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5-Hasan-Brasil-1

EVALUATION OF THE BIOGAS PRODUCTION POTENTIAL FROM


BEER MANUFACTURE RESIDUES
1
Camila Hasan *​, Eugênia de Vargas Hickmann​2​, Franciele Bücker​2​ , Odorico Konrad​1

Abstract

The anaerobic digestion of organic waste is an alternative that can assist in waste treatment by
promoting a renewable energy source generation, the biogas. Wastewater and organic waste are
generated in large quantities in breweries, especially in Brazil, where this activity has an important
economic function. The treatment of this waste can be combined with the production of energy in
biogas form, being an option for micro and large breweries. Currently, most of the organic waste
produced in breweries is intended for animal feed as a palliative measure for solving this problem,
however, its basic ingredients are products that are organic biodegradable, such as malt, hops and
yeast, alternatives to energy recovery of these materials can add value to production and minimize
environmental impacts, especially with regard to climate change. This study aimed to identify the
potential for biogas production from malt bagasse, discard beer yeast and a mixture between these
two biomasses, with the results pointing to potentials of 566 m³Biogas.tonSV-1, 802 m³Biogas.tonSV-1
and 568 m³Biogas.tonSV-1, respectively.

Keywords: ​Bioenergy; Anaerobic digestion; Methane

Introdução

A indústria cervejeira coloca o Brasil em terceiro lugar no ranking mundial de produção de cerveja.
Este setor é responsável por mobilizar 2,2 milhões de empregos e sua receita corresponde a 1,6% do
Produto Interno Bruto (PIB), contribuindo com R$ 20 bilhões de impostos ao ano (CERVBRASIL,
2015). ​No Rio Grande do Sul está a segunda maior concentração de cervejarias do país. Esta alta
produção é acompanhada da geração de um volume expressivo de resíduos pelas cervejarias. A
destinação adequada destes resíduos ainda exige melhorias a fim de minimizar o impacto ao meio
ambiente, gerado pelos sistemas produtivos, tornando esta cadeia mais sustentável.

O bagaço de malte, resíduo produzido em maior volume no processo de fabricação da cerveja,


embora contenha um conteúdo relativamente alto de proteínas, pode apresentar resistência à
degradação anaeróbia devido ao alto teor de lignina, celulose e hemiceluloses que o constituem
(CATER et al., 2015; PANJICKO et al., 2017). Mesmo assim, a digestão anaeróbia destes materiais
tem sido apontada como uma alternativa, por se tratar de uma biotecnologia específica para tratar
resíduos orgânicos, produzir metano como fonte de energia alternativa e reduzir as emissões de
gases de efeito estufa.

1
Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES).
2​
Laboratório de Biorreatores – Tecnovates, Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES).
*​Autor corresponsal: ​Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, Universidade do Vale do
Taquari (UNIVATES), Rua Avelino Talini, 171 – Bairro Universitario, Lajeado, Rio Grande do Sul. 95914-014.
Brasil. Email: ​chasan@universo.univates.br
O uso de resíduos ricos em matéria orgânica para a produção de biogás é uma forma de viabilizar a
recuperação energética destes. A transformação energética de um resíduo permite que o mesmo
possa ser reinserido no processo produtivo através da sua conversão e aproveitamento na forma de
energia térmica ou elétrica. O biogás como fonte de energia é particularmente interessante devido às
suas possibilidades de aplicações, visto que a energia química contida neste combustível pode ser
utilizada para gerar energia térmica, elétrica ou veicular.
Objetivo

Identificar o Potencial Bioquímico de Biogás e Metano (PBB e PBM) a partir de biomassas residuais
originárias de uma microcervejaria.

Metodologia

Identificação e coleta dos substratos

Os resíduos avaliados neste experimento foram coletados em uma micro-cervejaria regional,


caracterizando-se por serem resíduos orgânicos gerados durante o processo de fabricação da
cerveja. São eles: o bagaço de malte e o fermento (Figura 1). Em volume, a proporção da geração
destes resíduos nesta indústria é de, aproximadamente, 95% e 5%, respectivamente.

