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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA EM GEOGRAFIA HUMANA
PROFESSOR ALEXANDRE QUEIROZ
ALUNA: MYRNA LORENA LIMA RAMOS

RESUMO DO LIVRO GEOGRAFIA E FILOSOFIA: CONTRIBUIÇÃO PARA O


ENSINO DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO, DE ELISEU SAVEIRO SPOSITO

SPOSITO, Eliseu Savério. Geografia e Filosofia: Contribuições para o ensino do


pensamento geográfico. São Paulo: Unesp, 2003.

O texto seguinte trata-se do resumo do livro Geografia e Filosofia: Contribuições


para o ensino no pensamento geográfico, de autoria de Eliseu Savério Sposito, geógrafo
formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente, além de
mestre e doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). A temática do livro
tem como eixo norteador a questão do ensino do pensamento geográfico em meio a uma
crise paradigmática pela qual, de acordo com o autor, passa não só a Geografia, mas a
ciência em geral. Para discorrer sobre tal assunto, o autor inicia a discussões com
ponderações sobre o método, o que é essencial para que compreendamos a posição da
história do pensamento geográfico nesse temário.

De acordo com o autor, o método deve ser compreendido tanto historicamente


quanto em sua dimensão filosófica (principalmente se levarmos em conta o objetivo da
obra, que é construir uma metodologia de ensino do pensamento geográfico) e ideológica,
tomando-se o devido cuidado de não o considerar uma disciplina, mas sim um
instrumental que torna possível a apreensão da realidade objetiva pelo pesquisador de
forma racional. Segundo Sposito, foi justamente essa errônea fusão entre método e
disciplina que ocasionou a crise paradigmática vivida atualmente no âmbito científico,
principalmente se enviesarmos essa discussão para a ciência geográfica, que carece de
estudiosos dedicados à questão metodológica em sua abrangência, o que envolve as
mudanças do método ao longo do tempo e suas influências ideológicas.
Desta forma, o autor inicia algumas explicações sobre método científico,
posteriormente afunilando para os métodos específicos, confrontando neste momento a
visão de vários autores. Lakatos (1982) é uma das autoras citadas também e apresenta
uma série de definições de método científico feitas por diversos autores. Dentre eles,
Ackoff é o que propõe a definição, ao meu ver, mais consistente. De acordo com ele
“método é uma forma de selecionar técnicas, formas de avaliar alternativas para a ação
científica. Métodos são regras de escolha, técnicas são as próprias escolhas”. Porém, é
perceptível na obra de Spósito que seu trato quanto ao método não se restringe às técnicas
e procedimentos de pesquisa, tanto nos tópicos mais à frente no livro ele discute a
ideologia, as tendências doutrinárias, entre outros elementos que fogem do tecnicismo,
além de dar enfoque à história da definição de método, utilizando Gaarder (1995), e
começando com a antiguidade, na qual os atenienses (mais especificamente os sofistas),
valorizavam a retórica, o domínio livre do discurso, como método, ao contrário de
Sócrates, que colocava que deveriam haver normas e regras para a obtenção do
conhecimento.

Ainda citando Gaarder (1995), Spósito coloca que no período do Renascimento,


René Descartes considerou como método o conjunto de regras claras que regiam a
compreensão do real para que se pudesse chegar a uma determinada verdade, apesar de
desprezar as “certezas dogmáticas”, o que é torna criador de um “subjetivismo idealista e
racional” (Gaarder, 1995, p.253, apud SPOSITO, 2003, P. 27). A partir do método, que
não seria único, a realidade tentaria ser compreendida pelo cientista pelos meios mais
adequados, porém bem delimitados, apesar de analisarem uma realidade ampla. Entendo
este como sendo o ponto crucial dessa discussão: os métodos como caminhos distintos no
estudo do real, para apreender resultados específicos segundo o método dentro de uma
realidade não tão específica. Sendo assim, segundo Spósito, após o Renascimento:

o idealismo alemão, a dialética hegeliana, o positivismo comteano e o


materialismo histórico marxista serviram de bases teóricas e doutrinárias para
o desenvolvimento não só do conhecimento científico e filosófico, mas de
métodos diferentes e de posturas e interpretação da realidade baseados em
fundamentos diferenciados (p.27)

Após esse breve discorrer histórico acerca do método, Sposito faz uma interface
com a Filosofia citando a obra de Chauí (1986) Primeira filosofia, na qual propõe uma
série de caracterizações do método. Para a autora, o método tem uma ordem e uma
medida, com ênfase na ordem, que é o encadeamento entre os elementos do método,
podendo ser analítico ou sintético e tendo dentro de si um sentido vago e um sentido
preciso, tendo em vista que é vago por causa da multiplicidade de filósofos que possuem
um método, e preciso, pois apenas são bons métodos aqueles que se mostram mais
eficientes com o menor número de regras. Por fim, de acordo com Sposito, Chauí
caracteriza o método como sendo considerado “dedutivo pelos racionalistas intelectuais
(que partem das ideias para as sensações) e indutivo pelos empiristas (que partem das
sensações para as ideias).” (p. 29). Tal afirmação serve como uma ponte para o tratamento
específico dos métodos mais à frente na obra, não sem antes o autor explicar que indução
e dedução não são métodos, mas sim procedimentos da razão, e de reafirmar que, na obra,
são considerados métodos (por sua difusão na comunidade científica e a existência dentre
deles de leis e categorias) os três a serem nomeados a seguir: o método hipotético-
dedutivo, o método fenomenológico-hermenêutico e o método dialético.

