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TRABALHO DOCENTE DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR NA ERA DO TOYOTISMO: ELEMENTOS PARA


REFLEXÃO
Patrícia Menezes dos Santos

Eixo Temático: Movimentos Sociais, Lutas de Classes, Trabalho e Educação

Resumo:

Esta pesquisa é um recorte da minha dissertação de mestrado em construção, seu objetivo é


trazer elementos para reflexão acerca do trabalho docente do professor de Educação Física
escolar era toyotista, no contexto das reformas educacionais destinadas a educação básica. Estas
têm resultado intensificação do trabalho, ampliação da área de atuação e, consequentemente, em
maiores desgastes e insatisfação por parte desses trabalhadores. No ambiente escolar, o
toyotismo têm provocado diversas mudanças trabalho docente, novas formas de gestão escolar,
desespecialização, polivalência, precarização e avaliação para o alcance de metas e resultados
pré-estabelecidos. Neste processo, aplica-se nas escolas um modelo gerencial semelhante ao
modelo empresarial, cujo objetivo central é atingir metas pré-estabelecidas pelos organismos
internacionais como OCDE, BM, Unesco-Orealc, concretizadas por meio da aplicação de
avaliações em larga escala nas diferentes esferas educacionais. Coadunam, portanto com as
novas formas de adequação da produção, marcada pela desregulamentação do mundo do
trabalho, flexibilidade nos processos de trabalho, dos produtos e padrões de consumo, as quais
necessitam impor maior controle da força de trabalho, desespecialização, polivalência e
retrocesso da ação sindical. Diante destas premissas, a problemática central desta pesquisa é
verificar de que forma acontece o trabalho docente do professor de Educação Física escolar
mediante tal conjuntura? Metodologicamente, utiliza a análise bibliográfica, a dialética marxista
como método. Constata que as mudanças supracitadas no modo de produção capitalista têm
provocado repercussões importantes no trabalho docente do professor de Educação Física, de
forma geral e específica. No primeiro aspecto, este tem passado por um processo de
intensificação, precarização, devido à ausência ou rebaixamento dos Planos de Cargos, Carreiras
e Salários, elemento que contribui para ampliação de sua jornada de trabalho, intensificando-a
cada vez mais. Neste aspecto é importante destacar a inferência dos organismos internacionais
na instigação da implementação uma política de remuneração e incentivos articulada para
estimular o melhor desempenho do professor e, concomitantemente adotar sistemas de
avaliação de desempenho. Neste caso, instaura-se uma “hierarquia” entre as disciplinas, no que
tange ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, medido exclusivamente por
avaliações centradas em disciplinas específicas tais como Português e Matemática. E, com a
efetivação da Reforma do Ensino Médio, que em sua fase inicial previa a desobrigatoriedade da
disciplina Educação Física, sencundariza-a ainda mais, mantendo-se a possibilidade de sua
exclusão da grade curricular da educação básica. No segundo aspecto, a falta de estrutura física
e material para práxis do professor de Educação Física acompanham uma intensa segmentação
entre o trabalho intelectual e manual. Aponta como possíveis caminhos para a superação, nos
planos geral e específico, respectivamente: sua organização enquanto trabalhadores poderá
promover transformações e superação desta precarização, superando a lógica flexível e a própria
sociedade do capital; a superação do entendimento de trabalho docente pelo professor de
Educação Física como produtor de mercadoria e aprofundamento de sua compreensão enquanto
práxis humana.

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anos da Revolução Russa. UNIOESTE – FOZ DO IGUAÇU-PR. ISSN: 2177-8892
Palavras-chave: Toyotismo, trabalho docente, professor de Educação Física

INTRODUÇÃO
Na última década tem se verificado a produção de trabalhos que discutem as
mudanças no mundo do trabalho, processo de reestruturação do capital no toyotismo e
suas respectivas mediações com a Educação Física (CUNHA, 2010; FERREIRA;
SILVA 2016; NOZAKI, 2004). Estes estudos se apresentam como um campo relevante
de pesquisa que precisa ser investigado, uma vez que compreender tais mediações
poderá proporcionar a possibilidade de avanços para a área em relação a compreender
seu papel que tem desempenhado no mundo do trabalho e, concomitantemente, as
repercussões na educação, destacadamente na educação básica. Neste sentido, esta
pesquisa tem como objetivo apresentar alguns elementos para a reflexão sobre o
trabalho docente do professor de Educação Física na era do toyotismo.
A estratégia metodológica utilizada foi inicialmente buscar compreender o
toyotismo seus desbodramentos no mundo do trabalho, no plano geral, destacando a
inferência dos organismos internacionais nas políticas educacionais brasileiras, para
posteriormente verificar e compreender suas implicações e mediações na área da
Educação Física. Citaremos a aprovação da Medida Provisória nº 746/2016, a qual
institui a Reforma do Ensino Médio, bem como o fechamento de escolas como elemento
importante neste processo. E, por fim, apresentar possíveis caminhos para resistência às
inferências do capital na área da Educação Física.

