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ESCOLA SUPERIOR DA CETESB

GESTÃO DO CONHECIMENTO AMBIENTAL

CONFORMIDADE AMBIENTAL COM REQUISITOS TÉCNICOS E LEGAIS


TURMA 2
FISCALIZAÇÃO, PERÍCIA E AUDITORIA AMBIENTAL

POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS INSTRUMENTOS DE

GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA ORDENAMENTO JURÍDICO


PÓS•GRADUAÇÃO
AMBIENTAL METODOLOGIA DA L A T CIENTÍFICA
PESQUISA O SENSU
MÓDULO II – PREVENÇÃO DA
POLUIÇÃO AMBIENTAL E CONTROLE
E SEMINÁRIOS POLUIÇÃO DO AR, GERENCIAMENTO E
DE FONTES

CONTROLE DE FONTES FUNDAMENTOS DO CONTROLE DE


FUNDAMENTOS
DO CONTROLE
POLUIÇÃO DAS ÁGUAS GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
DE POLUIÇÃO
PREVENÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO DOS SOLOS E
DAS ÁGUAS
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS GERENCIAMENTO DE ÁREAS

CONTAMINADAS ANÁLISE DE RISCO TECNOLÓGICO

EMERGÊNCIAS QUÍMICAS, ASPECTOS PREVENTIVOS

E CORRETIVOS LEGISLAÇÃO FLORESTAL APLICADA

AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL LICENCIAMENTO

COM AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL AIA

LICENCIAMENTO AMBIENTAL SEM AVALIAÇÃO DE IMPACTO


GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador Márcio França

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE


Secretário Eduardo Trani

CETESB • COMPANHIA AMBIENTAL


DO ESTADO DE SÃO PAULO
Diretor-Presidente Carlos Roberto dos Santos

Diretoria de Avaliação de
Impacto Ambiental Ana Cristina Pasini da Costa

Diretoria de Controle e
Licenciamento Ambiental Geraldo do Amaral Filho

Diretoria de Engenharia e
Qualidade Ambiental Eduardo Luis Serpa

Diretoria de Gestão Corporativa Waldir Agnello

CETESB • COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

MISSÃO
Promover e acompanhar a execução das políticas públicas ambientais e de desenvolvimento
sustentável, assegurando a melhoria contínua da qualidade do meio ambiente de forma a atender
às expectativas da sociedade no Estado de São Paulo.

Visão
Buscar a excelência na gestão ambiental e nos serviços prestados aos usuários e à população em
geral, aprimorando a atuação da CETESB no campo ambiental e na proteção da saúde pública.

Valores
Ética, legalidade, transparência, eficiência, eficácia, isonomia, imparcialidade, responsabilidade,
valorização do capital humano e compromisso com a empresa.
Fundamentos do
Controle de
Poluição das Águas

Professor Responsável
Sandra Ruri Fugita

São Paulo, Julho de 2018

CETESB
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
Av. Profº. Frederico Hermann Júnior, 345 - Alto de Pinheiros -
CEP: 05459-900 - São Paulo - SP
http://www.cetesb.sp.gov.br / e-mail: treinamento_cetesb@sp.gov.br
O Curso “Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais”, na modalidade especialização lato sensu, foi autorizado
pelo Conselho Estadual de Educação – CEE, conforme Portaria nº 449, publicada no Diário Oficial, em 20/11/2015
Coordenação do Curso Escola Superior da CETESB
Carlos Roberto dos Santos Supervisão:
Lina Maria Aché Carlos Ibsen Vianna Lacava
Tânia Mara Tavares Gasi ET - Departamento de Apoio Operacional
Secretaria Gerenciamento:
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Equipe Técnica de Apoio ETG - Divisão de Gestão do Conhecimento
ETGB: Sonia Teresinha Barbosa Margarida Maria Kioko Terada
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O. Barreto, Rita de Cassia Guimarães Irene Rosa Sabiá
ETGD: Alexandre Nery Gerene Ferreira, Lina Maria Aché ETGC - Setor de Cursos e Transferência de Conhecimento
Lina Maria Aché
ETGD - Setor de Capacitação e Formação Continuada

© CETESB, 2018
Este material destina-se a uso exclusivo dos participantes do Curso de Pós Graduação Lato Sensu “Conformidade
Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais”, sendo expressamente proibida a sua reprodução total ou parcial,
por quaisquer meios, sem autorização da CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.

Diagramação: ETGD - Setor de Capacitação e Formação Continuada


Capa: Vera Severo / Editoração Gráfica: Alexandre Nery Gerene Ferreira / Impressão: AAAG-CETESB
SUMÁRIO
Caracterização da Qualidade da Água.............................................................................................. 7
Introdução...................................................................................................................................... 9
Parâmetros de Qualidade das Águas.......................................................................................... 11
Caracterização de Fontes Poluidoras.............................................................................................. 35
Sistemas Industriais..................................................................................................................... 37
Sistemas de Esgotos Urbanos.................................................................................................... 45
Fontes Poluidoras de Origem Agropecuária................................................................................ 49
Política de Controle de Poluição...................................................................................................... 55
Política Nacional do Meio Ambiente............................................................................................ 57
Legislação Ambiental Federal..................................................................................................... 59
Legislação Ambiental do Estado de São Paulo........................................................................... 73
Licenciamento Ambiental e Cargas Poluidoras........................................................................... 80
Autodepuração dos Corpos D’Água................................................................................................. 85
Balanço do Oxigênio Dissolvido.................................................................................................. 91
Modelo de Streeter Phelps.......................................................................................................... 93
Tratamento de Efluentes Líquidos................................................................................................... 99
Principais Tipos de Sistema de Tratamento de Efluentes......................................................... 101
Tratamento Preliminar............................................................................................................... 102
Processos de Separação de Sólidos......................................................................................... 109
Tratamento Físico-Químico....................................................................................................... 119
Tratamento Biológico Aeróbio................................................................................................... 121
Tratamento Biológico Anaeróbio............................................................................................... 137
Tecnologias Recentes............................................................................................................... 141
Desinfecção............................................................................................................................... 147
Disposição Controlada no Solo................................................................................................. 150
Tratamento de Lodo.................................................................................................................. 153
Remoção de Nutrientes (Nitrogênio e Fósforo)......................................................................... 158
Reuso de Água............................................................................................................................... 165
Descrição Geral e Necessidade de Reuso................................................................................ 166
Fontes Potenciais de Reuso...................................................................................................... 166
Tipos de Reuso.......................................................................................................................... 167
Aplicações da Água de Reuso................................................................................................... 167
Critérios Para Determinação da Qualidade da Água Para Reuso............................................. 168
Legislação e Normas................................................................................................................. 168
Referências Bibliográficas.............................................................................................................. 191
Exercícios....................................................................................................................................... 201
Caracterização da Qualidade daÁgua
Aula 1

7
8
1. CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA

1.1 INTRODUÇÃO

Estima-se que a água doce disponível seja de apenas 2,53% do total de água do planeta e
que desse valor, 68,70% correspondem às geleiras e coberturas de neve, 31,01% são as
águas subterrâneas e 0,29% correspondem às águas doces superficiais.
O Brasil ocupa localização privilegiada, possuindo aproximadamente 13% do total de águas
doces do mundo e 53% do continente sul americano, entretanto a distribuição dessa água
doce não acompanha a ocupação territorial brasileira, sendo observado que quase 75% da
água doce do Brasil está na Região Amazônica, local que abriga apenas 4,5% da população
brasileira, conforme apresentado na Tabela 1.1.
Tabela 1.1. Disponibilidade hídrica no Brasil.
População Vazão Vazão Disponibilidade
Região Área
Total 2010 Média Estiagem Hídrica per capita
Hidrográfica (km2)
(hab.) (m3/s) (m3/s) (1) (m3/habxano)
Amazônia (2) 3.869.953 8.584.011 131.947 73.748 484.748
Tocantins / Araguaia 921.921 8.965.523 13.624 2.550 47.922
Atlântico Nordeste
274.301 5.341.162 2.683 328 15.841
Ocidental
Parnaíba 333.056 4.005.872 763 294 6.007
Atlântico Nordeste
286.802 24.225.986 778 32 1.013
Oriental
São Francisco 638.576 14.878.952 2.850 854 6.041
Atlântico Leste 388.160 15.260.464 1.492 253 3.083
Atlântico Sudeste 214.629 28.804.126 3.179 989 3.481
Atlântico Sul 187.522 12.971.394 4.174 624 10.148
Uruguai (3)
174.533 4.387.383 4.121 391 29.621
Paraná 879.873 61.232.611 11.453 4.647 5.899
Paraguai (4)
363.446 2.098.314 2.368 785 35.589
Brasil 8.532.772 190.755.799 179.433 85.495 29.664

(1) Vazão com permanência de 95%.


(2) A bacia amazônica ainda compreende uma área de 2,2 milhões de km2 em território estrangeiro, a qual
contribui com adicionais 86.321 m3/s, em termos de vazão média.
(3) A bacia do rio Uruguai ainda compreende adicionais 37 mil km2 em território estrangeiro, a qual contribui
com 878 m3/s.
(4) A bacia do rio Paraguai compreende adicionais 118 mil km2 em território estrangeiro e 595 m3/s.
Fonte: Adaptado de ANA, 2007; IBGE, 2010.

Assim como no Brasil, a distribuição hídrica no Estado de São Paulo não acompanha as
taxas de ocupação populacional, sendo observado que a região que abriga mais de 47% da
população possui a menor disponibilidade hídrica per capita, conforme pode ser observado
na Tabela 1.2.

9
Tabela 1.2. Disponibilidade hídrica no Estado de São Paulo.
População Vazão Vazão Disponibilidade
Área
UGRHI Total 2010 Média Q95 Hídrica per capita
(km2) (1)
(hab.) (m3/s) (m3/s) (m3/habxano)
1. Mantiqueira 675 64.743 22 10 10.716,09
2. Paraíba do Sul 14.444 1.994.369 216 93 3.415,50
3. Litoral Norte 1.948 281.779 107 39 11.975,17
4. Rio Pardo 8.993 1.107.913 139 44 3.956,54
5. Piracicaba, Capivari e
14.178 5.080.199 172 65 1.067,71 (2)
Jundiaí
6. Alto Tietê 5.868 19.521.971 84 31 135,69 (2)
7. Baixada Santista 2.818 1.664.136 155 58 2.937,31
8. Sapucaí / Grande 9.125 670.526 146 46 6.866,63
9. Mogi-Guaçu 15.004 1.450.298 199 72 4.327,15
10. Tietê/Sorocaba 11.829 1.845.410 107 39 1.828,51 (2)
11. Ribeira do Iguape e
17.068 365.189 526 229 45.422,88
Litoral Sul
12. Baixo Pardo / Grande 7.249 333.045 87 31 8.238,02
13. Tietê / Jacaré 11.749 1.480.575 97 50 2.066,08
14. Alto Paranapanema 22.689 721.976 255 114 11.138,43
15. Turvo / Grande 15.925 1.233.992 121 39 3.092,29
16. Tietê / Batalha 13.149 511.841 98 40 6.038,06
17. Médio Paranapanema 16.749 665.903 155 82 7.340,53
18. São José dos Dourados 6.783 224.140 51 16 7.175,59
19. Baixo Tietê 15.588 753.465 113 36 4.729,57
20. Aguapeí 13.196 364.209 97 41 8.399,00
21. Peixe 10.769 447.838 82 38 5.774,30
22. Pontal do
12.395 478.682 92 47 6.061,04
Paranapanema
Total 248.209 41.262.199 3.120 1.259 2.384,56
Obs.:
(1) Portaria IBGE 05/2002.
(2) Disponibilidade hídrica recomendada pela ONU: 2.500 m3/habxano. Abaixo de 1.500 m3/habxano pode
ser considerado crítica
Fonte: Adaptado de DAEE, 2005; IBGE, 2010.

O consumo de água no Brasil se dá predominantemente na agricultura, sendo este uso


responsável por aproximadamente 70% do volume de água consumido, em seguida o uso
industrial é responsável por 20% do consumo, o uso doméstico corresponde a 7% e 3%
representam as perdas no sistema.
De maneira geral o consumo de água no Estado de São Paulo acompanha a distribuição
nacional, com exceção da UGRHI 6 - Alto Tietê, que abriga a Região Metropolitana e
população superior a 19,5 milhões de habitantes, onde o uso doméstico representa 79% de
toda a água consumida, seguido pelo uso industrial com 17% e agricultura com 4%.

10
Além dos usos citados, a água também é utilizada como veículo natural para recebimento e
diluição de produtos indesejáveis das atividades urbanas, para a preservação da flora e da
fauna, geração de energia, navegação, criação de espécies, recreação e lazer, etc. e sendo
assim, a manutenção de sua qualidade é primordial para a sobrevivência humana, devendo-
se observar que a qualidade requerida está diretamente relacionada ao uso pretendido.

1.2 PARÂMETROS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

A água possui diversos componentes ou impurezas que podem ser divididos em


características físicas, químicas e biológicas, conforme indicado na Figura 1.1.

Figura 1.1 Impurezas contidas na água.

Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 1 – Introdução à Qualidade
das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3ªed. 2005.

Os contaminantes da água, com exceção dos gases dissolvidos contribuem para a carga
de sólidos e por isso são analisados separadamente, podendo ser classificados por suas
características físicas (tamanho) ou químicas.

11
A Figura 1.2 apresenta a classificação e distribuição dos sólidos de acordo com suas
características físicas, especificamente em função de seu tamanho.

Figura 1.2 Classificação e distribuição dos sólidos em função do tamanho.

Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 1 – Introdução à Qualidade
das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3ªed. 2005.

A classificação de acordo com as características químicas dos sólidos é feita pela separação
em sólidos orgânicos e inorgânicos, representados pelos sólidos voláteis e não voláteis
(fixos ou inertes) quando os sólidos são submetidos a uma temperatura elevada (550ºC).
A caracterização biológica da água é realizada a partir da identificação dos microrganismos
existentes no meio, tendo em vista a sua predominância em determinados ambientes, a sua
atuação nos processos de depuração de cargas poluidoras e a sua associação às doenças
de veiculação hídrica.

12
O Quadro 1.1 apresenta a relação dos principais microrganismos de interessa na Engenharia
Ambiental.
Quadro 1.1. Principais microrganismos de interesse na Engenharia Ambiental

Microrganismo Descrição
Bactérias yy Organismos unicelulares que se apresentam em várias formas e tamanhos;
yy Principais responsáveis pela conversão da matéria orgânica;
yy Algumas são patogênicas, causando principalmente doenças intestinais.
Arqueobactérias yy Similares às bactérias em tamanho e componentes celulares básicos, mas com
(archaea) diferentes parede e material celular e composição do RNA;
yy Importantes nos processos anaeróbios.
Algas yy Organismos autotróficos, fotossintetizantes, contendo clorofila;
yy Importantes na produção de oxigênio nos corpos d’água e em alguns processos
de tratamento de esgotos;
yy Em lagoas e represas podem proliferar em excesso causando deterioração da
qualidade da água.
Fungos yy Organismos predominantemente aeróbios, uni ou multicelulares, não
fotossintéticos, heterotróficos;
yy Importantes na decomposição da matéria orgânica;
yy Podem crescer em condições de baixo pH.
Protozoários yy Organismos unicelulares sem parede celular, sendo a maioria aeróbia ou
facultativa;
yy Alimentam-se de bactérias, algas e outros microrganismos;
yy São essenciais no tratamento biológico para manutenção do equilíbrio de
diversos grupos;
yy Alguns são patogênicos.
Vírus yy Organismos parasitas formados pela associação de material genético (DNA ou
RNA) e uma carapaça protéica;
yy Causam doenças e podem ser de difícil remoção no tratamento da água ou do
esgoto.
Helmintos yy Animais superiores;
yy Ovos de helmintos presentes nos esgotos podem causar doenças.

Fonte: Silva & Mara (1979), Tchobanoglous e Schroeder (1985), Mecalf & Eddy (1991), apud Von Sperling, 2005.

Como microrganismo patogênico emergente podemos citar o Cryptosporidium que é


um gênero de protozoário que causa criptsporidíase, um tipo de diarréia em humanos e
outros animais.
A qualidade das águas é representada por diversos parâmetros que indicam suas
características físicas, químicas e biológicas e que são determinados em campo ou por
meio de ensaios laboratoriais, sendo os principais descritos a seguir:

1.2.1 PARÂMETROS FÍSICOS

1.2.1.1 Temperatura
Variações de temperatura são parte do regime climático normal e os corpos de água naturais
apresentam variações sazonais e diurnas, bem como estratificação vertical. A temperatura
superficial é influenciada por fatores tais como latitude, altitude, estação do ano, período

13
do dia, taxa de fluxo e profundidade. A elevação da temperatura em um corpo d’água
geralmente é provocada por despejos industriais (indústrias canavieiras, por exemplo) e
usinas termoelétricas.
A temperatura desempenha um papel crucial no meio aquático, condicionando as influências
de uma série de variáveis físico-químicas. Em geral, à medida que a temperatura aumenta,
de 0 a 30°C, a viscosidade, tensão superficial, compressibilidade, calor específico, constante
de ionização e calor latente de vaporização diminuem, enquanto a condutividade térmica
e a pressão de vapor aumentam. Organismos aquáticos pos­suem limites de tolerância
térmica superior e inferior, temperaturas ótimas para crescimento, temperatura preferida
em gradientes térmicos e limitações de temperatura para migração, desova e incubação
do ovo.

1.2.1.2 Cor
A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de intensidade que
a luz sofre ao atravessá-la (e esta redução dá-se por absorção de parte da radiação
eletromagnética), devido à presença de sólidos dissolvidos, principalmente material
em estado coloidal orgânico e inorgânico. Dentre os coloides orgânicos, podem ser
mencionados os ácidos húmico e fúlvico, substâncias naturais resultantes da decom­posição
parcial de compostos orgânicos presentes em folhas, dentre outros substratos. Os esgotos
domésticos se caracterizam por apresentarem predominantemente matéria orgânica em
estado coloidal, além de diversos efluentes industriais, que contêm taninos (efluentes de
curtumes, por exemplo), anilinas (efluentes de indústrias têxteis, indústrias de pigmentos
etc.), lignina e celulose (efluentes de indústrias de celulose e papel, da madeira etc.).
Há também compostos inorgânicos capazes de causar cor na água. Os principais são
os óxidos de ferro e manganês, que são abundantes em diversos tipos de solo. Alguns
outros metais presentes em efluentes industriais conferem-lhes cor, mas, em geral, íons
dissolvidos pouco ou quase nada interferem na passagem da luz.
O problema maior de cor na água é, em geral, o estético, já que causa um efeito repulsivo
na população.
É importante ressaltar que a medição do parâmetros “coloração”, realizada na rede de
monitoramento, consiste basicamente na observação visual do técnico de coleta no instante
da amostragem.

1.2.1.3 Odor e sabor


O odor e sabor em águas naturais devem-se normalmente à decomposição biológica da
matéria orgânica, à eutrofização e á presença de fenóis.
Na fase líquida e no lodo de rios e represas, em ambiente anaeróbio, ocorre a produção e
a possível liberação de gás sulfídrico, H2S, com odor típico de ovo podre, de mercaptanas
e de amônia, esta também em ambiente aeróbio.
Em águas eutrofizadas, onde ocorre a formação excessiva de algas, como em represas
usadas para abastecimento público que recebem esgotos, certos gêneros de algas
cianofíceas (algas azuis ou cianobactérias) produzem odores (cheiro ao mofo), até mesmo
tóxicos.
Na água tratada para abastecimento público, mesmo quantidades reduzidas de fenóis
reagem com cloro residual livre produzindo clorofenóis, com cheiro característico de peixe
podre.

14
O gosto em águas naturais pode ser devido à presença de metais, cloretos (sabor salgado),
além de acidez e alcalinidade elevadas.
Gosto e odor são parâmetros de potabilidade da água para consumo humano, estabelecidos
na Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914 de 12/12/2011, e de qualidade das águas tanto
na legislação federal quanto na legislação do Estado de São Paulo de controle da poluição
das águas.

1.2.1.4 Turbidez
A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de intensidade que um feixe de
luz sofre ao atravessá-la (esta redução dá-se por absorção e espalhamento, uma vez que
as partículas que provocam turbidez nas águas são maiores que o comprimento de onda da
luz branca), devido à presença de sólidos em suspensão, tais como partículas inorgânicas
(areia, silte, argila) e detritos orgânicos, tais como algas e bactérias, plâncton em geral etc.
A erosão das margens dos rios em estações chuvosas, que é intensificada pelo mau uso
do solo, é um exemplo de fenômeno que resulta em aumento da turbidez das águas e que
exige manobras operacionais nas Estações de Tratamento de Águas, tais como alterações
nas dosagens de coagulantes e produtos auxiliares. Este exemplo mostra também o
caráter sistêmico da poluição, ocorrendo inter-relações ou transferência de problemas de
um ambiente (água, ar ou solo) para outro.
Os esgotos domésticos e diversos efluentes industriais também provocam elevações na
turbidez das águas. Um exemplo típico deste fato ocorre em consequência das atividades
de mineração, onde os aumentos excessivos de turbidez têm provocado formação de
grandes bancos de lodo em rios e alterações no ecossistema aquático.
Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada submersa e de algas. Esse
desenvolvimento reduzido de plantas pode, por sua vez, suprimir a produtividade de peixes.
Logo, a turbidez pode influenciar nas comunidades biológicas aquáticas. Além disso, afeta
adversamente os usos doméstico, industrial e recreacional de uma água.

1.2.1.5 Série de sólidos


Em saneamento, sólidos nas águas correspondem a toda matéria que permanece como
resíduo, após evaporação, secagem ou calcinação da amostra a uma temperatura pré-
estabelecida durante um tempo fixado. Em linhas gerais, as operações de secagem,
calcinação e filtração são as que definem as diversas frações de sólidos presentes na água
(sólidos totais, em suspensão, dissolvidos, fixos e voláteis). Os métodos empregados para a
determinação de sólidos são gravimétricos (utilizando-se balança analítica ou de precisão).
Nos estudos de controle de poluição das águas naturais, principalmente nos estudos de
caracterização de esgotos sanitários e de efluentes industriais, as determinações dos
níveis de concentração das diversas frações de sólidos resultam em um quadro geral da
distribuição das partículas com relação ao tamanho (sólidos em suspensão e dissolvidos)
e com relação à natureza (fixos ou minerais e voláteis ou orgânicos). Este quadro não é
definitivo para se entender o comportamento da água em questão, mas constitui-se em
uma informação preliminar importante. Deve ser destacado que, embora a concentração de
sólidos voláteis seja associada à presença de compostos orgânicos na água, não propicia
qualquer informação sobre a natureza específica das diferentes moléculas orgânicas
eventualmente presentes que, inclusive, iniciam o processo de volatilização em temperaturas
diferentes, sendo a faixa compreendida entre 550-600°C uma faixa de referência. Alguns

15
compostos orgânicos volatilizam-se a partir de 250°C, enquanto que outros exigem, por
exemplo, temperaturas superiores a 1000°C.
No controle operacional de sistemas de tratamento de esgotos, algumas frações de sólidos
assumem grande importância. Em processos biológicos aeróbios, como os sistemas de
lodos ativados e de lagoas aeradas mecanicamente, bem como em processos anaeróbios, as
concentrações de sólidos em suspensão voláteis nos lodos dos reatores tem sido utilizadas
para se estimar a concentração de microrganismos decom­positores da matéria orgânica.
Isto porque as células vivas são, em última análise, compostos orgânicos e estão presentes
formando flocos em grandes quantidades relativamente à matéria orgânica “morta” nos
tanques de tratamento biológico de esgotos. Embora não representem exatamente a fração
ativa da biomassa presente, os sólidos voláteis têm sido utilizados de forma a atender as
necessidades práticas do controle de rotina de uma Estação de Tratamento de Esgotos.
Algumas frações de sólidos podem ser relacionadas, produzindo informações importantes.
É o caso da relação entre Sólidos em Suspensão Voláteis e Sólidos em Suspensão Totais
(SSV/SST), que representa o grau de mineralização de um lodo. Por exemplo, determinado
lodo biológico pode ter relação SSV/SST = 0,8 e, depois de sofrer processo de digestão
bioquímica, ter esse valor reduzido abaixo de 0,4, já que, no processo de digestão bioquímica,
a fração orgânica é oxidada, enquanto a fração inorgânica se mantém.
Para o recurso hídrico, os sólidos podem causar danos aos peixes e à vida aquática. Eles
podem sedi­mentar no leito dos rios destruindo organismos que fornecem alimentos ou,
também, danificar os leitos de desova de peixes. Os sólidos podem reter bactérias e resíduos
orgânicos no fundo dos rios, promovendo decomposição anaeróbia. Altos teores de sais
minerais, particularmente sulfato e cloreto, estão associados à tendência de corrosão em
sistemas de distribuição, além de conferir sabor às águas.

1.2.2 PARÂMETROS QUÍMICOS

1.2.2.1 pH (Potencial Hidrogeniônico)


Por influir em diversos equilíbrios químicos que ocorrem naturalmente ou em processos
unitários de tra­tamento de águas, o pH é um parâmetro importante em muitos estudos no
campo do saneamento ambiental.
A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais dá-se diretamente devido
a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies. Também o efeito indireto é muito
importante podendo, em determinadas condições de pH, contribuírem para a precipitação
de elementos químicos tóxicos como metais pesados; outras condições podem exercer
efeitos sobre as solubilidades de nutrientes. Desta forma, as restrições de faixas de pH são
estabelecidas para as diversas classes de águas naturais, tanto de acordo com a legislação
federal, quanto pela legislação do Estado de São Paulo. Os critérios de proteção à vida
aquática fixam o pH entre 6 e 9.
Nos sistemas biológicos formados nos tratamentos de esgotos, o pH é também uma
condição que influi decisivamente no processo de tratamento. Normalmente, a condição de
pH que corresponde à formação de um ecossistema mais diversificado e a um tratamento
mais estável é a de neutralidade, tanto em meios aeróbios como nos anaeróbios. Nos
reatores anaeróbios, a acidificação do meio é acusada pelo decréscimo do pH do lodo,
indicando situação de desequilíbrio. A produção de ácidos orgânicos voláteis pelas bactérias
acidificadoras e a não utilização destes últimos pelas metanobactérias, é uma situação de
desequilíbrio que pode ser devido a diversas causas. O decréscimo no valor do pH, que a

16
princípio funciona como indicador do desequilíbrio, passa a ser causa se não for corrigido a
tempo. É possível que alguns efluentes industriais possam ser tratados biologicamente em
seus valores naturais de pH, por exemplo, em torno de 5,0. Nesta condição, o meio talvez não
permita uma grande diversificação hidrobiológica, mas pode acontecer de os grupos mais
resistentes, algumas bactérias e fungos, principalmente, tornem possível a manutenção de
um tratamento eficiente e estável. Mas, em geral, procede-se à neutralização prévia do pH
dos efluentes industriais antes de serem submetidos ao tratamento biológico.
Nas estações de tratamento de águas, são várias as etapas cujo controle envolve as
determinações de pH. A coagulação e a floculação que a água sofre inicialmente é um
processo unitário dependente do pH; existe uma condição denominada “pH ótimo” de
coagulação que corresponde à situação em que as partículas coloidais apresentam menor
quantidade de carga eletrostática superficial. A desinfecção pelo cloro é outro processo
dependente do pH, em meio ácido, a dissociação do ácido hipocloroso formando hipo­
clorito é menor, sendo o processo mais eficiente. A própria distribuição da água final é
afetada pelo pH. Sabe-se que as águas ácidas são corrosivas, ao passo que as alcalinas
são incrustantes, por isso, o pH da água final deve ser controlado, para que os carbonatos
presentes sejam equilibrados e não ocorra nenhum dos dois efeitos indesejados. O pH é
padrão de potabilidade, devendo as águas para abasteci­mento público apresentar valores
entre 6,0 a 9,5, de acordo com a Portaria nº 2.914 de 12/12/2011 do Ministério da Saúde.
Outros processos físico-químicos de tratamento, como o abrandamento pela cal, são
dependentes do pH.
No tratamento físico-químico de efluentes industriais muitos são os exemplos de reações
dependentes do pH: a precipitação química de metais tóxicos ocorre em pH elevado, a
oxidação química de cianeto ocorre em pH elevado, a redução do cromo hexavalente à
forma trivalente ocorre em pH baixo; a oxidação química de fenóis em pH baixo; a quebra
de emulsões oleosas mediante acidificação; o arraste de amônia convertida à forma gasosa
dá-se mediante elevação de pH etc. Desta forma, o pH é um parâmetro importante no
con­trole dos processos físico-químicos de tratamento de efluentes industriais. Constitui-se
também em padrão de emissão de esgotos e de efluentes líquidos industriais, tanto pela
legislação federal quanto pela estadual. Na legislação do Estado de São Paulo, estabelece-
se faixa de pH entre 5 e 9 para o lançamento direto nos corpos receptores (artigo 18 do
Decreto 8.468/76) e entre 6 e 10 para o lançamento na rede pública seguida de estação de
tratamento de esgotos (artigo 19-A).

1.2.2.2 Acidez
Acidez de uma amostra de água é a medida da sua capacidade de reagir quantitativamente
com uma base forte, de resistir às mudanças de pH causadas pelas bases, até um valor
designado de pH, devido à presença de ácidos fortes (ácidos minerais como H2SO4, HNO3,
HCl, etc.), ácidos fracos (ácidos orgânicos, como o ácido acético, e inorgânicos, como o
ácido carbônico, formado pela dissolução de gás carbônico na água) e sais (sulfato de
alumínio, cloreto férrico, cloreto de amônio, etc.).
Uma fonte habitual de acidez nas águas naturais decorre da presença do gás carbônico
dissolvido (CO2 livre) proveniente da atmosfera, da qual resulta a formação de ácido
carbônico (H2CO3), e da decomposição biológica da matéria orgânica.
A chamada acidez carbônica prevalece em águas com pH entre 4,5 e 8,2. Outras fontes de
acidez em águas naturais devem-se:
yy Ao excesso de ácidos orgânicos voláteis produzidos pela decomposição biológica
anaeróbia incompleta da matéria orgânica;
17
yy Ao consumo de alcalinidade e consequente redução do pH durante a nitrificação;
yy À geração de ácidos minerais como o ácido sulfúrico (H2SO4), devido à oxidação
de sulfetos presentes em diversos efluentes industriais, como os de metalúrgicas e
siderúrgicas, e em redes de esgotos sanitários;
yy À hidrólise de sais de alguns metais utilizados na etapa de coagulação em ETA’s para
abastecimento público, como sulfato de alumínio e cloreto férrico, elevando a acidez
mineral.
Apesar de sua importância no controle de processos anaeróbios de tratamento de efluentes
(quantificação da concentração de ácidos orgânicos voláteis em reatores anaeróbios) e no
consumo de cal no processo “cal e soda” para abrandamento da água, não há praticamente
nenhuma relação do gás carbônico com a qualidade da água, sob o ponto de vista da
saúde pública. A acidez não é considerada como parâmetro nem de potabilidade, nem de
classificação das águas naturais ou de emissão de efluentes em corpos d’águas naturais,
sendo seu efeito controlado legalmente pelo valor do pH. A principal importância do controle
da acidez das águas refere-se ao sabor azedo e à corrosão passível de ser provocada por
ácidos minerais presentes em efluentes industriais e pelo gás carbônico comum em águas
naturais.

1.2.2.3 Alcalinidade
Alcalinidade de uma amostra de água pode ser definida como sua capacidade de reagir
quantitativa­mente com um ácido forte até um valor definido de pH.
Os principais componentes da alcalinidade são os sais do ácido carbônico, ou seja,
bicarbonatos e carbonatos, e os hidróxidos. Outros sais de ácidos fracos inorgânicos,
como boratos, silicatos, fosfatos, ou de ácidos orgânicos, como sais de ácido húmico,
ácido acético etc., também conferem alcalinidade às águas, mas seus efeitos normalmente
são desconsiderados por serem pouco representativos. Além disto, esta particularização
permite o cálculo dos três componentes da alcalinidade, individualmente.
Os bicarbonatos e, em menor extensão, os carbonatos, que são menos solúveis, dissolvem-
se na água devido à sua passagem pelo solo. Se este solo for rico em calcáreo, o gás
carbônico da água o solubiliza, transformando-o em bicarbonato, conforme a reação:
CO2 + CaCO3 + H2O ↔ Ca (HCO3)2
Os carbonatos e hidróxidos podem aparecer em águas onde ocorrem florações de algas
(águas eutrofizadas), sendo que em período de intensa insolação o saldo da fotossíntese
em relação à respiração é grande e a retirada de gás carbônico provoca elevação de pH para
valores que chegam a atingir 10 unidades. A principal fonte de alcalinidade de hidróxidos
em águas naturais decorre da descarga de efluentes de indústrias, onde se empregam
bases fortes como soda cáustica e cal hidratada. Em águas tratadas, pode-se registrar a
presença de alcalinidade de hidróxidos em águas abrandadas pela cal.

1.2.2.4 Dureza
Dureza de uma água é a medida da sua capacidade de precipitar sabão, isto é, nas águas que
a possuem os sabões transformam-se em complexos insolúveis, não formando espuma até
que o processo se esgote. É causada pela presença de cálcio e magnésio, principalmente,
além de outros cátions como ferro, manganês, estrôncio, zinco, alumínio, hidrogênio, etc.,
associados a ânions carbonato (mais propriamente bicarbonato, que é mais solúvel) e
sulfato, principalmente, além de outros ânions como nitrato, silicato e cloreto. São quatro os

18
principais compostos que conferem dureza às águas: bicarbonato de cálcio, bicarbonato de
magnésio, sulfato de cálcio e sulfato de magnésio.
A principal fonte de dureza nas águas é a sua passagem pelo solo (dissolução da rocha
calcárea pelo gás carbônico da água), conforme as reações:
H2CO3 + CaCO3 → Ca (HCO3)2
H2CO3 + MgCO3 → Mg (HCO3)2
Desta forma, é muito mais frequente encontrar-se águas subterrâneas com dureza elevada
do que as águas superficiais. O mapa geológico do território brasileiro permite a observação
de regiões que apresentam solos com características de dureza como no nordeste, centro-
oeste e sudeste, mas o problema é muito mais grave nos Estados Unidos e Europa onde
muitas regiões estão sujeitas a graus bastante elevados de dureza nas águas devido à
composição do solo.

1.2.2.5 Oxigênio Dissolvido (OD)


O oxigênio proveniente da atmosfera dissolve-se nas águas naturais, devido à diferença
de pressão parcial. Este mecanismo é regido pela Lei de Henry, que define a concentração
de saturação de um gás na água, em função da temperatura: CSAT = α.pgás, onde α é uma
constante que varia inversamente proporcional à temperatura e pgás é a pressão exercida
pelo gás sobre a superfície do líquido.
No caso do oxigênio, ele é constituinte de 21% da atmosfera e, pela lei de Dalton, exerce
uma pressão de 0,21 atm. Para 20°C, por exemplo, α é igual a 43,9 e, portanto, a concen­
tração de saturação de oxigênio em uma água superficial é igual a 43,9 x 0,21 = 9,2 mg/L.
É muito comum em livros de química, a apresentação de tabelas de concentrações de
saturação de oxigênio em função da temperatura, da pressão e da salinidade da água.
A taxa de reintrodução de oxigênio dissolvido em águas naturais através da superfície
depende das características hidráulicas e é proporcional à velocidade, sendo que a taxa
de reaeração superficial em uma cascata (queda d’água) é maior do que a de um rio de
velocidade normal, que por sua vez apresenta taxa superior à de uma represa, com a
velocidade normalmente bastante baixa.
Outra fonte importante de oxigênio nas águas é a fotossíntese de algas. Esta fonte não é
muito significativa nos trechos de rios à jusante de fortes lançamentos de esgotos. A turbidez
e a cor elevadas dificultam a penetração dos raios solares e apenas poucas espécies
resistentes às condições severas de poluição conseguem sobreviver. A contribuição
fotossintética de oxigênio só é expressiva após grande parte da atividade bacteriana na
decomposição de matéria orgânica ter ocorrido, bem como após terem se desenvolvido
também os protozoários que, além de decompositores, consomem bactérias clarificando as
águas e permitindo a penetração de luz.
Num corpo d’água eutrofizado, o crescimento excessivo de algas pode “mascarar” a
avaliação do grau de poluição de uma água, quando se toma por base apenas a concentração
de oxigênio dissolvido. Sob este aspecto, águas poluídas são aquelas que apresentam
baixa concentração de oxigênio dissolvido (devido ao seu consumo na decomposição de
compostos orgânicos), enquanto que as águas limpas apresentam con­centrações de oxigênio
dissolvido elevadas, chegando até a um pouco abaixo da concentração de saturação. No
entanto, um corpo d´água com crescimento excessivo de algas pode apresentar, durante
o período diurno, concentrações de oxigênio bem superiores a 10 mg/L, mesmo em
temperaturas superiores a 20°C, caracteri­zando uma situação de supersaturação. Isto

19
ocorre principalmente em lagos de baixa velocidade da água, nos quais podem se formar
crostas verdes de algas à superfície.
Nas lagoas de estabilização fotossintéticas, usadas para o tratamento de esgotos, recorre-
se à fotos­síntese como fonte natural de oxigênio para a decomposição da matéria orgânica
pelos microrganismos heterotróficos que, por sua vez, produzem gás carbônico, matéria-
prima para o processo fotossintético. Esta simbiose pode ser representada pelo esquema
da Figura 1.3.

Figura 1.3 Simbiose entre bactérias e algas em lagoas de estabilização.

Fonte: CETESB. Relatório de Qualidade das Águas Superficiais do Estado de São Paulo 2015. São Paulo. 2016

Existem outros processos de tratamento de esgotos em que a aeração do meio é feita


artificialmente, empregando-se aeradores superficiais eletromecânicos ou máquinas
sopradoras de ar em tubulações, con­tendo difusores para a redução dos tamanhos das
bolhas. Novos sistemas de aeração vêm sendo continua­mente desenvolvidos. São utilizados
também processos nos quais, ao invés de aeração, introduz-se oxigênio puro diretamente
no reator biológico.
Uma adequada provisão de oxigênio dissolvido é essencial para a manutenção de
processos de auto­depuração em sistemas aquáticos naturais e em estações de tratamento
de esgotos. Através da medição da concentração de oxigênio dissolvido, os efeitos de
resíduos oxidáveis sobre águas receptoras e a eficiência do tratamento dos esgotos, durante
a oxidação bioquímica, podem ser avaliados. Os níveis de oxigênio dissol­vido também
indicam a capacidade de um corpo d’água natural em manter a vida aquática.

1.2.2.6 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)


A DBO de uma água é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria
orgânica por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica estável. A
DBO é normalmente considerada como a quantidade de oxigênio consumido durante um
determinado período de tempo, numa temperatura de incubação específica. Um período
de tempo de 5 dias numa temperatura de incubação de 20°C é frequentemente usado e
referido como DBO5,20.
Os maiores aumentos em termos de DBO, num corpo d’água, são provocados por despejos
de origem predominantemente orgânica. A presença de um alto teor de matéria orgânica
pode induzir ao completo esgo­tamento do oxigênio na água, provocando o desaparecimento
de peixes e outras formas de vida aquática.

20
Um elevado valor da DBO pode indicar um incremento da microflora presente e interferir
no equilíbrio da vida aquática, além de produzir sabores e odores desagradáveis e, ainda,
pode obstruir os filtros de areia utilizados nas estações de tratamento de água.
No campo do tratamento de esgotos, a DBO é um parâmetro importante no controle das
eficiências das estações, tanto de tratamentos biológicos aeróbios e anaeróbios, bem
como físico-químicos (embora de fato ocorra demanda de oxigênio apenas nos processos
aeróbios, a demanda “potencial” pode ser medida à entrada e à saída de qualquer tipo de
tratamento). Na legislação do Estado de São Paulo, no Decreto Estadual n.º 8.468/76 (SÃO
PAULO, 1976), a DBO de cinco dias é padrão de emissão de esgotos lançados diretamente
nos corpos d’água, sendo exigidos uma DBO máxima de 60 mg/L O2 ou uma eficiência
global mínima do processo de tratamento igual a 80%. Este último critério favorece os
efluentes industriais concentrados, que podem ser lançados com valores de DBO ainda
altos, mesmo com remoção acima de 80%.
A carga de DBO expressa em kg/dia é um parâmetro fundamental no projeto das estações
de tra­tamento biológico de esgotos. Dela resultam as principais características do sistema
de tratamento, como áreas e volumes de tanques, potências de aeradores, etc. A carga
de DBO é produto da vazão do efluente pela concentração de DBO. Por exemplo, em
uma indústria já existente, em que se pretenda instalar um sistema de tratamento, pode-se
estabelecer um programa de medições de vazão e de análises de DBO para a obtenção
da carga. O mesmo pode ser feito em um sistema de esgotos sanitários já implantado. Na
impossibilidade, costuma-se recorrer a valores unitários estimativos. No caso de esgotos
sanitários, é tradicional no Brasil a adoção de uma contribuição “per capita” de DBO5,20 de
54 g.hab-1.dia-1. Porém, há a necessidade de melhor definição deste parâmetro através de
determinações de cargas de DBO5,20 em bacias de esgotamento com população conhecida.
No caso dos efluentes industriais, também se costuma estabelecer contribuições unitá­rias
de DBO5,20 em função de unidades de massa ou de volume de produto processado.

