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INTERFERÊNCIA RELIGIOSA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: um relato


feminino
Camila Cris da Silva Dias
Aluna concluinte do CEDF/UEPA
camiladias.silva07@gmail.com
Denise Silva Rocha
Aluna concluinte do CEDF/UEPA
denisewz@hotmail.com
Josinete Pereira Lima
Professora orientadora do DFCS/UEPA
josi_emanuele@hotmail.com
RESUMO:
O presente artigo tem como objetivo identificar até que ponto a religião interfere no
que diz respeito à participação das alunas evangélicas nas aulas de Educação
Física durante o Ensino Médio. No que se refere ao tipo de pesquisa, esta qualifica-
se como descritiva, com abordagem qualitativa e foi direcionada às calouras de 2018
da Universidade do Estado do Pará- UEPA Campus VII, residentes no município de
Conceição do Araguaia – PA. Para procedimento metodológico, optamos por
aplicação de um questionário estruturado composto por 10 perguntas abertas
analisadas a partir das concepções de Bardin (2016) sobre análise de conteúdo, que
discorre que tal análise é utilizada como um instrumento de diagnóstico que
permite sugerir possíveis relações entre um índice da mensagem e uma ou diversas
variáveis do locutor. Sua categorização propõe uma operação de classificação de
elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, em seguida, por
reagrupamento com os critérios previamente definidos. Através dos dados obtidos,
constatou-se nessa pesquisa, que a religião por si só não é responsável por interferir
integralmente na participação das meninas nas aulas de Educação física, entretanto
algumas delas pertencentes à congregações mais rígidas ainda são privadas de
realizar e participar de determinadas atividades.
Palavras-chave: Educação Física. Corpo. Religião. Gênero.

INTRODUÇÃO
O interesse em desenvolver esta pesquisa se deu em buscar verificar se a
religião de alguma forma se contrapõe na disciplina de Educação Física durante as
aulas, pelo fato de algumas religiões através de suas crenças e costumes diversos
direcionar de forma mais incisiva seus ensinamentos com relação ao uso do corpo
às mulheres. Segundo Rigoni e Daolio (2014; 2017), para determinadas religiões, o
momento de cuidar do corpo é durante as aulas de Educação Física, e que as
modalidades sobre tudo esportivas, são extremamente valorizadas, porém existem
algumas atividades que fazem parte do currículo da disciplina, mais que não estão
sendo realizadas.
Esta pesquisa surgiu a partir do contato que tivemos com a disciplina de
Estágio Supervisionado II, onde observamos por meio de um projeto realizados em
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escolas públicas no período de festas juninas, que algumas alunas não realizavam
as atividades em virtude de sua religião não permitirem tal participação. Mesmo elas
sentindo vontade de fazer parte do evento e até repetindo os gestos em um canto,
não interagiam por ser considerado pela igreja e família algo errado. É certo, que as
festas juninas não são conteúdo da disciplina de Educação Física, porém a dança,
conteúdo este, pouco trabalhado nas aulas, insere-se entre os estudos nos quais a
religião evangélica considera profano, portanto não aconselhado ser realizado ou
praticado por seus fiéis.
Para discorrer sobre o assunto, optou-se por desenvolver uma pesquisa de
campo descritiva com abordagem qualitativa tendo como procedimentos
metodológicos a aplicação de um questionário estruturado com 10 perguntas
abertas para a obtenção dos dados que pretendíamos alcançar. O público alvo foi
direcionado a calouras de 2018 a partir de 18 anos de idade, que frequentam a
Universidade do Estado do Pará- UEPA Campus VII, residentes no município de
Conceição do Araguaia – PA, que fazem ou fizeram parte de uma religião
evangélica.
O Objetivo foi investigar se há interferência religiosa no que diz respeito aos
usos do corpo de meninas evangélicas a partir de suas vivências nas aulas de
Educação Física durante o Ensino Médio; verificar a existência de recomendações
da escola e possíveis diferenças no trato com as alunas por parte do professor em
suas aulas, este estudo pretende ainda esclarecer e levar informações acerca das
atividades consideradas inapropriadas pelas instituições das quais as estudantes
inserem-se, uma vez que, cada religião ensina seus fiéis quais são as formas mais
adequadas de utilizar o corpo, para que ele não caia em tentação e não cometa
pecados pregando que o indivíduo é um todo indivisível corpo, mente e espírito, logo
o que afeta um, afeta todos. (RIGONI e PRODÓCIMO, 2013)
Dessa forma este estudo pretende contribuir para o campo da pesquisa
acerca do tema, visto que os conteúdos referentes à Educação Física e religião são
escassos, além de ser um tema que ainda não foi abordado no município de
Conceição do Araguaia.

1. A EDUCAÇÃO FÍSICA: UM POUCO DA HISTÓRIA


Para entender a Educação Física atual é necessário saber de sua trajetória, e
os PCN’s apresentam as principais influências que marcaram e caracterizam a
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disciplina e os novos rumos no qual a mesma está delineada até o momento.


