Resenha: “O território e o arranjo federativo para o desenvolvimento
brasileiro: O caso do Nordeste”
No artigo “O território e o arranjo federativo para o desenvolvimento brasileiro: O
caso do Nordeste” o autor Constantino Cronemberg Mendes se propõe a apresentar um modelo de planejamento que poderia ser implantado para desenvolver o Nordeste brasileiro e dessa forma diminuir as desigualdades existentes tanto no âmbito interno, quanto no regional, a partir de arranjos federativos no território. O autor inicia o texto descrevendo o marco legal que regulamenta o ordenamento político-administrativo do Brasil, citando artigos dos princípios fundamentais da Constituição brasileira de 1988. O autor ressalta os trechos que discorrem sobre a estrutura federativa brasileira, país formado pela união indissolúvel entre Estador, Municípios e Distrito Federal; a autonomia existente entre os entes federados; algumas de suas atribuições e competências e a possibilidade de cooperação/coordenação entre esses entes. Em seguida, Constantino faz uma digressão sobre a teoria federalista que serve como embasamento para a proposta que apresentará posteriormente. O autor destaca a discussão que existe sobre o que seria mais eficiente para a administração do Estado, a centralização ou a descentralização das decisões e recursos, sobretudo no que concerne a arrecadação e distribuição dos tributos e recursos. Esta questão envolve o debate sobre a intervenção estatal na economia por meio de gastos públicos. Os entes federativos precisam prover os bens públicos para a população, sejam eles do tipo puro, aqueles indivisíveis e que todos podem usufruir ou impuros, aqueles que também podem ser fornecidas pela iniciativa privada. Segundo o autor, a competência sobre a provisão dos bens públicos recai em uma das esferas: federal, estadual ou municipal. Até meados da década de 1980, coube à União o papel de direcionar a política econômica, centralizando assim os recursos e decisões sobre a implementação de ações que promovessem o desenvolvimento nacional e regional. A partir da CF/88, houve uma mudança que trouxe maior autonomia para os municípios, que passaram a contar com recursos diretamente para oferecer os bens e serviços públicos a partir de uma perspectiva local. Isto se faz necessário porque os municípios, apesar de serem dotados de autonomia, geralmente não possuem capacidade de arrecadação financeira, seja por serem pouco populosos, ou por possuírem uma estrutura produtiva incipiente. Adiante, o autor delineia as diretrizes de sua proposta de planejamento para a região. Para Constantino, o planejamento territorial com enfoque regional deve possuir as seguintes etapas: Diagnóstico, instrumentos/meios e objetivos. O planejamento regional na atualidade deve estabelecer um esforço conjunto entre União, Estados e Municípios. Outro desafio para o desenvolvimento regional segundo o autor, seria estabelecer uma coordenação entre os diferentes municípios de uma mesma região, para que estes possam cooperar entre si. Por fim, o autor apresenta como exemplo a região Nordeste. Neste caso específico,as políticas econômicas e sociais não estão coordenadas e nem são complementares para promover o desenvolvimento da região. Enquanto a primeira tem como foco as capitais litorâneas, a segunda promove principalmente a transferência de renda para a áreas rurais e interioranas. De acordo com o autor, os grandes centros urbanos, por serem locais com uma infraestrutura de bens e serviços públicos bem estabelecida, são pontos privilegiados de onde podem ser irradiadas as políticas de desenvolvimento regional, sendo que as áreas de enfoque das ações deveria ser o litoral, o sertão e o centro-norte. Nas suas considerações finais, o autor busca traçar diretrizes para um plano de desenvolvimento da região nordeste, que busque melhorar o desempenho econômico da região, passando de um incentivo ao “consumo de massa”, para uma “produção em massa”. Para isso seria necessário que os instrumentos e ações institucionais fossem voltadas para a educação, mercado de trabalho e industrialização da região. Como anteriormente citado, a constituição prevê competências em comum que devem ser exercidas pelos três entes federativos, o que visa promover a cooperação e a coordenação entre eles. Por conseguinte, o planejamento da região nordeste envolveria então a integração dessas três esferas, bem como a criação de nossos arranjos institucionais e o fortalecimentos dos já existentes.