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O Conceito de transferência

1) O conceito de transferência é uma espécie de traço distintivo da clínica psicanalítica.


Aquilo que a diferencia de tantos outros métodos.
2) Saber manejar a transferência é uma necessidade básica da clínica psicanalítica.
3) Mas o que é a transferência?
4) A psicanálise é o único modelo de tratamento no qual o próprio ego do analista é a
ferramenta principal. O analista se empresta ao paciente. Ele se posiciona de forma
mais neutra para ser o receptáculo das emoções do paciente.
5) É por isso que ele não atua o papel, por exemplo, do analista bonzinho.
6) Como ele faz isso? De duas formas: em primeiro lugar o analista se posiciona de forma
mais neutra a permitir a emergência de sentimentos transferenciais. E em segundo ele
age com naturalidade ao receber qualquer tipo de sentimento, incentivando cada vez
mais o paciente a projetar seus sentimentos no analista.
7) Depois esses sentimentos são interpretados.
8) É muito mais profundo permitir-se ser odiado do que dizer ao paciente que ele pode
odiar. Você estará trabalhando com a estrutura emocional viva, em ebulição.
9) A neutralidade do analista proporciona que o setting adoeça da doença do paciente.
Se a questão é a sensação de abandono, o paciente se sentirá abandonado pelo
analista; se se sente perseguido e vigiado, se sentirá dessa forma em relação ao
analista; se seu núcleo invejoso é muito forte, achará que o analista o inveja e sentira
muita inveja do analista; se é perverso, tentará perverter o vínculo terapêutico; se seu
superego é muito rígido, achara que o analista o julga de forma crítica e severa.
10) Ou seja, o problema do paciente será projetado sobre o analista, para que possa ser
resolvido e analisado. A neurose do paciente será transformada em uma neurose de
transferência.
11) É por isso que temos que tratar o amor transferencial como manifestação da
transferência e devemos trata-lo da única forma possível para curar a neurose do
paciente. O amor transferencial tem que ser tratado da mesma forma que qualquer
outra manifestação da transferência.
12) Veremos a seguir o que é o amor transferencial e como lidar com ele.

Observações sobre o amor transferencial (Novas recomendações sobre a técnica da


psicanáliseIII) (1914-1915)

1) As dificuldades mais sérias que enfrentamos na clínica dizem respeito ao manejo da


