DCJS
E SOCIAIS
IJUI
Fevereiro de 201
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................... 04
1...............................................................................................................................................OS
FUNDAMENTOS DA ATIVIDADE PUNITIVA DO ESTADO E O DIREITO DE PUNIR
05
1.1 O poder de punir: aspectos históricos....................................................................................06
1.2..........................................................................................................................................A
pena: Conceito e características............................................................................................08
1.3 Configuração do Sistema Penal e de suas teorias de legitimação: Teorias da Pena.............09
1.3.1 Teorias da Pena…………………………………………………………………………….10
1.3.2 Críticas às Teorias da Pena............................................................................................... 15
2.2.........................................................................................................................................PE
NAS RESTRITIVAS DE DIREITOS................................................................................44
2.2.1...................................................................................................................................Me
didas Alternativas à Prisão e Penas Restritivas.................................................................44
2.2.2....................................................................................................................................Cla
ssificação das Penas Restritivas de Direitos.......................................................................44
2.2.3...................................................................................................................................Co
minação e Aplicação..........................................................................................................45
2.2.4..................................................................................................................................Esp
écies de Penas Restritivas de Direitos..............................................................................48
2.2.5...................................................................................................................................Con
versão.................................................................................................................................49
2.3........................................................................................................................................PEN
A DE MULTA…………………………………………………………………………50
2.3.1...................................................................................................................................Co
minação e Aplicação da Pena de Multa.............................................................................50
2.3.2...................................................................................................................................O
sistema dias-multa.............................................................................................................50
2.3.3....................................................................................................................................Exe
cução da pena de multa......................................................................................................51
REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 52
APRESENTAÇÃO
A teoria exposta por Beccaria confere ao Estado o poder de punir para: a) garantir a
proteção dos indivíduos contra agressões uns dos outros; b) assegurar ao agressor proteção contra
reações informais e contra penas desproporcionais, baseadas nos impulsos e nas paixões. Com tal
raciocínio Beccaria atribui à pena o papel principal de obstáculo às condutas desviadas, vendo-a
como uma necessidade social, pois somente a certeza de sua aplicação garantiria segurança e a
possibilidade de uma convivência pacífica entre os indivíduos. Por outro lado, também
estabelece a necessidade de proteção ao agressor, à medida que propugna pela limitação das
penas, por sua proporcionalidade, defendendo a moderação como princípio básico do exercício do
direito de punir.
De modo geral pode-se afirmar que, durante vários séculos (período antigo e medieval) a
repressão penal foi exercida através de penas cruéis que além de atingirem o acusado atingiam
também todos os seus descendentes, bem como os seus bens. Eram utilizados castigos como a
morte, açoites, as mutilações, as galés e o desterro, sendo o suplício um estilo penal amplamente
utilizado. Estes tipos de castigos tiveram ampla aceitação no decorrer da história da humanidade
tendo entrado em declínio apenas no século XVIII quando, a partir da monopolização estatal da
punição, e por força do movimento iluminista que propugnou pela humanização das sanções, as
penas corporais passaram a ceder espaço a outras espécies de sanções, dentre as quais se destaca a
pena privativa de liberdade. Tais questões serão melhor discutidas a frente quando tratarmos da
pena de prisão.
A partir do final do século XVIII e durante o século XIX opera-se a grande transformação
dos sistemas de controle do desvio. Cohen (1988, p. 34), sintetiza esta transformação a partir de
quatro aspectos fundamentais:
Este modelo de controle consolida-se, até meados do século XIX, na grande maioria das
sociedades industriais, e nasce em oposição ao sistema de controle vigente no antigo regime. No
período histórico anterior (pré-século XVIII) o controle do delito por parte do Estado era débil,
descentralizado e arbitrário; era aberto, difuso, no sentido de realizar-se pela comunidade ou por
instituições primárias; o objeto do controle era indiferenciado e sua visibilidade era pública,
espetacular, não havendo hegemonia da lei ou do sistema de justiça penal. O objeto de
intervenção penal era o corpo do condenado e as teorias da pena tinham caráter moralista
(retributivas- justo preço). (Cohen, 1988. Foucault, 1994).
Tais doutrinas, contrariamente as teses da intimidação geral que pressupõe o livre- arbítrio,
constituem uma versão criminológica determinista, ou seja, concebem o homem como
[...] uma entidade animal privada de liberdade e inteiramente sujeita às leis da
necessidade natural. Mais precisamente, representam o resultado de uma infeliz
mistura das ideias de Lombroso, acerca do “delinquente nato” ou “natural” e
sobre a natural desigualdade dos homens, daquelas de Spencer sobre a
sociedade enquanto “organismo social” e daquelas de Darwin acerca da seleção
e da luta pela existência que, se aplicadas a tal “organismo”, legitimam-no a
defender-se das agressões externas e internas por meio de práticas socialmente
profiláticas. (FERRAJOLI, 2001, p. 216)
Muito embora tenham ganhado consistência durante o século XIX com as doutrinas
terapêuticas da Escola Positiva Italiana, as doutrinas da prevenção especial tem origem mais
remota. São fruto de uma concepção espiritualista de homem que, baseadas no pressuposto do
livre-arbítrio, concebem a pena não apenas como instrumento de retribuição ao crime, mas
também como instrumento de transformação dos homens (doutrinas pedagógicas da emenda).
Essa visão pedagógica da pena orienta todo o direito penal canônico (pena como remédio para a
alma) e representa o fundamento para as teses da diferenciação penal que afirmam que a pena
deve ser diferenciada, sendo seu limite determinado a partir da capacidade de emenda ou
transformação dos condenados (FERRAJOLI, 2001)
Segundo Ferrajoli (2001), apesar das divergências suscitadas, as concepções preventivas
especiais tem como elemento comum a tese do delito como patologia individual, pouco
importando se moral, social ou natural e a pena como terapia. A partir delas a pessoa do
delinquente é colocada em primeiro plano para fins de determinação qualitativa e quantitativa da
pena, sendo que o julgamento privilegia a pessoa do autor e a pena visa a transformação ou
neutralização da personalidade do condenado.
Para evitar este defeito, Ferrajoli considera ser necessário recorrer a um segundo
parâmetro, que se refira não aos interesses dos não desviados e sim aos interesses dos desviados.
Assim, para ele, a pena deve buscar não só a prevenção de novos delitos, mas, sobretudo, deve
prestar-se a garantir a prevenção de penas informais, ou seja, de possíveis reações públicas ou
privadas arbitrárias que, na falta do controle penal estatal, poderiam emergir contra os desviados.
