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FICHA TÉCNICA

Título: EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes


Organização: Emília Coutinho
Capa: Cristina Lima
Fotocomposição Gráfica: Cristina Lima, Ruben Carvalho
Editor:
Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico de Viseu
Rua D. João Crisóstomo Gomes Almeida, nº 102
3500-843 Viseu

Coordenação Editorial:
Carla Cruz
Emília Coutinho
Madalena Cunha
Nuno Gil
Odete Amaral
Paula Nelas
Sofia Campos
Carlos Pereira – investigador responsável pelo projeto

ISBN: 978-989-99603-4-3
Ano de edição: 2018

Referência:
Coutinho E, organizadora. EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes.
Viseu: ESSV; 2018. 69 p.
Agradecimento

À Dr.ª Fátima Jorge um


agradecimento muito
especial pelo rigor na
correção das referências
bibliográficas contidas
neste manual.
Sumário
Introdução 7
Capacitação para a comunicação não-violenta 11
Promoção da autoestima e otimismo 17
Recomendações para uma alimentação saudável 23
Educação para a higiene do sono 31
Promover o brincar e a atividade física 37
Vivência saudável da sexualidade 45
Abuso de substâncias 53
Prevenção de comportamentos suicidários 59
Pontos a reter 65
Introdução
Madalena Cunha, Carla Cruz, Odete Amaral, Paula Nelas, Sofia Campos, Nuno Gil, Emília Coutinho

A edição do manual EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes,


constitui um indicador central do Projeto Monitorização e Avaliação dos Indicadores de
Saúde Mental das crianças e adolescentes: da investigação à prática MaiSaudeMental com
a Referência CENTRO-01-0145-FEDER-023293, financiado no âmbito do Programa Portugal
2020, a decorrer na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Viseu. Neste âmbito
a publicação do EducaMente visa aportar evidências orientadoras da prática profissional dos
Agentes intervenientes na ação educativa nas vertentes escolar, saúde e da segurança. Fazer
convergir num único livro contributos científicos atuais para estes três públicos-alvo é hoje
um grande desafio.
As temáticas centrais são abordadas numa visão preventiva de caráter prático, com foco nas
premissas da neuro educação promotoras do desenvolvimento psicossocial saudável das
crianças e adolescentes.
É um tema muito atraente e atual para todos aqueles que ensinam, com relevância para os
professores, mas também muito interessante para os enfermeiros e restantes intervenientes
na comunidade educativa como é caso dos psicólogos, agentes de segurança da equipa
escola segura e assistentes operacionais educativos.
A estruturação do livro integra a apresentação de evidências em três áreas de interesse
diverso, mas convergente e está ancorado nos resultados da investigação científica
desenvolvida com foco nas crianças e adolescentes, nos professores, enfermeiros e agentes
da segurança da equipa escola segura.

Os assuntos abordados são:


Capacitação para a comunicação não violenta
Promoção da autoestima e otimismo
Recomendações para uma alimentação saudável
Educação para a higiene do sono
Promover o brincar e a atividade física
Vivência saudável da sexualidade
Abuso de Substâncias
Prevenção de comportamentos suicidários
Pontos a reter

Cunha M, Cruz C, Amaral O, Nelas P, Campos S, Gil N, et al. Introdução. In: Coutinho E, organizadora.
EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018.
Na área da educação em geral, a “Capacitação para a comunicação não-violenta” faz a
ligação entre os conceitos teóricos e as estratégias de aplicação prática que podem ser
implementadas na gestão do processo comunicacional no quotidiano do ensino. No texto,
a comunicação é analisada, tendo por base os postulados da teoria da comunicação não-
violenta de Marshall B. Rosenberg de 2006.

A “Promoção da autoestima e otimismo” ensaia documentar os benefícios da vivência destes


constructos para uma saúde mental positiva e melhor qualidade de vida das crianças e
adolescentes.

As “Recomendações para uma alimentação saudável” destacam como regras padrão de um


estilo alimentar sadio o número de refeições, a toma do pequeno-almoço e a diversidade
alimentar.

A “Educação para a higiene do sono” evidencia a importância do sono no bem-estar das


crianças e adolescentes, destacando que bons hábitos de sono na infância são preditores da
saúde física, mental e cognitiva e constituem um determinante significativo de um sono de
qualidade na idade adulta.

“Promover o brincar e a atividade física” retrata os benefícios adicionais do brincar e da


atividade física para a saúde e o bem-estar.

A “Vivência saudável da sexualidade” advoga que a sexualidade é uma energia que nos
motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade que influencia a saúde física e
mental. Destaca ainda que a tomada de decisão responsável (informada e consciente) no
domínio da saúde sexual e reprodutiva beneficia com programas de educação adequados à
idade das crianças e adolescentes.

Vigiar práticas de “Abuso de substâncias” é responsabilidade de toda a comunidade


educativa (pais, educadores, profissionais da saúde e da segurança) e da sociedade em
geral, evidenciando-se sinais de alerta para os quais os agentes educativos/pais devem estar
atentos.

A “Prevenção de comportamentos suicidários” impõe clarificar /diferenciar /identificar


sintomas major, dando a conhecer os fatores de risco/precipitantes do ato suicida e medidas
mandatórias a implementar quando se reconhece um plano de suicídio ativo.
Por último, destacam-se “Pontos a reter”, como linhas
orientadoras para promover a comunicação não violenta, a
autoestima, o otimismo, a alimentação saudável, a higiene
do sono, o brincar e a atividade física e a vivência saudável
da sexualidade enquanto preditores explicativos da saúde
mental e qualidade de vida das crianças e adolescentes.

São ainda apresentados sinais de alerta para a identificação


de abuso de substâncias e medidas promotoras da prevenção
de comportamentos suicidários.
A complexidade das problemáticas expostas no Manual
EducaMente reafirma a importância e a mais-valia da
multidisciplinariedade do trabalho dos agentes educativos
em favor de uma Escola mais inclusiva promotora de saúde
mental e qualidade de vida das crianças e adolescentes.
Capacitação para a comunicação não-violenta
Sofia Campos

Sofia Campos
Emília Coutinho
Nuno Gil
Carla Cruz
Madalena Cunha
Odete Amaral
Paula Nelas

Campos S, Coutinho E, Gil N, Cruz C, Cunha M, Amaral O, et al. Capacitação para a comunicação não-violenta. In: Coutinho E,
organizadora. EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018. p. 11-15.
12
O que é a Capacitação para a
Comunicação comunicação não-
Não-Violenta? (1) violenta
EducaMente: Bem-
• É um processo de comunicação baseado na Empatia e no Respeito estar e qualidade
por mim e pelos outros. de vida em crianças
• Favorece a Compreensão e a Aceitação das mensagens de uma e adolescentes
forma benevolente e tolerante entre os indivíduos.
• Resulta da combinação da Linguagem Verbal, Corporal, de uma
forma de Pensar e de Competências de Comunicação. Cada um
de nós deve observar os factos Sem Julgar, ser capaz de distinguir
os seus sentimentos das suas interpretações e expressar as suas
necessidades mais profundas com o objetivo de formular um
pedido concreto e realizável que vá ao encontro de si e do outro.

O QUE TEMOS
• Modelos autoritários
UTILIZAMOS
• Modelos hierárquicos
• Modelos culturais • Estratégias
sancionatórios e punitivo NA violentas que
ESCOLA são aprendidas,
E NA ensinadas e
apoiadas pela
FAMÍLIA
cultura

As crianças e jovens
aprendem ao
"VER FAZER"

Aprendemos por imitação.


As palavras, os gestos, os comportamentos, as atitudes são
aprendidas pelos nossos filhos, pelos nossos alunos, na família,
na escola, nos ambientes em que vivem e a probabilidade de
os repetirem ao longo da vida é muito grande.
SER SER SER
AMADO ELOGIADO LIVRE

OS 5 DESEJOS BÁSICOS DE TODOS


OS SERES HUMANOS (1) SER SER
RECONHECIDO ÚTIL

QUANDO NÃO CONSEGUIMOS


TORNAMO-NOS VIOLENTOS

É este MODELO COMUNICACIONAL que queremos continuar a


perpetuar com as nossas crianças e os nossos jovens?
“Queres levar, é?”;
“Vai para o teu quarto já!”;
“Vai para a rua! Sai da sala!”;
“Vou chamar o Diretor!”;
“Dá-me a tua caderneta! O teu pai vai ser informado disto!”, etc.
13

O MODELO DA COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA É BASEADO (2)


NA CONSCIÊNCIA QUE EU TENHO:
• DO QUE OBSERVO (não do que eu julgo; ou no juízo de valor que faço)
• NAQUILO QUE EU SINTO E QUE O OUTRO SENTE
• NA NECESSIDADE QUE EU E O OUTRO TEMOS
• NAQUILO QUE EU E O OUTRO PRECISAMOS

PERGUNTAS DE NÃO-VIOLÊNCIA:
• O que é que o outro está a sentir?
• O que é que o outro precisa?
• Como é que eu me estou a sentir em relação ao outro e que
necessidade está por trás desse sentimento?
• Que comportamento eu pediria a essa pessoa, acreditando
que isso a faria viver mais feliz e a mim também?
14
O QUE QUEREMOS PROMOVER COM A COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA (1): Capacitação para a
• Crescimento pessoal; comunicação não-
violenta
• Responsabilização, pelo que sou; pelo que sinto; EducaMente: Bem-
• Autenticidade; estar e qualidade
• Competências de escuta; de vida em crianças
• Empatia; e adolescentes
• Satisfação das necessidades, minhas e do outro;
• Autonomia;
• Partilha;
• Cooperação;
• Promoção da paz.