transferência.
2) Entre as situações transferenciais existe uma nitidamente definida e que ocorre
frequentemente. Essa situação é importante tanto do ponto de vista teórico quanto
prático.
3) O caso é quando a paciente se apaixona pelo analista. Ela ou diz isto abertamente ou
isto pode ser inferido de forma inequívoca.
4) Para o leigo, esta situação teria apenas três desfechos possíveis.
a. Que paciente e analista iniciem um sério romance, encerrando assim o
tratamento;
b. Que paciente e analista se separem e abandonem o tratamento, acreditando
que o mesmo se tornou inviável devido ao apaixonamento;
c. Que paciente e analista iniciem um romance ilícito e passageiro, continuando
o tratamento.
5) O psicanalista, claro, vê as coisas de forma diferente.
6) No caso de analista e paciente se separarem e encerrarem o tratamento, corre o risco
de esta mesma situação ocorrer com outro analista.
7) O analista não deve se envaidecer com esta paixão e reconhecer que o apaixonamento
é induzido pela situação analítica.
8) Do ponto de vista do paciente, ou ela abandona o tratamento ou aceita se apaixonar
pelo analista.
9) É claro que os parentes da paciente preferirão a primeira opção, enquanto o analista
prefere a segunda.
10) O que deve estar em primeiro lugar é o bem estar da paciente. O ciúme e o egoísmo
devem ficar de lado.
11) De nada adianta interromper o tratamento e manter a neurose. É a resolução desta
questão transferencial que vai tratar a neurose.
12) Freud diz que, apesar de a situação, quando surge, ser altamente significante para a
melhora da paciente, de nada adianta tentar incentivar ou forçar um enamoramento
da paciente pelo analista.
13) Apesar de esta situação indicar, quando acontece, um avanço no tratamento, à
primeira vista, não parece haver vantagem alguma neste episódio.
14) A paciente perde interesse no tratamento e só pensa no seu amor. Abandona os
sintomas, diz que está boa. É fácil o analista se convencer de que o tratamento chegou
ao fim.
15) Mas temos que lembrar que tudo que acontece para interferir no andamento do
tratamento pode constituir expressão da resistência.
16) Freud diz:
“Não pode haver dúvida de que a irrupção de uma apaixonada exigência de amor é,
em grande parte, trabalho da resistência.” (p. 180)
17) A paciente fica totalmente sem insight e está absorvida por seu amor.
18) Na opinião de Freud a resistência se aproveita de um enamoramento já existente.
Justamente quando a análise se aproxima de um conteúdo reprimido a resistência
utiliza seu amor para atropelar a continuação do tratamento.
19) A resistência intensifica o estado amoroso.
20) Mas como deve agir o analista, uma vez que esteja ele persuadido de que o
tratamento deve ser levado adiante apesar da transferência erótica.
21) Freud diz:
“Instigar o paciente a suprimir, renunciar ou sublimar seus instintos, no momento em
que ela admitiu a sua transferência erótica, seria, não uma maneira analítica de lidar
com eles, mas uma maneira insensata. Seria exatamente como se, após invocar um
espírito dos infernos, mediante astutos encantamentos, devêssemos manda-lo de
volta para baixo, sem lhe haver feito uma única pergunta. Ter-se-ia trazido o reprimido
à consciência, apenas para reprimi-lo mais uma vez, um susto.” (p. 181)
22) Tampouco deve o analista ceder aos encantos e se envolver com a paciente.
23) Também não deve ceder parcialmente, evitando apenas a atuação física.
24) O analista tem que manter a neutralidade e controlar a contratransferência. Não deve
se envolver com a paciente, nem gratifica-la retribuindo parcialmente a afeição e
evitando apenas o contato físico.
25) O tratamento tem que ser levado na abstinência.
26) Mas o que aconteceria se o analista se envolvesse com a paciente?
27) O analista poderia achar que este envolvimento aproximasse ambos e até ajudasse a
paciente a se livrar de sua neurose.
28) De modo algum isso aconteceria. Ela alcançaria o seu objetivo mas o analista não
alcançaria o seu.
29) Isso significaria um grande trunfo para ela e sua doença, mas uma derrota total para o
tratamento.
30) Ela teria tido êxito em atuar na vida real aquilo que deveria ter permanecido no
mundo mental.
31) Toda possibilidade de melhora seria abolida.
32) O relacionamento amoroso destrói a possibilidade de tratamento, uma combinação de
ambos é impossível.
33) Conclui-se então que é tão desastroso para a análise que o anseio da paciente por
amor seja satisfeito quanto que seja reprimido.
34) O caminho que o analista deve seguir não é nenhum destes.
35) Freud diz:
“Ele tem de tomar cuidado para não se afastar do amor transferencial, repeli-lo ou
torna-lo desagradável para a paciente; mas deve, de modo igualmente resoluto,
recusar-lhe qualquer retribuição.”
36) O analista tem que tratar este amor como sintoma transferencial, como uma situação
que se deve atravessar para remontar às origens inconscientes da vida erótica do
paciente e trazer para consciência e análise.
37) Quanto mais claro fica que o analista aceita o amor mas não vai ceder, ou seja, que
está a prova, mais rápido ele pode extrair da situação seu conteúdo analítico.
38) A paciente, ao perceber que o analista não rejeita nem julga seu amor, se sentirá