Assinala, portanto, que a pena não serve exclusivamente para prevenir delitos, mas
também os castigos excessivos e arbitrários. Nas palavras de Ferrajoli (2002, p. 332):
Há, sem embargo, outro tipo de fim ao que cabe ajustar o princípio da pena
mínima, e é a prevenção não de delitos, mas de outro tipo de mal antitético ao
delito que é esquecido tanto pelas doutrinas justificacionistas como pelas
abolicionistas. Este outro mal é a maior reação – informal, selvagem,
espontânea, arbitrária, punitiva porém não penal – que a falta de penas poderia
provir da parte ofendida ou de forças sociais ou institucionais solidárias com
ela. Impedir este mal, de que seria vítima o reu ou inclusive pessoas ligadas a
ele, o que representa, me parece, o segundo e fundamental fim justificador do
direito penal.
Ao descrever esta dupla finalidade preventiva observa que ela contempla, de um lado, os
interesses da maioria não desviada e, de outro, o interesse do réu ou do acusado em um
procedimento penal. Reflete, portanto, interesses conflitivos: de um lado o interesse de defesa
social e de maximização da prevenção de novos delitos através das penas e, de outro, a defesa do
interesse individual através da prevenção de penas arbitrárias.
Considera que desta dupla finalidade preventiva resulta o fim geral do direito penal, qual
seja, a minimização da violência na sociedade, afirmando que “... um sistema penal está
justificado somente se a soma das violências – delitos, vinganças e castigos arbitrários – que está
em condições de prevenir é superior a das violências constituídas pelos delitos não prevenidos e
pelas penas estabelecidas para eles.” (FERRAJOLI, 2002, p. 336).
A tutela dos direitos humanos constitui, portanto, o fundamento para a pena e para o
direito penal. Para ele a defesa dos direitos humanos dos cidadãos (desviados ou não desviados)
representa a finalidade última do direito penal e, a partir dela, devem ser estabelecidos os limites
e vínculos, ou as condições mediante as quais o monopólio da violência pode ser exercido
legitimamente pelo Estado.
Jakobs (2007) propõe a adoção da dicotomia “Direito Penal do cidadão” versus “Direito
Penal do Inimigo”, para designar dois modelos distintos de intervenção punitiva, que devem ter
por base uma diferenciação dos indivíduos a partir de sua identificação como cidadãos ou como
inimigos. O Direito Penal de garantias, fundado nos princípios da legalidade, da lesividade, da
proporcionalidade, da jurisdicionalidade, entre outros, teria aplicabilidade apenas aos “cidadãos”
que praticam acidental e/ou esporadicamente crimes. O cidadão seria aquele indivíduo que,
mesmo tendo cometido um crime, oferece garantias mínimas de que se comportará, em geral,
obedecendo aos conteúdos de proibição das normas penais.
Maria Lúcia Karam (2000, p. 338) acentua que a teoria retributiva da pena se fundamenta
em uma irracionalidade pois
[...] se o mal é algo que se deseja ver afastado ou evitado, por que se deveria
reproduzi-lo, por que se deveria insistir nele com a pena? Mesmo aceitando-se
as teses contratualistas, que estiveram na origem da ideia de retribuição, ou as
posteriores posições neo-contratualistas, decerto pareceria mais lógica a opção
pela reparação do dano material ou moral causado pelo delito, especialmente
porque aí se levariam em contra os interesses das pessoas diretamente afetadas.
As críticas às teorias relativas da pena são mais significativas no atual contexto, eis que
são estas que, desde o século passado, se afirmaram como principais teorias de justificação da
intervenção punitiva.
Em relação à prevenção geral, Ferrajoli acentua que esta não condiciona nem a qualidade,
nem a quantidade das penas mas, ao contrário, sugere a máxima crueldade punitiva. Neste sentido
a finalidade da prevenção geral que se faz através da ameaça não é suficiente como critério de
limitação das penas dentro de um modelo de direito penal mínimo, próprio dos Estados
Democráticos de Direito.
Por outro lado, a prevenção que se faz através da punição exemplar dá margem a objeção
Kantiana, segundo a qual, não é eticamente aceitável que um homem seja utilizado como
instrumento para os desígnios dos demais. Para além disso, esta forma de prevenção pode
transmutar-se em punições discricionárias que se configuram a partir de conveniências políticas
ou de alarme social.
As maiores críticas às teorias da prevenção geral tem como fundamento a
operacionalidade dos sistemas penais contemporâneos. Estes sistemas, caracterizados pela
criminalização primária excessiva (inflação legislativa), precisam atuar de forma seletiva, por
conta de uma incapacidade estrutural, punindo apenas uma pequena parcela de ilícitos. Neles a
impunidade é a regra e a criminalização secundária (aplicação da pena) é a exceção. Neste
sentido, a função de prevenção geral fica comprometida uma vez que para intimidar os potenciais
criminosos, a punição deveria ser eficaz sempre que a norma penal fosse desrespeitada.
Referindo-se a prevenção geral Maria Lúcia Karam observa que
Para Foucault a disciplina carcerária representa uma técnica específica de poder. Esta é
explicada “[...] pela produção e reprodução de uma ilegalidade fechada, separada e útil
(delinquência) e, simultaneamente, de corpos dóceis, garantindo e reproduzindo as relações de
poder (e a estrutura de classe) da sociedade.” (apud ANDRADE, 1997, p. 196). Paralelamente ao
deslocamento do objeto de incidência do poder punitivo (corpo à mente) e às novas estratégias
punitivas nasce um novo regime de verdades, de técnicas, de especialistas, de discursos. É assim
que, na perspectiva de Foucault, materializa-se a espiral saber/poder: o poder produz o saber
adequado a sua sustentação e reprodução.