ESTRATÉGIAS A ADOTAR (3):


• Formular o pedido sem exigência emocional;
• Pedir ao outro para repetir para ver se entendeu o que dissemos;
• Expressar empatia quando escuta o outro mesmo que não vá ao encontro do que
pretendemos;
• Estar atento às necessidades do outro (e não às suas);
• Comunicar estando motivado pelo desejo de construir uma relação positiva e não
por medo, culpa, vergonha ou obrigação;
• Utilizar linguagem clara e precisa na forma positiva;
• Formular ações concretas.

(3)

COMUNICAÇÃO
NÃO-VIOLENTA relações
relações de cooperação
competição autênticas
poder
reforço das
expressão de relações
conflitos frustração necessidades interpessoais

“A violência é a expressão trágica de necessidades não satisfeitas. É a manifestação da


impotência e/ou o desespero de alguém que se encontra tão desprotegido que pensa que
as suas palavras não bastam para se fazer compreender. Então ataca, grita, agride….” (2)
Tradução livre, Rosenberg (cit in Stappen e Augagneur, p.9)
QUATRO PASSOS PARA UMA COMUNICAÇÃO EMPÁTICA E NÃO-VIOLENTA (4)
• Observar sem julgar, se afirmo “Chegaste tarde, o filme já começou há 20 minutos!”
não estou a julgar, estou a fazer uma afirmação, mas se disser “Outra vez a chegares
tarde…!!!” estou a fazer um julgamento e “de alguma forma, por exemplo pelo tom de
voz, a punir”.
• Verbalizar os meus sentimentos sem interpretar, posso afirmar que estou preocupada,
contente, dececionada, triste… mas se disser, o “Meu filho não quer saber de mim” estou
a interpretar um comportamento do meu filho e não a assumir a responsabilidade dos
meus sentimentos.
• Perceber qual a necessidade (que tenho) em vez de utilizar “estratégias”, a necessidade de
pertença, de liberdade, de segurança, de autonomia… Se afirmo “Preciso de descansar”
estou a expressar uma necessidade, mas se disser “Amanhã gostaria de faltar ao trabalho
e de ir passear” estou a referir-me a uma estratégia…
• Pedir em vez de exigir, posso dizer “Não te importas de lavar a loiça?” em vez de “Vai já
lavar a loiça, é todos os dias a mesma coisa…”

NOTA: Podemos usar estes 4 passos para comunicarmos uns com os outros de forma a empatizar
com as suas observações, os seus sentimentos, as suas necessidades e os seus pedidos. Assim, a
comunicação torna-se um “jogo” entre o que eu observo, sinto, necessito e peço e o que o outro
observa, sente, necessita e pede.

PREMISSAS COMUNICACIONAIS A CONSIDERAR NA INTERAÇÃO COM O OUTRO


15
• Expressar o que observamos sem incluir avaliações/julgamentos.
• Exprimir/exteriorizar os nossos sentimentos sem interpretar o comportamento do outro.
• Esclarecer as nossas necessidades sem confundir com a maneira de as satisfazer.
• Realizar pedidos concretos/claros e não exigências nem “desejos e/ou chantagens
emocionais”.

Bibliografia
1 Rosenberg M. Comunicação não-violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e
profissionais. São Paulo: Editora Ágora; 2006.
2 Stappen A, Augagneur J. Cuaderno de ejercicios de comunicación no violenta. Madrid:
Terapiasverdes; 2010.
3 Bronckart V. Domina la comunicación no violenta: Los trucos para emplear la CNV en el âmbito
laboral [Internet]. Brussels: Plurilingua Publishing; 2018. [citado 2018 nov 30]. Disponível em:
https://www.50minutos.es/libro/domina-lacomunicacion-noviolenta/
4 Rust S. Cuando la jirafa baila com el lobo: Cuatro pasos hacia una comunicación empática y no
violenta. Barcelona: Ediciones Obelisco; 2015.
Promoção da autoestima e otimismo
Nuno Gil

Nuno Gil
Sofia Campos
Emília Coutinho
Paula Nelas
Odete Amaral
Madalena Cunha
Carla Cruz

Gil N, Campos S, Coutinho E, Nelas P, Amaral O, Cunha M, et al. Promoção da autoestima e otimismo. In: Coutinho E,
organizadora. EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018. p. 17-21.
18

Promoção da
autoestima e
otimismo
EducaMente: Bem-
estar e qualidade
de vida em crianças
e adolescentes
Definição de Otimismo (1)
• Tendência ou disposição para atender sobretudo ao lado melhor das coisas;
• Atitude de confiança na vida.

= =
Atitude de
Expetativas de Confiança em
confiança na
auto-eficácia si próprio
vida

Definição de Auto-Estima (2)


É a avaliação positiva que a pessoa faz de si (confiança em si próprio) fundada na consciência do
próprio valor (expetativas de auto-eficácia) e da sua importância enquanto ser humano.

Como promover o otimismo em 6 passos simples


• Adesão à Verdade
19
• Responsabilidade (=> Poder)
• Reenquadramento do(s) problema(s)
• Atitude pró-ativa
• Adiamento da Recompensa/Tolerância à frustração
• Auto-avaliação (perceção de eficácia e reapreciação positiva)

O otimismo
é a expressão
visível de uma
autoestima
saudável
20
1. Adesão à Verdade Promoção da
Ter a humildade de reconhecer a vida como difícil e um caminho pleno de problemas a autoestima e
serem resolvidos otimismo
EducaMente: Bem-
2. Responsabilidade (=> Poder) estar e qualidade
Assumir a responsabilidade pelo controlo da sua vida, exercendo o poder pela resolução de vida em crianças
dos próprios problemas e adolescentes

3. Reenquadramento do(s) problema(s)


Reconhecer que há sempre diferentes formas de olhar e abordar qualquer problema

4. Atitude pró-ativa
Saber escolher a resposta adequada, sem esperar soluções fáceis ou imediatas

5. Adiamento da Recompensa/Tolerância à frustração


Superar o facilitismo imediato, aprendendo a tolerar a frustração

6. Auto-avaliação (perceção de eficácia e reapreciação positiva)


Auto-avaliar-se frequentemente corrigindo erros e modificando abordagens, reapreciando
positivamente o próprio esforço mesmo quando não bem sucedido

identificação
problema

análise

solução
Reapreciação
Reenquadramento
implementação

análise
resultados

Solução eficaz Solução não


Problema eficaz
resolvido Problema
Reforço mantido
positivo da
autoestima

perceção de reapreciação
autoeficácia positiva
O desenvolvimento do otimismo enquanto expressão visível de uma auto-estima saudável tem um
corolário: A Resiliência (3)

Capacidade de voltar rapidamente para o seu habitual estado de


saúde ou de espiríto, depois de passar por doenças ou dificuldades

Resiliência
≠ Invulnerabilidade

Resiliência é ser capaz de :


• Tolerar a frustração
• Abdicar do ódio inconsequente ou da servidão
• Fazer uso dos recursos disponíveis
• Elaborar a perda
• Reapreciar positivamente o passado
• Sorrir novamente tendo a CORAGEM DE VOLTAR
21

Bibliografia
1 Barbosa H. Moderno dicionário da língua portuguesa, Tomo I. Lisboa: Círculo de Leitores; 1985.
2 Duclos G. A auto-estima: Um passaporte para a vida. Lisboa: Climepsi Editores; 2006.
3 Oliveira A. Resiliência para principiantes. Lisboa: Edições Sílabo; 2010.
Recomendações para uma alimentação saudável
Emília Coutinho

Emília Coutinho
Sofia Campos
Paula Nelas
Nuno Gil
Carla Cruz
Odete Amaral
Madalena Cunha

Coutinho E, Campos S, Nelas P, Gil N, Cruz C, Amaral O, et al. Recomendações para uma alimentação saudável. In: Coutinho E,
organizadora. EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018. p. 23-29.
24