Segundo os PCN’s (BRASIL, 1998) a Educação Física teve seu início vinculada às
práticas militares e à classe médica, com pressupostos higiênicos, eugênicos e
físicos que favoreciam a educação do corpo tendo como meta a construção de um
corpo saudável, equilibrado organicamente e menos suscetível às doenças. Essa
educação física versava sobre o aprimoramento da saúde da população, buscando
um modelo europeu de treinamento (SOARES, 2004).
Com o surgimento da reforma Coute Ferraz em 1851, a Educação Física
torna-se obrigatória nas escolas do município da corte apesar da resistência de
muitos pais que não viam necessidade de uma disciplina sem caráter intelectual.
Nessa época existia uma cobrança maior dos meninos nas aulas visto que a
ginástica era associada às instituições militares, ficando boa parte das meninas por
outro lado, proibidas pelos pais de participarem das aulas (BRASIL, 1998).
Em 1882 Rui Barbosa a partir do projeto 224 da reforma Leôncio de Carvalho
e do decreto de nº 7.247 de 19 de abril de 1879 da Instituição Pública, defendeu a
ginastica nas escolas e a equiparação de seus professores aos das outras
disciplinas. Neste parecer ele destaca e explica a ideia de se ter um corpo saudável
para sustentar a atividade intelectual. Segundo Branch (1999) apud Costa e Santos
(2017), nesse período, com a busca de novos conhecimentos pelos professores de
Educação Física, esse campo começou a incorporar discussões pedagógicas
influenciadas pelas Ciências Humanas.
Já no início do século XX a Educação Física ainda com nome de ginástica foi
incluída nos currículos dos estados da Bahia, Distrito Federal, Ceará, Minas Gerais,
Pernambuco e São Paulo, ocasião esta, em que a educação brasileira foi
influenciada pelo movimento escola-novista, que destacava a importância da
Educação Física no desenvolvimento integral do ser humano.
Com a criação da 1ª Lei de Diretrizes e bases da educação nº 4024/61
(BRASIL, 1996) promulgada em 1961, ficou decretado a obrigatoriedade da
Educação Física para o ensino primário e médio, “não sendo claro, porém, a
quantidade de aulas semanais oferecidas, estando assim esse fator a cargo do
projeto pedagógico da escola em definir quantidades de aulas para cada disciplina”
(COSTA; SANTOS, 2017, p. 06). Ainda de acordo com essa Lei, são ajustadas as
faixas etárias e condições de seu público educacional, tornando facultativas as aulas
nos cursos noturnos.
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Na década de 80 por sua vez a Educação Física passa por uma crise de
identidade, originando mudanças nas políticas educacionais que deixava de lado o
ensino voltado para os anos de 5ª a 8ª série, passando a partir de então a priorizar
os seguimentos de 1ª a 4ª e pré-escola. Neste período a disciplina deixa a função de
promover os esportes de alto rendimento focando no desenvolvimento psicomotor
do aluno (BRASIL, 1997).
Finalizando, as relações entre Educação Física e Sociedade passaram a ser
discutidas sob influências das teorias críticas da educação no qual questionava-se
seu papel e sua dimensão política.
Dessa forma, nota-se o quanto a Educação Física adaptou-se desde seu
surgimento, moldando-se conforme o cenário social, econômico e político do país
que evidenciaram uma preocupação em torná-la uma área não marginalizada.

2. OS PCN’S E O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA


Com a intenção de se construir um referencial de qualidade que norteassem a
educação no ensino fundamental em nosso país, os PCN’s surgem com finalidade
de orientar e auxiliar os professores na execução de seu trabalho, estabelecendo
metas onde o aluno possa tornar-se um cidadão participativo, reflexivo e autônomo,
conhecedor de seus direitos e deveres. Ainda com a finalidade de se provocar uma
discussão sobre a educação, envolvendo os pais, a escola, o governo e a
sociedade, tais parâmetros trazem também a importância de se respeitar as
diversidades, culturais, regionais e políticas existentes no país.
Estes trazem também contribuições para a reflexão e discussão da prática
pedagógica na área escolar baseada em três aspectos fundamentais, são eles:
princípio da inclusão; da diversidade e categorias de conteúdo. Para (FERREIRA
2010, p. 23) tais parâmetros,
procuram democratizar, humanizar, e diversificar a prática
pedagógica da área, buscando ampliar, de uma visão apenas
biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas,
cognitivas, e socioculturais dos alunos. Incorpora, de forma
organizada, as principais questões que o professor deve considerar
no desenvolvimento de seu trabalho, subsidiando as discussões, os
planejamentos e as avaliações da prática da Educação Física nas
escolas.
Com a função de evidenciar quais são os objetivos de ensino e aprendizagem
a serem priorizados e servindo como base de maneira mais equilibrada para o
trabalho do professor, os PCN’s apresentam três blocos de conteúdo que terão que
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ser desenvolvidos em todo o ensino fundamental sendo eles divididos em:


