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Aprendemos a palavra “Deus” e adquirimos a capacidade de experimentar tudo o que está

além de nós como uma realidade com a qual podemos conectarnos e que nos seja
pessoalmente agradável. Não aprendemos isso imediatamente, repentinamente,
absolutamente; há equívocos, superstições, distorções e variações na imaginação, avanços e
regressões. Mas aprendemos.
O desconhecido suplanta o desconhecido. Aquilo que não conseguimos enxergar explica o que
conseguimos enxergar. E esse mistério desconhecido e invisível é intencional e pessoal: Deus.

Intencional. Pois há coerência, finalidade e planejamento anteriores à minha experiência da


vida.

Pessoal. Pois há algo ou outro que se conecta comigo e é maior do que aquilo que sou: Deus é
mais do que eu, não menos. Não apenas mais poderoso ou mais sábio, mas mais pessoa,
mais do que o que quer que seja que me torne capaz de pensar, crer, amar, esperar, confiar —
todos esses grandes elementos invisíveis dos quais tomo consciência na estaca zero.

Deus. Não há nenhum termo que por si só seja tão comum e tão indispensável aos seres
humanos. Não existe nenhum idioma no qual a palavra não ocorra. Praticamente não existe
nenhum momento em nossa vida em que a palavra não figure de um modo ou de outro na
busca de explicarmos a nós mesmos e ao mundo ao redor de nós — seja negando, fazendo
ressalvas, blasfemando ou adorando. Deus.

Isso é não somente retornar a uma percepção de Deus, mas também a uma escuta do que
Deus diz. Disse Deus. Você escutou? Escutou?
Escutar está vinculado não apenas lexicalmente (akouo e hypakouo), mas espiritualmente a
obedecer, a corresponder.
Assim, não surpreende que Deus, que é “infinitamente mais do que tudo que pedimos ou
pensamos”, trate conosco pelo instrumento da linguagem. Deus fala. Para os cristãos, a
espiritualidade fundamental não é somente um substantivo, Deus, mas também um verbo,
disse (ou diz).

E precisamos mesmo ser lembrados. Pois, assim como a percepção do mundo do Espírito que
se centra na pessoa e no poder de Deus geralmente resulta numa proliferação de
espiritualidades que tentam tomar o lugar de Deus ou usar Deus, também a aquisição da
linguagem que permite resposta e participação no mundo do Espírito resulta então em
conversas espirituais que deixam Deus de lado.

A maior parte, embora certamente não a totalidade, das conversas espirituais que estão sendo
travadas dentro e fora das igrejas cristãs é desse tipo. É não uma escuta de Deus; não uma
resposta a Deus; não uma crença na Palavra de Deus. É conversa fiada. Às vezes, é uma
conversa fiada muito instigante. Muitas vezes, uma conversa fiada fascinante. Mas é o nosso
comentário sobre a nossa experiência com o espiritual, não uma proclamação de como Deus
se dirige a nós a partir do mundo do Espírito. Damos testemunho, testificamos continuamente,
mas o mais comum é falarmos de nós, não de Deus. Não é proclamação, que é a forma
fundamental assumida pela linguagem acerca de Deus, mas tagarelice e fofoca.

O livro de Jó é a revelação clássica que temos desse tipo de coisa. Jó está de volta à estaca
zero: disse Deus. Mas o substantivo, Deus, e o verbo, disse, são separados no livro de Jó por
muita conversa espiritual que em nada se relaciona com Deus. Jó não tem nenhuma dúvida de
que está lidando com Deus. Está diante do mistério — nenhuma das formas conhecidas de
explicar vida funciona mais. Ele depara com o desconhecimento. Não se satisfará com nada
menos que Deus falando com ele, um Deus que lhe explica como as coisas são, um Deus que
revela. E Deus de fato fala, “do meio da tempestade”, e Jó fica satisfeito. Deus não responde a
suas perguntas, não explica o mistério — mas fala. E isso é suficiente. É sempre suficiente.
Mas a maior parte do texto de Jó é tomado com a conversa espiritual dos conselheiros
religiosos de Jó: Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú. Quase tudo que eles dizem é verdade. Mas, ao
mesmo tempo, quase nada do que dizem é verdade. Nada do que dizem consiste numa
participação que escuta e corresponde a Deus. Um dos discursos mais arrebatadores é o
de Elifaz. É seu primeiro discurso, e ele apoia o que precisa dizer documentando-o com a
autoridade da experiência espiritual. Elifaz diz a Jó que ele deve ter pecado, caso contrário não
estaria sofrendo. É um universo espiritual lógico, de causa e efeito, em que vivemos. Não há
nenhum mistério. Há respostas para tudo. Mas Elifaz não é totalmente lógico — ele procura
conferir autoridade a seu discurso testificando de uma experiência sobrenatural.