Quanto ao método hipotético-dedutivo, primeiramente, é necessário ressaltar que


Sposito coloca este como tendo seus primórdios no pensamento de Descartes, que propôs
um método único racionalista e baseado no rigor matemático. De acordo com o autor, “a
obra de Descartes (e, por extensão, dos pensadores modernos) recupera o conceito de
razão, opondo-o ao dogma e contestando o princípio da autoridade, incompatível com a
razão científica” (p. 30). Apesar de o método de Descartes prever quatro regras
(evidências, análise, síntese e desmembramentos) e obedecer à uma lógica formal, este
traz à tona o racionalismo grego, rejeitando a autoridade e as verdades absolutas e
defendendo como mais importante a lucidez acerca do modo como as ideias foram
obtidas e o conhecimento fora produzido, sendo a indução e a dedução “procedimentos
do pensamento” que não devem ser confundidos com o método em si.

Posteriormente, pala discorrer sobre o método hipotético-dedutivo no século XX,


o autor cita Karl Popper, que foi um filósofo austríaco que “refinando a ‘linhagem’
cartesiana e aprimorando a doutrina positivista com o que se chama, hoje, de uma maneira
bastante vulgarizada, de neopositivismo, parte de uma visão materialista da realidade e
discute o empirismo.”. (p. 32). Em suas discussões acerca do empirismo, Popper, de
acordo com Sposito, via como uma problemática o fato de ser denominado como
empirismo (essencial para a ciência geográfica) o método que se atinha apenas ao que era
imediatamente perceptível pela experiência, ou seja, o mundo “real”. Diante disso, ele
propõe, que, para que um determinado sistema seja considerado empírico, ele deve ser
submetido ao “teste de falseabilidade”, ou seja, a uma comprovação experimental, um
teste de refutação para validá-lo por meio da lógica formal e que após ser superado
deixaria contribuições científicas. Henri Lefebvre (1983), citado por Sposito, coloca a
lógica formal como sendo um meio de redução do conteúdo “através do qual o
entendimento chega a ‘formas’ sem conteúdo, a formas puras e rigorosas, nas quais o
pensamento lida apenas consigo mesmo, isto é, com ‘nada’ de substancial” (p. 34) o que
remonta ao princípio da coerência, já que uma afirmação “vazia”, existindo apenas no
plano do pensamento, implica-se por todo este sem maiores dificuldades.

É importante ressaltar que os argumentos dos autores aqui citados são bem
distintos entre si. Porém, é perceptível diante do exposto que o método hipotético-
dedutivo posiciona o objeto à montante do sujeito, já que este irá ocasionar influências
sobre os conhecimentos do pesquisador, que apesar disso deverá buscar a neutralidade
científica. O real tentaria ser compreendido por meio hipóteses e deduções.

Em seguida, Sposito direciona a exposição ao âmbito do método fenomenológico-


hermenêutico, explicitando inicialmente o desígnio do termo “hermenêutica”, que era até
o fim do século XIX “todo esforço de interpretação científica de um texto difícil que
exige uma explicação”. De acordo com Dilthey, citado por Sposito, a hermenêutica
coloca que “as formas da cultura, no curso da história devem ser apreendidas através da
experiência intima do sujeito; cada produção espiritual é somente o reflexo de uma
cosmovisão”(p. 35). Na atualidade, a hermenêutica “constitui uma reflexão filosófica
interpretativa ou compreensiva sobre os símbolos e os mitos em geral” (SPOSITO, 2003,
p. 35). Em seguida, o autor traz à tona o termo “fenomenologia”, infiro que para
proporcionar uma compreensão inicial dos dois termos inseridos no nome desse método.
De acordo com Nunes (1989, p.88) apud Sposito (2003, p. 35) A fenomenologia é “uma
corrente filosófica fundada por E. Hurssel” e “se define como uma ‘volta às coisas
mesmas’, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece à consciência, que se dá como seu
objeto intencional.” Sendo assim, a fenomenologia configura-se como uma filosofia que
valoriza o subjetivo, pois considera o fenômeno como sendo construído por indivíduos
dotados de intersubjetividade, que dão sentido ao fenômeno. Sendo assim, o objeto tem
um significado que vai além daquilo que é visto, ou seja, tem um sentido transcendente,
ao mesmo tempo em que a consciência do indivíduo visa, e muitas vezes materializa um
objeto que também a transcende. Sendo assim, ela vai além do que podemos chamar de
realismo e idealismo.