Desta nova perspectiva nasce tese de que as transformações na estrutura do sistema penal,
que se operaram ao final do século XVIII até meados do século XIX, refletem transformações
subjacentes ao desenvolvimento da ordem capitalista em que se inserem. Assim, são fatores como
a “[...] necessidade de regular a força de trabalho, o impacto racionalizador do mercado, a
necessidade de substituir a autoridade tradicional e os conceitos pré-modernos, o medo do
proletariado nascente...” que fazem da violência física um anacronismo. Esta não cabe em um
contexto em que são necessários novos sistemas de dominação e de disciplina para criar uma
força de trabalho submissa e regulada (COHEN, 1988, p. 45). Neste contexto o sistema penal
adota um novo instrumento de repressão e controle: o cárcere. Este se apresenta como melhor
instrumento para tornar dóceis os membros da classe operária, ensinando-lhes hábitos e
disciplinas necessários à nova ordem. A nova tecnologia de repressão surge para legitimar e
fortalecer o controle da classe governante e para manejar os grupos não adequados à
racionalidade burguesa em consolidação. Substituem-se as formas antigas de controle
ineficientes, débeis e descentralizadas e o Estado adquire um papel mais ativo, “coordenando e
planificando um sistema de justiça penal que pode conseguir maior penetração racional na
população submetida”. (COHEN, 1988, p. 46).
Com a adoção da pena privativa de liberdade como principal resposta penal, passam a ser
desenvolvidos sistemas para a execução destas penas. A partir da metade do século XVIII
desenvolvem-se pelo mundo experimentos pioneiros que se fundamentam num corpo de
doutrinas, estabelecendo os denominados Sistemas Penitenciários, que vão orientar a forma de
execução das penas privativas de liberdade aplicadas. Os primeiros sistemas penitenciários
surgiram nos Estados Unidos (Sistema celular e sistema auburniano)
O legislador brasileiro não adota nenhum dos sistemas, mas se aproxima do sistema
progressivo ou Inglês de execução de penas. O artigo 33 & 2º do Código Penal estabelece que as
penas privativas de liberdade deverão ser executadas de forma progressiva, segundo o mérito do
condenado. O dispositivo é reforçado pelo que dispõe o artigo 112 da Lei de Execuções Penais:
A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva, com transferência para
regime menos rigoroso a ser determinado pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos 1/6
da pena no regime anterior e seu mérito indicar a progressão.
Como visto anteriormente, a prisão, desde suas origens, foi inserida e compreendida, até
mais ou menos a década de 70 do século XX, em uma lógica homogênea e dual: “exclusão social
associada a inclusão disciplinar” via discurso ressocializador (exclui-se para incluir), tendo atuado,
segundo a criminologia crítica, apenas o controle das massas menos favorecidas, e “[...] da mão de
obra excedente com vistas a seu aproveitamento útil em um sistema econômico capitalista
(mercantil ou industrial)”. Analisando a obra de Garland, Ferraz e Joffoly (2019, p. 10) acentuam
que estas são
Ocorre que, a partier dos anos 70 do século XX, o mundo ocidental passa por
transformações profundas, de diversas ordens, e estas acabam por influenciar os sistemas penais,
vindo a respaldar sua lógica de expansão.
[…] a prisão não é dispensável: ela serve (como, no fundo, sempre serviu) para
controle social repressivo e seletivo de marginalizados, excluídos e discriminados
(WACQUANT, 2004; 2013, p. 306-320), e se insere em um complexo econômico
próprio, que, hoje, é caracterizado por movimentos cada vez maiores de
privatização de presídios e administração carcerária (CHRISTIE, 1993). Porém,
no século XXI, ela é transformada de tal modo que passa a se destinar,
exclusivamente, à incapacitação e neutralização dos “inadaptados”,
“consumidores falhos”, das velhas “classes perigosas”. “Trancar e jogar a chave
fora” seria a expressão que melhor define os propósitos da prisão nesta altura da
história ocidental, cujo impacto afeta, de forma seletiva, a juventude pobre e
negra, suas famílias e comunidades.
Nesse processo o discurso que sustentou e legitimou a adoção da prisão como pena
principal baseado, essencialmente, nas ideologias “re” (ressocialização, reintegração,
reinserção, etc), perdeu seu significado. O fracasso de tais ideologias e a expansão da prisão
como forma de punição, exigiram uma reformulação dos discursos legitimadores, produzindo,
segundo Ana Gabriella Braga (2014) importantes releituras. A primeira releitura refere-se ao
fracasso das funções instrumentais da pena (controle da violência via prevenção especial
positiva/ressocialização) e substituição do interesse acadêmico pelas funções simbólicas (de
reforço da norma e dos valores sociais, bem como de estabilização do sistema normativo e do
sistema social). A segunda releitura nasce do descrédito das funções preventivas o que gera a
ascensão dos discursos retributivos, que colocam como função principal da pena o castigo e a
neutralização do preso.
Até a década de 1980 os discursos da reabilitação eram hegemônicos e conferiam à prisão
a função de intimidar e corrigir o indivíduo, inserindo-o na ética do trabalho e adequando-o a
padrões comportamentais socialmente aceitos. A partir daquele contexto histórico as teorias da
reabilitação começaram a perder força, abalando a hegemonia do discurso sobre punição
vigente até então.
A lógica pós-disciplinar do mero controle e de gestão dos riscos é, em certa medida, a que
comanda o sistema carcerário brasileiro. Isso explica a falta de interesse na consolidação de
políticas de inserção (baseadas na educação e no trabalho) e de efetivação dos direitos mínimos do
apenado nos espaços prisionais brasileiros. Este fenômeno, aliado a gestão precária dos
investimentos públicos na área penitenciária, a precariedade de recursos humanos e materiais e ao
crescimento significativo da população carcerária, tem sido a base sob a qual se amplia a barbárie
nas instituições prisionais brasileiras.
Tudo isso faz com que a experiência medieval de suplicio seja frequente no âmbito do sistema
penitenciário brasileiro, o que faz atualíssima a narrativa de Foucault quando, em Vigiar e Punir,
descreve a cena de esquartejamento de um condenado. Em pleno século XXI, a dor sobre os
corpos não foi substituída pela “medicina” da alma, como narra a obra antes mencionada.
A seletividade, o controle pós/disciplinar e o processo de horror, suplício e tortura pode ser
facilmente demonstrado por dados referentes ao sistema carcerário Brasileiro.
