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COLEM

PROF. UESLEI PEREIRA

TEXTO PARA ATIVIDADE DE HISTÓRIA DO 1º ANO

MICHELLE PERROT – Minha História das Mulheres (trecho do livro)

A invisibilidade

[...] o silêncio mais profundo é o do relato. O relato da história constituído pelos primeiros historiadores gregos
ou romanos (do período antigo) diz respeito ao espaço público: as guerras, os reinados, os homens "ilustres",
ou então os "homens públicos". O mesmo ocorre com as crônicas medievais e as vidas de santos: fala-se mais
de santos do que de santas. Além disso, os santos agem, evangelizam, viajam. As mulheres preservam sua
virgindade e rezam. Ou alcançam a glória do martírio, que é uma honra suntuosa. As rainhas merovíngias, tão
cruéis, as damas galantes do Renascimento, as cortesãs de todas as épocas fazem sonhar. É preciso ser piedosa
ou escandalosa para existir. No século XVIII e principalmente no XIX, a história torna-se mais científica e
profissional. Daria um espaço maior para as mulheres e para as relações entre os sexos? Apenas um pouco
maior. Michelet fala das mulheres na história da França: a terrível regência de Catarina de Médici mostra
os inconvenientes das mulheres no poder. Sua visão da história é muito influenciada pela representação do
papel dos sexos. Ele valoriza a "mulher do povo", pois "não há nada mais povo do que a mulher", diz. E é assim
que as mulheres aparecem nos manuais escolares da Terceira República. Com exceção de Joana d'Arc, única
verdadeira heroína na França, esses manuais falam muito pouco das mulheres.

[...] (Entre as duas guerras, as mulheres têm acesso à universidade. E várias delas manifestam interesse pela
história das mulheres, principalmente pela do feminismo: Marguerite Thibert ou Edith Thomas, 13 por
exemplo. Mas continuam marginais com relação à revolução historiográfica trazida pela escola dos Annales
- como é chamado o núcleo constituído por Marc Bloch e Lucien Febvre em torno da revista Annales. Bastante
inovadora, essa escola rompeu com uma visão da história dominada pelo exclusivismo político. Mas o
econômico e o social permaneceram como suas prioridades: seus pesquisadores não cogitavam da diferença
dos sexos, que, para eles, não constituía uma categoria de análise. [...]

O nascimento de uma história das mulheres

O advento da história das mulheres 14 deu-se na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos nos anos 1960 e na
França uma década depois. Diferentes fatores imbricados — científicos, sociológicos, políticos — concorreram
para a emergência do objeto "mulher", nas ciências humanas em geral e na história em particular:

Existem fatores sociológicos: entre eles, a presença das mulheres na universidade. Como estudantes: elas
representam quase um terço das matrículas nos anos 1970. Como docentes: depois de terem sido
"indesejáveis" por muito tempo, elas conquistam o seu espaço depois da Segunda Guerra Mundial e
constituem atualmente quase um terço dos professores efetivados. Essa feminização podia ser o fermento
de uma demanda renovada, ou pelo menos de uma escuta favorável [...]

Os fatores políticos, no sentido amplo do termo, foram decisivos. O movimento de liberação das mulheres,
desenvolvido a partir dos anos 1970, não visava de início à universidade e suas motivações não incluíam a história:
contava com o apoio de mulheres intelectuais, leitoras de Simone de Beauvoir, que acreditavam que tudo
estava resolvido no livro O segundo sexo. Esse movimento teve conseqüências no saber, de duas diferentes
maneiras, pelo menos. De início, em busca de ancestrais e de legitimidade, por seu desejo de encontrar vestígios
e torná-los visíveis, começou um "trabalho de memória" que continua a desenvolver-se desde então no seio da
sociedade em seu conjunto. A longo prazo, esse movimento teve ambições mais teóricas. Pretendia criticar
os saberes constituídos, que se davam como universais a despeito de seu caráter predominantemente masculino.
Houve, nos anos 1970-1980 uma vontade de "corte epistemológico" que afetou principalmente as ciências
sociais e humanas, mas que chegou a tocar o domínio da matemática. Assim nasceu o desejo de um outro
relato, de uma outra história.
PROF. UESLEI PEREIRA

TEXTO PARA ATIVIDADE DE HISTÓRIA DO 1º ANO

ANEXO: trecho de: Um escândalo na Boêmia - Arthur Conan Doyle Publicado pela primeira vez na Strand
Magazine, em Julho de 1891

Recebeu-me de um modo efusivo. Isso era raro, mas penso que ele estava satisfeito ao ver-me. Pouco falou, mas
com um olhar amigável apontou-me a poltrona, estendeu-me sua cigarreira e indicou o bar no canto. Depois
postou-se diante da lareira e olhou-me com seu jeito singular e introspectivo.

— O casamento foi bom para você — disse ele. — Creio, Watson, que você pesa mais três quilos e meio desde a
última vez que o vi.

— Três — respondi eu.

— Deveras? Julguei que fosse um pouco mais. Um pouco mais, Watson. Bem, vejo que está trabalhando de novo,
mas não me tinha dito que pretendia voltar à sua profissão.

— Como é que sabe então?

— Vejo que sim, deduzo-o. Como é que sei que tem apanhado muita chuva nestes últimos dias e que tem uma
empregada bronca e descuidada?

— Caro Holmes — disse eu —, isso é demais. Você certamente teria sido queimado vivo se tivesse vivido uns
século atrás. É verdade que fui passear no campo na quinta-feira e voltei molhadíssimo, mas como já mudei de
roupa não sei como é que descobriu. Quanto à empregada, é incorrigível, e minha mulher já a despediu, mas
mesmo assim não sei como o adivinhou.

Ele riu satisfeito e esfregou as mãos nervosamente.

— É a coisa mais simples — retorquiu. — Vejo que do lado de dentro do seu sapato esquerdo, justamente onde
a luz do fogo incide, o couro está marcado com seis cortes paralelos. É claro que os cortes foram feitos por alguém
que descuidadamente raspou a beira das solas dos sapatos para remover a lama nelas grudada. A partir daí
compreenderá minhas deduções duplas, de que esteve fora com mau tempo e que tem uma espécie de
empregada particularmente incompetente para limpar os sapatos. Quanto à sua profissão, se um cavalheiro
entrar nos meus aposentos cheirando a iodofórmio, com uma mancha de nitrato de prata na ponta do polegar
direito e uma saliência na cartola que mostra onde escondeu seu estetoscópio, devo ser muito obtuso se não o
reconheço como membro ativo da profissão médica.

Não pude deixar de rir da facilidade com que ele explicou seu processo de dedução.

— Quando ouço suas razões — disse eu —, as coisas parecem tornar-se tão simples que facilmente penso
conseguir o mesmo, embora fique cada vez mais confuso, até que você explique seu processo… Todavia, creio
que minha vista é tão boa quanto a sua.

— Perfeitamente — respondeu ele acendendo um cigarro e atirando-se numa poltrona. — Você vê, mas não
observa. A distinção é clara. Por exemplo, você tem visto muitas vezes os degraus que sobem do bali até este
aposento.

— Frequentemente.

— Quantas vezes?

— Bem, algumas centenas de vezes.

— Então quantos são?

— Quantos? Não sei.

— Muito bem! Você os viu. Mas não os observou. Aí está a minha vantagem. Eu sei que há dez degraus, porque
vi e observei.

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