1.2.2.7 Demanda Química de Oxigênio (DQO)


É a quantidade de oxigênio necessária para oxidação da matéria orgânica de uma amostra
por meio de um agente químico, como o dicromato de potássio. Os valores da DQO
normalmente são maiores que os da DBO5,20, sendo o teste realizado num prazo menor. O
aumento da concentração de DQO num corpo d’água deve-se principalmente a despejos
de origem industrial.
A DQO é um parâmetro indispensável nos estudos de caracterização de esgotos sanitários
e de efluen­tes industriais. A DQO é muito útil quando utilizada conjuntamente com a DBO
para observar a biodegradabi­lidade de despejos. Sabe-se que o poder de oxidação do
dicromato de potássio é maior do que o que resultante da ação de microrganismos, exceto
raríssimos casos como hidrocarbonetos aromáticos e piridina. Desta forma, os resultados
da DQO de uma amostra são superiores aos de DBO. Como na DBO mede-se ape­nas
a fração biodegradável, quanto mais este valor se aproximar da DQO significa que mais
biodegradável será o efluente. É comum aplicar-se tratamentos biológicos para efluentes
com relações DQO/DBO5,20 de 3/1, por exemplo. Mas valores muito elevados desta relação
indicam grandes possibilidades de insucesso, uma vez que a fração biodegradável torna-
se pequena, tendo-se ainda o tratamento biológico prejudicado pelo efeito tóxico sobre os
microrganismos exercido pela fração não biodegradável.
A DQO tem demonstrado ser um parâmetro bastante eficiente no controle de sistemas de
tratamentos anaeróbios de esgotos sanitários e de efluentes industriais. Após o impulso
que estes sistemas tiveram em seus desenvolvimentos a partir da década de 70, quando

21
novos modelos de reatores foram criados e muitos estudos foram conduzidos, observa-se
o uso prioritário da DQO para o controle das cargas aplicadas e das eficiências obtidas.
A DBO nestes casos tem sido utilizada apenas como parâmetro secundário, mais para se
verificar o atendimento à legislação, uma vez que tanto a legislação federal quanto a do
Estado de São Paulo não incluem a DQO. Parece que os sólidos carreados dos reatores
anaeróbios devido à ascensão das bolhas de gás produzidas ou devido ao escoamento,
trazem maiores desvios nos resultados de DBO do que nos de DQO.
Outro uso importante que se faz da DQO é para a previsão das diluições das amostras na
análise de DBO. Como o valor da DQO é superior e o resultado pode ser obtido no mesmo
dia da coleta, essa variável poderá ser utilizado para balizar as diluições. No entanto, deve-
se observar que a relação DQO/DBO5,20 é diferente para os diversos efluentes e que, para
um mesmo efluente, a relação altera-se mediante tratamento, especialmente o biológico.
Desta forma, um efluente bruto que apresente relação DQO/DBO5,20 igual a 3/1, poderá,
por exemplo, apresentar relação da ordem de 10/1 após tratamento biológico, que atua em
maior extensão sobre a DBO5,20.

1.2.2.8 Carbono Orgânico Total (COT)


O carbono orgânico presente nas águas brutas e residuárias, consiste de uma variedade de
compostos orgânicos em diversos estados de oxidação. Alguns destes compostos de carbono
podem ser oxidados por processos biológicos ou químicos, fornecendo respectivamente a
demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e a demanda química de oxigênio (DQO). Existem
dois tipos de carbono orgânico no ecossistema aquático: carbono orgânico particulado - COP
e carbono orgânico dissolvido - COD. A análise de COT considera as parcelas biodegradáveis
e não biodegradáveis da matéria orgânica, não sofrendo interferência de outros átomos que
estejam ligados à estrutura orgânica, quantificando apenas o carbono presente na amostra.
O carbono orgânico em água doce origina-se da matéria viva e também como componente
de vários efluentes e resíduos. Sua importância ambiental deve-se ao fato de servir como
fonte de energia para bactérias e algas, além de complexar metais. A parcela formada pelos
excretos de algas cianofíceas pode, em concentrações elevadas, tornar-se tóxica, além de
causar problemas estéticos. O carbono orgânico total na água também é um indicador útil
do grau de poluição do corpo hídrico.

1.2.2.9 Série de nitrogênio (nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e nitrato)


As fontes de nitrogênio nas águas naturais são diversas. Os esgotos sanitários constituem,
em geral, a principal fonte, lançando nas águas nitrogênio orgânico, devido à presença
de proteínas, e nitrogênio amoniacal, pela hidrólise da uréia na água. Alguns efluentes
industriais também concorrem para as descargas de nitrogênio orgânico e amoniacal nas
águas, como algumas indústrias químicas, petroquímicas, siderúrgicas, farmacêuticas,
conservas alimentícias, matadouros, frigoríficos e curtumes. A atmosfera é outra fonte
importante devido a diversos mecanismos como a biofixação desempenhada por bactérias
e algas presentes nos corpos hídricos, que incorporam o nitrogênio atmosférico em seus
tecidos, contribuindo para a presença de nitrogênio orgânico nas águas; a fixação química,
reação que depende da presença de luz, também acarreta a presença de amônia e nitratos
nas águas, pois a chuva transporta tais substâncias, bem como as partículas contendo
nitrogênio orgânico para os corpos hídricos. Nas áreas agrícolas, o escoamento das águas
pluviais pelos solos fertilizados também contribui para a presença de diversas formas de
nitrogênio. Também nas áreas urbanas, a drenagem das águas pluviais, associada às
deficiên­cias do sistema de limpeza pública, constitui fonte difusa de difícil caracterização.

22
Como visto, o nitrogênio pode ser encontrado nas águas nas formas de nitrogênio orgânico
(Norg), amonia­cal (NH3 ou NH4+), nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-). As duas primeiras são
formas reduzidas e as duas últimas, oxidadas. Pode-se associar as etapas de degradação
da poluição orgânica por meio da relação entre as formas de nitrogênio. Nas zonas de
autodepuração natural em rios, distinguem-se as presenças de nitrogênio orgânico na zona
de degradação, amoniacal na zona de decomposição ativa, nitrito na zona de recuperação
e nitrato na zona de águas limpas. Ou seja, se for coletada uma amostra de água de um rio
poluído e as análises demonstrarem predominância das formas reduzidas significa que o
foco de poluição se encontra próximo; se prevalecerem o nitrito e o nitrato, denota que as
descargas de esgotos se encontram distantes.
Os compostos de nitrogênio são nutrientes para processos biológicos e são caracterizados
como macro­nutrientes, pois, depois do carbono, o nitrogênio é o elemento exigido em maior
quantidade pelas células vivas. Quando descarregados nas águas naturais, conjuntamente
com o fósforo e outros nutrientes presentes nos despejos, provocam o enriquecimento do
meio, tornando-o eutrofizado. A eutrofização pode possibilitar o crescimento mais intenso de
seres vivos que utilizam nutrientes, especialmente as algas. Estas grandes concentrações
de algas podem trazer prejuízos aos múltiplos usos dessas águas, prejudicando seriamente
o abastecimento público ou causando poluição decorrente da morte e decomposição
desses organismos. O controle da eutrofização, através da redução do aporte de nitrogênio
é comprometido pela multiplicidade de fontes, algumas muito difíceis de serem controladas
como a fixação do nitrogênio atmosférico, por parte de alguns gêneros de algas, por isso,
nesse caso, deve-se investir preferencialmente no controle das fontes de fósforo.
Deve-se lembrar também que os processos de tratamento de esgotos empregados
atualmente no Brasil não contemplam a remoção de nutrientes e os efluentes finais tratados
lançam elevadas concentrações destes nos corpos d´água.
Nos reatores biológicos das estações de tratamento de esgotos, o carbono, o nitrogênio e
o fósforo têm que se apresentar em proporções adequadas para possibilitar o crescimento
celular sem limitações nutricio­nais. Com base na composição das células dos microrganismos
que formam parte dos tratamentos, costuma­-se exigir uma relação DBO5,20:N:P mínima de
100:5:1 em processos aeróbios e uma relação DQO:N:P de pelo menos 350:7:1 em reatores
anaeróbios. Deve ser notado que estas exigências nutricionais podem variar de um sistema
para outro, principalmente em função do tipo de substrato. Os esgotos sanitários são
bastante diversi­ficados em compostos orgânicos; já alguns efluentes industriais possuem
composição bem mais restrita, com efeitos sobre o ecossistema a ser formado nos reatores
biológicos para o tratamento e sobre a relação C/N/P. No tratamento de esgotos sanitários,
estes nutrientes encontram-se em excesso, não havendo necessidade de adicioná-los
artificialmente, ao contrário, o problema está em removê-los. Alguns efluentes industriais,
como é o caso das indústrias de papel e celulose, são compostos basicamente de
carboidratos, não possuindo praticamente nitrogênio e fósforo, sendo necessária a adição
desses nutrientes para possibilitar a realização do tratamento biológico, de forma a perfazer
as relações recomendadas, utilizando-se para isto uréia granulada, rica em nitrogênio e
fosfato de amônia que possui nitrogênio e fósforo, dentre outros produtos comerciais.
Pela legislação federal em vigor, o nitrogênio amoniacal é padrão de classificação das
águas naturais e padrão de emissão de efluentes. A amônia é um tóxico bastante restritivo à
vida dos peixes, sendo que muitas espécies não suportam concentrações acima de 5 mg/L.
Além disso, como visto anteriormente, a amônia pro­voca consumo de oxigênio dissolvido
das águas naturais ao ser oxidada biologicamente, a chamada DBO de segundo estágio.
Por estes motivos, a concentração de nitrogênio amoniacal é um importante parâmetro de

23
classificação das águas naturais e é normalmente utilizado na constituição de índices de
qualidade das águas.
Os nitratos são tóxicos, causando a doença chamada metahemoglobinemia infantil que, é
letal para crianças (o nitrato reduz-se a nitrito na corrente sanguínea, competindo com o
oxigênio livre, tornando o sangue azul). Por isso, o nitrato é padrão de potabilidade, sendo
10 mg/L o valor máximo permitido pela Portaria 2914/11 do Ministério da Saúde.

1.2.2.10 Fósforo
O fósforo aparece em águas naturais devido, principalmente, às descargas de esgotos
sanitários. A matéria orgânica fecal e os detergentes em pó empregados em larga
escala domesticamente constituem a principal fonte. Alguns efluentes industriais, como
os de indústrias de fertilizantes, pesticidas, químicas em geral, conservas alimentícias,
abatedouros, frigoríficos e laticínios, apresentam fósforo em quantidades excessivas.
As águas drenadas em áreas agrícolas e urbanas também podem provocar a presença
excessiva de fósforo em águas naturais.
O fósforo pode se apresentar nas águas sob três formas diferentes. Os fosfatos orgânicos
são a forma em que o fósforo compõe moléculas orgânicas, como a de um detergente, por
exemplo. Os ortofosfatos são representados pelos radicais, que se combinam com cátions
formando sais inorgânicos nas águas e os polifosfatos, ou fosfatos condensados, polímeros
de ortofosfatos. Esta terceira forma não é muito importante nos estudos de controle de
qualidade das águas, porque sofre hidrólise, convertendo-se rapidamente em ortofosfatos
nas águas naturais. Os ortofosfatos são biodisponíveis e uma vez assimilados, são
convertidos em fosfato orgânico e em fosfatos condensados. Após a morte de um organismo,
os fosfatos condensados são liberados na água; entretanto, não estão disponíveis para
absorção biológica até que sejam hidrolisados por bactérias para ortofosfatos.
Assim como o nitrogênio, o fósforo constitui-se em um dos principais nutrientes para
os processos bio­lógicos, ou seja, é um dos chamados macronutrientes, por ser exigido
também em grandes quantidades pelas células. Nesta qualidade, torna-se parâmetro
imprescindível em programas de caracterização de efluentes industriais que se pretende
tratar por processo biológico. Em processos aeróbios, como informado anterior­mente, exige-
se uma relação DBO5:N:P mínima de 100:5:1, enquanto que em processos anaeróbios
tem-se exigido a relação DQO:N:P mínima de 350:7:1. Os esgotos sanitários no Brasil
apresentam, tipicamente, concentração de fósforo total na faixa de 6 a 10 mg P/L, não
exercendo efeito limitante sobre os tratamento biológicos. Alguns efluentes industriais,
porém, não possuem fósforo em suas composições, ou apresentam concentrações muito
baixas. Neste caso, devem ser adicionados artificialmente compostos contendo fósforo
como o monoamônio-fosfato (MAP) que, por ser usado em larga escala como fertilizante,
apresenta custo relativamente baixo. Ainda por ser nutriente para processos biológicos, o
excesso de fósforo em esgotos sani­tários e efluentes industriais conduz a processos de
eutrofização das águas naturais.

1.2.2.11 Óleos e Graxas


Os óleos e graxas são substâncias orgânicas de origem mineral, vegetal ou animal.
Estas substân­cias geralmente são hidrocarbonetos, gorduras, ésteres, entre outros. São
raramente encontrados em águas naturais, sendo normalmente oriundas de despejos e
resíduos industriais, esgotos domésticos, efluentes de oficinas mecânicas, postos de
gasolina, estradas e vias públicas.

24
Óleos e graxas, de acordo com o procedimento analítico empregado, consistem no conjunto
de substâncias que consegue ser extraído da amostra por determinado solvente e que não
se volatiliza durante a evaporação do solvente a 100°C. Essas substâncias, solúveis em
n-hexano, compreendem ácidos graxos, gorduras animais, sabões, graxas, óleos vegetais,
ceras, óleos minerais etc. Este parâmetro costuma ser identificado também por MSH –
material solúvel em hexano.
Os despejos de origem industrial são os que mais contribuem para o aumento de matérias
graxas nos corpos d’água, entre eles os de refinarias, frigoríficos, saboarias etc. A pequena
solubilidade dos óleos e gra­xas constitui um fator negativo no que se refere à sua degradação
em unidades de tratamento de despejos por processos biológicos e causam problemas
no tratamento da água quando presentes em mananciais utilizados para abastecimento
público. A presença de material graxo nos corpos hídricos, além de acarretar problemas de
origem estética, diminui a área de contato entre a superfície da água e o ar atmosférico,
impedindo, dessa maneira, a transferência do oxigênio da atmosfera para a água.
Em seu processo de decomposição, os óleos e graxas reduzem o oxigênio dissolvido,
devido à elevação da DBO5,20 e da DQO, causando prejuízos ao ecossistema aquático. Na
legislação brasileira a recomendação é de que os óleos e as graxas sejam virtualmente
ausentes para os corpos d´água de classes 1, 2 e 3.

1.2.2.12 Surfactantes
Analiticamente, isto é, de acordo com a metodologia analítica recomendada, detergentes
ou surfac­tantes são definidos como compostos que reagem com o azul de metileno em
certas condições especificadas. Estes compostos são designados “substâncias ativas ao
azul de metileno” e suas concentrações são relativas ao sulfonato de alquil benzeno de
cadeia linear (LAS) que é utilizado como padrão na análise.
Os esgotos sanitários possuem de 3 a 6 mg/L de detergentes. As indústrias de detergentes
descarregam efluentes líquidos com cerca de 2.000 mg/L do princípio ativo. Outras
indústrias, incluindo as que processam peças metálicas, empregam detergentes especiais
com a função de desengraxante.
As descargas indiscriminadas de detergentes nas águas naturais levam a prejuízos de
ordem estética provocados pela formação de espumas.
Um dos casos mais críticos de formação de espumas ocorre no Município de Pirapora
do Bom Jesus, no Estado de São Paulo. Localizado às margens do Rio Tietê, a jusante
da Região Metropolitana de São Paulo, recebe seus esgotos, em grande parte, sem
tratamento. A existência de corredeiras leva ao desprendimento de espumas que formam
continuamente camadas de pelo menos 50 cm sobre o leito do rio. Sob a ação dos ventos,
a espuma espalha-se sobre a cidade, contaminada biologicamernte e impregnando-se na
superfície do solo e dos materiais, tornando-os oleosos.
Além disso, os detergentes podem exercer efeitos tóxicos sobre os ecossistemas aquáticos.
Os testes de toxicidade com organismos aquáticos têm sido aprimorados e há certa
tendência a serem mais utilizados nos programas de controle de poluição.
Os detergentes têm sido responsabilizados também pela aceleração da eutrofização. Além
da maioria dos detergentes comerciais empregados possuir fósforo em suas formulações,
sabe-se que exercem efeito tóxico sobre o zooplâncton, predador natural das algas.

25
1.2.2.13 Sulfatos
O sulfato é um dos íons mais abundantes na natureza. Em águas naturais, a fonte de
sulfato ocorre através da dissolução de solos e rochas e pela oxidação de sulfeto.
As principais fontes antrópicas de sulfato nas águas superficiais são as descargas de
esgotos domésticos e efluentes industriais. Nas águas tratadas, é proveniente do uso de
coagulantes.
É importante o controle do sulfato na água tratada, pois a sua ingestão provoca efeito
laxativo. Já no abastecimento industrial, o sulfato pode provocar incrustações nas caldeiras
e trocadores de calor. Na rede de esgoto, em trechos de baixa declividade onde ocorre
o depósito da matéria orgânica, o sulfato pode ser transformado em sulfeto, ocorrendo a
exalação do gás sulfídrico, que resulta em problemas de corrosão em coletores de esgoto
de concreto e odor, além de ser tóxico.

1.2.2.14 Cloretos
O cloreto é o ânion Cl- que se apresenta nas águas subterrâneas, oriundo da percolação da
água através de solos e rochas. Nas águas superficiais, são fontes importantes de cloreto
as descargas de esgotos sanitários, sendo que cada pessoa expele através da urina cerca
4 g de cloreto por dia, que representam cerca de 90 a 95% dos excretos humanos. O
restante é expelido pelas fezes e pelo suor (WHO, 2014). Tais quantias fazem com que os
esgotos apresentem concentrações de cloreto que ultrapassam 15 mg/L.
Diversos são os efluentes industriais que apresentam concentrações de cloreto elevadas
como os da indústria do petróleo, algumas indústrias farmacêuticas, curtumes etc. Nas
regiões costeiras, através da cha­mada intrusão da cunha salina, são encontradas águas
com níveis altos de cloreto. Nas águas tratadas, a adição de cloro puro ou em solução leva
a uma elevação do nível de cloreto, resultante das reações de dissociação do cloro na água.
O cloreto não apresenta toxicidade ao ser humano, exceto no caso da deficiência no
metabolismo de cloreto de sódio, por exemplo, na insuficiência cardíaca congestiva.
A concentração de cloreto em águas de abastecimento público constitui um padrão de
aceitação, já que provoca sabor “salgado” na água. Concentrações acima de 250 mg/L
causam sabor detectável na água, mas o limite depende dos cátions asso­ciados. Os
consumidores podem, no entanto, habituarem-se a uma concentração de 250 mg/L, como
é o caso de determinadas populações árabes adaptadas ao uso de água contendo 2.000
mg/L de cloreto. No caso do cloreto de cálcio, o sabor só é perceptível em concentrações
acima de 1.000 mg/L. A Portaria nº 2914/11 do Ministério da Saúde estabelece o valor
máximo de 250 mg/L de cloreto na água potável como padrão de aceitação de consumo.
Da mesma forma que o sulfato, sabe-se que o cloreto também interfere no tratamento
anaeróbio de efluentes industriais, constituindo-se igualmente em interessante campo de
investigação científica. O cloreto provoca corrosão em estruturas hidráulicas, como, por
exemplo, em emissários submarinos para a disposição oceânica de esgotos sanitários,
que por isso têm sido construídos com polietileno de alta densidade (PEAD). Interfere na
determinação da DQO e, embora esta interferência seja atenuada pela adição de sulfato
de mercúrio, as análises de DQO da água do mar não apresentam resultados confiáveis.
Interfere também na determinação de nitratos.
Também era utilizado como indicadores da contaminação por esgotos sanitários, podendo-
se associar a elevação do nível de cloreto em um rio com o lançamento de esgotos sanitários.
Hoje, porém, o teste de coliformes termotolerantes é mais preciso para esta função. O cloreto

26
apresenta também influência nas características dos ecossistemas aquáticos naturais, por
provocarem alterações na pressão osmótica em células de microrganismos.

1.2.2.15 Ferro
O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução do minério pelo
gás carbô­nico da água, conforme a reação:
Fe + CO2 + ½ O2 → FeCO3
O carbonato ferroso é solúvel e frequentemente encontrado em águas de poços contendo
elevados níveis de concentração de ferro. Nas águas superficiais, o nível de ferro aumenta
nas estações chuvosas devido ao carreamento de solos e a ocorrência de processos de
erosão das margens. Também poderá ser importante a contribuição devida a efluentes
industriais, pois muitas indústrias metalúrgicas desenvolvem atividades de remoção
da camada oxidada (ferrugem) das peças antes de seu uso, processo conhecido por
decapagem, que normalmente é procedida através da passagem da peça em banho ácido.
Nas águas tratadas para abastecimento público, o emprego de coagulantes a base de ferro
provoca elevação em seu teor.
O ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz diversos problemas para o
abastecimento público de água. Confere cor e sabor à água, provocando manchas em
roupas e utensílios sanitários. Também traz o problema do desenvolvimento de depósitos em
canalizações e de ferro-bactérias, provocando a contaminação biológica da água na própria
rede de distribuição. Por estes motivos, o ferro constitui-se em padrão de potabilidade, tendo
sido estabelecida a concentração limite de 0,3 mg/L na Portaria nº 2914/11 do Ministério da
Saúde. É também padrão de emissão de esgotos e de classificação das águas naturais. No
Estado de São Paulo estabelece-se o limite de 15 mg/L para concentração de ferro solúvel
em efluentes descarregados na rede coletora de esgotos seguidas de tratamento (Decreto
nº 8.468/76).
No tratamento de águas para abastecimento público, deve-se destacar a influência
da presença de ferro na etapa de coagulação e floculação. As águas que contêm ferro
caracterizam-se por apresentar cor elevada e turbidez baixa. Os flocos formados geralmente
são pequenos, ditos “pontuais”, com velocidades de sedimentação muito baixa. Em muitas
estações de tratamento de água, este problema só é resolvido mediante a aplicação de cloro,
denominada de pré-cloração. Através da oxidação do ferro pelo cloro, os flocos tornam-
se maiores e a estação passa a apresentar um funcionamento aceitável. No entanto, é
conceito clássico que, por outro lado, a pré-cloração de águas deve ser evitada, pois em
caso da existência de certos compostos orgânicos chamados precursores, o cloro reage
com eles formando trihalometanos, associados ao desenvolvimento do câncer.

1.2.2.16 Manganês
O manganês e seus compostos são usados na indústria do aço, ligas metálicas, baterias,
vidros, oxidan­tes para limpeza, fertilizantes, vernizes, suplementos veterinários, entre outros
usos. Ocorre naturalmente na água superficial e subterrânea, no entanto, as atividades
antropogênicas são também responsáveis pela con­taminação da água. Raramente atinge
concentrações de 1,0 mg/L em águas superficiais naturais e, normal­mente, está presente
em quantidades de 0,2 mg/L ou menos. Desenvolve coloração negra na água, podendo
se apresentar nos estados de oxidação Mn+2 (mais solúvel) e Mn+4 (menos solúvel).
Concentração menor que 0,05 mg/L geralmente é aceita por consumidores, devido ao fato
de não ocorrerem, nesta faixa de con­centração, manchas negras ou depósitos de seu óxido

27
nos sistemas de abastecimento de água. É muito usado na indústria do aço. O manganês
é um elemento essencial para muitos organismos, incluindo o ser humano. A principal
exposição humana ao manganês é por consumo de alimentos. O padrão de aceitação
da Portaria nº 2914/11 do Ministério da Saúde para consumo humano do manganês é 0,1
mg/L.

1.2.2.17 Fenóis
Os fenóis e seus derivados aparecem nas águas naturais através das descargas de
efluentes de indústrias, como as de processamento da borracha, colas e adesivos, resinas
impregnantes, componentes elétricos (plásticos) e as siderúrgicas, entre outras.
Os fenóis são tóxicos ao homem, aos organismos aquáticos e aos microrganismos que
tomam parte dos sistemas de tratamento de efluentes. Em sistemas de lodos ativados,
concentrações de fenóis na faixa de 50 a 200 mg/L trazem inibição da atividade microbiana,
sendo que 40 mg/L são suficientes para a inibição da nitrificação. Na digestão anaeróbia,
100 a 200 mg/L de fenóis também provocam inibição. Estudos recentes têm demonstrado
que, em processo de aclimatação, concentrações de fenol superiores a 1000 mg/L podem
ser admitidas em sistemas de lodos ativados.
No Estado de São Paulo, existem muitas indústrias contendo efluentes fenólicos ligados à
rede pública de coleta de esgotos. Para isso, devem sofrer tratamento na própria unidade
industrial de modo a reduzir o índice de fenóis para abaixo de 5,0 mg/L que é o padrão de
emissão para lançamento em rede coletora (Artigo 19-A do Decreto Estadual n.º 8.468/76).
O índice de fenóis constitui também padrão de emissão de esgotos diretamente no corpo
receptor, sendo estipulado o limite de 0,5 mg/L tanto pela legislação do Estado de São
Paulo (Artigo 18 do Decreto Estadual n.º 8.468/76) quanto pela Legislação Federal (Artigo
16 da Resolução n.º 430/11 do CONAMA).
Nas águas naturais, os padrões para os compostos fenólicos são bastante restritivos, tanto
na legis­lação federal quanto na do Estado de São Paulo. Nas águas tratadas, os fenóis
reagem com o cloro livre formando os clorofenóis que produzem sabor e odor na água.

1.2.2.18 Metais
Do ponto de vista ambiental, metais tóxicos são micropoluentes químicos inorgânicos que
podem ser solúveis em água e que, em determinadas concentrações e tempo de exposição,
oferecem risco à saúde humana e ao ambiente, prejudicando as atividades de organismos
vivos, inclusive daqueles responsáveis pelo tratamento biológico de esgotos. Também
podem ser definidos por sua singular propriedade de serem precipitados por sulfetos.
Desta forma, podem inviabilizar os sistemas públicos de água, uma vez que as estações
de tratamento convencionais não os removem eficientemente e os tratamentos especiais
necessários são muito caros. Dentre os elementos químicos de maior relevância estão o
cádmio, chumbo, mercúrio, níquel, zinco, cromo, arsênio, alumínio, bário, prata e selênio,
entre outros.
Devido aos prejuízos que, na qualidade de tóxicos, podem causar aos ecossistemas aquáticos
naturais ou sistemas de tratamento biológico de esgotos, os metais são considerados como
parâmetro de potabilidade da água para consumo humano estabelecido na Portaria nº
2.914/11 e como parâmetro de qualidade das águas naturais e de emissão de efluentes
em corpos d’água naturais, definidos tanto na legislação federal quanto na legislação do
Estado de São Paulo.

28
Nos ambientes aquáticos naturais, as concentrações de metais são normalmente pequenas,
sendo que vários metais, como o zinco, magnésio, cobalto e ferro, em baixas concentrações
são essenciais para o crescimento de organismos vivos (micronutrientes). Já a presença do
chumbo, do mercúrio e do cádmio, que não existem naturalmente em nenhum organismo
e não têm função nutricional ou bioquímica em microrganismos, plantas e animais, são
prejudiciais em qualquer concentração.
As fontes de metais em águas naturais estão normalmente relacionadas à disposição de
lodos e ao lançamento de efluentes industriais, especialmente as de extração de metais, de
tintas e pigmentos, galvanoplastias, químicas, farmacêuticas, de couros, peles e produtos
similares, do ferro e do aço, de petróleo e lavanderias.
Nas águas naturais, os metais podem se apresentar na forma de íons hidratados de
complexos estáveis (como os formados com ácido húmico e fúlvico) e de partículas
inorgânicas formando precipitados (como os precipitados de hidróxidos e sulfetos metálicos).
Podem ser absorvidos em partículas em suspensão que se mantêm na massa líquida ou se
misturam nos sedimentos do fundo e também serem incorporados por organismos vivos.
As águas que recebem efluentes contendo metais pesados apresentam concentrações
elevadas destes no sedimento de fundo. Quando lamas insolúveis contendo metais são
lançadas em grandes quantidades, estes podem sofrer transformações químicas inclusive
sob a ação biológica, sendo lançados lentamente na corrente líquida.

1.2.3 PARÂMETROS MICRO-BIOLÓGICOS

1.2.3.1 Coliformes termotolerantes


São definidos como microrganismos do grupo coliforme capazes de fermentar a lactose
a 44-45°C, sendo representados principalmente pela Escherichia coli e, também por
algumas bactérias dos gêneros Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter. Dentre esses
microrganismos, somente a E. coli é de origem exclu­sivamente fecal, estando sempre
presente, em densidades elevadas nas fezes de humanos, mamíferos e pássaros, sendo
raramente encontrada na água ou solo que não tenham recebido contaminação fecal. Os
demais podem ocorrer em águas com altos teores de matéria orgânica, como por exemplo,
efluentes industriais, ou em material vegetal e solo em processo de decomposição. Podem
ser encontrados igualmente em águas de regiões tropicais ou subtropicais, sem qualquer
poluição evidente por material de origem fecal. Entretanto, sua presença em águas de
regiões de clima quente não pode ser ignorada, pois não pode ser excluída, nesse caso, a
possibilidade da presença de microrganismos patogênicos.
Os coliformes termotolerantes não são, dessa forma, indicadores de contaminação fecal
tão apropria­dos quanto a E. coli, mas seu uso é aceitável para avaliação da qualidade da
água. São disponíveis métodos rápidos, simples e padronizados para sua determinação,
e, se necessário, as bactérias isoladas podem ser submetidas a diferenciação para E. coli.
Além disso, na legislação brasileira, os coliformes fecais são utiliza­dos como padrão para
qualidade microbiológica de águas superficiais destinadas ao abastecimento, recreação,
irrigação e piscicultura.

1.2.3.2 Escherichia coli (E. coli)


Principal bactéria do subgrupo dos coliformes termotolerantes, sendo de origem
exclusivamente fecal. Fermenta a lactose e manitol, com produção de ácido e gás a 44,5
± 0,2°C em 24 horas, produz indol a partir do triptofano, oxidase negativa, não hidrolisa a
uréia e apresenta atividade das enzimas ß-galactosidase e ß-glucoronidase. E. coli está
29
presente em número elevado nas fezes humanas e de animais de sangue quente e é rara­
mente detectada na ausência de poluição fecal. É considerada o indicador mais adequado
de contaminação fecal em águas doces.

1.2.3.3 Giardia spp. e Cryptosporidium spp.


Cryptosporidium spp. e Giardia spp. são protozoários parasitas e se destacam dentre
os contaminan­tes associados à veiculação hídrica, tendo sido reportados mundialmente
325 surtos epidêmicos relacio­nados a esses organismos (FRANCO et al., 2012). Estudo
conduzido por BALDURSSON & KARANIS (2011) sobre a distribuição global de surtos de
veiculação hídrica causados por protozoários no período de 2004 a 2010 demonstrou que
o Cryptosporidium spp. estava associado com 60,3% dos surtos e Giardia duodenalis com
35,2 %. Esses protozoários podem persistir por longo tempo no ambiente e são resistentes
a processos convencionais de tratamento, sendo portanto, importante o seu monitoramento.
A maior parte dos casos de diarréia não-bacteriana na América do Norte é causada pela
Giardia, estimando-se em 2% da população americana a incidência de infecção, com
prevalência mais elevada em crianças. O Cryptosporidium causa gastroenterite de remissão
espontânea em adultos sadios, mas extremamente grave em grupos mais vul­neráveis, tais
como crianças, idosos e imunodeprimidos (HACHICH et al., 2000).
A Portaria nº 2914/11 do Ministério da Saúde estabelece no seu artigo 31 que os mananciais
utilizados para abastecimento público nos quais a média geométrica das concentrações da
bactéria indicadora de contaminação fecal Escherichia coli, tenham apresentado valores
superiores a 1.000 NMP ou 10.000 UFC/100mL sejam avaliados quanto às concentrações
de Giardia spp. e Cryptosporidium spp. A referida Portaria recomenda ainda, nos mananciais
onde as médias aritméticas das densidades de Cryptosporidium spp. analisadas em 24
amostras ultrapassarem 3,0 oocistos/L, a obtenção de efluente em filtração rápida com valor
de turbidez menor ou igual a 0,3 μT em 95% das amostras mensais ou uso de processo de
desinfecção que comprovadamente alcance a mesma eficiência de remoção de oocistos
de Cryptosporidium spp.

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Caracterização de Fontes Poluidoras
Aula 2

35
36
2. CARACTERIZAÇÃO DE FONTES POLUIDORAS
A quantidade de água que está disponível para consumo humano, é finita e crítica
principalmente nos regiões de grandes concentrações humanas, conforme apresentado no
Capítulo 1. Assim, é importante a conscientização quanto a preservação da qualidade dos
corpos d’águas disponíveis assim como promover o uso racional no consumo e utilização
das águas.
A poluição das águas pode ocorrer de forma pontual ou difusa. A pontual é aquela cujas
fontes são passives de serem identificadas, tais como unidades habitacionais, indústrias,
etc.
Fontes difusas são contribuições que ocorrem de forma indireta, normalmente via drenagem
de águas pluviais que transportam substâncias poluentes presentes nas superfícies
decorrentes das atividades humanas, tanto urbana como agropastoris.
No contexto atual de ocupação urbana, somente com o controle de fonte de poluição direta,
dificilmente ocorrerá a recuperação plena da qualidade das águas dos corpos d’água,
principalmente no Estado de São Paulo, considerando a existência de represamentos de
cursos d’água para fins de geração de energia elétrica e sendo assim, futuramente haverá
necessidade de se prever o tratamento mínimo das águas drenadas das precipitações
iniciais de chuva.
A caracterização de fontes poluidoras é realizada através da avaliação qualitativa e
quantitativa dos efluentes líquidos gerados pelas indústrias, estações de tratamento de
esgotos, aterros sanitários ou plantas de incineração de resíduos, de maneira a possibilitar
a avaliação do possível impacto do lançamento no corpo receptor bem como o atendimento
a legislação ambiental, no que diz respeito aos padrões de emissão e de qualidade do
corpo receptor.
A avaliação dos efluentes líquidos é realizada através de campanha de amostragem
representativa cuja confiabilidade depende da seleção criteriosa dos parâmetros de análise,
locais de coleta das amostras e principalmente da utilização correta das técnicas de coleta
e preservação de amostras.
Os resultados obtidos com a campanha de amostragem possibilitam ainda a avaliação
da eficiência e do funcionamento de sistemas de tratamento de efluentes, obtenção de
dados e informações para subsidiar a elaboração de projetos de sistemas de tratamento, a
verificação da possibilidade de reutilização de efluentes no processo industrial, etc.

2.1 SISTEMAS INDUSTRIAIS

Os efluentes gerados em uma indústria são compostos por esgotos domésticos, gerados
nos banheiros e refeitórios, e por efluentes gerados no processo produtivo, águas de
refrigeração, águas de lavagem de equipamentos, efluentes de equipamento de controle
de poluição de ar, águas pluviais contaminadas, efluentes de lavagem de pisos.

2.1.1 Coleta de Dados


Para a elaboração do plano de amostragem são necessárias as seguintes informações:
yy Período de funcionamento da empresa: além do horário de funcionamento da
produção é necessário verificar se o regime produtivo é contínuo ou não e se os
processos são cíclicos, devem também ser verificados em quais períodos se dá a
geração de efluentes.

37
yy Número de funcionários: o número de funcionários indicará a carga orgânica dos
esgotos domésticos gerados, devendo ser incluídos todos os funcionários da
produção e da administração. Deve-se também observar a existência ou não de
refeitório, pois isto pode alterar as características do despejo.
yy Fluxograma do processamento industrial: informação de extrema importância, pois
cada tipo de processo utiliza matérias primas e produtos auxiliares específicos que
resultará em efluentes líquidos com características diferentes. O fluxograma do
processo também indicará se haverá necessidade de se realizar a segregação dos
efluentes.
yy Planta da fábrica: deve apresentar informações da localização das redes de
abastecimento de água, águas pluviais e coleta de efluentes bem como a localização
da estação de tratamento e locais para disposição de resíduos, facilitando o
entendimento do fluxo do processo, possibilitando a escolha dos melhores pontos de
amostragem e ainda a visualização de possibilidades de implantação de medidas de
controle interno.
yy Matérias primas: o conhecimento das matérias primas e dos produtos auxiliares
utilizados ajudará na escolha dos parâmetros a serem analisados, sendo importante
o conhecimento do princípio ativo das substâncias, quantidades utilizadas, formas de
armazenamento e condições de segurança quanto a derramamentos.
yy Produção: relação de produtos fabricados, quantidades e freqüência de fabricação,
tipos de embalagens utilizadas, locais de armazenamento e porcentagem de água
incorporada ao produto são informações importantes na caracterização do despejo
industrial.
yy Uso da água: devem ser conhecidas todas as atividades onde a água é utilizada,
como no processo industrial, lavagem de pisos e equipamentos, esgotos domésticos,
etc.
yy Efluentes gerados: devem ser conhecidos o período e a freqüência do descarte dos
efluentes, a existência ou não de segregação de despejos e de sistema de medição
de vazão e as condições de acesso aos pontos de amostragem.
yy Sistema de tratamento de efluentes: conhecimento do sistema de tratamento e de
seu fluxograma permite uma melhor definição dos pontos de amostragem e dos
parâmetros a serem analisados.
yy Condição de funcionamento dos equipamentos: indica a probabilidade ou não de
quebras nos equipamentos, o que pode representar perdas de matéria prima ou de
produtos podendo aumentar a geração de efluentes.
yy Condições de gerenciamento: de maneira geral, em empresas onde há preocupação
com a implantação de programas relacionados ao controle de poluição, as
características de seus efluentes tendem a ser diferentes daquelas indústrias onde
não há sistema de gerenciamento ambiental.

2.1.2 Características dos Efluentes Industriais


As características dos efluentes industriais são bastante variadas, mesmo se tratando de
efluentes de um mesmo setor industrial, pois estas características dependem das matérias-
primas utilizadas, tecnologias utilizadas nos processos, idade da indústria, etc.