Disseram-me uma palavra


em segredo,
da qual os meus ouvidos
captaram um murmúrio.
Em meio a sonhos perturbadores da noite,
quando cai sono profundo
sobre os homens,
temor e tremor se apoderaram de mim
e fizeram estremecer todos os meus ossos.
Um espírito roçou o meu rosto,
e os pelos do meu corpo se arrepiaram.
Ele parou, mas não pude identificá-lo.
Um vulto se pôs
diante dos meus olhos,
e ouvi uma voz suave...
Jó 4:12-16

Depois de uma experiência assim, talvez você pensasse que deveria haver alguma revelação
profunda para comunicar. Mas não; o que vem depois não é diferente: a sabedoria
convencional que Elifaz podia ter tomado de algum santuário babilônico ou templo egípcio.

Poderá algum mortal


ser mais justo que Deus?
Poderá algum homem ser mais puro
que o seu Criador?
Se Deus não confia em seus servos,
se vê erro em seus anjos e os acusa,
quanto mais nos que moram em casas de barro,
cujos alicerces estão no pó!
São mais facilmente esmagados
que uma traça!
Entre o alvorecer e o crepúsculo
são despedaçados;
perecem para sempre,
sem ao menos serem notados.
Não é certo que as cordas
de suas tendas
são arrancadas,
e eles morrem sem sabedoria?
Jó 4:17-21

Mais tarde, Elifaz tenta outra vez conferir autoridade espiritual a suas banalidades batidas
referindo-se ao que “vi” (15:17).
Jó não se impressiona. Não fica impressionado com o sobrenatural. Ele quer Deus. E quer o
Deus que fala; não quer ouvir Elifaz falar de sua experiência com um fantasma. Não tem
nenhum interesse nas histórias de Elifaz sobre sussurros fantasmagóricos e sombras
imprecisas no meio da noite; quer ouvir Deus falar.

A Palavra de Deus. Quando Deus fala por meio de seus profetas, ele fala com clareza. Isaías
é totalmente claro: “... ouvi a voz do SENHOR conclamando: „Quem enviarei [...] Vá e diga a
este povo...‟” (Is 6:8,9). Jeremias é totalmente claro: “A palavra do SENHOR veio a mim
dizendo: „Antes de formá-lo no ventre eu o escolhi [...] Eu hoje dou a você autoridade sobre
nações e reinos, para arrancar, despedaçar, arruinar e destruir, para edificar e plantar‟” (Jr 1:4-
10). Ezequiel é totalmente claro: “Ele me disse: „Filho do homem, fique em pé, pois eu vou falar
com você‟. Enquanto ele falava, o Espírito entrou em mim e me pôs em pé, e ouvi aquele que
me falava. Ele disse: „Filho do homem, vou enviá-lo aos israelitas, nação rebelde...‟” (Ez 2:1-3).
“Os profetas experimentavam a palavra em termos inequívocos; era colocada diretamente
na boca deles como um oráculo para proclamação pública”.

E Elifaz é totalmente vago: “... uma palavra em segredo [...] um murmúrio [...] sonhos
perturbadores [...] Um espírito roçou o meu rosto [...] não pude identificá-lo. Um vulto [...] uma
voz suave...” (4:12-16). “Para Elifaz, a palavra penetra furtivamente pela porta dos fundos,
indistinta e esmaecida. Sua origem e seu autor são desconhecidos. É apenas identificada
como uma palavra, um som passageiro, um ruído na noite”

Esse tipo de coisa é a epidemia das espiritualidades de todos os tempos e lugares. O


bizarro, o enigmático, o pretensiosamente exótico. Não se quer de forma alguma insinuar
aqui que Elifaz seja uma fraude, que a experiência em si não é real. Mas nos é apresentada de
tal forma que nos faz perceber que não é significativa. Todos esses testemunhos de encontros
com o sobrenatural, descrições de estados místicos e elevados de consciência — nada
significativos. Todas essas técnicas que nos oferecem por meio das quais podemos estar
sintonizados com as vozes, sentir as vibrações, ouvir as harmonias — nada significativas.
Não quero dar a ideia de que tudo isso é pura fraude e fantasia. As experiências podem muito
bem ser suficientemente reais. Não há nada em Jó sugerir que insinue que Elifaz fosse uma
fraude. Ele pode muito bem ter tido essa experiência sobrenatural que lhe deixou todo
arrepiado.