O TOYOTISMO E SEUS DESBODRAMENTOS NO MUNDO DO TRABALHO


O trabalho, de acordo com o marxismo, é condição própria do ser humano para
produzir sua existência, uma vez que, diferentemente dos animais que se adaptam a
natureza, os seres humanos fazem adaptam a natureza a suas necessidades (MARX,
ENGELS, 2007). Em conformidade com esta assertiva, Saviani (2010) diz que o
trabalho define a essência humana, uma vez que o ser humano necessita continuamente
produzir sua própria existência a partir do trabalho. Todavia, no aspecto de produção
capitalista o trabalho é tido como uma atividade exploratória trabalhador por meio do
trabalho assalariado, cujo objetivo é maximizar os lucros do capitalista. Neste sentido, o

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trabalho perde o seu sentido humanizador e, torna-se alienado, sacrificante, no qual o
homem não tem como se realizar:
Sob o capitalismo, a serviço dos proprietários do capital, o trabalho de
elemento central da sociedade humana, ponto de partida do processo
de humanização, expressão de liberdade, converte-se em mercadoria,
na medida em que o trabalhador, já historicamente dos meios de
produção limita-se a vender sua força de trabalho no mercado em
troca de um salário (BRITO; FRANÇA, 2010, p. 41)

Os autores marxistas Alves (2011), Antunes (2005) e Dal Rosso (2008) e Harvey
(1992) apontam as décadas de 1970 e 1980 como um período relevante de mudanças no
trabalho, período no qual o toyotismo se universalizou enquanto modelo produtivo,
assim como seus processos de regulamentação que vem se desenvolvendo até a
atualidade, para isso buscaram analisar as rupturas e continuidades dos modelos
produtivos antecedentes – fordismo/taylorismo. Alves (2011), Antunes (2005) e Harvey
(1994) explicitam de os impactos dos modelos produtivos no mundo do trabalho e suas
implicações no mundo do trabalho de maneira mais geral.
O toyotismo é apresentado como um modelo produtivo subsequnte ao fordismo
e taylorismo, o qual Alves (2011) denomina de regime de acumulação flexível, termo
por sua vez, desenvolvido por Harvey (1992). Segundo os autores tal modelo surge de
uma necessidade do capitalismo de reestruturação de sua base produtiva, em virtude da
crise estrutural que atingiu os países centrais1, gerando diversas transformações no
trabalhado, com aumento da mais valia relativa, consequentemente mais exploração por
meio de sua intensificação, aumento da exploração, cujas repercussões serão discutidas
mais adiante.
Harvey (1992) aponta a acumulação flexível como estratégia do capital para
enfrentar suas crises de superprodução, as quais são inerentes ao próprio sistema. Para o
autor a racionalização fordista, possibilitou o surgimento do Welfare State, período
marcado por propriedade, crescimento e desenvolvimento dos países centrais
capitalistas, no pós Segunda Guerra Mundial, ressaltando, sobretudo o impedimento da
exacerbação da exploração do operariado. Tal impedimento se instituiu em virtude do
estabelecimento de barreiras de exploração do trabalho vivo, ou seja, da força de

1
Ver em MÉSZÁROS, István. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. Trad. Paulo César
Castanheira e Sérgio Lessa. São Paulo, Editora da UNICAMP/BOITEMPO Editorial, maio de 2002.