38
Tabela 2.1. Características Típicas de Efluentes Industriais
Concentração DBO
Setor
(mg/L)
Açúcar e Álcool
Lavagem da cana 220
Condensado dos evaporadores 800
Condensado barométricos 90
Restilo 15.000
Lavagem das dornas 5.000
Abatedouro Aves
Sangria 92.000
Escaldagem 1.182
Depenagem 600
Resfriamento 443 a 320
Abatedouro Bovino
Abate bovino - com industrialização (1) 1.250 - 3.760
Abate bovino - sem industrialização (1) 1.100 - 5.520
Abate bovino (1) 2.000
Abatedouro Suíno
Abate suíno - com industrialização (1) 620 - 1.800
Abate suíno - sem industrialização (1) 570 - 1.700
Abate suíno (1) 1.250
Curtumes
Curtimento vegetal 2.430
Remolho 2.680
Caleação 8.435
Lavagem 4.515
Descarnagem 424
Descalcinação e Purga 1.039
Lavagem 46
Piquelagem 14.368
Neutralização 213
Lavagem 10
Tingimento e Engraxe 31.792
Curtimento ao cromo 2.576
Remolho 5.456
Caleação 11.083
Lavagem 2.280
Descarnagem 13.700
Descalcinação e Purga 2.541
Lavagem 2.790
Piquelagem e Curtimento 903
Recurtimento 1.830
Lavagem 1.980

39
Tabela 2.1. Características Típicas de Efluentes Industriais
Concentração DBO
Setor
(mg/L)
Neutralização 695
Lavagem 385
Tingimento e Engraxe 1.422
Curtume - curtimento ao cromo (1) 2.350
Graxaria 1.723
Laticínios
Posto de recepção e refrigeração de leite 1033
Leite pasteurizado e manteiga 487 ; 1319
Leite condensado 875
Leite em pó 761
Leite esterilizado e iogurte 290
Leite pasteurizado e iogurte 3.420
Laticínios (1) 450 a 4.790
Laticínios (1) 4.000
Instalação com recuperação de soro (1) 2.397
Instalação sem recuperação de soro (1) 5.312
Papel e Celulose
Beneficiamento da madeira (1) 0,1 - 5,0
Cozimento (1) 0,8 - 1,2
Lavagem e depuração (1) 5,0 - 8,0
Branqueamento (1) 3,0 - 5,0
Secagem da celulose (1) 0,5 - 2,0
Evaporação de licor negro (1) 0,2 - 1,0
Caldeira de recuperação (1) 0,5 - 1,0
Caustificação (1) 2,0 - 4,0
Forno de cal (1) 0,5 - 1,0
Cervejas e Refrigerantes
Efluente de indústria ineficiente na recuperação de dreche e trub 3.045
Efluente de indústria de refrigerante 940 a 1.335
Efluente Cervejarias 1.611 a 1.784
Indústria de Processamento de Pescados 6.370
Processamento de Atum 700
Processamento de Sardinha 1.300
Processamento de Farinha de Peixe 91 a 380
Indústria Cítrica 2.279
Lavagem da laranja 295
Área de extração 1.380
Fábrica de ração 2.190
Colunas barométricas 654
Fonte: Notas Técnicas elaboradas pela Cetesb, exceto onde indicado.
(1) Guias de P+L publicados pela Cetesb em parceria com a Fiesp

40
2.1.3 Equivalente Populacional
O Equivalente Populacional (EP) é um indicador do potencial poluidor de um despejo
industrial referido ao número de habitantes de uma cidade, isto é, quando o despejo de uma
indústria tem um equivalente populacional de 10.000 habitantes significa dizer que a carga
potencial do efluente industrial é a mesma que a gerada por uma localidade de 10.000
habitantes. A fórmula para o cálculo do Equivalente Populacional é:
Carga substância da indústria (kg/d)
EP (hab.) =
Contribuição per capita da substância (kg/hab.d)
O Equivalente Populacional tem sido utilizado considerando-se como parâmetros o teor
de matéria orgânica representado pela DBO5,20 quando se deseja relacionar o potencial
poluidor do despejo industrial com o esgoto doméstico e o teor de sólidos não filtráveis
quando se deseja relacionar a produção de lodo do despejo industrial com a do esgoto
doméstico.
O uso do equivalente populacional é comum na taxação dos despejos industriais para
lançamento em rede pública de coleta de esgotos para que a cobrança seja relacionada
com a tarifa paga pela população.
Quando se utiliza o equivalente populacional supõe-se que a tratabilidade dos despejos
industrial e doméstico é a mesma, entretanto isso pode não corresponder a realidade visto
que o grau de tratabilidade está diretamente relacionado aos teores de matéria orgânica
biodegradável presente nos efluentes e dessa maneira, não estamos representando o
impacto causado pelo despejo industrial em termos de tratamento.
A Tabela 2.2 apresenta valores de equivalente populacional para algumas atividades
industriais, considerando contribuição de 60 g DBO5,20/habxdia.
Tabela 2.2. Equivalentes Populacionais por Atividade Industrial
População
Atividade Industrial Unidade
equivalente (hab.) (*)
Lacticínio sem queijaria 1000 L leite 25 - 70
Lacticínio com queijaria 1000 L leite 45 - 230
1 rês = 2,5 porcos 20 - 200
Matadouro
1 ton. de peso em pé 130 - 400
Curral 1 vaca 5 - 10
Chiqueiro 1 porco 3
Granja avícola 1 galinha 0,12 - 0,25
Autoclave de batatas 1 ton. de batatas 25 - 50
Piscicultura 100 kg de trutas 80
Usina de açúcar 1 ton. de beterrabas 45 - 70
Maltaria 1 ton. de cereais 10 - 100
Cervejaria 1000 L cerveja 150 - 350
Destilaria 1000 L cereais 2000 - 3500
Fabrica de fermento biológico 1 ton. de fermento 5000 - 7000
Amindonaria 1 ton. de milho ou trigo 500 - 900

41
População
Atividade Industrial Unidade
equivalente (hab.) (*)
1000 L de vinho 100 - 140
Indústria vinícola
ou 1 ha de vinhedo 35 - 60
Curtume 1 ton. de pele 100 - 3500
Lanifício (lavagem de lã) 1 ton. de lã 2000 - 4500
Alvejamento de tecidos 1 ton. de produto 1000 - 3500
Tinturaria com alvejantes sulfurados 1 ton. de produto 2000 - 3000
Indústria do linho 1 ton. de linho bruto 700 - 1000
Celulose ao sulfito 1 ton. de celulose 3500 - 5500
Pasta mecânica para papel 1 ton. de madeira 45 - 70
Fábrica de papel 1 ton. de papel 200 - 900
Lã sintética 1 ton. de lã sintética 300 - 450
Lavanderia 1 ton. de roupa 350 - 900
Vazamento de óleo mineral 1 ton. de óleo 11000
Aterro sanitário de lixo 1 ha de área 45

(*) Equivalente Populacional de águas residuárias das indústrias, referidos a uma DBO5 de 60 g./habxdia.
Para transformar os valores acima em outros baseados na equivalência de 54 g DBO5/habxdia, acrescentar
10%.
Fonte: Imhoff, K., Imhoff, K.R. Manual de Tratamento de Águas Residuárias. 1ªed. 1986.

2.1.4 Fatores de Emissão


Os fatores de emissão representam o potencial poluidor de determinada indústria e podem
se referir a quantidade de efluente ou carga orgânica emitida em função da matéria-prima
utilizada ou da produção industrial.
Nas décadas de 80 e 90 a CETESB elaborou notas técnicas sobre diversos setores
industriais que apresentam informações sobre os processos industriais e respectivas
fontes de poluição. Na Tabela 2.3 a seguir estão apresentados alguns valores de fatores de
emissão por setor industrial.
Tabela 2.3. Fatores de Emissão de Despejo Industrial em m3 e Kg DBO
Vazão Fator de Emissão
Setor Base
(m3/base) (kg DBO/base)
Açúcar e Álcool
Lavagem da cana 1 t de cana 5.000 1.100
Condensado dos evaporadores 1 t de cana 580 465
Condensado barométrico 1 t de cana 11.185 1.000
Restilo 1 t de cana 360 5.400
Lavagem das dornas 1 t de cana 20,00 100
Abatedouro Aves 11,90 9,9
Recepção - processo seco 1.000 aves 2
Recepção - processo úmido 1.000 aves 14

42
Tabela 2.3. Fatores de Emissão de Despejo Industrial em m3 e Kg DBO
Vazão Fator de Emissão
Setor Base
(m3/base) (kg DBO/base)
Sangria 1.000 aves 8
Sangria com recuperação do sangue 1.000 aves 7,7 a 8,1
Depenagem 1.000 aves 5,30
Evisceração 1.000 aves 11,70
Abatedouro Bovino 1.000 kg peso “in
4,323 6,3
vivo”
Abate bovino - com industrialização (1) cabeça 3,76
Abate bovino - sem industrialização (1)
cabeça 2,76
Abate bovino (1)
cabeça 1-5
Abatedouro Suíno
Abate suíno - com industrialização (1) cabeça 0,94
Abate suíno - sem industrialização (1)
cabeça 0,69
Abate suíno (1)
cabeça 0,5 - 2,0
Curtumes
Curtimento vegetal t de pele processada 22,00 55
Curtimento ao cromo t de pele processada 34,00 88
Curtume – convencional (1) t de pele 31,93 48 a 86
Graxaria t de matéria-prima 0,73
Laticínios
Posto de recepção e refrigeração de
t de leite processado 1,06 1,1
leite
Leite pasteurizado e manteiga t de leite processado 0,83 1,09
Leite condensado t de leite processado 3,20 2,8
Leite em pó t de leite processado 5,40 4,1
Leite esterilizado e iogurte t de leite processado 2,90 0,84
Leite pasteurizado e iogurte t de leite processado 4,10 14,24
Laticínios (1) L de leite 1a6L
Papel e Celulose t celulose seca ao ar 50,00 18
Beneficiamento da madeira (1) t celulose seca ao ar 1,30 – 6,00
Cozimento (1) t celulose seca ao ar 1,20 – 2,00
Lavagem e depuração (1)
t celulose seca ao ar 3,00 - 7,00
Branqueamento (1) t celulose seca ao ar 15,00 – 30,00
Secagem da celulose (1)
t celulose seca ao ar 4,00 - 7,00
Evaporação de licor negro (1)
t celulose seca ao ar 0,50 – 2,00
Caldeira de recuperação (1)
t celulose seca ao ar 1,00 – 2,00
Caustificação (1)
t celulose seca ao ar 1,00 – 2,00
Forno de cal (1) t celulose seca ao ar 1,00 – 2,00
Cervejas e Refrigerantes
Efluente de indústria ineficiente na
m3 cerveja 17
recuperação de dreche e trub
Efluente de indústria de refrigerante m3 refrigerante 4,00 4,8

43
Tabela 2.3. Fatores de Emissão de Despejo Industrial em m3 e Kg DBO
Vazão Fator de Emissão
Setor Base
(m3/base) (kg DBO/base)
Efluente Cervejarias m3 cerveja 5,50 a 8,30 9,43 a 11,8
Efluente Levedura m cerveja
3
3,71
Trub m3 cerveja 3,21
Lúpulo m3 cerveja 0,39
Licor dos grãos prensados m cerveja
3
0,85
Lavagens m cerveja
3
2,09
Efluentes dos filtros m3 cerveja 0,5
Engarrafamento m cerveja
3
1,2
Outros m cerveja
3
0,42
Indústria Têxtil
Engomagem de Fios t de tecido de algodão 4,20 2,8
Desengomagem t de tecido de algodão 22,00 58
Cozimento t de tecido de algodão 100 53
Alvejamento t de tecido de algodão 100 8
Mercerização t de tecido de algodão 35 8
Tingimento t de tecido de algodão 50 60
Estampagem t de tecido de algodão 14 54
Raiom t tecido sintético 42 30
Acetato t tecido sintético 75 45
Náilon t tecido sintético 125 45
Acrílico t tecido sintético 210 125
Poliéster t tecido sintético 100 185
Indústria de Processamento de
400
Pescados
Processamento de Atum dia 247 a 13.680
Processamento de Sardinha dia 304
Processamento de Farinha de Peixe dia 144 a 350
Processamento de Camarão
Descascamento t de camarão 49
Descabeçamento t de camarão 5,1
Fervura t de camarão 1,5
Lavagem t de camarão 6,6
Diversos t de camarão 6,2
Indústria Cítrica t de laranja 0,90 2
Frigorífico
Frigoríficos (1) t peso vivo 4,80 - 6,70 5,2 - 6,7
Frigoríficos - presunto cozido (1) t 10 - 21 (kg DQO)
Frigoríficos - presunto curado, carne
t 20 - 25 (kg DQO)
enlatada, produtos conserva (1)
Fonte: Notas Técnicas elaboradas pela Cetesb, exceto onde indicado.
(1) Guias de P+L publicados pela Cetesb em parceria com a Fiesp.

44
2.2 SISTEMAS DE ESGOTOS URBANOS

Os esgotos urbanos são aqueles gerados principalmente em residências, edifícios comerciais


ou qualquer edificação que contenha instalações de banheiros, cozinhas, lavandeiras ou
que utilize água para fins domésticos.

2.2.1 Coleta de Dados


Para o cálculo das contribuições de esgotos sanitários e cargas poluidoras devem ser
considerados os seguintes aspectos relativos à bacia hidrográfica:
yy Dados Gerais do Município: dados físicos da bacia hidrográfica, uso e ocupação do
solo, características sócio-econômicas da comunidade;
yy Abastecimento de Água: pontos de captação, população abastecida, vazão aduzida,
número de ligações e tipo de tratamento;
yy Esgotos Sanitários: pontos de lançamento, corpo receptor, número de ligações,
população atendida, tipo de tratamento, informações gerais do sistema de coleta e
afastamento (extensão de rede, número de elevatórias, etc.).

2.2.2 Tipos de Esgotamento Sanitário


O esgotamento sanitário pode ser realizado em sistemas individuais ou coletivos, que se
diferenciam pela localização do sistema de tratamento em relação à área e pelo número de
habitantes atendidos.
Os sistemas individuais atendem geralmente a residências unifamiliares ou a um número
pequeno de contribuintes, trata-se de solução local cuja disposição final do efluente tratado
geralmente envolve infiltração no solo. É recomendado apenas para locais com baixa
densidade populacional e com nível de lençol freático adequado, para evitar a contaminação
das águas subterrâneas e ainda, onde o solo apresentar boas condições de infiltração.
Os sistemas coletivos são aqueles que incluem o afastamento das contribuições sanitárias
para encaminhamento para sistema de tratamento normalmente distante da área atendida,
são recomendados para áreas com elevada densidade populacional.

2.2.3 Características dos Esgotos Domésticos


As características dos esgotos dependem de sua fonte de geração, ou seja, do uso que foi
dado à água, de condições sócio-econômicas e hábitos da população e ainda de condições
climáticas, sendo formado por aproximadamente 99,9% de água e 0,1% de impurezas, que
podem ser de natureza física, química e biológica.
As impurezas físicas correspondem as substâncias que afetam as características da água
como partículas insolúveis ou sólidos que alteram a transparência da água e precipitam-se
na forma de lodo ou que causem cor, odor ou elevação da temperatura.
As impurezas químicas correspondem as substâncias orgânicas e minerais, sendo a fração
orgânica representada por proteínas, gordura, hidratos de carbono, fenóis e substâncias
artificiais como detergentes e defensivos agrícolas e a fração mineral representada por
nutrientes (nitrogênio e fósforo em especial), enxofre, metais pesados e compostos tóxicos.
As impurezas de natureza biológica são os seres vivos liberados junto com os dejetos
humanos, como vírus, bactérias, leveduras, helmintos (vermes e protozoários). Alguns
desses seres habitam o intestino humano e não prejudicam a saúde, outros podem causar
doenças e são denominados organismos patogênicos.

45
Cada indivíduo gera em média 1,80 Litros de excreta diariamente, correspondendo a 350
gramas de sólidos secos, incluindo 90 gramas de matéria orgânica, 20 gramas de nitrogênio,
mais outros nutrientes como fósforo e potássio.
Na Tabela 2.4 estão apresentadas as características típicas para esgotos domésticos,
que são classificados como esgoto forte, médio e fraco, dependendo, principalmente, das
concentrações de matéria orgânica e nas Tabelas 2.5 e 2.6 estão apresentados alguns
organismos patogênicos encontrados nos esgotos domésticos e doenças provocadas e
indicadores, respectivamente.
Tabela 2.4. Características Típicas dos Esgotos Domésticos

Parâmetro (mg/L) Esgoto Forte Esgoto Médio Esgoto Fraco


DQO 800 400 200
DBO 400 200 100
Oxigênio Dissolvido 0 0 0
Nitrogênio Total 85 40 20
Nitrogênio Orgânico 35 20 10
Amônia Livre 50 20 10
Nitrito, NO2 0,10 0,05 0
Nitratos, NO3 0,40 0,20 0,10
Fósforo Total 20 10 5
Fósforo Orgânico 7 4 2
Fósforo Inorgânico 13 6 3
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

Tabela 2.5. Organismos patogênicos encontrados nos esgotos domésticos

Organismo Tipo Doença Causada


Vírus de Hepatite A Vírus Hepatite infecciosa
Poliovírus Vírus Poliomielite, febre, meningite
Echovírus Vírus Diarréia, febre, meningite, doenças respiratórias
Coxsackies Vírus Febre, meningite, doenças respiratórias
Adenovírus Vírus Doenças respiratórias, infecção de olhos
Rotavírus Vírus Diarreia e vômitos, gastroenterite
Calicivírus Vírus Diarreia e vômitos
Salmonella Typhi Bactéria Febre tifoide
Vibrio cholerae Bactéria Cólera, diarréia aguda, desidratação
Salmonelas Bactéria Intoxicação alimentar, diarreias, febre tifoide
Leptospira Bactéria Leptospirose
Shigela Spp Bactéria Disenteria bacilar
Crypstoporidium parvum Protozoário Diarréia
Entamoeba Histolytyca Protozoário Disenteria amebiana
Giardia lambia Protozoário Diarréia leve e severa, náusea, indigestão

46
Organismo Tipo Doença Causada
Ascaris Lumbricoides Helminto Ascaridíase (lombriga)
Taenia saginata e solium Helminto Taeníase
Schistosoma Mansoni Helminto Esquistossomose
Fonte: Adaptado do Feachen, at all. Sanitation and Disease: Health Aspects of Excreta and Wastewater Management.
1983, Crook, J. Wastewater Reclamation and Reuse.1998, Madigan et all. Brock Biology of Microorganisms. 2000.

Tabela 2.6. Organismos patogênicos encontrados nos esgotos domésticos - Indicadores

Contribuição per Concentração


Tipo Organismo
capita (org/habxd) (org/100 mL)
Coliformes Totais 109 - 1013 106 - 1010
Coliformes Termotolerantes 109 - 1012 106 - 109
E. coli 109 - 1012 106 – 109
Clostridium perfringens 106 – 108 103 – 105
Bactérias Enterococos 107 – 108 104 – 105
Estreptococos fecais 107 - 1010 104 – 107
Pseudomonas aeruginosa 106 – 109 103 – 106
Shigella 103 – 106 100 – 103
Salmonella 105 – 107 102 – 104
Cryptosporidium parvum (oocistos) 104 – 106 101 - 103
Protozoários Entamoeba histolytica (cistos) 104 – 108 101 – 105
Giardia lamblia (cistos) 104 – 107 101 – 104
Helmintos (ovos) 103- 106 100 – 103
Helmintos
Ascaris lumbricoides 101 – 106 102 – 103
Vírus entéricos 105 – 107 102 – 104
Vírus
Colifagos 106 – 107 103 – 104
Fonte: Arceivala (1981), EPA (1993), Rose (2003), Chernicharo (2001), Metcalf & Eddy (2003), Bastos et al (2003), apud
Von Sperling, 2005.

As contribuições de esgotos sanitários estão relacionadas principalmente ao volume de água


consumida, que depende de fatores socioeconômicos e hábitos de higiene da população,
atividades desenvolvidas e outras causas comportamentais, sendo estimado que do total
de água consumida, de 60 a 80% se transforme em despejos.
Na falta de informações detalhadas, a NBR 7229/93 apresenta valores mínimos para
atender as necessidades normais de uma comunidade, conforme apresentado na Tabela
2.7 a seguir.
Tabela 2.7. Contribuição Diária de Despejos por Tipo de Prédio e de Ocupantes

Contribuição de
Prédio Unidade
esgoto (L/d)
1. Ocupantes permanentes
Residência
Padrão alto Pessoa 160
Padrão médio Pessoa 130

47
Contribuição de
Prédio Unidade
esgoto (L/d)
Padrão baixo Pessoa 100
Hotel (exceto lavanderia e cozinha) Pessoa 100
Alojamento provisório Pessoa 80
2. Ocupantes temporários
Fábrica em geral Pessoa 70
Escritório Pessoa 50
Edifício público ou comercial Pessoa 50
Escolas (externatos) e locais de longa permanência Pessoa 50
Bares Pessoa 6
Restaurantes e similares Pessoa 25
Cinemas, teatros e locais de curta permanência Lugar 2
Sanitários públicos (1) Bacia sanitária 480
(1) Apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária, ferroviária, logradouro público, estádio de
esportes, locais para eventos etc.).
Fonte: NBR 7229/93 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos

2.2.4 Cálculo de Cargas Poluidoras


O cálculo da carga poluidora dos esgotos domésticos é expresso em termos de massa
por unidade de tempo e no caso de esgotos domésticos é calculada considerando-
se a população e sua respectiva contribuição per capita ou a vazão de contribuição e a
concentração de determinado poluente.
Carga (kg/d) = População (hab) x carga per capita (g/habxd)
1.000 (g/kg)
Carga (kg/d) = concentração (g/m3) x vazão (m3xd)
1.000 (g/kg)
Na Tabela 2.8 a seguir estão apresentadas as contribuições diárias de despejos e de
carga orgânica por tipo de prédio e de ocupantes, conforme estabelecido na norma NBR
13.969/97.
Tabela 2.8. Contribuição Diária de Carga Orgânica por Tipo de Prédio e de Ocupantes

Contribuição de carga
Prédio Unidade
orgânica (g DBO/d)
1. Ocupantes permanentes
Residência
Padrão alto Pessoa 50
Padrão médio Pessoa 45
Padrão baixo Pessoa 40
Hotel (exceto lavanderia e cozinha) Pessoa 30
Alojamento provisório Pessoa 30

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Contribuição de carga
Prédio Unidade
orgânica (g DBO/d)
2. Ocupantes temporários
Fábrica em geral Pessoa 25
Escritório Pessoa 25
Edifício público ou comercial Pessoa 25
Escolas (externatos) e locais de longa permanência Pessoa 20
Bares Pessoa 6
Restaurantes e similares Pessoa 25
Cinemas, teatros e locais de curta permanência Lugar 1
Sanitários públicos (1) Bacia sanitária 120
(1) Apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária, ferroviária, logradouro público, estádio de
esportes, locais para eventos etc.).
Fonte: NBR 13.969/97 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes
líquidos - Projeto, construção e operação.

2.3 FONTES POLUIDORAS DE ORIGEM AGROPECUÁRIA

A poluição de origem agropecuária está relacionada aos excrementos de animais e ao uso


de defensivos agrícolas e fertilizantes.
A poluição causada por excrementos de animais é característica de zonas rurais e se
torna significativa onde a criação de animais é confinada ou em estábulos. A quantificação
do potencial poluidor de excrementos de animais é geralmente calculada em termos de
população equivalente, conforme dados da Tabela 2.9.
Tabela 2.9. Equivalentes Populacionais
Origem dos Despejos Equivalente Populacional (hab.)
Homem 1,00
Vaca 16,40
Cavalo 11,30
Galinha 0,014
Ovelha 2,45
Porco 3,00
Fonte: Derísio, J.C. Introdução ao Controle de Poluição Ambiental, 3ª Ed.,
Signus Editora. 2007.

Para a caracterização das fontes de poluição devido a aplicação de defensivos agrícolas


deve ser realizado com um levantamento detalhado das seguintes informações:
yy Localização das lavouras em relação aos corpos d’água;
yy Tipo de defensivo utilizado, nível de toxicidade em relação aos peixes, quantidade
utilizada, forma de aplicação, equipamentos utilizados, período de aplicação, inclusive
se aplicação é realizada quando as condições climáticas estiverem desfavoráveis;
yy Processo de descarte de restos de formulações e águas de lavagem de equipamento;
yy Existência de medidas de conservação do solo e da flora ribeirinha;

49
yy Condições ambientais como tipo de solo e fatores climáticos como temperatura, chuva
e vento;
yy Tipo de cultura, existência de irrigação.
Para a caracterização da poluição provocada pelo uso de fertilizantes deve-se verificar
a facilidade de carreamento dessas substâncias, devido a sua aplicação sem proteção
adequada, quando da ocorrência de enxurradas em épocas de chuva.

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51
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53
54
Política de Controle de Poluição
Aula 3

55
56
3. POLÍTICA DE CONTROLE DE POLUIÇÃO

3.1 POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

No Brasil a legislação relativa aos assuntos de meio ambiente é dividida em três níveis
hierárquicos: o Governo Federal estabelece as normas gerais para todo o território nacional,
o Estado estabelece normas peculiares e o Município estabelece as normas que visam
atender aos interesses locais. Atualmente existem diversas leis para a proteção ambiental
e gestão dos recursos ambientais para assegurar sua preservação e manejo sustentado.
A Lei nº 6.938 de 31/08/81 estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente com objetivo de
preservar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental, de maneira a assegurar condições
ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses de segurança nacional e à proteção
da vida humana. Estabeleceu o Sistema Nacional do Meio Ambiente, criou o Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e instituiu o Cadastro Técnico Federal de Atividades
e instrumentos de Defesa Ambiental.
Esta foi a primeira lei federal a abordar as questões de interesse ao meio ambiente, tendo
sido alterada pelas Leis nº 7.804 de 18/07/89 e nº 8.028 de 12/04/90, sendo regulamentada
pelo Decreto nº 99.274 de 06/06/90 com alterações dadas pelo Decreto nº 99.355 de
27/06/90.
Em seu Artigo 2º são apresentados os princípios da Política Nacional do Meio Ambiente
conforme descrito a seguir:
I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio
ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido,
tendo em vista o uso coletivo;
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a
proteção dos recursos ambientais;
VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII – recuperação de áreas degradadas;
IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X – educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
No Artigo 3º são apresentadas as seguintes definições:
I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II – degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio
ambiente;
III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;

57
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta
ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
(Redação dada pelo (a) Lei nº 7.804, de 1989).
No Artigo 4º são apresentados os objetivos da Política Nacional Meio Ambiente:
I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao
equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios;
III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas
ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso
racional de recursos ambientais;
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e
informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização
racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
ecológico propício à vida;
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os
danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com
fins econômicos.
Os instrumentos para a Política Nacional de Meio Ambiente são apresentados no Artigo 9º:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental;
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de
tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal,
estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse
ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pelo (a) Lei nº 7.804, de 1989).
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;

58
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis-IBAMA;
(Acrescentado (a) pelo (a) Lei nº 7.804, de 1989).
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o
Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; (Acrescentado (a) pelo (a) Lei nº 7.804,
de 1989).
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras
dos recursos ambientais. (Acrescentado (a) pelo (a) Lei nº 7.804, de 1989).
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro
ambiental e outros. (Acrescentado (a) pelo (a) Lei nº 11.284, de 2006).
O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA - é constituído por órgãos e entidades
dos Governos Federal, Estaduais, Municipais, do Distrito Federal e dos Territórios, assim
como fundações instituídas pelo Poder Público que são responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental.
O SISNAMA possui como órgão superior o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA
– que foi criado para auxiliar o Presidente da República na formulação das diretrizes da
Política Nacional do Meio Ambiente, sendo composto por representantes dos Governos
dos Estados, das Confederações Nacionais do Setor Produtivo, da Associação Brasileira
de Engenharia Sanitária e da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza e
dois representantes, nomeados pelo Presidente da República, de Associações legalmente
constituídas para a defesa dos recursos naturais e de combate a poluição.
Entre as atribuições do CONAMA está o estabelecimento mediante proposta do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, dos demais
órgãos integrantes do SISNAMA e de Conselheiros do CONAMA, de normas e critérios
para o licenciamento de atividades poluidoras; determinar a realização de estudos de
alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados;
decidir por meio da Câmara Especial Recursal – CER como última instância sobre multas
e outras penalidades; determinar mediante representação do IBAMA a perda ou restrição
de benefícios fiscais e a perda ou suspensão de participação em linhas de crédito oficiais;
estabelecer normas e padrões para controle de poluição de veículos automotores,
aeronaves e embarcações; e estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle
e manutenção da qualidade do meio ambiente.

3.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL FEDERAL

3.2.1 Resolução CONAMA nº 357 de 17/03/05


Esta resolução é a revisão da Resolução CONAMA nº 20 de 18/06/86 e estabelece
as condições e padrões de qualidade dos corpos d’água superficiais bem como sua
classificação de acordo com o uso pretendido. Os padrões de qualidade para águas doces
estão indicados nos Artigos 14, 15, 16 e 17; para águas salinas estão nos Artigos 18, 19 e
20; e os Artigos 21, 22 e 23 são para águas salobras.
Estabelecia ainda no Artigo 34 as condições e padrões de lançamento de efluentes em
corpos d’água, que foram alterados pela Resolução CONAMA nº 430 de 13/05/11.

59
No capítulo II é apresentada a classificação dos corpos de água segundo a qualidade
requerida para os seus usos preponderantes, conforme descrito a seguir:

“ÁGUAS DOCES” (Artigo 4°)


I - Classe Especial - águas destinadas:
a) ao abastecimento para o consumo humano, com desinfecção;
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e
c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção
integral.
II - Classe 1 - águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
resolução CONAMA N° 274/2000;
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam
rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e
e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
III - Classe 2 - águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
resolução CONAMA N° 274/2000;
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e
lazer com os quais o público possa vir a ter contato direto; e
e) à aqüicultura e à atividade de pesca.
IV - Classe 3 - águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado;
b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
c) à pesca amadora;
d) à recreação de contato secundário; e
e) à dessedentação de animais.
V - Classe 4 - águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.

“ÁGUAS SALINAS” (Artigo 5°)


I - Classe Especial - águas destinadas:

60
a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção
integral; e
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
II - Classe 1 - águas que podem ser destinadas:
a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA 274/2000;
b) à proteção das comunidades aquáticas; e
c) à aqüicultura e à atividade de pesca.
III - Classe 2 - águas que podem ser destinadas:
a) à pesca amadora; e
b) à recreação de contato secundário.
IV - Classe 3 - águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.

“ÁGUAS SALOBRAS” (Artigo 6°)


I - Classe Especial - águas destinadas:
a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção
integral; e
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
II - Classe 1 - águas que podem ser destinadas:
a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA 274/2000;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à aqüicultura e à atividade de pesca;
d) ao abastecimento para consumo humano após tratamento convencional ou avançado; e
e) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam
rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de
parque, jardins, campos de esportes e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato
direto.
III - Classe 2 - águas que podem ser destinadas:
a) à pesca amadora; e
b) à recreação de contato secundário.
IV - Classe 3 - águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
Nas Tabelas 3.1, 3.2 e 3.3 são apresentadas as súmulas dos padrões de qualidade para
águas Doces, Salinas e Salobras, respectivamente.

61
Tabela 3.1. Súmula dos Padrões de Qualidade – Águas Doces
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
Condições
Toxicidade crônica aos organismos Não Não
- -
aquáticos verificação verificação
Toxicidade aguda aos organismos Não
- - -
aquáticos verificação
Virtualmente Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Materiais flutuantes
ausentes ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Óleos e graxas -
ausentes ausentes ausentes
Não objetáveis
Substâncias que comuniquem Virtualmente Virtualmente Virtualmente
(odor e
gosto ou odor ausentes ausentes ausentes
aspecto)
Não será Não será
Virtualmente
Corantes (fontes antrópicas) permitida a permitida a -
ausentes
presença presença
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Resíduos sólidos objetáveis -
ausentes ausentes ausentes
2500/100 mL
Conama Conama
(recreação
274/00 274/00
de contato
(recreação) (recreação)
secundário)
1000/100 mL
200/100 mL 1000/100 mL (dessedenta-
(demais usos) (demais usos) ção de
Coliformes termotolerantes animais) -

4000/100 mL
E.coli – valor E.coli – valor (demais usos)
a critério a critério E.coli – valor
do órgão do órgão a critério
ambiental) ambiental) do órgão
ambiental)
DBO5,20 (mg/L O2) ≤ 3,0 ≤ 5,0 ≤ 10,0 -
OD (mg/L O2) ≥ 6,0 ≥ 5,0 ≥ 4,0 ≥ 2,0
Turbidez (UNT) ≤ 40,0 ≤ 100,0 ≤ 100,0 -
Cor verdadeira (mg Pt/L) Natural ≤ 75,0 ≤ 75,0 -
pH 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0
Padrões / Parâmetros
Clorofila a (µg/L) 10,0 30,0 60,0 -
20.000,0 cel/ 50.000,0 cel/ 100.000,0 cel/
-
Densidade de cianobactéria mL mL mL
2,0 mm3/L 5,0 mm3/L 10,0 mm3/L -
Sólidos dissolvidos totais (mg/L) 500,0 500,0 500,0 -

62
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
Padrões / Parâmetros Inorgânicos
Alumínio dissolvido (mg/L Al) 0,1 0,1 0,2 -
Antimônio (mg/L Sb) 0,005 0,005 - -
0,01 0,01
Arsênio total (mg/L As) 0,033 -
0,14 mg/L (1) 0,14 mg/L (1)
Bário total (mg/L Ba) 0,7 0,7 1,0 -
Berílio total (mg/L Be) 0,04 0,04 0,1 -
Boro total (mg/L B) 0,5 0,5 0,75 -
Cádmio total (mg/L Cd) 0,001 0,001 0,01 -
Chumbo total (mg/L Pb) 0,01 0,01 0,033 -
Cianeto livre (mg/L CN) 0,005 0,005 0,022 -
Cloreto total (mg/L Cl) 250,0 250,0 250,0 -
Cloro residual total (combinado +
0,01 0,01 - -
livre) (mg/L Cl)
Cobalto total (mg/L Co) 0,05 0,05 0,2 -
Cobre dissolvido (mg/L Cu) 0,009 0,009 0,013 -
Crômio total (mg/L Cr) 0,05 0,05 0,05 -
Ferro dissolvido (mg/L Fe) 0,3 0,3 5,0 -
Fluoreto total (mg/L F) 1,4 1,4 1,4 -
Fósforo total (ambiente lêntico)
0,020 0,030 0,05 -
(mg/L P)
Fósforo total (ambiente
intermediário, com tempo de
residência entre 2 e 40 dias, e 0,025 0,050 0,075 -
tributários diretos de ambiente
lêntico) (mg/L P)
Fósforo total (ambiente lótico
e tributários de ambientes 0,1 0,1 0,15 -
intermediários) (mg/L P)
Lítio total (mg/L Li) 2,5 2,5 2,5 -
Manganês total (mg/L Mn) 0,1 0,1 0,5 -
Mercúrio total (mg/L Hg) 0,0002 0,0002 0,002 -
Níquel total (mg/L Ni) 0,025 0,025 0,025 -
Nitrato (mg/L N) 10,0 10,0 10,0 -
Nitrito (mg/L N) 1,0 1,0 1,0 -

63
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
13,3 p/ pH ≤
3,7 p/ pH ≤ 7,5 3,7 p/ pH ≤ 7,5
7,5
2,0 p/ 7,5 2,0 p/ 7,5 5,6 p/ 7,5
Nitrogênio amoniacal total (mg/L N) <pH≤ 8,0 <pH≤ 8,0 <pH≤ 8,0 -
1,0 p/ 8,0<pH≤ 1,0 p/ 8,0 2,2 p/ 8,0
8,5 <pH≤ 8,5 <pH≤ 8,5
0,5 p/ pH ≥ 8,5 0,5 p/ pH ≥ 8,5 1,0 p/ pH ≥ 8,5
Prata total (mg/L Ag) 0,01 0,01 0,05 -
Selênio total (mg/L Se) 0,01 0,01 0,05 -
Sulfato total (mg/L SO4) 250,0 250,0 250,0 -
Sulfeto (H2S não dissociado) (mg/L
0,002 0,002 0,3 -
S)
Urânio total (mg/L U) 0,02 0,02 0,02 -
Vanádio total (mg/L V) 0,1 0,1 0,1 -
Zinco total (mg/L Zn) 0,18 0,18 5,0 -
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Acrilamida (mg/L) 0,5 0,5 - -
Alacloro (mg/L) 20,0 20,0 - -
Aldrin + Dieldrin (mg/L) 0,005 0,005 0,03 -
Atrazina (mg/L) 2,0 2,0 2,0 -
Benzeno (mg/L) 0,005 0,005 0,005 -
0,001 0,001
Benzidina (mg/L) - -
0,0002 (1) 0,0002 (1)
0,05 0,05
Benzo(a)antraceno (mg/L) - -
0,018 (1) 0,018 (1)
0,05 0,05
Benzo(a)pireno (mg/L) 0,7 -
0,018 (1) 0,018 (1)
0,05 0,05
Benzo(b)fluoranteno (mg/L) - -
0,018 (1) 0,018 (1)
0,05 0,05
Benzo(k)fluoranteno (mg/L) - -
0,018 (1)
0,018 (1)
Carbaril (mg/L) 0,02 0,02 70,0 -
Clordano (cis + trans) (mg/L) 0,04 0,04 0,3 -
2-Clorofenol (mg/L) 0,1 0,1 - -
0,05 0,05
Criseno (mg/L) - -
0,018 (1) 0,018 (1)
2,4-D (mg/L) 4,0 4,0 30,0 -

64
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
Demeton (demeton-O +
0,1 0,1 14,0 -
demeton-S) (mg/L)
0,05 0,05
Dibenzo(a,h)antraceno (mg/L) - -
0,018 (1) 0,018 (1)
3,3 Diclorobenzidina (mg/L) 0,028 (1) 0,028 (1) - -
1,2-Dicloroetano (mg/L) 0,01 0,01 0,01 -
1,1-Dicloroeteno (mg/L) 0,003 0,003 30,0(mg/L) -
2,4-Diclorofenol (mg/L) 0,3 0,3 - -
Diclorometano (mg/L) 0,02 0,02 - -
DDT (p,p’ DDT+p,p’ DDE+p,p’
0,002 0,002 - -
DDD) (mg/L)
Dodecacloro pentaciclodecano
0,001 0,001 0,001 -
(mg/L)
Endossulfan (a+b+sulfato) (mg/L) 0,056 0,056 0,22 -
Endrin (mg/L) 0,004 0,004 0,2 -
Estireno (mg/L) 0,02 0,02 - -
Etilbenzeno (mg/L) 90,0 90,0 - -
Fenóis totais (substâncias que
reagem com 4-aminoantipirina) 0,003 0,003 0,01 -
(mg/L C6H5OH)
Glifosato (mg/L) 65,0 65,0 280,0 -
Gution (mg/L) 0,005 0,005 0,005 -

Heptacloro epóxido + heptacloro 0,01 0,01


0,03 -
(mg/L) 0,000039 (1) 0,000039 (1)
Hexaclorobenzeno (mg/L) 0,0065 0,0065 - -
0,05 0,05
Indeno (1,2,3-cd) pireno (mg/L) - -
0,018 (1) 0,018 (1)
Lindano (g-HCH) (mg/L) 0,02 0,02 2,0 -
Malation (mg/L) 0,1 0,1 100,0 -
Metolacloro (mg/L) 10,0 10,0 - -
Metoxicloro (mg/L) 0,03 0,03 20,0 -
Paration (mg/L) 0,04 0,04 35,0 -
0,001 0,001
PCBs-Bifenilas policloradas (mg/L) 0,001 -
0,000064 (1) 0,000064 (1)
0,009 0,009
Pentaclorofenol (mg/L) 0,009 -
3,0 (mg/L) (1) 3,0 (mg/L) (1)
Simazina (mg/L) 2,0 2,0 - -

65
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
Substâncias tensoativas que
reagem com o azul de metileno 0,5 0,5 0,5 -
(mg/L LAS)
2,4,5-T (mg/L) 2,0 2,0 2,0 -
0,002 0,002
Tetracloreto de carbono (mg/L) 0,003 -
1,6 (mg/L) (1)
1,6 (mg/L) (1)
0,01 0,01
Tetracloreteno (mg/L) 0,01 -
3,3 (mg/L) (1) 3,3 (mg/L) (1)
Tolueno (mg/L) 2,0 2,0 - -
0,01 0,01
Toxafeno (mg/L) 0,21 -
0,00028 (1) 0,00028 (1)
2,4,5-TP (mg/L) 10,0 10,0 10,0 -
Tributilestanho (mg/L TBT) 0,063 0,063 2,0 -
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB+1,2,4-
0,02 0,02 - -
TCB) (mg/L)
Tricloroeteno (mg/L) 0,03 0,03 0,03 -
0,01 0,01
2,4,6-Triclofenol (mg/L) 0,01 -
2,4(mg/L) (1) 2,4(mg/L) (1)
Trifluralina (mg/L) 0,2 0,2 - -
Xileno (mg/L) 300,0 300,0 - -

Padrões para corpos d’água onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo intensivo.
OBSERVAÇÃO: Para as águas doces de Classe 4 (Artigo 17) às substâncias facilmente sedimentadas que
contribuam para o assoreamento de canais de navegação deverão estar virtualmente ausentes.

