Ou seja:
A. O analista não deve se assustar e deve receber bem o amor, assim como qualquer
outro conteúdo analítico.
B. O analista não deve ceder aos encantos da paciente.
C. O analista não deve gratificar a paciente, retribuindo seu amor mas dizendo que ele
não será realizado por questões éticas.
D. A paciente terá que passar por uma reelaboração edípica na situação transferencial.
E. A paciente terá que ser levada a abandonar o princípio do prazer e adentrar o princípio
de realidade.
F. A paciente terá que elaborar sua onipotência e seu édipo e entender que não pode ter
tudo o que quer.
G. Um dos pontos centrais é a delimitação de espaços.
H. Além disso, ao se oferecer sexualmente ao analista a paciente, que pode ser alguém
com muita dificuldade em confiar nos outros, está na verdade fazendo uma pergunta
ao terapeuta. Ela lhe pergunta indiretamente: o que é mais importante para você,
minha saúde mental ou sua vaidade e seu prazer?
I. Pode ser que a paciente esteja se colocando na posição de ser abusada. Revivendo
uma história de abuso na transferência.
J. Tudo gira em torno de não repelir o amor e de não ceder. É comum a paciente oscilar
entre sentir culpa e vergonha e tentar seduzir o analista. A paciente pode dizer que se
sente envergonhada, que é muito feio o que está sentindo, etc. Aí o analista a ajuda
entender que não há nada de errado em amar, ou seja, alivia sua culpa.
K. Ou a paciente pode provocar com roupas, gestos e falar para captar o desejo e olhares
do analista. Pode diretamente dizer que gostaria muito de ficar com ele. Deve-se
interpretar que a paciente quer ter o analista de todas as formas e tentar fazer um link
com conteúdos pessoais nos quais a paciente age de forma parecida e costuma não
aceitar ficar de fora em situações sociais. Pacientes assim, muitas vezes não respeitam
os limites entre ela e os outros. São pessoas que se envolvem sexualmente, por
exemplo, com quase todos os amigos e amigas, que tentam ficar com namorados de
amigas sem nenhuma preocupação com as amigas. Nesse sentido o analista mostra o
funcionamento da paciente se repetindo na análise e a faz perceber que ela o quer de
todas as formas, sem perder nada. Se ela pudesse teria o analista como amante,
amigo, analista, etc. Interpreta-se assim a onipotência da paciente.
L. O analista também pode mostrar para a paciente que existe algumas vantagens nesse
amor no que diz respeito que com ele a paciente consegue fugir e evitar alguns
conteúdos emocionais. Ou seja, pode se analisar a resistência envolvida neste amor.
Mas analisar a resistência quando ela aparecer não significa dizer para a paciente que
seu amor não é real e está totalmente a serviço de uma resistência.
M. O analista não vai ficar dizendo à paciente que aquele amor é uma transferência, ou
lhe dar aulas de psicanálise ou pedir que pesquise no Google. Isso seria tratar seu
amor como irreal. É claro que este amor foi gerado pela transferência, mas isso não é
dito ao paciente, mesmo porque ele não deixa de ser verdadeiro por ser
transferencial.
N. Devemos deixar claro e nossa postura que esse amor é impossível por causa do vínculo
analítico.
O. Mas e se a paciente perguntar se o analista ficaria com ela? E se ela perguntar se o
analista sente atração por ela? O que fazer??
Resumo
O analista:
1) Não cede;
2) Não reprime o amor;
3) Não se assusta;
4) Analisa a resistência;
5) Analisa a ausência de limites na postura da paciente (a questão edípica);
6) Analisa a onipotência da paciente que o quer de todas as formas (a questão edípica);
7) Ajuda a paciente a abandonar o princípio de prazer pelo de realidade (a questão
edípica);
8) Analisa a sensação da paciente de não ser amada;
9) Fica atendo para a análise de conteúdos sobre abuso de pessoas que deveriam cuidar;
10) Não trata o amor como irreal;
11) Não diz para a paciente que aquele amor é fruto de uma transferência que vai passar;
12) Não lhe dá aulas ou livros para ler:
13) Não cai na trama destrutiva e um tanto perversa da paciente quando ela exige que ele
diga se a deseja ou não. O analista aponta o perigo desta pergunta e interpreta a
situação.