“Esportes, jogos, lutas e ginástica; Atividades rítmicas e expressivas e Conhecimento
sobre o corpo” (BRASIL, 1997 p. 35). Estes blocos possuem vários conteúdos em
comum, mas que guardam suas especificidades.
Os conhecimentos sobre o corpo abrangem desde conhecimentos básicos do
que acontece com o corpo durante o exercício até conhecimento da anatomia como
estrutura muscular e óssea. Já o bloco que discorre sobre esportes, jogos, lutas e
ginasticas, procura conceituar, classificar e contextualizar os supracitados conteúdos
considerando suas regras, condições de espaços, materiais disponíveis, condutas e
percepções corporais, de acordo com a realidade e conjuntura de suas regiões. Por
fim o bloco de conteúdo de atividades rítmicas e expressivas inclui manifestação de
cultura corporal, que tem como características comuns a intenção de expressão e
comunicação mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como referência
para o movimento corporal tratando-se por tanto de danças e brincadeiras cantadas.
Quanto ao papel e a importância da Educação Física no ambiente escolar,
nota-se a priori que seu ensino volta-se para a obtenção das capacidades físicas e
de saúde dos seus estudantes. Nahas, 1997; Guedes, 1996 apud Darido, 2001, p.
08 afirmam que:

fica a cargo dessa disciplina atuar de uma maneira que possa


prevenir o desenvolvimento de hábitos pouco saudáveis como o
sedentarismo além de promover um conhecimento que possa ser
levado para a vida adulta sobre comportamentos saudáveis,
qualidade de vida, e prática de atividade física.

Outra importância da prática de atividade física durante a vida, é também


colocada por Dario (2015) ao afirmar que esta

é de suma importância para as crianças e adolescentes, pois


os mesmos estão em pleno desenvolvimento de suas valências
físicas e psicomotoras, atividades que estão diretamente
inseridas nas aulas de Educação Física, mesmo que talvez não
em sua suficiência.
Com o aparecimento de novas tendências para o ensino da Educação Física,
surgem também novas abordagens fruto da articulação de diferentes teorias que a
aproxima das ciências humanas. Embora contenham enfoques diferentes entre si
com pontos que por várias vezes se diferem, tem em comum a busca de uma
Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano. Entre as
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principais abordagens surgidas a partir desse período estão a psicomotora, a


construtivista, a desenvolvimentista e as abordagens críticas.
Sobre a abordagem psicomotora, seus estudos pautam-se no
desenvolvimento da criança com o ato de aprender, ligado aos processos cognitivos,
afetivos e psicomotores, ou seja, busca garantir a formação integral do aluno.
Ferreira (2001) acrescenta ainda que a psicomotricidade busca desenvolver fatores
como a noção de corpo, tonicidade, equilíbrio, estrutura espaço-temporal,
lateralidade, coordenação motora global e coordenação fina.
Já na abordagem construtivista tem-se a construção do conhecimento a partir
da interação do sujeito com o mundo, nessa perspectiva procurou-se alertar os
professores sobre a importância da participação ativa dos alunos na solução dos
problemas. Baseada no construtivismo de Piaget e com fortes influências da
psicomotricidade, Freire (1991) diz que a criança é uma especialista no jogo, no
brincar e no brinquedo, possui um conhecimento prévio que deve ser respeitado e
considera o erro como um processo para a aprendizagem.
A cerca das contribuições em relação a abordagem desenvolvimentista, os
(BRASIL, 1998) dizem que a mesma está dirigida para a faixa etária até os 14 anos
caracterizada pela progressão normal do crescimento físico, desenvolvimento motor
e da aprendizagem motora em relação à esta faixa etária, ou seja, ela se preocupa
com o desenvolvimento das habilidades motoras básicas, entre elas as habilidades
locomotoras, de manipulação e de estabilização.
Por fim, a respeito das abordagens críticas, pressupõe-se um modelo de
superação das contradições e injustiças sociais, ao combater a alienação dos alunos
e levantar questões de poder, interesse e contestação. Esse modelo de ensino exige
do professor de Educação Física, uma visão da realidade de forma mais global e
política. Dentre essas abordagens podemos citar a abordagem Crítico-superadora e
a Crítico-emancipatória (DARIDO, 2001).
Em resumo, todas essas abordagens, no espaço do debate da Educação
Física proporcionou uma ampliação da visão da área tanto no que diz respeito a
natureza de seus conteúdos quanto no que refere aos seus pressupostos
pedagógicos de ensino e aprendizagem, contribuindo dessa forma, para o
entendimento de sua função reflexiva não apenas relacionadas com os cuidados
corporais necessário à manutenção da saúde dos indivíduos, como também na ação
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de apropriação e reprodução intelectual, situadas nas diferentes esferas e cenários


no qual o aluno esteja inserido.