Recomendações
para uma
alimentação
saudável
EducaMente: Bem-
estar e qualidade
de vida em crianças
e adolescentes
Definição de alimentação saudável (1-2)
• Alimentos saudáveis são alimentos naturais sem ingredientes artificiais que as pessoas
consomem por os considerarem bons para a sua saúde
• Uma alimentação saudável significa comer uma variedade de alimentos com os nutrientes
essenciais para manter a saúde, atendendo à qualidade e quantidade

Termos chave (3)


Dieta
É aquilo que nós comemos e muitas vezes depende dos nossos hábitos culturais
25
Dieta balanceada
É fazer uma alimentação variada, nas proporções corretas e em quantidade adequada de alimentos
e bebidas para alcançar e manter um peso corporal saudável
Nutrição
Refere-se a 4 elementos:
• Qualidade dos alimentos (ex. frescos ou processados)
• Tipo de alimentos (ex. ricos em vitaminas e minerais, calorias que contêm)
• Produção dos alimentos (ex. com pesticidas, biológicos)
• Como ingerimos os alimentos (quantidade, tempo, motivação para comer diferentes tipos de
alimentos)

A satisfação com a alimentação desempenha um grande papel na saúde mental e


emocional (4)
As pessoas reagem de forma diferente aos mesmos alimentos. É essencial compreender como os
alimentos se refletem numa vida melhor seja pela saúde física, mental ou emocional, e como os
alimentos saudáveis podem ser promotores de prazer e satisfação.

A noção de nutrição individualizada está cada vez mais atual (4)


Em função das características de cada pessoa um alimento poderá ser ou não ser saudável. Pode
haver alguém com alergias, como por exemplo à noz ou ao amendoim. Apesar de serem alimentos
reconhecidos de excelente valor nutricional.
26
Recomendações dietéticas Recomendações
para uma
Crianças pequenas (5) alimentação
• O leite materno é determinante da saúde mental (deve ser exclusivo até aos 6 meses e saudável
mantido até, pelo menos, aos 2 anos de idade) EducaMente: Bem-
estar e qualidade
de vida em crianças
e adolescentes
Crianças e adolescentes (3, 6-7)

• Dieta saudável e equilibrada o mais variada possível não estando mais de 3 horas e meia
sem comer
• Tomar sempre o pequeno almoço
• Comer pelo menos 5 porções de uma variedade de hortaliças, frutas e legumes todos os
dias. Comer as frutas antes da refeição
• Nas refeições compostas com batata, pão, arroz, massa deve escolher-se as versões
integrais sempre que possível
• Nos laticínios ou alternativas de laticínios (como bebidas à base de soja); escolher opções
com menor teor de gordura e de açúcar
• Comer feijão, leguminosas, peixe, ovos, carne e outras proteínas (incluindo 2 porções de
peixe todas as semanas, uma das quais deve ser por exemplo a sardinha e/ou o salmão)
• Escolher gorduras como o azeite e comer apenas em pequenas quantidades
• Beber 6-8 chávenas de líquidos por dia, preferencialmente água, em alternativa chás,
sumos naturais….

A associação entre dieta e a saúde física (8)

O que
comemos Doença
coronária

Saúde
física
Diabetes

Adaptado de Mental Health


Foundation. Feeding minds:
Obesidade
The impact of food on mental
health. London: Sustain; 2006.
A relação entre a Nutrição e a Mente (9)
A comida que ingerimos está associada ao nosso humor, comportamento e aprendizagem. Existem
pelo menos 10 estruturas comuns inter-relacionadas que explicam as interações entre a comida e
as funções da mente.

mudanças mudanças na insegurança


sociais dieta típica alimentar

27
função da
membrana e
efeitos neuro- genética
transmissores

efeitos nutrição in
antioxidantes útero

energia e depleção de nutrição pobre


glicose cortisol a longo prazo

Adaptado de Cairns J, Davison K, Grant-Moore J, Jacques M, Mailhot-Hall L, Ng E, Seeley C. Sengmueller E. The role of
nutrition in mental health promotion and prevention [Internet]. Toronto: Dietitians of Canada; 2012
28
A associação entre dieta e a saúde (8) Recomendações
para uma
alimentação
saudável
EducaMente: Bem-
estar e qualidade
O que de vida em crianças
comemos e adolescentes
Depressão

Saúde
mental
Alzheimer
Desordem
por Défice
Adaptado de Mental Health
de Atenção e Foundation. Feeding minds:
Hiperatividade The impact of food on mental
health. London: Sustain; 2006.

Mais literacia em saúde, melhor prática nutricional, melhor saúde mental (10-15)
• A evidência demonstra que o que comemos é tão importante para a nossa saúde mental
(10-15)
quanto para a saúde do coração, hormonal, do estômago, ou qualquer outro órgão.
(13)

• O aumento da literacia em saúde melhora a prática nutricional, a qual reduz o risco de


problemas mentais mais comuns tais como a depressão. (10-12, 14)
Bibliografia
1 CollinsDictionary.com. Definition of 'health food'. 2019 [citado 2018 out 18]. Disponível em:
https://www.collinsdictionary.com/dictionary/english/health-food
2 Breastcancer.org. What does healthy eating mean? [Internet]. 2018 [citado 2018 out 18].
Disponível em: https://www.breastcancer.org/tips/nutrition/healthy_eat
3 Mental Health Foundation. Food for thought: Mental health and nutrition briefing. London:
Mental Health Foundation; 2017.
4 Janeiro L. The real definition of ‘healthy eating’ [Internet]. 2017 Sep 24 [citado 2018 out 18].
Disponível em: https://wellseek.co/2017/09/24/real-definition-healthy-eating/
5 World Health Organization. Health topics breastfeeding [Internet]. Geneva: WHO; 2018. [citado
2018 jan 5]. Disponível em: http://www.who.int/topics/breastfeeding/en/
6 Portugal. Ministério da Saúde. Direção Geral da Saúde. Educação para a saúde» Áreas de
intervenção» Alimentação: Recomendações para uma alimentação diária mais saudável
[Internet]. Lisboa: DGS; 2018. [citado 2018 out 15]. Disponível em: https://www.dgs.pt/
promocao-da-saude/educacao-para-a-saude/areas-de-intervencao/alimentacao.aspx
7 Portugal. Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saúde. Alimentação saudável: Desafios e
estratégias [Internet]. Lisboa: DGS; 2018. [citado 2018 out 18]. Disponível em: https://www.dgs.
pt/documentos-epublicacoes/alimentacao-saudavel-desafios-e-estrategias-2018.aspx 29
8 Mental Health Foundation. Feeding minds: The impact of food on mental health. London:
Sustain; 2006.
9 Cairns J, Davison K, Grant-Moore J, Jacques M, Mailhot-Hall L, Ng E, Seeley C. Sengmueller
E. The role of nutrition in mental health promotion and prevention [Internet]. Toronto:
Dietitians of Canada; 2012 [citado 2018 out 18]. Disponível em: https://www.researchgate.
net/publication/256330933_The_Role_of_Nutrition_in_Mental_Health_Promotion_and_
Prevention_1
10 Li Y, Lv MR, Wei YJ, Sun L, Zhang JX, Zhang HG, Li B. Dietary patterns and depression risk: A
meta-analysis. Psychiatry Res. 2017 Jul; 253:373-82. doi: 10.1016/j.psychres.2017.04.020.
11 Molendijk M, Molero P, Ortuno Sanchez-Pedreno F, Van der Does W, Angel Martinez-Gonzalez
M. Diet quality and depression risk: A systematic review and dose-response meta-analysis of
prospective studies. J Affect Disord. 2018 Jan 15;226:346-54. doi: 10.1016/j.jad.2017.09.022.
12 Liu X, Yan Y, Li F, Zhang D. Fruit and vegetable consumption and the risk of depression: A meta-
analysis. Nutrition 2016;32(3):296-302. doi: 10.1016/j.nut.2015.09.009.
13 Raju MSVK. Medical nutrition in mental health and disorders. Indian J Psychiatry 2017 Apr-
Jun;59(2):143-8. doi: 10.4103/psychiatry.IndianJPsychiatry_193_17.
14 Jacka FN. Nutritional psychiatry: Where to next? EBioMedicine. 2017 Mar;17:24-9. doi:
10.1016/j.ebiom.2017.02.020.
15 Saeedy Golluche F, Jalili Z, Tavakoli R, Ghanbari S. The Study of relationship between health
literacy and nutritional practice in high school adolescents in Tehran. Iranian Journal of Health
Education and Health Promotion 2017;5(3):224-30. doi: 10.30699/acadpub.ijhehp.5.3.224.
Educação para a higiene do sono
Odete Amaral

Odete Amaral
Paula Nelas
Sofia Campos
Emília Coutinho
Madalena Cunha
Carla Cruz
Nuno Gil

Amaral O, Nelas P, Campos S, Coutinho E, Cunha M, Cruz C, et al. Educação para a higiene do sono. In: Coutinho E, organizadora.
EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018. p. 31-35.
32

O que é? Educação para a


higiene do sono
EducaMente: Bem-
estar e qualidade
de vida em crianças
• A Higiene do Sono é o conjunto de hábitos e rituais que
e adolescentes
facilitam a promoção de um padrão de sono saudável. (1)
• Um sono saudável engloba uma duração adequada, boa
qualidade e regularidade dos hábitos de sono. (1)

=
Mais saúde
Bons hábitos
Física, Mental
de sono
e Cognitiva

Bons hábitos de sono na infância a


base para um sono de qualidade na
idade adulta.