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trabalho, em virtude das conquistas de direitos ao trabalhador, tais como redução da
jornada de trabalho, direito a férias, seguridade social, estabilidade no emprego, entre
outras.
Assim, a acumulação flexível para o autor é um regime estratégico que visa
enfrentar a rigidez do fordismo, a qual segundo ele reflete na flexibilização do trabalho,
na sua organização, destacando o uso das tecnologias aplicadas a produção, fato que
possibilita novos arranjos na organização da produção capitalista. Alves (2011)
acrescenta que a flexibilidade relativa à legislação trabalhista e regulamentação social e
sindical, afeta os contratos de trabalho, uma vez que possibilita a imposição de
representação sindical interna da empresa e adoção do regime de remuneração e
pagamento baseado na premiação do desempenho individual dos trabalhadores.
Dal Rosso (2008) para tentarmos compreender melhor o toyotismo a partir de
sua relação com a intensificação do trabalho, para ele o processo de intensificação do
trabalho em âmbito internacional teve sua origem na década de 80, do século XX.
Considera o trabalho a partir de uma concepção marxista, ele é uma maneira que o ser
humano utiliza, de forma intencional e planejada de transformar a natureza, através de
instrumentos e mecanismos produzidos historicamente, os quais foram por ele criados e
incorporados por meio da objetivação2. Verifica a relação entre trabalho e esforço e,
consequentemente de sua associação com intensidade. Os elementos destacados sobre
intensidade são a) o grau de dispêndio de energia utilizado pelos trabalhadores na
realização de uma atividade concreta; b) refere-se atenção ao trabalhador individual ou
coletivo de trabalhadores; c) volta-se ao processo de trabalho nas dimensões físicas
(esforço físico), intelectuais (cognitivo) e psíquicas (afetivo).
O autor ao tratar de intensidade na sociedade capitalista contemporânea,
relaciona-o com o intensificação, embora sejam dois conceitos distintos, uma vez que o
segundo está voltado para o alcance de resultados sejam eles de ordem qualitativa ou
quantitativa, fator que exige maior consumo de energias 3 do trabalhador, seja na
realização de um trabalho material ou imaterial. Um exemplo é o caso do professor, que
2
O autor não discute esta categoria específica, a objetivação enquanto categoria marxiana é apresentada
sinteticamente por Tonet e Lessa: LESSA, Sérgio; TONET, Ivo. Introdução à filosofia de Marx. São
Paulo: Expressão Popular, 2011.
3
Aqui vale destacar o termo predominância ao invés de classificar como trabalho manual ou intelectual, a
partir de uma concepção dialética de Marx, a qual é adotada aqui, o termo predominantemente seria a
nosso ver o mais adequando, do que simplesmente trabalho manual ou trabalho intelectual.

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realiza um trabalho do tipo intelectual, por esta razão seu grau de intensidade é difícil de
ser medido, porém os resultados da intensificação são podem ou não serem perceptíveis
qualitativamente, na melhoria da qualidade do ensino4.
Destaca ainda que a intensificação do trabalho causa fadiga que afeta o
fisiológico, mental, emocional e relacional do trabalhador. Em síntese o autor chama de
intensidade “as condições de trabalho que determinam o grau de envolvimento do
trabalhador, seu empenho, seu consumo de energia pessoal, seu esforço desenvolvido
para dar conta das tarefas a mais”. E de intensificação “os processos de quaisquer
naturezas que resultam em um maior dispêndio das capacidades física, cognitivas e
emotivas do trabalhador com o objetivo de elevar quantitativamente ou melhorar
qualitativamente os resultados” (idem, ibidem, pág. 23).
Em síntese, houve diversos momentos na história que promoveram a
intensificação do trabalho, destacadamente a Revolução Industrial Inglesa entre os
séculos XVIII e XIX, o fordismo e o taylorismo no final do século XIX e início do
século XX nos Estados Unidos e o toyotismo, o qual surgiu no Japão, mas que
posteriormente se internacionalizou. Esses últimos processos foram em virtude da
necessidade de reestruturação do capital, uma vez que o modelo de produção em massa
e o crescimento econômico dos períodos anteriores entraram em declínio.
Neste contexto de crise, Taiichi Ohno, engenheiro da Toyota, fez estudo para
promover mudanças importantes, fez um levantamento sobre os desperdícios e concluiu
que era preciso elevar o grau de eficiência dos trabalhadores japoneses. Diagnosticado o
baixo grau de eficiência comparativamente a outros trabalhadores, foram tomadas
diversas medidas especialmente no âmbito da gestão, cujo objetivo era reduzir a zero o
trabalho que não agrega valor e eliminar os desperdícios. Outra medida importante
tomada foi a redução dos efetivos, o grupo Toyota reduziu de 20% a 30% de sua força
de trabalho, embora o sindicato tenha convocado uma greve, a empresa não recuou e
ainda construiu seu próprio sindicato em separado (OHNO, 1997)

4
Não há estudos que comprovem que esta intensificação de fato contribui para a melhoria qualitativa,
especialmente quando se trata da qualidade na educação, a qual está relacionada com diversas
determinações, incluindo as condições de trabalho, carreira, salário, estrutura material e física das escolas,
entre outros. Todavia, a aplicabilidade de avaliações em larga escala via exames nacionais ou
internacionais como método único para medir esta qualidade do ensino tem sido alvo de críticas e
inúmeras contestações, questões levantadas mais adiante neste texto.

