entanto, ao longo de todos os
giros do Samsara, são poucas as que não conseguem sucesso ao final.

P. Estamos todos na 108° existência?

R. Não exatamente todos, mas quase todos. Todos estamos no final do


ciclo, mas temos todas as chances de escapar se arrancamos agora. Isso
não quer dizer que você tenha que eliminar 100% dos egos para escapar
do abismo. Aqueles que se revolucionarem de verdade, ainda que
tenham fracassos isolados aqui e ali, terão suas existências prolongadas
ou podem até mesmo ganhar mais uma existência. O que importa é
arrancar, esquecendo e ignorando totalmente as perdas, caídas, fracassos
e percauços.

Praticante8 de agosto de 2012 07:02


P. O senhor disse que a energia na época da gravidez é voltada para o
feto, portanto não pode ser feito o Maithuna nessa época.
Os filhos podem nascer saudáveis após esse período, mesmo se um casal
comum e corrente pratiquem o sexo durante a gravidez (considerado
saudável pela ciência ateísta)?

R. Não. Estarão com a saúde psicológica comprometida.

P. Os filhos são afetados de uma forma espiritual (invisível) ? Como eles


são afetados exatamente?

R. Serão afetados com maior dificuldade para galgar os degraus


espirituais, manifestarão tendencias luxuriosas logo cedo e terão
dificuldades para atingir a castidade, mas poderão superar tudo isso se
forem adequadamente orientados e trabalharem de forma correta.

P. Suponhamos que o iniciado já está praticando o Maithuna


corretamente por um certo tempo (15 dias ou 1 mês por exemplo). E
num certo dia, durante o ato, ele faz as petições à Mãe Divina, para
eliminar certos defeitos com o seu fogo.

Pergunta: Se após essas petições, o ato resultar em 'queda', a eliminação


dos defeitos pedidos, serão anulados?

R. Não necessariamente. Serão anuladas as mortes dos defeitos que o ato


luxurioso em questão fortificar.

P. O método "carezza" pode ser feito se a mulher do iniciado estiver


gravida??

R. Não, visto que isso é uma forma leve de transmutação. Carezza é sexo
sem penetração.

1. Anônimo8 de agosto de 2012 07:13


Se conhecemos a gnosis na nossa vida, isso se deve à recorrência de
vidas passadas, ou, não necessariamente??

Anônimo8 de agosto de 2012 07:16


A eliminação de defeitos durante o Maithuna, é mais eficiente, do que a
prática da petição, sem o ato, correto??

Então, se tenho detalhes fortes que me importunam durante o dia


(detalhes também não relacionados com a luxúria), posso fazer uma
pequena reflexão na hora do ato e pedir a eliminação? Procede assim,
certo?

Anônimo26 de agosto de 2012 06:29


Se não der pra fazer as respirações, por algum motivo, ocorrerá a
transmutação do mesmo jeito? Mesmo que seja com uma intensidade
menor?

Anônimo26 de agosto de 2012 06:30


Me refiro às respirações após o maithuna.

Praticante29 de agosto de 2012 09:36


Se conhecemos a gnosis na nossa vida, isso se deve à recorrência de
vidas passadas, ou, não necessariamente??

R. A causa mais provável é a ausência de interesse por parte da Mônada.

A eliminação de defeitos durante o Maithuna, é mais eficiente, do que a


prática da petição, sem o ato, correto??

R. Correto

Então, se tenho detalhes fortes que me importunam durante o dia


(detalhes também não relacionados com a luxúria), posso fazer uma
pequena reflexão na hora do ato e pedir a eliminação? Procede assim,
certo?

R. Não. A reflexão tem que ser antes do ato sexual.

Se não der pra fazer as respirações, por algum motivo, ocorrerá a


transmutação do mesmo jeito? Mesmo que seja com uma intensidade
menor? Me refiro às respirações após o maithuna.

R. Não. Neste caso, a energia não trilha os canais que deveria e você,
após algumas semanas, terá uma polução noturna, por excesso de
acúmulo. Além disso, caso se aproxime do orgasmo e se retire sem a
respiração, poderá causar danos ao sistema nervoso.

PS. Estou fechando o blog para comentários por hora. Obrigado pelas
perguntas.
Anônimo12 de outubro de 2012 15:17
Sobre a transmutação das energias:

Nos dias em que eu e minha mulher estamos impossibilitados de praticar


o Maithuna, eu posso transmutar minha energia com a transmutação de
solteiros?? Eu faço o sexto rito, do livro do Peter Kelder (A fonte da
juventude), que é o mesmo em que o Samael ensina no livro dele Yoga
da eterna juventude, o Vajroli Mudra. É uma boa pratica nos dias em que
não posso transmutar com minha mulher?

Entendo a importância de não se chegar perto do orgasmo, pois isso é


prejudicial. Ainda assim, é vantajoso aprendermos a forçar os esfincteres
anais, a fim de que não deixemos o semen sair facilmente?

Durante o ato, é necessária uma respiração forte e profunda?? Ou apenas


a imaginação da energia subindo??

Após às fortes respirações durante 30 minutos, em decúbito dorsal, é


comum sentir uma certa tontura, ou pequena dor de cabeça, quando se
levanta?? Estes são sintomas da energia que foi transmutada??

Acompanho sempre este ótimo blog.

Que a Lei Divina o abençoe com Dharmas espirituais.

Anônimo12 de outubro de 2012 15:27


"Se conhecemos a gnosis na nossa vida, isso se deve à recorrência de
vidas passadas, ou, não necessariamente??

R. A causa mais provável é a ausência de interesse por parte da


Mônada."

Desculpe, não entendi. Se refere à ausência de interesse pelas coisas


materiais?

Praticante12 de outubro de 2012 20:11


A minha resposta está errada. Na verdade, eu havia
interpretado a pergunta como "se NÃO conhecemos a
gnosis..."
A resposta correta é: "o mais provável é o interesse por parte
da Mônada". Ficou claro?

Anônimo13 de outubro de 2012 08:15


Perfeitamente!

Praticante12 de outubro de 2012 20:06


P. Nos dias em que eu e minha mulher estamos impossibilitados de
praticar o Maithuna, eu posso transmutar minha energia com a
transmutação de solteiros??

R. Pode, nada impede.

P. Eu faço o sexto rito, do livro do Peter Kelder (A fonte da juventude),


que é o mesmo em que o Samael ensina no livro dele Yoga da eterna
juventude, o Vajroli Mudra. É uma boa pratica nos dias em que não
posso transmutar com minha mulher?

R. Sim, pode ajudar, mas tem que estar muito atento com essa prática,
pois o V.M. a suspendeu por expor as pessoas ao vício da masturbação.

P. Entendo a importância de não se chegar perto do orgasmo, pois isso é


prejudicial. Ainda assim, é vantajoso aprendermos a forçar os esfincteres
anais, a fim de que não deixemos o semen sair facilmente?

R. Até onde eu saiba, isso ajuda, mas desde que depois você não deixe
de transmutar a energia por meio da concentração e da respiração. Se
reter o esperma por meio do esfincter e não elevar a energia depois, você
terá problemas.

P. Durante o ato, é necessária uma respiração forte e profunda?? Ou


apenas a imaginação da energia subindo??

R. Uma respiração normal é suficiente, inclusive porque tem quer por


pelo menos meia hora. Se você forçar, pode ser que não aguente todo o
tempo. Forçar o corpo não é bom.

P. Após às fortes respirações durante 30 minutos, em decúbito dorsal, é


comum sentir uma certa tontura, ou pequena dor de cabeça, quando se
levanta?? Estes são sintomas da energia que foi transmutada??

R. Isso acontece porque você forçou demais. É melhor respirar


corretamente, sem forçar o corpo, mantendo-se dentro dos seus próprios
limites. Deixe que, com o tempo, você se acostuma a inalações mais
profundas sem nem sequer perceber. Quando der por si, já estará
realizando inalações longas com a mesma naturalidade com que
realizava as inalações curtas. O desenvolvimento da respiração deve ser
natural e gradativo, sem forçar-se. Não as alongue mais do que o
confortável. Entendido?

Praticante12 de outubro de 2012 20:14


P. Se conhecemos a gnosis na nossa vida, isso se deve à recorrência de
vidas passadas, ou, não necessariamente??

R. (corrigida) Não necessariamente, mas possivelmente sim, ou seja,


existem duas possibilidades aí: 1) o interesse da Mônada que nos impele
para o conhecimento espiritual, de existência em existência; 2) a
recorrência que se gesta aqui embaixo quando o Ego toma o lugar desse
impulso. Logo, ambas as coisas podem coexistir ou se alternar uma à
outra.

Anônimo13 de outubro de 2012 08:06


Entendido.

Sem contar, que nos tempos atuais, com a globalização e o


conhecimento disponível à simples cliques de mouse, pode
ser que tenhamos o êxito que não conseguimos em vidas
passadas.

Pode ser que nas nossas vidas passadas, nossas mônadas


estiveram inquietas, procurando saber a verdade e sempre
tiveram crises existênciais, choques... Mas por falta de uma
fonte de conhecimento sólida, não conseguimos nos livrar do
Sansara.

Anônimo13 de outubro de 2012 07:14


Sobre o 6º Rito:

"R. Sim, pode ajudar, mas tem que estar muito atento com essa
prática, pois o V.M. a suspendeu por expor as pessoas ao vício da
masturbação."

Eu não faço com massagem. Eu faço desta maneira, como o video


mostra:

http://www.youtube.com/watch?v=VTG1a3E0zTg

E depois imagino a energia subindo por idá e pingalá.

Pode ser?

Anônimo13 de outubro de 2012 07:52


"O desenvolvimento da respiração deve ser natural e gradativo, sem
forçar-se. Não as alongue mais do que o confortável. Entendido?"

Perfeitamente. Sim, entendido.

"P. Durante o ato, é necessária uma respiração forte e profunda?? Ou


apenas a imaginação da energia subindo??

R. Uma respiração normal é suficiente, inclusive porque tem quer por


pelo menos meia hora. Se você forçar, pode ser que não aguente todo o
tempo. Forçar o corpo não é bom."

Vejamos se eu entendi corretamente: Durante o ato do Maithuna, a


respiração é normal, com a imaginação referida. Na respiração em
decúbito dorsal, é respirando fundo (sem forçar/sem alongar) e
imaginando, por 30 minutos. Correto?

Solta-se o ar de vez, rapidamente? Ou no mesmo rítmo da inalação


(lento e demorado)?

A utilização de mantras é opcional, sendo que ele é subjetivo e serve


apenas como um auxiliar de concentração, correto??

A concentração serve apenas como uma ajuda para não caírmos, é isso?
É a Nossa Mãe Divina que faz todo o trabalho de transmutação de
energias, certo?

Logo, se minha concentração não estiver perfeita, ou falhar em alguns


momentos, ainda assim essa energia será transmutada, certo?

Anônimo13 de outubro de 2012 08:24


Após o Maithuna, quanto tempo depois deve-se tomar banho? O V.M
Rabolú deixa claro que deve-se dar um bom tempo, mas quanto tempo
mais ou menos? Umas 3 ou 4 horas está bom? Ou deve ser mais?

Qual a correlação da alimentação, para a transmutação das energias?


Onde posso ver com detalhes isso, em qual livro? Ouvi dizer que é
importante comermos carne, para se transmutar o elemento fogo.

A ingestão de carne, deve ser evitada ao menos uma vez na semana?


(Como diz na bíblia) Ou é indiferente isso?

Anônimo13 de outubro de 2012 10:12


Minha mulher não transmuta as energias, apenas eu transmuto. Nessas
condições, teria problemas para mim, fazer o maithuna, um dia após o
último dia de menstruação de minha mulher? Ou só teria problema se ela
estivesse fazendo o trabalho de transmutação também?

Anônimo13 de outubro de 2012 10:14


Sobre a ultima pergunta: Levando em consideração que os Mestres
recomendam que deve-se dar pelo menos 7 dias desde o primeiro da
menstruação, para o casal voltar às práticas.

Praticante14 de outubro de 2012 15:55


. Eu não faço com massagem. Eu faço desta maneira, como o video
mostra:

http://www.youtube.com/watch?v=VTG1a3E0zTg

E depois imagino a energia subindo por idá e pingalá.

Pode ser?

R. Sobre práticas que não sejam exatamente as descritas pelos V.V.M.M.


Samael e Rabolú eu nada posso dizer, pois não tenho competência para
isso. Por mais parecidas que tais práticas sejam, podem esconder algo
que só um mestre poderia avaliar. Práticas fora do ensinamento tanto
podem ser inúteis, como podem ser úteis ou prejudiciais. A prática
mencionada se trata de algo que não conheço, não pratico e nada posso
dizer a respeito.

P. Vejamos se eu entendi corretamente: Durante o ato do Maithuna, a


respiração é normal, com a imaginação referida. Na respiração em
decúbito dorsal, é respirando fundo (sem forçar/sem alongar) e
imaginando, por 30 minutos. Correto?

R. A respiração é sempre normal, em qualquer um dos dois casos.

Praticante14 de outubro de 2012 15:55


P. Solta-se o ar de vez, rapidamente? Ou no mesmo rítmo da inalação
(lento e demorado)?

R. No mesmo ritmo da inalação, a não ser que você queira transmutar


com o Ham Sah.

P. A utilização de mantras é opcional, sendo que ele é subjetivo e serve


apenas como um auxiliar de concentração, correto??

R. Correto.

P. A concentração serve apenas como uma ajuda para não caírmos, é


isso?

R. Não, a concentração é um requisito indispensável tanto para não cair,


como para transmutar. A energia não pode ser conduzida sem a
concentração.

P. É a Nossa Mãe Divina que faz todo o trabalho de transmutação de


energias, certo?

R. Quase certo. Ela faz esse trabalha desde que você se concentre.

Praticante14 de outubro de 2012 15:56


P. Logo, se minha concentração não estiver perfeita, ou falhar em alguns
momentos, ainda assim essa energia será transmutada, certo?

R. Não, será transmutada somente nos momentos em que você estiver


concentrado e falhará nos lapsos em que a concentração falhar.

P. Após o Maithuna, quanto tempo depois deve-se tomar banho? O V.M


Rabolú deixa claro que deve-se dar um bom tempo, mas quanto tempo
mais ou menos? Umas 3 ou 4 horas está bom? Ou deve ser mais?

R. Ele não menciona uma quantidade horas. Sendo assim, o mais sensato
é banhar-se somente quando o corpo estiver totalmente sem os efeitos da
prática, esfriado totalmente. Ele diz para banhar-se durante o dia.

P. Qual a correlação da alimentação, para a transmutação das energias?


Onde posso ver com detalhes isso, em qual livro? Ouvi dizer que é
importante comermos carne, para se transmutar o elemento fogo.

R. Carne de porco e alimentos em princípio de deterioração, como


comida que tenha passado de um dia para outro, dificultam ou impedem
a transmutação, por deixarem a energia sexual muito pesada. Há
informações sobre isso no Mistério do Áureo Florescer e também, senão
me engano, no livro Quinto Evangelho, não me recordo direito agora.

Praticante14 de outubro de 2012 15:58


P. A ingestão de carne, deve ser evitada ao menos uma vez na semana?
(Como diz na bíblia) Ou é indiferente isso?

R. Não conheço informações quantitativas sobre isso. Os mestres dizem


unicamente para não comermos muita carne e nem nos tornarmos
vegetarianos, mas não fornecem dados com a precisão numérica
solicitada na pergunta. O ideal é a pessoa ir dosando conforme os sinais
que vai experimentando em seu corpo. O V.M.R. diz que a necessidade
de comer carne varia de uma pessoa para outra.

P. Minha mulher não transmuta as energias, apenas eu transmuto. Nessas


condições, teria problemas para mim, fazer o maithuna, um dia após o
último dia de menstruação de minha mulher? Ou só teria problema se ela
estivesse fazendo o trabalho de transmutação também?

R. Não tem problema, tanto faz se ela transmuta ou não: conte sete dias a
partir do início da menstruação. São orientações que estão no livro
Ciência Gnóstica.

Anônimo14 de outubro de 2012 18:32


"P. A concentração serve apenas como uma ajuda para não caírmos, é
isso?

R. Não, a concentração é um requisito indispensável tanto para não cair,


como para transmutar. A energia não pode ser conduzida sem a
concentração."

É prudente, então, que se transmute com os olhos fechados, para


concentrar melhor, correto?
Anônimo14 de outubro de 2012 18:52
"R. Não tem problema, tanto faz se ela transmuta ou não: conte sete dias
a partir do início da menstruação. São orientações que estão no livro
Ciência Gnóstica."

Qual a implicação, se eu for transmutar antes dos 7 dias a partir do inicio


da menstruação dela?

Anônimo14 de outubro de 2012 18:58


Peço desculpas pelas perguntas minuciosas.
Obrigado pela paciência!
Namastê!

Anônimo15 de outubro de 2012 02:53


Como agir quando a mulher não entende a importancia desses 7 dias?

Anônimo15 de outubro de 2012 13:13


"A magia sexual é uma forma de “prender” a mulher sexualmente a nós,
já que são poucos os homens capazes de realizá-la."

Retirado de Textos Complementares II.

Amigo, é possível realmente prender uma fêmea a nós, mediante a magia


sexual?

Sobre desdobramento astral:

Consigo desdobrar, porém, duro no máximo alguns minutos. As vezes


nem um minuto. Isso é porque meu corpo é fantasmagórico e preciso
criar um corpo astral para durar muito mais tempo e poder viajar pelos
lugares, é isso mesmo? Como resolvo isso?

Na primeira experiência de desdobramento do V.M Samael, ele relata


que sai voando pelo mar e vai até a Europa. Como isso é possível, ele
demorar tanto tempo em astral se ele não tinha o corpo astral formado?
Ou ja tinha?

Obrigado.
Anônimo15 de outubro de 2012 20:39
Após a transmutação, em decúbito dorsal temos 2 métodos:

- Ham Sá, com imaginação;


- Respiração normal com imaginação;

Ambos tem a mesma eficácia, se feitos corretamente, sim?

Anônimo19 de outubro de 2012 09:48


Visto que, o que faz a transmutação ocorrer é o polo feminino +
masculino; caso a mulher retire o útero por conta de mioma, tumor ou
algo assim, o homem ainda conseguirá transmutar suas energias?

Praticante20 de outubro de 2012 01:47


P. É prudente, então, que se transmute com os olhos fechados, para
concentrar melhor, correto?

R. Sim.

P. Qual a implicação, se eu for transmutar antes dos 7 dias a partir do


inicio da menstruação dela?

R. Você cometerá Violência contra a Natura e adquire um karma.


Suspeito ainda que não haverá transmutação.

P. Como agir quando a mulher não entende a importancia desses 7 dias?

R. Nesse caso a pessoa deve optar entre adquirir um karma para agradá-
la ou rebelar-se contra esse despotismo. O homem estará ante o dilema
de agradar a mulher ou progredir espiritualmente. Como os homens são
muito submissos à vontade das mulheres, costumam fracassar quando
elas colocam as primeiras barreiras. O ideal seria rebelar-se contra esse
domínio feminino. Este é o meu ponto de vista.

P. Amigo, é possível realmente prender uma fêmea a nós, mediante a


magia sexual?

R. Não, ela somente contribui para isso, ao lado de outros fatores.

Anônimo20 de outubro de 2012 08:09


"R. Nesse caso a pessoa deve optar entre adquirir um karma
para agradá-la ou rebelar-se contra esse despotismo. O
homem estará ante o dilema de agradar a mulher ou progredir
espiritualmente. Como os homens são muito submissos à
vontade das mulheres, costumam fracassar quando elas
colocam as primeiras barreiras. O ideal seria rebelar-se contra
esse domínio feminino. Este é o meu ponto de vista."

Concordo e entendo perfeitamente.

Praticante20 de outubro de 2012 01:48

P. Consigo desdobrar, porém, duro no máximo alguns minutos. As vezes


nem um minuto. Isso é porque meu corpo é fantasmagórico e preciso
criar um corpo astral para durar muito mais tempo e poder viajar pelos
lugares, é isso mesmo? Como resolvo isso?

R. Isso é porque você altera demais suas emoções durante a experiência.


Você resolve isso estabilizando as emoções enquanto estiver em astral.
Tem que trabalhar sobre as emoções que te assaltam naquele momento.
Como o mundo astral é um mundo real, quando voamos, por exemplo,
sentimos as mesmas emoções que teríamos caso voássemos fisicamente.
As emoções intensas, durante as saídas astrais, provocam o retorno ao
corpo físico. Procure acostumar-se com a experiência e ver tudo com
naturalidade, com calma.

P. Após a transmutação, em decúbito dorsal temos 2 métodos:

- Ham Sá, com imaginação;


- Respiração normal com imaginação;

Ambos tem a mesma eficácia, se feitos corretamente, sim?

R. Sim, de acordo com o V.M.R.

P. Visto que, o que faz a transmutação ocorrer é o polo feminino +


masculino; caso a mulher retire o útero por conta de mioma, tumor ou
algo assim, o homem ainda conseguirá transmutar suas energias?

R. Sim, consegue. Mesmo sem útero a mulher ainda continua dando a


polaridade necessária.

Anônimo20 de outubro de 2012 08:24


"P. Amigo, é possível realmente prender uma fêmea a nós, mediante a
magia sexual?

R. Não, ela somente contribui para isso, ao lado de outros fatores."

Por favor... poderia explicar melhor isto?

Kernel21 de outubro de 2012 14:54


Se ganhamos poderes apos as praticas segundo muitos ensinamentos
gnosticos, como podemos garantir que não é o ego que manuseia ele?
Como sabemos se não é o ego se passando por santo? E se aproveitando
do grande conhecimento? Quando oramos a nossa divina mãe como
sabemos se o ego não está suplicando? Como sabemos se não é o ego
que pratica o pranayama? Se Samael Aun Weor deixou 5 livros,
suspendendo os outros, então os ensinamentos magicos são discartados
do livro Yoga o livro amarelo?

Kernel21 de outubro de 2012 15:15


Sabemos que o micro e macro se cruzam e dispersam de forma
inimaginval, entao , isso reflete os estados internos e externo que se
cruzam.

Porem, se o casamento material estah parecendo um circo nos dias


atuais, internamente o mesmo propoe, ou seja o casamento espiritual
seria basicamente o mesmo inferno.

Voce poderia arrumar uma mulher e se casar no espiritual ou


fisicamente, praticar maithuna ou sexo comum e ateh inferior.

O final nao seria triste de mesma forma?

Porque se nao a compreensao do sexo oposto da transmutacao sexual, a


mulher nao se transforia apenas em uma alavanca sem ao menos saber?

Na india o Maithuna eh praticado Dentro do Brahmacharya, o


Brahmacharya ele viabiliza conduta interna e externa, ou seja o que
viabiliza um matrimonio nos papeis e tbm no espiritual, nao seria
antagonico um casamento espiritual sem o material? Nao seria conflito
de vivencia interna com externa? nao poderia ser uma colisao vivencial
do seu interior com exterior?, a colisao psiquica nao pode gerar doencas
graves?
Kernel21 de outubro de 2012 15:38
Digamos, vc entende de transmutacao sexual, e sua parceira nao, por
mais que ela seja adepta a um relacionamento serio, que na grande
maioria eh temporario no dias em que vivemos em grande escala, sem
querer generalizar claro.

Voce procura praticar o maithuna, enquanto sua parceira nao conhece o


sexo superior, a consequencia eh ela produzir larvas astrais que farah
mal para o casal como todo na hora da relacao.

Desculpa a ausencia de acentos estou tendo dificuldades com este


teclado.

Anônimo22 de outubro de 2012 05:38


Amigo, quando estamos em astral e fazemos o pedido ao Pai Interno,
para que nos leve à Igreja Gnóstica para receber o ensinamento
diretamente dos Mestres(Como ensinou o V.M Rabolú) e não somos
levados até lá, isso seria por falta de méritos? Ou outra coisa impede
isso? Deve-se continuar tentando?

Anônimo24 de outubro de 2012 07:10


Quando se começa a aplicar a Morte em Marcha nos sonhos, mesmo que
não seja um sonho lúcido, é um bom sinal?

A respeito do centro instintivo: O sobrecarregamos mesmo quando


dormimos um pouco mais tarde, mas ainda assim dormimos até mais
tarde, para recuperarmos? Desequilibramos todos os centros, ainda
assim? Ou devemos dormir sempre cedo, no máximo 22 hrs ?

Praticante24 de outubro de 2012 07:26


"P. Amigo, é possível realmente prender uma fêmea a nós, mediante a
magia sexual?

R. Não, ela somente contribui para isso, ao lado de outros fatores."

Por favor... poderia explicar melhor isto?

R. Sim: a magia sexual não é o único fator que aproxima a mulher do


seu homem. Além da magia sexual, a postura masculina adotada também
conta. Portanto, o que ligará a mulher a você será um conjunto de
características e não somente uma ou outra. No caso da magia sexual, o
sexo deixa de ser egoísta e algo feito às pressas e sem reflexão. Como o
orgasmo não é procurado, o ato sexual se torna prolongado. O
prolongamento do ato sexual torna-o mais atrativo para a mulher. Há
exaustiva explicação sobre isso na literatura recomendada.

Anônimo24 de outubro de 2012 11:08


Esclarecido, obrigado.

Praticante24 de outubro de 2012 07:45


P. Se ganhamos poderes apos as praticas segundo muitos ensinamentos
gnosticos, como podemos garantir que não é o ego que manuseia ele?

R. Somente pela Morte se consegue tal garantia. O ego usará os poderes


para satisfação dos seus desejos. Já a essência os usará de acordo com as
instruções superiores.

P. Como sabemos se não é o ego se passando por santo? E se


aproveitando do grande conhecimento?

R. Somente mediante a Morte e o despertar é que tal discernimento vai


se formando. Quem não pratica a Morte e nem a meditação jamais
saberá disso e sempre confundirá as coisas.

Praticante24 de outubro de 2012 07:46


P. Quando oramos a nossa divina mãe como sabemos se o ego não está
suplicando?

R. Somente mediante a Morte e o despertar, no entanto, o Ego irá buscar


sempre o egoísmo: satisfação de desejos, poderes etc. A pessoa tem que
olhar sinceramente para dentro de si para discernir se está pedindo algo
legítimo ou um mero capricho egóico.

P. Como sabemos se não é o ego que pratica o pranayama?

R. Do mesmo modo que diferenciamos em qualquer outra situação: o


ego sempre tende à satisfação dos desejos, ao bruto, ao material (ainda
que se sutilize e disfarce), ao animal (etapas anteriores de nosso processo
evolutivo, involução, retrocesso). Tudo depende da motivação: qual é
sua motivação ao fazer o pranayama? Para que você quer fazê-lo? Com
qual objetivo? Se for um objetivo inferior, pode ter certeza de que é o
ego que o realiza. Tudo o que tendo a atrair para baixo, para a matéria,
desejos corporais, animalidade etc. pertence ao Ego.

P. Se Samael Aun Weor deixou 5 livros, suspendendo os outros, então os


ensinamentos magicos são discartados do livro Yoga o livro amarelo?

R. Depende: se entrarem em conflito com os ensinamentos dos 5 livros


principais, devem ser descartados. Caso contrário, não. Em alguns desses
livros não básicos foram introduzidas práticas de magia negra.

Kernel24 de outubro de 2012 20:18


R. Depende: se entrarem em conflito com os ensinamentos
dos 5 livros principais, devem ser descartados. Caso
contrário, não. Em alguns desses livros não básicos foram
introduzidas práticas de magia negra.

Sobre esta questão, seria os livros adulterados, qual não está


adulterado de Samael?

O vajroli mudra é o 10 movimento de Yoga do praticamente


Brahmacharya, sei que existe uma versão inferior, e o
Croach, aquele que se imita um sapo com som, não me parece
nada haver com transmutação para soolteiros.

Me limito ao pranayama e mantras, mas teria alguma versão


que não tenha esses ritos de magia negra?

Praticante24 de outubro de 2012 07:47


P. Sabemos que o micro e macro se cruzam e dispersam de forma
inimaginval, entao , isso reflete os estados internos e externo que se
cruzam.

Porem, se o casamento material estah parecendo um circo nos dias


atuais, internamente o mesmo propoe, ou seja o casamento espiritual
seria basicamente o mesmo inferno.

Voce poderia arrumar uma mulher e se casar no espiritual ou


fisicamente, praticar maithuna ou sexo comum e ateh inferior.

O final nao seria triste de mesma forma?

R. Seria.
P. Porque se nao há compreensao do sexo oposto da transmutacao
sexual, a mulher nao se transforia apenas em uma alavanca sem ao
menos saber?

R. Sim, se transforma em uma alavanca. Se você não lhe dizer, ela não
saberá disso. Se lhe disser, ela saberá.

Anônimo24 de outubro de 2012 10:53


"O final nao seria triste de mesma forma?

R. Seria."

Desculpe minha intromissão nesse quesito é que surgiu outra


dúvida minha.

O final seria triste, mesmo se o aspirante (não casado na lei)


trabalha de forma correta com os três fatores (ou pelo menos
está buscando a perfeição) e é casto?

Praticante24 de outubro de 2012 07:48


P. Na india o Maithuna eh praticado Dentro do Brahmacharya, o
Brahmacharya ele viabiliza conduta interna e externa, ou seja o que
viabiliza um matrimonio nos papeis e tbm no espiritual, nao seria
antagonico um casamento espiritual sem o material?

R. Sim, seria antagônico.

P. Nao seria conflito de vivencia interna com externa? nao poderia ser
uma colisao vivencial do seu interior com exterior?, a colisao psiquica
nao pode gerar doencas graves?

R. A pergunta está ininteligível para mim, não a compreendi.

Praticante24 de outubro de 2012 07:49


P. Amigo, quando estamos em astral e fazemos o pedido ao Pai Interno,
para que nos leve à Igreja Gnóstica para receber o ensinamento
diretamente dos Mestres(Como ensinou o V.M Rabolú) e não somos
levados até lá, isso seria por falta de méritos? Ou outra coisa impede
isso? Deve-se continuar tentando?

R. Pode ser falta de méritos, o que não significa que a pessoa esteja
condenada para sempre a ser mantida afastada, o que ela deve fazer
nesses casos é continuar trabalhando na Morte até que se torne uma
pessoa aceitável. Pode ser também por falta de exercício e de preparo no
astral. Quando você suplica para ser levado a algum lugar, deve aguardar
um pouco e esperar que oambiente se modifique. Se você não puder ser
levado à Igreja, poderá ser levado a outros lugares, a outros templos da
natureza. É claro que você deve procurar evitar os templos de magia
negra.

P. Quando se começa a aplicar a Morte em Marcha nos sonhos, mesmo


que não seja um sonho lúcido, é um bom sinal?

R. Um ótimo sinal. Você continuar praticando aqui e lá também. Se


estiver lúcido, melhor ainda. O que interessa é despertar a consciência.

Praticante24 de outubro de 2012 07:50


P. A respeito do centro instintivo: O sobrecarregamos mesmo quando
dormimos um pouco mais tarde, mas ainda assim dormimos até mais
tarde, para recuperarmos?

R. Não, durante o sono os centros não estão sendo gastos, pois estão com
a atividade reduzida ao mínimo.

P. Desequilibramos todos os centros, ainda assim?

R. Assim como? Não entendi esta parte.

P. Ou devemos dormir sempre cedo, no máximo 22 hrs?

R. O melhor é dormir cedo. Se você aprender a meditar bastante,


dormirá enquanto medita e atravessará a noite.
Responder

Anônimo24 de outubro de 2012 09:43


"P. Desequilibramos todos os centros, ainda assim?

R. Assim como? Não entendi esta parte."

Eu quis fazer referência a isto: Por exemplo, dormir meia


noite ou 1 da manhã, para se acordar mais tarde, por exemplo
10 ou 11 horas. Isto desequilibra os centros?
Praticante24 de outubro de 2012 07:51
(continuação)...pois você pode meditar sentado e deitado. Se precisa
dormir para descansar e trabalhar no dia seguinte, pode meditar deitado
mesmo. Se dormir e apagar, não se incomode, pois é comum as pessoas
terem experiências absolutamente conscientes e se esquecerem delas
quando acordam.

Praticante24 de outubro de 2012 08:06


R. Consigo desdobrar, porém, duro no máximo alguns minutos. As vezes
nem um minuto. Isso é porque meu corpo é fantasmagórico e preciso
criar um corpo astral para durar muito mais tempo e poder viajar pelos
lugares, é isso mesmo?

R. Não necessariamente, pois muitas bruxas não possuem corpo astral


solar e se desdobram à vontade. O problema maior parece ser a
instabilidade emocional.

P. Como resolvo isso?

R. Aprendendo a ficar calmo quando se ver conscientemente em astral.

P. Na primeira experiência de desdobramento do V.M Samael, ele relata


que sai voando pelo mar e vai até a Europa. Como isso é possível, ele
demorar tanto tempo em astral se ele não tinha o corpo astral formado?
Ou ja tinha?

R. Já tinha, pois ele os criou na Lemúria.

Anônimo30 de outubro de 2012 09:24


"R. Não necessariamente, pois muitas bruxas não possuem
corpo astral solar e se desdobram à vontade. O problema
maior parece ser a instabilidade emocional.

P. Como resolvo isso?

R. Aprendendo a ficar calmo quando se ver conscientemente


em astral."

Resolvo isso com a Morte em Marcha também? Ou existe


outra maneira?
Anônimo30 de outubro de 2012 09:24
Aplico a Morte em Marcha na emoção sentida na hora? Seria
isso?

Praticante31 de outubro de 2012 20:15


R. Resolve com a Morte em Marcha durante o dia, nas
emoções exaltadas,e também no momento em que estiver no
astral. Além disso, tem que manter a mente quieta, não pensar
na questão, e também procurar prender a atenção no presente.

Praticante31 de outubro de 2012 20:15


Segurar um objeto astral com a mão e concentrar-se nisso
também ajuda a estabilizar a emoção.

Anônimo1 de novembro de 2012 10:20


"Segurar um objeto astral com a mão e concentrar-se nisso
também ajuda a estabilizar a emoção."

Devo fazer isso, flutuando com o objeto na mão?

Eu já tentei isso, mas não consegui ficar muito tempo. Talvez


eu precise treinar mais a concentração no momento presente.

Coisas que costumam ocorrer:

Muitas vezes, após eu flutuar, acontece de eu não conseguir


enxergar nada. Porém, outras vezes eu consigo enxergar
numa boa e com nitidez.

O que acontece às vezes, é que, quando eu me desdobro e me


levanto, sinto uma sonolência terrível, como se eu estivesse
com o corpo astral dopado. Então fico flutuando igual uma
pluma no ar.

Porque essas coisas ocorrem? De qualquer maneira, irei


desenvolver melhor a concentração e tentarei melhor esse
lance do objeto, pq só tentei uma vez.

Eu já observei que, às vezes, quando eu me desdobro e saio


andando, eu vou mais longe e consigo demorar um pouco
mais.

Será que essas coisas ocorrem porque eu só me desdobro de


manhã? (por exemplo 6, 7, 8, ou 9 horas) Ou isso não faz
diferença nessas coisas?

Obs: Eu sempre tento desdobrar quando me deito à noite, mas


sempre sem sucesso.

Anônimo1 de novembro de 2012 10:31


Lendo o seguinte trecho do livro A Águia Rebelde, o V.M.
Rabolú diz o seguinte:

"V.M. – Não, pedir à Mãe Divina e ao Pai força e que nos


controlem, sim?

Como eu fiquei um tempo. Estava no México e todas as


noites saía em astral. Flutuava até certo ponto. Pum! Ficava
estático e quando eu fazia esforço para seguir... não, prum!
Outra vez no corpo. Um ego meu. Até que o pude conjurar.
Então, já aí se fica livre dessa força, porque
várias noites me fez a mesma jogada e não é uma entidade em
particular, senão é um ego de nós mesmos."

Será que o Mestre se refere ao mesmo problema que eu


relatei, ou entendi errado? (Conjurações podem ajudar nesse
problema?)

Kernel24 de outubro de 2012 20:07


Esclarecendo essa duvida.

O aspirante a gnose samaeliana e outros tipos de ensinamentos


espirituais, de conhecimento interior/superior, viveria um conflito
pois, se ele for casado espiritualmente, não se da por igual fisicamente.

O casamento espiritual, está ligado a relação intima, embora no tempo


do Samael o casamento no papel fosse mais viavel, não me parece,
mesmo que seja a unica solução, casar só no espiritual, ja que no
material não da certo devido os motivos de hoje, no espiritual também
não dará, é muito arriscado e mais facil desenvolver para baixo. Seria
antagonico, na questão de desenvolver doenças pela seguinte questão:
Sua parceira está preparada para seguir o mesmo caminho
interno/externo?

Se ela fazer só para agradar o parceiro, ela poderá desenvolver suas


larvas mentais e astrais, e passar para relação, é o que normalmente
acontece, sem contar que pegamos contaminação de outras relações se
não sabemos o passado.

O que falo de conflito interno e externo, é o mesmo do padre bonzinho


na frente de todos, mas dentro dele está louco para cometer um adulterio,
é desse conflito que falo, é dele também que se desenvolvem doenças.

A conduta tem que ser reta, dentro e fora de si.

Como disse Jesus Cristo, "Assim na terra como no céu"

Resposta ao anonimo e ao Praticante.

Se eu cometi algum erro me corrijam, se tiverem algum ponto de vista


que não entendi, ou melhor, que eu não vi, continue a postar.

Praticante25 de outubro de 2012 06:34


Sinto que falta clareza aí. Parece-me que você não encontra
com facilidade as palavras adequadas para expressar a dúvida
que deseja.

A falta de poder de síntese pode estar te prejudicando. Tente


formular perguntas curtas, sem pensar de forma tão dispersa,
para que possamos ajudá-lo, ok?

Anônimo25 de outubro de 2012 03:06


"Se ela fazer só para agradar o parceiro, ela poderá desenvolver suas
larvas mentais e astrais, e passar para relação, é o que normalmente
acontece, sem contar que pegamos contaminação de outras relações se
não sabemos o passado."

Kernel, sobre as larvas astrais, se a mulher não estiver seguindo o


caminho, eu ainda assim acredito que, se o homem é casto e pratica a
morte em marcha, ele tem chances de vencer essas tais larvas astrais da
mulher. E acredito que a energia da Mãe Divina protege o aspirante. Por
favor, Praticante, me corrija se eu estiver supondo errado.

"O que falo de conflito interno e externo, é o mesmo do padre bonzinho


na frente de todos, mas dentro dele está louco para cometer um adulterio,
é desse conflito que falo, é dele também que se desenvolvem doenças."

Como já foi dito aqui neste blog, pelo Praticante, os ascetas e padres que
cometem esses erros, é pq simplesmente reprimem a vida toda os
desejos. E quando se reprime os desejos, sem analisar, observar e depois
suplicar pela Morte deles, isso faz com que o desejo vá para partes mais
internas do subconsciente, fazendo-o mais forte ao invés de mais fracos.
É isso que acontece no caso deles.

Praticante25 de outubro de 2012 06:15


A pessoa que estiver trabalhando corretamente na Morte e na
transmutação não terá problema algum com larvas astrais de sua esposa,
de parentes ou de amigos, estará protegida.

Praticante25 de outubro de 2012 06:20


P. Sobre esta questão, seria os livros adulterados, qual não está
adulterado de Samael?

R. É impossível saber pois ninguém sabe onde estão os originais destes


livros. Exemplos de contradições marcantes podemos encontrar em
edições diferentes dos mesmos livros, como por exemplo, em edições de
O Matrimônio Perfeito, Magia Crística Asteca, Tratado de Medicina
Oculta e Magia Prática, A Montanha de Juratena e outros.

Praticante25 de outubro de 2012 06:22

P. O vajroli mudra é o 10 movimento de Yoga do praticamente


Brahmacharya, sei que existe uma versão inferior, e o Croach, aquele
que se imita um sapo com som, não me parece nada haver com
transmutação para solteiros.

Me limito ao pranayama e mantras, mas teria alguma versão que não


tenha esses ritos de magia negra?
R. Sim: os cinco livros básicos editados pelo MGCUBNO. Mas ali não
há explicação alguma sobre como fazer o vajroli mudra.

Praticante25 de outubro de 2012 06:25


P. "O final nao seria triste de mesma forma? R. Seria." Desculpe minha
intromissão nesse quesito é que surgiu outra dúvida minha. O final seria
triste, mesmo se o aspirante (não casado na lei) trabalha de forma correta
com os três fatores (ou pelo menos está buscando a perfeição) e é casto?

R. Não, nesse caso o final seria feliz para o aspirante e infeliz para sua
esposa. O aspirante teria um fim triste somente caso se deixasse arrastar
pela esposa para baixo.

Kernel25 de outubro de 2012 19:10


Então ficamos imunes as larvas astrais/mentais da parceira
mediante o maithuna com a parceira?

Praticante25 de outubro de 2012 06:29


P. "P. Desequilibramos todos os centros, ainda assim? R. Assim como?
Não entendi esta parte." Eu quis fazer referência a isto: Por exemplo,
dormir meia noite ou 1 da manhã, para se acordar mais tarde, por
exemplo 10 ou 11 horas. Isto desequilibra os centros?

R. Isso desequilibra um pouco, se comparado a quem dorme durante


todo o período de escuridão noturna. O ideal é dormir durante a noite e
atuar durante a luz do dia, para que a pineal possa trabalhar direito e
regular os hormônios e neurotransmissores corretamente. As correntes
astrais e etéricas que atuam sobre o corpo físico durante o dia diferem
daquelas que o fazem durante a noite. No entanto, é melhor dormir assim
do que não dormir nada.

Anônimo25 de outubro de 2012 07:50


Em todo caso, sim, isto desequilibra (mesmo que seja um
pouco), como eu esperava. Obrigado.

BOB25 de outubro de 2012 07:42


Olá, participei da instituição da nova ordem. Depois q a mesma fechou
refleti sobre a mesma e percebi q o mecanismo q era utilizado éra muito
semelhante a de uma igreja onde era colocado que "somente os mestodos
da mesma é q podem salvar uma pessoa,qualquer coisa fora disso é
incompleto e pertencia a loja negra" Tenho estudado outros professores
espirituais anteriores a samael e percebi q a maioria deles pregava a
liberdade de busca e presavam pela a não alienação de achar q somente a
gnose de samael é a correta. Gostaria q não interpretasse essa minha
colocação como algo reacionário ou agressivo, mas creio agora q mais q
aceitar tudo cegamente devo reflexinar sobre tudo e ter meu próprio
dicernimento. Vários mestres mostram q podemos chegar a iluminação e
não ensinam o segundo fator. Não discarto q a parte sexual seja um
caminho que pode ajudar na realização do individuo mas pelos vários
exemplos, como krishinamurt, ou lobsang rampa, não é uma verdade
absoluta. Fica difícil desconsiderar que muitas pessoa q estudam outros
mestres e seguem seus preceitos não consigam um desenvolvimento
espiritual. Quando na instituição muitas colocações eram baseadas no
medo, isso me fez com o tempo reconsiderar minha avaliação sobre
essas verdades pregadas pelo movim. gnóstico, sem falar nas várias
"facçõe que surgiram depois do fechamento que seguiram com a mesma
atitude e que me fez ver como eu próprio atuava quando na isntituição.
Sei que pode-se argumentar q a instituição é uma coisa e a gnose é outra
mas parece ser uma linha muito tênue. Bom espero ter sido claro nas
minhas colocações como reflexões pois não posso desconsiderar tudo
que aprendi mas também não posso desconsiderar tudo q aprendi de
outros autores não gnósticos q com certeza não seriam aceitos pelo
coordenador da instituição, autores como Ramana maharshi (nascido
antes de samael) Eckhart tolle (autor de nossa época que escreveu o livro
o poder do agora).
Abraço

Kernel25 de outubro de 2012 19:37


Se voce notar, a tendencia de alguns mestres para o ocidente
e para o oriente.

Se voce notar, o mestre para cada geração/era vai notar a


clareza, as mudanças de ensinamentos espirituais , mas nada
foge da base.

Basicamente cada ensino serve para cada era, assim como o


verdadeiro budismo, escrito no seu livro original, só
funcionaria na integra para 5 seculos superiores ao que vivia
Senhor Siddharta Gautama.

Quando se fala do segundo fator, é um tabu.


Eu tenho particulamente penso o seguinte, sem descartar o
estudo e a pratica dos demais seguidores espirituais, temos
que se pagar o Karma 2x, isso é um ponto de vista particular.

A primeira vez, porque Karma é lei e temos dividas, mesmo


não tendo dividas, é lei, e a segunda vez é aumentar as
praticas espirituais, ou seja fazer bem a nós mesmo no sentido
estritamente espiritual e fisico claro cuidar do fisico.

Pra mim o segundo fator seria consequencia do primeiro


fator, por etapas.

Alias aquele que cumprir o primeiro fator na integra


obviamente já está bom passo dado e as hierarquias há de nos
ajudar.

Analizando o coletivo, não ouve morte do ego alguma e sim


seu robustecimento, por isso o segundo fator fica dificil.

O Primeiro fator, eliminamos TER como dizia Buda, para o


Ser, consequentemente, nossas celulas mudam, nosso
magnetismo passa ser diferente, seria uma preparação para o
segundo fator.

Kernel25 de outubro de 2012 19:38


Claro tem ego que só vai sair com o segundo fator.

Mas tudo é gradativo, os testes e somos preparados para o tal.

Praticante31 de outubro de 2012 20:13


Todos esses problemas foram criados pelos Egos das pessoas,
elas não foram capazes de vê-los em ação e os confundiram
com virtudes.

Os Venerável Mestre Rabolú ensina que existem vários


caminhos, conforme a meta que se tenha. Quem quer
liberação total, tem que ser pelos três fatores e não há saída.
Quem quer uma liberdade parcial, pode se ocupar com todos
os outros caminhos.

O caminho ensinado na Gnosis não pertence ao Mestre


Samael e nem ao Mestre Rabolú, são práticas antigas e foram
praticadas por vários povos.

Anônimo25 de outubro de 2012 11:14


1) Quando estamos meditando e de repente somos levados a um local,
nossa visão fica toda branca, mas só escutamos ruídos, às vezes uma
música bonita, ou burburinhos de pessoas, que não escutamos
exatamente o que estão falando..... Isso seria o nosso percentual de
consciência livre, vagueando em outros mundos? Seria no Astral, ou
algum outro lugar?

2) Como passamos a saber que as coisas que nos ocorrem no dia a dia,
são pequenas provas que as Hierarquias nos mandam (ou se não são
provas)?

3) O V.M. Rabolú disse que podemos pedir à Mãe Divina para curar
doenças que temos. Se não for karmica ela cura. Como desdobrimos se
doenças que temos, são karmicas ou não-karmicas?

4) O desdobramento mental, mesmo feito com o nosso corpo astral


lunar, é um eficiente meio de descobrir e estudar nossa legião de eus?

Anônimo29 de outubro de 2012 09:58


PS.: Sobre a pergunta 3, me refiro à doenças físicas.

Anônimo27 de outubro de 2012 07:42


Corrigindo a pergunta 3: Como descobrimos*

Doug27 de outubro de 2012 18:16


Gostaria de começar as praticas de meditação, o que voce me recomenda
para ler e aprender algo a respeito. Tenho lido seu blog e alguns
materiais seus e tenho lido A grande rebeliao do Mestre Samael. Me
ajude!
Anônimo27 de outubro de 2012 18:55
Amigo, se vc digitar na barra de pesquisa deste blog, a
palavra "meditação", vc encontrará muitos textos com
MUITO material BOM. Por exemplo:

http://dwere.blogspot.com.br/search?q=medita%C3%A7%C3
%A3o

http://dwere.blogspot.com.br/search?q=medita

http://dwere.blogspot.com.br/search?q=concentra%C3%A7%
C3%A3o

Para começar as praticas de meditação, a primeira coisa que a


pessoa precisa aprender é a concentrar-se adequadamente.

Os Veneráveis Mestres Samael e Rabolú sempre


recomendavam que devemos fazer as nossas tarefas diárias
com atenção e com concentração. Uma atividade por vez e
sem pensar nas demais atividades. Isto é, viver o presente.
Não viver o passado e nem o futuro.

Se essa atividade for realizada com disciplina, a concentração


durante a meditação será mais fácil pra vc.

Recomendamos vc ler os livros 'A Águia Rebelde' e 'Ciência


Gnóstica' do V.M Rabolu.

Kernel28 de outubro de 2012 13:33


Ficamos imunes as larvas astrais/mentais da parceira mediante o
maithuna caso ela nao seja praticante da mesma?

Anônimo28 de outubro de 2012 14:30


Olá Kernel, segundo o Praticante, sim. É como ele mesmo
disse lá em cima:

"A pessoa que estiver trabalhando corretamente na Morte e na


transmutação não terá problema algum com larvas astrais de
sua esposa, de parentes ou de amigos, estará protegida."
Steve28 de outubro de 2012 23:29
Este comentário foi removido pelo autor.

Steve28 de outubro de 2012 23:33


Ao exceder o tempo de sexo sem buscar a ejaculação, notei que
realmente existe uma energia/disposição maior do homem.

Entretanto, nas parceiras o efeito pareceu-me contrário; elas se tornam:

- Mais orgásmica; (creio que isso tb roube energia).


- Mais apegada e desejosa de sexo;
- Mais preguiçosa e Indolente para com as tarefas;
- Os pequenos defeitos costumam aumentar com o tempo. (Quem é
agressiva se torna mais agressiva, quem é gulosa se torna mais gulosa,
etc).

É como se eu fosse em direção a um caminho e ela fosse pelo oposto.

O caminho da mulher é TAMBÉM fazer o sexo sem buscar o orgasmo?

Qual caminho a mulher deve percorrer para atingir sua liberdade e


remover os egos? (Visto que elas não são muito boas em auto-observar e
assumir as próprias falhas).

Sexo sem a mulher ter orgasmo, não o tornaria sem graça?

Grato.

Anônimo29 de outubro de 2012 09:56


Amigo Praticante,

Sabemos que a união karmica termina quando o karma dos 2 já foi pago.

Quando sabemos que o karma (dessa união) dos 2 já foi pago? É quando
os dois terminam e ambos compreendem o rompimento da relação?

Sabemos também que a Lei Divina aceita o rompimento, quando há


traição de um dos lados.

Em qual outro caso é permitido o rompimento desta relação?


Gostaria de aclarações nessas questões.

Kernel29 de outubro de 2012 11:43


Sei que o Praticante ira responder, me desculpe a intromissao mas
tambem eh um assunto de meu interesse, pois eh um argumento pratico e
interessante, pois a kundalini sobe na coluna do homem e da mulher nao
nesse caso?, basicamente ela nao se preparou para rececer a kundalini,
mesmo tendo assim ¨por cima¨ o conhecimento do sexo superior, mas
nao fazer na pratica.

Entao sua Kundalini sobe e da sua amada desce?

Ainda nao entendo essa procedencia, mas vou reler o matrimonio


perfeito, Kundalini Yoga.

O Objetivo do Sexo Superior, eh avivar nossos corpos supeiores,


enquanto praticamos com o exercicio de imaginacao sugerido dos
mestres, e oramos para nossa mae interior eliminar determinados
defeitos.

Porem segundo os mestres, existe uma guerra de cel e inferno nessa


pratica quando feita honestamente dentro de nos,

Porque vc ora para desintegrar tal defeito interno e tbm na sua amada,
vide o ensinamentos de Samael quando um ora para a morte do ego do
outro isso independente do maithuna tbm, mas ao mesmo tempo se a
amada nao eh praticante do sexo superior, ela alimenta a luxuria e seus
demais apegos, como colega citou acima.

Um sobe e outro desce, um vai para o inferno e o outro para o ceu, náo
faz sentido isso, pois se a pessoa nao torna ciente, no caso parceira, vc
estaria usando ela como escada para subir e tbm usando ela para descer,
vc seria responsavel por fazer ela descer.

Acredito por isso o Kundalini ser perigosa e ja foi fechada a porta uma
vez no passado e depois aberta, obvio que cada um eh responsavel por si.

alguns sustentos de material esoterico sobre Kundalini, eh a pessoa orar


pelo proprio defeito que aparece a mente junto a relacao, porem o autor
deste blog deixou mais didatico e detalhada a tecnica de praticar o
maithuna concentrado na sua parceira, claro concentrado nela náo
surgira imagens e sons (desvios dos egos) e estaria praticando o sexo
superior, porem.. tem o processo de imaginaçao, tudo gradativo, e se a
parceira fazer o mesmo acredito que seria violenta tal revoluçao da
consciencia.

Agora um subir e outro descer soa egoista, pois basicamente


dependeriamos de outros corpos, e tambem nao sabemos se a parceira
esta um ano de abstinencia sem contaminacao, existe um rigor para
praticantes esotericos do maithuna no sentido superior, como nao
ejacular, nao ter manifestacoes luxuriosas e outros qualquer tipo de
agregos psiquicos atos/pensamentos, ter apenas uma parceira de fato
dentro do matrimonio, estarem limpos, manter certa abstiniencia apos o
ato ,porque o ato em si a perca de energias a exigencia eh para dos 2.
Mas se um faz e o outro nao ai eu ja nao sei, vo procurar estudar sobre
isso.

Praticante31 de outubro de 2012 19:57


Sobe somente o kundalini daquele que pratica, da outra
pessoa não sobe.

Anônimo31 de outubro de 2012 18:10


A respeito do 3ºfator:

Se fazemos o bem ao nosso semelhante de forma material (comida,


roupas, dinheiro), somos recompensados materialmente. Se fazemos o
bem ao nosso semelhante passando o ensinamento da gnosis (3 fatores),
somos recompensados espiritualmente. Procede desta forma?

Praticante31 de outubro de 2012 19:58


1) Quando estamos meditando e de repente somos levados a um local,
nossa visão fica toda branca, mas só escutamos ruídos, às vezes uma
música bonita, ou burburinhos de pessoas, que não escutamos
exatamente o que estão falando..... Isso seria o nosso percentual de
consciência livre, vagueando em outros mundos? Seria no Astral, ou
algum outro lugar?

R. Um pouco de consciência que despertou, mais provavelmente no


astral.

2) Como passamos a saber que as coisas que nos ocorrem no dia a dia,
são pequenas provas que as Hierarquias nos mandam (ou se não são
provas)?
R. Não há como saber. Se você soubesse que são provas elas não seriam
mais provas, pois você fingiria um comportamento para agrader quem
está te avaliando, concorda?

3) O V.M. Rabolú disse que podemos pedir à Mãe Divina para curar
doenças que temos. Se não for karmica ela cura. Como desdobrimos se
doenças que temos, são karmicas ou não-karmicas?

R. De uma forma mais grosseira: pelo progresso ou continuidade da


doença mesmo após bastante tempo de súplicas e tratamentos. De uma
forma mais consciente: consultando diretamente as Hierarquias.

4) O desdobramento mental, mesmo feito com o nosso corpo astral


lunar, é um eficiente meio de descobrir e estudar nossa legião de eus?

R. Para aqueles que já desenvolveram essa prática e habilidade aqui, sim.

Anônimo1 de novembro de 2012 02:34


"R. Não há como saber. Se você soubesse que são provas elas
não seriam mais provas, pois você fingiria um
comportamento para agrader quem está te avaliando,
concorda?"

Sim, totalmente de acordo. Pelo que o VM Rabolu diz nos


livros dele, ele era testado nas coisas mínimas. Cada coisinha
era uma provinha.

Anônimo1 de novembro de 2012 10:38


"4) O desdobramento mental, mesmo feito com o nosso corpo
astral lunar, é um eficiente meio de descobrir e estudar nossa
legião de eus?

R. Para aqueles que já desenvolveram essa prática e


habilidade aqui, sim."

Eu tive um êxito muito pequeno nessa prática e surgiram


algumas dúvidas. Mas não sei se há problemas em eu relatar
(Vide a minha última dúvida, sobre as experiências internas,
lá em baixo).

Praticante31 de outubro de 2012 19:59


P. Gostaria de começar as praticas de meditação, o que voce me
recomenda para ler e aprender algo a respeito. Tenho lido seu blog e
alguns materiais seus e tenho lido A grande rebeliao do Mestre Samael.
Me ajude!

R. Leia também: O Mistério do Áureo Florescer, O Matrimônio Perfeito,


As Três Montanhas. Depois leia: Concentração e Meditação, de Sri
Swami Sivanda. A partir desses trabalhos, vá expandindo suas leituras.
Leia também as obras do V.M.Rabolú.

P.Ao exceder o tempo de sexo sem buscar a ejaculação, notei que


realmente existe uma energia/disposição maior do homem.

Entretanto, nas parceiras o efeito pareceu-me contrário; elas se tornam:

- Mais orgásmica; (creio que isso tb roube energia).


- Mais apegada e desejosa de sexo;
- Mais preguiçosa e Indolente para com as tarefas;
- Os pequenos defeitos costumam aumentar com o tempo. (Quem é
agressiva se torna mais agressiva, quem é gulosa se torna mais gulosa,
etc).

É como se eu fosse em direção a um caminho e ela fosse pelo oposto.

O caminho da mulher é TAMBÉM fazer o sexo sem buscar o orgasmo?

R. Sim.

Qual caminho a mulher deve percorrer para atingir sua liberdade e


remover os egos (Visto que elas não são muito boas em auto-observar e
assumir as próprias falhas)?

R. O mesmo do homem.

Sexo sem a mulher ter orgasmo, não o tornaria sem graça?

R. Se ela busca desenvolver o samadhi: não. Se ela busca somente


fornicar: sim.

Praticante31 de outubro de 2012 20:00


P. Sabemos que a união karmica termina quando o karma dos 2 já foi
pago. Quando sabemos que o karma (dessa união) dos 2 já foi pago?

R. Quando o sofrimento correspondente se esgota.


É quando os dois terminam e ambos compreendem o rompimento da
relação?

R. Não necessariamente.

P. Sabemos também que a Lei Divina aceita o rompimento, quando há


traição de um dos lados. Em qual outro caso é permitido o rompimento
desta relação?

R. Nos casos em que não haja mais contato sexual por mais de um ano.

P. Se fazemos o bem ao nosso semelhante de forma material (comida,


roupas, dinheiro), somos recompensados materialmente. Se fazemos o
bem ao nosso semelhante passando o ensinamento da gnosis (3 fatores),
somos recompensados espiritualmente. Procede desta forma?

R. Sim
Anônimo1 de novembro de 2012 09:27
"Se eu cometi algum erro me corrijam, se tiverem algum ponto de vista
que não entendi, ou melhor, que eu não vi, continue a postar."

Ao amigo Kernel:

Que eu saiba, o trabalho de eliminação de eus, é individual, mesmo que


seja durante o Maithuna.

"Um sobe e outro desce, um vai para o inferno e o outro para o ceu, náo
faz sentido isso, pois se a pessoa nao torna ciente, no caso parceira, vc
estaria usando ela como escada para subir e tbm usando ela para descer,
vc seria responsavel por fazer ela descer."

Isso depende de como o aspirante irá agir com a esposa. Se ele passa e
explica o caminho para ela, mas ela não tem interesse (Afinal de contas
são poucas as mônadas que anelam a liberação), explica o que irá fazer,
porque irá reter o semen, então não há problema algum nisso, ele não
será prejudicado.

Ela apenas irá continuar com o sexo com suas funções meramente
biológicas, tendo orgasmos, enquanto o aspirante irá fazer o trabalho
dele de magia sexual. Veja que, ela segue o livre arbítrio dela. A escolha
é algo individual, ninguem pode obrigar ninguem a fazer nada. Logo, o
aspirante não será punido por isso.
Agora, se ele não contar à parceira o que está fazendo (em reter o
sêmen), estará pecando por omissão: Por não passar o ensinamento dos 3
fatores à parceira.

Anônimo1 de novembro de 2012 09:30

"Agora um subir e outro descer soa egoista, pois basicamente


dependeriamos de outros corpos, e tambem nao sabemos se a parceira
esta um ano de abstinencia sem contaminacao, existe um rigor para
praticantes esotericos do maithuna no sentido superior, como nao
ejacular, nao ter manifestacoes luxuriosas e outros qualquer tipo de
agregos psiquicos atos/pensamentos"

Nenhum aspirante começa a praticar o Maithuna totalmente livre da


luxúria. Senão eles nunca cairiam sexualmente. Por exemplo o VM
Rabolú: Começou o trabalho dele com a Morte e transmutação e ainda
enfatizou a importancia da concentração durante o ato, para que a mente
não seja invadida por pensamentos luxuriosos. Segundo o V.M Rabolú:
Esperar se livrar da luxúria para poder começar o trabalho da magia
sexual, é perda de tempo.

"porque o ato em si a perca de energias a exigencia eh para dos 2."

Isso depende do livre arbítrio de cada um. Como eu disse, o aspirante


não poderá obrigar a parceira a seguir o caminho. Não são todas pessoas
preparadas para a seguir a Verdade em suas vidas.

Kernel2 de novembro de 2012 17:50


Pois eh, nao podemos obrigar, e se ela nos obrigar a nao
pratica ro maithuna?

olha como isso entra bem na intimidade fica meio dificil, por
que a base do Maithuna em toda sua historia sao os pilares do
amor, sem amor nao ha uniao, eh ai que entra o grande X da
questao, se nao tiver uma uniao sem base no amor nao eh
maithuna.

Sem contar que existe perigo fora do matrimonio formal


segundo o proprio Mestre Samael,

sim, ocultar, obrigar sao atos de magia negra.


Anônimo3 de novembro de 2012 11:09

"olha como isso entra bem na intimidade fica meio dificil, por
que a base do Maithuna em toda sua historia sao os pilares do
amor, sem amor nao ha uniao, eh ai que entra o grande X da
questao, se nao tiver uma uniao sem base no amor nao eh
maithuna."

Bom, hoje em dia não existe o Amor em plenitude. O que


pode existir é o amor em conta gotas, porque toda nossa
essência está engarrafada em 97% do ego. O Amor
verdadeiro nasce à medida que vamos despertando a
consciência (desengarrafando o ego).

Atualmente, as uniões sejam karmicas ou dármicas (com


exceção das cósmicas como é o caso de Samael e Litelantes)
só ocorrem por causa de paixão e desejo. O Amor vai
nascendo a partir da convivência juntos, da admiração e
compreensão entre o casal (juntamente com os 3 fatores, se
algum dos conjugues ou os 2 trabalharem nisso).

Anônimo3 de novembro de 2012 11:09

"Sem contar que existe perigo fora do matrimonio formal


segundo o proprio Mestre Samael"

Gostaria de saber o nome do livro em que o VM Samael fala


isso. Desconheço essa passagem dele.

Quanto a isso, tem um trecho do VM Rabolú (o próprio VM


Samael o nomeou como seu sucessor) que explica isso com
detalhes, no seu livro 'A Aguia Rebelde':

" P. – No Movimento Gnóstico os casais, supõe-se que não


tenham cometido adultério,
porém, estão juntos. Porém, devem estar casados todos pela
lei física, aqui?

V.M. – Bem, vou lhes dizer isto: As cerimônias daqui, do


mundo, do planeta, as cerimônias físicas, ante a Grande Lei
não valem ou ante as hierarquias não valem. Aí valem são os
casais que aprendem a manejar, a manipular suas próprias
energias, a transmutá-las. Isso é o que vale ali, não a
cerimônia aqui. Aqui, preencher os requisitos com as leis
daqui, para a papelada e coisas assim, porque, ante as
hierarquias, o requisito é que sejam um casal casto. Por isso a
medida da cana no tribunal. Mede-se a cana. Quando não há
transmutação, diz-se: "Cana seca", ou "árvore seca". Diz-se-
lhe: "Cana seca", ou "árvore seca, fora!”. "

Portanto o verdadeiro casamento é o casal que transmute suas


energias, seja casto e fiel. Papéis assinados ou cerimônias
físicas, de nada valem ante às Leis Superiores.

Se um dos conjugues pratica corretamente e o outro não, o


que pratica terá mais méritos ante às Hierarquias Superiores,
por trabalhar em águas turvas.

Anônimo3 de novembro de 2012 11:15


"Pois eh, nao podemos obrigar, e se ela nos obrigar a nao
praticar o maithuna?"

Obviamente que, o aspirante deve ter o Centro de Gravidade


Permanente em seu Ser e força de vontade para não se deixar
arrastar para baixo. Ele deverá conversar com sua parceira, a
importância da retenção do sêmen. Isso é questão de uma
conversa entre os dois. Aí vai de casal para casal.

Se ela realmente não entender e não ACEITAR a escolha


dele, ao meu ver, se esse aspirante quer o desenvolvimento
espiritual, cabe à ele decidir se vai continuar com a parceira
ou não.

Kernel7 de novembro de 2012 05:27


"Sem contar que existe perigo fora do matrimonio formal
segundo o proprio Mestre Samael"

Gostaria de saber o nome do livro em que o VM Samael fala


isso. Desconheço essa passagem dele.

Nao me recordo no momento, mas da para tirar uma base


o perigo encontra-se quando este principio abaixo nao eh
seguido:

¨A magia sexual deve ser praticada apenas por casais


devidamente constituídos.¨

O sentido mais amplo de entendimento ¨E nao da nossa


sociedade moderna¨

Aquele que se constiui no amor, em sua amplitude, (amor


verdadeiro) tem mais mais tempo de aproveitamento para
criaçáo de corpos cristicos, aquele cujo a base do amor nao eh
dedicado a essencia, qualquer uma das partes, entramos na
possibilidade da relacao ser interrompida, pela falta deste
mesmo amor ou pela satisfaçáo do mesmo amor-egoista,
entao se interrompe o ato e tera de esperar 1 ano.

Analiticamente este eh um dos riscos que se corre.

Anônimo1 de novembro de 2012 10:22


Praticante, até que ponto, relatar experiências internas (intimas) pode
estancar alguém, nos estudos esotéricos?

Kernel7 de novembro de 2012 04:27


Segundo a Lei de Hermes, nao se pode relatar experiencias
internas.

Anônimo1 de novembro de 2012 10:23


Me refiro ao relatar com o intuito de buscar ajuda e/ou tirar dúvidas
referentes à experiência.

Anônimo1 de novembro de 2012 11:07


Praticante, quando o casal precisa se abster por um tempo, seja por
doença da mulher, gravidez, menstruação, ou algum outro motivo, o
aspirante necessita fazer algo (por exemplo Pranayamas, ou algum outro
exercicio de transmutação para solteiros) para não atrofiar o seu impulso
sexual? (esse risco de atrofiar existe?)

Ou basta manter a sua castidade científica, juntamente com a morte em


marcha em todos os centros?
Essa pergunta se refere também aos solteiros que estão trabalhando sobre
si, até que não encontrem uma parceira.

Anônimo3 de novembro de 2012 15:15


Corrigindo:

Essa pergunta se refere também aos solteiros que estão


trabalhando sobre si, enquanto não encontram uma parceira
séria.*

Anônimo2 de novembro de 2012 06:29


A pausa magnética de 24 horas, se quebrada, é considerado também
como um pecado contra a natureza?

Em outras palavras, se o ato for feito mais de uma vez por dia, se adquire
karma por violencia contra a mãe natureza?

Ou o risco existente é apenas o risco de queda sexual?


Praticante3 de novembro de 2012 20:46
P. Praticante, até que ponto, relatar experiências internas (intimas) pode
estancar alguém, nos estudos esotéricos? Me refiro ao relatar com o
intuito de buscar ajuda e/ou tirar dúvidas referentes à experiência.

R. Pode prejudicar até o ponto de deixá-la totalmente estancada ou fazê-


la retroceder. Como ainda não sabemos distinguir as experiências que
são entregues para serem contadas das que são entregues em segredo, o
melhor é não ficar relatando. Se precisarmos esclarecer dúvidas, o
indicado é mencionar o problema de uma forma geral, sem deixar
transparecer que se trata de um caso individual nosso. Se não somos
capazes de suportar pequenos conhecimentos sem fazer alarde, muito
menos suportaremos os grandes.

P. Praticante, quando o casal precisa se abster por um tempo, seja por


doença da mulher, gravidez, menstruação, ou algum outro motivo, o
aspirante necessita fazer algo (por exemplo Pranayamas, ou algum outro
exercicio de transmutação para solteiros) para não atrofiar o seu impulso
sexual? (esse risco de atrofiar existe?) Ou basta manter a sua castidade
científica, juntamente com a morte em marcha em todos os centros? Essa
pergunta se refere também aos solteiros que estão trabalhando sobre si,
enquanto não encontrem uma parceira.
R. O pranayama pode ser feito, pois ajuda na meditação, mas não evitará
os problemas da involução do esperma parado dentro do organismo. A
atrofia do sexo acometerá a qualquer um que pratique a abstinência e seu
risco é diretamente proporcional ao tempo que se mantenha distante do
ato sexual. Por isso é que se diz que não há outra porta além da sexual.

Anônimo4 de novembro de 2012 03:38


Entendo. Então somente a Morte em Marcha juntamente com
abstinência, não são capazes de deter a saída do esperma
através das poluções noturnas?
Anônimo4 de novembro de 2012 06:12
"Se não somos capazes de suportar pequenos conhecimentos
sem fazer alarde, muito menos suportaremos os grandes."

Entendido.

Praticante3 de novembro de 2012 20:46

P. A pausa magnética de 24 horas, se quebrada, é considerado também


como um pecado contra a natureza?

R. Sim.

P. Em outras palavras, se o ato for feito mais de uma vez por dia, se
adquire karma por violencia contra a mãe natureza?

R. Sim.

P. Ou o risco existente é apenas o risco de queda sexual?

R. Não.

Praticante3 de novembro de 2012 20:51


Explicação adicional:

P. Qual caminho a mulher deve percorrer para atingir sua liberdade e


remover os egos (Visto que elas não são muito boas em auto-observar e
assumir as próprias falhas)?

R. O mesmo caminho do homem. Por mais subjetivas e caprichosas que


elas sejam, possuem também a capacidade latente de serem diferentes e
se tornarem diferentes. As mulheres que realmente querem se
desenvolver espiritualmente se dedicam a compreender e a superar as
características femininas prejudiciais (assim como o homem elimina seus
vícios masculinos) e se transformam em seres completamente diferentes.
Praticante3 de novembro de 2012 21:41
Parece que deixei passar várias perguntas e as perdi. Elas se perderam no
meio dos comentários. Por favor, vejam quais não foram respondidas e
as postem de novo, com o cuidado de formulá-las corretamente, para
evitar confusão. Uma pergunta confusa não permite esclarecimento.
Aquele que quer perguntar deve aprender a formular com clareza o que
necessita saber.

Praticante3 de novembro de 2012 21:44


Vão aqui algumas aclarações adicionais

Instabilidade em astral: a pessoa necessita descobrir porque fica tão


exaltado emocionalmente, qual é o fato que o faz ficar assim exaltada no
astral? Será porque tem medo? Ou será porque deseja muito? Deve
explorar essas emoções, buscando suas origens.

Anônimo4 de novembro de 2012 03:32


Entendido!

Praticante3 de novembro de 2012 21:58


Morte em Marcha: não basta simplesmente ficarmos pedindo e pedindo
mecanicamente quando estamos tomados por uma emoção negativa,
temos que ir muito além de simplesmente repetir petições. Temos que
refinar e apurar a observação, descobrindo quais foram os fatos
ANTERIORES que nos conduziram até aquela situação e removê-los de
nossa vida.

Os fatos da vida estão todos encadeados em sequências e formam


correntes que resultam em situações emocionais embaraçosas. Cada elo
desta corrente é um detalhe. Temos que aprender a parar a coisa muito
antes dela se fazer sentir.

Uma pessoa que fique pedindo pela morte de uma certa emoção ruim
mas nada faça em relação aos acontecimentos que a levaram até aquela
situação está girando em círculo, sem sair do lugar, pois está se
ocupando somente com os resultados nefastos finais de todo um
processo que deveria ter sido detido muito antes.
Deste modo, ao estarmos tomados por uma emoção ou desejo, é justo
pedirmos pela Morte, mas temos que ir além e observar quais foram os
fatos que nos conduziram até ali e suplicar pela morte dos elementos que
os desencadearam. Se a pessoa não suprime de sua vida os fatos que
antecedem e desencadeiam a emoção negativa, não se liberta. A cada um
desses fatos corresponde uma faceta ou detalhe do ego em questão.
Temos, portanto, que aprender a olhar, refinar a observação.

Anônimo4 de novembro de 2012 03:27


Entendo e estou ainda me disciplinando para arrancar
totalmente alguns desses desencadeadores.

Praticante3 de novembro de 2012 22:00


Quando removemos os fatos antecedentes, seus efeitos desaparecem.
Mas não poderíamos remover tais fatos se não aplicássemos a Morte
sobre os detalhes que lhes correspondem.

Anônimo4 de novembro de 2012 03:31


Perfeito.

Anônimo4 de novembro de 2012 04:19


"Parece que deixei passar várias perguntas e as perdi. Elas se perderam
no meio dos comentários. Por favor, vejam quais não foram respondidas
e as postem de novo, com o cuidado de formulá-las corretamente, para
evitar confusão."

Perguntas sobre a projeção astral:

(Irei enumerar as perguntas para facilitar mais. Entre as perguntas terão


algumas frases para ilustrar mais sobre os problemas referidos. As
perguntas terão algumas modificações)

"Segurar um objeto astral com a mão e concentrar-se nisso também


ajuda a estabilizar a emoção."

1) Devo fazer isso, flutuando com o objeto na mão?

2) A concentração no objeto astral, deve ser feita quando formos


atacados por algum tipo de emoção e sentirmos que estamos perdendo a
experiência, certo?

Algumas coisas que acontecem às vezes:

Muitas vezes, após eu flutuar, acontece de eu não conseguir enxergar


nada ou muito pouco. Porém, outras vezes eu consigo enxergar tudo
numa boa e com muita nitidez.

Às vezes também, quando eu me desdobro e me levanto, sinto uma


sonolência terrível, como se eu estivesse com o corpo astral dopado.
Então fico flutuando igual uma pluma no ar.

3) Algumas vezes essas coisas não parecem ser provocadas por emoções
intensas (eu acho). Existe algum outro motivo que faça essas coisas
ocorrerem?

De qualquer maneira, irei desenvolver melhor a concentração e tentarei


melhor a técnica do objeto.

Eu já observei que, às vezes, quando eu me desdobro e saio andando, eu


vou mais longe e consigo demorar um pouco mais do que quando vou
flutuando.

4) Será que essas coisas (forte sonolência dentro do astral, não enxergar,
ou durar pouco tempo no astral) ocorrem porque eu só me desdobro no
horário da manhã? Ou o horário não faz diferença alguma nessas coisas?

5) Existe um horário adequado para cada organismo? Ou para todas a


mesma coisa?

Obs: Eu sempre tento me desdobrar quando me deito à noite, mas


sempre sem sucesso.

Anônimo4 de novembro de 2012 04:19


Ainda sobre projeção astral:

Lendo o seguinte trecho do livro A Águia Rebelde, o V.M. Rabolú diz o


seguinte:

"V.M. – Não, pedir à Mãe Divina e ao Pai força e que nos controlem,
sim?

Como eu fiquei um tempo. Estava no México e todas as noites saía em


astral. Flutuava até certo ponto. Pum! Ficava estático e quando eu fazia
esforço para seguir... não, prum! Outra vez no corpo. Um ego meu. Até
que o pude conjurar. Então, já aí se fica livre dessa força, porque várias
noites me fez a mesma jogada e não é uma entidade em particular, senão
é um ego de nós mesmos."

4) Será que o Mestre se refere ao mesmo problema que eu relatei? Ou


entendi errado?
(Conjurações podem ajudar nesse problema?)

Anônimo4 de novembro de 2012 04:51


desculpe-me, a última pergunta é a n° 6.

Praticante5 de novembro de 2012 02:29


P. Ainda sobre projeção astral: Lendo o seguinte trecho do livro A Águia
Rebelde, o V.M. Rabolú diz o seguinte: "V.M. – Não, pedir à Mãe
Divina e ao Pai força e que nos controlem, sim? Como eu fiquei um
tempo. Estava no México e todas as noites saía em astral. Flutuava até
certo ponto. Pum! Ficava estático e quando eu fazia esforço para seguir...
não, prum! Outra vez no corpo. Um ego meu. Até que o pude conjurar.
Então, já aí se fica livre dessa força, porque várias noites me fez a
mesma jogada e não é uma entidade em particular, senão é um ego de
nós mesmos." 4) Será que o Mestre se refere ao mesmo problema que eu
relatei? Ou entendi errado? (Conjurações podem ajudar nesse
problema?)

R. Sim, o mesmo problema. Um ego que desestabilizava a emoção.


Conjurações afastam esse ego mas não o eliminam.

Praticante5 de novembro de 2012 02:29


P. "Segurar um objeto astral com a mão e concentrar-se nisso também
ajuda a estabilizar a emoção." 1) Devo fazer isso, flutuando com o objeto
na mão?

R. Flutuando ou não, tanto faz.

P. A concentração no objeto astral, deve ser feita quando formos


atacados por algum tipo de emoção e sentirmos que estamos perdendo a
experiência, certo?

R. Certo.
Anônimo6 de novembro de 2012 08:48
ok!

Praticante5 de novembro de 2012 02:30


P. Algumas coisas que acontecem às vezes:

Muitas vezes, após eu flutuar, acontece de eu não conseguir enxergar


nada ou muito pouco. Porém, outras vezes eu consigo enxergar tudo
numa boa e com muita nitidez.

Às vezes também, quando eu me desdobro e me levanto, sinto uma


sonolência terrível, como se eu estivesse com o corpo astral dopado.
Então fico flutuando igual uma pluma no ar.

Algumas vezes essas coisas não parecem ser provocadas por emoções
intensas (eu acho). Existe algum outro motivo que faça essas coisas
ocorrerem?

R. Sim: podem estar indicando escuridão interna a ser removida


mediante a Morte.

Anônimo6 de novembro de 2012 08:21


Entendido. Muito obrigado!!

Praticante5 de novembro de 2012 02:31


P. Entendo. Então somente a Morte em Marcha juntamente com
abstinência, não são capazes de deter a saída do esperma através das
poluções noturnas?

R. Correto.

P. Será que essas coisas (forte sonolência dentro do astral, não enxergar,
ou durar pouco tempo no astral) ocorrem porque eu só me desdobro no
horário da manhã? Ou o horário não faz diferença alguma nessas coisas?

R. Não faz diferença. A sonolência indica certa identificação com o


corpo físico.

P. Existe um horário adequado para cada organismo? Ou para todas a


mesma coisa?

R. A manhã dá mais resultados para os iniciantes.

Anônimo6 de novembro de 2012 08:22


Ok!

BOB5 de novembro de 2012 06:30


Olá práticante obrigado pela resposta. Fiz essa pergunta pois o q vc
ensina (e acho muito coerente) parece ser outra gnose do q já estudei,
onde não há radicalismo, partidarismo. Essa questão que havia de que
"eu estou certo" e o resto é tudo pseudo" sempre me incomodava.
Praticante9 de novembro de 2012 01:04
Olá.

Não existe Gnose fanática. O que existem são distorções


cometidas pelos egos das pessoas.

Até mais

Anônimo7 de novembro de 2012 06:03


Sobre o último texto "O Mantra dos Invencíveis", vejo que o VM
Samael nos recomenda um mantra budista (ou hinduísta? não sei ao
certo). Podemos usar algum mantra bíblico?

Por exemplo: "Meu Senhor e Meu Deus", ou "O Senhor é o meu Pastor e
nada me faltará". ? Também podemos usar esses mantras como um
lakshya, certo?

Terá o mesmo efeito do "Gate, Gate, Paragate...." ?

Anônimo7 de novembro de 2012 10:22


No seguinte texto: "Concentração: contentar-se com a simplicidade"

Analisei o seguinte trecho:

"Não se pergunte: "Será que 'ainda' ou 'já' estou concentrado?" Tal


pergunta conduz a mente a analisar e a pensar fora do lakshya. Essa é
uma má dúvida (existem as dúvidas boas e as más). Não tema o desvio
da mente e não fique checando se você já se desviou ou não. Entregue-se
ao seu Deus e confie. Não tema o fracasso na prática, tal temor leva a
mente a pensar fora do tema. Deixe que as coisas aconteçam.

Durante a prática, a mente tende a criar problemas e obstáculos. Checar é


um obstáculo, ficar esperando acontecimentos espantosos é outro, criar
idéias falsas e tentar encaixar a concentração nas mesmas é outro."

Pergunta: Às vezes, quando atinjo o pratyahara, percebo que depois de


um tempo, tem um ego ansioso (que anseia por coisas incriveis durante a
pratica... fica se antecipando) que tenta interromper a prática. O coração
acelera um pouco e eu saio do pratyahara. Dá pra se resolver isso com a
Morte em Marcha também, certo?

Anônimo8 de novembro de 2012 17:03


Este comentário foi removido por um administrador do blog.

Anônimo8 de novembro de 2012 17:23


Gnósticos também são crentes, pois eles creem no que Samael e Rabolu
escreveram e falaram. Algumas coisas tem como comprovar, vivenciar.
Mas outras não.

E em relação a Bíblia, gnósticos também são crentes. Como a Bíblia tem


muitas interpretações, não tem como saber qual é a certa. Sendo assim,
cada interpretação que uma religião/doutrina/seita tem, é questão de
crença. Cada uma crê que a sua interpretação é a correta.

Me corrija se eu estiver enganado.

Obrigado.

Praticante9 de novembro de 2012 00:59


Esses que crêem não são gnósticos ainda.

Praticante9 de novembro de 2012 01:05


P. O casamento espiritual ocorre mesmo que somente eu esteja fazendo o
meu trabalho de transmutação? Já expliquei, pedi a colaboração dela,
para me ajudar a preservar o meu líquido precioso e ela entendeu.

R. Não ocorre, porque a legião da outra pessoa não permitirá.


1) Se ela praticar o sexo comum, enquanto estou transmutando, isso
estancará o meu progresso? ou posso seguir trabalhando assim?

R. Pode seguir trabalhando assim, não estancará o seu progresso.

2) Desculpe pela minha pergunta idiota, mas vamos lá: A concentração


referida à respeito do Maithuna, é aquela que se alcança o pratyahara, ou
uma concentração de grau menor que não precise alcançar esse estado
antes de iniciar a pratica?

R. O grau da concentração é aquele que você conseguir, quanto mais


melhor.

Praticante9 de novembro de 2012 01:05


P. A respeito do local da prática do Maithuna, existe alguma restrição?
Não me parece uma boa idéia praticar o mesmo em moteis (onde outros
casais fazem a prática comum e corrente). Ou isso não tem implicações?
Se sim, poderia explicar o porque?

R. Porque em todas as práticas meditativas você precisa acumular


energia sáttwica no local em que pratica. Se praticar em outro local, fica
mais difícil. Se for um local voltado para práticas opostas, você será
invadido pelas formas mentais correspondentes ao local muito mais
facilmente.

P. Levando em consideração que existem 3 tipos de casamento (cármico,


dármico e cósmico), o aspirante poderá praticar maithuna com sua
mulher, mesmo se estiver num casamento cármico ou dármico?

R. Sim.

P. Eles podem mudar a recorrência deste relacionamento, caso os egos


envolvidos sejam eliminados? Ex: O relacionamento acabaria por conta
das brigas, ou adultério, mas aí um dos lados trabalhou contra os egos
que causam isso.

R. Sim

P. O êxtase sentido no anti-orgasmo da transmutação, pode ser sentido


por alguém que está iniciando nesta prática?? Ou só pode ser sentido por
pessoas mais experientes?? Caso o primeiro seja verdadeiro, parece que
estou começando a sentir os seus efeitos, pós Maithuna. Uma certa
leveza, uma tranquilidade. Se fosse o orgasmo normal, estaria totalmente
acabado.

R. Pode ser sentido de forma tênue, proporcional à capacidade da pessoa


de meditar e transmutar.

Praticante9 de novembro de 2012 01:06


Pergunta: Às vezes, quando atinjo o pratyahara, percebo que depois de
um tempo, tem um ego ansioso (que anseia por coisas incriveis durante a
pratica... fica se antecipando) que tenta interromper a prática. O coração
acelera um pouco e eu saio do pratyahara. Dá pra se resolver isso com a
Morte em Marcha também, certo?

R. Sim, desde que você vá descobrindo as muitas facetas do problema e


aplicando-lhe esta prática.

P. Sobre o último texto "O Mantra dos Invencíveis", vejo que o VM


Samael nos recomenda um mantra budista (ou hinduísta? não sei ao
certo). Podemos usar algum mantra bíblico?

R. Sim.

Por exemplo: "Meu Senhor e Meu Deus", ou "O Senhor é o meu Pastor e
nada me faltará". ? Também podemos usar esses mantras como um
lakshya, certo?

R. Sim, pois qualquer coisa existente pode ser usada com lakshya.

P. Terá o mesmo efeito do "Gate, Gate, Paragate...." ?

R. Não, porque cada mantram tem um efeito e uma função específica.


Praticante9 de novembro de 2012 01:07
Devido a falta de tempo e a alguns contratempos desgradáveis que me
ocuparão bastante, não poderei vir aqui responder às perguntas por um
tempo indeterminado.

Agradeço a compreensão de todos.


Orientações dos mestres sobre o vício de resistir aos
desejos

Muitos gnósticos cometeram o grave erro de confundir a verdadeira morte do ego


com o simples ato de resistir aos desejos. Levaram a resistência até os extremos
perigosos da neurose, como qualquer religioso da mente intermediária.

Resistir aos desejos é o mesmo que reprimir, bloquear, sufocar: uma falsa morte que
ocasiona doenças emocionais, como vimos na fileiras gnósticas.

Vejamos o que dizem os V.V.M.M. Samael e Rabolú sobre esse vício de


reprimir/resistir aos egos:

"Pergunta – Deve-se reprimir o ego?

VM. – Não, se o reprime então não pode chegar a eliminá-lo, há que deixar que
aflore, para ver, não deixa-lo atuar, senão que aflore.

Pergunta – Por exemplo, deixamos de ver televisão, deixamos de escutar todo o que
não seja música clássica, todos nossos hábitos que temos trazido, deixamos de uma
vez.

VM. – É melhor eliminar os defeitos. Que lhe gostou a música essa que chamam
modiva ou moderna, você pode por um disco desses e auto-observar-se por seus
centros.
Eliminar os defeitos é o que importa, fazer as coisas consciente." (V.M. Rabolú,
Fragmentos de entrevista ao Mestre Rabolú, pelo grupo de Andaluzia, 10 de junho de
1981, transcrição literal)
Ou seja, fazendo as coisas conscientemente, você as vai compreendendo por meio da
auto-observação e eliminando, por meio da oração à Mãe Divina. Se você é viciado
em músicas horríveis, continue a escutá-las, porém em auto-observação. Então,
gradativamente, compreenderá múltiplos detalhes daquilo e começará a se
desinteressar. É claro que se você simplesmente ouvir mecanicamente, como sempre
fez a vida toda, irá simplesmente reforçar o vício e afundar-se ainda mais! Isso é faca
de dois gumes: se você observa o ato, enquanto o comete, e ora, o enfraquece; se
você o comente identificado, sem auto-observação e nem oração alguma, se afunda
ainda mais no vício. E se você o reprime e perde o tempo resistindo, recairá nele
novamente, um milhão de vezes ou somatizará alguma doença. Isso vale não somente
para o vício de ouvir alguma música imprestável, mas para qualquer outro vício,
como a masturbação, a fornicação, a gula etc.

Há uma diferença entre atuar e aflorar. Devemos deixar o defeito aflorar, mas não
atuar. Deixamos que aflore, mas impedimos que atue. Como deixamos que aflore?
Removendo os bloqueios e resistências. Como impedimos que atue? Observando e
pedindo pela Morte. E quando é que permitimos que o defeito atue? Quando nos
identificamos, ficamos "gozando", curtindo e saboreando o desejo, ou seja, quando
nos fascinamos. Isso é o que não se deve fazer: dar-lhe alimento, o que acontece
quando nos identificamos e deixamos as coisas à deriva.

É uma perda de tempo "dar o contra" nos desejos:

"¿Se le debe llevar la contraria al Ego? Ejemplo: si tengo ganas de estar sentado,
digo: 'No, me pongo a caminar'.

Eso lo puede hacer con la pereza, pero no con todos los elementos psíquicos.

¿Es otro ego el que actúa ahi?


Claro, es otro ego el que actúa, va creando otro elemento ahí, contradictorio al otro.
Si te quieres quedar sentado, pues quédate sentado" (V.M. Rabolú, Orientando al
Discipulo, p. 7, cap. 1 - "El Trabajo")

Portanto, o que se opõe a um ego é outro ego, o que significa que o mero esforço
equivocado para "ir contra" um impulso é provocado por um ego contrário. São os
egos contrários que promovem a repressão, o recalque, a resistência. E muitos
gnósticos supõem que isso seja o Morrer!

Sobre a resistência e as disciplinas equivocadas para resistir aos desejos, nos diz o
V.M. Samael:

"A resistência é a força opositora. A resistência é a arma secreta do ego.

A resistência é a força psíquica do Ego, que se opõe à que tomemos consciência de


todos os nossos defeitos psicológicos.

Com a resistência, o Ego tende a sair pela tangente, postulando desculpas para calar
ou tapar o erro.

Por causa da resistência, os sonhos tornam-se difíceis de interpretar e o


conhecimento que se quer ter sobre si mesmo torna-se nebuloso.

A resistência atua como um mecanismo de defesa, que trata de omitir erros


psicológicos desagradáveis, para que não se tenha consciência deles e se continue na
escravidão psicológica.

Mas, na realidade e de verdade, tenho de declarar que existem mecanismos para


vencer a resistência e são os seguintes:
1 - Reconhecê-la.
2- Defini-la.
3- Compreendê-la.
4- Trabalhar sobre ela.
5 - Vencê-la e desintegrá-la por meio da super-dinâmica sexual.

Mas o Ego lutará durante a análise de resistência para que não sejam descobertas
suas falácias, o que põe em perigo o domínio que ele tem sobre a nossa mente.

Nos momentos de luta com o Ego, há que apelar a um poder superior à mente: o fogo
da serpente Kundalini dos hindus." (Samael Aun Weor, A Revolução da Dialética,
cap. "A Resistência")

A coisa chegou ao ponto de traçar-se disciplinas para a resistência no Movimento


Gnóstico, desconsiderando que uma escola que almeje ser esotérica deveria ser a
primeira a seguir essas orientações:

"Os professores de escolas, colégios e universidades dão muita importância à


disciplina e nós devemos estudá-la neste capítulo detidamente.

Todos nós que passamos por escolas, colégios e universidades sabemos bem o que é
a disciplina: regras, palmatórias, repreensões, etc.

Disciplina é isso que se chama cultivo da resistência. Os professores de escola ficam


encantados em cultivar a resistência.

Ensinam-nos a resistir, a erguer algo contra alguma coisa. Ensinam-nos a resistir às


tentações da carne, a nos açoitarmos e a fazermos penitência para resistir. Ensinam-
nos a resistir às tentações que traz a preguiça: tentações para não estudar, para não
ir à escola, e a brincar, rir, zombar dos professores, violar os regulamentos, etc.

Os professores e professoras têm o conceito equivocado de que, mediante a


disciplina, poderemos compreender a necessidade de respeitar a ordem da escola, a
necessidade de estudar, de guardar compostura diante deles, de nos comportarmos
bem com os demais alunos, etc.

Existe entre as pessoas o conceito equivocado de que quanto mais resistirmos,


quanto mais repelirmos, mais nos tornaremos compreensivos, livres, plenos e
vitoriosos. Não querem se dar conta de que quanto mais lutarmos contra alguma
coisa, quanto mais a repelirmos, quanto mais resistirmos a ela, menor será a
compreensão.

Se lutamos contra o vício da bebida, este desaparecerá por um tempo, mas como não
o compreendemos a fundo, em todos os níveis da mente, ele retornará mais tarde,
quando nos descuidemos da guarda, e beberemos de uma vez por todo o ano.

Se repelimos o vício da fornicação, por um tempo seremos aparentemente bem


castos, porém, em outros níveis da mente, continuamos sendo espantosos sátiros,
como bem podem demonstrar os sonhos eróticos e as poluções noturnas.

Depois, voltamos com mais força às nossas antigas andanças de fornicários


irredentos, devido ao fato concreto de não termos compreendido a fundo o que é a
fornicação.

Muitos são os que rechaçam a cobiça, os que lutam contra ela, os que se disciplinam
contra ela seguindo determinadas normas de conduta. Mas, como não
compreenderam de verdade todo o processo da cobiça, terminam no fundo
cobiçando não ser cobiçosos.
Muitos são os que se disciplinam contra a ira, os que aprendem a resisti-la, mas ela
continua existindo em outros níveis da mente subconsciente, mesmo quando
aparentemente tenha desaparecido de nosso caráter. Ao menor descuido, o
subconsciente nos atraiçoa e trovejamos e relampejamos cheios de ira. E quando
menos esperamos e talvez por algum motivo sem a menor importância.

São muitos os que se disciplinam contra o ciúme e por fim crêem firmemente que o
extinguiram. Mas, como não o compreenderam, é claro que aparece novamente em
cena, e justamente quando já o julgávamos bem mortos.

Só com plena ausência de disciplinas, só em liberdade autêntica, surge na mente a


ardente labareda da compreensão.

A liberdade criadora não pode existir jamais dentro de uma armadura. Precisamos
de liberdade para compreender nossos defeitos psicológicos de forma integral.
Precisamos com urgência derrubar muros e romper grilhões de aço para sermos
livres.

Temos que experimentar por nós mesmos tudo aquilo que os professores na escola e
os pais em casa disseram que é bom e útil. Não basta aprender de memória e imitar.
Necessitamos compreender.

Todo o esforço dos professores e professoras deve ser dirigido à consciência dos
alunos. Devem se esforçar para que eles entrem no caminho da compreensão.

Não é suficiente dizer aos alunos que devem ser isto ou aquilo. É preciso que os
alunos aprendam a ser livres para que possam por si mesmos examinar, estudar e
analisar todos os valores, todas as coisas que lhes disseram ser boas, úteis, nobres;
não basta meramente aceitá-las e imitá-las.
As pessoas não querem descobrir por si mesmas, têm as mentes fechadas estúpidas;
mentes que não querem indagar; mentes mecânicas que jamais indagam e que só
imitam.

É necessário, urgente e indispensável que os alunos e alunas, desde a mais tenra


idade até o momento de abandonar as aulas, gozem de verdadeira liberdade para
descobrir por si próprios, para inquirir, para compreender, a fim de não ficarem
limitados pelos abjetos muros das proibições, censuras e disciplinas.

Se aos alunos se diz o que devem e o que não devem fazer e não se lhes permite
compreender e experimentar, onde então está a sua inteligência? Qual foi a
oportunidade que se deu à inteligência?

Para que serve passar em exames, se vestir bem, ter muitos amigos, etc., se não
somos inteligentes?

A inteligência só virá a nós quando formos verdadeiramente livres para investigar


por nós mesmos, para compreender, para analisar independentemente sem temor à
censura e sem o castigo das disciplinas.

Os estudantes medrosos, assustados, submetidos a terríveis disciplinas, jamais


poderão saber. Jamais poderão ser inteligentes.

Hoje em dia, a única coisa que interessa aos pais de família e aos professores é que
os alunos façam uma carreira, que se tornem médicos, advogados, engenheiros,
contadores, etc., isto é, autômatos viventes. Que depois se casem e se convertam em
máquinas de fazer bebês. Isso é tudo!
Quando um rapaz ou uma moça quer fazer alguma coisa nova, diferente, quando
sente a necessidade de sair dessa armadura de preconceitos, hábitos antiquados,
regras, tradições familiares, nacionais, etc., os pais de família apertam mais os
grilhões da prisão e dizem ao rapaz ou à moça: "não faça isso, não estamos
dispostos a te apoiar nisso! Essas coisas são loucuras”, etc., etc.

Total: o rapaz ou a garota ficam formalmente presos no cárcere das disciplinas,


tradições, costumes antiquados, idéias decrépitas, etc.

A EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL ensina a conciliar a ordem com a liberdade.

A ordem sem liberdade é tirania. A liberdade sem ordem é anarquia. Liberdade e


ordem sabiamente combinadas constituem a base da EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL.

Os alunos devem gozar de perfeita liberdade para averiguar por si mesmos, para
inquirir, para descobrir o que há realmente de certo nas coisas e aquilo que podem
fazer na vida.

Os alunos e alunas, os soldados e os policiais e em geral todas as pessoas que têm de


viver submetidas a rigorosas disciplinas, costumam se tornar cruéis, insensíveis à
dor humana, impiedosas...

A disciplina destrói a sensibilidade humana e isto já está totalmente demonstrado


pela observação e pela experiência.

Devido a tantas disciplinas e regulamentos, as pessoas desta época perderam


totalmente a sensibilidade e se tornaram cruéis e impiedosas.
Para sermos verdadeiramente livres, temos de ser muito sensíveis e humanitários.
Nas escolas, colégios e universidades, se ensina aos estudantes que devem prestar
atenção durante a aula, e os alunos e as alunas prestam atenção para evitar a
censura, o puxão de orelhas, a batida com a régua, etc. Porém, infelizmente, não se
lhes ensina a compreender realmente o que é a atenção consciente.

Por disciplina, o estudante presta atenção e gasta energia criadora muitas vezes de
forma inútil.

A energia criadora é o tipo mais sutil de força fabricado pela máquina orgânica.

Nós comemos e bebemos e todos os processos da digestão são, no fundo, processos


de sutilização, em que as matérias grosseiras se convertem em matérias e forças
úteis. A energia criadora é o tipo de matéria e de força mais sutil elaborado pelo
organismo.

Se soubermos prestar atenção conscientemente, poderemos economizar energia


criadora. Infelizmente, os professores e professoras não ensinam aos seus discípulos
o que é a atenção consciente.

Para onde quer que dirijamos a atenção, gastamos energia criadora. Poderemos
economizar essa energia se dividirmos a atenção, se não nos identificarmos com as
coisas, com as pessoas ou com as idéias.

Quando nos identificamos com as pessoas, as coisas ou com as idéias, nos


esquecemos de nós mesmos e perdemos energia criadora da forma mais lastimável.

É urgente saber que precisamos economizar a energia criadora para despertar a


consciência, e que a energia criadora é o potencial vivo, o veículo da consciência, o
instrumento para despertar a consciência.
Quando aprendemos a não nos esquecermos de nós mesmos, quando aprendemos a
dividir a atenção em sujeito, objeto e lugar, economizamos energia criadora para
despertar a consciência.

É preciso aprender a dirigir a atenção para despertar a consciência, mas os alunos e


as alunas nada sabem sobre isto porque seus professores e professoras não lhes
ensinaram.

Quando aprendemos a usar a atenção conscientemente, a disciplina fica sobrando.

O estudante ou a estudante atento em sua classe, à sua lição, em ordem, não precisa
de qualquer espécie de disciplina.

É urgente que os professores compreendam a necessidade de conciliar


inteligentemente a ordem e a liberdade, e isto só é possível com a atenção
consciente.

A atenção consciente exclui isso que se chama identificação. Quando nos


identificamos com as pessoas, com as coisas ou com as idéias, vem a fascinação e
esta produz o sonho da consciência.

Há que saber prestar atenção sem se identificar. Quando prestamos atenção em algo
ou alguém e nos esquecemos de nós mesmos, o resultado é a fascinação e o sonho da
consciência.

Observem cuidadosamente alguém que está vendo um filme no cinema. Encontra-se


adormecido. Ignora a tudo e a si mesmo, está oco, parece um sonâmbulo. Sonha com
o que vê no filme, com o herói da aventura.
Os alunos e alunas devem prestar atenção nas aulas sem se esquecerem de si
mesmos, para não caírem no espantoso sonho da consciência.

O aluno deve ver a si mesmo em cena quando estiver prestando exame ou quando
estiver no quadro negro por ordem do professor, quando estiver estudando,
descansando ou brincando com seus colegas.

A atenção dividida em três partes: sujeito, objeto e lugar, é de fato atenção


consciente.

Quando não cometemos o erro de nos identificar com as pessoas, com as coisas ou
com as idéias, economizamos energia criadora e nos precipitamos no despertar da
consciência.

Quem quiser despertar a consciência nos mundos superiores, deve começar por
despertar aqui e agora.

Quando o estudante comete o erro de se identificar com as pessoas, as coisas ou as


idéias, quando comete o erro de se esquecer de si mesmo, cai na fascinação e no
sonho.

A disciplina não ensina os estudantes a prestar atenção conscientemente. A


disciplina é uma verdadeira prisão para a mente.

Os alunos e alunas devem aprender a dirigir a atenção consciente desde os bancos


da escola, para que mais tarde, na vida prática, fora da escola, não cometam o erro
de se esquecerem de si mesmos.
O homem que se esquece de si mesmo diante de um insultador, identifica-se com ele,
fascina-se e cai no sono da inconsciência. Então, fere ou mata e vai para a prisão
inevitavelmente.

Aquele que não se deixa fascinar com o insulto, aquele que não se identifica com ele,
aquele que não se esquece de si mesmo, aquele que sabe usar sua atenção
conscientemente, seria incapaz de dar valor às palavras do insultador, de feri-lo ou
de matá-lo.

Todos os erros que o ser humano comete na vida são devidos a que se esquece de si
mesmo, se identifica, fascina-se e cai no sonho.

Melhor seria que para a juventude, para todos os estudantes, se os ensinássemos o


despertar da consciência, ao invés de escravizá-los com tantas disciplinas absurdas."
(Samael Aun Weor, Educação Fundamental, cap.IV. "A DISCIPLINA")

É claro que o mestre está se referindo a uma disciplina equivocada, orientada para a
repressão dos impulsos e não para a sua compreensão. A disciplina criticada acima é
a disciplina para o cultivo da resistência. Mas mesmo a compreensão não surgirá se
tentarmos obtê-la por meio de uma disciplina baseada no mero esforço irrefletido e na
resistência aos impulsos. Melhor que resistir, é compreender e morrer de fato.

O que enfraquece o poder de um ego é a ação desinfectante da consciência


(compreensão) e não o esforço para resistir. O que mata um defeito é o fogo da Mãe
Divina e não as resistências. Acreditar que os bloqueios e resistências enfraquecem e
matam defeitos é estar equivocado. A ato de resistir a um defeito não o enfraquece,
apenas o represa e o faz irromper sob outras formas ou em outros momentos.

Os mestres são unânimes em orientar que não se deve dar passe livre aos desejos e
nem permitir que atuem livremente. De fato, o poder da compreensão e observação
conscientes, associados ao fogo interior da Mãe Divina, enfraquecem a ação do
defeito e não lhe permitem atuar, embora lhe permitam aflorar para que sejam
percebidos conscientemente.

A obsessão por virtudes nos lança no pólo contrário. Os obsecados por castidade são
os mais fornicários, pois não vêem o sexo com naturalidade. Os obsecados por
mansidão são os mais furiosos e iracundos, quando provocados.

Observem que os mestres não estão dizendo para ninguém dar corda ou estimular os
defeitos, identificando-se com os mesmos. Tampouco estão recomendando que se
fique "curtindo" a sensação de satisfazer o desejo (identificação). Estão unicamente
orientando a não perder o tempo com resistências e repressões tolas, porque elas não
matam e não eliminam nada.

Creio que essas citações sejam suficientes para convencer os gnósticos fanáticos que
sempre acharam que temos que viver reprimindo nossas emoções, desejos e impulsos,
ao invés de acompanhá-los conscientemente e sem identificação para compreendê-los
em profundidade crescente.

O livre arbítrio na Morte do Ego

O livre arbítrio é a capacidade de decidirmos consciente e voluntariamente o que


faremos e as situações pelas quais passaremos. Ter livre arbitrio é ter o poder de
decidir e conduzir.
O livre arbítrio pode ser considerado do ponto de vista exterior ou interior. De um
ponto de vista exterior, temos livre arbítrio para falar, andar e atuar. Porém, quando
consideramos a questão do ponto de vista interior, nos damos conta de que não temos
liberdade para comandar os processos interiores que resultam no comportamento
exterior e visível.
Normalmente, temos apenas uma pequeníssima margem de livre arbítrio interior
(comparável à mobilidade de um violino dentro do seu estojo). A grande maioria dos
processos emocionais e mentais não obedecem ao comando consciente. Nossos
processos interiores se sucedem sem que tenhamos o poder de decidir a respeito.
Schopenhauer esclarece bem esse aspecto em sua obra "O Livre Arbítrio". Não temos
o poder de deixar de desejar algo simplesmente por um esforço de vontade. Como os
psicólogos demonstraram muito bem, os impulsos volitivos não deixam de existir
quando são recalcados. Os desejos, sentimentos, emoções, pensamentos e lembranças
estão lá, em nosso interior, e se processam de forma autônoma, não nos obedecem.
Desejamos ou sentimos o que não gostaríamos de desejar ou sentir. Quando tentamos
silenciar a mente, os pensamentos prosseguem, independentes e por si mesmos.
Conclusão: o psiquismo humano é rebelde, não se submete aos nossos ditames, não
temos o livre arbítrio que imaginamos ter.
Se não temos o livre arbítrio de decidir ou não o que iremos sentir e pensar, não
podemos ser culpados pelo que pensamos e sentimos, pois são processos
involuntários. Entretanto, temos um princípio, uma pequena margem de livre arbítrio
interior que pode ser aumentada pela morte dos tiranos interiores. Uma vez que
compreendamos como se realiza a morte do Ego, passamos a ser capazes de decidir
se aumentaremos ou não nossa margem de livre arbítrio interior. Aí começa nossa
responsabilidade.
Nos campos em que não temos livre arbítrio, seria uma perda de tempo tentar
reprimir, controlar, recalcar, bloquear, sufocar ou resistir aos impulsos, pois estes
atravessam as barreiras cedo ou tarde. Porém, nos campos em que já possuímos ou
conquistamos a liberdade interior, podemos e devemos exercê-la, controlando nossas
atitudes e atividades mentais, deixando de dar abertura e estímulo aos nossos
defeitos. Em suma, não devemos reprimir os defeitos, mas não devemos reforçá-los.
É tão errado resistir a um desejo, quanto provocá-lo, estimulá-lo ou "dar-lhe corda"
em situações já superadas, nas quais o mesmo já está enfraquecido ou não se
manifesta.
Diz o V.M.R. que devemos permitir que os defeitos aflorem mas não que atuem. A
observação sem identificação associada à oração impedem que o defeito atue e o
enfraquecem. A remoção dos bloqueios permite que ele aflore.
Uma coisa é permitir que um defeito aflore livremente, para ser observado. Outra
coisa é permitir que atue livremente, para ser alimentado e fortificado. Permitimos
que o defeito atue quando nos identificamos. Então perdemos a (pouca) consciência,
adormecemos fascinados e nosso inimigo interior se fortalece.
Por meio da identificação, o ego atua livremente. A pessoa se sente sendo o próprio
ego (daí o termo "identificar-se"), sente que é o próprio desejo e vive as cenas dos
pensamentos como se fossem reais. Esta é a via pela qual o Ego atua e se enraiza
mais e mais.
Por outro lado, se bloqueamos os defeitos e impedimos que aflorem, eles continuarão
atuando fora do campo de nossa consciência, em outros níveis, e permanecerão
causando dano. Bloquear um defeito não o impede de atuar, pois sua atuação
prossegue em níveis inconscientes. O Ego bloqueado não deixa de agir, atua sem que
o percebamos, simplesmente se oculta aos nossos olhos e atua de forma invisível.
Quem resiste aos desejos não está deixando de alimentá-los, os está alimentando por
canais insuspeitados, sem dar-se conta. A resistência não é, portanto, o caminho para
impedir a atuação dos egos. Quem imagina que está impedindo um desejo de se
alimentar porque lhe resiste está cometendo um grande erro.
O livre arbítrio interior que temos que empregar em tais casos corresponde à
aplicação prática das orientações que recebemos sobre a morte do ego, as quais são
muitas e não caberiam todas aqui, mas poderiam ser sintetizadas no seguinte:

1. romper a identificação com o ego (recordar-nos de nós mesmos);


2. observar os detalhes do ego em ação sem reprimi-los;
3. tomar as providencias eliminatórias (oração à Mãe Divina) imediatamente após
detectá-los.
Deste modo, aplicamos corretamente o incipiente e quase inexistente livre arbítrio
interior que possuímos e o aumentamos gradativamente.
Provas de que não temos livre arbítrio interior existem aos montes. Não temos o
poder de não nos enfurecermos diante do insultador, de não nos entristecermos nas
desgraças, de não temermos frente a ameaças, de não desejarmos o objeto da
tentação. Quem duvida do que afirmei, que se submeta ao teste.