66
Tabela 3.2. Súmula dos Padrões de Qualidade – Águas Salinas
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 18 Artigo 19 Artigo 20
Condições
Toxicidade crônica aos organismos
Não verificação - -
aquáticos
Toxicidade aguda aos organismos
- Não verificação -
aquáticos
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Materiais flutuantes
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Toleram-se
Óleos e graxas
ausentes ausentes iridescências
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Substâncias que produzem odor e turbidez
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Corantes (fontes antrópicas)
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Resíduos sólidos objetáveis
ausentes ausentes ausentes
Conama 274/00
(recreação)
43/100 mL (cultivo
de moluscos
bivalves) 2500/100 mL 4000/100 mL
88/100mL
(percentil 90%
Coliformes termotolerantes não deverá ser
ultrapassado)
1000/100 mL
(demais usos) E.coli – valor a E.coli – valor a
E.coli – valor a critério do órgão critério do órgão
critério do órgão ambiental) ambiental)
ambiental)
Carbono orgânico total (mg/L C) ≤ 3,0 ≤ 5,0 ≤ 10,0
Oxigênio dissolvido (mg/L O2) ≥ 6,0 ≥ 5,0 ≥ 4,0
pH 6,5 a 8,5 * 6,5 a 8,5 * 6,5 a 8,5 *
Padrões / Parâmetros Inorgânicos
Alumínio dissolvido (mg/L Al) 1,5 1,5 -
0,01 0,069
Arsênio total (mg/L As) -
0,14 (mg/L)(1) 0,14 (mg/L)(1)
Bário total (mg/L Ba) 1,0 1,0 -
Berílio total (mg/L Be) 5,3 5,3 -
Boro total (mg/L B) 5,0 5,0 -
Cádmio total (mg/L Cd) 0,005 0,04 -
Chumbo total (mg/L Pb) 0,01 0,21 -
Cianeto livre (mg/L CN) 0,001 0,001 -

67
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 18 Artigo 19 Artigo 20
Cloro residual total (combinado mais livre)
0,01 19,0 mg/L -
(mg/L Cl)
Cobre dissolvido (mg/L Cu) 0,005 7,8 mg/L -
Crômio total (mg/L Cr) 0,05 1,1 -
Ferro dissolvido (mg/L Fe) 0,3 0,3 -
Fluoreto total (mg/L F) 1,4 1,4 -
Fósforo total (mg/L P) 0,062 0,093 -
Manganês total (mg/L Mn) 0,1 0,1 -
Mercúrio total (mg/L Hg) 0,0002 1,8 mg/L -
Níquel total (mg/L Ni) 0,025 74,0 mg/L -
Nitrato (mg/L N) 0,40 0,70 -
Nitrito (mg/L N) 0,07 0,20 -
Nitrogênio amoniacal total (mg/L N) 0,40 0,70 -
Polifosfatos (determinado pela diferença
entre fósforo ácido hidrolisável total e 0,031 0,0465 -
fósforo reativo total) (mg/L P)
Prata total (mg/L Ag) 0,005 0,005 -
Selênio total (mg/L Se) 0,01 0,29 -
Sulfetos (H2S não dissociado) (mg/L S) 0,002 0,002 -
Tálio total (mg/L Tl) 0,1 0,1 -
Urânio total (mg/L U) 0,5 0,5 -
Zinco total (mg/L Zn) 0,09 0,12 -
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Aldrin + Dieldrin (µg/L) 0,0019 0,03 -
700 700
Benzeno (µg/L) -
51 (1) 51 (1)
Benzidina (µg/L) 0,0002 (1) 0,0002 (1) -
Benzo(a)antraceno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Benzo(a)pireno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
Benzo(b)fluoranteno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Benzo(k)fluoranteno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
Carbaril (µg/L) 0,32 0,32 -
Clordano (cis +trans) (mg/L) 0,004 0,09 -
Criseno (mg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
2-clorofenol (mg/L) 150,0 (1)
150,0 (1)
-
2,4 D (mg/L) 30,0 30,0 -
2,4 diclorofenol (mg/L) 290,0 (1)
290,0 (1)
-
1,2-dicloroetano (mg/L) 37,0 (1) 37,0 (1) -

68
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 18 Artigo 19 Artigo 20
1,1-dicloroeteno (mg/L) 3,0 (1)
3,0 (1)
-
3,3-diclorobenzidina (mg/L) 0,028 (1) 0,028 (1) -
Dibenzo(a,h)antraceno (mg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
DDT (p,p’ DDT+ p,p’ DDE+ p,p’ DDD)
0,001 0,13 -
(mg/L)
Demeton (demeton-O + demeton-S) (mg/L) 0,1 0,1 -
Dodecacloro pentaciclodecano (mg/L) 0,001 0,001 -
Endossulfan (a+b+sulfato) (mg/L) 0,01 0,01 -
Endrin (mg/L) 0,004 0,037 -
Etilbenzeno (mg/L) 25,0 25,0 -
Fenóis totais (substâncias que reagem
com 4-aminoantipirina) 60,0 60,0 -
(mg/L C6H5OH)
Gution (mg/L) 0,01 0,01 -
0,001 0,053
Heptacloro epóxido + heptacloro (mg/L) -
0,000039(1) 0,000039(1)
Hexaclorobenzeno (mg/L) 0,00029 (1) 0,00029 (1) -
Indeno (1,2,3-cd) pireno(mg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Lindano (g-HCH) (mg/L) 0,004 0,16 -
Malation (mg/L) 0,1 0,1 -
Metóxicloro (mg/L) 0,03 0,03 -
Monoclorobenzeno (mg/L) 25,0 25,0 -
7,9 13,0
Pentaclorofenol (mg/L) -
3,0 (1) 3,0 (1)
0,03 0,03
PCBs-Bifenilas Policlororadas (mg/L) -
0,000064(1) 0,000064(1)
Substâncias tensoativas que reagem com
0,3 0,3 -
azul de metileno (mg/L LAS)
2,4,5-T (mg/L) 10,0 10,0 -
Tolueno (mg/L) 215,0 215,0 -
Toxafeno (mg/L) 0,0002 0,210 -
2,4,5-TP (mg/L) 10,0 10,0 -
Tributil estanho (mg/L TBT) 0,01 0,37 -
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB)
80,0 80,0 -
(mg/L)
Tricloroeteno (mg/L) 30,0 30,0 -
Tetracloroeteno (mg/L) 3,3 (1)
3,3 (1)
-
2,4,6-triclorofenol (mg/L) 2,4 (1) 2,4 (1) -
* Não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidade.
(1) Padrões para corpos d’água onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo intensivo.

69
Tabela 3.3. Súmula dos Padrões de Qualidade – Águas Salobras
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 21 Artigo 22 Artigo 23
Condições
Toxicidade crônica aos organismos aquáticos Não verificação - -
Toxicidade aguda aos organismos aquáticos - Não verificação -
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Materiais flutuantes
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Toleram-se
Óleos e graxas
ausentes ausentes iridescências
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Substâncias que produzem cor, odor e turbidez
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente
Resíduos sólidos objetáveis -
ausentes ausentes
Conama
274/00
(recreação)
43/100 mL
(cultivo de
moluscos 2500/100 mL 4000/100 mL
bivalves)
88/100mL
(percentil 90%
não deverá ser
Coliformes termotolerantes
ultrapassado)
200/100 mL
(irrigação)
1000/100 mL E.coli – valor E.coli – valor
(demais usos) a critério a critério
do órgão do órgão
E.coli – valor
ambiental) ambiental)
a critério
do órgão
ambiental)
Carbono orgânico total (mg/L C) ≤ 3,0 ≤ 5,0 ≤ 10,0
Oxigênio dissolvido (mg/L O2) ≥ 5,0 ≥ 4,0 ≥ 3,0
pH 6,5 a 8,5 6,5 a 8,5 5,0 a 9,0
Substâncias facilmente sedimentáveis que
Virtualmente
contribuam para o assoreamento dos canais - -
ausentes
de navegação
Padrões / Parâmetros Inorgânicos
Alumínio dissolvido (mg/L Al) 0,1 0,1 -
0,01 0,069
Arsênio total (mg/L As) -
0,14 µg/L (1)
0,14 µg/L(1)
Berílio total (µg/L Be) 5,3 5,3 -

70
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 21 Artigo 22 Artigo 23
Boro total (mg/L B) 0,5 0,5 -
Cádmio total (mg/L Cd) 0,005 0,04 -
Chumbo total (mg/L Pb) 0,01 0,210 -
Cianeto livre (mg/L CN) 0,001 0,001 -
Cloro residual total (combinado mais livre)
0,01 19,0 µg/L -
(mg/L Cl)
Cobre dissolvido (mg/L Cu) 0,005 7,8 µg/L -
Crômio total (mg/L Cr) 0,05 1,1 -
Ferro dissolvido (mg/L Fe) 0,3 0,3 -
Fluoreto total (mg/L F) 1,4 1,4 -
Fósforo total (mg/L P) 0,124 0,186 -
Manganês total (mg/L Mn) 0,1 0,1 -
Mercúrio total (mg/L Hg) 0,0002 1,8 µg/L -
Níquel total (mg/L Ni) 0,025 74,0 µg/L -
Nitrato (mg/L N) 0,40 0,70 -
Nitrito (mg/L N) 0,07 0,20 -
Nitrogênio amoniacal total (mg/L N) 0,40 0,70 -
Polifosfatos (determinado pela diferença entre
fósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativo 0,062 0,093 -
total) (mg/L P)
Prata total (mg/L Ag) 0,005 0,005 -
Selênio total (mg/L Se) 0,01 0,29 -
Sulfetos (H2S não dissociado) (mg/L S) 0,002 0,002 -
Zinco total (mg/L Zn) 0,09 0,12 -
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Aldrin + Dieldrin (µg/L) 0,0019 0,03 -
700 700
Benzeno (µg/L) -
51 (1) 51 (1)
Benzidina (µg/L) 0,0002 (1) 0,0002 (1) -
Benzo(a)antraceno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
Benzo(a)pireno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Benzo(b)fluoranteno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Benzo(k)fluoranteno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
Carbaril (µg/L) 0,32 0,32 -
Clordano (cis +trans) (µg/L) 0,004 0,09 -
Criseno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
2-clorofenol (µg/L) 150,0 (1) 150,0 (1) -

71
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 21 Artigo 22 Artigo 23
2,4 D (µg/L) 10,0 10,0 -
2,4 diclorofenol (µg/L) 290,0 (1) 290,0 (1) -
1,2-dicloroetano (µg/L) 37,0 (1) 37,0 (1) -
1,1-dicloroeteno (µg/L) 3,0 (1)
3,0 (1)
-
3,3-diclorobenzidina (µg/L) 0,028 (1) 0,028 (1) -
Dibenzo(a,h)antraceno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
DDT (p,p’ DDT+ p,p’ DDE+ p,p’ DDD) (µg/L) 0,001 0,13 -
Demeton (demeton-O + demeton-S) (µg/L) 0,1 0,1 -
Dodecacloro pentaciclodecano (µg/L) 0,001 0,001 -
Endossulfan (a+b+sulfato) (µg/L) 0,01 0,01 -
Endrin (µg/L) 0,004 0,037 -
Etilbenzeno (µg/L) 25,0 25,0 -
Fenóis totais (substâncias que reagem com
4-aminoantipirina) 0,003 0,003 -
(mg/L C6H5OH)
Gution (µg/L) 0,01 0,01 -
0,001 0,053
Heptacloro epóxido + heptacloro (µg/L) -
0,000039(1) 0,000039(1)
Hexaclorobenzeno (µg/L) 0,00029 (1) 0,00029 (1) -
Indeno (1,2,3-cd) pireno(µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Lindano (g-HCH) (µg/L) 0,004 0,160 -
Malation (µg/L) 0,1 0,1 -
Metóxicloro (µg/L) 0,03 0,03 -
Monoclorobenzeno (µg/L) 25,0 25,0 -
Paration (µg/L) 0,04 0,04 -
7,9 13,0
Pentaclorofenol (µg/L) -
3,0 (1) 3,0 (1)
0,03 0,03
PCBs-Bifenilas Policlororadas (µg/L) -
0,000064 (1)
0,000064(1)
Substâncias tensoativas que reagem com azul
0,2 0,2 -
de metileno (mg/L LAS)
2,4,5-T (µg/L) 10,0 10,0 -
Tolueno (µg/L) 215,0 215,0 -
Toxafeno (µg/L) 0,0002 0,210 -
2,4,5-TP (µg/L) 10,0 10,0 -
Tributil estanho (µg/L TBT) 0,010 0,37 -
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB)
80,0 80,0 -
(µg/L)

72
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 21 Artigo 22 Artigo 23
Tricloroeteno (µg/L) 30,0 (1)
30,0 (1)
-
Tetracloroeteno (µg/L) 3,3 (1) 3,3 (1) -
2,4,6-triclorofenol (µg/L) 2,4 (1) 2,4 (1) -

(1) Padrões para corpos d’água onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo intensivo.

3.2.2 Resolução CONAMA nº 430 de 13/05/11


Esta resolução altera e complementa as condições e padrões de lançamento de efluentes
líquidos apresentados na Resolução CONAMA nº 357 de 17/03/05.
O Artigo 16 apresenta os padrões de emissão para lançamento em corpo receptor de
qualquer fonte poluidora, exceto efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitários,
cujos padrões estão indicados no Artigo 21 para lançamento direto em corpo receptor e no
Artigo 22 para lançamento por meio de emissário submarino.
Os padrões de emissão indicados no Artigo 16 estão apresentados na Tabela 3.6 juntamente
com os padrões indicados na legislação estadual e os indicados nos Artigos 21 e 22 estão
apresentados na Tabela 3.7.

3.3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

3.3.1 Decreto 8468 de 08/09/76


Este decreto aprova o regulamento da Lei nº 997 de 31/05/76 que dispõe sobre a prevenção
e o Controle da Poluição do Meio Ambiente e proíbe o lançamento ou liberação de poluentes
nas águas, no ar ou no solo e apresenta classificação das águas interiores do Estado de
São Paulo de acordo com os seus usos preponderantes, sendo estabelecidos os padrões
de qualidade (Artigos 11, 12 e 13) para os corpos d’água e os padrões de emissão para
efluentes a serem lançados nas águas interiores ou costeiras, superficiais ou subterrâneas
do Estado de São Paulo (Artigo 18) ou em sistema de esgotos provido de tratamento (Artigo
19-A).
No Artigo 7º é apresentada a classificação das águas de acordo com os usos preponderantes,
conforme apresentado a seguir:
– Classe 1: águas destinadas ao abastecimento doméstico, sem tratamento prévio ou
com simples desinfecção.
– Classe 2: águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional,
à irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas e à recreação de contato primário (natação,
esqui aquático e mergulho);
– Classe 3: águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional,
à preservação de peixes em geral e de outros elementos da fauna e da flora e à
dessedentação de animais;
– Classe 4: águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento avançado,
ou à navegação, à harmonia paisagística, ao abastecimento industrial, à irrigação e a
usos menos exigentes.

73
A correlação entre a classificação das águas indicada na Resolução CONAMA nº 357/05
e a legislação do Estado de São Paulo está apresentada na Tabela 3.4 e a Tabela 3.5
apresenta a súmula dos padrões de qualidade para os corpos de água.
Tabela 3.4 Correlação das Classes de Águas Doces, Salobras e Salinas da Legislação
Estadual e Federal

Águas Doces Águas Salinas Águas Salobras


São Paulo (1)
Federal (2)
São Paulo (1)
Federal (2)
São Paulo (1) Federal (2)
1 Especial - Especial - Especial
- 1(3) 1(5) 1(3) 1(5) 1(3)
2 2(3) - 2(4) - 2(4)
3 3(4) - 3 - 3
4 4 - - - -
(1) Regulamento da Lei 997/76, aprovado pelo Decreto 8468/76.
(2) Resolução CONAMA n° 357/05.
(3) Não deve ser verificado efeito tóxico crônico à organismos.
(4) Não deve ser verificado efeito tóxico agudo à organismos.
(5) Tendo em vista que as águas salinas e salobras no Estado de São Paulo não foram enquadradas, as
mesmas, de acordo com o Artigo 42 da Resolução CONAMA 357/05 são consideradas como Classe 1.

Tabela 3.5. Súmula dos Padrões de Qualidade – Águas Doces

CLASSE DO RIO 2 3 4
Regulamento da Lei 997/76
Artigo 11 Artigo 12 Artigo 13
Parâmetros Unidade
Materiais flutuantes inclusive Virtualmente Virtualmente Virtualmente
-
espumas não naturais ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente
Substâncias solúveis em hexana - -
ausentes ausentes
Substâncias que comuniquem Virtualmente Virtualmente
- -
gosto ou odor ausentes ausentes
Odor e aspecto - - - Não objetáveis
Amônia mg/L N 0,5 0,5 -
Arsênio mg/L As 0,1 0,1 -
Bário total mg/L Ba 1,0 1,0 -
Cádmio total mg/L Cd 0,01 0,01 -
Crômio total mg/L Cr 0,05 0,05 -
Cianeto mg/L CN 0,2 0,2 -
Cobre total mg/L Cu 1,0 1,0 -
Chumbo total mg/L Pb 0,1 0,1 -
Estanho mg/L Sn 2,0 2,0 -
Fenóis mg/L C6H5OH 0,001 0,001 1,0
Flúor mg/L F 1,4 1,4 -
Mercúrio mg/L Hg 0,002 0,002 -

74
CLASSE DO RIO 2 3 4
Regulamento da Lei 997/76
Artigo 11 Artigo 12 Artigo 13
Parâmetros Unidade
Nitrato mg/L N 10,0 10,0 -
Nitrito mg/L N 1,0 1,0 -
Selênio mg/L Se 0,01 0,01 -
Zinco total mg/L Zn 5,0 5,0 -
Corantes artificiais que não
sejam removíveis por processo
- Ausência Ausência -
de coagulação, sedimentação e
filtração convencionais
Coliformes totais NMP / 100 mL 5.000,0* 20.000,0* -
Coliformes fecais NMP / 100 mL 1.000,0* 4.000,0* -
DBO5,20 mg/L O2 ≤ 5,0 ≤ 10,0 -
Oxigênio dissolvido (OD) mg/L O2 ≥ 5,0 ≥ 4,0 > 0,5
* Para 80% de, pelo menos, 5 amostras colhidas, num período de até 5 semanas consecutivas.

Na Tabela 3.6 a seguir é apresentada a súmula dos padrões de emissão de efluentes


líquidos indicados no Decreto 8468 de 08/09/76 e na Resolução Conama 430 de 13/05/11
e a Tabela 3.7 apresenta os padrões de emissão da legislação ambiental federal para
Efluentes oriundos de Sistemas de Tratamento de Esgotos Sanitários e Esgotos Sanitários
Lançados por meio de Emissários Submarinos
Tabela 3.6. Súmula dos Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos

Condições / Padrões Unidade Artigo 18 (4) Artigo 16 (5) Artigo 19-A (6)
Condições
pH - ≥ 5,0 e ≤ 9,0 ³ 5,0 e ≤ 9,0 ³ 6,0 e ≤ 10,0
Temperatura °C < 40 < 40 (1)
< 40
Materiais sedimentáveis (teste de
mL/L ≤ 1,0 ≤ 1,0 (7) ≤ 20,0
1 hora em “cone Imhoff”)
Óleos e graxas mg/L ≤ 100,0 (8) - ≤ 150,0 (8)
Óleos minerais mg/L - ≤ 20,0 -
Óleos vegetais e gorduras
mg/L - ≤ 50,0 -
animais
Materiais flutuantes - - Ausência -
DBO (demanda bioquímica de
mg/L O2 60,0 (2) (9)
-
oxigênio)
Solventes combustíveis,
- - - Ausência
inflamáveis etc.
Despejos causadores de
- - - Ausência
obstrução na rede
Substâncias potencialmente
- - - Ausência
tóxicas
Padrões / Parâmetros Inorgânicos
Arsênio total mg/L As 0,2 0,5 1,5 (3)

75
Condições / Padrões Unidade Artigo 18 (4) Artigo 16 (5) Artigo 19-A (6)
Bário total mg/L Ba 5,0 5,0 -
Boro total mg/L B 5,0 5,0 (10)
-
Cádmio total mg/L Cd 0,2 0,2 1,5 (3)
Chumbo total mg/L Pb 0,5 0,5 1,5 (3)
Cianeto total mg/L CN 0,2 1,0 0,2
Cianeto livre (destilável por
mg/L CN - 0,2 -
ácidos fracos)
Cobre mg/L Cu 1,0 1,0 (dissolvido) 1,5 (3)
Crômio hexavalente mg/L Cr+6 0,1 0,1 1,5
Crômio trivalente mg/L Cr+3 - 1,0 1,5
Crômio total mg/L Cr 5,0 - 5,0 (3)
Estanho total mg/L Sn 4,0 4,0 4,0 (3)
Ferro solúvel mg/L Fe 15,0 15,0(dissolvido) 15,0
Fluoreto total mg/L F 10,0 10,0 10,0
Manganês solúvel mg/L Mn 1,0 1,0 (dissolvido) -
Mercúrio total mg/L Hg 0,01 0,01 1,5 (3)
Níquel total mg/L Ni 2,0 2,0 2,0 (3)
Nitrogênio amoniacal total mg/L N - 20,0 -
Prata total mg/L Ag 0,02 0,1 1,5 (3)
Selênio total mg/L Se 0,02 0,30 1,5 (3)
Sulfato mg/L SO4 - - 1.000,0
Sulfeto mg/L S - 1,0 1,0
Zinco total mg/L Zn 5,0 5,0 5,0 (3)
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Benzeno mg/L - 1,2 -
Clorofórmio mg/L - 1,0 -
Dicloroeteno (somatória de 1,1 +
mg/L - 1,0 -
1,2 cis + 1,2 trans) (10)
Estireno mg/L - 0,07 -
Etilbenzeno mg/L - 0,84 -
Fenóis totais (substâncias que mg/L
0,5 (fenol) 0,5 5,0 (fenol)
reagem com 4 – aminoantipirina) C6H5OH
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Tetracloreto de carbono mg/L - 1,0 -
Tolueno mg/L - 1,2 -
Tricloroeteno mg/L - 1,0 -
Xileno mg/L - 1,6 -

(1) A variação de temperatura no corpo receptor não deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura.
(2) Este valor poderá ser ultrapassado desde que o tratamento reduza no mínimo 80% da carga, em termos
de DBO.
(3) Concentração máxima do conjunto de elementos grafados sob este índice será de 5 mg/L.
(4) Do Regulamento da Lei Estadual 997 de 31/05/76 aprovado pelo Decreto 8468 de 08/09/76.

76
(5) Da Resolução CONAMA n° 430 de 13/05/2011 (válido para todos os efluentes, exceto os oriundos
de sistemas de tratamento de esgotos sanitários e os esgotos sanitários lançados através de emissários
submarinos) que alterou o Artigo 34 da Resolução CONAMA nº 357 de 17/03/05.
(6) Do Regulamento da Lei Estadual 997 de 31/05/76 aprovado pelo Decreto 8468 de 08/09/76 e
alterado pelo Decreto 15425 de 23/07/80.
(7) Em teste de uma hora em cone Inmhoff. Para lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de
circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão ser virtualmente ausentes.
(8) Substâncias solúveis em hexana.
(9) DBO 5 dias a 20ºC: remoção mínima de 60% de DBO sendo que este limite só poderá ser
reduzido no caso de existência de estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às
metas do enquadramento do corpo receptor.
(10) Não se aplica para lançamento em águas salinas.

Tabela 3.7. Súmula dos Padrões de Emissão da Resolução CONAMA nº 430/11 para
Efluentes oriundos de Sistemas de Tratamento de Esgotos Sanitários e Esgotos Sanitários
Lançados por meio de Emissários Submarinos
Condições / Padrões Unidade Artigo 21 (1) Artigo 22 (2)
Condições
pH -
≥5e≤9 ≥5e≤9
Temperatura ºC < 40 (3) < 40 (3)
Materiais sedimentáveis mL/L ≤ 1 (4) -
DBO mg/L O2 (5)
-
Substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas) mg/L ≤ 100 -
Matérias flutuantes - Ausência -
Sólidos grosseiros e materiais flutuantes - - Virtualmente ausente
Sólidos em suspensão totais - - (6)

(1) Da Resolução CONAMA nº 430 de 13/05/2011 aplicável para efluentes oriundos de sistemas de
tratamento de esgotos sanitários.
(2) Da Resolução CONAMA nº 430 de 13/05/2011 aplicável para lançamento de esgotos sanitários por meio
de emissários submarinos.
(3) A variação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3ºC no limite da zona de mistura.
(4) Em teste de uma hora em cone Inmhoff. Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de
circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes.
(5) Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO 5 dias, 20ºC: máximo de 120 mg/L sendo que este limite
somente poderá ser ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiência de
remoção mínima de 60% de DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove o
atendimento às metas de enquadramento do corpo receptor.
(6) Eficiência mínima de remoção de 20%, após desarenação.
(7) Conforme o parágrafo 1º do Artigo 21 as Condições e Padrões de Lançamento (emissão) relacionados
no Artigo 16 da Resolução CONAMA nº 430/11 poderão também ser aplicáveis aos sistemas de tratamento
de esgotos sanitários, a critério do órgão ambiental competente, em função de suas características locais,
não sendo exigível o Padrão de Nitrogênio Amoniacal Total.

3.3.2 Decreto nº 10.755/77 de 22/11/77


O estado de São Paulo foi o primeiro a ter um sistema de classificação dos corpos d’água
no Brasil que foi criado através do Decreto nº 24.806 de 1955 que também criou o Conselho
Estadual de Controle de Poluição. O Decreto nº 52.490 de 1970 dispõe sobre a proteção

77
dos recursos hídricos e o Decreto nº 52.864/72 aprova o enquadramento de 50% dos corpos
d’água.
O Decreto nº 10.755/77 enquadra os principais corpos d’água do estado e seus afluentes
de acordo com os usos preponderantes, conforme classificação apresentada no Decreto nº
8.468/76.

3.3.3 Resolução SMA nº 3 de 22/02/00


Esta resolução implementa o controle ecotoxicológico de efluentes líquidos no Estado de
São Paulo, não sendo permitido o lançamento de efluente que possa causar ou possua
potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos de acordo com as relações
que fixam a toxicidade permissível, conforme apresentado a seguir:
D.E.R < CE 50 ou CL 50 ou D.E.R < CENO
100 10
onde:
D.E.R = Vazão Média do Efluente . 100
Vazão Média do Efluente + Q 7,10 do Corpo Receptor
D.E.R = Diluição do Efluente no Corpo Receptor, em %
CE 50 = Concentração do efluente que causa efeito agudo a 50 % dos organismos aquáticos,
em um determinado período de tempo, em %
CL 50 = Concentração do efluente que causa efeito agudo (letalidade) a 50% dos organismos
aquáticos, em um determinado período de tempo, em %
CENO = Concentração do efluente que não causa efeito crônico observável, em %

3.3.4 Lei nº 12.183, de 29/12/05


Esta lei foi regulamentada pelo Decreto nº 50.667 de 30/03/06 e dispõe sobre a cobrança
pela utilização dos recursos hídricos do domínio do Estado de São Paulo e embora o seu
objetivo principal seja a cobrança pelo uso da água, também é uma ferramenta de controle
de poluição das águas, uma vez que a cobrança para os lançamentos de efluentes em
corpos d’água leva em consideração as cargas poluidoras lançadas.
De acordo com o Decreto nº 50.667/06, o valor da cobrança resultará do produto do volume
de água captado, derivado ou extraído e da carga poluidora lançada pelo Preço Unitário
Final (PUF). Os volumes de água serão aqueles constantes das outorgas para os usos
declarados e as cargas poluidoras serão obtidas nas licenças ambientais ou ainda poderão
ser utilizados os valores fornecidos pelo usuário quando da realização do ato convocatório.
O PUF será obtido por meio da multiplicação do Preço Unitário Básico (PUB) por
Coeficientes Ponderadores, que tem como objetivo diferenciar os valores cobrados e servir
como mecanismo de compensação e incentivo, considerando a qualidade das águas da
bacia hidrográfica e a iniciativa de usuários devolverem água com melhor qualidade ao
meio ambiente. O valor máximo para o PUF para captação, derivação ou extração de água
não poderá ultrapassar o valor de 0,001078 UFESP por metro cúbico de água.
O valor da cobrança pelo lançamento de efluentes será a soma das parcelas referentes a
cada parâmetro, não podendo ultrapassar em três vezes o valor cobrado pelo volume de
água captado, derivado ou extraído, desde que estejam sendo atendidos os padrões de
emissão de efluentes da legislação ambiental vigente.

78
Dessa maneira, o valor total da cobrança deve ser realizado utilizando-se a seguinte fórmula,
conforme Anexo 1 do Decreto nº 50.667/06.
Valor Total da Cobrança=ΣPUFCAP.VCAP + ΣPUFCONS.VCONS + ΣPUF parâmetro(x).Qparâmetro(x)
onde:
VCAP = volume total (m3) captado, derivado ou extraído, por uso, no período, em corpos
d’água;
VCONS = volume total (m3) consumido por uso, no período, decorrente de captação, derivação
ou extração de água em corpos d’água;
Qparâmetro(x) = Valor médio da carga do parâmetro(x) em Kg presente no efluente final lançado,
por lançamento, no período, em corpos d’água;
PUFs = Preços Unitários Finais equivalentes a cada variável considerada na fórmula da
cobrança.
Os valores dos Preços Unitários Finais para a Captação, Consumo e Lançamento serão
obtidos pelas fórmulas:
PUFCAP = PUBCAP . (X1 . X2 . X3 . ... . X13)
PUFCONS = PUBCONS . (X1 . X2 . X3 . ... . X13)
PUFparâmetro(x) = PUBparâmetro(x) . (Y1 . Y2 . Y3 . ... . Y9)

onde:
PUFn = Preço Unitário Final correspondente a cada variável n considerada na fórmula da
cobrança;
PUBn = Preço Unitário Básico definido para cada variável n considerada na fórmula da
cobrança.
Xi =coeficientes ponderadores para captação, extração, derivação e consumo.
Yi = coeficientes ponderadores para os parâmetros de carga lançada.
Os valores de n correspondem a:
CAP = captação, extração, derivação;
CONS = consumo;
Parâmetro(x) = lançamento de carga.
Cada Comitê de Bacia Hidrográfica estabelecerá os critérios para definição dos Coeficientes
Ponderadores assim como os Preços Unitários Básicos (PUB). Os coeficientes ponderadores
poderão levar em conta a classe do corpo d’água, a disponibilidade hídrica, o tipo de uso,
eficiência do sistema de tratamento, tipo de empreendimentos, práticas de reuso de água,
etc.

79
3.4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL E CARGAS POLUIDORAS

O Licenciamento Ambiental das fontes de poluição das águas é importante ferramenta para
a manutenção ou restituição da qualidade da água dos corpos d’água, devendo ser exigido
o atendimento aos padrões de emissão de efluentes líquidos previstos na legislação federal
e estadual, devendo-se ainda observar que o lançamento de efluentes líquidos não poderá
provocar o desenquadramento do corpo d’água receptor.
Em alguns casos onde o lançamento de efluentes é feito em corpo d’água que já está
com sua qualidade comprometida, recomenda-se que o efluente líquido atenda os padrões
de qualidade para os parâmetros em desconformidade, por exemplo, se um corpo d’água
Classe 3 estiver desenquadrado para o parâmetro DBO, o efluente deverá ser lançado com
concentração de DBO menor ou igual a 10 mg/L, que é o limite estabelecido para esse
parâmetro nos padrões de qualidade para corpo d’água Classe 3.
Outro mecanismo utilizado para o controle das fontes de poluição é o estabelecimento da
carga máxima para o lançamento de determinado poluente de maneira a não provocar o
desenquadramento do corpo d’água, visto que o potencial poluidor de um efluente está
diretamente relacionado não só a concentração do poluente, mas também com a vazão de
lançamento.

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Autodepuração dos Corpos D’Água
Aula 4

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4. AUTODEPURAÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA
Um curso d’agua em seu estado natural se constitui em ecossistema, onde coexistem
inúmeros organismos que se relacionam entre si e com o próprio ambiente e sendo assim,
qualquer modificação introduzida pode provocar sérios desequilíbrios, eliminando algumas
espécies, desenvolvendo exageradamente outras, enfim, provocando a alteração do meio
ambiente.
A maioria das espécies de organismos que habita um curso d’agua necessita de oxigênio
dissolvido (OD) no meio líquido para sua sobrevivência e sendo assim, sua existência
nesse meio, implica num consumo contínuo de oxigênio e caso não haja um processo de
suprimento, em pouco tempo ocorreria a morte da maioria dos organismos.
O lançamento de efluentes nos corpos d’água provocará alterações em suas características
físicas, químicas e biológicas, dependendo do tipo de carga poluidora lançada. Assim, para
fins de avaliação da qualidade de um corpo receptor são considerados três casos gerais:
yy Parâmetros Conservativos: quando a concentração do parâmetro não decai no tempo
ou não desaparece no corpo receptor por meio de processos de sedimentação,
absorção ou outros. Exemplo: Sólidos Dissolvidos, Cloretos, Pesticidas, Herbicidas,
observando que esses dois últimos tem decaimento muito lento;
yy Parâmetros não Conservativos: quando a concentração do parâmetro decai no tempo.
Exemplo: DBO, Oxigênio Dissolvido, Coliformes, entre outros;
yy Nitrogênio e Fósforo: que possuem formas individuais que variam ao longo do
percurso. Por exemplo, o nitrogênio amoniacal se transforma em nitrito e depois em
nitrato.
O lançamento de efluentes nos corpos d’água, especialmente esgotos sanitários, pode
resultar indiretamente no consumo de oxigênio dissolvido, tendo em vista a introdução de
matéria orgânica no meio, que constitui um dos principais problemas de poluição das águas.
Assim, a escolha do sistema de tratamento de efluentes deverá considerar, além das
características dos efluentes brutos, as características de uso da água a jusante do
lançamento e a capacidade de autodepuração, ou seja, a capacidade natural do corpo
receptor em restabelecer o equilíbrio do meio líquido através de processos de decomposição
biológica.
O teor de oxigênio dissolvido em um corpo d’água ou a porcentagem da Concentração de
Saturação de oxigênio (Cs) depende de vários fatores, entre eles a altitude, temperatura,
acidentes geográficos, salinidade, vazão, velocidade de escoamento, etc. Quanto maior
a temperatura menor é a concentração de oxigênio dissolvido presente na água; quanto
maior a altitude, menor a concentração de OD; e quanto maior a salinidade também é
menor a concentração de OD.
A Concentração da Saturação de oxigênio (Cs) é função da temperatura da água e da
altitude e pode ser calculada com base em considerações teóricas ou fórmulas empíricas.
Maiores temperaturas reduzem a concentração de saturação, assim como o aumento da
altitude.
A Tabela 4.1 apresenta informações preliminares de condição de vida aquática, porcentagens
de saturação de oxigênio dissolvido e concentração de DBO dependendo das condições do
corpo d’água.

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Tabela 4.1 Condições de Vida Aquática
Aspecto OD, %
Condição do Rio DBO5,20º (mg/L) Vida peixes
estético saturação
Muito limpo 1 Bom 80% Vida aquática
Limpo 2 Bom 80% Vida aquática
Relativamente limpo 3 Bom 80% Vida aquática
Duvidoso 5 Turvo 50% Só os mais resistentes
Pobre 7,5 Turvo 50% Só os mais resistentes
Mau 10 Mau Quase nulo Difícil
Péssimo 20 Mau Quase nulo Difícil

Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

O processo de autodepuração (assimilação) de um corpo d’água se desenvolve ao longo


do tempo, podendo ser dividido em quatro zonas principais, que estão descritas a seguir,
considerando o lançamento de matéria orgânica.

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Figura 4.1. Delimitação das zonas de autodepuração.
Fonte: Von Sperling, M. Introdução à Qualidade das águas e ao Tratamento de Esgotos. 2005.

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a) Zona de Degradação
Localiza-se logo após o lançamento. A água apresenta-se turva e escura. Os sólidos
sedimentáveis do esgoto tendem a se depositar no fundo, onde entram em decomposição
anaeróbica. As concentrações de oxigênio dissolvido caem rapidamente, havendo aumento
dos teores de gás carbônico e amônia, podendo ocorrer redução do pH, tornando a água mais
ácida. O número de seres vivos diminui, podendo ser extintos ou expulsos, dependendo de
sua resistência às novas condições do meio. Observa-se a presença de bactérias, fungos e
protozoários e evasão de hidras, esponjas, musgos, crustáceos, moluscos e peixes.

b) Zona de Decomposição Ativa


Localiza-se após a zona de degradação e corresponde aos níveis mais baixos de oxigênio
dissolvido (em casos de poluição maciça, o OD nesta zona pode chegar a zero). A água
ainda apresenta coloração acentuada. Caracteriza-se pela decomposição anaeróbica em
toda massa líquida e pela geração de gases como metano, gás sulfídrico, mercaptanas,
entre outros, alguns deles responsáveis por geração de odor. O nitrogênio apresenta-se
em grande parte convertido a amônia. Há aumento no número de protozoários e redução
das bactérias entéricas, sendo observada a presença de alguns macrorganismos e larvas
de insetos.

c) Zona de Recuperação
Localiza-se após a zona de decomposição ativa e corresponde a um lento crescimento
do nível de oxigênio dissolvido. A água está mais clara e os depósitos de lodo no fundo
apresentam textura mais granulada, não havendo mais desprendimento de gases e mau
cheiro. A maior parte da matéria orgânica já foi parcialmente estabilizada nas zonas de
montante, ou seja, foi transformada em compostos inertes, reduzindo assim o consumo
de oxigênio dissolvido, cujas concentrações tendem a subir, pois a quantidade de oxigênio
fornecida pela reaeração é maior que o consumo devido a respiração bacteriana. O
gás carbônico e a amônia decrescem, e nota-se a presença de nitratos provenientes da
mineralização da matéria orgânica. O número de bactérias diminui devido à redução da
matéria orgânica que lhes serve de alimento. Reaparecem os fungos e algumas algas.
Há presença de moluscos e vários vermes, esponjas, musgos e larvas de insetos e com
a diversificação da cadeia alimentar começam a surgir peixes mais resistentes e plantas
aquáticas.

d) Zona de Água Limpa


Nesta zona, devido ao fenômeno natural de reaeração, o curso d’água recupera o seu
teor de oxigênio dissolvido, restabelecendo o equilíbrio, recuperando a aparência do seu
estado natural antes do lançamento da carga poluidora. A matéria orgânica apresenta-
se estabilizada e a concentração de oxigênio dissolvido próxima a de saturação. Há
restabelecimento da cadeia alimentar, sendo encontrados grandes crustáceos de água
doce, moluscos e vários peixes.

90
4.1 BALANÇO DO OXIGÊNIO DISSOLVIDO

O oxigênio dissolvido é um importante parâmetro para a avaliação da qualidade de um corpo


d’água e sua concentração indicará a condição do corpo receptor devido ao lançamento de
cargas poluidoras pontuais ou difusas.
A diferença entre a concentração de oxigênio dissolvido e a concentração real em qualquer
ponto do corpo d’água é denominado de “déficit de oxigênio – D.O.” e indica uma situação
de desequilíbrio no meio.
O consumo de oxigênio dissolvido se dá pela decomposição biológica da matéria orgânica
carbonácea (DBO) e nitrogenada, pela decomposição do lodo do fundo, pela respiração
de plantas e animais e também em alguns casos pelo lançamento de efluentes industriais
quando pode ocorrer um consumo imediato de oxigênio na região do descarte.