Ainda discorrendo acerca do método fenomenológico-hermenêutico, considero


necessário citar Lencioni (1999, p. 150-1 apud SPOSITO, 2003, p 27) que traz essa
análise para o âmbito geográfico e indica o espaço vivido como “revelador das práticas
sociais”. A autora coloca que “a consideração da percepção advinda das experiências
vividas é, assim, considerada etapa metodológica fundamental”. Desta forma, percebe-
se, tanto por meio da perspectiva desta autora quanto dos demais aqui citados e de outros
que, embora não estejam explicitados neste texto, estão no livro original, que no método
fenomenológico-hermenêutico, o “sujeito descreve o objeto” (SPOSITO, 2003, p 38),
sendo este colocado à montante, de modo que o pesquisador, ao colocar o fenômeno
“entre parênteses”, efetivando a redução fenomenológica, se apropria deste e nele
mergulha para realizar uma abordagem a mais completa possível.

O último método a ser caracterizado por Sposito é o método dialético. O autor


inicia o tópico traçando uma breve exposição acerca da questão da antinomia entre
materialismo e idealismo, presente entre as ideias de Platão (idealista, acreditava na
supremacia da razão sobre a natueza) e Aristóteles (materialista, classificou as ciências e
fundou a lógica), antinomia esta que permaneceu, de acordo com Sposito, durante os 22
séculos seguintes no âmbito científico, inclusive na Geografia, mesmo esta tendo sido
sistematizada apenas após o Renascimento. A lógica aristotélica passou então a ser
utilizada de uma forma bastante discursiva, na qual o principal objetivo era tornar
perceptível as incoerências nas teses de um adversário de discussão por meio do diálogo
(dialética) Tal fato gerou um grande número de “cientistas” que, de acordo com Sposito,
“passaram tangenciando a ciência sem deixar rastros ou contribuições” (p. 41), tudo em
nome do encontro de uma Verdade. Porém, no final do século XVIII e no início do século
XIX, a dialética fora “resgatada” por George Friedrich Hegel, trazendo à tona a questão
do confronto entre ideias para a formulação do pensamento. Ou seja, para ele, o
pensamento científico estava em movimento constante.

Sposito utilizou Gaarder (1995) para explicar as formulações de Hegel. De acordo


com o autor, para Hegel, “’a razão do mundo’ progredia através da história” e “a verdade
é fundamentalmente subjetiva” pois “todo conhecimento é conhecimento humano” (p.
380-1). Sendo assim “era preciso um método adequado para compreender o movimento
da história, porque não existe razão intemporal” (SPOSITO, 2003, p. 41). O processo
dialético então postulado por Hegel propunha a existência do confronto entre
pensamentos. Desta forma, cada tese formulada teria uma negação, que aos se confrontar
com a tese, geraria um novo pensamento. “Esses três estágios do conhecimento (a tríade)
foi chamada por Hegel de tese, antítese e síntese.” (SPOSITO, 2003). Bottomore (1988,
p. 101-2, apud SPOSITO, 2003) coloca que a dialética de Hegel “progride de duas
maneiras básicas: trazendo à luz o que está implícito, mas não foi articulado
explicitamente numa ideia, ou reparando alguma ausência, falta ou inadequação nela
existente” o que já revela o caráter um tanto crítico das análises feitas por esse método.

É em Karl Marx que Sposito mais se demora em sua “explanação” acerca do


método dialético. Ele coloca que “para Marx, a dialética compreende necessariamente a
noção de movimento na História” (p. 44) . Marx utilizou tal pressuposto da dialética para
desenvolver conceitos que engendravam uma leitura crítica do capitalismo, analisando a
realidade por uma perspectiva materialista, histórica e dialética. Sposito então explicita
as três da dialética, que se relacionam diretamente com o que fora exposto: “(1) a
transformação da quantidade em qualidade e vice-versa; (2) a unidade e interpenetração
dos contrários, e (3) a negação da negação.

Quanto às categorias inseridas dentro do método dialético e que fazem parte do


processo de movimento da realidade, estas podem aparecer em tríade ou em pares. São
elas: “matéria e consciência; singular, particular e universal; particular, movimento e
relação; qualidade e quantidade; causa e efeito; necessário e contingente; conteúdo e
forma; essência e fenômeno, possibilidade e realidade.” (SPOSITO, 2003, p.46) É
perceptível que, dentre essas categorias, não se encontra o par “tempo-espaço” essencial
para a ciência geográfica, Mas isso ocorre porque, para Marx, de acordo com Sposito
(2003, p.46) “o espaço e tempo estão implícitos na ciência da História e são citados sem
a necessidade de enfatizá-las como categorias.”