Lei2 de maio de 2011 09:49


Caro escritor deste blog. Tenho umas dúvidas. Sobre a oração à Mãe
Divina, como devo proceder?? Devo apenas pedir internamente: "Mãe
divina, elimine este eu psicológico" ? Ou devo rezar alguma oração
específica? A respeito da não-identificação com o ego, faço isso
tomando consciência de que o ego não faz parte de mim, correto? Como
sendo algo distinto de mim?

Excelente blog.

Abraços.

A Condição Social do Homem4 de maio de 2011 22:53


Não é necessária nenhuma fórmula de oração, basta ser uma oração
espontânea, carregada de sinceridade. Quanto maior a emoção ao pedir,
mais intensa é a força da oração. E emoção é algo que não se força, se
desenvolve gradualmente.

A Condição Social do Homem4 de maio de 2011 22:56


P. "A respeito da não-identificação com o ego, faço isso tomando
consciência de que o ego não faz parte de mim, correto? Como sendo
algo distinto de mim?"

R. Perfeitamente. Para tanto, você deve dar o choque da recordação de


si, pois a recordação de si é exatamente para isso: para nos
diferenciarmos dos egos. A recordação de si rompe identificação da
essência com o ego, o corpo físico, a mente e tudo o mais. Essa
dissociação é necessária para que haja a auto-observação e para que os
elementos psicológicos percam o poder sobre sobre nós. Do contrário,
ficamos fascinados, sentindo que somos os defeitos, e não conseguimos
fazer nada.
A Condição Social do Homem4 de maio de 2011 22:58
Eu escrevi um importante texto sobre este pormenor da pergunta mas
infelizmente não estou conseguindo arrancá-lo do meu palm top.

Lei5 de maio de 2011 09:50


No caso de eu ser católico, posso fazer alguma oração à Nossa Senhora,
para eliminar o tal defeito??

A Condição Social do Homem29 de maio de 2011 16:29


Este comentário foi removido pelo autor.

A Condição Social do Homem29 de maio de 2011 16:30


Com certeza sim. A Mãe Divina está em todas as religiões, inclusive na
sua religião católica. Se vc pedir a Nossa Senhora para que te livre de tal
pecado, e observar os resultados, verá que Ela o enfraquecerá para você
e você não necessitará mais ficar se segurando.
A Mãe Divina é universal e é anterior às religiões.

Concentração e esforço

Primeiramente, vamos dissociar totalmente a concentração do esforço. Concentração


é atenção pura e/ou pensamento direcionado, sem esforços (1).

Agora, vamos diferenciar a concentração da atenção e a concentração do pensamento.


Há uma diferença entre ambos.

Concentrar a atenção é algo sensorial, está relacionado à percepção (embora possa


também ser algo supra-sensorial). Se percebo algo de forma prolongada e contínua,
estou com a atenção concentrada sobre aquilo. Concentrar o pensamento é algo
mental: trata-se de fazer com que o fluxo da mente, normalmente aleatório e
subjetivo, assuma uma forma unidirecional, ou seja, volte-se para um único tema ou
objeto. Se penso tudo o que sou capaz de pensar sobre uma vela e o faço de forma
plena, espontânea e natural, estou mentalmente concentrado nessa vela.

A concentração do pensamento depende da concentração da atenção pois, durante a


concentração mental, os pensamentos sobre o lakshya são o objeto da atenção.
Concentrar a atenção é algo que vem primeiro, concentrar o pensamento é algo que
vem depois e demora um pouco mais para ser aprendido. Em ambos os casos, deve
haver descontração progressiva e não contração.

Se estou prestando atenção, com os olhos abertos, nos detalhes anatômicos de uma
planta, estou com a atenção concentrada, recebendo sensorialmente suas
características. Se começo a refletir sobre a planta, estou com a mente concentrada na
planta (pensamento único). A reflexão sobre a planta exige o recurso da imaginação,
que é uma forma assumida pela mente. Quando fecho os olhos, imagino e reflito
sobre a planta, sem me desviar para outros temas, estou percebendo os conteúdos
imaginativos supra-sensorialmente e não de forma meramente sensorial. Se, mesmo
com os olhos abertos, obtenho insights e revelações sobre a planta na qual estou
prestando atenção, estarei concentrado mentalmente nela.

Portanto, podemos passar da mera concentração da atenção em um objeto exterior


para a concentração do pensamento sobre o mesmo objeto, isto é, podemos passar do
mero ato de perceber o objeto com os olhos físicos para o ato de pensar de forma
profunda e objetiva naquele mesmo objeto. Podemos também realizar as duas coisas
simultaneamente: ver o objeto e refletir nele enquanto continuamos a vê-lo. Podemos,
ainda, somente refletir no objeto com os olhos fechados, sem percebê-lo com os olhos
físicos.

Quando contemplamos o objeto com os olhos físicos, o estamos recebendo


sensorialmente. Quando refletimos no objeto com os olhos fechados, estamos
capturando supra-sensorialmente imagens que criamos a respeito e imagens que não
criamos a respeito, mas que foram criadas pela própria natureza. Estas últimas
correspondem à contra-parte supra-sensível do objeto. À medida que abandonamos as
imagens que criamos, vamos acessando as imagens que a natureza criou e nos
aproximando da essência supra-sensível do objeto que nos interessa. Logo, todo
objeto possui uma parte sensível e uma contra-parte supra-sensível. A parte sensível é
acessível sensorialmente (aos olhos físicos). A parte supra-sensível é acessível supra-
sensorialmente (aos sentidos internos). A alma possui sentidos. A visão espiritual é
um dos sentidos da alma e seu princípio é a imaginação humana. A faculdade
imaginativa é a visão espiritual atrofiada e que pode ser desenvolvida.

O excessivo materialismo atrofiou a visão espiritual da humanidade e por isso


vivemos aprisionados na sensorialidade, no mundo físico.

A concentração e a meditação desenvolvem a imaginação até o ponto de transformá-


la em uma visão espiritual perfeita, pela ativação e exercício constante dos chakras.
Também desenvolve a emoção superior até o ponto de transformá-la em intuição.
Mas, para serem executadas corretamente, requerem que sejam praticadas na
ausência de conflitos, tensões, contrações, preocupações e esforços.

Se aprofundarmos o relaxamento, libertando-nos das múltiplas desatenções(2), que


são forças que nos prendem, e permitirmos que a atenção pura se instale em um alvo
único, cairemos na concentração.

A ansiedade por concentrar-se é um paradoxo contra-producente: quanto mais


ansiosos estivermos por nos concentrar, menos focada estará a atenção.

A atenção contínua e direcionada é observação. Concentrar-se é observar algo


conscientemente. Pode-se observar um objeto estático ou móvel, mutável. Também
pode-se observar um objeto físico ou psíquico (mental). Um pensamento é um objeto
que pode ser observado.
Uma verdadeira observação nunca é ansiosa e nem tensa. A tensão e a ansiedade nos
impedem de ver o objeto que queremos. Aquele que tenta observar ansiosamente um
objeto, vê somente sua própria ansiedade e não o objeto que almeja ver. O esforço, a
tensão e a ansiedade se interpõem entre o observador e o objeto da concentração,
quando o primeiro faz esforços por concentrar-se.

Concentrar-se é somente acompanhar algo conscientemente, como quando se presta


atenção em um lindo quadro. Quando prestamos atenção a algo que nos interessa,
estamos concentrados ali. Exemplos banais, porém verdadeiros de atenção
direcionada: um ladrão concentrado em abrir um cadeado sem fazer barulho, um
homem contemplando luxuriosamente o corpo de uma bela mulher.

Se podemos usar a concentração para fazer coisas ruins, por que não usá-la para fazer
coisas boas, que nos elevem espiritualmente? E se fazemos isso inconscientemente o
tempo todo, por que não fazê-lo conscientemente?

A observação de um objeto estático, fixo, causa confusão aos principiantes. O que é


observar verdadeiramente um objeto fixo? É observar tudo o que faça parte dele, que
lhe seja intrínseco, que exista ou se processe nele, dentro dele e não fora dele. Não é
observar outras coisas, distintas do objeto, ainda que tais coisas se relacionem ao
mesmo. E quando todas as características, traços, processos etc. que se dão no interior
do objeto se esgotam? Temos que passar a um nível imaginativo e prosseguir,
observando agora a imagem interior que criamos do mesmo objeto. Então podemos
dar continuidade á exploração: explorar o objeto por dentro, seus átomos e tudo o que
for possível. Até que ponto? Até o ponto em que se possa dizer que se tem um único
pensamento. O objetivo da concentração é alcançar o pensamento único. Então,
descarta-se esse pensamento único.

O que é um pensamento único? Um pensamento a respeito de um único objeto. O


pensamento único não é estático, é dinâmico, porém focalizado, direcionado e
dirigido. Ele se altera, porém sempre dentro do mesmo elemento ou tema.

O esforço tenta travar o pensamento, tenta congelá-lo. Ao tentar travá-lo, impede que
flua e sabota o desenvolvimento da concentração.
Concentrar-se é contemplar ininterruptamente. Contemplar não é fazer força, é ser
receptivo. Ser receptivo é "dar-se conta" de algo, daquilo que nos interessa. Nada
disso se relaciona a qualquer tipo de tensão.
Quando algo nos interessa, nos tornamos receptivos àquilo.

A atenção pura prescinde de qualquer tipo de tensão. Atenção e tensão são


completamente distintos e não apresentam interdependência. A pessoa tensa não está
mais atenta que a pessoa relaxada. Estar atento não é estar ansioso, é simplesmente
estar receptivo, contemplativo.

Quando se diz que devemos nos manter concentrados, está-se dizendo simplesmente
isso: que devemos nos manter contemplativos, que temos que aprender a contemplar
algo de forma prolongada e sem interrupções.

O ato psicológico de tornar-se receptivo a algo não é um ato de esforço, é um ato de


entrega. Aquele que se torna receptivo ao objeto de sua concentração entrega-se,
acaba-se, desaparece no objeto, conscientemente.

Entregar-se conscientemente à concentração, manter-se lúcido, é algo que exige


dedicação, exercício. O iniciante se perde, faz força, tensiona o entrecenho e cria
conflitos com sua mente. Quando aprendemos a nos concentrarmos de fato,
compreendemos que a concentração é um prolongamento do relaxamento e muito
semelhante a este.

A quietude da mente, seja na concentração ou na meditação, não é algo forçado:

"Contudo, não devemos auto-enganar-nos e confundir gato com lebre. O Eu também


ambiciona e cobiça esses silêncios e até os fabrica para si mesmo artificialmente.
Durante a meditação profunda necessitamos de quietude e silêncio total da mente,
mas não necessitamos dessa quietude e desse silêncio falsos, fabricados pelo Eu. Não
devemos esquecer que o Diabo rezando missa pode enganar às pessoas mais astutas.
É lógico dizer que se queremos silenciar a mente à força, na marra, se queremos
aquietá-la torturando-a e amarrando-a, motivados pela cobiça de experimentar o
Ser, o Íntimo, só conseguiremos silêncios artificiais e quietudes arbitrárias
produzidas pelo Eu."

(V.M. Samael Aun Weor, Música, Meditação e Iluminação. Cap. 9)

Portanto, o silêncio mental na meditação é algo que nos advém quando aprendemos a
provocá-lo e não algo que impomos.

*********

Suponhamos que eu queira me concentrar em uma cachoeira, na ausência desta.

Fecharei meus olhos e a verei com a imaginação (que é o princípio da clarividência).


Sem necessidade de analisar intelectualmente e sequer de utilizar um idioma
internalizado, começo a me dar conta de muitas características desta cachoeira.

A imagem da cachoeira possui muitas características: o fluxo da água, o som da


queda, as espumas, os reflexos luminosos, as rochas, liquens e musgos etc. Conforme
vou prosseguindo na concentração, vou me tornando consciente de tais características
e de muitas outras.

Não faço esforço algum, somente contemplo e observo a imagem, tomando


consciência de seus detalhes. Não existe tensão, apenas contemplação.

Nada mais existe para mim, somente a cachoeira. Me desligo do resto do mundo.
Estou no presente, penetro e me perco completamente no agora, me entrego à prática.

No início, a imagem da cachoeira é algo vago e distante, "apenas imaginação".


Porém, se o desligamento do mundo for realmente profundo, a cachoeira se torna
mais e mais vívida, até adquirir um impacto realístico idêntico ou maior que o
proporcionado por uma cachoeira física aos meus olhos. É assim que se exercita e
desenvolve o sentido da clarividência.
Quando um objeto quaLquer fere os nossos sentidos físicos, nos atinge também
supra-sensorialmente, apesar de não termos consciência de tal fato. Os objetos são
multidimensionais. Todas as cachoeiras que vi em minha vida me atingiram a alma
não só sensorialmente, mas também supra-sensorialmente, o que significa que possuo
dentro de mim muito mais informação sobre as cachoeiras do que suponho. Possuo
conhecimentos inconscientes sobre a cachoeira e, ao me concentrar, trago tal
conhecimento à tona e o torno consciente.

Portanto, concentrar-se é extrair informações sobre o objeto que nos está


interessando. A classe de conhecimento que adquirimos com a concentração é
interior e não exterior. O que pouca gente sabe é que a via interior do conhecimento
nos fornece informações não somente sobre nós mesmos, mas também sobre
elementos do mundo exterior. Temos, dentro de nós, conhecimentos sobre os
oceanos, as rochas, as plantas, os animais, os planetas. Temos que aprender e extraí-
los.

Nota:

(1) a palavra "esforço" e usada aqui como sinônimo de tensão/contração e não de um


empenho dedicado a algo.

(2) que são atenções no que não interessa.

Recordar-se do Ser

Recordar-se do Ser é dar-se conta do que se possui de nobre e digno dentro de si, é
lembrar-se desta parte superior e sublime, evocá-La e manter-se unido a Ela. Isso é
recordar-se de si mesmo.
A parte boa do homem vem de Deus, portanto, recordar-se do Ser é recordar-se de
Deus.
Todos os impulsos bons, superiores e sublimes vêm do Ser e os impulos maus,
inferiores e degradantes vêm do Ego. Aquilo que nos prejudica ou prejudica os
demais não provém do Ser. É assim que os diferenciamos.
Recordar-se de si é recordar-se do Ser em nós (a Essência), diferenciando-se do Ego.
Quem se recorda de si mesmo, se diferencia do Ego e se dissocia de tudo o que não
seja o Ser. Então compreende que o corpo físico, as emoções, os pensamentos, as
lembranças, as dores, os sofrimentos, as alegrias, os temores, os sentimentos
variados, a mente etc. não são o Ser, pois o Ser está além de tudo isso. É assim que
adquirimos o pré-requisito para observar o Ego em ação.
Quem não se recorda de si, fascina-se e identifica-se com aquilo que deveria
observar, tornando-se cego para si mesmo. Não é possível observar algo com o qual
estamos identificados, algo que consideramos ser indistinto de nós mesmos. Se
quisermos observar o Ego, temos primeiramente que abordá-lo como um elemento
estranho, alheio. Recordemos o exemplo da tábua, dado pelo V.M.S.
Se estivermos sentados sobre uma tábua, não poderemos estudá-la. Para examiná-la,
temos primeiramente que nos separarmos, sair de cima da tábua para, então, levantá-
la, tomá-la nas mãos e examiná-la. O mesmo sucede com as manifestações dos egos
em todos os centros da máquina humana.
Se tomarmos nossos funcionalismos como se fossem partes do nosso Verdadeiro Ser,
não poderemos tomar a distância necessária para observá-los criticamente e
objetivamente, pois os teremos demasiadamente unidos a nós mesmos. Há que se
tomar uma certa distância do Ego para vê-lo em ação. Que Ego é esse? Aquele que
responde "Eu!" quando batemos em uma porta e nos indagam "Quem é?"
Esse "Eu" que tanto amamos e que sentimos equivocadamente que somos nós de
verdade é que deve morrer. Esse "Eu" que nos desperta tanta piedade, do qual
gostamos muito e que sente que deseja, que pensa, que faz e acontece. Esse é o "Eu"
que tem que morrer pelas mãos da Mãe Divina, seja aqui ou no abismo. É melhor que
seja agora. Se não colaborarmos com Ela, Ela o matará da mesma maneira, porém
contra a nossa vontade, no Inferno.
Tal "Eu", que não é o Ser, é múltiplo e não único como nos parece. Quando nos
recordamos de nós mesmos, nos dissociamos do Ego e torna-se possível observá-lo,
examiná-lo, compreendê-lo e entregá-lo à Morte.
À medida que o Ego morre, o verdadeiro em nós surge, nasce.
A recordação de si é um pré-requisito para a auto-observação. Recordar-se de si
mesmo não é somente diferenciar-se do não-ser, é também abrir-se às influências do
que há de mais elevado, digno e superior dentro de nós mesmos, é tornar-se veículo
do Homem Verdadeiro que aguarda em nosso interior.

A Essência e o Ser

A Essência do ser humano é sua própria alma.

Em estado original, a alma é pura e perfeita. Quando se identifica com a matéria, cria
desejos e se corrompe.

A Essência é o que há de espiritual encarnado no homem. O Espírito Divino não está


encarnado, senão parcialmente. Apenas uma fração ínfima do Espírito está encarnada
nas pessoas comuns: a essa pequena parte do Espírito, encarnada no ser humano,
chamamos de Essência.

O Espírito Divino é o Real Ser, o qual não pode encarnar totalmente devido ao
obstáculo do Ego. Quando o Ego morre, o Ser toma posse do seu veículo.

Além da Essência, o Espírito possui outras partes autônomas, que atuam de forma
independente em outros universos.

Cultivar a Essência é abrir caminho para o Espírito. O choque da recordação de si é a


primeira forma de cultivar e alimentar a alma.

Embora encarnada, nem sempre a Essência está no corpo físico, muitas vezes ela
viaja, adormecida, para outros mundos, enquanto muitos egos usam o seu veículo
para cometer diabruras.
Recordação de si e observação são as primeiras formas de exercitá-la e desenvolvê-la.

A alma que não se recorda de si, se fascina e se confunde com os egos, gozando e
sofrendo suas dores e euforias.

A alma que se recorda de si abre caminho ao Ser.

O Espírito está além da Essência, mas vela por ela e a auxilia desde os universos
divinos mais distantes, acompanhando seu desenvolvimento. A alma é um membro
do Espírito, uma fagulha ou emanação. Assim como o Espírito emana da Grande
Realidade Única (o Deus Uno), a Essência ou alma emana do Espírito ou Real Ser.

O Real Ser possui várias emanações, sendo uma delas a nossa Essência, pura e
primordial. Outras emanações são: a Mãe Divina, o Cristo Interior, o Íntimo e outras
mais. O todo, a soma de todas as emanações constituem o Real Ser.

Quando cometemos algo errado, prejudicando alguém, estamos agredindo e ferindo a


nós mesmos, ao nosso Ser. Quem pratica o mal está se auto-agredindo, auto-
apunhalando e se auto-assassinando.

Nosso veículo físico deve ser entregue ao seu verdadeiro e legítimo dono: o Real Ser.
Temos que buscar, amar e nos vincular ao que verdadeiramente somos e não ceder
nosso veículo a elementos estranhos, invasores que unicamente roubam suas energias
e o destroem. Os egos, sejam nossos ou de outras pessoas, são mercadores do templo
que precisam ser expulsos com o chicote.

O conhecimento do coração

Existe uma sabedoria do intelecto, que pertence à cabeça, e existe uma sabedoria do
coração.

A sabedoria da cabeça vincula-se ao pensar, o qual, por sua vez, vincula-se ao


sensorial: a lógica do intelecto é dada pelos sentidos comuns.
A sabedoria do coração vincula-se a um sentir específico. Sua lógica é de tipo interno
e se fundamenta no supra-sensorial.

A emoção também é veículo de conhecimento. O mundo das emoções que podem ser
experimentadas é infinito e corresponde a todo um universo a ser conhecido.

Podemos conhecer um objeto a partir das sensações físicas que o mesmo nos
proporciona e a partir das sensações internas que provoca.

Um objeto qualquer do mundo provoca em nós sensações internas e a percepção


consciente das mesmas constitui uma forma de conhecimento. Esse é o conhecimento
do coração.

O conhecimento do coração é o conhecimento das sensações interiores.

O mundo inteiro, com todos os seus objetos físicos exteriores, toca o homem
psiquicamente, de forma análoga à que o toca com suas vibrações físicas. A luz
refletida porum pássaro afeta a retina, o som produzido por seu canto, afeta seus
ouvidos. Mas há algo além: a imagem, o canto, a presença do pássaro provoca em nós
uma reação psíquica: emoções de variados tipos, recordações, imagens mentais etc. O
pássaro também nos atinge interiormente.

A principal forma de sermos atingidos interiormente por algo é a emocional.

Se nosso sentido de auto-observação fosse desenvolvido, veríamos uma gama imensa


de emoções oriundas dos objetos que nos rodeiam. Estaríamos captando o aspecto
astral do mundo e adquirindo o conhecimento do coração.

Quando as percepções emocionais se tornam conscientes e objetivas, desenvolvemos


a faculdade da intuição, que é o mesmo conhecimento do coração, aprimorado e
treinado. O intuitivo lê o mundo com o centro emocional.

Quem tem o ego desenvolvido não pode ter conhecimento intuitivo porque suas
emoções são desordenadas, caóticas e subjetivas.

Se quisermos entrar nos mundos espirituais, temos que desenvolver a emoção. As


emoções inferiores caotizam e desordenam a percepção interior.
Todo ser humano possui um pouco de intuição que pode ser exercitada e
desenvolvida, desde que se saiba o caminho.

Não há limite para o desenvolvimento do conhecimento do coração. A capacidade de


discernir objetivamente as emoções que sentimos pode ser aprimorada até níveis
inimagináveis, revelando o que ao intelecto se mantém oculto.

À medida que o Ego morre, as emoções não deixam de existir: se tornam mais e mais
objetivas, correspondendo-se com a realidade.

Não temos que nos tornar seres frios e sem emoção, temos que eliminar as emoções
inferiores e desenvolver as emoções superiores.

Aqueles que supõem não existir relação alguma entre a emoção e a realidade estão
enganados. A realidade não pode ser capturada objetivamente na frieza porque a
emoção é, ela própria, uma parte da realidade. A emoção humana é parte do aspecto
emocional do universo.

A realidade não é constituída somente por vibrações sonoras, luminosas e de outros


tipos.

Existem também as vibrações psíquicas (emocionais e mentais, entre outras não


compreensíveis ao intelecto materialista), as quais fazem parte da realidade e são
requeridas para uma compreensão mais profunda do todo no qual estamos inseridos.

A frieza do intelecto, que exclui a emoção, não pode penetrar no aspecto mais
profundo do universo. Pode ser útil para a compreensão da secção sensorial do
mundo, mas se torna desorientante quando aplicada à tentativa de se ir além, como
vemos nos casos dos cientistas que tentam penetrar o mundo subatômico sem
renunciar ao paradigma sensorialista.

ANTONIO SERGIO FARIAS CASTRO19 de setembro de 2011


09:12
Havia pensado na expressão Conhecimento do coração por pura intuição
e vou apresentá-la numa palestra sobre árvores urbanas..............aí achei
este texto - EXCELENTE !
ANTONIO SERGIO CASTRO
www.floradoceara.com

A Condição Social do Homem20 de setembro de 2011 20:30


Que bom que o texto te ajudou amigo! Tudo de bom para você e os
seus!

O conteúdo dos pensamentos

Cada pensamento possui um conteúdo. O conteúdo de um pensamento é a informação


que ele traz. Exemplo: se penso em uma casa com uma mulher na janela, este é o
conteúdo do meu pensamento.

O conteúdo de cada pensamento corresponde a uma faceta do ego que o emite. Os


egos usam o centro intelectual para emitir mútiplos pensamentos.

A esmagadora maioria dos pensamentos são inúteis, meros desperdícios de energia


intelectual, e não servem para nada.

Usar nossa pequena margem de livre arbítrio intelectual para parar de pensar é o
primeiro passo. Observar e pedir a morte dos pensamentos que fogem ao alcance
deste livre arbítrio é o segundo passo.

Então, fazemos duas coisas: pedimos a morte dos pensamentos existentes e, mediante
o exercício da vontade, deixamos de recriá-los ou de criar novos pensamentos.

A auto-observação revela o conteúdo de cada pensamento e permite verificar o


avanço na morte do defeito correspondente.

Pensamentos são manifestações do Ego no centro intelectual.

Quando nos propomos a eliminar um ego, o primeiro a fazer é não ocupar nossa
mente com os objetos de sua libido (desejos, medos, sofrimentos etc.). Se ocuparmos
nossa mente com os pensamentos emitidos pelo Ego, o fortificaremos e jamais o
eliminaremos. A verdadeira morte é o enfraquecimento progressivo, até o
definhamento e morte totais (decapitação). Morte é esquecimento.

A vigilância no sentido de não reprimir e nem deixar de pedir pela morte da faceta
expressa no pensamento deve ser rigorosa. Temos que encontrar um ponto interno de
equilíbrio, onde não reprimimos os pensamentos, mas também não deixamos que
passem sem serem queimados pela Mãe Divina. Não os reprimimos, mas não
deixamos de pedir à Mãe Divina que os mate. Aí está o rigor da disciplina mortal e
não repressora.

Neste ponto de equilíbro, não emitimos nenhum pensamento voluntariamente, mas


pedimos a Morte para todos os pensamentos involuntários que nos assaltam, sem nos
preocuparmos em reprimir estes últimos e nem tampouco alimentá-los pela
identificação.

Alimentar um pensamento pela identificação e pedir por sua morte é um contra-


senso. Alimentar um pensamento pela identificação e tentar reprimi-lo também é um
contra-senso. O correto é não reprimir e nem estimular, mantendo-nos fora desta
dualidade.

Existem pensamentos voluntários e involuntários. Os voluntários são aqueles que


podemos deixar de emitir por um simples esforço de vontade. Os involuntários são
aqueles que não nos deixam, mesmo quando tentamos expulsá-los de nosssa mente
(ex. música que toca na cabeça por vários dias).

Na correta prática da morte, não emitimos voluntariamente os pensamentos e não


deixamos que os pensamentos que nos invadem involuntariamente passem sem serem
mortos pela Divina Mãe.

Na correta prática da morte, não procuramos os pensamentos: os esquecemos e nos


ocupamos com nossas tarefas cotidianas. No entanto, não deixamos que passem por
nossa mente sem serem afetados pelo fogo da Mãe Interna. Por isso nossa meta é a
observação e a oração.
Procurar os pensamentos é evocá-los, atraí-los e criá-los, motivo pelo qual não os
procuramos. Mas não deixamos de percebê-los quando chegam sem terem sido
chamados e, nesse caso, imediatamente pedimos pela morte.

Os pensamentos devem morrer porque não são o Ser e obstaculizam o Ser. Somente o
Ser (ou Essência) deve ser admitido em nós.

Quem se deixa fascinar pelos pensamentos, confunde-os com a Essência, alimenta os


egos que os emitiram e se torna incapaz de observá-los . A mente deve sempre ser
vista como um elemento estranho, como algo distinto do Ser.

Buscamos o Ser Verdadeiro, nosso Espírito Divino, que é o que temos de melhor e
mais decente. Então, não cultivemos o Ego, apressemos sua morte e o Ser
resplandecerá. O Real Ser é Deus em nós.

Quanto tempo dedicar às práticas?

A frequência ideal para as práticas de meditação é o maior número de vezes possível


durante o dia. Entretanto, todas as práticas devem ser feitas sem esforço (sem forçar-
se). A pessoa deve se sentir bem, e não mal, ao fazer as práticas. A leve dor de
cabeça, característica do esforço mental, não pode ser sentida.

Uma sugestão minha: em vigília, reparta o seu tempo entre a meditação e a dedicação
ao ginásio psicológico (morte em marcha), dedicando 50% do tempo a cada uma.

Alterne as práticas ao longo do dia, isso significa: alterne períodos de atividade


contemplativa (meditação) com períodos de atividade corporal (morte em marcha,
luta do dia a dia).

Se dedicarmos a metade do nosso tempo à meditação (e práticas afins) e a outra


metade à morte em marcha (e práticas afins), reproduziremos o mesmo
comportamento em astral, à noite.
O tempo de duração de cada prática de meditação depende do desenvolvimento de
cada pessoa. Iniciantes praticam por poucos minutos, várias vezes ao dia, enquanto as
sessões de práticas de veteranos são mais demoradas. De todas as maneiras, qualquer
praticante assíduo, iniciante ou não, praticará várias vezes ao dia e não somente uma
vez.

Buscando o sublime através da meditação

Durante a meditação, deixamos para trás tudo o que é denso: corpo físico, corpo
etérico, corpos astral e mental, pensamentos, sentimentos, recordações. Nos
dissociamos dos elementos que nos prendem à realidade temporal, ao mundo
relativístico. Buscamos aquilo que é sublime, divino, superior, elevado, leve, divino.

O desligamento se inicia com o relaxamento, prossegue com a concentração e se


realiza na meditação, mas pode prosseguir e se aprofundar a niveis
inimagináveis. Não há limites na viagem da alma em busca da leveza.

O trabalho de meditar é o trabalho de dissociar completamente a consciência da


mente, do corpo físico, dos sentimentos e dos elementos externos.

Na verdade, nos desligamos de tudo para experimentar aquilo que nunca antes
experimentamos e que não pode ser descrito e nem imaginado. Qualquer tentativa de
se imaginar o que se poderia experimentar fracassa e pode até sabotar a meditação
caso se converta em guia do que deveríamos fazer. A experiência da meditação é a
experiência do desconhecido.

O esforço que se faz na meditação pode ser qualificado como um esforço negativo.
Um esforço negativo é um esforço menor que zero. Todo o empenho é no sentido de
se atingir o esquecimento e a despreocupação totais. Meditar é uma forma de dormir
e semelhante a morrer (embora não seja a mesma coisa que morrer).
Quem pressupõe um caminho ou meio, através do qual deva se esforçar para meditar,
está se sabotando antes de iniciar a prática. Pressupostos sobre a meditação a travam
de antemão.

Arrependimento e culpa

Há uma diferença entre o verdadeiro arrependimento e a culpa (arrependimento


subjetivo).

A culpa nada tem a ver com o verdadeiro arrependimento. Aquele que se culpa não
está verdadeiramente arrependido, está somente preocupado consigo mesmo. A culpa
é simplesmente um defeito a mais.

Sentir-se culpado não é arrepender-se. Os egos da culpa criam terríveis problemas


emocionais.

Arrepender-se verdadeiramente é abandonar definitivamente algo que se fez, nunca


mais querer voltar àquilo. Sentir-se culpado é simplesmente sentir-se receoso ou triste
pelas consequências negativas e destrutivas que possam recair sobre nós, a partir de
atos que nós mesmos provocamos.

A culpa é uma forma subjetiva de arrependimento. Os danos do arrependimento


subjetivo podem ser vários. Veja esta matéria:

http://hypescience.com/nao-saber-afastar-os-arrependimentos-pode-causar-
problemas-de-saude/

Muitos estudantes gnósticos confundiram o arrependimento subjetivo (culpa) com o


arrependimento objetivo e verdadeiro. O arrependimento objetivo resulta da
compreensão profunda do que se faz, enquanto o arrependimento subjetivo é, no
fundo, mero impulso de auto-preservação.

À medida que morremos, o arrependimento verdadeiro vai surgindo, até o dia em que
negamos totalmente a nós mesmos. Então, deixamos os velhos costumes, não por
temor das consequências, mas por compreendermos que realmente não serviam para
nada e só atrapalhavam a nossa vida e a dos demais.

Não confundamos, então, a culpa com o arrependimento.

De nada adianta culpar-se por não ter se transformado em um Buda após vinte ou
trinta anos de trabalho. Tal sentimento de culpa não mudará a situação para melhor
(embora possa causar doenças). Ao invés de sofrermos com sentimentos de culpa,
melhor é sermos sérios daqui para frente, dissolver os egos de culpa, praticar todos os
dias e esquecer o tempo, colhendo os resultados no final da existência.

Anônimo20 de junho de 2012 09:11


Muito bom. Excelente e muito esclarecedor!

Eu estive errando por algum tempo com esse tipo de arrependimento


subjetivo, mas depois vi que não leva a nada mesmo.

Praticante8 de julho de 2012 06:55


OK. É bom saber que ajudou.

A disciplina e a vontade na aplicação do


livre arbítrio interior

Quando descubro um detalhe comportamental indesejável e peço por sua morte,


conquisto uma pequena porção de livre arbítrio. Se deixo de continuar realizando o
ato correspondente a partir de então, estarei impedindo aquele detalhe de voltar à
vida. Se torno a fazer a mesma coisa, estarei trazendo o defeito novamente à vida.
Somente à medida que conquistamos livre arbítrio interior podemos nos dar ao luxo
de não mais fazer o que antes fazíamos. E somente conquistamos o livre arbítrio se o
defeito (ou sua faceta) morrer. Deixar de fazer o que sempre se fez, sem compreender
o quão prejudicial é aquilo, é adotar um procedimento repressivo, bloqueador. A
verdadeira morte se dá paralelamente à aquisição de livre arbítrio interior. Se alguém
tem muito vícios, deve continuar com eles e observá-los, ao invés de forçar uma
mudança artificial do dia para a noite (pois de todas as maneiras, tal mudança será
falsa, pois ninguém muda assim). Tais mudanças são meros fingimentos para si
mesmos e para os outros, e não são duradouras. A verdadeira mudança vem com a
compreensão.
Sorrir diante de quem nos irrita, estando interiormente cheio de ira e ódio, não é
mudar. Tentar sufocar a raiva que se sente, segurando-a pela força, em bruto, não é
mudar, e criar uma bomba relógio que explodirá cedo ou tarde, de uma forma ou de
outra, seja sob a forma de um ataque de fúria, seja sob a forma de um ataque
cardíaco, seja sob a forma de qualquer outra doença psicossomática.
Mudar superficialmente, por fora, é fingir. Virtudes fingidas e forçadas são mero
cultivo da resistência. Queremos a transformação verdadeira e não a conseguimos por
meio da resistência. Resistir aos desejos não é eliminá-los. Queremos a morte
verdadeira, o enfraquecimento e a morte completos daquilo que nos perturba e nos
tortura. Os recalques são procedimentos de mudança superficial, aparente. A
verdadeira morte não é fingimento, não é repressão ou recalque. É realizada por uma
parte superior do Ser (Mãe Divina) sobre o Eu. É isso o que buscamos.
Resistir ao Eu não é matá-lo. Observar o Eu sem identificação e pedir pela morte de
cada faceta descoberta sim, provomerá a morte verdadeira.
Suprimir detalhes do comportamento antes da Morte é recalcá-los. Suprimi-los
durante e depois da Morte é exercer o livre arbítrio conquistado.
O fato de não reprimirmos os desejos não significa que não iremos adotar firmes
resoluções, vontade de aço e tenacidade de ferro em sentidos específicos; significa,
isso sim, que os empregaremos na direção correta. No trabalho interior não deixamos
as coisas à deriva e nem esperamos que tudo aconteça enquanto ficamos de braços
cruzados.
O fato de não reprimirmos os desejos não significa que os mesmos atuarão
livremente, se alimentando à vontade, sem que nada atue sobre os mesmos e os
enfraqueça. A observação consciente lhes despotencia e a Mãe Divina os decapita.
A consciência tem um poder desinfectante sobre o psiquismo que substitui
plenamente o mecanismo repressor.
A vontade de aço estará corretamente empregada se for aplicada no sentido de não
reprimir mas, ao mesmo tempo, observar e pedir. A disciplina empregada para a
repressão é prejudicial, mas a disciplina empregada para a compreensão é útil.
A disciplina para resistir é contrária ao auto-conhecimento. Necessitamos de uma
disciplina favorável aos nossos interesses: disciplina rigorosa no sentido de permitir o
livre afloramento dos conteúdos inconscientes, de não nos identificarmos com tais
conteúdos, de observá-los com plena consciência e lucidez e orar pela dissolução de
tais conteúdos.
No campo em que possuímos livre arbítrio interior (liberdade emocional do
comportamento), temos toda a capacidade de NÃO FAZER algo, mas isso não
significa que sempre devamos evitar fazer aquilo, tudo dependerá das circunstâncias.
Se algo alimentar ou criar um defeito, não devemos realizá-lo, mas se for inofensivo
e não reforçar em nós nada prejudicial, não há problema em realizá-lo. A consciência
é o melhor guia.
Quando descobrimos um ato que alimentava um defeito e o eliminamos, dali para
frente poderemos continuar a realizá-lo ou não, tudo dependerá do seguinte:
1. Se o ato prejudica a nós mesmos ou a outras pessoas;
2. Se o ato irá alimentar ou (re)criar defeitos.
A reflexão sincera (Reflexão Evidente do Ser) é que nos dá a orientação no momento
e nos permite saber se devemos ou não continuar a realizar o ato. Certos atos podem e
devem ser realizados após a morte do defeito correspondente, outros atos não.
Há atos que nutrem defeitos mas não podem ou não precisam ser suprimidos de nossa
vida, mesmo após a dissolução dos Eus correspondentes. Neste caso, devemos passar
a realizá-los conscientemente, pois então uma parte do Ser se ocupa em realizá-lo
sem causar danos (ex. ser carinhoso com a esposa). Já outros atos, ao contrário, não
podem permanecer em nossa natureza pois impossibilitam avanços posteriores e nos
estancam (ex. frequentar prostíbulos, masturbar-se ou ver filmes pornográficos). Não
nos orientamos pela moral, a moral nos é inútil. Nos orientamos pelo prejuízo: o que
prejudica a nós ou aos demais, o que nutre ou cria defeitos, precisa ser retirado.
Portanto, o livre arbítrio deve ser exercido com consciência.
Quando não se tem livre arbítrio e se é impelido a realizar um ato, o melhor a fazer é
não reprimi-lo e separar-se do mesmo para observá-lo, ver-se em cena. Quando se
conquista o livre arbítrio, porém, o ato deve ser realizado somente se não ocasionar
nenhum prejuízo a ninguém.
Além disso, após compreendermos que determinada conduta é prejudicial e não nos
traz benefício algum, não resta alternativa além de tomarmos a firme resolução de
não a repetirmos mais e exercer tal resolução por meio da vontade poderosa e
decidida. Aqui há um ponto importante a ser considerado.
Se, após o enfraquecimento ou eliminação de um ego, nos identificamos novamente
com pensamentos correspondentes, iremos fortificá-lo ou recriá-lo. O mesmo valerá
para os atos: atos que nutrem um defeito irão reforçá-lo ou recriá-lo após seu
enfraquecimento ou eliminação. Se você enfraqueceu o poder da luxúria e em seguida
começar assistir a filmes pornográficos, irá fortificá-la novamente. Se começar a
pensar em sexo e fantasiar, o mesmo acontecerá. À medida que um defeito vai
sofrendo enfraquecimento, temos que empregar a vontade libertada (livre arbítrio
interior) para não fortificá-lo novamente ou perderemos todo o trabalho. Não nos
interessa andar em círculos, enfraquecendo e fortificando os mesmos vícios
eternamente, almejamos a liberdade interior definitiva.
Que ninguém suponha, portanto, que removemos os mecanismos repressivos para nos
entregarmos à identificação, ao hedonismo, ao desenfreio, à satisfação dos desejos.
Os removemos com o único intuito de observá-los e compreendê-los, nada mais.
Assim, não empregamos a vontade férrea para reprimir o ego, mas para observá-los
de fora, sem identificação, para orar por sua morte e para, à medida que a conduta
prejudicial se enfraquece, adotar novos comportamentos.
Toma a resolução firme de, por exemplo, não alimentar de modo algum a luxúria
amanhã, durante todo o dia. Então você compreenderá que é capaz, terá comprovado
seu poder e poderá tomar outras resoluções posteriores, cada vez mais rigorosas. Essa
é a disciplina correta, que não é voltada para o cultivo das resistências e recalques.
É importante aplicar e exercitar a vontade para que saibamos quais são nossas
verdadeiras capacidades. Temos capacidades que ignoramos, somos capazes, por
exemplo, de praticar a magia sexual corretamente por certo tempo, de praticar a
concentração em um copo com água por vários dias sem falhar, de cortarmos toda a
alimentação de um certo defeito por um determinado número de dias, mas não o
fazemos por desconhecer tais capacidades. Temos que traçar nossa própria disciplina
já, sem esperar para depois. É claro que a disciplina traçada tem que manter-se dentro
de nossas capacidades. Seria absurdo traçar uma disciplina que não suportamos. À
medida que nos acostumamos, podemos ir "apertando os parafusos", gradualmente. A
disciplina é elaborada pela própria pessoa, por nós mesmos, e não por outros. Não
fiquemos perdendo o tempo, esperando que algum mestre nos diga o que fazer ou que
disciplina traçar. Tracemos nossa própria disciplina e a tornemos cada vez mais
severa.

Postado por Praticante às

9 comentários:

1.

Lycopodium1 de maio de 2011 02:26


Mas existe uma parte neste artigo que se não tomarmos cuidados
podemos nos perder.

Ao que se diz repressão e resistência pelo sinônimo das palavras.

Não devemos criar resistência perante nossos inimigos egos. Devemos


observá-lo e fazermos a oração como dito, e que com tempo nossa
observação não será de crivo analítico meramente racional, da mente e
do corpo, mas do sublime do superior.

Porém quando você escreve.

"Toma a resolução firme de, por exemplo, não alimentar de modo algum
a luxúria amanhã, durante todo o dia. Então você compreenderá que é
capaz, terá comprovado seu poder e poderá tomar outras resoluções
posteriores, cada vez mais rigorosas. Essa é a disciplina correta, que não
é voltada para o cultivo das resistências e recalques."

Eu achei contraditória, porque querendo ou não você aplica uma especie


de resistência uma disciplina ligada a resistência. Firmeza é resistir. Ser
firme é ser resistente e a repressão também é uma resistência.

Vou dar exemplo do meu ponto de vista, quando eu fazia artes marciais.

Eu fazia 30 flexões e com tempo ia aumentando a capacidade de fazer


mais flexões. Este é um exercício de resistência, onde aumenta a
capacidade do meu corpo de resistir. Aumentar a perna até certa altura,
com tempo ir aumentando um pouco mais, também é outro exercício no
qual aplico a resistência. Resistir aqui entendo como aguentar, suportar,
e também fazer força inicial. Resistir também se compara a pegar força
pela resistência, potencializar a resistência a algo ou alguma coisa, força
humana.

Vamos analisar as ferramentas que temos em mão para morte do ego.

Auto-observação inicialmente analítica, a pratica continua não seria um


exercício de resistência para potencializar este centro?

Bom vou resumir para não ficar extenso, mas a não-ação não seria uma
especie de resistência contrária?

Sobre a linha de perigo:


Criar um tipo de resistência para esquecer o ego. Levar o ao
esquecimento e orar.(Potencializar o esquecimento). Isso após todo
processo sentinela inicial de observações do ego, identificação e
anotações.

Resistir o ego durante o dia, usando a força psíquica natural para


esquecer, ou reprimir , não seria forças similares da mente?

Não causaria desgaste físico? desgaste mental? Envelhecimento


precoce? Doenças da mentais?

Sabemos que a maioria das pessoas que praticam exercícios físicos as


vezes aumenta sua dosagem na capacidade de resistir. E que também
acontece de que mesmo que o nosso corpo tenha capacidade de resistir
certa quantidade de exercícios , pode meramente enfraquecer e o mesmo
não suportar essa capacidade. O resultado dos exercícios físicos,mesmo
sendo mais capacidade de resistir e se tornar forte, também são dores no
corpo e as vezes caibras e que passam após um banho gelado e uma boa
noite de sono. E não é sempre assim que se firma. Mas a mente ela é
diferente, por ser uma área extremamente delicada e responsável por
outras partes físicas/psíquicas, o cansar mental leva ao stress,
envelhecimento precoce, neuroses, e nem sempre somos capazes de
analisar a capacidade de resistir, diferente de um exercício físico que
vemos e sentimos com exatidão numérica uma dor ou cansaço no qual
não suportamos então descobrimos nosso limite, a mente não funciona
não similar ao corpo. Pois uma pessoa pode resistir até morrer
mentalmente sem se dar conta.

A Condição Social do Homem4 de maio de 2011 22:40


É que se trata de uma resistência contra a resistência.
Obviamente, chegará o momento em que até mesmo essa disciplina
contra a resistência, também ela uma forma de resistência, terá que ser
suprimida. Mas por ora ela serve como meio para comprovarmos que os
impulsos enfraquecem quando os vivenciamos conscientemente, sem
resistir-lhes e sem nos identificarmos. Entendido?

A Condição Social do Homem4 de maio de 2011 22:43


Amplio mais: no campo em que você já conquistou livre arbítrio interior,
você pode perfeitamente fazer ou deixar de fazer algo, pois está livre.
Então pode exercer este livre arbítrio sob a forma de uma determinação
da vontade que tenha resultados interessantes. Comprovar o poder que se
tem de realizar algo enche a pessoa de fé em sua própria capacidade e a
capacita a ir bem longe.
A Condição Social do Homem4 de maio de 2011 22:48
Por exemplo: você somente saberá que tem a capacidade de realizar um
mantram para sair em astral todas as noites por um determinado número
de dias (que não te moleste) se decidir levar esse projeto à prática. Caso
o leve, então descobrirá quantos minutos por noite e por quantas noites
seguidas você suporta realizar esse mantram SEM FORÇAR-SE. Aí,
estará exercendo o seu livre arbítrio sem necessidade alguma de resistir à
preguiça. Nesse ínterim, poderá observar sua preguiça se ela surgir, sem
bloqueá-la.

A Condição Social do Homem4 de maio de 2011 22:50


À medida que for compreendendo e enfraquecendo a preguiça
(naturalmente, sem agredir-se), poderá aumentar o número de noites
seguidas até onde desejar. Se, no entanto, você não se decidir (firme
resolução) a observar sua preguiça espontaneamente, não irá avançar
nunca e ficará sempre no mesmo patamar.

Lycopodium5 de maio de 2011 06:11


De qualquer forma é preciso de cautela.
Eu começarei tudo do zero, pois ainda não descobri onde estou errando,
seu eu apertar o sabonete e ele escapa da minha mão.

Existe algum processo de regeneração dos centros? Proteção psiquica,


reenergizar para não ser tomado pelo frio lunar?

Nos livros gnosticos qual sequencia devos ler, Samael e Rabolu?

A Condição Social do Homem6 de maio de 2011 11:40


Tanto faz ler Samael ou Rabolú primeiro.

Regeneração dos centros: somente pela morte do ego, meditação e magia


sexual, não há outro meio.

Você sempre começa do zero e procura recomeçar do zero radical todos


os dias, sempre, porém em oitavas ascendentes.

Lycopodium6 de maio de 2011 16:20


oitavas ascendentes.

O que vem a ser?

A Condição Social do Homem29 de maio de 2011 16:26


Escalas de intensidade cada vez mais altas, alcançadas pelo entusiasmo
crescente que nos dá cada vez mais força.

Abordando imparcialmente o lado


tenebroso

Diante dos desejos e sentimentos proibidos, o primeiro impulso das pessoas é sufocá-
los, na vã ilusão de se livrarem assim do incômodo. Por desconhecimento,
costumamos acreditar que ignorar as emoções ou "fazer força para não sentir aquilo"
eliminará o problema. A experiência mostra o contrário.
Qualquer grupo social possui suas proibições, suas regras de conduta. Nem todos os
impulsos instintivos são aceitos e alguns são furiosamente condenados pela
sociedade. Normalmente, as regras envolvem principalmente a questão sexual: os
tabus sexuais costumam ser os mais radicais e rígidos. Em certos casos, quebrar tais
tabus significa perder a vida, ser condenado à tortura e à morte.
Neste ínterim, é mais que natural que a maior parte dos desejos reprimidos (mas nem
de longe todos) envolvam, de um modo ou de outro, a questão sexual. Os tabus
sexuais são inúmeros e relacionam-se diretamente com uma série de sofrimentos
emocionais.
Sendo assim, nos círculos gnósticos não poderia ser diferente, existem também as
proibições, que possuem suas razões de ser e suas funções sociais, tendo surgido para
o bem coletivo. Entretanto, como somos pessoas comuns, tomamos tais proibições
inconscientemente e, identificados com e a partir delas, criamos ou reforçamos vários
defeitos: culpas, medos, resistências. Não nos damos conta de que o ego se disfarça
de virtudes e assume aparências santíssimas.
Movidos por tais enganos, muitos estudantes enveredaram pelo caminho da repressão
dos desejos, acreditando que estavam trilhando o verdadeiro caminho da Morte.
Acreditaram que, sufocando o que sentiam, estavam morrendo, e não se deram conta
de que estavam tão somente polindo a personalidade e fortificando egos de
resistência.
O problema não são as proibições, as quais possuem sua razão de ser. O problema é a
forma como tomamos as proibições. Se determinada atitude é errada ou prejudicial,
não devemos tomá-la. Mas isso não significa que devamos reprimir as emoções
correspondentes (e nem que devamos cultivá-las ou estimulá-las).
Reprimir ou explodir? Segurar ou deixar a emoção tomar conta? Eis o dilema dos
estudantes gnósticos. Deixar a emoção tomar conta, mantendo-se passivo e não
fazendo nada, é o meio mais rápido para a auto-destruição. Viciar-se em entorpecer a
vontade, deixando-se levar pela fascinação, é atirar-se de cabeça no precipício da
loucura. Mas tentar reprimir é inútil e também perigoso. O que fazer então?
Compreender!
No que se refere às proibições, temos que compreender ambos os lados do problema:
tanto o impulso de "infringir a lei", como o impulso de obedecê-la. O impulso de
acatar as proibições é um ego e o impulso de desobedecê-las é outro ego. Ambos são
egos, são defeitos! Por isso diz o V.M.S. que devemos compreendê-los sem absolvê-
los e nem condená-los, temos que simplesmente compreendê-los, sem julgamento
moral algum, ainda que a moral tenha seu sentido e sua razão de ser na vida social.
Cada "eu" possui seu sentido, sua lógica própria inerente, seu significado. Tentar
analisá-lo a partir de um preceito moral, ainda que gnóstico, é distorcer a análise,
sabotar a própria compreensão. Uma moral religiosa qualquer, por mais
imprescindível que seja, serve aos egos santarrões que se vestem com a túnica do
Cristo.
Não fornicar, não adulterar, não xingar, não mentir, não roubar, não ferir o próximo
são virtudes maravilhosas, mas deixar que o ego as comande é adormecer ainda mais
a consciência e nutrir elementos psíquicos enganosos, que gostam de aparentar
santidade, martírio, altruísmo. A moral é um produto do Ego e quem é moralista está
longe de morrer.
Não será com repressões moralistas que se conseguirá a Morte. Quem quer a Morte
de verdade, deve ser capaz de observar sem julgamento e sem resistências morais os
pecados mais feios, vergonhosos e abomináveis. Deve-se observar e enxergar tais
defeitos imparcialmente, sem culpas e nem auto-depreciações. Culpa e auto-
depreciação são egos disfarçados de virtudes.
O V.M.S. fala de auto-crítica. A verdadeira crítica de si mesmo é imparcial. É tão
grave desculpar e absolver os defeitos, quanto condená-los sem compreensão. Após a
compreensão, haverá sempre a conclusão, espontânea e natural. É na conclusão que
estarão os resultados da análise, do julgamento. A condenação de um defeito é
posterior ao seu julgamento e não anterior, surge quando finalmente compreendemos
que aquele desejo, que antes nos pareceu tão agradável e maravilhoso, não serve para
nada além de prejudicar e destruir a nossa vida. Mas não chegaremos a tal
compreensão se sabotarmos a própria observação ou análise de antemão.
Então, vejam que curioso: o moralismo religioso (gnóstico ou não), que tanto detesta
e quer banir os desejos pecaminosos da alma, os preserva da Morte e nos impede de
matá-los, pois não permite que os enxerguemos. O moralismo religioso é aliado dos
pecados!
O conceito de pecado é faca de dois gumes: serve para orientar a conduta, mas pode
também servir para criar "eus" que ficam atormentando o pecador com a culpa. Os
atormentadores egos de culpa não são nada dignos e nem decentes, são meros
defeitos disfarçados de virtudes, demônios interiores sabotadores da Morte.
A consciência possui um poder desinfectante e regulador que nos possibilita deixar
que um desejo aflore sem que nos possua e nos domine. Para tanto, basta não nos
identificarmos. Não precisamos temer a possessão. Se não nos identificamos com o
desejo e o observamos, extrairemos dele a compreensão e podemos deixá-lo aflorar
livremente sem nenhum problema. O que importa é aprender a separar-se do desejo,
observá-lo de fora, como um elemento estranho. O que provoca a possessão não é o
afloramento do desejo, mas sim a identificação. É a identificação que deve ser evitada
e é nesse sentido que temos que nos disciplinar com rigor.
Tenho falado em análise, mas a simples auto-observação já é um processo analítico e
amplia a compreensão progressivamente, dia após dia. A observação de si mesmo
deve ser absolutamente livre de julgamentos morais. Se você tem desejos feios e
condenáveis, dos quais se envergonha, observe-os sem julgamento moral, apenas
tentando compreendê-los. Observe de forma imparcial e crítica até mesmo os
impulsos de culpa, auto-depreciação, auto-condenação, moralismos etc. Que nada
escape de vosso crivo analítico dissolvedor.
Suponhamos que você tenha um desejo bem ridículo, daqueles que todo mundo
condenaria se soubesse, e que você o esconda com unhas e dentes do olhar de todos.
Você o satisfaz em segredo, sem que ninguém veja, e se sente culpado, imprestável,
inútil, condenável e não sei que mais. Pois bem, digo-lhe que tais sentimentos
negativos, que conflitam com o desejo em questão, são emoções inferiores e não
superiores, não são arrependimentos e não te livrarão desse pecado indesejável. Se
quiser se livrar, terá que, antes de mais nada, ser capaz de observá-lo de forma
imparcial. Só assim poderá começar a enxergar de fato o que é aquilo. Simplesmente
condenar-se a priori é guiar-se pela moral convencional, a qual é inútil para quem
quer ir além de si mesmo.
Veja bem: não estou afirmando que devamos gostar dos defeitos, cultivá-los ou
alimentá-los. O que estou afirmando é que temos que ser capazes de observá-los sem
preconceitos morais para compreendê-los, o que é totalmente diferente.
Quando um mestre desperto condena atitudes, desejos e sentimentos, o faz a
posteriori, pois está expondo o resultado de suas experiências. O mestre sabe que a
fornicação, por exemplo, é altamente prejudicial e expõe tal fato, de forma crua, clara
e contundente. Mas isso não significa que você ou eu tenhamos compreendido
verdadeiramente tais prejuízos. E se não os compreendemos, mas nos opomos a ela
gratuitamente, estaremos simplesmente nos auto-enganando. Se você quer
compreender os prejuízos da fornicação, observe-os em si mesmo, imparcialmente, e
os verá. Quem observa a sua própria fornicação (e não a dos outros!) em suas
múltiplas manifestações de forma realmente imparcial, inevitavelmente concluirá que
é algo altamente prejudicial. Mas o mestre afirmou isso apenas para a sua informação
e não para que você forjasse um problema e criasse um "eu" de culpa ou medo. A
culpa não é dele e sim sua, pois foi você que criou mais um problema para a sua
sofrida vida.
Comumente confundimos sentimentos negativos como culpa, medo e auto-
condenação com o arrependimento. Achamos que temos que sentir culpa para nos
arrependermos. Achamos até que a culpa vem de Deus! A prova de que estamos
equivocados é que podemos sentir culpa por vários anos sem nos arrependermos do
ato que nos faz sentir culpados, pois se realmente nos arrependêssemos, não
tornaríamos a cometê-lo.
Então, aprendamos a tomar nossos pecados feios e vergonhosos tal como são, sem
culpa e nem tampouco justificativas. Todos fizemos coisas feias ao longo da vida,
nessa ou em outras existências, e não adianta nada identificar-se com isso e ficar se
lamentando. O que importa é mudar, dar outra oitava na existência, elevar nosso nível
de Ser. Os estudantes gnósticos são humanos e também possuem seus monstros no
armário e não há nada demais nisso, a não ser o fato de ficarmos passivos e fugirmos
do problema por toda a vida. Tudo bem, erramos, mas e daí?
Observe calmamente a sua podridão interior, com coragem. Veja toda a imundície,
reconheça-a, mas sem parcialismos. Não seja contra e nem a favor de um pecado,
simplesmente conheça-o. Eduque sua vontade nesse sentido.
Você não é só lixo, existem coisas boas dentro de você, ainda que você não esteja
consciente delas. Então porque enveredar pelo caminho da auto-depreciação?
Uma coisa é achar que um defeito é maléfico; outra coisa é compreender de fato que
um defeito é maléfico. Na Morte do Ego, não se "acha" nada, se compreende. Não se
acredita que o Ego seja isso ou aquilo, se sabe, por experiência direta. Podemos
acreditar ou supor que um comportamento seja bom ou ruim, pecaminoso ou
virtuoso, mas isso não significa que tenhamos plena consciência disso.
Conscientizar-se não é acreditar, nem supor e nem "achar". Conscientizar-se é
experienciar diretamente. Temos que experienciar os pecados tal como são e não o
conseguiremos se qualquer crivo tendencioso, favorável ou desfavorável, estiver
condicionando a observação.
Não tenha medo de enxergar a realidade dos seus desejos, é a verdade que te
libertará. Vá até ela de braços abertos.
Por mais vergonhoso e reprovável que seja um defeito, temos que observá-lo e
analisá-lo de forma imparcial, sem cair no desespero. Desesperar-se diante de um
defeito ou pecado terrível é tornar-se incapaz de abordá-lo objetivamente. Se
queremos a compreensão, temos que abordar os pecados objetivamente e se os
queremos abordar objetivamente, temos que ser absolutamente imparciais, ainda que
o comportamento a ser estudado esteja contra os princípios mais sagrados em que
acreditamos. Somente a abordagem imparcial nos permitirá compreender de verdade
todos os prejuízos do defeito. Ao contrário do que pode parecer, a condenação
antecipada de um defeito é um mecanismo engenhoso para escondê-lo de nossa
consciência. Quem condena um defeito antes de observá-lo e examiná-lo, está
protegendo-o do julgamento objetivo e, portanto, da Morte. É assim que evitamos
tomar consciência e nos recusamos a morrer de verdade.
Temos medo da condenação, medo do inferno, medo do que somos. Tais medos se
devem a crenças negativas que forjamos sobre nós mesmos, a partir da experiência de
vida. Temos que dissolvê-las. Se, por um lado, somos criaturas perigosas e
imprestáveis, que se encontram em um estado horrível, por outro lado, temos muitas
possibilidades e anelos. Temos um Ser Interior Profundo e Real, do qual emana tudo
o que é divino em nós. Focarmos exclusivamente no que não presta é ignorá-lO.
Temos que recordar que temos Deus conosco, se quisermos vencer a escuridão do
pecado.

A valorização negativa do Ego

Se acredito que determinado desejo é terrível e perigoso, então o estou considerando


poderoso e despótico. Não é possível que algo seja terrível e, ao mesmo tempo, não
seja perigoso e nem poderoso. A terrificidade vincula-se diretamente à ameaça e ao
poder. Aquilo que é fraco e inofensivo não pode ser considerado terrível. Logo,
acreditar que um desejo é terrível e ameaçador, é acreditar que seja poderoso.
Ao simplesmente acreditarmos (sem termos consciência) que o desejo é terrivelmente
poderoso, estamos fortificando o ego do derrotismo, reforçando, inconscientemente, a
crença de somos fracos (se meu inimigo é poderoso, somente pode sê-lo em relação a
mim, portanto, considero-me fraco), esquecendo-nos de que temos ao nosso lado as
forças muito mais poderosas do Ser. Se acredito que meu inimigo é poderoso, estou
atribuindo-lhe poder. Ao atribuir-lhe poder, estou atribuindo-me fraqueza. Origino,
assim, um sistema de crenças em que sou fraco e meu inimigo forte. A crença
derrotista, arraigada, converte-se em um freio inconsciente que inutiliza todos os
nossos esforços, um defeito que necessita ser compreendido e analisado.
Muito diferente seria se tomássemos consciência do exato poder, prejuízo e
despotismo de um defeito, ao invés de forjarmos crenças derrotistas para nós
mesmos. Uma coisa é conhecer diretamente, outra coisa é acreditar. Quem vive
forjando crenças derrotistas, fica estancado, não avança. As crenças derrotistas estão
ligadas à supervalorização do Eu. O derrotista acredita que o seu Eu é todo-poderoso
e o teme, pois desconhece todas as possibilidades do seu Real Ser Interior Profundo.
O Ser é imensamente superior ao Eu e pode derrotá-lo, desde que a Essência
colabore.
Parece contraditório, mas o desespero por se livrar dos desejos lhes confere poder,
através da valorização negativa. Desesperar-se diante de um desejo é tão prejudicial
quanto entreter-se curtindo sua satisfação. O recalque, a repressão, provém
justamente do desespero por se livrar do que tememos, são procedimentos de fuga.
Melhor seria enfrentar com frieza e coragem a realidade, ainda que desagradável e
vergonhosa. Se, depois de observarmos e compreendermos razoavelmente um
defeito, começamos a sentir tristeza ou vergonha pela miséria que representa, aí já é
outra coisa. Mas cair em um estado negativo antes de conhecê-lo, simplesmente por
uma crença que forjamos, é auto-sabotagem.
É absolutamente normal, e até desejável, que, à medida que aprofundamos a
observação, comecemos a sentir aversão e arrependimento. Trata-se de um
arrependimento a posteriori, que nada tem a ver com nenhuma crença apriorística
forjada a partir da identificação com relatos ou explicações alheias. O arrependimento
é paralelo e posterior à compreensão, a culpa a antecede e se torna um obstáculo se
nos fixarmos nela.
Podemos valorizar um defeito positivamente ou negativamente. O valorizamos
positivamente quando o endeusamos, adoramos, amamos, justificamos e buscamos
satisfazê-lo. O valorizamos negativamente quando superestimamos seu poder e
acreditamos que seja invencível, imortal, insuperável etc. crendo-o superior ao Íntimo
e à Mãe Divina, acreditando que estamos condenados inapelavelmente, que nosso
destino já está selado e negamos as verdadeiras possibilidades que possuímos.

O erro de focar somente os defeitos mais


graves

Todos temos alguns defeitos que são maiores, mais fortes e mais perigosos e outros
mais fracos, menores, menos perigosos e até inofensivos. De acordo com nossa
personalidade, poderão ressaltar mais certos defeitos (ex. ira, cobiça, luxúria) ,
enquanto outros se manifestarão muito pouco e nos perturbarão. Essa é uma das
razões pelas quais nos parece tão fácil julgar e condenar os outros, mas não a nós
mesmos.

Um erro que podemos cometer é o de não darmos atenção aos defeitos que causam
pouco prejuízo, manifestam-se raramente ou apresentam fraco poder sobre nós,
priorizando exclusivamente os defeitos piores e mais perigosos. Motivados pela justa
necessidade de nos livrarmos de tais defeitos, que configuram uma linha psicológica
principal em nossa personalidade, podemos cair no erro de nos dedicarmos
exclusivamente à morte dos mesmos, engajando-nos em uma luta sem fim em que
não há vencedor e nem vencido. O motivo? Não se pode matar tiranossauros antes de
se ter aprendido a matar lagartixas. Exercite-se matando lagartixas, depois lagartos,
depois jacarés, depois crocodilos e por fim será capaz de matar o tiranossauro. É uma
questão de lógica: ninguém pode começar pelo pior, embora seja natural que
sintamos certa urgência em derrubar o inimigo principal

Os defeitos secundários (que não abrem tanta passagem através de nossa


personalidade) fornecem um valioso material experiencial. Aprendendo a matá-los,
desenvolvemos a fé, comprovamos a eficácia dos métodos da morte, exercitamos a
auto-observação e entendemos de forma ampla o que é a morte do ego e como se
morre de verdade. Aprendemos também a superar a tendência comum de fingir a
morte para nós mesmos, por meio de comporamentos simulados e resistências inúteis.

Focar exclusivamente a a luxúria, ignorando outros defeitos mais fáceis de eliminar, é


rejeitar experiências e comprovações importantes e imprescindíveis para o avanço.

Não é demais lembrar que, quando falo de "matar o defeito" e menciono sua
eliminação, não estou me referindo a nenhuma forma de repressão, recalque,
bloqueio ou resistência aos desejos e impulsos, os quais são meros comportamentos
fingidos. Por "matar" estou me referindo à assimilação e a consequente dissolução
dos nossos defeitos.

Portanto, aprendamos a trabalhar também os defeitos que não incomodam muito,


adquirindo experiência e comprovação, e teremos, assim, armas para direcionar aos
piores inimigos futuramente.

Prazer mental
Há uma diferença entre o ato sexual real e o ato sexual mental. Este último se dá pela
contemplação de imagens eróticas, sejam elas imagens mentais, lembranças, fantasias
eróticas ou então filmes, fotografias e películas pornográficas. O ato sexual real é
concreto e vivo, enquanto suas diversas representações são abstratas. Viciar-se em
imagens sexuais abstratas equivale a atrofiar o poder de praticar o sexo real. Quem
gosta de se divertir com sexo virtual, mental ou em telas de computadores, termina
com impotência psico-sexual, pois perde o poder de se excitar e se relacionar com
mulheres reais. O poder sexual tem que ser mantido vivo através da prática com a
mulher concreta.

As imagens pornográficas são tão prazeirosas porque refletem nossas fantasias e


sonhos de perfeição. No entanto, nos afastam do mundo sexual real e roubam energia
sexual (por isso é que dão prazer e são viciantes). Ao pensar em sexo, estamos
usando a energia sexual de uma forma que não lhe corresponde, pois a função do
pensamento é tecer análises e não curtir prazeres. Com a repetição de tal uso indevido
e equivocado do intelecto, cria-se o vício de sentir prazer através do pensamento e
não mais somente do órgão sexual. O ato de pensar e fantasiar sexo com mulheres
maravilhosas torna-se cada vez mais prazeiroso. A sensação de prazer morboso que
se experimenta ao pensar-se em sexo provém da energia sexual que está sendo
roubada e desviada de sua função original. O centro sexual perde sua energia para o
intelectual, o qual passa a trabalhar com energias sexuais e intelectuais mescladas.
Então, ao ficar sem energia, esse centro tem que roubar energia de outros centros e o
resultado é o desequilíbrio: centros que não desempenham suas funções como
deveriam e que começam a atuar de forma desorganizada.

Os masturbadores apreciam o prazer de lembranças e fantasias eróticas, evocando-as


constantemente para deleite, afastando-se, assim, do ato sexual real e vivo.

A ato de masturbar-se é um ato de desfrute de um prazer de tipo mental. O prazer


masturbatório, tão elogiado hoje em dia, é mental, abstrato, teórico, fantasioso e
imaginativo, resulta do desfrute de sensações vivenciadas mentalmente. O
masturbador não se excitaria e nem teria prazer caso não evocasse mentalmente suas
fantasias eróticas. Aquele que está se masturbando está gozando sensações mentais.
O sexo mental alimenta a luxúria e escraviza a pessoa. Quem o cultiva não se liberta
da luxúria jamais. Deter-se contemplando prazeirosamente imagens eróticas na tela
da mente ou em uma televisão é escravizar-se mais e mais à luxúria. O caminho para
recuperar-se é parar de pensar em sexo e começar a praticar o sexo com uma mulher
humana verdadeira, sem ejaculação. Aprendamos, então, a nos excitarmos
sexualmente com a presença física da mulher real e não com meras imagens mentais,
recordações ou vídeos. A excitação sexual mental acusa mescla de energias: o centro
intelectual está vampirizando o centro sexual e trabalhando com a energia que não lhe
é própria. O centro sexual é para análises e não para deleites eróticos.

A luxúria é algo totalmente mental. Quem quiser transmutar a luxúria em castidade


necessita eliminar o hábito de desfrutar o prazer sexual abstrato, o prazer de pensar
em sexo. O que se requer não é a eliminação do erotismo do corpo, mas da mente. O
desejo não está no órgão sexual e sim na cabeça.

NAo eu29 de maio de 2011 09:39


Tem como reverter esse quadro de excitação psico-sexual para sexual
real?

A Condição Social do Homem29 de maio de 2011 16:22


Sim. Vc deve reaprender a se excitar com uma mulher humana de
verdade, de carne e osso. Ainda que no inicio vc nada sinta, com o
tempo irá começar a sentir excitação progressiva. Deve, porém, deixar
de lado o vício de fantasiar pornografias.

A Condição Social do Homem29 de maio de 2011 16:23


A mulher real deverá colaborar. Deverá provocá-lo, aprender
corretamente a arte erótica, os toques, os beijos, as posições e tudo o
mais que excite o homem. Se a parceira não colaborar, de nada
adiantarão os seus esforços.

NAo eu30 de maio de 2011 09:56


Obrigado! vc me indica algum livro que fale sobre a morte dos egos e
coisas afins?

A Condição Social do Homem31 de maio de 2011 06:07


Todos os livros dos Mestres Samael e Rabolú tratam intensamente da
Morte do Ego, pois esse é o pilar fundamental do ensinamento que
deixaram.
Exemplos:

A Águia Rebelde
Tratado de Psicologia Revolucionária
A Grande Rebelião
Ciência Gnóstica
Etc

A recordação do Ser

As palavras abaixo são de extrema importância. Escrevi sob inspiração profunda


outro dia em Vilhena, RO. Sugiro que medite nelas com atenção cuidadosa e sem
pressa alguma.

Os desejos não são o Ser.

Os pensamentos não são o Ser.

A mente não é o Ser.

As emoções não são o Ser.

O corpo físico não é o Ser.

A Essência é o Real Ser em nós, o que há dEle em nosso interior.

Recordar-se de si é recordar-se da Essência.

Recordar-se de si é recordar-se de que se possui um Ser/Essência real, totalmente


distinto do corpo, dos sentimentos, das emoções, da mente, dos pensamentos, dos
desejos, das lembranças, dos sofrimentos, alegrias etc. É recordar-se desse "algo" que
ultrapassa tudo e que somos, no fundo.

Mediante a recordação de si, a Essência se dissocia do Ego. Nos separamos do Ego


quando nos recordamos de nós mesmos.

Quando nos recordamos de nós mesmos, rompemos com a fascinação e nos


diferenciamos de tudo o que não é o Ser.

Não é possível observar algo com o qual estejamos identificados.

Identificar-se com algo é confundir-se com aquilo, perdendo a noção da diferença


entre o que verdadeiramente somos e o objeto que nos fascina.

Nos identificamos pela fascinação (força hipnótica).

A fascinação "apaga" a consciência (adormece a Essência), impedindo-a de observar


e contemplar.

O choque da recordação de si rompe com a fascinação e permite a contemplação


consciente do objeto do qual nos diferenciamos.

A observação do Ego somente é possível mediante a recordação de si.

A Essência fascinada confunde-se com o Ego e sente seus desejos e sofrimentos.

Por ser uma parte do Ser Real (Espírito Divino ou Deus Interior), a Essência (alma
pura e primordial) participa da mesma natureza natureza divina. A Essência é Deus
em miniatura.

São características da Essência e, portanto, do Real Ser:

· silêncio interior (o que pensa não é o Ser);

· serenidade (o que se perturba não é o Ser);

· contemplação (observação).

Damos o choque da recordação de nós mesmos para romper nossa identificação com
o Ego. Rompemos a identificação com o Ego para podermos observá-lo.
Aquele que se identifica com o Ego, sente-se como ego e se confunde com o mesmo.
Identificado, sentirá como se os seus pensamentos, atos e desejos fossem ele mesmo,
sua própria Essência, o seu próprio Ser Real ou Espírito, perdendo a capacidade de
diferenciar-se dos mesmos.

O choque da recordação de si mesmo rompe tal vínculo fascinatório e


equivocado, nos permitindo evidenciar que não somos os elementos que pensam,
sentem e atuam dentro de nós.

Na recordação de nós mesmos, nos recordamos de nosso próprio Ser e rompemos a


identificação com o ego, a qual é causada pela fascinação. Somente assim podemos
começar a observá-lo e compreendê-lo.

A mente, os desejos, as emoções e o comportamento como um todo não podem ser


observados quando os consideramos como parte do Ser e não como algo distinto.

Tratar a mente como um elemento estranho e o Ego como um conjunto de pessoas


estranhas ("Eus") assinala o princípio do trabalho sério sobre nossa natureza interior.

Diferenças e semelhanças entre concentração e


distração

A distração e a concentração apresentam pontos em comum e também diferenças


diametrais.

Vocês já viram uma pessoa distraída com algo, algum entretenimento? Observem-na:
nada mais existe além do objeto do seu interesse. Ela se esquece de todo o resto do
mundo. A concentração é semelhante à distração, no que se refere ao envolvimento,
mas oposta a ela no que se refere à consciência. o distraído não está consciente do
que faz, está esquecido de si mesmo, ao passo que a pessoa concentrada está
percebendo plenamente o que faz.
Quando estamos distraídos, estamos com atenção plena, natural e espontânea naquilo
que nos interessa, mas, ainda assim, não é correto dizer que estamos concentrados,
pela simples razão de que não estamos conscientes do que estamos fazendo.

A diferença entre a concentração e a distração é a consciência, as semelhanças são o


envolvimento, a absorção, a entrega e a espontaneidade.

O distraído está fascinado, esqueceu-se de si mesmo. O concentrado está plenamente


lúcido, percebe aquilo que lhe interessa com profundidade crescente. Entretanto,
ambos estão entregues e absortos.

Equivocam-se aqueles que imaginam a concentração como um ato de esforço, pois a


concentração é um ato espontâneo e natural. Fazer esforço para se concentrar é
sabotar a concentração.

Observem-se quando estiverem distraídos e verão que se encontram plenamente


ocupados com aquilo que lhes interessa, como se estivessem concentrados, mas não o
estão simplesmente porque estão fazendo aquilo inconscientemente, por impulso, e
mantêm a consciência passiva, sem receber os fatos e sem perceber nada.

Quando estamos tentando nos concentrar e um pensamento nos atrapalha, dizemos


que aquele pensamento nos distraiu, ou seja, roubou nossa atenção. Isso significa que
a atenção foi desviada do alvo de nosso interesse para outro alvo que não havíamos
planejado. Logo, a distração é também uma forma de focarmos atenção e nos oferece
um parâmetro para entendermos o que seria uma atenção concentrada. Se quisermos
entender o que é a concentração, basta observarmos o que é a distração. A
concentração é o pólo contrário da distração, mas nem por isso deixa de ser
semelhante a esta última, em certos aspectos. Ambas são similares e antitéticas, são
especulares.

É importante entender o que é exatamente a concentração para se evitar esforços


equivocados.
Para se desenvolver a concentração, é conveniente escolher objetos que nos
interessem, pois se tentarmos nos concentrar em algo que nos molesta, algo
enfadonho, teremos dificuldade, nos cansaremos e não teremos resultado.

As pessoas leigas costumam confundir uma pessoa concentrada com uma pessoa
distraída. Se alguém caminha por uma estrada altamente lúcido e concentrado, os
demais podem achar que ele está distraído com seus pensamentos, isso porque,
aparentemente, os dois estados são semelhantes, mas diferem radicalmente no que
tange à lucidez e a recordação de si.

O indivíduo concentrado percebe de forma intensa e objetiva aquilo que se propôs a


observar, pois aprofunda a sua atenção e não mariposeia. Já o distraído mariposeia ,
muda de objeto constantemente e seu pensamento é superficial.

Há um certo tipo de divagação superior e objetiva na concentração, isenta de


fascinação e totalmente distinta das divagações subjetivas da distração. Trata-se de
uma viagem imaginativa que ocorre sem perda de consciência, sem queda na fantasia.

Poderíamos, para melhor entendimento, colocar as coisas assim: a distração é uma


concentração inconsciente, enquanto a concentração é uma distração consciente
(apenas para facilitar o entendimento, pois em realidade são opostos).

Concentrar-se é contemplar, observar com interesse.

A concentração está para a imaginação consciente assim como a distração está para a
imaginação mecânica (fantasia).

Que ninguém suponha que a concentração seja um conflito com a mente, pois é a
superação ou transcendência dos conflitos. Na concentração, tudo vai ficando para
trás, inclusive os conflitos com a mente.

Um homem dirigindo em uma estrada, plenamente lúcido e relaxado, sem que nada o
distraia, está altamente concentrado.
Tanto na concentração quanto na distração há receptividade, a pessoa está aberta ao
objeto, porém na distração não há aprofundamento, a pessoa muda constantemente de
objeto.

No cotidiano, temos que aprender a nos concentrar naquilo que estamos fazendo, sem
distração, isto é, temos que contemplar a nós mesmos em cena, em ação. Então
descobrimos muita coisa sobre o ego que antes não suspeitávamos.

A auto-observação é uma concentração em si mesmo, no que se está realizando.

Um motorista concentrado perceberá minuciosamente o que está fazendo. Esquecerá


seus pensamentos, não se ocupará com eles, os deixará para trás. Somente perceberá
o que estiver diretamente relacionado à sua tarefa ou ocupação naqueles momentos.
Estará presente ao momento e ao lugar, vivendo o aqui e o agora. Perceberá
profundamente o que faz, nuances e detalhes do ato penetrarão em seu campo de
consciência. Seu campo de consciência abrangerá a estrada, os movimentos do
volante, as acelerações e desacelerações, curvas, perigos etc. estará conscientemente
entregue ao ato. Seu centro intelectual estará em repouso,enquanto seu centro motor e
sua consciência estarão em atividade.

A concentração é o caminho para a meditação e não se consegue silenciar a mente


sem antes desligar-se dos múltiplos pensamentos. Quem rejeita a concentração não
conseguirá meditar.

Tenho visto pessoas tentarem meditar sem concentração e até rejeitando o sono, o
que me parece um absurdo. A mesma similaridade antitética que existe entre a
concentração e a distração, existe entre a meditação e o sono. A meditação é um sono
consciente, enquanto o sono comum é algo assim como uma espécie de meditação
inconsciente (digo isso para fins didáticos, pois a verdadeira meditação é consciente).
Tentar meditar rejeitando o sono é forçar uma falsa meditação, cujo efeito é danificar
o cérebro. A verdadeira meditação não cria transtornos psiquiátricos, mas a falsa
meditação ou meditação sem sono sim. Por isso é tão importante compreender
corretamente a teoria. Ninguém pode meditar de verdade sem baixar as ondas
cerebrais e o metabolismo. Assim como no sono, os batimentos cardíacos, a
respiração e muitas outras funções corporais reduzem-se durante a meditação.

Quando você ouvir falar em meditação, pense em algo análogo ao sono que você tem
todas as noites, porém consciente.

O êxtase que se atinge por meio da concentração e da meditação não tem nada a ver,
no que se refere à consciência, com os transes, sejam hipnóticos, mediúnicos ou de
quaisquer outros tipos. Também entre o transe e o êxtase existem similaridades
antitéticas, ambos são semelhantes e contrários.

A partir da concentração, chegamos à meditação e ao êxtase. A partir da fascinação,


chegamos ao transe. O indivíduo em transe está absolutamente inconsciente,
adormecido, enquanto o indivíduo em êxtase está hiperconsciente e hiperlúcido,
ainda que seus centros e seu corpo físico estejam em repouso.

O V.M.R. nos diz que, quando criança, se concentrava, por medo, no som dos grilos à
noite, ao deitar-se, e que tal concentração instintiva tinha por resultado o
desdobramento astral consciente. Isso demonstra que a concentração não é algo
artificial e nem forçado, mas sim espontâneo e natural. "Atenção plena, natural e
espontânea, sem artifício de espécie alguma é a concentração perfeita", escreveu o
V.M.S.

Por medo do grilo, o menino, bodhisattwa do V.M. Rabolú, se concentrava. O medo


fazia com que o som se tornasse objeto do seu interesse e o levava a focalizar a
atenção ali, esquecendo-se de todo o restante.

Se ainda assim a concentração não está clara para você, imagine o seguinte. Suponha
que você tenha que carregar uma xícara cheia de água sem derrubar uma só gota e
sob a mira de um arqueiro, pronto para disparar a flecha contra você caso não cumpra
a meta. Você obrigatoriamente terá que se concentrar da forma correta! Se pensar na
flecha, se desconcentrará.
Temos que diferenciar a atenção do esforço. Atenção é uma coisa e esforço é outra.
Na concentração existe atenção pura, sem esforço nenhum, somente a atenção,
separada do esforço e de modo algum mesclada ao mesmo.

A atenção pode existir na ausência total do esforço, da preocupação e até do desejo,


pois o ato de prestar atenção é um ato de receptividade. Estar atento não é estar tenso,
é estar receptivo, aberto a alguma coisa. Quando se diz "concentre-se", está-se
dizendo "torne-se aberto para tal coisa".

O V.M. Rabolú nos fornece alguns parâmetros que permitem melhor compreender o
que é uma prática da concentração. Ele nos diz que concentrar-se em um objeto é
refletir sobre seus seguintes aspectos:

 o que é o objeto (em que consiste?);


 de que é feito o objeto (quais são os materiais que o constituem, de que é composto?);
 para que está feito o objeto (qual é a sua função, para que serve?);
 como funciona o objeto (de que maneira opera, como o mesmo atua?);

O estudante, concentrado, deve refletir sobre esses aspectos. Tais parâmetros


"balizam" o pensamento sobre o objeto e o direcionam. O Mestre também sugere ao
estudante que "entre" no objeto com a imaginação.

Em suma, concentrar-se, dentro desta concepção, é investigar reflexivamente o


objeto. Muito provavelmente, o V.M. não restringia a prática a tais parâmetros, os
quais parecem ser mais um ponta-pé inicial. Entendo que tudo o que for
intrinsecamente inerente ao objeto pode ser alvo de reflexão sem que incorramos em
desvio e desconcentração.

Na concentração ainda existe atividade mental. A concentração não é a fase de


ausência de pensamento, mas sim de pensamento único. O pensamento único é
atividade mental reduzida e dirigida. Múltiplos e dispersos pensamentos implicam em
atividade mental mais intensa do que um único pensamento. Quem concebe a
concentração como uma fase de ausência de atividade mental está equivocado, pois
tal fase corresponde à meditação.
Em etapas profundas, o pensamento na concentração não é articulado, é um simples
"dar-se conta" silencioso, receptividade pura.

Por meio do pensamento único ocorre o desligamento dos sentidos externos, do


mundo físico e do corpo físico.

Aprofundando a concentração
Quando tentamos praticar o relaxamento, a concentração e a meditação e não
obtemos nenhum resultado transcendental, a causa do fracasso pode estar na falta de
sono.

Em vigília, podemos penetrar nas regiões do inconsciente somente até um


determinado nível, além do qual se requer o sono, que é a desaceleração das funções
biológicas e cerebrais. O sono abre as portas ao Além.

Após o relaxamento ter avançado razoavelmente, iniciamos a concentração, mas isso


não significa que, ao aprofundarmos esta última, aquele não prosseguirá se
aprofundando ainda mais. O início da concentração marca um aprofundamento maior
do relaxamento e da desaceleração das funções biológicas. Tudo isso é sono cada vez
mais profundo, porém consciente.

O aprofundamento da concentração, por sua vez, requer o aprofundamento do sono e


o desligamento dos sentidos físicos. A percepção do corpo físico cessa
progressivamente, ao passo que a percepção interior consciente daquilo em que nos
concentramos aumenta, na mesma proporção.

Se nos concentramos em um elemento exterior, o som de um grilo, por exemplo,


deixaremos de percebê-lo fisicamente e passaremos a percebê-lo interiormente, cada
vez com mais clareza. Aquilo que nos atinge sensorialmente também nos atinge
supra-sensorialmente, ao mesmo tempo.
Deste modo, aprofundar a concentração, durante a prática da meditação, é clarificar a
percepção do objeto interior ou exterior que nos interessou.
Se o objeto de nossa concentração for um mantram, inicialmente o perceberemos
sensorialmente (o pronunciaremos fisicamente, verbalmente)e posteriormente o
perceberemos supra-sensorialmente, pois o pronunciaremos mentalmente. Existem as
percepções exteriores e interiores.

Podemos começar a concentração a partir de um elemento percebido sensorialmente


(exteriormente) ou supra-sensorialmente (interiormente). Quando percebemos algo
interiormente, diz-se que estamos no pensamento único ou na imaginação consciente,
o que é a mesma coisa. O pensamento único ao qual os mestres se referem é a
percepção interior do objeto de nossa concentração, a qual requer o abandono da
correspondente e limitada percepção exterior, a qual nos restringe à uma percepção
tridimensional do objeto. Se ficássemos presos à percepção exterior ou sensorial, não
penetraríamos na realidade do alvo de nossa concentração, pois a mesma transcende o
tridimensional. Portanto, a percepção tridimensional do objeto é parcial e temos que
ir além dela, transcendendo-a, o que se consegue quando a alma vai se desligando do
corpo físico.

Ao longo do processo, podem surgir pensamentos que nos distraiam e atrapalhem,


desviando-nos. Como almejamos o pensamento único, pensamentos que não tenham
nada a ver com o objeto de nossa concentração nos afastam da meta. A recomendação
dos mestres para esses casos é que não entremos em confito com tais pensamentos e
sim nos detenhamos por um momento para assimilar seus conteúdos, isto é, para nos
tornarmos conscientes do que contém. Se entrarmos em conflito, nos prendemos em
uma luta e a prática estanca, não avança, pois ficaremos envolvidos em um combate
sem fim. O conlito com os pensamentos é uma forma de identificar-se com a mente.

Se dissecamos o conteúdo do pensamento intruso, sem conflitar, o aquietamos e


podemos então prosseguir rumo ao silêcio, aprofundando a concentração. Se um
pensamento invasor surgir novamente, seja o mesmo ou outro, temos que interromper
novamente a concentração para nos fazermos conscientes do seu conteúdo, seu
assunto e sua meta. Todo pensamento possui um conteúdo, traz algo dentro de sim:
temas, cargas de libido e metas. O pensamento provém de um "eu" que quer algo.
Quando o pensamento é assimilado, deixa-nos em paz e podemos prosseguir,
aprofundando ainda mais a concentração.

Assim vamos caminhando rumo às profundidades da psique.

O trabalho aqui descrito poderia ser comparado a dirigir por uma estrada. Você está
dirigindo, rumo ao que está além do horizonte. De repente, um problema acontece
com o seu carro. Você para, verifica qual é o problema, conserta-o e prossegue.
Posteriormente surge outro e você faz o mesmo. E assim prossegue.

Diz o mestre que chega um momento em que todos os pensamentos se esgotam, então
vislumbramos o mundo que estava além das montanhas mais distantes. É quando
então podemos abandonar o pensamento único, que é o último que restou, para
cairmos no vazio e experimentarmos o indescritível.

O V.M.S. diz que "a procissão dos pensamentos cessa". Essa procissão é composta
pelos pensamentos que vão esporadicamente interferindo na concentração. Não se
trata de um conjunto de pensamentos encadeados, que devem ser observados
enquanto passam para, somente depois, nos preocuparmos com a concentração. Se
nos detivermos somente contemplando os pensamentos, deixando definitivamente a
concentração de lado, simplesmente dormiremos e sonharemos. Não se trata de
ocupar-se somente em contemplar conscientemente os próprios pensamentos (algo
assim como assistir a uma televisão) pois o resultado inevitável seria o
adormecimento da consciência. A "procissão de pensamentos" é constituída pelos
pensamentos que vão esporadicamente se intrometendo na concentração, para desviá-
la.
Muitas pessoas poderiam supor que a primeira etapa da meditação consiste em
contemplar conscientemente os próprios pensamentos, deixando a concentração de
lado. Se apenas contemplarmos os pensamentos, sem penetrar através deles com a
concentração em nos interessa, levaremos a consciência somente até um nível, além
do qual adormeceremos normalmente e teremos sonhos.

Importa, então, aprender a aprofundar o sono enquanto se intensifica a lucidez e a


consciência, o que requer focalização da atenção em um objeto. Apenas contemplar
os pensamentos é não ter objeto definido algum para a atenção e, portanto, para o
campo da consciência.

Durante a concentração, não devemos procurar os pensamentos, buscando onde eles


estão ou checando se estão surgindo. Tampouco devemos reprimi-los. O estado ideal
é um estado em que não os reprimimos, se surgirem, mas também não os
estimulamos e nem os buscamos, caso não estejam aparecendo. Apenas aquilo em
que nos propomos a prestar atenção é que deve nos interessar.

O empenho em prolongar a atenção/pensamento único pelo maior tempo possível e o


maior número de vezes possível por dia resultará em aprofundamento crescente e
desenvolvimento da concentração, até o ponto em que ocorra o
esquecimento(vairagya) total de tudo o que existe.

Lei31 de maio de 2011 06:19


Estimado amigo, bom dia.
Na prática da concentração, posso direcioná-la para o som de uma
música oriental (Daquelas que relaxam e fazem-nos refletir sobre a
vida), por exmeplo?

A Condição Social do Homem21 de junho de 2011 06:20


Sim, com certeza. Você pode dirigir a concentração para qualquer objeto
no qual queira penetrar supra-sensorialmente.

A relatividade da distância

A distância é uma ilusão da mente e não existe no mundo real. Dois objetos que nos
parecem separados por um espaço, em um nível profundo de realidade, estão unidos.

Se a distância entre dois objetos existisse objetivamente, não poderia ser encurtada
com o aumento da velocidade e seria sempre a mesma. A distância entre dois pontos
poderá ser maior ou menor, consoante a escala espaço-temporal em que se vive ou à
velocidade com que se desloca de um a outro.

Uma pessoa poderá transformar dois pontos distantes em pontos muito próximos,
caso se desloque a grandes velocidades. Caso dê um salto e passe a viver na escala do
seu Espírito, os pontos distantes lhes serão vizinhos.

Consideramos que São Paulo e Tóquio estão distantes porque estamos quase
divorciados do nosso Ser.

O Ser tem o poder de transitar por diversas escalas de espaço e de tempo, de acordo
com sua vontade. No mundo do Espírito, o passado pode ainda estar acontecendo e o
futuro já ter chegado, ambos irmanados em um agora contínuo.

Nossa pobre consciência sofre, aprisionada em uma pequeníssima fração da Grande


Realidade. Vivemos e nos movemos em uma parcela relativa do Todo. As distâncias
que consideramos longas somente possuem sentido dentro da relatividade em que
estamos aprisionados. Se nos libertássemos, poderíamos vivenciar o distante no aqui
e o futuro no agora.

O mundo das relatividades não é o mundo verdadeiro, é o mundo das ilusões, dos
pontos de vista.
Se o espaço e o tempo fossem absolutos, não poderiam ser alterados pela velocidade.
Mas a verdade é que podem ser alterados pela velocidade. Quando estamos atrasados,
pedimos ao motorista para que aumente a velocidade. Um lugar será ou não distante
de outro em dependência da velocidade de deslocamento de que dispusermos.

Um erro dos estudantes gnósticos

No início da década de 90, ao receberem do V.M.R. o precioso ensinamento sobre a


Morte em Marcha e os Detalhes, os estudantes gnósticos (nós todos) o adaptaram à
sua lógica repressionista anterior, à qual haviam sido condicionados pela sociedade.
Receberam o vinho novo em odres velhos. Passaram, então, a vigiar os detalhes para
reprimi-los cada vez mais, pois a sociedade os havia ensinado que os desejos seriam
eliminados se fizessem "esforço para não senti-los". Acreditavam que reprimir os
detalhes era uma forma de eliminá-los e não de barrá-los e ocultá-los vivos.
Disciplinaram-se arduamente nesse sentido, vigiando-se e reprimindo-se de forma
cada vez mais rigorosa. O resultado não poderia ser outro senão a catástrofe.
A sociedade nos ensina que os "desejos maus" são eliminados quando fazemos
esforços para sufocá-los, tentando não senti-los. Tal pressuposto equivocado
permaneceu entre os estudantes gnósticos, que tentaram adaptar os ensinamentos
sobre a Morte do Ego a esses mecanismos. Os estudantes se auto-vigiavam e auto-
observavam com o único intuito de se auto-reprimirem. A lógica era: reprimir-se o
quanto possível e observar-se em busca de detalhes que escapassem à repressão. Nem
bem um estudante descobria direito um detalhe, não reprimido anté então por
descuido, suplicava por sua morte e imediatamente voltava a reprimi-lo em seguida,
para, no dizer da época, "não deixá-lo se manifestar". A Morte havia sido tomada
como sinônimo de repressão. Ninguém havia atentado para o importante fato de que a
repressão não é mais que uma forma de fingimento, que o fingido simula virtudes,
que aqueles que simulam virtudes são fanáticos hipócritas. Não havia a compreensão
de que a repressão não impede manifestação alguma, apenas a canaliza por outros
caminhos, e de que o verdadeiro meio de enfraquecer as manifestações até que
deixem nos molestar é observá-las conscientemente e orar pela morte dos detalhes
correspondentes. Não se compreendia que quem deveria eliminar os detalhes era a
Mãe Divina e não nós.
Esse equívoco causou muito estrago.
Agíamos todos como se fôssemos virtuosos. Fingíamos castidade, mansidão,
equilíbrio. Não passávamos de sepulcros caiados mas não nos dávamos conta disso.
Nossa hipocrisia não era intencional, era inconsciente. Acreditávamos que aquele era
o verdadeiro caminho para libertar a alma. Na verdade, não diferíamos dos religiosos
comuns, desses que pregam virtudes e não as possuem. Em segredo, dávamos vazão
aos conteúdos reprimidos, ou então, quando possível, disfarçávamos e justificávamos
suas manifestações, inventando desculpas para que se tornassem aceitáveis (as
manifestações de ira e perseguições pessoais "em defesa da obra" eram um bom
exemplo disso).

Refletindo sobre si mesmo


Podemos compreender a nós mesmos (nosso ego) por duas vias: a reflexão e a
observação. A observação é mais trabalhosa e menos sujeita e erros. A reflexão é
adequada a quem ainda não aprendeu a pensar psicologicamente e sente seu próprio
psiquismo como algo vago e inacessível.
A reflexão deve ser rigorosamente pautada em fatos psicológicos observados, o que
significa que jamais pode ser realizada sozinha, sem embasamento prático
observacional. Caso contrário, se transformará em mera teorização estéril sobre o
ego.

Inicialmente, realizamos reflexões intelectuais, usando a linguagem interior para as


análises e pensando através do idioma que usamos para falar (inglês, português,
francês etc.). Depois, aprendemos a pensar silenciosamente, sem idioma mental
algum, somente capturando os fatos diretamente. Posteriormente, aprendemos a
refletir sem pensamentos, captando intuitivamente a essência dos fatos. Entretanto, o
iniciante usará a mente para refletir, como ponto de partida de sua aprendizagem.

A observação é algo menos sujeito ao erro e a cair no teoricismo, mas por isso
mesmo, mais trabalhoso. O preguiçoso tende a ficar preso na teoria. Teorizar sobre si
mesmo é perder o tempo, muito melhor é observar e descobrir. Observamos o ego
como observaríamos o comportamento de qualquer pessoa ou como um psicólogo
observa o comportamento do seu paciente: buscando detalhes. Quanto mais detalhes
descobrimos, melhor. Não existem detalhes depreciáveis. A descoberta de inúmeros
detalhes vai configurando uma compreensão em contínua construção, que jamais
termina.

A observação exige desbloqueio das emoções pois emoções bloqueadas não podem
ser observadas. Mas isso não significa que devamos nos entregar à fascinação e
deixar de exercer controle sobre as ações. Desbloquear a emoção não é sair por aí
gritando e descabelando, fazendo tudo o que dá vontade. É simplesmente não freiar
brutalmente as emoções, mas também não se esquecer de observá-las.

O hedonista, aquele que vive para satisfazer todos os seus desejos, não observa nada,
pois está identificado. O agente assimilador das emoções (a consciência) não está
ativo no hedonista. Por isso, o hedonista não é um observador de si mesmo, é tão
somente um desfrutador dos próprios desejos. Hedonistas como Marquês de Sade ou
Crowley quiseram esgotar o desejo mediante a satisfação, o que é um absurdo, pois a
a satisfação o fortifica cada vez mais. Queremos o enfraquecimento verdadeiro do
desejo e não sua fortificação. E o enfraquecimento somente advém com a
assimilação, com a compreensão.

Quando refletimos em um desejo e buscamos sua causa, encontraremos outro desejo


próximo e paralelo escondido. Os desejos se associam em feixes e formam cadeias.
Quando um estudante, refletindo, se pergunta a respeito das causas de um desejo
("Por que desejo isto?"), pode muitas vezes ficar sem encontrar imediatamente uma
resposta. A razão dessa frustração pode ser o parâmetro equivocado de busca. O
"porquê" de um desejo é outro desejo oculto, que lhe dá fundamento. Exemplo: um
homem pode descobrir que deseja um carro moderno e vistoso porque deseja as
mulheres que este carro atrairá, e que deseja tais mulheres porque deseja as sensações
físicas e emocionais que elas provocam ou porque deseja impressionar a sociedade;
questionando-se e auto-explorando, descobrirá uma sequência de desejos encadeados.
Se a concentração for profunda, poderá ir bem longe na investigação da cadeia de
desejos.

Quando investigamos uma cadeia de desejos, chegamos a um limite, um ponto além


do qual nossas perguntas não são mais respondidas. Este é o limite de nossa
capacidade de refletir sobre a questão. Entretanto, se aprendermos a meditar em
profundidade, podemos ultrapassá-lo. Nem sempre os elos da cadeia posteriores ao
limite estão no mundo físico. Na maior parte dos casos, temos que buscá-los nos
mundos internos. É por tal razão que os psicoterapeutas analisam os sonhos dos
pacientes.

A didática gnóstica, entretanto, quando corretamente aplicada, é mais efetiva que a


mera análise dos sonhos: praticar a auto-observação aqui e durante o sono é um
caminho muito mais eficaz para obtenção do auto-conhecimento.

A compreensão de um defeito se amplia à medida que os desejos encadeados que o


compõem vão sendo revelados. A psicoterapia é uma prática interessante, mas é
limitada pela linguagem, limitação esta que a apreensão instintiva por meio da auto-
observação e da meditação não nos impõe.

Compreender um defeito é descobrir a capa que encobria os vários desejos que,


associados, o formavam.
A auto-observação focada sobre os detalhes resolve o problema da compreensão sem
que tenhamos que quebrar a cabeça analisando o defeito. Os vários desejos
encadeados vão se revelando gradativamente e uma compreensão vai se
configurando. Esse é o trabalho mais rápido e efetivo para a Morte. Quem se
acostuma a realizá-lo aqui, o realizará também nos outros mundos.

Marco Romer21 de junho de 2011 07:43


Li praticamente todo esse blog e tenho uma dúvida que gostaria, por
favor, de ter elucidada. Se alguém está apegado a outro alguém, esse
apego se manifesta emocionalmente de diversas formas. Pode ser através
da raiva, do ciúme, da saudade, do desejo, etc. O simples fato de se
perceber esses sentimentos aflorando já constitui uma observação? E
esse sentimentos deveriam ser "destrinchados", reduzidos a detalhes,
digamos assim, manifestações desses sentimentos? O fato de nos
mantermos alertas a manifestação desses sentimentos não contamina a
observação de alguma forma, de repente até mesmo provocando-a?
Agradeço muito se puder me tirar essas dúvidas. Obrigado.

Pensador21 de junho de 2011 18:41


Gostaria de perguntar ao proprietário do blog, qual é a opinião dele á
respeito de se envolver com outra parceira, ainda tendo apegos á outras
anteriores(ex-namoradas). Caso considere isto um "problema", gostaria
de pedir-lhe uma "solução". Pois estou dando os meus primeiros passos
na meditação e tenho esta curiosidade. Desde já, grato pelas valiosas
informações. Obrigado!

A Condição Social do Homem29 de junho de 2011 08:11


Acho que será uma desonestidade se ela não souber disso.
Se ela souber disso e concordar, não me parece desonesto.
Mas não devemos levar isso a um fanatismo extremo pois, se fôssemos
esperar o momento em que não tivéssemos mais nem sombra de apego
ou atração por outras mulheres, não nos relacionaríamos nunca.
Para eliminar esses apegos, é o mesmo de sempre: observação e oração.
Tais apegos são defeitos que necessitam ser desintegrados pela Mãe
Divina.

A Condição Social do Homem29 de junho de 2011 08:20


P. Li praticamente todo esse blog e tenho uma dúvida que gostaria, por
favor, de ter elucidada. Se alguém está apegado a outro alguém, esse
apego se manifesta emocionalmente de diversas formas. Pode ser através
da raiva, do ciúme, da saudade, do desejo, etc. O simples fato de se
perceber esses sentimentos aflorando já constitui uma observação?

R. Sim, já constitui uma observação inicial, pois observar algo é


percebê-lo. Porém isso não significa que essa percepção inicial não
possa ou não deva ser desenvolvida.
Quanto mais você perceber, mais a percepção de si mesmo se
desenvolverá.
Para percebermos os egos, temos que nos dissociar deles, rompendo com
a identiticação. Por isso, o simples ato de perceber já assinala o início da
auto-observação.

P. E esse sentimentos deveriam ser "destrinchados", reduzidos a


detalhes, digamos assim, manifestações desses sentimentos?

R. Sim, conforme você os vai percebendo mais e mais, os detalhes vão


sendo detectados e a percepção vai se aprofundando.

P. O fato de nos mantermos alertas a manifestação desses sentimentos


não contamina a observação de alguma forma, de repente até mesmo
provocando-a?

R. Depende do significado da palavra "alerta". Muitas pessoas entendem


o alerta como um estado de sobressalto, ansiedade e preocupação. Neste
caso a observação irá ser prejudicada. Entretanto, se for um alerta
natural, espontâneo e receptivo, o alerta e a observação serão um só,
estarão fusionados em uma única percepção.
Portanto, o alerta ansioso a prejudica e o alerta espontâneo e receptivo a
auxilia.

Pensador29 de junho de 2011 08:54


Obrigado pela orientação. Abraço!

Pensador29 de junho de 2011 09:01


Gostaria de perguntar ao dono do blog, se eu posso lhe enviar um relato
pessoal resumido, para pedir-lhe um parecer e orientação?

A Condição Social do Homem11 de julho de 2011 18:25


Sugiro que, ao invés de um relato pessoal, elabore perguntas sobre tais
questões pessoais, de modo a explorar os problemas que te preocupam.

Pensador12 de julho de 2011 09:33


Estou diante da seguinte situação, meu pai morreu assassinado. Minha
ex-namorada me abandonou, e ficou com meu melhor amigo para se
vingar de mim. E fui demitido de meu emprego. Fiquei durante uns 2
anos e meio, vivendo como um morto vivo. Um verdadeiro inferno. Me
isolei de todo mundo, com livros e escritos de autores, mais diversos.
Gnosis, psiquiatria, psicologia, filosofia e tenho aplicado os
ensinamentos dos mesmos na prática. Entre eles, Jung, Nietzsche,
Schopenhauer, Nessahan Alita e etc... Confesso que me senti bastante
aliviado de meus conflitos e problemas. Todavia, sinto como se faltasse
um rumo em minha vida, uma direção, um norte. Depois da crise, me
sinto como um menino abandonado sem saber para onde ir. Gostaria de
solicitar ao proprietário do blog, um conselho. Para ser mais específico,
como poderia encontrar um rumo em minha vida?

A Condição Social do Homem23 de julho de 2011 06:15


Difícil responder, hein!!!
Bem, esses rumos já existem dentro de você, mas estão ocultos,
profundos, enterrados. Você tem que se acercar cada vez mais de sua
parte superior, de seu Real Ser, que é a sua parte boa.
Saiba que você, apesar de se considerar um morto vivo, não tem somente
maldições e desgraças dentro de si, tem também muitos valores e forças
superiores e luminosas. Dentro de você existe a paz, o amor, a felicidade
e outros atributos mais. Entretanto, eles estão submersos, subterrâneos, e
precisam ser encontrados, acessados.
As experiências pelas quais você passou perturbaram sua capacidade de
discernimento, mas não a destruíram completamente. A mesma pode ser
regenerada se você exercitar a compreensão.
A compreensão é exercitada pela contemplação e observação, as quais
são a essência de todo o trabalho de regeneração psíquica. Compreender
é a arma.
O seu Ser é tudo o que você possui de bons, todos esses impulsos
superiores, altruístas, de elevação espiritual, busca por compreensão etc.
O rumo na vida de cada pessoa corresponde a uma missão que ela tem a
cumprir. E a missão de cada um se relaciona diretamente com as
habilidades naturais e inatas. Quais são suas aptidões e vocações
naturais? Elas estão aí, precisam ser descobertas. O que você faz com
facilidade? Pegunte-se, reflita e busque.
Sugiro que aprenda a refletir, que exercite a compreensão em todos os
aspectos da vida. Busque ser estritamente compreensivo em tudo, busque
a verdade que se esconde por trás das aparências.
Exercitar a busca pela verdade é exercitar a alma. Exercitar a alma é
exercitar a compreensão.
Todos esses traumas que ficaram por tais situações terríveis pelas quais
você passou (e que podem estar relacionadas a um karma de outras
existências que agora você parece já ter pago), apresentam conteúdos
obscuros, inconscientes, que precisam ser gradativamente
compreendidos. São egos, eus, criados em tais situações. Não adianta
tentar forçar a compreensão e nem tentar controlar o que se vai
compreender. Quem dirige o processo de crescimento interior é o Real
Ser, Ele sabe o que você precisa ou não compreender e vai te mostrando
à medida que você vai procurando ser cada vez mais sincero e ativo na
busca da compreensão. Então os rumos de sua vida vão aparecendo.

Pensador23 de julho de 2011 16:36


Apesar de ter sofrido horrores, ao ponto de achar que morrer era mais
fácil do que viver, não fugi da raia. Aceitei toda a impotência que inspira
o ato de digerir estes conteúdos psíquicos. E confesso meu caro, que
tenho me tornado mais humanista também. Vendo graça em elementos
de minha vida que anteriormente não compreendia o sentido. E tenho
encontrado na pratica espiritual, um refúgio contra a imundície da
sociedade.

Então, pude extrair coisas boas apesar das ruins que me ocorreram
durante esta crise. O sofrimento vs descobrimento de coisas novas á meu
respeito e do mundo. Aceitar a existência da maldade, porém, sem me
identificar com ela.

A Condição Social do Homem24 de julho de 2011 04:06


Esse extrato espiritual das experiências amargas somente foi possível
porque há algo superior em você. Do contrário, você teria se perdido
definitivamente.

Pensador24 de julho de 2011 05:28


Então, durante esta crise meu caro, eu coloquei em prática alguns rituais
do budismo esotérico Shingon Shu. Comum no Japão. Um deles consiste
no kuji-kiri(caminho dos nove cortes, muito comum nas artes marciais
japonesas) e o reisui masatsu(tomar duchas geladas de manhã fazendo
uso de mudras). Notei que o meu índice de tolerância ao desconforto
aumentou, ai foi mais fácil suportar a amargura da crise. Fora outros
dons que desenvolvi. E de fato, parece que ás vezes algo superior se
manifestava, diante das dores, havia uma parte dentro de mim que doía,
e outra que me apresentava insights apresentando o caminho correto á se
seguir. Por exemplo: sofria, uma parte dentro de mim apresentava uma
solução / insight; "continue, prossiga, desabafe". E eu seguia aquilo.

E um ponto que vc salientou acima se manifestou em mim. Eu sinto


mais vontade de ajudar os outros. Especialmente quando fito o tamanho
número de pessoas sofrendo e sem uma saída, neste país atrasado. Tanto
que durante a crise, consegui retirar umas 3 pessoas da merda com meus
conselhos. Agora estão melhores, assim como eu.
Márcio Santos28 de julho de 2011 13:43
OLA CONHECI O BLOG AGORA E GOSTARIA DE SABER QUEM
É A MÃE DIVINA ?

A Condição Social do Homem3 de agosto de 2011 08:48


Olá

A Mãe Divina é um aspecto do Espírito Divino do Homem.

Todo ser humano possui uma parte superior, que é o seu verdadeiro Ser.
Este Ser se distribui por várias dimensões em partes autônomas, sendo a
Mãe Divina uma delas.