3. RELIGIÃO: BREVES CONCEITOS


Para definir o conceito de religião é preciso nos atentarmos ao termo
pluralidade, uma vez que cada grupo religioso expressa uma visão diferente e cada
um tem seu valor específico. Nesse sentido a religião torna-se um sistema de
crenças vista como um fenômeno coletivo, baseada na distinção essencial entre
fenômenos sagrados e profanos. Durkheim (1996 p. 21) define religião como:

Um conjunto de práticas e representações que vemos em ação tanto


nas sociedades modernas quanto nas sociedades primitivas sendo,
portanto, um sistema solidário de crenças e de práticas relativas a
coisas sagradas, isto é, separadas, interditadas, crenças e práticas
que unem numa mesma comunidade moral, chamada igreja, todos
os que aderem a ela.

Por outro lado, ao observarmos etimologicamente a palavra religião


percebemos que a mesma está ligada tanto a rigidez, quanto ao cuidado excessivo
no que diz respeito aos cultos provenientes da Roma antiga. Neste sentido, Derrida
e Vattimo (2000) define o termo religião “advindo de religio, que originalmente
remonta-se ao universo romano antigo e tem seu significado próximo a algo
escrupuloso ou cuidadoso relacionado a uma espécie de cuidado ou zelo com as
práticas do culto romano aos deuses”. Assemelhando-se ao conceito de Silva (2004,
p. 04) ao retratar o conceito de religião cujo sentido primeiro indicava “um conjunto
de regras, observâncias, advertências e interdições, sem fazer referência a
divindades, rituais, mitos ou quaisquer outros tipos de manifestação que,
contemporaneamente, entendemos como religiosas”.
Somente a partir do surgimento do cristianismo primitivo foi que o termo
religião passou a ser modificado, pois o que antes estava voltado para um rito ou
culto à diversos deuses, a partir de então destina-se a adoração de uma divindade
única.
Religio começa a perder seu sentido de relegere, rompendo com o
laço romano do paganismo, com o culto aos deuses, e passa a ser
entendido enquanto religare, reforçando a crença de um Deus único
e, ao mesmo tempo, marcando o fortalecimento do cristianismo que
vai de um sistema filosófico à religião oficial do império romano.
(PORTELA 2013, p.50)
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Ao observarmos a diversidade religiosa é possível perceber que em nenhum


período da história houve uma única religião em todo o mundo, pois somos diversos
historicamente, etnicamente e linguisticamente da mesma forma que somos diversos
religiosamente. Silva (2004, p. 02) acrescenta que

a diversidade religiosa é profunda. Ela existe entre ateus e religiosos,


entre formas distintas de religião (cristão e budistas, por exemplo),
entre romanos e religiosos com pontos em comum (como judeus e
muçulmanos), entre expressões internas de uma mesma religião
(católicos carismáticos e adeptos da Teologia da Libertação) e
mesmo entre expressões geográfico-históricas da mesma fé
(católicos espanhóis e norte-americanos).
Desse modo é possível notar a importância das religiões e o quanto cada uma
tem contribuído para a formação da história, uma vez que elas expressam visões e
ideologias diferentes, não significando que uma esteja certa ou errada, excluindo
dessa forma a ideia de superioridade de uma em relação a outra.

4. A EDUCAÇÃO E A RELIGIÃO E SUAS FORMAS DE GERIR O CORPO


Conferir a educação em seus aspectos gerais é entender que esta está
inserida em diversos campos teóricos como social, político, econômico e psicológico.
Nesse sentido (LIBÂNEO 2013, p.14) discorre que “a educação é uma prática social
que acontece em uma grande variedade de instituições e atividades humanas – na
família, no trabalho, na escola, nas igrejas, nas organizações políticas e sindicais,
nos meios de comunicação de massa e etc.”.
A partir desse pressuposto, nota-se por tanto que o processo educativo pode
ser influenciável através do meio social no qual as pessoas estão inseridas, pois,
estas são capazes a partir da apropriação de determinados conceitos ou ações
estabelecer uma relação ativa e transformadora. Tal prática educativa por ser um
fenômeno social torna-se, portanto, indispensável à existência e ao funcionamento
de todas as sociedades. Segundo Libâneo (2013, p. 15) “não há sociedade sem
pratica educativa e nem pratica educativa sem sociedade”, e como afirma Demo
(2004, p.31) apud Oliveira (2012, p. 23) “toda influência que se exerça sobre o aluno,
precisa frutificar em sua autonomia”.
Por sua vez, a compreensão da religião como prática educativa implica alguns
desafios, “um primeiro desafio é considerar a educação no seu sentido amplo
incluindo tanto os saberes escolares quanto os produzidos nas práticas
socioculturais cotidianas” Albuquerque e Barbosa (2016, p. 135). Posto isto, a escola
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nesse processo torna-se palco de múltiplas aprendizagens, necessárias e