De acordo com os dados oficiais publicados, disponibilizados por meio de relatório elaorado
pelo Departamento Penitenciário Nacional– (DEPEN - Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias – INFOPEN 2016), publicado em dezembro de 2017 e com informações atualizadas
até junho 2016, o Brasil conta com uma população carcerária de mais de 720.000 pessoas e uma
taxa de encarceramento de 352,6 presos para 100 mil habitantes, o que coloca o país, com a 3ª maior
população carcerária do mundo, em números absolutos. Segundo os mesmos dados, mais de 64% da
população carcerária é de pessoas negras; 75% só possui o ensino fundamental completo; e a faixa
etária predominante é a de 18 a 29 anos (mais de 55%, sendo que os mesmos estão recolhidos em
razão da prática do crime de tráfico de drogas (29%), por roubo (25%), por furto (13%) e por
homicídio (10%). Agregue-se a isso o fato de que aproximadamente 40% das pessoas recolhidas ao
sistema penitenciário são presos provisórios, numa estrutura superlotada, com taxa de ocupação de
197,4% em junho de 2016. O Brasil ainda fica atrás de países como EUA e China, sendo que o
primeiro (Estados Unidos da América) segue sendo sendo o paradigma mundial da política de
encarceramento em massa, uma vez que conta com de 2,2 milhões de presos, em 2014 (taxa de 655
presos/100 mil hab.).
A taxa de encarceramento geral (número de pessoas presas por grupo de 100 mil habitantes),
coloca o Brasil na sexta colocação mundial, com uma taxa de 306,2 detentos por 100 mil habitantes,
ultrapassada apenas por Ruanda, Rússia, Tailândia, Cuba e Estados Unidos. Em 2004, a taxa
brasileira era de 135 presos por 100 mil habitantes. Se considerada apenas a taxa de encarceramento
feminino, saltou de 13,58 em 2005 para 32,25 detentas por 100 mil habitantes.
1.5 PRINCÍPIOS PENAIS APLICÁVEIS AS PENAS:
A Revolução Francesa alterou profundamente os rumos políticos, sociais e jurídicos do
mundo ocidental e afetou, de forma definitiva, os sistemas punitivos contemporâneos. Os ideais
de liberdade, fraternidade e solidariedade, apanágios da classe burguesa em ascensão, apareceram
como resposta contundente aos abusos das monarquias medievais e modernas. Com a Declaração
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (de 1789), que nasceu inspirada nos ideais
iluministas, consagraram-se, em nível normativo, princípios limitadores da ação punitiva do
Estado, retirando-se a soberania da mão do monarca e transferindo-a a nação, sendo esta expressa
por intermédio da lei, considerada expressão da “vontade geral”.
O texto da Declaração consagra garantias penais e processuais penais destacando- se “... a
proibição de detenções arbitrárias (art. 7º), a proporcionalidade entre o ilícito e a sanção
correspondente, o princípio da legalidade e anterioridade da lei penal (art. 8º), a presunção de
inocência e o banimento das prisões desumanas” (ESTEFAM; GONÇALVES, 2012, p. 86).
Naquele momento histórico a lei passa a representar o sustentáculo dos direitos
fundamentais do cidadão frente ao poder do Estado, cumprindo aos magistrados o dever de
interpretá-la de forma literal, atuando mecanicamente como “boca inanimada da lei”
(MONTESQUIEU). Este período, marcado pelo legalismo extremo e pela onipotência do
legislador, em que se consolidou o Estado de Direito como um Estado Legalista, afetou
diretamente o Direito Penal, que mergulhou em uma fase legalista e humanitária. As obras de
Beccaria, na Itália, e Feuerbach, na Alemanha, representaram os sustentáculos para a
consolidação deste novo Direito Penal, estruturado no princípio da Legalidade, e expresso pela
fórmula latina “nullum crimen, nulla poena sine praevia lege”.
O Estado Legalista não tardou a cair em declínio, vez que “o abuso do monarca
converteu-se em excesso do legislador, que se apresentava onipotente” (ESTEFAM;
GONÇALVES, 2012, p. 86). Percebia-se uma espécie de substituição do despotismo absolutista
pela tirania do parlamento, produzindo-se
O Código Penal brasileiro traz, em seu artigo 32, a seguinte classificação para as
penas:
Penas Privativas de Liberdade;
Penas Restritivas de Direitos;
Pena de Multa
.
2.1 PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE:
2.1.1 CONCEITO:
As penas privativas de liberdade consistem no recolhimento do condenado a algum
estabelecimento prisional por determinado tempo e sob as condições do regime penal imposto.
2.1.2 ESPÉCIES:
- O apenado fica sujeito a trabalho durante o período diurno e isolamento noturno (Sobre o
trabalho do preso ver artigos 28 a 37 da Lei de Execuções Penais – LEP – Lei 7.210/84);
- Quem cumpre pena em regime fechado não poderá, em regra, sair para frequentar cursos, de
instrução ou profissionalizantes e o trabalho externo só é possível em obras ou serviços
púbicos, desde que o condenado tenha cumprido, ao menos, um sexto da pena.
- O condenado poderá obter permissão de saídas, de acordo com o disposto no artigo 120 da
LEP. A permissão de saída aos condenados a regime fechado poderá ser concedida quando
ocorrer falecimento de familiar próximo e para tratamento médico. A saída será feita sempre
com escolta e será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.
- Direito a remição (pelo trabalho e pelo estudo)
- O condenado será submetido a trabalho, podendo este ser realizado externamente; (§ 2º do CP). A
prestação de trabalho externo dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade do condenado,
além do cumprimento mínimo de1/6 da pena. (artigo 37 da LEP). (Ver súmula 40 do STJ)
- Garantia de saída temporária, desde que cumpridos 1/6 da pena para os não reincidentes e ¼ da
pena para os reincidentes. A saída temporária pode ser autorizada para visita à família, para
frequência a curso supletivo profissionalizante, ou de instrução do segundo grau ou superior, para
participação em outras atividades que contribuam para o retorno ao convívio social. A autorização
para saída temporária cabe ao juiz da execução, desde que presentes os seguintes requisitos: a)
comportamento adequado, cumprimento de um mínimo de pena e compatibilidade do benefício com
os objetivos da pena. Sobre o tempo da saída ver artigo 124 da LEP. (artigos 122a 126). A Lei
12.258/10 alterou o art. 146 da LEP para admitir o monitoramento eletrônico e presos que estejam
em saída temporária ou em prisão domiciliar (regime aberto). Deste modo o preso que se encontra
em regime semiaberto e obtiver o direito à saída temporária, poderá ser monitorado eletronicamente,
a critério do juiz da execução.
- O apenado deverá trabalhar, frequentar cursos ou exercer outras atividades autorizadas fora do
estabelecimento penal durante o dia;
- Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que estiver trabalhando ou comprovar
possibilidade de fazê-lo imediatamente; (art. 114 com exceção das pessoas elencadas no art. 117 da
LEP- Prisão domiciliar)
- Deverão ser cumpridas condições especiais estabelecidas pelo art. 115 da LEP: a) permanecer no
local designado, durante o repouso e nos dias de folga; b) sair para o trabalho e retornar nos
horários fixados; c) não se ausentar da cidade sem autorização judicial; d) comparecer a juízo para
informar e justificar suas atividades, quando solicitado. Além das condições acima descritas, que
são obrigatórias, poderão ser estabelecidas, pelo juiz, outras condições: ex: proibição de frequentar
determinados lugares.