Em outras palavras: a Mãe Divina é você mesmo, porém em um aspecto


tão superior e distante que você ignora. Você vive simultaneamente em
vários mundos, mas não sabe disso.

Quebrando à resistência à conclusão de que


se está em astral

O ser humano está geralmente condicionado a sempre acreditar que se encontra em


corpo físico, no mundo tridimensional. Esta crença se reforça ao longo da vida,
durante os estados de vigília, e se reproduz no interior dos sonhos. Trata-se de uma
crença solidamente cristalizada, que guarda relação com outra crença: a de que
somente existe este mundo, a de que somente o mundo físico é real. Ambas as
crenças se reforçam em uma espécie de simbiose, de sinergia, resultando no
adormecimento da consciência astral.

Se não sou capaz de conceber como real e concretamente existente um outro mundo,
paralelo a este em que eu vivo, muito menos serei capaz de reconhecê-lo quando
estiver inserido no mesmo. A crença na inexistência origina confusão, falta de
discernimento. Condicionado pela crença de que somente a matéria densa é real, o
materialista dorme profundamente e não reconhece as figuras astrais quando está
diante delas, tomado-as sempre por objetos deste mundo e não daquele.

O despertar da consciência astral requer que se "quebre" o condicionamento do


entendimento, que se abra para a existência objetiva do que está "além".

À medida que uma pessoa se desenvolve conscientemente no mundo astral, se dá


conta, mais e mais, que o mesmo é real e concreto. As constatações se fixam em sua
mente e se concretizam de modo a conduzir sua cognição à conclusão de que estar em
um mundo paralelo não é um absurdo lógico.

A tendência comum da mente é duvidar da possibilidade de se estar em corpo astral.


O ceticismo se origina do impacto realístico do mundo astral e da crença de que
somente o mundo físico é real. Ambos, a crença invertida e o impacto realístico
interno, se combinam e o resultado é a incapacidade de reconhecer a astralidade dos
objetos percebidos.

O condicionamento da mente vai sendo revertido, à medida que a consciência vai


sendo impactada pelo impacto realístico das experiências astrais conscientes. Quanto
mais vezes uma pessoa sair conscientemente em astral, mais facilidade terá para se
desdobrar nas próximas vezes. Cada percepção consciente do mundo astral facilita o
seu reconhecimento na próxima oportunidade. É por isso que as pessoas que saem
conscientemente com o uso de enteógenos com o tempo não precisam mais dos
mesmos para fazê-lo.

Certos enteógenos podem despertar a consciência astral e, após essa consciência se


fixar, o mesmo já não se faz necessário, uma vez que a crença na imaterialidade do
mundo astral foi revertida. O que impede o discernimento é o ceticismo materialista,
a crença na realidade do mundo tridimensional. É esta crença que necessita ser
revertida caso queiramos discernir.
1. Um segredo prático para sucesso
na magia sexual

No passado, eu acreditava que a magia sexual intensa fosse


adequada a nós, pessoas normais, fracas e luxuriosas. Hoje
acredito que a prática do maithuna deve ser o mais suave possível,
quase somente uma "carezza", e que a regeneração biopsíquica
que ela promove é a mesma regeneração natural que se verifica
em todo ser humano comum, somente diferindo por ser muito mais
intensa e "turbinada" energicamente.

Uma dica que auxilia na magia sexual é ser capaz de retirar-se antes da satisfação
plena, não prolongando o ato indefinidamente. Preserve a vontade para outro dia, não
a esgote. Praticar magia sexual é como tomar banho quente em um dia bem frio: você
quer sempre prolongar mais. É também similar a comer um alimento saboroso: você
não quer parar até ter terminado de empaturrar seu estômago. Aí reside um dos erros,
pois temos que aprender a moderar o desfrute dos prazeres. Se você não é capaz de
um interromper um ato prazeiroso qualquer no momento certo, muito menos será
capaz de se retirar do coito após um tempo pré-determinado. Outra dica que pode
ajudar é estabelecer previamente o horário de término da prática e segui-lo a todo
custo, ainda que o mundo desabe. Comunicar e pedir ajuda à parceira também
costuma ser favorável.

O erro dos que fracassam consiste em tentar prolongar demais o ato, acreditando-se
muito fortes.

Aprenda sentir satisfação em cheirar a maçã e não em comê-la.

Na prática do arcano, a excitação nunca dever ser alta e nem baixa, deve ser sempre
média e constante. Se você estiver muito excitado, acalme-se.
O refinamento da energia sexual está diretamente ligado à santidade na prática do
arcano. Quanto mais espiritual e intensa for a prática, mais evoluída estará a energia.
Quanto mais animal, mais baixa estará.

Aprenda a sentir intenso erotismo espiritual e não animal.

Diario de um Free Dance23 de junho de 2011 11:13


"Aprenda a sentir satisfação em cheirar a maçã e não em come-
la."Aprendi ouvindo essa interessante frase de um instrutor, amigo meu
na época.. duas décadas se passaram e essa frase continua viva em minha
mente.. Coisa incrivel!!

A Condição Social do Homem29 de junho de 2011 08:07


Isso não é insatisfação eterna, como pensam os fornicários. Há uma
satisfação ao inverso, resultado da transmutação, que é uma espécie de
êxtase erótico espiritual.

O péssimo hábito de checar se um defeito


está morto

Algumas pessoas possuem o péssimo hábito de "checar" se um defeito sobre o qual


estão trabalhando está realmente morrendo ou enfraquecendo. Tal "checagem" é
realizada tentando-se "sentir", sob um pretenso controle consciente, se há algum
resíduo de desejo, sentimento ou emoção correspondente ao defeito. Na verdade, tal
atitude tem o efeito de acordar aquilo que estava adormecido e é uma forma de
alimentar e evocar o defeito que deveria ser cada vez mais esquecido.

Algo semelhante acontece com os sintomas físicos de doenças: quanto mais atenção
lhes damos, mais energia lhes conferimos. A identificação com uma doença física ou
psíquica (o Ego é uma doença) atrapalha os processos de cura realizados pelo Ser.
1. Começar a partir do hoje e não voltar
atrás

Um único dia de castidade verdadeira (não forçada e nem tampouco simulada pela
pessoa para si mesma) pode ser prolongado infinitamente, desde que se mantenha a
compreensão e se aprofunde neste sentido a vigilância. Pode-se adquirir a castidade a
partir de um simples e único dia, desde que se realize neste dia a morte dos detalhes
de forma correta, com todo o rigor aplicado sobre TODAS as manifestações
luxuriosas daquele dia. Porém, esse dia especial somente chegará depois de uma certa
experiência, a qual leva algum tempo para ser conseguida. Esse dia especial, então,
pode ser prolongado por tempo indefinido, desde que a pessoa se polarize cada vez
mais na castidade e abandone o pólo da fornicação.

Quanto mais nos polarizamos na castidade, tanto mais firmemente nela nos
estabelecemos (isso inclui pensamentos, sentimentos, ações e PALAVRAS!).
Inversamente, uma simples concessão à luxúria resulta em uma cadeia sucessiva de
fracassos sexuais. Por tal razão, temos lutar muito para não nos deixarmos cair, pois,
uma vez caídos, é muito mais difícil, mas não impossível, subir. Logo, um dos
segredos é "não começar": não começar a pensar, não começar a falar e não começar
a fazer as besteiras. Temos que nos adiantar aos defeitos.

Entretanto, os irmãos que fracassarem hoje, não devem desanimar. Devem continuar
tentando, pois o dia D sempre chega para aqueles que nunca desistem. Se o irmão
fracassou hoje, ontem, anteontem ou nos anos e décadas que já passaram, saiba que é
porque sua compreensão dos processos ainda está se configurando, amadurecendo.
Esse é o seu tempo , que cada um tem o seu.

Para muitos, o dia D pode demorar muito, seja pelo karma, seja por pactos tenebrosos
de outras existências. Daí a importância de não desistir, ainda que se passe por muitos
anos de fracasso. O que importa é sempre descobrir por onde se erra e prosseguir.
Conforme disse o V.M.S., o problema não são as caídas, mas a falta de vontade de se
levantar e prosseguir.

Jamais percamos a noção de nossa fragilidade em relação à luxúria e sempre nos


lembremos de que matar um desejo não é de modo algum satisfazê-lo e nem
tampouco reprimi-lo.

Quando bloquear a ação?

Embora seja importante desbloquear as emoções, nem todas as ações devem ser
desbloqueadas. Há ações que necessitam ser bloqueadas e isso depende das
circunstâncias.
As ações que necessitamos bloquear são aquelas que acarretam consequências
desastrosas para nós ou para os nossos semelhantes, originam karma etc. Ações que
não necessitam ser bloqueadas são as ações úteis ou inofensivas.

Jhon5 de julho de 2011 15:23


Olá amigo..
Fiz um blog que fala um pouco sobre ego, essas coisas, tem muito a ver
com o que diz os gnósticos...
Gostaria muito que desse uma olhada, é um blog novo, tem poucas
postagens, mas tô atualizando aos poucos... segue o link:
http://istonaoeumafesta.blogspot.com/
Se puder ajudar a anunciar, fico grato.
Grande abraço!
Responder

A Condição Social do Homem11 de julho de 2011 18:26


Ok. Darei uma olhada assim que puder. Grato.
Desbloquear a repressão sobre os detalhes

Tenho insistido na necessidade de observar ao invés de reprimir. Afirmei


repetidamente que o recalque é inútil e que a Morte se dá por observação,
contemplação e oração. Agora vou acrescentar algo mais.
O empenho em observar o Ego e orar pela Morte deve ser focado sobre as
manifestações diminutas dos defeitos. Todos temos pecados grandes e pequenos.
Pomos cuidado nos pecados grandes e perigosos e não damos importância aos
pequenos. Ocorre, entretanto, que os pequenos são a sustentação dos grandes.
O Ego possui manifestações grosseiras e sutis. As manifestações grosseiras são
facilmente visíveis e reconhecíveis, são os problemas psicológicos de sempre que nos
incomodam. As manifestações sutis são os detalhes, traços comportamentais difíceis
de enxergar por serem muito pequenas e de difícil reconhecimento. Requerem olho
clínico para serem vistos.
Os detalhes normalmente não são vistos simplesmente porque não lhes damos
importância. E não lhes damos importância porque acreditamos que não são defeitos,
que não apresentam prejuízo algum e que são simples comportamentos aceitáveis que
não fazem mal algum a ninguém. Desconhecemos a relação entre tais detalhes e os
defeitos grandes e perigosos, motivo pelo qual os negligenciamos.
Quando reitero a necessidade de contemplarmos, de forma desbloqueada, a nós
mesmos e orarmos pela morte dos defeitos descobertos, não estou afirmando que
devamos fazê-lo sobre os defeitos maiores e mais visíveis. Na verdade, nossa
prioridade devem ser os defeitos menores, quase invisíveis ou normalmente
invisíveis, que passam a todo momento sem serem percebidos.
Todo o processo de dissolução do Ego se dá a partir da dissolução dos detalhes, que
são suas manifestações sutis. Quanto mais sutil, mais difícil de ser enxergada é uma
manifestação. Quem quer morrer, não pode reprimir ou resistir às manifestações
sutis, muito pelo contrário: deve observá-las com máximo rigor criterioso e
imediatamente orar pela dissolução. Se simplesmente detectar um detalhe e em
seguida se ocupar em resistir, não irá eliminá-lo. A eliminação requer que se dê
espaço para a atuação da Mãe Divina e aquele que recalca está Lhe tirando espaço.
Aquele que recalca um detalhe está tentando eliminá-lo sozinho e cometendo um
erro. Quem diz ou pensa "EU eliminarei este defeito" está cometendo um erro, pois o
Eu não elimina o Eu. Melhor é dizer "Minha Mãe eliminará este defeito para mim,
enquanto o observo e peço por sua morte", e então deixá-La atuar.
Assim, entendamos que a observação desbloqueada procura o sutil, o pequeno, o
imperceptível. Quanto mais a exercitamos, mais a desenvolvemos.
Os detalhes aparecem naqueles momentos em que tudo está bem, em que estamos
despreocupados e acreditando que não há nenhum problema. Se observamos melhor,
veremos muitas manifestações sutis do Ego em plena ação.
Você não será capaz de descobrir seus detalhes se não se relacionar com as pessoas.
Os detalhes afloram na vida social. A vida social é necessária para que eles aflorem e
sejam vistos. São milhões, mas se processam fora do campo de nossa consciência, a
menos que o direcionemos para captá-los.

NAo eu18 de julho de 2011 20:15


Obrigado pelos textos, apesar de nao ser gnostico, sempre leio e acho
muito interessante!

marcelo22 de julho de 2011 09:36


Gnose e masculinismo é uma parceria bem legal...
Vou postar uma fábula aqui pra abrilhantar os comentários...

A MULHER CURIOSA E MÁ
Era uma vez um homem que recebeu de Deus o dom de entender as falas
dos animais.
Estava passeando pelo mato com a sua mulher.
De vez em quando, êle dava risada. A mulher perguntava por que. — Èle
dizia: à tôa. Mas ela foi ficando curiosa. Tanto o apertou, tanto o apertou
que êle confessou que estava escutando as vozes dos pássaros. Daí há
pouco, estavam dois cavalos conversando. Um dizia assim: opa! eu hoje
trabalhei, trabalhei e não comi quase nada. O outro retrucava: e eu fui
feliz, estou com a barrica cheia. O homem deu risada. A mulher já quis
saber por que, e o que os cavalos estavam falando.
O marido respondeu-lhe: — ah! isso eu não conto, se eu contar, morro!
Daí então, até chegarem em casa, e muitos dias seguidos, ela
importunava o marido. Que tinha de lhe contar. Não adiantava êle dizer
que seria a morte. Ela: — não tem que nada, quero saber!
Teimou, teimou, até que o marido não agüentou mais e resolveu falar.
Mandou o camarada buscar um caixão de defunto e o pôs no meio da
sala. Dizia para a mulher: você não me estima, sabe que vou morrer e
está me amolando para eu lhe contar a conversa dos cavalos. Nisso o
galo veio do quintal, trepou no caixão e bateu as asas e cantou. O
cachorro já veio da cozinha e repreendeu o galo: — Mas, sim, senhor,
não vê que o nosso dono vai morrer, e você alegre, cantando!
O galo retrucou: — Que me importa? Êle vai morrer, porque quer.
— Porque quer, não, senhor, disse o cachorro. Não vê que a mulher não
deixa mais de o importunar?
— Ah! se fosse comigo! disse o galo. Eu tenho vinte mulheres por
minha conta no terreiro. E’ só alguma querer abusar um pouco, que eu já
vou de esporas e ensino!
E daí o homem chamou o camarada e disse: — vá por aí e troque esse
caixão por um chicote. O camarada obedeceu. O homem segurou o
chicote atrás das costas e foi-se chegando à mulher:
— Ainda quer saber a prosa dos cavalos?
— Quero, sim!
O homem segurou-a com a esquerda e com a direita desceu-lhe o chicote
sem ouvir os seus grilos.
— Ainda quer saber o que os cavalos falaram?
— Não, não quero saber de nada, gemeu a mulher. Desde aí ficou
boazinha e mansa ! E o homem viveu muitos anos feliz com sua
família...

A parada é mandar a real ! Mas com consciência e sem exageros!


Um abraço a todos !

A Condição Social do Homem23 de julho de 2011 06:22


Não entendi o motivo da chicotada. Perdoe minha burrice.

marcelo24 de julho de 2011 03:06


Bom...A chicotada ..."Uma metáfora"(infelizmente necessária para um
bem maior)...Caso ele falasse morreria...A mulher sabia disso... O
egoísmo dela em satisfazer uma curiosidade estava falando mais alto do
que a vida do seu esposo(que quase acatou esse absurdo).

No final do texto figura um " com consciência e sem exageros"


Espero que a compreensão torne-se mais clara...
E que não haja má interpretação da fábula...
Abraço a todos !

A Condição Social do Homem24 de julho de 2011 04:09


Desculpe, mas a chicotada permanece sem sentido para mim. Ao dar a
chicotada, o que ele comunicou à esposa?

A Condição Social do Homem24 de julho de 2011 04:11


A chicotada do texto se parece mais um koan ou a um conto zen.

marcelo1 de agosto de 2011 09:20


Esteja em paz caro amigo...
Acho que vc já tinha notado antes...

A Condição Social do Homem3 de agosto de 2011 08:45


Notei depois. Antes achei que fosse um mero conto racional.
1.

Detalhes: o que são e como identificar

Tenho insistido na necessidade de observar ao invés de reprimir. Afirmei


repetidamente que o recalque é inútil e que a Morte se dá por observação,
contemplação e oração. Agora vou acrescentar algo mais.
Quando nos observamos, podemos perceber em nós mesmos leves alterações. São
leves irritações, leves preocupações, leves temores, leves desejos, leves impulsos,
leves reações emocionais às circunstâncias do dia a dia, falas e comentários
levemente luxuriosos, levemente invejosos, lembranças levemente prejudiciais,
imaginações levemente morbosas etc. Em suma: comportamentos levemente
delituosos, cuja gravidade não nos incomoda. Esses comportamentos tênues são os
detalhes aos quais se refere o V.M. Rabolú.
Os detalhes não costumam despertar interesse nos aspirantes à Morte porque não
representam nenhum perigo imediato e seu caráter delituoso é tênue. Por serem tão
leves, muitas vezes acredita-se que os mesmos não são egos. Justamente aí reside o
erro.
Qualquer comportamento que ao estudante pareça "levemente egóico" é um detalhe e
fornece energia aos egos visíveis e perigosos. O V.M. Samael chamou os detalhes de
"facetas".
Se dissolvermos os detalhes, os egos terríveis perderão a força.
O empenho em observar o Ego e orar pela Morte deve ser focado sobre as
manifestações diminutas dos defeitos. Todos temos pecados grandes e pequenos.
Pomos cuidado nos pecados grandes e perigosos e não damos importância aos
pequenos. Ocorre, entretanto, que os pequenos são a sustentação dos grandes.
O Ego possui manifestações grosseiras e sutis. As manifestações grosseiras são
facilmente visíveis e reconhecíveis, são os problemas psicológicos de sempre que nos
incomodam. As manifestações sutis são os detalhes, traços comportamentais difíceis
de enxergar por serem muito pequenas e de difícil reconhecimento. Requerem olho
clínico para serem vistos.
Os detalhes normalmente não são vistos simplesmente porque não lhes damos
importância. E não lhes damos importância porque acreditamos que não são defeitos,
que não apresentam prejuízo algum e que são simples comportamentos aceitáveis que
não fazem mal algum a ninguém. Desconhecemos a relação entre tais detalhes e os
defeitos grandes e perigosos, motivo pelo qual os negligenciamos.
Quando reitero a necessidade de contemplarmos, de forma desbloqueada, a nós
mesmos e orarmos pela morte dos defeitos descobertos, não estou afirmando que
devamos fazê-lo sobre os defeitos maiores e mais visíveis. Na verdade, nossa
prioridade devem ser os defeitos menores, quase invisíveis ou normalmente
invisíveis, que passam a todo momento sem serem percebidos.
Todo o processo de dissolução do Ego se dá a partir da dissolução dos detalhes, que
são suas manifestações sutis. Quanto mais sutil, mais difícil de ser enxergada é uma
manifestação. Quem quer morrer, não pode reprimir ou resistir às manifestações
sutis, muito pelo contrário: deve observá-las com máximo rigor criterioso e
imediatamente orar pela dissolução. Se simplesmente detectar um detalhe e em
seguida se ocupar em resistir, não irá eliminá-lo. A eliminação requer que se dê
espaço para a atuação da Mãe Divina e aquele que recalca está Lhe tirando espaço.
Aquele que recalca um detalhe está tentando eliminá-lo sozinho e cometendo um
erro. Quem diz ou pensa "EU eliminarei este defeito" está cometendo um erro, pois o
Eu não elimina o Eu. Melhor é dizer "Minha Mãe eliminará este defeito para mim,
enquanto o observo e peço por sua morte", e então deixá-La atuar.
Assim, entendamos que a observação desbloqueada procura o sutil, o pequeno, o
imperceptível. Quanto mais a exercitamos, mais a desenvolvemos.
Os detalhes aparecem naqueles momentos em que tudo está bem, em que estamos
despreocupados e acreditando que não há nenhum problema. Se observamos melhor,
veremos muitas manifestações sutis do Ego em plena ação.
Você não será capaz de descobrir seus detalhes se não se relacionar com as pessoas.
Os detalhes afloram na vida social. A vida social é necessária para que eles aflorem e
sejam vistos. São milhões, mas se processam fora do campo de nossa consciência, a
menos que o direcionemos para captá-los.

Criamos os mundos em que vivemos

Toda pessoa vive aprisionada em um mundo que ela mesma criou com seus
pensamentos. Este mundo é forjado pela mente, sendo composto pelas concepções,
pontos de vista, idiossincrassias e ideologias pessoais. O mundo assim criado se torna
um verdadeiro universo, que a segue em vigília e durante o sono. As imagens terão
um colorido especial, dados pela frequência dos pensamentos em que a pessoa vive.
Quem dissolve o Ego, altera radicalmente este mundo pessoal.
Uma pessoa que odeia forja para si um inferno que a perseguirá onde quer que vá.
Enquanto odiar, o inferno do ódio a estará acompanhando e dará às percepções um
colorido especial.

O psiquismo humano cria um mundo perceptual circundante, composto pelas


emoções e pensamentos correspondentes. Bom e mau, agradável e desagradável, são
criações do psiquismo, existem internamente. Dissolver o Ego equivale e alterar o
mundo psíquico circundante e acompanhante.

De acordo com nosso estado emocional, podemos viver no céu ou no inferno. As


emoções negativas e inferiores nos aprisionam em um inferno sem limites, enquanto
as emoções superiores nos permitem viver no paraíso. As vibrações psíquicas nos
vinculam a regiões do universo correspondentes. Vibrações inferiores nos vinculam
às infra-dimensões, vibrações superiores nos vinculam às dimensões superiores. O
homem decide se irá para o inferno ou para o céu. Existem diversos céus, com
distintos graus de felicidade, e existem muitos infernos, com variáveis graus de
tormento.

É recomendável nos libertarmos ao máximo dos infernos e conquistarmos os céus


ainda em vida, antes da desencarnação. Então prosseguiremos em tal estado depois da
morte do corpo físico.

Falando particularmente da luxúria, o mesmo princípio vale: a luxúria é algo


totalmente mental, interior. O estado luxurioso é um estado de consciência
adormecida, alterada e condicionada. O luxurioso vive em uma espécie de paraíso
diabólico sensual e erótico, no qual o prazer sexual suplanta todas as percepções e
confere um único sentido à vida. O mundo erótico que o luxurioso forja para si não
existe, é irreal, mas ele ainda assim o saboreia como se existisse, pois está iludido por
suas próprias percepções fantasiosas. Não compreende, o infeliz luxurioso, que o
paraíso que criou para si não existe, que é mera ilusão. Somente a compreensão pode
dissolver a fantasia da luxúria. Quem quer se libertar do inferno da fornicação e seus
defeitos correlacionados, tem que compreender o aspecto ilusório das percepções
luxuriosas.

Dissolver a luxúria não é combater a sexualidade física propriamente dita, mas sim os
aspectos internos equivocados da sexualidade: as formas mentais, formas de
pensamento, formas equivocadas de entender e de enxergar o sexo, percepções
enviesadas e subjetivas do corpo e do prazer sexual. Precisamente aí, na concepção
de sexo, está o problema e a tal concepção é algo mental, encontra-se na mente.
Portanto, dissolver a luxúria é alterar radicalmente um estado psíquico.

De nada adianta tentar acorrentar as ações se os elementos geradores das ações (as
emoções e os pensamentos) as estão fomentando a todo instante.

Meditação - recuperando os dispersos percentuais de


essência livre

Temos percentuais de essência livre e percentuais de essência engarrafada dentro de


cada defeito. No entanto, os percentuais de essência livre não estão despertos, estão
adormecidos, acompanhando os percentuais de essência engarrafada. Assim como
cada "eu" aprisiona dentro de si frações de essência, o Ego como um todo circunda
percentuais de essência não engarrafada e os sujeita ao condicionamento fascinatório.
Portanto, o Ego, como um todo, é uma grande garrafa, no sentido de que atrai,
envolve e prende a si, por meio da fascinação, percentuais de essência livre.

Cada "eu" é uma pequena garrafa e o Ego, como um todo, é uma grande garrafa. As
porções de essência aprisionadas dentro de cada defeito ou "eu" estão em um estado
de sonolência profunda. As porções de essência livre, mas fascinadas pelo Ego, estão
em estado de distração e preguiça, inativas. Estão distribuídas ao longo das regiões
inconscientes da psique, espalhados através dos vários níveis. Os pensamentos são o
agente que mantém a essência livre fascinada, inativa, distraída.

A atividade mental é o ponto-chave. Quanto mais se pensa, mais se distrai e se


adormece a essência livre. Para ativar os percentuais preguiçosos de essência, o
primeiro que se requer é o silêncio mental. A mente ativa distrai a essência. A mente
quieta a liberta para trabalhar. Quando os pensamentos se esgotam, o Ego se ausenta.
Praticar a concentração é dar um passo rumo ao silêncio mental.

O primeiro impulso do meditador novato, ao dar-se conta da intromissão de um


pensamento que lhe perturba a concentração, é tentar silenciá-lo à força, opondo-se e
entrando em conflito. É um procedimento equivocado e que não resulta em
verdadeiro silêncio.

Um pensamento intruso não se calará pela imposição forçada do silêncio,


simplesmente se desviará, indo com sua tagarelice para outro nível da mente e ali
prosseguirá atuando, agora sem ser percebido. Logo, é perda de tempo tentar aquietá-
lo simplesmente à força, assim de qualquer maneira.

O procedimento que se requer para silenciar um pensamento é a contemplação


consciente do mesmo, visando compreendê-lo. A compreensão promove o
esgotamento dos pensamentos. Compreender é distinto de entrar em conflito.

A postura correta da consciência é a de não procurar os pensamentos e nem fugir


deles, de não provocá-los e nem reprimi-los caso apareçam. É uma postura de
neutralidade e imparcialidade, em que não se os valoriza positivamente e nem
negativamente. Valorizar positivamente seria gostar dos pensamentos, saboreá-los e
se identificar com eles. Valorizar negativamente seria detestá-los, fugir dos mesmos,
tentar evitá-los, reprimi-los e criar conflitos.
Quem fica procurando pensamentos à toa, quando eles não estão presentes, os está
estimulando. Cogitar um pensamento quando o mesmo não está molestando é iniciá-
lo. Embora não seja correto procurar os pensamentos e seja importante reter o objeto
de atenção no campo da consciência, necessitamos verificar, com certa frequência, se
não há algo de desatento em nós, pois pode-se dar o caso de estarmos divididos.
Quando estamos divididos, uma parte de nossa essência livre (que nos confere
atenção consciente) permanece focada no objeto, enquanto outras partes ficam
distraídas com os pensamentos, em vários níveis. Como queremos atenção integral,
envolvimento de todas as partes da consciência, temos que verificar se estamos
plenos, se há algo de desatento em nós. A consciência necessita estar plenamente
focada no objeto da concentração, se estiver focada parcialmente, a prática não
avançará. Os 3% de essência livre (e adormecida) devem se dissociar completamente
dos 97% de Ego.

Ao longo dos 49 níveis do subconsciente estão distribuídas as frações do pequeno


percentual (3%) de essência livre, que necessitam ser recolhidas e unidas. O Ego as
mantém fascinadas e presas (não engarrafadas em sentido literal, pois estamos nos
referindo às porções de essência livre, porém adormecida e condicionada pelos eus).
Silenciar a mente em todos os 49 níveis do inconsciente significa dissociar a essência
dos egos submersos, emancipando-a do efeito fascinatório dos pensamentos nesses
níveis. Quando o pensamento se esgota, o ego se ausenta e algo da essência que está
dispersa se torna temporariamente independente. Isso é sentido sob a forma de um
aumento da sensação de leveza, do bem estar e da lucidez.

Trazer o que está desatento à atenção é acordar o que temos de alma e que está
"esparramado" entre os Egos, atraído pelo poder fascinatório da mente. A essência
que está ativa, incipientemente acordada, chama a atenção da essência que está livre,
porém distraída, adormecida, sonhando com as bobagens, cenas mentais etc.
oferecidas pelos Egos.
Quando buscamos nos concentrar, ficar lúcidos, despertos etc. uma parte de nossa
essência livre se empenha neste trabalho, enquanto as outras partes da mesma, ainda
que estejam livres, gozam com os sonhos e pensamentos. Temos que ser capazes de
enxergar o adormecimento destas partes e trazê-las à lucidez, mas sem procurar
pensamentos e nem estimulá-los.

Portanto, não são somente os percentuais de essência aprisionados em cada defeito


que estão adormecidos. Os percentuais de essência livre também não estão despertos,
pois estão sujeitos ao ego e terminam acompanhando os percentuais engarrafados em
seus condicionamentos. Como pessoas que acompanham parentes aprisionados,
permanecendo ali ao lado dos mesmos e não arredam pé, ao invés de se afastarem
para negociar a soltura, os percentuais de essência livre acompanham os percentuais
engarrafados em seus sonhos absurdos. Por tal razão, podemos dizer que a essência
livre também está, de certa forma e em um certo sentido, engarrafada, pois os vários
agregados psíquicos, com suas respectivas frações de essência engarrafada, a
circundam e influenciam. Esta influência hipnótica dos múltiplos eus sobre a essência
livre atua, também ela, como uma espécie de "garrafa". É desta grande garrafa que
temos que retirar a essência durante a meditação e o fazemos à medida que
silenciamos os pensamentos. São os pensamentos que distraem a essência com seus
poderes hipnóticos. As partes adormecidas da essência (livre) necessitam ser
alcançadas pela porção que está empenhada em despertar, para que sofram choques e
saiam da preguiça, da inércia dos sonhos, fantasias e distrações.

Somente chegamos até estas partes adormecidas e submersas se o relaxamento e a


concentração forem profundos, pois os vários níveis do sub/inconsciente se
encontram nas diversas dimensões. Não podemos esgotar os pensamentos submersos
se não adentrarmos conscientemente às dimensões ou mundos em que tais
pensamentos estão. O processo iniciado aqui tem que se repetir de dimensão em
dimensão, até o desprendimento total. Primeiramente ficamos conscientes aqui no
mundo físico, nos desprendemos dele e passamos ao astral, prosseguimos
aumentando a consciência no mundo astral, nos desprendemos dos pensamentos aí,
passamos ao mental, nos desprendemos dos pensamentos ali e, finalmente passamos
ao causal, onde não existem mais pensamentos. O processo vai assim se repetindo,
desde o mundo físico até às alturas. Quando os 100% da essência livre (não da
essência engarrafada) estão unidos, ela pode fazer frente ao poder fascinatório do Ego
e escapar completamente à sua influência, porém não de forma definitiva. Irá adquirir
plena lucidez e consciência intensa e absolutamente clara.

Ao nos depararmos com cada pensamento no caminho, seja em que mundo ou


dimensão estivermos, temos que buscar a compreensão e não o conflito com o
mesmo. Compreendemos um pensamento quando o observamos, o estudamos e
descobrimos o que contém. A contemplação imparcial e sincera é a chave. Porém,
compreender um pensamento não é entreter-se fascinado, é remover o obstáculo que
nos impede de ver o objeto que nos interessa.

Enquanto estamos tentando atingir a etapa da concentração (dharana), perseguimos


um único pensamento e transcendemos (por meio do pratyhara) todos os demais
pensamentos que atrapalhem. Chega um momento, porém, em que este único
pensamento é atingido plenamente e, também ele, se converte em obstáculo para o
nosso acesso à realidade que nos interessa. Então, em tal etapa, deixamos este
pensamento para trás e começamos a meditação (dhyana).

Enquanto o pratyahara está se aprofundando, ainda não se atingiu plenamente


dharana. Quando dharana é plenamente atingida, aplica-se um último pratyahara e se
descarta o pensamento final. Cai-se então em dhyana.

Na meditação, não corremos atrás do Ego, não perseguimos os pensamentos. Muito


pelo contrário: os vamos abandonando.
Aplicando a dualidade aos pensamentos

Para cada fato ao qual damos grande importância há alguns fatos contrários que o
anulam. Quando estamos exageradamente preocupados com um problema, outro
problema ainda pior ou uma alegria imensamente superior podem torná-lo
imediatamente insignificante. Quando estamos envolvidos com alguma modalidade
de prazer, outro prazer muito maior ou uma dor exagerada poderão torná-lo sem
sentido. Os valores que conferimos são relativos. Algo valerá muito ou pouco de
acordo com o referencial adotado. No mundo fenomênico em que vivemos, os
objetos, os fatos, as coisas, não possuem valor absoluto. Estamos aprisionados na
relatividade.

O mesmo princípio vale para os pensamentos. Todo pensamento corresponde a um


valor, traz um valor embutido. Um pensamento insistente relacionado com algum
problema sério em que tenhamos nos metido perde seu sentido no momento em que
conjeturamos a possibilidade de que um outro problema distinto e ainda pior, e que
nada tenha a ver com o primeiro, nos afete. Portanto, o pensamento em um problema
é anulado pelo pensamento em outro problema, o que significa que ambos possuem,
entre si, uma relação de polaridade: um conduz à compreensão da nulidade e
inutilidade do outro. Neutralizar um pensamento mediante o seu oposto é o que se
chama de "aplicar a dualidade".

O que é aplicar a dualidade a um pensamento? É encontrar um fato que, ao ser


considerado (pensado, conjeturado), torna sem sentido o fato no qual estávamos
pensando, esvaziando-o de importância. Todo pensamento, bom ou mal, está em
nossa mente por identificação. E se nos identificamos com um pensamento, estão
estamos lhe conferindo importância, seja positiva ou negativa. Se fico pensando na
discussão hostil que tive com um colega de trabalho, estou conferindo importância a
essa discussão. Se fico pensando na mulher nua que vi em algum lugar, estou
conferindo-lhe importância. Conferimos importâncias boas ou más aos conteúdos dos
nossos pensamentos. Se queremos anulá-los, temos que encontrar os seus contrários.

A maior parte dos pensamentos surgem na mente e nos deixam ao serem


simplesmente percebidos. Mas há pensamentos renitentes, teimosos e insistentes
como, por exemplo, uma música que fica tocando na cabeça ou um problema que fica
martelando. Neste caso, temos que encontrar os fatos opostos que, ao serem levados
em consideração (pensados) os inutilizam. Que valor atribuímos à música teimosa
que se repete infinitamente? Será um valor positivo (gostamos dela) ou negativo (a
detestamos tanto que não a esquecemos)? E o que tornaria aquela música sem
importância? Outra música ainda melhor ou uma música tão detestável que a tornaria
sem valor algum?

Aplicar a dualidade não significa deixar uma identificação por outra, simplesmente
trocando-a. Não é identificar-se com algo novo. É aprender a anular ambas as
identificações, uma pela outra. O fato contrário anulante é evocado somente com o
intuito de cancelar a identificação com seu contrário e não de gerar uma nova
identificação. Caso isso ocorra, temos que apelar para um terceiro que irá anular o
segundo. O ideal, no entanto, é evocar o segundo fato sem, entretanto, nos
identificarmos com o mesmo. Como previamente estamos em recordação de nós
mesmos e não fascinados pelo fato a ser evocado, torna-se mais fácil evitar a
identificação.

Esta prática, normalmente, deve ser empregada somente nos pensamentos teimosos,
que não nos abandonam mesmo após serem contemplados e insistem em atrapalhar a
concentração/meditação.

Buscar a dualidade é uma forma de abandonar os pensamentos intrusos:


“P. – Mestre, quando se está concentrado num Koan, se cruza um pensamento… que
é que se vai fazer amanhã, coisas do trabalho. Que se faz com esse pensamento?

V.M. – Não, seguir o Koan, a concentração no Koan. Deixar isso que chegou à
mente. Abandoná-lo. Dizer: ‘Veja, eu não estou buscando isto, estou numa
concentração’. E abandona isso.

P. – Verbalmente?

V.M. – Não, mentalmente. Abandona-se, despreza-se esse pensamento ou se lhe


busca a dualidade. ‘Amanhã tenho que fazer um trabalho’. Qual é a dualidade desse
trabalho? Não fazer nada. Essa é a dualidade.

P. – Se buscamos a dualidade, não nos evadimos do Koan?

V.M. – Não, porque se coloca a dualidade, o positivo e o negativo; coloca-se e se


segue com sua concentração.” (1)

Buscar a dualidade não é evadir-se do koan, que, no caso acima, é o objeto da


concentração. Logo, buscar a dualidade não é evadir-se da concentração.

Buscar o oposto de um pensamento é buscar outro pensamento que o anule. Todo


pensamento possui um contrário que o anula, o deixa sem sentido. Quando se alcança
encontrar tal oposto, chega-se a uma síntese de ambos e se os descarta. A síntese é a
neutralidade, fusão dos opostos. Antes de se chegar à síntese, se está preso à tese ou a
antítese. Cada pensamento que tenhamos é uma tese ou antítese, pois é imbuído de
valor tendencioso.

A dualidade pode ser aplicada tanto a pensamentos insistentes e teimosos que


atrapalham a prática como ao único pensamento que restou após a concentração bem
sucedida. A busca do oposto de um pensamento é um meio de esgotá-lo, neutralizá-
lo.

Se temos um pensamento luxurioso, qual seria o pensamento contrário que o


anularia? Isso pode variar de uma situação para outra, bem como de uma pessoa para
outra. O contrário de um pensamento luxurioso pode ser um pensamento de morte, de
fealdade ou de doença, entre outros. Se, durante a imaginação morbosa, me recordo
que irei envelhecer, adoecer e morrer, tal pensamento poderá inutilizar o pensamento
luxurioso. O que importa é encontrar mentalmente um fato que torna o objeto do
pensamento sem importância, que altere o seu significado.

"Porque, vejam, para a meditação necessitamos concentrar-nos primeiro, que haja


um só pensamento.

Então, de repente lhe aparece outro pensamento… a dualidade. Então se descartam


juntos e se entra para a meditação.

Para a dualidade se busca a síntese ou o oposto. A síntese e se descarta. Então, a


mente vem a ficar em branco." (1)

Na concentração, começa-se pensando sobre os múltiplos aspectos inerentes e


intrínsecos ao objeto de nosso interesse (e não sobre outros elementos que, embora
relacionados, não lhes sejam intrínsecos e nem inerentes) e desenvolve-se assim o
pensamento único até se chegar a uma síntese de todos os pensamentos sobre o
objeto. Penetra-se imaginativamente o objeto em todos os seus aspectos possíveis, até
onde se alcance:

"P. – Diz-se que a concentração é fixar a mente num só pensamento. Porém, temos
que entender que, por exemplo, vamos concentrar-nos neste aparelho, podem vir
distintos pensamentos relacionados com esse aparelho e estaríamos concentrados.
Por exemplo, penso: É feito de plástico, serve para gravar, é um aparelho que se
compra nas lojas eletrônicas… Tudo isso seria o mesmoς Não é um só pensamentoς

V.M. – Sim. Por exemplo, você, para se concentrar, tem que olhar a forma, de que
material é feito, para que foi feito, e você vai penetrando dentro desse aparelho, até
ver por dentro como é, tudo, para poder chegar a uma síntese, a um só pensamento.
Do contrário, a nossa mente então começa a trazer cinqüenta coisas aí, referentes ao
mesmo aparelho. Então, tratar de penetrar dentro do próprio aparelho." (1)

Neste caso, os múltiplos pensamentos (forma, do que está feito, para que está feito
etc.) sobre o objeto são partes do pensamento único que está se desenvolvendo.
Quando se chega à síntese do objeto, atinge-se um pensamento único envolvente
(dharana), no qual se está a um passo do estado em que, no Raja Yoga, se diz que foi
alcançada a união com o objeto e sua essência foi capturada pela consciência
(dhyana). Esta captura da natureza essencial e íntima do objeto segue imediatamente
após estado que o V.M.R. descreve como “chegar à síntese”. Para se alcançá-la, há
que se aplicar a dualidade ao pensamento síntese que restou (buscar o seu oposto
neutralizante), pois este ainda não é a realidade, mas tão somente um pensamento
sobre a realidade, ainda que dirigido e concentrado.

Um pensamento luxurioso pode ser anulado pela recordação das consequências


negativas da luxúria (ex. doenças venéreas, enfraquecimento do corpo etc.), um
pensamento de gula, pela recordação das consequências negativas do ato de gula
desejado (ex. obesidade, doenças etc.), um pensamento de ira, pela recordação das
consequências negativas do ato correspondente (vingança posterior do inimigo,
encrencas com a polícia etc.). É claro que, a cada pensamento específico, há
consequências contrárias também específicas.

Assim, se você está identificado com algo, pode anular esta identificação recordando-
se de algo que seja o seu contrário, que o esvazie de sentido. O que pode ser
considerado o contrário daquilo que está te fascinando? Que fato o tornaria sem
sentido algum? Se você está identificado com uma mulher linda, o que tornaria sua
beleza totalmente desprovida de sentido?

O que importa é compreender a inutilidade do pensamento ao qual damos tanta


importância. E o confronto entre o fato no qual estamos pensando e um fato que o
torne nulo é um bom meio de lográ-lo. Deste modo, tomamos consciência da
inutilidade do pensamento que estamos alimentando.

Ao aplicar a dualidade, você inutilizará o pensamento correspondente, mas não


eliminará o ego que o criou, o qual continuará vivo em sua psique. No entanto, se
livrará do mesmo temporariamente, o que significa muito durante a
concentração/meditação.

Esta é uma medida paliativa para uma necessidade momentânea e não pode ser
confundida com a morte do ego emissor do pensamento. Anular temporariamente um
pensamento é muito diferente de eliminar o "eu" que o criou.
Nota:

(1). V.M. Rabolú. A Águia Rebelde. (Cap. IX, “Concentração e Meditação”)

Em que consiste a concentração nos koans

Um koan é um problema insolúvel que propomos à mente, para que ela encontre a
solução. Por "propor" um problema à mente entenda-se: quebrar a cabeça para
solucioná-lo através do pensamento.

Quando nos concentramos em um koan, o koan escolhido passa a ser o objeto de


nossa concentração. Nosso pensamento, poder analítico, reflexão e racionalização são
focados no problema, na tentativa de resolvê-lo.

Concentrados no koan, buscamos a resposta. Buscar a resposta de um koan é pensar


no problema proposto, procurando solucioná-lo, até que nos convençamos
completamente que a mente e os pensamentos, mesmo que concentrados, não podem
resolver tal problema.

Quando nossa parte mental se convence de que não pode resolver o problema, isto é,
que a via racional não dá conta do mesmo, ela se aquieta e se retira, deixando a
consciência, temporariamente, pura e livre.

O pensamento único que se tem quando se está concentrado em um koan é o


pensamento a respeito do problema proposto. A solução está além deste pensamento
único e concentrado.

Qualquer problema insolúvel da vida pode funcionar como koan e não somente os
koans propostos pelos sábios chineses e tibetanos. Enigmas científicos, filosóficos ou
problemas insolúveis do cotidiano também podem ser usados como koans.

Sobre não pensar em perigos inevitáveis

Há uma crença corrente de que, para enfrentar problemas e perigos, temos sempre
que neles pensar. Isso é algo questionável.

Obviamente, em certas situações, pode ser útil raciocinar para encontrar a solução.
Mas há situações em que a solução já foi encontrada ou é impossível e, ainda assim,
nossa mente insiste em tentar imaginar soluções.

Se, mesmo sem ter (outra) solução para um problema, eu insisto em procurá-la, estou
procurando algo inexistente. Tal insistência indica que não estou aceitando a
realidade e indica, também, que não acredito que a solução, se existir, possa chegar
por vias não racionais (ex. maçã de Newton e outras sincronicidades). A insistência
teimosa em pensar em um problema, grave ou não, contra toda possibilidade de
solução, assinala confiança cega e extrema na faculdade racional. Isso não significa,
entretanto, que nunca se possa procurar soluções raciocinando e nem que sempre seja
útil renunciar ao intelecto.
Vemos, então, que pensar às vezes é bom e às vezes é ruim.

Quando há um problema ou perigo onipotente, contra o qual é inútil lutar, a solução


mais sábia é a aceitação. Porém, os centros emocional e intelectual reagem
furiosamente e se debatem contra o inevitável. No fundo, está o Ego reacionando
contra a realidade, por medos ou por desejos intensos. A mente é como um asno
teimoso, que esperneia sem parar, e o centro emocional é como um elefante louco.

Se queremos que os centros intelectual e emocional se acalmem, temos que aprender


primeiramente a não pensar nos perigos e problemas inevitáveis. Desviar o
pensamento daquilo que nos ameaça é uma faculdade a ser obtida por meio do
desenvolvimento da concentração.

Se me detenho pensando em um perigo inevitável, emoções negativas vão crescendo


dentro de mim, fazendo o problema assumir um significado cada vez mais
monstruoso.

Pensemos na morte (desencarnação), por exemplo. Se refletirmos um pouco, veremos


que a morte, em si mesma, não é algo terrível, é simplesmente um processo natural a
mais, ao lado do nascimento e do crescimento. Os animais e as plantas
incessantemente morrem, as rochas, planetas, estrelas e galáxias são constantemente
destruídos no céu. No entanto, nossa mente não aceita tal processo natural e luta para
escapar. O motivo é o significado desesperador e monstruoso atribuído à morte, o
qual é algo completamente psicológico, interior. O significado sombrio da morte é
algo atribuído por nós e não existe por si mesmo, inerentemente ao processo de
destruição. Em outras palavras: se nossa mente lhe atribuísse um significado oposto,
todos teríamos pressa em morrer e seriam necessárias leis para impedir que as
pessoas apressassem a morte.
Tememos a morte e sofremos ante sua aproximação porque nos condicionamos a nela
pensar como algo ruim. E tal condicionamento está longe de ser mera questão de
opção e livre arbítrio. Não tememos a morte porque queremos, a tememos porque
estamos condicionados. Ainda que queiramos pensar nela de outro modo, os
pensamentos sombrios voltam, pois são valores vivos e autônomos dentro de nós.

Se queremos ser capazes de enfrentar ameaças e perigos sem nos perturbarmos,


temos que primeiramente aprender a não pensar neles, mesmo estando dentro e diante
deles. E isso não se consegue pelo mero esforço intenso, mas pelo esforço estratégico
correto e intenso. Não conseguirá esta capacidade aquele que simplesmente se expor
ao perigo e tentar não pensar. Há que se conquistá-la gradualmente, dissolvendo
todos os detalhes do medo que afloram no cotidiano. Toda dificuldade, perigo,
ameaça tem que ser usada como ginásio psicológico para se estudar os detalhes e
facetas do medo, da sensação de sentir-se vulnerável. Quem simplesmente se expõe a
perigos e tenta nada pensar e nada sentir, está reprimindo o Ego e, cedo ou tarde, a
corda irá arrebentar.

Seria muito interessante atingirmos um estado de serenidade como o do Buda diante


das ameaças de Mara, mas isso não se consegue pelo mero esforço bruto. A
serenidade dos mestres resulta de longo trabalho de Morte do Ego ao longo de toda a
vida. Se quisermos este estado, teremos que trilhar este caminho.

Nós, pessoas normais, temos uma relativa e pequena capacidade de não pensar em
problemas menores, menos ameaçadores. Se tivermos que enfrentar ameaças
terríveis, podemos apelar aos seguintes recursos:

1) oração (conectando-nos às nossas Partes Internas obtemos força);


2) relaxamento (acalmando o centro motor, facilitamos a calmaria dos centros
emocional e intelectual);
3) emoções superiores (colocando o centro emocional para trabalhar de forma
oposta);
4) reflexão na dualidade (todo pensamento insistente possui um pensamento contrário
que o anula);

Creio que os quatro pontos acima merecem maior aprofundamento, mas pretendo
fazê-lo em outra oportunidade.

Até logo

Para onde vão as pessoas quando sonham

Ninguém negaria que todos os seres humanos dormem e sonham.

Certamente, há algo mais além do corpo físico das pessoas, pois é sabido que temos
emoções, pensamentos e percebemos. Quem, dentro do sonho, atua? Quem anda, fala
e vivencia as cenas dos sonhos? Não pode ser o corpo físico, pois o mesmo não entra
no sonho, permanece na cama, adormecido. Há, portanto, algo mais que necessita se
definido e elucidado. Quem sente, fala e experiencia o sonho de forma direta? Qual
porção da pessoa? Qual é a parte da pessoa que adentra ao sonho, enquanto o corpo
físico permanece desfalecido?

Se estou sonhando que escalo uma montanha, certamente meu corpo físico não estará
escalando a montanha com a qual estou sonhando, pois estará deitado. Quem, em
mim, então, estará escalando a montanha? Quem, dentro de mim? Qual parte de
mim?

Se não existisse nada além do corpo físico, o ser humano não poderia sonhar.
Todas as pessoas dormem e sonham. Se todas as pessoas sonham, todas as pessoas
viajam para dentro de si mesmas, para as regiões do inconsciente.

Se todas pessoas que dormem e sonham viajam para as regiões do inconsciente, então
nós e as pessoas que amamos também viajamos para lá.

Porém, onde se encontra tal região do inconsciente? Em que parte do universo estão
as pessoas enquanto sonham. Onde se encontra o mundo dos sonhos?

O mundo dos sonhos não se encontra em nenhum local físico do planeta, em nenhum
país. Não se encontra ao leste, ao oeste, ao norte e nem ao sul, porém continua
existindo, pois sonhamos. Onde está?

O mundo dos sonhos não é visível fisicamente e não se encontra parte alguma do
universo visível. Então, somente pode haver uma explicação: o mundo dos sonhos é
um mundo real, porém invisível e intangível para o corpo físico, mas não para a parte
de mim que experimenta o sonho diretamente. E onde se encontra? Dentro do ser
humano e paralelamente ao mundo físico sensível, em um multiverso imediatamente
próximo a este. O mundo dos sonhos está na quinta dimensão do Planeta.

Quando sonho, caio para dentro de mim mesmo e, quando outras pessoas sonham,
fazem o mesmo, caem para dentro de si mesmas. O mundo dos sonhos é o mundo
interior e psíquico da Terra.

Assim como cada pessoa possui um mundo interior e psíquico, o nosso planeta
também o possui. É para lá que vamos quando dormimos e sonhamos. Nos sonhos,
contatamos as pessoas que também estão dormindo mas, como não temos
consciência, não nos damos conta do processo.

Robert Lovelace2 de agosto de 2012 15:59


Bom, esse parece ser o último post em que há a opção de comentar,
então vai aqui mesmo. Achei um link que eu acho que pode ajudar com a
questão dos comentários, embora eu não saiba nada sobre blog:
http://blog.foitestado.com/2009/02/exibir-caixa-de-comentario-no-
blogger.html

Abrç.

O_Marechal2 de agosto de 2012 16:49


boa idéia robert lovelace, esse blog tem um conteúdo ótimo mais ficaria
melhor ainda se tivesse campo para comentar nos posts mais
recentes.

1. Sentindo conscientemente

Sentir algo conscientemente é também uma forma de conhecer. Sentir uma emoção
conscientemente é o caminho para conhecê-la.

Quando sinto conscientemente uma brisa, estou conhecendo as sensações que ela
provoca em meu corpo. Posso conhecer, também, as emoções que a brisa evoca em
meu coração pois, quando sinto conscientemente uma emoção, a estou conhecendo.

Sentir algo conscientemente é permitir que aquilo nos chegue à consciência pela via
do coração.

O conhecer não vem somente pelo pensar, como supõe a educação acadêmica formal.
O pensar nos leva a conclusões, mas o sentir também nos leva a conclusões. Posso
chegar a conclusões por meio de associações lógicas de idéias ou por meio do
saborear consciente de minhas emoções.
Quando sinto que a presença de uma pessoa me causa mal estar, não estou
conhecendo a pessoa em si, mas estou conhecendo a emoção que tal pessoa provoca
em mim.

O conhecimento das emoções não resulta de meras especulações teóricas e


associações entre pensamentos. Se quero conhecer e compreender minhas emoções,
tenho que senti-las conscientemente. Sentir conscientemente uma emoção é algo
semelhante a senti-la de propósito, intencionalmente, ainda que sem identificação.

Quando estamos identificados com uma emoção, a sentimos inconscientemente, mas,


quando não nos identificamos, podemos senti-la conscientemente. Quando sinto
conscientemente uma emoção, identifico (mas não me identifico com) seu teor
qualitativo.

O teor qualitativo de uma emoção não pode ser definido e nem descrito com exatidão,
pois escapa à linguagem e ao intelecto. Mas pode perfeitamente ser saboreado pela
consciência, o que se consegue quando a mesma é sentida de forma consciente.

O problema das emoções e sentimentos obsessivos pode ser aliviado mediante o


sentir consciente (mas isso não é tudo, pois a superação requer que se deixe de
alimentá-las a todo instante).

Em outros termos, sentir as emoções conscientemente é praticar a auto-observação no


centro emocional. Ilógico, absurdo, desproposial e sem sentido seria tentar observar
as próprias emoções enquanto se as bloqueia, como alguns estudantes gnósticos
tentam fazer. Não poderei observar e compreender os movimentos de um dançarino
ou o comportamento de um pássaro se o imobilizo. Do mesmo modo, não poderei
capturar o sentido (teor qualitativo) de uma emoção se a bloqueio.
Compreender as emoções difere de compreender os pensamentos. Compreendemos
os pensamentos quando observamos o que se passa dentro de nossa cabeça (como se
faz durante o pratyahara) e compreendemos as emoções quando observamos o que se
passa no coração. Por "observar" entenda-se: receber conscientemente, sem rejeição.

Temos sido condicionados, desde a infância, a tentar imobilizar as emoções que


consideramos ruins. O resultado é que praticamos muitos recalques
inconscientemente. A cultura ocidental é a cultura do recalque cultivado há milênios,
daí a oscilação constante entre o moralismo e o hedonismo. Precisamos transcender
este par de opostos.

Nossa consciência pode perceber o que se passa no mundo que nos rodeia e o que se
passa em nós. Quando praticamos a auto-observação, estamos "recebendo o ego na
consciência", ou seja, recebendo nossa pessoa, quem somos, de forma aberta, para
investigá-la e conhecê-la. Observar-se é receber os próprios pensamentos, os próprios
movimentos e as próprias emoções. Quando nos recusamos a receber uma emoção
conscientemente, ela se torna obsessiva ou extravasa por meio de doenças
psicossomáticas. Se queremos a tranquilidade emocional, temos que aprender a
"sentir o que estamos sentindo", sentir conscientemente. A serenidade assombrosa
dos Budas não é algo que se consegue simplesmente querendo. Não basta somente
querer e nem tentar ser calmo. A serenidade dos Budas resulta de um longo trabalho
ao longo de existências. Forçar ou fingir serenidade é perigoso e prejudicial. A
verdadeira serenidade não é forçada.

Sentir conscientemente uma emoção é senti-la na consciência, não é identificar-se


com ela, para desfrutar do seu sabor, nem evocá-la em sua ausência e nem tampouco
procurá-la quando não está nos molestando. Quando nos identificamos com uma
emoção, a fortalecemos mais e mais e nos tornamos ainda mais escravizados. Há que
se diferenciar o sentir consciente do sentir identificado. Sentir conscientemente é
"sentir o que se está sentindo".
Sentir as emoções conscientemente não é o mesmo que estar alimentando-as a todo
instante por meio da identificação, nem ficar todo o tempo lembrando daquela
emoção, nem procurá-la quando estiver ausente e nem tampouco provocá-la quando
não estiver nos molestando. O sentir consciente não é entrar na frequência das
emoções negativas, dos desejos, medos e tristezas, não é sintonizar-se com o Ego. É
algo distinto: percebê-lo em ação, dar-se conta.

O sentir consciente se aplica às emoções invasivas e compulsivas, que já estão


fazendo estrago e das quais não podemos escapar (ex. o nervosismo em uma
discussão que já está sendo travada).

Temos que identificar a emoção, mas não nos identificarmos com ela. Identificar uma
emoção difere de identificar-se com a emoção. Identificar uma emoção é discernir
qual é a emoção que está no assaltando. Identificar-se com a emoção é misturar-se
com a emoção, encontrar-se na emoção, confundir-se com a emoção, considerar que a
emoção não é algo alheio, estranho à consciência e ao Ser.

Enquanto percebemos conscientemente uma emoção que nos invadiu (porque


anteriormente a alimentamos e lhe demos espaço), é claro que temos que orar à Mãe
Divina para que a mesma seja dissolvida. O ideal, entretanto, é não permitir que as
coisas cheguem a esse ponto, atuando bem antes sobre a manifestação do ego
correspondente. Observando-nos, descobriremos pequenas e sutis reações emocionais
a todo instante, no dia a dia. Se as sentirmos conscientemente e orarmos, elas são
dissolvidas ali mesmo e não abrirão as portas para outras emoções mais violentas.
Mas, se nos identificamos previamente, por descuido, e já estamos invadidos, não há
remédio além de observá-las, orar e contemplar os resultados. A aplicação da
dualidade aos pensamentos insistentes que as acompanham também é de grande
ajuda.
Como o Ego desgasta os centros da
máquina humana

O corpo físico humano viveria indefinidamente e não ficaria desgastado e nem


tampouco envelheceria se não existissem agentes extressores físicos e psicológicos. O
ego e os impactos destrutivos do mundo físico provocam o desgaste e
envelhecimento do corpo.

Nossos egos provocam utilização excessiva de cada um dos cinco centros inferiores e
a subutilização dos centros superiores. Os “eus” provocam pensamentos, emoções,
movimentos, atividades sexuais e instintivas de forma exagerada e intensa,
sobrecarregando cada um do cinco centros.

Ao sobrecarregar os centros, pelo excesso de atividade, os mesmos ficam carentes de


energia para trabalhar e manter máquina, o que os leva a “roubar” a energia de outros
centros que estejam disponíveis. Deste modo, uma pessoa pode desenvolver um
desequilíbrio emocional mesmo sem desgastar diretamente seu centro com baixas
emoções, ou seja, mesmo que não seja um tipo passional que aprecie intensas
emoções inferiores, uma pessoa pode apresentar complicações de saúde relacionadas
com o desgaste do respectivo centro.

É importante analisar como o Ego (ou egos, no plural) atua para desgastar cada centro
e provocar um desequilíbrio geral na máquina.

O uso prolongado e também o uso intenso de um único centro resulta em sobrecarga


e desgaste. O que deve ser evitado, caso queiramos nos equilibrar, é o desgaste.
Evitamos o desgaste quando não usamos um determinado centro por muito tempo e
nem de forma muito intensa, o que se consegue à medida que o Ego vai morrendo,
pois é o Ego o agente destruidor dos centros, são os nossos defeitos que nos levam a
agir de forma exagerada e a cometer excessos.
O Ego pode nos levar a tecer exaustivas análises, raciocínios, discussões, cálculos,
estudos, leituras, teorizações e, com isso, “queimar” a energia do centro intelectual.
Ao se ver com carência de energia, o centro do pensamento irá roubar energia de
outro centro, geralmente o sexual. Portanto, temos que evitar o uso excessivo da
mente. O ideal é pensar o mínimo necessário, mantendo a cabeça leve e fresca.

Ao mesmo tempo, o Ego pode provocar intensas emoções inferiores (emoções


negativas): preocupações, medos, sofrimentos, paixões e muitas outras formas de
emoção. Todo defeito possui uma manifestação emocional e, ao atuar sobre o centro
emocional, provoca o seu desgaste, seja pela intensidade das emoções que ocasiona,
seja pela duração do tempo e da freqüência que as mesmas perduram. Quem vive o
tempo todo curtindo, cultivando e saboreando emoções inferiores, está desgastando o
seu centro emocional. São exemplos de emoções inferiores todas as emoções
provocadas pelo Ego, tais como o ódio, a raiva, a ira, a vingança, o medo, a tristeza,
os ciúmes, o apaixonamento, o amor emocional (inferior), as emoções da fornicação,
da masturbação, as emoções dos jogos, das touradas, dos filmes de ação etc. São
tantas que não seria possível enumerar todas aqui. Eliminando-se o ego, elimina-se
tais emoções. Por meio da Morte, damos um descanso ao coração e equilibramos o
centro emocional. O equilíbrio deste centro não é questão de simplesmente “pararmos
as emoções” e sim de morrer. Não basta simplesmente tentar “ser frio”. O recalque
das emoções não as elimina e não reequilibra o centro.

Se nos observarmos com cuidado, descobriremos que estamos continuamente


pensando e sentindo inutilmente. Os pensamentos ocorrem em nossa cabeça e as
emoções no coração e é aí onde temos que descobri-los, observá-los e pedir por sua
eliminação. Boa parte dos problemas que temos decorre do desequilíbrio destes dois
centros.

O centro intelectual é o centro da mente, da atividade mental. A mente é como um


asno teimoso e não adianta entrar em conflito com ela. Se quisermos silenciar a
mente, temos que conhecer o procedimento correto. Entrar em conflito e tentar
silenciar a mente à força é inútil e prejudicial. O correto é observar e compreender o
que se está pensando. O pratyahara do Raja Yoga conduz a uma atenuação do pensar
excessivo. Compreendemos os pensamentos quando os contemplamos
conscientemente e nos damos conta do que estamos pensando. Tratar de perceber
conscientemente os próprios pensamentos, observando-os ao invés de reprimi-los, é
muito interessante (é uma prática que se pode realizar na meditação, após o
relaxamento e antes da concentração). Os pensamentos surgem em procissão na
mente e, quando contemplados conscientemente, aos poucos vão se esgotando. O que
nos interessa é isso: esgotar os pensamentos. Se os pensamentos invadem e
interferem quando estamos tentando nos concentrar em nossas tarefas diárias, temos
que perceber a interferência ou nem sequer nos daremos conta de que nos distraímos.
Não devemos procurar os pensamentos e nem estimulá-los, mas quando eles
interferem temos que percebê-los ou permaneceremos distraídos. Para tanto, não
necessitamos de uma grande análise, mas somente de uma percepção direta apurada,
relacionada com o teor do pensamento, com seu conteúdo: que pensamento é este que
entrou na minha frente agora? Trata-se somente de perceber e não de raciocinar a
respeito. Aplicar o pratyahara não é procurar os pensamentos, ir atrás deles e nem
ficar se recordando dos mesmos. É tão somente dar-se conta dos pensamentos que
nos invadem, quando isso acontece. Se estamos conscientes do que estamos fazendo,
concentrados no que nos interessa, não há motivo algum para nos recordarmos dos
pensamentos. O que queremos é o esquecimento, a quietude mental, e não a
recordação dos pensamentos.

É claro que, se estou dirigindo um carro ou realizando um trabalho perigoso ou


delicado, não posso me desligar desligar das percepções sensoriais para me por a
contemplar meus pensamentos, isso seria absurdo e perigoso. Porém, se não perceber
meus desvios de atenção, não serei capaz de recolocá-la no objeto que me interessa
no momento, no aqui e no agora. Quem não percebe os desvios de atenção (os
pensamentos intrusos), se distrai e pode até se acidentar fisicamente.

Temos que cultivar, no dia a dia, a calmaria mental. Não estou dizendo que um
principiante como nós deva viver em êxtase contínuo, mas sim que temos que
minimizar a atividade mental o quanto pudermos no dia a dia para nos tornarmos
mais lúcidos. Para tanto, basta nos concentrarmos naquilo que estamos fazendo
agora, no presente. Procedendo assim, se algum pensamento intruso aparecer, o
perceberemos. Perceber a intromissão de um pensamento, dar-se conta da distração, é
algo análogo à prática do pratyahara, embora não tenha a mesma profundidade,
porque não podemos desligar os sentidos físicos no dia a dia, durante o trabalho ou na
rua.

Se a mente, que se manifesta fisicamente pelo centro intelectual, é como um asno


teimoso, o centro emocional é como um elefante louco. Não é fácil acalmar este
elefante. O ideal é praticar a Morte em Marcha constantemente, para não permitir que
o elefante enlouqueça. Mas se, por motivos que alheios à nossa capacidade, o elefante
saiu do controle, então convém apelar para alguns procedimentos apaziguadores. Um
meio é acalmar o centro motor, por meio do relaxamento, e o centro intelectual, por
meio do pratyahara. Outro meio é substituir as emoções inferiores pelas emoções
superiores. Pode ser que, em casos extremos, precisemos tomar algumas plantas
calmantes, para ajudar. É claro que a combinação de todos esses procedimentos pode
ser muito útil em casos graves.

Simplesmente reprimir as emoções, tentando “não sentir nada”, costuma ser o pior
dos caminhos. O elefante louco não se deixa controlar e se torna cada vez mais
furioso. O que se requer é estratégia. Antes de tudo, temos que sentir
conscientemente as emoções. Tentar não sentir as emoções e ao mesmo tempo querer
compreendê-las é um contra-senso. Quem quer se livrar de uma emoção ruim deve
senti-la conscientemente e não tentar fazê-la retroceder pela força, assim de qualquer
maneira e violentamente. Assim como a mente, as emoções reagem às tentativas de
controle arbitrário.

Além de desgastar os centros intelectual e emocional, o ego desgasta o centro motor


com movimentações musculares intensas, desnecessárias, prolongadas e freqüentes.
Excessos de exercícios físicos, de trabalhos braçais e de esforço muscular desgastam
o centro do movimento. O relaxamento dos músculos permite o descanso do centro
motor. Pessoas tensas e que se movimentam desnecessariamente e sem parar, estão
abusando deste centro. Trabalhadores, dançarinos e atletas que cometem excessos
estão igualmente caindo no abuso. O ideal é desenvolver qualitativamente as
capacidades motrizes, sem desgastes.

Há ainda o desgaste do centro instintivo pelo Ego, o qual me parece ser o centro de
acesso mais difícil à auto-observação. O desgaste do centro instintivo se verifica por
excesso de processos corporais indispensáveis à sobrevivência e à manutenção da
vida. O ego provocará o desgaste deste centro ao provocar exageradamente processos
digestivos (comendo muito), impedir o descanso e recuperação (dormindo pouco),
processos excretores, processos de regeneração (ingerindo substâncias prejudiciais) e
todos os processos corporais relacionados com a manutenção da vida biológica.

E, por último (ou talvez em primeiro lugar) temos o desgaste do centro sexual, o qual
provavelmente é algo muito claro para todo mundo. A atividade sexual excessiva, tão
comum e incentivada hoje em dia, sob todas as suas formas, provoca este desgaste.
Toda vez que sentimos uma excitação morbosa na parte sexual, estamos utilizando a
energia deste centro. Se o utilizarmos em demasia, “queimaremos o seu
combustível”. Após um orgasmo, podemos perceber certa sensação mórbida de vazio.
Tal sensação assinala falta de energia neste centro.

O problema não é o uso, mas sim o abuso de cada um dos referidos centros. Os
centros existem para serem usados. O erro está somente em usá-los em demasia, seja
por fazê-los trabalhar por longas horas seguidas, seja por fazê-los trabalhar de forma
intensa, seja por fazê-los trabalhar com uma freqüência exagerada.

Uma primeira forma de reequilibrarmos os centros é descansar o suficiente. Quem


não dorme, não descansa e não abaixa o seu metabolismo, está usando os centros em
excesso. Por tal razão, é indispensável aprender a meditar e a dormir profundamente.
Temos que sair do corpo para que os centros descansem. O Ego deve ir para a quinta
dimensão e deixar o corpo físico temporariamente para que haja recuperação.

Uma segunda, mas não menos importante, maneira de reequilibrarmos os centros é


aprender a usá-los somente o necessário, para o que for necessário e não mais que o
necessário. Temos que usar os centros levemente, aprender a economizar energia,
viver na leveza, dentro do possível. É importante não usar um único centro por muito
tempo (ex. ler, discutir ou exercitar-se por várias horas seguidas) e nem obrigá-los a
trabalhar de forma pesada, mais do que suportamos. O ideal é trocar continuamente
de centro: caminhar um pouco, depois ouvir uma música, depois alimentar-se, depois
pintar um quadro, depois trabalhar, depois estudar etc. Aprender a variar o uso dos
centros é de suma importância: usa-se cada centro por tempo não muito longo e então
passa-se a usar outro centro, isto é, adota-se outra atividade distinta, que ponha outro
centro em funcionamento.

Temos que evitar o cansaço. O cansaço é um indicador de desgaste.

Não é demais lembrar novamente que o desgaste de um centro específico pode


provocar o desgaste de outro centro que não é muito usado. Um atleta poderá
desequilibrar seu centro sexual ao abusar dos movimentos, pois seu centro motor irá
roubar do centro sexual a energia que lhe faltar. E o centro sexual poderá roubar a
energia do centro emocional, desequilibrando este centro e assim por diante. Os
centros, quando sobrecarregados, passam a utilizar a energia de outros centros e
provocam uma desordem total no organismo.

Portanto, se você não é emotivo, não pense que, por tal motivo, você está livre do
desequilíbrio emocional ou, se você é sedentário, que está livre do desequilíbrio do
centro motor. Quem quer equilibrar-se, deve eliminar o desgaste excessivo de todos
os centros e isso não será possível sem a Morte, pois são os egos que provocam
atuações excessivas.

Outro ponto que merece nossa atenção é o desgaste inconsciente. Podemos usar os
centros sem nos darmos conta. Nossos comportamentos inconscientes também
desgastam os centros. Pensamentos de luxúria que passam sem serem notados não
deixam de usar a energia dos centros intelectual e sexual. Todo ego, ao atuar, utiliza
as energias dos centros, ainda que não os estejamos observando. O fato de um dado
comportamento ser inconsciente não significa que o mesmo não esteja consumindo
energia. Não somente os comportamentos conscientes, mas também os
comportamentos inconscientes necessitam da energia dos centros para se
processarem. A Morte do Ego, ao trazer à consciência e promover a eliminação de
comportamentos prejudiciais, abusivos e desnecessários que antes se processavam
inconscientemente, permite deter tais desgastes.

blog15 de setembro de 2011 07:11


Olá como posso contactá-lo

A Condição Social do Homem20 de setembro de 2011 20:31


No momento não é possível, irmão. Estou em processo de isolamento.

Satisfazer os detalhes do Ego é dar passos


equivocados

Eliminar os detalhes do Ego é como caminhar por uma vasta região desconhecida.
Vamos prestando atenção no caminho e evitando as trilhas que possam nos conduzir
para lugares que não queremos. Cada ato realizado, cada atitude tomada, apresenta
múltiplas e infinitas consequências. A um ato se seguem muitos fatos, externos e
internos. Identificar-se com uma pequena manifestação do Ego, satisfazê-la, equivale
a entrar por um caminho que resultará em alguma forma de escravização. Morrer é
caminhar rumo à liberdade da alma e enveredar por caminhos que conduzem à
escravidão é errar o curso.

A região desconhecida por onde caminhamos é vasta, infinita e obscura, mas o Sol
está no horizonte. O único ponto de orientação que temos é o Sol, é para lá que
queremos ir. Se erramos o caminho, entramos na escuridão.

Cada pensamento, desejo, impulso, atitude apresenta resultados interiores, em uma


sequência encadeada. Quando eliminamos um detalhe do Ego, interrompemos uma
cadeia. Quando suprimo um ato, deixando de fazer algo, suprimo também as
consequências que seriam provocadas, e deixo de enveredar por aquele caminho.

Há muitos atos equivocados na escuridão, inconscientes, dos quais não suspeitamos a


existência. Temos que descobri-los para não enveredar pelos que caminhos que lhes
correspondem.

Evitar os caminhos para os quais nos arrastam os detalhes do Ego não é evadir-se do
confronto, pois o confronto se dá na encruzilhada.

Se, por engano, trilhamos longamente um caminho equivocado e estamos


escravizados na escuridão, resta-nos ainda a possibilidade de encontrar outro caminho
que nos leve novamente à luz. À medida que caminhamos corretamente, a
escravização diminui de intensidade e é assim que podemos saber se estamos indo
pelo caminho certo.
Os atos do nosso dia a dia são caminhos. Alguns nos conduzem à escuridão, nos
escravizam mais ainda, outros nos levam à libertação. Temos que aprender a discernir
antes, pois o Morrer equivale a antecipar-se, eliminando os fatos psicológicos e
comportamentais que antecedem e resultam em problemas maiores.

O problema está em começar, em dar o primeiro passo. Temos que aprender a não
começar: não começar a fazer as besteiras, a cometer as diabruras. O primeiro passo
para cada diabrura é a satisfação de um detalhe. Evitamos o primeiro passo, não pela
repressão, mas pela verdadeira Morte.

Observemo-nos e descubramos, no dia a dia, quais são os primeiros passos que


sempre damos para a fortificação dos defeitos que nos escravizam. Essas iniciativas
são muitas, manifestam-se aos milhares, como formigas, e não as vemos. Estão em
nossa fala, em nossos olhares, em nossos sorrisos, em nossa forma de vestir, naquilo
que sentimos diante de acontecimentos "bobos" e, aparentemente, sem significância,
em nossas reações emocionais ao que nos rodeia, ao que presenciamos, em nossos
pensamentos etc.

Um relativo silêncio mental faz-se necessário quando queremos descobrir as facetas


sutis em nosso comportamento. Se ficarmos pensando, nada veremos de interessante,
nada novo descobriremos, veremos somente os nossos próprios pensamentos, além de
fortificar muitos defeitos por esta via.

Afastando as lembranças

Escute-me, você que luta para libertar sua alma das amarras do desejo: nos frágeis
momentos em que sua alma está pura e livre, ela repousa sobre a palma gigantesca da
mão do Budha. Basta um simples pensamento ou recordação para que você caia dali e
volte novamente à escuridão do desejo.

Quem quer libertar-se de um desejo tem que descobrir quais são os elementos que
constantemente o evocam em sua vida e erradicá-los de si mesmo. Tudo aquilo que,
de modo direto ou indireto, se relacione com o desejo tem que ser retirado,
dissolvido.

A morte de um desejo perigoso (altamente prejudicial) requer que afastemos de


nossas mentes e de nossas vidas tudo o que esteja a ele relacionado. Qualquer
elemento levemente vinculado a um desejo atua como um agente de recordação que
evoca lembranças adormecidas.

O candidato que almeja livrar-se de um determinado desejo, precisa retirar de si e de


sua vida tudo o que possa lembrar esse mesmo desejo, tudo o que o trouxer à
recordação, pois tais elementos são sua nutrição e sua própria vida.

O afastamento corresponde ao trabalho de descobrir e dissolver inúmeros "detalhes"


(V.M. Rabolú) do desejo, sem reprimi-los. A morte dos detalhes está inserida no
próprio ato de apartar-se. Os detalhes correspondem a tudo aquilo que nossa mente
possa associar ao desejo, direta ou indiretamente.

Uma pessoa poderia tentar apartar-se dos agentes evocadores mediante a mera
repressão e este seria um procedimento equivocado. Propomos que o afastamento
seja por meio da observação, descoberta, oração e morte, jamais do mero recalque.
Os múltiplos elementos que recordam e evocam um desejo são seus detalhes e
necessitam ser dissolvidos e não meramente reprimidos.

Quando tudo o que recorda um desejo é erradicado de nossas vidas, o mesmo deixa
de existir em nós.

Limpar a vida de tudo o que se relacione com um defeito ou desejo não é evadir-se de
confrontá-lo, como pode parecer à primeira vista. É, antes, afrontá-lo diretamente
para retirar-lhe a fonte de vida. A fonte de vida de um desejo são os vários elementos
que o recordam e a ele se associam.

Um erro a ser evitado, no trabalho de Morte, é o de estimular um desejo


(identificando-se) enquanto se tenta estudá-lo mediante a observação. Trata-se de
uma armadilha na qual se enfraquece e se fortifica o desejo simultaneamente. Quem
quer libertar-se não pode se deixar enganar desta maneira. O desbloqueio e a não-
repressão aos quais sempre nos referimos diferem totalmente do ato de identificar-se
com um impulso, estimulá-lo e fortificá-lo. Propomos a Morte (do Ego) e não a vida.

O trabalho exigido é o de, primeiramente, afastar de si, mediante o livre arbítrio


(vontade), os elementos que constantemente evocam o desejo e, secundariamente,
dissolver as resistências encontradas no caminho, mediante a Morte em Marcha.

Suponhamos que alguém queira se libertar do pernicioso vício da fornicação. Tal


pessoa não terá êxito se apenas ocupar-se em eliminar o ato da fornicação em si,
negligenciando os outros elementos que a recordem, evoquem ou estejam, de algum
modo, a ela relacionados. Tais elementos (características psicológicas e
comportamentais) são a nutrição e a própria vida do destrutivo vício. A libertação da
pobre alma viciada somente será um fato se forem erradicadas da personalidade
(mediante a Morte) TODAS as lembranças, fantasias, pensamentos, falas, hábitos,
olhares, movimentos, formas de vestir, leituras, diversões, piadas, brincadeiras,
conversas etc. que estejam relacionados ao vício de um ou outro modo. E tal limpeza
não é questão de mera repressão, mas sim de observação, descoberta e oração.

Uma vez descoberto e eliminado um detalhe, não devemos, de modo algum, tornar a
cometer novamente o pequeno ato que lhe correspondia ou perderemos o pequeno
avanço conquistado.

Há um inimigo principal (o desejo em si) e há inimigos secundários que lhe dão força
e o alimentam. Os inimigos secundários correspondem a tudo aquilo que possa
recordar o desejo, a começar pelos pensamentos.

Portanto, mudamos as atitudes, utilizando a pequena margem de livre arbítrio


(vontade descondicionada ou liberdade comportamental) que possuímos e
dissolvemos as resistências encontradas no caminho por meio da Morte em Marcha.
Não tentamos simplesmente atravessar as resistências à força: as observamos,
pedimos e constatamos os resultados.

Sempre que alguém tenta mudar sua conduta, depara-se com as resistências do Ego,
sejam detalhes ou desejos principais. Quando, em tais situações, observamos e
oramos pela Morte, somos presenteados com muitas constatações.

A primeira e fundamental mudança a ser efetuada é na cabeça, na mente. Um mero


pensamento ou lembrança é mais que suficiente para acender um desejo. À mudança
na forma de pensar devem seguir-se mudanças em outras esferas da vida.

Morrer é esquecer. De nada adianta tentarmos mudar nossas ações se continuamos


evocando o desejo através do pensamento. E os pensamentos não são erradicados
pelo mero conflito repressivo.

Para ser mais claro: se você está querendo se libertar de um desejo nefasto qualquer,
tem que começar por afastar toda lembrança e retirar de si tudo o que possa recordá-
lo. Todo comportamento que, de um modo ou de outro, apresentar alguma relação
com o desejo em questão, tem que ser abandonado. Empenhe-se em retirar de sua
vida, mediante a Morte, tudo o que possa levá-lo de volta às garras do vício e verá
que os resultados serão bons.

Sobre esses múltiplos canais de alimentação e agentes de recordação deve incidir a


auto-observação. São centenas e milhares os elementos associados a um desejo e que
evocame sua recordação. Se não os observarmos em nós mesmos, jamais os
descobriremos.

Desenvolvendo a contemplação

Desenvolvemos a concentração quando aprendemos a contemplar. Aprender a


contemplar é aprender a estudar algo, a observá-lo.

Há várias formas de observar. Podemos observar um objeto físico ou psíquico,


estático ou móvel. Não é possível uma observação consciente sem concentração. A
concentração é a própria observação, o próprio ato de observar. Se estou observando
algo detidamente, sem deixar de observá-lo e sem desviar minha atenção, estou me
concentrando.

Se contemplo um objeto material, exterior, estou focando a atenção e a percepção,


mantendo-o em meu campo de consciência. Se o objeto material em questão for
móvel (ex. as ondas do mar batendo nas rochas), poderei observar seus movimentos,
acompanhá-lo para ver onde irá, em que resultará, não importando se o mesmo seja
animado ou inanimado. Se o objeto for fixo, porém mutável, posso acompanhar suas
mutações para descobrir em que resultarão, como às vezes fazemos com as mirações
da ayahuasca. Se, entretanto, o objeto for imóvel e, além disso, não apresentar
mutações perceptíveis, resta-nos somente analisar suas múltiplas características ou
facetas inerentes, caso queiramos utilizá-lo como alvo de nossa concentração.

As múltiplas facetas de um objeto material fixo e imutável englobam seus detalhes


anatômicos, funções, empregos, material constitutivo, entre outras. Dar-se conta de
tais características, fazer-se consciente das mesmas, equivale a concentrar-se no
objeto e tal tarefa pode nos ocupar por vários minutos. De todas as maneiras, trata-se
de um trabalho perceptual, pois estamos nos ocupando sensorialmente com o objeto e
não supra-sensorialmente.

Ocupar a atenção com um objeto exterior é ocupar-se sensorialmente, uma vez que o
objeto é acessado pelos sentidos.

Podemos, ainda, nos ocuparmos com objetos internos, imaginais. Neste caso,
estaremos exercitando a supra-sensorialidade. Se vocalizo um mantram mentalmente,
estou exercitando a clariaudiência e a concentração. Se me concentro na imagem de
uma cachoeira, estou exercitando a clarividência, embora aí exista também um menor
emprego e ativação da clariaudiência. Em todo caso, contemplar uma imagem mental
é trazer à consciência informações sobre o objeto correspondente.

Quando um objeto fere nossos olhos físicos, sua correspondente contraparte interna
nos atinge supra-sensorialmente, criando uma imagem mental correspondente ao
mesmo. Ao fecharmos os olhos, podemos prosseguir concentrados na imagem
mental, desligando-nos dos sentidos físicos e apreendendo informações sobre a
mesma, informações antes inconscientes. Assim, contemplar uma imagem interna é
recebê-la supra-sensorialmente, compreendendo-a. A recepção compreensiva do
conteúdo de uma imagem pode ser facilmente conseguida quando se aprende a
observar as coisas discernindo em silêncio, sem o recurso da tagarelice interior.

Se experimentarmos observar um pássaro em ação por alguns minutos, constatamos


que somos capazes de receber várias informações a respeito do mesmo sem
necessidade de usar o palavreado interno. Podemos "sentir" sua cor, seu tamanho,
seus movimentos etc. em silêncio. Somos capazes de perceber o pássaro sob vários
aspectos ou perspectivas, de forma direta ,sem necessidade de raciocinarmos e nem
sequer de analisarmos. Essa percepção direta é a contemplação. E assim como
podemos contemplar um pássaro físico exterior, podemos igualmente contemplar um
pássaro imaginativo ou o aspecto interior do pássaro. O pássaro que saltita aqui e ali à
procura de alimento, bisbilhotando as folhas etc. existe fora de nós, mas existe
também dentro de nós, sob a forma de uma imagem interior. Temos, em nosso
interior, uma imagem do pássaro que pode ser recebida e observada pela consciência.
Se a concentração for profunda e houver sonolência, o pássaro interior será percebido
objetivamente e com um impacto realístico idêntico ao de um pássaro exterior ou até
mais intenso (o que corrobora a afirmação de certos físicos de que as imagens do
mundo exterior existem dentro de nós mesmos). A imagem interior corresponderá à
realidade do pássaro exterior na mesma proporção em que nossa consciência estiver
objetivada pela Morte do Eu. Quanto mais o Ego estiver vivo, tanto mais subjetiva
será nossa percepção do pássaro (lembrando que o pássaro em si mesmonão é
exterior e nem interior, pois transcende este par de opostos - o pássaro absolutoestá
além das percepções e conceitos).

Conclui-se, até aqui, que podemos observar objetos exteriores e interiores, fixos e
móveis, mutáveis ou imutáveis (cuja mutação não pode ser percebida na escala
espaço-temporal em que atua nossa consciência); que a partir da observação de um
objeto exterior, podemos fechar os olhos e prosseguir observando-o interiormente,
imaginativamente; e que a observação é um ato receptivo que pode ser realizado sob
silêncio mental.

O principiante não consegue receber silenciosamente o objeto observado, necessita


falar consigo mesmo interiormente, para capturar as características ou informações do
objeto. Pode, entretanto, exercitar a receptividade silenciosa e desenvolvê-la
rapidamente, caso comece a utilizar tal faculdade.

O poder de receber informações de forma silenciosa e exclusivamente perceptual é o


estágio embrionário da faculdade conhecida como Percepção Instintiva das Verdades
Cósmicas. Seu desenvolvimento não possui um limite conhecido. É uma faculdade da
consciência.

Para ser contemplado, um objeto qualquer necessita ser acessado pela consciência,
seja por via sensorial ou supra-sensorial. A contemplação por via sensorial objetiva a
atenção mas não exercita os sentidos internos. Se quisermos exercitar os chakras e
desenvolver os sentidos internos, temos que usá-los e os usamos quando
contemplamos um objeto supra-sensorialmente.

A contemplação supra-sensorial requer desligamento das faculdades sensoriais, o que


se consegue por meio do sono. O sono é o caminho através do qual ocorre o
desligamento dos sentidos e a imersão da consciência nos mundos internos, os quais
existem paralelamente ao físico.

Equilibrando os centros

Pensar em comidas saborosas é algo similar a pensar em mulheres. Em ambos os


casos desfrutamos de um prazer mental na ausência do deleite sensorial concreto. Em
ambos os casos gastamos energia dos centros da máquina.

O prazer através da imaginação de uma sensorialidade objetivamente inexistente


rouba energia dos centros e os desequilibra. Se imagino prazeres sensoriais
degustativos, ao invés de saborear o alimento fisicamente, estou malgastando
energias do centro instintivo. Se imagino prazeres sensoriais eróticos, ao invés de
desfrutar das sensações reais proporcionadas por uma mulher real, estou malgastando
as energias do centro sexual.

O curioso é que tal desgaste se dá através do pensamento, ou seja, o centro intelectual


vampiriza as energias dos outros centros por meio do processo imaginativo.

A imaginação mecânica promove o falseamento da energia dos centros porque é um


processo através do qual os mesmos são postos em atividade por meio de situações
irreais, imaginárias. Ao serem postos em atividade por tal meio, suas energias são
gastas intensamente, mas não são empregadas em atividades reais necessárias ao
corpo físico.Os centros passam a ter uma sobrecarga extra, além do encargo de
trabalho natural que já possuem com as necessidades reais de manutenção do corpo
físico.
Se fico pensando em mulheres, desfrutando deste prazer mental, terei ereções. Meu
órgão sexual entrará em atividade e começará a trabalhar, empregando suas
energias sem que haja necessidade real de e sem estar realizando um ato sexual
concreto e verdadeiro.Portanto, além do uso normal e cotidiano do aparelho sexual,
estarei forçando-o a entrar em atividade sem que haja necessidade, além da conta,
sobrecarregando-o. Estarei desrespeitando sua necessidade de repouso (se houver o
vício da masturbação, será ainda pior). Além disso, e para piorar tudo, estarei também
malgastando energias do centro intelectual, pois o estarei ocupando com tais
pensamentos. Resultado: ao faltar energia ao centro intelectual, porque o desgastei,
ele começará a roubar a energia do centro sexual, pois os pensamentos serão de tipo
erótico, e, ao faltar a energia ao centro sexual, porque igualmente o desgastei, ele
começará a usar a energia do centro intelectual, pois forcei sua atividade através do
pensamento.

Sempre que colocamos algum centro em atividade, estamos utilizando sua energia.
Após um certo tempo, esse centro dará sinais de cansaço e deve entrar em repouso.
Caso não seja posto em repouso, começará a usar a energia do centro que estiver mais
próximo, isto é, mais à mão. E o que estará mais à mão será aquele segundo centro
que estiver em atividade diretamente relacionada ao primeiro (se estou pensando em
sexo, ambos os centros estão em atividade interativa).

O ideal seria que os centros fossem usados somente até um nível que antecedesse ao
cansaço. Evitar o cansaço, a sensação de estresse no centro, é o ideal. Colocar em
repouso um centro após o uso, muito antes que o mesmo se estresse, evita o
falseamento de suas energias.

Infelizmente, o Ego força os centros a trabalharem além do limite. A todo momento


estamos pensando, sentindo e fazendo coisas inúteis, que somente servem para
desgastar e falsear os centros da máquina. Utilizamos todos os centros em demasia,
sem necessidade e sem sequer termos consciência disso. O desgaste dos centros
acontecem sem que os vejamos, pois não praticamos a auto-observação. Vivemos
distraídos e fascinados, não nos damos conta do que se passa conosco. Os centros
entram em atividade e não os vemos.

Muitos processos orgánicos desnecessários acontecem sem serem vistos e porque o


centro instintivo entra em ação sem que haja real necessidade. O mesmo vale para
processos relacionados às emoções e aos demais centros. O Ego, ao atuar, força a
ação dos mesmos.

É precisamente nos centros da máquina que iremos descobrir as diversas


manifestações dos egos. Os detalhes estão nos centros e temos que aprender a
observar os centros, contemplá-los conscientemente, sem reprimí-los e sem nos
identificarmos, apenas compreendendo-os. Descobrir um detalhe é descobrir uma
leve alteração ou manifestação em algum centro. Reprimir um detalhe é tentar
"segurá-lo" enquanto nos mantemos identificados, ou seja, tentar amarrá-lo ao invés
de observá-lo em ação. Quem imobiliza um centro à força, amarrando, pelo mero
esforço, o "eu" ou detalhe que estiver se manifestando, não o verá em ação e não
compreenderá nada. O que enfraquece um ego é a compreensão e não o mero esforço
imobilizante, o qual não passa de uma forma de auto-engano.

O que interessa é dissolver os egos para que os centros trabalhem menos e possam
descansar. Quem não morre em si mesmo, não dá uma trégua aos seus centros e
destrói sua máquina orgânica, apressa o envelhecimento.

Já viram pessoas que envelhecem rapidamente? O envelhecimento precoce ocorre por


uma atividade exagerada dos centros, a qual se deve ao domínio exagerado dos
agregados psíquicos. Pessoas que não sabem lidar corretamente com o Ego sofrem
todos os tipos de desgraças e precisam ser auxiliadas com urgência, ao invés de serem
desprezadas e abandonadas. Temos que procurar em tais pessoas uma mínima
abertura, por menor que seja, para lhes dar alguma orientação, alguma informação ou
instrução que lhes seja útil. O ideal é acender nelas um impulso de se libertarem do
despotismo dos desejos.

Quando o ego morre, deixa de sobrecarregar os centros, lhes permite descansar.


Então os centros atuam somente o necessário, nem um miligrama a mais. Vocês já
perceberam aqueles momentos em que a mente nos dá uma trégua momentânea e
espontânea, por poucos segundos? Observem o alívio que se sente. Este é o alívio da
ausência do peso do Ego sobre o centro intelectual. Já viram como acordam de
manhã, bem descansados, depois de uma boa noite tranquila de sono? Essa é a
sensação de alívio da ausência do peso do Ego sobre os centros, sobre o corpo físico.
De nada adianta tentar forçar o alívio ou preservá-lo à força após nos levantarmos. O
alívio resulta da compreensão.

Quando compreendemos um defeito, sentimos um grande alívio. É o alívio da


ausência do peso que o defeito exercia sobre os centros. Na psicoterapia é muito
comum e esperado que os pacientes se sintam aliviados à medida que reconheçam e
compreendam as várias facetas de si mesmos, de seu Ego. Enquanto não se
compreende um defeito, o mesmo exerce um peso sobre os centros. Imaginem a
totalidade dos egos que possuímos! Quantas toneladas não estarão oprimindo nosso
coração e pesando sobre nossa pobre máquina? Não obstante, os retrógrados
materialistas acreditam que tudo isso seja bobagem, que o único peso preocupante
seja o do chumbo ou o das sacolas de viagens...

No cotidiano, convém não fixar-se em uma só atividade por muito tempo. O ideal é
dar pausas: ler um pouco, depois caminhar, depois ouvir música, depois praticar
magia sexual, depois descansar, meditar, depois consertar a cerca quebrada, depois,
contemplar um quadro etc. A fixação em uma só atividade por muito tempo
desgastará e desequilibrirá os centros, nos deixando pesados ao invés de leves.

O momento em que a máquina desfruta do maior alívio são os momentos da


meditação. Meditar é zerar os esforços e não acrescentar mais esforços aos já
existentes. A meditação é uma prática paradoxal, pois os esforços que se realiza são
negativos. Meditar é buscar o desligamento, por isso se relaxa profundamente e não
se pode prescindir do sono. Concentrar-se é entregar-se a algo, acabar-se, e não
colocar travas. Quem quer aprender a relaxar, concentrar-se e meditar, precisa
entender tais práticas como uma entrega (consciente) e não como um desesperado
esforço ansioso. Meditar não é forçar a barra e nem forçar contra nada. Meditar não é
imobilizar os centros à força e sim dar-lhes um descanso.

Se alguém quiser guiar-se corretamente na meditação, a melhor descrição do que


fazer seria: não fazer nada, esquecer, desligar-se, abandonar-se, dormir, entregar-se,
sumir, acabar-se, desaparecer...conscientemente!

Um dos grandes equívocos nossos é acreditar que a meditação se consegue mediante


o acréscimo do que fazer. Na verdade, o estado buscado já existe, temos somente que
remover o que atrapalha e deixá-lo se expressar. Ao invés de acrescentarmos
maispreocupações, empenhos etc. aos já existentes, fazemos o contrário: removemos
os existentes, como faz o escultor que remove partes da pedra ou da madeira até que a
estátua apareça. A estátua já existia anteriormente mas estava oculta! Acrescentar
mais problemas aos já existentes é sobrecarregar ainda mais os centros. Quem
transforma a meditação em problema não medita. Quando ficamos procurando o que
fazer para meditar corretamente, estamos nos afastando da meditação e não nos
aproximando.

Portanto, foram explicadas aqui duas medidas a tomar para equilibrar os centros: a
morte do Ego e a meditação. A magia sexual, a terceira medida, não foi explicada
neste texto.

Até logo!

Sobre fingir virtudes

Quem realmente elimina um desejo, não necessita fingir que não o tem.

Se o desejo morreu, não sinto nada. Se não sinto nada, o que bloquearei dentro de
mim?

Se meu desejo está morto, contra o que devo resistir?


Se você satisfaz um desejo, ele se fortalece e te escraviza mais e mais. Se você o
reprime, ele é represado e extravasa posteriormente à força por qualquer caminho. Se
você não se identifica, não o satisfaz e nem tampouco o reprime.

Quem reprime um eu está identificado com um eu oposto.

Não nos identificamos com um defeito quando o separamos de nós, mediante a


recordação de nós mesmos,

Observar um defeito é recebê-lo conscientemente.

Não se pode enxergar objetivamente um defeito se o depreciarmos ou o condenarmos


antecipadamente.

Bloquear ou resistir a um defeito é evadir-se de estudá-lo e observá-lo. Entregar-se à


satisfação de um defeito é alimentá-lo e adormecer ainda mais a consciência.

A correta postura interior em relação aos baixos desejos é aquela em que não os
procuramos, não os satisfazemos e nem os consideramos como parte de nosso Ser,
mas também não tentamos barrá-los, sufocá-los e nem fugimos deles quando
aparecem.

Encarar um defeito de frente é deixar-se tocar conscientemente por ele sem temor
algum. Fugir de um defeito é tentar segurá-lo à força e baní-lo de modo que nos seja
impossível observá-lo e conhecê-lo.

Não podemos matar um inimigo se o afugentamos ou o expulsamos de nosso alcance.


O que nos leva a tentar banir um defeito de nossa presença, sem observá-lo e matá-lo,
é o medo de sermos possuídos e perdermos o controle. O que nos faz temer a
possessão e a perda do controle é o desconhecimento de que a consciência e o Ser
enfraquecem o defeito.

A verdadeira fé não se cria com teorias, lógicas, pensamentos ou quaisquer trabalhos


mentais. A fé se cria somente com a experiência.

Pequenas experiências íntimas com o Ser Interno são acessíveis a qualquer um, a
qualquer momento. Peça para sua Mãe Divina te lembrar de algo realmente
importante e ela o fará.

A verdadeira felicidade é a total ausência de sofrimento.

Não "force" as transformações, trabalhe corretamente e deixe que elas venham por
sim mesmas.

Transformações forçadas são transformações fingidas. Quem realmente se transforma


não necessita forçar-se a nada.

Não existem transformações forçadas. Transformações forçadas são transformações


fingidas. Transformações fingidas são falsas transformações.

A transformação verdadeira dispensa o fingimento e os comportamentos forçados.

Na concentração, não force o silêncio mental, deixe que ele venha. Vivencie o
relativo silêncio existente e deixe que ele se aprofunde. Não perca tempo tentando
"forçar mais silêncio" para "ir além". Aprenda a esquecer.
O silêncio mental forçado não é verdadeiro. Lutar pelo falso silêncio é amarrar-se e
estancar-se com as próprias amarras que se teceu.

Mudar os costumes e ser outro

O que seria de um ente maligno, perverso e cruel que se transformasse em um santo?


Penso que seus costumes seriam trocados completamente e ele, se realmente
abandonasse o mal, passaria para o outro lado.

Obviamente, tal ente, agora regenerado, deveria expiar seu karma por meio do
sofrimento e de boas ações. Se ele cobrisse o mundo com suas boas ações,
inevitavelmente deixaria de ser quem foi e seria outro. Onde estaria o antigo
criminoso? Não existiria mais! As pessoas o procurariam, mas não o encontrariam.

Nunca é tarde demais para se deixar o mal. Por pior que tenhamos sido, podemos
inverter os caminhos e trilhar em direção oposta. A estrada da vida pode ser trilhada
para cima ou para baixo.

Dizem os V.V.M.M. Samael e Rabolú que Judas se dedica a instruir e resgatar almas
do Abismo. Esta é uma prova de que é possível a regeneração mesmo em estágios
avançados de degeneração. O V.M.Samael relata que os demônios Belzebu e
Astaroth se arrependeram de seus caminhos malignos e buscaram a regeneração
(Astaroth, para piorar, era o demônio da luxúria). Tais ensinamentos deveriam animar
os estudantes pessimistas: se Astaroth e Belzebu foram aceitos na luz e trilharam a
dissolução do Ego, se Judas tem discípulos no Abismo, por que nós, pessoas comuns,
não poderíamos nos recuperar?

Nós, estudantes e aspirantes, temos sido muito pessimistas espiritualmente. Temos


cristalizado crenças na impossibilidade do avanço espiritual, crenças sem fundamento
algum e que podem nos estancar por toda uma existência.

O pessimismo é uma espécie de praga,que se arraiga na mente inconsciente e invalida


todos os esforços de auto-superação.
Por piores que tenhamos sidos, por mais fornicários, depravados, mentirosos e cruéis,
podemos perfeitamente nos converter em algo diferente se mudarmos nossos atos e
costumes.

Se modifico minhas atitudes, deixo de ser aquele de antes e me transformo em outro,


em alguém novo. Mas é preciso ação.

Antes de mais nada, temos que ter cuidado para não estagnarmos nos terríveis alertas
e advertências dos mestres a respeito dos efeitos kármicos das más condutas. Tais
alertas visam apenas orientar e auxiliar o estudante, jamais aprisioná-lo no
medo. Pode dar-se o caso de um estudante tornar-se apavorado com tais alertas e cair
imobilizado no pessimismo. Então, há que se trabalhar esses eus negativistas.

Uma prostituta pode regenerar-se, um homossexual (desde que realmente o queira),


pode regenerar-se, um promíscuo pode regenerar-se.

Um caso particularmente grave parece ser o dos antigos gnósticos que não
conseguiram a castidade e, em segredo, dão vazão aos seus vários impulsos
luxuriosos. Esses irmãos sofrem muito, sentem vergonha e medo das consequências.
Mas mesmo eles estão em melhores condições do que estavam Astaroth, Belzebu e os
discípulos Judas no Abismo. Então, por que perdermos o tempo com prejuízos do
passado? Por que nos mantermos aprisionados lá, naquilo que fizemos de ruim no
passado, ao invés de nos ocuparmos com atos benevolentes no presente? E por que
esperar para amanhã, se já podemos tomar as atitudes agora?

Quando acreditamos inconscientemente que já estamos condenados, fazemos


esforços inúteis. Parece-me que muito estudantes caíram nesta armadilha. O discurso
gnóstico muitas vezes deixa transparecer esse pessimismo. A ênfase é posta nas
dificuldades e nos fracassos, não nas possibilidades e nos sucessos. E as repercursões
inconscientes fazem seus estragos.

Por diversas razões, entre as quais, talvez, não permitir que o estudantado caísse na
negligência, o V.M. Samael não aprofundou muito os aspectos otimistas do
ensinamento. Ele pôs ênfase nos alertas e advertências, por uma questão de
necessidade, e o estudantado se deixou levar pelo pessimismo, estagnando-se na idéia
de que tudo é muito difícil ou impossível. Nossa mente negativista nos deixa quase
insensíveis às mensagens de ânimo e força dos mestres. É como se eles nos dessem
tais mensagens somente com o intuito de nos consolar e estivessem, na verdade,
maquiando a terrível realidade. No fundo, a maioria de nós acredita que não há mais
salvação e que a ascensão espiritual é impossível.

No entanto, há também uma parte dentro de nós que nos impulsiona, que nos diz que,
sim, é possível revolucionar-se. Sem esta parte, há muito teríamos desistido de nossa
revolução. Temos que dar-lhe voz, cultivá-la e alimentá-la mediante as práticas que
nos dêem comprovações.

Que tenhamos sido fornicários, e daí? Deixemos de sê-lo. Que tenhamos adulterado,
não importa! Paremos de adulterar. Que tenhamos sido promíscuos, não faz mal!
Sejamos agora castos. E se não somos capazes de sê-lo agora, seremos daqui há
pouco, desde que realmente comecemos a mudar e não esperemos que se opere
alguma mágica em nossa vida.

Algumas pessoas esperam que uma mudança mágica se opere em suas vidas, em seus
sentimentos e pensamentos, para então adotar novas atitudes. Esta é outra armadilha
do Ego. Não temos que deixar as práticas e a nova conduta para amanhã. Temos que
implementá-las agora.

Se eu ficar esperando o dia em que não sentir mais luxúria para praticar o arcano e
deixar de adulterar, ficarei esperando eternamente sem resultado. Se quero mudar
minha vida, tenho que implementar as mudanças já. Se não sou capaz de suprimir um
ato em si, sou pelo menos capaz de retirar de minha vida tudo o que recorde tal ato.

A Morte do Ego não é um conflito, é a própria ausência dos conflitos. Não


morreremos mediante conflitos íntimos e sim mediante a compreensão. Se não
consigo compreender um desejo aqui, posso compreender uma de suas facetas ali. O
que importa é ir avançando e retirando tudo o que esteja relacionado a ele.
Tudo o que nos recorde um desejo e a ele nossa mente relacione atua como forma de
nutrição. Tudo o que nossa mente relacionar com a fornicação estará alimentando o
defeito da fornicação. Tudo o que nos faz lembrar da lascívia, da luxúria é uma forma
de nutri-la. Não é possível libertar-se de um defeito se não cortarmos os seus
detalhes.

Evitando a nutrição dos defeitos

Contemplar uma imagem luxuriosa sempre irá fortificar a luxúria, não importa se a
imagem esteja em nossa mente, em uma revista, na tela de um computador ou seja a
imagem de uma mulher real, que esteja ao vivo e a cores em nossa frente.

Quando contemplamos a imagem do corpo de uma linda mulher, esteja nua ou


vestida, com decotes e pernas à mostra ou não, sentimos algo agradável, uma espécie
de prazer morboso. Esta sensação agradável confere a crença de que o desejo é algo
benéfico, a despeito de todos os prejuízos que possa causar, e que vale a pena pagar o
preço correspondente para desfrutar da satisfação.

O ego que deseja acredita que o desejo é bom e não compreende seus prejuízos.
Corresponde a um entendimento condicionado, parcial e tendencioso, que nos afasta
da realidade. A realidade estaria na síntese, mas a síntese não é acessível ao ego
desejante. À medida que a compreensão se aprofunda, outros aspectos da realidade,
excluídos pelo elemento psíquico que deseja, são apreendidos e o significado
atribuído ao objeto se transforma.

Podemos compreender o desejo e podemos compreender o objeto do desejo.


Compreender o desejo é, principalmente, compreender seus equívocos, o aspecto
absurdo do seu ponto de vista. Compreendendo o desejo, tornamos a compreensão do
objeto do desejo mais exata. Se tentarmos somente compreender o objeto do desejo
sem compreender o próprio desejo, esbarraremos na limitação de entendimento
imposta por este último.

Refletir sobre o objeto pode ser útil em certos casos, mas não resulta na morte do
elemento que o deseja. Se queremos a Morte, temos que compreender o desejo em si.

Quando se diz "compreender um defeito", "compreender um ego" ou "compreender


um desejo" se está referindo ao trabalho de entender o modus operandi do mesmo,
isto é, como o mesmo atua em nossa vida. Tal compreensão nos leva,
inevitavelmente, à compreensão dos equívocos contidos no seu ponto de vista.
Quando se compreende o quanto equivocado é o ponto de vista de um ego, pode-se
dizer que o mesmo foi compreendido. Portanto, temos que chegar a compreender que
"este 'eu' pensa assim e assim, e age deste e daquela forma".

A todo momento estão se manifestando os detalhes ou facetas dos desejos, mas não
os observamos, seja por negligência ou por falta de orientação. As manifestações
corriqueiras, comuns e tênues, fortificam o ponto de vista equivocado do desejo de
uma forma espantosa e não lhes damos a importância devida, motivo pelo qual não
conseguimos nos livrar dos seus efeitos posteriores. Somos escravos do desejo
porque os alimentamos continuamente, durante todo o dia.

A sensação prazeirosa que se tem ao contemplar a imagem do corpo de uma mulher é


dada pelo roubo da energia nos centros e consiste no próprio processo de nutrição e
fortificação do desejo. O aspirante, então, se depara com um dilema: se contempla,
torna-se ainda mais escravo; se não contempla, reprime e prossegue sendo devorado
pelo desejo. Em ambos, os casos, a falha está na identificação. Tanto o estudante que
reprime como o que alimenta estão identificados. Um saboreia, identificado, a
sensação prazeirosa e nutre o desejo. O outro tenta bloquear, também identificado, o
desejo. Nenhum dos dois se separa do desejo e nem do objeto para compreendê-los
de forma objetiva.

Se prossigo contemplando morbidamente a beleza corporal feminina, não estou


interrrompendo a alimentação do desejo. Mas se simplesmente desvio o olhar, sem
romper com a identificação, também não a estarei interrompendo, pois a imagem
mental prosseguirá dentro de mim e contemplar uma imagem mental é alimentar do
mesmo modo.

Tanto faz se a imagem contemplada é mental, virtual ou física. O ato de identificar-se


coma imagem é o ato de nutrir o desejo. E, sempre que a contemplamos, nos
identificamos.

Se não sou capaz de contemplar a imagem sem me identificar, então não devo
contemplá-la, pelo menos enquanto não houver conquistado tal capacidade. Mas se
tenho total capacidade de contemplá-la sem identificação alguma (e estou
absolutamente certo de não estar caindo em nenhum auto-engano), então posso
contemplá-la sem problemas. O problema não está em contemplar ou não, mas em se
identificar ou não. Você saberá se está identificado se sentir alguma forma de prazer
erótico ao ver a imagem.

Entendo que nós, os principiantes, não devemos ficar contemplando os corpos das
mulheres pois, ao fazê-lo, estamos fortificando as amarras das quais queremos nos
libertar. Sob este ponto de vista, descobrir e eliminar detalhes inclui descobrir e
eliminar formas insuspeitadas de contemplar as mulheres com luxúria. Contemplar
sob a desculpa de que se vai "estudar o desejo" equivale a cair em uma auto-
armadilha, no auto-engano.

Quem quer morrer deve retirar de si e de sua vida tudo o que alimente o desejo. É
nesse sentido que devemos nos observar de instante a instante, não somente em
relação ao desejo pelas mulheres, mas em relação a todos os desejos. Mas não se
entenda o "retirar" como mero recalque sem ruptura com a identificação. Retirar,
aqui, significa morrer de fato e quem mata é a Mãe Divina.

Não somente pelos pensamentos e emoções, mas também pelas atitudes está vivo o
ego. Temos muitas atitudes que sustentam os desejos e nem sequer as notamos.
Nossas falas, movimentos e outras coisas mais estão a todo momento fornecendo
energia ao desejo. A auto-observação deve descobrir esses meios, pelos quais o Ego
se fortifica.
Pensar no desejo não adianta, melhor é observar por onde o mesmo se alimenta. A
mente silenciosa é um requisito para a observação e para o discernimento.