Higiene do sono da criança e do adolescente


• O padrão de um sono adequado deve ser ensinado, desde bebé, e mantido ao longo do
ciclo vital.
• As famílias são responsáveis por promover o sono noturno/diurno da criança em
quantidade e qualidade.
• As creches e estabelecimentos pré-escolares, para as crianças que os frequentam, têm a
responsabilidade de garantir o sono diurno - a sesta. (1)
• “Deitar tarde, deitar a horas irregulares, cortar no sono, pensar que cortando no sono
se tem maior sucesso, pensar que podemos brincar com o sono quando nos apetece,
que podemos dormir menos e ensinar as crianças a dormir menos, constitui tudo um
comportamento muito arriscado com consequências nefastas para a saúde do indivíduo,
família e sociedade” (2).
• "Ladrões do sono” para as crianças e adolescentes: “trabalhos da escola a mais,
atividades extracurriculares a mais, os pais chegarem cedo e saírem tarde do trabalho,
os multimédia” (2) .
10 Conselhos de higiene do Sono para crianças e adolescentes (3-4)
01 Ter um horário de sono regular – o horário de deitar e levantar deve ser o mesmo todos os dias.
02 Estabelecer rotinas na hora de deitar - antes de deitar deve haver uma sequência habitual de
atitudes para a preparação para o sono

03 Criar um ambiente no quarto adequado para o sono: silencioso, escuro e com temperatura
adequada.

04 O quarto não deve ser utilizado para ver televisão ou trabalhar ao computador, ou para comer.
05 Desligar os equipamentos eletrónicos pelo menos 1 hora antes de dormir e deixá-los fora do
quarto - Não levar telemóvel, tablet, entre outros equipamentos eletrónicos para a cama nem ficar
com o telemóvel na mesa-de-cabeceira.

06 Praticar atividade física durante o dia, mas evitar atividades vigorosas nas 2 horas que
antecedem a hora de deitar.

07 Fazer refeições ligeiras à noite.


08 Não deve ir para a cama com fome.
09 Não ingerir líquidos em quantidade excessiva ao deitar ou durante as horas noturnas.
10 Evitar alimentos ou bebidas estimulantes nas várias horas que antecedem o sono – chocolate,
café, chá preto, chá verde, bebidas energéticas, coca-cola e outros refrigerantes.

33
Especificidades para Crianças (3-4)
01 É muito importante para a criança o tempo de convívio com os pais no final do dia e a existência
de rituais na hora de deitar.

02 Deitar a criança ainda acordada permitindo o uso de objetos, tais como uma fralda, chucha ou
boneco

03 Estimular a criança a adormecer e dormir toda a noite sozinha (não dormir na cama dos pais e
não ser adormecida pelos pais)

04 A sesta deverá ser facilitada e promovida em crianças até aos 5/6 anos de idade e adaptadas
a cada idade.

05 Se houver necessidade, os contactos com a criança durante a noite devem ser breves e
monótonos, mantendo a criança na sua cama.

Especificidades para Adolescentes (3-4)


01 O horário de sono do adolescente pode ser mais variável, influenciado pelos horários escolares
ou atividades durante as férias ou ao fim de semana. Contudo, o número total de horas de sono /
noite deve ser mantido.

02 Todo o material eletrónico deve ser mantido fora do quarto.


03 Os adolescentes não devem, idealmente, consumir álcool e tabaco pela desorganização
provocada no sono.
34
Qual o número de horas de sono recomendado por idade? (5) Educação para a
higiene do sono
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

EducaMente: Bem-
estar e qualidade
de vida em crianças
e adolescentes

18-19

16-18

14-17 15-16

14
HORAS DE SONO

12-15
11-14
11-13 12
10-13
11
10-11 10-11
9-11 10
9-10
8-10 9
9

8-9
7-9 7-9
8

7-8 7-8
7
7

6 6
6

5-6
5
4
3
2
1
0

0 a 3 meses

4 a 11 meses

CRIANÇA
NASCIDO

PRÉ-ESCOLA
RECÉM-

BEBÉ

1 a 2 anos

3 a 5 anos

IDADE ESCOLAR
6 a 13 anos

ADOLESCENTE
14 a 17 anos

JOVEM ADULTO
18 a 25 anos

ADULTO
26 a 64 anos

IDOSO
+ 65 anos

Recomendado Apropriado Não recomendado

Fonte: Adaptado de National Sleep Foundation. National Sleep Foundation recommends new sleep times [Internet].
Washington D.C.: NSF; 2018 [citado 2018 out 2]. Disponível em: https://www.sleepfoundation.org/press-release/
nationalsleep-foundation-recommends-new-sleep-times
Na vida, dormir bem deve ser uma prioridade e um estilo de vida saudável.
DURMA BEM SEMPRE para uma vida física, cognitiva, emocional e MENTAL
MAIS SAUDÁVEL.

Dormir bem é possível!

35

Bibliografia
1 Associação Portuguesa do Sono. [Internet]. Lisboa: APS; 2018 [citado 2018 out 2]. Disponível
em: https://www.apsono.com/index.php/pt/
2 Paiva T. É terrível as crianças fazerem exercício à noite [Internet]. 2018 [citado 2018 out 2].
Disponível em: http://www.isleep.pt/e-terrivel-as-criancas-fazerem-exercicio-a-noite/
3 Associação Portuguesa do Sono. [Internet]. Lisboa: APS; 2018 [citado 2018 out 2]. Disponível
em: https://www.apsono.com/index.php/pt/
4 Sociedade Portuguesa de Pediatria. Recomendações SPS-SPP: Prática da sesta da
criança nas creches e infantários, públicos ou privados [Internet]. Lisboa: SPP; 2017
[citado 2018 out 2]. Disponível em: http://criancaefamilia.spp.pt/promocao-de-saude/
recomenda%C3%A7%C3%B5es-sps-spp-para-a-pr%C3%A1tica-dasesta-da-crian%C3%A7a-na-
creche-ou-no-infant%C3%A1rio,-p%C3%BAblico-ou-privado.aspx
5 National Sleep Foundation. National Sleep Foundation recommends new sleep times [Internet].
Washington D.C.: NSF; 2018 [citado 2018 out 2]. Disponível em: https://www.sleepfoundation.
org/press-release/nationalsleep-foundation-recommends-new-sleep-times
Promover o brincar e a atividade física
Carla Cruz

Carla Cruz
Emília Coutinho
Paula Nelas
Odete Amaral
Nuno Gil
Madalena Cunha
Sofia Campos

Cruz C, Coutinho E, Nelas P, Amaral O, Gil N, Cunha M, et al. Promover o brincar e a atividade física. In: Coutinho E, organizadora.
EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018. p. 37-43.
38

Promover o brincar
e a atividade física
EducaMente: Bem-
estar e qualidade
de vida em crianças
e adolescentes

Brincar
A Declaração Universal dos Direitos da Criança, proclamada pela Resolução da Assembleia
Geral 1386 (XIV), aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de Novembro
1959 e fortalecida pela Convenção dos Direitos da Criança (1) de 1989, considera Brincar
um direito garantido por lei e enfatiza: “Toda criança tem o direito a brincar e a divertir-se,
cabendo à sociedade e às autoridades públicas garantirem à criança o exercício pleno desse
direito.”

Brincar é uma ação que permeia toda a história da humanidade. Aristóteles a


este respeito incluiu ao falar da evolução do homem, o homo ludens, aquele
que brinca e cria para além do homo sapiens, aquele que conhece e aprende
e o homo faber, aquele que faz.

