seu ritmo intenso e veloz, acelerar a realização das mais-valias mundiais (e também
locais, regionais, nacionais) na produção, destruição e reprodução constante de espa-
ços, o que tende a garantir, pelo menos momentaneamente, a superação das crises de
acumulação e desvalorização dos capitais em outros espaços, cidades, países e regiões.
Destarte, o espaço da metrópole e sua reprodução vêm sendo absorvidos cada
vez mais pela produção formal dos agentes econômicos e políticos hegemônicos,
que reúne diferentes frações do capital – produtivo, financeiro, comercial, com pre-
domínio das finanças – num movimento que eleva o espaço a capital produtivo e a
urbanização a força produtiva. Com isso, consolida-se e estende-se ao espaço o caráter
abstrato (porque quantificável e alienado das diferenças e das qualidades) do valor a
partir da mercadoria e da propriedade privada do solo. As contradições produzidas no
plano da reprodução capitalista não podem mais ser pensadas de modo separado das
contradições que são produzidas por essa reprodução econômica no plano espacial,
visto que atualmente a produção do espaço vem desempenhando um papel essencial
para a continuidade do desenvolvimento do modo de produção capitalista, como
atestam os capítulos deste livro.
É possível falar numa dinâmica espacial nova do capitalismo contemporâneo
que possui origem na reestruturação produtiva e que foi estabelecendo, nas últimas
décadas, um novo regime de acumulação: o financeiro. Do ponto de vista geográ-
fico, as implicações produzidas por esse novo regime financeiro mundializado de
acumulação aportam uma série de novas mediações espaciais para sua compreensão,
sinalizando a produção de um fenômeno de outra natureza. As transformações nas
cidades trazem novas articulações escalares entre os agentes e processos envolvidos,
de modo que a mundialidade perpassa o lugar, trazendo um desencontro e muitos
conflitos entre a escala da vida cotidiana contraposta à escala da acumulação eco-
nômica mundializada que move os negócios urbanos. Assim, parece ser na escala
urbana e metropolitana que a reprodução do espaço ganha maior densidade, tra-
zendo novas formas e conteúdos à metrópole, os quais se colocam como condição
da financeirização enquanto processo de flexibilização necessária da imobilidade
e fixidez da propriedade privada do solo. Portanto, é na metrópole que são desen-
volvidos novos mecanismos, estratégias e instrumentos financeiros de produção
do espaço, articulados às ações do setor imobiliário que se financeiriza, amplia-se
e torna-se crítico, pois produz, nesse mesmo movimento, novas barreiras, novos
obstáculos, novas contradições desdobradas do processo de valorização do espaço,
da propriedade privada do solo e da raridade do espaço.
O urbano como negócio não prescinde da atuação do Estado para sua realização,
muito pelo contrário, a valorização do espaço requer como condição sine qua non
a ação estatista para a garantia e a legitimação dos pretensos “direitos do capital”.
Tais “direitos” envolvem a criação de uma legalidade nova que nega as bases legais
constituídas: é o que ocorre quando o patrimônio cultural na metrópole torna-se um
|9|
a cidade co m o neg ó cio
|12|