significativas a formação do aluno, no entanto ainda percebe-se que o processo
pedagógico pode por vezes vir a mascarar o ensino de maneira geral. Isso pode ser
percebido quando a educação materializa-se, entre outras formas na subordinação
ou extinção do saber do outro tido por vezes como supersticioso, perigoso ou
irracional, devendo, portanto, ser suprimido ou substituído por outro mais racional ou
escolar. (ALBUQUERQUE e BARBOSA, 2016)
Oliveira (2012) ao discorrer sobre ensino religioso como disciplina escolar,
afirma que é papel do estado, além de, administrar bens culturais, fomentar uma
educação integral, onde a dimensão religiosa deva ser posta ao educando como
algo que esteja presente em todas as culturas, raças e povos, de todos os tempos
com suas diversas formas de devoções, doutrinas e princípios éticos.
Por outro lado, ao observarmos a aprendizagem escolar situada no âmbito
das práticas corporais, mais precisamente durante as aulas de Educação Física,
onde a religiosidade contrapõe-se a algumas atividades, nota-se o quão influente
pode ser a mesma em relação aos usos do corpo de seus fiéis, ao conferirem a eles
modos de agir ou pensar segundo seus princípios ou doutrinas. Saneto e Anjos
(2007) discorrem que a dominação dos corpos pode ser facilmente conduzida,
principalmente quando passível de saberes institucionais inteligíveis, ou seja “o
corpo torna-se instrumento – objeto manipulável, dócil, submisso, e acima de tudo,
útil; e, é claro, incapaz de gerar conflitos e rebeldia” (SANETO E ANJOS 2007 p.3).
Nesse sentido, Rigoni e Daolio (2014) em sua etnografia realizada em uma
congregação da Igreja Assembleia de Deus, aponta que existe um tipo de educação
religiosa direcionada especificamente aos “usos do corpo” das meninas, e que esse
tipo de educação implica, de alguma forma, a participação delas nas aulas de
Educação Física (EF), tornando dificultoso realização das atividades propostas em
aula seja por não estarem vestidas adequadamente ou por tais atividades irem
contra os princípios da igreja.
Por ser um público que seguem doutrinas, crenças e ideologias específicas,
os fiéis acabam levando esses costumes religiosos para outros tantos grupos sociais
seja no âmbito educacional ou no trabalho, principalmente os que estão inseridos
em instituições religiosas mais tradicionais que possuem características marcantes e
de fácil reconhecimento, diferenciando-os dos demais na sociedade. Rigoni e
Prodócimo (2013) apontam em seus estudos, que estas características podem ser
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identificadas a partir das suas posturas, roupas típicas (quase sempre usando saias
longas e blusas sem decote, em cores “sóbrias”), o modo como cortam os cabelos,
cuidam da aparência e os gestos comedidos, sendo todas essas características
perceptíveis principalmente nas meninas.
Porém, se observa que algumas meninas, quando estão no ambiente
religioso, no ambiente cotidiano e no ambiente escolar agem de forma diferente do
que são, seja no modo de vestir, falar ou agir na tentativa de buscar adequar-se a
um determinado grupo social. (RIGONI E DAOLIO, 2014 p. 875-887) verificam que,

Se no ambiente da igreja o que podíamos ver eram corpos que, por


suas características físicas e gestuais, demonstravam um tipo de
postura evangélica, fora dele tais características tornavam-se quase
imperceptíveis diante dos olhos. Isso acontecia porque os sujeitos
investigados estabeleciam adaptações e/ou acomodações entre a
prática religiosa institucional e a vida cotidiana fora da igreja.

Dessa forma verifica-se que algumas das “proibições” colocadas aos fiéis no
ambiente da igreja, fora dele desaparecem comedidamente, modificadas e
adaptadas dando aos seus fiéis, por tanto maior “autonomia” de escolha.