Brincar é uma das tarefas com maior responsabilidade no desenvolvimento


cognitivo, emocional, social e motor da Infância. (2)

Direito a educação gratuita e ao lazer infantil enfatiza a importância do


brincar, referindo que a criança deve desfrutar plenamente de jogos e
brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade
e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste
direito (Princípio VII 7). (1)

Brincar é uma forma de entendimento do mundo (social) e uma forma de comunicação. (3)
É uma ação que nos faz crescer.
É a brincar que a criança expressa e compreende conceitos relativos ao seu meio envolvente.
A partir dos seis anos, a criança fica mais competitiva.
Os jogos são importantes para ensinar: a convivência em grupo, a competir e a cooperar. (4)
Papel do educador (4)
O brincar e o lúdico devem ser mantidos ao longo da
vida das pessoas.
Os jogos cooperativos desenvolvem as habilidades
de trabalhar e criar em conjunto.
O lúdico deve ser inserido em todos os níveis de
ensino e nas empresas – os departamentos de
recursos humanos utilizam jogos em temáticas
como a qualidade e a produtividade.
Proporcionar momentos lúdicos que façam
com que a criança experiencie e viva
momentos que lhe permitam conhecer-se a
si própria e ao mundo que a rodeia. 39

O educador face às brincadeiras das crianças precisa ser impulsionador, interventivo, desafiante
e por vezes mediador, tendo sempre como objetivo proporcionar momentos de aprendizagem .

É fácil viabilizar esse direito (4)


• Permita que a criança explore objetos ou brinquedos;
• Deixe a criança livre para criar e com afetividade e respeito interaja de maneira a tornar o
ambiente confortável e feliz.
• Em casa a criança solicita aos pais ou familiares que entrem na brincadeira com ela, o que é
muito salutar, pois reforça os laços afetivos.
• Na escola, os momentos em que se proporcionam brincadeiras livres, são promotores do
desenvolvimento de capacidades sociais, afetivas, emocionais, linguagem oral, gestual
e de organização entre outras, sendo importante que o educador observe e registe os
comportamentos.
• A criança sente-se importante, valorizada e desafiada quando os adultos brincam com ela.
Os adultos, podem orientar a criança a fazer descobertas e a viver experiências que tornam o
brincar mais rico.
• Brincar é um momento de autoexpressão e autorealização.
• Brincar é algo único, rico e cheio de significado.
40
Como promover? (5) Promover o brincar
É importante o educador brincar com a criança, principalmente se for convidado. e a atividade física
EducaMente: Bem-
Ao brincar com a criança, cabe ao educador: estar e qualidade
de vida em crianças
Respeitar o ritmo e regras da brincadeira; Demonstrar sensibilidade; Orientar; Mediar;
e adolescentes
Propor desafios, e estimular a curiosidade, a criatividade e o raciocínio lógico da criança.
Criar atividades que promovam a Interação da criança com objetos e com outras crianças.
Atuar de forma lúdica, uma vez que o brincar é um meio para o processo da aprendizagem,
sendo importante ter a habilidade de observar a criança a brincar, agindo de forma positiva.

Atividade física
A atividade física é definida como qualquer movimento
corporal produzido pelos músculos esqueléticos que
requer gasto de energia.
Para crianças e jovens a atividade física inclui,
brincadeiras, praticar desporto, jogos, tarefas de
recreação, educação física ou exercícios planeados no
contexto familiar, escolar ou comunitário. 
A inatividade física (falta de atividade física) foi
identificada como o quarto principal fator de risco de
mortalidade global (6% das mortes no mundo). Em
todo o mundo, quatro em cada cinco adolescentes
(11 a 17 anos) não praticam atividade física regular.
Estima-se que a inatividade física seja a principal causa
de cancro da mama e do cólon (aproximadamente
21% a 25%), diabetes (27%) e doença cardíaca
isquémica (aproximadamente 30%). (6)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) (7) lançou em 4/6/2018 o plano de ação global para
a atividade física, sob o lema “Mais pessoas ativas para um Mundo mais saudável”, com o
objetivo de reduzir a inatividade física em 15% até 2030.
Uma das estratégias “Criar pessoas ativas” pretende:
• Reforçar a educação física e a promoção da Atividade Física na escola
Outra das estratégias “Criar ambientes ativos” entre eles:
• Melhorar o acesso aos espaços públicos ao ar livre
Existem muitos benefícios com a prática da Atividade Física também em saúde pois, (…)
contribui para a melhoria da saúde mental e melhoria da qualidade de vida e bem-estar. (7)
A Atividade Física deve ser reconhecida como elemento de grande importância para o crescimento
e desenvolvimento normal durante a adolescência, bem como para diminuição dos riscos de
futuras doenças. (8)
A Atividade Física melhora a aptidão cardiorrespiratória e muscular, saúde óssea e biomarcadores
de saúde cardiovascular e metabólica.

Benefícios (9)
• Estimula a socialização;
• Promove hábitos de vida saudáveis;
• Proporciona maior empenho em alcançar objetivos;
• Reforça a autoestima;
• Promove a competitividade;
• Aumenta a tolerância à frustração;
• Melhora a qualidade e quantidade do sono;
• Previne alterações do humor (Depressão e Ansiedade);
• Ajuda a equilibrar a ingestão e o gasto de calorias;
• Menor predisposição a doenças. 41

Todos têm direito à cultura física e ao desporto. (10)


Incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associações e coletividades desportivas,
promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física e do desporto, bem
como prevenir a violência no desporto.

Recomendações (11)
1. Crianças e jovens com idades entre 5-17 anos devem praticar pelo menos 60 minutos de
atividade física diária, moderada ou intensa.
2. A Atividade Física superior a 60 minutos fornece benefícios adicionais de saúde.
3. A Atividade Física diária deve ser maioritariamente aeróbia.
4. A Atividade Física de intensidade vigorosa, inclui as que fortalecem o sistema músculo-
esquelético, deve ser praticada três vezes por semana.
42
É fácil promover a atividade física Promover o brincar
• Substituir o elevador pelas escadas; e a atividade física
EducaMente: Bem-
• Caminhar; estar e qualidade
de vida em crianças
• Andar de bicicleta;
e adolescentes
• Nadar;
• Praticar desporto;
• Brincar de forma ativa;
• Envolvimento em atividades recreativas;
• Realizar atividades de vida diária.

Bibliografia
1 United Nations International Children's Emergency Fund. A Convenção sobre os Direitos
da Criança: Adoptada pela Assembleia Geral nas Nações Unidas em 20 de Novembro
de 1989 e ratificada por Portugal em 21 de Setembro de 1990 [Internet]. 2004 [citado
2018 nov 10]. Disponível em: https://www.unicef.pt/media/1206/0-convencao_direitos_
crianca2004.pdf
2 Marques IA. Porque é que as crianças brincam?: Entrevista realizada por Filipa Basílio da
Silva [Internet]. 2015 [citado 2018 nov 10]. Disponível em: https://lifestyle.sapo.pt/familia/
crianca/artigos/porque-e-que-as-criancas-brincam
3 Barriga GS. Brincar é voar na imaginação. Cadernos de Educação de Infância. 2010
ago;90: 42.
4 Crespo TPN. A importância do brincar para o desenvolvimento da criança [Relatório
final]. Instituto Politécnico de Portalegre; 2016 [citado 2018 nov 10]. Disponível em:
https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/19042
5 Friedmann A. Brincar, crescer e aprender: O resgate do jogo infantil. Rio de Janeiro:
Moderna; 1996.
6 World Health Organization. Global strategy on diet, physical activity and health:
WHA57.17. In Fifty-Seventh World Health Assembly. Resolutions and decisions annexes
(pp. 31-48). Geneva: WHO; 2004.
7 Organização Mundial da Saúde. Mais pessoas ativas para um mundo mais sustentável:
Plano de ação global para a atividade física 2018-2010 [Internet]. Lisboa: OMS; 2018.
Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/272721/WHO-NMH-PND-
18.5-por.pdf
8 Carol N, Dwyer JD. Nutrition and exercise: Effects on adolescent health. Annual Review of.
Public Health [Internet] 1991;12:309-33 [citado 2018 nov 11]. Disponível em: https://www.
annualreviews.org/doi/pdf/10.1146/annurev.pu.12.050191.001521
9 Barbosa DJ. O adolescente e o esporte. In M. F. Maakaroun, R. P. Souza, A. R. Cruz, Tratado de
adolescência: Um estudo multidisciplinar. Rio de Janeiro: Cultura médica; 1991.
10 Portugal. Assembleia da República. Constituição da República Portuguesa [Internet]. 7ª rev.
constitucional. Lisboa: Assembleia da República, Divisão de Edições; 2005 [citado 2018 nov 11].
Disponível em: https://www.parlamento.pt/ArquivoDocumentacao/Documents/CRPVIIrevisao.
pdf
11 World Health Organization. Global recommendations on physical activity for health [Internet].
Geneva: WHO; 2011 [citado 2018 nov 9]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/hand
le/10665/44399/9789241599979_eng.pdf?sequence=1

43
Vivência saudável da sexualidade
Paula Nelas

Paula Nelas
Odete Amaral
Carla Cruz
Madalena Cunha
Emília Coutinho
Sofia Campos
Nuno Gil

Nelas P, Amaral O, Cruz C, Cunha M, Coutinho E, Campos S, et al. Vivência saudável da sexualidade. In: Coutinho E, organizadora.
EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018. p. 45-51.
46

Vivência saudável
da sexualidade
EducaMente: Bem-
estar e qualidade
de vida em crianças
e adolescentes
Definição de Sexualidade
“A sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade; que
se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao
mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso,
influencia também a nossa saúde física e mental.” (1)

Dimensões da sexualidade

CULTURAL

47

ÉTICA BIOLÓGICA

Dimensões da
sexualidade
AFETIVA EMOCIONAL

SOCIAL FISIOLÓGICA

A vivência da sexualidade deve


basear-se na igualdade, no
respeito e na responsabilidade.
48
Valores da sexualidade Vivência saudável
da sexualidade
EducaMente: Bem-
estar e qualidade
de vida em crianças
COMPROMISSO
e adolescentes

EMOÇÕES TERNURA

Valores da
sexualidade
DESENVOLVIMENTO AFETO

CRESCIMENTO

A vivência da sexualidade é entendida como uma impressão digital, pois cada pessoa vive a
sua sexualidade de forma diferente, sofrendo influência dos valores, da família, da interação
com os amigos, da escola, do local onde vive, dos meios de comunicação social, entre outros.

