Resumo:
INTRODUÇÃO
Na última década tem se verificado a produção de trabalhos que discutem as
mudanças no mundo do trabalho, processo de reestruturação do capital no toyotismo e
suas respectivas mediações com a Educação Física (CUNHA, 2010; FERREIRA;
SILVA 2016; NOZAKI, 2004). Estes estudos se apresentam como um campo relevante
de pesquisa que precisa ser investigado, uma vez que compreender tais mediações
poderá proporcionar a possibilidade de avanços para a área em relação a compreender
seu papel que tem desempenhado no mundo do trabalho e, concomitantemente, as
repercussões na educação, destacadamente na educação básica. Neste sentido, esta
pesquisa tem como objetivo apresentar alguns elementos para a reflexão sobre o
trabalho docente do professor de Educação Física na era do toyotismo.
A estratégia metodológica utilizada foi inicialmente buscar compreender o
toyotismo seus desbodramentos no mundo do trabalho, no plano geral, destacando a
inferência dos organismos internacionais nas políticas educacionais brasileiras, para
posteriormente verificar e compreender suas implicações e mediações na área da
Educação Física. Citaremos a aprovação da Medida Provisória nº 746/2016, a qual
institui a Reforma do Ensino Médio, bem como o fechamento de escolas como elemento
importante neste processo. E, por fim, apresentar possíveis caminhos para resistência às
inferências do capital na área da Educação Física.
Os autores marxistas Alves (2011), Antunes (2005) e Dal Rosso (2008) e Harvey
(1992) apontam as décadas de 1970 e 1980 como um período relevante de mudanças no
trabalho, período no qual o toyotismo se universalizou enquanto modelo produtivo,
assim como seus processos de regulamentação que vem se desenvolvendo até a
atualidade, para isso buscaram analisar as rupturas e continuidades dos modelos
produtivos antecedentes – fordismo/taylorismo. Alves (2011), Antunes (2005) e Harvey
(1994) explicitam de os impactos dos modelos produtivos no mundo do trabalho e suas
implicações no mundo do trabalho de maneira mais geral.
O toyotismo é apresentado como um modelo produtivo subsequnte ao fordismo
e taylorismo, o qual Alves (2011) denomina de regime de acumulação flexível, termo
por sua vez, desenvolvido por Harvey (1992). Segundo os autores tal modelo surge de
uma necessidade do capitalismo de reestruturação de sua base produtiva, em virtude da
crise estrutural que atingiu os países centrais1, gerando diversas transformações no
trabalhado, com aumento da mais valia relativa, consequentemente mais exploração por
meio de sua intensificação, aumento da exploração, cujas repercussões serão discutidas
mais adiante.
Harvey (1992) aponta a acumulação flexível como estratégia do capital para
enfrentar suas crises de superprodução, as quais são inerentes ao próprio sistema. Para o
autor a racionalização fordista, possibilitou o surgimento do Welfare State, período
marcado por propriedade, crescimento e desenvolvimento dos países centrais
capitalistas, no pós Segunda Guerra Mundial, ressaltando, sobretudo o impedimento da
exacerbação da exploração do operariado. Tal impedimento se instituiu em virtude do
estabelecimento de barreiras de exploração do trabalho vivo, ou seja, da força de
1
Ver em MÉSZÁROS, István. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. Trad. Paulo César
Castanheira e Sérgio Lessa. São Paulo, Editora da UNICAMP/BOITEMPO Editorial, maio de 2002.
4
Não há estudos que comprovem que esta intensificação de fato contribui para a melhoria qualitativa,
especialmente quando se trata da qualidade na educação, a qual está relacionada com diversas
determinações, incluindo as condições de trabalho, carreira, salário, estrutura material e física das escolas,
entre outros. Todavia, a aplicabilidade de avaliações em larga escala via exames nacionais ou
internacionais como método único para medir esta qualidade do ensino tem sido alvo de críticas e
inúmeras contestações, questões levantadas mais adiante neste texto.
5
Ver http://www.gestrado.net.br/ [Acesso em 11 de março de 2017].
6
Diário on line/ DOL. Disponível em http://www.diarioonline.com.br/noticias-interna.php?
nIdNoticia=391858&idrand=144. Acesso: 11/03/2017.
Neste caso, instaura-se uma “hierarquia” entre as disciplinas, visto que o Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica é medido exclusivamente por avaliações
centradas nas disciplinas Português e Matemática. É neste contexto que a Reforma do
Ensino Médio/ Medida Provisória nº 746/20167 está inserida. Ela está em conformidade
dom a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a qual localiza a Educação Física na
área da linguagem, de acordo com Soares et al (2016) verifica que o documento prevê
quatro áreas do conhecimento, que são ciências da natureza, ciências humanas,
linguagens e matemática e seus respectivos componentes curriculares para todas as
etapas da educação básica no Brasil.
Considerando que a efetivação da Reforma do Ensino Médio prevê a retirada da
disciplina Educação Física enquanto disciplina obrigatória, mantendo-a enquanto
conteúdo ou atividade que poderá ou não fazer parte do currículo, materializa a
7
Ver: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/126992 . Acesso: 11/03/2017.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No ambiente escolar o toyotismo têm provocado diversas mudanças trabalho
docente, materializadas nas diferentes políticas implementadas no Brasil a partir de
1990. Dentre as diferentes medidas adotadas, destacamos as formas flexíveis de
remuneração e a defesa do atrelamento do sindicato dos professores ao governo estatal.
Conclui-se que neste processo que objetivo central é atingir metas pré-estabelecidas por
meio da aplicação de avaliações em larga escala nas diferentes esferas educacionais,
definidas pelos organismos internacionais como BM, OCDE e Unesco/Orealc, os quais
tem sido utilizadas como único instrumento que mede a qualidade da educação básica.
Por outro lado, a bonificação as escolas e aos professores que conseguem atingir
tais metas nem sempre ocorre, no entanto todas estas mudanças promovem a
REFERENCIAIS