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É interessante destacar aqui que Ohno (1997) combatia o sindicalismo pelo fato
de considerá-lo como impedimento aos avanços na produção, posto que a questão
sindical é considerada externa a fabrica, por esta razão defende a necessidade de criação
do sindicato próprio da empresa. Outro elemento relevante é o papel das reivindicações
operárias na destruição do regime fordista, com posterior derrota sindical mediante a
imposição dos desígnios da empresa, beneficiada com em decorrência da guerra da
Coréia. O toyotismo impôs desta forma, algumas medidas importantes de mudança no
mundo do trabalho com o objetivo de aumentar a produtividade dos trabalhadores
(ALVES, 2011). Segundo Dal Rosso (2008) tal objetivo foi alcançado de duas maneiras
“atribuir a cada trabalhador o cuidado com diversas máquinas, inclusive aquelas que
realizavam tarefas diferentes, o que implicava uma reconversão do trabalho
especializado em trabalho polivalente” (Idem, ibidem, pág. 65).
O pensamento toyotista também é conhecido “pensamento invertido” uma vez
que promove uma inversão de pensamento no que tange a relação entre a fábrica e
sistema de consumo, em comparação ao fordismo/taylorismo. O baixo crescimento
econômico será imprescindível a adequação da produção ao tempo, necessidade e
quantidade definida pelo mercado consumidor, conforme Alves (2011).
Ohno (1997) descreve o Sistema Toyota de Produção no qual expõe as bases do
toyotismo, as quais determinarão a gestão da produção e a gestão do trabalho no capital
globalizado. O criador deste sistema, visando expor os princípios e conceitos, faz
diversas analogias entre o trabalho na indústria moderna e os esportes competitivos em
equipe, que em se tratando do primeiro recebe a denominação de just-in-time, ou seja,
trabalho em equipe para atingir um objetivo predeterminado, que neste caso é a
produção de mercadorias e bens de consumo. Para isso, por um lado será necessária
redução dos custos e produção otimizada e sem desperdícios e por outro, o incremento
da exploração do trabalho vivo, com eliminação dos tempos mortos do trabalho
(ALVES, 2011).
Marx, segundo Dal Rosso (2008) usa a metáfora da “porosidade” do trabalho
para se representar os tempos mortos, tempos da jornada de trabalho, nos quais o
trabalhador não está produzindo. Alerta que “o trabalho pode ficar mais denso, mais
concentrado, no mesmo intervalo de tempo, ou seja, sem aumento da jornada” (Idem,
Ibidem, pág. 48). Esta densidade do trabalho traz como consequências, além da

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intensificação do trabalho do trabalhador, é a apropriação pelos capitalistas dos valores
produzidos em decorrência desta intensificação.
Alves (2011), por sua vez, ressalta que este modelo produtivo impulsiona a
terceirização e do trabalho por encomenda e as formas de trabalho precarizados
(trabalho a domicílio, trabalho clandestino), uma vez que a fábrica toyotista segue a
lean prodution ou “produção enxuta” que consiste no tipo de gestão focada na redução
de desperdícios. Neste sentido, a necessidade da empresa em aumentar a produtividade
sem elevar a quantidade de produção devido ao crescimento lento, por isso a
necessidade da “captura” das habilidades produtivas dos trabalhadores. Dal Rosso
(2008) destaca a auto-ativação ou autonomação das máquinas permite que o trabalhador
opere diversas máquinas concomitantemente, que realizam funções distintas. É o que o
autor denomina de polivalência:
À medida as diversas máquinas realizam tarefas diferentes, o
trabalhador especializado não mais cabe a este sistema. É preciso
requalificá-lo de modo que o operário deixe de ser especializado e
passe a ser um trabalhador polivalente, que conhece e realiza diversas
atividades ao mesmo tempo. O sistema toyotista caracteriza-se pela
polivalencia no trabalho [...] A polivalência implica um componente a
mais na intensificação, á medida em que requer um esforço adicional
de trabalho mental, conhecimento de operações diversas, sua lógica,
trabalho emotivo, concentração e atenção no controle de máquinas
diversas (pág. 67).
[...] significa especialmente realizar mais trabalho dentro da mesma
duração de jornada. É a intensificação do trabalho (pág. 123). (Idem,
Ibidem).

Além do just-in-time, outro pilar importante deste modelo conforme Alves


(2011) é o Kanban e autonomação. O autor equipara o primeiro o “método de
produção” e o segundo na forma de administrá-lo: “é o meio usado para transmitir ou
receber a ordem de produção. É basicamente um sistema de informações que circula
entre cada um dos processos para controlar a quantidade produzida, ou seja, a
quantidade necessária” (idem, ibidem, pág. 54). Neste contexto, a autonomação ou
automação é alinhada ao trabalho humano para viabilizar a produção flexível, neste
sentido, as maquinas são programadas para evitar problemas autonomamente.
Automação, neste caso, “implica a utilização de máquinas automatizadas que estão
acopladas a um dispositivo com parada automática [...] capazes de parar diante de