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A presente pesquisa realizou-se entre os meses de setembro e novembro de
2018 classificando-se como uma pesquisa de campo descritiva, que de acordo com
Gil (2008), estes estudos possuem como finalidade a descrição das características
de uma população, valores, problemas relacionados à cultura, fenômenos ou uma
experiência assumindo geralmente a forma de levantamentos. Quanto a abordagem,
a mesma qualifica-se como qualitativa tendo como procedimentos metodológicos a
aplicação de questionário estruturado com 10 perguntas abertas para a obtenção
dos dados que pretendíamos alcançar. Seu público alvo foi direcionado às calouras
2018 da Universidade do Estado do Pará- UEPA Campus VII, residentes no
município de Conceição do Araguaia – PA, que fazem ou fizeram parte de uma
religião evangélica durante o ensino médio.
A identificação das participantes deu-se da seguinte forma: comparecemos às
turmas dos primeiros anos nos identificando como discentes do 4º ano de Educação
Física do Campus, onde logo em seguida foi apresentado o tema do nosso projeto
no qual discorremos sobre os motivos e finalidades de seu desenvolvimento,
esclarecendo nesse momento que tal pesquisa seria direcionada apenas para as
evangélicas acima de 18 anos de idade. Para garantir a confidencialidade das
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calouras seus nomes serão conhecidos somente pelas pesquisadoras onde nas
análises foram utilizado um código alfa numérico quando mencionado suas falas.
No que diz respeito aos meios de investigação e procedimentos
metodológicos, elegemos a pesquisa de campo, que segundo Vergara (2009) é uma
investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou
que dispõe de elementos para explicá-lo, podendo incluir entrevistas, aplicações de
questionário, testes e observação participante ou não.
Para o procedimento utilizado nas análises de conteúdo elegemos Bardin
(2016), que discorre que tal análise é utilizada como um instrumento de diagnóstico
que permite sugerir possíveis relações entre um índice da mensagem e uma ou
diversas variáveis do locutor, correspondendo assim, a um procedimento mais
intuitivo, mas também mais maleável e mais adaptável. Sua categorização propõe
uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por
diferenciação e, em seguida, por reagrupamento (o que cada um tem em comum
com outros), com os critérios previamente definidos.
Após o levantamento de dados verificou-se um total de 07 turmas de 1º ano,
com 02 cursos no turno matutino (Geografia e Química), 02 no período vespertino
(Matemática e Educação Física), 02 no noturno (Pedagogia e Ciências Biológicas) e
uma turma de período integral (Enfermagem). Desse total 134 são do sexo feminino
e 113 são masculinos, no entanto a pesquisa foi desenvolvida apenas com as
alunas evangélicas do sexo feminino acima de 18 anos onde foram encontradas um
total 14 alunas. Os resultados obtidos após as análises foram organizados e
categorizados, dispostos a seguir em tabelas e gráficos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a aplicação dos questionários, as repostas para cada uma das
perguntas foram organizadas e divididas de acordo com os diferentes assuntos
abordados nas questões.
Tabela 1 – Idade das Discentes
Idade Quantidade
18 - 26 8
27 - 35 3
36 - 44 3
Total 14
Fonte: Organização pesquisadores 2018
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Ao traçarmos primeiramente o perfil de idade das discentes, constatou-se a


predominância de garotas entre 18 a 26 anos de idade totalizando 8 meninas, entre
27 e 35 anos foram encontradas 3, e de 36 a 44 também 3 alunas.

Quadro 1 – Orientação de comportamento nas aulas


Entrevistada Resposta
A3 Sim. Relatava sobre a forma de vestimenta e o respeito
A8 Sim. Sempre de short
A9 Com roupa decente
A14 Sim. Não se expor com roupas curtas
Fonte: Organização pesquisadores 2018
Para a questão 2 verificou-se que das 14 entrevistadas a maioria no total de
10 afirmaram não. No entanto 4 das entrevistadas relataram que sim que recebiam
algum tipo de orientação quanto à maneira de se comportarem nas aulas. Sobre
esta questão, é interessante notar a existência de uma incoerência com a literatura
até aqui apresentada, quando a maioria das alunas afirmam não terem recebido
nenhum tipo de orientação, pois como afirmam Rigoni e Prodócimo (2013), os
membros da Igreja, principalmente as mulheres, aprendem desde pequenas o modo
como devem se vestir, entre estas orientações, são indicadas vestimentas ligadas à
modéstia e ao pudor. No entanto talvez isso se dê pelo fato das mesmas já terem
absorvido isso como algo natural e nem consegue identificar que ao utilizar uma
determinada roupa ou um tipo de comportamento não relacionam mas a sua religião.
No entanto ainda foi considerável a quantidade de respostas afirmando
receberem orientações relacionadas aos tipos de vestimentas que elas deveriam
usar. Isso é confirmado por Rigoni e Daolio (2014) quando dizem que até mesmo a
roupa que devem utilizar tem papel importante para ambas às práticas. Para praticar
atividades físicas é aconselhável estar com os calçados e roupas adequadas. Na
mesma medida em que ser um “bom crente” é necessário saber vestir-se com
“pudor”. Este exemplo é percebido nas falas das alunas descritas na TAB 2.

Quadro 2 – Visão das alunas das aulas de Educação Física


Entrevistada Resposta
A1 Como uma aula de lazer e atividade física.
A3 Como esporte e saúde.
Como um momento de interação e de desenvolver atividades
A4
físicas entre os discentes.
A10 Como um meio de se exercitar
A13 Como uma recreação
Fonte: Organização pesquisadores 2018
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Quanto ao modo como as estudantes viam as aulas de Educação Física


exposta através da questão 3 nota-se a predominância das respostas ligadas às
atividades físicas e práticas esportivas colocadas a seguir pelas alunas.
Essas respostas assemelham-se ao que Saneto e Anjos (2007) colocam, ao
enfatizarem que para alguns dirigentes religiosos, a atividade física é importante por
si só, e o físico deve ser cuidado com atividades diversas, pois leva as pessoas a
terem saúde e um corpo saudável.