Se um fato qualquer provoca um golpe emotivo ou libidinoso, não adianta tentar


revertê-lo à força, melhor é não identificar-se e, ao mesmo tempo, orar rogando a
Morte. Separar-se da sensação morbosa, enquanto ela prossegue, e pedir pela morte
do elemento correspondente é o correto. Então podemos ver o seu enfraquecimento
progressivo. Se isso não for feito, então estaremos permitindo que o desejo recolha
energia dos nossos centros, se fortifique e nos escravize ainda mais.

Cortar toda a alimentação, enfraquecê-lo e matá-lo "de fome"! Este é. o


procedimento. A nutrição é a própria vida do defeito.

A forma de nutrir um defeito pode variar de uma pessoa para outra. Uma pessoa
poderá alimentar um defeito principalmente pelas palavras, outra pelos olhares e
assim por diante.

Elimina-se qualquer defeito sempre do mesmo modo: cortando sua alimentação e


matando-o "de fome". É sobre as formas de alimentação que deve incidir a auto-
observação. Elas são muitas e se processam inconscientemente. Estão em nossa vida,
ainda que não as vejamos por falta de consciência.

De nada adianta passar horas analisando um ego se o estamos alimentando a todo


momento. Quem analisa e observa seus egos e continua a alimentá-los, sob o pretexto
de "não reprimi-los" é como um cachorro que corre atrás da própria cauda. Quando
nutrimos um ego, criamos e acrescentamos-lhe detalhes novos, que não existiam
antes. Observar algo ao qual se esteja a todo instante acrescentando algo novo
equivale a nunca terminar de compreendê-lo e é, também, cair em um círculo vicioso.

Porque muitos confundiram a repressão


com a Morte

Quando começou a confusão


As normas repressoras da nossa cultura enviesaram as idéias de muitos estudantes
gnósticos sobre a Morte do Ego. Nós, estudantes, confundimos a verdadeira Morte
com meros mecanismos de recalque e resistência. Esse prisma fez com que, em todos
os livros, "enxergássemos" recomendações à resistência. Os mestres nunca
recomendaram a repressão, mas os estudantes "viam" a repressão recomendada em
todas as orientações deles.

Na época do Movimento, estabeleceu-se uma verdadeira febre pelo comportamento


auto-repressor. Quando os resultados nefastos se faziam sentir, ninguém se
perguntava a respeito dos motivos e, à medida que os problemas emocionais e até
escândalos aconteciam, simplesmente reagíamos intensificando mais ainda a
resistência. Sob o argumento de "não deixar o ego agir" (assim costumávamos dizer),
as pessoas faziam cada vez mais esforços para sufocar seus impulsos e emoções.
Havia um desespero organizado, as pessoas temiam se tornar obsessionadas, mas
caiam cada vez mais fundo nas obsessões. Nada diferente do que sempre houve no
cristianismo externo desde a Idade Média...

"Eliminar", "sorrir ante o insultador", "combater", "estar em alerta contra", "lutar


contra" etc. são expressões frequentemente usadas pelos mestres que não possuem
nenhum significado intrinsecamente repressor, mas que foram assim interpretadas por
nós, devido à ótica judaico-cristã em que nossa personalidade foi formada. Essas e
outras expressões correntes nos livros e conferências foram erroneamente
interpretadas como sinônimos de esforço para se auto-reprimir.

A verdade é que não há como praticar magia sexual, rir diante do insultador e resistir
às tentações em geral se não estivermos morrendo realmente. Comportar-se como se
estivéssemos mortos sem estarmos realmente é fingir, é ser hipócrita consigo mesmo,
o que é outra faceta da repressão. Não há como resistir à tentação sem a Morte
verdadeira e não há Morte verdadeira na repressão, apenas comportamento simulado.
A resistência à tentação é algo natural para quem está de fato morto. E ninguém
consegue morrer resistindo aos desejos, mas sim observando-os. Simular a Morte do
Ego para si mesmo é uma forma de reprimi-lo.

Ainda hoje esse equívoco faz estragos entre os estudantes gnósticos. Os estudantes
resistem e acreditam estarem assim morrendo. As disciplinas traçadas, em geral, não
passam de meros cultivos sofisticados da resistência. O que muitos pensam ser a
Morte do Ego é, na verdade, mera simulação, pois esses estudantes, assim que
percebem uma mínima manifestação de um defeito, imediatamente a recalcam,
suplicam por sua morte, e continuam recalcando-a. É assim que querem morrer,
embora isso não esteja nas orientações dos Veneráveis Mestres. Eles conflitam com a
mente, querem segurá-la e aquietá-la à força, e lutam com as emoções e desejos,
fazendo esforços terríveis para "manter-se sem desejar". Nem sempre o esforço
intenso é o esforço correto. Melhor seria que fizessem esforços corretos.

A coisa chegou ao ponto de alguns se exporem gradativamente a ginásios


psicológicos cada vez piores e mais difíceis com o intuito de aprenderem a se
bloquear cada vez mais. O que queriam era "ser cada vez mais forte", resistir cada
vez mais.

Nem toda disciplina, empenho ou esforço é útil, como pensam esses estudantes. Se
um homem se disciplinar para comer um pouco de veneno todos os dias, logo estará
morto. Se alguém se empenhar com muito esforço em beber somente refrigerantes e
mais nada, sem falhar um só dia, terminará encurtando sua vida. Logo, temos que
diferenciar a disciplina correta da disciplina incorreta. Disciplinas podem ser inúteis e
perigosas. Disciplinar-se para resistir aos desejos com todo o empenho que se possa é
disciplinar-se inutilmente. A disciplina para resistir é mero polimento da
personalidade, não é Morte coisa nenhuma.
Não poderei compreender os passos de uma dançarina caso eu amarre suas pernas.
Quem poderia? Querer enxergar detalhes nos passos da dançarina e ao mesmo tempo
imobilizá-la é algo ilógico e absurdo. É exatamente isso o que fazem os amantes da
resistência.

O que os recalcadores não se deram conta é que a vivência (experiência) consciente


das próprias emoções e desejos extrai compreensão e os enfraquece. Ao contrário do
que pensam, permitir conscientemente o afloramento não resultará em obsessão. A
obsessão somente ocorre quando a pessoa se identifica e não pede pela Morte à Mãe
Divina. Não é o afloramento o fator que alimenta e fortifica os defeitos, mas a
identificação com o defeito aflorado. A identificação permite manifestação livre e faz
a consciência permanecer na passividade e na inatividade, sem observar e sem nada
fazer.

A partir do afloramento, as coisas podem tomar dois rumos, um bom e outro mau
(vamos dizer assim por enquanto). Se nos identificamos com o conteúdo aflorado, as
coisas tomam um rumo "mau". Se não nos identificamos e o observamos
conscientemente, as coisas tomam um rumo "bom", que é o rumo que nos interessa: o
conteúdo vai sendo assimilado e compreendido aos poucos e seu poder sobre nós vai
se enfraquecendo progressivamente.

O recalque é um mecanismo pelo qual bloqueamos um impulso, o que faz com que
ele extravase por outro caminho ou em outro momento; o impulso não sofre nenhum
enfraquecimento ou morte, somente é represado e desviado, para aflorar
posteriormente sob a forma de perversões, doenças e compulsões.

Resulta curioso que os mais moralistas são justamente os mais compulsivos. Os


círculos sociais mais moralistas são os mesmos em que a depravação é mais
pronunciada, sempre sob as sombras, é claro. Aparentemente todo mundo é santo,
mas às escondidas todos dão vazão aos desejos mais abomináveis. Todos querem
apedrejar a adúltera, embora todos cometam adultério em segredo...

É óbvio que, se alguém permitir o livre afloramento de um desejo e manter-se


passivo, não fazendo absolutamente nada e entregando-se à fascinação, irá fortificá-lo
e ficará dominado. Permitir o afloramento sem os trabalhos complementares
requeridos é perigoso. Quem permite o afloramento e não se recorda de si e nem ora,
termina identificado. A manifestação livre, sem a atuação desinfectante da
consciência, fortifica o poder dos defeitos sobre nós. Mas se tal pessoa se manter em
recordação de si mesma, diferenciando-se do elemento manifestado, e passar a
observá-lo, irá compreendendo-o progressivamente, detalhe por detalhe, e
enfraquecendo-o. Nenhum afloramento sutil deve passar sem ser notado e trabalhado.
Não reprima os detalhes, perceba-os conscientemente. Se você ficar tomado após o
desbloqueio, é porque não fez as coisas como deveria. Ainda assim, é justamente em
pleno delito que mais necessitamos de auto-observação e reflexão, para sair daquele
estado.

A negligência em observar e pedir será fatal, o negligente cairá cada vez mais baixo
na degeneração. O trabalho interior não é isento de riscos. O primeiro pensamento,
golpe emocional ou ato reforçador do desejo ganha força se não for trabalhado
imediatamente e se converte em manifestações secundárias, terciárias, quaternárias
etc. cada vez mais fortes. A obsessão é o resultado de ações primárias não trabalhadas
ou trabalhadas incorretamente, seja por causa da negligência, seja por causa do
recalque.

O que devemos buscar é clareza. Você não será capaz de enxergar os detalhes com
clareza cada vez maior se aprender a olhá-los corretamente, com interesse real e
sincero em conhecê-los. Não condene e nem perdoe nada, somente observe e
compreenda mais e mais. Aquilo que perceber que prejudica, peça para ser eliminado
e continue a observar.
A palavra "aceitar" tem duplo significado. Aceitar pode significar passividade,
aceitação da manifestação plena sem tomar atitude alguma. Mas pode também
significar atividade, no sentido de render-se à realidade inevitável para compreendê-
la. No último caso há atividade da consciência. Neste sentido, temos que "aceitar" o
Ego, recebê-lo tal como é, sem evasivas.

Se não permitirmos que nada aflore, o que será observado, julgado, ajuizado,
compreendido e eliminado? Se não permito que o animal saia da toca, como posso
pretender descobrir detalhes do seu comportamento?

O afloramento é diferente da atuação livre, em que não se observa e não se faz nada.

Vivenciar conscientemente as emoções e desejos os esgota. A observação enfraquece


o poder do desejo sobre nós e a oração enfraquece o poder do desejo em si mesmo,
até sua morte completa. Após a petição, apenas observe os resultados e não reprima e
nem se identifique.

Se você permitir que o desejo se satisfaça, ele irá embora e não poderá ser estudado.
Se você se identificar com ele, irá fortificá-lo de uma forma absurda.

Tudo começa com as manifestações iniciais e sutis. Ao nos identificarmos,


permitimos que tomem força e aumentem o seu poder.

O que é identificar-se?

A palavra "identificar" significa, literalmente, encontrar ou diferenciar algo.


Identificar-se com algo é perder a noção da distinção entre nós e aquilo. Identificar-se
com desejos e pensamentos é confundi-los com a partícula do Ser em nós (a
essência). Identificados com um defeito, acreditamos que o mesmo seja parte de nós e
não algo estranho, alheio ao Ser.

Quando nos identificamos com uma manifestação sutil do Ego, a mesma colhe força
e se torna gradativamente mais e mais poderosa.

O que se requer para a correta auto-observação é não identificar-se e nem reprimir,


somente separar-se e contemplar. Quem se debate contra o Ego o faz estando
identificado, assim como aquele que se entrega à satisfação e ao hedonismo.
Emambos os casos há identificação.

A prática da Recordação de Si permite que se rompa com a identificação. Recordar-


se de si mesmo é diferenciar-se, permanecendo na Essência (o Ser Verdadeiro em
nós).

Estaremos identificados quando ficarmos "curtindo" um desejo, emoção ou


pensamento, sentindo que aquilo nos satisfaz, quando sentirmos uma emoção como
parte de nós mesmos e não como algo alheio que nos invade, quando não nos
diferenciarmos dos impulsos. Todo defeito possui sua emoção específica e estaremos
identificados quando a vivenciarmos sem a menor diferenciação, sem a menor
recordação de nós mesmos, completamente "misturados", "apagados", sem
consciência ou observação alguma, fusionados com a emoção ou desejo.

Uma coisa é permitir-se sentir uma emoção, outra coisa é identificar-se com a
emoção sentida.

O que é compreender um defeito?


Trabalhar para compreender um ego (defeito) é observar tudo o que ele faz, sente e
pensa, tratando-o como uma pessoa real, distinta de nós mesmos, apesar de habitar
em nossa psique.

Um defeito qualquer faz muitas coisas, age de muitas maneiras que precisamos ver.
Realiza muitos movimentos, toma muitas atitudes e diz muitas coisas. Tudo isso
constitui a forma como um defeito age.

Além de agir, cometer ações, o defeito ou ego emite vários pensamentos. Os


múltiplos pensamentos de um ego podem aparecer sob a forma de lembranças,
planos, idéias, cogitações, fantasias, imaginações, memórias, raciocínios, imagens
mentais com ou sem o recurso da linguagem mental em nosso idioma nativo (a
"vozinha interior" que tagarela sem parar). Observando essas manifestações mentais,
compreendemos o defeito mais profundamente.

Um ego também sente várias emoções distintas e possui seus sentimentalismos.


Observando essas multiplas manifestações no coração, avançamos na compreensão.
Quais são as emoções que o defeito em questão provoca? Quais são as emoções que
aprecia?

Um defeito é uma pessoa completa dentro de nós. Observando esta pessoa, coletamos
informações sobre sua conduta e seu perfil. Reunindo tais informações, chegamos a
conclusões (sempre provisórias, pois a compreensão é algo elástico). As conclusões a
que chegamos é a compreensão.

Ego: o perigo de encarar a Medusa

Dedico este texto aos irmãos de todas as religiões que sempre lutaram para se libertar
da luxúria e sofrem por terem fracassado. É para vocês que estou escrevendo agora.
Quero detalhar um erro que comumente cometemos em nossa incansável busca pela
pureza da alma: o equívoco de enfrentar o inimigo do qual queremos nos libertar.

Enfrentar, literalmente, significa encarar de frente. Muitos acreditam que podem


mirar os objetos de desejo e resistir ao seu poder hipnótico. A meu ver, trata-se de um
grave equívoco que pode nos atrasar por anos ou décadas.

O Ego é a Medusa da mitologia: seu olhar petrifica. Se você o olha nos olhos,
inevitavelmente se transformará em pedra. O que isso significa? Que não temos
capacidade de afrontar o Ego em bruto, de contemplar suas emanações sem sermos
afetados. Transformar-se em pedra significa adormecer a consciência. Olhar a
Medusa nos olhos significa enfrentar e contemplar os objetos de desejo, estejam eles
na mente ou no mundo exterior sensorial.

Na prática, encaramos os olhos da Medusa sempre que contemplamos algo desejável.


Se fico me entretendo com imagens mentais de mulheres lindas e luxuriosas, estou
olhando nos olhos do monstro. Se gasto meu tempo olhando para as mulheres ao meu
redor, estarei fazendo o mesmo. Não importa se a imagem desejável está dentro, na
mente, ou se está fora, no mundo físico: sempre que eu a olhar, estarei olhando nos
olhos da Medusa e transformando percentuais livre de minha alma em pedra.

Portanto, contemplar imagens desejáveis, sob qualquer forma, é um primeiro erro.


Quem contempla imagens desejáveis, está dando forças ao desejo, nutrindo-o e indo
na contramão da Morte Mística.

Um segundo erro é não evitar situações facilitadoras das manifestações, crendo-se


muito forte e resistente. Se determinada trilha terminará em uma possessão (obsessão
por um desejo), por que segui-la? Tomar a dianteira ao Ego e evitar os caminhos
equivocados da vida é uma eficiente forma de cortar-lhe o fornecimento de energia e
enfraquecê-lo.

Mas, dirão vocês e com razão, evitar encarar a Medusa e evitar os caminhos que
conduzem ao enfrentamento não é fugir do Ego? Eu direi: não! É apenas combatê-lo
por outras alternativas, outros meios.

Sabe aqueles momentos em que o desejo está esquecido e não está atormentando?
Aquele é o estado interior que deve ser preservado. Se verificarmos com cuidado
nossas vidas, veremos que enveredamos por situações facilitadoras muito antes de
sermos tomados por um desejo. Essas situações facilitadores, que antecedem a
obsessão (às vezes por dias ou meses) são canais de alimentação por onde os defeitos
recebem energia. Pequenos e sutis impulsos nos impeliram a enveredar por ali.

E onde entra a auto-observação nisso tudo? Na descoberta dos impulsos sutis que nos
impelem a cair nas muitas situações facilitadoras e na descoberta dos muitos hábitos
de contemplar os objetos de desejo. Muitas vezes, contemplamos objetos de desejo
sem sequer nos darmos conta. A desculpa de "olhar sem identificação" é utópica e
esfarrapada, quando se trata de defeitos poderosos como a luxúria. É uma justificativa
(Pilatos) do defeito, um mecanismo de auto-engano.

Inconscientemente, a todo momento estamos mirando os olhos da Medusa e


enveredando por trajetos de vida facilitadores da nutrição dos defeitos. Mediante a
auto-observação, os vamos descobrindo e eliminando. Assim, nossa vida vai
mudando.

Quem quer eliminar a luxúria não pode permitir que mulheres desejáveis estejam em
sua mente e necessita impedir que entrem pelas portas da percepção. Mesmo que
esteja no trato direto com elas, deve fazê-lo de modo a não percebê-las enquanto
fêmeas desejáveis. Olhar e não desejar não é algo para mortais do lodo da terra.
Na verdade, se você quer realmente se libertar da luxúria, as mulheres desejáveis não
devem existir para você, não devem sequer entrar em sua percepção, devem ser
excluídas do seu mundo (não enquanto seres humanos, mas somente enquanto fêmeas
desejáveis para o sexo). Não é possível ocupar-se com elas sem desejá-las.

O conhecimento e a experiência adquiridos com a morte da luxúria nos capacita a


aplicá-lo na morte de outros defeitos igualmente poderosos. Depois da luxúria, um
dos egos mais fortes é o do medo. Aquele que dissolveu a luxúria, saberá também
dissolver o medo, o ódio etc.

Se determinada situação resultará em fornicação, adultério ou masturbação, é muito


mais sensato evitá-la antecipadamente, mediante a Morte em Marcha, do que permitir
que tome força em nossa vida. O impulso em ir rumo a determinada situação já é um
detalhe ou faceta do desejo.

Na Morte do Ego, trabalhamos as causas ao invés de simplesmente remediarmos os


efeitos. Remover as causas é ir além e antecipar-se ao desejo. Permitir que o desejo
tome força para, simultaneamente ou depois, tentar enfraquecê-lo é um contra-senso,
algo ilógico e absurdo.

A obsessão por um desejo resulta de uma sequência de fatos psicológicos que se


desenrolam no tempo e começa a gestar-se muito antes de ser conscientemente
percebida. Minutos ou horas antes de cometermos um ato luxurioso, sucederam-se
livremente vários fatos psicológicos encadeados. A detecção e eliminação dos
mesmos evitar os resultados desagradáveis. A Morte em Marcha interrompe a
sequência de fatos crescentemente nefastos.
Quando nos deixamos arrastar pelos detalhes e enveredamos por uma situação
facilitadora do desejo, não conseguimos nos livrar dos seus resultados nefastos. A
identificação se instala e nossa alma é acorrentada, ainda que se debata.

Quem realmente começa a morrer para a luxúria, sente uma pureza específica que
não quer perder, algo assim como um estado angelical. Evitando-se as situações
nefastas que resultam em profunda identificação, podemos preservar este estado e, ao
mesmo tempo, impedimos que os defeitos se alimentem.

Davi não mediu forças com Golias, não o enfrentou diretamente e nem lutou com o
gigante. Davi evocou o poder de Deus e o atingiu no ponto fraco, certeiramente. Davi
é a alma e Golias é o Ego, a soma dos nossos desejos. O ponto fraco do Ego são os
impulsos sutis que nos impelem a enveredar por situações que resultam em
identificação profunda. Tal ponto é a têmpora de Golias. Ali devemos atingir o
gigante e derrubá-lo.

Se Davi houvesse tentado medir forças com Golias, teria fracassado. E se não
houvesse evocado o Poder Superior, sua mão não teria sido guiada em direção ao
ponto fraco do Gigante. O homem, sozinho, não pode dissolver o Ego jamais,
necessita da atuação de uma força superior, não humana.

O fluxo mental na concentração

Deixar a mente fluir

Quando a mente atua, pensando em alguma coisa, dizemos que ela está fluindo. O
fluir da mente é a reflexão a respeito de algo.
A mente volúvel interrompe o curso de seu fluxo constantemente, pensa um pouco
em algo e depois pensa em outra coisa. Quando trocamos o objeto de nossa reflexão
constantemente, nos tornamos superficiais.

O pensamento concentrado é o pensamento que flui profundamente, de forma


contínua e não descontínua, sem interromper a reflexão, sem alternar seu objeto. O
pensamento concentrado não é o pensamento estático, é um pensamento dinâmico,
que se aprofunda e se afunila cada vez mais. O pensamento único da concentração é a
soma de várias idéias a respeito de um único e mesmo tema. Se não houver uma
sequência de idéias, não haverá fluência no pensamento. Se não houver fluência, não
haverá pensamento concentrado, haverá tão somente um pseudo-silêncio mental,
forçado e superficial, acompanhado por violenta tempestade mental inconsciente, nas
zonas submersas da psique.

Se queremos a concentração verdadeira, para sairmos em astral e meditarmos,


necessitamos compreender corretamente o que é o pensamento único. O pensamento
único é a reflexão sobre um único tema. Não é um pensamento estático, como
supõem muitas pessoas interessadas na meditação.

O pensamento não será único se permitirmos que o fluxo mental sofra constantes
interrupções, que mude constantemente de objeto, de tema. O papel da atenção
consciente é perceber o que se está pensando e dar pequenos "tapas" para "balizar"
(direcionar) a reflexão, caso a mesma se desvie do assunto em pauta.

Concentração não é ausência de pensamento e sim ação mental direcionada.

Há duas formas de fluxo mental: o fluxo consciente e o fluxo inconsciente.

O fluxo mental inconsciente acontece automaticamente no cotidiano. É a atividade


mental sem objetivo, aleatória. Todos vivemos pensando à toa, mariposeando de
assunto em assunto. Esse é fluxo mental inconsciente, no qual a pessoa sequer se dá
conta de que está pensando e em que está pensando.

O fluxo mental consciente possui duas características: não é aleatório e não se dá sem
participação da consciência. A consciência o acompanha, o percebe. No fluxo mental
consciente há contemplação do que acontece na mente. A consciência observa o
trabalho da mente, contempla o desenvolvimento da reflexão, do pensamento único.
Além disso, não há troca do tema da reflexão, a mente não mariposeia de tema em
tema. Portanto, no fluxo mental consciente pensa-se conscientemente em uma só
coisa, até onde se alcance. O fluxo mental consciente é a própria concentração
mental.

Pensar sem palavras

Podemos pensar usando uma linguagem ou idioma interiorizado (a "vozinha"


interior") ou pensar sem recurso idiomático algum. Quando avançamos no
desenvolvimento da concentração, conseguimos pensar e compreender
silenciosamente e sem nenhuma tagarelice interior.

Deixar a mente trabalhar

Deixar a mente fluir é permitir que trabalhe, porém sob nossa vigilância. A mente
trará as informações sobre o objeto.

Contemplar sem interferir

Se a mente está trabalhando dentro do tema proposto, não há porque interferir. O


conteúdo das imagens mentais que vão surgindo não é escolhido por nós, a não ser
que a mente nos traga algo que nos desvie do objetivo proposto. Se quero me
concentrar nos raios do sol, não escolherei as informações que a mente trará, apenas
acompanharei o processo. A interferência somente se justifica quando a mente se
desvia do objetivo proposto, que é compreender o tema.

Reunindo informações

Quando concentramos o pensamento em algo, estamos reunindo todas as informações


conscientes e inconscientes que dispomos na mente a respeito daquilo. Quanto mais
profunda é a concentração, mais informações obtemos. O conhecimento já existe
previamente no interior do homem.

Concentração do pensamento e concentração no que se faz

Assim como, no dia a dia, temos que contemplar conscientemente o que fazemos para
não cometermos erros, não nos acidentarmos etc. do mesmo modo temos que
contemplar os pensamentos quando, durante a prática da concentração, todas as
atividades motrizes cessam.

Se estou dirigindo um carro, tenho que estar contemplando conscientemente tudo o


que esteja relacionado ao que estou fazendo, para evitar acidentes. Do mesmo modo,
quando estou com olhos fechados, em relaxamento profundo, tenho que contemplar
conscientemente em que estou pensando, pois a única atividade que resta neste
momento é a mental.

Não há sentido algum em tentar concentrar o pensamento se estamos com o centro


motor ativo. Neste caso, temos que concentrar a atenção no que estamos fazendo para
não sofrermos acidentes, não tropeçarmos, não ferirmos ninguém. Tudo tem o seu
momento correto.

Não devemos confundir, portanto, focalização da atenção com concentração do


pensamento. A atenção pode ser focalizada na atividade motriz, mas pode também
ser focalizada na atividade mental. São duas coisas distintas e cada uma tem o seu
momento. Quando estou com o corpo físico ativo, tenho que prestar atenção no que
estou fazendo. Quando meu corpo físico está em repouso (e, portanto, nada estou
fazendo), tenho que prestar atenção no pensamento que estou desenvolvendo.
Quando estamos trabalhando, passeando etc. o foco da atenção é o que fazemos,
quando estamos deitados ou sentados para meditação, o foco da atenção é o
pensamento único.

A natureza do pensamento único

Muitos pensaram que o pensamento único fosse um pensamento estático.


Confundiram pensamento único com pensamento congelado.

O fato de um pensamento ser único não significa que seja composto por uma única
idéia ou que não flua. Também não significa que as informações não fluam para a
consciência.

O pensamento único é o mesmo pensamento que se tem durante uma distração


comum, porém com a diferença de ser prolongado, consciente, profundo e não
alternante.

Pensamento único e esquecimento

O pensamento único exige o esquecimento e abandono total de tudo o que não seja o
lakhsya (objeto de concentração). O abandono (vairagya) é algo que pode ser
exercitado e desenvolvido indefinidamente. Vairagya é o desligamento, o abandono,
o desapego, o esquecimento do mundo.

Pensamentos maus
Quando pensamos em coisas mundanas e pecaminosas, nossa mente flui facilmente.
Quando tentamos pensar de forma concentrada em algo sublime, o pensamento não
flui com a mesma desenvoltura. A mente flui com facilidade na direção dos desejos
mundanos porque foi adestrada para isso, mas flui com dificuldade em direções
sublimes porque não foi treinada durante a vida.

O pensar concentrado em algo superior é uma função atrofiada, que necessita ser
desenvolvida. O pensar concentrado no mal é uma função hipertrofiada, que
necessitamos deixar de exercitar. Degenerar-se, depravar-se e afundar no lodo da
miséria é algo muito fácil de ser conseguido.

Quando um malvado está pensando detidamente em coisas ruins, está concentrado.


Não é essa concentração que buscamos.

Retirar da vida as situações que alimentam


o desejo

Os problemas existem para que aprendamos a não nos ocupar com eles. Entram em
nossa vida para que aprendamos a neles não pensar, a deixar de percebê-los, de dar-
lhes importância e de prestar-lhes atenção.

Por meio dos problemas da vida horizontal, podemos fortificar nossa capacidade de
não permitir que a mente se desvie dos objetivos maiores e mais elevados. Se os
problemas mundanos não existissem, a concentração e outros atributos, como a
Morte, não se desenvolveriam. Portanto, os problemas são necessários àquele que
quer se elevar espiritualmente.
Deste ponto de vista, retirar problemas e situações da vida não é fugir do ego, mas
parte do trabalho de eliminá-lo. Tirar o alimento dos defeitos inclui não ocupar-se
com situações que lhes são favoráveis e retirá-las da nossa vida.

Não é possível contemplar um objeto de desejo sem desejá-lo e sem alimentar o ego
correspondente, não há tal coisa.

Se você quer matar um desejo, não olhe para o objeto. O objeto do desejo não deve
existir para você. Não preste atenção no objeto fisicamente e nem mentalmente,
retire-o completamente de sua vida e de sua cabeça. Como poderia alguém desejar
algo que desapareceu de sua vida, de suas percepções, de sua mente e de suas
lembranças?

Uma pessoa bem desenvolvida é capaz de atravessar circunstâncias perigosas e


tentações insuportáveis sem permitir que as mesmas entrem em sua vida ou em sua
mente. A chave consiste em isolar-se psicologicamente, enquanto, fisicamente, a
pessoa se expõe a tais problemas. O isolamento psicológico (não-identificação) é
conseguido excluindo-se os objetos da mente e até das percepções. Por isso é
importante aprender controlar os sentidos: não ver e nem ouvir aquilo que nos
prejudica.

Um alcoolátra não resistirá à tentação de beber caso se entretenha contemplando


garrafas. Um fornicário não resistirá à tentação de fornicar caso se detenha
percebendo as formas corporais das mulheres. Quando prestamos atenção no objeto
de desejo, estamos permitindo que o mesmo invada nossa mente. Isso de tentar
observar algo desejável sem identificar-se é um absurdo, pois o ato de contemplar já
implica em identificação, pelo menos no que concerne a seres humanos adormecidos,
perversos e degenerados como nós. Quando não nos identificamos com algo, aquilo
não existirá para nós.
Problemas graves que assolam a mente

A mente é teimosa e pensa constantemente no que não presta.

Quando temos um problema grave, seja uma paixão intensa não correspondida, um
perigo grave que nos ameaça ou algo assim, nossa mente se torna obcecada por
aquilo. A mente pensa de forma intensa no problema e o torna monstruoso. As
tentativas de pensarmos em outras coisas falham, a mente se torna teimosa e pensa
violentamente no problema.

Uma das razões para tal fixação teimosa da mente é a crença de que tais pensamentos
são, de algum modo, úteis ou necessários. A mente crê que, ao pensar no problema,
irá melhorar a situação. Falta à pessoa, em tais momentos, viveka (discernimento
entre o real e o falso).

O fato de pensarmos constantemente em um perigo quando estamos sob ameaça ou


noobjeto de nossa paixão quando estamos apaixonados deve-se a uma falta de
percepção de que tal identificação piora a situação. A realidade é justamente o
contrário do que a mente acredita: quanto mais pensarmos no problema, pior ficará
nossa condição. Mas a mente não crê assim. A mente supõe que pensar seja a solução
e que, por meio do pensar, irá se livrar do sofrimento. Reside aí a primeira causa da
identificação: acreditar que tais pensamentos sejam importantes, úteis e necessários,
ao invés de inúteis, prejudiciais e perigosos. A possibilidade de melhorar a situação
ao abandoná-la mentalmente não é compreendida pela mente, que carece de viveka.
Mediante a meditação, podemos inverter esse processo: nos concentramos, não no
problema em si, mas na concepção equivocada da mente, na absurda valorização do
pensamento obsessivo, refletimos e compreendemos, por fim, que ficar sem pensar
ajuda ao invés de prejudicar.

Uma pessoa gravemente doente pensará constantemente em sua doença, impedindo


ou dificultando sua cura; outra sob ameaça de um processo judicial pensará
constantemente em seus acusadores, imaginará mil coisas relacionadas com aquilo, se
verá na prisão, nos tribunais etc. ficará louco e não conseguirá elaborar com
qualidade sua defesa; alguém que esteja loucamente apaixonado, sofrendo de amor,
pensará de mil formas diferentes em seu problema, traçará planos para conseguir seu
intento, perderá o juízo etc. Tudo porque a mente acredita que pensar no problema
seja a solução.

Em tais estados graves de identificação, torna-se difícil concentrar a mente em algo


distinto do problema, mas é justamente isso que se necessita alcançar. A capacidade
de pensar em algo elevado e não desviar o pensamento daquilo por nada é o que
buscamos e pode nos ajudar muito a enfrentar perigos e situações adversas.

Quem desenvolve o poder de concentrar sua mente em Deus ou algo sublime, a


despeito de tudo o que o ameace, torna-se invulnerável. Perigos, ameaças, tentações e
doenças podem assolá-lo, mas ele estará imune. Nem mesmo a morte o atemoriza,
pois ele aprendeu a não pensar nela. Tal pessoa não permite que nada penetre em sua
mente e faça morada ali, a não ser Deus.

Deste modo, os problemas existem para que aprendamos a não pensar neles, não nos
ocuparmos. Entram em nosso caminho para que exercitemos a capacidade de não
permitir que penetrem em nossa mente. Em certos casos, nem sequer devemos tomar
consciência de que o problema existe.
Há alguns poucos casos em que vale a pena tomar consciência dos problemas, mas na
maioria das vezes isso é prejudicial. Somente a reflexão sincera proporcionará tal
discernimento.

Bem, estamos tratando de uma disciplina mental, mas podemos ir além. Podemos,
mediante o poder da Mãe Divina, chegar a matar aquele que pensa dentro de nós.
Então estaremos mortos para aquele problema.

A singularidade de cada relação

Na vida, temos relações de diversos tipos e com muitas pessoas, coisas e objetos.
Com cada pessoa temos uma relação distinta, que necessita ser trabalhada
especificamente.

As pessoas provocam em nós diversos sentimentos, pensamentos e reações. Temos


que investigar e descobrir o que sentimos em relação a cada uma das pessoas com as
quais nos relacionamos. Uma pessoa me provoca ira, aquela outra me provoca inveja,
outra me faz rir e outra talvez me provoque desejo.

Minha mãe evoca em mim determinados sentimentos, minha irmã outros


sentimentos, meu irmão, meu pai, meus amigos etc. provocam em mim distintas
emoções, reações e comportamentos. Mediante a reflexão, tenho que descobrir o que
cada pessoa provoca em mim.

Nos relacionamos também com acontecimentos, fatos, objetos, animais, dinheiro,


emprego e outras coisas. Todas as relações que tenhamos na vida devem ser
exploradas, analisadas, em busca das reações que provocam em nós. Tudo isso é
parte da compreensão do Eu.
A análise do Ego, visando a compreensão, não deve pautar-se somente pela procura
do que é "feio", "errado", "mau" ou "moralmente inaceitável". Aquilo que parece
"bom" ou inofensivo também necessita ser assimilado, compreendido, pois o delitos
se disfarça muito bem e engana até os mais cuidadosos.

Na análise e observação do Eu, nada pode ser descartado, nada é depreciável. Todas
as reações que os acontecimentos nos provocam merecem ser descobertas,
conscientemente percebidas.

Temos que nos perguntar: "O que sinto diante desta pessoa? E diante dessa outra? E
diante daquela?". Temos que nos tornar conscientes das reações mentais, emocionais,
motrizes, instintivas e sexuais que TODOS os fatos da existência (pessoas, objetos,
acontecimentos, problemas etc. ) desencadeiam em nossa pessoa. Nos detalhes, no
sutil, está a chave. Um complexo sistema resulta sempre da associação de múltiplos
elementos sutis, pequenos. Observando os detalhes, compreendemos paulatinamente
todo o sistema complexo. Teorizações não adiantam, importa perceber fatos. Os fatos
são concretos e definitivos.

Quanto mais nos observamos, mais material teremos para refletir. A reflexão sobre o
Eu deve ser o mais objetiva possível, pautada em fatos reais, vividos, verificados
diretamente, e não em meras elocubrações estéreis.

Portanto, não desprezemos as diversas relações da vida. Cada relação é uma


oportunidade de aprendizado, contém informações que precisamos extrair.

Subaproveitamento do ginásio psicológico

As relações constituem um ginásio psicológico mediante o qual podemos nos


conhecer e descobrir facetas do Ego. Cada situação que nos acomete provoca reações
psicológicas grosseiras e pesadas ou leves e sutis. As situações são como espelhos
que refletem o que somos: a cada fato que nos sucede, determinadas facetas dos
defeitos emergem, aparecem.

Normalmente, desperdiçamos tais oportunidades de auto-conhecimento porque nos


identificamos com o ginásio psicológico e deixamos de perceber o que se passa em
nosso interior. O comum é que os fatos nos aconteçam e passem, sem que os
aproveitemos para descobrir algo novo sobre nós mesmos. Se estamos receptivos ao
Ego, entretanto, percebemos conscientemente que a cada fato exterior sucedem-se em
nós múltiplas reações interiores.

As reações sutis são as mais importantes, do ponto de vista da Morte, pois escondem
aquilo que normalmente não vemos. Quem quer descobrir o novo em si mesmo, deve
observar as reações sutis. Em um ônibus, por exemplo, há muitas reações sutis às
situações e acontecimentos presentes: reações ao motorista, aos demais passageiros,
ao estado em que se encontra o ônibus etc. Em casa, no lar ou no trabalho, temos
múltiplas reações ao que cada pessoa diz ou faz. Normalmente, as múltiplas reações
passam despercebidas porque não lhes damos importância, não as consideramos
dignas de observação cuidadosa. Ao não serem observadas conscientemente,
processam-se de forma inconsciente, reforçam os defeitos, causam muitos danos e
percebemos somente as consequências, quando já estão bem graves. É assim que
ficamos nos debatendo contra a ira, o medo e a luxúria, tentando reprimi-los e
controlá-los ao mesmo tempo em que os reforçamos sem nos darmos conta.

O que sentimos, pensamos e como reagimos perante cada fato ou pessoa precisa ser
percebido conscientemente, de forma sincera, imparcial e sem preconceitos. Se não
procedemos assim, não avançamos no auto-conhecimento.

Como relaxar e entrar no pratyahara

Nem sempre relaxar os músculos é algo tão fácil como parece.


Uma linha de ação interessante consiste em acomodar-nos em decúbito dorsal e
tornar-nos receptivo às tensões e sensações corporais. Vamos percebendo
conscientemente as tensões, dores, coceiras etc. sem resistir-lhes nem tentar controlá-
los, deixando apenas que entrem no campo da consciência e nos
deixem espontaneamente. Vamos percebendo, uma após outra, as sensações
corporais, começando a partir dos pés e gradativamentenos dirigindo até a cabeça.

Não devemos reagir contra as sensações, devemos somente percebê-las. O


relaxamento é uma entrega e a soltura vai se estabelecendo à medida que vamos nos
tornando conscientes do que se passa com o corpo.

Muitas vezes acreditamos estar relaxados, mas nada nos acontece porque existem
tensões inconscientes, das quais não estamos nos dando conta. Temos que
nosconscientizar de tais tensões para nos libertarmos e aprofundarmos o relaxamento.

Tomar consciência das tensões é pré-requisito para relaxar.

Uma vez que tenhamos alcançado o grau de relaxamento satisfatório, podemos passar
à meta de nos libertarmos dos pensamentos. Aqui começa o pratyahara.

Assim como tomamos consciência das tensões musculares com o fim de nos
libertamos delas sem nos opormos, temos agora que tomar consciência do que está se
passando na mente. Passamos a observar a mente, nos dando conta do conteúdo de
cada pensamento, sem entrar em conflito e nem fazer esforço algum para silenciá-los.

Cada pensamento possui seu conteúdo particular, seu tema ou assunto. Tomar
consciência do mesmo promove seu silenciamento. A procissão de pensamentos vai
passando e não tentamos interrompê-la à força, deixamos que passe, sem nos
identificarmos e nem tampouco entrarmos em conflito. Ambos os extremos são
desnecessários e atrapalham.

Quem se identifica com os pensamentos, sonha, fascina-se e adormece normalmente,


perdendo a oportunidade. Quem tenta calá-los à força, envolve-se em um conflito e
fica estancado, preso ao conflito. A mente não silencia pela força e sim pela
compreensão, pela conscientização. O caminho do silêncio é o caminho do meio. Em
um extremo está a fascinação pelos pensamentos, no outro está o conflito com a
mente. Não queremos nenhum dos dois, queremos o silêncio. Não queremos reforçar
os pensamentos e nem tampouco entrar em conflito com eles.

Um obstáculo comum no pratyahara são as reações do observador. Aquele que


observa (a consciência) tende a reagir com agrado ou desagrado aos pensamentos que
vão passando. As reações interrompem o fluxo da prática e a estancam, paralisando-a.
O que necessitamos é simplesmente nos darmos conta e mais nada. Há certa forma
específica de perceber os pensamentos e que consiste em os vermos sem dar-lhes
muita importância, em simplesmente sabermos que estão ali. Se o observador se
preocupar além disso, sua prática irá travar. Observe a mente de forma descontraída e
despreocupada, sem reagir contra e nem a favor das imagens que vão surgindo.

Cada pensamento que vai sendo percebido conscientemente vai nos deixando, até um
momento em que a mente fica calma e pode então se ocupar com o pensamento único
da concentração. Nesta etapa, estaremos totalmente desligados do mundo exterior,
receptivos e abertos somente ao mundo interior. Esse é o pratyahara.

Temos que entender o que é perceber conscientemente um pensamento. Perceber


conscientemente algo é simplesmente dar-se conta, receber sem reação analítica ou
racional, como quando escutamos o som do trovão ou o canto de um pássaro. As
reações analíticas ao pensamento ("Que pensamento é esse? É um pensamento bom
ou mau? Está certo ou está errado? Devo suprimi-lo? Essas imagens pertencem ao
lakshya ou são um desvio?") tomam o seu lugar no fluxo mental e não permitem a
sua passagem, congelando o desenvolvimento da prática. Nesta prática, não é
necessário nos preocuparmos, é suficiente nos darmos conta do que pensamos.

No pratyahara, o observador não reage ao que presencia, apenas testemunha.

Receptividade aos detalhes na auto-


observação

Estar em auto-observação é simplesmente estar receptivo a si mesmo, ao que se sente,


se pensa e se faz no presente. Estar receptivo é não ter resistências, é ser capaz de
contemplar o que se passa, sem tentar “congelar” os processos.

É comum que, durante a auto-observação, tentemos interferir nas manifestações do


Ego, repelindo-as por as considerarmos perigosas ou prejudiciais. O ato de repeli-las
impede sua clara percepção.

Reprimir é um ato automático, resultante de muitos condicionamentos passados,


aplicados por aqueles que se desesperam diante das ameaças de seu próprio
psiquismo. Apesar da boa intenção, o ato de reprimir não resulta em enfraquecimento
do desejo.

Em auto-observação, temos que permitir que os defeitos passem, que cheguem e


partam, que tomem o seu rumo. Somente assim os compreenderemos.

Não devemos nos identificar com os defeitos e nem tampouco bloqueá-los, temos que
simplesmente observá-los. Quem se identifica com os defeitos os fortifica. Quem
tenta bloqueá-los, os represa. Quem quer enfraquecê-los, deve aprender a contemplá-
los de forma objetiva, sem adotar uma postura favorável e nem contrária. O
enfraquecimento resulta da compreensão, não da satisfação e nem tampouco da
repressão.

Quem satisfaz o defeito está identificado, assim como quem resiste. Ambos os
extremos são prejudiciais.

Uma coisa é condenar um defeito a posteriori, concluindo algo após tê-lo observado.
Outra coisa é condenar um defeito a priori, tirando conclusões precipitadas.

Se você se observar com cuidado, verá que reage continuamente a fatos externos
aparentemente sem importância. Em tais reações sutis se escondem os detalhes ou
facetas do Ego que necessita compreender. Observar as pequenas reações é a chave
para trazer à consciência as partes ocultas do iceberg do Ego.

De nada adianta tentar enfraquecer um desejo se não removemos seus sutis canais de
alimentação.

Fazer-se consciente de algo é dar-se conta do que antes não era percebido. Não nos
tornamos conscientes das partes ocultas dos defeitos se não as observamos em ação.
As porções ocultas do Ego não estão inativas, estão em atividade, atuam no dia a dia,
apesar de não as percebermos. E não as percebemos porque o holofote de nossa
consciência não está direcionado aos detalhes, não está focado nas manifestações
pequenas, evocadas pelos fatos sutis e sem importância do cotidiano.

A chave para a Morte não é reprimir e nem satisfazer, é observar o desimportante, os


detalhes.

Se somos sacudidos por manifestações violentas e brutais, é simplesmente porque


anteriormente permitimos que manifestações sutis, tênues e leves tomassem corpo e
se fortificassem. O fato está indicando que nossa consciência não detectou as
manifestações sutis correspondentes ao desejo violento. Nelas está a chave para
derrubarmos o inimigo. De nada adianta tentar derrubar o gigante, melhor é prestar
atenção em suas vias de alimentação. Sejamos como o Leão que, ao invés de olhar
para a madeira que foi lançada, como faz o cão, procura imediatamente quem a
lançou. Não corramos atrás da madeira.

As pessoas temem estar receptivas ao Ego, acreditam que ficarão tomadas e perderão
o controle. Na verdade, a perda do controle sobrevém quando nos identificamos ou
quando reprimimos.

Estabelecer-se no Ser e na Essência

Os momentos de fracasso, as noites espirituais, são momentos em que nos afastamos


de Deus, do nosso Ser.

Quando deixamos de viver em Deus, de orar, de buscar, de nos preenchermos com


pensamentos divinos, sobrevém a noite como consequência do afastamento.

O desenvolvimento espiritual requer envolvimento constante com nossas partes


superiores. O fascínio pela matéria nos afasta de Deus.

Momentos de alegria mundana, pecaminosa, nos iludem e nos confundem. Então


acreditamos que a felicidade está na matéria, nos sentidos, nos prazeres terrenais e
nas tentações.

Quem quer desenvolver-se necessita envolver-se constantemente com Deus. Os


momentos de maior alegria mundana são justamente os momentos em que mais
necessitamos dEle. E os momentos em que mais necessitamos dEle são aqueles em
que O esquecemos.

As falhas, brechas, na devoção correspondem a aberturas por onde o fascínio da


matéria penetra. Quem quer espiritualizar-se não pode ter brechas, não pode dar
aberturas.

Ser devocional a todo momento nada tem a ver com reprimir a natureza mundana, são
coisas distintas. A não-repressão do ego não serve como desculpa para sermos
desleixados na devoção. A não-repressão também não serve como desculpa para a
fascinação e nem para alimentarmos pensamentos pecaminosos. Sim, devemos
observá-los de forma imparcial, deixando que aflorem espontaneamente, mas de
modo algum reforçá-los em nossa natureza. Recusar alimento ao Ego não é reprimi-lo
e é algo que deve ser levado até as últimas consequências.

Todos aqueles que fracassam, fracassam porque reforçam o inimigo que almejam
enfraquecer. Enfraquecer e reforçar são coisas antagônicas. Quem quer enfraquecer o
Ego não pode reforçá-lo.

Se a suspensão da alimentação não for levada até as últimas consequências, o Ego


ressurge das cinzas e triunfa. Recusar alimentos ao Ego não é conflitar com os
desejos, éadotar uma estratégia distinta da repressão.

Muitas vezes alimentamos os defeitos sob a desculpa de que não devemos reprimi-
los.

Temos que entender que reprimir é tentar controlar ou deter o desejo com o qual
estamos identificados. Quando rompemos com a identificação e nos observamos para
descobrir por onde o estamos alimentando, cortando a fonte de alimentação em
seguida, não o estamos reprimindo mas sim enfraquecendo. Enfraquecer é diferente
de reprimir. A repressão não enfraquece, apenas desvia e represa.

A morte dos detalhes ou facetas dos defeitos não é realizada por nós e sim pela
Divina Mãe Kundalini. Nós os descobrimos e Ela os mata. Quem os enfraquece é a
Mãe Divina e não a essência e nem tampouco a mente.

Isso deve ser fixado e ficar gravado definitivamente em nossa consciência: a


suspensão da nutrição de um defeito deve ser levada até às últimas consequências.

Não é possível combinar a Morte com o hedonismo. Não é possível morrer enquanto
se satisfaz os desejos. Um defeito que está sendo constantemente satisfeito não
morrerá. Por meio da satisfação, os desejos colhem energia. A não-repressão não é
desculpa para satisfazer.

A confusão do Ego

O ego confunde e atrapalha a compreensão. Muitas vezes não entendemos como se


morre e não sabemos o que fazer, nem porque estamos errando, onde estamos
falhando. Há momentos em que absolutamente não entendemos como se
realiza corretamente a Morte. Em tais momentos, abrimos as brechas e alimentamos
os defeitos.

Quando cortamos a alimentação, pode se dar o caso de acharmos que estamos


reprimindo o desejo e que devemos satisfazê-lo um pouco, "para não engolir". A
confusão é um mais mecanismo de sobrevivência do Eu.

Impotência da ciência
Nem os neurocientistas, nem os filósofos da mente, nem os psicólogos e nem os
psiquiatras sabem o que fazer com as emoções e desejos. Entre eles não há sequer um
consenso a respeito do que sejam as emoções, os desejos e a mente. Eles sabem que
reprimir é mau e que satisfazer é igualmente mau, mas não conhecem o terceiro
caminho.

Desligar-se

Cortar a alimentação é retirar de nossa vida tudo o que se relacione ao desejo.


Contemplar mentalmente ou fisicamente o objeto de desejo é a forma mais comum de
alimentá-lo. Pensar em algo é alimentar aquilo dentro de nós.

Por meio da auto-observação, descobrimos as múltiplas formas de alimentar o desejo


e as retiramos de nossas vidas, sempre por meio da oração à Mãe Divina.

O poder do pensamento

Aquilo em que pensamos constantemente toma força em nossa vida. Se pensamos em


mulheres e sexo, nos tornamos fornicários. Se pensamos em vingança, no mal que
nos fizeram etc. nos tornamos agressores. Do mesmo modo, se pensamos em Deus,
nos tornamos devotos. Aqueles que pensam na castidade, e não na luxúria, se tornam
castos e puros. Não pensemos na luxúria, nem mesmo para maldizê-la ou dela
reclamar. Nos ocupemos com a castidade. Não pensemos no ódio, nos ocupemos com
o amor, com o altruísmo.

Embora tenhamos que compreender o Ego, nosso centro de gravidade deve


estabelecer na Essência.
A mente, em si, não é boa e nem má. É uma força que pode nos conduzir para cima
ou para baixo, conforme a utilizemos. Quem quer ir para cima deve pensar em coisas
elevadas, quem pensa em coisas degradantes vai para baixo.

De nada adianta entrarmos em conflito com os pensamentos maus, melhor é


desenvolvermos em nós os pensamentos bons, por meio da concentração e da
meditação.

Devemos abandonar o mal, para isso existem a auto-observação e a Morte em


Marcha. Quem pensa constantemente no mal, seja para censurá-lo ou não, o está
nutrindo dentro de si. Por meio da auto-observação, descobrimos todas as formas
pelas quais estamos ligados ao mal, os canais por onde o alimentamos. Por meio da
oração, cortamos o vínculo, pois deixamos de alimentá-lo.

Fixar-se no trabalho de não


Alimentar

Aquilo que estimulamos e cultivamos em nossa alma, toma força e se desenvolve,


seja bom ou mal.

Atos e pensamentos insuspeitados cultivam valores e tendências, virtuosos ou


defeituosos.

Convém aplicar a auto-observação sob a perspectiva do reforço, perguntando-nos: "o


que estou reforçando agora, com este ato, fala ou pensamento?". Quando nos
mantemos em expectativa contínua a respeito do que podemos estar alimentando,
descobrimos milhares de detalhes dos nossos defeitos. Todo defeito se alimenta pelos
detalhes da conduta.
Quando pensamos em algo, visualizamos imagens na tela de nossa mente. As
imagens visualizadas, quando nos identificamos, poderão reforçar desejos. Os
pensamentos são a principal, mas não a única, forma de darmos energia aos egos.

Estarei reforçando um desejo se me entreter "curtindo" o prazer de contemplar a


imagem física do objeto ou a imagem mental do objeto. Reforço a luxúria quando
fico olhando para mulheres lindas e desejáveis, mas também quando penso nelas. Em
ambos os casos há um certo prazer mórbido, uma sensação prazeirosa que vicia e nos
torna impotentes.

Se fico pensando em determinada situação, identificado com as múltiplas imagens


que desfilam em minha mente, reforçarei alguns defeitos relacionados àquilo. Se
cultivo pensamentos a respeito de meu inimigo, reforçarei o ódio, a ira e outros
defeitos aparentados.

Temos que nos fixar na compreensão de que o fundamental, na Morte do Ego, é


suspender a nutrição. Quem medita em determinado defeito com o intuito de
compreendê-lo, mas não deixa de alimentá-lo em outros momentos, está andando em
círculos, não pode avançar, pois está sabotando o seu próprio trabalho.

As formas de alimentarmos um defeito são inúmeras, mas não as vemos todas porque
são inconscientes. A auto-observação permite jogar luz nas trevas da inconsciência.

Podemos reforçar um defeito por meio de pensamentos, mas também por meio de
falas, atitudes, movimentos, formas de vestir, olhares, tons de voz etc.

Vejamos um exemplo. Você estará reforçando a luxúria quando:

1. contemplar as mulheres desejáveis;


2. conversar maldosamente sobre sexo com um amigo;
3. pensar em sexo;
4. assistir filmes pornográficos;
5. cultivar fetiches e fantasias sexuais.

Os fracassos no maithuna e na transmutação da energia resultam do cultivo anterior


da luxúria, são o seu produto final. Tentar reverter o produto final sem modificar os
fatos que o originam é infrutífero. Os sintomas servem para chegarmos às causas,
assinalam a origem, mas não devemos nos ocupar com os sintomas e nem tentar
revertê-los, temos que atuar sobre as causas (estou me referindo agora às causas de
manifestação neste mundo tridimensional e não ao Eu-causa). Atuamos sobre as
causas quando aplicamos a Morte em Marcha.

Mas para atuarmos sobre as causas temos primeiramente que descobri-las e as


descobrimos por meio da auto-observação. Neste texto, causa é sinônimo de canal de
alimentação, os canais de alimentação são as causas às quais estou me referindo.

Quando nos mantemos receptivos, percebemos se determinados atos ou pensamentos


estão ou não reforçando algum defeito. Não basta simplesmente descobrir um defeito,
temos que descobrir por onde o alimentamos, como o cultivamos.

Cultivamos o Ego sem nos darmos conta, pois vivemos distraídos com as coisas
mundanas e não prestamos atenção em certos pormenores cruciais da nossa vida
psicológica.

Sofremos muito com os diversos desejos, emoções negativas e defeitos mas,


paradoxalmente e de forma absurda, os alimentamos a todo momento.

Há defeitos violentos, muito fortes, que nos sacodem e arrastam, parecem todo-
poderosos. São defeitos que estão exageradamente arraigados em
nossa personalidade porque foram alimentados de forma intensa e descomunal. De
nada adianta nos debatermos, o indicado é suprimir a alimentação e aguardar o
enfraquecimento.

Embora reprimir seja contra-indicado, temos que aprender a viver "fora do Ego" e
não dentro dele. Vivemos dentro do Ego quando estamos identificados. Quando nos
identificamos com o Ego, nos tornamos indistintos. Em tais situações, ou o
satisfazemos ou o reprimimos. É, porém, uma ilusão acreditar que os desejos
reprimidos não se satisfarão por canais alternativos. Em casos extremos, os desejos
reprimidos se satisfarão através da somatização de doenças.

O trabalho com os canais de alimentação (que são os detalhes do Ego) é fundamental


e não pode ser abandonado. Aquele que almeja morrer e abandona este trabalho, se
desvia para os labirintos da confusão. Nos momentos de desorientação e tentação
rigorosas, temos que nos recordar deste trabalho, que é o nosso guia fundamental.

Há pessoas sinceras que gastam o tempo correndo atrás dos seus próprios defeitos,
sem se darem conta de que assim os estão fortalecendo. Quem almeja se libertar dos
próprios defeitos, deve deixar de alimentá-los, o que inclui não pensar nos mesmos,
ainda que seja para condená-los e recriminá-los. Podemos pensar em um defeito de
forma favorável ou desfavorável, para justificá-lo ou para condená-lo. Em ambos os
casos estaremos identificados e o alimentaremos.

O Ego é uma masmorra

O Ego é análogo a uma caverna prisional ou masmorra.

A Morte do Ego é parecida com o ato de sair de uma masmorra ou caverna prisional
escura, húmida e fria. Dentro da caverna nos sentimos mal e quando saímos dela nos
sentimos bem, porque há luz, pássaros, ar fresco, liberdade etc. Não podemos
desfrutar a beleza de fora enquanto estivermos dentro da caverna. Quem está morto
em si mesmo, está fora da luxúria, da ira, da cobiça etc. Quem está morrendo, está
dando passos para fora da caverna.

Imaginar que se possa dissolver o Ego mantendo-se identificado com ele é tão
absurdo quanto supor que alguém possa estar fisicamente livre sem sair da prisão.
Quem está morrendo, passa a ver os atrativos da luxúria, da ira, do ódio etc. como
algo estranho, que não lhe pertence, pois não se identifica com aquilo. As tentações
atraem, mas aquele que está morrendo vê as tentações como algo que lhe é estranho e
não como algo que lhe pertence. Ainda que se sinta atraído, verá as atrações como
algo invasivo, algo que se intromete em sua vida e, à medida que avança na
compreensão, cada vez mais se dissocia daquilo para não voltar. Neste sentido, a
Morte é um abandono.

Imagino que um anjo ou uma hierarquia celestial talvez nos vejam com total
estranhamento, horror e piedade, como criaturas nas quais eles não gostariam de se
converter de modo algum. Eles estão fora da caverna.

Muitas pessoas querem eliminar o Ego sem abandonar o prazer da identificação.


Estão agindo como se quisessem viver fora da caverna mas se recusassem a sair dela,
estão agindo contraditoriamente.

A identificação causa um certo prazer: prazer de vingar-se quando sentimos ódio,


prazer mórbido quando sentimos luxúria, prazer de ter dinheiro quando sentimos
cobiça. O prazer resulta da identificação. Quem está identificado, não pode sair da
caverna. Estar identificado, é estar dentro da caverna. A identificação aprisiona. Não
é possível eliminar o Ego e ao mesmo tempo continuar desfrutando dos prazeres da
luxúria, da cobiça, do ódio, da preguiça, da gula...
O Ego é algo sensorial, proporciona prazeres sensoriais. Manter-se desfrutando das
sensações do Ego é fortificar as correntes que nos prendem à caverna.

Estamos presos à caverna do Ego quando nos identificamos com os processos


psicológicos.

Se você não entrou em certas cavernas, sugiro que não entre, pois será difícil sair. Se
você já entrou, sugiro que saia, pois isso e perfeitamente possível quando se conhece
a forma.

Entrar em processo de identificação com pensamentos, sentimentos ou algo físico é


entrar na masmorra.

Sofremos porque nos identificamos com os fatos desagradáveis.

Aquele que vai morrendo em si mesmo, vai deixando de se envolver com fatos
tentadores ou perturbadores, passando a tratá-los como algo distinto de si mesmo,
algo alheio, distante e que não lhe diz respeito. Se apartará das tentações e problemas
e os perceberá como algo distante. Ao ver as pessoas envolvidas em confusões,
brigas, fornicações, orgias e festins, não se identificará e nem se misturará. Não
sentirá mais curiosidade em conhecer ou experimentar as sensações provocadas por
tais fatos. Dirá para si mesmo: "Não quero sentir o mesmo que eles estão sentindo e
nem quero mais me recordar das sensações que se tem em tais situações".
Compreenderá, cada vez mais, que as pessoas estão em estado de alucinação e
loucura, fascinadas pela mentira do mundo ilusório de maya. A identificação estará
sendo rompida.

1.
O que é "identificar-se"?
Os Veneráveis Mestres Samael e Rabolú nos falam constantemente sobre o problema
da identificação. Ensinam que não devemos nos identificar com as coisas da vida e
nem tampouco com os egos. É um tema que merece maior explicação pois muitas
pessoas não o compreendem bem.

O que é "identificar-se com algo"? Temos que analisar a questão etimologicamente.


A palavra "identificar" significa "encontrar". Portanto, "identificar-se" significa
"encontrar-se" e "identificar-se com algo" significa "encontrar-se naquilo". Ora,
"encontrar-se em algo" significa perder a noção da distinção entre sujeito e objeto,
significa confundir-se com o objeto. Quando nos identificamos com alguma coisa,
deixamos de perceber o que somos e não nos separamos do objeto da identificação.
Quem está identificado, está unido. Quem não está identificado, está separado,
dissociado. Identificar-se é misturar-se, confundir-se. Identificar-se é, também, entrar
em sintonia, entrar na frequência, sintonizar-se, vibrar em consonância com algo.

Podemos nos identificar com objetos externos (pessoas, fatos, problemas, corpo
físico, doenças etc.) ou com objetos internos (pensamentos e emoções), podemos nos
identificar com objetos físicos ou psicológicos.

A identificação ocorre sempre pela fascinação. O que é fascinação? É o sono


hipnótico da consciência. Fascinar-se é deixar-se hipnotizar, ficar deslumbrado,
atraído irresistivelmente por algo a ponto de esquecer-se de si mesmo. Quando nos
esquecemos de nós mesmos, nos identificamos com o objeto.

Nos identificamos com as coisas da vida porque nos deixamos fascinar. A fascinação
e a identificação estão intimamente relacionadas mas não são a mesma coisa. A
fascinação provém da força hipnótica emanada do órgão kundartiguador e que
confere um caráter atraente e irresistível aos objetos. A identificação é a indistinção, a
perda da noção de diferença entre o que somos e aquilo que nos fascina. A fascinação
é o deslumbramento e a identificação é a indistinção. Ambos coexistem intimamente
o tempo todo.

O meio de resistir à fascinação é a prática da recordação de si. A recordação de si


rompe a identificação entre sujeito e objeto. Quando nos recordamos de nós mesmos,
recuperamos a compreensão da diferença entre o que somos e o que é o objeto da
fascinação. Quem está identificado, está obrigatoriamente esquecido de si mesmo,
não se recorda da distinção. Recordar-se de si é romper os fios de fascinação que nos
mantém unidos aos objetos.

Recordar-se de si não é recordar-se do Ego e sim recordar-se da Essência (e, por


extensão, do Ser), é sentir o que temos de mais elevado dentro.

A recordação de si é indispensável para a auto-observação pois, se não nos


recordamos de nós mesmos, não conseguimos nos dissociar dos fatos fascinantes para
observá-los. Observar é contemplar, como poderíamos contemplar o que vai se
processando dentro de nós se nos mantivéssemos distraídos, fascinados, com os fatos
da vida ou com nossas emoções e pensamentos? Quem está distraído não está
observando, a observação requer que não haja distração.

Passamos os dias fascinados e esquecidos de nós mesmos. Vemos algo interessante e


deixamos que arraste nossa atenção para aquilo. Esse é o sono da consciência. Nosso
percentual de essência livre está passivo, sujeito aos 97 por cento de Ego, devido à
fascinação. Conforme aperfeiçoamos a prática da recordação de nós mesmos, vamos
recolhendo os percentuais dispersos de essência livre para utilizá-los nas práticas de
meditação e de Morte do Ego. Na meditação, os reunimos e exercitamos, para que se
tornem mais resistentes, robustos e eficientes.

Podemos nos identificar com uma briga, com pessoas sexualmente atraentes, com
alimentos saborosos, com roupas caras, com programas de televisão, com filmes etc.
Podemos nos identificar também com nossos defeitos, com os pensamentos, com os
desejos, com os impulsos, com lembranças, com fantasias, com medos etc. O ideal
seria que nos separássemos de tudo isso e os percebêssemos de fora, com algo
distinto de nós e alheio ao Ser.

Não estamos conscientes da maior parte das fascinações que sofremos. Percebemos,
conscientemente, apenas uma pequena fração das identificações. Vivemos
identificados com as coisas de dentro e de fora e não sabemos disso. Acreditamos, em
nossa ingenuidade, que estamos despertos.

Quem se identifica com o Ego não pode eliminá-lo porque está lhe fornecendo
energia. O Ego colhe energia dos centros da máquina por meio das identificações. Os
detalhes do Ego são milhares de identificações pequenas e sutis, às quais não
conferimos importância por nos parecerem inocentes, inofensivas e até necessárias.

Sintonizar-se com um defeito é algo parecido com sintonizar uma estação de


rádio. Aquele que entra na frequência dos seus defeitos não consegue livrar-se dos
nefastos resultados. Uma vez sintonizados, o defeito nos "prende" à sua forma de ver
o mundo, nosso ponto de vista adquire um colorido específico que condiciona nossa
consciência.

Tenho visto alguns psicólogos sugerirem às pessoas que se identifiquem "um pouco"
com seus desejos, com o intuito de "conhecê-los melhor". A pessoa deveria "deixar-
se atingir" pelos desejos sem deixar-se dominar por eles. O pressuposto equivocado
nessa idéia é o de que é possível identificar-se sem perder a consciência, o que é
totalmente falso. Remover a repressão não é mesmo que deixar-se tomar pelo desejo.

Esses conceitos não devem nos confundir e nem perturbar nossa prática, destinam-se
apenas a um melhor entendimento e visualização concreta do que é ensinado.
Sobre o silêncio mental

No capítulo 3 do livro "A Revolução da Dialética", o V.M. Samael nos dá preciosas


informações a respeito dos pensamentos que atrapalham a meditação. Informações
sobre este mesmo tema também estão dispersas em outros capítulos do mesmo livro e
em outras obras.

No capítulo em questão, intitulado "Mo Chao", nos é ensinado que a mente não se
aquieta pela força e sim pela compreensão. Tentarei aprofundar alguns pontos do
capítulo aqui.Não tratarei agora da concentração, da meditação. Estarei me referindo
aos pensamentos invasivos que atrapalham tais práticas e insistentemente voltam
mesmo quando nos desviamos deles e focamos a atenção em nosso lakhsya (o alvo da
concentração).

Tentar aquietar a mente violentamente, arbitrariamente, origina conflito interior. A


quietude da mente não resulta do conflito mas da aplicação do correto procedimento
silenciador. Aquele que tenta silenciar os pensamentos pelo mero esforço bruto, está
entrando em conflito com a mente e, havendo conflito, não haverá paz. Buscamos a
paz mental e não o conflito com a mente. Não queremos um aumento dos conflitos
interiores.

Buscamos a paz interior e o silêncio mental. O silêncio resulta espontaneamente da


aplicação do procedimento correto e é possível somente quando o Ego se ausenta. O
silêncio não resulta de um esforço repressor sobre os pensamentos, como muitos
principiantes acreditam.

Normalmente, o primeiro impulso daquele que se dá conta da necessidade de acalmar


os pensamentos é tentar amarrá-los arbitrariamente. Este é um procedimento
equivocado porque é repressor. Reprimindo-se a mente não se consegue aquietá-la. O
procedimento correto e silenciador é outro, totalmente distinto. O caminho para a
quietude é completamente diferente da mera e arbitrária repressão.

Reiteradas vezes o V.M. nos diz que os pensamentos silenciam quando os


compreendemos. E o que é compreender um pensamento? Compreender um
pensamento é, entre outras coisas, compreender o seu conteúdo e suas metas.

Cada pensamento possui uma meta própria (carga de libido), sendo, portanto,
tendencioso. Se analisarmos a meta de cada pensamento, vemos que aponta para um
lado, para uma direção específica. Como a toda direção existe uma direção oposta,
resulta então que o processar dos pensamentos é um batalhar de antîteses. Todo
pensamento tem o seu contrário e o silêncio advém quando nos damos conta de
ambos os lados.

Se estudarmos o conteúdo e as metas de um pensamento, chegaremos


inevitavelmente à conclusão de que o mesmo, no fundo, é absolutamente
desnecessário. O pensamento desaparece quando compreendemos sua inutilidade.

Conforme os pensamentos vão surgindo, devemos contemplá-los, empenhando-nos


por compreendê-los. Compreender um pensamento não é raciocinar a respeito do
mesmo, é simplesmente fazer-se consciente do que ele traz, do que contém, do que
quer, do que almeja, do que deseja e muito mais. É recolher informações sobre o
mesmo. Quanto mais informações se tenha, maior compreensão se conseguirá.
Quando se compreende profundamente um pensamento, conclui-se que o mesmo é
inútil, desnecessário. Neste momento, o pensamento nos abandona.

Ao invés de rechaçarmos o pensamento, temos que recebê-lo, porém sem


identificação. Se ficarmos identificados com o pensamento, saboreando-o e curtindo-
o, o fortificaremos ainda mais.
A postura diante dos pensamentos deve ser imparcial: nem os rechaçamos e nem nos
identificamos. Temos que alcançar uma postura neutra, em que não os rejeitamos e
nem os adotamos, simplesmente os observamos enquanto fluem e os vamos
compreendendo.

Esta é a prática do pratyara, que conduz à total abstração dos sentidos, ao


desligamento sensorial. Aplicar um pratyara é praticar a auto-observação sobre o
centro intelectual.

Uma vez em postura correta (asana) e profundamente relaxados, passamos a


contemplar os pensamentos e a nos fazermos conscientes de cada um. Os
pensamentos passam em procissão, um após o outro. À medida que desfilam,
simplesmente nos damos conta dos mesmos: em que estamos pensando? Após um
pensamento passar, virá outro e depois outro, todos encadeados.

Os pensamentos formam cadeias, por associação. Se os vamos compreendendo,


começam a surgir rupturas momentâneas em tais cadeias, até um momento em que o
desfile das formas mentais se esgota.

O silêncio interior que buscamos é o esgotamento do processo racional e não a


paralisação mental pela força.

O hábito de rechaçar e reprimir os pensamentos não conduz à compreensão e nem ao


silêncio, simplesmente oculta e submerge a atividade mental nas profundidades do
inconsciente. Melhor que isso é tomarmos consciência do que estamos pensando.
Durante a prática, temos que descobrir em que é que estamos pensando, perguntar-
nos: "Em que estou pensando agora? Em minha irmã? Em minha noiva? Em meu
carro? Em meu trabalho?"
Saber em que se está pensando é fundamental para se conseguir alcançar a quietude.

Não se compreende algo quando se o rechaça. Quem quer compreender um


pensamento rechaçando-o, está cometendo auto-sabotagem.

Todo pensamento é dualista, pois é tendencioso. Se é tendencioso, opta por um polo,


por um lado de um par de opostos. Se penso em minha noiva, meu pensamento com
certeza estará carregado de valor, positivo ou negativo. Pode ser que eu sinta raiva,
ciúmes, saudades, desejo, orgulho ou vergonha. O que essa noiva está significando
para mim neste momento? Seja qual for o sentimento embutido no pensamento, será
uma polarização. E o seu contrário será o seu pólo oposto. À medida que compreendo
um pólo, o ultrapasso e minha compreensão chega ao pólo oposto. Quando
compreendo ambos os pólos, chego à síntese e me liberto da tendenciosidade. Então,
o pensamento se esgota, se retira, pois o ego que o emitia se aquietou.

O erro de conflitar

Um dos erros comuns que cometemos é acreditar que os egos enfraquecem por um
mero esforço de vontade no sentido de não sentirmos o que sentimos. Basta um mero
descuido e já estamos lá, tentando segurar e reprimir as emoções ao invés de observá-
las.

Somos condicionados, durante a vida, a reprimir. Ninguém nos ensinou o caminho da


observação e da Morte em Marcha. Acreditamos que reprimir enfraquece. Tememos
o afloramento espontâneo dos defeitos porque cremos que ficaremos tomados,
possessos (na verdade, isso somente acontece quando nos identificamos).
Desconhecemos que a observação aliada à oração proporcionam alívio e detém os
assaltos, não por mero bloqueio, mas por verdadeira assimilação e por autêntico
enfraquecimento.
O caminho para enfraquecer os tormentos e tentações interiores é a capacidade de
aceitá-los conscientemente e não o mero esforço bruto, feito de qualquer maneira,
para contê-los.

Nos envolvemos em conflitos infindáveis com o Ego porque acreditamos que a Morte
é conflito e não esquecimento. Conflitamos porque queremos "matar o inimigo", mas
o inimigo não morre, simplesmente fica mais forte e ataca mais furiosamente, pois
não temos o poder de matar nenhum defeito. O ser humano não tem o poder de
dissolver um desejo ou impulso, tem somente o poder de ocultá-lo de si, empurrá-lo
para outros níveis da mente (recalque) ou então de observá-lo, analisá-lo e
compreendê-lo sem identificação. Somente a Mãe Divina tem o poder de desintegrar
atomicamente os egos. Portanto, deixemos esta tarefa para Ela e não façamos
esforços inúteis. Façamos a nossa parte: observar incansavelmente e pedir. O resto
acontece.

A observação de si mesmo deve ser constante, sincera, desprovida de preconceitos e


de condicionamentos. No início, a auto-observação é muito condicionada e viciosa.
Com o avanço da prática, torna-se mais e mais abrangente, eficiente e livre. A
faculdade da auto-observação se desenvolve com a prática constante.

Temos que tomar o cuidado de não transformar a auto-observação em problema ou


obsessão. Observar-se é ser receptivo e não ansioso por ver algo.

2. Ginásios desperdiçados

Por estarmos adormecidos, deixamos de descobrir muitos detalhes ao não


aproveitarmos corretamente o ginásio psicológico. Normalmente, nos identificamos
com o ginásio e robustecemos ainda mais os egos ao invés de estudá-los. O ginásio é
faca de dois gumes.
A todo momento, em relação com as pessoas e situações, devemos estar alertas,
perceptivos e receptivos ao que estamos sentindo em relação aos fatos que nos
acontecem. A pergunta-chave é: "O que estou sentindo agora, diante disto que está
acontecendo?" Aí estão as facetas dos defeitos, por onde os mesmos se nutrem.

O ginásio psicológico é como um espelho que reflete o que somos. Por meio do
ginásio, descobrimos o novo em nós.

O julgamento antecipado dos defeitos

Por mais incrível que possa parecer, o sentimento de culpa impede a essência de se
libertar do defeito correspondente. O sentimento de culpa turva a observação,
tornando-a tendenciosa. É por isso que temos que lutar contra o bem e contra o mal.

Se eu tenho, por determinado defeito ou pecado, sentimentos negativos, não serei


capaz de compreendê-lo, ficarei estancado, pois tais sentimentos me impedirão de
observá-lo com clareza, objetividade e imparcialidade.

Se alguém quiser compreender um defeito, deve ser capaz de observá-lo


imparcialmente. Somente assim se fará consciente da verdadeira natureza do mesmo.
O verdadeiro teor de um fenômeno qualquer, seja interior ou exterior, somente advém
a nós se o observamos desapaixonadamente, sem idéias preconcebidas.

Interessa-nos captar o defeito tal qual é, o que não será possível se o condenarmos
antecipadamente, se observarmos sob a perspectiva de que "não presta", "é ruim",
"vergonhoso" ou algo assim. Por mais bonito e politicamente correto que possa
parecer, o ato de condenar "coisas erradas" antes de conhecê-las bloqueia o seu
conhecimento.
Uma coisa é supor ou acreditar, sem ter consciência alguma, que um comportamento
é errado. Outra coisa é fazer-se consciente de que o mesmo é prejudicial. Você fala
mal da luxúria mas...será que sabe realmente do que está falando? Você tem plena
consciência de que a fornicação é prejudicial ou está somente repetindo o que ouviu
de algum mestre? Você realmente sabe que ela é nociva ou somente acredita nisso
porque te ensinaram? Pergunte a si mesmo e responda com a maior sinceridade que
conseguir.

É tão prejudicial condenar um comportamento sem conhecê-lo quanto absolvê-lo em


tais condições. Aquele que não experimentou não sabe nada e não pode atestar nada.

Faça um levantamento dos defeitos mais vergonhosos que você possui, aqueles que
você não deixa ninguém saber (todo mundo os tem, te asseguro). Agora me responda:
Você realmente tem uma experiência consciente com eles? Ou você simplesmente os
considera maus, sem ter experimentado conscientemente tal maldade? Já os sentiu
conscientemente em plena ação? Em seguida, analise-os e observe-os
imparcialmente, sem condenação e nem justificativa antecipada alguma.

Despertar a consciência é uma questão de ter coragem de encarar a verdade sem sair
correndo dela, de encarar o pecado sem tentar afugentá-lo. Não tenha medo, sua
consciência e o seu Ser te protegerão. Alguém poderia condenar um réu antes de
estudar seu caso, sem provas e sem nenhum embasamento? O que diríamos de uma
pessoa que condenasse outra sem prova alguma, somente porque alguém a acusou? É
exatamente isso o que fazemos com nós mesmos e por isso é que não nos
compreendemos.

A chave para a Morte é a compreensão e a compreensâo não advém aos precipitados


que se auto-condenam somente por gosto e costume. Outra coisa, muito diferente,
seria condenarmos um defeito DEPOIS DE O TERMOS OBSERVADO,
ANALISADO E JULGADO PROFUNDAMENTE.

Observando os detalhes nos centros

Não é muito fácil observar os detalhes do Ego em ação. Eles surgem de forma
inesperada e, por causa de sua sutileza, passam sem serem notados. A natureza sutil
dos detalhes os torna difíceis de serem enxergados, a menos que os observemos
intencionalmente.

Nos cinco centros da máquina se processam sutis manifestações do Ego ao longo de


todo o dia. Normalmente, não as vemos por serem manifestações pequenas (leves), o
que nos leva a considerá-las sem importância.

A natureza sutil dos detalhes é o seu meio de disfarce. Entenda-se por "natureza sutil"
o caráter leve, tênue e fraco de uma manifestação. Uma manifestação sutil é o oposto
de uma manifestação grosseira, pesada, densa e facilmente visível. Como nosso
sentido de auto-observação está atrofiado, enxergamos as manifestações do Ego
somente quando são violentas e estão causando um grande estrago.

Dito de outra maneira, as manifestações sutis são as manifestações pequenas e as


grosseiras são as manifestações grandes.

As manifestações leves acontecem centenas de vezes durante o dia. Temos o hábito


de focar a atenção somente nas manifestaçõeos violentas e, ocupados com estas, não
vemos as manifestações leves, as negligenciamos.

Uma manifestação leve quase não provoca mal estar algum, quase não é sentida. Não
obstante, fornece alimento para as violentas manifestações de egos maiores.
Cada detalhe é um pequeno ego, uma pequena faceta. Vejamos exemplos: uma leve
irritação com algo ou alguém, daquelas que quase não se sente, é um detalhe; uma
leve excitação sexual, daquelas que quase não nos alteram, é outro detalhe.

Em todos os cinco centros ocorrem manifestações leves dos nossos defeitos.

No centro intelectual é comum que ocorram pensamentos que parecem desvinculados


de qualquer defeito e aparentam ser inofensivos, mas que na verdade alimentam
vários egos grosseiros e perigosos. Pequenas atuações do Ego neste centro surgem a
todo momento durante o dia e não lhes damos importância, por nos parecerem
bobagem.

No centro motor ocorrem, a todo momento, certos movimentos e atos que


desprezamos por considerá-los inofensivos e não relacionados a defeito algum. Tais
atuações na verdade estão fornecendo energia para egos perigosos e grosseiros.
Movimentos rápidos, por exemplo, alimentam o defeito da pressa.

No centro emocional, os detalhes podem ser percebidos como pequenas flutuações


nas emoções, leves alterações emocionais, tais como irritações, tristezas e
empolgações sutis.

No centro instintivo, os veremos como sutis alterações nas funções biológicas do


corpo físico (respiração, excreção, sono, alimentação etc.)

No centro sexual, os detalhes correspondem a sutis excitações, ereções e sensações


morbosas na região correspondente, que normalmente não são percebidos.
Em qualquer caso, o detalhe será percebido como uma alteração leve no centro
correspondente, jamais será uma manifestação violenta, pois o roubo de energia que
realiza é pequeno.

Não devemos reprimir um detalhe. Melhor é observá-lo sem identificação e pedirmos


por sua morte. O seu enfraquecimento será, então, espontâneo, desde que não
voltemos a nos identificar com ele. Caso nos identifiquemos, o mesmo ressurgirá,
ressucitará. A tática é: separar-se, observar e pedir.

Temos que aprender a diferenciar uma manifestação grosseira de uma manifestação


sutil. Uma manifestação grosseira é violenta, é aquela contra a qual lutamos
continuamente: o desejo bruto de fornicar, de agredir alguém, de comprar coisas
inúteis, de comer em exagero. Essas manifestações são realmente perigosas. Uma
manifestação sutil é leve, provoca pouca alteração e não representa um perigo
imediato, embora forneça energia aos elementos psíquicos mais perigosos e
detestáveis. O segredo da Morte está em eliminar as manifestações sutis. E o segredo
de tal eliminação está na observação dos centros.

Quem não observa os centros, não percebe as alterações leves e é incapaz de eliminá-
las.

Sobre perceber os objetos de desejo

Há pessoas que tentam eliminar as emoções negativas sem eliminar os pensamentos


correspondentes. É uma tentativa absurda e contraditória.

Há uma relação direta entre o pensar e o sentir. Não é possível pensar em algo que
seja significativo para nós sem sentirmos as emoções correspondentes.
Não é possível pensar em um inimigo e não sentir raiva ou ódio, não é possível
pensar em uma mulher desejável e não sentir o desejo de possuí-la, não é possível
pensar em um perigo e não sentir temor ou receio. Quem tenta dissolver as emoções
negativas sem renunciar aos pensamentos correspondentes, está se auto-sabotando e
agindo de forma contra-producente.

Os pensamentos evocam e fortificam emoções. Quanto mais pensamos em algo, mais


emoções relacionadas àquilo desenvolvemos.

Portanto, os fatos exteriores que evocam as emoções negativas não devem existir em
nossas mentes. Os problemas, inimigos, objetos de desejo ou aversão etc. não devem
existir para nós, caso queiramos eliminar as emoções negativas correspondentes. Não
devemos lembrar, falar, imaginar ou pensar em tais coisas. A mente deve ser
controlada e direcionada, pois não podemos controlar as emoções diretamente, senão
pelo controle da mente, dos sentidos e da morte do Ego.

Há certa analogia entre o pensar e o ver. Pensar em algo é vê-lo mentalmente,


imaginativamente. Quanto imagino uma casa, a estou vendo dentro de minha mente.
Disso resulta que o olhar é, também, uma forma de evocar emoções. Se me
entretenho olhando para um perigo, estou fortificando emoções correspondentes,
como o medo ou a preocupação. Se me entretenho olhando lindas mulheres nuas,
estou evocando e fortificando a luxúria. Se me entretenho olhando algo que detesto,
estou aumentando as emoções de aversão por aquilo.

Portanto, além de controlar a mente, temos também que aprender a controlar os


sentidos. Isso significa que não devo ver (melhor é nem ouvir) aquilo que provoca as
emoções inferiores que quero eliminar.
Conclusão: se quero eliminar uma emoção, não devo contemplar fisicamente e nem
mentalmente os objetos que a provocam, devo retirá-los de minha percepção e de
minha vida.

Não ocupar-se com luxúria, com mulheres e com sexo

Se você quer a castidade, os objetos de desejo não devem existir para você. Se você
não suporta olhar para as belas mulheres sem desejo, retire-as completamente de sua
vida, de sua percepção e dos seus pensamentos.

Não procure contato ou proximidade se não houver necessidade real de ajudá-las,


pois isso é um detalhe de luxúria.

O segredo está na mente: não deixe que as mulheres desejáveis entrem e nem que
estejam em sua mente. Trate-as bem, seja cortez e protetor quando necessário, mas
não deixe que elas existam para você, enquanto mulheres desejáveis e mentalmente
falando. Elas podem existir como ser humano, mas não como mulheres.

O problema não está fora, está dentro. Retire-o de dentro e não existirá. O primeiro
passo está na mente: quanto mais pensar, pior ficará o problema. O segredo consiste
em não ocupar-se com o mal, em desligar-se dele.

Quando nos apartamos de algo, as lembranças vão se apagando, sofrem atrofia e vem
o esquecimento. A luxúria é uma má função que foi erroneamente desenvolvida e que
precisamos atrofiar, enquanto a transmutação e o erotismo espiritual se desenvolvam.

Não ocupar-se com os problemas

Esse mesmo princípio vale para qualquer defeito. O medo da morte, das doenças e
dos problemas, por exemplo, se fortificam à medida que neles pensamos e com eles
nos ocupamos. Esse medo, em si, não modificará nada, mas nossa mente tende a crer
que pensar nos problemas é necessário. A mente não compreende a inutilidade do
pensar. Quando temos um problema, cremos que, se nele pensarmos, encontraremos a
solução. Movidos por tal crença, disparamos a pensar sem parar e fortificamos várias
emoções negativas, tais como medo, preocupações etc. Os pensamentos em torno dos
problemas são obsessores.

É claro que há algumas situações nas quais devemos pensar de forma concentrada
para buscar soluções. O que estou asseverando é que não adianta debater-se
mentalmente contra o inevitável. Se um problema é definitivo e não possui solução,
não adianta pensarmos, melhor é desviarmos a mente.

Quanto mais nos ocupamos com um problema, mais ele se torna monstruoso. Por isso
é importante aprender a não pensar naquilo que nos preocupa. Se aquietamos a
mente, as emoções loucas se aquietam. Quando a agitação cessa, muitas vezes a
solução surge espontaneamente, depositada pelo Ser em nosso campo de consciência.
A capacidade de encontrar soluções é maior quando a mente está calma.

Se o pensamento for muito teimoso e insistente, temos que nos perguntar: Qual a
utilidade deste pensamento? Em que irá me ajudar? Então buscamos a resposta
sinceramente e descobriremos que o mesmo é inútil.

Mesmo que o mal venha e bata às portas, ainda assim não devemos nele pensar.
Temos que recebê-lo sem resistência, sem reações (psicologicamente falando).
Mesmo que o fim esteja acontecendo e a destruição nos esteja tragando, ainda assim,
pensar na mesma não irá melhorar a situação. Um verdadeiro adepto é capaz de
atravessar a morte sem ocupar-se mentalmente com a mesma, sem se identificar e
sem nela pensar.
O sofrimento está na resistência, em "ir contra". Quem aquieta sua mente e não
pensa, não resiste, recebe, contempla e não sofre.

Vigiar a mente

Vigie a mente. Vigiar a mente é prestar atenção na cabeça, nos pensamentos. Não
deixe que os pensamentos maus, sutis ou não, se instalem. Aprenda a concentrar os
pensamentos nas coisas boas. Pratique a concentração do pensamento e da atenção.

Contemplação na concentração

Desenvolvemos a concentração quando aprendemos a contemplar. Aprender a


contemplar é aprender a estudar algo, a observá-lo.

Há várias formas de observar. Podemos observar um objeto físico ou psíquico,


estático ou móvel. Não é possível uma observação consciente sem concentração. A
concentração é a própria observação, o próprio ato de observar. Se estou observando
algo detidamente, sem deixar de observá-lo e sem desviar minha atenção, estou me
concentrando.

Se contemplo um objeto material, exterior, estou focando a atenção e a percepção,


mantendo-o em meu campo de consciência. Se o objeto material em questão for
móvel (ex. as ondas do mar batendo nas rochas), poderei observar seus movimentos,
acompanhá-lo para ver onde irá, em que resultará, não importando se o mesmo seja
animado ou inanimado. Se o objeto for fixo, porém mutável, posso acompanhar suas
mutações para descobrir em que resultarão, como às vezes fazemos com as mirações
da ayahuasca. Se, entretanto, o objeto for imóvel e, além disso, não apresentar
mutações perceptíveis, resta-nos somente analisar suas múltiplas características ou
facetas, caso queiramos utilizá-lo como alvo de nossa concentração.

As múltiplas facetas de um objeto material fixo e imutável englobam seus detalhes


anatômicos, funções, empregos, material constitutivo, entre outras. Dar-se conta de
tais características, fazer-se consciente das mesmas, equivale a concentrar-se no
objeto e tal tarefa pode nos ocupar por vários minutos. De todas as maneiras, trata-se
de um trabalho perceptual, pois estamos nos ocupando sensorialmente com o objeto e
não supra-sensorialmente.

Ocupar a atenção com um objeto exterior é ocupar-se sensorialmente, uma vez que o
objeto é acessado pelos sentidos.

Podemos, ainda, nos ocuparmos com objetos internos, imaginais. Neste caso,
estaremos exercitando a supra-sensorialidade. Se vocalizo um mantram mentalmente,
estou exercitando a clariaudiência e a concentração. Se me concentro na imagem de
uma cachoeira, estou exercitando a clarividência, embora aí exista também um menor
emprego e ativação da clariaudiência. Em todo caso, contemplar uma imagem mental
é trazer à consciência informações sobre o objeto correspondente.

Quando um objeto fere nossos olhos físicos, sua correspondente contraparte interna
nos atinge supra-sensorialmente, criando uma imagem mental correspondente ao
mesmo. Ao fecharmos os olhos, podemos prosseguir concentrados na imagem
mental, desligando-nos dos sentidos físicos e apreendendo informações sobre a
mesma, informações antes inconscientes. Assim, contemplar uma imagem interna é
recebê-la supra-sensorialmente, compreendendo-a. A recepção compreensiva do
conteúdo de uma imagem pode ser facilmente conseguida quando se aprende a
observar as coisas discernindo em silêncio, sem o recurso da tagarelice interior.

Se experimentarmos observar um pássaro em ação por alguns minutos, constatamos


que somos capazes de receber várias informações a respeito do mesmo sem
necessidade de usar o palavreado interno. Podemos "sentir" sua cor, seu tamanho,
seus movimentos etc. em silêncio. Somos capazes de perceber o pássaro sob vários
aspectos ou perspectivas, de forma direta ,sem necessidade de raciocinarmos e nem
sequer de analisarmos. Essa percepção direta é a contemplação. E assim como
podemos contemplar um pássaro físico exterior, podemos igualmente contemplar um
pássaro imaginativo ou o aspecto interior do pássaro. O pássaro que saltita aqui e ali à
procura de alimento, bisbilhotando as folhas etc. existe fora de nós, mas também
dentro de nós. Temos, em nosso interior, uma imagem do pássaro que pode ser
igualmente recebida e observada pela consciência. Se a concentração for profunda e
houver sonolência, será percebido um pássaro objetivo, com impacto realístico
idêntico ao de um pássaro exterior ou até mais intenso (o que corrobora a afirmação
de certos físicos de que as imagens do mundo exterior existem dentro de nós
mesmos). A imagem interior corresponderá à realidade do pássaro exterior na mesma
proporção em que nossa consciência estiver objetivada pela Morte do Eu. Quanto
mais o Ego estiver vivo, tanto mais subjetiva será nossa percepção do pássaro
(lembrando que o pássaro em si mesmo não é exterior e nem interior, pois transcende
este par de opostos - o pássaro absoluto está além das percepções e conceitos).

Conclui-se, até aqui, que podemos observar objetos exteriores e interiores, fixos e
móveis, mutáveis ou imutáveis (cuja mutação não pode ser percebida na escala
espaço-temporal em que atua nossa consciência); que a partir da observação de um
objeto exterior, podemos fechar os olhos e prosseguir observando-o interiormente,
imaginativamente; e que a observação é um ato receptivo que pode ser realizado sob
silêncio mental.

O principiante não consegue receber silenciosamente o objeto observado, necessita


falar consigo mesmo interiormente, para capturar as características ou informações do
objeto. Pode, entretanto, exercitar a receptividade silenciosa e desenvolvê-la
rapidamente, caso comece a utilizar tal faculdade.

O poder de receber informações de forma silenciosa e exclusivamente perceptual é o


estágio embrionário da faculdade conhecida como Percepção Instintiva das Verdades
Cósmicas. Seu desenvolvimento não possui um limite conhecido. É uma faculdade da
consciência.

O falseamento das energias dos centros


Pensar em comidas saborosas é algo similar a pensar em mulheres. Em ambos os
casos desfrutamos de um prazer mental na ausência do deleite sensorial concreto. Em
ambos os casos gastamos energia dos centros da máquina.

O prazer através da imaginação de uma sensorialidade objetivamente inexistente


rouba energia dos centros e os desequilibra. Se imagino prazeres sensoriais
degustativos, ao invés de saborear o alimento fisicamente, estou malgastando
energias do centro instintivo. Se imagino prazeres sensoriais eróticos, ao invés de
desfrutar das sensações reais proporcionadas por uma mulher real, estou malgastando
as energias do centro sexual.

O curioso é que tal desgaste se dá através do pensamento, ou seja, o centro intelectual


vampiriza as energias dos outros centros por meio do processo imaginativo.

A imaginação mecânica promove o falseamento da energia dos centros porque é um


processo através do qual os mesmos são postos em atividade por meio de situações
irreais, imaginárias. Ao serem postos em atividade por tal meio, suas energias são
gastas intensamente, mas não são empregadas em atividades reais necessárias ao
corpo físico.Os centros passam a ter uma sobrecarga extra, além do encargo de
trabalho natural que já possuem com as necessidades reais de manutenção do corpo
físico.

Se fico pensando em mulheres, desfrutando deste prazer mental, terei ereções. Meu
órgão sexual entrará em atividade e começará a trabalhar, empregando suas
energias sem que haja necessidade real de e sem estar realizando um ato sexual
concreto e verdadeiro.Portanto, além do uso normal e cotidiano do aparelho sexual,
estarei forçando-o a entrar em atividade sem que haja necessidade, além da conta,
sobrecarregando-o. Estarei desrespeitando sua necessidade de repouso (se houver o
vício da masturbação, será ainda pior). Além disso, e para piorar tudo, estarei também
malgastando energias do centro intelectual, pois o estarei ocupando com tais
pensamentos. Resultado: ao faltar energia ao centro intelectual, porque o desgastei,
ele começará a roubar a energia do centro sexual, pois os pensamentos serão de tipo
erótico, e, ao faltar a energia ao centro sexual, porque igualmente o desgastei, ele
começará a usar a energia do centro intelectual, pois forcei sua atividade através do
pensamento.

Sempre que colocamos algum centro em atividade, estamos utilizando sua energia.
Após um certo tempo, esse centro dará sinais de cansaço e deve entrar em repouso.
Caso não seja posto em repouso, começará a usar a energia do centro que estiver mais
próximo, isto é, mais à mão. E o que estará mais à mão será aquele segundo centro
que estiver em atividade diretamente relacionada ao primeiro (se estou pensando em
sexo, ambos os centros estão em atividade interativa).

O ideal seria que os centros fossem usados somente até um nível que antecedesse ao
cansaço. Evitar o cansaço, a sensação de estresse no centro, é o ideal. Colocar em
repouso um centro após o uso, muito antes que o mesmo se estresse, evita o
falseamento de suas energias.

Infelizmente, o Ego força os centros a trabalharem além do limite. A todo momento


estamos pensando, sentindo e fazendo coisas inúteis, que somente servem para
desgastar e falsear os centros da máquina. Utilizamos todos os centros em demasia,
sem necessidade e sem sequer termos consciência disso. O desgaste dos centros
acontecem sem que os vejamos, pois não praticamos a auto-observação. Vivemos
distraídos e fascinados, não nos damos conta do que se passa conosco. Os centros
entram em atividade e não os vemos.

Muitos processos orgánicos desnecessários acontecem sem serem vistos e porque o


centro instintivo entra em ação sem que haja real necessidade. O mesmo vale para
processos relacionados às emoções e aos demais centros. O Ego, ao atuar, força a
ação dos mesmos.

É precisamente nos centros da máquina que iremos descobrir as diversas


manifestações dos egos. Os detalhes estão nos centros e temos que aprender a
observar os centros, contemplá-los conscientemente, sem reprimí-los e sem nos
identificarmos, apenas compreendendo-os. Descobrir um detalhe é descobrir uma
leve alteração ou manifestação em algum centro. Reprimir um detalhe é tentar
"segurá-lo" enquanto nos mantemos identificados, ou seja, tentar amarrá-lo ao invés
de observá-lo em ação. Quem imobiliza um centro à força, amarrando, pelo mero
esforço, o "eu" ou detalhe que estiver se manifestando, não o verá em ação e não
compreenderá nada. O que enfraquece um ego é a compreensão e não o mero esforço
imobilizante, o qual não passa de uma forma de auto-engano.

O que interessa é dissolver os egos para que os centros trabalhem menos e possam
descansar. Quem não morre em si mesmo, não dá uma trégua aos seus centros e
destrói sua máquina orgânica, apressa o envelhecimento.

Já viram pessoas que envelhecem rapidamente? O envelhecimento precoce ocorre por


uma atividade exagerada dos centros, a qual se deve ao domínio exagerado dos
agregados psíquicos. Pessoas que não sabem lidar corretamente com o Ego sofrem
todos os tipos de desgraças e precisam ser auxiliadas com urgência, ao invés de serem
desprezadas e abandonadas. Temos que procurar em tais pessoas uma mínima
abertura, por menor que seja, para lhes dar alguma orientação, alguma informação ou
instrução que lhes seja útil. O ideal é acender nelas um impulso de se libertarem do
despotismo dos desejos.

Quando o ego morre, deixa de sobrecarregar os centros, lhes permite descansar.


Então os centros atuam somente o necessário, nem um miligrama a mais. Vocês já
perceberam aqueles momentos em que a mente nos dá uma trégua momentânea e
espontânea, por poucos segundos? Observem o alívio que se sente. Este é o alívio da
ausência do peso do Ego sobre o centro intelectual. Já viram como acordam de
manhã, bem descansados, depois de uma boa noite tranquila de sono? Essa é a
sensação de alívio da ausência do peso do Ego sobre os centros, sobre o corpo físico.
De nada adianta tentar forçar o alívio ou preservá-lo à força após nos levantarmos. O
alívio resulta da compreensão.

Quando compreendemos um defeito, sentimos um grande alívio. É o alívio da


ausência do peso que o defeito exercia sobre os centros. Na psicoterapia é muito
comum e esperado que os pacientes se sintam aliviados à medida que reconheçam e
compreendam as várias facetas de si mesmos, de seu Ego. Enquanto não se
compreende um defeito, o mesmo exerce um peso sobre os centros. Imaginem a
totalidade dos egos que possuímos! Quantas toneladas não estarão oprimindo nosso
coração e pesando sobre nossa pobre máquina? Não obstante, os retrógrados
materialistas acreditam que tudo isso seja bobagem, que o único peso preocupante
seja o do chumbo ou o das sacolas de viagens...

No cotidiano, convém não fixar-se em uma só atividade por muito tempo. O ideal é
dar pausas: ler um pouco, depois caminhar, depois ouvir música, depois praticar
magia sexual, depois descansar, meditar, depois consertar a cerca quebrada, depois,
contemplar um quadro etc. A fixação em uma só atividade por muito tempo
desgastará e desequilibrirá os centros, nos deixando pesados ao invés de leves.

O momento em que a máquina desfruta do maior alívio são os momentos da


meditação. Meditar é zerar os esforços e não acrescentar mais esforços aos já
existentes. A meditação é uma prática paradoxal, pois os esforços que se realiza são
negativos. Meditar é buscar o desligamento, por isso se relaxa profundamente e não
se pode prescindir do sono. Concentrar-se é entregar-se a algo, acabar-se, e não
colocar travas. Quem quer aprender a relaxar, concentrar-se e meditar, precisa
entender tais práticas como uma entrega (consciente) e não como um desesperado
esforço ansioso. Meditar não é forçar a barra e nem forçar contra nada. Meditar não é
imobilizar os centros à força e sim dar-lhes um descanso.

Se alguém quiser guiar-se corretamente na meditação, a melhor descrição do que


fazer seria: não fazer nada, esquecer, desligar-se, abandonar-se, dormir, entregar-se,
sumir, acabar-se, desaparecer...conscientemente!

Um dos grandes equívocos nossos é acreditar que a meditação se consegue mediante


o acréscimo do que fazer. Na verdade, o estado buscado já existe, temos somente que
remover o que atrapalha e deixá-lo se expressar. Ao invés de acrescentarmos
maispreocupações, empenhos etc. aos já existentes, fazemos o contrário: removemos
os existentes, como faz o escultor que remove partes da pedra ou da madeira até que a
estátua apareça. A estátua já existia anteriormente mas estava oculta! Acrescentar
mais problemas aos já existentes é sobrecarregar ainda mais os centros. Quem
transforma a meditação em problema não medita. Quando ficamos procurando o que
fazer para meditar corretamente, estamos nos afastando da meditação e não nos
aproximando.

Portanto, foram explicadas aqui duas medidas a tomar para equilibrar os centros: a
morte do Ego e a meditação. A magia sexual, a terceira medida, não foi explicada
neste texto.

Até logo!

Transformações fingidas e forçadas

Quem realmente elimina um desejo, não necessita fingir para si mesmo que não o
tem.

Se o desejo morreu, não sinto nada. Se não sinto nada, o que bloquearei dentro de
mim?

Se meu desejo está morto, contra o que devo resistir?

Se você satisfaz um desejo, ele se fortalece e te escraviza mais e mais. Se você o


reprime, ele é represado e extravasa posteriormente à força, por qualquer caminho.
No entanto, se você não se identifica, não o satisfaz e nem tampouco o reprime, pode
observá-lo e detalhá-lo.

Quem reprime um eu está identificado com um eu oposto.

Deixamos de nos identificar com um defeito quando o separamos de nós, mediante a


recordação de nós mesmos.

Observar um defeito é recebê-lo conscientemente.

Não se pode enxergar objetivamente um defeito se o depreciarmos ou o condenarmos


antecipadamente.

Bloquear ou resistir a um defeito é evadir-se de estudá-lo e de observá-lo. Entregar-se


à satisfação de um defeito é alimentá-lo e adormecer ainda mais a consciência.
A correta postura interior em relação aos desejos e baixos impulsos é aquela em que
não os procuramos, não os satisfazemos e nem os consideramos como parte de nosso
Ser, mas também não tentamos barrá-los, sufocá-los e nem fugimos deles quando
aparecem.

Encarar um defeito de frente é deixar-se tocar conscientemente por ele sem temor
algum. Fugir de um defeito é tentar segurá-lo à força e baní-lo de modo que nos seja
impossível observá-lo e conhecê-lo.

Não podemos matar um inimigo se o afugentamos ou o expulsamos de nosso alcance.

O que nos leva a tentar banir um defeito de nossa presença, sem observá-lo e matá-
lo, é o medo de sermos possuídos e perdermos o controle. O que nos faz temer a
possessão e a perda do controle é o desconhecimento de que a consciência e o Ser
enfraquecem o defeito.

A verdadeira fé não se cria com teorias, lógicas, pensamentos ou quaisquer trabalhos


mentais. A fé se cria somente com a experiência. Pequenas experiências íntimas com
o Ser Interno são acessíveis a qualquer um, a qualquer momento. Ex. peça para sua
Mãe Divina te lembrar de algo realmente importante e ela o fará. Eis uma experiência
interna pequena e acessível. Estreite a intimidade com Deus.

A verdadeira felicidade é a total ausência de sofrimento.

Não "force" as transformações, trabalhe corretamente e deixe que elas venham por si
mesmas.

Transformações forçadas são transformações fingidas. Quem realmente se transforma


não necessita forçar-se a nada e nem simular comportamentos ideais.

Não existem transformações forçadas. Transformações forçadas são transformações


fingidas. Transformações fingidas são falsas transformações.

A transformação verdadeira dispensa o fingimento e os comportamentos forçados.


Na concentração, não force o silêncio mental, deixe que ele venha. Vivencie o
relativo silêncio existente e deixe que ele se aprofunde. Não perca tempo tentando
"forçar mais silêncio" para "ir além". Aprenda a esquecer.

O silêncio mental forçado não é verdadeiro. Lutar pelo falso silêncio é amarrar-se e
estancar-se com as próprias amarras que se teceu.

3. O estresse e o trabalho interior


À medida que o tempo passa, a humanidade robustece o Ego, seu desequilíbrio psico-
físico aumenta e os seres humanos vão sendo cada vez mais afetados pelo estresse.
Enfrentamos hoje uma epidemia mundial de estresse, motivo pelo qual é importante
abordarmos esse assunto, que se relaciona diretamente com o nosso trabalho
espiritual de meditação, morte do ego e equilíbrio dos centros da máquina (o corpo
físico).

Ao contrário do que comumente se imagina, o estresse não resulta somente do


trabalho e sim de tudo o que nos agride fisica emocionalmente.

Tipos de estresse

Há estresses agudos e crônicos, em graus variáveis. O estresse crônico costuma ser


imperceptível e se apodera silenciosamente da pessoa. Pessoas alegres, calmas e
aparentemente equilibradas podem estar sofrendo de estresse crônico e silencioso
sem que ninguém perceba, nem mesmo elas. Nos casos de estresse crônico e sutil, a
pessoa se dará conta somente quando aflorarem as somatizações (manifestações
físicas do estresse), o que pode ocorrer em qualquer fase de sua vida. Alguém que
nunca teve sinais de estresse pode apresentá-las de repente, em qualquer idade.

Existem também o estresse físico e o estresse emocional. O estresse físico resulta de


agressões diretas ao corpo físico, por meio de excesso de esforço muscular, exposição
a rigores climáticos, à alimentação deficiente, a inflamações e infecções, traumas
mecânicos, falta de sono etc. O estresse emocional, por sua vez, é o resultado da
somatória de todas as emoções negativas, presentes e passadas, acumuladas em nossa
vida, incluindo emoções provenientes de traumas, decepções amorosas, traições etc.
Tanto o estresse físico como o estresse emocional nos desequilibram quimica e
energeticamente, fazendo com que o corpo trabalhe de forma desorganizada, e
expressam-se através de diversos mecanismos físicos, tais como dores, arritmias
cardíacas, queda na resistência imunológica, alergias etc. Toda doença existente
possui alguma relação direta ou indireta com o estresse.

O estresse e os centros

O estresse emocional desequilibra o centro emocional. Este, desequilibrado, roubará


energia dos demais centros. O mesmo processo acontece com os centros motor,
intelectual, instintivo e sexual.

Podemos nos estressar de várias maneiras. Uma pessoa poderá se estressar


sexualmente, por meio de excessos, e ficará impotente ou frígida. Outra poderá se
estressar intelectualmente, estudando, discutindo e lendo em excesso, e se tornará
confuso. Alguém que dorme pouco ou come em exagero, está estressando o centro
instintivo. Em todos os casos, estará provocando desequilíbrio e doenças.

Estresse é sinônimo de desequilibrio dos centros.

O estresse das emoções negativas

Todas as emoções negativas provocam estresse emocional, mas há algumas que


podem ser consideradas principais: medo, raiva, ódio, tristeza, irritação, inveja,
impaciência. Emoções que nos fazem sofrer e desejos insatisfeitos elevam o nível do
estresse.

Os egos, com suas emoções inferiores, vão destruindo o corpo físico aos poucos,
desequilibrando os centros. A Morte do Ego é um meio de prolongarmos um pouco
mais nossa estadia na Terra. Quem vai corrigindo as emoções inferiores e retirando
os estressores emocionais de sua vida vai dando um alívio ao seu coração, o qual
pode trabalhar de forma cada vez mais leve. Isso é o que interessa: estar com o
coração leve.

Libertando-se do estresse
De nada adianta remediarmos os sintomas físicos de qualquer tipo de estresse se não
removemos suas causas. O remediamento dos sintomas é útil em casos emergenciais
mas não resolve o problema de forma definitiva. Enquanto as causas não forem
removidas, o estresse estará sendo alimentado. Quem quer curar-se do estresse, deve
remover as causas. Quem quer remover as causas do estresse, deve primeiro
identificá-las, descobri-las em sua vida. Identificamos as causas por meio da reflexão.
É muito útil termos um caderno para anotar as causas do nosso estresse. O que nos
deixa nervosos, ansiosos, irritados ou com medo? Quais são os excessos que estamos
cometendo?

Se você quer se livrar do estresse, o primeiro a fazer é identificar os agentes


estressores. Separe um caderno e comece a listar todos os acontecimentos que
provocam ira, raiva, medo, tristeza, ódio, inveja, preocupação etc. Tudo aquilo que
provocar agitação ou mal estar deve ser incluído na lista, inclusive desejos
compulsivos não satisfeitos. Inclua também os estressores físicos: trabalho,
exercícios, fome, sede, falta de sono e outros similares. A lista pode ser aumentada
diariamente, conforme você vai progredindo.

Há alguns agentes estressores dos quais estamos conscientes e outros dos quais não
temos consciência alguma. Esses últimos ocasionam grandes prejuízos porque
exercem seus efeitos na sombra, sorrateiramente, e não podem ser removidos porque
não sabemos que estão lá. A lista tem a função de trazer à consciência os agentes
estressores inconscientes, para que possamos operar sobre eles.

Alguns elementos da lista podem ser removidos de nossa vida imediatamente, outros
podem ser diminuídos e outros necessitam ser interiormente resolvidos pela
compreensão e morte dos egos relacionados.