- Permite-se prisão domiciliar - nos casos do artigo 117 da LEP: Nos casos em que o condenado for
maior de 70 anos, seja acometido de doença grave, condenada gestante, condenada com filho menor
ou deficiente. O art. 95 da LEP determina que todas as comarcas do país deve haver uma casa de
albergado. Apesar dos quase 30 anos de vigência da LEP inúmeras comarcas não contam com casa
de albergado, o que faz com que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) passasse a determinar que os
presos que iniciem a execução da pena em regime aberto ou que progridam para tal regime podem
obter o direito à prisão albergue domiciliar, quando não existir casa de albergado na comarca,
mesmo que estes não se enquadrem nos requisitos do art. 117 da LEP.
REGIME ESPECIAL:
A LEP determina que não poderá haver qualquer distinção de natureza racial, social,
religiosa ou política no decorrer do cumprimento das penas. Esta proibição, no entanto, não inclui
as distinções de ordem sexual. Por isso, dispõe o art. 37 que as mulheres cumprem pena em
estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes a sua condição pessoal.
Assim as penitenciárias para as mulheres devem possuir algumas características:
- devem ser construídas junto às cidades; - devem possuir creches; - devem oferecer condições
para que a mãe possa ficar com o filho durante a amamentação; - devem possuir seção para
gestantes (art. 83 da LEP).
O artigo 111 da LEP determina que quando houver condenação por mais de um crime a
determinação do regime inicial de cumprimento de penas deverá ser feita pelo resultado
da soma ou unificação das penas.
Não reincidente Xo Xo
Não reincidente Xf Xf Xo
Não reincidente Xf Xf Xf Xf Xf
Note bem:
a) Segundo entendimento dominante no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a
partir da vigência da Lei 12.736/2012, o Juiz ao proferir sentença condenatória, deverá descontar
(detrair) o período de prisão cautelar para fins de fixação do regime prisional. O § 2º do art. 387
do Código de Processo Penal, alterado pela referida lei não versa sobre progressão de regime
prisional, instituto próprio da execução penal, mas, sim, acerca da possibilidade de se estabelecer
regime inicial menos severo, descontando-se da pena aplicada o tempo de prisão cautelar do
acusado, cabendo ao magistrado fazê-lo no momento da aplicação da pena.
[....] § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças
ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente:
I – não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II – não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
III – ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
IV – ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor
do estabelecimento;
V – não ter integrado organização criminosa.
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do
benefício previsto no § 3º deste artigo.” (NR)
Da leitura dos referidos dispositivos, infere-se que, nos casos de mulheres gestantes ou
responsáveis por crianças ou pessoas com deficiência, a progressão se dará com 1/8 da pena
cumprida desde que o crime tenha sido cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa; que
não tenha vitimado filho ou dependente da condenada, que a mesma seja primária, com bom
comportamento carcerário e não integre organização criminosa.
b) Tempo remido pelo trabalho: o tempo remido deve ser computado em favor do condenado
para efeito de progressão. Soma-se o tempo cumprido da pena mais o tempo remido para se
chegar ao “quantum” de um sexto da pena.
c) Condenados a penas superiores a 30 anos: De acordo com a súmula 715 do STF “a pena
unificada para atender ao limite de 30 anos de cumprimento (....) não é considerada para
concessão de outros benefícios como o livramento condicional ou regime mais favorável de
execução”. Segundo este entendimento o cálculo de 1/6 deve ser feito sobre o total da pena
aplicada e não sobre a pena unificada em 30 anos. Para Luiz Flavio Gomes (2007) esse
entendimento não mais se sustenta, pois viola o princípio da individualização da pena, visto que
em muitos casos fará com que o condenado, ainda que tenha bom comportamento e mérito,
permaneça 30 anos no cárcere em regime fechado.
d) Exigência de laudo técnico para progressão de regime (exame criminológico): para a doutrina
majoritária, com o advento da Lei 10.792/03, não mais se exige, para a progressão de regime, a
realização do referido exame. O STF já admitiu, entretanto, sua realização facultativa.
O exame criminológico tem sido considerado pela doutrina majoritária como um
instrumento inapto para a avaliação do condenado, além de representar um atentado a dignidade
da pessoa humana e a liberdade subjetiva do indivíduo. A introdução de métodos voltados para
análise, diagnóstico e classificação serve como instrumento disciplinar exaustivo, pois tais
dispositivos não se contentam simplesmente com comportamento corretos e submissos,
subservientes ao sistema de punições e recompensas, sendo muito mais ávidos, exigindo dos
apenados um grau de correção da própria subjetividade. Segundo Carvalho (2013) “A atuação
destes dispositivos resulta em avaliações e diagnósticos carregados de determinismos e
simplificações que não cessam de identificar miséria e criminalidade, desestruturação e carência
familiar com periculosidade, rebeldia e insubordinação com transtornos antissociais. Exigem
padrões de condutas totalmente avessos a própria condição de encarceramento como o
arrependimento, relações familiares estruturadas, padrões sexuais considerados normais,
demonstração de higiene e zelo pessoal.”
e) Condenado por crime contra a administração pública: por força da Lei 10.763/03, que
acrescentou o parágrafo 4 ao artigo 33 do CP, nos crimes contra a administração pública a
progressão de regime fica condicionada à reparação dos danos causados ou à devolução do
produto obtido com o ilícito.
f) Cometimento de falta grave: a prática de falta grave (art. 50 da LEP) implica na perda do
tempo para progressão, iniciando-se nova contagem de um sexto da pena, a partir da falta grave.
A súmula 534 do STJ determina que “A prática de falta grave interrompe a contagem do
prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, a qual se reinicia a partir do
cometimento dessa infração”.
g) Progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados após o advento da Lei 11.464/2007:
O art. 5º, XLII, da CF prevê que: “a lei considerará inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
podendo evitá-los se omitirem”. Para regulamentar referido dispositivo foi aprovada a Lei
8.072/90, conhecida como Lei dos Crimes Hediondos, que definiu tais delitos bem como
estabeleceu que, nestes casos, a pena deveria ser cumprida integralmente em regime fechado.