4.1.1 Consumo de Oxigênio – Constante de Desoxigenação


O processo de decomposição biológica ocorre em duas fases, a síntese onde os
microrganismos consomem a matéria orgânica disponível para suprir suas necessidades,
resultando em aumento de organismos e consumo de oxigênio, e a fase de respiração
endógena, que ocorre quando os microrganismos passam a consumir oxigênio devido
ao esgotamento da matéria orgânica, resultando em auto-oxidação da matéria celular e
redução do número de organismos. As velocidades ou taxas em que essas reações ocorrem
são diferentes, a da síntese é muito maior do que a da respiração endógena, no entanto,
admite-se uma taxa global ou constante de desoxigenação – k1, da reação, englobando as
duas fases.
A constante de desoxigenação k1 depende do tipo de matéria orgânica presente no meio
líquido, ou seja, depende do tipo e grau de tratamento dos efluentes e do tipo e grau de
poluição do corpo d’água. Por exemplo, a constante k1 de um efluente bruto é maior que
a de um efluente tratado, pois o primeiro, rico em matéria orgânica, provocará consumo
de oxigênio mais rápido na fase de síntese do que o efluente tratado, cuja maior parte da
matéria orgânica foi removida no tratamento.
A constante de desoxigenação devido aos organismos nitrificantes – kn, é menor que a
constante k1, relativa a matéria orgânica carbonácea, e depende do tipo de efluente lançado
e da presença de organismos nitrificantes.
As constantes de desoxigenação dependem ainda das temperaturas uma vez que as
reações biológicas são aceleradas com o aumento de temperatura.
As constantes de desoxigenação de um corpo d’água - kr devem considerar, além do
processo de decomposição biológica para a remoção de matéria orgânica, a ocorrência de
remoção por processos como sedimentação e volatilização que ocorrem ao longo de seu
curso.
A Tabela 4.2 apresenta algumas faixas de variação para constantes de desoxigenação em
esgotos e corpos d’água, para a temperatura de referência de 20ºC.
Tabela 4.2 Faixas de variação da Constante de Desoxigenação – k1 e kr

Situação Base e Base 10


Esgoto – k1
Bruto 0,35 – 0,60 0,15 – 0,25
Efluente de tratamento primário 0,30 – 0,40 0,12 – 0,16

91
Efluente de tratamento secundário 0,10 – 0,20 0,04 – 0,08
Corpo d’água - kr
Pouco poluído 0,10 – 0,15 0,04 – 0,06
Com oxidação biológica “normal” 0,10 – 0,60 0,04 – 0,25
Com alguma sedimentação 0,60 – 0,80 0,26 – 0,35
Com sedimentação ou rasos com elevada oxidação 1,00 – 3,00 0,43 – 1,30
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

A decomposição do lodo sedimentado no fundo do rio se dá em grande parte em condições


anaeróbias devido a dificuldade de penetração de oxigênio no lodo, no entanto, na camada
superficial do lodo a decomposição ocorre por meio aeróbio, ocorrendo assim consumo de
oxigênio.

4.1.2 Reaeração
O oxigênio dissolvido de um corpo d’água resulta principalmente, do processo natural
de reaeração, ou seja, da absorção do ar pela água durante o escoamento, sendo maior
quando há maior turbulência, dependendo assim das características da seção do rio e
existência de cascatas, corredeiras, etc.
O coeficiente de reaeração – k2 de um corpo d’água é função da temperatura da água e
da área superficial de interface ar/água e das condições de escoamento e sendo assim
apresenta variações ao longo de um mesmo rio. A Tabela 4.3 apresenta faixas de variação
de k2 para algumas características de rios.
Tabela 4.3 Faixas de variação do Coeficiente de Reaeração – k2

Características Base e Base 10


Pequenos lagos e remansos 0,11 – 0,23 0,05 – 0,10
Lagos de grande porte 0,23 – 0,35 0,10 – 0,15
Rios com baixa velocidade 0,35 – 0,46 0,15 – 0,20
Rios com velocidade normal, sem corredeiras 0,46 – 0,70 0,20 – 0,30
Corredeiras >1,15 >0,50
Rio Paraíba do Sul (*)
Trecho São Paulo 0,35 – 1,84 0,15 – 0,80
Trecho Rio de Janeiro 0,80 – 6,90 0,35 – 3,00
Rio Tietê (*) 0,11 – 2,20 0,05 – 1,00
(*) campanhas CETESB, IES/FEEMA
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

O balanço do oxigênio dissolvido em um corpo d’água após o lançamento de uma carga


poluidora pode ser representado na curva de depleção de oxigênio, que indica a somatória
dos fenômenos de desoxigenação e reaeração, conforme apresentado na Figura 4.1.

92
Figura 4.1 Curva de Depleção de Oxigênio

Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

4.2 MODELO DE STREETER PHELPS

O modelo clássico de OD e DBO de Streeter Phelps estabeleceu as bases matemáticas da


curva de depleção de oxigênio dissolvido, considerando os fenômenos de desoxigenação
e reaeração e verificando o ponto mais crítico na curva de depleção, onde a concentração
de oxigênio atinge o menor valor. As equações desenvolvidas permitem calcular o “tempo
crítico” onde a concentração de OD é mínima e assim, o sistema de tratamento a ser
adotado deve ser tal que garanta eficiência suficiente na remoção de DBO que garanta
concentrações mínimas de OD atendendo a legislação ambiental. Esse modelo é válido
para condições estacionárias, ou seja, não simula situações que variam com o tempo, e
considera as características uniformes de determinado trecho do corpo d’água, ou seja,
havendo alterações de seção e declividade devem ser simulados sub-trechos.
As informações de entrada no modelo se referem às vazões e concentrações no ponto
de lançamento dos efluentes, na denominada zona de mistura, que retrata também as
condições de diluição e consequentemente a capacidade do corpo receptor na assimilação
de cargas poluentes.
A equação geral da mistura é simplesmente uma média ponderada das concentrações e
vazões dos meios que se misturam, ou seja, do rio e do efluente lançado ou do rio e do
afluente.

Qr.Cr + Qe.Ce
C0 =
Qr + Qe

93
onde:
C0 = concentração do constituinte na mistura (mg/L ou g/m3)
Cr = concentração do constituinte no rio (mg/L ou g/m3)
Ce = concentração do constituinte no efluente (mg/L ou g/m3)
Qr = Vazão do rio (L/s ou m3/s)
Qe = Vazão do efluente (L/s ou m3/s)

A razão de diluição, ou seja, a razão entre a vazão do rio e a vazão de esgotos pode
ser utilizada para se avaliar rapidamente o impacto de um determinado lançamento. Por
exemplo, um efluente com concentração de DBO de 100 mg/L lançado em um rio limpo com
DBO de 0 mg/L e sendo a razão de diluição de 10, resultará em concentração de DBO na
mistura de 100/10=10 mg/L.

Os dados de entrada para o modelo são:


Qr - Vazão do rio (L/s ou m3/s)
Qe - Vazão do efluente (L/s ou m3/s)
ODr – Oxigênio dissolvido no rio a montante do lançamento (mg/L)
ODe – Oxigênio dissolvido no efluente (mg/L)
DBOr – concentração de DBO5,20 no rio a montante do lançamento (mg/L)
DBOe – concentração de DBO5,20 no efluente (mg/L)
k1 - coeficiente de desoxigenação (d-1)
k2 - Coeficiente de reaeração (d-1)
v - velocidade de percurso do rio (m/s)
Cs – concentração de saturação de OD (mg/L)

Dados de saída do modelo:


t - tempo de percurso (d)
ODmín – oxigênio dissolvido mínimo permissível (mg/L)

Para a vazão do rio, considera-se a vazão crítica, ou seja, a situação mais desfavorável
quando a vazão é mínima e consequentemente a capacidade de diluição é menor.
O Estado de São Paulo adota como vazão crítica ou de referência, a vazão Q7,10, que
corresponde a mínima vazão com um período de retorno de 10 anos e período de duração
da mínima de 7 dias consecutivos. Alguns órgãos ambientais adotam como vazão de
referência a Q90 (ou Q95), que corresponde a vazão em que 90% (ou 95%) dos dados diários
de vazão de uma série histórica são superiores a ela, ou seja, 10% (ou 5%) das vazões
diárias são inferiores.

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Tratamento de Efluentes Líquidos
Aula 5

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5. TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS

5.1 PRINCIPAIS TIPOS DE SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

Os sistemas de tratamento de efluentes possuem classificação quanto ao tipo de processo


utilizado (físico, químico ou biológico) e quanto ao grau e eficiência de remoção de poluentes
das unidades, sendo denominados tratamentos Preliminar, Primário, Secundário e Terciário/
Avançado, conforme resumido na Tabela 5.1.
Tabela 5.1. Níveis de Tratamento

NÍVEL DE TRATAMENTO
ITEM
PRELIMINAR PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO
Sólidos não
Nutrientes;
sedimentáveis;
Sólidos Matéria orgânica;
DBO em suspensão
Sedimentáveis; Sólidos
fina;
Poluentes DBO em suspensão suspensos;
Sólidos Grosseiros. DBO solúvel;
removidos (matéria orgânica Patógenos;
Nutrientes
presente nos sólidos Poluentes
(parcialmente);
sedimentáveis). tóxicos ou
Patógenos
biodegradáveis.
(parcialmente).
SS: 80 a 99%;
SS: 5 a 20%; SS: 40 a 70%; SS: 65 a 95%;
DBO: 40 a 99%;
DBO: 5 a 10%; DBO: 25 a 50%; DBO: 60 a 95%;
Eficiência Nutrientes: até
Nutrientes: não Nutrientes: não Nutrientes: 10 a
de Remoção 99%;
remove; remove; 50%;
Bactérias: até
Bactérias: 10 a 20%. Bactérias: 25 a 75%. Bactérias: 70 a 99%.
99,999%.
Físico, Físico-
Físico ou Físico-
Mecanismo Físico. Biológico. Químico ou
Químico.
Biológico.
Atende
padrão de Não. Não. Usualmente sim. Sim.
emissão
Tratamento mais
completo para Tratamento
matéria orgânica avançado para
Montante de Tratamento parcial; e sólidos em polimento visando
elevatória; Etapa intermediaria suspensão (para atendimento
Aplicação
Etapa inicial de de tratamento mais nutrientes e a padrões de
tratamento. completo. coliformes, com emissão mais
adaptações ou restritivos ou
inclusão de etapas reuso de água.
especificas).
Lagoas de
Polimento;
Filtros Biológicos;
Sedimentação; Filtração com
Gradeamento; Lodos Ativados;
Flotação; Membranas;
Peneiras; Caixa Valos de Oxidação;
Unidades Precipitação Filtração Lenta ou
de Areia; Caixa de Lagoas de
Química; Sistemas Rápida através de
Gordura. Estabilização;
Anaeróbios. meios porosos;
Lagoas Aeradas.
Tratamento Físico
– Químico.

101
5.1.1 Tipos de Processo
yy Processos Físicos: se caracterizam pela remoção de substâncias fisicamente
separáveis dos líquidos ou que não estejam dissolvidas através de processos
predominantemente físicos, que incluem remoção de sólidos grosseiros, de sólidos
sedimentáveis e sólidos flutuantes, remoção de umidade de lodo, filtração dos
esgotos, etc.
yy Processos Químicos: quando há a adição de produtos químicos, geralmente utilizado
quando os processos físicos e biológicos não atendem as características desejadas
para o efluente tratado ou para melhorar o desempenho de processos físicos e
biológicos. Os processos químicos normalmente adotados são: coagulação e
floculação, precipitação química, oxidação química, cloração e correção de pH.
yy Processos Biológicos: dependem da ação de microrganismos presentes no esgoto
para a degradação da matéria orgânica e procuram reproduzir os fenômenos
biológicos observados na natureza em unidades projetadas e em tempos
economicamente justificáveis. Na alimentação predominam fenômenos que
transformam compostos complexos em compostos simples como sais minerais,
gás carbônico, etc. Os processos biológicos são divididos em processos aeróbios e
anaeróbios.
yy Dentre os processos aeróbios podemos citar lodos ativados, filtros biológicos, valos de
oxidação e lagoas de estabilização. Os processos anaeróbios são reatores anaeróbios
de fluxo ascendente, lagoas anaeróbias e tanques sépticos.

5.2 TRATAMENTO PRELIMINAR

As unidades de tratamento preliminar têm como objetivo a remoção de sólidos grosseiros,


óleos e graxas e areia.

5.2.1 Gradeamento
Esta unidade tem como finalidade a proteção de tubulações, peças e equipamentos do
sistema de tratamento de esgotos. Os dispositivos utilizados são barras de ferro ou aço
paralelas, verticais ou inclinadas, com espaçamento adequado para retenção de material
sem produzir grandes perdas de carga.
As grades são classificadas de acordo com o seu espaçamento e seção transversal típica
conforme apresentado na Tabela 5.2 a seguir.
Tabela 5.2. Classificação das Grades
Espaçamento
Tipo de Grade Seção Transversal Típica (pol.)
(mm)
3/8 x 2
3/8 x 2 ½
Grade Grosseira 40 a 100
1/2 x 1 ½
1/2 x 2
5/26 x 2
Grade Média 20 a 40 3/8 x 1 ½
3/8 x 2
1/4 x 1 ½
Grade Fina 10 a 20 5/16 x 1 ½
3/8 x 1 ½
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

102
A inclinação das grades depende da maneira como será realizada a limpeza, sendo 45 a
60º para grades com limpeza manual com ancinhos e 70 a 90º para limpeza mecanizada
realizada com rastelo.

ETE Suzano. Grade Grossa. ETE Suzano. Grade Média.

5.2.2 Peneiras
Tem como finalidade a remoção de sólidos finos ou fibrosos e são classificadas em estáticas
e móveis.
yy Peneiras Estáticas
– Retenção de material através do efeito do fluxo líquido durante o peneiramento;
– Não requer energia e não possui peças móveis;
– Ocupam maiores áreas;
– Abertura da malha da peneira: de 0,25 a 2,5 mm.

Figura 5.1 Peneira Estática.

103
yy Peneiras Móveis
– Principais tipos constituídos de cilindros giratórios formados por barras de aço
inoxidável;
– Abertura da malha da peneira: 0,25 a 2,50 mm;
– Classificação: de fluxo tangencial, axial e frontal.
 Peneiras Móveis de Fluxo Tangencial
- Operação e manutenção simplificada;
- Grande capacidade de processamento de efluente líquido;
- Elevada eficiência na remoção de material flutuante;
- Baixa eficiência para a remoção de DBO e SST.

Figura 5.2 Peneira Móvel de Fluxo Tangencial.


Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

 Peneiras Móveis de Fluxo Axial


- Elevada eficiência na remoção de material flutuante;
- Maior eficiência para remoção de SST do que nas peneiras móveis de fluxo
tangencial.

104
Figura 5.3 Peneira Móvel de Fluxo Axial.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

 Peneiras Móveis de Fluxo Frontal


- Conjunto de barras com espaçamento reduzido, de 0,6 a 5,00 mm;
- Podem ser instaladas diretamente no canal afluente, ocupando menor
espaço.

5.2.3 Caixa de Areia


Tem como finalidade a proteção das instalações a jusante e aos corpos receptores,
principalmente devido ao assoreamento. A areia é retida através de sedimentação, sem a
deposição de matéria orgânica. O dispositivo de remoção pode ser manual ou mecânico
com bandejas de aço removidas por talha e carretilha, raspadores, sistemas “air lift”, etc. A
velocidade de escoamento horizontal é de 0,30 m/s.
São removidas partículas com diâmetro efetivo de 0,2 a 0,4 mm e massa específica de
2.650 kg/m3 e a velocidade de sedimentação é de 2,0 cm/s.
As caixas de areia se classificam em:
yy Tipo canal com velocidade constante controlada por Calha Parshall;
yy Secção quadrada em planta, com remoção mecanizada;
yy Caixa de areia aerada;
yy Caixa de areia tipo “Vortex”.
A limpeza da caixa de areia é realizada quando o material acumulado ocupar metade da
altura útil do canal em 2/3 de todo o seu comprimento.

105
Caixa de Areia com velocidade controlada
por Calha Parshall.

5.2.4 Calha Parshall


A Calha Parshall é uma unidade de medição de vazão idealizada pelo engenheiro
americano R. I. Parshall que consiste em uma seção convergente, uma seção estrangulada
denominada garganta e uma seção divergente que resultam em uma relação entre vazão e
altura da lâmina d’água em determinada seção a montante. As dimensões dessa unidade
são padronizadas e dependem da largura “W” de garganta da calha, existindo uma faixa de
vazão aplicável para cada largura “W”, conforme Tabela 5.3.
A régua para a leitura da altura da lâmina d’água deve estar posicionada na seção
convergente, em ponto localizado a 2/3 do fim desta seção, conforme indicado na Figura
5.4.

106
Figura 5.4 Calha Parshall.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

Tabela 5.3. Dimensões padrão da Calha Parshall


Capacidade
W Dimensões (cm)
(L/s)
Pol. cm A B C D E F G K N Qmín. Qmáx.
3 7,6 46,6 45,7 17,8 25,9 61,0 15,2 30,3 2,5 5,7 0,85 53,8
6 15,2 62,1 61,0 39,4 32,1 61,0 30,5 61,0 7,6 11,4 1,42 110,4
9 22,9 88,0 86,4 38,0 57,5 76,3 30,5 45,7 7,6 11,4 2,55 251,9
12 30,5 137,2 134,4 61,0 84,5 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 3,11 455,6
18 45,7 144,9 142,0 76,2 102,6 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 4,25 696,2
24 61,0 152,5 149,6 91,5 120,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 11,89 936,7
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

O cálculo da vazão correspondente a determinada lâmina d’água “h” é realizado pela relação
Q=K.hn, onde Q corresponde a vazão em m3/s e K e n são coeficientes definidos em função
da largura de garganta, conforme Tabela 5.4.
Tabela 5.4. Expoente n e Coeficiente K

Garganta “W” W (m) n K


3” 0,076 1,547 0,176
6” 0,152 1,580 0,381
9” 0,229 1,530 0,535
1’ 0,305 1,522 0,690

107
2’ 0,610 1,550 1,426
3’ 0,915 1,566 2,182
4’ 1,220 1,578 2,935
6’ 1,830 1,595 4,515
8’ 2,440 1,606 6,101
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

Deve-se ressaltar que a relação descrita somente é válida para escoamento em descarga
livre e em condições onde a Calha Parshall operar afogada seja pela existência de obstáculos
ou por níveis elevados nas unidades a jusante, as medições devem ser corrigidas.
O escoamento será livre quando a relação entre as profundidades medidas na seção
convergente e na garganta forem igual ou inferior a 0,60 para calhas de 3, 6 ou 9” e igual ou
inferior a 0,70 para calhas de 1 a 8’. Nas demais condições considera-se que o escoamento
é afogado.
A Calha Parshall também pode ser utilizada para controlar a velocidade de escoamento
na caixa de areia, para isso deve ser instalada imediatamente a jusante dessa unidade
(retangular e com seção trapezoidal) devendo existir um desnível ou rebaixo “z” entre o
fundo da calha e o fundo da caixa de areia de maneira a possibilitar variação nas lâminas
d’água de acordo com a variação das vazões afluentes, mantendo assim a velocidade
constante de escoamento.
O cálculo do rebaixo “z” é realizado a partir da escolha da calha Parshall e definição da
garganta característica, possibilitando o cálculo das alturas de lâminas d’água para as
vazões mínimas e máximas. O rebaixo “z” é calculado admitindo-se que a velocidade na
caixa de areia é praticamente constante e assim temos:
Q=S.v = [b.(h-z)].v
Qmin= [b.(hmín – z)].v
Qmáx= [b.(hmáx – z)].v
Qmin hmín – z
=
Qmáx hmáx – z

Qmáx . hmín – Qmín . hmáx


z=
Qmáx - Qmín
onde: Q – vazão afluente (m3/s)
S – seção do canal da caixa de areia (m2)
b – largura do canal da caixa de areia (m)
h – altura da lâmina d’água no canal (m)
z – desnível entre o fundo da caixa de areia e o fundo da Calha Parshall (m)

108
Figura 5.5 Calha Parshall a jusante da Caixa de Areia.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

5.2.5 Caixa de Gordura


Tem como finalidade evitar a obstrução de tubulações, a aderência e perturbações no
funcionamento de equipamentos, a formação de odores e aspectos desagradáveis nas
unidades posteriores. A remoção de substâncias mais densas é realizada em caixa com
capacidade de acúmulo de gordura, permitindo a flutuação do material, ou por meio de
flotação com ar dissolvido com o auxílio de aeração, injeção de gás, adição de produtos
químicos, coagulação e floculação.
A limpeza deve ser periódica para a remoção da gordura retida, que pode ser reutilizada em
indústrias de sabão ou glicerina ou disposta em local devidamente licenciado.
Classificação das caixas de gordura:
yy Caixa de Gordura Domiciliar;
yy Caixa de Gordura Coletiva;
yy Dispositivo de Remoção de Gorduras em Decantadores;
yy Tanques Aerados por Ar Comprimido;
yy Separadores de Óleo;
yy Tanques de Flotação por Ar Dissolvido.

5.3 PROCESSOS DE SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS

Os processos de separação de sólidos têm como objetivo a remoção de sólidos sedimentáveis


e sólidos em suspensão.

109
5.3.1 Decantador Primário
O Decantador Primário que tem a função de reter parte dos sólidos em suspensão, bem
como o material que tende a flotar, ou seja, em um tempo de detenção adequado, os sólidos
com peso específico maior do que o da água sedimentam e os com peso específico menor
ascendem. Essa unidade reduz a carga orgânica, minimizando os custos de implantação e
operação no tratamento biológico.
A eficiência na remoção de DBO é de 25 a 35% e de SS é de 40 a 60%.
Os decantadores são classificados conforme apresentado a seguir:
yy Quanto à geometria:
- Decantadores retangulares;
- Decantadores circulares.

Figura 5.6 Decantador Circular.


Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 4 – Lodos Ativados. 2ªed.
2002.

yy Quanto Dispositivos de Remoção


de Lodo:
- Remoção mecanizada de lodo;
- Remoção hidráulica de lodo.
yy Quanto ao fundo:
- Fundo pouco inclinado;
- Fundo inclinado;
- Fundo com poços de lodo.
yy Quanto ao sentido de fluxo:
- Horizontal;
- Vertical.
yy Quanto ao acionamento:
- de tração central;
- de tração periférica. Decantador Circular. Dispositivo de remoção de lodo
mecanizado.
110
Figura 5.7 Decantador – Defletor Horizontal para evitar arraste de sólidos.
Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 4 – Lodos Ativados. 2ªed.
2002.

Decantador Retangular. Vertedor Triangular. Decantador Circular. Detalhe do coletor de escuma.

111
5.3.2 Flotadores
Os Flotadores podem ser utilizados para a remoção de óleos e graxas e sólidos em
suspensão, adensamento de lodos biológico e de processos físico-químico e em substituição
aos decantadores secundários em sistemas de lodos ativados.
A separação dos sólidos é realizada com a aplicação de ar, que pode ser realizada na
entrada da unidade com a saturação da massa líquida, ou seja, o efluente passa por um
tanque de retenção onde é aplicada pressão de 3 a 5 kg/cm2, suficiente para a saturação do
ar na água, e depois segue para o Flotador, onde minúsculas bolhas de ar são desprendidas
e arrastam os sólidos em suspensão e os óleos e graxas para a superfície. A pressurização
dos efluentes pode ser total no caso de pequenas instalações ou parcial, normalmente no
caso de grandes instalações.
O fornecimento de ar pode também ser realizado no fundo do tanque com difusores, no
entanto esse sistema apresenta baixa eficiência na remoção de sólidos e óleos.

Figura 5.8 Flotador por Ar Dissolvido.

Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

A eficiência típica de remoção em termos de DBO situa-se entre 40% e 50%, de SS entre
50% e 70% e de coliformes entre 60% e 90%.

5.3.3 Filtração
A filtração é utilizada quando se pretende a remoção de sólidos em suspensão, cor, ferro
trivalente e até mesmo DBO e compreende duas etapas, a filtração onde o efluente passa
pelo material filtrante, podendo o fluxo ser ascendente ou descendente, e a limpeza ou
retrolavagem do filtro, cuja periodicidade depende do tipo de operação do sistema, que
pode ser contínuo ou descontínuo.
Os filtros podem operar por gravidade, com camada simples ou dupla de meio filtrante, ou
pressurizados que podem operar até com tripla camada.

112
O meio filtrante do tipo granular é definido, dependendo das taxas de aplicação, do tipo de
efluente a ser tratado e eficiência desejada, podendo ser utilizados areia lavada, antracito,
carvão ativado, zeólitas e seixos. Os filtros de areia são projetados para remoção de sólidos
com granulometria maior que 20 mm e os filtros pressurizados com elemento filtrante pré-
fabricado podem remover sólidos com granulometria inferior a 5 mm.
As taxas de aplicação para os filtros por gravidade de camada simples variam entre 5 a 10
m3/m2.h e os de camada dupla entre 10 a 15 m3/m2.h, já para os filtros pressurizados as
taxas de aplicação variam de 8 a 15 m3/m2.h.
A lavagem dos filtros normalmente é realizada em contracorrente e depende do tipo de
filtro, meio filtrante e efluente tratado, sendo adotados normalmente tempos de lavagem de
5 a 10 minutos para filtros por gravidade e de 10 a 20 minutos para filtros pressurizados.

5.3.4 Filtração por Membranas


Os processos de tratamento por membranas se aplicam à remoção de sólidos suspensos,
cujo tamanho das partículas são superiores a 0,001 mm, podendo ser removidos material
particulado microscópico (bactérias, algas, vírus, material coloidal), moléculas orgânicas
(pesticidas, componentes de combustíveis, solventes, etc.) e íons (metais pesados,
salinidade excessiva, dureza).
A filtração de efluentes utilizando membranas resulta no permeado, que é a parcela que
passa pela membrana, e no concentrado, que corresponde aos sólidos retidos na membrana
(NUVOLARI; COSTA, 2010).
A classificação das membranas é feita de acordo com o tamanho dos poros e pressão
aplicada (WEF, 2006) e também de acordo com a sua origem (sintética ou biológica) e
material (orgânico ou inorgânico) (PINNEKAMP, 2006).
A microfiltração é capaz de remover sólidos coloidais e flocos formados por coagulação
e floculação, incluindo alguns contaminantes orgânicos e inorgânicos (chegando a um
efluente tratado com valores de turbidez de 0,02 UT), e alguns micro-organismos como
coliformes, Giardia, Cryptosporidium e algas com eficiência superior a 6 unidades log.
O processo de ultrafiltração possibilita a remoção de sólidos coloidais, sólidos em suspensão,
óleos e graxas, silicatos e proteínas, bem como alguns micro-organismos como coliformes,
bactérias, vírus e algas e outras macromoléculas de peso molecular maior que 5.000 g e
tamanho entre 0,01 a 0,02 µm.
A nanofiltração pode reter até íons tri e bivalentes como fosfato (PO43-) e sulfato (SO42-)
e certos íons monovalentes como o cloreto de sódio (NaCl), na faixa de 0% a 70%, e o
cloreto de cálcio (CaCl2), na faixa de 0% a 90%.
A Tabela 5.5 apresenta a classificação das membranas de acordo com sua porosidade e
principais características.

113
Tabela 5.5. Classificação das membranas.
Pressão de Taxa de fluxo Contaminantes
Membrana Porosidade (µ)
operação (kPa) (L/m2.d) removidos
Bactérias, vírus, sólidos
Microfiltração
0,1 – 10 6,89 - 206,70 405 a 1600 suspensos, emulsões
(MF)
oleosas, cryptosporidium.
Proteínas, amidos,
antibióticos, vírus, sílica
Ultrafiltração
0,01 – 0,1 20,67 – 551,20 405 a 815 coloidal, orgânicos,
(UF)
bactérias, óleo solúvel,
biomassa de lodo ativado.
Amidos, açúcares,
pesticidas, herbicidas,
Nanofiltração pirógenos, íons
0,001 – 0,01 482,30 – 1.515,80 200 a 815
(NF) divalentes, orgânicos,
metais pesados,
detergentes.
Íons monovalentes,
Osmose
< 0,001 5.512 – 8.268 320 a 490 açúcares, sais aquosos,
Reversa (OR)
corantes sintéticos.
Fonte: Adaptado de WEF, 2006; Cavalcanti, 2009; Nuvolari; Costa, 2010.
Na Tabela 5.6 são apresentadas as dimensões dos principais componentes presentes nas
águas naturais e os tipos de membranas passíveis de utilização.
Tabela 5.6. Dimensões dos principais componentes presentes em águas naturais e tipos de
membranas.

114
Fonte: Schäfer, 1999 apud Schneider; Tsutiya, 2001.
Para o tratamento de efluentes são utilizadas apenas membranas sintéticas de origem
orgânica (celulose, polímero) ou inorgânicas (cerâmica, alumínio), dependendo de sua
utilização e requisitos operacionais (PINNEKAMP, 2006).
O sistema de separação por membranas é composto por módulos que contêm os seguintes
elementos: membranas, estrutura de suporte da força aplicada ao sistema e canais de
alimentação, de remoção do permeado e do concentrado (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001;
WEF, 2006; NUVOLARI; COSTA, 2010).
Os principais tipos de módulos de membranas utilizados no tratamento de efluentes são:
placas planas, tubulares, espirais, com fibras ocas e com discos rotatórios.
yy Módulos com placas planas
É a configuração mais simples dos módulos de membranas, sendo utilizada nos processos
de ultrafiltração, nanofiltração, osmose reversa e reatores biológicos. O sistema consiste
no empilhamento vertical ou horizontal de membranas planas e placas de suporte e
possui densidade volumétrica entre 100 e 400 m2/m3 (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001). O
espaçamento médio entre placas é de aproximadamente 10 mm (WEF, 2006). A Figura 5.9
apresenta um módulo de placas planas.

Figura 5.9. Módulo de placas planas.


Fonte: Catálogo Kubota, 2005.

yy Módulos tubulares
Os módulos são formados por tubos individuais ou conjuntos de tubos de diâmetro entre
6 e 40 mm que são revestidos internamente com membranas e são colocados no interior
de cilindros de suporte. A principal desvantagem desse sistema está relacionada a sua
baixa densidade volumétrica, entretanto possibilita altas velocidades de transporte do
líquido (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001). A Figura 5.10 apresenta exemplos de módulos de
membrana tubulares.

115
Figura 5.10. Módulos tubulares.
Fonte: Boldman; Latz apud Schneider; Tsutiya, 2001.

yy Módulos espirais
O módulo de membranas espirais é formado pelo conjunto de tubos de pressão de PVC
ou de aço inox e de elementos de membranas espirais inseridos no interior dos tubos. O
elemento de membrana é formado por um pacote de membranas e espaçadores enrolados
em volta de um tubo central que coleta o permeado. O diâmetro dos elementos pode chegar
a 300 mm e o comprimento a 1,5 m e possui densidade volumétrica da ordem de 700 a
1.000 m2/m3 (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001). A Figura 5.11 apresenta esquema típico de
um módulo espiral.
Esses módulos são mais utilizados quando há necessidade de pressões altas e
intermediárias, ou seja, nanofiltração e osmose reversa.

Figura 5.11. Módulo de membrana espiral.


Fonte: Catálogo GE Power Water, 2011.

116
yy Módulos com fibras ocas
São utilizados principalmente em grandes sistemas de produção de água por microfiltração,
ultrafiltração e osmose reversa (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001).
Nos sistemas utilizados para microfiltração e ultrafiltração são utilizadas de centenas a
22.500 fibras ocas que são fixadas às duas extremidades de um tubo, resultando em
densidade volumétrica de aproximadamente 1.000 m2/m3. O fluxo de efluente pode ser
bombeado pelo interior das fibras com o permeado sendo coletado no centro do tubo ou
ser bombeado dentro do tubo e o permeado coletado nas extremidades depois de percolar
por entre as fibras.
Nos sistemas de osmose reversa são utilizadas 650.000 fibras com 41 mm de diâmetro interno
e 110 mm de diâmetro externo e a densidade volumétrica do sistema é de aproximadamente
10.000 m2/m3. Nesse tipo de sistema, as fibras são longas de maneira a serem inseridas no
tubo formando um “U” ou como pacotes de fibras paralelas e o efluente é bombeado para
o interior do tubo (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001).
O diâmetro externo das fibras ocas varia de 1 a 2 mm e a sua elevada densidade volumétrica
e a baixa pressão requerida resultam em um custo baixo e dessa maneira, os sistemas com
fibras ocas estão se tornando bastante populares em sistemas de tratamento municipais.
(WEF, 2006). A Figura 5.12 apresenta exemplos de módulos de fibras ocas.

(a)

(b)
Figura 5.12. Módulo com fibras ocas.
Fonte: (a) Catálogo Norit, 2008; (b) Catálogo GE Power Water, 2011.

yy Módulos com discos rotatórios


Os módulos com discos rotatórios são utilizados para microfiltração e ultrafiltração em
sistemas de água ou em experimentos de biorreatores de membranas. São formados

117
por membranas fixadas em placas redondas em um eixo vertical e o movimento giratório
remove a camada retida em sua superfície. Possui alto consumo de energia e se restringe
a instalações de pequeno porte (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001). O sistema com movimento
giratório foi criado com a intenção de reduzir os problemas com fouling (WEF, 2006). Na
Figura 5.13 são apresentados detalhes dos módulos com discos rotatórios.

Figura 5.13. Módulo com discos rotatórios. (a) Módulo completo. (b) Detalhe de montagem
do disco de membrana.
Fonte: Schneider; Tsutiya, 2001.

5.3.5 Osmose Reversa


A Osmose Reversa foi o primeiro sistema de tratamento avançado de efluentes que utilizou
membranas, sendo verificado que com a aplicação de energia (pressão ou vácuo) em uma
solução líquida contaminada, a água passava pela membrana deixando os contaminantes
para trás, possibilitando assim a remoção de pequenas partículas como sais, íons solúveis,
sólidos dissolvidos e materiais orgânicos. Inicialmente a utilização das membranas se
restringia ao tratamento de água potável e recarga de aquíferos (WEF, 2006).
Quando são colocadas duas soluções com concentrações diferentes separadas por
membrana semipermeável, em um recipiente, verifica-se que naturalmente haverá a
passagem do solvente da solução mais diluída para a solução mais concentrada até que
o sistema entre em equilíbrio. A diferença de pressão entre as duas colunas é chama de
pressão osmótica. A osmose reversa consiste na aplicação de uma pressão mecânica,
maior que a pressão osmótica e a resistência da membrana (de 3,4 a valores próximos de
80 bar), no lado da solução mais concentrada, provocando a separação dos sais da água,
e contaminantes com baixo peso molecular, iônicos ou não. Nesse processo são retidos
íons e praticamente toda a matéria orgânica, sendo utilizadas membranas com porosidade
nominal menor que 0,001 mm.

118
Figura 5.14 Processo de Osmose Reversa
Fonte: Schneider; Tsutiya, 2001.

A osmose reversa é utilizada na dessalinização de água salina e salobra, no tratamento


de efluentes para reuso, na produção de água ultra-pura e na concentração de soluções
específicas para recuperar elementos de interesse.
Um dos principais problemas desse processo é a geração de rejeitos químicos que são
de difícil tratamento e disposição final uma vez que as concentrações dos contaminantes
normalmente são de 5 a 10 vezes superiores às concentrações na entrada do sistema.

5.4 TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO

5.4.1 Coagulação
É a operação unitária responsável pela desestabilização das partículas coloidais em um
sistema aquoso, preparando-as para a sua remoção nas etapas subseqüentes do processo
de tratamento.
São utilizados como coagulantes o Sulfato de Alumínio (sólido ou líquido), Cloreto Férrico
(líquido), Sulfato Férrico (líquido), Cloreto de Polialumínio (sólido ou líquido), Sulfato Ferroso
(sólido ou líquido) e Coagulantes Orgânicos Catiônicos (sólido ou líquido). A quantidade
dosada de produtos químicos normalmente é definida em ensaios de laboratório (Jar-Test).
O processo requer uma agitação elevada com Gradiente de Velocidade G entre 700 e 1500
s-1 e tempo de detenção inferior a 30 s, preferencialmente entre 5 a 10 s e a dosagem dos
produtos químicos, que requer mistura rápida, pode ser realizada diretamente na Calha
Parshall ou em tanque com misturadores mecanizados.

5.4.2 Floculação
É um processo físico no qual as partículas coloidais são colocadas em contato umas com
as outras de modo a permitir o aumento de seu tamanho físico, alterando, desta forma, a
sua distribuição.
Normalmente segue-se à coagulação e é realizada com 3 estágios de gradiente de
velocidade G decrescentes, variando de 20 a 1000 s-1 e tempo de detenção de 10 a 30
minutos.

119
São utilizados como coagulantes: Eletrólitos, Agentes Tensoativos e Polieletrólitos e
a mistura lenta desses produtos com os efluentes pode ser realizada em tanques com
chicanas ou com misturadores mecanizados com pás rotativas.
No tratamento de esgotos sanitários, a eficiência na remoção de DBO situa-se entre 50%
e 75% e há remoção quase total de SS, superior a 90%, restando grande parte dos sólidos
dissolvidos.

5.4.3 Precipitação Química


É o processo de adição de reagentes no efluente de maneira promover a coagulação
química e a floculação e acelerar a sedimentação, transformando substâncias solúveis em
compostos insolúveis de fácil decantação.
A eficiência típica de remoção em termos de DBO situa-se entre 50% e 85%, de SS entre
70% e 90% e de coliformes entre 60% e 90%.
A precipitação de metais depende da concentração do metal e do pH da água, uma vez que
essas substâncias normalmente encontram-se dissolvidas na água em pH < 7,00 ou em
faixas muito alcalinas, e sendo assim a sua remoção se dá com procedimentos de ajustes
de pH com a adição de ácido ou álcali, formando hidróxidos ou sulfetos.
Cada metal possui um pH ótimo para sua precipitação, por exemplo, em faixas de pH entre
7,00 e 9,00 precipitam ferro e cobre e entre 10,00 e 11,00 precipitam níquel e cadmio, entre
9,00 e 9,50 precipita o zinco.

5.4.4 Adsorção por Carvão Ativado


O processo de adsorção por carvão ativado é recomendado para a remoção de substâncias
dissolvidas e o seu mecanismo consiste na transferência do contaminante dissolvido para
os microporos da superfície das partículas de carvão. O processo de adsorção pode ser
revertido e dessa maneira o carvão ativo pode ser reutilizado.
O carvão ativado é um material com alta porcentagem de carbono poroso e que sofre processo
de ativação para ter sua área interna aumentada, e, uma vez ativado, apresenta porosidade
interna muito maior, resultando em grande capacidade de adsorver contaminantes, sendo a
área superficial interna de 600 a 5000 m2/g. No Brasil o carvão ativado é feito com madeira,
carvão betuminoso e sub-betuminoso, osso e casca de coco.
O carvão ativado é utilizado em pó (CAP) com diâmetro menor que 200 mesh, sendo
adicionado ao efluente em tanque de contato e posteriormente decantado ou filtrado, ou
na forma granular (GAG) com diâmetro maior que 0,1 mm, em coluna de leito fixo onde o
líquido percola pelo carvão.
Outros materiais podem ser utilizados na adsorção como argilas organofilíca granular e
hidrofóbica, zeólitas naturais e sintéticas, resinas de troca iônica.
Sob condições normais, após a o tratamento de águas residuárias com carvão ativado, é
possível a obtenção de efluente com DBO entre 2 mg/L e 7 mg/L e DQO entre 10 mg/L e
20 mg/L.

5.4.5 Troca Iônica


Este processo se baseia no emprego de resinas sintéticas de troca iônica, que seqüestram
os sais dissolvidos na água por meio de uma reação química, acumulando-os dentro de
si mesma. Por este motivo, periodicamente, as resinas precisam ser regeneradas para

120
remover os sais incorporados, permitindo o emprego das resinas em um novo ciclo de
produção.
As resinas de troca iônica são pequenas esferas poliméricas carregadas com hidrogênio
(resinas catiônicas) ou hidroxilas (resinas aniônicas). As resinas catiônicas trocam seus
hidrogênios (H+) por cátions, como cálcio, magnésio, potássio, sódio etc., e na sua
regeneração é usado um ácido, geralmente clorídrico ou sulfúrico. As resinas aniônicas
trocam suas hidroxilas (OH-) por ânions, como fluoretos, cloretos, sulfatos, bicarbonatos
etc., na sua regeneração é utilizada soda cáustica.
A troca iônica é utilizada para abrandamento de água industrial, desmineralização da água,
polimento de efluentes metálicos, sendo normalmente realizada em colunas onde a resina
é colocada e por onde o efluente passa sob pressão.
Esse sistema requer pré-tratamento dos efluentes em filtros de areia ou carvão para
remoção de sólidos em suspensão e matéria orgânica para evitar problemas de colmatação
das resinas.

5.5 TRATAMENTO BIOLÓGICO AERÓBIO

5.5.1 Princípios do Tratamento Biológico Aeróbio


Os tratamentos biológicos são utilizados para remoção de matéria orgânica e eventualmente
nutrientes (nitrogênio e fósforo), por meio da reprodução do processo de degradação biológica
que ocorre naturalmente em um corpo d’água (autodepuração), onde uma grande variedade
de microrganismos utiliza a matéria orgânica disponível como alimento, convertendo essa
matéria em gás carbônico, água e material celular devido ao seu crescimento e reprodução.
Assim, os sistemas de tratamento biológico são dimensionados para operar em condições
controladas de temperatura, pH, tempo de contato, quantidade de oxigênio disponível, de
maneira proporcionar a degradação da matéria orgânica em intervalos de tempo menores
do que os naturais.
Conforme apresentado no Capítulo 4, a degradação biológica se dá em duas fases, a
síntese onde há o consumo da matéria orgânica e aumento dos organismos e consumo de
oxigênio e a respiração endógena, onde devido ao esgotamento da matéria orgânica, há
consumo de oxigênio resultando em auto-oxidação e redução de organismos.