Quadro 3 – Participação na disciplina de Educação Física


Entrevistada Resposta
Participação relacionadas ao uso de vestimentas
Com um legging e de maneira assídua, pois a não participação
A4
implicava diminuição na nota.
A6 Participava com roupas maiores.
A7 Como minha religião não é rígida, usava calça legging.
Participação em atividades esportivas
A2 Jogava basquetebol e voleibol sem compromisso.
A3 De forma esportiva e pedagógica (ensino)
A8 Sempre com as amigas para jogar bola.
Participação nas aulas práticas e teóricas
A1 Participação ativa em todas as aulas.
A9 Participava igual a todas Sem nenhuma diferença
A10 Participava tanto das aulas teóricas e das práticas
A14 Atividade física e aula teórica
Fonte: Organização pesquisadores 2018

Com relação às respostas obtidas na questão 4 onde foi solicitado às


discentes que descrevessem como elas participavam da disciplina de Educação
Física, observa-se uma diversidade nas falas das participantes, onde estas
relataram usos de vestimentas, participação em atividades esportivas e realização
plena de todas as atividades propostas nas aulas.
Verificando essas colocações, é possível perceber o quão flexível é a religião
das evangélicas pesquisadas, pois através dessas falas nota-se uma certa
autonomia de escolha em realizar ou não as atividades ministradas pelo professor.
Rigoni e Daolio (2014), acrescentam que as noções religiosas não deixaram de
gerir, em certa instância, o corpo e suas práticas, porém estes referenciais religiosos
continuam a existir, mas a forma como operam transforma-se continuamente.

Quadro 4 – Conteúdos vistos e preferidos


Entrevistada Resposta
A1 Só esporte.
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A6 Voleibol e queimada
A9 Futsal handebol basquete vôlei e ginástica/Futsal
A11 Esportes
A12 Queimada
A13 Handebol e vôlei
A14 Vôlei
Fonte: Organização pesquisadores 2018

As questões 5 e 6 abordaram sobre os tipos de conteúdo: os vistos durante


as aulas e os de maior preferência para as entrevistadas. Em relação a estes, nota-
se pelas repostas das participantes a predominância dos conteúdos ligados aos
esportes, observado nas falas das alunas na TAB 5.
Estas afirmações confirmam o que Santos e Goellner (2014) apontaram em
suas pesquisas, relatando sobre a valorização do corpo saudável, útil e recreado,
cuja produção se dá pelo incentivo à prática de algumas atividades, sobretudo
esportivas.

Quadro 5 – Conteúdos não ministrados


Entrevistada Resposta
A1 Sim. Ginástica
A8 Palestras, por muitos não saberem sobre a disciplina sociedade
A13 Corporeidade
A14 Sim. Corpo humano anatomia básica para fins de conhecimento
Fonte: Organização pesquisadores 2018

Sobre conteúdos que deveriam ter sido ministrados, mais não foram expostos
no quadro 5, a maioria das garotas responderam não, tendo apenas quatro delas
que viram necessidade de verem conteúdos como ginástica e palestras ligadas aos
conhecimentos sobre o corpo assim expressos na TAB 6.
Observando estas respostas, nota-se que estes conteúdos estão entre os que
deveriam constar nas grades curriculares escolares propostos pelos PCN’s (1997),
abordados através dos blocos de conhecimentos sobre o corpo e esporte, jogos,
lutas e ginásticas. Nesse sentido Darido (2001) comenta que alguns autores têm
condenado a prática da Educação Física vinculada apenas a uma parcela da cultura
corporal, ressaltando também que todas estas atividades fazem parte do currículo
de Educação Física, todavia, não com a mesma ênfase que as disciplinas de cunho
esportivo.
Quadro 6 – Diferença nas aulas entre as alunas evangélicas
Entrevistada Resposta
A1 Algumas só realizavam as aulas teóricas
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A7 Elas não participavam das aulas práticas


A8 Elas não participavam mais o professor dava uma prova
A5 Por causa das roupas.
A6 Usavam roupas maiores e participavam menos das aulas.
Fonte: Organização pesquisadores 2018

Quando perguntadas se havia diferença nas aulas entre as alunas


evangélicas e as não evangélicas, grande parte das respostas mencionadas
relataram não haver nenhum tipo de diferença mencionadas na TAB 7. Sobre essa
participação, Rigoni e Daolio (2017) comentam a valorização de atividades que elas,
como evangélicas tradicionais, podiam realizar sem problemas, é como se uma aula
teórica ou uma prova permitissem sua participação enquanto as atividades práticas
não.
Outro argumento encontrado, diz respeito ao tipo de vestimentas usadas
pelas estudantes apresentados a partir das falas das discentes A5 e A6. Nesse
sentido Saneto e Anjos, (2007) afirmam que esse grupo religioso são contra o uso
de “roupas escandalosas” e que orientam as pessoas a “não usar vestes muito
chamativas”, devido à exposição demasiada do corpo e sua valorização.
Para o questionamento sobre a existência do uso de roupas obrigatórias,
imposto pela religião das entrevistadas, as respostas obtidas estão descritas na
tabela abaixo:

Quadro 7 – Vestimenta de uso obrigatório


Entrevistada Resposta
A1 Sim. Porém eu me adaptei
A4 Sim
A5 Não obrigatório, mas às vezes atrapalhava
A6 Saias e camisa compridas
A8 Sim, a saia.
A14 Sim
Fonte: Organização pesquisadores 2018

Através dessas respostas podemos observar que existia sim uma orientação
em relação ao uso de vestimentas propostas por alguns dos grupos religiosos
durante as aulas de Educação Física, expressas nas falas das pesquisadas acima
mencionadas. Com isso, Rigoni (2009 p. 179) “aponta que as alunas evangélicas,
que participam da aula vestindo saias, poderão apresentar certas diferenças
gestuais durante a realização das atividades, tão comum à Educação Física”.
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Quadro 8 – Privação de participação nas aulas


Entrevistada Resposta
Não. Porém eu quase fiquei em dança por não realizar
A1
algumas danças.
Fonte: Organização pesquisadores 2018

Por fim, ao serem questionadas se elas deixaram de participar das aulas em


virtude de sua religião, por não considerar apropriada ou adequada as atividades
ministradas, exposta através da questão 10, somente uma garota respondeu não
participar integralmente de todas as aulas, especificando o conteúdo dança que
quase resultou em sua reprovação, aqui revelado na seguinte resposta.
Segundo Santos e Goellner (2014), ao contrário de outras práticas corporais,
estas são identificadas como causadoras de alguns malefícios e por esse motivo
não são recomendadas para serem vivenciadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude dos fatos apresentados, nota-se que o esporte continua sendo
conteúdo predominante nas aulas de Educação Física assim como é na fala das
participantes, que por outro lado também veem necessidade de que se aborde
conteúdos novos, como ginásticas e conhecimentos gerais do corpo. Observou-se
também a partir das respostas obtidas, que a escola não faz nenhum tipo de
recomendação à estas alunas que as impossibilitem de participar das aulas, essas
proibições e intervenções estão ligadas mais ao psicológico das próprias meninas do
que na fala da igreja ou da família, apesar de ainda existirem mesmo que em menor
quantidade algumas religiões que dão indicações ligadas ao tipo de vestimenta que
elas devem usar.
Ao ser verificado se existe diferença durante as aulas para estas alunas
evangélicas em relação as demais, o que pudemos perceber foi a predominância
nas respostas de não haver diferença, pois algumas congregações permitem aos
seus fiéis uma “autonomia” maior em suas escolhas. Apesar disso, ainda existe um
número significativo de afirmações reconhecendo-as, pois, algumas meninas
pertencentes a religiões mais rígidas ainda deixam de participar ou não participarem
das aulas em sua plenitude por estarem usando vestimentas que as atrapalham na
execução de algumas atividades.
17

Tendo em vista os aspectos abordados, é necessário que exista uma menção


reflexiva tanto por parte da coordenação da escola quanto por parte da igreja afim
de elucidar o que essas meninas perdem e o quanto são prejudicadas por não
estarem participando regularmente das aulas, visto a importância da prática regular
de atividades físicas no desenvolvimento psicomotor de crianças e adolescente.
Dario (2015) reforça essa afirmação quando diz que as aulas de Educação Física
proporcionam ao aluno conhecimento do seu corpo, valorizando e adotando hábitos
saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida para que o mesmo
haja com responsabilidade em relação à sua saúde e a saúde coletiva.
Por isso tudo, constatou-se através dessa pesquisa, que a religião por si só
não é responsável por interferir 100% na participação das meninas nas aulas de
Educação física, entretanto algumas delas pertencentes à congregações mais
rígidas ainda são privadas de realizar e participar de determinadas atividades como
o conteúdo de dança aqui mencionado, que apesar de fazer parte do currículo de
Educação Física, não é aceito por diversos grupos religiosos.

RELIGIOUS INTERFERENCE IN PHYSICAL EDUCATION CLASSES: a female


report
ABSTRACT
This article aims to identify the extent to which religion interferes with the participation
of evangelicals in physical education classes during high school. Regarding the type
of research, this qualifies as descriptive, with a qualitative approach and was directed
to the freshmen of 2018 of the State University of Pará-UEPA Campus VII, living in
the municipality of Conceição do Araguaia - PA. For a methodological procedure, we
opted for a structured questionnaire composed of 10 open questions analyzed from
the conceptions of Bardin (2016) on content analysis, which states that such analysis
is used as a diagnostic tool that allows us to suggest possible relationships between
a message index and one or several speaker variables. Its categorization proposes
an operation to classify constitutive elements of a set by differentiation and then by
regrouping with previously defined criteria. From the data obtained, it was verified in
this research that religion alone is not responsible for interfering fully in the
participation of girls in physical education classes, although some of them belonging
to the more rigid congregations are still deprived of performing and participating in
certain activities.
Keywords: Physical Education. Body. Religion. Genre.
18

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