O parágrafo 1º do artigo 2º da Lei 8.072/90, em sua redação original, dizia que a pena
nestes crimes deveria ser cumprida integralmente em regime fechado, vedando, portanto, a
progressão de regime. Durante 16 anos o Supremo Tribunal Federal considerou que referido
dispositivo não violava a constituição, mas, em fevereiro de 2006, por maioria de votos,
acabou por declarar a inconstitucionalidade da redação originária do art. 2º, parágrafo 1º da Lei
8.072/90, por entender que a vedação da progressão de regime violava os princípios da
individualização da pena e da dignidade da pessoa humana. De acordo com esta decisão todos os
condenados por tais crimes poderiam obter progressão de regime com o cumprimento de 1/6 da
pena. Tal fato motivou a rápida aprovação da Lei 11.464/2007, que alterou o parágrafo 1º, do art.
2º da Lei dos crimes hediondos, passando a determinar que a pena será cumprida inicialmente em
regime fechado. Pela nova regra o regime inicial de cumprimento da pena será obrigatoriamente
fechado, não estando, entretanto, vedada a progressão. Para a obtenção deste benefício a Lei
11.464/2007 estabeleceu tempo diferenciado de cumprimento da pena, exigindo, nos crimes
hediondos e equiparados, 2/5 de pena (40%) e 3/5 (60%) se reincidente.
A nova regra, considerada mais gravosa que a anterior (em razão da declaração de
inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 2 da Lei 8.072/90, pelo STF, em fevereiro de
2006) tem incidência somente para os crimes cometidos a partir da vigência da Lei 11.464
(29.03.2007), sendo que aos crimes anteriores aplica-se a regra genérica do artigo 112 da LEP,
que exige apenas 1/6 de cumprimento da pena para progressão de regime (princípio da
irretroatividade da lei penal mais severa e da ultra-atividade da lei penal mais benigna). Este é o
teor da súmula Súmula 471 STJ que determina: “Os condenados por crimes hediondos ou
assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no
art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime
prisional”.
Cabe mencionar, por fim, que em junho de 2012, o Supremo Tribunal Federal considerou
inconstitucional a determinação legal que obrigava a imposição de regime inicial fechado aos
crimes hediondos e equiparados. O plenário, valendo-se do princípio da individualização da pena
assegurou aos magistrados a possibilidade de imposição de regime inicial mais brando, desde que
presentes os requisitos legais para tanto.
Súmula Vinculante n.26 (STF): “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena
por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do
artigo 2 da Lei 8.072/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a
realização de exame criminológico.”
Súmula 471 STJ: “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da
vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de
Execução Penal) para a progressão de regime prisional.”
Súmula 491 STJ: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional”.
Súmula 526 do STJ: “O reconhecimento de falta decorrente do cometimento de fato definido como
crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato”.
Súmula 534 do STJ : “A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão
de regime de cumprimento de pena, a qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração”.
2.1.6 DIREITOS E DEVERES DOS PRESOS: Artigos 38, 39 e 40 da LEP.
O preso conserva todos os direitos não atingidos pela condenação (CP, artigo 38, e LEP,
art. 3º). A exposição de motivos da Lei de Execução Penal esclarece que é comum, no
cumprimento das penas privativas de liberdade, a privação ou limitação de direitos inerentes ao
patrimônio jurídico do homem que não são alcançados pela sentença condenatória. Esses fatos,
em regra, contribuem para a reincidência dos apenados. Com base nisso a própria LEP
preocupou-se em assegurar ao condenado todas as condições para sua reintegração social, seja
por meio da educação ou por meio da preservação de sua dignidade.
São direitos do condenado:
- Direito à vida;
- Direito à integridade física e moral: (CF, art. 5,III e XLIX; LEP, art. 3º e art. 40)
- Direito à tratamento igualitário: (CF, art. 5º, caput e inciso I, art. 3º, IV; LEP, art. 2 § único,
art. 3º § único, art. 41, XII)
- Direito de propriedade;
- Direito à liberdade de pensamento e à convicção religiosa:
- Direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem
- Direito de petição aos poderes públicos;
- Direito à assistência jurídica;
- Direito à educação e cultura;
- Direito ao trabalho remunerado;
- Direito à indenização por erro judiciário;
- Direito à alimentação, vestuário e alojamento com instalações higiênicas.
- Direito de assistência à saúde e assistência social
- Direito de receber visitas: LEP, artigo 41, X. Esse direito pode ser limitado por ato
motivado do diretor do estabelecimento ou do juiz, não constituindo direito absoluto do
reeducando.
- Direitos políticos: Segundo dispõe o artigo 15, III da Constituição Federal, a condenação
transitada em julgado acarreta a suspensão dos direitos políticos, enquanto durarem seus
efeitos.
2.1.7 REMIÇÃO:
O trabalho do condenado à pena privativa de liberdade tem suas regras básicas dispostas
nos artigos 28 a 37 da LEP, que o estabelece como um dever social e condição de dignidade
humana e que tem como finalidade a reeducação do condenado. A remição consiste na abreviação
pelo trabalho de parte do tempo da condenação. O art. 126 da LEP estabelece que aquele que
cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo de
execução da pena. Tal instituto premia a atividade do preso que trabalha e integra-se ao modelo
progressivo de execução da pena no que tange ao conteúdo ético da execução penal – a
transformação (reeducação) gradativa do apenado que possibilita seu paulatino contato com a
vida em liberdade.
A contagem do tempo é feita à razão de um dia de pena por três dias de trabalho, desde
que a jornada de trabalho não seja inferior a seis horas diárias, sendo que a disposição alcança o
preso impossibilitado de prosseguir no trabalho por ter sido vítima de acidente durante o trabalho.
A Lei 12.433, de 29 de junho 2011, alterou os artigos 126 e 127 da Lei de Execuções
Penais, dispondo que o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá
remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. Ampliou deste modo, a
incidência da remição para os casos de estudo, adotando posicionamento já aceito na
jurisprudência (Súmula 341 do STJ: “A frequência a curso de ensino formal é causa de remição
de parte do tempo de execução da pena sob regime fechado ou semiaberto.”)
A contagem de tempo, para os casos de estudo, deve ser feita à razão de 1 (um) dia de
pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar, desde que sejam divididas, no mínimo, em 3
dias. A frequência escolar mencionada abrange qualquer atividade de ensino fundamental, médio,
inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional.
