1 Introdução
Os pilares para o diagnóstico do TEA, além do início precoce dos sinais e sintomas,
são (1) os déficits persistentes na comunicação e interação social em múltiplos
contextos, e (2) a presença de padrões restritos, fixos e intensos de interesses e
comportamentos repetitivos.
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2 Causas Etiológicas
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com uma regressão, e nesta situação podemos identificar com qual idade esta
regressão se iniciou.
Durante o exame físico geral deveremos aferir peso, estatura e perímetro cefálico; e
observar a presença de dismorfismos, alterações da genitália, assim como
alterações na pigmentação de pele e cabelos.
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4 Síndromes Neurológicas
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O termo síndrome alcoólica fetal (SAF) caracteriza a causa mais comum de retardo
mental não herdado, ou seja, não geneticamente determinado. Estima-se uma
prevalência de 0.5 a 2 / 1000 nascidos vivos, e cerca de 0.1% das mortes causadas
pelo consumo de álcool foram devido a SAF (OMS, 2012).
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Etiologia
Características Clínicas
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3. Fácies característica.
a. Fissuras palpebrais curtas (olhos abertos)
b. Lábio superior fino
c. Philtrum indefinido e nariz antevertido
d. Fácies plana
Outros defeitos congênitos podem ser observados nos portadores da SAF, como
anomalias cardíacas e esqueléticas, fenda palatina e alterações sensoriais.
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Diagnóstico
Tratamento
Assim como as diversas outras síndromes abordadas neste texto, não há tratamento
para a SAF. Suas complicações, tais como cardiopatia, epilepsia, distúrbio de
comportamento, entre outros, devem receber tratamentos específicos adequados a
cada um.
Mas é necessário destacar que SAF é uma patologia passível de prevenção, sendo
mandatário haver um plano de atenção multidisciplinar, onde os profissionais da
saúde investiguem o consumo de álcool pela mãe ou gestantes que frequentam os
serviços de atendimento primário. Geralmente as gestantes alcoolistas tendem a
omitir a informação sobre o consumo atual de bebida alcoólica, uma estratégia é
perguntar sobre o padrão de consumo de álcool antes da gravidez. Ao se identificar
uma gestante alcoolista ou com maior propensão de ingestão de bebida alcoólica
durante a gravidez, esta paciente deve receber tratamento mais intensivo, com
abordagens que a motivem e a conscientizem sobre os riscos. E, sempre que
possível, incluir os familiares nestas abordagens na tentativa de prevenir o consumo
de álcool durante a gestação.
A SAF é uma patologia que traz graves conseqüências para o recém-nascido, logo,
afeta diretamente sua família, requerendo tratamentos complexos e por vezes
dispendiosos. A prevenção é a melhor estratégia.
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5.2.1.Síndrome de Down
Etiologia
Na maioria dos indivíduos com SD, cerca de 95%, a condição resulta da trissomia do
cromossomo 21, o que significa que cada uma das células do corpo tem três cópias
do cromossomo 21, em vez das habituais duas cópias.
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Características Clínicas
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Etiologia
CET é causada por mutações, em dois genes: TSC1 e TSC2, sendo necessária a
mutação de um dos genes para causar a CET.
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A maioria dos casos de CET, cerca de 75%, são esporádicos, e ocorrem devido
mutação de novo nos genes TSC1 ou TSC2. Nesta situação, nenhum dos genitores
tem a doença ou o gene com mutação, em vez disso, um gene defeituoso ocorre
pela primeira vez no indivíduo afetado.
Existem ainda casos raros de indivíduos que herdam o CET pelo processo de
mosaicismo gonadal. Nestes casos, os genitores não apresentam mutação em
nenhum dos dois genes nas células somáticas, no entanto, a mutação ocorrem em
parte das células reprodutivas dos genitores (espermatozóides ou óvulos).
Características Clínicas
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Além das convulsões, cerca de dois terços dos indivíduos com CET, evoluem com
atraso de DNPM nos primeiros anos de vida, e com o passar da idade outros
sintomas ficam evidentes, como dificuldade de aprendizado, distúrbios de
comportamento, hiperatividade, déficit atencional, transtorno obsessivo-compulsivo e
comportamento repetitivo. Estima-se que 30% das crianças com CET preencham os
critérios para transtorno do espectro do autismo, sendo mais comum nos indivíduos
com maior comprometimento cognitivo.