A sexualidade na infância (2-5)


É regulada por processos básicos e assenta na intimidade e nas relações de afeto.
Associa-se ao apego, à aquisição da identidade sexual, ao papel de género e à interiorização
da moral sexual.
O apego (vinculação afetiva) e os comportamentos relacionais, construídos com as figuras
parentais, permitem construir as relações afetivas e amorosas da fase adulta.
Entre os dois e os três anos, os comportamentos sexuais são instintivos.
Aos três anos perceciona normas sociais relativas à sexualidade, pelo que o seu
comportamento é mais ou menos livre decorrente das orientações que recebeu.
Entre os cinco e os sete anos interioriza a moral sexual adulta, sendo que, para elas, as regras
morais são universais e obrigatórias.
Depois dos oito anos surge o pudor relacionado com a exposição do corpo.

A criança tem o direito de descobrir a sua sexualidade e vivê-la de


forma positiva, espontânea e voluntária, devendo ser esclarecida e
respeitada na sua singularidade.

A sexualidade na adolescência (2-5)


A puberdade marca a entrada na adolescência. Nas raparigas, a primeira menstruação acontece
a partir dos 10 anos e nos rapazes a primeira ejaculação surge a partir dos 12 anos. Decorrente
destas modificações, os adolescentes devem ser informados sobre os processos de reprodução,
fecundação e contraceção. 49

Raparigas e rapazes têm amores não confessados ou ocultados. Na intimidade, com um corpo
mais adulto, aparece o sentimento de pudor, timidez e vergonha.
As relações entre os jovens de um e outro sexo sofrem alterações, e é normal existir ambivalência
na constituição de grupos. Decorrente desta realidade, é frequente o afastamento entre rapazes
e raparigas, formando-se grupos monossexuais (necessidade de revelar a pertença a um género
com as mesmas características). A par de alguma hostilidade, os jogos de provocação e sedução
estão presentes.
A masturbação é um comportamento importante, pois permite descobrir não só o corpo como as
novas sensações a ele associadas (prazer e curiosidade).

A afetividade, as expressões e dimensões


da sexualidade, os valores familiares,
os comportamentos sexuais e a adoção
de hábitos de vida saudáveis devem ser
considerados, na promoção da saúde
mental.
50
Para se ser sexualmente responsável é importante… (6) Vivência saudável
• Apreciar o seu próprio corpo da sexualidade
EducaMente: Bem-
• Procurar informações que podem melhorar a saúde sexual e reprodutiva estar e qualidade
de vida em crianças
• Assumir que o desenvolvimento envolve a dimensão sexual e que esta pode implicar, ou
e adolescentes
não, ter relações sexuais
• Interagir com ambos os géneros respeitando as diferenças
• Assumir a sua orientação sexual e respeitar a dos outros
• Desenvolver relações com base no respeito mútuo
• Tomar decisões informadas
• Comunicar e dialogar com família e parceiros
• Utilizar métodos que previnam uma gravidez indesejada
• Prevenir o abuso sexual
• Aceitar que tenham estilos de vida diferentes
• Procurar apoio para cuidados e acompanhamento pré-natal
• Realizar exames periódicos para avaliar a saúde sexual
• Promover o acesso à informação sobre a saúde sexual e reprodutiva
• Evitar comportamentos não tolerantes e fundamentalistas
• Não aplicar estereótipos sobre a vivência sexual de indivíduos, grupos ou populações

i
Informação
A Linha opções (707 200 249) tem ao dispor profissionais de saúde e
psicólogos que ajudam a tomar decisões e esclarecem dúvidas

Em resumo
As crianças e adolescentes devem ter informação no âmbito da sexualidade que lhes permita:
• Adquirir conhecimentos e desenvolver atitudes e comportamentos saudáveis no âmbito
da saúde sexual e reprodutiva.
• Melhorar os relacionamentos afetivos e sexuais.
• Reduzir a ocorrência de gravidez adolescente (não desejada e não planeada) e de
infeções sexualmente transmissíveis (IST).
• Contribuir para a tomada de decisão responsável (informada e consciente) no domínio
da saúde sexual e reprodutiva
Estes objetivos contribuem para promover uma vivência saudável da sexualidade… Aspeto essencial
para promover a saúde mental!!
Bibliografia
1 World Health Organization. Sexual health and its linkages to reproductive health: an
operational approach [Internet]. Geneva: WHO; 2017 [citado 2018 out 4]. Disponível em: http://
apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/258738/9789241512886-eng.pdf?sequence=1&ua=1
2 Gonzaga M, Sousa S, Castro I, Luís MP, Guimarães C. Presse GIA: Manual de boas práticas
[Internet]. Porto: PRESSE - Administração Regional de Saúde do Norte, I.P.; 2015 [citado 2018
out 6]. Disponível em: https://pesnapintor.files.wordpress.com/2015/11/manual-de-boas-
prc3a1ticas-presse-gia.pdf
3 Luís MP, Gonzaga M, Sousa S, Guimarães C. Guião PRESSE: Formação para professores
[Internet]. Porto: PRESSE - Administração Regional de Saúde do Norte, I.P.; 2016 [citado 2018 out
6]. Disponível em: https://aeja.pt/ficheiros/d3303526MtvRUOBfb.pdf
4 Sousa S, Gonzaga M, Guimarães C, Luís MP. Caderno PRESSE: 1º Ciclo [Internet]. Porto: PRESSE
- Administração Regional de Saúde do Norte, I.P.; 2016 [citado 2018 out 4]. Disponível em: http://
www.valedominho.com/sites/valedominho.com/files/Caderno%20PRESSE%201%C2%BA%20
Ciclo.pdf
5 Guimarães C, Gonzaga M, Sousa S, Luís MP. Caderno PRESSE: 2º Ciclo [Internet]. Porto: PRESSE -
Administração Regional de Saúde do Norte, I.P.; 2015 [citado 2018 out 6]. Disponível em: https://
aeja.pt/ficheiros/d3303521gDMtXX9qol.pdf
6 Sexuality Information and Education Council of the United States. Guidelines for 51
Comprehensive Sexuality Education [Internet]. 3rd ed. New York: SIECUS; 2004 [citado 2018 out
6]. Acedido em https://siecus.org/wp-content/uploads/2018/07/Guidelines-CSE.pdf
Abuso de substâncias
Nuno Gil

Nuno Gil
Carla Cruz
Madalena Cunha
Odete Amaral
Sofia Campos
Emília Coutinho
Paula Nelas

Gil N, Cruz C, Cunha M, Amaral O, Campos S, Coutinho E, et al. Abuso de substâncias. In: Coutinho E, organizadora. EducaMente:
Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018. p. 53-57.
54

Abuso de
substâncias
EducaMente: Bem-
estar e qualidade
de vida em crianças
e adolescentes
CONCEITOS
Comportamentos aditivos (1)
São comportamentos com características impulsivas/compulsivas em relação a diferentes
atividades ou condutas (ex. jogo, internet, consumo de substâncias psicoativas) envolvendo
também um potencial de prazer. A continuidade e persistência deste tipo de comportamento pode
evoluir para um processo de dependência.

Substâncias Psicoativas (1)


Qualquer substância, natural ou de síntese que, introduzida, atua no Sistema Nervoso Central
(SNC), alterando o normal funcionamento do indivíduo.