Diante do exposto, infere-se então que, no método dialético, sujeito e objeto estão
em constante movimento, não estando um à montante de outro, mas sim em uma relação
de contradição, negação e formação de novos pensamentos que posteriormente serão
submetidos a uma nova negação e assim sucessivamente. Sendo assim, é colocado por
Sposito que os trabalhos que fazem uso desse método tendem a ser mais críticos
justamente por evidenciarem as contradições da realidade bem como seus conflitos.

Depois de expor as principais definições dos métodos hipotético-dedutivo,


fenomenológico-hermenêutico e dialético, Sposito traz à tona a questão das tendências
doutrinárias do método, afirmando que pessoas com diferentes tendências abordam o
método de maneiras distintas. Para discorrer um pouco sobre o assunto, Sposito cita o
contraponto entre Popper e Feyerabend, Popper defendendo “a utilização ortodoxa do
método” (SPOSITO, 2003, p. 48) e Feyerabend que acreditava que “o rigor metodológico
era mais um problema que um caminho para a produção científica” (SPOSITO, 2003,
p.50) pois a realidade não permitiria uma rigidez metodológica. Para Sposito, essa
polêmica entre os dois pensadores é importante tanto para percebermos as distintas
formas como cada indivíduo pode utilizar o método científico, quanto para notar-se a
dialética envolvida nesse embate entre os dois teóricos, nos fazendo refletir sobre a
possibilidade de enxergar por um viés dialético, fenomenológico-hermenêutico ou
hipotético-dedutivo as produções dos sujeitos independentemente de suas orientações
metodológicas.

Em seguida, Sposito coloca os três métodos anteriormente expostos como


“componentes doutrinárias de correntes filosóficas contemporâneas”, e apresenta dois
quadros expondo as “interrelações, diferenças e semelhanças entre eles”. O primeiro
dizendo respeito à articulação lógica, ao nível teórico e ao nível epistemológico e o
segundo aos pressupostos gnosiológicos e ontológicos dos métodos. O conteúdo dos
quadros não será exposto neste resumo, porém é importante ressaltar que este relaciona-
se bastante com o que foi colocado quando Sposito falou sobre os três métodos, e que
este leva à discussão seguinte sobre os elementos do método, que configuram as
características destes. Esses elementos são: doutrina, ideologia, teoria, lei, conceito e
categoria. Explicitarei aqui, então, dentre as definições colocadas por Sposito, as que
considerei mais importante para a compreensão de cada elemento do método: doutrina,
para Sposito (2003, p. 56), é “o conjunto de princípios e teorias que determinam o caráter
de verdade de um sistema filosófico, político ou religioso”; ideologia, de acordo com
Marx, citado por Löwy (1991, p 12) é “um conceito crítico que implica ilusão, ou se
refere à consciência deformada da realidade que se dá através da ideologia dominante”;
teoria, segundo Sposito (2003, p. 59) é “o conjunto de hipóteses sistematicamente
organizadas que pretende, através de sua verificação, confirmação ou correção, explicar
uma realidade determinada”; lei, de acordo com Japiassu & Marcondes (1990, p. 148-9)
é a “expressão de uma relação causal de caráter necessário, que se estabelece entre dois
eventos ou fenômenos”; conceito, também segundo Japiassu & Marcondes (1990, p. 53)
é “uma noção abstrata ou ideia geral, designando, seja um objeto suposto único, seja uma
classe de objetos”, e por fim categoria (que é tida por Sposito como o elemento de mais
complexa explicação e que Sposito discorreu mais sobre) de acordo, novamente, com
Japiassu & Marcondes (1990, p. 45) “designa, mais adequadamente, a unidade de
significação de um discurso epistemológico”. Sposito ainda evidencia a necessidade de
se considerar a lei e a categoria como elementos em “constante interação, afirmação e
negação (...) cujo objetivo final é a interpretação da realidade” (p. 62). Desta forma,
Sposito conclui evidenciando que seja qual for o método (hipotético-dedutivo,
fenomenológico-hermenêutico ou dialético), este tem “suas leis, sua base ideológica, suas
categorias para a elaboração dos vários conceitos e teorias que nos permitirão realizar
nossa leitura científica” (p.65), e que ao ler um texto, para se identificar tais elementos, é
necessário uma leitura radical, totalizante e crítica deste.