Figura 1.​ A: Resíduo do bagaço de malte; B: Resíduo do fermento da cerveja

Experimentos de digestão anaeróbia

Os ensaios de digestão anaeróbia foram conduzidos em laboratório, operados em batelada e


baseados em premissas propostas pela normativa alemã VDI 4630 (2006) para identificação do
Potencial Bioquímico de Biogás e Metano de substratos. Este refere-se à quantidade máxima de gás
que pode ser obtida, expressa como volume de biogás ou metano por unidade de massa da matéria
orgânica presente no substrato avaliado (SV). Para tanto, os experimentos utilizam uma parcela de
amostra do substrato incubada em condições mesofílicas, na presença de um inóculo anaeróbio
(STEINMETZ et al., 2016).
Inóculo anaeróbio

Foi utilizado como inóculo o digestato de um reator anaeróbio mesofílico, oriundo da digestão de
resíduos agroindustriais diversos. O inóculo passou por processo de aclimatação, sendo alimentado
duas semanas antes do início do experimento com 1% de seu volume correspondente a uma mistura
de celulose, sacarose e resíduos de cerveja. Depois de estabilizado, foi utilizado como inóculo para o
experimento em questão.

Preparo das amostras

Utilizou-se reatores de vidro com capacidade de 1L, preenchidos com 500 g das amostras e mantidos
em incubadoras adaptadas, à temperatura constante de 35 °C. Foram incubadas 5 triplicatas, sendo
estas correspondentes ao inóculo, ao padrão de celulose, aos dois substratos investigados e a uma
mistura de ambos os substratos (Quadro 1). A celulose microcristalina de elevada pureza é utilizada
como referência para avaliar a atividade do inóculo e sua influência nos resultados de potencial de
produção atingidos (STEINMETZ et al., 2016). ​O potencial bioquímico de biogás da celulose
microcristalina esperado é na faixa de 740-750mL​N​/gSV. O limite mínimo de recuperação de biogás
por este substrato deve ser equivalente a 80% (600 mL​N​/gSV), valores superiores a este limite são
indicados pela norma VDI 4630 (2006) como satisfatórios para avaliação da atividade do inóculo no
ensaio de digestão anaeróbia.

No que se refere à combinação das amostras com o inóculo, a VDI 4630 (2006) prediz que o teor de
sólidos totais da mistura não deve ultrapassar 10% e que a razão entre os sólidos voláteis da amostra
pelos sólidos voláteis do inóculo deve ser 0,5, adotando-se uma relação inóculo/amostra de 2:1.
Deste modo a composição das triplicatas se deu da seguinte forma:

Quadro 1.​ Relação inóculo e amostra adotada de acordo com a VDI 4630 (2006)
Amostras Incubadas Inóculo (g) e gSV Substrato (g) e gSV
Triplicata I - Inóculo 500,0 - 6,98 0,0 - 0,0
Triplicata II - Padrão (Celulose Microcristalina) 496,3 - 6,94 3,7 - 3,5
Triplicata III - Bagaço de Malte 483,0 - 6,75 17,0 - 3,5
Triplicata IV - Fermento de Cerveja 480,6 - 6,72 19,4 - 3,5
Triplicata V - Mix dos substratos (95% - 5%) 482,8 - 6,75 17,2 - 3,5

Monitoramento do experimento

O biogás produzido nos reatores foi quantificado por meio de um sistema automatizado, regido pela
Lei dos Gases Ideais, descrito por Konrad et al. (2016) e a identificação do teor de metano (CH​4​) no
biogás foi realizada por meio de um sensor específico, denominado Advenced Gasmitter.

Paralelamente à realização do experimento foram realizadas análises físico-químicas descritas na


Tabela 1, para auxiliar na interpretação dos resultados.

Tabela 1.​ Métodos analíticos utilizados


Análise/Ensaio Método Referência/Equipamento
pH Potenciométrico pHmetro Digimed – DM 2P
Standard Methods for the Examination of
Sólidos Totais, Water and Wastewater, 2450 Solids – 2450G.
Gravimétrico
Voláteis e Fixos Total, Fixed and Volatile solids in solid and
semisolid samples. 20​th ​edition, 1999.
O experimento foi finalizado de acordo com a VDI 4630 (2006), quando o volume diário de biogás
produzido foi menor que 1% do volume total acumulado, por no mínimo três dias, assumindo-se como
volumes finais de produção os obtidos até então.