O que quero dizer é que não é significativa.


A espiritualidade cristã não fica impressionada com o sobrenatural.

O sobrenatural não está nem aqui nem ali para aqueles de nós que estamos posicionados na
estaca zero, orientando-nos, aceitando nossa finitude humana, recebendo lampejos da
infinitude de Deus.
Somos imersos no mundo do Espírito, e então por que haveríamos de desejar uma experiência
espiritual? Mas essa experiência não confere a autoridade ao nosso conselho nem ao nosso
caráter. Não é somente um retorno a Deus, mas a disse Deus. Pois não somente existe um
Deus; existe também a Palavra de Deus.

A espiritualidade cristã não começa com o relato da nossa experiência; começa com o
nosso ato de escutar Deus nos chamar, nos curar, nos perdoar.

Isso é algo difícil de assimilar. Costumeiramente conversamos com nós mesmos e sobre nós
mesmos. Não escutamos. Se chegamos a escutar uns aos outros é quase sempre com o
objetivo de obter algo que possamos usar quando chegar a nossa vez. Boa parte da nossa
escuta consiste em mera polidez, educadamente esperando nossa vez para conversar sobre
nós mesmos.
Mas em relação a Deus especificamente, precisamos quebrar o hábito e deixar que ele fale
conosco. Deus não somente é; Deus diz.
A espiritualidade cristã, além de ser uma espiritualidade atenta, é uma espiritualidade
que escuta.

Pela graça de Deus, a Palavra de Deus é também escrita. E isso faz das Escrituras
Sagradas o texto da espiritualidade cristã. As Sagradas Escrituras são o posto de escuta
para darmos ouvidos à Palavra de Deus.

Algo extraordinário acontece quando retornamos, ao lugar de adoração e escuta — uma


maravilhosa infusão de energia em nosso interior; uma descarga de adrenalina em nossa alma
que se transforma em obediência. A razão é que a palavra que Deus fala é o tipo de palavra
que faz as coisas acontecerem. Quando Deus fala, não é com o objetivo de nos dar
informações sobre economia, de modo que possamos saber como fazer nosso planejamento
financeiro. Quando Deus fala, não é como um cartomante, entrando em nosso futuro e
matando nossa curiosidade a respeito das nossas possibilidades no amor ou a respeito do
cavalo no qual devemos apostar.
Não, quando Deus fala, não é para explicar todas as coisas para as quais não conseguimos
obter respostas de nossos pais, de livros ou da leitura de folhas de chá. A Palavra de Deus
não é, em essência, informação, ou tagarelice, ou explicação. A Palavra de Deus faz as
coisas acontecerem — ele faz algo acontecer em nós. O imperativo é um dos mais
importantes modos verbais da Escritura Sagrada: “Haja luz [...] Vá [...] Venha [...] Arrependa-se
[...] Creia [...] Não tema [...] Seja curado [...] Levanta-se [...] Peça [...] Ame [...] Ore...”.

E a consequência pretendida com o imperativo é a obediência. Eu amo o salmo que diz: “Corro
pelo caminho que os teus mandamentos apontam, pois me deste maior entendimento” (Sl
119:32). Sim, corro. A estaca zero, com sua atenção e escuta, é esse lugar de entendimento —
sabemos quem somos e onde estamos... e quem é Deus e onde está. Nesse lugar e nessa
condição, há no interior um armazenamento e uma concentração de energia que, emitido o
imperativo de Deus, se manifesta precisamente em obediência — correr pelo caminho dos
mandamentos de Deus. Pois nas narrativas bíblicas sobre a obediência não há nada feito com
má vontade, com vergonha ou arrastando os pés.
Marcos nos fornece um detalhe desse aspecto da Palavra de Deus registrado de maneira
incisiva, quando ele narra a história da cura de Bartimeu em Jericó.
Aqui está o detalhe: quando Jesus começa a caminhar, Bartimeu está sentado ao lado da
estrada mendigando. Ele ouve que se trata de Jesus e clama por socorro, por misericórdia —
persistentemente. Jesus ouve-o, para e manda chamá-lo. Quando Bartimeu recebe o
chamado, não há nenhum instante de hesitação — de um salto, fica de pé e vai até Jesus (Mc
10:50).
A expressão “de um salto” é um verbo no original (anapedesas) — sua única ocorrência no
Novo Testamento — e prende nossa atenção. Bartimeu dá um salto. Como um corredor que
ouve o disparo da pistola de largada, ele explode do lugar onde está e não mais se encontra lá,
agora correndo. Sim, “Corro pelo caminho que os teus mandamentos apontam, pois me deste
maior entendimento”. Bartimeu está na estaca zero, com a postura certa e pronto; e assim,
quando Jesus emite a palavra de convite, nada menos que a Palavra de Deus, Bartimeu na
estaca zero é um foguete que acaba de ser lançado.