O autor dá início então ao segundo capítulo do livro, no qual ele discorre acerca
do “ato de conhecer e os diferentes níveis do conhecimento”. Ele inicia dizendo que cada
ser humano conhece de acordo com a forma que sua mente interpreta a realidade. Para
corroborar tal ideia, ele cita Szamósi (1986), que coloca que “A força do cérebro... está
em sua habilidade de desenvolver modelos abstratos do ambiente externo” (p. 18). Essa
maneira subjetiva de se conhecer o mundo faz com que hajam quatro tipos de
conhecimento: o científico, o filosófico, o religioso e o senso comum, embora no livro
seja dado enfoque apenas ao científico (caracterizado por Sposito como minuciosamente
descritivo) e ao filosófico (de acordo com Sposito, abstrato). O conhecimento científico,
para Sposito, “não pode estabelecer verdades absolutas nem definitivas, pois existem
várias maneiras científicas (métodos) pelos quais a realidade pode ser analisada. Sendo
assim, o conhecimento, para ser produzido, necessita da mediação da linguagem. Szamósi
(1986), citado por Sposito, ao falar sobre linguagem, coloca que “o que percebemos são
sempre padrões, seja no espaço ou no tempo, ou em ambos”. A linguagem então
ultrapassa o que chamamos de tempo, nos fornecendo significados padronizados, que
influenciarão a produção do conhecimento em quatro fases (compilatória, correlatória,
semântica e normativa) em um determinado período, intensificando-se isso pelos
interesses de uma determinada classe social, como coloca Schaff (1991), citado por
Sposito.

A linguagem é então simbólica, complexa e compósita. “A palavra está nas e


identifica as coisas, como significante contém significados, e é decodificada por todos
segundo sua própria condição” (SPOSITO, 2003, p.78). Desta forma, o conhecimento
não é um reflexo da realidade, configurando-se como “reconstruções cerebrais com base
em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos” (MORIN, 2000, p.20),
assim como todas as percepções, sendo possível ocorrer inclusive erros mentais,
intelectuais e “da razão” na produção do conhecimento, o que significa que o cientista
deve sempre estar ciente de que a “verdadeira racionalidade não é apenas teórica, apenas
crítica, mas também autocrítica”. (MORIN, 2000, p.24). Tais afirmações também
levaram Sposito, mesmo que brevemente, a considerar a importância da linguagem
tecnológica na produção científica da atualidade. É possível sistematizar, de acordo com
Sposito, a questão da linguagem inclusive em relação às três perguntas historicamente
utilizadas nas reflexões filosóficas, perguntas estas que foram se modificando de acordo
com as necessidades das épocas e seus respectivas características tecnológicas: Por quê?
(Idade Média), Como? (Renascimento) e Para quê? (Contemporaneidade).

Acho importante destacar a crise paradigmática da qual falou Sposito no início do


livro e trouxe novamente à tona no segundo capítulo. Ele cita Morin (2000) que, para
tentar solucionar tal crise, deve haver uma mudança realmente paradigmática, e não
programática, mudando-se não só os conteúdos dos estudos do pensamento, mas o
pensamento em si, repensando-se o que é produzido. Só assim de acordo com ele, haverá
uma real superação de um momento anterior, de modo a perceber o que deveria
permanecer do pensamento anterior e o que deveria haver de novo, em um movimento
claramente dialético.

O terceiro capítulo do livro diz respeito aos conceitos geográficos, mais


precisamente três deles: espaço (e tempo), região e território, dando enfoque ao modo
como estes foram construídos ao longo do tempo. O autor inicia então considerando que
o espaço e o tempo devem ser considerados em conjunto. Porém, este irá primeiramente
mostrar a construção do conceito de espaço, para depois estendê-la ao tempo.
Primeiramente, Sposito expõe as concepções de espaço na Geografia Tradicional: O
espaço vital de Ratzel e o espaço absoluto de Hartshorne. Em seguida, traz à tona a
concepção neopositivista do espaço, que privilegiava a questão das medidas de distância
da expressão topológica do espaço. Porém, a análise mais extensa feita por Sposito e que
realmente merece mais atenção devido ao nível de complexidade é a análise da concepção
marxista de espaço. Citarei aqui os autores que considerei mais importantes nessa
exposição. De acordo com Milton Santos (1985) citado por Sposito, o espaço deve ser
estudado levando-se em consideração quatro categorias: forma, função, processo e
estrutura. Essas categorias, estudadas em conjunto, “constroem uma base teórica e
metodológica a partir da qual podemos discutir os fenômenos espaciais em totalidade”
(p.50-2). Ainda de acordo com Santos (1996) o espaço é “um conjunto indissociável de
sistemas de objetos e sistemas de ações” (p.18), configurando-se como produto das
configurações de produção de uma sociedade, como “natureza socializada” (p.130), e que
este deve ser abordado ontologicamente de forma a identificar-se a “natureza do espaço”
(p.16) . Já Harvey (1973, p.5-6) coloca que o espaço, em si mesmo, ontologicamente, não
pode ser nem absoluto, nem relativo, nem relacional, podendo apenas “chegar a ser uma
destas três coisas – ou as três – segundo as circunstâncias da prática humana”. Lefebvre
(1974), ao meu ver, foi mais completo em sua abordagem, pois considerou o espaço como
sendo produto e produtor, entrando “nas relações de produção e nas forças produtivas”
(p. 4-5) de maneira dialética.