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condições anormais, impedindo desse modo produtos defeituosos” (idem, ibidem, pág.
55).
Alves (2011) cita ainda relevância das novas tecnologias microeletrônicas da
produção, como mecanismos que permite a “captura da subjetividade”, que consiste em
usar a inteligência para agregar valor à mercadoria, portanto é um termo criado pelo
autor para falar de alienação do trabalho, neste sentido, tanto o just-in-time, quanto o
kanban e automação exigem: “a solicitação de inteligência, da fantasia e da iniciativa do
trabalhador se dá no interior de uma nova rotina de trabalho” (idem, ibidem, pág. 64).
Instaura-se, então um novo modelo de produção que infere tanto na organização
do trabalho e na gestão de produção, quanto na gestão de recursos humanos. Desta
forma, processo de mudanças no processo de reestruturação do capital que trouxeram
uma série de transformações no mundo do trabalho e, consequentemente implicaram na
intensificação do trabalho, alienação e perda de consciência pelo trabalhador, com cm
concomitante aumento da extração de mais valia relativa. Tais transformações
trouxeram consequências desastrosas ao trabalhador, tanto na sua saúde, com o
desenvolvimento doenças músculo-esqueléticas e psicológicas, quanto no aumento da
redução de seu poder de resistência e luta, pois há intensificação do maior controle da
força de trabalho, com retrocesso da ação sindical entre outros.
Dal Rosso (2008) analisa estudos que comprovam a presença de valores
toyotistas no âmbito educacional já em 1999, nas universidades federais. O governo
após uma greve alterou a forma de remuneração dos professores ao número de horas-
aula, acrescia: “100% da gratificação pelo exercício da docência (GED) àqueles
professores que atingissem a média de 10 horas semanais em sala de aula e 60% aos que
ficassem abaixo de 10 horas” (Idem, ibidem, pág. 73). Desta maneira a organização do
trabalho interferiu na produção de maiores resultados. A seguir buscaremos ampliar esta
relação entre toyotismo e sua inferência no trabalho docente do professor de Educação
Física.

AS INFERÊNCIAS DO TOYOTISMO NO TRABALHO DOCENTE DO


PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Conforme podemos observar existe uma clara transposição de ideais toyotistas a
educação. Estes estão presentes nas políticas adotadas, as quais coadunam com as

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determinações dos organismos internacionais, como é o caso do documento do Banco
Mundial (BM) - Professores Excelentes qual consiste numa recomendação aos países da
América Latina e Caribe, dentre diversas estratégias apontadas para a melhoria da
educação, enfocando exclusivamente o professor:
[...] este livro argumenta que a qualidade da educação está
condicionada à qualidade de nossos professores Propõe um novo
enfoque com o recrutamento dos jovens mais talentosos para o
magistério, o aumento da eficácia dos professores em serviço e o
provimento de incentivos que motivem os professores ao máximo
esforço em todas as salas de aula, todos os dias, com todos os alunos.
(BANCO MUNDIAL, 2014, pág. xi).

Destacaremos aqui dois elementos importantes presentes no documento que


indicam os preceitos do toyotismo no trabalho docente que são as defesa das formas
flexíveis de remuneração e atrelamento do sindicato dos professores ao governo estatal.
Antes de concluir que “nenhum sistema educacional obtém professores de alta
qualidade sem alinhar todos os três tipos de incentivos: recompensa profissional,
pressões de responsabilidade e recompensa financeira” (Idem, ibidem, pág. 45),
apresenta várias maneiras de controlar e ao mesmo tempo intensificar o trabalho
docente.
As duas principais estratégias para recompensas financeiras a partir dos ditames
toyotistas são a implementação de reformas no plano de carreira e pagamento de
bonificações. Tais reformas preveem: “promoções permanentes de acordo com as
competências e o desempenho dos professores e não com base na antiguidade” (Idem,
ibidem, pág. 43). Já a forma de pagamento bonificado destaca o Brasil como país que
tem proliferado esta modalidade “Os programas de bonificações normalmente oferecem
uma única recompensa para professores (ou escolas) por resultados específicos obtidos
durante o ano letivo anterior” (Idem, ibidem, pág. 44). Estratégia semelhante tem sido
defendida pela Unesco-Orealc, de acordo com Maués e Bastos (2013).
As pressões por responsabilidade são especialmente aquelas atreladas à redução
das taxas de absenteísmo, que de acordo com as pesquisas promovidas pelo próprio BM
que, para obter dados iniciais, utilizou como um dos instrumentos de pesquisa, a
observação 1500 professores na sala de aula. Concluiu que:
[...] os professores em geral são mal preparados para usar o tempo da
aula de forma eficaz são evidências de que as pressões que eles sofrem

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para desempenhar suas funções de forma responsável geralmente são
deficientes. As estratégias para fortalecer a responsabilidade incluem
medidas para reduzir ou eliminar a estabilidade no emprego,
aumentar a supervisão e capacitar os clientes (pais e alunos) a
monitorar ou avaliar os professores. (Grifos no original; Idem, ibidem,
pág. 42)