Pois a estaca zero não é o lugar onde sentamos para decidir em debate qual será nossa
próxima ação. Não é um oásis de repouso do árduo e penoso negócio da peregrinação. Não é
um retorno à inércia quando a atividade nos parece demasiada. É o lugar para o qual
retornamos, de modo que nossa fé é iniciada por Deus, nosso discipulado é definido por
Cristo, nossa obediência recebe a infusão do Espírito.
Pois, quando retornamos à estaca zero, onde ouvimos a Palavra de Deus, a obediência que se
segue certamente mudará nossa vida. O arrependimento e o comprometimento, a crença e a
fidelidade — todas as ações cheias de energia que são iniciadas na estaca zero não seguem
nos trilhos de nossos hábitos e rotinas voluntariosos, mas são transformadores: levam-nos com
Jesus a Jerusalém, à cruz e à ressurreição.

Nós avançamos na vida cristã tornando-nos mais competentes, mais instruídos, mais
virtuosos ou mais cheios de energia. Não avançamos na vida cristã adquirindo
conhecimentos especializados. Todos os dias, e muitas vezes a cada dia, retornamos à estaca
zero: disse Deus. Estamos sendo constantemente “lançados de volta para o começo e sempre
nos examinando de novo”. Somos sempre iniciantes. Começamos de novo. Ouvimos Jesus
dizer: “a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino
dos céus” (Mt 18:3). E assim nos tornamos como criancinhas.

Quero simplificar a vida de vocês. Quando as pessoas mandam que vocês leiam mais,
quero dizer que leiam menos; quando as pessoas estão mandando que façam mais, quero
dizer que façam menos. O mundo não necessita ter mais de você; ele necessita ter mais de
Deus. Seus amigos não necessitam ter mais de você; necessitam ter mais de Deus. E você
não necessita ter mais de você; necessita ter mais de Deus.

A vida cristã consiste naquilo que Deus faz por nós, não no que fazemos por Deus; a
vida cristã consiste naquilo que Deus diz a nós, não no que dizemos sobre Deus.
Naturalmente, também fazemos coisas e dizemos coisas; mas, se não retornarmos à estaca
zero cada vez que agirmos, cada vez que falarmos, começando por Deus e pela Palavra de
Deus, logo nos veremos praticando uma espiritualidade com pouca ou nenhuma relação com
Deus.

E assim, para vivermos verdadeiramente a vida cristã e não apenas usar a palavra
“cristão” como disfarce para nossas tentativas narcisistas em direção a uma
espiritualidade que não adora a Deus e à qual Deus não se dirige, é necessário retornar à
estaca zero, adorar a Deus e escutar Deus.

Em virtude das nossas lembranças prejudicadas pelo pecado, as quais nos deixam vulneráveis
a cada edição mais recente da espiritualidade jornalística, é necessária uma reorientação diária
na verdade revelada em Jesus e apreendida na Escritura.

E dada a nossa antiga predisposição por reduzir cada fragmento de revelação divina com que
deparamos a uma peça de tecnologia moral/espiritual que possamos usar para ter sucesso no
mundo, e no final para nos darmos bem sem Deus, requer-se um retorno diário a uma condição
de nenhum conhecimento e nenhuma realização. Já demonstramos por nós mesmos, repetidas
vezes, que não somos confiáveis nessas questões. Precisamos retornar à estaca zero para um
novo começo tão frequentemente quanto cada manhã, cada meio-dia e cada anoitecer.

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