55
MOTIVAÇÕES PARA O CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS (1)

• Curiosidade
• Desejo de testar regras e autoridade
• Desejo de afirmação individual
• Pressão de pares
• Ausência de informação correta

SINAIS DE ALERTA (1)


• Instabilidade Emocional
• Maior isolamento ou secretismo
• Desinteresse e desmotivação
• Quebra no rendimento escolar ou profissional
• Faltas e atrasos frequentes ou sem justificação
• Dispersão da atenção, dificuldades de concentração, da memória ou lentificação do raciocínio
• Pedidos de dinheiro repetidos e mal justificados
• Posse de novos objetos (p.ex: filtros de cigarro, mortalhas, pratas queimadas, comprimidos,...)
56
COMO AGIR (1) Abuso de
• Estabelecer o diálogo substâncias
EducaMente: Bem-
• Evitar recriminações estar e qualidade
de vida em crianças
• Procurar não dramatizar excessivamente
e adolescentes
• Buscar informação sobre a substância e partilhá-la
• Manter um estilo comunicacional aberto e pela positiva
• Procurar ajuda especializada

AJUDA ESPECIALIZADA – RECURSOS DISPONÍVEIS


1. CENTRO DE RESPOSTAS INTEGRADAS DE VISEU (2)
Para atendimento no âmbito da abordagem psicoeducativa/consulta dirigida a jovens e
adolescentes com comportamentos de risco, contactar o CRI de Viseu:
CONTACTOS
Rua Serpa Pinto, nº 124
3500 - 220 Viseu

Tel. 232 001 275
Email: cri.viseu@arscentro.min-saude.pt

2. LINHA VIDA - SOS DROGA (3)


É um Serviço de Aconselhamento cujo objetivo é prestar suporte emocional em situações
de crise, esclarecer dúvidas e refletir sobre questões relacionadas com os comportamentos
aditivos e dependências. Podem a ele recorrer, além dos próprios, familiares, amigos,
companheiros e profissionais de saúde, de educação ou de intervenção comunitária

2.1 Serviço de Aconselhamento Telefónico: 1414


Dias úteis, das 10 às 18 horas
Gratuito, anónimo e confidencial

2.2 Serviço de aconselhamento por e-mail: 1414@sicad.min-saude.pt


O aconselhamento por e-mail poderá funcionar como um primeiro contacto, sendo, por
vezes, menos inibidor que o aconselhamento telefónico
Bibliografia
1 Centro de Respostas Integradas de Viseu: Desdobrável [Internet]. Viseu; 2013 [citado 2018 nov
14]. Disponível em: http://www.ppfa.pt/wp-content/uploads/2013/07/CRI-Viseu-Desdobravel.
pdf
2 Portugal. Administração Regional de Saúde do Centro [Internet]. Coimbra: ARSC; [2018] [citado
2018 nov 14]. Disponível em: http://www.arscentro.min-saude.pt/dicad/Paginas/Contactos.aspx
3 Vilar G, Duran D, Pereira SB, Silva JAS, Gonçalves F, Almeida JAR, et al. Rede de Referenciação
e Articulação no âmbito dos Comportamentos Aditivos e Dependências [Internet]. Lisboa.
Loures Gráfica; 2013 [citado 2018 nov 14]. Disponível em: http://www.sicad.pt/PT/Intervencao/
RedeReferenciacao/Documents/Rede_de_Referenciacao_17_03_2014.pdf

57
Prevenção de comportamentos suicidários
Nuno Gil

Nuno Gil
Madalena Cunha
Odete Amaral
Sofia Campos
Paula Nelas
Carla Cruz
Emília Coutinho

Gil N, Cunha M, Amaral O, Campos S, Nelas P, Cruz C, et al. Prevenção de comportamentos suicidários. In: Coutinho E,
organizadora. EducaMente: Bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018. p. 59-63.
60
Prevenção de Suicídio em Meio Escolar Prevenção de
comportamentos
Definição de Suicídio (1) suicidários
Morte que resulta direta ou indiretamente, de um ato positivo ou negativo cometido por um EducaMente: Bem-
indivíduo que conhecia o resultado desse seu comportamento estar e qualidade
de vida em crianças
e adolescentes

Suicídio é um Suicídio
comportamento • NÃO É um sintoma
(2)
• NÃO É uma síndroma
• NÃO É um diagnóstico
• NÃO É uma doença

Suicídio é um comportamento
• Complexo
• Multi-determinado

FATORES DE RISCO DE SUICÍDIO (3)


Estratificados por ordem crescente de risco
Fatores sociodemográficos
• Idade
• Sexo
• Religiosidade/espiritualidade
Fatores contextuais
• Perturbação psiquiátrica grave
• História de abuso/dependência de álcool ou substâncias
• Doença física terminal ou incapacitante
• Isolamento/solidão
• Acontecimento de vida adverso recente
• História familiar de suicídio
Fatores da esfera suicida
• História de tentativas de suicídio prévias
• Acesso a meios letais
• Plano suicida
FATORES DE RISCO DISTAIS/CRÓNICOS (3)
atuando como predisponentes
• Carga genética
• História familiar de comportamentos suicidários
• Traços de personalidade (ex: impulsividade)
• Acontecimentos de vida negativos precoces (Ex: negligência e abuso)
• Alterações neurobiológicas (Ex: atrasos do desenvolvimento, TCE, encefalites,...)

FATORES DE RISCO PROXIMAIS/AGUDOS (3)


atuando como precipitantes
• Doença psiquiátrica, incluindo abuso de álcool e/ou drogas
• Doença física
• Crise psicossocial
• Tentativas de suicídio prévias
• Plano estruturado
• Acesso a meios letais
• Exposição a modelos de suicídio 61

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO (4)


A a E
mudanças de humor
evento de vida
ou outro distúrbio
stressante
psiquiátrico
INTERVENÇÕES DE PREVENÇÃO
A Programas de educação e conscientização
B Médicos de cuidados primários
ideação suícida Público geral
Aqueles que têm acesso à comunidade ou
fatores associados ao organização
comportamento suicida B Triagem para indivíduos de alto risco
C D
impulsividade Tratamento
C Farmacoterapia
C D
desesperança e/ou D Psicoterapia
pessimismo
F E Acompanhamento para tentativas de suicídio
acesso a meios
letais F Restrição de acesso a meios letais
G G Diretrizes para relatórios da comunicação social sobre
imitação suicídios
Adaptado de Mann, JJ, Apter A, Bertolote J, Beautrais A, Currier D, Haas
A, et al. Suicide prevention strategies: A systematic review. Jama. 2005
ato suícida
Oct 26;294(16):2064-74
62
ABORDAGENS BASEADAS NA EVIDÊNCIA (5-6) Prevenção de
• Restrição de acesso a meios letais comportamentos
suicidários
• Programas de sensibilização e educação em meio escolar EducaMente: Bem-
estar e qualidade
• Tratamento de doença psiquiátrica subjacente
de vida em crianças
• Acompanhamento clínico estreito e adolescentes

E como lidar com a situação? (7)


Podemos dar grandes passos no contributo para a redução das taxas de suicídio:
• aceitando as pessoas tal como elas são;
• acabando com os tabus sociais e dando oportunidade às pessoas de falar sobre as suas
ideias de suicídio;
• dizendo às pessoas que é legítimo equacionarem o suicídio quando se sentem no limite.
O simples facto de terem a oportunidade de falarem sobre o que sentem, ajuda a reduzir a
sua angústia, começando a ver outras opções e reduzindo as probabilidades de tentativa de
suicídio.

DÚVIDA FREQUENTE (7)


E falar sobre suicídio não encoraja o ato?
Falar sobre os sentimentos que cercam o suicídio pode levar ao entendimento e reduzir
grandemente a angústia imediata de uma pessoa suicida.
Não é um erro perguntar-se a alguém se equaciona a ideia de suicídio como uma opção
válida se suspeita que essa pessoa não está a conseguir lidar com o seu tormento.
Se a pessoa o confessa, pode ser um grande alívio ver que outra pessoa tem uma ideia de
como se sente. 
Esta pode ser uma pergunta difícil, pelo que aqui se deixam algumas abordagens possíveis: 
"Nesse teu sofrimento, estarás a considerar o suicídio?" 
"Parece-me muita coisa para ser suportada; pensaste no suicídio como forma de fuga?" 
"Toda a dor que sentes fez alguma vez pensar em magoares-te?" 
"Alguma vez pensaste em deixar tudo?" 
PREVENÇÃO
Uma última nota de importância

Se plano suicidário
ativo ("Já decidi: quero fazer")
e concreto ("Quero fazer desta maneira")
deverá ser referenciado para AVALIAÇÃO
MÉDICA URGENTE