5.5.2 Filtração Biológica


Nesse processo o reator possui em seu interior um meio suporte onde a biomassa cresce
aderida e o contato do esgoto com essa massa biológica provocará a oxidação bioquímica.
O filtro biológico é composto por mecanismos de distribuição dos esgotos, meio suporte e
sistema de drenagem do efluente, sendo encontrados:
yy Filtros Biológicos Percoladores de Baixa Carga: Os efluentes são aplicados na
parte superior do filtro sob a forma de gotas ou jatos, percolando pelo meio suporte
em direção aos drenos de fundo. O fornecimento de oxigênio para a respiração
dos microrganismos é feito pelo ar que circula entre os espaços vazios entre os
componentes do meio suporte. Profundidades até 3,00 m. O lodo biológico estará
estabilizado caso seja precedido por Fossa Séptica e assim o tratamento da fase
sólida será composto por desidratação e disposição final. As menores taxas de
aplicação por área superficial resultam em maior eficiência na remoção de DBO (85 a
93%) e de Nitrogênio (65 a 85%). Remoção de SS de 87 a 93%.

121
Figura 5.15 Filtro Biológico de Baixa Carga.

yy Filtros Biológicos de Alta Carga: similar aos Filtros Biológicos de Baixa Carga,
apresentando maiores taxas de aplicação por área superficial, resultando em menores
eficiências na remoção de DBO (80 a 90%). O sistema conta com recirculação do
efluente de maneira a manter as vazões afluentes e o lodo gerado não é estabilizado,
sendo necessárias etapas de adensamento, digestão e desidratação. A profundidade
varia de 0,90 a 2,00 m,

122
Figura 5.16 Filtro Biológico de Alta Carga.

yy Biofiltros Aerados Submersos: é composto por um tanque preenchido com material


poroso por onde o efluente e o ar fluem permanentemente. Normalmente o meio
poroso é mantido totalmente imerso e o fluxo de ar é sempre ascendente, devendo ser
fornecido durante todo o processo. A eficiência na remoção de DBO é de 88 a 95%
e de SS de 87 a 93%, sendo possível ainda a remoção de Nitrogênio com eficiência
superior a 80%.
Os biofiltros aerados podem ter enchimento granular (diâmetro de 2 a 6 mm), que
além de servir como meio suporte para os microrganismos, é um eficaz meio filtrante,
removendo sólidos em suspensão. A remoção do excesso de lodo é realizada com
procedimento de contralavagem com o próprio efluente tratado.
O enchimento dos biofiltros podem também ser de elementos estruturais como nos
filtros biológicos e nesse caso não há retenção de sólidos em suspensão e necessidade
de realizar contralavagem para lavagem do enchimento, sendo necessária unidade de
decantação a jusante.
O lodo gerado não é estabilizado, sendo necessárias etapas de adensamento, digestão
e desidratação.
yy Biodiscos: ou Reatores Biológicos de Contato, são constituídos por uma série de
discos espaçados em um eixo horizontal, que giram lentamente deixando metade
123
de sua área imersa no esgoto e a outra parte exposta ao ar permitindo a absorção
de oxigênio e formando naturalmente biofilme em toda a superfície dos discos. O
lodo biológico estará estabilizado caso seja precedido por Fossa Séptica e assim
o tratamento da fase sólida será composto por desidratação e disposição final. A
eficiência na remoção de DBO é de 88 a 95% e de SS de 87 a 93%, sendo possível
ainda a remoção de Nitrogênio com eficiência de 65 a 85%.

Figura 5.17 Biodisco.


O meio suporte pode ser de Pedregulhos, Cascalhos, Pedras Britadas (com diâmetro de 5 a
10 cm), Escórias de fornos de fundição, Material Plástico (Bloco Colméia semi-corrugado ou
corrugado de fluxo vertical, Bloco Colméia de fluxo cruzado, Tubo Colméia e Randômico), e
a sua profundidade pode variar de 0,90 a 2,40 m dependendo das cargas aplicadas.
A distribuição dos esgotos pode ser feita com distribuidores fixos ou móveis com movimento
de translação ou rotação.
O sistema de drenagem no fundo do tanque pode ser feito com blocos ou calhas pré-
moldadas de concreto, barro vibrado ou plástico.

124
Filtro Biológico Percolador. Filtro Biológico. Distribuidor Rotativo de Esgotos.

Filtro Biológico. Meio Suporte de Filtro Biológico. Filtro Biológico. Detalhe de Meio Suporte modelo
Randômico

5.5.3 Lodos Ativados


No processo os esgotos são misturados, agitados e aerados ao lodo ativado, no tanque
de aeração, para depois serem separados por sedimentação no decantador secundário,
sendo que parte do lodo ativado retorna ao tanque de aeração e parte é descartada. O
lodo ativado é o floco produzido pelo crescimento de bactérias ou outros organismos na
presença de oxigênio dissolvido e acumulado em concentração suficiente devido ao retorno
de outros flocos previamente formados.
O princípio básico do processo de lodos ativados é a recirculação dos sólidos do fundo do
decantador secundário de maneira a aumentar a quantidade de biomassa em suspensão
ativa no tanque de aeração e assim aumentar a assimilação da matéria orgânica presente
no esgoto.
Para que o sistema permaneça em equilíbrio é necessária a retirada do lodo biológico
excedente, ou seja, é necessário retirar a mesma quantidade de biomassa que é aumentada
por reprodução para não sobrecarregar o decantador secundário. A retirada do lodo
excedente pode ser realizada no tanque de aeração ou na linha de recirculação.
O sistema de lodos ativados apresenta como principais vantagens maiores eficiências e
flexibilidade de operação, possibilidade de remoção de Nitrogênio e Fósforo, além de requerer
menores áreas em relação à filtração biológica e sistemas com lagoas de estabilização. As
desvantagens desse sistema dizem respeito ao seu maior custo de implantação quando
comparado a outros processos biológicos, necessidade de controle laboratorial e operação
mais delicada.

125
O sistema de lodos ativados possui três modalidades principais:
Convencional: no sistema de lodos ativados convencional o tempo de detenção do líquido
é baixo, da ordem de 6 a 8 horas e o tempo de retenção de sólidos (idade do lodo) é
da ordem de 4 a 10 dias, sendo que esta maior permanência dos sólidos no sistema é
responsável por sua maior eficiência na remoção de matéria orgânica. Para a economia
de energia do sistema de aeração, parte da matéria orgânica é retirada no decantador
primário, antes do tanque de aeração. O tratamento da fase sólida deste sistema exige
as etapas de estabilização, adensamento e desidratação, pois o lodo biológico excedente
apresenta elevado teor de matéria orgânica biodegradável e o lodo primário retirado do
decantador primário também não está estabilizado. A eficiência na remoção de DBO é de
85 a 93%, de SS é de 87 a 93% e de Nitrogênio >80%.

Figura 5.18 Lodos Ativados Convencional.

yy Aeração Prolongada (mistura completa): a diferença entre o sistema convencional e o


de aeração prolongada está no tempo de retenção dos sólidos no sistema (idade do
lodo), que nesse caso é da ordem de 18 a 30 dias, o que resulta em elevada eficiência
na remoção de matéria orgânica e ainda na estabilização do lodo, sendo necessárias
apenas as etapas de adensamento e desidratação no tratamento da fase sólida.
O tempo de detenção do líquido é da ordem de 16 a 24 horas e geralmente esse
sistema não possui unidade de decantação primária, para evitar a necessidade de
estabilização do lodo primário. A eficiência na remoção de DBO é de 90 a 97%,de SS
é de 87 a 93% e de Nitrogênio >80%.

126
Figura 5.19 Lodos Ativados Aeração Prolongada.

yy Lodos Ativados por Batelada: essa variante do sistema de lodos ativados opera com
fluxo intermitente, isto é, todas as etapas do tratamento são realizadas em uma única
unidade, através do estabelecimento de ciclos de operação com duração definida. Os
ciclos normais do tratamento são: Enchimento (entrada do esgoto no reator), Reação
(aeração e mistura da massa líquida), Sedimentação, Esvaziamento (retirada do
esgoto tratado) e Repouso (remoção do lodo excedente). A eficiência na remoção de
DBO é de 90 a 97%, de SS é de 87 a 93% e de Nitrogênio >80%.

127
Figura 5.20 Lodos Ativados Batelada.

Na Tabela 5.7 a seguir são apresentadas as principais vantagens e desvantagens das


variantes do sistema de lodos ativados.
Tabela 5.7. Vantagens e Desvantagens das Variantes do Sistema de Lodos Ativados

Sistema Vantagens Desvantagens


Lodos yy Elevada eficiência na remoção de yy Baixa eficiência na remoção de
Ativados DBO. coliformes.
Convencional yy Nitrificação usualmente obtida. yy Elevados custos de implantação e
yy Possibilidade de remoção biológica operação.
de N e P. yy Elevado consumo de energia.
yy Baixos requisitos de área. yy Necessidade de operação sofisticada.
yy Processo confiável, desde que yy Elevado índice de mecanização.
supervisionado. yy Relativamente sensível a descargas
yy Reduzidas possibilidades de maus tóxicas.
odores, insetos e vermes. yy Possíveis problemas ambientais com
yy Flexibilidade operacional. ruídos e aerossóis.

128
Sistema Vantagens Desvantagens
Aeração yy Idem Lodos Ativados Convencionais. yy Baixa eficiência na remoção de
Prolongada yy Sistema com maior eficiência na coliformes.
remoção da DBO. yy Elevados custos de implantação e
yy Nitrificação consistente. operação.
yy Operação mais simples. yy Sistema com maior consumo de
energia
yy Menor geração de lodo que lodos
ativados convencional. yy Elevado índice de mecanização.
yy Estabilização do lodo no próprio
reator.
yy Elevada resistência a variações de
carga e a carga tóxicas.
yy Satisfatória independência das
condições climáticas.
Sistema por yy Elevada eficiência na remoção de yy Baixa eficiência na remoção de
Batelada DBO. coliformes.
yy Satisfatória remoção de N e yy Elevados custos de implantação e
possivelmente P. operação.
yy Baixos requisitos de área. yy Maior potência instalada que os
yy Operação mais simples que os demais sistemas de lodos ativados.
demais sistemas de lodos ativados. yy Mais competitivo economicamente
yy Flexibilidade operacional. para populações pequenas e médias.
yy Não há necessidade de Decantador
secundário e elevatória de
recirculação.
Lodos yy Idem lodos ativados convencional. yy Idem lodos ativados convencional.
Ativados com yy Elevada eficiência na remoção de yy Necessidade de recirculações
Remoção nutrientes. internas.
Biológica de
yy Aumento da complexidade
Nutrientes
operacional.
Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 4 – Lodos Ativados. 2ªed.
2002.

O sistema de lodos ativados pode ser também utilizado para o pós-tratamento de efluentes
anaeróbios de reatores tipo UASB. Nessa configuração, o decantador primário é substituído
pelo reator UASB que recebe o lodo biológico excedente do tanque de aeração, simplificando
o tratamento da fase sólida, pois no reator UASB o lodo biológico excedente é adensado e
estabilizado juntamente com lodo anaeróbio, sendo nesse caso, necessário apenas a etapa
de desidratação.
As principais vantagens desta configuração são:
yy Menor produção de lodo;
yy Menor consumo de energia;
yy Menor consumo de produtos químicos na desidratação;
yy Menor necessidade de equipamentos;
yy Maior simplicidade.
A aeração no sistema de lodos ativados tem a função de promover mistura dos esgotos
com o lodo ativado, a fim de não permitir a sedimentação do floco, bem como aumentar
o contato entre alimento e microrganismos, além de fornecer oxigênio necessário para

129
a sua reprodução. Podem ser utilizados aeradores superficiais ou difusores. No sistema
de difusores o ar é fornecido por um compressor ou soprador, sendo o ar introduzido em
microbolhas. Já no sistema com aeradores superficiais o oxigênio é introduzido graças à
exposição à atmosfera e à agitação do líquido, sendo que os aeradores podem ser fixos ou
montados sobre flutuadores.
Difusores Aeradores Superficiais

No decantador secundário ocorre a clarificação do efluente tratado através da sedimentação


do lodo que deverá retornar ao tanque de aeração ou será descartado. Normalmente
se utiliza decantador circular com dispositivo de aspiração do lodo sedimentado. Os
dispositivos de retirada do lodo podem ser do tipo “air lift” que aspira o lodo continuamente
através de braços rapadores ao longo de todo o raio do decantador ou através de braços
raspadores inferiores com aberturas circulares eqüidistantes que permitem a captação
do lodo sedimentado e seu encaminhamento para a tubulação de sucção da bomba de
recirculação de lodo.

5.5.4 Lagoas de Estabilização


Esse processo tem como finalidade a estabilização da matéria orgânica através da oxidação
bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação anaeróbia) e/ou redução fotossintética
das algas, para isso utiliza lagoas naturais ou artificiais onde prevalecem condições físicas,
químicas e biológicas que caracterizam a autodepuração.

130
Figura 5.21 Processos que ocorrem em uma Lagoa de Estabilização.
As principais vantagens do sistema de lagoas são o baixo custo de implantação, projeto e
operação simples e terreno reaproveitável. As desvantagens são necessidade de grandes
áreas, excesso de algas no efluente final e maus odores no caso das lagoas anaeróbias.
As lagoas se classificam em: Anaeróbias, Facultativas, Aeradas Facultativas, Aeradas de
Mistura Completa, de Maturação e de Polimento.
yy Lagoas Facultativas: é o processo mais simples dentre os diversos tipos de lagoas
de estabilização, pois depende apenas de fenômenos naturais e dessa maneira
apresenta tempo de detenção bastante elevado, normalmente superior a 20 dias,
podendo chegar a 45 dias, para a estabilização da matéria orgânica, resultando
na necessidade de grandes áreas para as lagoas. Parte da matéria orgânica
presente no esgoto sedimenta formando o lodo de fundo, que será decomposto por
microrganismos anaeróbios. A matéria orgânica dissolvida permanece dispersa na
massa líquida e será decomposta por bactérias facultativas, que utilizam a matéria
orgânica como fonte de energia através da respiração. O oxigênio necessário para
a respiração aeróbia é suprido através da fotossíntese das algas, sendo utilizado
como fonte luminosa o sol, sendo assim, sua profundidade varia de 1,50 a 2,00 m. A
eficiência na remoção de DBO é de 75 a 85% e de SS é de 70 a 80%.

131
Figura 5.22 Lagoa Facultativa.

yy Lagoas Anaeróbias: nas lagoas anaeróbias a estabilização da matéria orgânica ocorre


sem a existência de oxigênio dissolvido, através de digestão ácida e fermentação
metânica. A digestão ácida é realizada pelos microrganismos facultativos e bactérias
acidogênicas sendo produzidos material celular e compostos mal cheirosos (gás
sulfídrico, mercaptanas). A fermentação metânica é realizada pelas bactérias
anaeróbias e metanogênicas que transformam os ácidos formados na etapa
anterior em metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), nessa etapa os maus odores
desaparecem e há formação de escuma cinzenta. As lagoas anaeróbias possuem
profundidade elevada, de 3,00 a 5,00 m, impedindo que haja a fotossíntese e o tempo
de detenção para esgoto doméstico é de 2 a 5 dias para minimizar problemas de
odor. No sistema de lagoas em série, denominado Sistema Australiano, as lagoas
anaeróbias são utilizadas a montante da lagoa facultativa e dessa maneira diminuem
a área necessária para tratamento e melhoram a capacidade de absorver cargas de
choque, sendo verificada eficiência na remoção de DBO de 75 a 85% e de SS de 70 a
80%.

132
Figura 5.23 Sistema Australiano – Lagoa Anaeróbia seguida de Lagoa Facultativa.

yy Lagoas Aeradas Facultativas: o processo de tratamento é o mesmo da lagoa


facultativa, entretanto o fornecimento de oxigênio é realizado através de equipamentos
de aeração superficial ou ar difuso, o que possibilita unidades com profundidades
entre 2,50 a 4,00 m e resulta na decomposição da matéria orgânica em menor tempo,
sendo o tempo de detenção da ordem de 5 a 10 dias e consequentemente redução da
área necessária. Parte dos sólidos do esgoto sedimenta formando o lodo de fundo. A
eficiência na remoção de DBO é de 75 a 85% e de SS é de 70 a 80%.

133
Figura 5.24 Lagoa Aerada Facultativa.

yy Lagoas Aeradas de Mistura Completa: São utilizadas no tratamento de


esgotos domésticos e de despejos industriais com elevado teor de substâncias
biodegradáveis, através de floculação biológica, sem retenção de biomassa. O
suprimento de oxigênio é realizado por equipamentos e a separação de sólidos pode
ser realizada em lagoas de decantação dimensionadas para tempo de detenção em
torno de 2 dias e com profundidade entre 3,00 e 4,00 m. Devido ao elevado nível de
aeração é possível garantir a oxigenação e a permanência dos sólidos em suspensão
no meio líquido, o que resulta em maior eficiência do sistema devido ao maior contato
entre a matéria orgânica e bactérias, permitindo uma redução da área necessária para
tratamento. O tempo de detenção varia de 2 a 4 dias. A eficiência na remoção de DBO
é de 75 a 85% e de SS é de 80 a 87%.

134
Figura 5.25 Lagoa Aerada de Mistura Completa seguida de Lagoa de Decantação.

yy Lagoa de Maturação: as lagoas de maturação são utilizadas para remoção de


organismos patogênicos, particularmente coliformes fecais. Possuem profundidade
de 0,60 a 1,50 m e tempo de detenção variando de acordo com sua forma geométrica
e a eficiência requerida. Para aumentar sua eficiência são projetadas em sistemas
compostos por três ou quatro lagoas de maturação em série ou lagoa de maturação
única com chicanas, sendo recomendados tempos de detenção de 3 a 5 dias para
cada lagoa em série ou 10 a 20 dias em lagoas com chicanas.
yy Lagoas de Polimento: são utilizadas como pós-tratamento de efluentes tratados de
estações de tratamento de esgotos, em especial de reatores anaeróbios, para a
remoção de organismos patogênicos e matéria orgânica.
Na Tabela 5.8 estão apresentadas as principais vantagens e desvantagens dos diversos
tipos de sistemas de lagoas de estabilização.

135
Tabela 5.8. Vantagens e Desvantagens dos sistemas de Lagoas de Estabilização

Sistema Vantagens Desvantagens


yy Satisfatória eficiência na remoção de yy Elevados requisitos de área.
DBO.
yy Dificuldade em satisfazer padrões de
yy Razoável eficiência na remoção de lançamento restritivos.
patógenos.
yy Simplicidade operacional pode
yy Construção, operação e manutenção provocar descaso com a manutenção.
simples.
yy Possível necessidade de remoção de
yy Reduzidos custos de implantação e algas do efluente para cumprimento a
Lagoa operação.
Facultativa padrões rigorosos.
yy Ausência de equipamentos mecânicos yy Performance variável com as
yy Requisitos energéticos praticamente condições climáticas.
nulos. yy Possibilidade de crescimento de
yy Satisfatória resistência a variações de insetos.
carga.
yy Remoção de lodo necessária apenas
após períodos superiores a 20 anos
yy Idem lagoas facultativas. yy Idem lagoas facultativas.
Sistema yy Requisitos de área inferiores aos das yy Possibilidade de maus odores na lagoa
Australiano lagoas facultativas únicas. anaeróbia.
(Lagoa
Anaeróbia yy Necessidade de um afastamento
e Lagoa razoável de residências.
Facultativa) yy Necessidade de remoção periódica do
lodo da lagoa anaeróbia.
yy Construção, operação e manutenção yy Introdução de equipamento.
relativamente simples. yy Ligeiro aumento no nível de
yy Requisitos de áreas inferiores aos sofisticação.
sistemas de lagoas facultativas e yy Requisitos de áreas ainda elevados.
Lagoa australiano.
yy Requisitos de energia elevados.
Aerada yy Maior independência das condições
yy Baixa eficiência na remoção de
Facultativa climáticas.
coliformes.
yy Satisfatória resistência a variações de
yy Necessidade de remoção periódica do
carga.
lodo.
yy Reduzidas possibilidades de maus
odores.

Lagoa yy Idem lagoas aeradas facultativas. yy Idem lagoas aeradas facultativas


Aerada de yy Menores requisitos de área de todos os (exceção: requisitos de área).
Mistura sistemas de lagoas. yy Preenchimento rápido da lagoa de
Completa decantação com o lodo (2 a 5 anos).
e Lagoa de yy Necessidade de remoção contínua ou
Decantação periódica (2 a 5 anos) do lodo.
yy Idem sistema de lagoa aerada yy Idem sistema de lagoa aerada
de mistura completa e lagoa de de mistura completa e lagoa de
decantação. decantação.
Lagoa de
yy Elevada eficiência na remoção de yy Requisitos de área bastante elevados.
Maturação
patógenos
yy Razoável eficiência na remoção de
nutrientes.
Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 3 – Lagoas de Estabilização.
2ªed. 2002.

136
5.6 TRATAMENTO BIOLÓGICO ANAERÓBIO

5.6.1 Princípios do Tratamento Anaeróbio


Os processos de tratamento anaeróbios têm como principais vantagens a baixa produção
de lodo, necessidade de menores volumes, maior tolerância a altas cargas orgânicas, baixo
custo de implantação e operação, assim como de energia, uma vez que a decomposição
da matéria orgânica se dá na ausência de oxigênio, dispensando a utilização de sistemas
de aeração.
As desvantagens do sistema estão relacionadas a geração de odor, baixa capacidade de
absorver cargas tóxicas, partida do processo lenta, necessidade de pós-tratamento para
a remoção de nutrientes e patógenos e para o atendimento aos padrões de lançamento. A
eficiência dos processos anaeróbios na remoção de DBO é de 45 a 75% e para DQO é de
40 a 85%.
Durante o processo, a matéria orgânica é convertida a metano, dióxido de carbono, água,
gás sulfídrico e amônia, além de ser utilizada para a produção de novas células bacterianas,
havendo a possibilidade da utilização do gás metano como fonte de energia.
A digestão anaeróbia ocorre em 4 etapas:
yy 1ª etapa: Bactérias fermentativas hidrolíticas transformam a matéria orgânica
complexa particulada (carboidratos, proteínas, lipídeos) em compostos orgânicos
dissolvidos mais simples (açúcares, aminoácidos, peptídeos) com cadeias de carbono
menores;
yy 2ª etapa: Bactérias fermentativas acidogênicas produzem ácidos graxos e orgânicos
(principalmente os ácidos acético e propiônico), dióxido de carbono e hidrogênio a
partir dos compostos mais simples formados na etapa anterior;
yy 3ª etapa: Bactérias acetogênicas oxidam os ácidos orgânicos em substrato
(hidrogênio, dióxido de carbono e, principalmente, acetato) para ser utilizado pelas
bactérias metanogênicas;
yy 4ª etapa: Bactérias (arqueas) metanogênicas (acetoclásticas e hidrogenotróficas),
que são microrganismos estritamente anaeróbios, formam metano (CH4), dióxido de
carbono e água a partir dos compostos da 3ª etapa.
O processo de digestão anaeróbia ainda pode incluir uma fase denominada sulfetogênese,
na qual ocorre a redução de sulfato, sulfito e outros compostos à base de enxofre a sulfeto
por um grupo de bactérias estritamente anaeróbias denominadas bactérias sulforedutoras

5.6.2 Fossa Séptica


A fossa séptica foi praticamente o primeiro sistema de tratamento utilizado pelo homem,
e até hoje ainda é o mais empregado, não se restringindo às unidades unifamiliares, mas
também utilizado para atendimento de pequenas aglomerações e de pequenos municípios.
Os esgotos sanitários recebidos nas fossas sépticas ficam retidos por um período de 12 a 24
horas, dependendo da vazão afluente, de forma que de 60 a 70% dos sólidos sedimentem,
formando o lodo, que será depois degradado por bactérias anaeróbias. Parte dos sólidos
formados por óleos, graxas e gorduras, misturados com gases emergem, ficando retidos na
superfície, sendo denominados de escuma.
A eficiência dessa unidade é de aproximadamente 50% para Sólidos em Suspensão e 30%
para DBO.
137
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT publicou duas normas com
recomendações para projeto, construção e operação de fossas sépticas e unidades
complementares de tratamento, relacionadas a seguir:
yy NBR 7.229 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos, de
Set/93;
yy NBR 13.969 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição
final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação, Jan/97.

Figura 5.26 Fossa Séptica de Câmara Única


Fonte: Chernicharo, C.A. de L. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 5 – Reatores
Anaeróbios. 2ªed. 2007

5.6.3 Filtro Anaeróbio


É utilizado para pós-tratamento de esgotos de fossas sépticas, formando o sistema
conhecido como fossa-filtro, muito utilizado em pequenas comunidades e no meio rural
para tratamento de esgotos domésticos. A eficiência do sistema fossa-filtro é de 80 a 85%
na remoção de DBO e 80 a 90% de SS e o tratamento da fase sólida envolve desidratação
e disposição final.
Conforme visto no item anterior, a maior parte dos sólidos em suspensão sedimenta na
fossa séptica e sofre processo de digestão anaeróbia no fundo do tanque. A remoção
complementar da matéria orgânica é realizada no filtro anaeróbio, unidade preenchida com
meio suporte, normalmente brita 4 ou 5, por onde o líquido percola em fluxo ascendente e
entra em contato com a biomassa (microrganismos anaeróbios) aderidos ao meio suporte.

138
Figura 5.27 Filtro Anaeróbio com fundo falso.

Fonte: Chernicharo, C.A. de L. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 5 – Reatores
Anaeróbios. 2ªed. 2007

5.6.4 Reator de Manta de Lodo (UASB – Upflow Anaerobic Sludge Blanket)


Também conhecido como RAFA - Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente ou DAFA -
Digestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente, nesse sistema a biomassa cresce dispersa no
meio e sua concentração é bastante elevada, resultando em menor volume para o reator. A
estabilização da matéria orgânica ocorre no leito e manta de lodo devido ao fluxo ascendente
do esgoto. Devido a digestão anaeróbia há a formação de gases, principalmente metano
e gás carbônico, que são separados e acumulados em estrutura denominada separador
trifásico localizado na parte superior do reator, essa estrutura também é responsável pela
separação do efluente tratado e retenção da biomassa no sistema. O tempo de detenção
hidráulico é da ordem de 6 a 10 horas.
A eficiência do Reator UASB é de 60 a 75% na remoção de DBO e 65 a 80% de SS e sendo
assim, para o atendimento aos padrões de emissão da legislação ambiental há necessidade
de tratamento complementar, realizado normalmente com processos aeróbios.
O tratamento da fase sólida envolve desidratação e disposição final.

139
Figura 5.28 Esquema de Reator de Manta de Lodo – UASB.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

Figura 5.29 Reator UASB.

140
5.7 TECNOLOGIAS RECENTES

5.7.1 Wetlands Construídas


Wetlands construídas ou construídos, terras úmidas construídas, leitos ou filtros cultivados
ou plantados com macrófitas, são algumas das inúmeras denominações utilizadas para
designar sistemas de tratamento de esgotos concebidos e construídos pela interferência
humana, constituídos por tanques, lagoas ou canais rasos, preenchidos por um substrato
poroso e inerte (areia, cascalho, pedra, argila, etc.) – onde há a formação de biofilme e o
crescimento de uma população variada de microrganismos – e cultivado com macrófitas
aquáticas em que, de maneira natural e espontânea e sob condições ambientais adequadas,
ocorre o tratamento dos esgotos por processos biológicos, químicos e físicos. As lagoas
e canais rasos usualmente possuem uma camada impermeável de argila ou membrana
sintética e os tanques podem ser construídos em alvenaria, concreto, pré-fabricados com
material sintético impermeável, etc. Há ainda estruturas para controlar a direção do fluxo, o
tempo de detenção hidráulica e o nível d’água (VON SPERLING e col., 2009).
Além de tratar-se de uma tecnologia de tratamento de esgotos natural e ambientalmente
sustentável, as wetlands construídas apresentam eficiência satisfatória na remoção de
poluentes, em níveis secundário e até terciário, viabilizando a alternativa de disposição final
de esgotos tratados em corpos d’água superficiais com condições de lançamento restritivas
e demandando menores custos de implantação e ampliação da capacidade de tratamento
(com obras de terra, tubulações e acessórios), operação e manutenção (possibilidade de
emprego de mão-de-obra pouco especializada; redução de gastos com consumo de energia
devido a índices mínimos de mecanização e ao aproveitamento pelas plantas aquáticas de
fontes naturais de energia solar e eólica; desnecessidade de uso produtos químicos).
Suas características são muito favoráveis ao uso em países em desenvolvimento
socioeconômico, especialmente aqueles com clima tropical e subtropical, e em residências
uni e multifamiliares, comunidades, bairros e núcleos habitacionais isolados ou de interesse
social situados em áreas periurbanas ou rurais não atendidas ou parcialmente atendidas
por serviços públicos de coleta e tratamento de esgotos sanitários, permitindo o tratamento
descentralizado e a disposição final dos efluentes tratados próximos às fontes geradoras.
Tem grande potencial para o pós-tratamento de efluentes de tanques sépticos (MENDONÇA,
2016), lagoas de estabilização e sistemas convencionais envelhecidos ou sobrecarregados
(KADLEC, 2009).
Os fatores mais influentes no desempenho do processo referem-se aos microrganismos
(responsáveis pela decomposição biológica da matéria orgânica e nutrientes), ao substrato
(meio filtrante), às macrófitas aquáticas (retirada de nutrientes), às condições ambientais
locais (chuvas, insolação, temperatura, umidade, etc.) e ao projeto hidráulico do sistema
(KIVAISI, 2001).
As condições operacionais e os critérios normalmente utilizados nas etapas de concepção
e projeto de wetlands construídas são: tempo de detenção hidráulica; área superficial
do leito filtrante; altura da lâmina líquida ou altura do substrato submerso; profundidade
do meio filtrante; taxa de carregamento hidráulico, taxa de carregamento de matéria
orgânica e taxa de carregamento de sólidos (TCHOBANOGLOUS e col., 1991; CRITES e
TCHOBANOGLOUS, 1998; CORAUCCI FILHO e col., 2001).
As wetlands construídas são classificadas quanto ao nível da lâmina líquida em relação à
superfície do substrato (fluxo superficial ou fluxo subsuperficial, quando a lâmina líquida
situa-se a uma profundidade média de 15 a 20 cm abaixo da superfície do substrato) e

141
quanto à direção do fluxo (vertical ascendente ou descendente, horizontal, e híbrido). A
Figura 5.30 apresenta um esquema genérico com algumas das possiblidades de uso de
sistemas de wetlands construídas.

Figura 5.30 Configurações possíveis de wetlands construídas


As wetlands construídas híbridas (sistemas compostos por uma câmara de fluxo vertical
seguido por uma câmara de fluxo horizontal ou vice-versa, com lâmina líquida superficial ou
subsuperficial) têm como vantagens a possibilidade de elevação da remoção de nutrientes,
patógenos, matérias orgânica e inorgânica, a minimização da área superficial do leito filtrante
e o retardamento da colmatação do leito filtrante e de possíveis problemas operacionais
subsequentes.
Os sistemas de tratamento com wetlands construídas são capazes de reduzir ou remover
efetivamente altos níveis de poluentes em águas residuárias como matérias orgânica e
inorgânica, solúvel e particulada, e nitrogênio, além de fósforo e patógenos. A redução é
realizada por diversos mecanismos de tratamento (Quadro 5.1) incluindo sedimentação,
filtração, precipitação e adsorção químicas, interações microbianas e absorção pela
vegetação.
Quadro 5.1. Mecanismos de remoção dos poluentes constituintes do esgoto

Componente do
Mecanismo de remoção (Agente atuante)
esgoto
Sedimentação (meio filtrante)
Sólidos suspensos
Filtração (meio filtrante)

Matéria orgânica
Degradação biológica aeróbia e anaeróbia (microrganismos)
biodegradável solúvel

142
Componente do
Mecanismo de remoção (Agente atuante)
esgoto
Nitrificação e desnitrificação biológicas (microrganismos)
Nitrogênio Utilização pela planta (macrófitas)
Amonificação (microrganismos)
Utilização pela planta (macrófitas)
Adsorção, hidrólise e absorção (microrganismos)
Fósforo
Adsorção e precipitação química (meio filtrante → pot. redox + grãos
finos e limpos)
Filtração, sedimentação e adsorção ao biofilme (meio filtrante +
macrófitas)
Morte natural (condições ambientais adversas → radiação solar,
Patógenos temperatura, pH, falta de nutrientes)
Competição e predação (microrganismos → vírus bacteriófagos (E.Coli);
protozoários; parasitas)

As macrófitas aquáticas são plantas vasculares que crescem em ambientes aquáticos e em


solos alagados ou saturados por água e que são indispensáveis nesse tipo de ecossistema
(BRIX, 1997). Podem ser subclassificadas em plantas emergentes ou enraizadas, flutuantes
e submersas. Suas funções mais importantes são: captação e remoção de nutrientes e
outros poluentes dos esgotos e fornecimento de um meio suporte para aderência e ação da
comunidade microbiana e crescimento do biofilme; favorecimento de condições adequadas
para o processo físico de filtração e retenção de sólidos; possibilidade de valorização
estética e econômica do sistema de tratamento; manutenção das condições hidrodinâmicas
de escoamento de efluente pelo solo; controle do crescimento de algas em wetlands de
fluxo superficial (a cobertura do leito pelas plantas aquáticas flutuantes limita a penetração
de raios solares) e transferência de oxigênio para a rizosfera (a região de contato entre o
solo e as raízes) (BRIX, 1997; REED e col., 1995; MARQUES, 1999; KADLEC, 2009).
As macrófitas flutuantes são mais usadas em wetlands construídas de fluxo superficial para
o controle do crescimento de algas de lagoas de estabilização. As macrófitas submersas
são comuns em wetlands construídas de fluxo superficial concebidas para a remoção de
nutrientes de lagos de água doce. São melhor adaptáveis às águas com pouca turbidez pois
dependem da penetração da luz solar para se desenvolverem e têm rápido crescimento
lateral através dos rizomas (KADLEC, 2009; REED e col., 1995). As macrófitas emergentes
são ainda pouco estudadas no Brasil para tratamento de esgotos domésticos, crescem em
solos submersos ou saturados com água (lâmina d’água abaixo da superfície do solo) e
podem permitir a valorização estética da ETE através do paisagismo local (formação de
cercas vivas, jardins, etc.), facilitando a aceitação da população do entorno.
O meio filtrante tem como funções auxiliar o processo de formação de biofilme para remoção
de matéria orgânica, auxiliar o processo de filtração do esgoto para remoção de sólidos
suspensos e servir como meio de sustentação para as macrófitas aquáticas.
Os estudos e pesquisas de sistemas de tratamento de águas residuárias por meio de
wetlands construídas, iniciados no Brasil entre os anos 1980 e 1990 (PHILIPPI e SEZERINO,
2004), vêm se intensificando a partir dos anos 2000 (PHILIPPI e col., 2007), tendo sido
realizados em 2013 e 2015 dois simpósios brasileiros para tratar especificamente sobre
esse tema e apresentar os resultados de algumas dessas experiências concluídas e em
desenvolvimento, em escala real e de bancada.

143
Em um desses estudos recentes, Mendonça (2016) avaliou o comportamento de uma
wetland construída híbrida em escala real composta por uma unidade/câmara com fluxo
contínuo subsuperficial vertical seguida por uma unidade/câmara com fluxo contínuo
subsuperficial horizontal, ambas cultivadas com capim Vetiver em meio suporte de brita Nº
1, tratando esgoto doméstico efluente de tanque séptico. Esta ETE experimental modular,
construída no Centro Tecnológico de Hidráulica – CTH / Escola Politécnica, campus
Butantã da USP, em São Paulo, mesmo sendo compacta e com dimensões reduzidas,
apresentou flexibilidade operacional e bom desempenho para remoção das matérias
orgânicas carbonácea e nitrogenada, sólidos, fósforo, compostos de enxofre (sulfeto e
sulfato), odores, óleos e graxas totais, microrganismos patogênicos (enterovírus, Giardia
sp, Cryptosporidium sp e Ascaris sp) e microrganismos indicadores de contaminação fecal
(coliformes termotolerantes e E. Coli), inclusive nos períodos de sobrecarga, indicando o
relevante potencial ambiental e econômico da tecnologia de wetlands construídas híbridas
para o tratamento descentralizado de esgotos domésticos próximo às fontes geradoras,
inclusive em regiões com pouca disponibilidade de área livre.

(a) (b)
Figura 5.31. (a) Tanque séptico seguido por wetland construída híbrida; (b) Comparação
visual entre o efluente da wetland construída híbrida e a água potável

Fonte: MENDONÇA (2016)

5.7.2 Sistema MBR


O sistema MBR (membrane bio reactor) ou Reator com Membranas é a associação do tratamento
biológico convencional (reator ou biorreator) com o tratamento físico (filtração por membranas)
(NUVOLARI; COSTA, 2010; WEF, 2006).
Nos sistemas de lodos ativados os componentes dissolvidos presentes no esgoto são transformados
no reator aerado em material particulado (biomassa) e em agregados sólidos sedimentáveis, que são
removidos no decantador secundário. Sua eficiência está associada à boa separação da biomassa no
decantador e sob o ponto de vista de saúde pública os organismos patogênicos não são completamente
removidos nessa unidade. A tecnologia de membranas possibilita a retenção total da biomassa no
reator, aumentando sua eficiência, assim como a retenção de microrganismos (SCHNEIDER;
TSUTIYA, 2001).
O sistema MBR possibilita elevadas idades de lodo, minimizando os picos de carga orgânica
e resultando em menores tempos de detenção hidráulica devido a elevada concentração de

144
biomassa (DEZOTI et al, 2008). Na Figura 5.32 é apresentado o fluxograma típico de um
sistema MBR.

Grade Caixa Decantador Tanque de Reator com Efluente


de areia Primário Aeração Membranas Final
(opcional)

Tratamento do Disposição
lodo Final

Figura 5.32. Fluxograma típico de sistema MBR.

Fonte: Adaptado de WEF, 2006.

As membranas podem ser montadas internamente, ou seja, submersas no reator, ou podem


ser colocadas externamente ao reator, conforme Figura 5.33 (SCHNEIDER; TSUTIYA,
2001, NUVOLARI; COSTA, 2010; WEF, 2006). Normalmente são utilizadas membranas de
Microfiltração (MF) ou Ultrafiltração (UF) (WEF, 2006).
Os sistemas com membranas submersas utilizam módulos de fibras ocas e de placas
planas, pois podem operar com baixas pressões e assimilam melhor as variações dos tipos
de sólidos presentes no lodo ativado presente no reator (WEF, 2006).
Os sistemas com membranas externas são mais comuns em tratamento de efluentes
industriais, cujas características exigem o uso de membranas cerâmicas (WEF, 2006).
Esses sistemas possuem maior flexibilidade operacional e capacidade de tratar maiores
vazões, entretanto, possuem maior consumo de energia (NUVOLARI; COSTA, 2010).

Figura 5.33. Tipos de sistemas com membranas. (a) Membrana Externa. (b) Membrana
Interna.
Fonte: Schneider; Tsutiya, 2001.

A qualidade do efluente tratado de sistema MBR é bastante superior à qualidade dos


efluentes produzidos em sistemas de lodos ativados convencionais, sendo verificadas
concentrações de DBO < 5,00 mg/L, SST < 2,00 mg/L, Turbidez < 0,50 NTU e eficiência
de remoção > 99% para DBO, SS e vírus, >98% para Fósforo e de 100% para coliformes
termotolerantes.

145
A operação das membranas pode ser dividida nas seguintes etapas: (i) Produção, onde
as membranas são aeradas intermitentemente para aliviar a torta de filtro na superfície da
membrana; (ii) Retrolavagem, que corresponde à inversão do fluxo do permeado para a
desobstrução dos poros da membrana; (iii) Relaxamento, quando o fluxo do permeado é
suspenso e apenas a aeração é mantida para retirada de alguns sólidos da superfície da
membrana; (iv) Limpeza. Os tempos de operação dos sistemas de MBR variam de acordo
com o tipo de membranas utilizados, conforme é apresentado na Tabela 5.9.
Tabela 5.9. Tempo de operação dos módulos de membranas.
Etapa Fibra Oca Placas
Produção 400 s 415 s
Retrolavagem 20 s -
Relaxamento - 45 s
Total 420 s 460 s
Fonte: Van Haandel; Van Der Lubbe, 2012.
As desvantagens do sistema MBR estão relacionadas à limitação da capacidade de
vazão das membranas instaladas e sendo assim para absorver grandes variações pode
ser necessário o envio dos efluentes para outro tanque; a tecnologia de membranas é
relativamente nova e dessa maneira não há muitos dados de sua performance a longo
prazo; alto custo de implantação devido o preço das membranas e de operação com o
aumento dos gastos com energia elétrica; e necessidade de monitoramento e manutenção
com elevado grau de automatização (WEF, 2006).