O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade
condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação
profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, na proporção
anteriormente mencionada.
Determina o artigo 127, com a nova redação dada pela lei 12.433/11 que em caso de falta
grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, recomeçando a contagem a
partir da data da infração disciplinar. Trata-se de nova lei “in mellius”, uma vez que determina
perda de somente parte do tempo remido. Pela redação anterior, em caso de falta grave, o
apenado perdia, na integralidade, o tempo de pena remido pelo trabalho ou pelo estudo. Com esta
alteração legislativa perdeu aplicabilidade a súmula vinculante n. 9 do Supremo Tribunal Federal
que determinava: “O disposto no artigo 127 da Lei 7.210/84) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58”.
Determina, por fim, o artigo 128 que o tempo remido será computado como pena
cumprida, para todos os efeitos, garantindo ao condenado relação de seus dias remidos.
No ano de 2017 o Superior Tribunal de Justiça (STJ) consagrou, por meio da Súmula
562, que é admitida a remição da pena em caso de atividade laborativa extramuros: “É possível a
remição de parte do tempo de execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou
semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros.
2.1.8 DETRAÇÃO: A detração penal é a operação aritmética por meio do qual é computada no
tempo de duração da condenação a parcela de tempo correspondente a concreta aplicação de uma
medida cautelar ou a efetiva internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico.
Assim, por meio da detração penal computam-se na pena privativa de liberdade o tempo de
prisão provisória no Brasil ou no estrangeiro, bem como internação em qualquer
estabelecimento para tratamento psiquiátrico. (art. 42 do CP)
Art. 1. A detração deverá ser considerada pelo juiz que proferir a sentença
condenatória, nos termos desta Lei.
o
Art. 2. O art. 387 do Decreto-Lei n 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código
de Processo Penal, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 387..…………………………………………………………….
§ 1O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso,
a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do
conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
§ 2 O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de
internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de
determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.” (NR)
As sanções aplicáveis aos casos de falta disciplinar estão previstas no artigo 51 e são:
advertência verbal; repreensão; suspensão ou restrição de direitos (proporcionalidade na
distribuição do tempo para trabalho, descanso e recreação; visita e contato com o mundo
exterior); isolamento (o isolamento, a suspensão ou restrição de direitos nunca poderá ser
superior a 30 dias); inclusão no regime disciplinar diferenciado. Além da aplicação de
sanções disciplinares a prática de falta grave produz efeitos na execução da pena, dentre os quais
se destacam a regressão de regime (artigo 118 da LEP) e a perda de parcela dos dias remidos
(artigo 127 da LEP).
Segundo dispõe a LEP a inclusão em regime disciplinar diferenciado ocorrerá quando o
apenado praticar fato definido como crime doloso que ocasione subversão da disciplina ou da
ordem; quando o apenado apresente alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento
penal ou da sociedade; quando existirem fundadas suspeitas de que o apenado esteja envolvido
ou participe de organizações criminosas, quadrilha ou bando. São as seguintes as características
do regime disciplinar diferenciado: - recolhimento em cela individual, com visitas semanais de
apenas duas pessoas, com duração de 2 horas; saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol.
O tempo de duração do RDD é de no máximo 360 dias.
As sanções de advertência, repreensão, suspensão ou restrição de direitos e isolamento
serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento penal. Para sua aplicação
deverão ser consideradas a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato,
bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. A sanção disciplinar não poderá ser aplicada
sem a instauração de procedimento administrativo para sua apuração.
A sanção de submissão a regime disciplinar diferenciado será determinada pelo juiz da
execução e dependerá de prévia manifestação do Ministério Público e da defesa.
A análise dos dispositivos legais relativos à disciplina carcerária (aqueles relativos aos
deveres e direitos dos presos, assim como os relativos às faltas e sanções disciplinares) conduz a
uma séria reflexão em torno da legitimidade destes, quando compreendidos com referência aos
direitos e garantias constitucionais. Em relação às faltas disciplinares constantes do artigo 50 da
Lei de Execuções penais, observa-se nítida violação ao princípio da legalidade penal, uma vez
que a falta de taxatividade na definição dos comportamentos faltosos, viola o ideal de segurança
jurídica, conferindo à autoridade administrativa enorme poder de definição do que seja uma falta
grave. Referindo-se a tal questão SCHMIDT (2002, p. 93) observa que:
...é unanimemente reconhecido pela doutrina em geral que a lei penal deve
possuir um conteúdo claro e determinado, de tal forma que possa proporcionar
– ou, pelo menos, chegar o mais próximo possível- segurança jurídica à
sociedade, mas, além disso, também evitar a ofensa ao princípio da separação
dos poderes, posto que uma norma vaga confere ao juiz a possibilidade de
legislar em concreto. A Lei de Execução Penal, em diversos momentos,
apresenta-se com esse vício legislativo. Assim, por ex., ao enumerar, dentre as
faltas graves da execução penal, a conduta do preso que incitar ou participar de
movimento para subverter a ordem ou a disciplina (art. 50, I), ou quando não
se portar com obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem
deva relacionar-se, a Lei de Execução Penal, dada a polissemia destes
dispositivos, possibilita uma atividade judicante de constituição de faltas
graves, e não a declaração destas. Assim ocorrendo, estamos não só diante de
uma invasão, pelo juiz, no caso concreto, dos poderes conferidos ao
legislador, como, além disso (e o que é mais grave), legitimando a aplicação de
sanções disciplinares arbitrária e ilegais.
No que se refere às sanções disciplinares previstas, merece atenção e destaque a sanção
de inclusão em regime disciplinar diferenciado, incluída na Lei de Execução Penal, pela Lei
10.792/03. Tendo como base a ideia, amplamente difundida pelos grandes meios de comunicação
de massa, de que o crescimento e aprimoramento das organizações criminosas, estaria vinculado
a facilidade de comando destas por criminosos presos, graças a facilidade de comunicação
externa, e também a tese de que o controle deste tipo de ação, assim como o controle das
rebeliões e motins dentro do sistema penal, dependeria do isolamento efetivo destes apenados, o
congresso nacional aprovou a alteração na Lei de Execução Penal, instituindo o Regime
Disciplinar Diferenciado, como instrumento de controle de tais práticas.