É importante salientar que a Geografia de base marxista se reforçou nos anos 1970
e transformou o que era tido como concepção de espaço, com o advento do trabalho dos
autores aqui citados ao cenário científico da época, colocando o espaço como central na
interpretação materialista da história, devendo-se tomar as devidas precauções para não
se cair no historicismo de observar o espaço por meio de um “senso comum”, tendo em
vista que muitas vezes este é apresentado de forma mistificada por uma ideologia
dominante. Desta forma ele inicia as discussões sobre o tempo, dando a entender que o
tempo não pode ser compreendido separadamente ao espaço, como o próprio já havia
citado no início do capítulo. Porém, em suas explicações, o autor envereda bastante para
os conceitos físicos de tempo, principalmente ao citar Einstein por meio de Piettre (1997,
p.57). “Existe tempo na medida em que existe movimento”; “a distinção entre passado,
presente e o futuro, apesar de sua persistência não é mais que uma ilusão”. Já Santos
(1978, p.207) coloca que “o tempo não é um conceito absoluto, mas relativo” e que “as
relações entre períodos históricos e a organização espacial também devem ser
analisadas”. Desta forma, infere-se que as categorias de tempo e espaço são essenciais na
compreensão da manifestação da realidade, principalmente em um período de
desenvolvimento de um vasto aparato tecnológico que influencia a diminuição das
distâncias e a construção do espaço em diferentes locais do mundo.

Em seguida o autor passa a discutir o conceito de região, e o faz de modo a revelar


tal conceituação por uma perspectiva histórica, de acordo com as diferentes bases teóricas
que sustentaram a Geografia o longo de tempo. Sposito cita Moraes (1981, p.75) que
parafraseando La Blache, diz que região é “uma escala de análise, uma unidade espacial,
dotada de individualidade, em relação a suas áreas limítrofes”. Saindo da Geografia
Tradicional e entrando no âmbito da Geografia Pragmática, Gomes (1995, p. 58) coloca
a região como sendo a divisão do “espaço segundo diferentes critérios”, atendendo às
necessidades de funcionalidade do capital vigentes e ascendentes na época.
Posteriormente, com o fortalecimento da Geografia Humanista, alguns autores passaram
a valorizar a questão do sentimento de pertencimento e de consciência regional. Porém,
mais uma vez, é na Geografia Crítica que as análises de Sposito mais se demoram. Creio
que a citação mais pertinente seja a de Lencioni (1999) ao analisar a obra Elegrias de
uma re(li)gião de Francisco Oliveira: “A região se constitui um espaço em que a
reprodução do capital se processa de uma forma particular, gerando uma luta de classes
específica” (p. 171). Daí o caráter “regional” da análise, que apresenta a região como
sendo uma parte de um todo, mas sem colocar as características desta como algo inerente
a ela ou mesmo estático, mas sim produzido e fruto de um processo assim como todas as
formas na sociedade capitalista.

Ao falar de território, Sposito primordialmente enfatiza este como uma categoria


impossível de ser pensada de maneira a-histórica, já que “um território torna-se concreto
quando associado à sociedade em termos jurídicos, políticos ou econômicos” (p. 112),
enfatizando-se o caráter capitalista atual do território, que serve antes de mais nada como
“fonte de recursos”. Porém, de acordo com o autor, deve-se considerar duas maneiras, na
atualidade, de se conceber o território: considerando-se as novas territorialidades
advindas com a expansão das redes de comunicação e o território na escala do cotidiano
do indivíduo.

Acho interessante também trazer à tona a inserção feita por Milton Santos do
território nas discussões sobre o Estado-nação por um ponto de vista estruturalista, ao
dizer, citado por Sposito, que este é “essencialmente formado de três elementos: 1. O
território 2. O povo; 3. A soberania” (p. 189), soberania esta que autoriza inclusive a
exploração dos recursos ali existentes. Ou seja, o território configura-se como “condição
básica e referência histórica para a consolidação e expansão do sistema capitalista”,
dotado de descontinuidade, por causa das desiguais apropriações e usos do solo e
desenvolvimento também desigual das redes de comunicação (GAY, 1995) revelando
uma associação direta entre território e poder.

Em seguida, inicia-se o quarto capitulo, seção do livro dedicada a compreender a


crise paradigmática dos estudos geográficos do século XX, que de acordo com Sposito
tem “uma preocupação muito mais com o fazer, com o alcançar resultados práticos, do
que com o refletir” (p. 121), de modo que a ciência assume uma postura elitista e
mistificadora. Sposito apresenta então três temas para embasar a discussão sobre tal crise:
Modernidade, Globalização e a história da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB).