Resignificando os acontecimentos estressantes

O estresse emocional é algo psicológico, interior. Um mesmo fato pode ser altamente
estressante para uma pessoa e altamente relaxante para outra (ex. andar na floresta,
entrar em um rio). Tudo depende do significado atribuído ao fato pela mente. Não
podemos alterar o significado das coisas à força, pela mera repressão ou esforço para
não sentirmos as emoções negativas.

Temos que afastar de nossa vida aquilo que causa estresse emocional. Estando
atentos em nós mesmos, podemos prever muitas situações de intenso estresse
emocional antes que aconteçam e evitá-las.

O equilíbrio dos centros requer que se tenha uma vida calma, desprovida de grandes
emoções e agitações.

Certos agentes estressores não podem ser evitados mas podem ser resignificados. A
resignificação de fato estressor é uma transformação psicológica, cujo primeiro passo
é a observação de si mesmo, com o intuito de identificar os elementos psíquicos que
se irritam, temem e sofrem. A morte dos “eus” que reagem diante das situações
estressantes é imprescindível. Paralelamente, temos que aprender a não nos
ocuparmos mentalmente com os problemas. Enquanto pensarmos em um problema,
estaremos aprisionados ao mesmo. O que importa é nos libertarmos dos problemas
interiormente. Quem está profundamente morto em si mesmo pode atravessar
furacões e tempestades sem ser perturbado porque não permite que sua mente pense
nas ameaças que o cercam, está interiormente livre do perigo.

A todo instante estamos nutrindo as emoções e pensamentos prejudiciais sem nos


darmos conta. Quando deixamos de alimentá-los por meio de comportamentos sutis,
os enfraquecemos. Enfraquecer e eliminar os egos que sofrem e desejam é
resignificar os acontecimentos estressantes. Não devemos entrar em conflito com os
egos e sim nos libertar, o que é diferente. Para tanto, é indispensável deixar de
alimentá-los.

Aproveitando o tempo inteligentemente

Os compromissos, apesar de parecerem algo louvável, são poderosos agentes


estressores. Quanto mais compromissos tenhamos, mais estressados ficaremos. O
ideal é vivermos livres de compromissos, não assumi-los senão em alguns poucos
casos realmente necessários. Os amigos, embora sejam importantes, podem nos
lançar às costas muitos compromissos, tais como encontros, festas, passeios etc. Os
compromissos são estressantes porque geram preocupações e roubam o tempo,
encurtando-o.

Nosso tempo necessita ser bem aproveitado. Em nossa agenda, devem ter prioridade
a meditação, o descanso e o sono. Em segundo plano devem vir as obrigações
materiais fundamentais e indispensáveis, tais como o trabalho remunerado e outros
indispensáveis. Necessitamos, ainda, de tempo para o trabalho voluntário pela
humanidade e para o lazer. Logo, não nos sobra tempo para compromissos
caprichosos.

Organizando os compromissos

Uma agenda de compromissos é indispensável. Alguns compromissos requerem


vários dias para serem concluídos, outros requerem algumas horas. Em alguns casos,
temos que separar um dia para várias tarefas menores, em outros, temos que separar
vários dias ou até semanas para um única tarefa. É importante que os compromissos
estejam agrupados de forma inteligente para facilitar sua realização e um melhor
aproveitamento do tempo. Evitemos dividir uma grande tarefa de modo a realizá-la
de forma “picada”, pois isso aumenta o estresse. Um trabalho que requer vários dias
será altamente estressante se o realizarmos de forma picada, realizando um
pouquinho hoje e mais um pouquinho na semana que vem. O agrupamente geográfico
de tarefas curtas também ajuda a realizá-las de forma mais eficiente. Não agrupemos
as tarefas de forma aleatória e sim de um modo racional.

O estresse no desejo

Por incrível que pareça, o desejo extremo também provoca estresse. Quando estamos
prestes a satisfazer um desejo exageradamente intenso e brutal, o corpo manifesta
sinais de estresse. Um desejo ou uma alegria extremos nos deixa agitados. O ideal é o
equilibrio e a moderação.

Estresse e doenças psiquiátricas


O estresse pode se manifestar sob a forma de doenças emocionais e mentais.
Ansiedade e depressão são formas de manifestação do estresse. Quando estamos com
medo, tristes, apreensivos ou preocupados de forma incomum e exagerada, estamos
sob intenso estresse.

Situações traumatizantes não resolvidas, ainda que esquecidas, continuam ativas


como agentes estressores.

Corrigir as causas exteriores e interiores do estresse é de grande valia.

Estresse e pensamento

Os pensamentos provocam alterações somáticas, influenciam e modificam os


funcionamento dos complexos sistemas bioquímicos e energéticos do corpo físico.
Alterações corporais ocorrem quando pensamos em algo que nos atemoriza, nos
enfurece ou nos excita sexualmente.

As alterações corporais provocadas pelos pensamentos são algumas vezes visíveis e


outras vezes invisíveis. Existem muitas alterações imperceptíveis, mas nem por isso
menos reais. Que alterações ocorrem no corpo físico quando pensamos em algo que
nos dá medo, ira ou luxúria?

O conteúdo das imagens mentais relaciona-se diretamente com o par de opostos


saúde/doença. Que alterações não estará provocando em seu corpo físico aquele que
pensa constantemente no mal? E que alterações ou perturbações não estão sendo
ocasionadas pelos pensamentos dos quais não temos consciência alguma?

Pelas razões expostas, é conveniente praticar a meditação todos os dias, várias vezes
por dia.

Conclusão

Se queremos nos libertar do estresse para equilibrar os centros, temos que praticar o
esquecimento, o despojamento, simplificar a vida ao máximo e limpá-la de emoções
inferiores e de pensamentos negativos.
Sobre os referenciais teóricos que adotamos

As obras dos mestres Samael e Rabolú são o nosso principal referencial teórico. No
entanto, convém fazer algumas aclarações.

Àqueles que apreciam os livros do V.M. Samael Aun Weor, alerto que há
adulterações e falsificações impiedosas em algumas de suas obras, feitas por pessoas
mal-intencionadas.

O livro "Tratado de Medicina Oculta e Magia Prática" possui duas versões, sendo que
as modificações da segunda versão, segundo o V.M. Rabolú, não foram introduzidas
pelo Mestre, como as editoras alegam. A segunda versão deste livro está repleta de
práticas de feitiçaria introduzidas por inimigos. A primeira versão, portanto, é a
correta.

Há também alguns livros nos quais o yagué (ayahuasca ou ayawasca) e o peyote são
citados em certas versões e excluídos em outras, conforme o gosto fanático do editor.
O livro "A Montanha de Juratena" é um exemplo. Muita atenção nesse aspecto.

Além das adulterações descaradas, há ainda o caso de obras compiladas cujas fontes
originais dos textos e os nomes dos organizadores não são citados, dando a entender
ao leitor que se trata de uma nova obra do Mestre. Na verdade, são simplesmente
textos retirados de outros livros de Samael e reunidos a gosto dos editores. O
exemplo mais gritante é o livro "As Partes do Ser" que contém retalhos de "A Pistis
Sophia Desvelada", " O Matrimônio Perfeito", "Sim há Inferno, Diabo e Karma"
entre outros livros. Os editores simplesmente recortam alguns trechos de outros
livros, juntam tudo e formam uma obra frankeinstein, enganando todo mundo. É claro
que eles não dizem isso pra ninguém, mas basta você ler vários livros para perceber
que os textos foram roubados.

Toda a obra do V.M. Samael Aun Weor é recomendada, desde que seja
verdadeira. Outros livros que podem ajudar são:

Sivananda, "The Pratice of Brahmacharya":

http://www.dlshq.org/download/brahmacharya.pdf

http://www.dlshq.org/download/brahmacharya.htm
Sivananda, outros livros:

http://www.dlshq.org/download/download.htm

Alice B. Stockham, "Karezza, Ethics of Marriage":

http://www.reuniting.info/download/pdf/KarezzaEthics2fv.pdf

JOHN HUMPHREY NOYES, "MALE CONTINENCE", PUBLISHED BY THE


ONEIDA COMMUNITY OFFICE OF ONEIDA CIRCULAR ONEIDA N. Y. 1872:

http://www.findthatfile.com/search-2712753-hPDF/download-documents-
malecontinencefv.pdf.htm

Além das obras citadas acima, há ainda muito mais, porém não tenho tempo agora de
citar todas. Citarei somente alguns autores e posteriormente acrescentarei mais:

 Sócrates/Platão
 Lobsang Rampa
 Helena Blavatsky
 Ane Besant
 Rudolf Steiner
 Charles Leadbeater
 Eliphas Lévi
 Arnold Krum Heller
 Ouspensky
 Gurdjieff
 Milarepa (canções)
 Tsong Kappa
 Paracelso
 Pitágoras
Concentração: prolongar e desligar-se

Lakhsia é o tema ou objeto da concentração, aquilo em que focalizamos nossa


atenção e a respeito do qual estaremos pensando. Se eu me concentrar em uma rocha,
a rocha será o meu lakhsia.

Aqueles que querem desenvolver a concentração necessitam dedicar-se a dois


aspectos importantíssimos desta prática:

1. a permanência do lakhsia no campo da consciência;

2. o desligamento e o esquecimento de tudo o que não seja o lakhsia, incluindo o


corpo físico.

Existe uma consciência central e uma consciência periférica. Às vezes


o lakhsia adentra a zona da consciência central, mas outros objetos ainda continuam
sendo percebidos pela consciência periférica. Somente quando todos os objetos não
incluídos no tema forem completamente esquecidos é que a concentração será plena.
A consciência periférica e a consciência central devem perceber somente o lakhsia e
tudo o que for intrínseco ao mesmo.

O segredo para aprofundar a concentração e trazer percentuais dispersos de atenção


para o lakshia é manter e prolongar a percepção consciente sobre o mesmo.
Pensamentos que dizem respeito diretamente ao tema devem ser aceitos, enquanto os
pensamentos que não dizem respeito diretamente devem ser abandonados, ainda que
possam apresentar alguma relação distante. Não devemos seguir as associações entre
temas, o pensamento e a atenção devem fluir sobre um tema único, que é o objeto de
nossa concentração.

Se estou pensando em uma coisa, estou concentrado naquilo. Se estou pensando em


várias coisas, não estou concentrado em nada, estou disperso. A capacidade de
concentração já existe em forma natural e não-desenvolvida em todas as pessoas, é
um poder que está atrofiado. Se não existisse o gérmen da concentração nas pessoas,
não seria possível desenvolvê-la.

Se quisermos esquecer tudo o que existe, menos o lakhsia, temos que começar
pormantê-lo no campo da consciência e prolongar sua permanência. Uma pessoa
comum, destreinada, é capaz de inseri-lo no campo de consciência por breves
instantes, mas não é capaz de mantê-lo. O que queremos desenvolver é justamente a
capacidade de prolongar a permanência no lakhsia.

Aqueles que, como eu, desejam desesperadamente o sucesso nas práticas de


concentração e meditação, poderão ficar ansiosos para "segurar o objeto e não perdê-
lo". Apesar da intenção louvável, essa ansiedade criará uma tensão que estancará o
desenvolvimento, além de provocar algumas dores de cabeça. A permanência
no lakshianão é uma questão de fazer força, é uma questão de "saber como". Uma
chave: procurarsentir que o lakshia se estabelece na consciência à medida que você
relaxa e se entrega cada vez mais à prática. Em outras palavras: você não "prende"
o lakshia em seu campo de atenção, você simplesmente permite que ele fique lá. Não
há nada adicional a fazer ou a não fazer. O ideal é não fazer esforço de espécie
alguma para mantê-lo. Deixe que ele se mantenha por si mesmo. Se houver desvio de
atenção, retome o objeto novamente e prossiga.

Manter a atenção focada prolongadamente sobre um objeto é como pegar


um hamstercom a mão, retirá-lo do chão e colocá-lo sobre uma mesa para observá-lo.
Você o deixa lá, sobre a mesa, retira a sua mão e não interfere senão no momento em
que ele ameaça descer da mesa. O que você quer é mantê-lo livre sobre a mesa e não
segurá-lo ali com a mão.

O simples ato de focar a atenção e prolongá-la, fará com que, gradualmente, os


demaisobjetos sejam esquecidos. No entanto, isso leva tempo e não ocorre
imediatamente, como gostariam os ansiosos.

Temos que aprender a prolongar a atenção sem fazer força, o que requer a
compreensão de um trabalho psicológico qualitativamente específico e que não sou
capaz de descrever. Creio que não existem palavras para descrever o que seria manter
a atenção contínua sem estar preocupado em mantê-la. O que importa é prolongar,
prolongar e prolongar, de forma despreocupada.

Quanto mais prolongarmos, mais esqueceremos de todo o resto. Chegará um


momento em que nada mais existirá para nós, somente o tema do nosso interesse.
Tudo o mais terá sido esquecido, estaremos desligados.

Existe a concentração em objetos concretos e a concentração em objetos abstratos.


Podemos começar treinando com um som contínuo concreto (físico) prestando
atenção nesse som e prolongando sua permanência em nossa consciência. Depois
podemos passar para sons alternantes, como os sons de uma música ou o canto dos
pássaros. Quando a atenção estiver bem desenvolvida, podemos passar a nos
concentrar emobjetos abstratos.

Objetos abstratos são objetos puramente internos, psicológicos, e que não são
percebidos fisicamente, com os cinco sentidos externos. Dito de outra maneira,
são objetosimaginados ou pensamentos escolhidos. Escolhemos alguma coisa boa e
dignificante, que nos interesse muito, e começamos a pensar somente naquilo e em
mais nada. Deixamos que o pensamento se desenvolva sem se desviar e o
prolongamos ao máximo. Conforme o pensamento se prolonga, surgem múltiplas
imagens e cenas do objeto, em diversas situações e circunstâncias. Imagens e cenas
sobre o lakhsia são aceitas, imagens e cenas sobre outros assuntos são abandonadas.
Quando a mente se desvia, a focamos novamente. Assim, a concentração vai se
prolongando. As atenções periféricas dispersas vão sendo recolhidas e tudo o mais
vai sendo abandonado, esquecido. Concentrar-se é esquecer, abandonar, e é, ao
mesmo tempo, acordar para aquilo com que nos ocupamos. É como abrir um aspecto
da realidade com uma lupa, para conhecê-lo, estudá-lo e compreendê-lo mais e mais.

Quando andamos por uma cidade grande, ouvimos muitos sons altos e não notamos
certos detalhes sonoros sutis. Se nos concentramos em um som fraco e sutil
específico, começaremos a perceber detalhes antes não percebidos, nossa audição irá
se apurar. A concentração funciona como uma lente, que "abre" ou amplia um
aspecto qualquer da realidade para a consciência.

Se você ficar tenso para prolongar a atenção e mantê-la no objeto, irá logo desfocar-
se porque sua tensão terá se tornado sua maior preocupação. Até mesmo a
preocupação em não desviar-se deve ser abandonada. Quem se preocupa muito em se
concentrar acaba transformando essa preocupação em prioridade, em detrimento do
verdadeiro lakshia.

Se, em plena prática, ainda estivermos percebendo objetos e temas periféricos, isso
indica que a concentração ainda não atingiu o nível máximo esperado. Quando tudo o
mais for esquecido, então você estará plenamente concentrado. Estará insensível,
surdo e cego para o mundo, mas plenamente consciente do objeto que lhe interessa. E
poderá voltar a esta realidade a qualquer momento, bastando para isso querer. Se ficar
com medo ou preocupado com o seu retorno, voltará imediatamente. É um estado no
qual é difícil entrar mas do qual é muito fácil sair.

Você poderá sentir emoções intensas relacionadas com o lakhsia e isso é normal.
Portanto, prolongar e esquecer são dois pilares fundamentais da prática da
concentração.

Somente com o ato de prestarmos atenção em algo já estamos nos concentrando


naquilo. Se formos destreinados, a concentração irá durar apenas alguns segundos
antes de ser desfocada, mas será uma concentração verdadeira, embora curta.
Portanto, quem quiser compreender o que é uma concentração correta e verdadeira
deve apenas prestar atenção em algo e saberá o que é concentrar-se. O importante é
desligar-se de tudo o que não seja o lakshya.

Evite fazer esforços para aprofundar e prolongar a concentração, apenas receba o


objeto com suavidade, perceba-o conscientemente. Deixe que a concentração se
aprofunde por si mesma. Se a mente desviar-se do tema, traga-a de volta.

Concentração não é contração. Cuidado com a semelhança entre as duas palavras. A


semelhança entre os termos pode nos influenciar subconscientemente e nos induzir a
associar concentração com esforços mentais violentos. Um esforço mental violento
produzirá tensão muscular e dores de cabeça. O conflito com a mente estanca a
prática da meditação.

Aprofundar a concentração não é fazer força para concentrar-se mais, é esquecer o


que ainda não foi esquecido.

E normal que surjam pensamentos de todos os tipos, inclusive pensamentos do arco


da velha, relacionados com fatos da infância ou de anos deixados para trás. Eles
surgem para que você os esqueça. Não lhes dê importância. Dissocie-se das
lembranças e dos pensamentos, atenha-se somente ao tema.

Quando procuramos nos concentrar, pensamentos de todo tipo e os mais absurdos


desejos e emoções (consequências de tais pensamentos ou recordações) podem
atravessar o nosso caminho. Isso é absolutamente normal e não deve causar
preocupação. O praticante não deve preocupar-se com tais pensamentos e lembranças
e nem ocupar-se com os mesmos para combatê-los, por mais absurdos e inaceitáveis
que sejam. Deixe que eles passem e desapareçam. Não tente reprimi-los e nem
tampouco os reforce, fique indiferente, neutro, não seja contra e nem a favor, não
reaja aos mesmos. Se cometer o erro de lhes prestar atenção, ficará identificado e os
reforçará. O melhor é simplesmente dissociar-se, esquecê-los e continuar mantendo a
atenção e a mente sobre o lakshya.

Alcançando e preservando os momentos de paz

interior

Após a satisfação do desejo, ele nos dá uma trégua e muitas vezes nos arrependemos.
Há, por assim dizer, um vácuo ou ruptura em sua manifestação. Uma vez alimentado,
o desejo se afasta temporariamente, somente para retornar com mais poder sobre nós
em seguida, pois colheu energia e se nutriu. A satisfação exige identificação e arraiga
fortemente o desejo em nossa personalidade, reforçando e criando sanskaras
(conjuntos de sinapses).

A trégua pós-satisfação nos permite conhecer, por um breve tempo, o que seria o
estado de tranquilidade na ausência do desejo. O desejo é uma perturbação que insiste
teimosamente e nos abandona após a satisfação, durante a meditação e também após
a morte do "eu" correspondente. Na ausência do desejo há paz e felicidade, sem
perturbação. Tal é o estado que buscamos alcançar e perpetuar. As pessoas buscam a
satisfação do desejo para se livrar do desassossego, pois o desejo incomoda, perturba.
A satisfação não é uma forma recomendável de nos livrarmos do problema, há outras
muito melhores. Experimentamos de forma positiva tal estado através da meditação e
o concretizamos definitivamente através da Morte Mística.

Observe-se nos momentos em que estiver temporariamente livre da perturbação de


um desejo específico. Você estará tranquilo, livre em relação àquilo. No entanto, se
você conquistou essa paz por meio da satisfação e não pelos meios corretos, saiba que
o desejo voltará com muito mais força em breve. À medida que repetir o ato e o
satisfazer mais e mais para se livrar do tormento, menores e menos intensos serão os
momentos de satisfação, a insatisfação aumentará e mais escravizado você se tornará.
Renuncie a esta via funesta e não tente conquistar a paz interior pelo equivocado
caminho satisfação, busque-a através da Morte e da meditação.

Se você olhar para si mesmo após a satisfação, verá que se encontra tranquilo em
relação ao desejo. Contudo, bastará um simples pensamento ou lembrança
relacionados com o objeto desejado para que o elemento psíquico comece a colher
força novamente. Sendo assim, o segredo para se manter em tal estado de liberdade
espiritual consiste em:

1. Observar a si mesmo nas diversas situações ao invés de se deixar fascinar pelas


mesmas (o foco central da consciência é você e as situações são percebidas pela
consciência periférica);

2. Adotar tolerância zero com todas as formas de alimentação do desejo, incluindo,


principalmente, as manifestações na mente (pensamentos, lembranças), na fala e nas
atitudes;

3. Sempre orar à Mãe Divina pela morte de cada detalhe psíquico descoberto.
Preservar o estado de liberdade interior é a meta. Não permitir que os pensamentos
criem força é imprescindível e também crucial. A queda do homem começou pelo
pensamento e seu resgate também deve começar por aí.

Os egos, sejam detalhes ou não, são criaturas mentais viventes. Quem suprime a
alimentação mas não pede a morte dos detalhes alimentadores, não irá longe, apenas
adiará um pouco suas manifestações. Quando não oramos à Mãe Divina pela Morte,
os detalhes continuam vivos e permanecem molestando.

Um simples pensamento poderá tirá-lo do estado de paz interior em que você talvez
se encontra agora. Você está na palma da mão do Buda e daí cairá por uma simples
lembrança, um simples pensamento.

A atuação do Ego pode ser comparada ao efeito borboleta: um simples bater de asas
pode provocar uma tempestade. Não permita que o inseto bata as asas. A cada vez
que o inseto bate as asas, uma tempestade de nutrição e criação de defeitos se forma.
Impeça-os de nascer, aborte-os. Vá direto ao ponto inicial, "de onde dependem todas
essas coisas" (V.M. Rabolú). Assim você preservará a paz interior.

Procedendo desta maneira, podemos nos firmar mais e mais no Ser, dimuindo
progressivamente o domínio dos egos. O Ser é o verdadeiro e legítimo Senhor do
corpo físico. O ser humano não foi feito para sofrer, mas sofre porque alimenta a dor
dentro de si mesmo.

As quedas e fracassos no trabalho não devem nos perturbar, devem apenas ser usadas
como indicadores do momento em que erramos. Os fracassos fazem parte do caminho
do sucesso e devem ser tomados com naturalidade, porém sem conformismos e nem
passividades.
Você prolongará o estado de paz interior e ausência de desejo se não permitir que os
pensamentos comecem a exauri-la.

Evitando situações sem retorno

Não devemos jamais entrar na frequência do Ego. Quem entra na frequência dos
desejos se torna incapaz de livrar-se dos seus resultados. Nesse sentido, há
necessidade de empenho e férrea determinação para resistir às identificações.

Há situações sem retorno, das quais não saímos sem que o ego tenha se alimentado,
fortificado e satisfeito. São situações irresistíveis, em que perdemos completamente o
controle de nós mesmos e nas quais o ego forçosamente se manifesta com todo o
vigor. Um luxurioso não resistirá à tentação de fornicar se entrar em um prostíbulo,
um viciado em jogos não resistirá à tentação de jogar se entrar em um cassino.
Enfrentar tais situações é o mesmo que atirar-se contra uma parede: você
inevitavelmente se arrebentará.

É uma tolice enveredar por caminhos e situações que obrigatoriamente promoverão a


manifestação livre e desenfreada dos egos. A desculpa de fazê-lo com o intuito de
conhecer a si mesmo ou de aperfeiçoar-se não passa de uma estratégia de auto-
engano. A Morte exige que abandonemos todas as formas de nutrição do ego.
Situações irresistíveis, que forçam fatalmente a manifestação dos desejos contra todas
as nossas tentativas de enfraquecê-los não devem fazer parte da nossa vida. A gama
de situações fatalistas é imensa.

Todo ato que, de alguma forma, esteja relacionado a um defeito o fortifica. Temos
que vigiar os atos e corrigi-los, retirá-los, mediante a Morte em Marcha. Através da
fala, milhares de defeitos se fortificam; através dos movimentos (andar, gesticular,
deslocar-se), outros tantos; através dos pensamentos, outros mais. Em muitos casos,
somente o fato de percebermos determinados objetos acende o desejo. Se nos
entretemos ali, com o defeito evocado, estamos lhe fornecendo energia. Embora não
devamos reprimir e tenhamos que permitir que aflorem espontaneamente, não
devemos ficar passivos diante da manifestação, alheios à mesma, sem nada fazer.
Diante da mais tênue manifestação, temos que reagir imediatamente, não com
repressão, mas com oração pela Morte.

É um erro comum percebermos o afloramento de um defeito e, ao invés de orarmos


imediatamente pela Morte, nos entretermos prestando-lhe atenção, enquanto vamos
enveredando pelo beco sem saída. Se me limito a prestar atenção a um desejo,
enquanto ele toma força, terminarei simplesmente possesso. Entrarei em um beco
sem saída, do qual somente poderei sair derrotado. A crença de que a simples atenção
o enfraquecerá é falsa.

Morrer é descobrir e retirar da vida os atos que nos levam às situações sem volta, nas
quais o Ego fatalmente toma o inevitável controle. Deixar-se arrastar para tais
situações é agir equivocadamente. Melhor é aprender a agir bem antes e desviar o
caminho mediante a Morte em Marcha.

Se não sou capaz de olhar para uma mulher bonita sem sentir desejo, então por que
devo olhar? Melhor é não olhar e não percebê-la. E para não percebê-la, devo aplicar
a Morte em Marcha no impulso motor de dirigir o olhar para as partes mais
desejáveis do seu corpo.

Entre o Ego e o Ser temos que tomar uma posição definida. Temos obrigatoriamente
que nos definir: de que lado queremos ficar? Quem não se define e, mesmo assim,
tenta morrer, fica estancado por tempo indeterminado, talvez por toda a vida. Não é
possível morrer quando não nos enraizamos no Ser.
Estar definido pelo Ser é ser radical com tudo o que seja Ego, não deixando que nada
escape. O Ego é como uma praga: ressurge facilmente de qualque resíduo que seja
deixado.

A auto-observação tem a a função de nos levar a descobrir os caminhos equivocados


que trilhamos rumo às situações sem retorno. A reflexão nos permite fazer um
levantamento de todas essas situações em que diariamente caímos. Quais são as
situações sem retorno em que caímos diariamente? Por onde chegamos até elas?
Quais foram os detalhes que nos levaram até as mesmas? O Ego nos prega muitas
peças e monta armadilhas.

Concentração: aquele que fala e aquele que


observa

Dentro de você há aquele que pensa, que fala sem parar, e aquele que observa.
Aquele, dentro de você, que observa é sua essência. Aquele que tagarela é sua mente.

Quando nos dissociamos daquele que fala, experimentamos o silêncio. O silêncio


interior provém do afastamento do ego tagarelante.

A mente é múltipla, a mente é um conjunto de muitas mentes. Não há portanto, um


único pensador, mas milhares de pensadores dentro de nós, todos tagarelantes.

Concentrar-se é esquecer: deixar para trás tudo o que não seja o lakshya, abandonar.

Na concentração, não perdemos o tempo correndo atrás dos pensamentos e nem


procurando-os para aquietá-los, simplesmente os deixamos de lado e permanecemos
em nossa essência, contemplando o objeto que nos interessa. A essência presta
atenção, recebe e não pensa.
O pensamento único não resulta da imposição de um pensamento sobre todos os
outros, com o intuito de forçá-los a se aquietarem. O pensamento único é resultado do
abandono dos múltiplos e variáveis pensamentos e da ocupação com apenas um único
pensamento escolhido. Abandonamos os milhares de pensamentos quando deixamos
de nos ocupar com eles, de nos entretermos prestando-lhes atenção.

Concentre-se com leveza, sem fazer esforços para concentrar-se. Apenas toque
levemente os vários aspectos do tema. Não faça esforços para aprofundar a
concentração, deixe que o aprofundamento ocorra por si mesmo.

Se a concentração atrapalhar o sono, isso indica que o praticante está ansioso por
concentrar-se. A ansiedade por concentrar-se trava a prática.

Uma associação subconsciente entre concentração e contração provocará


tensionamento. Veja a concentração como algo que tem a mesma natureza
descontraída do relaxamento.

Concentrar a atenção e concentrar o pensamento não são a mesma coisa, mas são
indissociáveis e intimamente relacionados. Não é possível concentrar o pensamento
se a atenção não estiver focada.

O observador silencioso (nossa alma ou essência) contempla aquilo que lhe interessa.
O observador silencioso recebe e compreende. Em silêncio, o observardor
contemplará o desenvolvimento do pensamento único, percebendo inclusive os sons
internos que possam acompanhá-lo.

Transmutação: a imaginação que conduz a


energia para cima
A imaginação pode conduzir o fluxo da energia sexual em duas direções: para fora ou
para cima. A imaginação determina o rumo da energia.

Se a imaginação seguir os trilhos dos desejos e fantasias eróticas, conduzirá a energia


ao orgasmo. Se a imaginação seguir os trilhos da transmutação, conduzirá a energia
para o êxtase e a cura do corpo. A imaginação segue o caminho da transmutação
quando, em plena excitação sexual, não nos deixamos arrastar mentalmente pelas
fantasias e, ao invés disso, mantemos a mente ocupada com a imagem do fogo sendo
conduzido pela coluna até o cérebro e dali se espalhando pelo coração.

Este é o segredo da não-ejaculação: manter a mente ocupada com a idéia da


transmutação e não permitir que nenhuma fantasia erótica se processe. A mente
comanda o processo, mas a consciência deve comandar a mente.

Quando um pensamento se apossa completamente de uma pessoa, interfere em sua


fisiologia. Se os pensamentos luxuriosos e fantasias sexuais se apossam da mente,
conduzem a fisiologia ao orgasmo. Se o pensamento concentrado na transmutação se
apossa da mente, irá conduzir o fogo para o cérebro.

A fornicação é uma espécie de concentração que resulta em desgaste energético,


motivo pelo qual não nos interessa. A transmutação sexual por meio da vontade e da
imaginação é outra forma de concentração contrária à fornicação. A transmutação
sexual exige ato sexual real, com intensa concentração transmutatória, e posterior
complemento imaginativo, igualmente transmutatório.

A imaginação é a responsável pela condução da energia sexual. A imaginação


morbosa produzirá orgasmo, a imaginação espiritual transmutará e conduzirá a
energia pela coluna.
Sem as imaginações morbosas e fantasias sexuais não existiria a fornicação e nem o
orgasmo. Um ser humano desprovido de imaginação seria inorgásmico.
Similarmente, sem a imaginação espiritualizada correta durante o ato sexual não se
pode modificar a energia para torná-la mais leve e fazê-la subir. O êxtase erótico
espiritual será impossível para quem não houver desenvolvido a imaginação pura e a
concentração. Não há saída: ou desenvolvemos a imaginação positiva e pura ou
seremos tragados pelas imaginações negativas e morbosas.

Concentração: destravando o passo do asno


empacado

A interrupção do fluxo mental pelo esgotamento de idéias

Às vezes, durante a concentração, o fluxo do pensamento único chega até um ponto e


fica interrompido pela falta de idéias sobre o lakshya. Isso não significa que
tenhamos atingido o não-pensamento, significa tão somente que estamos presos ao
nível intelectual e não estamos conseguindo ir além, aprofundando a prática.

Quando faltarem idéias para compor o pensamento único durante a concentração,


procure características intrínsecas ao lakshya que ainda não foram consideradas. Elas
darão continuidade ao curso do pensamento.

Convém iniciar o aprendizado da concentração pensando em algo sobre o qual


tenhamos bastante informação. Quanto mais informação tenhamos sobre algo, menos
propensos seremos de sermos atingidos pela interrupção súbita do fluxo mental.

O que interessa é aprender a ultrapassar as barreiras da concepção superficial,


extraindo informações da mente com crescente profundidade, de forma a
compreender e conhecer cada vez mais o lakshya, até o momento em que o
pensamento único se esgote.

Há uma diferença entre o fluxo mental que se esgota espontaneamente, dando lugar à
meditação, e o fluxo que é interrompido bruscamente sem ter sido esgotado.

O pensamento concentrado em um tema é imaginação consciente, os pensamentos


dispersos são imaginações mecânicas.

É comum, durante a concentração, que nos faltem pensamentos (imaginações


conscientes) sobre o lakshya e que sobrem pensamentos inúteis sobre o que não nos
interessa. O asno da mente tenta sabotar a prática porque quer seguir seus erráticos
caminhos subjetivos e inúteis.

Quando o asno da mente se recusa a prosseguir pensando no lakshya, temos que


empurrá-lo para frente com pensamentos propositais e voluntários. Se, ainda assim,
nada novo nos ocorrer sobre o assunto, podemos tentar "abrir a imagem mental".

Suponhamos que eu queira meditar na planta do bambu. O bambu será, então, o meu
lakshya. Começo a concentrar meus pensamentos no bambu e, dali há instantes, o
pensamento deixa de fluir, nada mais sobre o bambu me ocorre, mas também não
recebo nenhuma revelação e, para piorar, pensamentos alheios ao tema começam a
aparecer. Como eu daria um empurrão adicional à mente para que ela continuasse a
pensar no bambu?

Primeiramente, traria minha imaginação de volta ao bambu (pois imaginar é uma


forma de pensar). Em seguida, começaria a extrair da imagem mental seus detalhes.
Perguntaria para mim mesmo: Qual é a cor do bambu imaginado? Qual é o seu
estado? Em que ambiente está o bambu? O bambu está limpo ou está sujo de terra?
Está empoeirado? Está seco ou verde? É a imagem de um bambu recentemente
cortado ou de um bambu seco e envelhecido? O estou visualizando sob a luz do dia?
Infinitas outras perguntas poderiam ser feitas. As respostas sinceras a tais perguntas
fariam com que a mente retomasse novamente o seu fluxo.

Eu poderia também, imaginativamente, partir o bambu ao meio e esquadrinhá-lo por


dentro. O que há ali dentro? Como é esse bambu interiormente? Em seguida, posso
imaginar mil e uma maneiras do bambu ser usado pelas pessoas: para levantar varais
de roupas, como alimento, para construção de casas, para surrar alguém malcriado
(risos), como uma vara de pesca. Talvez me ocorra descobrir qual é a função do
bambu na natureza e então me dê conta de que ele serve de alimento para certos
animais ou algo assim.

O que importa, quando o asno empaca, é encontrar aquilo que ainda não foi cogitado,
aspectos do lakshya que ainda não foram imaginados, questionados ou pensados. O
passo do asno irá destravar quando descobrirmos algo novo sobre o tema. Qualquer
conteúdo ou aspecto que estiver intrinsecamente ligado ao bambu será válido e
poderá ser acolhido.

Caso as imagens do bambu estejam sendo visualizadas com certa nitidez, podemos
experimentar entrar em seus detalhes morfológicos como se o observássemos com
um microscópio. Escolhemos uma parte qualquer do bambu e tentamos "vê-la mais
de perto", isto é, ampliá-la, com o intuito de descobrirmos o que há ali, quando
observado a uma escala microscópica. Se a concentração estiver profunda,
poderemos ver pequenos canais por onde circula sua seiva, talves vejamos suas
células, partículas ou algo assim. Tudo isso imaginativamente.

Deixemos de lado a preocupação com o fato dos conteúdos imaginados


corresponderem ou não com a realidade. Nossa preocupação agora é somente
disciplinar a mente e atingir níveis profundos de concentração. Depois, caso
queiramos, podemos confrontar o que imaginamos com fatos reais do mundo físico
(abrindo um bambu fisicamente para ver se corresponde com o que imaginamos ou
olhando seus pedaços em um microscópio, por exemplo). Ainda que não exista
grande correspondência entre o que imaginamos durante a prática e aquilo que
constatamos posteriormente, por meio do microscópio, não haverá problema algum,
pois nossa meta é chegar ao pensamento único para descartá-lo em seguida. O bambu
é apenas um ponto de apoio.

Enquanto estivermos com a imaginação direcionada sobre o lakshya, tudo o mais


deve ser esquecido: o corpo físico, as doenças, as tristezas, os problemas, as
preocupações da vida, o lugar onde estamos, a época ou data em que estamos, o
passado, o futuro etc. O desprendimento deve ser total. Somente deve existir o alvo
da imaginação, aqui e agora.

Em fases mais profundas da concentração, pode ser que sintamos uma indefinível
sensação de podermos ir além do bambu para capturarmos algo que não conseguimos
definir o que é, mas que pressentimos estar "depois" ou "além" dele. Se não tivermos
medo, podemos transpor essa passagem e já estaremos no começo da meditação
propriamente dita. Estaremos então meditando de fato no bambu e muitas coisas
interessantes serão reveladas. As pessoas experientes permanecem por certo tempo
neste estado, mas os principiantes experimentam apenas "flashes" momentâneos, pois
retornam quase imediatamente após entrarem.

Transmutação: quebrando o círculo vicioso


da energia sexual
A fornicação é um círculo vicioso (orgasmo → enfraquecimento → recuperação →
orgasmo). Quem quer sair do círculo vicioso da fornicação deve dar um choque
consciente em si mesmo. Do contrário, não pulará para uma nova oitava.

Os egos da luxúria não nos atacam logo após o orgasmo, porque o corpo está
descarregado e não dispõe de energia para sustentar os processos fisiológicos sexuais,
tais como excitação, ereção e outros. É algo similar ao que acontece com quem está
extremamente cansado por muito esforço físico: ele não conseguirá brigar com
ninguém.

Há uma contradição no sexo: quanto mais forte nos sentimos sexualmente, mais
assaltados somos pelo desejo e mais propensos a uma descarga energética estamos.
Esse processo pode ser comparado a encher uma vasilha com água: quanto mais
cheia, mais próxima de derramar. Quem transmuta sua energia evita que a vasilha se
encha.

Quanto mais antecipadamente percebermos a aproximação de um desejo na mente,


tanto mais facilmente podemos enfraquecê-lo mediante a Morte em Marcha. Se
permitimos que um desejo se arraigue nos centros, ficará mais difícil enfraquecê-lo
depois.

Ficar passivo, sem nada fazer, enquanto o desejo se manifesta e se arraiga, é o mesmo
que auto-acorrentar-se para depois tentar se libertar.

Buscamos a Morte para não termos que satisfazer e nem reprimir. Não satisfaça e
nem reprima: descubra, suplique e esqueça. Não fique procurando os defeitos, deixe
que eles apareçam.
Transmutar a energia sexual é modificá-la, tornando-a mais leve, sutil e refinada. A
energia que não é transmutada é inevitavelmente ejaculada ou sofre uma deterioração
dentro do organismo.

O procedimento para transmutar a energia consiste em três coisas: purificação do


erotismo, ato sexual sem orgasmo e condução da energia para dentro e para cima, por
meio da imaginação.

A purificação do erotismo é conseguida por meio da morte da luxúria, o que substitui


o desejo animal pelo impulso erótico espiritual. O redirecionamento da energia é
conseguido por meio da prática do coitus reservatus ou magia sexual (maithuna). A
energia é conduzida para dentro e para o alto por meio da imaginação e da respiração.
A imaginação e a respiração a desviam dos canais ou caminhos orgásmicos.

A transmutação sexual é o choque que nos permite sair do círculo vicioso da


fornicação. Quem não pode transmutar (solteiros, viúvos, doentes e demais
impossibilitados) deve pelo menos sublimar seu erotismo com mantrans, respiração,
concentração e meditação. A sublimação é o princípio da transmutação. Quando o(a)
parceiro(a) for impossibilitado sexualmente, a pessoa pode praticar a carezza (carícias
sem penetração), que é uma forma de transmutação mais superficial. Quem tem duas
ou três mulheres, deve definir sua situação, escolher uma delas e desligar-se
sexualmente das demais. Se o desligamento sexual não for possível sem o
afastamento total, deve finalizar os relacionamentos.

*****

Todo homem sabe que, após uma ejaculação, o desejo arrefece.

Antes do orgasmo, o homem desfruta de uma sensação de intenso vigor no órgão


sexual. Após o orgasmo, o que se sente no órgão sexual é fraqueza, vazio e
debilidade. Por mais que estejamos empolgados e excitados com a mulher, por mais
louca que seja a fantasia sexual que estiver sendo satisfeita, o "morbo" desaparecerá
completamente após um ato de fornicação. Não importa se a mulher é a mais linda do
mundo, após a ejaculação o homem é um trapo.

Tal fato demonstra a relação intrínseca entre desejo e esperma: ao perder o esperma,
esvai-se o desejo. Portanto, o desejo vincula-se estreitamente a presença do esperma
dentro do organismo do homem.

Sem o esperma, não há como acender o desejo. Uma mulher poderá lançar mão de
todos os recursos existentes e disponíveis para excitar um homem após o
esgotamento sexual, mas não terá sucesso. A excitação do homem não é possível ou é
muito fraca após o orgasmo, o que indica que o aparelho fisiológico sexual necessita
do combustível espermático para repetir suas façanhas.

Algum tempo após o orgasmo, o macho começa a sentir leves impulsos: começa a
sentir algo ao olhar para as fêmeas. Isso indica que a energia está sendo aos poucos
reposta. Tempos depois, estará novamente em ponto de bala: sentirá ereções e fortes
excitações sexuais, pois sua energia terá sido reposta. Neste ponto crítico, o homem
se deixa levar pelo desejo e repete o ciclo, caindo novamente na fornicação. Vivendo
neste círculo vicioso, o homem passa os seus dias, até a impotência sexual total.

Fica evidente, pelos fatos mencionados, que há alguma força especial no esperma,
alguma energia, algo que se perde com ejaculação. Esse algo é a força sexual ou
energia criadora. Quanto maior a quantidade de energia sexual, maior a intensidade
do impulso de relacionar-se sexualmente. O homem vive no círculo vicioso da
fornicação. A energia possui um caráter contraditório: quanto mais energia, maior o
vigor para exauri-la e enfraquecê-la.
Para sair do círculo vicioso, é necessário aprender a transmutar (redirecionar) a
energia sexual. A força sexual é altamente explosiva e de difícil condução, sendo
impossível simplesmente armazená-la. Quando tentamos armazenar a energia sexual,
ela simplesmente explode na forma de ejaculações involuntárias. Quem quer livrar-se
do vício da fornicação deve aprender a redirecionar a energia para dentro e para cima,
redistribuindo-a pelo corpo físico e pelos corpos internos. Isso se chama transmutar.

A energia ascenderá somente se for transformada. Caso não seja, não será possível
seu ascenso. Mediante a concentração e a meditação nas glândulas sexuais, a energia
se tornará mais leve, mais refinada e mais sutil (o que equivale a dizer que ela se
tornrá mais espiritual e menos animal). A energia em estado comum é bruta, densa e
pesada demais para subir, se comparada à energia transmutada. Apenas a energia
transmutada pode ascender pela coluna. A luxúria deixa a energia pesada e não
permite seu redirecionamento.

Os momentos em que estamos mais carregados com a energia bruta são os que
estamos mais expostos à sua perda. Sendo assim, quanto mais carregados estivermos,
mais intensamente deveremos trabalhar na Morte em Marcha.

Alguns dias após o orgasmo, o macho se sente forte, poderoso. Pilatos diz em sua
mente: "Tenho bastante energia agora, não haverá problema em perder só um
pouco..." e ele então lava suas mãos e não se sente culpado. Este é o momento crucial
para pularmos a oitava, por meio de um choque consciente adicional. Se
intensificamos a Morte e as práticas nesses momentos, damos um salto para outro
nível.

É difícil ver o sexo de forma espiritual: a luxúria nos arrasta à animalidade. No


entanto, a transmutação da energia é, entre outras coisas, a transformação da forma de
encarar o ato sexual.
Em suma, quanto mais fortes sexualmente estivermos, mais excitáveis estaremos.
Quanto mais excitáveis, mais propensos a sermos invadidos pelo desejo. Quanto mais
invadidos, mais próximos da perda da energia. A saída do círculo vicioso está na
intensificação das práticas sempre que percebermos que o desejo se aproxima para
tomar o controle.

Concentração: as emoções e o fluxo dos


pensamentos

A mente flutua e se ocupa com vários assuntos de acordo com os desejos e emoções
que os mesmos proporcionam. Os pensamentos são acompanhados por emoções: ao
pensarmos em algo, sentiremos emoções correspondentes.

Quanto mais prazer ou emoção sentirmos ao pensarmos em algo, por mais tempo
pensaremos naquilo. Quando algo não nos dá prazer ou emoção alguma, torna-se
impossível pensarmos naquilo por tempo prolongado.

Um aluno não pensará profundamente e por longo tempo em uma matéria escolar
detestável. Ainda que seja obrigado àquilo, o fará de forma forçada e superficial.
Uma mulher não pensará em um homem que lhe pareça desinteressante ou sem graça
e jamais se apaixonará pelo infeliz.

Quando um tema não desperta nenhuma emoção ou interesse, a mente se recusa a


nele pensar. Se tentarmos forçá-la, o fará por apenas alguns instantes. Um praticante
que queira desenvolver a concentração não pode negligenciar esse fato.
Considerando o que foi acima exposto, vemos que a concentração não é algo frio e
sem emoção. A prática da concentração não se restringe ao mero intelecto. O
intelecto é somente o ponto de partida, o salto inicial.

Em uma fase muito inicial, pensamos no lakshya usando a linguagem interna de


forma analítica. Em seguida, dispensamos a "vozinha" e deixamos de usar o nosso
idioma nativo para pensar, valendo-nos tão somente de imagens mentais. Após isso,
deixamos o caráter analítico da prática e passamos a receber as características do
objeto de forma puramente perceptual e instintiva. Nesta fase, estaremos nos valendo
somente da percepção interna por via imaginativa e os sentidos já deverão estar
desligados ou se desligando. A recepção perceptiva do lakshya exige certa atividade
do chakra ajña (entrecenho) e começa a exercitá-lo. Quando estivermos "vendo" as
cenas com os olhos fechados, como se estivéssemos com os olhos abertos, o chácara
estará trabalhando. A concentração desenvolve a visão espiritual (vidência consciente
ou clarividência).

Nesse ínterim, não podemos negligenciar as emoções. Ao pensarmos no tema,


devemos nos abrir às emoções provocadas. Cada tema provoca emoções
correspondentes e por isso convém escolher temas sublimes que nos encham de
emoções superiores.

Se nos concentrarmos no mar, os pensamentos e imagens relacionados provocarão


emoções específicas, tais como a de estarmos na praia, mergulharmos, velejarmos,
observarmos as criaturas marinhas ou sobrevoarmos os oceanos. As emoções
"oceânicas" são o caminho ou princípio que nos conduzirá a emoções cada vez mais
espirituais e profundas a respeito do assunto. Se as emoções nos preencherem,
estaremos realmente sentindo o oceano. O chakra do coração (anahata) estará sendo
exercitado, puxado a trabalhar. Quanto mais o chakra anahata trabalhar, mais
desenvolvido ficará, maior será a intuição e mais intensas as emoções superiores.
O coração se desenvolve com o cultivo de emoções superiores. Quem cultiva
emoções inferiores e negativas, desenvolverá o coração de forma negativa, seu chakra
ficará parado ou irá girar cada vez mais ao contrário do que deveria. Seu pobre
coração será uma porta aberta para egos cada vez mais pesados e perigosos. Em
certos casos, egos de outras pessoas, vivas ou desencarnadas, obsessionam a pessoa,
pois a mesma se tornou uma porta completamente aberta para os defeitos.

Se você tem a porta aberta para as emoções negativas, sugiro que comece a cultivar
as emoções superiores de forma cada vez mais intensa e abandone as emoções
inferiores.

As emoções são o segredo do avanço nas práticas de concentração e meditação. Por


isso, segundo Sivananda, Patanjali recomenda que a pessoa se concentre naquilo que
considera agradável e interessante. O V.M. Samael também afirma que a
concentração é "atenção, plena natural e espontânea em algo que nos interessa, sem
artifício de espécie alguma" (vide O Mistério do Áureo Florescer). De fato, a
concentração em algo que nos interessa é a atenção naquilo que evoca emoções e
prazer. Não há sentido em tentar concentrar-se em algo que não desperta interesse
algum, o asno da mente não se atém àquilo.

Quando elegemos um tema como lakshya, de nada adianta tentarmos nos concentrar
se não nos abrirmos para as emoções correspondentes. Quanto mais intensa for a
emoção que liberarmos, mais a mente se prenderá ao tema e nele pensará longamente,
esquecendo tudo o mais. Ao mesmo tempo, a visão espiritual e as emoções superiores
estarão sendo postas em atividade e se desenvolverão.

Inicialmente pensamos. Depois o pensar se transforma em imaginar. Em seguida, o


imaginar se transforma em perceber e sentir, os quais vão se aprofundando
gradativamente.
Se você tiver alguns sonhos lúcidos com o seu lakshya, isto será perfeitamente
normal e um sinal de avanço, mas não se contente com eles, prossiga.

Se quisermos nos concentrar no Senhor Jesus ou no Senhor Budha, não nos


esqueçamos de buscar sentir as emoções que a prática irá evocar. Se quisermos nos
concentrar na 9ª Sinfonia de Beethoven, não nos esqueçamos das emoções. As
emoções nos prenderão àquilo que nos interessa.

O desenvolvimento espiritual é o desenvolvimento do coração. E o desenvolvimento


do coração é o desenvolvimento das emoções superiores. Sem as emoções, não
existirão concentração, meditação e nem nada.

Nossa capacidade de sentir o superior está atrofiada. Passamos a vida gozando com o
que é baixo, infernal, tenebroso e negativo. O caminho para reverter esse quadro
nefasto é o cultivo do contrário. De nada adianta perder o tempo tentando reprimir as
emoções negativas, melhor é substituí-las pelas emoções superiores.

Ao pensarmos nas características do objeto, convém tocar suas características


levemente, sem esforços. Somente dar-se conta dos múltiplos e infinitos aspectos é
suficiente. Fazer esforços para aprofundar a concentração é contra-indicado. Os
pensamentos e imaginações devem fluir com a mesma leveza e naturalidade com
fazem quando estamos distraidos com devaneios, com a diferença de que se dão
conscientemente e não se desviam. A atenção será plena (sem desvios), natural e
espontânea (sem esforços e sem conflitos com a mente).

Amar a Deus e não ao mundo


O ser humano normalmente tem dificuldade para amar a Deus, pois ama muito a
matéria. Estamos enamorados por maya, o mundo da ilusão.

Em maya está a nossa fé: cremos cegamente que o mundo sensorial da matéria é a
verdadeira realidade. Vemos os mundos espirituais como vagas possibilidades ou,
quando muito, como mundos meio "vaporosos" ou "abstratos". Para a maior parte da
humanidade, espiritual é sinônimo de não-concreto. Por não termos experiência
direta com os outros mundos, duvidamos, no fundo, de que possam ser reais.

Quando estamos doentes, confiamos mais em uma intervenção física (cirurgia) ou


química (remédios) do que em uma intervenção energética (orações e rituais). E
como poderiam as orações dar resultado se a porta para o Espírito está bloqueada? A
falta de resultados com as orações reforçam nossas crenças e afundamos mais ainda
no materialismo.

A idéia de que a energia seja matéria em outro estado é professada por muitos
intelectualmente, mas poucos a sentem profundamente no coração ao ponto de
realizarem prodígios. No fundo, desconfiamos que a energia seja menos real e menos
concreta que a matéria.

Portanto, amamos e temos mais fé na matéria do que no espírito. Essa é a trágica


situação da humanidade. Para revertemos a situação, o caminho é a experiência direta
e consciente com os mundos espirituais e com as forças que atuam na natureza e no
universo. Orações, rituais, auto-conhecimento, meditação e viagens astrais romperão
com o unilateral ceticismo materialista.

Não poderá amar a Deus quem está apaixonado pela matéria. Não deixará de estar
apaixonado pela matéria quem a considerar a essência da realidade.
Amar a Deus é amar Àquilo que temos de melhor dentro, de mais elevado, de
sublime, nosso próprio Espírito. Se o Espírito Divino do Homem emana de Deus,
então é óbvio que possui Sua mesma Natureza Divina. Os impulsos elevados provém
de Deus. Quem quer ser capaz de amar o Deus Universal e Cósmico, deve começar
aprendendo a amar o seu próprio Íntimo, que é o próprio Deus Cósmico dentro do ser
humano.

Se Deus é onipresente, então está em todos os lugares. Se está em todos os lugares,


está em toda matéria. Isso significa que Deus jaz no homem, no animal, na planta, na
pedra, nos ventos, nos rios, no raio, no trovão, nas estrelas, nos planetas e em tudo. O
Deus Universal é o Deus da Criação. Como podem aqueles que se dizem seus servos
não reconhecê-lo na natureza e até lhe lançarem anátemas?

Há, no ser humano, assim como no resto da criação, um aspecto superior que é o
próprio Deus em manifestação. Temos que fazer uma opção: ou amamos o Ego e a
matéria ou amamos o Espírito. Do Ego provém os impulsos de satisfação sensorial e
o amor pela matéria. Do Espírito provém os impulsos de auto-superação, de elevação,
de crescimento espiritual, de unir-se à criação, de conhecer e viver nos céus, de
libertar a alma dos desejos, de libertar a humanidade do sofrimento. O Espírito
impele para cima e para s união com o Todo. O Ego impele para baixo e para a
separação do Todo. Acreditamos que somos diferentes dos demais seres por causa da
ilusão de separatividade projetada pelo Ego.

As frequências de energia existentes no universo e em nosso corpo são infinitas e


nem de longe os cientistas as conhecem. Muito acima dos raios ultravioleta e dos
raios gama, existem as frequências energéticas que compõem os universos divinos.
Os universos divinos são concretos e materiais, porém vibram em frequências
altíssimas. Talvez um dia essa humanidade tenha algum vislumbre grosseiro desses
mundos.
Concentração: a importância de escolher
adequadamente o lakshya

Alguns temas são facilmente penetráveis pela mente, enquanto outros são de difícil
penetração. Um tema facilmente penetrável é um tema no qual conseguimos pensar
com facilidade durante um certo tempo, sem esforço. A mente flui com facilidade
dentro do tema e seus vários aspectos vão se revelando progressivamente.
Infelizmente, a maioria dos temas facilmente penetráveis são ruins, negativos e nos
conduzem perigosamente a estados indesejáveis e prejudiciais. As fantasias sexuais
são um exemplo de tema facilmente penetrável porém destrutivo.

Por que alguns temas são facilmente penetráveis? Porque neles pensamos há bastante
tempo e deles gostamos. Quando estamos acostumados a pensar constantemente em
um tema, a mente flui com facilidade devido aos sanskaras criados. A mente pensa
com facilidade naquilo que está acostumada a pensar, mas empaca quando queremos
que pense em algo fora dos seus trilhos. Além disso, é mais fácil pensar
prolongadamente em um tema geral e amplo do que em um tema específico e
singular. Por exemplo: é mais fácil pensar demoradamente em múltiplas técnicas de
luta do que em uma certa luta específica de Yip Man. Quando pensamos em um tema
geral e amplo, os diversos subtemas surgem por associação e a mente flui dentro do
objeto com certa facilidade, por este não ser tão restrito.

Por outro lado, há temas de difícil penetração: são, normalmente, os temas com os
quais pouco nos ocupamos, que rejeitamos, que nos enfastiam, incomodam ou
irritam. Podem também ser temas muito singulares e específicos. Quando tentamos
nos concentrar, o fluxo de idéias rapidamente se esgota e experimentamos um fastio
irritante. Se tentarmos forçar as coisas, obrigando a mente a pensar, podemos adquirir
um pouco dor de cabeça. A dor de cabeça na concentração advém quando tentamos
arrebentar violentamente os sanskaras (condicionamentos mentais). O ideal é
descondicionar a mente gradativamente e não tentar fazê-lo com violência.

Os praticantes de concentração e meditação provavelmente estarão cientes do fato de


que os pensamentos costumam se esgotar (sem que a mente esteja silenciada) quando
tentamos concentrá-los em algo difícil. O fluxo dos pensamentos, que deveria fluir
em torno do lakshya, deixa de correr e faltam-nos pensamentos sobre o assunto,
apesar de sobrarem pensamentos a respeito do que não nos interessa no momento.

Após alguns poucos pensamentos, nada mais nos ocorre sobre o tema, mas muitos
pensamentos intrusos aparecem e nos desviam. A mente não silenciou de forma geral,
não esgotou o processo do pensar, simplesmente se recusou a pensar no que
havíamos escolhido. O asno está teimando: não quer pensar no assunto, mas pensa
em muitíssimas coisas inúteis que não interessam no momento. A mente deixa de
pensar no lakshya para pensar em outros temas, desviando-nos do objetivo. A mente
atira para todo lado e não se fixa em um alvo. Não será possível escapar da mente e
atingir o silêncio mental se antes não direcionarmos o fluxo dos pensamentos em uma
só direção.

Nesses casos, a pessoa nem sequer começa a se concentrar direito e logo já lhe faltam
conteúdos para prosseguir com a prática. A pessoa procura e procura, mas não lhe
ocorre nada mais além do que já é conhecido a respeito. De tanto repassar as mesmas
informações, o praticante termina desistindo e deixando a prática para depois. O
motivo: ele não tinha muito o que pensar a respeito do objeto escolhido e isso
facilitou a invasão por pensamentos intrusos.

Essa interrupção do fluxo mental nada tem a ver com o silêncio da mente, muito pelo
contrário, trata-se de uma teimosia do asno, que quer insistentemente pensar em
outras coisas. A mente não está em silêncio, somente se recusou a pensar no lakshya
para poder pensar em milhares de besteiras.
Para minimizar esta sabotagem específica do asno (de recusar-se a pensar no
lakshya), podemos nos valer dos seguintes meios:

1. escolher um tema a respeito do qual tenhamos muita informação;

2. escolher um tema que nos agrade ou interesse muito;

3. escolher um tema concreto que seja amplo, como o oceano, o céu, uma floresta, os
Andes ou os Himalayas.

Temas concretos, amplos, familiares e/ou que nos interessem muito reduzem as
chances do asno recusar-se a neles pensar. São temas adequados para aqueles que
estão começando, cuja mente ainda não está disciplinada e pensa em demasia sobre o
que não interessa (a maioria de nós). O principiante deve começar com temas de fácil
penetração e, aos poucos, ir entrando em outros temas conforme seu poder de
concentração se desenvolva. É claro que o ideal é atingir um estado em que pensemos
pelo tempo que quisermos e sem esforço algum no Íntimo, no Atman, no Buddha, em
Cristo ou em Deus, mas não podemos chegar ao objetivo de uma vez. Enquanto isso,
nos contentemos em prolongar o pensamento nEles pelo tempo e com a profundidade
que conseguirmos.

O problema da falta de conteúdos a serem pensados sobre o objeto da concentração


atrapalha muito. Se não tivermos pensamentos sobre o lakshya, milhares de
pensamentos desvinculados e desviantes surgirão imediatamente. A mente trabalhará
de forma subjetiva, sem meta, e não pensará profundamente em nada.

A forma usual da mente pensar é subjetiva: ela pensa um pouco sobre cada coisa e
vai mudando de tema constantemente. O pensar profundo e direcionado é algo
incomum, ao qual a mente não está acostumada. A mente pensa superficialmente e
mariposeia sem parar. Parar em um tema para aprofundá-lo é algo novo e incomum
para a mente. Ao longo da vida, nos acostumamos com o pensar superficial e
subjetivo.

Entenda-se que por "pensar", neste texto, estou me referindo principalmente ao ato de
imaginar.

De acordo com o tema escolhido, experimentaremos imagens, recordações,


conclusões e também emoções correspondentes. Por tal motivo, convém evitar pensar
em temas inferiores, em assuntos negativos que nos arrastem para a degeneração, a
depravação e a perdição. Temas sublimes, espirituais e relacionados com a natureza
são recomendáveis. Temas prejudiciais podem ser de fácil penetração e permanência,
mas os resultados não compensam. Muitas pessoas que cometeram crimes focaram o
pensamento de forma destrutiva e se acostumaram tanto com aquilo, que não foram
mais capazes de reverter o processo.

Assim como existe o êxtase espiritual sublime da alma, existe o transe obsessivo
infernal da mente. Se cultivarmos os maus pensamentos, eles nos conduzirão ao
abismo. Se cultivarmos o pensamento elevado, seremos conduzidos a vários céus. A
queda no mal é uma espécie de concentração, realizado ao contrário, para a
escuridão. Os vícios e falhas de caráter que todos temos são o resultado do cultivo
dos maus pensamentos. A mente é como um cavalo: pode nos conduzir em várias
direções. O que importa é aprender a pensar corretamente.

Quando avançamos um pouco na prática, não necessitamos de palavras ou idiomas


para pensar, a mente flui com imagens e sons internos e intrínsecos ao objeto.
Quando estivermos bem dentro do tema, completamente esquecidos de tudo o mais,
estaremos em plena concentração.

Quando, de todas as maneiras, o Ego nos confunde e nos impede de escolher um


lakshya, deixando-nos perdidos e indecisos, podemos resolver o problema
simplesmente entregando a decisão ao Íntimo e escolhendo aleatoriamente qualquer
um dos temas entre os quais estamos indecisos, sem raciocinar a respeito, escolhendo
"como um louco escolheria".

Concentração: preenchendo a mente com


conteúdos superiores

Vamos voltar um pouco ao assunto dos conteúdos mentais.

A mente pensa com facilidade no aspecto negativo e sinistro da vida, nele se


concentrando com extrema facilidade. Qualquer pessoa que tenha um problema grave
sabe do que estou falando. A concentração da mente nos problemas e desgraças faz
com eles aumentem de forma espantosa, o que leva pensamentos e emoções ruins a
tomarem conta do cérebro, do sistema nervoso e do corpo. Ocupar-se com os maus
pensamentos para tentar erradicá-los não é um bom negócio. Melhor é ocupar-se com
pensamentos elevados.

Um motivo pelo qual a mente se ocupa facilmente com o mal é a crença inconsciente
de que se pode atenuá-lo através de tal procedimento. A mente realmente acredita
que é necessário pensar nas coisas ruins para melhorá-las. Quanto mais pensarmos no
mal, mais afundaremos em pensamentos negativos.

Sintonizar-se com os aspectos superiores da vida e do universo é possível quando


pensamos no que é superior ao invés de pensar no que é inferior e terrível.

A mente humana pode ser considerada como a substância ou matéria (manas) que
compõe os pensamentos e imaginações. Os conteúdos dos pensamentos são
adquiridos ao longo da vida, desde a infância. Isso significa que aquilo que se passa
em nossa cabeça é resultado de múltiplas e infinitas combinações de elementos
capturados sensorialmente e retidos na cabeça, sob a forma de representações.

Quem prestar atenção em seus próprios pensamentos perceberá que são constituídos
principalmente por imagens de tipo visual e por representações de tipo sonoro.
"Vemos" e "ouvimos" cenas e acontecimentos na tela da mente.

Se ficarmos um dia inteiro passeando em uma praia, à noite perceberemos imagens


mentais da areia, das ondas. Se passarmos o dia em uma floresta, as imagens serão de
árvores, de folhas e coisas assim. Quando algo nos impressiona muito, seja
positivamente ou negativamente, imagens correspondentes ficarão em nossa mente.
Basta fecharmos os olhos e as veremos, pois tais imagens podem ser vistas pela
clarividência incipiente que todas as pessoas comuns possuem.

Algo similar acontece com os sons. Os sons que ouvimos na vida formarão
pensamentos "sonoros", sendo sua principal forma a tagarelice interior. Nas cenas
mentais, nós falamos e outras pessoas falam. A mente imagina milhares de situações
em que discursamos, discutimos, conversamos, perguntamos, brigamos etc. Tais
pensamentos usam o recurso do idioma (português, inglês, francês etc.) para se
processarem. Um latino-americano pensará em espanhol ou português. Um oriental
pensará em árabe, japonês, chinês ou sânscrito. O idioma aprendido desde a infância
serve como base para a tagarelice inútil da mente.

Além das tagarelices internas, merecem destaque as músicas insistentes que invadem
a mente e "ficam na cabeça". Às vezes tais músicas se repetem por dias a fio, sem dar
descanso. Tais músicas entraram na mente no momento em que as ouvimos e nos
identificamos. Em geral, são músicas que detestamos ou das quais gostamos muito.
Uma música pela qual nutrimos indiferença dificilmente se fixará na cabeça. Um bom
antídoto para o problema é ouvirmos os sons da natureza por um longo tempo,
deixando que impregnem a mente. Mantrans vocalizados por longo período também
costumam ajudar. O que importa é substituir os sons indesejáveis pelos desejáveis.
Os sons mentais são recordações de sons ouvidos ao longo da vida, sob múltiplas
combinações. O silêncio mental é a ausência de sons mentais. Um surdo de
nascimento não terá tagarelices interiores e nem ouvirá sons mentais, embora tenha
muitas representações mentais de conteúdos visuais.

O silêncio absoluto da mente somente é alcançado no samadhi. Na concentração


existe um silêncio relativo. Os sons mentais não são os autênticos sons dos mundos
internos, são projeções. Os verdadeiros sons dos mundos internos estão além dos sons
mentais e da tagarelice mental. No entanto, os sons e as imagens percebidos durante a
fase da concentração servem como guia, como barco para atravessarmos o oceano da
mente e depois descartá-lo. As imagens internas com sons não-verbais se convertem,
após a fase da concentração, em visões.

Portanto, aquilo que nos impressiona se transforma em conteúdo mental e


imaginativo. Convém prestarmos atenção e tomarmos cuidado com o que
presenciamos, vemos e vivenciamos. Se queremos aprender a nos concentrar e a
meditar, não podemos encher nossa mente com lixo.

Se eu passar um dia inteiro presenciando cenas inferiores e negativas, sejam ao vivo,


no computador ou na televisão, à noite não poderei me concentrar em outras coisas.
As cenas com que preenchi minha mente irão atormentar durante a prática. No
entanto, se eu passar o dia andando em uma praia, à noite poderei me concentrar com
certa facilidade em praias e até ter alguns sonhos relacionados. Tudo terá sido voltado
para a mesma direção. Temos que aprender a direcionar a mente e parte deste
trabalho consiste em cultivar nela aquilo que nos interessa espiritualmente.

Uma das chaves para a concentração é o esquecimento de tudo. Não poderemos


esquecer algo se o ficamos cultivando durante a vida.
Sempre que alguém pensar muito em algo, sentirá emoções correspondentes. Se
pensar em algo ruim, sentirá emoções e desejos ruins e baixos. Se pensar em algo
bom e superior, sentirá emoções elevadas e superiores.

Quando aprendemos a pensar em uma só coisa por um tempo prolongado, o


pensamento único toma conta da mente. Emoções correspondentes ao tema pensado
são sentidas e, em etapas profundas, nos unimos ao objeto.

O tema da concentração pode e deve ser algo bom que nos interesse: o Senhor Jesus,
o Senhor Buda, o Senhor Krishna, o sol, o céu. Podem também ser temas abstratos,
como a nossa origem e destino.

Em uma primeira etapa, somente pensamos no tema. Posteriormente, percebemos


imaginativamente o objeto de forma nítida e sentimos vivamente as emoções
correspondentes. Por último, ultrapassamos a distinção que nos separa do objeto.
Tudo é questão de aprender a deixar que um pensamento único tome conta da mente,
a impregne. O pensamento único é como uma porta que é atravessada quando é
alcançada.

A capacidade de concentrar o pensamento, uma vez desenvolvida, pode ser


direcionada a qualquer objeto sensível ou lugar. Posteriormente, pode ser direcionada
àquilo que nos parece abstrato: o Atman, Deus ou Espírito Divino no homem.

Enquanto estivermos presos à mente, haverá necessidade de algo em que pensar.


Somente quando escapamos da mente é que tais conteúdos se tornam desnecessários.
Escapamos da mente durante o samadhi.

Neste universo fenomênico e relativo no qual vivemos, temos que pensar em coisas
boas ou então pensaremos em coisas ruins. No entanto, além dos bons pensamentos
da concentração, está o não-pensamento do samadhi. O não-pensamento autêntico é a
forma mais elevada de pensar que existe.

Concentração e compreensão

Quando nos concentramos no lakshya, não o fazemos de forma aleatória e subjetiva,


mas buscando a compreensão.

Ao pensarmos de forma atenta e profunda em algo, sem nos desviarmos,


compreenderemos vários aspectos profundos daquilo, aspectos dos quais antes não
nos dávamos conta, apesar de até serem óbvios. Uma compreensão crescente e
mutável do objeto irá se configurando progressivamente. Seja qual for o seu lakshya,
você se concentrará para aprender algo a respeito daquilo e não para cumprir uma
mera formalidade.

Múltiplos aspectos do alvo de nossa concentração penetrarão em nosso campo de


consciência. Isso ocorre porque temos uma parte de nós mesmos em contato com a
intimidade do objeto, sem que o saibamos. Ainda que não estejamos cientes, nosso
Atman tem acesso às profundidades subatômicas, ao passado e ao futuro daquilo em
que nos concentramos.

O pensamento não se dissocia da imaginação. Se não possuíssemos imaginação, não


seríamos capazes de pensar. O pensamento é uma forma assumida pela imaginação,
assim como a memória. "Pensar profundamente em algo" é imaginar seu
funcionamento, seus processos intrínsecos, seus detalhes anatômicos, funcionais,
evolutivos e involutivos, até onde for possível, até onde alcancemos e sejamos
capazes. A imaginação é o meio através do qual compreenderemos o que nos
interessa.

O ideal é que a imaginação consciente nos arrebate, nos arraste completamente, para
viajarmos em estado de lucidez. Nesse ínterim, o corpo físico deverá ser esquecido e
adormecerá. As coisas do mundo também deverão ser esquecidas. Concentrar-se é
dissociar-se de tudo o que não seja o lakshya. Concentração é esquecimento e
desligamento, é entrega (consciente).

Concentração: descomplicando a prática

Atenção é uma faculdade da essência. Pensamento é uma função da mente. Atenção e


pensamento são distintos.

Quem quer separar-se da mente, deve separar-se dos pensamentos. Quem quer
separar-se dos pensamentos, deve primeiro ligar-se a um único pensamento, para
depois descartá-lo. Ligar-se a um único pensamento é aprender a pensar em uma só
coisa e esquecer tudo o mais.

O pensamento prolongado em algo é a concentração mental ou concentração do


pensamento. A atenção prolongada sobre algo é a concentração da atenção.

A concentração da atenção é simplesmente a contemplação ou observação. Se você


observa o comportamento de um pássaro, está com a atenção focada ou concentrada.

Quem não sabe concentrar a atenção não pode concentrar o pensamento, pois no
pensamento concentrado a atenção contínua está presente. É a atenção que denuncia
os desvios do tema. Se o praticante não está atento ao que está pensando, não se dá
conta dos desvios e viaja nos sonhos e fantasias subjetivos da mente.

Entretanto, estar atento não é estar preocupado, é simplesmente estar receptivo e


consciente.

Pode suceder que, ao prestar atenção, o praticante queira perceber algo mais do que
está de fato percebendo e faça imensos esforços (1) para "ver o que ainda não
consegue alcançar". O esforço articial para enxergar além das capacidades se
transforma na meta e toma o lugar do lakshya, travando o desenvolvimento. Portanto,
temos que trabalhar em nossa própria esfera atual de alcance, sem tentar dar pulos
forçados.

Ao prestarmos atenção em uma rocha, por exemplo, é sensato enxergar e descobrir ao


máximo os seus detalhes, mas não é recomendável tentarmos nos forçar a ver além do
que estamos conseguindo no momento. Aquilo que somos capazes de perceber pode
ser completamente invisível para quem nunca prestou muita atenção à rocha. Não
conseguiremos penetrar nos aspectos supra-sensoriais e invisíveis da rocha por meio
do conflito.

O mesmo princípio da espontaneidade da observação vale para a concentração do


pensamento.

Fazer esforços para concentrar o pensamento ocasiona dores de cabeça. Na correta


concentração, o pensamento é mantido no tema de forma natural e espontânea, sem
contrações e nem tensões mentais ou físicas.

É comum que uma pessoa bem intencionada, mas ainda não bem preparada, faça
esforços adicionais para "concentrar-se mais". Tal erro se deve ao desconhecimento
do que é a verdadeira concentração. A pessoa ainda não compreende bem o que é
"concentrar-se" e julga que uma concentração intensa resulta de um esforço intenso.
Ao começar a concentrar-se, o pobre estudante faz esforços desesperados para
aumentar sua concentração e cria conflitos com a mente, ao invés de abandoná-la aos
poucos.

Sempre que alguém estiver pensando conscientemente em algo, estará com o


pensamento ali concentrado, ainda que seja por alguns instantes. Se conseguir pensar
em algo por 5 segundos, isso significa que ele esteve concentrado corretamente por 5
segundos e que deve aumentar o tempo um pouco mais. Ao invés de fazer esforços
para "intensificar a atenção e o pensamento", deve somente empenhar-se em
prolongar aquele estado, pensando mais sobre o lakshya. A concentração intensa e
profunda é a concentração prolongada, que dura bastante tempo, e não a concentração
feita com imensos esforços e tensões mentais. Quem quer intensificar e aprofundar a
concentração, deve simplesmente prolongá-la. O aprofundamento e a intensidade
resultarão então naturalmente.

A intensa concentração dos mestres é simplesmente uma entrega consciente, jamais


um esforço desesperado.

Ao pensar no lakshya, não procure "algo mais" a ser feito e nem esforços adicionais,
pois o necessário já está sendo feito: você está pensando no lakshya. Por quanto
tempo conseguirá pensar?

Procure simplesmente pensar no tema (de forma prolongada) e não ir além desse
empenho. Não queira ter visões, revelações e outras coisas esplendorosas. Esqueça-
as. Elas virão um dia, no seu devido momento. Deixe que venham. Não tente se
forçar a isso. Tente apenas prolongar o pensamento pelo máximo de tempo que
puder, sem desviá-lo. Ao concentrar-se em uma planta, por exemplo, não se preocupe
em ver sua fada, contente-se com o que é capaz de alcançar no momento e vá
aprofundando e aperfeiçoando sua prática dia após dia. Um dia a fada aparecerá.
Na prática espiritual, as tentativas de conseguir algo mais do que estamos
conseguindo podem assinalar uma espécie de artificialismo que nos impede de
receber e apreciar corretamente a realidade que alcançamos até o momento presente.
Uma espécie de cobiça espiritual (um defeito) nos motiva a ansiar pelo futuro ao
invés de trabalharmos e contemplarmos o presente. Trata-se do extremo oposto da
preguiça: o desejo de avançar rápido demais, por meio de passos maiores que nossas
pernas. Se, por um lado, o preguiçoso fica estancado pela inércia, o ansioso ficará
estancado por atrapalhar-se em suas próprias complicações. Eis a contradição: quem
quer andar rápido demais termina andando tão devagar quanto aquele que não se
empenha por preguiça. Aquele que escapar aos dois extremos, praticando bastante e
sem desespero, progredirá na maior velocidade que lhe for possível.

Portanto, sejamos simples e ativos, mas esqueçamos o tempo e não nos preocupemos
pelo que não conseguimos obter agora. Concentrar a mente é simplesmente pensar
em algo por tempo prolongado e mais nada. Concentrar a atenção é observar algo por
bastante tempo. Não inventemos artificialismos e nem complicações. Se praticarmos
bastante e de forma correta, os horizontes irão se expandir e aprofundar de forma
espantosa e rápida.

Os momentos em que estamos trabalhando, caminhando, conversando ou nos


divertindo não são momentos para procurarmos o pensamento único. Quem procurar
o pensamento único em tais situações irá se acidentar, poderá tropeçar, cair, ser
atropelado, ferir-se, bater a cabeça ou cortar-se. Os momentos adequados para
buscarmos o pensamento único são aqueles em que estamos quietos, descansando
bem posicionados, deitados ou sentados, e não quando estamos nas atividades diárias.
Durante a atividade diária, o mais indicado é a concentração da atenção no que
estamos fazendo. O concentração no que estamos fazendo é a observação de nós
mesmos em atividade, é o agir conscientemente. A auto-observação é uma forma de
concentração da atenção.
(1) Uso aqui a palavra "esforço" no sentido de contração e tensão. Não estou me
referindo ao simples empenho em se fazer algo várias vezes ao dia ou com certa
regra.

PS. Esse mesmo princípio, de ater-se ao que se está percebendo de fato e não ao que
poderia ser percebido, vale para as práticas de observação dos detalhes do Ego e de
observação da realidade circundante para se discernir em qual universo se está (se no
mundo físico ou no mundo astral).

Concentração não é contração

Nós, principiantes, temos o mau costume de fazer força para concentrar o


pensamento. Achamos que o pensamento será conduzido de forma objetiva somente
se realizarmos alguma espécie de esforço. Confundimos concentração com contração
muscular.

Esse erro não é algo individual, está enraizado na própria cultura ocidental. Quase
todo ocidental relaciona os estados de alerta e concentração com tensões, apreensões
e esforços. A crença está enraizada subconscientemente e o resultado é que as
pessoas contraem músculos da cabeça, do pescoço, da face e dos olhos quando
querem concentrar o pensamento.

A aprendizagem da correta concentração do pensamento requer que se compreenda


com exatidão qualitativa o ato volitivo que resulta em um fluxo mental unidirecional.

Quem quer concentrar corretamente o pensamento, deve aprender a pensar com


leveza no lakshya, sem esforços. Por "pensar com leveza" entenda-se pensar de forma
despreocupada, sem esforço algum e sem o receio de perder aqueles pensamentos ou
se desviar deles. Ao invés de associar a concentração à tensão e à contração, temos
que associá-la ao relaxamento e à descontração. Concentrar a mente não é contrair e
sim descontrair mais e mais. Não é possível aprofundar a concentração se não
descontrairmos o pensamento.

A descontração deve ser cada vez mais profunda durante a concentração. Os


pensamentos sobre o lakshya devem fluir espontaneamente, por si mesmos ou quase
por si mesmos, enquanto os contemplamos conscientemente. Como um cavalo
conduzido em uma estrada, os pensamentos fluem sozinhos, sem que tenhamos que
os ficar provocando em tempo integral. Obviamente, o cavaleiro não tem que ordenar
ao cavalo para que dê cada passo, o cavalo toma tal decisão por si mesmo. A função
do cavaleiro é tão somente manter-se alerta e puxar as rédeas do cavalo caso ele se
desvie do rumo. Temos que transformar o asno teimoso da mente em um cavalo
obediente e dinâmico. O asno/cavalo da mente deve dar seus passos, trotes e galopes
sem ser obstruído, mas também sem deixar de ser acompanhado conscientemente
pelo cavaleiro.

A capacidade da mente fluir já existe de forma prévia em todo ser humano, pois é
muito fácil pensar aleatoriamente, em bobagens inúteis, o dia inteiro. O problema é
que o fluxo mental, nas pessoas destreinadas, é aleatório e não direcionado. A mente
das pessoas é um asno teimoso que insiste em andar pelos seus próprios caminhos
inúteis ou então empaca. Temos que traçar um caminho (o lakshya) e conduzir os
passos do asno em tal direção. E nada disso requer tensão, conflito ou esforço, no
sentido usual desta última palavra. O que se requer é empenho, dedicação e
seriedade, o que é diferente.

Quando focalizamos a mente no lakshya, temos que sentir que o estamos fazendo de
forma agradável, confortável e leve. Se a leveza e o conforto desaparecem, temos que
recuperá-los imediatamente. A perda do conforto é um indicador de que está havendo
tensão e a concentração está começando a ser feita de maneira errônea. Na verdade, a
concentração mental verdadeira irá se aprofundar somente se a leveza e o conforto se
aprofundarem também. Portanto, a concentração é para promover um bem-estar
(ananda) e não um mal-estar. Quem fica tenso para se concentrar desenvolve dores de
cabeça e frustrações.

Quando, nos devaneios de nossa imaginação mecânica, pensamos


despreocupadamente em algo inútil, o fazemos de forma completamente espontânea e
livre de tensões. Não há preocupação alguma e o pensamento flui. É com essa mesma
leveza que necessitamos pensar no lakshya.

Se queremos abaixar as ondas cerebrais até theta ou delta, como conseguem os ioguis
e monjes do oriente, temos que aprofundar a descontração na concentração e chegar a
compreender que ambos são quase uma só coisa. Um dos segredos está em não se
preocupar com os possíveis desvios do lakshya. Caso os desvios ocorram, "algo"
dentro de nós irá nos alertar. Não nos preocupemos, pois, com esse problema e
esqueçamos tudo. A concentração não é possível sem desligamento.

Sexualidade superior: alguns aspectos


emocionais

O amor e a vontade de se unir a Deus, ao Íntimo e à Mãe Divina é algo erótico,


sexual em um sentido amplo. O sexo é sempre a união, a fusão. Toda união é um ato
sexual, no sentido amplo da palavra. Os sufis compunham versos eróticos para Deus.

O sexo não é maligno em si mesmo, como sempre acreditaram os fanáticos


religiosos. Muito pelo contrário, o sexo é sagrado em essência. Malignos são a
luxúria e a fornicação, os quais são infelizes desvios da função sexual natural e
original. Se o sexo fosse maligno, não existiria na natureza como meio de
perpetuação da vida. A união criadora existe entre as plantas, entre os animais, entre
as galáxias e entre as estrelas. Os rios penetram outros rios que, no final, penetram o
oceano. O céu fecunda a terra através da chuva. Os raios penetram a atmosfera e o
solo. Tudo isso é sexo como parte da natureza e da criação.

A sexualidade humana é indissociável do sentido do tato. Nela intervém também os


demais sentidos. Há duas formas básicas de sentirmos uma pessoa: uma é a forma
animal e a outra é uma forma avançada, espiritual.

A sexualidade animal é aquela que objetiva o orgasmo. Tal modalidade de sexo teve
sua função no passado, quando éramos somente animais. Hoje somos em parte
animais e semi-humanos, necessitando de uma sexualidade espiritual para nos
humanizarmos completamente.

O que diferencia a sexualidade espiritual da sexualidade animal é, principalmente, o


estado interior, isto é, as emoções e pensamentos que acompanham o ato. Há uma
forma de sexualidade completamente pura, elevada, na qual inexiste qualquer
ansiedade orgásmica, pressa ou conflito. A supra-sexualidade é marcada pelo
relaxamento, concentração e meditação, é o ato de meditar dentro do ato sexual,
abrindo-se para o sublime, entregando-se para o Espírito. A supra-sexualidade é o
sexo inocente (mas não ingênuo), puro e livre de qualquer mácula. Não tem nada a
ver com passionalismos amorosos e românticos, tipicamente femininos, e nem
tampouco com a brutalidade da luxúria, tipicamente masculina. É algo
incompreensível para os ateus e fanáticos religiosos ocidentais.

Não há como suprimir o sexo de nossa natureza ou detê-lo. Quem quer a purificação
da alma, tem que direcionar seu erotismo para o alto, sublimando-o. O luxurioso e o
passional não são capazes de elevar a energia sexual, estão aprisionados na cadeia
dos impulsos violentos que arrastam para baixo.

Os religiosos que tentam purificar a alma por meio da supressão ou contenção do


sexo caem nos sofrimentos emocionais mais horríveis. Há pessoas sinceras que
tentam se livrar da luxúria reprimindo suas funções sexuais e não compreendem
porque caem cada vez mais profundamente na promiscuidade e na depravação. O
motivo é uma idéia equivocada de que o sexo é mau por si mesmo, é a tentativa de
ser uma criatura "sem sexo". O brahmacharya é algo muito bom quando tomado
como caminho para a sexualidade superior, mas é algo prejudicial quando se limita à
absurda tentativa de manter uma abstinência eterna.

Não é muito fácil descrever o estado interior correspondente à supra-sexualidade.


Temo estar falhando em minha descrição.

Se queremos nos livrar do inferno da luxúria, temos que aprender a perceber o corpo
da mulher da forma mais espiritual possível. Temos que alcançar sentir no ato sexual
as mesmas emoções devocionais da oração intensa, transformando o ato sexual em
um ato religioso. Trata-se de uma inversão completa da sexualidade, um giro de 180
graus em direção oposta à sexualidade comum.

De nada adianta tentarmos inverter a sexualidade animal se não modificarmos os


estados internos. A chave está justamente na mudança dos estados interiores. O sexo
bruto, no entanto, é o ponto de partida. Não permanecemos no sexo bruto, apenas
partimos dele rumo ao sexo espiritual. Quanto mais purificarmos os pensamentos e as
emoções, mais elevada será a sexualidade.

Os luxuriosos, depravados e promíscuos estão aprisionados na sexualidade animal.


No entanto, por uma curiosa contradição da realidade, estão também com a
possibilidade de transformação à mão, bastando, para tanto, que se purifiquem
espiritualmente.

O sexo espiritual e puro que estou tentando descrever neste post não tem nada a ver
com o passionalismo romântico, o qual é egoísta e possessivo. Não há nenhum tipo
de orgasmo em tal modalidade de sexo. Há, ao contrário, um anti-orgasmo, que é o
êxtase espiritual da alma.

O nível de excitação adequado é moderado, apenas o suficiente para que se consume


o ato. Excitação sexual ou emocional intensas inevitavelmente resultam em
descontrole (esse princípio vale para todas as situações da vida). A mente não é
levada para a mulher e nem para quaisquer fantasias eróticas. Quando pensamos na
mulher ou em fantasias sexuais, a excitação imediatamente se descontrola. O ideal é
aprendermos a nos excitar sem fantasia mental alguma, ou seja, somente com a
percepção sensorial real do corpo feminino. Ver e tocar o corpo feminino é o
suficiente. Se, por acaso, não formos capazes de nos excitarmos sem imaginações
eróticas, tal fato estará indicando que nos viciamos no prazer mental.

A magia sexual requer ausência completa de empolgação e de entusiasmo. Os centros


emocional e sexual são mantidos em níveis baixos de excitação (apenas o necessário
para a realização e continuidade do ato). Toda fantasia erótica é excluída da mente.

Quando o centro emocional se torna excitado pela empolgação e pelo entusiasmo, a


lucidez e a calma são perdidos, o corpo inteiro vibra em sintonia com a luxúria e o
orgasmo, com a consequente perda de esperma, se torna um resultado inevitável.
Manter-se calmo, tranquilo e profundamente relaxado, tanto física quanto
psicologicamente, é imprescindível.

Quem tentar praticar o coitus reservatus sem renunciar à excitação e à empolgação


inevitavelmente perderá o controle de si mesmo e terminará fornicando. Não é
possível conciliar a prática com exaltações passionais de quaisquer tipos.

Para o desenvolvimento da sexualidade superior, é imprescindível observar as


seguintes orientações:

 não excitar-se através de mente (ou seja, de pensamentos e imaginações morbosas);


 excitar-se apenas fisicamente e no momento da transmutação;
 excitar-se somente o estritamente necessário para a conexão sexual (não exagerar na
excitação, mantê-la dentro do controle);
 evitar excitar-se através da visão (não ficar olhando para o corpo das mulheres).

Os pontos acima servem como referenciais do que seria uma prática e conduta ideais,
mas nada do que tentei descrever acima será possível sem a Morte do Ego.

Morte do Ego: descansando o centro


emocional

Nos dias atuais, não há quem não tenha um ou outro problema emocional. O coração
está sobrecarregado com emoções negativas e inferiores, emoções brutais e
destrutivas, que algumas vezes se manifestam de forma sutil e outras vezes de forma
grosseira.

Muitas pessoas sedentárias quase não utilizam o centro motor mas, em contrapartida,
desgastam o centro intelectual com pensamentos inúteis e o centro emocional com
emoções inferiores constantes.

A negatividade, a pressa, a impaciência, o medo constante de tudo são apenas alguns


poucos exemplos da imensa legião de emoções inferiores que nos estão assaltando a
todo momento. A maioria de nós sente certo "peso" no coração, resultante dos
milhares de problemas nos quais nos metemos. Quase não há quem sinta a leveza
típica do coração tranquilo. O coração humano está oprimido, sente o peso da
opressão dos milhares de problemas, que não são mais que formas mentais ou
valorizações infernais de acontecimentos externos. Os problemas são significados
atribuídos e não existem na ausência de quem os sente. Na ausência do sofredor, o
problema não é um problema, mas somente um fato natural. É a mente humana que
atribui aos fatos naturais o significado de problema.

O estresse está matando muitas pessoas e isso é a prova de que o coração humano
está sendo oprimido.

Observando o centro emocional podemos perceber o efeito opressor dos


acontecimentos: reveses amorosos, traumas, trapaças econômicas e sentimentais,
conflitos no trânsito, brigas no lar, violência doméstica, culpas, desejos
incontroláveis, perversões, medo da condenação eterna, medo de ir preso,
nervosismo, irritações, impaciência, violência na televisão e muitíssimo mais.

Há necessidade urgente de darmos um descanso ao centro emocional. O coração


descansa quando tudo está tranquilo e não existe temor algum e nem o menor desejo
de nada. A forma mais rápida de chegarmos a tal estado e por meio da meditação. A
forma mais duradoura de enraizarmos tal estado em nossa natureza é a Morte do
Ego.

Se prestarmos atenção cuidadosa e constante, perceberemos que o desequilíbrio


emocional nos afeta de forma sutil durante todo o dia: uma simples olhada em um
jornal pode nos alterar levemente. Temos que detectar os desequilíbrios emocionais
em ação e eliminá-los de nossa vida mediante a Morte em Marcha. Obviamente, não
devemos retornar às situações que os alimentam ou o trabalho ficará inutilizado.

Quem quer o equilíbrio emocional, necessita retirar imediatamente de sua vida todos
os atos e fatos que alimentem o desequilíbrio. Isso implica em isolar-se das situações
estressantes após descobri-las, até onde se consiga. Reduzindo ao máximo as
situações estressantes inúteis em que costumamos nos meter, iremos adquirir
resistência para as situações estressantes inevitáveis da vida, àquelas que não podem
ser abandonadas. Somente quem reduz o estresse ao mínimo terá reservas de
hidrogênio para transmutação.

Uma noção clara do que são as emoções inferiores é muito importante. Quem não
tem o discernimento do que é uma emoção inferior, não tem a capacidade de
descobri-la em ação. O que são emoções inferiores? Todas as emoções dos egos,
todas emoções ligadas ao material, desvinculadas do espiritual. Emoções inferiores
são o oposto das emoções superiores. As emoções superiores são as emoções ligadas
ao Ser.

São exemplos de emoções superiores: amor a Deus, voluptuosidade espiritual,


emoção intensa pela beleza da criação, emoção intensa por unir-se ao Íntimo. Não é
muito fácil definir as emoções superiores porque estão muito deslocadas da
experiência comum da humanidade. Em uma palavra, poderíamos definí-las como
êxtase. Quando sentimos uma forte emoção espiritual ao contemplar a glória da
natureza, as nuvens, as estrelas, o por do sol, uma floresta, uma cachoeira ou um
pássaro cantando, estamos sentindo a emoção superior. Quando sentimos um intenso
desejo de nos unirmos ao Ser, ao Ìntimo, de abandonarmos os desejos mundanos,
quando sentimos intenso amor e gratidão a Deus, estamos sentindo emoções
superiores. A emoção superior é desenvolvida durante a meditação. Quanto mais
emoções superiores sentirmos, mais o chakra do coração estará girando corretamente.
A emoção superior e a atividade do chakra anahata são interdepentes e simultâneos.

São exemplos de emoções inferiores: as emoções que se tem em brigas, o


nervosismo, a irritação, a vingança, o apaixonamento, a pressa, a impaciência, a
preocupação com os problemas, a tristeza, as emoções que acompanham a excitação
sexual brutal, as emoções dos jogos de futebol, emoções em polêmicas acaloradas,
emoções em discussões e em tudo o que esteja relacionado ao Ego. Em uma palavra:
emoções egóicas. O medo é uma das principais e mais terríveis formas de emoção
inferior.

O amor é duplo, possui um aspecto superior e outro inferior. O amor apaixonado,


aquele que causa sofrimento emocional, é uma emoção inferior. O amor consciente,
aquele em que se sente intensa vontade desinteressada de ajudar o próximo, é uma
emoção superior.

As emoções inferiores provocam uma espécie de transe, de rebaixamento da


consciência. As emoções superiores, ao contrário, provocam o êxtase, um estado de
superconsciência. Êxtase e transe são completamente diferentes.

É inútil debater-se contra as emoções inferiores e negativas enquanto não se corrige


as imaginações mecânicas equivocadas que as sustentam. A imaginação é o sustento
da emoção. Se me sinto inseguro, é porque imagino que estou exposto a algum risco,
se sinto raiva, é porque imagino que está me prejudicando ou frustrando. A
imaginação mecânica é o carro-chefe da sustentação das emoções negativas e de todo
o Ego.

O equilibrista que passeia sobre a corda bamba nas alturas necessita imaginar-se
andando sobre uma linha desenhada no chão para sentir-se seguro ou,caso se imagine
em risco, cairá. Se o equilibrista tentasse não sentir medo mas ao mesmo tempo se
imaginasse sob risco,fracassaria. Se você, ou qualquer um de nós, tentar "ir contra"
uma emoção negativa.mas continuar nutrindo as imaginações mecânicas que a
sustentam, conseguirá apenas uma cisão interna, uma neurose, mas não se livrará da
emoção infernal. O elefante louco da emoção somente se aquieta se o centro
intelectual e os demais centros se aquietarem. As emoções obedecem ao fluxo
imaginativo: se eu me imaginar em risco, sentirei medo; se imaginar que algo é
urgente, sentirei pressa; se imaginar que sou inferior às pessoas, sentirei vergonha; se
imaginar que uma mulher proporciona mil prazeres ocultos, sentirei desejo e assim
por diante. Podemos perder uma existência inteira lutando em vão pela Morte do Ego
simplesmente por nos imaginarmos incapazes de realizá-la. Temos que transformar
os fluxos imaginativos mecânicos através da imaginação consciente. Ao invés de
digladiar-se com a teimosa imaginação mecânica, substitua-a pela imaginação
consciente.

Modificar a forma de imaginar as coisas é mudar a forma de pensar. Mudar a forma


de pensar é um dos primeiros passos para a extinção das emoções negativas.

Os níveis de excitação

A cultura atual é marcada pelo cultivo da excitação intensa e violenta. Todos vivem
excitados em níveis extremos e se tornam desequilibrados. Em todos os lugares
vemos o apelo para a excitação extrema. Só faltam cartazes com os dizeres: "excite-
se ao máximo".

Há três tipos básicos de excitação: a sexual, a emocional e a intelectual. Há também a


excitação do centro motor quando, por exemplo, ficamos com muitas tensões
musculares e movimentos inúteis, e a excitação do centro instintivo, verificável em
quem come demais ou força exageradamente tal centro de outras maneiras. Excitar
um centro é estimulá-lo a trabalhar em demasia, o que ocasiona vários desequilíbrios
na máquina.

Quem quer desenvolver-se espiritualmente, necessita aprender a manter seus níveis


de excitação baixos, tão baixos quanto puder. Não será possível sublimar e
transmutar a energia sexual se vivermos nos excitando com fantasias eróticas e
pensamentos morbosos, tampouco será possível a serenidade se não abandonarmos o
hábito de nos excitarmos emocionalmente ou mentalmente o dia inteiro com tolices.

A Morte do Ego e a meditação são, entre outras coisas, formas de reduzir os níveis de
excitação. Obviamente, um nível mínimo é necessário para a sobrevivência do corpo
físico, mas tal nível não será determinado pelo Ego.

A excitação em qualquer centro pode ser controlada por meio da diminuição da


excitação correspondente no centro respectivo. Se você não pensar em um perigo, a
excitação emocional e instintiva correspondentes ao medo serão diminuidas. Se você
não pensar em fantasias sexuais, a excitação sexual correspondente a elas será
diminuída.

Alguns cuidados psicológicos na prática do


coitus reservatus ou maithuna

A melhor parte do ato sexual é aquela em que estamos dentro da mulher mas ainda
distantes do orgasmo. Podemos nos manter em tal fase e prolongá-la quando
refreamos a empolgação, o entusiasmo e a excitação, o que é possível por meio do
controle da mente. É a mente que dispara a ejaculação, através da excitação
progressiva que culmina em estados de entusiasmo e empolgação incontroláveis.

Todo orgasmo, seja no ato da fornicação ou no ato vicioso da masturbação, provém


da hiperexcitação sexual. Toda hiperexcitação sexual, por sua vez, provém das
fantasias sexuais. Daí se depreende que a imaginação é o agente desencadeador do
processo orgásmico, o qual é uma espécie de curto-circuito que nos descarrega
energeticamente. Quem controla a mente, os pensamentos, é capaz de suprimir o
orgasmo.

O mecanismo de atuação da mente luxuriosa consiste principalmente em recordações


de imagens eróticas idealizadas, de acordo com as fantasias sexuais que cada um
possua. O segredo fundamental para manter a excitação sob controle, portanto,
consiste em não fantasiar durante o ato, em não levar a mente ao sexo oposto.
O nível de excitação adequado é somente o necessário para a realização e
prolongamento do ato, não mais que isso. O que passar deste nível estará sobrando.

É fundamental preservar calma e manter-se relaxado, profundamente concentrado na


transmutação e distribuição da força através da coluna e do corpo. Por meio da
concentração, buscamos provocar uma espécie de êxtase anti-orgásmico, um orgasmo
ao contrário, totalmente espiritual, devocional e erótico ao mesmo tempo. Assim
como o orgasmo resulta da concentração da mente em fantasias eróticas, o êxtase
sexual sublime resulta da concentração da mente em imagens opostas, o que provoca
um movimento interiorizante das energias. No sexo animal, a energia flui para fora.
No sexo espiritual, a energia flui para dentro e para cima. Conseguimos fazer a
energia refluir e redirecionar-se quando sentimos a força erótica como algo divino
que não pode ser profanado e a associamos a imagens de devoção religiosa. Não é
muito fácil descrever isso.

Ao invés de nos concentrarmos em cenas que ascendem o desejo e o descontrolam,


nos concentramos em imagens da energia sendo transmutada, conduzida, elevada
pela medula vertebral e distribuída através do corpo físico a partir do coração. Ao nos
concentrarmos em tais cenas, opostas às cenas luxuriosas, é claro que diversas
emoções distintas, superiores, vão acompanhando o processo. É importante sentir que
se está dando à força sexual um sentido que agrada a Deus. Se tais emoções se
tornarem intensas, não haverá problema, pois são opostas às emoções animalescas
que conduzem à ejaculação.

Praticar o coitus reservatus corretamente é vibrar sexualmente em uma sintonia


espiritual com os céus, elevando a frequência de nossas vibrações.

No ser humano, o orgasmo é algo aprendido. Do mesmo modo, o anti-orgasmo é algo


que aprendemos, quando mudamos as correntes da força erótica. A sensualidade não
é ruim em si mesma e pode sempre se desenvolver por dois caminhos. Se, por um
lado, a fornicação nos sintoniza com o abismo, a transmutação nos sintoniza com os
céus.

A transmutação, e não os esforços para levar uma vida assexuada, é o antídoto para a
luxúria,a promiscuidade e a depravação compulsivas. Mas a transmutação não
ocorrerá se não houver uma mudança na mente.

Morte do Ego: não distrair-se com os


defeitos

Na auto-observação, a meta não é entreter-se contemplando os defeitos, nem


tampouco procurá-los quando não estão se manifestando. O objetivo da prática é
perceber as manifestações concretas que ocorrem espontaneamente, evocadas pelo
ginásio da vida. O ginásio da vida são as diversas situações exteriores que nos
alteram e afetam psicologicamente, provocando o afloramento dos defeitos que estão
ocultos.

Quem não observa a si mesmo, não percebe quando se identifica, não vê quando se
altera e nem se dá conta das manifestações que vão ocorrendo. Esquecido de si
mesmo, o pobre adormecido vegeta, sem ter consciência alguma dos processos
psicológicos que lhe acometem, somente percebendo os frutos desastrosos da atuação
do Ego, quando os desastres já estão consumados.

Portanto, observar a si mesmo é algo muito conveniente e indispensável para quem


quer alcançar a Morte. Mas há que se entender corretamente como se faz tal
observação.

Observar a si mesmo não é ficar recordando dos defeitos, pensando nos erros,
procurando os desejos a toda hora. Não é ficar correndo atrás do Ego, ainda que com
a boa intenção de compreendê-lo. Quem fica correndo atrás do Ego perde sua
existência.

Não corra atrás do Ego, deixe que ele venha até você e esqueça-o quando não estiver
aparecendo. Não se preocupe, ele surgirá no seu devido tempo. Aprenda a olhar para
si mesmo sem se recordar do mal. Preste atenção no presente, no que está fazendo
aqui e agora, e se esqueça de tudo o mais. Em tal estado receptivo, você perceberá
quando algum defeito invadir sua personalidade, estará consciente e poderá colocar a
Morte em Marcha em ação. Um dos erros que nós cometemos no passado, quando
estávamos na Nova Ordem, foi nos ocuparmos com o Ego em tempo integral, motivo
pelo qual não morremos. Fomos vítimas da crença errônea de que deveríamos correr
atrás do Ego para eliminá-lo e compreendê-lo.

Ocupar-se com os desejos é uma forma de fortalecê-los. Não se ocupe com as coisas
feias e erradas que você fez ou faz, esqueça-as. Apénas observe-se no presente, o Ser
proverá o resto.

Na didática gnóstica, a Morte ocorre por conscientização e enfraquecimento. A


consciêntização não consiste em reter os defeitos na consciência, consiste somente
em perceber sua manifestação concreta e em esquecê-la. O movimento é o de tocar e
largar, não o de agarrar e prender. Apenas vemos, nos damos conta, e esquecemos em
seguida. O enfraquecimento vem pela oração á Mãe Divina. Quando os detalhes são
percebidos, mortes e esquecidos, o defeito que configuravam vai perdendo força, até
desaparecer. O processo é o de tirar a força e não o de fazer força contra. Quanto
mais tiramos a força de um defeito, menos nos ocupamos e nos preocupamos com
ele.

Aprendamos a viver o esquecimento, o desprendimento.


Enquanto alguém corre atrás de um defeito, não se dá conta das inumeráveis
alterações psicológicas que invadem sutilmente sua personalidade. Se estivesse
simplesmente observando-se aqui e agora, perceberia as nuances e detalhes dessas
alterações psicológicas reais que lhe afetam a todo momento.

O que buscamos é penetrar na realidade do Ego por meio da observação direta do que
acontece no presente e não por meio de elocubrações teóricas e imaginações
absurdas. Queremos enxergar a realidade concreta dos egos e isso não é possível fora
do terreno observacional do presente. Você não pode ver o Ego ontem, amanhã, lá ou
acolá, somente agora e aqui.

Observar a si mesmo significa observar a própria pessoa que somos, a pessoa


concreta. Quem observa sua própria pessoa concreta, sem distrair-se pensando sobre
seus defeitos e nem procurando-os onde não estã, verá claramente as alterações que
vão ocorrendo nos centros e perceberá as nuvens que vão se formando quando a
identificação com algo está em curso. Isso é o que necessitamos: ser perceptivos em
relação a nós mesmos.

Quando uma pessoa está se observando corretamente, percebe detalhadamente todas


as alterações psicológicas e comportamentais que lhe ocorrem. Quando está distraída
com algum pensamento ou desejo, não percebe nada ou percebe muito vagamente.

Efeitos indesejáveis dos pensamentos

O turbilhão das emoções, sentimentos e desejos humanos é um inferno que


desconcerta filosófos, cientistas, médicos, psicólogos, psiquiatras, educadores e
sacerdotes. Ninguém sabe, absolutamente, o que fazer com os impulsos. Todos dizem
para sermos corretos e não fazermos coisas erradas, mas ninguém tem uma fórmula
que realmente faça com que não desejemos aquilo que não é conveniente. Sem
pretender ter a solução final, vamos tentar encontrar uma contribuição para a
solucionar esse problema.

Analise a manifestação de qualquer desejo ou emoção intensos e você descobrirá os


pensamentos como pano de fundo. Pensar em algo desejável equivale a dar o ponta-
pé inicial para desencadear uma avalanche. Uma vez desencadeada a avalanche, não
adianta correr atrás dos prejuízos, tentando reverter os resultados.

Em questão de Morte do Ego, o trabalho sobre a mente (os pensamentos) é


prioritário. Quem não prioriza o trabalho sobre a mente jamais avançará. A mente é o
principal meio de alimentação dos defeitos e das emoções negativas. Não é possível
livrar-se de uma emoção ou desejo inconvenientes se houver identificação com os
pensamentos correspondentes. Todos os fracassos espirituais são devidos à mente.
Obviamente, há outros centros através dos quais o Ego se manifesta e que não devem
ser negligenciados, mas a mente possui prioridade. Quando me refiro à mente, estou
me referindo a todas as funções do centro intelectual: pensamentos, raciocínios,
análises, lembranças, imaginações.

Temos que aprender a lidar com a mente. Há duas formas de lidarmos com a mente,
as quais devem ser conjugadas em nossa vida: a meditação e a Morte do Ego. Não
podemos negligenciar nenhuma das duas.

Temos que meditar várias vezes por dia, o mais que pudermos, para que a mente
fique domada. Ao mesmo tempo, fora das sessões de meditação, temos que eliminar
os funcionamentos mentais viciosos (sanskaras) pela Morte em Marcha. Na
meditação, escapamos dos sanskaras temporariamente e nos fixamos na Essência. Na
Morte em Marcha, os dissolvemos.
Um simples pensamento é suficiente para desencadear toda uma avalanche de desejos
e emoções dos quais não seremos capazes de nos livrar. Melhor é não dar o primeiro
passo, evitando entrar na "masmorra da identificação".

Quem medita muito e pratica a Morte em Marcha, mantém sua mente ocupada e não
dá espaço para pensamentos invasivos. Em momentos de desespero e intensa
tentação, busquemos o vazio mental e o silêncio interior.

Como fortificamos nossas prisões

O mal é o desejo, pois em todo sofrimento há desejo encarcerado. Os doentes


desejam a cura, os famintos desejam comida, os sofredores desejam a felicidade.

Não é possível desejar aquilo cuja existência jamais foi sequer cogitada. Essa é a
felicidade dos inocentes.

Há uma diferença entre a felicidade daquele que nunca conheceu o mal e a felicidade
daquele que experimentou o mal e o superou.

Uma coisa é não desejar algo cuja existência nem sequer suspeitamos, outra coisa é
não desejar aquilo cuja existência já nos é conhecida.

Quando comemos do fruto proibido e tomamos consciência de sua natureza


desejável, nos tornamos escravos do desejo. A superação do desejo após a
consciência experiencial dos prazeres do fruto proibido nos lança em uma espiral
superior de felicidade espiritual. Uma coisa são os seres inocentes que nunca
saborearam a fruta e outra são as hierarquias que foram escravizadas pelo desejo no
passado e o superaram. Tais seres divinos foram expulsos do Paraíso, cairam na
escuridão do pecado, mas a venceram.

Retornar conscientemente ao estado paradisíaco e puro é deixar de ter consciência do


mal após o mesmo ter invadido nossa consciência. Não tomamos consciência do mal
(desejo) para aprisioná-lo em nossa consciência, mas para esquecê-lo, abandoná-lo
com o discernimento de que o estamos fazendo. Quem retém o mal em sua
consciência, permanece preso a ele por tempo indefinido.

O mal não existe para os Budhas e os seres vitoriosos. Tais seres vivem sintonizados
com frequências altíssimas, fora do alcance do mal sob todas as suas formas. O mal
existe para as almas que com ele se sintonizam, por bom grado ou à força. Para a
nossa infelicidade, o Ego nos aprisionou nas frequências malignas, vibramos em
sintonia com o mal, queiramos ou não.

Quanto mais nos ocupamos com o mal, mais força lhe damos. O mal existe para que
tomemos consciência de sua existência, nos ocupemos com ele e o abandonemos em
seguida, de forma voluntária e intencional. O mal existe para ser abandonado
conscientemente, para ser voluntariamente deixado para trás. Os esforços que
fazemos para reprimir o mal no mundo o alimentam e o mantem vivo, torturando a
humanidade.

As almas que se debatem contra o desejo, lutando pela libertação, ainda não
compreenderam que o estão nutrindo por esta via. O desejo morre somente quando
não é mais alimentado. De nada adianta a alma gritar, clamar, chorar, debater-se,
sofrer e lutar se, ao mesmo tempo, continua ocupada com o mal, alimentando-o. A
alma que pensa, fala e protesta contra aquilo que a oprime está se aprisionando ainda
mais.
As almas que se libertam do desejo são aquelas que renunciam completamente ao
mundo, a todos os objetos sensíveis que evocam lembranças e pensamentos,
acendendo dentro dela a chama das paixões. Libertar-se de um desejo não é possível
quando não abrimos mão das formas sensíveis que o acordam e o nutrem. Enquanto o
objeto evocador do desejo existir para mim, isto é, enquanto houver identificação
minha com o objeto, enquanto eu o aprisionar em minha consciência, continuarei a
desejá-lo, para deixar de desejá-lo, o mesmo não deve mais existir para mim.