É relevante destacar que não há no estudo qualquer relação entre as condições de


trabalho, ou mesmo busca entender os motivos pelos quais os professores faltam seu
trabalho. Há, todavia, pesquisas sérias desenvolvidas por Universidades renomadas
como as promovidas pelo Gestrado5 (Grupo de Estudos sobre Política Educacional e
Trabalho Docente). No que diz respeito às condições de trabalho docente e sua relação
com a saúde, no ano de 2003 os motivos de afastamento dos docentes das escolas de
Florianópolis (SC) foram “doenças do aparelho respiratório, os problemas do aparelho
locomotor, os problemas de saúde na família e problemas psicológicos e/ou
psiquiátricos” (ASSUNÇÃO; OLIVEIRA, 2009, pág. 364).
Corrobora com esta assertiva, a tese de doutoramento de Reis (2014) ao estudar
o processo de adoecimento dos trabalhadores da rede pública municipal de Belém (PA),
constata que:
a) às condições de trabalho em seu sentido lato, indicando a existência
de processos de intensificação e de precarização do trabalho docente;
b) às políticas de formação continuada com acentuados graus de
exigências das avaliações do Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica – IDEB; c) à existência de mal-estar docente, corroborando
com os desgastes e pouca satisfação com o trabalho são em virtude da
intensificação do trabalho. (Idem, Ibidem, pág. 08)

A aplicação de exames em larga escala tem sido utilizada como o único


mecanismo para medir a qualidade da educação básica, conforme a autora. Neste
sentido, os professores de disciplinas chaves nesse processo – os de língua portuguesa e
de matemática, e os demais professores da escola, têm sido convencidos de que a
qualidade do ensino depende do alcance de metas pré-determinadas a serem atingidas
através da aplicação de testes em larga escala como a Prova Brasil. Desconsidera-se,
portanto todas as demais determinantes que poderiam influenciar na qualidade da
educação, como melhorias nas estruturas materiais das instituições escolares, instituição
dos planos de cargo e carreira para os professores etc.

5
Ver http://www.gestrado.net.br/ [Acesso em 11 de março de 2017].

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No item gerenciamento das políticas da reforma do magistério, ao constatar o
poder dos sindicatos enquanto instituições representativas de classe e, ao mesmo tempo
afirmando que as metas dos trabalhadores da educação não estão em conformidade com
as metas das políticas educacionais ou mesmo dos beneficiários do sistema educacional,
propõe uma aliança entre os sindicatos dos professores e o governo:
Unir de forma bem sucedida dois lados do triângulo de interessados
(sociedade civil e governo) em um diálogo com o terceiro (professores
organizados) pode criar espaço político para a adoção de reformas,
incluindo três delas que desafiam os interesses dos sindicatos
(avaliação de desempenho individual do professor, pagamento
diferenciado por desempenho e perda da estabilidade no emprego).
(BANCO MUNDIAL, 2014, pág. 49).

O processo de intensificação do trabalho, conforme foi discutido o processo de


transformações no mundo do trabalho no modelo toyotista, no qual Alves (2011) e Dal
Rosso (2008) já apontavam como consequências deste processo o adoecimento do
trabalhador, especificamente no que tange a intensificação e cobranças por resultados.
Tal cobrança está diretamente atrelada ao alcance de metas pré-determinadas que é
atingir uma nota mínima no IDEB. Há neste caso, uma bonificação aos professores e a
escola que consegue alcançar alcançá-las, porém há casos em que tal situação não
ocorre, por exemplo, no Estado do Pará, em que há um processo intenso de fechamento
de escolas6. Outra questão é a vinculação do sindicato ao Estado, argumento semelhante
foi utilizado por Ohno (1997) na elaboração do Sistema Toyota de Produção para criar o
sindicato da própria empresa.
Outro organismo importante é a OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) que tem criado indicadores e índices educacionais,
documentos que vêm servindo de orientação para o estabelecimento de políticas
educacionais em diferentes níveis. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos -
PISA (Programme for International Student Assessment), por exemplo, é aplicado a
alunos na faixa dos 15 anos de idade; outro exemplo é a Pesquisa Internacional sobre
Ensino Aprendizagem – TALIS (Teaching and Learning Internacional Survey), a qual
envolve 34 países, entre 2012 e 2013. O resultado desse indicador traz elementos que
estão servindo de subsídios para os formuladores das políticas brasileiras, como objetivo

6
Diário on line/ DOL. Disponível em http://www.diarioonline.com.br/noticias-interna.php?
nIdNoticia=391858&idrand=144. Acesso: 11/03/2017.