Trata-se, contudo, de um caso de flagrante inconstitucionalidade uma vez que essa
modalidade de sanção não pode receber outra denominação senão a de pena cruel, vedada pela
Carta Constitucional (art. 5º, inciso XLVII). Neste sentido, cabe ressaltar como fazem
CARVALHO e WUNDERLICH que
....o texto delimita uma forma de execução de pena totalmente inédita, visto
que consagra em lei o suplício gótico vivido pelos condenados nos presídios
brasileiros. Se antes ainda havia a possibilidade de desqualificar a desumana
realidade carcerária nacional invocando a LEP, com sua alteração a tragédia é
subsumida à lei. (.....) A Lei nº 10.792/03, ao incorporar o RDD na (des) ordem
jurídica nacional...., manifesta o assentimento dos Poderes Públicos com
práticas regulares nas penitenciárias nacionais: arbitrariedades na adjetivação
dos atos cotidianos dos presos em decorrência da imprecisão dos termos
regulamentadores; minimização dos direitos de defesa na averiguação das
faltas disciplinares, abusos na dilatação do tempo predeterminado da sanção
disciplinar.
Súmula 533 STJ: “Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução
penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído
ou defensor público nomeado”.
Súmula 534 STJ: “A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração”.
Súmula 535 STJ: “A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena
ou indulto”
2.2 DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
O modelo de repressão penal baseado exclusivamente na privação de liberdade tem sido,
desde a década de 70 do século XX, alvo de inúmeras e crescentes críticas. A crise da pena de
prisão como instrumento de controle da violência e da criminalidade evidenciada em todo o
mundo, inquieta os mais diversos setores da sociedade.
Ciente desta realidade e diante do desassossego internacional quanto ao papel do direito
penal a ONU, em Assembléia realizada na cidade de Tóquio editou, através da Resolução nº
45/110 de 1990, as “Regras Mínimas das Nações Unidas para Elaboração de Medidas Não-
Privativas de Liberdade”, também conhecidas como “As regras de Tóquio”. A resolução propõe
uma nova orientação em relação ao Direito Penal, centrando-se, sobretudo, na ideia do Direito
Penal Mínimo e propondo a maior utilização de penas não privativas de liberdade. Sugere a
utilização da pena privativa de Liberdade como extrema ratio, ou seja, como a última opção a
ser adotada, somente quando não restar outra via de ação, seja em função da gravidade da
conduta, seja porque as outras penas se mostrem inócuas para a situação.
O Brasil, observando as orientações das Regras de Tóquio, foi um dos primeiros países a
editar um novo texto penal buscando atentar para os princípios e objetivos traçados. Para tanto foi
editada a Lei 9.714/98 que ampliou a possibilidade de aplicação das penas restritivas de direitos,
já existentes no ordenamento penal brasileiro desde a reforma penal de 1984.
Sobre a transação penal, vale destacar o teor da Súmula Vinculante nº 35 (STF) segundo a
qual “A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei 9.099/95 não faz coisa julgada e,
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público
a continuidade da persecução penal mediante oferecimento da denúncia ou requisição ministerial.
b) Casos de violência doméstica e familiar (art. 17) – Com a edição da lei 11.340/2006 vedou-
se, nessas hipóteses, a aplicação de penas de cestas básicas ou outras de prestação pecuniária,
bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. A lei também
afastou de forma absoluta a aplicação das regras do Juizado Especial Criminal (lei
9.099/95) o que impede a aplicação de penas restritivas de direitos através da transação penal.
Em 2017 o Superior Tribunal de Justiça (STJ) consolidou, por meio da súmula 588, entendimento
sobre a inviabilidade de substituição da PPL por PRD em casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher.
Sumula 588 (STJ): “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher no
ambiente doméstico impede a substituição da Pena Privativa de Liberdade por Pena
Restritiva de Direitos”
c) Penas alternativas para crimes de tráfico de entorpecentes: discutia-se a possibilidade de
aplicação de penas restritivas de direitos aos crimes hediondos e equiparados, notadamente os
crimes relacionados a trafico de drogas, uma vez que tais crimes podem ser praticados sem a
presença de violência ou grave ameaça a pessoa. Ocorre que com a vigência da lei 11.343/6 ficou
expressamente vedada à aplicação de penas restritivas de direitos a estes delitos. (ver artigo 44).
No entanto a pena prevista para o crime de tráfico, que é de reclusão de 5 a 15 anos, pode ser
menor do que 4 anos, uma vez que o art. 33 prevê a possibilidade que esta pena seja reduzida de
1/6 a 2/3 se o traficante for primário, de bons antecedentes, não integrar organização criminosa e
não se dedicar costumeiramente ao tráfico. Em tais casos, é comum que a pena privativa de
liberdade aplicada ao traficante seja inferior a 4 anos. Em razão disso, o STF entendeu que a
vedação presente no artigo 44 afronta diretamente o princípio da individualização da pena,
decretando a inconstitucionalidade do art. 44 da Lei antidrogas. (HC 97.256)
A terceira modalidade de pena adotada pelo Código Penal brasileiro é a multa que, Segundo o
art. 59, constitui no pagamento ao Fundo Penitenciário de uma quantia fixada na sentença e
calculada em “dias-multa”.
Trata-se de uma espécie de pena pecuniária que, assim como a prisão, tem sido alvo de muitas
críticas, uma vez que a mesma além de se mostrar inócua (por que inexequivel em grande parte dos
casos), também mostra-se impessoal e desigual. Isso se dá não apenas porque a grande maioria dos
condenados é formada por pessoas economicamente vulneráveis que, em regra, não dispõe de
recursos para pagamento, mas porque atinge de maneira desigual os condenados, considerando suas
condições sócio-econômicas.
Para o cálculo da pena de multa o CP adota o Sistema dias-multa, segundo o qual a pena
deverá ser calculada em duas etapas. Inicialmente fixa-se um número de dias (entre 10 e 360 dias) e
após fixa-se o valor de cada dia (entre 1/30 a 5 salários mínimos). O valor da multa será resultado
da multiplicação do número de dias pelo valor de cada dia-multa. Tal Sistema foi adotado no
Código criminal do Império (1830) e foi mantido pelo Código Penal Republicano (1890). O código
penal de 1940 abandonou o critério do dia-multa e foi o único diploma codificado brasileiro a não
adotá-lo.
Com a reforma penal de 1984 (Lei 7.209), adotou-se novamente o dia-multa, tornando-se
assim a pena pecuniária mais flexível e individualizável, ajustando o seu valor não só a gravidade
mas especialmente a situação sócio econômica do delinquente.
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