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Capítulo III

Torpedo: peixe que produz descargas elétricas com as quais se defende.


O Torpedo tem a virtude de fazer tremer o braço o pescador, impedindo-o,
assim, de pescar.
faz tremer o braço do pescador
na terra: tanto pescar e tão pouco tremer
pescar significa explorar; tremer é sinónimo de recear, arrepender.
A descarga elétrica simboliza a palavra de Deus, que deveria abalar a consciência dos
homens.

Pescar é aqui o tema: os homens pescam muito e tremem pouco. É isso o que
espanta Vieira. Afirma haver na terra mais maneiras de pescar que no mar. Enumera-as,
utilizando sete vezes o presente do indicativo “pescam”; atente-se na polissemia do verbo
«pescar», numa sagaz e contundente catilinária às atividades predadoras e larápias dos
homens.
catilinária: acusação enérgica e eloquente
Vieira conhece bem os homens, sobretudo os que «pescam» os bens dos outros.
Vieira, qual torpedo, bem quer convencer ou fazer tremer os colonos que
tanto pescam os Índios.

Antítese: «Tanto pescar e tão pouco tremer»

Gradação: «No mar pescam as canas, na terra pescam as varas….e pescam


mais que todos, porque pescam Cidades, e Reinos inteiros.»

O orador enumera um conjunto de objetos (varas, ginetas, bengalas, bastões


e cetros), associados ao verbo pescar utilizado em sentido metafórico, que se
referem, em ordem crescente, àqueles que, tendo a responsabilidade de
governar, não aplicam o poder de acordo com a doutrina cristã e, pelo
contrário, pescam, ou seja, roubam, defraudam (tiram algo de modo
fraudulento) e vigarizam (enganam, intrujam).
Estas figuras de estilo enfatizam, então, a crítica aos poderosos que abusam
dos pequenos.

Explicita o sentido da alegoria relativa a este peixe.


Através da alegoria relativa ao Torpedo, o orador pretende alertar os homens
para a necessidade de temerem a Deus e de não enveredarem pelos caminhos
do mal.

Quatro-olhos:
No mesmo lugar onde tantos Índios vivem “em cegueira”, sem a fé cristã, aí mesmo há
um peixe com “tantos instrumentos de vista”.
Os olhos da parte superior olham para cima; os da parte inferior olham para baixo.
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Como têm inimigos no ar e inimigos no mar, dobrou-lhes a natureza as sentinelas.

De facto, eles são vítima da predação quer das aves marítimas quer de outros peixes. O
Quatro-Olhos defende-se dos perigos vindos do ar e do mar, uma vez que
dois olhos estão voltados para cima e dois para baixo.

O ouvinte transforma-se em pregador que ensina; o peixe pregou mesmo a Vieira:


Esta é a pregação que me fez aquele peixezinho, ensinando-me que, se tenho
fé e uso de razão, devo olhar para cima, considerando que há céu, e para
baixo, lembrando-me que há inferno.

Vieira lamenta a antítese que existe entre o peixe que possui tantos
instrumentos de visão e, na terra, existirem tantos homens que sofrem de
cegueira. É uma cegueira metafórica, pois refere-se àqueles que não querem
ver os erros que cometem.

Alegoria: Com a referência alegórica ao Quatro-Olhos, salienta-se a


existência do céu e do inferno, como forma de convencer os homens a
adotarem comportamentos que os conduzem ao céu.

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