Os objetos do desejo pertencem ao mundo das formas sensíveis: mulheres, dinheiro,


bens materiais, beleza, prazeres e tudo aquilo que nos prenda ao mundo físico. Um
objeto de desejo é algo sensorial, algo que se percebe, que se vê, que se toca. Uma
coisa é nunca ter tido consciência de que um objeto desejável existe, outra é
voluntariamente deixar de manter a consciência focada sobre a existência do objeto.
Portanto, à medida que vamos morrendo, os objetos de desejo vão deixando de existir
para nós, pelo simples fato de que vamos nos sintonizando com outras frequências.
Em outras palavras: viramos as costas para o mal.

A auto-observação nos permite tomar consciência de facetas do Ego, não para


aprisioná-las em nossa consciência, mas para eliminá-las e esquecê-las para sempre.
Tomamos consciência dos detalhes para abandoná-los e não para mantê-los conosco.
Quando um defeito morre, seu respectivo objeto de desejo deixa de existir para nós,
sofre uma transformação. As palavras de um insultador, por exemplo, não existe
mais, se transformam em algo distinto.

Desejamos por não compreender o mal que o desejo ocasiona. O desejo entorpece,
confunde, engana.

O mal do qual temos que nos libertar possui dois aspectos: o interior e o exterior.
Interiormente, o mal é o desejo, sob todas as suas formas. Exteriormente, o mal são
os objetos sensíveis que evocam o desejo.
A alma que, uma e outra vez, cai em tentação, sofre tais derrotas porque, sem se dar
conta, continua dando vida ao desejo dentro de si. Inconscientemente, aprisionamos
os objetos do desejo dentro de nossa mente, não os largamos. Somente tomando
consciência de tal erro é que alcançamos nos libertar. Daí a auto-observação. Dito de
outra maneira: não permitimos que aquilo que provoca o desejo, o sofrimento e a dor
deixem de existir para nós, mas não nos damos conta do erro. Cometemos o erro sem
saber que o estamos cometendo. Acreditamos estar fazendo tudo corretamente e, no
entanto, estamos fortificando as grades de nossa prisão, a mesma prisão contra a qual
nos debatemos em vão tentando escapar.

Três cuidados importantes na Morte

Três cuidados importantes a serem tomados na Morte são:

1. Não nos distrairmos prestando atenção ou pensando nos milhares de defeitos que
temos mas sim nos mantermos atentos ao que estamos fazendo no momento;

2. Nunca "passar para o outro lado da margem", ou seja, nunca nos identificarmos
com um desejo;

3. Não perder o tempo prestando atenção e/ou nos distraindo com os objetos que
provocam desejo ou perturbação.

Portanto, temos que evitar o processo de identificação com os defeitos a todo custo.
Identificar-se com um desejo é como passar para o outro lado da margem de um rio e
transformar-se em algo completamente diferente. Quando você está identificado,
você se torna outro.
Para não passar para o outro lado, temos que vigiar nossa conduta e deter as
manifestações diminutas do desejo antes que cresçam. Quando as manifestações
crescem, tomam conta do veículo físico e o comandam. Não basta somente resistir à
identificação, é preciso evocar o poder superior da Mãe Divina e aplicar a Morte em
Marcha.

Sobre a necessidade de controlar os


sentidos

Gostamos de nos entreter prestando atenção naquilo que desejamos, detestamos,


tememos ou simplesmente naquilo que nos altera ou perturba. Trata-se de um vício
de má utilização dos sentidos. Temos que exercitar o controle dos sentidos.
Permanecer vendo, ouvindo e percebendo aquilo que não presta é escravizar-se
voluntariamente pelo mal.

Existem egos visíveis e egos ocultos. Há uma parte de nós que enxergamos e da qual
temos consciência, porém há outras partes do Eu que não alcançamos enxergar e nem
sequer suspeitamos que existem. Apesar de não serem percebidas conscientemente, a
parte oculta do Ego está ativa, atua. O ego oculto atua na escuridão, sem ser visto, e
em várias dimensões, não somente no mundo físico. Portanto, temos defeitos que
atuam no mundo físico, nos centros da máquina, sem que o saibamos. São muitos os
pensamentos, emoções, movimentos e ações que temos mas desconhecemos. Não
percebemos a totalidade do que somos e do fazemos neste mundo e nem, muito
menos, nos mundos paralelos.

Não estamos conscientes da maior parte dos nossos defeitos, mas tal inconsciência
não os impede de atuar livremente, de se alimentarem e colherem energia. Estamos
constantemente criando e alimentando defeitos sem nos darmos conta.
A alimentação dos egos acontece por meio da identificação (fascinação). A
identificação ocorre por via sensorial e extra-sensorial. Quando contemplamos
fisicamente um objeto de desejo, estamos alimentando o desejo por via sensorial.
Quando contemplamos mentalmente um objeto de desejo, estamos fortificando o
desejo por via extra-sensorial (a extra-sensorialidade existe de forma germinal em
todos os seres humanos).
Perceber o objeto de desejo é alimentar o desejo, perceber o objeto do ódio é
alimentar o ódio, perceber o objeto do medo é alimentar o medo.

Quando se tem o Ego vivo, não é possível olhar para uma linda mulher desejável sem
desejá-la, não é possível olhar para o inimigo sem detestá-lo, não é possível olhar
para o perigo sem sentir medo. Similarmente, não é possível pensar em tais objetos
sem sentir as emoções correspondentes. Quem tenta eliminar os defeitos sem
renunciar aos pensamentos que lhes correspondem, está se partindo, se despedaçando
interiormente, pois fortifica o inimigo e ao mesmo tempo faz esforços para matá-lo.
A pessoa, em tal caso, faz dois esforços contrários, que se anulam: esforço para matar
e esforço para dar vida. A infeliz pessoa girará em círculos por tempo indefinido, a
não ser que se dê conta do equívoco e se defina em uma única direção, em um único
objetivo.

Por meio da auto-observação no ginásio psicológico, vamos descobrindo novas


manifestações do Ego, antes desconhecidas. Cada manifestação descoberta é uma
forma de alimentação, antes insuspeitada. Ao descobri-la e a eliminarmos, por meio
da oração (Morte em Marcha), nos tornamos capazes de descobrir novas
manifestações, ainda ocultas. Deste modo, descobrimos sucessivas manifestações dos
egos e, portanto, sucessivas formas de alimentação dos mesmos. Como a
manifestação se dá por meio da identificação, podemos dizer que a manifestação é a
própria alimentação dos "eus". O "eus" se nutrem durante as manifestações.
Descobrir uma manifestação é descobrir um canal de alimentação.
A todo momento os egos estão se nutrindo, colhendo energia de nosso corpo. Não
percebemos o processo porque não nos mantemos receptivos ao mesmo. E não nos
mantemos receptivos porque vivemos distraídos com os objetos do desejo.

O Ego é algo sensorial, busca as sensações. Qualquer ego se fundamenta nas


sensações. O controle dos sentidos é indispensável pois os objetos exteriores
provocam emoções negativas. Se me distraio percebendo os objetos evocadores das
emoções inferiores, as fortifico e me torno mais e mais escravizado.
Contemplar os objetos evocadores das emoções causa um certo prazer mórbido. Isso
vale para o medo, o ódio, a ira, a cobiça, a luxúria e tantos outros egos. Quando
controlamos os sentidos, experimentamos um grande avanço.

O ginásio psicológico é faca de dois gumes: pode ser usado para enfraquecer os
defeitos ou para fortificá-los. Quem se identifica, fortifica.

Conforme avançamos, vamos despertando consciência e nos tornando mais


conscientes nos mundos parelelos. Então, praticamos a auto-observação durante os
sonhos e descobrimos que também ali, nos outros mundos, temos o hábito de
alimentar os defeitos. Também ali, nos envolvemos com os egos, tentamos controlá-
los, nos identificamos, nos amarramos e perdemos tempo. Ao tomarmos consciência,
temos a chance de superar aos poucos o problema. É assim que vamos despertando
nos vários mundos.
Inconscientemente, olhamos para as mulheres, para alimentos saborosos, para
pessoas antipáticas, ouvimos vozes e sons etc. Tudo isso alimenta vários defeitos sem
que nos demos conta.

Quando olhamos para nós mesmos e não vemos defeito algum, isso não significa que
os egos não estejam atuando ou que a Morte tenha terminado, significa somente que
os defeitos estão agindo fora do alcance de nossa consciência.
A auto-observação é para descobrir o novo. Controlar os sentidos, deixar de perceber
os objetos que provocam emoções negativas, não é renunciar ao novo, não é
esconder-se e nem enganar-se. É resolver um problema para ocupar-se com outros
problemas que virão a ser detectados, pois há outras atuações do sentidos a serem
descobertas. Aí reside um equívoco, pois muitas pessoas imaginam que devem
cultivar a percepção dos objetos do desejo para descobrir os egos que evocam. Na
verdade, tal cultivo prende a pessoa em um círculo vicioso, no qual ela fortifica os
egos ao mesmo tempo em que tenta observá-los e compreendê-los. Se não
resolvemos os problemas atuais, não podemos nos ocupar com problemas futuros.

A crença de que podemos "olhar sem nos identificarmos" com os objetos que
desejamos é absurda. Se desejamos e olhamos, nos identificamos, obrigatoriamente.
Somente quem está realmente morto pode olhar sem identificar-se. Quem está vivo,
forçosamente se identifica.

Portanto, o Morrer equivale a ir retirando de nossa vida todas formas de identificação.


E retirar as identificações é descobri-las e orar pela Morte. Eliminar um "eu" é
eliminar uma forma de identificação.

Muitas formas de alimentação do Ego (detalhes) se apresentam sob uma aparência


inofensiva e até virtuosa. Atitudes inocentes, desprovidas de qualquer sentido
delituoso, podem estar nutrindo algum defeito. Atos comuns do dia a dia podem ser
canais de nutrição dos defeitos. Mediante a auto-observação sincera e criteriosa,
vamos aos poucos discernindo.

Sobre contemplar o objeto de desejo mentalmente e perceptualmente


Se não devemos contemplar mentalmente o objeto de desejos, porque desencadeia
uma manifestação incontrolável do desejo correspondente, é muito claro que não
devemos também contemplá-lo fisicamente, pois o efeito será o mesmo.

Pensar em algo é contemplar mentalmente. Pensar na imagem de uma linda mulher


nua satisfazendo nossas fantasias sexuais é o mesmo que ver uma linda mulher
fazendo o mesmo. Pensar é ver na tela da mente.

Se fico contemplando objetos de desejo, estou fortificando o desejo do mesmo modo


que se neles pensasse.

Não contemple o objeto dos desejos fisicamente e nem mentalmente. Ainda que
contemplemos o objeto dos desejos com os olhos físicos, o estaremos fazendo através
de alguma forma mental.

A luxúria possui inevitavelmente um caráter imaginativo ou mental e se reforça pelos


pensamentos e imaginações. É pela contemplação de imagens que a luxúria colhe
força e se arraiga em nossa personalidade. Sempre que contemplamos um objeto de
desejo, o desejo se torna mais forte.

Quando imaginamos cenas eróticas, mulheres lindas, estamos contemplando o objeto


de desejo mentalmente. Quando observamos as mesmas cenas no mundo físico, com
os olhos físicos, o estamos fazendo fisicamente. Em ambos os casos, estamos
fortificando a prisão da luxúria. A contemplação das imagens desejáveis, seja
fisicamente ou imaginativamente, é o caminho para a escravização.

Desejar algo corresponde a uma forma de entender e de perceber aquilo que


desejamos. A forma de entender corresponde a um entendimento viciado,
tendencioso. Quanto mais fortificamos o entendimento vicioso, mais fortificamos o
desejo em nós.
O entendimento vicioso (equivocado) é reforçado por ações em todos os demais
centros (que não o intelectual). As ações e reações mínimas de cada instante estão
reforçando as equivocadas formas de perceber e compreender. Como resultado,
desejamos o objeto por imaginarmos e acreditarmos milhares de coisas absurdas a
respeito. Quando um homem deseja uma mulher, não a enxerga de forma objetiva, tal
como é, mas sim através da lente da luxúria. O prisma do desejo o cega e todas as
consequências indesejáveis de um relacionamento se tornam empalidecidas,
apagadas. Quando removemos a lente luxuriosa, enxergamos o ser feminino com
objetividade, sem exageros favoráveis ou desfavoráveis.

O prisma do desejo é como uma lente colorida: se olhamos o mundo com uma lente
vermelha ou azul, as cores dos objetos mudam. Sob a lente da luxúria, o mundo se
torna repleto de erotismo e sensualidade, cada mulher passando a ser avaliada
segundo seu potencial para o sexo. As mulheres se dividem entre as sexualmente
desejáveis e as indesejáveis. O luxurioso não enxerga mais nada na vida. A Morte do
Ego, no entanto, reverte tal situação miserável.

Concentração: como lidar com os


pensamentos indesejáveis

Em primeiro lugar, não se incomode com os pensamentos invasivos que surgem


durante a prática, seja indiferente, de modo algum reaja contra e nem a favor. Não se
identifique e nem corra atrás dos pensamentos para silenciá-los, seja neutro e volte-se
para o lakshya. Os pensamentos invasivos e desviantes são meras tentativas de atraí-
lo. Lembre-se das tentações que Mara enviou ao Buddha Gautama para desviá-lo.
Como o Buddha reagiu a elas? Ele não se deixou afetar, simplesmente continuou
meditando embaixo da árvore.
Em segundo lugar, se um pensamento for muito insistente, aplique a dualidade:
coloque um pensamento que lhe seja oposto e que o anule. Exemplo: se o pensamento
for sobre algum mal que lhe fizeram, pense nos prejuízos físicos, psicológicos e
espirituais que o ressentimento irá lhe causar, encontre algo que o anule.

Em terceiro lugar, interrompa por um instante sua concentração e analise o conteúdo


do pensamento invasor, com a intenção compreendê-lo. Procure compreender,
principalmente, qual é a (in)utilidade daquele pensamento para aquele momento, o
que se consegue perguntando-se "para serve este pensamento?" e buscando
sinceramente a resposta.

Em quarto lugar, aplique a Morte em Marcha no ego teimoso que está emitindo o
pensamento intruso.

Em quinto lugar, realize a Dança dos Derviches.

Se nada disso funcionar, deixe sua prática por um instante e a retome dali há pouco.

Aprenda com o Santo e Venerável Mestre Milarepa:

"A prática de segurar a mente é enganadora e leva a caminhos errados; então


descanso no reino da Realidade." (Milarepa, A Canção dos Doze Enganos)

Morte do Ego: a correta relação com o mundo exterior

Todos os defeitos e sofrimentos estão relacionados a algum tipo de desejo. A


preguiça é o desejo de não fazer nada, de evadir-se do esforço, a ira resulta do desejo
insatisfeito, o ódio é o desejo de que alguém seja prejudicado e arruinado, o medo
relaciona-se com o desejo de sentir-se seguro, a salvo do perigo, a gula é o desejo de
comer algo para sentir seu sabor, a inveja é o desejo de ter o mesmo que outra pessoa
possui. Existem muitos tipos de desejo e não somente o desejo sexual.

Todas as formas de desejo provocam sofrimento. Quando o desejo morre, o


sofrimento acaba. É muito importante entender como fazemos para enfraquecer
gradativamente o poder do desejo.

Quem nunca tomou consciência da existência de algo desejável, não pode desejá-lo.
Quem toma consciência da existência de algo desejável, passa a desejá-lo. Quem
renuncia voluntariamente à percepção dos objetos de desejo, após ter consciência da
existência dos mesmos, volta a não desejá-los mais. Há, portanto, três estágios no
desenvolvimento da alma:

1) inconsciência da existência do objeto;


2) consciência da existência do objeto;
3) esquecimento intencional da existência do objeto.

Uma é a felicidade dos seres inocentes, que nunca se deram conta ou não
compreendem a existência dos objetos de desejo. Outra é a felicidade daqueles que
sofreram desejando os objetos mas conseguiram esquecê-los, renunciando aos
mesmos. Tormentosa é a existência daqueles que estão na fase intermediária,
percebendo os objetos e os desejando continuamente, afogando sua consciência na
embriaguês da matéria.

Quem nunca viu ouro ou jóias, não poderia desejá-los. As crianças não desejam
dinheiro, porque neles não pensam e não “entendem” o seu valor. Alguém que tenha
contato com ouro ou jóias, passará a entender, com o tempo, que os seres humanos os
valorizam em demasia, desenvolverá um entendimento enviesado ou distorcido a
respeito e então irá desejá-los. Porém, se tal pessoa decide aprofundar a compreensão
a respeito do desejo que sente e, por extensão, do verdadeiro ou essencial valor do
ouro e das jóias, chegará a compreender que o valor atribuído aos mesmos é tão
somente uma ilusória criação mental, ou seja, o valor não existe objetivamente,
somente subjetivamente (as pessoas o inventaram). Caso tal pessoa se divorcie do
ouro e das jóias, os abandone, esqueça e deixe de percebê-los, estará, de certo modo e
em um certo sentido, retornando ao estado inicial de desconhecimento. Após a
compreensão, a pessoa estará “desconhecendo intencionalmente” o objeto de desejo.
Para tanto, a pessoa terá que deixar de ocupar-se fisica e mentalmente com aquilo.

Retornar conscientemente ao estado de inocência original ou à infância espiritual


perdida é ocupar-se somente com as coisas do céu, renunciando às coisas da Terra.
Entretanto, após estarmos aprisionados no mal, tal retorno não será possível senão
após tomarmos consciência de cada prisão. Cada desejo é uma prisão que encarcera
uma parte de nossa alma.
O esquecimento intencional daquilo cuja existência não temos consciência é um
absurdo. Como eu poderia esquecer algo cuja existência me é desconhecida? O
esquecimento intencional ou abandono voluntário requerem a consciência prévia
daquilo que nos prende. Não é possível esquecer intencionalmente um objeto de
desejo se não estamos conscientes de que o desejamos. E não estaremos conscientes
se não nos observarmos em plena relação com o mundo. Portanto, tomamos
consciência para nos desligarmos. Quem quer libertar-se do desejo por jóias, deve
primeiro dar-se conta de que as deseja e tal consciência não ocorrerá senão pela auto-
observação das próprias reações perante a percepção das jóias.

Mas se aquele que percebe que deseja as jóias, ao vê-las, as continua contemplando
após tê-lo compreendido, estará, a partir deste ponto, alimentando seu desejo ao invés
de enfraquecendo, por uma simples razão: o desejo se nutre pela fascinação,
intencional ou não. Estejamos ou não conscientes da fascinação, ela alimentará os
desejos e os reforçará. Este é o motivo pelo qual aqueles que se entretém fascinando-
se pelo que desejam jamais se libertam. Temos que descobrir os processos
fascinatórios inconscientes e interrompê-los, caso queiramos nos libertar.

A finalidade da auto-observação é levar-nos a descobrir os infinitos processos


fascinatórios que se processam inconscientemente durante o dia, enquanto estamos
em contato com os objetos da vida. Os objetos desejáveis do mundo físico são uma
faca de dois gumes: servem para descobrirmos nossas reações inconscientes a eles
mas também promovem a fascinação e podem nos lançar mais profundamente no
desejo. Tudo depende da forma como nos relacionamos. Quem se identifica com as
coisas do mundo, ao invés de usá-las para o auto-descobrimento, fortifica suas
próprias prisões interiores.

Temos que saber como nos relacionar com as coisas desejáveis da Terra. Podemos
usá-las para tomarmos consciência de que as desejamos, mas também podemos, caso
nos relacionemos equivocadamente, usá-las para nos prejudicarmos, alimentando os
desejos que elas provocam e nos afundando cada vez mais no lodo da miséria
espiritual.

O que se passa é que um certo fato exterior qualquer do mundo físico que provoca
um dado desejo serve para que o mesmo desejo seja descoberto em plena ação. O
mérito das almas vitoriosas consiste justamente em não se identificar com tais fatos
mesmo que estejam se dando a seu redor a pleno vapor. Por esta via, as almas
vitoriosas alcançaram uma pureza semelhante à das almas inocentes, com a diferença
de que isto foi conquistado de forma consciente, intencional e voluntária. As almas
vitoriosas são crianças porque querem sê-lo.

As almas vitoriosas não se entretém contemplando os fatos evocadores do desejo,


evitam a fascinação, porém o fazem por vontade deliberada. Elas decidiram não mais
olhar para o mal. Já as almas desgraçadas, por outro lado, estão aprisionadas pelo
olhar fascinante da medusa, presas espiritualmente ao mal, porque não sabem ou não
querem desviar o olhar, não querem abandonar os atrativos mundanos.

Não podemos explorar o Ego senão através dos fatos que nos acontecem, nos
acometem e nos ferem. Não é possível explorar o Ego através de teorizações,
conjeturando a respeito do que somos ou sentimos. Temos que vê-lo em ação e tal
percepção é possível exclusivamente em contato com os fatos da vida, do mundo
exterior. É algo muito interessante: temos que aprender a nos isolar dos fatos do
mundo, mesmo estando eles acontecendo ao nosso redor, e fazemos isso após
percebermos as reações que provocam em nós. Se você percebeu que sua vizinha está
dançando de calcinhas na laje, melhor é não ficar espiando porque senão ficará
tomado por um desejo desesperador, se você percebeu que a carta ou mensagem
enviada por alguém é negativa e malcriada, melhor é não abri-la e jogá-la na lixeira
ou então ler somente as primeiras linhas para se certificar de que se trata de algo
prejudicial. Assim vamos cortando os canais de alimentação dos desejos. Tudo isso, é
claro, tem que ser realizado através da Morte em Marcha.

O que estamos aqui descrevendo vale para todos os tipos desejo, todos os tipos de
defeitos, emoções inferiores ou negativas. Quem teme ser assassinado e fica
contemplando assassinatos, seja em filmes ou livros, está alimentando o seu medo.
Quem teme fantasmas e assiste a filmes de terror, ficará ainda mais atemorizado.
Aquele que alimenta um defeito, torna-se incapaz de libertar-se do mesmo.

O segredo, a chave da Morte, está no processo de nutrição dos egos. É o que diz
aquele conto indígena dos dois cachorros em conflito que existem dentro do ser
humano. Qual dos dois cães irá ganhar a luta? Aquele que alimentarmos.

Tenho medo de não estar sendo claro. O que quero transmitir neste texto é a
necessidade de tomarmos consciência dos fatos físicos para, em seguida, nos
isolarmos (psicologicamente) dos mesmos e não para nos fascinarmos ainda mais.
Quero que compreendam que os mesmos fatos que servem para descobrir os defeitos
podem servir para alimentá-los. Temos que saber usar esses fatos em nosso favor e
não contra nós. Quero que compreendam que os fatos da vida são facas de dois
gumes, podem servir para o nosso bem ou para o nosso mal, são males necessários.
Não devemos fugir deles, nos isolando para sempre nas montanhas ou em cavernas, e
nem tampouco mergulhar nos mesmos. Quem mergulha nos fatos da vida se afoga e é
arrastado por suas correntezas. Os fatos da vida constituem um ginásio psicológico
mas também uma porta para o abismo, tudo depende do modo como nos
relacionamos.

Como nos isolamos psicologicamente dos fatos, de modo a não perdermos os


resultados conquistados com a Morte em Marcha? Controlando os sentidos, evitando
ver, ouvir e sentir aquilo que fortifica o mal em nós. Aquilo que faz o mal aflorar
também o alimenta. É importante que o mal aflore para que seja visto, mas alimentá-
lo é desnecessário e prejudicial.
Quem quer realmente morrer deve evitar todos os estímulos externos e internos aos
desejos. As situações exteriores que os evocam e excitam necessitam ser descobertas
e evitadas, assim como os pensamentos, falas, recordações e atos. Toda excitação
deve ser removida da vida. Isso se aplica à gula, à ira, ao ódio, ao medo, à luxúria, às
preocupações e a quaisquer outros defeitos. A excitação passional deve ser
substituída pelas emoções superiores e pelo êxtase espiritual.

Imaginação e emoção

Comportamento e imaginação estão diretamente vinculados. O comportamento


costuma corresponder às emoções e as emoções são direcionadas pela imaginação.

Se me fizerem acreditar que estou em perigo, imaginarei mil riscos e ameaças,


sentirei medo e agirei em consonância com tal emoção. Se me fizerem acreditar que
estou em segurança, imaginarei que não há problema algum, ainda que eu esteja sob
grande risco, e sentirei tranquilidade. Quando um homem aponta uma convincente
arma de brinquedo para outro, fere sua imaginação, fazendo-o crer que a arma é real,
e nele provoca emoções correspondentes, fazendo-o sentir medo, insegurança e
vulnerabilidade. Quando um homem imagina que uma mulher lhe dará mil prazeres
indescritíveis, sentirá desejo intenso. Uma pessoa que tenha uma grave doenças e não
o saiba, não sentirá as emoções correspondentes, por não estar ferida em sua
imaginação e não se imaginar sob risco. Uma pessoa saudável que, por um erro de
exame, se acredite gravemente doente, sentirá as emoções negativas correspondentes,
pois imaginará a si mesma piorando cada vez mais. Se um ladrão imaginar que há
grande soma de dinheiro em uma casa, sentirá o desejo de invadi-la para roubá-lo.

Quando uma pessoa faz ameaças diretas a outra, o faz com o intuito de ferir sua
imaginação, induzindo-a a imaginar-se em perigo. Se a imaginação da vítima for
ferida como deseja o agressor, ela sentirá medo, ficará intimidada e retrocederá.
Quando um homem exibe um carrão ou sinais de riquezas e poder para uma linda
mulher, o faz com o intuito de ferir-lhe a imaginação, induzindo-a a imaginar que ele
pode lhe dar conforto, segurança e proteção sem fim.

As diversas situações da vida provocam emoções em consonância qualitativa com as


imaginações que provocam. Sentimos de acordo com o que imaginamos. Se eu
imaginar que um homem é o meu pior inimigo, sentirei raiva, ódio, medo e tentarei
prejudicá-lo, ainda que o infeliz nem sequer saiba de minha existência.

Quem tenta controlar as emoções diretamente, sem redirecionar o curso da


imaginação, está cindindo-se interiormente e desencadeando uma neurose. O
elefante louco das emoções não se deixa dominar.

A emoção é rápida como um tiro, mas a imaginação é a mão que direciona o cano da
arma. A mente não é mais rápida que a emoção, mas é o fator que a direciona. E não
podemos controlar a mente entrando em conflito com os maus pensamentos e más
imaginações, mas sim reforçando os seus contrários. Somente deixarei de pensar em
um perigo se preencher minha mente com pensamentos e imaginações de segurança.
A concentração serve para preencher a mente com os pensamentos que queremos,
redirecionando a imaginação. Ao imaginarmos algo em um rumo que desejamos,
modificamos o funcionamento mental (sanskaras) e alteramos as emoções.

O Ego resulta da imaginação equivocada que vai se nutrindo e sendo reforçada ao


longo de toda a vida desde a infância. Como Freud acertadamente se deu conta, é na
infância que começa tudo. Os vícios e deformidades que temos hoje se originaram na
infância e, indo além de Freud, em passadas existências. Quando, em um passado
remoto, adquirimos a mente e o poder de imaginar, começamos a dar vida aos
desejos.
A imaginação não é ruim e nem boa, é dual. Podemos nos afundar ou nos salvar
através da imaginação. Educar a imaginação é fundamental em toda disciplina
espiritual.

Os corajosos que não temem o inimigo e se expõem no campo de batalha não se


imaginam em risco, ainda que conscientemente saibam que estejam se arriscando. Os
insensatos que se arriscam tolamente também não se imaginam em perigo, por falta
de discernimento, e não sentem medo. São pessoas que não pensam na morte e nem
na vulnerabilidade (aqueles por terem aprendido e estes por serem estúpidos). Os
covardes que vivem intimidados com tudo possuem uma imaginação vulnerável ao
perigo e se imaginam constantemente em risco.

Uma pessoa que sofra cronicamente com emoções ruins deverá procurar, dentro de si,
as imaginações e pensamentos que as provocam.

Uma das funções da auto-observação é revelar as reações mentais (imaginativas) que


vamos tendo aos diversos fatos que vamos presenciando, para que possamos eliminá-
las. Os acontecimentos fazem a mente reagir de determinada maneira, ocasionando
emoções inferiores. Temos que descobrir as imaginações equivocadas antes de
corrigi-las. Como eu poderia corrigir algo cuja existência desconheço?

Um funcionamento imaginativo equivocado é nutrido e reforçado por falas e atitudes


que desconhecemos e necessitamos descobrir ao vivo. Corrigindo a fala, os
comportamentos e as imaginações que reforçam uma emoção ruim, a
enfraqueceremos.

Portanto, a correção da imaginação destrutiva se obtém por dois trabalhos


simultâneos: a concentração/meditação e a auto-observação/Morte em Marcha.
Meditação e paralisia do sono

Quando estamos meditando, podemos ser assaltados pela paralisia do sono. A


paralisia costuma aparecer quando, durante fase do relaxamento profundo, a pessoa
tenta se mover por alguma razão.

O melhor a fazer quando somos assaltados pela paralisia é esquecê-la e continuarmos


concentrados em nosso lakshya. Se a pessoa não tiver medo e prosseguir concentrada,
terá logo experiências muito interessantes. A paralisia do sono indica que se está no
limiar das experiências supra-sensoriais. As chamadas "alucinações hipnagógicas"
são na verdade percepções do universo supra-sensorial.

Milarepa: ensinamento em vídeo

Este vídeo contém alguns ensinamentos importantes do Santo Milarepa sobre a


meditação (é a segunda parte de uma sequência de três vídeos):

http://www.youtube.com/watch?v=G1PFFnBQsP0

"Para testar a conquista e experiência de Rechungpa e também para descobrir o quão


forte era o seu espírito de renúncia, um dia Milarepa casualmente cantou para ele a
'Canção dos Doze Enganos':

A Canção dos Doze Enganos

'Afazeres mundanos são todos enganadores; então procuro a verdade divina.

A excitação e distração são ilusões; então medito na verdade não dual.

Companheiros e servos são enganadores; então permaneço em solidão.

Dinheiro e posses também são enganadores; então se eu os tenho, dou para os outros.
Coisas do mundo externo são todas ilusões; a mente interna é a que observo.

Ensinamentos vagantes são todos enganadores; então só trilho o caminho da


sabedoria.

Enganadores são os caminhos da verdade oportuna; a Verdade Final é aquela em que


medito.

Livros escritos em tinta preta são todos enganadores; apenas medito no âmago das
instruções da Linhagem Sussurrada.

Palavras e dizeres também são enganadores; calmo, descanso minha mente no estado
sem esforço.

Nascimento e morte são ambos ilusões; observo somente a verdade do Não Elevar.

A mente é, em todos os meios, enganadora; então pratico como animar a consciência.

A prática de segurar a mente é enganadora e leva a caminhos errados; então descanso


no Reino da Realidade.'

Rechungpa pensou:

'Meu Guru é o próprio Buda, não há idéia ilusória em sua mente. Mas, por minha
incapacidade de devoção e também a dos outros, ele cantou para mim, esta canção.'

E Rechungpa cantou em resposta para explicar ao seu guru sua compreensão sobre o
ensinamento da visão, prática e ação:

'Ouça-me, por favor Pai Guru, minha mente escura é cheia de ignorância, segure-me
com a corda de sua compaixão.

Na encruzilhada onde Realismo e Nihilismo encontram-se, perdi meu caminho, ao


procurar a visão dos Não Extremos, então não tenho segurança no conhecimento da
Verdade.

Sonolento e distraído a toda hora, alegria e Iluminação ainda não são minhas e assim
não conquistei todo o apego.

Não consigo me libertar de tomar e abandonar e, sem necessidade, continuo em meus


atos impulsivos, então ainda não destruí todas as ilusões.

Fui incapaz de afastar todos feitos de fraude e observar os preceitos tântricos sem
falha, ainda não conquistei todas as tentações.
A distinção ilusória entre o Samsara (ciclo da reencarnação) e o Nirvana (Felicidade
Eterna) ainda não percebi na própria mente do Buda, então ainda tenho que encontrar
meu caminho ao Darmakhaya.

Não fui capaz de equalizar esperança com medo e a minha própria face para
contemplar, então ainda tenho que ganhar os Quatro Corpos de Buda.

Eu fui protegido por sua Compaixão no passado, agora, colocando-me inteiramente


em tuas mãos, rezo; dê-me ainda mais de tuas bençãos.'

Assim Milarepa, mandou sua Graça compassiva para abençoar Rechungpa e disse a
ele, fingindo:

'OH, Rechungpa, você tem mais conhecimento e experiências que aqueles que acabou
de me contar. Não deveria esconder nada de mim. Seja franco e cândido.'

Quando Milarepa disse isto, Rechungpa se tornou iluminado e ele cantou as 'Sete
Descobertas'.

Canção das Sete descoberta

'Através da Graça do meu pai guru, o sagrado Jetsün, agora percebi a Verdade nas
Sete Descobertas.

Em manifestações, descobri o Vazio, agora não tenho pensamento de que nada exista.

No Vazio encontrei o Dharmakaya, agora não tenho pensamento da ação.

Em miríades de manifestações o Não Dual encontrei, agora não tenho pensamento de


reunir ou dispersar.

Em elementos de Vermelho e Branco descobri a essência da igualdade, agora não


tenho pensamento de aceitar ou rejeitar.

No corpo da ilusão descobri Grande Felicidade, agora em minha mente não há


sofrimento algum.

Na Auto Mente descobri o Buda, agora em minha mente Samsara (ciclo da


reencarnação) não existe mais.'

Milarepa então disse a Rechungpa:

'Sua experiência e compreensão estão próximos da real iluminação, mas ainda não
são o mesmo. Experiência Real e compreensão verdadeira deveriam ser assim; e ele
cantou 'Os Oito Reinos Supremos':
Canção dos Oito Reinos Supremos

'Aquele que vê que o mundo e o vazio são o mesmo, alcançou o reino da Verdadeira
Visão.

Aquele que não sente diferença entre sonho e despertar, ele alcançou o Reino da
Verdadeira Prática.

Aquele que não sente diferença entre Alegria e Vazio, atingiu o Reino da
Verdadeira Ação.

Aquele que não sente diferença entre 'agora' e 'depois', atingiu o Reino da Realidade.

Aquele que não vê que a mente e o vazio são o mesmo, atingiu o Reino de
Dharmakaya.

Aquele que não sente diferença entre dor e prazer, atingiu o reino do Verdadeiro
Ensinamento.

Aquele que vê os desejos humanos e a sabedoria de Buda como iguais, atingiu o


Reino da Suprema Iluminação.

Aquele que vê como a própria mente e o Buda são semelhantes, alcançou o Reino da
Verdadeira Realização.'

Consequentemente, através da Misericórdia e Benção de seu Guru, Rechungpa


gradualmente aprimorou em compreensão e realização. Ele então, compôs a 'Canção
dos Seis Bardos', no qual ele apresentou a Milarepa seu insight e compreensão final:

'Eu me curvo diante dos Santos Gurus.

No Bardo (estado de existência entre a morte e o renascimento), onde o Grande Vazio


manifesta-se, não há visão realista e nem niilista, eu não compartilho o pensamento
dos sectários humanos.

Além de toda a apreensão está a Não Existência agora. Da visão esta é minha firme
convicção.

No Bardo do Vazio e da Alegria não há objeto no qual a mente possa meditar, então
não preciso praticar a concentração.

Descanso minha mente sem distração no estado natural. Esta é minha compreensão
da Prática.
Não me sinto mais envergonhado diante dos amigos iluminados. No Bardo, com
luxúria e sem luxúria, eu não vejo felicidade samsárica, e então, não sou mais um
hipócrita, eu não encontrei má companhia alguma.

Tudo o que eu vejo diante de mim tomo como minha companhia. Esta é minha
convicção na ação.

Não sinto mais vergonha diante de um encontro de grandes yogues. Entre vícios e
virtudes, não discrimino mais; os puros e impuros são agora para mim iguais.

Assim eu nunca devo ser falso ou pretensioso. Agora conquistei totalmente a maestria
da Auto-Mente. Esta e minha compreensão de Moralidade.

Não sinto mais vergonha diante da assembléia dos Santos. No reino recém descoberto
do Samsara e Nirvana, seres senscientes e os Budas são para mim o mesmo.

Então, não espero e nem anseio pela qualidade de Buda. Neste momento, todo o meu
sofrimento tornou-se um prazer. Esta é minha compreensão de iluminação.

Não sinto mais vergonha diante dos seres iluminados. Tendo me libertado das
palavras e significados, não falo mais a linguagem de todos os estudiosos.

Não tenho mais dúvidas em minha mente. O Universo e todas as suas formas agora
não aparecem senão como o Dharmakaya. Esta é a convicção a que cheguei.

Não sinto mais vergonha diante de uma reunião de grandes estudiosos.'

Milarepa estava em grande prazer e disse:

'Rechungpa, esta é de fato a Experiência Real e o Conhecimento. Você pode


realmente ser chamado de Discípulo Bem Presenteado. Agora existem três formas
nas quais alguém pode agradar seu Guru: Primeiro, o discípulo deve empregar sua fé
e inteligência para gratificar seu Guru; então, através do aprendizado inequívoco e da
contemplação, ele deve entrar no portão do Mahayana e do Vajrayana e praticá-los
com diligência e grande determinação. Então, ele finalmente pode agradar seu Guru
com suas experiências reais de Iluminação, que são produzidas passo a passo através
de sua devoção.

Eu não gosto do discípulo que fala demais; a prática real é muito mais importante.
Até a completa realização da Verdade ser obtida, ele deve fechar sua boca e trabalhar
em sua meditação. Meu Guru, Marpa, disse para mim: Não importa o quanto e se
alguém sabe grande coisa sobre Sutras e Tantras. É preciso não apenas seguir as
palavras e livros, mas a pessoa deve fechar sua boca, seguir sem erro as instruções
verbais de seu guru e meditar. Assim, você deve também seguir seu conselho, não
esquecendo e colocando-o em prática. Se você puder deixar todos os assuntos
samsáricos para trás, os grandes méritos e realizações serão todos seus.'

Rechungpa replicou:

'Querido Jetsün, por favor seja bom o bastante para dizer o que Marpa disse.

Milarepa então cantou 'As Trinta Admoestações do Meu Guru':

'Querido filho, estas são as palavras que Ele me disse :

De todos os Refúgios, o Buda é o Melhor.

De todos os amigos, a fé é a mais importante.

De todos os males, Nhamdog (pensamento perturbador) é o pior.

De todos os demônios, o orgulho. De todos os vícios, difamar.

Ele disse: Aquele que não purifica seus pecados com os quatro poderes, estará atado a
vagar no Samsara.

Aquele que, com diligência, não acumula mérito, nunca ganhará a Benção da
Liberação.

Aquele que não refreia cometer os Dez Males está atado a sofrer as dores junto ao
Caminho.

Aquele que não medita no Vazio e na Compaixão, nunca atingirá o estado do


BUDDHADO.' "

Se você gostou, pode assistir também outros vídeos onde Milarepa compartilha seu
conhecimento.

Milarepa instrui as Dakinis e aos patronos:

http://www.youtube.com/watch?v=w7RLNBFKiPw&feature=relmfu

Aqui há a estória inteira: (três vídeos)

http://suprememastertv.com/pt/bmd/?wr_id=763&url=link1_2&page=4#v
Boa reflexão.

Libertando-se da ilusão dos opostos

Compreendendo o caráter ilusório do mundo

Milarepa e outros santos mestres relataram que compreendiam o caráter ilusório de


tudo, incluindo dos objetos do desejo e de temor. Ensinaram que o desinteresse pela
matéria advém da compreensão de seu caráter ilusório. Mas o que significa a
expressão "compreender o caráter ilusório do mundo"?

Compreender o caráter ilusório dos elementos que nos rodeiam, do mundo em que
vivemos e daquilo que desejamos ou tememos é compreender que os mesmos não
passam de formas mentais criadas pela mente, desprovidas de realidade. São artifícios
que não existem em si mesmos. A essência de um pássaro não é o que vemos, assim
como não o é a essência de um belo carro ou de uma linda mulher. As características
que percebemos nas coisas são atribuídas por nossa mente. Uma mulher desejável
não é desejável em si mesma, se o fosse, seria desejável para todos os seres, todos
criaturas a veriam como desejável. Um objeto qualquer (ex. um tênis) é desejável
apenas para algumas pessoas, sendo desinteressante ou detestável para outras. Se as
coisas não são desejáveis em si mesmas, então o são para alguém, ou seja, em relação
a alguém. E, se o são somente em relação a alguém, isso significa que o caráter
desejável da coisa está dentro e não fora, além de ser subjetivo. Em suma: aquilo que
vemos e consideramos desejável não existe, é somente uma forma mental, uma
maneira de entender e de perceber as coisas.

O boneco de vidro que está enfeitando a sala não é, em si mesmo, exatamente como o
vemos. Vemos uma imagem forjada pela mente, através dos sentidos. O mesmo
objeto pode ser percebido de formas distintas por outras pessoas ou por animais de
outras espécies. Se o olharmos com o microscópio, através de câmeras de raios X,
infravermelho ou ultravioleta, o veremos de forma distinta, pois entre os sentidos e a
consciência está a mente, dando às percepções o seu tom e sua nota tendenciosa.
Como a coisa em si mesma não é percebida, pois é infinita e sua infinitude escapa à
mente, o que percemos é uma imagem ilusória. Não vemos os objetos do mundo de
forma integral, mas de uma forma parcial, muito limitada. Esta é a ilusão da qual
escapamos durante a meditação.

Quando desejamos ou tememos de forma intensa alguma coisa, isso deve à uma
sólida impressão de realidade conferida ao objeto pela mente. Acreditamos piamente,
sem sombra de dúvida, na realidade daquilo. Não é o objeto em si que desejamos ou
tememos, mas sim uma forma criada por nossa mente.

Compreender o caráter ilusório do mundo é compreender que o mesmo não existe, tal
como o vemos. Aquilo que desejamos inexiste e aquilo que tememos é falso, pelo
simples fato de que não correpondem ao que imaginamos.

Quando meditamos, escapamos temporiariamente da ilusão e, quando o Ego morre,


as ilusões deixam de existir de forma definitiva.

Libertando-se dos opostos

Dizem também os veneráveis e santos mestres que estamos presos aos opostos. Que
opostos são esses?

Os opostos aos quais a mente está presa são as características que percebemos nas
coisas. Quando achamos algo bonito, temos a fealdade como referencial, quando
consideramos algo bom, temos a maldade como referência, quando sentimos prazer,
temos a dor como referência e assim por diante, ainda que não estejamos conscientes
disso.
É pelos opostos que os objetos do mundo adquirem suas qualidades (para nós). Nosso
modo de entender as coisas oscila entre os opostos: para nós, as coisas são boas ou
ruins, belas ou feias, agradáveis ou desagradáveis, grandes ou pequenas etc.
Entendemos e percebemos o mundo dentro das polaridades. Esse é o batalhar das
antíteses.

Reflita sobre um tipo de mulher que você deseja e descobrirá que a deseja em
oposição outro tipo, que possui características contrárias. Analise algo que você teme
ou detesta e descobrirá que teme aquilo em oposição a alguma outra coisa,
considerada desejável ou inofensiva. Você se sente seguro em certas situações em
oposição a outras situações, que provocam insegurança. Aquilo que nos irrita ou
incomoda sempre terá o seu oposto, algo que nos proporciona agradáveis sensações
de bem estar. Vivemos oscilando entre os opostos.

A mente presa nos opostos é o próprio Ego, uma vez que é o Ego que confere
características às coisas. As qualidades dos objetos são aprendidas ao longo da vida,
não nascemos sabendo as diferenças. As coisas se tornam o que são (para nós) à
medida que o Ego se desenvolve. É pelo contraste que achamos e sentimos que as
coisas são boas ou ruins. Nossa visão de mundo atual resulta de experiências
passadas.

Quando meditamos, perdemos a noção dos opostos. Então não há diferença entre dia
e noite, doença e saúde, vida e morte, velhice e juventude, antes e depois. Nos
libertamos desses opostos e, então, aquilo que nos perturbava deixa de nos perturbar.

A primeira noção que costumamos perder quando praticamos a meditação é a noção


do tempo. Perdemos a noção e não sabemos se passou muito ou pouco tempo.
Podemos ter a impressão de que se passou bastante tempo e, ao olhar o relógio,
apenas alguns minutos se passaram. Isso ocorre porque escapamos do par de opostos
"breve" e "demorado", nossa consciência escapa do tempo por um breve período.
Em seguida, com o avanço da prática, pode ser que escapemos do par de opostos
"aqui" e "acolá" ou do "próximo" e do "distante". Então perdemos a noção de onde
estamos e deixamos de saber se estamos meditando em casa ou em outro lugar. É
comum que, ao voltarmos da meditação, nos surpreendamos por acharmos que
estávamos em outro lugar. Nossa consciência escapou temporariamente do espaço.

Essas perdas de noção não fazem mal algum e não são patologias mentais. As noções
são imediatamente recuperadas assim que terminemos a prática.

Praticantes avançados e experientes vão se desvencilhando de todas as noções de


opostos até o ponto de escaparem completamente desta realidade fenomênica.
Escapar dos opostos é libertar a essência da prisão da mente, pois é a mente que
entende as coisas de forma dual. Quando escapamos completamente dos opostos, não
discernimos entre o alto e o baixo, o feio e o belo, o grande e o pequeno e outras
dúadas, pois o nosso discernimento estará funcionando de outra maneira, em sintonia
com realidades que estão além do compreensível.

O escape dos pares de opostos não é algo que se consiga por meio da simples força.
E, antes, o resultado natural do aprofundamento do pensamento concentrado e do
posterior abandono do mesmo.

Perguntas importantes

1. O que é uma concentração intensa?

Quando ouvimos a expressão "concentração profunda" ou "concentração intensa",


imaginamos imediatamente alguém franzindo o entrecenho enquanto faz um terrível
esforço para concentrar-se. A palavra "intensa" é equivocadamente associada à
palavra "tensa" e a palavra "concentração" é erroneamente associada à palavra
"contração". Ao ser traduzida para o português e línguas próximas, a palavra original
"dharana" perde seu sentido verdadeiro e suas traduções originam confusões. Na
verdade, "dharana" deveria ser traduzida por uma expressão composta, algo assim
como "atenção contemplativa ininterrupta", e não por uma palavra simples. Por
pertencerem a culturas muito materialistas, as línguas ocidentais não possuem
palavras simples que equivalham exatamente a "dharana".

Particularmente, defino a concentração intensa como sendo um fluxo de pensamentos


que não sofre interrupção por um tempo prolongado e é contemplado
conscientemente, acompanhado com atenção tranquila. A intensidade é definida pela
ininterrupção do fluxo.

Sabemos que atingimos o pensamento único e a concentração intensa quando formos


capazes de pensar longamente, de forma livre e profunda sobre o objeto, sem nos
desviarmos. O pensamento prolongado, livre, ininterrupto, contínuo dentro do tema
proposto é o que buscamos. Almejamos a fluidez do pensamento.

2. Por que um perigo ameaçador não existe?

Porque o perigo ameaçador que tememos existe somente dentro de nossa cabeça e
não fora de nós. Se deixássemos de existir, o perigo deixaria de existir para nós,
"escaparíamos" do perigo. Um mesmo fato que ameaça uma pessoa pode ser visto
como inofensivo ou até um fator de proteção para outra. Portanto, o caráter
ameaçador de algo é uma qualidade que lhe atribuímos mentalmente. Mesmo os
perigos universalmente ameaçadores não meterão medo em ninguém se não houver
ninguém para ser ameaçado. Não estou dizendo que o fato da ameaça, em si mesmo,
não existe, mas sim que seu caráter terrível é subjetivo, atribuído pela mente. Uma
barata, por exemplo, pode amendrotar uma pessoa e não despertar medo algum em
outra.
3. Por que uma bela e desejável mulher não existe?

Porque a linda imagem de uma fêmea humana desesperadamente desejável é uma


criação da mente do macho. Prova disso é que esta mesma mulher não desperta
desejo algum em outra mulher heterossexual ou em um animal cuja espécie seja
muito distante da espécie humana. Em si mesmas, as criaturas não são belas ou feias,
apenas existem. Você, muito provavelmente, não sente atração alguma pela fêmea de
um lagarto, apesar dela ser sexualmente atrativa para ele, concorda?

Não estou afirmando que as mulheres em si não existam, mas sim que a
beleza/fealdade são atributos mentais que estão na mente de quem as contempla. Uma
mulher não é bonita "em si mesma", mas sim aos nossos olhos.

Toda excitação, seja sexual, nervosa ou de outra índole, é algo mental. Se


retirássemos a mente de um ser humano, não haveria excitação de espécie alguma.
Nos excitamos porque imaginamos mil coisas relacionadas ao objeto excitante. Até
mesmo o orgasmo é algo mental, que não pode ocorrer sem a excitação
correspondente.

4. Por que os problemas não existem?

Porque estão dentro da mente e não fora dela. Não estou afirmando, com isso, que o
mundo exterior seja mais real que o mente e sim que ambos, mente e matéria, não
correspondem à realidade última das coisas. Os problemas não existem
objetivamente, mas sim subjetivamente. O que existe objetivamente são alguns fatos
que em essência são neutros mas aos quais atribuímos um caráter problemático. Um
problema é um problema porque assim o entendemos e assim o entendemos porque
nele pensamos deste modo. As coisas, em si mesmas, não são boas e nem más,
apenas existem, se processam na natureza rumo a determinados fins, às vezes
inevitáveis, mas, ainda assim, naturais.

5. Se todas as coisas que vemos não existem, por que acreditamos e sentimos tão
fortemente que existam tal como as percebemos?

Porque cristalizamos solidamente formas tendenciosas e parciais de entendê-las e, por


extensão, de percebê-las. Aprendemos a pensar obstinadamente nas coisas de
determinadas maneiras e tais formas se consolidaram em nossa percepção. Por tais
razões, mesmo que queiramos entendê-las de outras maneiras não somos capazes.
Para recebermos o mundo de outra maneira, teríamos primeiramente que destruir as
formas mentais condensadas e cristalizadas que criamos ao longo de várias
existências. A Morte do Ego tem justamente esse resultado.

6. Por que a mente costuma não fluir quando tentamos concentrá-la em algo superior?

Por que a acostumamos excessivamente a pensar somente dentro de determinados


eixos ou trilhos. Se você focar sua mente em algo imprestável (não faça isso!) ela
rapidamente se concentrará naquilo e te levará aos nefastos resultados. Mas se você
focá-la em algo superior, ela imediatamente tentará se desviar. Temos que acostumar
a mente a pensar nas coisas superiores e desacostumá-la de pensar no que é
mundano.

Passamos a vida toda pensando no que não presta, por isso é tão fácil concentrar o
pensamento negativo e prejudicial. Os pensamentos prejudiciais fluem com facilidade
e levam muita gente à desgraça e ao crime. Não flerte com os pensamentos maus,
mas também não conflite com eles, simplesmente abandone-os, substituindo-os por
pensamentos elevados.
Quando um pensamento maligno e vergonhoso te assaltar, não se assuste e nem se
preocupe, mantenha-se neutro e simplesmente aplique a Morte em Marcha ao ego que
o emitiu.

7. Se todas as coisas não existem, então não há perigo algum em jogar-se de um


prédio?

Sim, há. Eu não faria isso...As coisas não existem tal como as percebemos (tal como
nos parecem ou se nos afiguram), mas isto não significa que não possuam realidade
em si mesmas. Quando digo que as coisas não existem, estou me referindo à
aparência que assumem ante nossos olhos (não existem da maneira como as
imaginamos ou entendemos) e não ao aspecto absoluto que as permeia. Elas existem
como coisas em si, inacessíveis aos nossos sentidos. A rocha que você vê na sua
frente não existe, o que existe é outra coisa distinta do que você vê, mais completa. A
rocha que você vê é uma imagem parcial (e portanto falsa, pois não corresponde à
realidade). Por outro lado, a rocha completa (absoluta) é invisível, mas pode
perfeitamente ferir o crânio de alguém, por isso...não a jogue em ninguém!

8. Quem são os inimigos da Gnosis?

Os inimigos do conhecimento espiritual gnóstico pertencem a várias correntes de


pensamento. Entre os principais difamadores existem espiritualistas, ateus,
materialistas e religiosos (embora nem sempre os representantes desses grupos sejam
anti-gnósticos). De um modo geral, os detratores se incomodam com a idéia de uma
ciência espiritual que faça alegações passíveis de comprovação. Neste sentido,
embora existam entre eles grandes divergências, os anti-gnósticos estão em acordo
em um ponto: negam a possibilidade de se conhecer os mistérios espirituais de forma
objetiva e comprovável, sem o recurso das crenças e teorias. Esses grupos sentem-se
ameaçados pela possibilidade das massas chegarem conhecer o Além de forma direta.

Morte do Ego: descobrindo as causas horizontais

Em nossa vida, fatos indesejáveis e destrutivos repetem-se incessantemente,


atormentando-nos. Os fatos indesejáveis resultam de múltiplas causas, combinadas e
sequenciadas em diversos níveis horizontais: algo que fazemos agora desdobra-se em
um efeito daqui há pouco, que se desdobra novamente e assim por diante. Tudo o que
fazemos tem múltiplas e prolongadas consequências, tanto internamente como
externamente.
Um ato impulsivo qualquer se origina, horizontalmente, de outros atos cometidos, os
quais se originam de outros que, por sua vez, se originaram de outros e assim
sucessivamente. Os atos formam cadeias de eventos sucessivos.

Vejamos um exemplo. Alguém que tenha brigado em um bar, primeiramente se


desentendeu com o rival, mas antes de se desentender já havia cometido inúmeros
atos que o levaram àquela situação. A pessoa originou sua própria tragédia de
inúmeras e insuspeitadas maneiras. Se jamais houvesse frequentado bares, não teria
conhecido o inimigo. Se não houvesse conhecido o inimigo, não teria entrado em
conflito. Portanto, sua desgraça começou a se gestar muito antes do acontecimento
trágico em si. Se detalharmos ainda mais as causas, descobriremos um sem número
de frases, posturas, olhares, pensamentos, movimentos, deslocamentos, caminhadas
etc. que originaram e nutriram aquela situação até o dia fatídico. A briga foi o
resultado indesejável da combinação de múltiplos fatos anteriores.

Quando removemos de nossa vida as situações que conduzem a um resultado


indesejável, o resultado deixa de acontecer.

Em grande medida, nós mesmos somos os autores de nossas desgraças, mas não nos
damos conta.

Cometer um delito é como caminhar por uma estrada rumo a um grande perigo,
quanto mais caminhamos em direção àquele objetivo, mais difícil é retornar, quanto
mais longe, mais fácil. Melhor é não dar os primeiros passos naquela direção.

Não é tão fácil deter a fornicação, mas não é tão difícil manter-se distante da
mulherada. A fornicação, uma vez provocada, dificilmente retrocederá. Aprendemos
o Morrer quando aprendemos a evitar as situações que desencadeiam os atos que
queremos eliminar de nós mesmos. O que importa é antecipar-se à compulsão, agir
antes.

Na Morte, ao invés de nos ocuparmos com tolas tentativas de fazer retroceder


resultados desastrosos, trabalhamos sobre as causas desses resultados. Investigamos
as sequências causais até onde nosso entendimento alcance e as eliminamos. Então o
monstro invencível tomba.

As causas dos atos compulsivos devem ser buscadas na mente (pensamentos,


lembranças, raciocínios, imaginações e fantasias) e nos movimentos (tudo o que
fazemos e dizemos). Um ato, fala ou pensamento inofensivos podem ter
desdobramentos desastrosos. Esses são os "detalhes" ou fonte de alimentação dos
defeitos.

O desejo se torna despótico quando tentamos combatê-lo diretamente, ao invés de


irmos aos fatores que o nutrem, às suas causas.

Quando queremos nos livrar de um vício, temos que nos afastar de tudo o que esteja a
ele relacionado. Tudo o que lembre ou conduza ao vício tem que ser removido. Mas,
para remover os fatores do vício, temos primeiramente que descobri-los.

Por trás de cada pequeno e inofensivo ato, fala ou pensamento que conduz a uma
posterior situação de satisfação do desejo há um pequeno ego. Temos, portanto,
milhares de pequenos elementos psíquicos que convergem rumo à satisfação de um
dado desejo poderoso e violento. Um desejo violento não atua sozinho, mas por
intermédio ou facilitação de inúmeros desejos menores, sutis e quase imperceptíveis.

Um homem que fique andando com mulheres, marcando encontros, correspondendo-


se, que tenha uma agenda cheia de números de telefones de parceiras, que assista a
filmes pornográficos, que frequente danceterias, boates, prostíbulos, que mantenha
conversas luxuriosas com amigos, que aprecie se distrair com pensamentos morbosos
etc. jamais conseguirá livrar-se do vício da fornicação por uma simples razão: o
estará nutrindo com tais atos. Os referidos atos são as causas (horizontais) do seu
vício. E cada ato possuirá uma causa vertical ou interior: um ego respectivo. O
mesmo princípio vale para quaisquer outros defeitos que tenhamos: a ira, o medo, a
preguiça, a gula e muitos outros.

Portanto, aprendamos a evitar aquilo que nos levará a situações das quais não
poderemos retornar. Aí está uma das chaves para a Morte.

Concentração: dissociando a atenção dos pensamentos

A consciência vincula-se indissociavelmente à atenção. Onde estiver nossa atenção,


ali está nossa consciência. Atenção e consciência são quase sinônimos.

Quando realizamos uma tarefa perigosa, dissociamos a atenção de todos os


pensamentos e de todos os acontecimentos que não estejam implicados na realização
da tarefa. Nossa consciência está focada, direcionada. Se a concentração é profunda,
chegamos a perder a noção de tempo.

Quando nos distraímos prestando atenção nos pensamentos, nossa atenção se


dispersa, a consciência é absorvida pelos pensamentos e nos tornamos desatentos à
realidade.

Os milhares de pensamentos têm o poder de roubar a atenção e sequestrar a


consciência, apagando-a e deixando-nos anestesiados. É então que atuamos
mecanicamente, como robôs.
Absortos nos pensamentos, passamos a maior parte do tempo agindo sem nos darmos
conta do que estamos fazendo.

Na correta prática de concentração, dissociamos a atenção dos sentidos e de todos os


pensamentos que não sejam intrínsecos ao tema. Concentrar-se é abandonar tudo em
favor de uma meta, um alvo.

A mente é a substância componente dos pensamentos (manas). Quem quer escapar da


mente, tem que escapar dos pensamentos. Para escaparmos dos pensamentos, é
necessário prestar atenção em um alvo (lakshya). A observação contínua de algo nos
dissocia de tudo o que não faça parte daquilo.

A atenção dispersa é a atenção repartida entre muitos alvos. Saltar de alvo em alvo é
o oposto de concentrar-se.

O que importa é aprender a observar, seja o lakshya interno ou externo, e dissociar-se


de tudo o mais.

Assim como nos dissociamos dos pensamentos quando observamos um alvo físico,
nos dissociamos dos sentidos e dos pensamentos quando observamos um alvo mental
(o pensamento único).

A chave para dissociar-se não é entrar em conflito com os pensamentos indesejáveis.


A chave está na atenção consciente, que é uma virtude da nossa Essência ou Alma. É
a Essência que presta atenção e possui consciência.

Compreendamos que:

 O corpo físico não é a essência;


 Os sentimentos não são a essência;
 Os pensamentos não são a essência.
Nossa essência ou alma, portanto, está além do corpo, dos afetos e da mente.

Quando os pensamentos tentarem atrair sua atenção, não lute com eles, simplesmente
confira mais importância ao tema e se aprofunde.

As muitas formas assumidas pelos pensamentos

Como uma de nossas metas é desenvolver o pensamento único, que é a capacidade de


pensar sem desvios, convém explicar melhor o que é e como se processa o
pensamento no ser humano.

O pensamento é a mente em ação e uma das formas assumidas pela imaginação. A


mente é uma substância existente na natureza, ainda desconhecida pelos cientistas
desta época, mas já postulada, de forma meio confusa, por alguns físicos: as
partículas mentais seriam os "psíons". A substância mental, com a qual fabricamos os
pensamentos, pode ser chamada de substância manásica.

A substância manásica em si mesma é neutra, não é boa e nem má, mas pode assumir
uma forma destrutiva ou construtiva. A substância manásica dota o ser humano do
poder imaginativo. Quando a imaginação se dá na ausência do contato sensorial
direto com o objeto imaginado, dizemos que é abstrata. Somente os animais
intelectuais são dotados de imaginação abstrata, os demais animais possuem somente
imaginação concreta, em diversos níveis, sendo incapazes de associar imagens
mentais na ausência dos objetos.

O poder imaginativo pode ser consciente ou inconsciente. A maior parte dos seres
humanos ainda não desenvolveu o poder da imaginação consciente, suas mentes são
rebeldes e não obedecem. A mente rebelde trilha sempre seus próprios caminhos e
conduz a desastres. A mente rebelde é a chamada "imaginação mecânica". A
imaginação mecânica não é mais que o pensamento comum, subjetivo,
desorganizado.

Nesse ínterim, temos que entender que o pensamento pode ser disperso ou
concentrado. O pensamento disperso é o pensamento sem meta, aquele cujo fluxo não
se detém em nada, mas mariposeia sobre infinitos assunto. O pensamento disperso é
superficial, "pincela" um pouco de cada assunto e muda constantemente de objeto.
Pela lei das associações, a mente pensa um pouco em algo e logo muda de objeto,
passando a pensar em outra coisa distinta, porém relacionada. Essa é a classe de
pensamentos das pessoas comuns, que não disciplinam a mente. São pessoas que
pensam muito mas de forma superficial, pois sua função imaginativa não tem foco.

Muito diferente é o pensamento concentrado. O pensamento concentrado é quase


sinônimo, senão sinônimo, de imaginação consciente. Ao invés de pular
constantemente de tema em tema, o pensamento concentrado passeia longamente
dentro de um mesmo tema, aprofundando-o pelas associações dos diversos subtemas
que o compõem. No pensamento concentrado, o fluxo das idéias flui livremente para
dentro do objeto proposto. O objeto de interesse é, por assim dizer, penetrado pelo
pensamento. Não há desvio no fluxo de idéias, há direcionamento e penetração. O
pensamento concentrado é, portanto, profundo.

Quando estamos pronunciando um mantram mentalmente, estamos com o


pensamento concentrado, pois o som do mantram, entoado interiormente, é o nosso
pensamento naquele instante. Quando imaginamos uma paisagem, em todos os seus
detalhes, também estamos com o pensamento concentrado, pois a paisagem
imaginada é o conteúdo do nosso pensamento. Estaremos, ainda, com o pensamento
concentrado quando analisarmos detidamente um problema até que a solução nos caia
ou quando oramos. Em todos esses casos, há o pensamento único e a imaginação
consciente. Quem aprendeu a penetrar um objeto com o pensamento e passear através
dele longamente, aprendeu a concentrar o pensamento.

Há certa forma de endovisão e endoaudição no pensamento concentrado, pois a


pessoa "vê" e/ou "escuta" o objeto psicologicamente, isto é, com os sentidos
espirituais. A pessoa "vê" e "escuta" com os olhos e ouvidos da alma.

Convém saber que a função imaginativa do pensamento engloba a memória, as


lembranças, as reflexões, as análises e o estudo. Portanto, quem direciona
corretamente o pensamento exerce influência sobre esses funcionamentos.

A Grande Verdade não está no pensamento concentrado, está além dele. O


pensamento concentrado é a ponte ou meio para a verdade, mas tem que ser
descartado quando queremos chegar até ela. Por mais sublime que seja o pensamento
concentrado, ainda será algo mental. Uma oração pode ser muito sincera mas, ainda
assim, possui algo mental. O aspecto mental da oração também precisa ser
transcendido.

O pensamento não pode ser confundido com a atenção, pois é algo diferente. O
pensamento é um funcionamento da mente e a atenção uma faculdade da essência ou
alma. Concentrar a atenção é perceber um objeto de forma ininterrupta, concentrar o
pensamento é ter muitas idéias sobre um objeto de forma ininterrupta. Ambos são
interdependentes. Durante a concentração, o objeto imaginado é o objeto da
observação.

Durante a concentração, é importante procurar perceber, enxergar ou ouvir o objeto


imaginado com a maior nitidez possível.

Quando estamos pensando analiticamente, estamos concentrados no nível intelectual.


Transcendemos este nível quando pensamos de forma completamente imaginativa,
isto é, fora da lógica formal conhecida. Se as imagens sobre o lakshya estiverem
fluindo livremente e sem desvios, ainda que não encadeadas logicamente de maneira
a formar uma análise, estaremos com o pensamento concentrado mesmo assim.

Visualizações com os olhos fechados, desde que se dêem dentro do tema proposto e
não se desviem, constituem o pensamento único que nos interessa, mesmo que não
pareçam encadeadas logicamente. Concentrar o pensamento é desenvolver e educar a
imaginação. O fato das imagens não apresentarem um aspecto analítico à primeira
vista não significa que não sejam parte do pensamento. Essas imagens, com o
aprofundamento da prática, se transformam em um sonho lúcido. O sonho lúcido,
com o aprofundamento da prática, se transforma em desdobramento e viagem astral.
Tudo é acompanhado por relaxamento crescente até o nível do sono REM, das ondas
delta.

*****

Os pensamentos costumam conter valores, os quais costumam corresponder a formas


de entendimento. Aquilo que penso sobre algo é uma determinada maneira de
entendê-lo e também uma espécie de crença. A forma de entender algo provocará
desejo, medo ou repulsa. Por exemplo: se alguém apontar uma arma para outra
pessoa, esta achará graça, caso acredite que a mesma é de brinquedo, ou sentirá
medo, caso acredite que a mesma é de verdade. Suas emoções são, portanto, resultado
de uma forma de entender as coisas. O mesmo princípio vale para o desejo e para
tudo mais. Há, no entanto, pensamentos solidamente cristalizados, cuja dissipação,
tentada somente com o recurso da compreensão, é impossível. Tais pensamentos
densos somente se dissipam quando são explodidos com o poder da Mãe Divina. São
os pensamentos obsessivos e compulsivos.
Via de regra, escapamos de um pensamento, ao menos temporariamente, quando
compreendemos seu caráter inútil e falso (inútil porque não serve para nada e falso
porque não corresponde à realidade a respeito da coisa pensada). O questionamento
sincero nos leva a tal compreensão. Na concentração, vamos escapando de todos os
pensamentos até o momento em que apenas reste o pensamento único, do qual
também nos libertamos posteriormente.

Concentração: duas condições a serem desenvolvidas

A capacidade de concentrar o pensamento requer o amadurecimento de algumas


condições sem as quais a prática não é possível.

Visualizar com nitidez o pensamento escolhido é uma das condições requeridas.


Outra condição importante é pensar no lakshya sem tensão ou ansiedade por êxito.

Mantendo os olhos fechados, convém "ver" com clareza aquilo em que queremos nos
concentrar. Um praticante avançado, verá o objeto imaginado com a mesma nitidez
com que o veria com os olhos abertos, caso estivesse em sua frente. Um principiante,
não verá, no sentido literal da palavra, o objeto, mas o perceberá imaginativamente de
forma tênue. Por mais vaga e tênue que seja a forma imaginada, marca o princípio do
desenvolvimento da clarividência, que não é outra coisa senão a faculdade
imaginativa desenvolvida e objetivada. Trabalhar o poder imaginativo é importante.
Uma prática de meditação, como a da Deusa Kakini, requer um mínimo de poder
imaginativo para ser iniciada. Convém, portanto, trabalhar bastante o poder de ver
imaginativamente aquilo que escolhemos como objeto de nossa concentração.
Também podemos exercitar o "ouvir" imaginativamente, como no caso da pronúncia
mental dos mantrans, e o resultado é o desenvolvimento do ouvido mágico.
Paralelamente ao exercício do poder imaginativo, convém trabalharmos em nós a
tranquilidade durante a prática. Quem quer demais obter resultados, sente muita
pressa e torna-se ansioso por progredir rápido. O resultado é uma tensão durante o
exercício da imaginação, pois a pessoa está ávida por obter logo as experiências
espirituais. A tensão das pessoas ávidas costuma provocar dores de cabeça. Assim, é
importante também exercitarmos a capacidade de pensar com suavidade e levemente
no lakshya. Principalmente quando o fluxo de idéias se esgota ou quando a mente
teima em pensar milhares de bobagens inúteis que não nos interessam no momento,
costumamos tentar forçar as coisas. O ideal é praticar várias vezes por dia, mas sem
tensões de nenhuma espécie. Aprendamos a ficar cada vez mais desinteressados, à
medida que o pensamento único se desenvolve. Quanto mais concentrado estiver o
pensamento, mais desinteressados e calmos devemos estar. Que haja,durante a
prática, um progresso paralelo das duas coisas: da capacidade de pensarmos
demoradamente em um mesmo tema e da capacidade de nos desligarmos de qualquer
preocupação com o sucesso da prática. Conforme o pensamento vai fluindo no que
nos interessa, mais calmos, tranquilos, esquecidos e desligados de tudo devemos ir
nos tornando. Nesse ínterim, vamos deixando de perceber e de recordar tudo o que
não seja o lakshya. É assim que vamos nos desligando dos pensamentos.

Não brigue com as recordações e percepções teimosas, deixe-as lá. Ao invés disso,
torne-se mais e mais consciente do objeto de sua concentração. Vivencie seu objeto e
não o que há fora dele. O desligamento ocorrerá por si mesmo. Se as gargalhadas do
vizinho estão se intrometendo e você não consegue deixar de ouvi-las, não se
importe. Empenhe-se em tomar mais consciência do objeto de sua concentração. Com
o tempo, você aprenderá a ficar "surdo" àquilo que não interessa.

Se as imagens sobre o objeto faltarem e a mente teimosamente não quiser mais fluir
dentro do tema, não tente obrigá-la. Interrogue-se a respeito do que você ainda não
sabe a respeito daquilo e use suas indagações como um koan. Se ainda assim a mente
obstinadamente se recusar a cooperar, retome a prática mais tarde.
Mentiras sobre a Gnosis e os Veneráveis Mestres Samael e
Rabolú

Atenção

Movi este texto para cá mas deixei em aberto o antigo post para esclarecimento de
perguntas. Se você tem alguma dúvida, pode postá-la aqui:

http://dwere.blogspot.com.br/2011/04/mentiras-sobre-gnosis-samael-e-
rabolu.html?showComment=1351087842953#c5541548789053862587

Obrigado.

Peço aos leitores para que traduzam este post para outras línguas e o publiquem onde
quiserem.

"Samael foi adúltero, pois praticou magia sexual simultaneamente com sua esposa e
com a mulher chamada Anjo Filadelfia"

Mentira. Quando Samael trocou de mulher, já fazia oito anos que não tinha contato
sexual com sua esposa. Para uma relação ser qualificada como adultério, o período de
abstinência sexual necessita ser de, no máximo, um ano. Se o período for maior, não
se qualifica como adultério e sim como uma nova relação. E Samael já estava sem
realizar a prática sexual há oito anos.
É óbvio que, após toda uma vida conjugal com Dona Arnolda, o V.M. Samael lhe
devia muita consideração e tinha para com ela obrigações morais, motivo pelo qual
não poderia simplesmente abandoná-la e ir embora. Isso estaria contra tudo o que ele
pregou. O V.M. Samael continuou dando-lhe assistência e apoio familiar, somente
isso.
Os falsos discípulos que saíram acusando-o de adúltero depois deste incidente não
passam de fanáticos que não entendem de leis esotéricas. Esses fanáticos deram
inúmeros depoimentos públicos com a intenção de denegrir a imagem do Mestre e se
alinharam com os detratores.

"Depoimentos desfavoráveis de ex-discípulos do Movimento Gnóstico são uma fonte


confiável para se saber o que é a Gnosis"

Mentira. Depoimentos desfavoráveis de pessoas que pertenceram a uma instituição


normalmente são motivados por rixas pessoais e nada significam, a menos que o
acusador apresente provas incontestáveis. O mero depoimento de um ex-discípulo ou
ex-integrante não é prova incontestável de nada.

"Samael Aun Weor vivia se auto-elogiando em suas obras"

Mentira! O que acontece é que seu bodhisattwa louvava o Ser Interior. O Íntimo de
todo ser humano é um mestre e merece louvor, pois é Deus dentro do homem. Não há
nada demais em louvar a Deus, que é onipresente e está dentro do homem, dos
animais, das plantas e em toda a criação.
Qualquer alma que se desprenda da mediocridade por alguns momentos e se fusione
com seu Íntimo experimentará o estado divino e se converterá no Esplendor dos
Esplendores, em um Dragão de Sabedoria, podendo dar testemunho disto quando
retornar. E não haverá presunção alguma em tal testemunho pois reconhecer e atestar
a Grandeza de Deus é prova de humildade e não de arrogância, orgulho ou
petulância. Louvar a Grandeza de Deus dentro de você não é convencimento, pois
você não estará louvando a si mesmo e nem a seu Ego, mas sim ao Espírito Divino do
qual você faz parte e é tão somente uma fagulha.
Quando o bodhisattwa Victor enaltece Samael, não está se auto-elogiando, como
supõem os ignorantes que desconhecem a constituição interna do Homem, está
louvando, venerando e enaltecendo o Poder Maior que o considerou digno de ser Seu
instrumento de expressão. Entenderam, difamadores?

"Cristo é o demiurgo criador do mundo físico que os gnósticos dos primeiros séculos
combatiam"

Mentira! Se isso é assim, então porque Ele mesmo é enaltecido nos evangelhos
gnósticos de Tomé, Felipe, Maria Madalena, Pistis Sophia e muitos outros? Estudem
antes de blasfemar, seus ignorantes.

"A gnosis samaeliana adora o demiurgo que os antigos gnósticos dos primeiros
séculos combatiam"

Mentira! O demiurgo que os gnósticos antigos combatiam é um símbolo dos poderes


fascinantes deste mundo, o qual Pistis Sophia deve vencer para alcançar seu regresso
para a Luz, através dos diversos Eons. Esse demiurgo não é nenhuma entidade
pessoal e sim a própria matéria física, por isso é que os apócrifos gnósticos dizem que
ele é o criador deste mundo (o mundo físico ou material). Ele não tem nada a ver com
o Absoluto, que é o Demiurgo Maior e criador de todos os Eons (que Samael chama
de "Grande Arquiteto do Universo").
Saibam, ó ignorantes, que a palavra Demiurgo significa "produtor ou criador", aquele
que faz alguma coisa acontecer. É uma palavra genérica e ampla que não possui em si
mesma o significado intrínseco de "criador disto ou daquilo".

"O termo demiurgo provém do latim demiurgus, e este por sua vez do
grego δημιου γό (dēmiourgós), literalmente "o que produz para o povo", e foi
originalmente um termo comum que designava qualquer trabalhador cujo ofício se
faz de uso público: artistas, artesãos, médicos, mensageiros, advinhos etc, e no século
V a.C. passou a designar certos magistrados ou funcionários eleitos.Platão o utilizou
em seu diálogo Timeu, uma exposição sobre cosmologia escrita por volta de 360 a.C.,
onde o Demiurgo figura como o agente que, embora não seja o criador da realidade,
organiza e modela a matéria caótica preexistente de acordo com modelos perfeitos e
eternos." (Wikipédia, fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Demiurgo).

Qualquer criador de qualquer coisa pode ser chamado de demiurgo e não somente um
criador de mundos. Os ignorantes difamadores da Gnosis não sabem disso,
desconhecem o significado desta palavra e, ao verem o V.M.S. usá-la, imediatamente
concluíram que ele estava se referindo ao criador deste Eon e não ao criador maior de
todos os Eons. Em nenhum momento o Mestre Samael diz que devemos ficar
rendendo culto aos poderes fascinatórios deste mundo físico, muito pelo contrário: a
morte do Ego é a libertação da alma das correntes deste mundo.
Nem na gnosis samaeliana e nem na gnosis dos livros apócrifos dos primeiros séculos
a palavra "demiurgo" é usada em sentido antropomórfico, como imaginam os
desconhecedores.
É claro que o Verdadeiro Deus Inefável, que envia o Christos para salvar Pistis
Sophia, é também um criador e, portanto, um demiurgo divino.

"Todos os livros dos antigos hebreus e gnósticos mencionam Samael como um


demônio"

Mentira! Se, por um lado há textos que afirmam isso, por outro lado há também
textos da antiguidade que afirmam o contrário e dizem que Samael é um anjo
exaltado, habitante do sétimo céu, líder do quinto céu, o "quinto anjo dos sete",
guardião de Esaú etc.
Portanto, na literatura antiga, Samael aparece ora como uma hierarquia celeste
elevada e ora como um demônio.
O motivo dessa aparente contradição são os processos de ascensão, queda e descida
pelos quais esse Ser Divino passou. Quando um mestre cria seus veículos solares e
cai, recria o Ego e adquire um duplo centro de gravidade, o que é horrível e doloroso.
O V.M. Samael levantou-se e caiu três vezes em passados remotos, por isso as
mitologias dos antigos o retratam de forma contraditória.

Aqui vai um artigo sobre o Samael mitológico, bem esclarecedor:

http://en.wikipedia.org/wiki/Samael

Não se deixem enganar pelos mentirosos e difamadores.

"Samael é homofóbico"

Mentira! Se ele fosse homofóbico, não criticaria também a degeneração heterossexual


e nem desejaria que os homossexuais praticassem a magia sexual com pessoas do
sexo oposto, como ele explica em "A Doutrina do Super-Homem".
Samael critica todas as práticas sexuais que assinalem degeneração, sejam práticas
homossexuais ou heterossexuais. Há nos seus livros extensas críticas aos Don Juans,
adúlteros, masturbadores e celibatários. Na visão samaeliana, toda pessoa que não
pratique magia sexual branca é sexualmente degenerada, excetuando-se as crianças,
que ainda não possuem sexualidade desenvolvida. Não há, portanto, críticas
exclusivas aos homossexuais.
Acrescente-se ainda que, para o V.M. Samael, as crianças hermafroditas que nascem
de vez em quando são o protótipo da raça futura e não deveriam de modo algum
serem submetidas a cirurgias para "correção" de sexo.

"Samael copiou os rituais de Aleister Crowley, pois Crowley veio antes dele"

Mentira! O fato de existirem alguns pontos de semelhança entre dois rituais não
significa que um tenha sido copiado do outro, assim como o fato de duas pessoas
terem pensamentos parecidos não significa que outras mil pessoas não tenham os
mesmos pensamentos e nem que uma tenha roubado o pensamento da outra.
Os rituais da Igreja Gnóstica são praticados desde tempos imemoriais nos mundos
superiores e não foram inventados por ninguém, são ritos da natureza, que refletem a
inteligência solar. Se Crowley aprendeu tais ritos e depois os aplicou, com
significados invertidos, em suas práticas imundas de magia negra, a culpa é toda dele
e não dos verdadeiros mestres da Loja Branca. Nem Samael e nem Huiracocha
podem ser responsabilizados pela demência de um mago negro, seja Crowley ou
Papus, que se meta em estudos esotéricos para aprender ritos e depois os profane e os
inverta, como faziam certos padres diabólicos da Idade Média com os ritos da Igreja
Católica.

"Samael ensina a repressão sexual"

Mentira! Ele ensina justamente o contrário: como desenvolver a sexualidade de forma


positiva e superior. A morte do ego conduz a uma visão completamente realista e
natural do sexo, ao contrário da visão do luxurioso e do recalcado, que são
completamente artificiais. O luxurioso é desesperado por sexo e o considera o objeto
central de sua vida, o recalcado tem horror ao sexo e o considera um pecado terrível.
Comumente, as pessoas costumam oscilar entre as duas visões nefastas de
sexualidade.

"Samael é nazista, pois escreveu um livro intitulado 'A Doutrina do Super Homem' "

Mentira! Deixem de ser ignorantes: a idéia do super homem é muito anterior a Hitler,
existe nas culturas antigas. Todo mito do herói é o mito do super homem.

"Samael era vigarista, pois há pessoas que usam seu nome para ganhar dinheiro"

Mentira! Se uma pessoa é culpada porque outra usa seu nome para enganar os outros,
então VOCÊ, que pensa de tal maneira, deveria ir para a cadeia caso alguém usasse o
seu nome para cometer crimes, enganar os outros etc, sem que você soubesse disso.
Um mestre não tem culpa se alguns idiotas se dizem seus discípulos e exploram a
humanidade. Os culpados são os exploradores.
Nenhum discípulo autêntico do V.M.S. é vigarista. Os vigaristas são ex-discípulos,
desviados, ou então pessoas que nunca pertenceram ao discipulado autêntico mas que
se intrometeram nos círculos gnósticos. A doutrina samaeliana é "anti-vigarice", basta
ler seus livros.

"Os gnósticos não permitem questionamentos"

Mentira! Os estudos gnósticos priorizam os questionamentos, tanto que o estudo é


feito sob a forma de conferências com perguntas ao final, aproximando-se o estudo
do método socrático. O que não se permite nos grupos é o caos dialógico, tão
apreciado pelos sofistas, pois buscamos o esclarecimento e não a confusão. Se você
não gosta de diálogos organizados e nem de inquirição metódica, vá procurar um
círculo em que as pessoas gostem de discutir de forma desorganizada. Não somos
bêbados e nem fofoqueiras de esquina, que tagarelam sem objetivo e sobre
futilidades. Nossos estudos não são conversa de boteco.
A gnosis não é afeita a debates, discussões e polêmicas, pois nossa meta não é a
confusão.

"Samael plagiou Gurdieff, Blavatsky e outros autores ocultistas"

Mentira! O que existem são erros técnicos nos seus livros (paráfrases e frases de
outros autores citadas sem recurso a normas técnicas), que seriam facilmente
corrigidas simplesmente acrescentando-se aspas. Tais erros técnicos não foram
corrigidos pelos revisores e editores e, para piorar, seguidores fanáticos do Mestre
não permitem que se corrija até hoje (o que prova que o fanatismo é uma praga). O
acréscimo de simples aspas com notas de rodapé corrigiria imediatamente o
problema.
Leve-se em conta que muitos livros são transcrições literais de conferências, sendo
comum que alguém, ao dar uma conferência, mencione certas frases de autores,
muitas vezes conhecidos dos presentes, e se esqueça de ficar decorando e recitando as
respectivas fontes. Além do mais, publicar livros em países subdesenvolvidos como a
Colômbia e o México nas décadas de 50 e 60, sendo o autor pobre e sem recursos, é
um grande feito ao qual nem sempre se pode exigir perfeitas correções e revisões
gráficas e técnicas.

"Samael e Rabolú são charlatães, pois se contradizem algumas vezes"

Mentira! Não há problema algum em contradizer ou ser contradito por alguém, isso é
simplesmente algo natural quando se trabalha honestamente com a construção
contínua de conhecimento. Quando um mestre corrige ou contradiz outro, não o faz
por inveja, ódio ou intenção de denegrir, como imaginam os detratores da Gnosis.
Para os mestres, ser contradito não é uma desgraça, como costuma ser para vocês, ó
detratores anti-gnósticos! Eles não se incomodam com isso nem um pouco e até
agradecem quando são corrigidos.

Concentração: contentar-se com a simplicidade

Quando você (ou eu ou qualquer um de nós, mas vamos usar o "você" agora) estiver
tentando se concentrar, não busque nada além de simplesmente perceber e pensar no
objeto. Não busque manifestações extraordinárias, experiências espantosas. Não force
nada em nenhum sentido, simplesmente se contente em estar ali. O simples fato de
estar percebendo o lakshya já é uma concentração.

Não se pergunte: "Será que 'ainda' ou 'já' estou concentrado?" Tal pergunta conduz a
mente a analisar e a pensar fora do lakshya. Essa é uma má dúvida (existem as
dúvidas boas e as más). Não tema o desvio da mente e não fique checando se você já
se desviou ou não. Entregue-se ao seu Deus e confie. Não tema o fracasso na prática,
tal temor leva a mente a pensar fora do tema. Deixe que as coisas aconteçam.

Durante a prática, a mente tende a criar problemas e obstáculos. Checar é um


obstáculo, ficar esperando acontecimentos espantosos é outro, criar idéias falsas e
tentar encaixar a concentração nas mesmas é outro.

Para a correta prática, é necessário saber apenas isso: concentrar-se em algo é pensar
e perceber aquilo, nada mais.

Não faça esforços inúteis para "aprofundar" ou "concentrar-se mais". Saiba que o
aprofundamento ocorrerá por si mesmo com o simples ato de ocupar a mente e a
atenção com o lakshya. Descomplique e simplifique a prática ao máximo.

Se você pensa ou percebe conscientemente algo por apenas alguns segundos, esses
poucos segundos são o princípio de sua concentração. A breve concentração foi
verdadeira, embora curta. Só o que você precisa é prolongá-la. Para prolongá-la, você
precisa somente compreender bem a qualidade deste estado e mantê-lo. O
prolongamento promoverá naturalmente o aprofundamento.

Se algo estiver sequestrando teimosamente sua atenção e seus pensamentos¹ não


perca tempo lutando com eles e nem fique tentando imaginar mil formas de se livrar.
Simplesmente se ocupe conscientemente com o lakshya escolhido. Caso sua
consciência "se apague" e você o perca por alguns instantes, não desanime, retome e
continue. Faça isso quantas vezes forem necessárias. Se você se distrair mil vezes,
retorne ao objeto mil vezes, caso se distraia dez mil, retorne dez mil vezes.

Mantenha o frescor dos instantes iniciais durante toda a prática. Não fique tenso,
preocupado em ter sucesso. Abra mão até mesmo do sucesso. O sucesso na prática é
também uma forma de desviar a mente do lakshya.

Nota:

1. Sintomas de doenças ou problemas graves, por exemplo, podem fazer isso. O


sequestro ocorre devido a uma supervalorização involuntária do fato. O fato passa a
exercer um poder despótico e violento sobre a pessoa, que se mantém presa ao
mesmo, não conseguindo deixar de pensar ou de prestar atenção naquilo. Por mais
que queira, a consciência não consegue direcionar a atenção para outras coisas. Esse é
um problema para concentração porque aquilo em que pensamos e com o que nos
ocupamos tende a se ampliar em nosso campo de consciência e a ser percebido de
forma cada vez mais intensa. O sequestro da consciência é um processo hipnótico e
pode ser revertido mediante o emprego crescente da atenção em um objeto distinto e
também por meio do trabalho de morte dos eus que supervalorizam o fato hipnótico.

O Mantra dos Invencíveis

(Conferência proferida pelo V.M. Samael Aun Weor)

"O mantra que vou lhes dar é muito simples:

Gate, gate, paragate, parassamgate, bodhi suaha.

Este mantra pronuncia-se assim:

Gaaateee... Gaaateee... Paaaraaagaaateee...


Parassssamgaaateee... Booodhiii-suaaahaaa...

Em nossos corações tem de ficar gravado. Este mantra é pronunciado suavemente,


profundamente, e no coração. Pode também ser usado como verbo silencioso, porque
há dois tipos de verbo, o verbo articulado e o verbo silencioso.

O verbo silencioso é poderoso.

Este mantra abre o Olho de Dagma. Este mantra, profundo, um dia os levará a
experimentar o Vazio Iluminador, na ausência do Ego.

Então saberão o que é o Sunyata, então vocês entenderão o que é o Prajñaparamita.

Perseverança é o que se necessita, com este mantra vocês poderão chegar muito
longe. Convém experimentar a Grande Realidade alguma vez, isso nos enche de
ânimo para lutar contra nós mesmos.

Esta é a vantagem do Sunyata, esta é a maior vantagem que existe com relação à
experiência do Real.

E para aproveitar a meditação e o mantra devidamente, vamos entrar por um


momento em meditação com o mantra. Portanto, rogo a todos os irmãos entrar em
meditação. Relaxamos o corpo completamente e depois nos entregamos totalmente a
nosso Deus Interior Profundo, sem pensar em nada, unicamente recitando o mantra
completo, com a mente e o coração. A meditação deve ser profunda, muito profunda,
os olhos fechados, o corpo relaxado, completamente entregues a nosso Deus interior.
Não se deve admitir nenhum pensamento nestes instantes, a entrega a nosso Deus
deve ser total, somente o mantra deve ressoar em nossos corações. Apaguem as luzes,
relaxem o corpo. Relaxamento completo e entrega total a nosso Deus Interior
Profundo. Não pensem em nada, por nada, por nada...

Recitarei o mantra, eu o repetirei muitas vezes para que não se esqueçam:

Gaaateee... Gaaateee... Paaaraaagaaateee...

Parassamgaaateee... Booodhiii-suaaahaaa...

Continuem repetindo em seus corações, não pensem em nada...

Entreguemo-nos a nosso Deus...

Sintam-se como um cadáver, como um defunto...

Observem como as pessoas que se dizem intelectuais são cheias de estranhas manias,
alguns deixam o cabelo desalinhado, se coçam espantosamente, fazem mil
palhaçadas; claro, é produto de uma mente mais ou menos deteriorada, destruída pelo
batalhar das antíteses.

Se a todo conceito colocamos uma objeção, nossa mente termina brigando sozinha.
Como conseqüência, vêm as enfermidades ao cérebro, as anomalias psicológicas, os
estados depressivos da mente, o nervosismo, que destroem órgãos muito delicados
como o fígado, o pâncreas, o baço etc. Mas se nós aprendemos a não ficar fazendo
objeções, e deixar que cada qual pense como quiser, que diga o que quiser,
terminarão as lutas dentro do intelecto e em seu lugar virá uma Paz verdadeira.

A mente das pobres pessoas briga o tempo todo. Briga consigo mesma
espantosamente, e isso nos conduz por um caminho muito perigoso, que leva a
enfermidades do cérebro e de todos os órgãos, destruição da mente, porque muitas
células são queimadas inutilmente.

Há que viver em santa paz, sem fazer objeções, que cada qual diga o que quiser e
pense o que quiser. Nós não devemos fazer objeções, assim andaremos como deve
ser, conscientemente.

Temos de aprender a viver. Infelizmente, não sabemos viver, estamos metidos dentro
da Lei do Pêndulo. Mas reconheço aqui, conversando com vocês, que não é coisa
fácil não colocar objeções.

Saímos daqui, pegamos nosso carrinho e logo adiante alguém vem e nos dá uma
fechada. Se não dizemos nada, pelo menos tocamos a buzina em sinal de protesto.
Ainda que seja buzinando, protestamos.

Se alguém nos diz algo, em um momento que abandonamos a guarda, é certo que
protestamos, fazendo objeções. É muito difícil, espantosamente difícil, não fazer
objeções. No mundo oriental já se refletiu muito sobre este assunto, e também no
mundo ocidental. Eu creio que há vezes em que é necessário apelar a um poder
superior a nós mesmos, se é que queremos liberar-nos desta questão das objeções.

Em certa ocasião, lá pelas terras do mundo oriental, um monge budista ia


caminhando, em um inverso espantoso, cheio de gelo e de neve, de animais
selvagens. Claro que isto proporcionava sofrimentos ao pobre monge, que,
naturalmente, protestava e colocava objeções.

Mas o pobre teve sorte. Quando estava quase desmaiando, lhe apareceu em
meditação Amitaba (Amitaba em verdade é o Deus Interno de Gautama, o Buda
Sakyamuni) e lhe entregou um mantra para que pudesse manter-se forte e não fazer
objeções, uma ajuda para que ele não ficasse protestando toda hora, contra si mesmo,
contra a neve, contra o mundo.

Esse mantra é utilíssimo, vou vocalizar bem para que vocês o guardem na memória e
para que fique também gravado nas fitas que vocês trazem em seus gravadores:

Gaaatteee... Gaaatteee... Gaaatteee...

É melhor soletrar: G - A - T - E. Entendo que este mantra permitiu àquele monge


budista abrir o Olho de Dagma, e isso é interessante, se relaciona com a iluminação
interior profunda e com o Vazio Iluminador...

Houve necessidade dessa ajuda, porque não é tão fácil deixar de colocar objeções.
Um momento em que a pessoa se descuida da guarda, já está colocando objeções a
tudo, à vida, ao dinheiro, à inflação, ao frio, ao calor etc. Muitos protestam porque
está fazendo frio, ou porque está fazendo calor, protestam porque não têm dinheiro,
protestam porque um mosquito lhes picou, protestam por tudo.

Em realidade e de verdade, quando alguém vive fazendo objeções, se prejudica


horrivelmente, porque o que ganha por um lado dissolvendo o Ego, está perdendo por
outro lado, com as objeções. Se alguém está lutando por não sentir ira, mas está
fazendo objeções, pois o demônio da ira volta a tomar força. Se está lutando
terrivelmente para eliminar o demônio do orgulho, se coloca objeções à má situação,
a isto ou aquilo, volta a fortalecer esse demônio. Se está fazendo um esforço para
acabar com a abominável luxúria, mas se em um dado instante coloca objeções,
"porque a mulher não quer Ter relações sexuais com ele", ou a mulher, "porque o
homem não a procura", e cinqüenta mil objeções deste tipo, pois está fortalecendo o
demônio da luxúria.
Assim, se de um lado estamos lutando por eliminar os agregados psíquicos e por
outro os estamos fortalecendo, simplesmente estancamos. Portanto, se vocês querem,
em realidade e de verdade, eliminar os agregados psíquicos, têm de acabar com essa
questão das Objeções. Se não procedem assim, se estancam inevitavelmente, não vão
progredir de maneira alguma. Quero que compreendam isto de uma vez."

Concentração - por Sri Swami Sivananda

Fonte: http://www.be8.com/profiles/blogs/concentration-part1-by-1

Parte-1 concentração por Sri.Swami Sivananda

Queridos todos,

Se você concentrar os raios do sol através de uma lente, poderá queimar um algodão
ou um pedaço de papel, mas os raios espalhados não podem realizar este ato. Se você
quer falar com um homem à distância, você faz um funil com a mão e fala. As ondas
sonoras são coletadas em um ponto e depois direcionados para o homem. Ele pode
ouvir o seu discurso de forma muito clara. A água é convertida em vapor e o vapor é
concentrado em um ponto. A locomotiva se move. Todos estes são exemplos de
ondas concentradas. Da mesma maneira, se você coletar os raios dissipados da mente
e concentrá-los em um ponto, você terá concentração maravilhosa. A mente
concentrada servirá como um holofote potente para descobrir os tesouros da alma e
alcançar a riqueza suprema do Atman (o Ser), a felicidade eterna, a imortalidade e
alegria perene.
O Raja Yoga real começa a partir de concentração. Concentração se funde na
meditação. Concentração é uma parte de meditação.

A meditação segue a concentração. O Samadhi (erstado super consciente) segue a


meditação. O estado Jivanmukti (ser liberto) segue a realização do Nirvikalpa
Samadhi, o qual é livre de todos os pensamentos da dualidade. Jivanmukti leva à
emancipação da roda de nascimento e morte. Portanto, a concentração é a primeira e
mais importante de todas as coisas que um aspirante espiritual deve adquirir no
caminho espiritual.

Você nasceu para concentrar a mente em Deus, após coletar os raios mentais
dispersos em vários objetos. Esse é o seu importante dever. Você esquece o dever em
razão da paixão (Moha) pela família, filhos, dinheiro, poder, posição, respeito, nome
e fama.

A concentração da mente em Deus, depois da purificação, pode lhe dar felicidade e


conhecimento verdadeiros. Você nasceu apenas para esse fim. Você é levado aos
objetos externos através do apego e do amor apaixonado.

O QUE É A CONCENTRAÇÃO?

Uma vez um erudito em sânscrito aproximou-se de Kabir e lhe perguntou: "Ó Kabir,
o que você está fazendo agora?". Kabir respondeu: "Ó Pundit, estou destacando a
mente dos objetos mundanos e anexando-a aos pés de lótus do Senhor". Esta é a
concentração.
Concentração ou Dharana é centrar a mente em um pensamento único. Os
vedantinos tentar fixar a mente no Atman. Esta é a sua concentração (Dharana).
Hatha yogues e Raja yogues concentram sua mente nos seis Chakras (centros de
energia). Devotos (Bhaktas) concentram-se em sua divindade tutelar. A concentração
é uma grande necessidade para todos os aspirantes.

Durante a concentração, os vários raios da mente são coletados e focalizados sobre o


objeto de concentração. Não haverá jogo da mente. Uma idéia ocupa a mente. Toda a
energia da mente está concentrada naquela idéia única. Os sentidos se tornam quietos.
Eles não funcionam. Quando há concentração profunda, não há consciência do corpo
e dos arredores.

Quando você estuda um livro com profundo interesse, você não ouve se um homem
grita e te chama pelo seu nome. Você não vê uma pessoa quando ela está na sua
frente. Você não sente o cheiro da doce fragrância das flores que colocadas sobre a
mesa ao seu lado. Esta é a concentração ou unidirecionalidade da mente. A mente
está fixa firmemente em uma coisa. Você deve ter uma concentração profunda assim,
quando pensar em Deus ou no Atman.

Todo mundo possui alguma habilidade para se concentrar. Todo mundo se concentra
em certa medida, quando lê um livro, quando escreve uma carta, quando joga tênis e,
de fato, quando faz qualquer tipo de trabalho. Mas, para fins espirituais, a
concentração deve ser desenvolvida a um grau infinito.
Há grande concentração quando você joga cartas ou xadrez, mas a mente não está
preenchida com pensamentos puros e divinos. Os conteúdos mentais são de natureza
indesejável. Você dificilmente poderá experimentar a emoção divina, o êxtase e a
elevação quando a mente estiver cheia de pensamentos impuros. Cada objeto tem
suas próprias associações mentais. Você terá que encher a mente com pensamentos
sublimes, espirituais. Só então a mente será expurgada de todos os pensamentos
mundanos.

A imagem do Senhor Jesus, Buda ou do Senhor Krishna está associada com idéias
sublimes, ativadores da alma; xadrez e cartas estão associados às idéias de jogos de
azar, enganações e assim por diante.

! Continuará!

Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare

Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare

Como diminuir o estresse

Fonte: http://saude.hsw.uol.com.br/como-funciona-o-stress3.htm

Você precisará da lista de estressores que fez na página anterior para tirar proveito
dos conselhos dessa página. Nessa seção, mostraremos o que fazer com os causadores
que você categorizou.

A lista E

Uma vez que tenha classificado sua lista de estressores em Es, Rs e Cs, você já está
pronto para ficar ocupado. Comece separando sua lista E - a lista de estressores que
você decidiu eliminar de sua vida. Olhe bem essa nova lista. Respire fundo pelo nariz
e solte o ar lentamente pela boca. Se você for como a maioria das pessoas, já deve
estar se sentindo melhor.
Se sua lista E for pequena, considere as seguintes formas de adicionar itens:você não
consegue enfrentar seu ambiente de trabalho (ou seu chefe)? Se possível, faça uma
observação para preparar seu currículo e procurar outro emprego;

a cafeína está deixando-o nervoso? Comprometa-se a diminuir gradualmente e,


depois, eliminar a ingestão de chá cafeinado, café e refrigerante;

�2006 Publications International, Ltd.Se sua xícara de café da manhã lhe dá


energia,pense na possibilidade de cortá-la de sua dietavocê está perdendo o sono por
causa do barulho de um aeroporto recentemente inaugurado no bairro? Se já tentou
usar tampões de ouvido, mas não sentiu nenhum alívio, pense em procurar um outro
lugar para morar.O objetivo desse exercício é ser o mais criativo possível sem
exagerar. Não há nenhum mal em demorar um pouco mais em questões que tenham
um grande efeito na sua sanidade mental. O truque é calcular o impacto de seus
estressores e pesar os custos para eliminá-los contra a força que eles exercem na sua
saúde e no seu bem estar.

A lista R

Como a lista E, a lista R refere-se ao controle das forças externas que freqüentemente
tiram o melhor de você. Embora a lista E ofereça uma gratificação instantânea pela
eliminação, literalmente, de suas preocupações, a lista R requer um pouco mais de
criatividade. É uma questão de reorganização e nova priorização. É fazer com que
alguns estressores inevitáveis pareçam mais suportáveis.

Aqui vão algumas técnicas da lista R testadas e comprovadas.

Invista em uma agenda de compromissos. Quando você tem muita coisa para fazer e
pouquíssimo tempo, é comum se sentir sobrecarregado. Embora não acabe com seus
compromissos, um diário de compromissos, uma agenda eletrônica ou um caderninho
de bolso simples pode ajudar a diminuir o estresse de ter que lembrar o que você
deveria fazer nos próximos 15 minutos. Para algumas pessoas, ser capaz de olhar
rapidamente as prioridades do dia pode restabelecer a confiança e dar um sentido de
direção e controle.

Descubra a arte menosprezada de fazer listas. Além de manter um cronograma diário,


semanal e mensal, a lista pode ajudar a limpar uma mente completamente cheia.
Embora algumas pessoas achem as listas um tanto constrangedoras, outras acham que
elas ajudam a aliviar o esforço de tentar se lembrar de tudo ou o estresse por ter
esquecido algo.

�2006 Publications International, Ltd.Fazer listas e organizar-se podem ajudar a


diminuir seu nível de estresseA idéia é tirar as preocupações de sua cabeça e colocá-
las em uma lista. Não há motivo para se preocupar se vai esquecer alguma coisa
quando você sabe que ela está anotada em algum lugar.

Quando tiver criado sua lista, priorize as tarefas. Se alguma tarefa parecer muito
pesada ou consumir muito tempo até ser concluída, tente dividi-la em estágios ou
passos "factíveis", discretos e menores que você possa realizar nos períodos de tempo
disponíveis.

Se você acha útil fazer listas diárias ou semanais, experimente fazer o que os
especialistas em listas fazem: mantenha duas listas - uma lista para tarefas de curto
prazo, que você precisa fazer hoje ou essa semana, e outra lista de metas de longo
prazo que você precisa concluir dentro do mês ou do ano. Chame a última de lista
"em tempo". Ela pode incluir necessidades de manutenção da casa ou do carro,
compras que precisa fazer ou tarefas que precisa concluir (como limpar a garagem).
Não importa o que você anotou, desde que você acredite que, se está na lista, de
algum modo você cuidará daquilo.

Procure compromissos leves. Muitas situações estressantes - mesmo aquelas que não
podem ser totalmente eliminadas - podem ser amenizadas por meio de negociações.
Por exemplo, se você está sofrendo porque seu chefe está fazendo com que fique no
trabalho até tarde, tente elaborar um plano que atenda às necessidades de vocês dois.
Sugira que você terá prazer em trabalhar até tarde uma ou duas noites por semana,
desde que nos outros dias você possa ir para casa no horário. Se o rádio do vizinho o
acorda todo dia às 6h da manhã, estabeleça com ele o horário do silêncio e o horário
do barulho. Você não está se livrando desses estressores, mas sim reduzindo sua
força.

Reorganize sua vida. Assim que começar a fazer uma programação e uma lista,
consulte-as antes de iniciar seu dia. Tente imaginar onde você pode combinar tarefas
para reduzir a quantidade de energia necessária para concluí-las. Veja se consegue
adiar alguns itens até o final de semana, quando terá mais tempo disponível para se
encarregar dos serviços. Coordene as tarefas, de modo que possa realizar mais coisas
ao mesmo tempo (como deixar a roupa na lavanderia no caminho para o trabalho e
pagar as contas enquanto a panela está no fogo).

Pense em cada hora que você se organiza como uma hora que você terá para relaxar.
Se você se organizar o suficiente, talvez pare de se sentir como se estivesse sendo
esmagado por suas muitas responsabilidades.

Mude suas prioridades. Sempre que achar que está ficando realmente sobrecarregado,
tire cinco minutos e classifique os itens da lista por ordem de importância. Então,
continue de cima para baixo. Mesmo que você não consiga concluir todas, pelo
menos poderá ficar despreocupado por ter lidado com as mais importantes.
Se sua lista de tarefas diárias está passando para a página seguinte, faça o exercício
de classificação descrito acima e desenhe uma linha de separação. Passe tudo que está
abaixo da linha para o dia seguinte. E não entre em pânico: seu mundo não acabará só
porque alguma tarefa ficou para o outro dia.

Solte as rédeas. Tentar ser perfeito pode contribuir muito para seu nível de estresse.
Se você acha que tudo que fizer terá que ser perfeito, saiba que sofrerá muita pressão.
Essas dicas podem ajudá-lo a diminuir seu perfeccionismo:

Experimente a técnica "que importância tem isso?". Quando você estiver estressado
porque a casa está desarrumada ou porque está atrasado para um compromisso,
pergunte-se que importância terá se você adiar a limpeza ou chegar 10 minutos
atrasado. Elimine de sua cabeça os piores cenários possíveis (sua sogra aparecendo de
surpresa e achando que você é uma péssima dona de casa ou sua companhia do
almoço deixando o restaurante antes de você chegar).

Às vezes, realmente, pode ser importante que você faça as coisas com perfeição. No
entanto, muitas vezes, conseguirá se convencer de que o mundo compreenderá que
você é um ser humano. A última atitude mais bondosa pode ajudar a diminuir
significativamente seu nível de estresse.

Delegue tarefas. Muitas pessoas vivem seguindo o lema "se quer bem feito, faça você
mesmo". Essa atitude pode sobrecarregá-lo com um volume excessivo de trabalho.

2006 Publications International, Ltd.Aprender a esquecer as responsabilidades pode


fazê-lo relaxarUsando a técnica "que importância tem isso", pergunte-se como seria a
pior situação possível se você delegasse uma tarefa a alguém que a fizesse muito mal,
ou, na pior das hipóteses, não a fizesse. Então, tente imaginar um cenário mais
realista em que, talvez, a pessoa tenha concluído a tarefa, mesmo que não tenha sido
com a mesma perfeição que se fosse você quem tivesse feito.

Ao delegar tarefas, determine passos para reduzir possíveis erros, determinando


claramente suas expectativas e encontrando maneiras de ajudá-lo a confiar para
seguir suas instruções.

Pratique a imperfeição. Não estamos sugerindo que você, intencionalmente, cometa


erros em projetos importantes, mas que simplesmente você relaxe uma vez. Por
exemplo, quando estiver cansado, deixe os pratos para o dia seguinte e vá para a
cama. Quando estiver realmente sobrecarregado, remarque um compromisso ou tente
estabelecer outro prazo. A redução de seu nível de estresse o torna ainda mais
produtivo quando você tem a chance de cuidar do que adiou.

Reserve um tempo para "você". O estresse é um forte sinal do seu subconsciente de


que alguma coisa está errada na sua vida. Por alguma razão, suas necessidades não
estão sendo atendidas. Certamente, você está dedicando mais tempo ao trabalho,
satisfazendo mais as necessidades de outras pessoas ou lidando com uma situação
problemática (como a perda do emprego ou uma separação), do que cuidando de você
mesmo. Mesmo que você tenha que se sobrecarregar por um certo período, é
importante reservar um espaço na sua agenda ocupada para você.

Aqui vão algumas dicas para ter tempo suficiente para "você":

Faça uma pausa para o almoço. Mesmo que você tenha um trabalho muito exigente,
esforce-se para fazer uma pausa ao meio-dia, mesmo que seja por apenas 20 minutos.
Use o tempo para caminhar, recompor-se, respirar fundo e relaxar. Você ficará
surpreso ao perceber como uma pausa faz bem.

Não comprometa todo seu dia. Reserve uma hora não programada todo dia da semana
e duas (ou mais) horas nos finais de semana. Faça disso uma regra e viva por ela.
Todo mundo precisa de um pouco de descanso.

Durante a sua hora, não pague contas, lave pratos, nem separe as correspondências.
Tire o telefone do gancho. Use seu tempo para fazer atividades relaxantes: tome um
banho, deite-se, medite, leia um livro ou assista a TV. Se seu corpo precisar, use esse
tempo para uma atividade saudável, como uma caminhada rápida ou jardinagem.

Vá para a cama cedo. Se no final do dia você achar que ainda há muito para fazer,
finja que seu dia terminou e vá se deitar. Quando estiver sozinho, leia um bom livro
ou ouça a músicas relaxantes com fones de ouvido. E não se sinta culpado. Esse
comportamento é perfeitamente saudável.