Por se tratar de uma doença neurocutânea, outro órgão muito afetado é a pele. Há
uma grande variedade de anormalidades de pele pode ocorrer em indivíduos com
CET. A maioria não causa problemas graves, mas são úteis no diagnóstico. As
anomalias mais comuns da pele antes dos 3 anos são: manchas em folha de freixo
(áreas hipopigmentadas, planas, e pode estar presente em 0,2-0,3% de recém-
nascidos normais) e manchas chágrem (espessamentos, área cutânea elevada, com
consistência de casca de laranja, frequentemente vistas na região lombossacra).
Mais tardiamente desenvolvem-se fibromas sub e periungueais, teleangiectasias e
adenomas sebáceos.
Os problemas renais mais comuns nos indivíduos com CET são cistos e
angiomiolipomas, que podem ocorrer em até 80% deles, quando adolescentes ou
adultos jovens (15 a 30 anos de idade).
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Os tumores chamados facomas podem ser encontrados nos olhos de indivíduos com
CET, aparecendo como manchas brancas na retina, geralmente não causam perda
de visão ou outros problemas de visão, mas podem ajudar no diagnóstico a doença.
Outros tumores ou cistos podem ser encontrados em outras partes do corpo,
incluindo fígado, pulmão, pâncreas e ossos. Os tumores malignos são raros no CET,
sendo mais frequentemente encontrados nos rins.
Diagnóstico
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5.2.3.Neurofibromatose Tipo 1
Etiologia
Apesar da NF1 ser uma patologia com herança autossômica dominante, cerca de
50% dos portadores desta condição apresentam mutações de novo. Estudos
demonstraram até o momento mais de 1400 mutações distintas no gene NF1, a
maioria dos quais levam a uma síntese de proteína truncada, ou seja, uma a
proteína produzida não tem função adequada. Estima-se que as mutações de ponto
são responsáveis por aproximadamente 90% dos casos de NF1. Os demais 5-7%
dos casos NF1 estão associados a deleção completa ou de parte do gene NF1.
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Características Clínicas
Muitas crianças com NF1 evoluem com déficit cognitivo e são mais propensas à
epilepsia, assim como a distúrbios de linguagem, dificuldades de aprendizagem,
inclusive com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), e podem
apresentar perímetro craniano acima da média para a idade, e pode haver
hidrocefalia. Estima-se que cerca de um terço das crianças com NF1 preenchem os
critérios diagnósticos do TEA. As complicações cardiovasculares associadas com
NF1 incluem defeitos congênitos cardíacos, hipertensão arterial e vasculopatia.
Estima-se que 3 a 5% dos tumores podem tornar-se malignos, necessitando de
tratamento agressivo.
Diagnóstico
Para auxiliar o diagnóstico da NF1, foram desenvolvidos critérios clínicos pelo NIH
(National Institut of Health) americano, durante o Consensus Development
Conference, e exige a presença de, pelo menos, dois dos seguintes critérios:
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5.2.4.Síndrome do X Frágil
Etiologia
Na população geral, não portadora da SXF, o gene FMR1 apresenta em sua região
reguladora (porção 5’ não traduzida) de 6 a 55 repetições de trinucleotídeos (CGG)n.
Nos portadores da SXF, o número dessas repetições (CGG)n é superior a 200,
constituindo a mutação completa. Porém, alguns indivíduos por apresentar entre 55
e 200 repetições de trinucleotídeos (CGG)n, configurando-se a pré-mutação. Nas
pessoas com a pré-mutação, o gene pode não funcionar corretamente, mas não
causa deficiência intelectual. Os homens transmitem a pré-mutação a todas as suas
filhas.
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Características Clínicas
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Diagnóstico
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Nos casos confirmados de SFX os genitores deverão ser testados para avaliarmos
os portadores de pré-mutação.
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5.2.5.Síndrome de Prader-Willi
Etiologia
Características Clínicas
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A segunda fase ocorre entre dois e cinco de idade, quando fica evidente a constante
sensação de fome e um interesse exagerado por comida, e a criança evolui com
rápido ganho de peso, chegando à obesidade. Nesta época o atraso do DNPM fica
mais evidente.
Características Físicas
Testa estreita
Olhos amendoados
Estrabismo
Redução da pigmentação cutânea, com pele mais clara do que o padrão
familiar.
Tamanho reduzido de mãos, pés e genitais.
Boca pequena com o lábio superior fino e inclinado para baixo nos cantos da
boca.