5.7.3 Reator com Biofilme em Leito Móvel (MBBR – Moving Bed Biofilm Reactor)
O processo de tratamento de efluentes com o uso de reatores com biofilme em leito
móvel (MBBR - Moving Bed Biofilm Reactors) é baseado na utilização de biofilmes para
a degradação de matéria orgânica e remoção de nutrientes, resultando em sistemas de
dimensões relativamente reduzidas.
O biofilme consiste em comunidades de microrganismos desenvolvidas aderidas a
superfícies, nesse caso, aos elementos de suporte que são pequenas peças de polietileno
(Figura 5.34), que apresentam grande área superficial específica (300 a 500 m²/m³) e se
encontram em suspensão e em movimento no leito do reator. A agitação é proporcionada
pelo próprio sistema de aeração, constituído por difusores de ar instalados no fundo do
tanque (HEM, 1994).

Figura 5.34. Corpos móveis utilizados em sistemas com MBBR.


A concentração de biomassa na forma de biofilme é maior do que se os sólidos estivessem
simplesmente em suspensão como ocorre nos tanques de aeração e também apresenta

146
maior atividade microbiológica tendo em vista a grande variedade de microrganismos,
especialmente de bactérias, oferecendo maior estabilidade e robustez ao sistema.
Os níveis de nutrientes e de oxigênio dissolvido são as variáveis mais importantes de
controle desse sistema. A nitrificação também é beneficiada por esse efeito de estabilidade,
na medida em que as bactérias nitrificantes também ficam instaladas nessas comunidades
de forma que a oxidação da amônia ocorre com idades do lodo baixas, se calculadas em
relação aos sólidos em suspensão.
O excesso de biofilme se desprende naturalmente do suporte, cedendo superfície para a
ocupação de outros microrganismos, e os fragmentos liberados são facilmente separados
da fase líquida em etapa seguinte, por serem mais compactos e consequentemente
sedimentarem mais facilmente que os flocos do lodo convencional.
Pode ser utilizado como processo único ou numa configuração híbrida com um sistema
de lodos ativados, em que há recirculação dos sólidos (ØDEGAARD e RUSTEN., 1993),
de maneira que combine as vantagens dos sistemas de lodos ativados (biomassa em
suspensão) e de sistemas com biofilme (biomassa aderida).
Essa tecnologia pode ser implantada em sistemas existentes de lodos ativados convencionais,
para aumento da sua capacidade de remoção de matéria orgânica (LESSEL, 1993) ou sua
transformação numa planta com capacidade de remoção de nitrogênio. Isso se consegue
com a simples introdução dos elementos de suporte nos reatores biológicos. Conforme o
objetivo buscado no tratamento, podem ser implementadas a pré ou a pós-desnitrificação,
inclusive com a possibilidade de sua utilização no interior das câmaras anóxicas. A
melhoria das estações ocorre por diversos aspectos, seja o aumento da quantidade de
microrganismos, a melhoria na transferência de oxigênio para a fase líquida ou a facilitação
da separação de sólidos, que muitas vezes é o ponto crítico de estações de tratamento de
esgotos.

5.8 DESINFECÇÃO

A remoção de organismos patogênicos é realizada através da desinfecção onde ocorre a


inativação de organismos patogênicos presentes nos efluentes tratados para proteger a
saúde pública, evitando-se a transmissão de doenças de veiculação hídrica. Os principais
indicadores de contaminação são: Coliformes Totais, Coliformes Fecais ou Termotolerantes
e Enterecocos Fecais.
A desinfecção pode ser realizada através de processos naturais (físicos, químicos e
biológicos) ou artificiais (físicos e químicos).
Os processos naturais de desinfecção ocorrem nas lagoas de estabilização (ver item 5.5.4)
e na disposição controlada no solo, que requerem grandes áreas e sua eficiência depende
das condições climáticas.

5.8.1 Cloração
A cloração é um processo de desinfecção bastante utilizado e é realizada com o uso de
cloro em sua forma gasosa, hipoclorito de sódio ou hipoclorito de cálcio, que destroem os
microrganismos ao penetrar em suas células e reagir com suas enzimas. Para a desinfecção
utilizando compostos a base de cloro, com exceção do dióxido de cloro, a norma ABNT
NBR 12209/11 recomenda que seja garantido cloro residual de 0,50 mg/L em um tempo
de contato de no mínimo 30 minutos em relação a vazão média e 15 minutos em relação a

147
vazão máxima. Para o dióxido de cloro, recomenda residual de 0,10 mg/L após tempo de
contato de 5 minutos em relação a vazão máxima.
Recentemente pesquisas estão sendo realizadas para verificar os efeitos da cloração na
matéria orgânica, na formação de compostos organoclorados e trihalometanos e seus
possíveis efeitos carcinogênicos e ainda a possível toxicidade à biota aquática.
Para reduzir o impacto do lançamento de efluentes tratados com cloração no meio ambiente
pode-se proceder a descloração que geralmente é feita com dióxido de enxofre.

5.8.2 Filtração por Membranas


Conforme apresentado no item 5.3.4, os sistemas de filtração com membranas se classificam
como microfiltração e ultrafiltração, dependendo do diâmetro dos poros da membrana
utilizada e removem partículas, vírus e bactérias, entretanto, não removem os nutrientes
orgânicos e inorgânicos ou poluentes orgânicos.

5.8.3 Ozonização
O processo consiste na aplicação do ozônio (O3) que é um oxidante bastante reativo e
bactericida, através da difusão do gás no líquido que pode ser feita por meio da difusão
do ar ozonizado, hidroejetores, emulsantes e misturadores estáticos. Recomenda-se sua
aplicação apenas em efluentes que tenham passado por processos de nitrificação ou
filtração.
O ozônio se decompõe em oxigênio elementar em curto espaço de tempo e devido a essa
instabilidade é gerado no local onde será aplicado. A geração de ozônio se dá através da
passagem de uma massa de ar filtrado com alto teor de oxigênio entre dois eletrodos onde
se aplica uma alta voltagem.
O mecanismo de desinfecção inclui a destruição parcial ou total da parede celular levando
à lise das células, reações com radicais livres (peróxido de hidrogênio e íon hidroxila) da
decomposição do ozônio e danos a constituintes do material genético. Uma das vantagens
desse processo é a não formação de trihalometanos, entretanto, pouco se sabe sobre a
formação de sub produtos, sendo sua aplicação restrita a estações de médio e grande porte
dada a complexidade da tecnologia e custos operacionais.

5.8.4 Radiação Ultravioleta


A radiação ultravioleta não gera subprodutos tóxicos, pois não requer a adição de compostos
químicos e o seu mecanismo de ação consiste no dano direto aos ácidos nucléicos celulares
causando alterações no DNA que impede sua reprodução. A eficiência do sistema está
diretamente relacionada às características do efluente, intensidade da radiação UV, tempo
de exposição dos microrganismos e configuração de reator que pode ser do tipo de contato
e tipo de não contato.
Tabela 5.10. Vantagens e Desvantagens dos Principais Processos de Desinfecção

148
Agente
Processo Vantagens Desvantagens

yy Processo natural, sem yy Necessita de muita área.


mecanização.
yy Tempo de detenção muito longo
yy Não gera efeitos residuais (vários dias).
Lagoas de prejudiciais.
Químicos, Físicos e Biológicos

yy Desempenho depende das


estabilização yy Operação simples. condições climáticas.
Processos Naturais

yy Pode ser realizado de forma yy Produz algas em grande


concomitante à estabilização da quantidade.
matéria orgânica.
yy Processo natural, sem yy Necessita de muita área.
mecanização.
yy Desempenho depende das
yy Não gera efeitos residuais condições climáticas.
Disposição no prejudiciais.
yy Sensível à quantidade de sólidos
solo yy Operação simples. suspensos no afluente.
yy Pode ser realizado de forma
concomitante à estabilização da
matéria orgânica.
yy Tecnologia amplamente yy Cl residual é tóxico; requer
conhecida. descloração.
yy Menor custo. yy Todas as formas de cloro são
altamente corrosivas e tóxicas.
yy Cl residual prolonga a
Processos Artificiais

desinfecção e indica a eficiência yy As reações com Cl geram


do processo. compostos potencialmente
Químicos

perigosos (trihalometanos-THM).
Cloração yy Efetiva e confiável para grande
variedade de patógenos. yy Aumenta os sólidos totais
dissolvidos.
yy Oxida certos compostos
orgânicos e inorgânicos. yy Cl residual é instável na
presença de materiais que
yy Flexibilidade de dosagens.
demandam cloro.
yy Alguns patógenos são
resistentes.
yy Tecnologia bem desenvolvida. yy Requer adição de produtos
químicos para eliminar cloro
yy Efetiva e confiável para grande
residual.
variedade de patógenos.
Processos Artificiais

yy Elimina o efeito residual da


yy Oxidação de certos compostos
desinfecção com cloro.
Químicos

orgânicos e inorgânicos.
Cloração/
yy Gera subprodutos
descloração yy Flexibilidade de dosagens.
potencialmente perigosos.
yy Aumenta os sólidos totais
dissolvidos.
yy Alguns patógenos são
resistentes.

149
Agente
Processo Vantagens Desvantagens

yy Mais efetivo na destruição de yy Baixas doses podem não inativar


vírus e bactérias que o cloro. alguns vírus, esporos e cistos.
yy Utiliza curto tempo de contato yy Tecnologia mais complexa que a
(de 10 a 30 minutos). desinfecção com cloro ou UV.
Processos artificiais

yy Não gera residuais perigosos. yy O3 muito reativo e corrosivo.


Químicos

Ozonização yy Não resulta em recrescimento de yy Não é econômico para esgotos


bactérias, exceto as protegidas com muito SS, DBO ou DQO.
pelo material particulado.
yy O3 é extremamente irritante e
yy É gerado in situ, com fácil possivelmente tóxico.
armazenamento e manuseio.
yy O custo do tratamento pode ser
yy Eleva o oxigênio dissolvido (OD) relativamente alto.
no efluente tratado.
yy Efetiva na inativação de vírus e yy Baixas dosagens não inativam
esporos. alguns vírus, esporo e cistos.
yy Não necessita de geração, yy Os microrganismos podem se
manuseio, transporte ou multiplicar por fotorreativação ou
estocagem de produtos recuperação no escuro.
químicos.
yy Necessita de controle da
Ultravioleta yy Não gera efeitos residuais formação de biofilmes nos
prejudiciais. reatores de contato.
Processos artificiais

yy Operação simples. yy É sensível à turbidez e a sólidos


suspensos totais no esgoto.
yy Tempo de contato muito curto (de
Físicos

20 a 30s). yy É mais caro do que a cloração e


mais barato do que a cloração/
yy Menor demanda de espaço do
descloração.
que os outros processos.
yy Melhora significativamente a yy Eficiência variável e inespecífica
qualidade físico-química do em relação aos patógenos.
efluente.
yy Requer produtos químicos de
yy Realiza a remoção complementar coagulação/floculação.
Filtração terciária de fósforo do esgoto.
yy Funcionamento intermitente,
yy Eficiente na remoção de ovos e devido à necessidade de
larvas de helmintos e cistos de lavagem dos filtros.
protozoários.
yy Demanda operacional com nível
intermediário.

Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 1 – Introdução à Qualidade
das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3ªed. 2005.

5.9 DISPOSIÇÃO CONTROLADA NO SOLO

A disposição de efluentes tratados no solo possibilita, além da remoção de nutrientes pelas


plantas, de sólidos suspensos e de patógenos, que são inativados pela ação dos raios
ultravioleta, pela dessecação e pela ação de predadores biológicos presentes no solo.

5.9.1 Infiltração Lenta

150
Os sistemas de infiltração lenta podem ter como objetivo apenas o tratamento dos efluentes
ou ainda o reuso do efluente para fertirrigação, ou seja, o fornecimento dos nutrientes
presentes nos efluentes por meio da irrigação e nesse caso, a taxa de aplicação dos
efluentes levará em conta, além das características do solo, as necessidades da cultura
irrigada.
Nesse sistema parte do líquido é evaporado, parte percola no solo, onde ocorre a remoção
dos microrganismos patogênicos a maior parte é absorvida pelas plantas.
A aplicação dos efluentes pode ser feita por inundação, sulcos, aspersão, gotejamento ou
com chorumeiras. As áreas de aplicação devem ter solo argiloso, com boa capacidade de
drenagem e o nível máximo do lençol freático deve estar a no mínimo 1,50 m de profundidade.

Figura 5.35 Sistema de Infiltração Lenta.

5.9.2 Infiltração Rápida


O objetivo da infiltração rápida é fazer do solo um filtro para os efluentes tratados, que são
dispostos em bacias rasas sem impermeabilização, onde o líquido percola rapidamente
pelo solo e a sua evaporação é menor devido as maiores taxas de aplicação.
A aplicação dos efluentes é intermitente de maneira a possibilitar um período de descanso
do solo e pode ser feita por descarga direta ou por aspersores de alta capacidade. Dentre
os processos de disposição no solo é o que apresenta menor requisito de área.

5.9.3 Infiltração Subsuperficial


O efluente tratado é aplicado abaixo do nível do solo, em locais que são escavados e
preenchidos com um meio poroso onde ocorre o tratamento. Os tipos mais comuns são as
valas de infiltração e os sumidouros.
151
Figura 5.36 Sistema de Infiltração Rápida

5.9.4 Escoamento Superficial


Os efluentes tratados são aplicados de maneira controlada em terrenos com certa
declividade, escoando pelo solo até canais de coleta/valas na parte inferior da rampa.
A aplicação é intermitente, sendo recomendada em solos de baixa permeabilidade como
os argilosos e com declividade de 2 a 8% e pode ser feita por aspersores de baixa e média
pressão, tubulações ou canais de distribuição ou por bacias de distribuição.
A área de disposição dos efluentes deve contar com vegetação de maneira a aumentar a
taxa de absorção de nutrientes disponíveis no solo e a perda de água por transpiração,
além de formar uma barreira ao livre escoamento dos efluentes, aumentando a retenção de
sólidos e possibilitando maior ação dos microrganismos.

152
Figura 5.37 Sistema de Escoamento Superficial.

5.10 TRATAMENTO DE LODO

Os sistemas de tratamento de efluentes geram como subprodutos, sólidos grosseiros, areia,


escuma e lodo, que devem ser tratados e dispostos adequadamente. Desses subprodutos
o que merece maior atenção em seu tratamento e disposição final é o lodo devido às
quantidades geradas nos sistemas de tratamento e aos locais para disposição final.
O tratamento do lodo engloba três fases: adensamento, estabilização e desidratação.
O Quadro 5.2 a seguir resume as principais etapas para processamento do lodo em função
do processo biológico de tratamento.
Quadro 5.2 Tratamento do Lodo em função do tipo de Sistema de Tratamento Biológico

Sistema de Frequência Adensamento Digestão Desidratação Disposição


Tratamento de remoção Final
Tratamento
variável X X X X
primário
Lagoa
>20 anos X X
Facultativa
Lagoa Anaer.
>20 anos X X
+ facultativa
Lagoa Aerada
>10 anos X X
Facultativa
Lagoa Aerada
< 5 anos X X
+ Decantação
Lodo Ativado
contínua X X X X
Convencional

153
Sistema de Frequência Adensamento Digestão Desidratação Disposição
Tratamento de remoção Final
Lodo Ativado
Aeração contínua X X X
prolongada
Lodo Ativado
contínua X X X
(Batelada)
Filtro Biológico
contínua X X
(baixa carga)
Filtro Biológico
contínua X X X X
(alta carga)
Biodiscos contínua X X
Reator
Anaeróbio variável X X
(UASB)
Tanque
Séptico+Filtro variável X X
Anaeróbio
Fonte: Adaptado de Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 1 – Introdução à
Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3ªed. 2005.

5.10.1 Adensamento
O adensamento tem como finalidade remover a umidade do lodo, aumentando assim o
teor de sólidos e reduzindo o volume de lodo a ser desidratado. Os principais processos
utilizados são: adensamento por gravidade, flotadores por ar dissolvido, centrífugas e
prensas desaguadoras.
Os adensadores por gravidade geralmente são circulares e com alimentação central e
saída do lodo pelo fundo e do material sobrenadante pela periferia, que é retornado para a
entrada da estação de tratamento. O teor de sólidos para lodo primário é entre 4 a 8%, para
lodo secundário de 2 a 3% e para lodo misto de 3 a 7%.

Figura 5.38 Adensador por Gravidade - Corte Esquemático.

Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

154
Nos flotadores por ar dissolvido a separação do lodo é realizada com a introdução de ar
difuso, sendo obtido teor de sólidos para lodo secundário de 2 a 5%.
Nas centrífugas e prensas desaguadoras o teor de sólidos para lodo secundário varia entre
3 a 7% e para lodo misto entre 4 e 8%.

5.10.2 Digestão
A estabilização do lodo consiste na redução do seu potencial de putrefação, redução da
quantidade de patógenos, eliminação de odores e redução de volume e da umidade e ainda
permitir o uso agrícola do lodo. São utilizados processos de digestão aeróbia e anaeróbia.
yy Digestão Anaeróbia: processo bioquímico complexo onde diversos grupos de
organismos anaeróbios e facultativos assimilam e destroem simultaneamente a
matéria orgânica na ausência de oxigênio dissolvido.
yy Digestão Aeróbia: oxidação bioquímica dos sólidos biodegradáveis contidos nos
esgotos, com abundância de oxigênio dissolvido favorecendo a atividade de bactérias
aeróbias e a formação de lodo digerido, gás carbônico e água. Preferencialmente é
utilizada para o tratamento do excesso do lodo do processo de lodos ativados ou de
aeração prolongada e de lodos mistos.

Figura 5.39 Digestores Cilíndricos e Ovais.

Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

A estabilização do lodo também pode ser feita com a adição de produtos químicos para a
oxidação da matéria orgânica ou por secagem térmica.

155
5.10.3 Desidratação ou desaguamento do lodo
O desaguamento, que é realizado com o lodo digerido, tem como objetivo principal a
redução do volume de lodo a ser disposto em aterros sanitários ou reutilizado na agricultura,
melhorando as suas condições de manejo e reduzindo os custos com transporte e resulta
no aumento do teor de sólidos do lodo geralmente para valores acima de 20%.
A capacidade de desaguamento varia conforme o tipo de lodo e a forma com que a água
está ligada aos sólidos do lodo.
O desaguamento do lodo pode ser realizado através de processos naturais (leitos de secagem
e secagem em estufa ou galpão) ou mecanizados (centrífugas, prensas desaguadoras,
filtros prensa, filtros a vácuo e secadores térmicos).
Para aumentar a eficiência do processo de desaguamento e aumento do teor de sólidos,
os lodos podem ser submetidos a uma etapa prévia de condicionamento com a adição de
produtos químicos (coagulantes, polieletrólitos ou polímeros), para favorecer a agregação
das partículas de sólidos e a formação de flocos, ou com o emprego de processos físicos,
como o aquecimento do lodo. Os coagulantes metálicos mais comuns são o cloreto férrico
e a cal virgem ou hidratada, além do sulfato de alumínio, sulfato ferroso e sulfato férrico.

5.10.3.1 Desaguamento natural – Leitos de Secagem


Nos processos naturais, a remoção da água é realizada por evaporação e percolação
e dependem do tempo de exposição do lodo às condições do ambiente. Embora sejam
mais simples e baratos quanto à sua operação, demandam maiores áreas e volumes para
implantação, sendo usualmente utilizados em regiões com disponibilidade de área a para
sistemas de tratamento de menor porte.
Os leitos de secagem são tanques normalmente retangulares, construídos com paredes
de alvenaria, concreto, ou terra (diques), descobertos ao ar livre (concepção mais usual
em países de clima quente) ou cobertos com telhas transparentes, preenchidos por uma
estrutura composta por uma camada suporte, um meio filtrante e um sistema de drenagem,
destinados à remoção da umidade do lodo. Após a disposição e retenção do lodo sobre
a camada suporte, parte de seu líquido intersticial evapora em contato com o calor da
atmosfera e parte percola pelas camadas do meio filtrante até alcançar a camada de
drenagem.
A camada suporte tem a função de evitar que o lodo lançado se misture ao material do
meio filtrante, sendo constituída por tijolos ou outros materiais resistentes à operação de
remoção de lodo, dispostos e assentados em nível com juntas de 2 a 3 cm preenchidas
com areia grossa.
O meio filtrante é composto por camadas adequadamente dispostas de areia e pedras
britadas de granulometria diferentes, descritas a seguir, de modo que a brita da camada
inferior tenha granulometria maior que a da camada superior:
yy Uma camada de areia grossa de 5 cm a 15 cm logo abaixo da camada suporte, usada
para facilitar o assentamento em nível dos tijolos.
yy 3 camadas sucessivas de brita, com granulometrias crescentes em direção ao fundo
do leito: camada superior com britas 1 e 2 de 10 cm a 15 cm de espessura; camada
intermediária com britas 3 e 4 de 10 cm a 30 cm de espessura; e camada inferior com
pedra de mão.

156
Figura 5.40 Leito de Secagem – camada drenante.

Fonte: Adaptado de Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005

A camada de drenagem é constituída por canalizações adequadamente dispostas no fundo


do tanque, abaixo do meio filtrante, de modo a recolher o percolado pelo leito. O líquido
drenado ou percolado normalmente é encaminhado para entrada do sistema de tratamento.

5.10.3.2 Desaguamento mecanizado


Nos processos mecanizados, a filtração, a compactação ou a centrifugação influenciam na
aceleração do processo de desaguamento, permitindo a obtenção de sistemas compactos
e sofisticados sob o ponto de vista operacional e de manutenção e assim, normalmente são
utilizados em regiões metropolitanas e em sistemas de médio e grande porte.
Os fatores principais que influenciam no desaguamento mecanizado são:
yy A proporção entre lodos primário e secundário a serem desaguados: o lodo
secundário retém o dobro da quantidade de água retida no lodo primário, fato que
pode ser decorrente da maior quantidade de sólidos de pequenas dimensões e da
grande quantidade de organismos vivos e de subprodutos da atividade biológica no
lodo secundário.
yy O tipo de lodo secundário: lodos descartados de processos com idade de lodo elevada
e lodos intumescidos ou filamentosos retém mais água.
yy O condicionamento prévio do lodo: o uso de produtos químicos pode aumentar
significativamente o desempenho do processo de desaguamento.
yy A qualidade do projeto e da operação do sistema: equipamentos operados próximos
a sua capacidade e taxas e carregamento elevadas produzem uma torta com menor
teor de sólidos.
yy Descargas industriais: podem afetar positiva ou negativamente o desempenho do
desaguamento.
Os melhores resultados de desaguamento usualmente são obtidos através dos filtros prensa
(bandejas ou diafragma), processo descontínuo (batelada) que pode produzir tortas com 6
a 10% a mais de ST que os processos contínuos. Na sequência, situam-se as centrífugas
e os filtros contínuos de esteira, observando que os filtros submetidos à pressões mais
elevadas, podem produzir tortas com 2 a 3% a mais de ST que as centrífugas.

157
5.11 REMOÇÃO DE NUTRIENTES (NITROGÊNIO E FÓSFORO)

Os nutrientes, notadamente Nitrogênio e Fósforo, em certas condições podem conduzir


para a eutrofização dos corpos d’água e sendo assim, dependendo das características do
corpo receptor e dos usos das águas a jusante de um lançamento, será necessário sua
remoção no sistema de tratamento.
A remoção de Nitrogênio e Fósforo pode ser realizada via tratamentos biológico ou físico-
químico ou na disposição controlada no solo.

5.11.1 Remoção em Lagoas


A remoção de nitrogênio em lagoas se dá principalmente pela volatilização da amônia, ou
seja, do desprendimento da amônia livre (NH3) para a atmosfera, que ocorre em condições
de pH elevado resultantes da elevada atividade fotossintética nas lagoas, notadamente
as que possuem profundidade reduzida (de maturação, de polimento e de alta taxa). O
nitrogênio pode ser removido também pela assimilação da amônia e dos nitratos pelas
algas, ocorrência de nitrificação-desnitrificação e sedimentação do nitrogênio orgânico
particulado, processos considerados pouco representativos.
Assim como o nitrogênio, a remoção de fósforo é significativa nas lagoas de pouca
profundidade (de maturação, de polimento e de alta taxa) em condições de elevado pH,
possibilitando a precipitação de fosfatos.

5.11.2 Remoção em Sistemas de Disposição Controlada no Solo


Na disposição dos efluentes tratados em solos contendo culturas, a remoção dos nutrientes
ocorre pela absorção pelas plantas, cujo crescimento naturalmente depende de nitrogênio
e fósforo.
As taxas de aplicação dos efluentes no solo devem ser controladas de acordo com as
características do solo e principalmente das necessidades das culturas irrigadas de maneira
a evitar problemas de contaminação de lençol freático e do solo assim como danos as
plantas.

5.11.3 Remoção em Sistemas de Lodos Ativados e Filtros Biológicos Aerados com


Biofilme
A remoção de nitrogênio nos sistemas de lodos ativados e nos filtros biológicos com biofilme
ocorre em duas etapas, a primeira denominada de nitrificação é a conversão da amônia ou
nitrogênio amoniacal para nitrato e a segunda, denominada desnitrificação, é a conversão
do nitrato em nitrogênio gasoso.
Em regiões de clima quente a nitrificação ocorre sistematicamente em sistemas de lodos
ativados e nos filtros biológicos ocorre em unidades de baixa carga, como por exemplo, nos
Filtros Biológicos Percoladores de Baixa Carga e nos Biofiltros Aerados Submersos. A falta
de oxigênio dissolvido, baixo pH, pouca biomassa ou a presença de substâncias tóxicas
podem prejudicar a ocorrência da nitrificação.
A conversão dos nitratos em nitrogênio gasoso ocorre em ambientes anóxicos, ou seja,
onde não há a presença de oxigênio e sendo assim, para a ocorrência da desnitrificação
há necessidade de criação de uma zona anóxica e de realização de recirculações internas.
Em sistemas de lodos ativados e filtros aerados submersos utilizados como pós tratamento
de Reatores UASB, a remoção de nitrogênio é menor tendo em vista que a maior parte da

158
matéria orgânica foi removida no Reatos UASB e assim, a disponibilidade de alimento para
as bactérias responsáveis pela desnitrificação é menor.
Para a remoção do fósforo em sistemas de lodos ativados há necessidade de criação de
uma zona anaeróbia (seletor biológico) onde os organismos acumuladores de fósforo terão
condições de ter maior crescimento e desenvolvimento em relação aos organismos que não
acumulam fósforo. Ao se remover o lodo biológico contendo os organismos acumuladores
de fósforo, está se removendo o fósforo do sistema.
Assim como no caso da remoção de nitrogênio em sistemas de pós tratamento de reatores
UASB, a remoção de fósforo também é dificultada.

5.11.4 Remoção Física-Química


A remoção de nitrogênio pode ser realizada por meio da volatilização da amônia livre (NH3),
que ocorre com a elevação do pH, por exemplo com adição de cal, e complementada por
processos de transferência de gases como por exemplo torres de aeração (stripping).
A remoção de fósforo pode ser realizada com a precipitação do fósforo solúvel com a
adição de coagulantes (íons metálicos) ou alcalinizantes; remoção do fósforo presente nos
sólidos em suspensão por meio de filtração ou flotação; e combinação da precipitação com
a filtração ou flotação.

159
160
161
162
163
164
Reuso deÁgua
Aula 6

165
6. REUSO DE ÁGUA

6.1 DESCRIÇÃO GERAL E NECESSIDADE DE REUSO

O crescimento desordenado dos grandes centros urbanos, o crescente aumento por


demanda de água e a poluição dos mananciais de abastecimento público tornam a prática
de reuso instrumento essencial para a gestão dos recursos hídricos, que inclui ainda controle
de perdas e desperdícios e minimização da produção de efluentes.
O reuso de água consiste na utilização de água residuária, seja o esgoto sanitário e/ou
demais efluentes gerados em edificações, indústrias, agroindústrias e agropecuárias,
tratados ou não, com o objetivo de utilizar água de qualidade inferior para outros usos menos
nobres, permitindo assim a utilização dos mananciais para o abastecimento público e usos
prioritários e ainda minimizando a emissão de efluentes em corpos d’água, contribuindo
para a preservação e conservação dos recursos hídricos.

6.2 FONTES POTENCIAIS DE REUSO

As fontes potenciais de água para reuso são:


yy Água Cinza: constituídas pelos efluentes gerados no uso de banheiras, chuveiros,
lavatórios, máquinas de lavar roupas, não incluindo contribuições de bacias sanitárias
e pia de cozinha.
yy A caracterização das águas cinza pode variar de acordo com a sua origem, podendo
conter contaminantes variados, visto que alguns usuários fazem a lavagem de
ferimentos em qualquer torneira, seja de lavatório ou tanque ou ainda fazem sua
higienização no banho após o uso da bacia sanitária. Ressalta-se que a qualidade da
água cinza para reuso pode ser afetada por aspectos socioculturais e econômicos.
yy Nas águas cinza, em geral, são encontrados matéria orgânica, elevados teores de
surfactantes e ainda concentrações elevadas de fósforo e nitrato e ainda turbidez
elevada devido à presença de sólidos em suspensão.
yy Água Pluvial: a água de chuva pode ser utilizada desde que seja realizada avaliação e
controle de suas características físico-químicas.
yy A água pluvial em geral não apresenta elevadas concentrações de matéria orgânica e
pode estar contaminada com coliformes fecais e bactérias.
yy Água de Drenagem de Terrenos: recomenda-se o uso da água que aflora ao nível de
escavação do terreno do empreendimento ou água proveniente de rebaixamento de
lençol freático desde que verificado que não houve dano ao abastecimento de lagos
naturais ou ecossistema e água de drenagem de terreno que seja encaminhada para
rede de drenagem.
yy A água de drenagem de terreno aparentemente é de boa qualidade, sendo
encontrados sais e óxidos de ferro e compostos químicos e contaminações que
eventualmente estejam presentes no terreno.
yy Água de Reuso da Concessionária: é constituída pelo efluente tratado proveniente de
estações de tratamento de esgoto sanitário.

166
6.3 TIPOS DE REUSO

A literatura sobre reuso de água apresenta diferentes definições, de diversos autores, sobre
os tipos de reuso, isto devido à dificuldade em se definir quando está sendo feito o reuso,
pois temos, por exemplo, corpos d’água que recebem contribuições de esgotos de diversas
cidades e ao mesmo tempo são utilizados como fonte de abastecimento de água, nesse
caso a configuração da prática de reuso depende da capacidade de autodepuração do corpo
receptor em recuperar sua qualidade natural, isto é, deve considerar o volume de esgoto
lançado e o volume de água existente nos corpos d’água, bem como suas características
hidráulicas.
De maneira geral o reuso pode ocorrer de maneira direta ou indireta, planejada ou não e
alguns autores classificam o reuso como potável e não potável.
yy Reuso Direto Planejado: quando o reuso resulta de uma ação humana consciente
após o ponto de lançamento do efluente, pressupõe a existência de um sistema de
tratamento para garantir o atendimento aos padrões de qualidade da água para o uso
pretendido.
yy Reuso Indireto não Planejado: quando a água residuária é lançada no corpo d’água e
utilizada novamente a jusante, em sua forma diluída, sendo o reuso não intencional e
não controlado.
yy Reuso Indireto Planejado: quando os efluentes tratados são lançados no corpo d’água
e utilizados a jusante, em sua forma diluída e de maneira controlada.
yy Reciclagem de Água: trata-se de um caso particular de reuso direto, consiste na
utilização de águas residuárias, antes do seu encaminhamento para um sistema de
tratamento ou local de disposição, como fonte de abastecimento suplementar do uso
original.

6.4 APLICAÇÕES DA ÁGUA DE REUSO

A água de reuso pode ser aplicada nas seguintes atividades:


yy Uso Recreacional: na irrigação de plantas ornamentais, campos de esportes, parques,
enchimento de lagos ornamentais, entre outros.
yy Agricultura: na irrigação de plantas alimentícias como árvores frutíferas, cereais,
plantas não alimentícias, como pastagens, forrageiras, entre outros.
yy Usos Industriais: nas atividades de refrigeração, águas de processo, alimentação de
caldeiras, preparação de argamassas, controle de poeira, entre outros.
yy Uso Não Potável para fins Domésticos: reuso na rega de jardins, descargas sanitárias,
lavagem de pisos, entre outros.
yy Uso Potável: considera-se uso potável indireto quando a água residuária, após
tratamento, é lançada em corpos d’água superficiais ou subterrâneos para diluição e
purificação natural, para depois ser captada, tratada e utilizada como água potável.
Em alguns casos, a água residuária pode sofrer tratamento avançado e ser utilizada
diretamente no sistema de água potável.
yy Manutenção de Vazões: uso de efluentes tratados para a manutenção de vazão de
cursos d’água em períodos de estiagem visando a adequada diluição de eventuais
cargas poluidoras.

167
yy Aqüíferos: uso dos nutrientes presentes nos efluentes tratados na produção de peixes
e plantas aquáticas para a obtenção de alimentos e/ou energia.
yy Recarga de Aqüíferos Subterrâneos: a recarga pode ser realizada de forma direta com
a injeção sob pressão de efluente tratado ou indiretamente com águas superficiais que
tenham recebido efluentes tratados.

6.5 CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA REUSO

yy saúde pública;
yy aceitação da água pelo usuário;
yy preservação do ambiente;
yy qualidade da fonte da água para reuso;
yy adequação da qualidade da água ao uso pretendido.

6.6 LEGISLAÇÃO E NORMAS

6.6.1 Legislação Federal


yy Lei nº 9.433/97 de 08/01/97 - Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, em vários pontos acena
para a racionalização do uso da água como forma de garantir o abastecimento futuro
das populações.
yy Resolução nº 54 de 28/11/05 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH –
Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reuso direto não
potável de água.
yy Resolução nº 357 de 17/03/05 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA
– Dispõe sobre a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território
Nacional;
yy Portaria do Ministério da Saúde nº 2914/11 – Estabelece os procedimentos e
responsabilidade relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade e dá outras providências;

6.6.2 Legislação Estadual


yy Decreto 8.468, de 8/09/76 - Aprova o regulamento da Lei nº 997 de 31/05/76, que
dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente.
yy Decreto nº 32.955 de 07/06/91 – Regulamenta a Lei nº 6.134 de 02/06/88, que dispõe
sobre a preservação dos depósitos naturais de águas subterrâneas;
yy Decreto nº 41.719 de 16/04/97 – Regulamenta a Lei nº 6.171 de 04/07/88, que dispõe
sobre uso, conservação e preservação do solo agrícola;
yy Decreto nº 45.805 de 15/05/01 – Institui o Programa Estadual de Uso Racional
da Água Potável, que determina uma redução de 20% no consumo de água nas
edificações e unidades públicas;
yy Resolução nº 31 de 15/05/01 da Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e
Obras – SRHSO – Determina a adoção de medidas e ações tecnológicas, visando o
atendimento da meta estabelecida para o Uso Nacional da Água;
168
yy Decreto nº 48.138 de 07/10/03 – Institui medidas de redução de consumo e
racionalização do uso da água no âmbito do Estado de São Paulo;
yy Lei nº 12.183, de 29/12/05 - Dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recursos
hídricos do domínio do Estado de São Paulo.
yy Decreto nº 50.667 de 30/03/06 – Regulamenta dispositivos da Lei nº 12.183 de
29/12/05, que trata da cobrança pela utilização dos recursos hídricos do domínio do
Estado de São Paulo e dá providências correlatas;
yy Lei nº 12.526 de 02/01/07 – Estabelece normas para contenção de enchentes e
destinação de águas pluviais (e redução do consumo de água).
yy Deliberação CRH nº 156, de 11/12/13 – Estabelece diretrizes para reuso direto de
água não potável, proveniente de ETEs de sistemas públicos para fins urbanos e dá
outras providências, no âmbito do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hídricos.
yy Portaria DAEE nº 2.069, 19/09/14 – Disciplina a utilização de recursos hídricos
provenientes de rebaixamento de lençol freático em edificações e obras de
construção.
yy Portaria DAEE nº 2.434, de 10/10/14 – Disciplina a utilização de recursos hídricos
subterrâneos provenientes de processo de remediação em áreas contaminadas.
yy Resolução Conjunta SES/SMA/SSRH-01, de 28/06/17 – Disciplina o reuso de água
para fins urbanos, proveniente de Estações de Tratamento de Esgoto Sanitário e dá
providências correlatas.
A Resolução divide as águas de reuso de acordo com as restrições impostas à circulação
de pessoas nas áreas de aplicação da água de reuso, quais sejam: ”Uso com restrição
Moderada” para uso em Irrigação paisagística, Lavagem de logradouros e outros espaços
públicos privados, Construção Civil, Desobstrução de galerias de águas pluviais e rede de
esgotos, Lavagem de veículos e Combate a Incêndio e “Uso com Restrição Severa” para
todos os usos citados com exceção de combate a incêndio e lavagem interna de veículos,
sendo definidos os padrões de qualidade indicados na Tabela 6.1.
Tabela 6.1. Padrões de Qualidade - Resolução Conjunta SES/SMA/SSRH-01

Padrões de Qualidade Categorias


Uso com Restrição
Parâmetro Uso com Restrição Moderada
Severa
pH 6a9 6a9
DBO5,20 (mg/L) ≤ 10 ≤ 30
Turbidez (1) (UNT) ≤2 -
Sólidos Suspensos Totais (mg/L) (1)
< 30
Coliformes Termotolerantes (2) Não detectável < 200
(UFC/100 mL)
Ovos de helmintos (3) (Ovo/L) <1 1
Cloro Residual Total – CRT (4) (mg/L) <1 <1
Condutividade elétrica – CE (5) (dS/m) < 0,7 < 3,0
RAS (5,6) <3 3-9
Sólidos Dissolvidos Totais (mg/L) < 450 < 2000
Cloreto (mg/L) < 106 (7) < 350

169
Boro (mg/L) < 0,7 < 2,0
Distância de Precaução (8) (m) 70 (para poços de captação de água potável)
Tipo de Tratamento Tratamento secundário, Tratamento
desinfecção e filtração. Este secundário,
tratamento não poderá ter níveis desinfecção e filtração.
mensuráveis de patógenos. (9)
(1) O Critério de Turbidez deve ser respeitado antes da desinfecção. Esse critério deve ser baseado na
média das medições horárias da Turbidez dentro de um período de 24 horas. Nenhuma medição horária
deve exceder 5 UNT. No caso de utilização de sistemas de membrana filtrante, a Turbidez não poderá
exceder 0,2 UNT e os Sólidos Suspensos Totais, 0,5 mg/L, uma vez que concentrações superiores a esses
valores são indicativas de problemas de integridade desse sistema.
(2) Caso seja utilizado o parâmetro E. coli, o limite para o uso restrito deve ser 120 UFC/100mL.
(3) Também poderá ser aceito o parâmetro ovos viáveis de Ascaris sp, que deverá limitar-se a <0,1 ovo
viável por litro para Uso com Restrição Moderada e a 0,1 ovo viável por litro para Uso com Restrição
Severa.
(4) Outros tratamentos que não utilizem o cloro seão aceitos para desinfecção, desde que tenham eficiência
semelhante.
(5) A fim de minimizar problemas de permeabilidade dos solos, o critério da RAS deverá ser interpretado em
conjunto com a Condutividade Elétrica (CE), conforme quadro a seguir.