Coloque seus sentimentos no papel. Ter um diário de seus sentimentos pode ser uma
maneira saudável de desabafar. Também pode servir como um "barômetro" de
estresse eficaz, permitindo que você calcule a pressão sob a qual está e que efeito isso
está tendo em você. Aqui vão algumas orientações para manter um diário de
estresse:pegue folhas em branco. Não compre aquelas com data na parte superior de
cada página. Ao contrário, compre um caderno em branco. Dessa forma, se você
deixar de escrever alguns dias, não se sentirá culpado. Seu caderno não precisa ser
caro. Serve até um caderno espiral de escola;

respire fundo antes de mergulhar no papel. Antes de começar a escrever, feche os


olhos por alguns minutos, tentando ficar em contato com todas as sensações que você
tem naquele momento. Você está irritado? Cansado? Sobrecarregado? Relaxado?
Triste? Feliz? Abra os olhos e escreva todos os sentimentos que vieram à mente;

descreva os acontecimentos do dia. Escreva sobre o que está levando você a ter os
sentimentos que está tendo agora. Isso pode ajudá-lo a compreender algumas das
razões que o deixam estressado;
liste quaisquer preocupações que tiver na parte de trás da sua mente. Nem sempre
temos consciência do que está nos incomodando. Colocar no papel pode fazê-lo
entender mais claramente;

tente escrever uma mensagem de encorajamento a você mesmo. Escrever para você
como se estivesse escrevendo a um amigo que precisa de ânimo pode ser uma
maneira eficaz de dar a si mesmo o apoio e o cuidado de que está precisando;

faça desenhos. Às vezes, as palavras podem não ser adequadas para expressar o que
está sentindo. Nessas horas, ilustrar seus sentimentos pode ser mais fácil e útil;

deixe fluir. Quando se sentir mentalmente bloqueado, experimente um exercício


usado em psicologia: simplesmente escreva o que vier à mente, mesmo que não
pareça ter origem ou que faça pouco sentido. Omita totalmente a pontuação, se isso
melhorar o fluxo de seus pensamentos. Não pare para se corrigir. Apenas deixe que
um pensamento flua livremente do outro. Quando não tiver mais força, volte e leia o
que escreveu. Você pode ficar surpreso ao descobrir previamente dicas escondidas de
seu estado emocional;

reescreva a realidade. Se uma situação o deixou frustrado ou irritado durante o dia,


escreva como ela aconteceu. Então, tente reescrevê-la com um novo final, a forma
como você gostaria que tivesse acontecido;

não permita que escrever no diário se torne uma outra tarefa. Se começar a achar que
escrever no diário é só mais uma tarefa que você precisa fazer antes de dormir, tente
outro caminho. Procure enxergar seu diário como uma forma positiva de relaxar do
estresse do dia.Aprenda a relaxar. Uma maneira de diminuir os efeitos prejudiciais do
estresse é aprender a relaxar, seja imaginando uma cena calma, se entretendo com o
passatempo favorito ou fazendo um exercício de relaxamento. Quando aprender uma
técnica que funcione em você, poderá usá-la antes de um acontecimento estressante.
Entretanto, para ter mais benefícios, reserve pelo menos alguns minutos por dia para
que sua mente e seu corpo se soltem.

�2006 Publications International, Ltd.Imaginar uma paisagem bonita ou calma pode


ajudá-lo a relaxar quando estiver em uma situação estressanteOs exercícios de
relaxamento que liberam a tensão muscular podem ajudar bastante a enfrentar o
estresse. Para fazê-los, você precisa sentar ou deitar em um lugar calmo e
confortável, onde não será incomodado. Afrouxe qualquer roupa apertada e tire as
jóias que estiverem desconfortáveis.

Seu objetivo é contrair e relaxar os grupos de músculos em seqüência, da cabeça aos


dedos dos pés. A contração dos músculos aumenta sua consciência de como é a
tensão armazenada. O relaxamento dos músculos, na verdade, faz com que você sinta
diferença entre estar tenso e estar solto.
Comece com os músculos de sua testa. Tensione-os enrugando a testa; permaneça
dessa maneira por cinco segundos; solte a tensão. Imagine uma onda de banho
relaxante pelos músculos. Respire fundo, solte o ar, permitindo que os músculos
relaxem ainda mais.

Continue o processo com os músculos dos olhos, fechando-os firmemente. Trabalhe


todos os grupos de músculos do corpo, incluindo os dos dedos dos pés. Após
terminar, deite por um minuto ou dois para aproveitar essa sensação de relaxamento.

Embora todo mundo tenha que lidar com um certo grau de estresse, o estresse
prolongado pode ter efeitos negativos na saúde. Entretanto, se você seguir nossos
passos simples, será capaz de tornar sua vida mais tranqüila.

Publications International, Ltd.

Ph.D. Betty Burrows: A dra. Betty Burrows recebeu seu douturado em psicologia
clínica pela DePaul University in Chicago, onde coordena o programa de
aconselhamento. Ela também mantém um atendimento privado especializado em
controle do estresse e questões relacionadas.

Esses dados são apenas informativos. ELES NÃO TÊM O OBJETIVO DE


PROPORCIONAR ORIENTAÇÃO MÉDICA. Nem os editores de Consumer Guide
(R), Publications International, Ltd., nem o autor e nem a editora se responsabilizam
por quaisquer conseqüências possíveis oriundas de qualquer tratamento,
procedimento, exercício, modificação alimentar, ação ou aplicação de medicação
resultante da leitura ou aplicação das informações aqui contidas. A publicação dessas
informações não constitui prática de medicina, e elas não substituem a orientação de
seu médico ou de outros profissionais da área médica. Antes de se submeter a
qualquer tratamento, o leitor deve procurar atendimento médico ou de outro
profissional da área da saúde.

Como identificar os causadores do estresse

Como funciona o estressepor Betty Burrows, Ph.D. - traduzido por HowStuffWorks


Brasil

Fonte: http://saude.hsw.uol.com.br/como-funciona-o-stress2.htm

Todos nós nos sentimos estressados por diferentes motivos. Uma situação que faz
uma pessoa querer se jogar no precipício pode ser um pequeno obstáculo ou até
mesmo um grande desafio para outra. O primeiro passo na superação de seus
estressores pessoais, ou indutores do estresse, é identificá-los.
Os estressores geralmente estão nas categorias relacionadas a seguir.

Os estressores emocionais, que também podem ser chamados de estressores internos,


incluem medos e ansiedades (como preocupações sobre se você será demitido ou se
causará uma boa impressão no primeiro encontro), assim como certas características
de personalidade (como perfeccionismo, pessimismo, desconfiança ou sensação de
impotência ou falta de controle sobre a vida de alguém) que podem distorcer suas
idéias ou percepções em relação aos outros. Esses estressores são bastantes pessoais.

Os estressores familiares podem incluir mudanças no relacionamento com seu


parceiro, problemas financeiros, adolescente rebelde ou síndrome do ninho vazio.

Os estressores sociais surgem em nossas interações dentro de nossa comunidade


pessoal. Eles podem incluir encontros, festas e discursos em público. Assim como
acontece com os estressores emocionais, os estressores sociais são bastante
individualizados (você pode adorar falar em público, enquanto seu colega treme só de
pensar).

Os estressores de mudança são sentimentos de estresse relacionados a qualquer


mudança importante em nossas vidas. Eles incluem mudar-se, arranjar um novo
emprego ou outro companheiro ou ter um bebê.

Os estressores químicos são quaisquer drogas que uma pessoa usa em excesso, como
álcool, nicotina, cafeína ou tranqüilizantes.

Os estressores do trabalho são causados pelas pressões de bom desempenho no local


de trabalho. Eles podem incluir prazos apertados, um chefe imprevisível ou as
necessidades intermináveis da família.

Os estressores de decisão envolvem o estresse causado pelas tomadas de decisões


importantes, como a escolha de uma profissão ou de um companheiro.

Os estressores de fobia são aqueles causados por situações das quais você tem muito
medo, como andar de avião ou estar em lugares fechados.

Os estressores físicos são situações que sobrecarregam o corpo, como trabalhar


durante horas seguidas, privar-se de uma alimentação saudável ou ficar em pé o dia
inteiro. Eles também podem incluir gravidez, tensão pré-menstrual ou excesso de
exercícios.

Os estressores de doenças são os resultados de problemas de saúde de curto ou longo


prazo. Eles podem causar o estresse (digamos, impedindo que você saia da cama),
serem causados pelo estresse (como o aparecimento de herpes) ou serem agravados
pelo estresse (como enxaquecas).
Os estressores de dor podem incluir dor aguda ou crônica. Assim como os estressores
de doenças, os estressores de dor podem causar estresse ou serem agravados por ele.

Os estressores ambientais incluem barulho, poluição, falta de espaço ou calor ou frio


excessivo.Usando a lista acima como referência, anote a categoria na qual estão os
principais estressores da sua vida. Pode ser que você descubra que alguns de seus
estressores estão em mais de uma categoria.

Entretanto, provavelmente existem itens na sua lista de estressores que você pode
deixar de lado. Se limpar a casa inteira no seu dia de folga, toda semana, está fazendo
com que você não tenha nenhum momento de lazer, talvez você possa incluir em seu
orçamento uma faxineira. Se passar roupa está fazendo com que você fique até tarde
acordado, mande-a para a lavanderia. Se você acha que não pode se dar ao luxo de
tudo isso, tente rever seu orçamento. Lembre-se de que seu tempo também é valioso.

Diminuir a intensidade de seus estressores geralmente é mais viável do que eliminá-


los por completo. Por exemplo, se você não está conseguindo se concentrar no
trabalho devido ao barulho no escritório, pense na possibilidade de comprar tampões
de ouvido. Se seu percurso até o trabalho faz você dirigir duas horas diariamente em
trânsito intenso, tente outra opção, como transporte público ou compartilhamento de
veículos, e carregue com você um jornal, um bom livro ou um CD player ou MP3
player com suas músicas favoritas.

Não há dúvida de que enfrentar os estressores é a única opção para a maioria dos
itens de sua lista. Entretanto, isso não deve ser tão impossível quanto possa parecer.
Existem várias técnicas para aprender a ficar calmo e lúcido sob pressão. À medida
que você as domina, até mesmo os seus maiores estressores serão cada vez menos
uma ameaça.

Reveja sua lista de estressores e marque E para cada item que você pode eliminar, R
para cada estressor que você pode diminuir e C para cada item que você pode
aprender a enfrentar. Para os itens marcados com E ou R, anote qualquer idéia que
você tenha sobre como chegar a essas metas (por exemplo, mandar as roupas para a
lavanderia ou comprar tampões de ouvido).

Agora que você identificou e organizou seus estressores, é hora de começar a


aprender a lidar com eles. Na próxima seção, mostraremos como diminuir o estresse
em sua vida.

The Three Principal Aspects of the Path


A CONDENSED LAMRIM BY JE TSONGKHAPA
Homage to the venerable Spiritual Guide

I shall explain to the best of my ability


The essential meaning of all the Conqueror’s teachings,
The path praised by the holy Bodhisattvas,
And the gateway for fortunate ones seeking liberation.

You who are not attached to the joys of samsara,


But strive to make your freedom and endowment meaningful,
O Fortunate Ones who apply your minds to the path that pleases the Conquerors,
Please listen with a clear mind.

Without pure renunciation there is no way to pacify


Attachment to the pleasures of samsara;
And since living beings are tightly bound by desire for samsara,
Begin by seeking renunciation.

Freedom and endowment are difficult to find, and there is no time to waste.
By acquainting your mind with this, overcome attachment to this life;
And by repeatedly contemplating actions and effects and the sufferings of samsara,
Overcome attachment to future lives.

When, through contemplating in this way, the desire for the pleasures of samsara
Does not arise, even for a moment,
But a mind longing for liberation arises throughout the day and the night,
At that time, renunciation is generated.

However, if this renunciation is not maintained


By completely pure bodhichitta,
It will not be a cause of the perfect happiness of unsurpassed enlightenment;
Therefore, the wise generate a supreme bodhichitta.

Swept along by the currents of the four powerful rivers,


Tightly bound by the chains of karma, so hard to release,
Ensnared within the iron net of self-grasping,
Completely enveloped by the pitch-black darkness of ignorance,

Taking rebirth after rebirth in boundless samsara,


And unceasingly tormented by the three sufferings
Through contemplating the state of your mothers in conditions such as these,
Generate a supreme mind [of bodhichitta].

But, even though you may be acquainted with renunciation and bodhichitta,
If you do not possess the wisdom realizing the way things are,
You will not be able to cut the root of samsara;
Therefore strive in the means for realizing dependent relationship.

Whoever negates the conceived object of self-grasping


Yet sees the infallibility of cause and effect
Of all phenomena in samsara and nirvana,
Has entered the path that pleases the Buddhas.

Dependent-related appearance is infallible


And emptiness is inexpressible;
For as long as the meaning of these two appear to be separate,
You have not yet realized Buddha’s intention.

When they arise as one, not alternating but simultaneous,


From merely seeing infallible dependent relationship,
Comes certain knowledge that destroys all grasping at objects.
At that time the analysis of view is complete.

Moreover, when the extreme of existence is dispelled by appearance,


And the extreme of non-existence is dispelled by emptiness,
And you know how emptiness is perceived as cause and effect,
You will not be captivated by extreme views.

When, in this way, you have correctly realized the essential points
Of the three principal aspects of the path,
Dear One, withdraw into solitude, generate strong effort,
And quickly accomplish the final goal.

A concentração no cotidiano.

No dia a dia, quando você estiver trabalhando, caminhando, lendo, escrevendo,


conversando ou fazendo qualquer outra coisa que não seja meditar, procure, na
medida do possível, não pensar em nada, nem mesmo em outras coisas relacionadas
ao que estiver fazendo. Ao invés de pensar em qualquer outra coisa, preste atenção no
presente e perceba o que você está fazendo.
Concentre a atenção em sua tarefa no presente, se possível até o ponto de perder a
noção de tudo o que não tenha nada a ver com aquilo. Procure o esquecimento total
do que não esteja relacionado à realidade presente que você vivencia. Procedendo
assim, você terá mais facilidade para, depois, prestar atenção no pensamento único
quando se sentar ou deitar para meditar. Bastará então manter a atenção no ato de
pensar no lakshya, tratando-o como mais uma tarefa real e presente.

Quando nos concentramos no que fazemos, vivenciamos o presente de forma realista


e intensa, diminuindo os riscos de acidentes, por exemplo. Os acidentes estão, na
maior parte das vezes, relacionados a distrações. Quem se concentra no instante
presente, não está distraído.

O ato de estar presente ao que se faz inclui a percepção natural do ambiente


envolvido. Partindo daí, sua consciência poderá se ampliar cada vez mais e você verá,
escutará e sentirá o que ocorre à sua volta, pois não estará vivendo em um hipotético
amanhã ou no que ocorreu ontem.

Se queremos despertar consciência à nossa essência, temos que aprender a exercitá-la


no cotidiano. Então, transferimos esta prática de estar conscientes para o ato de
meditar.

Ao contrário do que todo mundo imagina, quem medita não está distraído, está
plenamente lúcido e consciente em outro plano. Pode não estar com a consciência
direcionada ao mundo físico exterior, mas onde quer que sua alma esteja, estará
plenamente lúcida e consciente. É claro que o meditador, de olhos fechados, estará
desligado do corpo físico e das percepções sensoriais externas, mas isso não significa
que ele esteja distraído, que tenha perdido sua consciência e não saiba o que está
fazendo. O meditador não está em eikásia, está em dharana e dhyana. Quando o
meditador retorna do mundo espiritual e se levanta, está mais lúcido do que nunca,
pois trouxe a lucidez consigo e a manterá.
As tarefas do cotidiano são ótimas para exercitar a consciência e a lucidez. Focando a
percepção nas mesmas, vamos tornando a mente cada vez mais passiva.

Morte do Ego: indo às causas

Na Morte do Ego é comum que cometamos muitos erros. Este blog foi aberto com a
intenção de permitir a reflexão, e não a mera teorização ao ar, sobre os erros que nos
deixam estancados. Por um erro não detectado, uma pessoa pode ter o seu passo
espiritual travado por muitos anos.

Os erros que as pessoas cometem nem sempre são os mesmos, podem variar de uma
pessoa para outra. Neste blog apontamos alguns, na esperança de alcançar as pessoas
que precisam ser alcançadas. Pode ser que os erros que você cometa não estejam
apontados em meus textos.

De todas as maneiras, a Morte é algo que se aprende aos poucos e se aperfeiçoa com
a prática. Se você tem recaídas aqui e ali, cometendo atos que não gostaria de
cometer, não deve se preocupar muito com isso. As falhas de caráter, ainda que
graves, não devem ser motivo para não continuarmos trabalhando. Por mais
degenerado ou pecador que você se considere, não deve desistir. Se você não
consegue deixar de ser "mau" por um lado, trabalhe outros lados de si mesmo, outros
aspectos, mas não deixe de se aperfeiçoar. Suas piores fraquezas irão ceder cedo ou
tarde, nesta ou em outra vida.

Os erros que cometemos na Morte são, entre outras coisas, artimanhas do Ego para
sobreviver. Para permanecer vivo, o Ego nos engana.
Lamentar-se e prender a atenção aos prejuízos ocasionados por um determinado
defeito é um exemplo de erro. A lamentação não resolverá o problema, mas nos
distrairá e desviará eficientemente a atenção de suas causas. Enquanto eu fico
prestando atenção e pensando nos prejuízos de um ato de fornicação, por exemplo,
não estou pondo cuidado em suas causas, nos fatos que o ocasionaram. Como
consequência, serei incapaz de remover o problema da minha vida.

O que seria a "causa" da manifestação de um defeito? Seria aquilo que antecede e


provoca a manifestação (1). Por definição, a causa é aquilo que antecede um efeito.
Seria ilógico supor que a causa sucedesse ao efeito, ou seja, que o efeito antecedesse
à causa. É óbvio que antes do efeito vem a causa e, no caso da manifestação de um
ego, alguns fatos psicológicos ocorrem antes que o defeito venha à manifestação. Na
linha do tempo, a causa vem antes e o efeito vem depois.

Sutis e leves alterações nos centros são o princípio de manifestações violentas e as


antecedem. Se as removemos, as manifestações violentas não ocorrem. Somos
sacudidos por manifestações violentas porque não nos mantemos atentos às
manifestações sutis, que são as leves alterações nos centros. Qualquer alteração sutil
em algum centro da máquina deve ser resolvida ali mesmo onde estivermos, de
imediato, sem postergação, de modo a desviar o rumo de nossas vidas, evitando as
manifestações violentas posteriores. É claro que, uma vez removido o pequeno
detalhe, também precisamos desviar os Indryas da situação exterior que provocou sua
aparição, pois a mesma já não é mais necessária e pode fazê-lo ressurgir. Se você
eliminou alguma emoção indesejável que sentia ao ver alguém, melhor é não ver
mais essa pessoa dali em diante (ou pelos menos por um bom tempo, até que os
novos samskaras se fixem) pois, se o fizer, poderá alimentar a emoção negativa
novamente.

Portanto, as causas das manifestações do Ego apresentam dupla face, dois aspectos:
um aspecto físico, exterior, correspondente às situações da vida que as evoca, e um
aspecto psicológico, interior, correspondente às leves alterações nos centros, às
manifestações sutis do Ego. A Morte só é possível quando, por meio da auto-
observação, descobrimos as causas e as removemos.

Quais são os fatos que antecedem a manifestação de um ego, provocando-a? São as


sutis formas de pensar, sentir, falar e agir. Qualquer pensamento levemente
pecaminoso, qualquer mínima atitude, por mais inocente que pareça, podem colher
energia e ganhar força, tornando-se perigosos inimigos. Quando uma manifestação
mínima ganha força, transforma-se em uma obsessão violenta e incontrolável. As
manifestações mínimas são as causas que deveriam ser trabalhadas para que seus
efeitos posteriores desastrosos fossem evitados. Ocupar o tempo com lamentações é,
portanto, um erro muito comum que atrapalha a Morte do Ego. Poderíamos, porém, ir
um pouco além na busca das causas e chegaríamos às situações exteriores
(acontecimentos do ginásio) que provocaram tais manifestações psicológicas sutis. Se
quiséssemos ir ainda mais além, teríamos que ir às dimensões superiores e ao abismo,
mas não é disto que estou tratando agora. No momento, estou me referindo às causas
"horizontais" de tais manifestações e as encontramos nas situações da vida às quais
reagimos constantemente, na maior parte das vezes sem sequer nos darmos conta.

Um erro frequente que costumamos cometer é nos debatermos contra um desejo e


reforçá-lo simultaneamente. Se me mantenho metido em situações que dão força aos
desejos, não poderei me libertar dos mesmos. Não é possível enfraquecer o inimigo
se o estamos reforçando ao mesmo tempo. Não poderei eliminar o que sinto por
determinado objeto ou pessoa se me mantenho em constante contato com aquilo.
Portanto, se quero morrer para determinado objeto ou situação, tenho que remover
aquilo de minha vida. Não poderei dissolver o ódio que sinto por um inimigo se
estiver constantemente me ocupando, pensando no mesmo ou vendo-o. Se realmente
quero morrer psicologicamente para determinada situação, tenho que remover da
minha vida o objeto que ocasiona a emoção negativa correspondente, pois é para isso
que tal objeto existe! Esta é a função do ginásio psicológico: chamar nossa atenção
para o que deve ser retirado de nossa vida, mostrar os elementos dos quais devemos
nos desligar. Cada situação provocadora de reações negativas deve ser descoberta e
removida. Manter tais situações em nossa vida, sob a desculpa de nos exercitarmos
psicologicamente, equivale a manter uma relação equivocada com o ginásio
psicológico.

Muitas pessoas acreditam que devem se manter presas às adversidades da vida para
que possam se desenvolver. Particularmente, considero que estão equivocadas
completamente. As adversidades existem para que possamos superá-las, transcendê-
las. Transcender uma adversidade é deixá-la para trás, desligar-se. Se fico prestando
atenção, pensando e me ocupando com aquilo que me altera ou me perturba, estou
identificado e jamais poderei me libertar. Se discuto com quem me irrita, jamais
eliminarei a ira correspondente; se fico contemplando ou dialogando com a mulher
que desejo, jamais eliminarei a luxúria correspondente; se fico abrindo e lendo cartas
malcriadas que me escrevem, jamais dissolverei o mal estar que provocam; se fico
olhando para a ameaça que me atemoriza, jamais dissolverei o temor. O motivo é
simples: somos incapazes de ter contato com o objeto provocante sem nos
identificarmos e sem sermos afetados.

Por outro lado, se as adversidades, os objetos provocantes, não existissem, não


tomaríamos consciência da necessidade de removê-los. Portanto, as adversidades
cumprem uma função em nosso trabalho espiritual, a qual consiste em serem
descobertas e removidas. Obviamente, o que não existe não pode ser descoberto e
nem tampouco removido.

Vivemos e nos movemos em um universo composto por aquilo em que pensamos e


no que prestamos atenção. Se nos ocuparmos e pensarmos nas adversidades,
viveremos em um universo composto por adversidades. Importa, pois, deixar as
adversidades para trás.
Quero enfatizar esse ponto pois me parece que são muitos os gnósticos que acreditam
que irão eliminar a luxúria se continuarem olhando para as mulheres que desejam e
esperam eliminar a ira ao continuarem se ocupando com os seus inimigos. Eles
chegam mesmo a crer que se trata de uma necessidade para a Morte. Vejo-os como
uns pobres infelizes que estão completamente equivocados. Como poderia alguém
eliminar o ódio e auto-importância se ficasse remexendo as fofocas que dizem a seu
respeito? Como poderia eliminar a fobia do sobrenatural alguém que fica assistindo a
filmes de terror? Temos que aprender a selecionar os fatos com os quais ocupamos
nossa consciência. Se você ficar contemplando garotas dançando "funk" nunca
deixará de desejá-las. Temos que aprender a escolher e a selecionar criteriosamente
aquilo que entra em nossa percepção. Isso, na ioga, se chama "controle dos Indryas"
(sentidos). Se você abre as portas de sua percepção ao lixo, sua mente e seu
psiquismo se encherão de lixo. Quem quer deixar de nutrir o Ego, tem que evitar as
situações que lhe dão alimento, isto é, tem que aprender a controlar os sentidos, não
abrindo suas portas ao que causa estrago. E mais: não ocupar-se com aquilo nem
mesmo em pensamento. Nossos pensamentos e percepções devem ser elevados.

Porém, vocês poderiam me contestar, dizendo que existem situações negativas das
quais não podemos escapar, tais como a doença, a morte, a velhice e os problemas
econômicos da vida. Eu lhes responderia o seguinte: quando avançamos muito na
Morte, somos capazes de desviar os pensamentos e os sentidos até mesmo de tais
dificuldades. Um adepto desenvolvido seria capaz de enfrentar tais situações sem
levar o pensamento ou os sentidos às mesmas. Como isso seria possível? Ocupando-
os com outros elementos, mais elevados, que os anulassem. Porém, isso é para
pessoas mais desenvolvidas e não para nós, meros principiantes.

Por hoje é só e espero que tenham compreendido.

(1) Não se confunda a causa aqui referida com as origens do Ego no mundo causal,
ou seja, as causas que se encontram na sexta dimensão natural. Neste artigo, estou me
referindo às causas detectáveis enquanto estamos neste mundo físico tridimensional.
As origens causais da sexta dimensão não podem ser acessadas por pessoas comuns,
enquanto que as causas aqui referidas podem ser detectadas por qualquer pessoa que
preste um pouco de atenção em si mesma e em sua própria vida.

O erro de cultivar e reprimir

Cultivar e reprimir

Vamos detalhar um pouco um erro que muitos cometem no trabalho da Morte. Pode
ser que você também o tenha cometido. O erro consiste em reprimirmos e
cultivarmos os defeitos ao mesmo tempo.

Temos uma tendência de reprimir defeitos sem deixar de cultivá-los. Trata-se de um


comportamento contraditório mas comum: cultivamos o defeito e, quando seus
resultados nefastos se fazem sentir, tentamos contê-lo e reprimi-lo. Assim, passamos
a vida sofrendo em um círculo vicioso, no qual damos vida e força àquilo que nos
prejudica.

Geralmente, não compreendemos que é perfeitamente possível deixar de reprimir um


defeito sem, no entanto, cultivá-lo. O senso comum dita a (falsa) crença de que temos
sempre que optar entre reprimir e cultivar, de que ambas as coisas não podem ocorrer
simultaneamente e nem podem ser abandonadas ao mesmo tempo. Na verdade, o
reprimir e o cultivar não são mutuamente dependentes e nem tampouco excludentes,
podendo ocorrer simultaneamente ou não. Uma pessoa pode reprimir e cultivar, assim
como pode também deixar de reprimir ao mesmo tempo em que deixa de cultivar
algo em sua psique. Essa última possibilidade é a que nos interessa agora.
O reprimir e o cultivar formam um par de opostos que pode ser abandonado e isso
soa estranho tanto aos conservadores como aos seus antípodas, os hedonistas.

Uma pessoa corretamente preparada pode retirar a repressão que pôs sobre os seus
defeitos ao mesmo tempo em que remove todas as formas que adotou para seu
cultivo.

Não se pode reprimir aquilo que não existe, não aparece ou não se manifesta. A
repressão, portanto, exige que ocorra manifestação prévia de algo. No entanto, a
manifestação de um defeito é resultado de um cultivo que a antecede. Cultivamos um
defeito através de lembranças, de falas, de atitudes. Se, ao invés de nos ocuparmos
com a repressão, formos diretamente às causas da manifestação, não haverá defeito
manifesto para ser reprimido. As manifestações se tornarão progressivamente mais
fracas, até desaparecerem, sem necessidade de serem sufocadas e nem contidas. O
segredo, aqui, consiste em irmos às causas e removê-las. Quando removemos as
causas, não há manifestação a ser reprimida.

Como removemos as causas? Por meio da Morte em Marcha.

Muitas vezes confundimos tudo e achamos que remover as causas é o mesmo que
reprimir, o que é falso. Reprimir é sufocar aquilo que está manifesto, não é
despotenciar as manifestações. Despotenciar uma manifestação é algo totalmente
diverso de reprimir.

Cultivamos constantemente aquilo que nos faz mal e não nos damos conta disso, pois
o fazemos inconscientemente.

As causas das manifestações devem ser buscadas nos atos comuns e inocentes do
cotidiano. Alguns atos comuns e sem importância resultam em posteriores
manifestações violentas de defeitos. Se os removemos, desarmamos o problema. As
causas se escondem em frases, olhares, expressões, nos modos, nas vestimentas e em
inúmeros detalhes do nosso comportamento. Removendo-os, deixamos de cultivar os
defeitos correspondentes e não necessitaremos reprimir.

Um defeito é como um animal que você criou e continua a cuidar dele. Agora o
animal cresceu e se tornou forte. Não tente brigar diretamente com a fera,
simplesmente deixe de cuidar dela. Observe-se e descubra por onde você está
mantendo-a viva. Você a alimenta, cuida do animal todos os dias e não se dá conta.
Vá descobrindo e retirando todos os cuidados e ele aos poucos enfraquecerá e
morrerá.

O cultivo pela identificação

Outra forma de cultivar um defeito consiste em tentarmos "encarar" situações perante


as quais somos impotentes. Por exemplo, não há como contemplarmos algo que
desejamos muito sem sentirmos ainda mais desejo. Quando o fazemos, o resultado é a
fortificação do respectivo defeito. Ainda que o façamos com boas intenções, tentar
"afrontar" certas situações para as quais não estamos preparados somente irá nos
lançar cada vez mais para baixo. Daí a necessidade do controle dos Indryas
(sentidos).

Uma pessoa que tenha fobia de aranhas, por exemplo, não poderá sujeitar-se ao
perigo das aranhas sem identificar-se. O simples ato de permanecer no meio de
aranhas já é uma forma de alimentar o seu medo. Quanto mais tal pessoa tentar
encarar aranhas, mais medo sentirá. O medo se fortificará com o próprio medo.
Quanto mais medo sentir, mais medo terá. Quanto mais a pessoa se ocupar com o
objeto do seu temor, quanto mais pensar, falar, precaver-se, ver etc. o objeto em
questão, pior ficará o seu problema. Para que seu medo morresse, ela deveria
primeiramente deixar de alimentá-lo. Novos samskaras seriam criados em sua mente,
até o dia em que a pessoa se estabelecesse totalmente em uma forma mental diversa,
em um outro modo de entender os aracnídeos. Somente quando outro modo de
encarar o problema se enraizasse, é que as aranhas poderiam ser encaradas de frente.

Com o desejo sexual acontece a mesma coisa. Um homem sexualmente ativo não
poderá jamais tentar afrontar situações perante as quais não pode resistir. Se um
sacerdote fosse pregar a Palavra do Senhor em um prostíbulo, terminaria fornicando
com as prostitutas. Um homem que queira contemplar imagens de lindas mulheres
altamente desejáveis não deixará de desejá-las ainda mais e de fortificar, assim, seu
desejo. O ideal, nesses casos, seria controlar os Indryas: não ver, não olhar, não ouvir,
não percebê-las. O simples desejo de querer percebê-las já assinala o princípio da
manifestação causal, a qual deveria ser removida através da Morte em Marcha ao
invés de ser reprimida.

Acreditar que se pode enfrentar certas situações sem ser afetado pelas mesmas é
ilusório. Temos que diferenciar as situações que podemos enfrentar daquelas perante
as quais somos impotentes. Por "enfrentar" entenda-se: olhar, perceber, ocupar-se. Há
situações que não nos afetam de modo algum, mas há outras que provocam intensa
identificação, quer queiramos ou não.

Escolhamos uma imagem qualquer, perante a qual você é impotente. Você é incapaz
de perceber aquela imagem ou situação (um conjunto de imagens) sem ser afetado. A
imagem ou situação te provoca inúmeras emoções negativas indesejáveis e
prejudiciais. Pois bem, se você cometer o erro de tentar enfrentá-la, acreditando que
poderá percebê-la sem identificar-se, estará também cometendo um auto-engano,
sendo iludido por seu próprio Ego, que se nutrirá desta maneira. Quanto mais você se
ocupar, pensar e perceber aquilo que te afeta, mais afetado ficará, por uma simples
razão: você não tem forças para resistir, mas está tentando fazê-lo, em vão.
Inconscientemente, você está preso ao problema por diversos laços, de diversas
maneiras. Você se ocupa com o problema e não sabe disso. Caso queira se livrar, tem
que descobrir e cortar todos esses laços. Tome consciência dos laços e os corte.

Eu, por exemplo, não tenho medo de andar em uma floresta sozinho. As serpentes e
outros perigos não existem para mim. Posso andar pela floresta sem nenhum
problema. No entanto, uma pessoa que tenha pavor de florestas não poderá sequer
contemplar uma mata sem fortificar sua fobia. Tal pessoa necessita controlar os seus
Indryas nesse aspecto, até o dia em que seu medo desapareça por completo.

O que foi dito aqui vale para todos os defeitos da personalidade humana. Morrer para
algo é deixar de existir completamente para aquilo, não é ocupar-se cada vez mais.
Morrer é desligar-se, abandonar. A Morte do Ego consiste em deixar tudo para trás,
em romper com o passado para sempre.

Mas... e quando não há escapatória?

Provavelmente, você deve estar se perguntando: "Mas o que deve fazer a pessoa que
não pode evitar um problema e se vê obrigada a enfrentá-lo, contra a sua vontade?"
Este é um ponto importante a ser esclarecido.

Existem situações que realmente não podem ser evitadas. Se uma pessoa que esteja
trabalhando o seu vício em doces for atirada em uma confeitaria, o que deve fazer?
Minha proposta: deve fazer o mesmo que faz o equilibrista que anda sobre uma corda
entre dois prédios.

O equilibrista não leva sua mente e nem os seus sentidos ao perigo, mesmo estando
dentro da situação perigosa. Ele controla seus Indryas, pois não olha para baixo, e
imagina estar caminhando sobre uma linha traçada no chão e não sobre uma corda.
Ao imaginar que caminha no chão, o equilibrista mantém sua mente concentrada. A
concentração o protege, forma uma espécie de escudo protetor que o deixa blindado
contra a sensação de que está prestes a cair. A sensação de que se pode cair é o
princípio do medo. Se o equilibrista olhar para baixo, sua mente se desviará do
lakshya e o medo irá invadi-lo. A chave não está fora, está dentro: é a imaginação
concentrada. A imaginação definirá o rumo dos acontecimentos. O que sentimos
depende, em grande medida, do que imaginamos. Se nos imaginamos vulneráveis,
nos sentimos vulneráveis. Se nos imaginamos protegidos, nos sentimos protegidos.
Portanto, o equilibrista seleciona o que percebe e ao mesmo tempo o que imagina.
Ele evita perceber e se recusa a concentrar sua mente no perigo, criando assim uma
outra forma de ver a situação. Levada às últimas consequências, a correta
concentração da imaginação nos permite atravessar tempestades e terremotos
mantendo a serenidade do Budha.

Vejamos outro exemplo. Um praticante de tantra ioga não poderá levar sua mente à
mulher no momento do ato sexual ou sofrerá uma ejaculação involuntária. Ele se
concentra em seu próprio órgão sexual, procura sentir e imaginar sua energia sendo
transmutada. Ao manter a imaginação assim focalizada, o iogue tântrico se torna
blindado contra a luxúria e pode prolongar o seu ato por muito tempo. Ele faz o
mesmo que faz o equilibrista: controla a imaginação e se recusa a perceber e imaginar
o que pode conduzi-lo pelo caminho indesejável. Se o iogue concentrasse sua mente
em fantasias e fetiches eróticos ou concentrasse sua atenção nas formas femininas,
nos gemidos, nas sensações proporcionadas pela mulher etc. finalizaria
involuntariamente o ato sexual e não atingiria a sua meta, que é retirar-se do ato antes
da finalização para continuá-lo outro dia.

Mais um exemplo, para entendermos melhor. Um lutador que fique prestando atenção
nos pontos fortes do inimigo e deixe de lado os seus pontos fracos, terminará
acreditando que está completamente vulnerável. Ao acreditar-se vulnerável, levaria
sua mente à derrota, pensaria e imaginaria mil coisas, problemas e perigos. Tal
lutador estaria derrotado de antemão. Por outro lado, se prestasse atenção somente
nos pontos fracos do rival, terminaria acreditando que é invulnerável (o que está em
questão aqui não é quem objetivamente irá vencer a luta, mas sim o processo
psicológico envolvido). Se o lutador escolher como lakshya seus próprios pontos
fortes e os pontos fracos do inimigo, impedirá que sua imaginação seja ferida e não
sentirá as emoções correspondentes.

Uma bailarina ou um músico que levem sua mente, sua percepção e sua imaginação à
platéia poderão ser tomados pela insegurança e, então, errarão a execução do
trabalho. O que eles fazem? Se concentram no que estão fazendo. Alguns usam a
tática de imaginarem que estão tocando/dançando sozinhos. Quanto mais
concentrados estiverem, menos ansiosos ficarão. Com o tempo, suas mentes sofrem
uma modificação e não mais acreditam ou imaginam que estão vulneráveis.

Se uma pessoa apontar para você uma arma de brinquedo dizendo que se trata de uma
arma de verdade, você provavelmente se sentirá em perigo. Sua imaginação terá sido
ferida e provocará várias emoções negativas correspondentes.

Portanto, o que deveria fazer nosso amigo viciado em doces que caísse de para-
quedas dentro de uma confeitaria? Deveria escolher algo em que concentrar a
percepção e a imaginação para, assim, atravessar incólume a "tempestade de açúcar".
Deveria evitar olhar para os doces e imaginar que está em um lugar distinto da
confeitaria.

Se você se ver obrigado a enfrentar uma situação estressante inevitável, poderá se


proteger desviando a imaginação e a percepção dos aspectos negativos do problema,
focando-os e firmando-os nos aspectos positivos ou imaginando que está em uma
situação parecida, porém não tão difícil assim. Recuse-se a alimentar o mal com a
mente.

Que fique claro, no entanto, que esta é somente uma dica para as situações extremas.
O procedimento de desviar a imaginação e a percepção, embora muito útil, não chega
realmente a matar os egos envolvidos, somente nos blinda.

Morte do Ego: evitando o cultivo

Enfraqueça o ódio evitando tudo o que alimenta o ódio. Enfraqueça a cobiça evitando
tudo o que alimenta a cobiça. Enfraqueça a gula evitando tudo o que alimenta a gula.
Enfraqueça a luxúria evitando tudo o que alimenta a luxúria. Enfraqueça o medo
evitando tudo o que alimenta o medo. Enfraqueça o apego evitando tudo o que
alimenta o apego.

Mediante a Morte em Marcha, evite aquilo que alimenta o defeito que você almeja
eliminar de sua natureza. Muitas situações exteriores alimentam inevitavelmente
defeitos específicos. Evite-as mediante a morte dos impulsos (nos cinco centros) que
te impelem para elas. Retire de sua vida TUDO o que conduz ao problema
psicológico. Retire de si todas as recordações, não mediante o conflito da oposição
força-a-força, mas mediante a descoberta seguida da aplicação da Morte em Marcha e
do esquecimento. Se não houver esquecimento, o defeito será reavivado. Se o
esquecimento não for possível, por mais esforço que se faça, é porque está sendo
reativado por algum canal subconsciente.

Desejo e aversão (temor) são as duas formas básicas assumidas pela natureza animal
inferior. Todos os egos se enquadram em uma das duas categorias. A luxúria, o
apego, a gula e a inveja são formas de desejo. O medo, a valentia e o ódio são formas
de aversão. A preguiça é o desejo de não fazer nada. A cobiça é o desejo de posses. O
ódio é a aversão pelo inimigo. Todos os defeitos são formas mentais que reforçamos
continuamente, através de atos, palavras e, principalmente, de pensamentos e
recordações.
Caímos em situações exteriores que reforçam os defeitos porque somos levados por
impulsos internos. Dissolvendo os impulsos nos cinco centros, deixamos de ser
arrastados para elas e os defeitos começam a enfraquecer. Querer livrar-se de um
defeito sem abandonar as situações exteriores que o alimentam é um contra-senso
absurdo.

Entenda-se que "evitar" ou "abandonar" situações é algo realizado após as mesmas


terem sido descobertas e compreendidas como prejudiciais e reforçadoras dos
defeitos. Não se trata de uma simples supressão de fatos da vida sem compreensão
alguma e sem a oração pela Morte em Marcha. A renúncia é posterior a descoberta e
constatação dos prejuízos.

Ampliação em 12/12/2013

Quando deixamos de usar uma função psicológica, ela sofre uma atrofia. O Ego é um
conjunto de funções ou funcionamentos psicológicos mantidos vivos pelo uso
constante, formas de pensar, sentir e entender continuamente exercitadas. Sinapses,
sanskaras e circuitos cerebrais que se tornaram poderosos começam a se enfraquecer
e a atrofiar ao deixarem de serem usados. E isso o que queremos com a Morte do
Ego.

A dissolução dos egos que almejam virtudes

Que este conhecimento chegue aos desesperados que estão perdidos na luta pela
superação de seus próprios defeitos e estejam necessitando das informações que
seguem.

Vamos falar um pouco sobre os egos úteis e bons. Dizem os V.V.M.M que existem
eus bons que, ao serem eliminados, são substituídos por partes correspondentes do
Ser que desempenham as mesmas tarefas, porém de forma muito mais eficiente e sem
os efeitos colaterais destrutivos dos egos que anteriormente as realizavam. Se um
homem trabalha como vendedor, por exemplo, e dissolve seus egos vendedores, o ato
de realizar as vendas passará a ser realizado por alguma parte do Ser que tem
habilidade na área, porém o fará de forma superior. Um mesmo ato pode ser realizado
por um ego ou por alguma parte do Ser. O ato de compor e executar músicas, por
exemplo, pode ser um ato inferior e animalesco ou um ato superior e sublime.
Quando o ego o realiza, teremos um tipo de produto e, quando o Ser o realiza,
teremos outro. Se o ego que realiza um ato é eliminado, alguma parte do Ser poderá,
sempre que necessário, substituí-lo na realização do mesmo ato que, a partir de então,
será realizado de forma diferente. Até mesmo o ato sexual pode ser realizado pelo Ser
ou pelo Ego. São os resultados que irão nos mostrar.

Há, no entanto, um tipo específico de ego bom que descreverei hoje: os egos que
almejam a santidade e cobiçam a liberação dos pecados. São egos que possuem
intenções veneráveis e irreprováveis mas apresentam efeitos colaterais danosos.

Aqueles que desejam intensamente libertar a alma dos pecados sofrem muito com a
lentidão natural do processo da Morte. A Morte dos Defeitos não é algo rápido, que
ocorra do dia para a noite. No entanto, os egos ascetas e espiritualistas podem
ocasionar grande sofrimento e graves danos emocionais aos irmãos de todas as
religiões que almejem ardorosamente o estado de santidade e pureza.

Quando uma pessoa não aceita a crua realidade dos seus próprios defeitos e não se
conforma com a situação em que se encontra (refiro-me a uma inaceitação e a um
inconformismo doentio) pode desenvolver neuroses. Certas neuroses são típicas de
religiosos e ascetas espiritualistas e se devem à atuação de poderosos egos que
anseiam pelo estado de pureza e entram em choque frontal com os egos que amam os
prazeres da vida mundana.

Por mais estranho que pareça, existem egos que desejam, de forma inconsciente e
condicionada, a evolução espiritual e os mesmos necessitam ser eliminados como
quaisquer outros. Ao serem eliminados, partes correspondentes do Ser os substituem
e realizam com maior eficiência o trabalho de nos impulsionarem para cima.

A inaceitação e o inconformismo com o estado de adormecimento e pecado


apresentam duas facetas, dois aspectos: o inferior e o superior, sendo um egóico e o
outro átmico (originado pelo Ser). A inaceitação e o inconformismo egóico
ocasionam as neuroses religiosas. O intenso sofrimento emocional que advém após a
satisfação dos desejos mundanos, sejam eles a fornicação, a gula ou quaisquer outros,
é o princípio da neurose religiosa e se deve a tais egos “espiritualistas”, os quais
possuem propósitos nobres e resultados catastróficos. Assim, temos que nos observar
e nos descobrir também nesses aspectos relacionados com os desejos de superação de
nós mesmos, pois aí existirão defeitos escondidos e disfarçados de virtudes.
Se explorarmos nossos próprios complexos espiritualistas, por meio da auto-
observação e também da meditação, poderemos descobrir o medo do castigo divino, a
preocupação com o próprio destino após a morte, a cobiça por poderes psíquicos e
por estados de felicidade espiritual, o conservadorismo arbitrário e moralista que não
possui lógica alguma, o fanatismo, a auto-depreciação, o ódio a si mesmo e muitos
outros defeitos, os quais podem estar por trás da vida emocional atormentada de
muitos religiosos. Não importa se os egos sejam bons ou maus, no final, eles sempre
ocasionam prejuízos.

É importante frisar que não estou pregando o conformismo e nem a negligência,


estou somente chamando a atenção para o fato de que os egos podem tomar o lugar
do Ser (e vice-versa) nos impulsos pela superação. Quando a Mãe Divina dissolve os
egos espiritualistas, as neuroses espirituais são substituídas por disciplinas
conscientes dirigidas pelo Ser. Nossa meta não é sofrer a vida inteira por sermos
pecadores, mas de fato deixarmos de ser pecadores para sermos felizes.

É natural que queiramos a libertação dos pecados e a verdadeira pureza do coração,


mas a realização da alma não é algo assim tão simples, não é simples questão de
querer. Não basta querer e tentar, é preciso adquirir muito conhecimento experiencial,
o que é gradativo. A alma não se desenvolve por um passe de mágica, necessita
trabalhar e adquirir conhecimento, experiencia e consciência ao longo da vida, o que
é um processo muito lento. Se estamos presos em vícios e erros, é por falta de
compreensão. E a compreensão é algo elástico, que se alonga conforme vamos
aprofundando nossas observações e reflexões durante toda a vida. O estado de pureza
dos budas e dos santos não resultou do simples querer, resultou de trabalhos sem fim
ao longo de existências.

Normalmente, as pessoas não entendem corretamente a Morte do Ego. Imaginam que


seja uma mera disciplina de esforços para "amarrar" emoções e desejos, como se isso
os eliminasse. A Morte do Ego é uma verdadeira morte dos desejos e emoções
inferiores e não o mero encarceramento dos mesmos. Encarcerar desejos e emoções
negativas não nos liberta.

Bem, este é apenas o meu ponto de vista pessoal sobre o problema. Espero ter me
feito entender.

Morte do Ego: como aprofundar a compreensão


Quando concentramos analiticamente o pensamento em um tema, é comum que, após
alguns minutos, as idéias se esgotem e, ainda assim, a mente não se aquiete e não
experimentemos nada espiritualmente transcendente. O motivo para tanto é o
condicionamento do parâmetro analítico: estamos analisando o objeto somente sob
algumas perspectivas e outras perspectivas não nos ocorrem. O problema pode se
verificar também no ato de observar: ao observamos o objeto, levamos em
consideração somente alguns de seus aspectos e a observação estanca, não
percebemos nada novo.

Quando a concentração analítica é aplicada a um defeito com o intuito de


compreendê-lo, durante a prática da meditação, pode ocorrer o mesmo problema do
estancamento do processo. Então, sentimos que não conseguimos ir além e não
conseguimos aprofundar a compreensão, por mais que tentemos. Lutamos para
compreender mais, para descobrir o novo, mas não somos capazes. Sentimos
perfeitamente que ainda não compreendemos o defeito, mas não somos capazes de
obter mais informações além das que já temos. Rodamos dentro do círculo vicioso
das informações conhecidas e não avançamos, o trabalho da compreensão fica
estancado. Sentimos que existem informações ocultas, mas não somos capazes de
acessá-las.

O aprofundamento da compreensão, em tais casos, somente é possível se adotarmos


novos parâmetros analíticos e observacionais, o que se consegue quando se busca
analisar e observar o defeito desde outros pontos de vista, ou seja, considerando-se
aspectos ainda não levados em conta.

Um mesmo defeito pode ser analisado segundo múltiplos critérios. Podemos estudá-
lo no que se refere aos danos que ocasiona, aos centros da máquina pelos quais se
manifesta, às suas metas, aos seus padrões recorrentes de manifestação diária, aos
conteúdos de suas fantasias no pensamento, aos fatores externos da vida horizontal
que o evocam, às formas sutis como principia a se manifestar, às suas causas
psicológicas ocultas, às justificativas inventadas pela mente para desculpá-lo etc. Não
há um limite definido para as facetas de um defeito e, portanto, não há um limite
definido para os critérios a serem levados em consideração. Ao analisar um defeito,
podemos levar em consideração múltiplos critérios, o que significa, em outras
palavras, que podemos analisá-lo, durante a concentração e a meditação, segundo
múltiplos pontos de vista.

Quando adotamos um critério novo para analisar um defeito, descobrimos


informações novas. Quanto mais informações tenhamos, maior será a compreensão.
Quanto maior for a compreensão, mais a Mãe Divina poderá enfraquecê-lo. A
compreensão aumenta com o aumento das informações que tenhamos. Temos que
buscar descobrir o novo, novas facetas do defeito que almejamos enfraquecer.

Muitas pessoas tentam compreender melhor os fatos exteriores que as afetam,


buscam olhá-los de forma diferente, mas não buscam compreender os defeitos que
ocasionam a visão condicionada e distorcida desses fatos. Elas tentam mudar a forma
de ver os acontecimentos, as dificuldades, mas não tentam ver seus egos de múltiplos
pontos de vista. Como são os egos que condicionam nossa visão de mundo, tentar ver
o mundo de outra maneira sem primeiramente compreendê-los resulta inútil. Nossos
defeitos nos obrigam a ver as coisas de determinadas maneiras, ainda que não
queiramos. Se queremos chegar ao verdadeiro estado de Apatheia (ausência de
paixões), temos que compreender as causas da visão condicionada que temos do
mundo, dos eventos e das coisas.

Cada defeito tem uma forma particular de ver os fatos do ginásio psicológico, uma
ótica pessoal. O defeito da luxúria vê o corpo feminino de determinada maneira, o
defeito da gula vê os alimentos de outra, o defeito da ira vê os insultos e gracejos de
outra maneira e assim por diante. Não poderemos ver os elementos exteriores de
outra forma, ou seja, desde outro ponto de vista, se não eliminarmos os defeitos
correspondentes. Quem quer ver e sentir as coisas de outro modo, tem que
compreender e eliminar os defeitos que condicionam sua visão e percepção. E a
compreensão se consegue por meio da concentração e da meditação sobre os defeitos.
Aqui, concentrar e meditar significa refletir a respeito sem desviar-se e nem distrair-
se com mais nada.

O campo de nossa consciência é limitado e, além dele, se sucedem infinitos


fenômenos físicos, psicológicos e espirituais (o psicológico é o início do espiritual).
Além dos desejos que alcançamos enxergar, temos muitos outros que nem sequer
suspeitamos. Isso significa que aquilo que alcançamos e compreendemos sobre um
defeito não é tudo, é uma ínfima parte. Se quisermos ampliar e aprofundar a
compreensão, temos que explorar e penetrar o defeito com a consciência, nos
tornando conscientes de aspectos ainda insuspeitados. Por trás de determinado desejo
ou temor sempre existem outros desejos e temores ocultos. Somente a reflexão
absolutamente sincera permite penetrar nessas regiões obscuras de nós mesmos.

Entre os vários critérios analíticos utilizáveis no trabalho de compreensão de um


defeito, considero de grande importância a procura por suas causas psicológicas (os
"porquês" das manifestações). Por trás de um desejo visível há outros desejos, ocultos
e em relação sinérgica com o desejo visível, que atuam como suas causas
psicológicas. Debater-se contra o desejo visível ao invés de buscar suas causas
psicológicas ocultas limita a pessoa a esforços sem resultados. Quando descobrimos
as causas psicológicas ocultas, normalmente o desejo fica desarmado. Caso não
desarme, isso significa que ainda há outras causas psicológicas a serem descobertas.

Os desejos podem formar grupos que apresentam relações sinérgicas entre si. Por
relação sinérgica entenda-se uma relação não conflitante e de reforço mútuo. Quando
vários desejos diferentes apontam exatamente na mesma direção, para o mesmo
objetivo, estamos diante de uma relação sinérgica. Os grupos concordantes de
impulsos são chamados pela psicologia de "complexos" ou "agregados psíquicos".
Normalmente, um defeito não é constituído somente por um desejo, mas por vários
desejos agregados, sendo a maior parte deles ocultos: sentimos os impulso para a
satisfação, mas não sabemos exatamente o "porquê". O "porquê" está nos desejos
ocultos, que atuam como causas psicológicas.

As causas psicológicas ocultas necessitam ser reveladas e esclarecidas, o que se


consegue mediante a concentração e a meditação analíticas direcionadas às mesmas.
Quem não sabe concentrar o pensamento e refletir analiticamente em profundidade,
não poderá explorar o defeito para descobrir tais causas.

Suponhamos que você esteja apaixonado(a) e sua libido esteja fixa em determinada
pessoa. Você está sofrendo uma obsessão, quer se livrar e não consegue. Ao olhar
para si mesmo, à primeira vista, verá somente um impulso cego e louco. No entanto,
se você for prático na concentração/meditação e se perguntar a respeito dos motivos
de tal impulso ("Por que a desejo tanto?"), descobrirá desejos, emoções, temores e
valores escondidos. Concentre-se na pergunta e busque as respostas com a máxima
sinceridade e coragem possível. Você verá que, além do desejo visível de ter aquela
pessoa para si, há outros desejos que o reforçam. Pode ser que você a deseje tanto
porque simplesmente ela se negou a você, originando o desejo de vencer sua
resistência; pode ser que você a deseje porque deseja uma pessoa como aquela para
exibir como um troféu para seus amigos e parentes; pode ser que você a deseje
porque ela se pareça com alguma pessoa parecida do passado que você desejaria ter
de volta; pode ser que você a deseje porque esteja curioso(a) por saber se ela irá lhe
proporcionar prazeres inimagináveis etc. As causas psicológicas ocultas de um desejo
variam de um caso para outro.

Um homem pode gostar exageradamente de determinada prática sexual. Ao explorar


seu vício, poderá descobrir que valoriza tal prática por outros desejos ocultos (os
quais variam de uma pessoa para outra) ou até por temores. Explorando-se e
interrogando-se, ele poderia descobrir muita informação útil sobre o defeito e
compreendê-lo cada vez mais.
A despeito da crença freudiana na impossibilidade de realização de uma auto-análise
solitária, o fato é que a descoberta das causas ocultas costuma trazer alívio e foi
realizada por filósofos e ascetas espirituais desde a antiguidade.

Há, porém, outro aspecto nesse problema da compreensão: a necessidade de enxergar


cada vez mais objetivamente os fatos exteriores que nos afetam. Se descobrirmos as
várias facetas de um defeito, mas não nos preocuparmos em também trabalharmos a
compreensão dos fatos exteriores que os criam e os reforçam, perdemos os resultados
conquistados. De nada adianta descobrir facetas se continuamos a recriá-las e
alimentá-las. Portanto, além de compreender os egos, temos também que modificar as
impressões que os fatos deixam em nós. Falarei um pouco mais profundamente sobre
isso em outros posts.

Que fique claro, porém, que, no trabalho da Morte dos Egos, a compreensão não é
tudo. A compreensão é metade do caminho. A outra metade é completada pela
devoção intensa à Mãe Divina, que é quem realmente decapita e mata os nossos
defeitos. Sem a Mãe Divina, não haverá Morte. A psicoterapia, por exemplo, não
alcança a Morte porque exclui a Mãe Divina. A Morte somente se concretiza quando
oramos e suplicamos intensamente à Mãe Divina.

Que essas palavras cheguem exatamente àqueles que estiverem delas precisando.

Morte do Ego: transformando as impressões por meio

da Dualidade.
Aprendemos, em passadas reflexões, que devemos controlar os sentidos (Indryas),
evitando as percepções daquilo que reforça os egos. Aprendemos também que
devemos nos antecipar aos defeitos, removendo suas causas. No entanto, algumas
vezes somos inevitavelmente atirados em certas situações das quais não podemos
escapar. Quando isso ocorre, somos impactados emocionalmente pelos eventos de
forma brusca e repentina, sem chance de nos anteciparmos aos mesmos para evitá-los
ou desviarmos as percepções, fechando as portas às impressões destrutivas e
negativas. Em tais situações, a prática da transformação das impressões é uma
adicional ferramenta de trabalho que nos ajuda a modificar a maneira de recebermos
e percebermos os eventos da vida que nos atingem emocionalmente. Vamos analisá-
la mais de perto.

Por que Kaspar Hauser era insensível a ofensas e ameaças? Porque sua mente não
processava as ofensas como ofensas e nem as ameaças como ameaças, não havia
aprendido a entendê-las como tal. Certa vez um estudioso golpeou violentamente a
parede logo acima de sua cabeça e Kaspar Hauser não moveu sequer um músculo e
nem esboçou a menor reação. O estudioso então exclamou: "Totalmente insensível!".

Por ter crescido isolado do contato social, a mente de Kaspar Hauser não aprendeu a
reagir aos fatos externos. Sua mente era, num certo sentido, semelhante à mente que
gostaríamos de ter. No entanto, Kaspar Houser não possuía consciência disso, ou
seja, seu caso não se tratava de um processo consciente e voluntariamente adquirido.

As reações da mente aos fatos são, em grande medida, resultado de aprendizagem.


Aprendemos a reagir a cada fato de determinada maneira e a maneira como reagimos
corresponde à forma como os entendemos, como os processamos por meio da mente.
Reagimos às ameaças com medo porque as processamos mentalmente como perigos,
reagimos aos insultos e provocações com ira porque os processamos mentalmente
como agressões contra nossos pontos fracos. Quando alguém nos ofende em um
idioma que não entendemos, nossa mente não processa o ataque como tal e nada
sentimos. Nossas reações correspondem à forma como entendemos as coisas e, se as
entendemos de uma maneira distinta, as reações também mudam. Nesse sentido, as
emoções guardam estreita relação com a mente: sentimos em consonância à maneira
como entendemos. Se entendo um fato como ofensa, reagirei com ira, mas se entendo
o mesmo fato como um elogio, reagirei com vaidade ou ficarei orgulhoso. Esse é o
motivo pelo qual não adianta tentar corrigir as emoções sem corrigir o entendimento
e é também a razão pela qual os mestres instruem os discípulos a começarem o
trabalho interior pela mente. A mente é a guarida do desejo.

Nossa forma de entender os fatos é equivocada, o que nos leva a reagir com emoções
negativas àquilo que percebemos. Aquilo que chamamos de "fatos desagradáveis"
não são mais que formas tendenciosas de compreender o mundo. O caráter
desagradável não está no fato exterior em si, mas em nossa forma de entendê-lo, de
recebê-lo e processá-lo mentalmente. Um mesmo fato pode ser desagradável para
uma pessoa e agradável para outra, o que prova o caráter subjetivo de tais
percepções.

Desde crianças, ao longo de nossa vida (das muitas existências), aprendemos a


processar interiormente os acontecimentos de determinadas maneiras. O resultado
atual é que estamos condicionados mentalmente a entender o mundo de muitas
maneiras equivocadas. O trabalho de compreensão dos defeitos abrange a correção
desses pontos de vista equivocados que nos fazem sofrer.

Vejamos o exemplo do dinheiro. Desejamos loucamente mais e mais dinheiro


simplesmente porque o entendemos como o melhor bem de todos. Achamos que o
dinheiro irá comprar felicidade e tal entendimento equivocado nos leva a desejá-lo
intensamente. O mesmo se dá com todos os demais desejos, os quais são originados
por formas de entender.
Há, assim, uma estreita relação entre os desejos e emoções sentidos e as formas de
entender o mundo, a qual é processada pela mente e aprendida. Temos, portanto, que
"desaprender" o que foi erroneamente aprendido.

A forma pela qual a mente processa as percepções exteriores guarda estreita relação
com a imaginação. Se nos apontam uma arma de brinquedo e acreditamos que a
mesma seja real, sentiremos as emoções correspondentes. O motivo é que nos
imaginamos em perigo. Entre imaginar e entender há grande interdependência. O que
acontece quando uma pessoa, ao ser insultada, não entende direito o que está se
passando e imagina que o insultador está brincando, fingindo insultá-la? Ela não
reage com ira, pelo menos não antes de entender o insulto como tal. O motivo está na
imaginação: a pessoa se imagina em uma situação diferente do insulto.

Insultar ou ameaçar alguém é uma forma de ferir sua imaginação. A pessoa que grita
e ofende quer ferir a imaginação do outro. Quando a imaginação da vítima é atingida,
ela passa a pensar constantemente naquilo, sua mente é invadida por maus
pensamentos relacionados ao problema e assim permanece por um tempo
relativamente longo, de acordo com a intensidade da identificação da pessoa com o
fato.

Quando alguém tenta refrear suas emoções negativas sem corrigir o entendimento
equivocado que lhes corresponde, cria um conflito entre a imaginação e a vontade, ou
seja, entre a mente e as emoções, originando uma neurose. O resultado é a
intensificação do sofrimento. Se constantemente penso e ocupo minha imaginação
com um problema, não poderei deixar de sentir as emoções correspondentes.

Assim, temos que corrigir os entendimentos equivocados, mas como fazê-lo? Antes
de mais nada, corrigindo a imaginação. Se, no momento em que somos impactados
por um fato, o imaginamos da maneira oposta, desarmamos o ego naquele instante.
Isso se chama "transformar a impressão". Há que se entender claramente isto.
Todo entendimento dos fatos possui um entendimento contrário que o anula. Quando
encontramos a antípoda de um entendimento tendencioso e colocamos na mente, o
anulamos e chegamos a uma síntese, isto é, à neutralidade. Em última instância, os
fatos não são, em si mesmos, bons e nem maus, simplesmente existem, são processos
naturais. Por pior e mais traumático que seja um fato, o será somente do ponto de
vista subjetivo, isto é, do ponto de vista de quem o percebe assim. O Ego faz com que
sempre vejamos as coisas como boas ou más, desejáveis ou detestáveis. Passamos a
vida entre tais opostos, os quais são subjetivos, e não enxergamos a realidade
objetiva.

Diz o V.M.R. que podemos transformar a impressão que os fatos ocasionam


aplicando a Dualidade. Isso significa, no meu entender (pobre adormecido que sou!)
que temos que encontrar um modo de imaginar o fato que seja oposto ao modo como
o estamos imaginando naquele momento: se estou diante de uma mulher linda que me
perturba, devo imaginar algo que se encaixe perfeitamente naquela situação e anule a
fascinação por sua beleza. Não é qualquer coisa que serve e isso varia de uma pessoa
para outra. Para alguns, pode dar resultado imaginar que aquela pessoa é um simples
ser humano, um mero animal racional como todos somos, um mamífero bípede. Para
outros, imaginar o corpo da mulher envelhecendo e se desintegrando na sepultura
pode dar o mesmo resultado (não se trata de desejar que ela morra e sim de enxergar
o outro lado da questão). Isso varia. O que importa é ir além dos opostos e chegar à
sintese, que é a neutralidade, passando além do desejo e da aversão. Estamos em um
pólo do entendimento e, para ir além dos pólos, temos que encontrar o entendimento
oposto, para confrontar ambos. Após o confronto, nos liberamos (temporariamente)
daquele tormento mental e das emoções correspondentes. Essa é a forma como
entendo a prática da transformação das impressões.

Transformar as impressões é, de certa maneira, algo assim como enganar a mente, a


qual, por sua vez, já nos mantinha previamente no engano. Não se trata de
enganarmos a nós mesmos (nossa consciência), pois isso já o fazemos a todo
momento, mas sim de enganarmos a mente, para convencê-la a entender os fatos de
outro modo. Enganamos a mente para reverter o engano ou erro no qual ela incorreu,
que é o de tomar os fatos de uma forma que nos prejudica e ocasiona emoções
negativas e destrutivas.

Diante de um insultador, podemos imaginar (silenciosamente) que o mesmo não está


nos insultando, somente encenando uma representação teatral. Essa imaginação seria
o pólo oposto da imaginação comum (mecânica), à qual já estamos previamente
condicionados, estejamos conscientes disso ou não. Mediante a imaginação oposta,
corrigimos o erro, obtemos uma compensação e, ao atingirmos o equilíbrio entre as
duas imaginações, por meio do incremento da imaginação que estava
descompensada, escapamos da polaridade.

Quando uma pessoa nos ridiculariza ou tenta nos trapacear, podemos anular o efeito
emocional provocado se procurarmos entendê-la (ou imaginarmos, se você preferir
assim) como alguém que se encontra em um estado lamentável, muito pior que
aquele em que estamos. Essa imaginação fornecerá o pólo contrário necessário para a
correção da percepção tendenciosa equivocada. Então, se estivermos práticos, a ira
poderá se transformar em piedade e não sofreremos. A irritação diante do escárnio
provém da idéia, ainda que inconsciente, de que o escarnecedor está em condições
superiores às nossas (e, portanto, em condições de nos ridicularizar), o que é um
equívoco, pois o escárnio, em si mesmo, não é bom e nem mau, simplesmente é um
fato que existe, mas que a ira não nos permite perceber objetivamente. Tampouco o
escárnio, de um ponto de vista objetivo, coloca o escarnecido em uma posição
inferior ao escarnecedor, somente o faz desde um ponto de vista subjetivo, pois,
objetivamente, a vítima, em si mesma, não perde e nem ganha nada ao ser
escarnecida (prova disso é que, quando o escárnio não é compreendido como tal, não
atinge a pretendida vítima). Portanto, o ponto de vista da ira de quem é vítima do
escárnio é subjetivo, tendencioso e equivocado, necessitando ser corrigido. Uma
pessoa como o Buda é completamente imune ao escárnio e não necessita fazer força
alguma para tanto, porque simplesmente vê o mundo de forma objetiva, sem os
equívocos tendenciosos da dualidade.

Quando a alma escapa da mente, durante a meditação, se liberta também da dualidade


e já não vê o mundo como uma soma de coisas boas e más, desejáveis e detestáveis.
Vida e morte, doença e saúde, velhice e juventude, pobreza e riqueza perdem seu
sentido. Escapar da mente é perder a noção daquilo que entendemos ordinariamente
como lógica, coerência e sentido, para adquirirmos uma superconsciência onde tudo é
resignificado. Porém, na meditação, tal estado é temporário e nós queremos algo
mais: almejamos cristalizar definitivamente tal estado em nós, o que somente é
possível mediante a Morte do Ego.

A prática de imaginar os fatos como sendo o contrário do que normalmente


imaginamos que sejam não provoca a morte dos defeitos que estão por trás das
imaginações mecânicas e emoções negativas, porém os desarma temporariamente, o
que é de grande valia. Esta é a prática da Transformação das Impressões, que faz com
que recebamos os acontecimentos de outra maneira e impede a criação de novos
defeitos. Esta prática não substitui de modo algum a Morte em Marcha e nem
tampouco lhe é incompatível. É uma arma ou chave adicional que os Veneráveis
Mestres nos entregaram para a Morte. Obviamente, quem pratica a Morte em Marcha
está corrigindo os entendimentos equivocados e imaginações tendenciosas, pois do
contrário perderia todo o trabalho alcançado.

Diante de um fato, o primeiro cuidado deve ser o da recordação de nós mesmos


(Recordação de Si), para evitar que a fascinação nos "apague", mas isso não basta. O
segundo cuidado deve ser a Auto-observação, para verificarmos se estamos sendo
atingidos em algum centro da máquina ou não. Se estivermos sendo atingidos, o
próximo passo é aplicar a Morte em Marcha e a Transformação das Impressões entra
aí como um trabalho fusionado. O resultado dessas práticas é o aumento cada vez
maior da compreensão.

Transformamos as impressões compreendendo as situações. Ao compreendê-las,


modificamos a forma de pensar e imaginar a respeito das mesmas. É claro que
aprofundar a compreensão sobre algo equivale e a modificar os pensamentos e
imaginações que tenhamos a respeito. Ninguém poderia aprofundar a compreensão e
continuar com as mesmas idéias pois o compreender exige uma modificação no
entendimento. Compreender é descobrir o novo e descobrir o novo é deixar a velha
concepção. Quanto mais compreendo algo, mais modifico minhas concepções a
respeito daquilo e, por extensão, meus pensamentos e imaginações relacionados.

A transformação das impressões não é uma análise dos defeitos, mas sim das
situações que os evocam. A análise dos defeitos pertence a uma outra instância do
trabalho interior. Transformamos as impressões no momento de entrada, no instante
em que os acontecimentos exteriores nos impactam e chocam o nosso psiquismo. A
impressão deve ser transformada imediatamente, por me, meio da compreensão.
Transformar a impressão é "mudar a forma de ver", modificar o ponto de vista, alterar
o significado do fato que nos impacta ou choca. Os acontecimentos sempre nos têm
chocado sem que os percebamos conscientemente, mas agora temos que nos tornar
conscientes desses choques. Quando começamos a perceber conscientemente o
impacto dos eventos da vida, experimentamos o Primeiro Choque Consciente (pois
até então os eventos nos chocavam inconscientemente, ou seja, tínhamos somente
choques inconscientes). O choque consciente é o choque modificado pela
compreensão.

Quando compreendemos algo, modificamos a impressão que aquilo nos causa e


passamos a vê-lo de outra maneira, mas para tanto é necessário refletir sobre a
situação impressionante até o ponto de irmos além da forma como sempre a vimos.
No entanto, há um obstrução para essa reflexão, para tal compreensão: os
condicionamentos passados do Ego.
A única forma de modificarmos as impressões no momento de sua entrada, antes que
causem danos, é por meio da Morte em Marcha. A Morte em Marcha modifica a
impressão que os fatos provocam. Quando transformamos uma impressão, os egos
correspondentes não se alimentam e não surgem novos egos ou novas facetas egóicas
em nosso psiquismo. Assim, podemos interromper o processo de decadência
espiritual.

Os defeitos existentes são impressões que não foram transformadas no passado e


agora vibram intensamente em nosso psiquismo, originando formas equivocadas de
ver, perceber, pensar e imaginar os fatos da vida.

A visão que temos do mundo, da vida, dos problemas, dos prazeres etc. são falsas e
mentirosas, mas acreditamos que sejam reais, pois estamos enganados pelas
impressões equivocadas que fortificamos no presente e no passado. E Ego nos engana
e nos faz ver o mundo de determinada maneira condicionada, a qual nos leva a temer
a dor e desejar os prazeres, pois estamos presos na dualidade. E isso está diretamente
ligado à imaginação pois imaginamos as coisas de acordo com a impressão que delas
tenhamos.

Portanto, quem quer modificar seus estados internos, necessita transformar as


impressões que os fatos externos lhe causam. E quem quer transformar as impressões
necessita compreender melhor e de forma mais objetiva tais fatos, receber de forma
consciente o choque ou impacto que os mesmos ocasionam no psiquismo, não nutrir
impressões equivocadas com respectivas imaginações equivocadas e também, é claro,
aplicar a Morte em Marcha em cada pequena alteração que os acontecimentos
provoquem em seus centros, pois tais alterações não são mais que impressões não
transformadas. Uma impressão não transformada é uma impressão equivocada,
errônea e falseante.
Após a leitura deste post, sugiro a você que estude profundamente esta conferência,
sob a perspectiva da Morte em Marcha e dos Detalhes:

A Transformação das Impressões - Conferência de Samael Aun Weor

Ao estudar a conferência, você descobrirá que o ensinamento sobre a Morte em


Marcha e os Detalhes converge completamente com o ensinamento sobre a
Transformação das Impressões.

Concentrar-se é também aprender

Concentrar a mente em algo é, entre outras coisas, aprender a respeito daquilo.


Aprender algo pela concentração da mente inclui extrair informações do inconsciente,
trazendo-as à consciência.
Quando queremos muito resolver um problema importante, pensamos nele
constantemente. Isso é uma forma de concentração da mente, a qual se ocupa com a
questão problemática, procurando saída. Embora nem sempre seja algo saudável, pois
a mente, em tais casos pode ficar obsessionada pelo problema e provoca um sem
número de reações emocionais e corporais negativas, além de nos distrair no
cotidiano, tal ocupação mental contínua serve como exemplo para entendermos
melhor o que é a concentração do pensamento. Concentrar a mente é pensar
continuamente em algo, sem interrupção, pelo que tempo que dispormos para nos
dedicarmos exclusivamente a essa tarefa, sem nos desviarmos e nem nos distrairmos
com outras coisas.
Podemos dizer, portanto, que existe uma forma de concentração boa e outra má ou
prejudicial. Quando você está obsecado por algo, está concentrado naquilo, embora
tal concentração possa ser prejudicial. O ideal proposto pelo ensinamento espiritual é
que nos concentremos em temas edificantes, que nos façam bem, estimulem emoções
superiores e nos deixem absolutamente em paz. Usei, portanto, o exemplo da má
concentração da mente apenas como um exemplo para melhor entendimento do que é
uma boa concentração da mente, pois ambos os tipos de concentração, embora sejam
contrários, são também similares.
Quando nos concentramos em um koan, é recomendável que tentemos compreender
profundamente aquela frase propositalmente sem sentido, até que possamos
“atravessá-la” e cair do outro lado, no reino onde a lógica que conhecemos não
funciona. Se tivermos uma questão filosófica ou um problema que nos importuna,
podemos usá-lo como lakshya em nossas sessões de meditação, desde que os mesmos
não provoquem emoções negativas. Se uma pessoa se concentrasse em cenas
pornográficas ou de terror, por exemplo, é claro que seria assaltado pelas emoções
inferiores correspondentes, as quais seriam qualitativamente muito diferentes das
emoções estimuladas pela concentração nos céus, nas nuvens, em uma cachoeira, em
uma floresta, na Mãe Divina, no Cristo ou no Senhor Buda.
É de grande valia, durante o exercício da concentração (dharana), pensarmos para
aprender. Aprender é descobrir o que não sabíamos, aprofundando-nos no tema.
Sivananda chama esse tipo de prática de meditação analítica.
Em dharana, a mente, isto é, os pensamentos e a imaginação, devem fluir com a
mesma naturalidade com que fluem quando a mente está dispersa, com a diferença de
que seu fluxo ocorre dentro de um tema, aprofundando-o, ao contrário do
funcionamento comum da mente, em que seu fluxo abrange muitos temas
infinitamente, passando de um para outro, e não se aprofundando em nenhum. Em
dharana, a infinitude do funcionamento mental se dá em profundidade, não em
abrangência.
Quando você estiver muito preocupado com um problema grave, sua mente se
concentrará com facilidade naquilo que está lhe causando preocupação, mas você não
deve fazê-lo, pois o seu sofrimento aumentará até níveis insuportáveis. Ao invés
disso, procure um tema contrário que lhe seja muito atraente e lhe faça bem,
proporcione emoções superiores, e concentre-se profundamente nele. Deste modo,
através da dualidade, o tema superior suplantará os efeitos do tema inferior. Caso sua
concentração seja profunda, você se libertará completamente do sofrimento
emocional ocasionado pelo problema. O ideal é atingir um estado em que o problema
não exista para você.
Se, no entanto, o problema não for algo que provoque emoções inferiores e violentas,
você pode usá-lo como objeto de sua concentração. Neste caso, simplesmente pense e
pense naquilo pelo tempo disponível para a sua prática, mas não o faça fora das
sessões de meditação, quando estiver trabalhando, dirigindo ou andando na rua, pois
nessas situações a sua atenção deve estar naquilo que você está fazendo e não e um
tema abstrato fora da realidade presente.
Se você se concentrar em um problema, por exemplo, em uma questão filosófica ou
científica, muitas idéias e insights surgirão, e sua compreensão sobre o assunto será
cada vez mais profunda. Sua mente fluirá e você construirá cada vez mais
associações de idéias direcionadas dentro do tema proposto. Uma questão estratégica
relacionada a algum tipo de trabalho também pode ter o mesmo resultado.
Suponhamos que você tenha que consertar uma parte difícil do telhado de sua casa e
não saiba como. Você poderá dedicar alguns minutos para pensar naquilo e aprender
algo a respeito. Assim você poderá aprender melhor o que é a concentração e como
aplicá-la na resolução de problemas do cotidiano.
A concentração analítica é especialmente útil na análise de nós mesmos, de nossas
emoções e problemas psicológicos, promovendo a melhor compreensão dos nossos
egos.
A prática da concentração em plantas, por outro lado, serve mais para
desenvolvermos a capacidade de penetrá-las com a imaginação, mas não tanto para
desenvolvermos a capacidade analítica, pois costuma haver um ponto além do qual a
imaginação se esgota e não conseguimos extrair mais informações sobre a planta com
que nos ocupamos. No entanto, quando plenamente desenvolvida, também termina
resultando em aprofundamento da compreensão pois, em última instância,
imaginação e cognição são interdependentes e não se dissociam.
O aprender e o compreender se dão pela concentração da atenção e do pensamento.
Isso deveria ser levado em conta pelas ciências da educação.

Super-esforço e negligência

Temos que diferenciar o esforço intenso do esforço correto. Um esforço intenso, se


for incorreto, não dará resultados bons. Um esforço correto, se não for intenso,
também não dará resultados bons. Um super-esforço e correto, se for realizado sem
tensões e nem desesperos, nos conduzirá a resultados bons.

Um esforço sem tensão é um esforço sereno e, ao mesmo tempo, desprovido de


negligências. É o esforço sem qualquer abertura para sermos relapsos, um esforço
com tolerância zero à negligência. Esse é o super-esforço do qual falam os mestres.

Temos que estudar e meditar em nossas próprias experiências constantemente, para


que nosso esforço seja cada vez mais acertado.

O super-esforço está relacionado com a persistência e a dedicação plenas. O esforço


comum não apresenta persistência e nem dedicação contínua. No esforço comum, há
uma dedicação temporária. Por isso o esforço comum não serve para o espiritual.
Quando, em certas postagens, critico o esforço, não estou de modo algum louvando a
negligência. O esforço que critico é o desespero da tensão, o qual intensifica o nosso
estresse e trava o desenvolvimento. Não nos ocupemos com o desespero e sim com a
seriedade, a dedicação e a disciplina.

Morte do Ego: corrigindo impressões equivocadas

Você está andando na rua e de repente alguém ri da sua cara. Você então fica bravo.
O que isso indica? Entre outras coisas, que você não enxergou a realidade do riso.
Sua visão está "enviesada" pelo eu da ira. A ira está "colorindo" e subjetivando sua
percepção do fato.

Em si mesmo, como coisa em si, nenhum riso é irritante. No entanto, nós atribuímos
ao riso significados variados, conforme os contextos em que ele se dá. Se
possuíssemos uma percepção absolutamente objetiva, não consideraríamos o riso
como uma provocação, mas apenas como um som, pois é isso o que ele é. Nossa
mente, então, não reagiria. Teríamos o estado mental dos budas, os quais são
impenetráveis ao escárnio e não necessitam "resistir" à ira, pois não a possuem, a
desarmaram dentro de si mesmos.

Portanto, nossa percepção do riso como escárnio é equivocada, é uma percepção


falsa, pois o riso, em si mesmo, é apenas um som. Por mais escarnecedora que seja a
intenção de quem ri, seu riso será somente um som, ainda que com intenções de
provocar. No entanto, as tentativas de provocação se tornam vazias quando não temos
a ira, pois é a ira que faz a provocação ressoar em nosso interior como ofensa. Em
outras palavras, a provocação não existe para aquele que eliminou a ira de si mesmo
pois sua visão do mundo, da realidade, é distinta da visão que seria proporcionada
pela ira.
Ao andar na rua e perceber o riso, você se enfureceu porque não transformou a
impressão, permitiu que a impressão entrasse em seu psiquismo sem ser
transformada. A visão errônea do riso teve livre curso e se cristalizou em sua psique
sob a forma de ira, raiva ou algo assim. Por mais estranho que pareça, você não
percebeu o riso de forma objetiva e exata, mas de forma equivocada e tendenciosa.
Você não percebeu o riso em si mesmo, mas sim uma imagem do riso, moldada por
suas imaginações e crenças. Sua mente atribuiu ao riso o significado de uma
provocação ou desafio, o rotulou como tal, por ter sido condicionada a isso no
passado. O riso causou uma impressão de ira por não ter sido compreendido tal como
é. Ao permitir que a impressão ocorresse sem participação da consciência, houve um
impacto inconsciente do riso em seu psiquismo. Se houvesse um impacto ou choque
consciente, o riso teria deixado uma impressão distinta. Se você pensasse a respeito e
imaginasse o riso de outra maneira, uma impressão ou marca distinta teria sido
deixada em seu interior, mas você o recebeu como provocação.

Para modificar a impressão que os acontecimentos deixam em nós, temos que refletir
sobre os mesmos até o ponto em que a reflexão modifique a forma como os
encaramos. Tentando olhá-los de forma cada vez mais objetiva, exata e profunda,
vamos corrigindo os equívocos e recebendo as impressões de outro modo.

Transformar as impressões que os acontecimentos nos causam é algo muito bom e


útil, mas requer sinceridade absoluta. Transformar as impressões é corrigir as
impressões equivocadas que entram e causam desastres e prejuízos em nosso interior
a todo momento. Não é demais dizer que tudo isso precisa ser feito em sintonia com a
Morte em Marcha sobre cada detalhe ou faceta dos defeitos. Os detalhes ou facetas
não são outra coisa senão impressões equivocadas que estão vibrando e necessitam
ser desarmados pela compreensão. A compreensão corrige as impressões
equivocadas, restabelecendo uma melhor conexão com a realidade.

Ampliação em 21/05/2014
Cada objeto que percebemos nos impressiona de uma forma específica, ou seja, fere o
nosso psiquismo e deixa uma impressão. A impressão corresponde ao viés pelo qual
tomamos o fato.

Transformamos a impressão quando refletimos sobre o objeto que nos impressiona.


Ao fazê-lo, mudamos nossa forma de pensar a respeito e, consequentemente, nossa
forma de percebê-lo e senti-lo.

Portanto, no trabalho de Transformação das Impressões, refletimos sobre o objeto e,


no trabalho de Morte do Ego, refletimos sobre o sujeito. O objeto é aquilo que
percebemos (o fato que nos impressiona, qualquer que seja) e o sujeito somos nós
mesmos.

Os problemas são criações artificiais da mente

No fundo, o sofrimento não existe.

No Mundo Real, fora da mente, não há significados. Os significados são atribuídos


pela mente. Quando escapamos da mente, transcendemos os significados e, então,
vida e morte, dor e prazer, alegria e tristeza perdem sua distinção.

A própria dor física é, no fundo, psicológica e um significado atribuído. Prova disso é


que muitas vezes nos ferimos e somente passamos a sentir dor após nos darmos conta
do ferimento.

No mundo real, além da mente, não existem problemas. Problemas são significados
que atribuímos a certos fatos, ou seja, uma forma de entendê-los. Nenhum fato, por
cruel que seja, é um problema em/por si mesmo, nenhum fato é problema sozinho,
sem a presença humana. Os fatos se tornam problemas apenas quando existe alguém
para sofrer por causa deles.

Não adianta tentar forçar essa compreensão, não é possível obtê-la pela força bruta.
Somente a meditação profunda pode nos conduzir a ela.

Existem formas condicionadas, sólidas e cristalizadas de entender as coisas. São


formas de entendimento mais rígidas que o aço e que não cedem ao mero esforço.
Somente a reflexão constante e profunda a respeito das mesmas e dos fatos exteriores
que elas distorcem pode removê-las aos poucos. As formas do entendimento,em
última instância, sempre distorcem a realidade, são equivocadas. Precisamos
transcendê-las, o que é possível por meio da reflexão e observação constantes e
absolutamente sinceras. Quanto mais meditamos em algo, mais profundamente o
compreendemos. Quanto mais profundamente o compreendemos, mais nos
distanciamos do entendimento equivocado inicial. O que importa é ser cada vez mais
objetivo, realista. Se nos aprofundamos demais, nos tornamos tão realistas que já não
podemos dizer que "entendemos" e sim que experimentamos de forma direta, além da
lógica (ou daquilo que as pessoas costumam de chamar de lógica).

Nem sempre é bom meditar em um problema, isso depende do caso. Se a tentativa de


meditar em um problema faz com que ele se torne maior e cada vez mais
significativo, é melhor ocupar-se com outra coisa. Porém, em certos casos, meditar
em um problema nos liberta. Em nossas práticas de meditação, devemos nos ocupar
com aquilo que nos faz bem e não com o que nos provoca mal estar. Se nos
ocuparmos com aquilo que nos faz mal estar, fracassaremos e não realizaremos
meditação alguma. Esta é a minha opinião.

Quem destrói o Ego e se liberta da mente, vive no plano da realidade objetiva (o


Absoluto), além de todo sofrimento e problema.
Concentração: aprendendo a pensar sem palavras
Palavras e dizeres também são enganadores; calmo, descanso minha mente no
estado sem esforço. (Milarepa, A Canção dos Doze Enganos)

Em uma fase inicial do aprendizado da concentração, o praticante pensa por meio do


recurso de sua linguagem nativa, usa mentalmente seu próprio idioma (português,
inglês, guarani, karib, mandarim, cantonês, árabe, persa etc.) para pensar. Sua mente
aprendeu a pensar idiomaticamente e não é capaz de fluir sem recorrer à linguagem
interna.

Ao exercitar a imaginação consciente, a mente vai se desprendendo da necessidade de


recorrer ao idioma e passa a pensar de maneira mais imaginativa. A pessoa, durante
suas práticas, deixa de conversar consigo mesma e visualiza (internamente) os
processos nos quais se concentra de forma cada vez mais clara. Também poderá ouvir
sons relacionados àquilo em que está se concentrando. Caso tente analisar as visões e
sons que começam a se desenvolver em sua imaginação, deterá o seu fluxo.

A imaginação fluente em torno do lakshya é aquilo que as pessoas chamam de


pensamento único ou mente concentrada. É uma imaginação objetiva, que não muda
de tema a todo instante como ocorre com a imaginação comum.

Se o praticante estiver se concentrando em uma cachoeira, não precisará dizer para si


mesmo "esta água é cristalina, cai sobre as rochas e se esvai ao longo do curso do
rio". Simplesmente visualizará o processo, escutará os sons da água, mas sem dizer
nada para si mesmo, em silêncio interior. Esse esvaziamento do falatório interior
assinala o princípio da aquietação da mente.
Não é muito fácil atravessar esta primeira etapa, pois a mente foi acostumada durante
toda a vida a tagarelar e quer insistir em seus velhos hábitos. Nossa função
imaginativa está atrofiada, pois não a utilizamos senão da mesma forma mecânica,
subjetiva e superficial de sempre. A imaginação comum, mecânica, é superficial
porque não se aprofunda em nada, mariposeia aqui e ali, mudando constantemente de
objetivo. É uma imaginação subjetiva, pois não se detém em nada por mais de alguns
segundos. O poder imaginativo está atrofiado devido ao desuso, entretanto, pode ser
perfeitamente desenvolvido se o exercitarmos diariamente.

Podemos pensar silenciosamente de forma concreta ou de forma abstrata. A


visualização das partes e dos detalhes anatômicos de uma planta é um exemplo de
pensamento concreto. A reflexão sobre as virtudes espirituais, como a compaixão, é
algo mais abstrato. É muito mais fácil pensar silenciosamente de forma concreta do
que de forma abstrata. Um principiante não conseguirá pensar de forma abstrata sem
recorrer às palavras, será impelido a conversar consigo mesmo. No entanto, dizem os
mestres que o adepto, à medida que se desenvolve na meditação, vai aprendendo a
pensar de forma cada vez mais abstrata e silenciosa, pois vai desenvolvendo seus
sentidos internos e adquirindo progressiva experiência. Em outras palavras, aquilo
que para nós é exageradamente abstrato, para o adepto desenvolvido é algo concreto
e palpável, que ele vivencia de forma direta por meio de seus sentidos internos, assim
como nós vivenciamos o mundo físico de forma sensorial.

A aprendizagem do pensar sem palavras requer, então, que exercitemos inicialmente


a capacidade de pensar (imaginar) silenciosamente sobre algo concreto. Detalhes
anatômicos, funcionamentos, funções, estrutura interna e constituição físico-química
de objetos sensíveis (plantas, rochas, nuvens, rios etc.) servem como ponto de partida
para a prática da imaginação. Saberemos que a imaginação está mais ou menos
desenvolvida quando formos capazes de visualizar o objeto com certa nitidez supra-
sensorial. Quando, sentados em nosso quarto e imaginando uma cachoeira,
começarmos a "ver" e a "ouvir" a cachoeira, com os olhos fechados, isso indicará que
a imaginação está se desenvolvendo.

Por mais sofisticada que seja a linguagem utilizada na conversa que alguém tenha
consigo mesmo, será tão somente um indício de que a concentração não se
aprofundou, ainda está em um nível superficial.

Quando as imagens e sons internos começam a fluir, o praticante deve deixar que
fluam livremente e tomem o seu curso, sem tentar controlá-las. Aqui reside uma
dificuldade, pois o praticante tende a analisar constantemente se o seu curso
imaginativo está se desviando do lakshya ou não. Tal análise racional interrompe o
processo. O mais indicado é não preocupar-se com tal desvio, esquecê-lo
completamente. Dúvidas e checagens a respeito de se estar ou não fazendo as coisas
corretamente matam o curso da prática e a sabotam. Portanto, ao mesmo tempo em
que buscamos desenvolver o pensamento sem desviá-lo, tampouco devemos nos
preocupar em não desviá-lo. Neste nível, começamos a sair da lógica e do racional:
queremos nos manter focados no lakshya sem nos preocuparmos em estar focados no
lakshya. É normal que a mente considere isso uma contradição e fique confusa. A
confusão assinala dúvidas. Se corrermos atrás das dúvidas, voltamos para trás e não
avançamos.

Não há necessidade alguma de entrarmos em conflito com a tagarelice interior, com o


intuito de calá-la à força. O mais indicado é abandoná-la, esquecê-la, e nos focarmos
completamente em nosso trabalho de imaginar o objeto de forma cada vez mais clara.
Quaisquer preocupações que surjam irão atrapalhar, incluindo preocupações bem
intencionadas de não nos desviarmos.

É muito fácil pensar aleatoriamente e um pouco difícil pensar de forma específica,


ainda mais se o quisermos fazer imaginativamente e sem recorrermos à fala mental.
Conforme exercitamos nossa capacidade de pensar sem palavras, vamos nos
libertando do condicionamento racionalista idiomático.

Pensando silenciosamente no abstrato

Quando queremos pensar sem palavras em algo concreto, que faz parte de nossa
experiência sensorial, basta imaginarmos silenciosamente o objeto e tudo o que seja
intrínseco ao mesmo. Porém, se queremos pensar em algo abstrato sem recorrer à
linguagem, é normal nos sentirmos confusos, como se estivéssemos perdidos, pois
faltam-nos imagens. É difícil prescindir das palavras quando queremos pensar em
algo abstrato; é muito fácil fazê-lo ao pensarmos em algo concreto.

Se tentarmos descartar as palavras ao pensarmos em um bambu, podemos fazê-lo


com certa facilidade, bastando para isso imaginar o bambu, sua cor, textura, forma
etc. mas não podemos fazer o mesmo se quisermos concentrar o pensamento no
Atman. O motivo é que o bambu faz parte de nossa experiência sensorial enquanto o
Atman não faz, pois, devido ao nosso adormecimento, não temos cotidianamente
experiências diretas, conscientes e objetivas com o Atman. Se quisermos nos
concentrar e refletir silenciosamente na frase "Sou o Atman", teremos que apelar para
o sentir, pois não há formas físicas que correspondam ao sentido de tal frase e sirvam
para refletir silenciosamente na mesma. O sentir é uma espécie de faculdade
cognitiva silenciosa, distinta do intelecto e dos raciocínios, que permite diferenciação,
discriminação e discernimento. Podemos sentir, por exemplo, a diferença entre os
sabores da laranja e da mação, ainda que não consigamos conceituá-los com exatidão;
podemos sentir o sabor da água pura, que escapa totalmente às definições, o sabor do
vento e do calor, entre outros.

Quando percebemos algo no mundo físico, uma pessoa ou um cavalo por exemplo,
sentimos um "algo" específico em relação àquilo. Esse "algo" possui um teor
qualitativo indefinível e corresponde a uma forma interna de sensorialidade. É
exatamente este "sentir" específico que pode ser usado para nos concentrarmos em
algo abstrato sem nos valermos do recurso da palavra, da linguagem e dos conceitos.

Obviamente, imaginações conscientes espontâneas podem acompanhar o processo.


Quem trata de adormecer concentrando totalmente sua atenção na sensação interior
provocada pela frase "Sou o Atman", experimentará visualizações, "closed eyes
visions" e experiências semelhantes a sonhos relacionadas ao tema em que se
concentrou. Neste caso, o lakshya é a sensação interior de que se é o Ìntimo.

Em si mesmo, o Atman não é abstrato, mas nossa experiência atual com o Atman,
por ser subjetiva, é abstrata.

Aforismos sobre o desenvolvimento espiritual

Ao invés de fazer esforços para aprofundar a concentração, empenhe-se em prolongá-


la. A natureza fará o resto.

*****

Explicada de outro modo, a Morte do Ego pode ser definida como uma atrofia, pelo
desuso, dos estados mentais e emocionais negativos.

*****

Se você estiver meditando em uma floresta e de repente experimentar a visão de um


jaguar (onça) ou de uma serpente, essas visões fazem parte do seu lakshya. Se você
estiver meditando no mar e experimentar a visão de um navio, você também não terá
se desviado do seu lakshya.

*****
Aprenda a desviar o caminho muito antes que o desejo cresça e se torne
incontrolável.

*****

A meditação será uma aliada da Morte em Marcha se a utilizamos para analisar um


defeito com o intuito de compreendermos por onde o alimentamos. O indicado é
refletir a respeito dos caminhos pelos quais o defeito adquire força.

*****

Quando você estiver sonolento e quiser concentrar-se em uma imagem com os olhos
fechados, visualize a imagem e procure enxergá-la com o terceiro olho como se este
fosse um olho físico. Não entendeu? Explico melhor: procure literalmente VER com
os olhos da imaginação. Mantendo os olhos fechados, VEJA o objeto que você está
imaginando. Sua percepção clarividente se tornará assim cada vez mais clara.

*****

Há uma diferença entre desviar intencionalmente os sentidos (indryas) e a vida das


tentações que nos perseguem e isolar-se geograficamente das tentações. No primeiro
caso, elas estão por perto, mas nos isolamos delas voluntariamente e não somos
afetados. No segundo caso, elas estão distantes e inacessíveis, motivo pelo qual
estamos involuntariamente isolados das mesmas e não somos afetados. O primeiro
caso é o da Morte do Ego. O segundo caso corresponde mais à meditação.
Precisamos equilibrar as duas formas de isolamento.

*****
Seja seu próprio instrutor, esteja sempre aprendendo algo novo, estabeleça metas. Ao
refletir sobre suas próprias práticas em busca da correção de erros e problemas, você
está ensinando a si mesmo. Ao ensinar a si mesmo, você está, na verdade, dando
oportunidades às Partes Superiores do Ser para que te instruam, te guiem, te levem e
te orientem. Seu poder de refletir sinceramente e compreender, assim como as
conclusões e aspirações que daí advém, provém do Alto.

*****

Saibam vocês, que estão lendo estas linhas, que o mundo físico em que vivem não é o
único e nem o mais real mundo existente. Os mundos espirituais apresentam impacto
realístico mais intenso que este mundo fenomênico de relatividades. Os mundos
internos, apenas postulados pelos físicos como multiversos, são universos materiais
muito reais, que coexistem paralelamente a este.

*****

Pequenas alterações, leves, sutis, quase imperceptíveis, ocorrem a todo momento e


não são notadas, a menos que as estejamos observando intencionalmente: são os
detalhes do Ego.

*****

Não espere as catástrofes emocionais começarem para correr atrás delas. Aprenda a
trabalhar com o mínimo e com o que antecede. Aborte o furacão antes que se instale.

*****

A luxúria aumenta seu poder quando contemplamos imagens e cenas luxuriosoas em


nossa mente (imaginação) ou com os nossos olhos (sentido da visão).

*****

Ore várias vezes ao dia e não somente nos seus horários habituais.

*****

O problema está nas pequenas concessões que fazemos ao desejo a cada instante.

*****

Nem sempre os resultados da meditação se fazem sentir no momento exato da


prática. A meditação pode apresentar resultados indiretos, posteriores e nem sempre
perceptíveis. Pode dar-se o caso de alguém praticar muito a concentração, não ver
resultados imediatos mas, posteriormente, tornar-se consciente durante os sonhos, ter
sonhos com conteúdos elevados ou experimentar um alívio emocional.

*****

O ideal é a neutralidade em relação às coisas. Pequenos desgostos ou, ao contrário,


pequenas atrações ou paixões, são sutis manifestações de defeitos. Uma pequena e
inofensiva reação de desagrado a algo sem importância é um detalhe que pode
resultar em uma grande catástrofe no futuro.

*****

Um mínimo pensamento é suficiente para iniciar um intenso processo luxurioso do


qual não possamos nos livrar. Vigie os pensamentos e não permita os mínimos
pensamentos luxuriosos.

*****

Após uma cairmos em tentação, o melhor a fazer é refletirmos a respeito do caminho


percorrido até aquele resultado. Temos que nos perguntar: quais foram as pequenas
concessões que fizemos ao vício ou defeito, até ficarmos tomados e satisfazê-lo?
Onde estão as causas horizontais?

*****

Durante a meditação, a impaciência dos músculos por movimentos pode estar


indicando a necessidade de relaxá-los mais.

*****

O melhor a fazer, durante a paralisia do sono, é aprofundar o relaxamento e a


concentração.

*****

Quem se deixa guiar pelo Ser faz rápidos progressos. Aprenda a não sabotar e a não
ignorar as orientações do seu Íntimo. Se você prestar atenção, Ele te mostrará
exatamente onde está errando. Após cada fracasso, medite e pergunte-se: "qual foi o
erro que cometi desta vez?" Revise sua conduta, procure pela resposta e a resposta
virá. Assim, os degraus da escada do ascenso vão sendo construídos. Sua inteligência,
discernimento e poder de intuição são virtudes do seu Íntimo. Ele te guiará através da
tua própria inteligência e discernimento.
*****

Por mais afundados e perdidos que estejamos, há momentos em que a mente repousa
e desfrutamos de uma pureza temporária. Se soubermos como não voltar para a
masmorra da identificação, podemos prolongar esses momentos indefinidamente.

*****

Não entre no mundo da identificação com os prazeres e dores mundanos, mantenha-


se longe. Se você está dentro, não retorne depois que conseguir sair.

*****

O progresso na meditação requer acumulação de virtudes sáttwicas. A acumulação


das virtudes sáttwicas requer que se medite várias vezes por dia. Aqueles que, após
uma sessão de meditação, correm para se identificar com os problemas e atrativos do
mundo, estão dissipando as poucas virtudes que acumularam.

*****

Pense com leveza no objeto da concentração. Busque sempre a leveza nas práticas.

*****

Os mínimos sinais corporais que se sente durante o relaxamento devem ser tomados
como indícios favoráveis de avanço na meditação.

*****
Quem cai sexualmente, após ter se mantido casto por alguns meses, semanas ou
mesmo dias, tende a cair nos dias seguintes. Quem cai após alguns anos de castidade
ininterrupta, tem lutar muito para recuperar o perdido, pois tende a ficar escorregando
a cada vez que tentar levantar-se. Por tais razões, é melhor lutar para não se deixar
cair do que apoiar-se na possibilidade de cair e se levantar. É mais fácil manter-se em
pé e não cair do que levantar-se após cair. Por outro lado, as caídas, por mais
numerosas que sejam, devem ser tomadas como meros acidentes naturais do
percurso. Aprender a manter-se em pé, caminhando, leva muito tempo.

*****

A imaginação determina o que sentimos diante das coisas. Se imagino que uma
formiga é perigosa, tremerei diante dela, ainda que faça todos os esforços para não
temer. Se imagino que meditar é impossível, tal imaginação atuará como um freio
que sabotará a minha prática.
Temos muitas imaginações inconscientes, das quais não suspeitamos nem de longe
que existam. Temos que corrigi-las ou não avançamos.
Se imagino que sou incapaz de vencer a luxúria, a gula, o medo ou a ira, me debaterei
inutilmente contra tais tentações, por toda a vida, e não experimentarei sucesso
algum.
Temos que descobrir as imaginações inconscientes equivocadas e corrigi-las.
Quando um sacerdote fica dizendo constantemente para os fiéis que as tentações são
impossíveis ou muito difíceis de vencer, está condicionando a imaginação de seus
adeptos ao fracasso.

*****

Uma chave indispensável, durante a prática do arcano, é manter a mente sem imagens
de mulheres e de atos sexuais de quaisquer tipos ou naturezas. A mínima imagem
erótica é suficiente para desencadear um processo de excitação descontrolado.
*****

Mantenha a mente, a fala e a conduta constantemente limpos de quaisquer traços sutis


do defeito que almeja eliminar. E descubra novos traços sutis constantemente
utilizando o ginásio como espelho para você se enxergar e se descobrir durante a
auto-observação.

*****

Quando sentimos um impulso violento, vindo desde dentro, para satisfazer um


desejo, o que se passa é que o Ego correspondente está pressionando para se
alimentar.

*****

Aquilo que experimento diretamente faz parte da realidade em que vivo e constitui
meu mundo. O que vivencio de forma direta e crua no mundo físico, no mundo astral
ou em outro mundo, é um conhecimento que não me pode ser arrancado por nenhuma
teoria.

*****

Ao tentarmos discernir se estamos no mundo físico ou no mundo astral, podemos


incorrer no erro de tentar fazê-lo artificialmente, buscando uma espécie de natureza
extraordinária e espantosa neste último. Como tal natureza não existe no mundo astral
e nem no mundo físico, pois ambos são simplesmente mundos materiais (cada um à
sua maneira) e nada mais, essa preocupação atrapalha ao invés de ajudar. Procure
discernir sem artificialismos.
*****

Seu Ìntimo te dá lições diariamente, sob a forma de inspirações, insights e ganhos de


compreensão. Esteja atento, seja obediente e as siga. Seu Ìntimo te orienta no
trabalho interior.

*****

Quando estiver concentrado em algo (um mantram, um koan, uma oração ou uma
tarefa cotidiana), sinta-se o mais lúcido e consciente que puder.

*****

A morte de um defeito é uma cura espiritual realizada pela Mãe Divina. Do mesmo
modo o são a cura de quaisquer enfermidades emocionais e mentais.
As curas, físicas ou psíquicas, são realizadas pelas Partes Superiores do Ser.
As curas efetuadas pelo Ser sempre são realizadas de acordo com a lei do karma e
jamais a violam. Portanto, não basta somente pedir, é necessário realizar boas obras.

*****

Peça, aguarde e observe os resultados continuamente. Então você verá o defeito


enfraquecendo com o passar dos dias, meses e anos.

*****

A morte de um defeito é gradativa: a cada dia retiramos um pouco mais.

*****
Fusione o sono com o profundo relaxamento consciente e entrará facilmente do outro
lado sem perder a lucidez.
Muitas vezes, ao estar profundamente relaxado, você pode já estar do outro lado e
não se dar conta disso, pois continua deitado na cama.

*****

Nas práticas de concentração/meditação, o esquecimento deve ser absoluto: esquecer-


se do ego, da meditação, das teorias, dos livros e de tudo, concentrando-se
unicamente no objeto da prática. Deve-se esquecer inclusive das coisas boas e
sublimes. A prática é um desligamento total, absoluto, somente existe o objeto, o
alvo.

*****

Se presto atenção em mim mesmo, descobrirei coisas sobre mim mesmo. Se presto
atenção no mundo que me rodeia, descobrirei coisas sobre o mundo que me rodeia.
Para discernir se estou no mundo astral ou no mundo físico, tenho que prestar atenção
na realidade circundante, pois se prestar atenção somente em mim mesmo, estarei
estudando meu ego, ainda que dentro do mundo astral, e compreenderei coisas sobre
este ego, mas não necessariamente discernirei que estou em astral. Convém não
confundir ambas observações.

*****

Posso me contemplar enquanto me movimento, enquanto sinto e enquanto penso. E


posso continuar me contemplando enquanto observo o mundo ao meu redor para
discernir se o mesmo é físico ou astral. Assim como sou capaz de observar meus
movimentos, posso também observar meu discernimento, ver a mim mesmo
procurando discernir sobre o mundo em que estou.
*****

A capacidade de compreender objetivamente os fatos exteriores a nós esbarra no


condicionamento sensório-cognitivo imposto pelo ego. O ego é um elemento
subjetivante das percepções, um agente distorcedor que nos impede de enxergar a
realidade. Por mais que queiramos objetivar nossa percepção de algo (ex. uma bela
mulher nua ou um insultador irritante), esbarraremos nos limites da subjetividade da
percepção egóica. Por tal motivo, não adianta somente tentarmos refletir sobre as
situações tentadoras, como todo mundo quer. Temos que refletir sobre os elementos
que impedem a compreensão das situações tentadoras, os quais são as causas secretas
(psicológicas) do caráter tentador dos fatos externos.
Os fatos externos não são tentadores por si mesmos: adquirem este caráter porque
sobre eles projetamos significados de tentação. É sobre tais significados que temos
que trabalhar, conscientizando-nos ao máximo dos seus inúmeros detalhes e nexos
causais.
Eliminar os desejos e paixões não é algo assim tão fácil e controlá-los, como todo
mundo tenta, é impossível.

*****

Quando sentimos conscientemente uma emoção, a estamos percebendo. Ao percebê-


la, a estamos observando. Ao observá-la, rompemos com a identificação pois não é
possível observar uma emoção com a qual se esteja identificado. Quem se identifica
com uma emoção, fusiona-se a ela, tornando-se indistinto e se indiferenciando. É
assim que a pessoa passa a sentir a emoção como se fosse parte de si mesmo.
Identificada, a pessoa "goza" da emoção e não se recorda de ela e a emoção são
distintos. A perda da noção de distinção é a marca característica da identificação e o
fator que impede que a observação verdadeira ocorra.
*****

A Mãe Divina é a arma do estudante na Morte do Ego. É a Mãe Divina que mata os
nossos inimigos interiores. Peça e Ela os matará.

*****

Eliminar a luxúria é normalizar o instinto e não infligir moralismo sobre si mesmo. A


luxúria é o instinto sexual desviado.

*****

Aqueles que dizem ser a morte do Ego impossível nem sequer sabem do que estão
falando.

*****

Observe todos os seus atos inocentes e verifique se os mesmos não alimentam algum
defeito sem que você perceba.

*****

Observe-se sob a orientação do Íntimo.

*****

Encare a auto-observação como uma prática de concentração.

*****
Reaja à aproximação do desejo com a morte em marcha.

*****

Polarize-se do lado da castidade.

*****

Use as doenças e o sofrimento como ginásio psicológico. Acalme a mente perante


ameaças de desencarnação. Em outras palavras: as dores existem para serem
esquecidas, deixadas de lado, e não para ficarmos nos ocupando com elas.

*****

Cultive sentimentos superiores intensos e confira à frieza seu papel correto.

*****

Há uma boa e uma má fé. Cultive a primeira e dissolva a segunda.


A má fé é uma fé ruim, é a crença absoluta na onipotência do mal, na soberania da
sentença desfavorável de um médico, na nossa incapacidade de nos disciplinarmos,
na impossibilidade de nos concentrarmos, na onipotência da matéria, na inexistência
do Espírito etc. Ex. crença de que um remédio irá falhar.

*****

O homem resiste em aceitar a realidade por medo.

*****
A morte do eu é a correção das incompreensões.

*****

A compreensão conduz à total rejeição consciente da característica indesejável


compreendida.

*****

A parcela incompreendida da realidade insiste até a ignorância ser reconhecida.

*****

Pressupostos, critérios e parâmetros equivocados mantém inacessíveis aspectos


incompreendidos do real. Ex. materialismo.

*****

Desordem na dialética, mescla de múltiplos problemas e o não-isolamento de partes


para análise são formas de defender teorias inconsistentes e absurdas como se fossem
algo sensato e bem fundamentado.

Etapas didáticas da meditação

Uma prática completa de meditação possui várias fases, desde a postura até a
meditação propriamente dita. Após a meditação, ainda temos outros estágios mais
profundos que não podem ser descritos por meio de palavras das línguas ocidentais.
Antes de mais nada, você deve escolher o tema (lakshya) em que irá meditar e uma
postura ideal (asana) para fazê-lo. É claro que o ideal são temas sátwicos (sagrados e
espirituais), mas podemos começar com temas mais concretos para compreender
melhor como se realiza uma concentração. Um tema que nos faça bem e no qual
pensemos com certa facilidade poderá servir.