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Diagnóstico
Tratamento
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5.2.6.Síndrome de Landau-Kleffner
Depois de um tempo variável, que pode ser de alguns meses a anos, a afasia se
estabiliza e geralmente observa-se melhora antes da idade adulta.
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5.2.7.Síndrome de Rett
Estima-se uma incidência de uma para cada 10.000 a 20.000 recém-nascidos vivos
do sexo feminino.
Etiologia
O gene MECP2 codifica a proteína com mesmo nome, MECP2, que é expressa em
todos os tecidos do organismo. No cérebro, MECP2 é expresso em neurônios e
astrócitos, sendo regulador de certos genes, ou seja, “desligando” os genes durante
fases específicas do desenvolvimento neuronal. No caso da SR, o gene MECP2
mutado codifica proteína truncada, incapaz de exercer adequadamente sua função
biológica, consequentemente os genes que deveriam ser inativados durante
determinadas fases do desenvolvimento dos neurônios permaneçam ativos,
resultando em prejuízos ao desenvolvimento do SNC.
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Já nos casos familiais, que representam cerca de 0,5% dos casos de SR, o alelo
mutado tem origem materna, que não apresenta o quadro clínico de SR, isso se
explica por: (1) pela inativação do cromossomo X materno, que tem a mutação; ou
(2) pela ocorrência de mosaicismo gonadal.
Características Clínicas
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Diagnóstico
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SR típica ou clássica
Período de regressão seguido de recuperação ou estabilização.
Todos os critérios maiores
Todos os critérios de exclusão.
Critérios de apoio não são necessários, embora muitas vezes presentes.
SR atípica ou variante
Período de regressão seguido de recuperação ou estabilização.
2 dos 4 critérios maiores.
5 dos 11 critérios de suporte.
Critérios maiores
Perda parcial ou completa de habilidades manuais voluntárias adquiridas.
Perda parcial ou completa da linguagem.
Anormalidades da marcha: dispráxica ou sem intenção.
Estereotipias manuais.
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5.2.8.Síndrome de Angelman
Em 1965 o pediatra britânico, Dr. Harry Angelman, descreveu três crianças com
quadro de distúrbio neuro-comportamental grave e algumas características físicas
distintivas que hoje reconhecemos como Síndrome de Angelman (SA). Uma das
características mais marcantes desta síndrome é o riso fácil.
A literatura sugere que a SA tenha ocorrência esporádica na maioria dos casos, com
uma prevalência estimada entre 1: 10.000 e 1: 40.000 (Peterson et al, 1995;
Thomson et al., 2006).
Etiologia
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Características Clínicas
A criança evolui com as características típicas de SA, retardo mental grave, atraso
importante ou ausência de aquisição de linguagem, gargalhadas, microcefalia,
macrostomia, hipoplasia maxilar, prognatia e problemas neurológicos como crises
epilépticas com anormalidades específicas ao eletroencefalograma, e distúrbios da
marcha, caracterizado por andar bastante desequilibrado, com a base alargada e
com os membros superiores afastados do corpo, como se tentando melhorar o
equilíbrio, acompanhado de movimentos trêmulos e imprecisos.
As crises epilépticas na grande maioria dos casos se iniciam antes dos três anos de
idade. Nas crianças com SA foram descritas crises epilépticas dos tipos: tônico-
clônicas generalizadas, ausência atípicas, mioclônicas, estado de mal epiléptico, do
tipo ausência e / ou mioclônico. A intensidade e frequência das crises geralmente
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Características Físicas
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Diagnóstico
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6 Conclusões
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Apêndice:
Normalmente, as pessoas herdam duas cópias de cada gene: uma de sua mãe e
outra do seu pai. Normalmente, as duas cópias de cada gene são ativas, ou
"ligadas", nas células. Em alguns casos, no entanto, apenas uma das duas cópias é
normalmente ligada. Alguns genes são ativados apenas quando são herdados do
pai; outros são ativos somente quando herdados da mãe. Este fenômeno é
conhecido como imprinting genômico.
Dissomia uniparental
Dissomia uniparental (UPD) ocorre quando uma pessoa recebe duas cópias de um
cromossomo do mesmo genitor. UPD pode ocorrer aleatoriamente durante a
formação de óvulos ou de espermatozóides ou pode acontecer no desenvolvimento
fetal precoce.
A maioria dos casos, UPD provavelmente não tem nenhum efeito sobre a saúde ou
o desenvolvimento, mas em outros, no entanto, faz diferença se o gene é herdado
da mãe ou o pai.
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Referências Bibliográficas
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