segura para sentir e viver emocionalmente aquilo que precisa ser sentido e vivido.
Assim o tratamento começa a andar.
39) Mas existem mulheres com as quais isso não adianta. São tão obstinadas que ou se
cede ao amor ou se interrompe o tratamento.
40) Muitos analistas adotam a seguinte forma de trabalho: tentarão demonstrar para a
paciente que este amor não é real, tentarão demonstrar isso amparados em dois
argumentos: 1) que a real motivação do amor é uma fonte de resistência à análise e 2)
demonstram que a forma como a paciente se apaixonou parece uma repetição de
outros amores e de atitudes infantis.
41) O analista mostrará à paciente que há elementos inequívocos de resistência nesse
amor.
42) Freud diz:
“O amor genuíno, diremos, torna-la-ia dócil e intensificaria sua presteza em solucionar
problemas de seu caso, simplesmente porque o homem de quem está enamorada
espera isso dela.” (p. 184)
43) Em vez disso ela abandonou o interesse pelo tratamento.
44) Os analistas dirão que ela está expressando uma resistência sob o disfarce da paixão. E
de que coloca o analista numa situação difícil. Pois se ele aceita compromete o
trabalho, e se ele rejeita ela pode abandonar o tratamento ressentida.
45) No que diz respeito ao segundo item será dito à paciente que seu amor carrega
influências de necessidades infantis.
46) Com uma boa dose de paciência, esses dois modos de proceder do analista levariam a
superação da situação.
47) Mas estariam realmente corretos?? Podemos realmente dizer que o amor que se
manifesta no tratamento analítico não é real?
48) Para Freud:
“Não temos o direito de contestar que o estado amoroso que faz seu aparecimento no
decurso do tratamento analítico tenha o caráter de um amor genuíno.” (p. 185)
49) Anteriormente, no mesmo texto, tem uma passagem que Freud diz que o analista tem
que tratar este amor como irreal. É importante falar um pouco disto. Ele não está
dizendo naquela passagem que o amor é irreal, mas que o analista deve trata-lo como
manifestação da transferência, como se fosse irreal. Mas isso não significa dizer ao
paciente que seu amor é irreal ou achar que o que o paciente sente não é verdadeiro.
50) O primeiro argumento é mais forte, pois há uma forte resistência operando na
situação. Mas, para Freud a resistência se aproveita do amor e não o cria. A resistência
agrava a manifestação do amor.
51) O segundo argumento é mais frágil. É verdade que este amor transferencial consiste
em novas manifestações de antigas características e que repete padrões infantis. Mas
esse é o caráter essencial de todo estado amoroso.
52) Todo amor produz protótipos infantis.
53) Talvez, no amor transferencial, esta rememoração de características infantis seja de
fato mais proeminente, mas isso não o torna irreal.
54) O amor transferencial é real.
55) Contudo, apesar de real, tem algumas características que lhe asseguram posição
especial, ou seja, ele tem suas características próprias:
a. Ele é provocado pela situação analítica.
b. Ele é intensificado pela resistência.
c. Ele é menos sensato e mais cego.
56) O primeiro destes pontos é o mais importante e é ele que deve guiar a conduta do
analista. Ou seja, o amor é uma consequência da transferência, motivo pelo qual em
hipótese alguma o analista tirará dele alguma vantagem.
57) O paciente está repetindo e atuando na transferência em vez de lembrar. O analista
tentará buscar as questões inconscientes que o fizeram emergir, dentre elas, a central
é a aceitação de limites da situação edípica.
58) Muitas vezes não é fácil para o analista resistir, pode haver um forte apelo emocional e
uma forte sedução.
59) Mas Freud nos alerta:
“E no entanto é inteiramente impossível para o analista ceder, por mais alto que possa
prezar o amor, tem que prezar ainda mais a oportunidade de ajudar a sua paciente a
passar por um estádio decisivo de sua vida. Ela tem que aprender com ele a superar o
princípio de prazer, e abandonar uma satisfação que se a, acha à mão, mas que
socialmente não é aceitável, em favor de outra mais distante, talvez inteiramente
incerta, mas que é psicológica e socialmente irrepreensível. Para conseguir esta
superação, ela tem de ser conduzida através do período primevo de seu
desenvolvimento mental e, nesse caminho, tem de adquirir a parte adicional de
liberdade mental que distingue a atividade consciente – no sentido sistemático – da
inconsciente.” (p. 187)
60) O psicanalista tem uma tríplice luta:
a. Contra seu desejo e possível tendência a ceder.
b. Contra os opositores da psicanálise, que a critica por lidar com questões
eróticas e tentar analisa-las.
c. E contra as forças internas da paciente que atua seu amor na transferência e
tenta desviar o curso do tratamento.
61) O público leigo e os opositores da psicanálise se aproveitarão deste fato do amor
transferencial para dizer que o método psicanalítico é perigoso.
62) O psicanalista sabe que está trabalhando com material explosivo, mas, com o mesmo
cuidado de um químico, não deixa de utilizá-lo com fins terapêuticos.
63) Os químicos nunca deixaram de trabalhar com materiais perigosos.
64) Além disso, não dá para conseguir sucesso contra neuroses sem adentrar o mundo
mental.