A postura ideal deve, em primeiro lugar, permitir que você respire sem problemas,
mesmo nos estágios mais avançados, quando você estiver bem longe do corpo e dos
sentidos. Uma postura que não permite que o corpo respire com facilidade em sono
profundo irá atrapalhar e estancar a prática, pois o praticante terá que interromper e
retornar ao estado comum para ajustar a posição da cabeça, do pescoço ou algo
assim. Em segundo lugar, a postura não deve permitir incômodos, tais como dores ou
circulação sanguínea obstruída. Um braço, uma perna ou o pescoço mal posicionados
poderão apresentar dor ou dormência, o que irá atrapalhar. Podemos meditar sentados
ou deitados, o que importa é termos uma boa posição que não incomode quando o
relaxamento atingir níveis bem profundos. Meditar não é muito diferente de dormir,
embora seja algo consciente. Particularmente, acho muito estranha essa idéia de
dissociar meditação de sono e de concebê-los como coisas contrárias e incompatíveis.
Quem realmente sabe meditar, dorme e descansa enquanto medita sem problema
algum, na verdade dorme mais profundamente.

Uma vez escolhida a postura ideal, devemos iniciar o trabalho de relaxar os


músculos. Para tanto, temos que tomar consciência das tensões musculares que
possuímos e descartá-las. Começando pelos pés, vamos descobrindo e afrouxando
tensões de todo o corpo, abandonando-as. Como começamos a prestar atenção
específica, podemos também sentir algumas dores que antes não estavam sendo
percebidas e isso é normal.

Nesta fase, muitos sentem comichões, coceiras e vontade de se mexer. O motivo é


que a pessoa está pondo a atenção nesses processos ao invés de direcioná-la às
tensões musculares. Quando a pessoa se volta completamente para o relaxamento, os
pruridos desaparecem.

Na etapa do relaxamento utilizamos nosso poder de concentrar a atenção, porém não


entramos ainda na etapa da concentração propriamente dita. O que se passa é que
direcionamos nossa atenção ao corpo, aos músculos, e vamos nos tornando
conscientes de nossas tensões. Não podemos negligenciar esta etapa, pois a mesma,
quando concluída, irá nos liberar da identificação com o corpo físico. O que importa
é chegarmos a um relaxamento profundo, a uma libertação das tensões.

Se ocorrerem algumas percepções alteradas durante o relaxamento, não se assuste,


pois isso é normal. Sensações de formigamento e impossibilidade de mover-se são
comuns, sendo na verdade manifestações do sono biológico. Caso ocorram, não se
importe e aprofunde ainda mais o relaxamento. É possível que você comece a sentir
um princípio de ananda (felicidade espiritual)

Uma vez que tenhamos conseguido um relaxamento razoável, passamos agora à etapa
de nos desligarmos dos pensamentos. Como a mente está em ebulição, convém
tomarmos consciência dos pensamentos que vão desfilando em nossa mente,
"rotulando-os" à medida que passam. Não devemos nos identificar com os
pensamentos e isso significa que temos que ser neutros, nem contra e nem a favor dos
mesmos, simplesmente observá-los de fora, sem compromisso algum. Tanto aquele
que se detém com os maus pensamentos, lutando com eles para silenciá-los, como
aquele que gosta e "curte" os maus pensamentos, se divertindo em saboreá-los, está
preso eles e não pode abandoná-los. O trabalho de observar os pensamentos vai
retirando a consciência dos cinco sentidos e concentrando-a nos processos internos.
Aqui principia o que se chama "pratyahara", que é o desligamento dos indryas
(sentidos externos) e o direcionamento da consciência para dentro, para o mundo
interior, que na verdade é o outro mundo.
Quando o pratyahara está bem estabelecido, o praticante já desligou seus cinco
sentidos externos comuns: ele não ouve, não vê e não sente mais o mundo físico e, às
vezes, nem mesmo o corpo físico. É aqui que algumas vezes somos assaltados pela
paralisia do sono e podemos começar a ter percepções alteradas e incomuns.
Normalmente, o praticante sente muito medo, crê que está morrendo e não vai além
desta etapa. São percepções alteradas comuns nesta fase: estar paralisado e não
conseguir mover-se, ver com os olhos fechados, ouvir sons estranhos, ter a sensação
de que o corpo está em outra posição, achar que se está em outro lugar, ter flashes de
cenas da infância, recordar-se de traumas e perdas, lembrar-se de algo que
atemorizante, sentir-se flutuando etc. Se você quiser ir além de uma prática
superficial, terá que manter-se neutro e indiferente em relação a todas essas
percepções, como fez o Buddha Gautama embaixo da Árvore, e deixá-las todas para
trás. Você deve ir atrás de sua meta e não perseguir mais nada.

O próximo passo é começar a pensar e prestar atenção (com os olhos fechados) no


alvo ou objeto de concentração (lakshya). Embora o poder de concentrar a atenção já
fosse empregado desde a etapa do relaxamento, é agora que a concentração mais
plena, tanto da atenção e da percepção como do pensamento, se faz mais necessária.
O lakshya adequado é aquele que nos eleva, no qual pensamos com certa facilidade e
profundidade. Um tema negativo e carregado, embora seja um alvo fácil para
concentração, certamente nos levará para baixo ao invés de nos deixar sátwicos e
provocará experiências ruins, sonhos maus e pesadelos oriundos de pensamentos
malignos. Temos que apartar a mente de todo o mal, não levar a mente ao que
prejudica.

Ao pensarmos no lakshya, não necessitamos articular os pensamentos através de


palavras mentais, podemos simplesmente utilizar a imaginação para visualizar
processos, sem o recurso da conversa interior. Se você emitir um mantram
mentalmente, esse "som" pronunciado internamente será o seu pensamento único e
você poderá ouvi-lo com a clariaudiência incipiente que todo ser humano possui. Se
você imaginar uma cachoeira, as imagens e sons internos da cachoeiras são mais que
suficientes e você não precisará conceituar e nem conversar consigo mesmo,
mentalmente, sobre a cachoeira. O que importa é que a imaginação flua. Com o fluir
da imaginação, vem a reflexão serena e silenciosa sobre o tema.

Muitas interferências mentais podem ocorrer para tentar nos desviar nessa etapa.
Imagens de lindas mulheres, de problemas familiares, de compromissos, de perigos,
de ameaças, de doenças etc. tentam absorver nossa atenção e nos desviar da meta. Se
continuamos focados no que nos interessa, atravessaremos essa fase e cada vez mais
a concentração se aprofundará. Então só restarão imaginações referentes ao tema em
que estamos meditando e nada mais. Teremos nos libertado de todos os demais
pensamentos.

Quando a mente fica completamente tomada pelo pensamento em algo, termina


experienciando diretamente aquilo em que pensa. Quando isso ocorre, há uma perda
temporária de identidade (pois estamos começando a sair da mente e do Ego) e isso
nos assusta, principalmente no começo.

Quando a concentração está perfeita, tendo todos os demais pensamentos sido


deixados para trás, estamos na fase denominada Dharana. Em uma perfeita Dharana,
não há percepção do mundo físico, do corpo e nem de nada mais que não seja o
objeto de concentração, mas ainda não saímos da mente.

Sabemos que nosso propósito, ao meditar, é sairmos da mente. Sair da mente é deixar
os pensamentos para trás, esquecê-los, nos desligarmos deles. Em Dharana, ainda
resta um pensamento único, que apresenta vários sub-pensamentos, todos dentro do
mesmo tema. A mente ainda está nos prendendo, como uma corda amarrada ao pé de
um pássaro. Se quisermos ir além e descobrir o que há além daquele pensamento,
temos que abandoná-lo.
O pensamento restante, por mais concentrado que esteja, ainda não é a realidade.
Esse pensamento único pode realizar prodígios, produzir insights, revelações,
soluções, pode afetar até o funcionamento do corpo físico, mas ainda não é a
realidade sobre o tema. A realidade está além de qualquer pensamento. Todo
pensamento é parcial, polarizado e possui seu contrário. Para abandonar o
pensamento restante, temos que encontrar seu pólo oposto e confrontar ambos,
transcendendo a dualidade e compreendendo que ambos são um. Ao
compreendermos o caráter ilusório do pensamento que havia sobrado, nos libertamos
da mente e caímos em Dhyana, que é a meditação propriamente dita.

Em Dhyana, compreendemos a realidade sobre o objeto da meditação, a qual está


além da mente, de conceitos, de idéias, de opiniões, de pontos de vista, de raciocínios
etc. porém esta mesma realidade possui níveis e níveis infinitamente mais profundos,
os quais são acessados somente em estágios posteriores ao da meditação. Em Dhyana
há reflexão pura, sem conceitos, o que nos permite experimentar os primeiros
aspectos da Realidade.

Concentração: utilizando o centro emocional

Por que é tão fácil ficarmos tomados por um mal pensamento e tão difícil fazer o
mesmo com um pensamento sublime? Porque os pensamentos maus são carregados
de conteúdo emocional. Se levado às últimas consequências, o cultivo de um
pensamento mau afeta todos os centros e até o metabolismo do corpo físico se torna
direcionado àquele objetivo. Isso significa que, se quisermos inverter o processo
psicológico para cima, temos que procurar sentir as emoções superiores
correspondentes ao pensamento sublime que estamos tentando cultivar por meio da
concentração. Não basta somente empenhar-nos em manter certas imagens na cabeça:
temos que permitir que as emoções superiores correspondentes nos invadam e que o
pensamento sublime nos arrebate e atinja todos os centros da máquina.

Se você escolheu como tema de sua concentração a Mãe Divina, o Ìntimo, o Cristo ou
um mantram, por exemplo, não basta somente tentar imaginá-los, é necessário ir
muito além e buscar sentir as emoções superiores correspondentes. É assim que
vamos nos abrindo para as influências superiores e cooperando com o Alto.

O processo de concentrar a mente em algo superior é análogo ao processo em que ela


é arrebatada pelas coisas inferiores mundanas e negativas, com a diferença de que é
um processo consciente e ocorre no sentido inverso. É o direcionamento intencional
da mente para cima, para o que é espiritual, com o intuito de posteriormente descartar
até mesmo a mente (como um barco que serve para atravessar um grande lago mas
não pode ser mantido às costas depois da travessia). A mente é como uma arma e
pode ser direcionada para o bem ou para o mal. Quando pensamos em coisas
mundanas, materiais, a condicionamos a pensar assim cada vez mais. Os maus
pensamentos formam sanskaras, sinapses específicas, que vão sendo reforçadas a
cada repetição e direcionam os demais centros para objetivos malignos, fazendo com
que as pessoas se "desenvolvam" no mal, ao longo das várias existências, até se
transformarem em asuras (demônios). Em outras palavras: elas cultivam o Ego (seus
defeitos e desejos) por meio do pensamento até níveis imensuráveis.

Por outro lado, se aprendermos a mudar o curso da mente, cultivando pensamentos


elevados durante as práticas de concentração/meditação, podemos inverter o nosso
destino espiritual, por pior que seja o nosso estado atual. Portanto, não faz sentido
algum ficarmos nos lamentando por nossos pecados e erros, pois isso os atrai, melhor
é esquecê-los e praticar o amor a Deus por meio da concentração e da meditação, até
que todos os nossos centros fiquem direcionados para o Espírito.
Todos somos asuras, se não desenvolvidos, pelo menos em estado embrionário. Por
outro lado, somos também devas e suras (deuses) em estado igualmente germinal, em
semente. O que iremos cultivar dentro de nós?

Para que o pensamento sublime atinja a emoção e desenvolva as emoções superiores,


temos que prestar atenção no que sentimos diante de uma imagem superior. Qual é a
emoção que o mantram "Om" ou qualquer mantram sagrado provoca em nosso
coração quando o estamos recitando? Que emoção sentimos quando nos
concentramos e contemplamos uma imagem da Mãe Divina? São essas emoções que
temos que cultivar, desenvolver, para que elas nos arrastem, nos arrebatem para
cima.

Sobre os múltiplos universos paralelos e dimensões


A velocidade da luz não é a maior existente e em a maior possível

A despeito do que os físicos alcançaram calcular, existem velocidades acima da


velocidade da luz. A velocidade da luz é a maior conhecida, mas não é a maior
velocidade existente e nem a maior velocidade possível. Acima da velocidade da luz
se dão os fenômenos que escapam à percepção humana comum e, portanto, dos cinco
sentidos, que são o fundamento de toda lógica sobre a qual se baseiam os cálculos
dos cientistas materialistas.

Obviamente, os cálculos matemáticos se baseiam na lógica. E a lógica que os baseia é


extraída dos sentidos, principalmente da visão. É, portanto, a partir da percepção
comum que os físicos concluíram que a velocidade da luz não pode ser superada.
Entretanto, acima da velocidade da luz abre-se, para a visão espiritual, um abismo
infinito de universos paralelos ou Eons (Aeons). A descrição que realizarei a seguir
parte do pressuposto de que a escala de velocidades possíveis é infinita, tanto para
cima como para baixo (alta e baixa velocidade) e não termina na velocidade da luz,
como todo mundo gosta de afirmar, indo muito além deste limite até se perder na
infinitude além.
Relatividade do tempo-espaço e os multiversos

A relatividade do tempo-espaço indica a multiplicidade das formas de se perceber


distâncias, velocidades e períodos. Em outras palavras, sob certas perspectivas, o
distante, o lento e o grande podem se tornar o perto, o veloz e pequeno. Longas
distâncias se transformam em curtos trajetos quando enfocadas sob determinados
pontos de vista. E os pontos de vista são estados de consciência. As câmeras em alta
velocidade provam isso de forma irrefutável, para desespero dos resistentes. Se o
tempo e o espaço fossem constantes e absolutos, os movimentos das asas de um
beija-flor não seriam captados com riqueza de detalhes por câmeras de alta precisão e
velocidade.

As várias escalas de espaço-tempo coexistem e se interpenetram, formando múltiplos


universos paralelos. O macro e o micro se interpenetram mutuamente sem se
confundirem.

Os multiversos dos físicos são os mesmos universos paralelos dos espiritualistas e os


"outros mundos" das culturas religiosas e xamânicas. Contudo, os primeiros não os
conhecem muito e conjeturam fantasiosamente sobre seus conteúdos por falta de
experiência e de contato diretos, enquanto os segundos muitas vezes são capazes de
neles penetrar conscientemente.

A não-localidade do elétron e as dimensões extra-físicas

A possibilidade das micro-partículas estarem simultaneamente em vários pontos


indica a existência de uma dimensão em que o tempo-espaço conhecido não existe,
sendo substituído por outra escala espaço-temporal. Somente a existência de outra(s)
dimensão(ões) poderia explicar como algo passa daqui para ali sem passar pelos
espaços intermediários ou está aqui e ali simultaneamente, sem que partes suas
estejam no meio dos dois pontos em que o objeto inteiro pode ser encontrado, tal
como se verifica em experimentos controlados em laboratório. Se partículas
elementares apresentam superposições de múltiplos estados simultâneos, por que os
objetos macroscópicos, que não deixam de ser constituídos por essas mesmas
partículas, não poderiam apresentá-los igualmente?

"No mundo quântico, uma partícula elementar, ou um conjunto delas, pode existir em
uma superposição de dois ou mais estados possíveis. Um elétron, por exemplo, pode
estar em uma superposição de diferentes posições, velocidades e orientações de spin.
Ainda que não se possa medir quaisquer dessas propriedades com precisão, em
qualquer instante, é possível obter um resultado bem definido - somente um dos
elementos da superposição e não uma combinação deles. Nunca vemos objetos
macroscópicos em superposições. O problema da medição se resume em uma única
questão: como e por que o mundo único da nossa experiência emerge da
multiplicidade de alternativas possíveis no mundo quântico superposto?" (Byrne,
s/d.)

O mundo da nossa experiência não é necessariamente a única realidade possível

Stephen Hawking

As teorias de Stephen Hawking sobre o surgimento do universo não são mais lógicas,
mais realistas ou menos fantasiosas que quaisquer explicações mitológicas e
esotéricas. A diferença é que estas são analógicas e simbólicas, enquanto aquela não.
Não sei porque todo mundo aclama os produtos da imaginação deste cientista e
depreciam as descrições dos Mestres do Esoterismo.

Avanços científicos e espiritualidade

Quanto mais a ciência da matéria por excelência (a física) avança no conhecimento


do mundo material, tanto mais se aproxima da concepção espiritualista de realidade.
Quando a física chegar aos confins da matéria, estará no limiar do mundo físico,
adentrando aos domínios do mundo espiritual. O mundo espiritual começa no nível
subatômico.

Os materialistas estão em um beco sem saída, já que constataram que a matéria, tal
como sempre a entenderam, não existe.

Os universos paralelos dos fenômenos ultra-velozes

Qualquer um sabe que acontecimentos muito velozes não podem ser percebidos a
olho nu, assim como acontecimentos de amplitude espacial muitíssimo pequena.

Fenômenos muito velozes escapam completamente à percepção comum. Quando as


câmeras atingirem a capacidade de capturar fenômenos a velocidades próximas à da
luz ou acima dela, no futuro, um mundo novo e cheio de vida começará a se
descortinar.

Existe um universo ultra-rápido, invisível e infinito, que escapa completamente à


consciência comum. A gama de acontecimentos ultra-velozes preenche distâncias e
períodos curtos e longos, formando múltiplos universos paralelos.

Se uma bala ultrapassasse a velocidade da luz, ela passaria através do nosso corpo
sem nos ferir. Suas partículas pertenceriam a uma escala espaço-temporal distinta ou,
em termos mais simples, a outro mundo.

O universo paralelo dos acontecimentos muito lentos

Se um corpo excessivamente rápido não existe para mim, sendo imperceptível em


relação à minha pessoa, então minha pessoa, em relação ao mencionado corpo,
também lhe será invisível, caso este corpo seja um ser dotado de algum tipo de
consciência.

Imaginemos a bala de revólver. Ela me é invisível por ser muito veloz, mas eu
também serei invisível em relação a um hipotético ser que esteja montado sobre esta
bala, uma vez que ele passará por mim muito rapidamente. Se eu estiver caminhando
ao lado de uma ferrovia e um trem me ultrapassar na velocidade da luz, serei invisível
para os passageiros por ser muito mais lento que eles. Minha baixíssima velocidade
me tornará invisível e me colocará em outro mundo paralelo, em outra escala espaço-
temporal. Isso significa que a lentidão, e não somente a rapidez, pode ser um fator
que promove a invisibilidade e até a inexistência de um objeto em um determinado
lugar e momento.

Não existe imobilidade absoluta, como costumamos acreditar. O zero absoluto no


campo da velocidade é algo inexistente. Por mais imóvel que nos pareça um corpo,
ainda assim estará em movimento em relação a algo muito mais lento que não
estejamos vendo.

Ora, se algo é muito rápido em relação a mim, então é lógico que serei muito lento
em relação a este corpo veloz. Do mesmo modo, nós, que nos acreditamos fixos ou
lentos, estamos nos movendo muito velozmente em relação a universos cuja
velocidade para nós é inconcebivelmente lenta.

O erro de muitas pessoas consiste em imaginar que objetos que lhes parecem em
repouso tenham velocidade nula e que nada pode se mover mais lentamente que
aquilo que consideram "em repouso". Em relação a seres de um universo ultralento
(infra-dimensões), nos movemos a velocidades altíssimas.

Assim como porções infinitamente gigantescas de espaço não podem ser percebidas
pela consciência humana comum, os fatos que se dão em velocidades ultra-lentas
também não o podem.

A percepção comum do ser humano não pode abarcar fenômenos imensos, pois os
mesmos lhe escapam por sua amplitude. É por isso que a Terra nos parece plana e
fixa em relação ao Sol e à Lua. Ora, como o infinitamente lento corresponde,
comumente, à escala espaço-temporal do infinitamente gigantesco, resulta então que
acontecimentos que se dão em tal escala nos são imperceptíveis.

Ainda que certos objetos nos pareçam parados (ex. um prato fixo sobre uma mesa),
eles na verdade estão se movendo em relação a algo, como, por exemplo, a outros
corpos celestes, em relação aos quais talvez também estejamos nos movendo. Além
disso, suas micro-partículas se movem no interior dos seus átomos. É tudo isso que os
torna visíveis e palpáveis ao nosso tato. Caso suas partículas ou todo o objeto se
movessem a velocidades muito mais lentas ou rápidas que aquelas que correspondem
à nossa escala de percepção, os mesmos nos seriam invisíveis e, o mais interessante,
impalpáveis.

Não deve ser muito difícil entender que, se um objeto se move velozmente em
relação a mim, isso significa que me movimento lentamente em relação a ele.
Similarmente, se eu me movimento velozmente em relação a outro objeto, o mesmo
estará se movendo lentamente em relação a mim, talvez tão lentamente que não
sejamos visíveis um ao outro. Se a diferença de velocidade entre dois seres é
exageradamente grande, eles não são mutuamente perceptíveis. Portanto, a lentidão, e
não somente a rapidez, é um fator que oculta a existência de seres e mundos. A
velocidade dos corpos e das partículas define a escala espaço-temporal em que atua
nossa consciência.

Podemos dizer que os mundos altamente velozes estão "acima" do mundo


tridimensional e que os mundos infinitamente lentos estão "abaixo". Por isso os
chamamos "infra-dimensões" e "supra-dimensões", respectivamente.
A impalpabilidade dos corpos dos univeros paralelos se deve às suas altíssimas ou
baixíssimas velocidades. Acontecimentos em velocidades muito abaixo daquela que
corresponde ao mundo em que nos movemos, simplesmente não existem para nós,
mas existem por si mesmos e, no caso de serem criaturas viventes de um outro
mundo, para si mesmos.

No caso dos acontecimentos pertencentes ao âmbito do infinitamente lento, entendo


que correspondem às infra-dimensões, sendo as partículas correspondentes muito
mais pesadas que as partículas do mundo que comumente percebemos.

Velocidades e dimensões

A existência de distintas e infinitas escalas de velocidade torna possível a existência


de outras dimensões além das três conhecidas. Isso vale tanto para as partículas
componentes dos corpos como para os corpos inteiros, os quais compõem corpos
maiores.

Acontecimentos velozes que abarcam amplas porções de espaço

O mais interessante, a meu ver, são os acontecimentos hiper-rápidos que cobrem


grandes distâncias. Ali, precisamente, suponho que se revelarão os grandiosos
acontecimentos que os videntes religiosos descreveram. Não me refiro somente a
corpos que se movem rapidamente em relação a outros corpos, mas também, e
principalmente, a corpos que vibram muito rapidamente no nível de suas partículas,
ainda que não se desloquem rapidamente em relação a nós.

São esses os corpos e seres acessados nas visões da ayahuasca, na meditação e nos
estados místicos verdadeiros, não alucinatórios.
O mundo das partículas sutis

Partículas infinitamente pequenas, muitas das quais ainda desconhecidas para os


cientistas atuais, arranjam-se de modo a constituir formas pertencentes aos universos
paralelos ao físico. Podemos dizer que tais partículas são, em relação a este universo
em que vivemos, sutis e o compenetram perfeitamente sem que suas formas se
confundam com as dele. Um objeto constituído por tais partículas será espiritual
(extra-físico) e poderá penetrar um objeto físico sem afetá-lo ou ser por ele afetado. A
conhecida impermeabilidade entre objetos de matéria tridimensional torna-se
permeabilidade quando um objeto pertence a este universo e o outro pertence a um
universo distinto, porém paralelo.

Aquilo que convencionalmente chamamos de "átomo" (não divisível) na verdade não


existe, pois não há partícula que seja indivisível. O que se convencionou chamar de
átomo, na verdade, é um amplo espaço composto por partículas infinitamente
menores, as quais, por sua vez, são compostas por partículas ainda menores, em um
abismo incomensurável rumo ao infinitamente pequeno e, obviamente, ao
infinitamente veloz.

A palpabilidade ou impermeabilidade dos corpos é dada pela proximidade das escalas


de espaço-tempo de suas partículas componentes. Se, entre ambas as escalas, a
diferença for muito alta, ambos serão intocáveis, impalpáveis um para o outro. Um
objeto somente existirá para o outro se ambos existirem em escalas próximas, isto é,
dentro de um mesmo universo.

No abismo subatômico, as velocidades são inconcebivelmente altíssimas e escapam


ao alcance dos cálculos de qualquer cientista que se norteie pelos parâmetros que
regem os fenômenos no mundo sensível. Tais partículas ínfimas não apenas
permeiam e atravessam livremente, por suas dimensões infinitamente menores, aquilo
que se convencionou chamar de "átomos", como também, por suas altíssimas
velocidades, inexistem nas dimensões que lhes correspondem.

No interior do átomo há espaço de sobra para as micro-partículas dos corpos


espirituais. Além disso, essas partículas espirituais ou sutis vibram ou se movem tão
velozmente que simplesmente "não existem" para aqueles átomos, apenas
influenciando-os "à distância", ou seja, de um universo para outro que lhe é paralelo.

A relatividade do espaço

A distância é uma ilusão da mente e não existe no mundo real. Dois objetos que nos
parecem separados por um espaço, em um nível profundo de realidade, estão unidos.

Se a distância entre dois objetos existisse objetivamente, não poderia ser encurtada
com o aumento da velocidade e seria sempre a mesma. A distância entre dois pontos
poderá ser maior ou menor, consoante a escala espaço-temporal em que se vive ou à
velocidade com que se desloca de um a outro.

Uma pessoa poderá transformar dois pontos distantes em pontos muito próximos,
caso se desloque a grandes velocidades. Caso dê um salto e passe a viver na escala do
seu Espírito, os pontos distantes lhes serão vizinhos.

Consideramos que São Paulo e Tóquio estão distantes porque estamos quase
divorciados do nosso Ser.

O Ser tem o poder de transitar por diversas escalas de espaço e de tempo, de acordo
com sua vontade. No mundo do Espírito, o passado pode ainda estar acontecendo e o
futuro já ter chegado, ambos irmanados em um agora contínuo.

Nossa pobre consciência sofre, aprisionada em uma pequeníssima fração da Grande


Realidade. Vivemos e nos movemos em uma parcela relativa do Todo. As distâncias
que consideramos longas somente possuem sentido dentro da relatividade em que
estamos aprisionados. Se nos libertássemos, poderíamos vivenciar o distante no aqui
e o futuro no agora.

O mundo das relatividades não é o mundo verdadeiro, é o mundo das ilusões, dos
pontos de vista.

Se o espaço e o tempo fossem absolutos, não poderiam ser alterados pela velocidade.
Mas a verdade é que podem ser alterados pela velocidade. Quando estamos atrasados,
pedimos ao motorista para que aumente a velocidade. Um lugar será ou não distante
de outro em dependência da velocidade de deslocamento de que dispusermos.

Referência:

BYRNE, Peter. Multiverso: Os Vários Mundos do Atormentado Hugg Everett. pp.


14-21. In: Scientific American Brasil, Fronteiras da Física 3 (edição especial). São
Paulo: Ediouro Duetto Editorial Ltda, s/d.

1. Renan9 de julho de 2010 11:33


Olá!!! Seu blog é muito bom.

Imagens escondidas na natureza25 de setembro de 2010 16:24


As teorias materialistas não resistem a uma inquirição metódica e
organizada, na qual o inquirido se comprometa a responder apenas "sim"
ou "não" às perguntas.

A Condição Social do Homem3 de outubro de 2010 08:10


Olá

Espero poder contribuir. Se tiverem dúvidas, favor postá-las. Vamos,


juntos, aprender a desintegrar esse ego que tanto problemas cria.
blog31 de julho de 2012 05:55
Este comentário foi removido pelo autor.

blog31 de julho de 2012 05:56


Olá amigo, gostei muito do seu blog. Tenho algumas dúvidas
e preciso de ajuda se puder ficarei muito agradecido. Andei
meio cético em relação aos ensinamentos gnósticos mas
através do seus textos voltei a estudar os ensinamento
gnósticos.

Praticante2 de agosto de 2012 12:13

OK. Pode postá-las. Peço desculpas por não saber mexer


muito com blogs e internet.

Lycopodium8 de março de 2011 17:55


Fechado.

A meditação nas crises de ansiedade

Que este texto alcance você que está dele necessitando.

Nos dias atuais, a ansiedade se tornou uma doença emocional muito comum.

A ansiedade é algo que pode atrapalhar muito o praticante de meditação e até nos
estancar na Morte do Ego. Por isso, vamos agora estudá-la um pouco. A questão será
tratada do ponto de vista espiritual e não do ponto de vista médico. As informações
que seguem não se destinam a substituir as receitas e nem os tratamentos da medicina
convencional, são somente uma outra abordagem do problema.
Crises de ansiedade são, basicamente, o resultado emocional de vários problemas que
a pessoa atravessou na vida. Todas as experiências vulnerabilizantes se somam em
torno de um medo terrível, normalmente o medo de morrer. A pessoa se sente
vulnerável e na iminência de falecer. Isso é a ansiedade: um monstro que nasce da
somatória dos problemas emocionais que tenhamos. O religiosos não estão totalmente
errados quando dizem que se trata de um demônio que entra no corpo da pessoa.

Coisas ruins que fizemos aos outros (e nos deixaram apreensivos a respeito de
represálias e consequências) e coisas ruins que nos fizeram, ao longo de toda a vida,
ficam gravadas subconscientemente e provocam efeitos somáticos. Os efeitos
somáticos são manifestações desses egos no centro instintivo.

Medos reprimidos ao longo da vida, que não se expressaram na forma de choro,


gritos ou outros caminhos de expressão, extravasam por uma via somática.

Os fármacos inibem os efeitos somáticos mas, como não trabalham as causas (que
são internas e psíquicas), os represam. São úteis e importantes em situações de
emergência, mas não atingem a “causa causorum”. Os processos orgânicos, químicos,
não são a causa última da ansiedade e sim sua causa “horizontal”. A causalidade
última pode ser encontrada na linha vertical: em outras dimensões, são brutais egos
invasores. Em outras palavras, a ansiedade vem de cima para baixo, desde a quinta
dimensão até o mundo físico. O segredo da cura está em dissolver os egos que a
ocasionam. Afastá-los já promove uma boa melhora.

Consciência limitada

A maior parte do conteúdo provocador das crises de ansiedade é inconsciente, o que


significa que a pessoa não sabe, não enxerga, o que está lhe causando o estresse
emocional. A pessoa enxerga somente seus efeitos somáticos, enquanto os egos
causadores permanecem obscuros.
Em busca das causas da ansiedade, podemos regredir até a infância, pois foi lá que se
iniciou a formação da personalidade, que é o veículo de manifestação dos egos. Em
meditação, podemos regredir até a vida intra-uterina e além, chegando às passadas
existências.

A ansiedade nunca é causada por um só ego ou por uma única experiência traumática,
mas por um conjunto e, devido à Lei de Recorrência, tem sua última e mais distante
origem em existências anteriores.

São muitos os fatores inconscientes que podem provocar o mal da ansiedade. Em


alguns casos, a amígdala pode permanecer ligada sem que a pessoa perceba a menor
emoção negativa desagradável e se queixe somente dos efeitos somáticos. Em tais
casos, as emoções negativas estão muito subterrâneas, inconscientes. A pessoa olha
para si mesma e não percebe o medo, a apreensão e o seu sobressalto, mas eles estão
ali atuando, de forma completamente inconsciente.

Erros

São erros que o doente comete: tentar reprimir ou controlar as emoções negativas da
ansiedade ao invés de compreendê-las para abandoná-las, tentar reverter os sintomas
da ansiedade pelo mero esforço de vontade, checar constantemente como está o seu
estado, evitando esquecer a ansiedade, prestar atenção nos sintomas, fazendo com
que eles aumentem.

É também um erro manter-se dentro de situações ameaçadoras e vulnerabilizantes


quando se pode abandoná-las, bem como debater-se contra o medo, ocupando-se com
ele ao invés de abandoná-lo.

Todos esses erros são formas de alimentar a ansiedade.


Ansiedade e morte do ego

Como qualquer ego, a ansiedade está viva porque a alimentamos por meio da
identificação. O primeiro passo para livrar-se é não alimentá-la, enfraquecendo-a "de
fome".

Alimentamos a ansiedade (os egos que temem a morte, doenças e outros afins) por
meio de pensamentos, falas, recordações, lembranças, constantes checagens de nosso
estado etc. Temos que retirar a ansiedade de nosso pensamento. Além disso, temos
que descobrir e retirar de nossa vida as situações que a nutrem.

Situações que a nutrem

A ansiedade atrai a consciência e a prende a si, por meio da força hipnótica e


fascinatória. A atenção do ansioso está fixa no problema, permanece a maior parte do
tempo focada no mal. Os sintomas emocionais, mentais e somáticos se tornam alvo
do interesse quase ininterrupto. A pessoa se debate, tentando se livrar, mas não
consegue. As mínimas alterações no corpo disparam o medo e o medo de sentir mais
medo se transforma em um circulo vicioso que se auto-alimenta.

Todas as situações que nos façam sentir medo, principalmente o medo de morrer e de
adoecer, estão alimentando a ansiedade. Devemos descobri-las, extirpá-las de nossas
vidas e, depois disso, nem sequer tomar consciência de que existam, abandoná-las.

Não devemos pensar no mal, na morte, nas desgraças e nas doenças, nem mesmo
quando eles estão passando por nós. Eles devem passar "ao largo", como uma
passeata que passa pela rua e vai embora.

O hábito de pensar constantemente na ansiedade a nutre. O simples fato de recordar


sua existência pode desencadear uma crise.

Por meio da auto-observação e auto-reflexão, devemos descobrir quando e por onde


estamos alimentando a ansiedade. O medo de morrer de uma forma específica, núcleo
do problema, se alimenta a todo momento sem que o doente se dê conta. O próprio
doente nutre o problema que o afeta. Crenças envolvidas e pensamentos compulsivos
devem ser descobertos.

É importante compreender que o medo, em si, não tem a utilidade que alguns
psicólogos atribuem. Se o medo for dissolvido conscientemente, a pessoa não deixará
de ter consciência das consequências dos atos desastrosos. A crença de que o medo é
útil e importante o reforça. Temos que chegar à compreensão de que o medo é inútil e
prejudicial. Quando meditamos bastante e nos desligamos de tudo, inclusive do corpo
físico, esta compreensão "nos cai".

Quem sofre de neurose cardíaca (a atual síndrome do pânico) alimenta seu problema
ao prestar atenção nos ritmos cardíacos. A menor alteração é motivo para a pessoa
acreditar que irá morrer em seguida. No entanto, a ansiedade pode se manifestar
também sob outras formas, nas quais a mente e a percepção podem se fixar
teimosamente sobre outros sintomas corporais. Qualquer que seja o caso, temos que
alcançar o vairagya sobre o corpo físico, isto é, o desinteresse e o esquecimento,
enquanto estivermos meditando.

Lutar e debater-se contra o medo ou a apreensão em si não adianta nada. Melhor é


substituí-los, reforçando pensamentos e percepções distintos. Quanto mais alimento
dermos ao monstro do medo, mais o reforçaremos. É bom que cada detalhe ou faceta
do agregado psíquico seja descoberto e eliminado, mediante a Morte em Marcha.

Não devemos nos ocupar mentalmente com o mal, nem mesmo quando ele está nos
acometendo. Cada vez que nos ocupamos com o mal, o alimentamos mentalmente.
Há pessoas que morrem felizes, porque em vida desenvolveram a capacidade de não
se ocupar mentalmente com a morte e nem com as doenças. Isso é o que buscamos.

A ansiedade costuma ter vários objetos externos desencadeadores, problemas da vida


que nos afetam de modo especial. Alguns são muito afetados emocionalmente por
doenças, outros por preocupações financeiras, outros por questões jurídicas. Seja qual
for a causa externa do mal, devemos nos ocupar o menos possível com elas. O
verdadeiro desenvolvimento espiritual requer renúncia e sem a transformação da vida
a ansiedade não pode ser deixada para trás.

Alívio pela meditação

Para obter alívio das crises por meio da meditação, podemos fazer o seguinte:

1) deitar-nos ou sentar-nos para meditar;

2) abrir mão do controle dos sintomas;

3) desviar a atenção dos sintomas somáticos, focando a atenção no lakshya (objeto da


concentração), que NÃO DEVE SER UM ÓRGÃO, SINTOMA CORPORAL O
QUALQUER COISA QUE SEJA MOTIVO DE PREOCUPAÇÃO;

4) praticar a respiração abdominal por alguns instantes, sem esquecer de relaxar a barriga;

5) concentrar completamente a mente e a atenção em algo que nos afaste da ansiedade, em


algo distinto ou até oposto àquilo que nos deixa apreensivos. Podemos nos concentrar
no chiado anahata (som intracraniano) e aumentá-lo ou então concentrar-nos em
algum outro lakshya que arrebate nossa atenção e percepção do problema. É
importante que o lakshya seja algo que nos acalme e retire completamente a atenção
daquilo que nos afeta.
É claro que você NÃO deve se concentrar em algo que te deixe tenso, nervoso,
excitado, agitado ou sobressaltado, pois, se fizer isso, o tiro sairá pela culatra.

Se os sintomas se intensificarem ao deitarmos, devemos praticar a meditação


sentados. Se, mesmo sentados, os sintomas se intensificam, devemos nos levantar,
fazer qualquer outra coisa que nos acalme, e retornar dali há pouco. Se você estiver
dependente de remédios, não deve retirá-los subitamente. Vá praticando enquanto o
médico avalia o seu estado e decide se deve ou não diminuir as doses.

O que importa é desviar a mente e a percepção do objeto que causa desespero,


focando-os em algo mais elevado e que proporcione tranquilidade. Quanto mais
desviados estivermos, menos atingidos seremos pelas crises. Dissociar-se dos
pensamentos e emoções negativos, ao invés de tentar reprimi-los ou controlá-los, é o
mais recomendável: abandoná-los, substituí-los.

Na ansiedade, a mente e a atenção são violentamente atraídos e sequestrados para o


problema que a pessoa teme, seja uma doença ou qualquer outro (isso varia conforme
os casos). No caso da neurose cardíaca, por exemplo, o doente fixa sua atenção
involuntariamente no coração e não consegue deixar de prestar atenção ali, por mais
que se esforce. Ao prestar atenção no funcionamento do coração, seu medo se
acentua e os batimentos se aceleram. O ritmo acelerado invade o seu campo de
consciência e ali permanece sem ter sido chamado, pois a atenção foi sequestrada
para o problema.

Quando sua atenção for sequestrada por algo maligno, não tente arrancá-la à força.
Ao invés disso, empenhe-se em prestar cada vez mais atenção em algo superior e
positivo que lhe faça bem. O mesmo vale para os pensamentos intrusivos e teimosos.
A situação pode ser melhorada se a pessoa deixar de brigar com a mente doente, ao
mesmo tempo em que confere mais atenção e importância ao lakshya que escolheu
voluntariamente. Dissocie sua consciência dos elementos atrativos que a sequestram
(os problemas) conferindo mais valor e importância ao lakshya. O lakshya serve para
desviar a atenção e os pensamentos daquilo que prejudica, desde que você lhe dê
mais importância do que aquilo que te distrai e te arrasta. A capacidade de prestar
atenção em algo se desenvolverá com a prática. Não pense que você irá se libertar
completamente logo no início das práticas, o que você experimentará são melhoras
gradativas de intensidade variável. A concentração, que é a capacidade de prestar
atenção e pensar em algo que escolhemos, esquecendo e nos desligando de tudo o
mais, irá deter o processo da ansiedade e do pânico pois, se você não pensa e não
percebe algo, aquilo não existe para você.

Uma pessoa que aceite completamente a morte (desencarnação) mediante a


meditação, como o fazem alguns iogues e monges no Oriente, terá um grau de
ansiedade zero e será completamente imune ao medo. Poucos alcançam tal grau de
desprendimento. Quem compreende o caráter ilusório da vida e da morte não tem
mais o que temer, pois as ameaças foram dissolvidas dentro de sua mente. Meditar é,
entre outras coisas, modificar o funcionamento mental.

Quanto mais nos ocupamos com a ansiedade, tentando reprimi-la, mais a


alimentamos e fortificamos. Em relação às emoções e pensamentos negativos, o ideal
é sermos neutros: nem a favor e nem contra. Se formos a favor, caimos no hedonismo
e nos identificamos. Se formos contra, os reprimimos e represamos, não suportando
os seus ataques. Buscamos a terceira via: a não-identificação, a dissociação e
eliminação.

Quem tem a concentração bem desenvolvida, pode rapidamente sair das crises pela
simples focalização da mente e da atenção sobre algum lakhsya calmante, bom e
interessante. O desvio da atenção rompe a corrente de identificação que alimenta a
ansiedade e proporciona alívio. Quanto mais nos esquecermos dos sintomas, menos
iremos nutri-los. A concentração é um poderoso antídoto não só para a ansiedade,
mas também para compulsões e outros problemas psicológicos. Quando você estiver
desesperado com o desejo de cometer algo que não deve, experimente concentrar-se
em outra coisa e sentirá um alívio.

Entrando na ansiedade

Se você estiver bem desenvolvido na meditação, tendo grande capacidade de desviar


sua mente, suas percepções e sua atenção dos sintomas de pânico e ansiedade, pode
tentar meditar em sua doença para compreender suas causas, mas não deve fazer isso
caso ainda se sinta vulnerável. Uma pessoa, ao tentar meditar na ansiedade em busca
das causas, pode ter sua atenção sequestrada pelos sintomas e ficar presa a eles.

Não é muito fácil penetrar no núcleo da ansiedade. Há uma certa resistência do


psiquismo. Tal resistência indica que os egos envolvidos perderão força se forem
compreendidos.

O doente inicialmente não consegue penetrar na raiz da ansiedade para compreendê-


la. Seu entendimento fica confuso e desnorteado. Os egos da ansiedade não se
permitem ser vistos e resistem ao processo de conscientização, confundindo o
entendimento do doente a respeito do que se passa.

Para penetrar e explorar o processo da ansiedade, necessitamos transformá-la em


objeto de uma reflexão profunda e sincera, buscando suas causas (os agentes
causadores do medo), que são muitas. O ideal é transformá-la em objeto da
concentração e meditação (sem, no entanto, nos concentrarmos nos sintomas
somáticos, pois isso os faria aumentar).

As causas do medo podem ser muitas e variam de uma pessoa para outra. Alguns
temem sofrer dor física, outros temem a condenação do inferno, outros temem as
privações dos prazeres da vida ou a ausência dos entes queridos. Há uma raiz comum
a todos os medos: a sensação de que se vai perder a posição confortável à qual se está
acostumado.

O doente deve buscar as causas particulares do seu medo, passeando, por meio da
reflexão, pelos motivos que o fazem temer (sem, no entanto, ocupar-se com o objeto
do medo). Não é possível vencer a ansiedade sem vencer o medo da morte que, em
última instância, é a essência de todos os medos. E não se vence os medos pelo mero
esforço no sentido de sufocá-los ou fazê-los retroceder. A palavra "vencer", aqui, não
tem o significado de opor-se a algo até forçá-lo a retroceder. Também não possui o
significado de envolver-se com alguma coisa e lutar com aquilo.

Se o medo não existisse, não existiria a ansiedade. A ansiedade é ocasionada por uma
soma de agregados psíquicos que obsessionam o doente.

Existe o risco de, ao tentarmos compreender nossa própria ansiedade, provocarmos


ou intensificarmos uma crise. Caso isso ocorra, o melhor é não insistir e mudar de
lakshya. Se a tentativa de penetrar a ansiedade com a reflexão piora o nosso estado,
isso significa que temos que buscar outro caminho, pelo menos no atual estágio de
nosso desenvolvimento espiritual. O recomendável, é adotarmos como lakshya um
tema oposto, ou seja, um tema que faça com que nos sintamos emocionalmente bem e
profundamente desligados do mal. A concentração e a meditação podem nos desligar
completamente da ansiedade, cortando sua alimentação pelo tempo em que
estivermos meditando.

Conclusão

O segredo imediato está em ser capaz de desligar-se daquilo que provoca


preocupação, medo e pânico. O objeto causador do desespero deve deixar de existir
para nós, o que conseguimos quando reforçamos e alimentamos a atenção e o
pensamento em temas "bons". A erradicação absoluta (pois todo ser humano tem
uma ansiedade relativa) viria com a aceitação da morte do corpo físico, mas essa
aceitação não vem assim porque sim, de graça e de repente. Para alcançá-la, há dois
caminhos que devem ser combinados: morte dos egos que se ocupam com o
problema da desencarnação e meditação visando desligar-se do problema da
desencarnação. Não se pode avançar em nenhum dos dois caminhos sem a prática do
brahmacharya (castidade e transmutação sexual) e de vairagya (esquecimento pelo
desligamento e desinteresse).

O desvio da atenção mediante a concentração é altamente efetivo, mas permite


somente uma libertação temporária da ansiedade. A cura definitiva e absoluta será
possível somente se os egos causadores forem compreendidos e dissolvidos, o que é
um trabalho lento e prolongado, por serem os mesmos profundos e inconscientes.
Uma coisa é escapar temporariamente do ataque violento desses egos pesados, outra
coisa é libertar-se deles pela Morte Mística para sempre. É de certa valia anotar em
um caderno os elementos estressores que nos assolam emocionalmente, tanto os
passados como os presentes, assim teremos uma melhor visualização para o auto-
conhecimento, porém não devemos ficar pensando neles.

Apesar de ser um procedimento de efeito temporário, a concentração é de grande


importância e não pode ser dispensada. A concentração permite que o foco da
consciência seja retirado daquilo que provoca os sentimentos de terror, pânico e
desespero que caracterizam a ansiedade.

Para maior aprofundamento, recomendo fortemente que você leia dois livros de Sri
Swami Sivananda: "Concentração e Meditação" e "A Conquista do Medo". São
imprescindíveis. Recomendo também o estudo das canções do santo iogue Milarepa.

Ampliação em 22/09/2013

A ansiedade pode ser comparada a um animal que busca se alimentar a todo


momento. Esse animal se alimenta com pensamentos, recordações, imaginações,
palavras, conversas e tudo o mais que esteja ao seu alcance. Observe e descubra
como você está alimentando o seu monstro da ansiedade. Como e quando você lhe dá
comida? Praticamente qualquer coisa pode ser transformada em ameaça pelo monstro
da ansiedade, a quantidade de perigos que ele vê é imensa. Esse animal ou monstro
psicológico possui autonomia, é um ego vivo. O ego da ansiedade junta peças,
combina partes de um quebra-cabeças para formar e robustecer a doença. Descubra
em que o ego da ansiedade fica prestando atenção o tempo todo, o que ele procura
constantemente, quais são os seus temores etc.

Ampliação em 15/10/2013

Você está ligado aos problemas pelos pensamentos. Ao desligar-se de todos os


pensamentos, você está também abandonando os problemas do mundo, inclusive
aqueles que te deixam ansioso.

Ao atingir o pensamento único e desligar-se de todos os demais pensamentos


existentes, você estará atravessando o tempestuoso oceano da vida e deixando para
trás todas as preocupações, sofrimentos e ocupações. Ao concentrar-se, você se
desliga, esquece e abandona o mal, tanto dentro como fora de si mesmo.

Ampliação em 20/10/2013

A ansiedade é análoga ao fenômeno acústico da microfonia (estude a respeito). Na


microfonia, o som que sai dos amplificadores entra novamente pelo microfone e sofre
nova ampliação, criando um ciclo de ruídos que se auto-alimenta e se repete.
Similarmente, os primeiros sintomas somáticos da ansiedade são percebidos pelo
doente e intensificam sua preocupação. A preocupação intensificada agrava os
sintomas, que são novamente percebidos e intensificam novamente a preocupação,
criando um ciclo de estados negativos físicos e emocionais que se auto-alimentam.
Quem tem uma concentração desenvolvida, consegue cortar o círculo ao deixar de
prestar atenção e de pensar nos sintomas, concentrando a mente e a atenção em um
objeto distinto.

Ampliação em 24/11/2013

As emoções inferiores da ansiedade podem ser aliviadas pelo desenvolvimento das


emoções superiores. O ansioso está tomado por emoções ruins e negativas, contra a
sua vontade, e necessita desenvolver o centro emocional superior. Para desenvolvê-
lo, é necessário sentir emoções sublimes, sáttwicas, com intensidade crescente.

Quando você meditar, procure sentir todas as emoções correspondentes ao tema em


que medita. Assim você desenvolve o centro emocional superior. Procure meditar em
temas sáttwicos até ficar completamente saturado por emoções superiores.

Ampliação em 26/11/2013

As dicas que seguem são para o dia a dia e não para os momentos em que estiverem
ocorrendo as sessões de meditação. No dia a dia, ao invés de ficar observando os
sintomas somáticos, procure observar as causas das crises. Por "causas das crises"
refiro-me aqui aos fatos externos que as desencadeiam.

Os fatos da vida podem apresentam impactos fortes ou tênues no psiquismo, tudo


depende da personalidade de cada um. Uma simples barata pode causar extrema
apreensão em algumas pessoas e pouca ou nenhuma reação em outras. Aquele que
quer enfraquecer o monstro do temor necessita observar e descobrir não as causas de
intenso impacto emocional amedrontador (pois essas já estão visíveis e não
necessitam ser observadas ou descobertas) mas as causas cujo impacto é sutil e
fugidio, que costumam escapar à observação. Elas existem aos milhares e começam a
ser vistas quando desviamos a atenção dos sintomas para as causas dos sintomas.

As causas do temor correspondem a todos os acontecimentos externos que provocam


apreensão, receio, são os fatos amedrontadores. Não se identifique e nem se prenda as
causas do temor, apenas tome ciência, aplique a Morte em Marcha e as descarte,
esqueça. Se elas reaparecerem, repita o processo.

Procure ir descobrindo e se desvencilhando de tudo aquilo que provoca apreensão.


Não queira "enfrentar os perigos para ver se o medo passa." O temor não desaparece
com o simples enfrentamento e sim com a atrofia dos sanskaras do medo. Mantenha-
se em auto-observação e, quando perceber-se apreensivo, procure descobrir em
relação a que você está apreensivo. Torne-se consciente do que provoca a apreensão e
o descarte em seguida. Para esquecermos algo ao qual estamos inconscientemente
presos, é preciso primeiramente tomar consciência de sua existência.

Ampliação em 27/11/2014

A ansiedade pode também ser entendida como uma invasão por pensamentos
negativos e prejudiciais, os quais, por sua vez, provocam uma invasão por emoções
igualmente destrutivas, tais como a tristeza, a angústia ou o medo.

Normalmente, a pessoa invadida luta desesperadamente contra as emoções e


pensamentos obsessores sem sucesso. O mais indicado, em tais situações, é operar
pela substituição: reforçar emoções superiores, deixando-se preencher pelas mesmas.

As emoções superiores nos preenchem quando abrimos as portas e alimentamos os


pensamentos e percepções que lhes correspondem. Há uma estreita relação entre as
emoções e os pensamentos. Sentimos de acordo com o que pensamos.
Assim, direcionando o pensamento e a imaginação, durante as práticas de
concentração e meditação, podemos provocar estados interiores elevados, O trabalho
consiste em pensar naquilo que nos faz bem e nos deixa em paz, procurando sentir
profundamente as emoções que tais pensamentos evocam em nosso interior. Se você
se deixar preencher por emoções e imaginações superiores, não haverá espaço para
sentimentos ruins em seu coração.

Há várias práticas imaginativas e mantrams ensinados pelos Veneráveis Mestres que


produzem estados interiores elevados, favoráveis e benéficos. Uma delas é a prática
com a Deusa Kakini, ensinada pelo V.M. Samael:

"PRÁTICA PARA DESENVOLVER OS PODERES DO CÁRDIAS


O devoto deve concentrar-se em seu coração, imaginando existirem ali raios e
trovões, nuvens que voam perdendo-se no acaso, impulsionadas por fortes furacões.
O gnóstico deve imaginar inúmeras águias voando pelo espaço infinito, que está
dentro, bem no âmago, de seu coração.
Imagine também os bosques profundos da natureza, cheios de sol e vida, o canto dos
pássaros e o silvo doce e aprazível dos grilos do bosque.
Adormeça o discípulo imaginando tudo isso. Imagine ainda existir no bosque um
trono de ouro onde assenta-se a Deusa KAKINI, uma mulher muito divina. Durma o
gnóstico meditando em tudo isso.
Pratique uma hora diária. Se praticar duas ou mais horas diárias tanto melhor. A
prática pode ser feita sobre uma cômoda poltrona, deitado no chão ou na cama, com
os braços e as pernas abertas em forma de estrela de cinco pontas. Deve se combinar
o sono com a meditação. Deve- se ter muita paciência. Só com paciência infinita
conseguem-se essas maravilhosas faculdades do Cárdias. Os impacientes, aqueles
que querem tudo rapidamente, que não sabem perseverar por toda vida, melhor seria
que desistissem porque não servem. Os poderes não se conseguem brincando. Tudo
custa a ganhar e nada se consegue de graça."
Canção de Milarepa para Lady Paldarboom

Tópicos: clareza, mente natureza, estabilidade.


Fonte: http://www.unfetteredmind.org/milarepas-song-to-lady-paldarboom
Tradução livre

“Então ela disse: ‘Caro professor, não tenho feito nada para me preparar para a
próxima vida. Agora eu vou fazê-lo. Por favor, partindo de sua grande compaixão,
cuide de mim e me dê instrução à meditação.’

Milarepa estava encantado e respondeu: ‘Se você praticar o Dharma, sinceramente,


na minha tradição, você não precisa mudar seu nome. A pessoa desperta com uma
cabeça cheia de cabelos. Você não tem que cortar o cabelo ou fazer outras
alterações.’

Ele cantou esta música com quatro exemplos e cinco pontos sobre a meditação e a
prática da mente:

‘Ah , Lady Paldarboom


Afortunada e dedicada estudante,

Tome o céu como um exemplo,


Pratique sem qualquer senso de limite ou posição [meu entendimento: esqueça onde e
em que posição você está].

Tome o sol e a lua como exemplos ,


Pratique sem qualquer senso de clareza ou distorção [não se preocupe se está confusa
ou entendendo].
Tome esta montanha como um exemplo,
Pratique sem qualquer sentido de movimento ou mudança [não se preocupe em ficar
imóvel ou se mexer].

Tome o grande oceano como exemplo,


Pratique sem qualquer senso de profundidade ou superfície [não se preocupe se sua
prática se aprofundou ou ainda está superficial].

Para revelar a mente,


Pratique sem qualquer dúvida ou hesitação [não se amarre em preocupações sobre a
prática e nem fique vacilando].’

Mostrando-lhe como se sentar e dirigir sua mente, ele a colocou em prática.


Ela teve boas experiências em sua meditação e apresentou esta canção
para afastar dúvidas e impedimentos:

‘Ah , precioso Senhor,


Expressão perfeita da forma desperta,

Fui feliz praticando com o céu,


Mas um pouco inquieta a respeito de trazer nuvens para a prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com nuvens.

Fui feliz praticando com o sol e a lua,


Mas um pouco desconfortável em trazer estrelas e planetas na prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com estrelas e planetas.

Fui feliz com ao praticar com a montanha,


Mas um pouco inquieta ao trazer grama e árvores.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com grama e árvores.

Fui feliz praticando com o oceano,


Mas um pouco incomodada ao trazer ondas para a prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com ondas.

Fui feliz em praticar com a mente,


Mas um pouco desconfortável em trazer pensamentos à prática.
Por favor, me dê instruções sobre a prática com os pensamentos.”

Milarepa achou que sua prática foi produtiva e ficou encantado.


Em resposta ao seu pedido, ele cantou essa canção sobre a remoção
impedimentos e melhoramento da prática:

‘Ah, Lady Paldarboom,


Ouça , afortunada e devotada estudante.

Se você está feliz praticando com o céu,


As nuvens são criações mágicas do céu.
Seja o próprio céu .

Se você está feliz praticando com o sol e a lua,


Planetas e estrelas são as criações mágicas deles.
Seja o sol e a lua.

Se você está feliz praticando com a montanha,


Grama e árvores são criações mágicas da montanha.
Seja a própria montanha.

Se você está feliz praticando com o oceano,


As ondas são criações mágicas do oceano.
Seja o próprio oceano.

Se você está feliz praticando com a mente,


Os pensamentos são criações mágicas da mente.
Seja a própria mente.’

Quando ela praticou com essas instruções, ela chegou a uma


clara compreensão da natureza do ser puro. Mais tarde, ela
foi para o reino das dakinis em seu próprio corpo, acompanhada pelos
sons dos címbalos.”

(Extraído do capítulo de As Cem Mil Canções de Milarepa que


descreve seu encontro com a Lady Paldarboom.)

[Eis o meu entendimento pessoal: Milarepa, na primeira parte do poema, instrui a


garota a praticar sem preocupações com o êxito da própria prática que realiza, isto é,
sem preocupar-se com certos detalhes, pois tal preocupação, e não os detalhes em si,
se transformam em obstáculos. Ele a instrui a perder o senso de lugar, posição,
profundidade, entendimento, clareza, movimentação, ou seja, a se libertar desses
pares de opostos: aqui e ali, mover-se e ficar imóvel, superficialidade e profundidade,
clareza e confusão. Por mais bem intencionadas que seja, essas preocupações nos
prendem e travam o avanço da prática.

Ao praticar, a aluna se confundiu e hesitou em trazer para a prática certos elementos


que lhe pareceram estranhos ao lakshya, mas na verdade não eram. A orientação de
Milarepa foi: seja o próprio objeto em que medita. Segundo minha interpretação, a
garota supôs que havia se desviado da prática, mas na verdade estava praticando
corretamente e não havia se desviado, pois as nuvens são parte do céu, assim como
gramas e árvores são partes da montanha. Ela não havia se desviado dos lakshyas!]
Primeiras Experiências Clarividentes e Clariaudientes

(Extraído de Kundalini Yoga ou O Livro Amarelo, Cap. XII − V. M. Samael Aun


Weor)

Se o yogue persevera na meditação interna, se é constante, tenaz, infinitamente


paciente, depois de certo tempo aparecem as primeiras percepções clarividentes.

No princípio, apenas pontos luminosos, depois aparecem rostos, quadros da natureza,


objetos como em sonhos, naqueles instantes de transição que há entre a vigília e o
sono. As primeiras percepções clarividentes despertam o entusiasmo do discípulo.

Essas percepções demonstram−lhe que seus poderes internos estão entrando em


atividade.

É necessário que o estudante não se canse. Necessita−se muitíssima paciência. O


desenvolvimento dos poderes internos é algo muito difícil. Realmente, são muitos os
estudantes que começam, mas são poucos os que têm a paciência do santo Jó. Os
impacientes não conseguem dar um só passo no caminho da Realização. Esta classe
de práticas esotéricas é para pessoas muito tenazes e pacientes.

Na Índia sagrada dos Vedas, os yogues praticam a meditação interna quatro vezes por
dia. Em nosso mundo ocidental, devido à preocupação pelo viver diário e ao duro
batalhar pela existência, só se pode praticar a meditação uma vez por dia. Só isso é o
suficiente. O importante é praticar diariamente, sem faltar um só dia. A repetição
incessante, contínua, tenaz, põe, afinal, os chacras a girar, e, depois de algum tempo,
iniciam−se as primeiras percepções clarividentes e clariaudientes.
As manchas luminosas, os quadros de luz, as figuras vivas, o soar de sinos, as vozes
de pessoas ou de animais, etc., indicam com segurança que o estudante está
progredindo no desenvolvimento dos seus poderes internos. Todas essas percepções
aparecem nos instantes em que, submerso em profunda meditação, encontra−se
adormecido.

Muitíssimas espécies de luz começam a surgir com a prática da meditação interna.


No princípio, o devoto percebe luzes brancas e muito brilhantes. Essas luzes
correspondem ao Olho da Sabedoria, o qual se acha situado entre as sobrancelhas. As
luzes brancas, amarelas, vermelhas, azuis, verdes, assim como os relâmpagos, o sol, a
lua, as estrelas, as chispas, as chamas, etc., são partículas formadas de elementos
supra−sensíveis.

Quando aparecem pequenas bolinhas luminosas, resplandecendo com as cores branca


e vermelha, é sinal absolutamente seguro de que estamos progredindo na prática da
concentração do pensamento.

Chegará o momento em que o devoto conseguirá ver os Anjos, os Arcanjos, Tronos,


Potestades, Virtudes, etc., etc. O estudante costuma ver, entre sonhos e também
durante a meditação, grandiosos templos, rios, vales, montanhas, belos jardins
encantados, etc.

Costumam apresentar−se, durante as práticas de meditação, certas estranhas


sensações que às vezes enchem de medo o devoto. Uma dessas sensações é uma
corrente elétrica no chacra do cóccix.

Também no Lótus das Mil Pétalas, situado na parte superior do cérebro, costumam
sentir−se certas sensações elétricas. O devoto deve vencer o medo, se quiser
progredir no desenvolvimento dos seus poderes internos.
Algumas pessoas têm estas visões em poucos dias de práticas. Outras pessoas
começam a ter as primeiras visões depois de seis meses de exercícios diários.

No primeiro período de treinamento diário, apenas nos relacionamos com os seres do


plano astral.

No segundo período de exercitamento esotérico, relacionamo−nos com seres do plano


mental. No terceiro período, relacionamo−nos com seres do mundo puramente
espiritual. Então, começamos realmente a converter−nos em competentes
investigadores dos Mundos Superiores.

O devoto que começou a ter as primeiras percepções dos Mundos Superiores, deve
ser, no princípio, como um jardim selado com sete selos. Aqueles, que andam
contando aos outros tudo o que vêem e ouvem, fracassam nesses estudos pois as
portas dos Mundos Superiores se fecham para eles.

Um dos perigos mais graves que assalta o devoto é a vaidade. Muitos estudantes se
enchem de vaidade e orgulho quando começam a perceber a realidade dos mundos
supra−sensíveis e então se qualificam de MESTRES. E, sem terem alcançado o pleno
desenvolvimento dos seus poderes internos, começam a julgar os outros
erroneamente, fundamentados nas suas percepções clarividentes incompletas.

O resultado desse proceder equivocado é que o devoto lança então muito Karma em
suas costas, porque se converte em caluniador do próximo e enche o mundo de
lágrimas e de dor.

O estudante que teve as primeiras percepções clarividentes, deve ser como um jardim
selado com sete selos, até que seu MESTRE interno o inicie nos GRANDES
MISTÉRIOS e lhe dê ordem para falar.
Outro dos graves erros que assaltam a todos aqueles que se submetem à disciplina
esotérica é depreciar a IMAGINAÇÃO. Nós aprendemos que a imaginação é o
translúcido, o espelho da alma, a divina clarividência. Para o devoto, imaginar é ver.

Quando o chacra frontal começa a girar, as imagens que vêm ao translúcido


tornam−se brilhantes, resplandecentes, luminosas.

O devoto deve distinguir entre a IMAGINAÇÃO e a FANTASIA. A imaginação é


positiva. A fantasia é negativa, prejudicial, daninha para a mente, pois pode
conduzir−nos às alucinações e à loucura.

Todos aqueles que quiserem despertar a clarividência, desprezando a


IMAGINAÇÃO, cairão no mesmo absurdo daqueles que quiserem praticar a
meditação com absoluta ausência de sono. Essas pessoas fracassam no
desenvolvimento dos seus poderes internos. Essas pessoas violam as leis naturais, e o
resultado inevitável é o insucesso (grifo meu) [Ou seja, tentar meditar sem dormir e
sem o recurso da imaginação é um equívoco].

IMAGINAÇÃO, INSPIRAÇÃO e INTUIÇÃO são os três caminhos obrigatórios da


Iniciação.
Primeiro, aparecem as imagens internas, depois, conhecemos o significado dessas
imagens e, por último, penetramos num mundo puramente espiritual.

Todo clarividente necessita de Iniciação. A clarividência sem a Iniciação Esotérica


conduz o estudante ao mundo do delito. É necessário receber a Iniciação Cósmica.

Se um clarividente penetrar no subconsciente da natureza, poderá ler, ali, todo o


passado da Terra e das suas raças. Ali encontrará também os seus seres mais
queridos.
Poderá ver, por exemplo, a sua esposa amada, casada com outros homens ou talvez
até adulterando. Se o clarividente não tem Iniciação, confundirá o passado com o
presente e caluniará sua esposa; então, dirá: "ela é infiel, é adúltera, pois sou
clarividente e a estou vendo nos mundos internos em pleno adultério". No
subconsciente da natureza existem as lembranças das nossas reencarnações passadas.

Se um clarividente penetra no infraconsciente da Natureza, encontrará ali todas as


maldades da espécie humana. No infraconsciente da Natureza vive o Satã de todo ser
humano. Se o clarividente não recebeu a Iniciação, pode cair então na calúnia, porque
nos infernos infraconscientes da natureza vive o Satã dos Santos (O Eu Psicológico).

O clarividente sem Iniciação verá ali o Satã dos santos revivendo incessantemente
todos os crimes e maldades que eles cometeram em remotíssimas reencarnações,
antes de serem Santos. Porém, o clarividente inexperiente, sem Iniciação, não saberia
distinguir realmente entre o passado e o presente. Entre o Satã de um homem e o Ser
Verdadeiro de um homem. O resultado seria a calúnia. O clarividente inexperto diria:
"Esse homem, que se crê santo, é um assassino, ou um ladrão, ou um terrível mago
negro, porque eu, com a minha clarividência, assim o estou vendo". Isso é
precisamente o que se chama calúnia. Muitos clarividentes degeneram horrivelmente
em caluniadores. Um dos mais graves perigos da calúnia é o homicídio.

O homem ciumento, desconfiado, etc. encontrará, no infraconsciente da natureza,


todas as suas dúvidas e suspeitas convertidas em realidade. Então, caluniará sua
esposa, seus amigos, seus vizinhos, os Mestres, dizendo: "Como vêm, eu tinha razão
nas minhas dúvidas. Meu amigo é um ladrão, ou um mago negro, ou um assassino;
minha esposa está adulterando com fulano de tal, assim como eu suspeitava; minha
clarividência não falha, eu não me engano, etc.
O pobre homem, devido à falta de Iniciação, não teria capacidade de análise
suficiente para se dar conta de que penetrou no infraconsciente da Natureza, onde
vivem as próprias criações mentais.
Considerando todos esses perigos, é importante que os estudantes esoteristas não
lancem juízos sobre as pessoas. "Não julgueis para que não sejais julgados".

O devoto deve ser como um jardim selado, e com sete selos. Aquele que já tem as
primeiras percepções clarividentes e clariaudientes é ainda um clarividente inexperto
e, se não souber calar, converter−se−á em um caluniador das pessoas. Só os grandes
Iniciados clarividentes não se equivocam. Rama, Krishna, Buda, Jesus Cristo,
Hermes, etc., foram verdadeiros clarividentes infalíveis, oniscientes.

O sono na meditação

"Em certa ocasião, escutamos dos lábios de um swami hindu uma exótica afirmação.

Aquele mestre explicou diante do auditório a necessidade da Hatha−Yoga como


indispensável para alcançar as alturas do Samadhi. O yogue disse que muitas pessoas
não haviam conseguido nada na Meditação interna, apesar de seus longos esforços e
treinamentos diários. O swami conceituava que essa classe de fracassos se deve à
exclusão da Hatha−Yoga.

Nós francamente discordamos desta afirmação do venerável swami. Aqueles que


depois de 10 ou 20 anos não conseguiram a iluminação com a prática da meditação
interna, devem buscar a causa na falta de sono.

É imprescindível combinar a meditação com o sono."

Samael Aun Weor em Kundalini Yoga ou O Livro Amarelo, cap. XI.


Concentração: quando faltam pensamentos sobre o
lakshya

(Ampliação ao final)

Quando tentamos direcionar o fluxo do pensamento em torno de um único tema, nos


deparamos com o problema da inibição. O fluxo mental fica inibido quando tentamos
direcioná-lo, os pensamentos não fluem. Este é um dos obstáculos no
desenvolvimento da concentração.

Se queremos realmente "viajar" conscientemente dentro do tema que nos interessa,


necessitamos soltar as amarras do pensamento, do contrário, não haverá desligamento
completo de tudo o mais. No entanto, quando nos concentramos, pensamentos sobre
o lakshya nos faltam, ao mesmo tempo em que pensamentos sobre o que não nos
interessa aparecem aos montes. A mente se recusa a pensar naquilo que escolhemos,
sabotando nossa prática como um asno teimoso que de repente empaca e deixa de
caminhar. A mente quer pensar em seus temas, suas bobagens, e se recusa a pensar
no que escolhemos. O asno teimoso quer andar por seus próprios caminhos, dispersos
e sem metas, recusando-se a seguir pelo caminho que necessitamos.

No devaneio, ao contrário, a mente não experimenta empecilhos em seu fluxo, mas


também não vai por onde queremos. O asno não se fixa em nenhuma direção, troca
constantemente de tema, mariposeia e não se aprofunda em nada. O pensamento
disperso é superficial, toca em cada tema somente de leve, sem aprofundar-se em
nenhum, pois não se dá à continuidade e nem ao prologamento.
Fazer a mente fluir dentro do lakshya é uma dificuldade. A mente flui somente
enquanto lhe damos alguns empurrões, mas em seguida empaca, deixa de pensar no
objeto e tenta desviar-se para outras coisas.

No fundo, há um impulso volitivo por trás da teimosia da mente: gostamos de pensar


naquilo que é desejável. Se nos pusermos a tentar concentrá-la em imagens
pornográficas ou em desgraças que nos afetaram ao longo da vida, a mente
prontamente aceitará (embora isso não seja recomendável e tenha efeitos destrutivos
sobre nós), mas se tratarmos de concentrá-la no que é superior, ela resistirá. "Para
baixo todo santo ajuda", diz o ditado. É muito fácil usar a concentração para o que
não presta, mas é difícil direcioná-la para o alto. O asno quer teimosamente seguir os
velhos sanskaras aos quais está acostumado, sente-se bem neles.

A mente se concentra e flui facilmente naquilo que não presta porque os pensamentos
correspondentes são prazeirosos. É prazeiroso pensar em coisas mundanas: em
vingança, em comidas, em pornografia etc. Em contrapartida, o asno empaca e não
quer caminhar quando o lakshya é algo sublime e espiritual.

Uma forma de superar essa teimosia mental é escolhermos como alvo de nossa
concentração a solução de algum problema no qual valha a pena pensar. Relaxamos,
nos concentramos buscando a solução até que ela "nos caia", sob a forma de um
insight ou uma revelação. Perguntas relacionadas ao tema ("como resolver isso?)
podem ser usadas sob a forma de um koan. Tudo o mais deve ser esquecido e
abandonado. É importante focar naquilo que queremos (a solução) e não naquilo que
nos incomoda (o problema) pois, uma vez que uma idéia prevaleça na mente de
forma completa, o corpo físico reagirá em consonância com a mesma. Se o problema
tomar conta da mente, o corpo reagirá com estresse, mas se a solução tomar conta, o
corpo reagirá com alívio.
Existem infinitas coisas para se pensar sobre o lakshya, mas a mente não quer saber
delas. Ela prefere saborear seus próprios objetos e temas.

Quando concentramos a atenção em um lakshya exterior animado (ex. o


comportamento de um esquilo), não experimentamos tal teimosia, porque o lakshya é
externo a nós e continua a se movimentar e a agir de forma independente de nossa
observação. Mas quando fechamos os olhos e tentamos concentrar o pensamento em
um lakshya interno, experimentamos a resistência.

Até o momento, não vejo outra solução além de dar pequenos empurrões no asno
para que ele continue a pensar no que queremos. Sivananda aconselha que tentemos
inicialmente concentrar o pensamento em algo que nos interessa muito, pois isso
desobstruirá o fluxo mental (haverá uma junção entre nossa meta e um sanskara
específico da mente). No entanto, há que se ter cuidado pois, se escolhermos como
lakshya algo que pode nos prejudicar espiritualmente, não conseguiremos nos livrar
dos nefastos resultados. Se eu me entreter pensando detidamente em alguma fantasia
sexual, serei escravizado por tal fantasia e não serei capaz de preservar meu virya. De
todas as maneiras, quando mais interesse o objeto despertar em nós, mais facilmente
conseguiremos pensar nele.

Sivananda aconselha que, inicialmente, nos concentremos em um tema bem amplo,


como o céu, o oceano ou uma cordilheira. Assim, fica mais difícil que faltem os
pensamentos sobre o lakshya. Sempre há muito o que pensar sobre um tema amplo.
Duas coisas ainda podem ajudar nos casos em que faltam pensamentos sobre o
lakshya: manter a mente focada mesmo assim, à espera de insights a respeito, e fazer
perguntas a si mesmo sobre o tema. Como as perguntas que podem ser feitas sobre
algo são infinitas, ajudam a dar "empurrões" no asno da mente. Questionar-se a
respeito do objeto é uma forma de continuarmos pensando nele quando nenhum
pensamento a respeito nos ocorre. São infinitos os questionamentos que podemos
realizar sobre um dado tema. Escolher um tema amplo, manter-se focado mesmo sem
que nada nos ocorra e perguntar-se infinitamente sobre aquilo são, portanto, meios de
transcender a interrupção do fluxo mental desejado.

Suponhamos que você (ou eu ou qualquer outra pessoa) esteja procurando se


concentrar em um coco. Não se limite a explorar somente o interior do coco, sua
constituição e estrutura, inclua também as infinitas cenas da vida em que um coco
pode estar presente e pelas quais pode passar. Você pode imaginar, por exemplo, o
coco caindo na areia da praia, enchendo-se de areia, estragando-se, abrindo, ficando
cheio da água da chuva e de insetos, moleques brincando de jogar o coco para longe,
as ondas o arrastando e o devolvendo, um cachorro o mordendo para estimular os
dentes e outras infinitas situações. Assim, você abrirá um veio em que as
possibilidades imaginativas não se esgotam. Se você não consegue imaginar as cenas
organizadas coerentemente de forma temporal (desde o nascimento da fruta até a sua
destruição total), não importa: contente-se em explorar tudo o que for possível, com a
máxima profundidade e até onde alcançar. Imagine tudo o que você consiga sobre o
coco. Com o desenvolver das práticas, você organizará os processos antes imaginados
de forma desorganizada. O que interessa é criar uma espécie de "devaneio consciente
e prolongado" em que o coco esteja continuamente presente, de um modo ou de
outro. Cenas não intencionais, espontâneas, mas que não se desviem do tema, assim
como sonhos, lúcidos ou não, a respeito do assunto, são produto da prática e indicam
que os resultados estão começando a aparecer.

Não raciocine analisando se as cenas estão ou não se desviando do propósito, aprenda


a simplesmente acompanhar a cena sem receio de que haja desvios, deixe que as
cenas fluam. Não se recorde, não se ocupe e nem se preocupe com o desvios,
esqueça-os, não os procure. O que interessa não são os desvios e sim o lakshya, não
são os erros e sim o acerto. Quando você se perceber desviado, simplesmente volte ao
tema e continue.

Pela Lei das Associações, a mente tentará trazer outras cenas relacionadas ao objeto,
das quais ele próprio estará ausente. Vejamos um exemplo: você está imaginando
uma cena em que um coco está sendo vendido e, repentinamente, passa a imaginar
coisas sobre o vendedor ao invés de acompanhar o que aconteceu com a fruta ao ser
adquirida pelo cliente. Nesse caso, a imaginação foi transferida de um objeto (o coco)
para outro objeto relacionado (o vendedor), tal como ocorre no pensamento comum
desconcentrado ou imaginação mecânica. É a Lei das Associações que provoca os
desvios da imaginação e nos faz cair na atividade mental comum. A Lei das
Associações faz com que a imaginação passe de um tema a outro tema relacionado,
formando uma corrente de temas que se prolonga infinitamente, fascinando e
adormecendo a consciência. O pensar em muitos temas provoca excesso de atividade
mental e nos afasta do nosso objetivo, que é reduzir os pensamentos para, no final,
escaparmos da mente. Aconteça o que acontecer, observe e acompanhe o seu objeto e
não outras coisas.

A domesticação do asno da mente é algo progressivo, não adianta ter pressa. A cada
dia amansamos mais o asno, até o momento em que se torne obediente.

Não force sua mente a pensar sobre o lakshya, simplesmente focalize-a no objeto e
deixe que o pensamento surja e flua. Se forçar, terá dores de cabeça. Ao invés de
forçar, prefira conferir bastante importância ao objeto e nenhuma importância a
outras coisas. Não brigue com os pensamentos indesejáveis, vire-lhes as costas.
Confira importância e valor ao que interessa. Pratique a concentração repetidamente
em um mesmo tema durante vários dias, até que não seja mais preciso "procurar"
idéias sobre ele. Quando somos principiantes na prática da concentração, a mente não
flui continuamente, constantemente falha e se desvia.

Conscientemente, estamos em contato muito limitado com a realidade, porém,


inconscientemente, estamos em contato com o Todo. Isso significa que estamos em
contato com a intimidade dos objetos sem o saber. Temos conhecimento armazenado
no inconsciente mas não sabemos disso. É nesse sentido que Sócrates afirmava que
"conhecer é recordar".

Nós, seres humanos, não somos somente aquilo que percebemos de nós mesmos,
somos muito mais do que achamos que somos.

Mediante a concentração e a meditação, o conhecimento oculto em nós mesmos se


manifesta à consciência. Então nos damos conta de que sabíamos mais sobre o objeto
do que acreditávamos inicialmente.

Ampliação em 12/12/2013

Quando você estiver tentando pensar em um tema e os pensamentos esgotarem, não


fique se pressionando para ir além e nem forçando a mente para encontrar mais o que
pensar a respeito. Simplesmente conclua sua prática, troque de tema ou volte mais
tarde. Forçar a mente não adianta e somente dá dores de cabeça. A prática constante,
ao longo do tempo, irá gradativamente "abrir o tema" e revelar coisas novas a
respeito. Se um tema se tornou "batido" ou "enjoativo", não insista, adote outro tema
e prossiga sua prática. É importante ter regularidade nos lakshyas, não ficar trocando
à toa, mas também é importante não forçar violentamente o entendimento.

O fluir do pensamento concentrado deve ser algo leve e agradável.

A Meditação

(Extraído de: Samael Aun Weor, A Magia das Runas, cap. 17)

Informação intelectual não é vivência. Erudição não é experiência. O ensaio, a prova


e a demonstração exclusivamente tridimensional não são Unitotais.
Tem de haver alguma faculdade superior à mente e independente do intelecto que
seja capaz de nos dar um conhecimento e uma experimentação direta sobre qualquer
fenômeno. Opiniões, conceitos, teorias, hipóteses, não significam verificação,
experiência, consciência plena sobre tal ou qual fenômeno.
Somente libertando−nos da mente podemos viver de verdade ISSO que há de real.
AQUILO que se encontra em estado potencial atrás de qualquer fenômeno. Mente há
em toda parte. Os sete cosmos, o mundo, as luas, os sóis, nada mais são do que
substância mental cristalizada ou condensada.
A mente também é matéria, ainda que bem mais rarificada. Substância mental existe
nos reinos mineral, vegetal, animal e humano. A única diferença que existe entre o
animal intelectual e a besta irracional é isso que se chama intelecto. O bípede humano
deu à mente forma intelectual. O mundo nada mais é do que uma forma mental
ilusória que se dissolverá inevitavelmente no fim deste grande dia cósmico.
Minha pessoa, teu corpo, meus amigos, as coisas, minha família… são no fundo isso
que os hindus chamam de maya ou ilusão. Vãs formas mentais que cedo ou tarde
deverão ser reduzidas a poeira cósmica.
Meus afetos, os seres queridos que me cercam, etc., são formas simples da mente
cósmica, não tendo uma existência real.
O dualismo intelectual, tal como o prazer e a dor, os elogios e as ofensas, o triunfo e a
derrota, a riqueza e a miséria, constitui o doloroso mecanismo da mente. Não pode
haver verdadeira felicidade dentro de nós enquanto sejamos escravos da mente.
Urge que montemos no burro (a mente), para entrarmos na Jerusalém Celestial em
um Domingo de Ramos. Infelizmente, hoje em dia, o asno monta em nós, miseráveis
mortais do lodo da terra.
Ninguém pode conhecer a verdade enquanto seja escravo da mente. O Real não é
questão de suposições, mas de experiência direta.
Jesus, o grande Kabir, disse: Conhecei a verdade e ela vos fará livres. Porém eu vos
digo: A verdade não é questão de afirmações, negações, crenças ou dúvidas. A
verdade tem de ser experimentada diretamente na ausência do Eu, além da mente.
Quem se liberta do intelecto, pode experimentar, viver, sentir, um elemento que
transforma radicalmente.
Quando nos libertamos da mente, ela se converte em um veículo dúctil, elástico, útil,
mediante o qual nos expressamos neste mundo de maneira consciente. A lógica
superior convida−nos a pensar que se libertar, se safar de toda mecanicidade, se
emancipar da mente, equivale a despertar a consciência e a terminar com o
automatismo.
Aquilo que está além da mente é Brahma, o eterno espaço incriado, ISSO que não
tem nome, o Real.
Porém, vamos ao grão: Quem ou o que deve se safar, se libertar, da mortificante
mente?
Respondemos esta interrogação com as seguintes palavras: O que deve e que pode se
libertar é o que temos de Alma em nós, a consciência, o princípio budista interior.
41/128A mente só serve para nos amargar a existência. Felicidade autêntica, legítima,
real, só é possível quando nos emancipamos do intelecto. Porém, devemos
reconhecer que há um inconveniente, um obstáculo maiúsculo, um óbice para essa
aspirada libertação da Essência. Quero me referir ao tremendo batalhar das antíteses.
A Essência, a consciência, ainda que de natureza búdica, infelizmente vive
engarrafada no aparatoso dualismo dos opostos: sim e não, bom e mau, alto e baixo,
meu e teu, gosto e desgosto, prazer e dor, etc.
A todas as luzes resulta brilhante compreender que quando cessa a tempestade no
oceano da mente e termina a luta entre os opostos, a Essência escapa e submerge no
Real.
O dificultoso, trabalhoso, árduo e penoso, é conseguir o silêncio mental absoluto em
todos e em cada um dos 49 departamentos subconscientes da mente. Alcançar ou
obter quietude e silêncio no nível meramente intelectual ou em uns quantos
departamentos subconscientes, não é o suficiente porque a Essência continua ainda
enfrascada no dualismo submerso, infraconsciente e inconsciente.
Mente em branco é algo demasiado superficial, oco e intelectual. Necessitamos de
reflexão serena, se de verdade queremos conseguir a quietude e o silêncio absoluto da
mente.
A palavra MO significa silencioso ou sereno. CHAO significa refletir ou observar.
Logo, MO CHAO pode ser traduzido como reflexão serena ou observação serena.
Porém, no gnosticismo puro, os termos serenidade e reflexão têm um sentido muito
mais profundo e devem ser compreendidos em suas conotações especiais.
O sentido de sereno transcende ao que normalmente se entende por calma ou
tranqüilidade. Implica em um estado superlativo que está além dos raciocínios, dos
desejos, das contradições e das palavras.
Designa a uma situação que se encontra fora do bulício mundano.
O sentido de reflexão está bem além disso que sempre se entendeu por contemplação
de um problema ou de uma idéia. Aqui, não implica em pensamento contemplativo
ou em atividade mental e sim numa espécie de consciência objetiva, clara e refletora,
sempre iluminada pela sua própria experiência.
Portanto, sereno aqui é a serenidade do NÃO−PENSAMENTO e reflexão significa
consciência intensa e clara.
Reflexão serena é a consciência clara na calma e na tranqüilidade do
NÃO−PENSAMENTO.
Quando reina a serenidade perfeita, consegue−se a verdadeira e profunda Iluminação.

A história do mestre Meng Shan


(Extraído de: Samael Aun Weor, A Magia das Runas, cap. 23)

Contam as velhas tradições, que se perdem na noite dos séculos, que o Mestre chinês
Meng Shan conheceu a ciência da meditação antes dos vinte e cinco anos de idade.
Dizem os místicos amarelos que desde essa idade até os 32 anos ele estudou com 18
anciães.
Resulta certamente interessante, sugestivo e atraente, saber que este grande
Iluminado estudou com infinita humildade aos pés do venerável ancião Wan Shan,
quem lhe ensinou a utilizar inteligentemente o poderoso mantra WU, que se
pronuncia com um duplo U, imitando sabiamente o uivo do furacão na garganta das
montanhas.
Este irmão nunca esqueceu o estado de alerta percepção, de alerta novidade, tão
indispensável e tão urgente para o despertar da consciência.
O venerável guru Wan Shan disse−lhe que durante as doze horas do dia é preciso
estar alerta como um gato que espreita um rato ou como uma galinha que choca um
ovo, sem abandonar a tarefa por um segundo sequer.
Nestes estudos, os esforços não contam e sim os superesforços. Enquanto não
estejamos iluminados, temos de trabalhar sem descanso, como um rato que rói um
ataúde. Se praticamos dessa forma, nos libertaremos da mente e experimentaremos
diretamente esse elemento que a tudo transforma radicalmente, ISSO que é a
Verdade.
Um dia, Meng Shan, depois de 18 dias e noites contínuas de meditação interior
profunda, sentou−se para tomar chá e… ó maravilha!… compreendeu o sentido
íntimo do gesto de Buda ao mostrar a flor e o profundo significado de Mahakasyapa
com seu exótico e inesquecível sorriso.
Interrogou a três ou quatro anciões sobre a experiência mística, mas eles guardaram
silêncio. Outros disseram−lhe para que identificasse a vivência esotérica com o
Samádhi do Selo do Oceano. Este
sábio conselho, naturalmente, inspirou−lhe grande confiança em si mesmo.
Meng Shan avançava triunfante em seus estudos, mas nem tudo na vida são rosas,
também há espinhos. No mês de Julho, durante o quinto ano de Chindin (1264),
infelizmente contraiu desinteria em Chunking, província de Szechaun.
Com a morte nos lábios, decidiu fazer testamento e distribuir seus bens terrenos.
Feito isto, incorporou−se lentamente, queimou incenso, e sentou−se num sítio
elevado. Ali orou em silêncio aos três Bem−aventurados e aos Deuses Santos,
arrependendo−se diante deles de todas más ações que cometera em sua vida.
Considerando certo o fim de sua vida, fez aos inefáveis um último pedido: Desejo
que mediante o poder de Prajna e de um estado mental controlado, possa eu me
reencarnar em um lugar favorável, onde possa fazer−me monge (swami) em tenra
idade. Se por casualidade, me recobrar de sta enfermidade, renunciarei ao mundo e
tomarei os hábitos para levar a luz a outros jovens budistas.
Depois de formular estes votos, submergiu em profunda meditação, cantando
mentalmente o mantra WU. A enfermidade o atormentava, os intestinos
torturavam−no espantosamente, porém ele resolveu não lhes dar atenção.
Meng Shan esqueceu por completo de seu corpo e suas pálpebras fecharam−se
firmemente, ficando como se estivesse morto.
Contam as tradições chinesas, que quando Meng Shan entrou em meditação, só o
verbo, isto é, o mantra WU (U… U…), ressoava em sua mente, depois não soube
mais de si mesmo.
E a enfermidade…? Que houve com ela…? Que aconteceu…? Resulta claro, lúcido,
compreender que toda afecção, doença, dor, tem por embasamento determinadas
formas mentais. Se conseguimos o esquecimento radical, absoluto, de qualquer
padecimento, o cimento intelectual se dissolve e a indisposição orgânica desaparece.
Quando Meng Shan se levantou do sítio no começo da noite, sentiu com infinita
alegria que já estava quase curado. Sentou−se de novo e continuou submerso em
profunda meditação até a meia−noite, quando sua cura se completou.
No mês de agosto, Meng Shan foi a Chiang Ning e cheio de fé ingressou no
sacerdócio. Permaneceu um ano naquele mosteiro e depois iniciou uma viagem
durante a qual ele mesmo cozinhava seus alimentos, lavava as suas roupas, etc.
Então, compreendeu na íntegra que a tarefa da meditação deve ser tenaz, resistente,
forte, firme e constante, sem se cansar nunca.
Mais tarde, caminhando por terras chinesas, chegou ao mosteiro do Dragão Amarelo.
Aí, compreendeu a fundo a necessidade de despertar a consciência. A seguir
continuou sua viagem em direção a Che Chiang.
Chegando lá, arrojou−se aos pés do Mestre Ku Chan de Chin Tien e jurou não sair do
mosteiro enquanto não atingisse a Iluminação. Depois de um mês de meditação
intensiva, recobrou o trabalho perdido na viagem, porém seu corpo encheu−se de
horríveis bolhas, as quais foram intencionalmente ignoradas por ele, tendo
continuado com a disciplina esotérica.
Um dia qualquer, não importa qual, convidaram−no para uma deliciosa comida. No
caminho tomou sua Hua Tou e trabalhou com ela. Submerso em meditação, passou
diante da porta de seu anfitrião sem se dar conta, foi quando compreendeu que
poderia manter o trabalho esotérico mesmo em plena atividade.
No dia 6 de março, quando estava meditando com a ajuda do mantra WU, o monge
principal do mosteiro entrou no Lumisial de Meditação com o evidente propósito de
queimar incenso. Porém, aconteceu que ao golpear a caixa de perfumações, produziu
um ruido específico. Então, Meng Shan reconheceu a si mesmo e pôde ver e ouvir o
Chao Chou, notável Mestre Chinês
"Desesperado, cheguei ao ponto morto do caminho. Bati na onda (porém) não era
mais que água. Ó,
esse notável velho Chao Chou, cuja cara é tão feia!"
Todos os biógrafos chineses estão de acordo ao afirmarem que, no outono, Meng
Shan entrevistou−se com Hsueh Yen em Ling An e com Tui Keng, Hsu Chou, Shih
Keng e outros notáveis anciões. Sempre entendi que o Koan ou frase enigmática
decisiva para Meng Shan foi, sem sombra de dúvida, aquela com a qual Wan Shan o
interrogou:
"Não é a frase 'a luz brilha serenamente sobre a areia da praia' uma observação
prosaica desse tom de
Chang?"
A meditação nessa frase foi suficiente para Meng Shan. Quando Wan Shan o
interrogou mais tarde com a mesma frase, isto é, repetiu−lhe a mesma pergunta, o
místico amarelo respondeu atirando ao chão o colchão da cama, como que dizendo:
JÁ ESTOU DESPERTO.

Sobre não ocupar-se com aquilo que causa perturbação


Em sua conferência “A Necessidade de Mudar a Nossa Forma de Pensar”, o V.M.
Samael compara a consciência a um foco de luz que pode ser direcionado para onde
quisermos (essa é a mesmíssima do filósofo Baars ao elaborar seu conceito de “bright
spotlight of atention”). Diz, ainda, o Venerável Mestre que devemos aprender a
manejar a consciência adequadamente, focalizando-a onde deve ser focalizada e
retirando-a de onde não deve ser posta, pois os agregados psíquicos a condicionam e
a arrastam para onde querem. Os egos direcionam e prendem a consciência em
eventos perturbadores que provocam emoções negativas, inferiores e destrutivas.

Do acima exposto se depreende que não é recomendável prestar atenção em algo


quando queremos nos tornar emocionalmente independentes daquilo. É impossível
prestar atenção em algo que nos provoca temor, ódio ou desejo e ao mesmo tempo
enfraquecer as influências nefastas daquilo sobre o nosso psiquismo. Não poderei me
libertar do ódio se me ocupar com aquilo que me causa ódio. Quanto mais eu ver,
pensar ou falar naquilo que me causa ódio, mais alimentarei o ódio através da
identificação.

Tentar eliminar a gula enquanto se fica prestando atenção nos mais variados tipos de
alimentos saborosos é um contra-senso. São os egos de gula que arrastam a
consciência para os alimentos desejados e a prende nos mesmos. Isso vale para todos
os defeitos. O medo, por exemplo, não pode ser eliminado se nos ocuparmos com
aquilo que causa o temor. Se pensarmos, lembrarmos, falarmos ou mantermos a
atenção posta sobre aquilo que nos atemoriza, o medo irá se fortificar.

Em relação aos eventos da vida, temos que aprender a nos isolar psicologicamente,
mesmo estando fisicamente cercados por fatos perturbadores. Os acontecimentos da
vida devem passar por nós, sem nos arrastarem, e tomar seus cursos.

Controlar os indryas é manejar corretamente a consciência, não direcionando a


atenção àquilo que irá causar prejuízos psicológicos. É desta maneira que vamos
deixando de alimentar os defeitos e nos tornando cada vez mais independentes, sem
necessidade de reprimi-los.

Descobrir detalhes do Ego é descobrir formas insuspeitadas, inconscientes, de


alimentá-lo por meio do direcionamento da mente e da atenção/percepção. Cada
detalhe é uma ocupação da mente e da atenção com algo perturbador. Nos ocupamos
com aquilo que causa dano e nem sequer nos damos conta disso. Cada defeito que
temos corresponde a uma ocupação da mente e da percepção.

Se queremos nos desenvolver espiritualmente, temos que nos ocupar com aquilo que
dignifica e eleva, não com aquilo que rebaixa e degrada. Aquilo que provoca
emoções inferiores, negativas, nos rebaixa e degrada. Aquilo que provoca emoções
elevadas, superiores, nos eleva e dignifica. Temos, portanto, que aprender a
selecionar os objetos com os quais iremos nos ocupar. Acima de tudo, não devemos
cair no absurdo de tentarmos nos elevar sem nos desvencilharmos daquilo que nos
rebaixa.

Muitas pessoas acreditam que podem “resistir” às tentações enquanto se ocupam com
as mesmas. Entendo que isso é algo ilógico e sem sentido. O máximo que se
consegue com isso é uma cisão interna. Quando nos ocupamos com algo tentador,
estamos fortificando o desejo correspondente por meio da identificação (fascinação).
A libertação da alma advém quando a afastamos, a apartamos, dos objetos tentadores,
ainda que os mesmos continuem a nos rodear e a nos perseguir.

O que estou tentando explicar é algo análogo à sintonização de estações de rádio.


Sintonize-se o rádio com tal ou qual frequência, e teremos os programas da estação
correspondente. Temos que aprender a sintonizar a alma com o espiritual, com a
felicidade e com o Ser, deixando para trás as sintonias com o maligno (a dor, o medo,
o sofrimento, as tentações etc.). Quem se afina com o que é ruim, afunda cada vez
mais na degeneração e na tristeza. Vencer o sofrimento significa deixar de sintonizar-
se com ele.

O Ego está sintonizado com o mal, com os desejos materiais e carnais, os quais
somente provocam sofrimento, com as dores, com os perigos e temores, com tudo o
que nos seja destrutivo. O Ego enfraquece gradualmente conforme vamos nos
sintonizando com o espiritual e abandonando as preocupações deste mundo material,
tão adorado pelos hedonistas que idolatram o prazer carnal.

Concentração - aspectos a serem aprendidos ou


dominados

Segue abaixo uma lista de qualidades do poder da concentração para orientar o


praticante que queira exercitá-lo:

1. Deixar-se preencher pelas emoções superiores proporcionadas pelo objeto ou


lakshya (aviso importante: evitar objetos que rebaixem nossas emoções);
2. Imaginar o objeto com gentileza e naturalidade, sem fazer esforços para mantê-
lo no pensamento e no campo da imaginação;
3. Imaginar silenciosamente, sem utilizar o recurso da fala mental;
4. Manter a consciência no instante presente da prática;
5. Ver o objeto por meio da imaginação, com os olhos fechados;
6. Imaginar os detalhes da forma física do objeto ou "como está feito" (V.M.R);
7. Imaginar as matérias e substâncias que compõem do objeto ou "de que está
feito"(V.M.R.);
8. Imaginar as formas de utilização do objeto ou "para que está feito" (V.M.R.);
9. Imaginar o funcionamento do objeto ou "como funciona" (V.M.R.);
10. Imaginar o objeto desde várias perspectivas (tentar vê-lo de cima, de
baixo, dos lados);
11. Imaginar com lentidão e sem pressa, demorando-se em cada aspecto do
objeto;
12. Escutar interiormente os sons que o objeto emite;

Os aspectos acima devem ser exercitados aos poucos, de forma organizada e didática,
e o maior número de vezes possível.

Morte do Ego: o controle dos sentidos e da imaginação

(Perdoem pelo texto mal escrito, mas ainda não tive tempo de revisá-lo e elaborá-lo.
Pretendo fazer isso assim que for possível)

Muitos estudantes tentam deter os processos de alimentação dos desejos e emoções


inferiores mas fracassam por não manejarem corretamente a consciência. Em uma
conferência intitulada "A Necessidade de Mudar a Nossa Forma de Pensar", o V.M.S.
explicou sobre esse pormenor:

"Acaso vocês refletiram sobre o que é a consciência? Com que poderíamos compará-
la? A um raio de luz que se pode dirigir a uma parte ou outra, isso é óbvio. Devemos
aprender a colocar a consciência onde deve ser colocada. Onde estiver a
consciência, ali estaremos nós."

Portanto, está claro, aqui, que a consciência é algo análogo ao feixe de luz de um
holofote ou ao foco luminoso de uma lanterna. Esta é a mesma concepção defendida
pelo filósofo Baars.

Focar a consciência é direcionar a atenção. A atenção, por sua vez, depende da


percepção consciente, a qual está subordinada aos sentidos. Se quero direcionar
minha consciência, tenho que controlar minhas percepções e, por extensão, meus
sentidos. Onde estiverem meus sentidos, ali estarão minhas percepções e minha
consciência (lembrando que, além dos cinco sentidos externos, temos as percepções e
os sentidos internos). Direcionar a consciência é o mesmo que direcionar a atenção.

Quando a consciência é direcionada a algo, ela passa a agir sob a influência daquilo.
Os egos submetem a consciência e a focalizam nos objetos dos seus desejos:

"A consciência é algo que devemos aprender a colocar inteligentemente onde deve
ser colocado. Se colocarmos nossa consciência em um bar, ela agirá em virtude do
bar. Se a colocarmos em uma casa de prostituição, ali estará e, se a colocarmos em
um mercado, teremos um bom ou mau negociante. A consciência está,
desgraçadamente, aprisionada. Um eu de luxúria poderá levá-la a uma casa de
prostituição. Um eu de bebedeira poderá carregá-la para um bar. Um eu cobiçoso
levar-nos-á a um mercado. Um eu assassino nos levará à casa de algum inimigo etc."

Em outras palavras, se focarmos a consciência em coisas mundanas, estaremos nos


identificando com aquilo. O simples fato de contemplarmos uma cena pornográfica,
de terror ou conflito já é mais que suficiente para que defeitos correspondentes
comecem a se nutrir.

O manejo da consciência é importante para despertá-la:

"A vocês parece, acaso, correto não saber manejar a consciência? Tenho entendido
que é absurdo levá-la a lugares onde não deve estar, isso é óbvio. Desgraçadamente,
nossa consciência está engarrafada, aprisionada entre distintos elementos não
humanos que carregamos em nosso interior."

"Assim, precisamos nos tornar donos de nossa própria consciência, colocá-la onde
deve ser colocada, situá-la onde deve situar-se, aprender a pô-la em um lugar e
aprender a retirá-la. É um dom maravilhoso, porém é um dom que não é usado
sabiamente. (...) O único digno, o único real o que vale a pena em nós, é a
consciência, porém está adormecida, não a sabemos manejar. Os agregados
psíquicos levam-na para onde querem. Realmente não sabemos usá-la e isso é
lamentável. Se queremos uma transformação, uma mudança de base, devemos
também ir aprendendo o que é isso que se chama consciência."

Quem quer despertar a consciência tem que aprender a não identificar-se com os
eventos dos quais alemja libertar-se. Mas não será possível romper com a
identificação se permitirmos que nossa consciência se prenda a esses fatos e isso
acontece quando perdemos o tempo prestando atenção ao que não devemos. Se
prendo minha atenção a cenas pornográficas, obrigatoriamente estarei fortificando a
luxúria, ainda que acredite no contrário. A crença de que é possível "olhar sem se
identificar" é absurda pois o simples fato de direcionarmos a atenção já assinala a
manifestação de um desejo, o qual colhe energia com o ato e nos escraviza ainda
mais. Se prendo minha atenção a cenas de terror ou amendrotadoras,
obrigatoriamente fortificarei o medo. Se me entretenho percebendo cenas de brigas,
estarei me identificando com as mesmas e fortificando a ira.

O que se passa é que, para nós, adormecidos, não é possível contemplar sem
identificação aquilo que nos afeta. Se algo nos afeta, positiva ou negativamente,
obrigatoriamente iremos nos identificar com aquilo ao contemplá-lo. Portanto, o
primeiro passo é romper com a identificação, o que se consegue quando aprendemos
a controlar os indryas (sentidos) e deixamos de direcionar a percepção para aquilo
que nos altera, perturba ou afeta. Com isso, rompemos a identificação e começamos a
deixar de alimentar os defeitos correspondentes.

Se nos deparamos com uma briga e sentimos uma certa vontade de contemplá-la, tal
vontade já é o princípio da identificação e da alimentação de alguns defeitos
envolvidos. Caso cedamos ao impulso, estaremos nos identificando e fornecendo
energia a tais defeitos.
Além de controlar os cinco sentidos externos para não percebermos aquilo que nos
afeta ou perturba, temos que aprender a controlar também o sentido interno de
percepção psicológica que nos leva a contemplar mentalmente imagens relacionadas
a cenas perturbadoras. Contemplar algo com a imaginação tem um efeito análogo a
contemplá-lo fisicamente. Se fico imaginando cenas perturbadores, contemplando-as
na tela de minha mente, estarei me identificando e fortificando os defeitos do mesmo
modo que o faria se os estivesse contemplando fisicamente.

Os motivos pelos quais gostamos de contemplar com a imaginação cenas que nos
afetam, perturbam ou alteram podem ser vários. No caso da luxúria, o fazemos
porque sentimos um prazer morboso. No caso do medo, o fazemos porque cremos ser
útil ou importante. No caso da ira, porque consideramos necessário e até satisfatório.
E em todos esses casos as crenças são falsas e enganosas, já que a contemplação
mental ou imaginativa dos fatos dos quais almejamos nos libertar nos torna ainda
mais escravos. Quem quer se libertar de algo não pode aprisionar ali sua atenção, tem
que abandoná-lo, deixá-lo para trás.

Ao contemplarmos algo, seja com as percepções físicas ou com a percepção interna,


nos sujeitamos às suas influências. Contemplar com as percepções físicas é ver,
ouvir, tocar, cheirar, degustar. Contemplar com a percepção interna é imaginar ou
pensar (o pensamento é uma das funções da imaginação). O ideal é mantermos na
consciência aquilo que nos eleva, dignifica e nos torna sáttwicos. Devemos nos
colocar sob influências que nos melhorem e não sob influências que nos rebaixem e
piorem. Ao invés de conflitarmos com os acontecimentos maus e com os
pensamentos maus, os quais são teimosos, melhor é efetuarmos uma substituição.
Preenchamos a mente e a consciência com aquilo que nos faz bem e não haverá
espaço para o mal em nossas vidas.
Se você recebe uma carta de alguém te ofendendo, não leia, nem sequer abra (ou leia
somente a primeira linha para se certificar do que se trata). Não perca tempo correndo
atrás dos mexericos e fofocas que dizem sobre você. Abandone-os, deixe-os para trás.
Evite, ao máximo, relacionar-se com o lado mau das pessoas.

Se queremos desenvolver a essência, temos que aprender a isolá-la pois, sob a


influência da vida tal como sempre a tivemos, ela não se desenvolve e pode até
mesmo se perder com o tempo.

Concentração: sobre direcionar os pensamentos e


controlar os pensamentos

Existem dois tipos de concentração: a interior e a exterior.

Na prática da concentração interior, temos que fazer uma diferença exata entre
controlar os pensamentos e direcionar os pensamentos.

Controlar os pensamentos é pensar exatamente aquilo que se deseja previamente,


definindo de antemão aquilo que se quer pensar. Direcionar os pensamentos é
permitir que fluam espontaneamente em torno de um objeto ou lakshya escolhido.

Não há sentido em esperar que se possa aprender algo novo sobre um objeto no qual
pensamos quando os pensamentos são controlados de forma absoluta pois, neste caso,
os conteúdos que chegam à mente são somente os conteúdos previamente
conhecidos. A verdadeira concentração está além do mero repassar dos mesmos
pensamentos de sempre.

Na concentração, queremos descobrir coisas novas sobre o objeto, o que seria


impossível sem o recurso do fluir espontâneo. Quando se fala em "submeter a mente"
temos que compreender que se isso se refere a direcionar o seu fluxo.
O essencial, na concentração, é a contemplação contínua, prolongada, "natural e
espontânea" (V.M.S). Quando somos capazes de direcionar o fluxo mental, temos a
chance de contemplar conscientemente o surgimento de imagens mentais não
planejadas previamente e que trazem consigo informações novas relacionadas com o
alvo de nossa concentração.

Inicialmente, contemplamos o objeto subjetivamente, através do pensamento


(imaginação) e, com o desenvolver das faculdades internas, passamos a contemplá-lo
em si mesmo, transcendendo o pensamento.

Contemplar um objeto através do pensamento ou imaginação é contemplar a própria


imaginação e, por extensão, o objeto que é seu conteúdo.

Portanto, na concentração interior, não deixamos de observar e de contemplar para


somente imaginar e pensar, mas observamos aquilo que imaginamos, o que exige
imparcialidade, calma e consciência no presente. O agora, neste caso, é o momento
da prática.

O pensamento concentrado é o pensamento que flui espontaneamente em uma


direção definida, revelando o novo por meio do desenrolar da imaginação.

A concentração exterior, por outro lado, não exige controle dos pensamentos, mas
apenas descarte, porque nosso alvo, neste caso, não é um pensamento mas um objeto
exterior. O motorista que está dirigindo um ônibus não necessita e não deve
direcionar sua atenção para os pensamentos, sob o risco de provocar um acidente, e
sim para a realidade presente com a qual está se ocupando: pedestres, trânsito, pista
etc.

Portanto, saibamos diferenciar as coisas com clareza para não cairmos em erros que
possam nos estancar espiritualmente.

Morte: A Necessidade de Mudança de Contexto

Estamos cansados de ouvir que temos que nos tornar pessoas melhores. Todos dizem
isso em todos os lugares. No entanto, ninguém efetivamente nos ensina a fazê-lo. São
muitas as pessoas que gostariam realmente de se aperfeiçoarem espiritualmente e
erradicar seus erros de conduta, mas, infelizmente, ninguém nos dá um meio efetivo
para tal realização. Os V.M.s nos explicaram muito bem a respeito do caminho e, no
entanto, ainda assim é como se suas explicações não nos alcançassem, não nos
chegassem. Espero que as linhas que seguem possam ajudar pelo menos um pouco.

Um dos erros que comumente cometemos na Morte do Ego é permitirmos que um


problema cresça para depois corrermos atrás dos seus prejuízos. Isso faz com que
corramos em círculos, caindo e nos levantando infinitamente.

Pelo comum, os aspirantes se debatem contra os desejos que os atormentam e não


atentam para os contextos que os favorecem e reforçam, os quais deveriam ser
removidos de suas vidas.

Tentar libertar-se de um vício sem abandonar o contexto que o favorece é o mesmo


que entrar em uma sauna e não querer aquecer-se. Quem quer mudar de vida, deve
obrigatoriamente abandonar os contextos que ocasionam a vida infeliz.
Um viciado em drogas não se libertará do vício enquanto não mudar de cidade e não
romper com as antigas amizades, pois esse contexto favorável à reincidência
constantemente o arrastará de volta ao mesmo ato compulsivo. O boêmio viciado em
prostitutas não será capaz de se libertar enquanto não deixar de entrar nos prostíbulos
e seguir outros caminhos. O bêbado não se libertará do álcool enquanto continuar a
frequentar bares, banquetes e festins. Antecipar-se ao defeito e desviar os nossos
passos do caminho errôneo é um pré-requisito para libertarmos a alma.

A remoção dos contextos que conduzem ao erro vem ANTES e não depois da Morte
do Ego. É um pré-requisito, uma condição que a ANTECEDE e não algo que a
sucede, como muita gente erroneamente acredita. Muitas pessoas sinceras esperam
equivocadamente que os contextos sejam removidos depois ou durante o processo da
Morte e este é, segundo o meu ponto de vista, um equívoco entre os tantos nos quais
podemos cair nesse trabalho.

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