Sobre o tema Modernidade, o autor cita a definição de diversos autores. Porém,


creio a parte dessa seção de capítulo mais interessante para auxiliar na discussão da crise
paradigmática é a questão da modernidade e da pós-modernidade. É notável que a
compreensão de modernidade trazida pelos diversos autores citados por Sposito é de uma
homogeneização da sociedade, uma “totalização civilizatória da vida humana”
(ECHEVERRÍA, 1995, P. 135), de maneira rápida, propiciada pelo avanço do
capitalismo e do consequente desenvolvimento tecnológico. Essa última afirmação, é
corroborada por Harvey (1999), em A condição pós-moderna, quando citado por Sposito.
De acordo com ele “é o transitório, o fugidio, o contingente; é uma metade da arte, sendo
a outra o eterno e o imutável” (p. 21). Porém, de acordo com Sposito, nas três últimas
décadas do século XX, iniciaram-se as discussões sobre o pós-modernismo, que sairia
desse âmbito totalizante de homogeneidade e enveredaria pelo discurso da alteridade e
da fragmentação. De acordo com Foster (1995, p.197) o pós-modernismo “apresenta uma
tendência antitotalizante, antigeneralizante, no tocante à sociedade, rejeitando não tanto
a narrativa per se, mas todos os tipos de narrativas grandiosas”. Essa contradição se revela
no âmbito da Geografia, na própria história do pensamento geográfico, ao ser observável
uma inclinação dos estudos geográficos a partir da década de 1970 às perspectivas
humanísticas, quase duas décadas depois da gradual transformação da Geografia em
ciência social. De acordo com Sposito (2003, p. 134) “essa interpretação dialética da
modernidade baseia-se na sua concepção histórica e nas evidências empíricas que podem
demonstrar as transformações que ocorreram, principalmente, no século XX”. Tal
afirmação evidencia mais ainda o papel da Geografia em tais discussões.

Quanto à globalização, Sposito centra a análise sob o seu caráter homogeneizador


e imperialista, usando como deixa o que foi explicitado no tópico anterior, porém,
evidenciando a diferença entre globalização e mundialização, já que enquanto a primeira
trata-se de um processo mais amplo de expansão do capital (cultura, meios de
comunicação, entre outros), a segunda liga-se mais com o âmbito financeiro, o que não
significa que estes dois processos não estejam interligados nesse processo de expansão.
Porém, como o tópico destina-se à discussão deste conceito, o enfoque será dado à
questão da globalização. De acordo com Santos (1996, p.37), citado por Sposito “o
processo de globalização, em sua fase atual, revela uma vontade de fundar o domínio do
mudo na associação entre grandes organizações e uma tecnologia cegamente utilizada”,
o que demonstra uma associação entre tempo, espaço e mundo. Octavio Ianni (1996)
reforça essa ideia ao trazer à tona as metáforas utilizadas como forma de mitificação da
realidade da globalização: aldeia global, fábrica global, nave espacial e torre de babel.
Porém, ao meu ver, a crítica mais incisiva à globalização, apresentada por Sposito, é a de
Mamigonian (2000, p. 100), que coloca a globalização, “como ideologia que se vende e
se impõe aos povos oprimidos é basicamente o projeto econômico-político americano de
liderar o ultra-imperialismo profundo”, o que nos leva a inferir sobre o caráter
imperialista da globalização que ocorre sob o pretexto do desenvolvimento econômico e
da modernização. Sendo assim, é necessário encará-la como um processo contraditório,
assim como todo elemento do capitalismo. De acordo com Sposito (2003, p.153) “a
globalização é um fenômeno, não é irreversível e pode ser cultura necessária para sua
própria transformação”. Desta forma, deve-se ter em mente que ela é fruto de uma série
de processos decorrentes da expansão do capital, e como tal, ocorre baseada em uma
conjuntura que não é imutável.

Por último, nesse capítulo, Sposito faz uma exposição da história da Associação
dos Geógrafos Brasileiros – AGB, como uma forma de discutir os próprios paradigmas
da ciência geográfica. De acordo com Sposito, AGB foi criada em 1934 por Pierre
Deffontaines, em São Paulo, mas em 1944 tornou-se uma entidade nacional. Até o ano
de 1978, esta não aceitava estudantes em suas conferências (regra condenada por Milton
Santos, Armen Mamigonian e Roberto Lobato Correa, por exemplo). Foi no III Encontro
Nacional de Geógrafos, realizado em Fortaleza, que esta situação se reconfigurou.

Trazendo à tona a questão dos encontros que são organizados pela AGB e de
outros eventos científicos, Sposito coloca, citando Corrêa (1982), que ocorreram
mudanças paradigmáticas no âmbito da ciência geográfica entre 1956 e 1985,
principalmente no que diz respeito à Geografia Tradicional (havia a pretensão por parte
de alguns geógrafos como Lívia de Oliveira, Antonio Ceron, Speridião Faissol, entre
outros de que a esta tendência fosse sepultada), ao fortalecimento da Geografia
Quantitativa e à inserção dos paradigmas marxistas na ciência geográfica, em 1978, no
III Encontro de Geógrafos Brasileiros. A partir de tal ponto, foi ocorrendo uma maior
valorização das discussões ideológicas e políticas no âmbito dos encontros científicos.