Ou seja:

A. O analista não deve se assustar e deve receber bem o amor, assim como qualquer
outro conteúdo analítico.
B. O analista não deve ceder aos encantos da paciente.
C. O analista não deve gratificar a paciente, retribuindo seu amor mas dizendo que ele
não será realizado por questões éticas.
D. A paciente terá que passar por uma reelaboração edípica na situação transferencial.
E. A paciente terá que ser levada a abandonar o princípio do prazer e adentrar o princípio
de realidade.
F. A paciente terá que elaborar sua onipotência e seu édipo e entender que não pode ter
tudo o que quer.
G. Um dos pontos centrais é a delimitação de espaços.
H. Além disso, ao se oferecer sexualmente ao analista a paciente, que pode ser alguém
com muita dificuldade em confiar nos outros, está na verdade fazendo uma pergunta
ao terapeuta. Ela lhe pergunta indiretamente: o que é mais importante para você,
minha saúde mental ou sua vaidade e seu prazer?
I. Pode ser que a paciente esteja se colocando na posição de ser abusada. Revivendo
uma história de abuso na transferência.
J. Tudo gira em torno de não repelir o amor e de não ceder. É comum a paciente oscilar
entre sentir culpa e vergonha e tentar seduzir o analista. A paciente pode dizer que se
sente envergonhada, que é muito feio o que está sentindo, etc. Aí o analista a ajuda
entender que não há nada de errado em amar, ou seja, alivia sua culpa.
K. Ou a paciente pode provocar com roupas, gestos e falar para captar o desejo e olhares
do analista. Pode diretamente dizer que gostaria muito de ficar com ele. Deve-se
interpretar que a paciente quer ter o analista de todas as formas e tentar fazer um link
com conteúdos pessoais nos quais a paciente age de forma parecida e costuma não
aceitar ficar de fora em situações sociais. Pacientes assim, muitas vezes não respeitam
os limites entre ela e os outros. São pessoas que se envolvem sexualmente, por
exemplo, com quase todos os amigos e amigas, que tentam ficar com namorados de
amigas sem nenhuma preocupação com as amigas. Nesse sentido o analista mostra o
funcionamento da paciente se repetindo na análise e a faz perceber que ela o quer de
todas as formas, sem perder nada. Se ela pudesse teria o analista como amante,
amigo, analista, etc. Interpreta-se assim a onipotência da paciente.
L. O analista também pode mostrar para a paciente que existe algumas vantagens nesse
amor no que diz respeito que com ele a paciente consegue fugir e evitar alguns
conteúdos emocionais. Ou seja, pode se analisar a resistência envolvida neste amor.
Mas analisar a resistência quando ela aparecer não significa dizer para a paciente que
seu amor não é real e está totalmente a serviço de uma resistência.
M. O analista não vai ficar dizendo à paciente que aquele amor é uma transferência, ou
lhe dar aulas de psicanálise ou pedir que pesquise no Google. Isso seria tratar seu
amor como irreal. É claro que este amor foi gerado pela transferência, mas isso não é
dito ao paciente, mesmo porque ele não deixa de ser verdadeiro por ser
transferencial.
N. Devemos deixar claro e nossa postura que esse amor é impossível por causa do vínculo
analítico.
O. Mas e se a paciente perguntar se o analista ficaria com ela? E se ela perguntar se o
analista sente atração por ela? O que fazer??

Resumo

O analista:

1) Não cede;
2) Não reprime o amor;
3) Não se assusta;
4) Analisa a resistência;
5) Analisa a ausência de limites na postura da paciente (a questão edípica);
6) Analisa a onipotência da paciente que o quer de todas as formas (a questão edípica);
7) Ajuda a paciente a abandonar o princípio de prazer pelo de realidade (a questão
edípica);
8) Analisa a sensação da paciente de não ser amada;
9) Fica atendo para a análise de conteúdos sobre abuso de pessoas que deveriam cuidar;
10) Não trata o amor como irreal;
11) Não diz para a paciente que aquele amor é fruto de uma transferência que vai passar;
12) Não lhe dá aulas ou livros para ler:
13) Não cai na trama destrutiva e um tanto perversa da paciente quando ela exige que ele
diga se a deseja ou não. O analista aponta o perigo desta pergunta e interpreta a
situação.

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