RAS Condutividade elétrica (dS/m)


Mínima Máxima
0–3 0,2 2,9
3–6 0,3 2,9
6 - 12 0,5 2,9
Adaptado de FAO (1985) / EPA (2012)
(6) RAS = Razão de Adsorção de Sódio, determinado na água de irrigação e indicando a quantidade relativa
de sódio (meq/L) que pode ser adsorvido pelo solo. Seu cálculo depende da determinação dos teores de
cálcio (meq/L) e magnésio (meq/L). Seu cálculo se dá pela fórmula: RAS = Na+/ [(Ca+++ Mg++)/2]1/2
(7) Este padrão aplica-se para o uso de irrigação. Para os demais usos, aplica-se o padrão do uso com
Restrição Severa.
(8) O critério de distância de precaução tem como base o Perímetro de Alerta definido em legislação
específica para águas subterrâneas (Decreto Estadual 32.955/91), que considera tempo de trânsito de 50
dias até a água atingir a zona de captura da água. Para as unidades hidrogeológicas do Estado de São
Paulo, o Instituto Geológico (2010) calculou distâncias de 30 a 70m, em função da característica do aquífero
e da vazão de captação. Este valor poderá ser modificado caso haja dados disponíveis, tecnicamente
justificados, que comprovem riscos aos poços de captação de água potável.
(9) Recomenda-se realizar uma caracterização microbiológica completa (bactéria, vírus e protozoário) da
água tratada de reúso antes do início de operação da planta.

6.6.3 Legislação Município de São Paulo


yy Lei nº 13.276, de 05/01/02 – Torna obrigatória a execução de reservatório para águas
coletadas por coberturas e pavimentos nos lotes, edificados ou não, que tenham área
impermeabilizada superior a 500 m².
yy Lei nº 13.309, de 31/01/02 – Dispõe sobre o reuso de água não potável e dá outras
providências.
yy Decreto nº 41.814, de 15/03/02 – Regulamenta a Lei nº 13.276, de 05/01/02.

170
yy Decreto nº 44.128, de 19/11/03 – Regulamenta a utilização pela Prefeitura do
Município de São Paulo, de Água de Reuso não potável, a que se refere a Lei nº
13.309, de 31/01/02.
yy Lei nº 16.160, de 13/04/15 – Cria o programa de reuso de água em postos de serviços
e abastecimento de veículos e lava-rápidos no município de São Paulo, e dá outras
providências.

6.6.4 Legislação Município de Campinas


yy Resolução Conjunta SVDS/SMS nº 09/2014, de 31/07/14 - Estabelece modalidades,
diretrizes e critérios gerais para o reuso direto não potável de água, proveniente de
Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) de sistemas públicos para fins de usos
múltiplos no Município de Campinas
A Resolução divide as águas de reuso em Classe A para uso em Combate a Incêndio e
Lavagem de caminhões (lixo, coleta seletiva, construção civil), trens e aviões; e Classe B
para uso em Irrigação paisagística, Lavagem de logradouros e outros espaços públicos
privados, Construção Civil, Desobstrução de galerias de águas pluviais e rede de esgotos e
Atividades e operações industriais, sendo definidos os padrões de qualidade indicados na
Tabela 6.2.
Tabela 6.2. Padrões de Qualidade - Resolução Conjunta SVDS/SMS nº 09/2014

Parâmetro Classe A Classe B


Coliformes Termotolerantes ou E.coli (UFC/100 mL) 100 NMP 200 NMP
Giardia e Cryptosporidium (cistos ou oocistos/L) - 0,05
Ovos de Helmintos (ovo/L) - <1
Turbidez (NTU) 1 5
DBO5,20 (mg/L) 5 30
Sólidos Suspensos Totais (mg/L) 5 30
Cloreto Total (mg/L) 250 250
Sódio (mg/L) 200 200
Cloro Residual Total (mg/L) (*) Mínimo 1,50 Máximo 3,00
Cloro Residual Livre (mg/L) (*) Mínimo 1,00 Máximo 2,00
(*) Após 30 minutos de tempo de contato

6.6.5 Documentos Orientadores Nacionais


A prática de reuso de efluentes ainda não está devidamente regulamentada em todo o
Estado de São Paulo, entretanto existem algumas publicações que podem orientar essa
prática.

6.6.5.1 CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental


A CETESB desenvolveu estudos para orientar a aplicação de efluentes gerados em alguns
setores produtivos e em estações de tratamento de esgotos domésticos em solo agrícola,
tendo sido publicados alguns documentos que serão descritos a seguir.
yy P4.231 – Vinhaça – Critérios e Procedimentos para a Aplicação no Solo Agrícola,
Dez/06.

171
Esta norma estabelece critérios e procedimentos para o armazenamento e aplicação
no solo, do Estado de São Paulo, da vinhaça gerada pela atividade sucroalcooleira no
processamento de cana-de-açúcar. São apresentadas condições para a escolha da área
de aplicação da vinhaça, critérios para o correto armazenamento, procedimentos para
caracterização da vinhaça e monitoramento da aplicação no solo e ainda critérios para a
suspensão da aplicação.
Caracterização da vinhaça para aplicação:
yy pH, resíduo não filtrável total, dureza, condutividade elétrica, série nitrogenada
completa (N-Kjeldahl, N-amoniacal, N-nitrato, N-nitrito), sódio, cálcio, potássio,
magnésio, sulfato, fosfato total, DBO e DQO.
yy semanalmente deve ser determinado o teor de K2O, expresso em kg/m3 para a
determinação da dosagem da vinhaça a ser aplicada.
yy Orientação para Apresentação de Projeto visando a Aplicação de Água de Reuso
proveniente de Estação de Tratamento de Esgoto Doméstico na Agricultura
Este documento estabelece critérios mínimos e exigências técnicas a serem atendidos
pelo empreendedor quando da aplicação de água de reuso proveniente de estação de
tratamento de esgoto doméstico na aplicação em culturas de maneira a proteger o meio
ambiente e a saúde pública.
Os critérios para aplicação consideram a caracterização do efluente tratado, a área e o
sistema de aplicação, bem como o tipo de cultura onde será aplicado.
Aplicação
yy pomares;
yy culturas que não são consumidas cruas;
yy forrageiras, exceto para pastejo direto;
yy áreas de reflorestamento e plantações florestais;
yy irrigação paisagística ou esportiva.

Caracterização do esgoto doméstico tratado para aplicação:


yy razão de adsorção de sódio (RAS) máxima de 12 para limitar risco de sodificação do
solo;
yy RAS > 9 considerar o grau de tolerâncias das plantas cultivadas;
yy correlação entre RAS e condutividade elétrica para minimizar problemas de
permeabilidade dos solos:
Tabela 6.3. Correlação entre RAS e Condutividade

Condutividade Elétrica (dS/m)


RAS
mínima máxima
0-3 0,2 2,9
3-6 1,2 2,9
6 - 12 1,9 2,9
Fonte: FAO - Food and Agriculture Organization/ONU.2005.

172
yy características físico-químicas do esgoto doméstico tratado para aplicação em
culturas.
Tabela 6.4. Características Físico-Químicas do esgoto doméstico tratado para aplicação
Substâncias Concentração (mg/L)
Alumínio 5,00
Arsênio 0,10
Bário 5,00 (**)
Berílio 0,10
Boro 0,50 (***)
Cádmio 0,01
Chumbo 0,50 (**)
Cianeto 0,20 (**)
Cloreto 106,50 (***)
Cobalto 0,05
Cobre 0,20
Cromo 0,10
Fenóis totais (substâncias que reagem
0,50 (*)
com 4-aminoantipirina)
Ferro 5,00
Fluoreto 1,00
Manganês 0,20
Mercúrio 0,01 (**)
Molibdênio 0,01
Níquel 0,20
Prata 0,02
Selênio 0,02
Sódio 69,00 (***)
Sulfeto 1,00 (*)
Vanádio 0,10
Zinco 2,00
Clorofórmio 1,00 (*)
Dicloroeteno 1,00 (*)
Tetracloreto de carbono 1,00 (*)
Tricloroeteno 1,00 (*)
Fonte: Water Quality for Agriculture. FAO - Food and Agriculture. 1994
(*) Resolução CONAMA 357/05
(**) Decreto Estadual 8.468/76
(***) Concentração de boro acima de 0,5 mg/L, de cloreto acima de 106,5 mg/L e de sódio acima de 69 mg/L
são tóxicas para plantas sensíveis, como frutíferas, principalmente por sistemas de aspersão e, somente
serão aceitas para aplicação desde que seja apresentado parecer conclusivo de instituição oficial ou
credenciada de pesquisa sobre a viabilidade agrícola de seu uso.

173
yy valores microbiológicos para uso de esgoto doméstico tratado
Tabela 6.5. Características Microbiológicas do esgoto doméstico tratado para aplicação

Condições de Grupos Técnicas de Ovos de Coliformes


Categoria
reuso expostos aplicação Helmintos a b termotolerantes c

Campos
esportivos, trabalhador,
A qualquer ≤ 0,10 ≤ 200
parques público
públicos
B1
trabalhadores
(exceto
crianças
(a) aspersão ≤ 1,00 ≤ 105
menores de
Cereais, 15 anos),
cultura a ser comunidades
industrializada, vizinhas
silvicutura, (b) inundação /
B B2 idem B1 ≤ 1,00 ≤ 103
árvores canal
frutíferas d, B3
forrageira para trabalhadores
feno e silagem e incluindo
crianças
qualquer ≤ 0,10 ≤ 103
menores
de 15 anos,
comunidades
vizinhas
Aplicação
localizada de
culturas da
categoria B se gotejamento,
C nenhum não aplicável não aplicável
não ocorrer microaspersão
exposição de
trabalhadores e
público
Fonte: World Health Organization. 2000
(a) Ascaris e Trichuris e ancilóstomo, esse valor tem também a intenção de proteger contra riscos de
protozoários;
(b) média aritmética do nº de ovos por litro, durante o período de aplicação;
(c) média geométrica do nº por 100 mL, durante o período de aplicação (contagem preferencialmente
semanal e no mínimo mensal);
(d) para árvores frutíferas a aplicação deve ser interrompida duas semanas antes da colheita, fruta não deve
ser colhida do chão. Aspersão convencional não deve ser usada;
(e)aplicação em plantas forrageiras não será permitida para pastejo direto. Forrageira no cocho é
considerado como pastejo direto.

Restrições quanto as áreas para aplicação


yy Área de Preservação Permanente;
yy Área de Proteção Ambiental;
yy Área de Proteção a Mananciais;
yy Núcleos Urbanos.
174
Gerenciamento da aplicação dos esgotos
yy monitoramento do solo, das águas subterrâneas e dos esgotos tratados.
yy P 4.002 Efluentes e Lodos Fluidos de Indústrias Cítricas: Critérios e
Procedimentos para Aplicação no Solo Agrícola, 2010
Esta norma estabelece critérios e procedimentos para a aplicação no solo, do Estado de
São Paulo, dos efluentes e lodos fluidos gerados pelas indústrias cítricas. São apresentadas
as características e condicionantes dos efluentes a serem utilizados e das áreas para
aplicação, assim como condicionantes para o manejo e suspensão da.

Caracterização e Condicionantes dos Efluentes


yy Caracterização quali-quantitativa representativa.
yy Parâmetros: Sólidos Dissolvidos Totais, Série Nitrogenada completa, Al, Na, Ca, K,
Mg, Ba, Bo, Fluoreto, COT, Sulfeto, Sulfato, Cloreto, Fosfato Total, Fe, Zn, Ni, Mn, Cu,
Cd, Pb, Cr e Hg.
yy Condutividade elétrica < 2,9 dS/m.
yy Razão de Adsorção de Sódio - RAS < 12, para 9 < RAS < 12 considerar grau de
tolerância ao sódio das culturas.
yy Concentrações médias anuais máximas permitidas no efluente a ser aplicado em solo
agrícola.
Tabela 6.6. Concentrações médias anuais permitidas no efluente a ser aplicado

Parâmetro Concentração (mg/L)


Boro 0,5
Cádmio 0,01
Chumbo 0,5*
Cloreto 100 – 700**
Cobre 0,2
Crômio 0,1
Fluoreto 1,0***
Mercúrio 0,002
Níquel 0,2
Zinco 2,0
Nitrogênio-Nitrato 10,0 ****
Sódio 69,0 ***
* artigo 18 do regulamento da Lei 997/76, aprovado pelo Decreto 8468/76;
** depende da tolerância da cultura cultivada na área de aplicação e das condições climatológicas no
momento da aplicação.
*** Efluentes com concentrações acima desses limites somente serão aceitos para aplicação desde
que seja apresentado parecer conclusivo de instituição oficial ou credenciada de pesquisa ou Termo de
responsabilidade de profissional habilitado sobre a viabilidade agrícola de seu uso.
**** Para aplicação de efluentes com concentração de nitrogênio nitrato (N-NO3-) acima de 10 mg/L, deve
ser feito o cálculo da taxa de aplicação em função do nitrogênio disponível (Ndisp), conforme item 7.2.1.1.

175
Caracterização e Condicionantes da Área de Aplicação
yy Não estar em Área de Preservação Permanente – APP e de reserva legal;
yy Se a área estiver em Área de Proteção Ambiental – APA ou Área de Proteção e
Recuperação de Mananciais – APRM a aplicação de efluentes deverá estar de acordo
com os seus regulamentos ou ser aprovado pelo órgão gestor;
yy Não estar em área de proteção de poços ou estar, no mínimo, a 100 m de poço de
abastecimento;
yy Estar afastada, no mínimo, 500 m de perímetros urbanos;
yy Estar afastada, no mínimo, 6 m de APP e com proteção por terraços de segurança;
yy Profundidade do nível d’água deve ser, no mínimo, 2 m no final da estação das
chuvas;
yy Declividade do terreno máxima de 15%;
yy Os tanques de armazenamento de efluentes devem estar a 200 m dos corpos d’água;
yy As concentrações de sódio das amostras coletadas até no máximo 2 m de
profundidade, e de potássio trocáveis no solo não poderão exceder 6% e 5% da
Capacidade de Troca Catiônica – CTC, respectivamente.

Condicionantes para Manejo da Aplicação


yy a concentração de potássio atingir 5% da Capacidade de Troca Catiônica – CTC,
a aplicação de efluentes ficará restrita à reposição desse nutriente em função da
extração média pela cultura e desde que os teores de potássio não ultrapassem a
somatória dos teores de cálcio mais magnésio;
yy a concentração de sódio atingir 6% da CTC, o manejo da área de aplicação de
efluente deverá ser modificado visando à redução da PST no solo, e aumentada a
freqüência de monitoramento, a critério da CETESB;
yy forem observadas concentrações de nitrato nas águas subterrâneas acima de 5 mg/L,
o manejo integrado da aplicação de efluente e outras práticas agrícolas deverá ser
modificado visando à redução do nitrogênio.

Condicionantes para Suspensão da Aplicação


yy a concentração de sódio ultrapassar 15% da CTC, nos resultados obtidos até a
profundidade máxima de 2 (dois) metros;
yy as substâncias presentes no efluente ou lodo fluido apresentarem concentrações, no
solo, acima dos Valores de Prevenção para solo estabelecidos pela CETESB;
yy ocorrerem concentrações de substâncias nas águas subterrâneas estatisticamente
comprovadas acima os respectivos Valores de Intervenção.

6.6.5.2 FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo


yy Manual Conservação e Reuso da Água em Edificações. FIESP/ANA/SINDUSCON.
Jun/05.
A FIESP em parceria com a ANA – Agência Nacional de Águas e SindusCon-SP - Sindicato
da Indústria da Construção do Estado de São Paulo publicou este manual contendo

176
orientações para a implementação de programa de conservação de água em edificações
novas e existentes, que inclui estudo de viabilidade técnica e econômica, controle de
pressões e vazões, análise da demanda de água, etc.
Esse manual apresenta ainda as exigências mínimas da água não potável para uso em
edifícios, os padrões de qualidade da água para reuso e estudos de caso.
Exigências Mínimas
yy não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à
saúde humana
yy não deve deteriorar os metais sanitários, máquinas e equipamentos;
yy não deve formar incrustações.

Padrões de Qualidade da Água para Reuso


Água de Reuso Classe 1
yy descarga de bacias sanitárias;
yy lavagem de pisos;
yy fins ornamentais (chafarizes, espelho de água, etc.);
yy lavagem de roupas;
yy lavagem de veículos.
Tabela 6.7. Padrões de Qualidade para Água de Reuso Classe 1.

Parâmetros Concentrações
Coliformes fecais (1) Não detectáveis
pH entre 6,0 e 9,0
Cor (UH) ≤ 10
Turbidez (UT) ≤2
Odor a aparência Não desagradáveis
Óleos e graxas (mg/L) ≤1
DBO (2) (mg/L) ≤ 10
Compostos orgânicos voláteis (3) Ausentes
Nitrato (mg/L) ≤ 10
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) ≤ 20
Nitrito (mg/L) ≤1
Fósforo total (4)
(mg/L) ≤ 0,1
Sólidos suspensos totais - SST (mg/L) ≤2
Sólidos dissolvidos totais - SDT (5) (mg/L) ≤ 500
(1) Parâmetro prioritário para os usos considerados.
(2) O controle da DBO evita a proliferação de microrganismos e cheiro desagradável, devido ao processo de
decomposição que pode ocorrer em linhas e reservatórios.
(3) O controle deste composto visa evitar odores desagradáveis, principalmente em aplicações externas em
dias quentes.

177
4) O controle de formas de nitrogênio e fósforo visa evitar a proliferação de algas e filmes biológicos que
podem formar depósitos em tubulações, peças sanitárias, reservatório, tanque, etc.
(5) Valor recomendado para lavagem de roupas e veículos.

Água de Reuso Classe 2


yy lavagem de agregados;
yy preparação de concreto;
yy compactação do solo;
yy controle de poeira.
Tabela 6.8. Padrões de Qualidade para Água de Reuso Classe 2.

Parâmetros Concentrações
Coliformes fecais ≤ 1000/mL
pH entre 6,0 e 9,0
Odor a aparência Não desagradáveis
Óleos e graxas (mg/L) ≤1
DBO (mg/L) ≤ 30
Compostos orgânicos voláteis Ausentes
Sólidos suspensos totais - SST (mg/L) 30

Água de Reuso Classe 3


yy irrigação de áreas verdes;
yy regas de jardim.
Tabela 6.9. Padrões de Qualidade para Água de Reuso Classe 3.

Parâmetros Concentrações
pH entre 6,0 e 9,0
0,7 < EC (dS/m) < 3,0
Salinidade 
450 < SDT (mg/L) < 1500
Sódio (SAR) entre 3 e 9
Para irrigação superficial Cloretos (mg/L) < 350

Toxicidade por Cloro residual (mg/L) máxima de 1


íons específicos Sódio (SAR) > ou = 3,0
Para irrigação com aspersores Cloretos (mg/L) < 100 mg/L
Cloro residual (mg/L) < 1,0 mg/L
Irrigação de culturas alimentícias 0,70
Boro (mg/L)
Regas de jardim e similares 3,0
Nitrogênio total (mg/L) 5 - 30
DBO (mg/L) < 20
Sólidos suspensos totais (mg/L) < 20

178
Parâmetros Concentrações
Turbidez (UT) <5
Cor aparente (UH) < 30
Coliformes fecais (mL) ≤ 200/100 mL

Água de Reuso Classe 4


yy resfriamento de equipamentos de ar condicionado (torres de resfriamento).
Tabela 6.10. Padrões de Qualidade para Água de Reuso Classe 4.

Variável Sem recirculação Com recirculação


Sílica (mg/L) 50 50
Alumínio (mg/L) SR 0,1
Ferro (mg/L)   0,5
Manganês (mg/L)   0,5
Amônia (mg/L)   1
Sólidos dissolvidos totais mg/L) 1000 500
Cloretos (mg/L) 600 500
Dureza (mg/L) 850 650
Alcalinidade mg/L) 500 350
Sólidos em suspensão totais (mg/L) 5000 100
pH 5,0 - 8,3 6,8 - 7,2
Coliformes totais (NMP/100 mL) SR 2,2
Bicarbonato (mg/L) 600 24
Sulfato (mg/L) 680 200
Fósforo (mg/L) SR 1
Cálcio (mg/L) 200 50
Magnésio (mg/L) SR 30
Oxigênio dissolvido (mg/L) Presente SR
DQO (mg/L) 75 75
SR - sem recomendação

yy Conservação e Reuso de Água – Manual de Orientações para o Setor Industrial.


FIESP/ANA. 2004.
O manual apresenta orientação para a implementação de programa de conservação e reuso
de água, desde a avaliação técnica complementar até o detalhamento técnico do programa
e respectivo sistema de gestão. São apresentadas informações sobre a distribuição do
consumo de água na indústria por atividades, requisitos de qualidade da água de reuso
e padrões de qualidade para algumas atividades de alguns setores produtivos como
farmacêutica, têxtil e papel e celulose. O documento apresenta ainda alguns valores de
consumo de água por unidade de produção de setores como comida enlatada, leite e
derivados, indústria química, papel e celulose, entre outras.

179
Aplicação:
yy torres de resfriamento;
yy caldeiras;
yy lavagem de peças e equipamentos;
yy irrigação de áreas verdes;
yy lavagem de pisos e veículos;
yy processos industriais.

Tipos de Reuso na Indústria:


yy Reuso macro externo: reuso de efluentes tratados de estações de tratamento
administradas por concessionárias ou outras indústrias;
yy Reuso macro interno: uso interno de efluentes, tratados ou não, provenientes de
atividades realizadas na própria indústria
-- reuso em cascata: efluente industrial originado em um determinado processo industrial
é diretamente utilizado em processo subsequente;
-- reuso de efluentes tratados: efluente industrial é encaminhado para tratamento e
posteriormente é reutilizado nos processos industriais.
Tabela 6.11. Padrão de qualidade recomendado para água de resfriamento e geração de
vapor

Geração de vapor
Água de Caldeira de Caldeira de Caldeira de
Parâmetro
resfriamento baixa pressão média pressão alta pressão
(< 10 bar) (10 a 50 bar) (> 50 bar)
Cloretos (mg/L) 500 (**) (**) (**)
Sólidos dissolvidos totais
(mg/L) 500 700 500 200
Dureza (mg/L) 650 350 1,0 0,07
Alcalinidade (mg/L) 350 350 100 40
pH 6,9 a 9,0 7,0 a 10,0 8,2 a 10,0 8,2 a 9,0
DQO (mg/L) 75 5,0 5,0 1,0
Sólidos suspensos totais (mg/L) 100 10 5 0,5
Turbidez (UT) 50 - - -
DBO (mg/L) 25 - - -
Compostos orgânicos (mg/L) (*) 1,0 1,0 1,0 0,5
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 1,0 0,1 0,1 0,1
Fosfato (mg/L) 4,0 - - -
Sílica (mg/L) 50 30 10 0,7
Alumínio (mg/L) 0,1 5,0 0,1 0,01
Cálcio (mg/L) 50 + 0,4 0,01

180
Geração de vapor
Água de Caldeira de Caldeira de Caldeira de
Parâmetro
resfriamento baixa pressão média pressão alta pressão
(< 10 bar) (10 a 50 bar) (> 50 bar)
Magnésio (mg/L) 0,5 + 0,25 0,01
Bicarbonato (mg/L) 24 170 120 48
Sulfato (mg/L) 200 (**) (**) (**)
Cobre (mg/L) - 0,5 0,05 0,05
Zinco (mg/L) - (**) 0,01 0,01
Substâncias extraídas em
Tetracloreto de Carbono (mg/L) - 1 1 0,5
Sulfeto de hidrogênio (mg/L) - (**) (**) (**)
Oxigênio dissolvido (mg/L) - 2,5 0,007 0,0007
Fonte: Water Reclamation and Reuse. J. Crook. 1996 apud SAUTCHUK, C. et. al. Conservação e Reuso de Água:
Manual de Orientações para o Setor Industrial. São Paulo: FIESP/CIESP, s.d

(*) substâncias ativas ao azul de metileno


(**) aceito como recebido, caso sejam atendidos outros valores limites

Tabela 6.12. Padrão de qualidade recomendado para uso na Indústria Farmacêutica

Parâmetro Água purificada Água para injetáveis


pH 5,0 a 7,0 5,0 a 7,0
Estágio 1: ≤ 1,3 _S/cm
Condutividade elétrica Estágio 2: ≤ 2,1 _S/cm
Estágio 3: valor associado à medida do pH
Carbono orgânico total (*) 500 ppb
Bactérias (**) 100 UFC/mL 10 UFC/mL
Endotoxinas - < 0,25 EU
Fonte: US Pharmacopeia - USP 24 apud SAUTCHUK, C. et. al. Conservação e Reuso de Água: Manual de Orientações
para o Setor Industrial. São Paulo: FIESP/CIESP, s.d

(*) Pode-se utilizar o teste para substâncias oxidáveis em substituição a este parâmetro.
(**) Somente como recomendação

181
Tabela 6.13. Requisitos de qualidade para a água de uso industrial

Parâmetros (mg/L, exceto onde indicado)


Indústria e Sólidos
Processo Cor Alcalinidade Dureza Sólidos
pH (un) dissolvidos Cloreto
(UH) (CaCO3) (CaCO3) suspensos
totais
Produtos Químicos 
Cloro e Álcali 10 80 140 6,0 - 8,5   10  
Carvão de
alcatrão 5 50 180 6,5 - 8,3 400 5 30
Compostos
orgânicos 5 125 170 6,5 - 8,7 250 5 25
Compostos
inorgânicos 5 70 250 6,5 - 7,5 425 5 30
Plásticos e
resinas 2 1,0 0 7,5 - 8,5 1 2 0
Borracha
sintética 2 2 0 7,5 - 8,5 2 2 0
Produtos
farmacêuticos 2 2 0 7,5 - 8,5 2 2 0
Sabão e
detergentes 5 50 130   300 10 40
Tintas 5 100 150 6,5 270 10 30
Madeira e
resinas 200 200 900 6,5 - 8,0 1000 30 500
Fertilizantes 10 175 250 6,5 - 8,5 300 10 50
Explosivos 8 100 150 6,8 200 5 30
Petróleo     350 6,0 - 9,0 1000 10 300
Ferro e Aço
Laminação a
quente       5,0 - 9,0      
Laminação a
frio       5,0 - 9,0   10  
Têxtil 
Engomagem 5   25 6,5 - 10,0 100 5  
Lavagem 5   25 3,0 - 10,5 100 5  
Branqueamento 5   25 2,0 - 10,5 100 5  
Tingimento 5   25 3,5 - 10,0 100 5  
Papel e Celulose 
Processo
mecânico 30     6,0 - 10,0     1000
Processo
químico              
Não
branqueado 30   100 6,0 - 10,0   10 200
Branqueado 10   100 6,0 - 10,0   10 200

182
Parâmetros (mg/L, exceto onde indicado)
Indústria e Sólidos
Processo Cor Alcalinidade Dureza Sólidos
pH (un) dissolvidos Cloreto
(UH) (CaCO3) (CaCO3) suspensos
totais
Diversos 
Frutas e
vegetais
enlatados 5 250 250 6,5 - 8,5 500 10 250
Refrigerantes 10 85          
Curtimento de
couro 5   150 6,0 - 8,0     250
Cimento   400   6,5 - 8,5 600 500 250

Fonte: Industrial and Hazardous Waste Treatment. N. L. Nemerov and A. Dasgupta. 1991 apud SAUTCHUK, C. et. al.
Conservação e Reuso de Água: Manual de Orientações para o Setor Industrial. São Paulo: FIESP/CIESP, s.d.

Tabela 6.13A. Requisitos de qualidade para a água de uso industrial

Parâmetros (mg/L, exceto onde indicado)


Indústria e
Processo Ferro Manganês Nitrato Sulfato Sílica Cálcio Magnésio Bicarbonato

Produtos
Químicos                
Cloro e Álcali 0,1 0,1       40 8 100
Carvão de alcatrão 0,1 0,1   200   50 14 60
Compostos
orgânicos 0,1 0,1   75   50 12 128
Compostos
inorgânicos 0,1 0,1   90   60 25 210
Plásticos e resinas 0,005 0,005 0 0 0,02 0 0 0,1
Borracha sintética 0,005 0,005 0 0 0,05 0 0 0,5
Produtos
farmacêuticos 0,005 0,005 0 0 0,02 0 0 0,5
Sabão e
detergentes 0,1 0,1   150   30 12 60
Tintas 0,1 0,1   125   37 15 125
Madeira e resinas 0,3 0,2 5 100 50 100 50 250
Fertilizantes 0,2 0,2 5 150 25 40 20 210
Explosivos 0,1 0,1 2 150 20 20 10 120
Petróleo 1         75 30  
Ferro e Aço                
Laminação a
quente                
Laminação a frio                
Têxtil                
Engomagem 0,3 0,05            
Lavagem 0,1 0,01            
Branqueamento 0,1 0,01            
Tingimento 0,1 0,01            

183
Parâmetros (mg/L, exceto onde indicado)
Indústria e
Processo Ferro Manganês Nitrato Sulfato Sílica Cálcio Magnésio Bicarbonato

Papel e Celulose                
Processo mecânico 0,3 0,1            
Processo químico                
Não branqueado 1 0,5     50 20 12  
Branqueado 0,1 0,05     50 20 12  
Diversos                
Frutas e vegetais
enlatados 0,2 0,2 10 250 50 100    
Refrigerantes 0,3 0,05            
Curtimento de
couro 50         60    
Cimento 25 0,5 0 250 35      
Fonte: Industrial and Hazardous Waste Treatment. N. L. Nemerov and A. Dasgupta. 1991 apud SAUTCHUK, C. et. al.
Conservação e Reuso de Água: Manual de Orientações para o Setor Industrial. São Paulo: FIESP/CIESP, s.d.

6.6.5.3 ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


yy NBR 13.969/97 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e
disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação.
A norma em seu item 5 apresenta diversas formas de disposição final de efluentes tratados
em tanques sépticos e especificamente no subitem 5.2 apresenta algumas premissas para
a prática de reuso, incluindo o planejamento do sistema e o grau de tratamento necessário.

Planejamento do sistema de reuso:


yy Definição dos usos previstos;
yy Volumes;
yy Grau de Tratamento;
yy Sistema de reservação e distribuição;
yy Manual de operação e treinamento de pessoal.

Classes da Água de Reuso


Tabela 6.14. Classes de Água de Reuso e Tratamento Mínimo – ABNT 13969/97

Classe Uso Tratamento Requerido


1 Lavagem de carros e demais usos com contato Aeróbio + Filtração convencional
direto a água e possível aspiração de aerossóis. (areia e carvão ativado) + Desinfecção
2 Lavagem de pisos, calçadas e irrigação de jardins, Aeróbio + Filtração de Areia +
fins paisagísticos Desinfecção
3 Descargas sanitárias Aeróbio + Filtração + Desinfecção
4 Pomares, cereais, pastagens e outros cultivos  
através de escoamento superficial ou irrigação
pontual

184
Padrões de Qualidade da Água de Reuso
Tabela 6.15. Padrões de Qualidade da Água de Reuso – ABNT 13969/97

Parâmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4


Turbidez (UT) <5 <5 < 10
Coliforme fecal (NMP/100 mL) < 200 < 500 < 500 < 5.000
Sólidos Dissolvidos Totais (mg/L) < 200
pH 6,0 ~ 8,0
Cloro Residual (mg/L) 0,5 ~ 1,5 > 0,5
Oxigênio dissolvido (mg/L) > 2,0

yy NBR 15.527/2007 – Água de chuva – Aproveitamento de coberturas em áreas


urbanas para fins não potáveis – Requisitos.
Esta norma apresenta recomendações para elaboração de projetos para aproveitamento
de águas de chuva para fins não potáveis, incluindo critérios para o dimensionamento dos
reservatórios de armazenamento e padrões de qualidade da água de chuva e respectivo
monitoramento.

Concepção do projeto:
yy Estimativa de demandas;
yy Estudo das séries históricas de precipitações;
yy Prever sistema mínimo de remoção de sólidos grosseiros;
yy Dispositivo para descarte da primeira chuva (recomendado 2 mm da precipitação
inicial);
yy Impedir conexão cruzada;
yy Reservatórios devem ter extravasor, dispositivo de esgotamento, cobertura, inspeção,
ventilação e segurança;
yy Tubulações identificadas e diferenciadas das tubulações de água potável;
yy Realizar manutenção periódica de todo sistema de coleta, armazenamento e
distribuição.

Tabela 6.16. Padrões de Qualidade da Água de Chuva para Aproveitamento – ABNT


15.527/07

Parâmetro Valor Monitoramento


Coliformes Totais (NMP/100 mL) Ausência Semestral
Coliformes Termotolerantes (NMP/100 mL) Ausência Semestral
Cloro residual livre (mg/L) 0,5 a 3,0 Mensal
Turbidez (UT) < 2,0 Mensal
< 5,0 usos menos restritivos
Cor aparente (UH) < 15 Mensal
pH 6,0 ~ 8,0 Mensal

185
6.6.6 Documentos Orientadores Internacionais
yy U.S. Environmental Protection Agency - EPA. Estados Unidos
A agência de proteção ao meio ambiente americana - U.S. Environmental Protection Agency
(EPA) – publicou em 2012 o documento intitulado Guidelines for Water Reuse que reúne
informações sobre os regulamentos e normas para reuso de água adotados nos estados
americanos.
O documento apresenta informações sobre tipos de reuso e aplicações, questões técnicas no
planejamento de sistemas de reuso, aspectos legais do reuso, regulamentos e normas das
agências reguladoras estaduais, que incluem tecnologias para tratamento e monitoramento.
São apresentadas ainda informações sobre reuso de água em diversos países como
Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, China, índia, Japão, Marrocos, África do Sul, entre outros.
yy Organização Mundial da Saúde
A Organização Mundial de Saúde – OMS publicou em 2006 a terceira edição de suas
normas para reuso de água na agricultura e aqüicultura, intitulado “Guidelines for safe use
of wastewater, excreta and greywater” que apresenta informações considerando estudos
sobre patógenos, características químicas da água de reuso e outros fatores, incluindo
mudanças nas características populacionais e nas práticas de saneamento e melhor
avaliação de riscos.
Este documento é dividido em quatro volumes, sendo que no Volume 1 – Policy and
regulatory aspects são apresentadas informações para subsidiar decisões dos órgãos
reguladores no desenvolvimento de políticas para a segurança da prática de reuso, sendo
apresentados resumos dos riscos e benefícios do uso de água residuária, excreções e
águas cinza bem como apresenta uma visão geral sobre a natureza e o alcance das ações
de proteção da saúde pública.
Nos Volumes 2 - Wastewater use in agriculture, 3 - Wastewater and excreta use in aquaculture
e 4 - Excreta and greywater use in agriculture são apresentadas informações técnicas sobre
avaliação do risco sanitário e avaliação e acompanhamento de medidas de proteção da
saúde.
yy Food and Agriculture Organization – FAO
A FAO publicou o documento Water Quality for Agriculture que contem sugestões para a
obtenção do máximo aproveitamento da água disponível e máxima produção e apresenta
valores orientadores para a qualidade da água de reuso baseados em eventuais restrições
no uso relacionadas com salinidade, taxa de infiltração no solo, toxicidade iônica e outros
efeitos diversos.
O documento tem como objetivo fornecer orientações para avaliar e identificar possíveis
problemas relacionados à qualidade da água e apresenta ainda alternativas de gestão para
se contornar esses problemas.
As diretrizes são baseadas em discussões e experiências adquiridas em muitas áreas
agrícolas em todo o mundo, principalmente em regiões áridas e semi-áridas e em especial
da região ocidental dos EUA, portanto deve-se estar atento para as condições locais quando
da aplicação das informações apresentadas.

186
187
188
189
190
Referências Bibliográficas

191
192
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação. Rio de
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ABNT. NBR 15.527 - Água de chuva -Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas


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Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de
março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre


os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano
e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 14 dez. 2011. Seção 1, p. 39-46.

BRASIL. Resolução CONAMA n. 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação


dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.
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03 jun. 2011.

BRASIL. Resolução CONAMA n. 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições


e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução n. 357, de
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Controle: Abate de Bovinos - NT-12. São Paulo, 1986.

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Controle: Curtumes - NT-14. São Paulo, 1989.

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Controle: Indústrias de Laticínios - NT-17. São Paulo, 1990.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Nota sobre Tecnologia de


Controle: Fabricação de Celulose (Kraft) e Papel - NT-18. São Paulo, 1990.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Nota sobre Tecnologia de


Controle: Indústrias de Suco Cítrico Concentrado - NT-19. São Paulo, 1990.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Nota sobre Tecnologia de


Controle: Graxaria - Recuperação de Resíduos Animais - NT-20, São Paulo. 1991.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Nota sobre Tecnologia de


Controle: Indústria Têxtil - NT-22. São Paulo, 1991.

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Controle: Fabricação de Cervejas e Refrigerantes - NT-24. São Paulo, 1992.

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199
200
Exercícios

201
202
UNIDADES
Para converter em Multiplique por
cm 100
m
mm 1.000

g 1.000
kg
mg 1.000.000

m3 L 1.000

m3/h m3/d 24

m3/h 3.600
m3/s 3
m /d 86.400

m3/h 3,6
L/s 3
m /d 86,4

kg/m3 0,001
mg/L
g/m3 1

203
EXERCÍCIOS
1. Determine a vazão (m3/d), carga orgânica potencial (Kg DBO/d), a
concentração de DBO (mg/L de O2) e o equivalente populacional do efluente
(bruto) gerado no abate diário de 5.000 porcos.
Dados:
Fatores de emissão:
- Vazão específica: 0,40 m3 (efluente)/porco
- Carga orgânica específica: 0,60 kg DBO/porco
- Contribuição per capita de carga orgânica: 0,054 kg DBO/hab. x dia

204
205
2. Determine a vazão (m3/d), carga orgânica potencial (Kg DBO/d) e a
concentração de DBO (mg/L de O2) dos esgotos sanitários gerados em um
município de 30.000 habitantes.
Dados:
- Consumo per capita de água: 200 L/hab. x dia
- Coeficiente de retorno: 0,80
- Contribuição per capita de carga orgânica: 0,054 kg DBO/hab. x dia

206
207
3. Supondo que um efluente de indústria têxtil, após equalização, acerto de pH
e adição de nutrientes, seja submetido a um tratamento biológico através de
um sistema de lodos ativados e encaminhado a um rio Classe 2, verifique o
atendimento aos Padrões de Emissão (PE) e de Qualidade do Corpo
Receptor (PQ) em relação a matéria orgânica. Caso o Padrão de Qualidade
não seja atendido, qual será a eficiência mínima, em termos de DBO, e a
vazão de Q7,10 do corpo receptor para o atendimento?
• DBO efluente industrial bruto: 800,00 mg/L
• DBO efluente industrial tratado: 80,00 mg/L
• DBO do rio a montante do lançamento: 2,00 mg/L
• Q7,10 do rio: 12.000 m3/d
• Vazão média do efluente bruto: 600 m3/d
• Padrão de Emissão: eficiência mínima de remoção de carga orgânica = 80%
• Padrão de Qualidade: DBO ≤ 5,00 mg/L O2

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4. Verifique apresentando os devidos cálculos se ocorre ou não o atendimento
aos padrões de emissão (PE) e aos padrões de qualidade (PQ) em relação a
matéria orgânica, indicando a eficiência mínima do sistema de tratamento,
dados:
Tipo de indústria: Alimentícia
PE – Remoção mínima de 80% CO
PQ – DBO < 5,00 mg/L
Vazão efluente bruto = 100 m3/d
DBOBruto = 1.000 mg/L
DBOTratado = 100 mg/L
Vazão Q7,10 corpo receptor = 10.000 m3/d
DBORio = 3,00 mg/L

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5. Verifique para as indústrias abaixo se a Resolução SMA nº 03 de 22/02/00 é
atendida. Em caso de não atendimento, indique o valor da toxicidade
(máxima) permissível.
CE50 Vazão do efluente Q7,10 do corpo
Nº da Indústria
Efluente Tratado (m3/d) receptor (m3/d)
1 29,00 148,00 2.485,70
2 32,70 126,40 38.884,30
3 21,00 1.464,00 570.240,00

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FISCALIZAÇÃO, PERÍCIA E AUDITORIA AMBIENTAL

POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS INSTRUMENTOS DE

GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA ORDENAMENTO JURÍDICO

AMBIENTAL METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

E SEMINÁRIOS POLUIÇÃO DO AR, GERENCIAMENTO E

CONTROLE DE FONTES FUNDAMENTOS DO CONTROLE DE

POLUIÇÃO DAS ÁGUAS GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

PREVENÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO DOS SOLOS E

DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS GERENCIAMENTO DE ÁREAS

CONTAMINADAS ANÁLISE DE RISCO TECNOLÓGICO


PÓS•GRADUAÇÃO
L ATO S E N S U
EMERGÊNCIAS QUÍMICAS, ASPECTOS
ESCOLA SUPERIOR DA CETESB PREVENTIVOS

E CORRETIVOS LEGISLAÇÃO FLORESTAL APLICADA

AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL LICENCIAMENTO

COM AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL AIA

LICENCIAMENTO AMBIENTAL SEM AVALIAÇÃO DE IMPACTO

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