Cálculo do Potencial Bioquímico de Biogás e Metano

Para a determinação dos valores de PBB e PBM, o volume acumulado de biogás e metano da
amostra é dividido pela quantidade de material orgânico adicionado ao reator. No entanto, no reator,
haverá também resíduos orgânicos referentes ao inóculo adicionado que produzirá certa quantidade
de biogás no processo anaeróbio e, portanto, deve ser subtraído do volume total acumulado para
obter a verdadeira produção a partir do substrato (Bioprocess Control, 2011). Assim, o PBB e o PBM
podem ser calculados de acordo com equação (1).

mSV is
P BB ou P BM = (V s − V b x ( mSV ib ))/mSV s ​(Equação 1)

Onde:
Vs: Volume acumulado (biogás ou metano) do substrato com inóculo
Vb: Volume acumulado (biogás ou metano) do branco (inóculo)
mSVis: massa de sólidos voláteis do inóculo na amostra
mSVib: massa de sólidos voláteis do inóculo no branco
mSVs: massa de sólidos voláteis do substrato na amostra

Resultados e Discussão

Os teores de sólidos totais e voláteis dos substratos avaliados estão apresentados na Tabela 2.
Destaca-se que o teor de sólidos voláteis das amostras apresentou-se bastante favorável à digestão
anaeróbia, indicando alto teor de matéria orgânica possível de ser degradada e convertida em biogás.

Tabela 2​ - Teor de sólidos totais e voláteis dos substratos


Substrato ST (%) SV​ST​ (%)
Inóculo 3,2 43,1
Celulose Microcristalina 94,3 99,6
Bagaço de Malte 21,8 94,5
Fermento de Cerveja 20,5 88,1
Mix Bagaço/Fermento 21,5 94,7

De acordo com uma revisão realizada por Xu et al. (2018), resíduos provenientes de cervejarias
podem conter cerca de 23,0-29,2% de sólidos totais, os resultados mostraram valores próximos ao
valor mínimo para os resíduos da cervejaria do Vale do Taquari (20,5-21,8% ST).

Desempenho na produção de biogás e metano

De modo geral, a literatura considera que resíduos provenientes da indústria cervejeira, por terem um
conteúdo rico em lignina e celulose, têm potenciais de metano relativamente mais baixos do que
resíduos de outros setores. Ainda assim, os resultados apontaram potencial de uso destes resíduos
para a produção de biogás. Com destaque para o fermento de cerveja, que diferente do bagaço de
malte, apresentou facilidade na degradação e, portanto, maior eficiência na conversão de matéria
orgânica a biogás.

O potencial calculado a partir da relação dos volumes de biogás e metano produzidos pelas amostras
com os sólidos voláteis presentes, estão apresentados na Tabela 3. O potencial de metano, de
acordo com Xu et al. (2018), pode variar entre 0,22-0,31 m​3​/kgSV, ou seja, 220-331 mL/gSV.
Observa-se que os processos de digestão anaeróbia dos resíduos da cervejaria estudada produziram
entre 337-447(mL/gSV) obtendo uma produção de metano próxima aos estudos levantados na
literatura.

Tabela 3​ – Resultados obtidos nos ensaios de digestão anaeróbia


Substrato PBB (mL​N​/gSV) PBM (mL​N​/gSV)
Inóculo - -
Celulose Microcristalina 841 418
Bagaço de Malte 566 380
Fermento de Cerveja 802 477
Mix Bagaço/Fermento 568 337

O malte apenas foi considerado nos últimos anos como um substrato energético devido à redução
das receitas de aplicações de alimentação de gado, maiores custos de energia e incentivos à
produção de energia renovável (PANJICKO et al., 2017). Em estudo de digestão anaeróbia, Panjicko
et al. (2017) observaram produção específica de biogás entre 392 mL/gSV e 491 mL/gSV de resíduos
de malte adicionado, já a produção específica de metano esteve entre 187 mL/gSV e 273 mL/gSV
adicionado. Embora os resultados obtidos no presente estudo tenham sido superiores, verifica-se
proximidade aos encontrados por PANJICKO et al. (2017) que utilizou resíduos de malte como
substrato.

Conclusões

A digestão anaeróbia como uma ferramenta para o tratamento de resíduos proveniente de cervejaria
foi verificada, além do potencial para produzir biogás com bom teor de CH​4​. Além de proporcionar o
correto tratamento aos resíduos de cervejaria, entre outros, a digestão anaeróbia é uma tecnologia
que contribui para a redução dos gases do efeito estufa e consequentemente vai ao encontro de
ações que minimizam os impactos das mudanças climáticas.

Referências bibliográficas
Bioprocess Control (2011). Operation and Maintenance Manual. 2011 – AMTPS II. Disponível em:
<http://www.bioprocesscontrol.com/media/1511/bioprocess-control-manual-ampts-ii-ampts-ii-light.pdf>.
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Panjicko, M., Zupancic, G. D., Fanedl, L., Logar, R. M., Tisma, M., Zelic, B. (2017). Biogas production brewery
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Steinmetz, R. L. R., Mezzari, M. P., Silva, M. L. B. Da, Kunz, A., Amaral, A. C. Do, Tápparo, D. C., Soares, H. M.
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