No ano 2000, ocorreu o XII Encontro Nacional de Geógrafos, no qual os eixos


temáticos eram bastante variados, revelando a amplitude de discussões geográficas e a
diminuição das discussões sobre o que seria o objeto da Geografia, para debates sobre o
método e a dimensão política da ciência. Os eixos eram: Natureza, espaço e política;
Sociedade, espaço e política; Pensamento geográfico brasileiro e Ensino da Geografia.
Desta forma, corrobora-se o que foi exposto por Sposito no final do capítulo, quando ele
coloca que a diversificação dos temas de debates e das opiniões lançadas pelas pessoas
que participaram da história da AGB poderá “contribuir, sobremaneira, para a construção
da memória da entidade e fornecer subsídios para a leitura da Geografia brasileira”. (p.
170)

O quinto e último capítulo do livro traz consigo algumas teorias geográficas que,
no decorrer de suas explicações auxiliam na compreensão da história do pensamento
geográfico. A primeira teoria trazida por Sposito é a teoria geomorfológica do Ciclo da
Erosão, elaborada pelo geógrafo e geólogo estadunidense William M. Davis, que
acreditava em diferentes estágios de desenvolvimento das formas de relevo terrestres
(juventude, maturidade, selinidade), privilegiando a análise da orogênese e
desconsiderando as fatores exógenos de formação do relevo. Sendo assim, percebe-se a
influência do darwinismo, muito presente no século XIX e de seu evolucionismo nessa
teoria, bem como e mostra também que o positivismo e seu empirismo eram bastante
influentes na época. Porém, Walter Penck, um geólogo alemão, reage à teoria de Davis
corrigindo tal falha metodológica e tornando esta abordagem mais completa, de forma a
mostrar que na época não existia uma “unanimidade no pensamento geográfico”, e que
os geógrafos do período se preocupavam mais em desenvolver e elaborar metodologias
do que discutir em si o método científico.

Em seguida, Sposito expõe a teoria das localidades centrais de Walter Christaller,


um geógrafo alemão, proposta em 1933. Essa teoria, baseada na situação alemã do pré-
Segunda Guerra, consiste na compreensão do urbano como sendo uma rede de “lugares
centrais”, no caso as cidades, que têm diferentes níveis de hierarquia de acordo com o
número de pessoas que atendem com os serviços que oferecem. De acordo com
Christaller, as cidades formariam, junto com suas hinterlândias, hexágonos que poderiam
se sobrepor, evidenciando porém as leis de distância entre os centros urbanos de maior
hierarquia, “freio” exercido pelas grandes aglomerações em relação à formação de
aglomerações menores, entre outras teorias que obedeciam aos pressupostos
neopositivistas de regularidade matemática e homogeneização do espaço, suprimindo a
análise dos elementos sociais presentes na constituição dos centros urbanos.
Por último, o autor apresenta a teoria dos dois circuitos da economia urbana,
desenvolvida por Milton Santos e publicada em 1979, no livro O Espaço dividido. Essa
teoria, baseada no exercício do método dialético, pautava a bipolarização da economia
urbana nos países subdesenvolvidos em dois circuitos, que seria o superior (varejo
moderno, indústria, bancos, dependência do capital externo), mais formalizado, e o
inferior (informal, venda em menores quantidades, quase total independência do capital
externo, pouca intervenção estatal). Esses dois circuitos representam uma contradição na
dinâmica da economia urbana, contradição esta que é observada e analisada pelo método
marxista, o que representa uma mudança nos paradigmas do pensamento geográfico. É
interessante que se observe este elemento na compreensão desta teoria, que nos leva
justamente ao ponto trabalhado no livro aqui resumido: a história do pensamento
geográfico.

O autor finaliza então o livro com uma série de reflexões acerca do pensamento
geográfico e da crise paradigmática da qual ele fala desde o início da obra. Compreendo
que o ponto primordial tocado por Sposito em suas configurações finais refere-se
justamente à ontologia de tal crise, já que de acordo com ele “A superação (...) que poderá
mostrar outros caminhos para a crise paradigmática que ora vivemos, só ocorrerá a partir
do momento que todas as possibilidades dos métodos estiverem esgotadas” (p. 196).
Sendo assim, é perceptível que o autor valoriza a constante discussão acerca dos
paradigmas para sua desconstrução e posterior construção de algo, em um movimento
que eu, a autora deste resumo, considero evidentemente dialético, o que creio ser
corroborável com a citação de Sposito que diz que “é nesse movimento de respeitar os
paradigmas para negá-los e superá-los após sua utilização máxima que poderemos
contribuir para a compreensão do pensamento geográfico” (p.196). Diante do exposto,
penso ser essencial que seja dada à questão do método e de sua elaboração uma maior
atenção dos geógrafos em formação, pois nesse temário que agrega evidentemente o ramo
da história do pensamento geográfico é que obteremos as ferramentas para buscar uma
coerência e competência cada vez maior enquanto profissionais da ciência geográfica.

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