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apresentar subsídios sobre o trabalho do professor, tendo como elementos o ambiente de
aprendizagem dos estudantes e as condições de trabalho dos professores de acordo com
Maués e Bastos (2016).
No Brasil há uma política de reformas que vem sendo implementadas desde a
década de 1990, que seguem recomendações do BM para promoção da descentralização
da política educacional tais como Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB), conforme Bastos (2013). Freitas (2007) destaca
que as reformas objetivam avaliar os sujeitos envolvidos nas tarefas educativas exigidas
pelas reformas (sistemas de avaliação de estudantes – SAEB, ENEM, Prova Brasil) e,
ao mesmo tempo controlar o trabalho docente. Outras reformas na educação que se
concretizaram o conjunto de leis constituídas:
1) as Diretrizes Curriculares Nacionais que estabelecem conteúdos
curriculares básicos e padrões de aprendizado, desde a Educação
Básica até a superior; 2) a implementação de um sistema nacional de
avaliação de desempenho, como o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (SAEB), o Exame Nacional de Ensino Médio
(ENEM) e o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
(ENADE), que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior (SINAES), na perspectiva de alcançar as metas de melhoria
da qualidade de ensino (BASTOS, 2013, pág. 43).

Neste caso, instaura-se uma “hierarquia” entre as disciplinas, visto que o Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica é medido exclusivamente por avaliações
centradas nas disciplinas Português e Matemática. É neste contexto que a Reforma do
Ensino Médio/ Medida Provisória nº 746/20167 está inserida. Ela está em conformidade
dom a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a qual localiza a Educação Física na
área da linguagem, de acordo com Soares et al (2016) verifica que o documento prevê
quatro áreas do conhecimento, que são ciências da natureza, ciências humanas,
linguagens e matemática e seus respectivos componentes curriculares para todas as
etapas da educação básica no Brasil.
Considerando que a efetivação da Reforma do Ensino Médio prevê a retirada da
disciplina Educação Física enquanto disciplina obrigatória, mantendo-a enquanto
conteúdo ou atividade que poderá ou não fazer parte do currículo, materializa a

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Ver: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/126992 . Acesso: 11/03/2017.

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hierarquia das disciplinas, na qual há secundarização de todas as disciplinas que não
fazem parte do rol das disciplinas chave que são os únicos instrumentos de avaliação da
qualidade do ensino na educação básica.
De acordo com as premissas supracitadas, verificamos que há uma alteração no
trabalho docente do professor na escola para atender os interesses do capital. Verifica-se
na perspectiva macro a inferência do toyotismo no trabalho docente do professor com a
adoção de novas formas de gestão escolar, desespecialização, polivalência, precarização
e avaliação para o alcance de metas e resultados pré-estabelecidos. Ademais, aplica-se
nas escolas um modelo gerencial semelhante ao modelo empresarial, cujo objetivo
central é atingir metas pré-estabelecidas pelos organismos internacionais como OCDE,
BM, Unesco-Orealc, concretizadas por meio da aplicação de avaliações em larga escala
nas diferentes esferas educacionais, as quais por sua vez tem influenciado nas novas
formas de remuneração dos professores, conforme vimos. Coadunam, portanto com as
novas formas de adequação da produção, marcada pela desregulamentação do mundo do
trabalho, flexibilidade nos processos de trabalho, dos produtos e padrões de consumo, as
quais necessitam impor maior controle da força de trabalho, desespecialização,
polivalência e retrocesso da ação sindical, explicitado pelos autores.
O trabalho docente do professor de Educação Física neste contexto, também tem
sofrido alterações. Historicamente a Educação Física foi utilizada sob o ponto de vista
dominante, cujo objetivo inicial foi promover a uma formação de um corpo disciplinado
para obedecer subordinadamente, adestrado a repetições de exercícios, funcional ao
fordismo, de acordo com Soares (1994). Cunha (2010) afirma que houve uma
importante alteração no perfil desejado de individuo para servir a lógica do capital tipo
para o capital, em conformidade com os preceitos do toyotismo. Para o autor, tal modelo
necessita que o conteúdo escolar seja pautando no campo cognitivo e interacional,
raciocínio lógico, crítica, interatividade, decisão, trabalho em equipe, competitividade,
comunicabilidade, criatividade, entre outros. Desta maneira a Educação Física passa por
reordenamento, o qual reforça a formação de um trabalhador adequado esse modo de
produção emergente.
Ferreira e Silva (2016) afirmam que o trabalho do professor de Educação Física
tem se tornado ainda mais precarizado, expressado nos Planos de Cargos, Carreiras e
Salários rebaixados ou inexistentes, a falta de estrutura física e material para nossa

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práxis. Conforme as autoras as condições materiais de trabalho exigem que os docentes
façam adaptações que requisitem competências específicas do campo da epistemologia
da prática, ao invés de buscarem conhecimentos científicos, aspecto que contribuem
para a segregação dos conhecimentos em práticas corporais desvinculadas da realidade
material e maior segmentação entre o trabalho intelectual e braçal.
Nozaki (2004) salienta que a educação pública impõe ao professor de Educação
Física funções distintas de seu papel, visto que é tratada como atividade desnecessária
ou menos importante que as outras disciplinas. Cita como exemplo, a atribuição ao
professor de Educação Física distrair todos na quadra da escola, enquanto há na escola
momentos pedagógicos importantes na escola tais como planejamento escolar. É
relevante destacar o desconhecimento pelo próprio docente do papel da disciplina na
escola, denunciando a precária formação crítica destes professores.
Apontamos assim a necessidade de superação do entendimento de trabalho
docente pelo professor de Educação Física como produtor de mercadoria e
aprofundamento de sua compreensão enquanto práxis humana, por meio de uma sólida
formação crítica, que ao mesmo tempo, lhe promova o máximo de consciência possível
sobre seu papel enquanto docente e seja capaz de despertar sua organização enquanto
trabalhadores via sindicato. Tal superação poderá assim promover também
transformações e superação desta precarização seu trabalho, superando a lógica flexível
e a própria sociedade do capital.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
No ambiente escolar o toyotismo têm provocado diversas mudanças trabalho
docente, materializadas nas diferentes políticas implementadas no Brasil a partir de
1990. Dentre as diferentes medidas adotadas, destacamos as formas flexíveis de
remuneração e a defesa do atrelamento do sindicato dos professores ao governo estatal.
Conclui-se que neste processo que objetivo central é atingir metas pré-estabelecidas por
meio da aplicação de avaliações em larga escala nas diferentes esferas educacionais,
definidas pelos organismos internacionais como BM, OCDE e Unesco/Orealc, os quais
tem sido utilizadas como único instrumento que mede a qualidade da educação básica.
Por outro lado, a bonificação as escolas e aos professores que conseguem atingir
tais metas nem sempre ocorre, no entanto todas estas mudanças promovem a

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intensificação e precarização do trabalho docente, que por sua vez, contribuem para o
adoecimento deste profissional da educação (REIS, 2014). Coadunam, portanto, com as
novas formas de adequação da produção, marcada pela desregulamentação do mundo do
trabalho, flexibilidade nos processos de trabalho, dos produtos e padrões de consumo, as
quais necessitam impor maior controle da força de trabalho, desespecialização,
polivalência e retrocesso da ação sindical, que são os elementos centrais do toyotismo
(ALVES, 2011; DAL ROSSO, 2008).
O Estado brasileiro tem adotado medidas que cada vez mais contribuem para a
precarização e intensificação do trabalho docente, tais como a aprovação da Reforma do
Ensino Médio/ Medida Provisória nº 746/20168, a qual modifica a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LBDN) 9394/66, dentre suas medidas, retira do currículo
obrigatório Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia, que poderão ou não compor
o conteúdo das obrigatórias. Educação Física, por exemplo, faz parte da área da
linguagem, porém, seu conteúdo é secundazidado, uma vez que há uma clara hierarquia
entre as disciplinas, colocando a Língua Portuguesa no topo das demais, posto que é
cobrada nas avaliações em larga escala.
Consideramos que a retirada do currículo é pelo fato de colocarem em xeque o
projeto hegemônico neoliberal, já que possibilitam a possibilidade de pensar
criticamente e expressa por meio da linguagem corporal e artística. Portanto, são
consideradas uma ameaça ao modelo formativo que forçosamente se tem implementado,
que é a formação acelerada de homens e mulheres para atuação no mercado de trabalho.
Mediante a todo este processo, aponta como possíveis caminhos para a
superação desta exploração do trabalho docente a sua organização enquanto
trabalhadores, a qual poderá promover transformações e superação desta precarização,
superando a lógica flexível e a própria sociedade do capital. Isto remete a importância
da ampliação de pesquisas que vinculem as mudanças no mundo do trabalho e suas
repercussões no trabalho docente, sobretudo as que analisem as diferentes determinantes
que de fato busquem a melhoria da qualidade da educação. Neste sentido, os
trabalhadores da educação precisam ser ouvidos, suas condições de trabalho precisam
ser melhoradas, assim como sua carreira. A resistência coletiva via organização sindical,
assim como formação política, organização de greves e paralisações tem sido, por hora,
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Ver: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/126992 . Acesso: 11/03/2017.

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as poucas formas de luta destes trabalhadores possuem, as quais estão sendo
severamente massacradas pelos gestores municipais, estaduais e também pelo governo
federal.

REFERENCIAIS

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capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo, 2011.

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