63

Bibliografia
1 Durkheim E. Le suicide. Paris: Alcan; 1897.
2 Gil NP. Tratamentos somáticos. In: CB Saraiva, AB Peixoto, D Sampaio, editores. Suicídio e
comportamentos autolesivos. Lisboa: Lidel; 2014. p. 171.
3 Alte da Veiga F, Andrade J. Epidemiologia e factores de risco. In CB Saraiva, coordenador.
Depressão e suicídio: Um guia clínico nos cuidados de saúde primários. Lisboa: Lidel; 2014. P. 14-
42.
4 Mann, JJ, Apter A, Bertolote J, Beautrais A, Currier D, Haas A, et al. Suicide prevention
strategies: A systematic review. Jama. 2005 Oct 26;294(16):2064-74. doi:10.1001/
jama.294.16.2064.
5 Zalsman G, Hawton K, Wasserman D, van Heeringen K, Arensman E, Sarchiapone M et al.
Suicide prevention strategies revisited: 10-year systematic review. Lancet Psychiatry [Internet].
2016 Jul;3(7):646-59. [citado 2018 maio 20]. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/
science/article/pii/S221503661630030X?via%3Dihub
6 Silva JT, Garrido P, Saraiva CB. Suicídio e comportamentos autolesivos. In: CB Saraiva, J
Cerejeira, editores. Psiquiatria fundamental. Lisboa: Lidel; 2014. P. 455-472.
7 Sociedade Portuguesa de Suicidologia. Questões frequentes [Internet]. 2014 [citado 2018 nov
18]. Disponível em: https://spsuicidologia.com/sobre-o-suicidio/questoes-frequentes
Pontos a reter
Madalena Cunha

Madalena Cunha
Nuno Gil
Emília Coutinho
Carla Cruz
Paula Nelas
Sofia Campos Pontos a
Reter
Odete Amaral

Cunha M, Gil N, Coutinho E, Cruz C, Nelas P, Campos S, et al. Pontos a reter. In: Coutinho E, organizadora. EducaMente: Bem-estar
e qualidade de vida em crianças e adolescentes. Viseu: ESSV; 2018. p. 65-69.
66
1. Recomendações para uma comunicação não violenta Pontos a reter
• Todos falamos, mas não comunicamos necessariamente. EducaMente: Bem-
estar e qualidade
• As nossas comunicações muitas vezes tornam-se relações de força. de vida em crianças
e adolescentes
• Devemos perceber primeiro quais são as nossas necessidades (autoempatia)
• Receber a comunicação do outro e escutá-lo (sem julgar) facilitando o diálogo (empatia).

2. Recomendações para promover a autoestima e o otimismo


• O otimismo é a expressão visível de uma autoestima saudável
Adesão à Verdade
Ter a humildade de reconhecer a vida como difícil e um caminho pleno de problemas a
serem resolvidos
Responsabilidade (=> Poder)
Assumir a responsabilidade pelo controlo da sua vida, exercendo o poder pela resolução dos
próprios problemas
Reenquadramento do(s) problema(s)
Reconhecer que há sempre diferentes formas de olhar e abordar qualquer problema
Atitude pró-activa
Saber escolher a resposta adequada, sem esperar soluções fáceis ou imediatas
Adiamento da Recompensa/Tolerância à frustração
Superar o facilitismo imediato, aprendendo a tolerar a frustração
Auto-avaliação (percepção de eficácia e reapreciação positiva)
Auto-avaliar-se frequentemente corrigindo erros e modificando abordagens, reapreciando
positivamente o próprio esforço mesmo quando não bem sucedido

3. Recomendações para uma alimentação saudável


Crianças pequenas
• O leite materno é determinante da saúde mental (deve ser exclusivo até aos 6 meses e
mantido até, pelo menos, aos 2 anos de idade)
Crianças e adolescentes
• Dieta saudável e equilibrada o mais variada possível não estando mais de 3 horas e meia
sem comer
• Tomar sempre o pequeno almoço
• Comer pelo menos 5 porções de uma variedade de hortaliças, frutas e legumes todos os
dias. Comer as frutas antes da refeição
• Nas refeições compostas com batata, pão, arroz, massa deve escolher-se as versões
integrais sempre que possível
• Nos laticínios ou alternativas de laticínios (como bebidas à base de soja); escolher opções com
menor teor de gordura e menor teor de açúcar
• Comer feijão, leguminosas, peixe, ovos, carne e outras proteínas (incluindo 2 porções de peixe
todas as semanas, uma das quais deve ser por exemplo a sardinha e/ou o salmão)
• Escolher gorduras como o azeite e comer apenas em pequenas quantidades
• Beber 6-8 chávenas de líquidos por dia, preferencialmente água, em alternativa chás, sumos
naturais….

4. Recomendações para a higiene do sono da criança e do adolescente


• Higiene do sono são conselhos para a aquisição e manutenção de bons hábitos de sono.
• Um padrão de sono adequado inclui dormir o número de horas de sono recomendado para a
idade, ter um horário de levantar e deitar regular e ter um sono de qualidade.
• Bons hábitos de sono são o suporte essencial para a manutenção de uma vida saudável.
• Os Bons Hábitos de Sono ensinam-se desde bebé, para que
Dormir bem seja possível em todas as idades!

5. Recomendações para promover o brincar e a atividade física


Para crianças e jovens a atividade física inclui, brincadeiras, praticar desporto, jogos, tarefas de
67
recreação, educação física ou exercícios planeados no contexto familiar, escolar ou comunitário.
Ao brincar com a criança, o educador deve:
• Brincar de forma ativa.
• Demonstrar respeito pelo ritmo e regras da brincadeira; sensibilidade; orientar; mediar; propor
desafios, e estimular a curiosidade, a criatividade e o raciocínio lógico da criança.
• Criar atividades que promovam a interação da criança com objetos e com outras crianças.
• Atuar de forma lúdica, agindo de forma positiva.
As crianças e os jovens com idades entre 5-17 anos devem praticar pelo menos 60 minutos de
atividade física diária, moderada ou intensa. A atividade física superior a 60 minutos fornece
benefícios adicionais de saúde.
Incentivar a:
• Caminhar;
• Andar de bicicleta;
• Nadar;
• Praticar desporto;
• Substituir o elevador pelas escadas ;
• Participar em atividades recreativas
• Realizar atividades de vida diária.
68
6. Recomendações para a vivência saudável da sexualidade Pontos a reter
Para se ser sexualmente responsável é importante… EducaMente: Bem-
estar e qualidade
• Apreciar o seu próprio corpo de vida em crianças
e adolescentes
• Procurar informações que podem melhorar a saúde sexual e reprodutiva
• Assumir que o desenvolvimento envolve a dimensão sexual e que esta pode implicar, ou
não, ter relações sexuais
• Interagir com ambos os géneros respeitando as diferenças
• Assumir a sua orientação sexual e respeitar a dos outros
• Desenvolver relações com base no respeito mútuo
• Tomar decisões informadas
• Comunicar e dialogar com família e parceiros
• Utilizar métodos que previnam uma gravidez indesejada
• Prevenir o abuso sexual
• Aceitar que tenham estilos de vida diferentes
• Procurar apoio para cuidados e acompanhamento pré-natal
• Realizar exames periódicos para avaliar saúde sexual
• Promover o acesso à informação sobre saúde sexual e reprodutiva
• Evitar comportamentos não tolerantes e fundamentalistas
• Não aplicar estereótipos sobre a vivência sexual de indivíduos, grupos ou populações 

i
Informação
A Linha opções (707 200 249) tem ao dispor profissionais de saúde e
psicólogos que ajudam a tomar decisões e esclarecem dúvidas
A destacar:

As crianças e adolescentes devem ter informação no âmbito da sexualidade que lhes permita:
• Adquirir conhecimentos e desenvolver atitudes e comportamentos saudáveis no âmbito
da saúde sexual e reprodutiva.
• Melhorar os relacionamentos afetivos e sexuais.
• Reduzir a ocorrência de gravidez adolescente (não desejada e não planeada) e de
infeções sexualmente transmissíveis (IST).
• Contribuir para a tomada de decisão responsável (informada e consciente) no domínio
da saúde sexual e reprodutiva
Estes objetivos contribuem para promover uma vivência saudável da sexualidade… Aspeto essencial
para promover a saúde mental!!
7. Recomendações para identificar Sinais de Alerta de Abuso de Substâncias
Sinais de alerta aos quais estar atento
• Instabilidade Emocional
• Maior isolamento ou secretismo
• Desinteresse e desmotivação
• Quebra no rendimento escolar ou profissional
• Faltas e atrasos frequentes ou sem justificação
• Dispersão da atenção, dificuldades de concentração, da memória ou lentificação do raciocínio
• Pedidos de dinheiro repetidos e mal justificados
• Posse de novos objetos (p.ex: filtros de cigarro, mortalhas, pratas queimadas, comprimidos,...)

8. Recomendações para Prevenção do Suicídio


O Suicídio …
NÃO É um sintoma; NÃO É uma síndroma; NÃO É um diagnóstico; NÃO É uma doença.
O Suicídio … é um Comportamento Complexo multideterminado!

Abordagens baseadas na evidência para Prevenção do Suicídio 69

• Restrição de acesso a meios letais


• Programas de sensibilização e educação em meio escolar
• Tratamento de doença psiquiátrica subjacente
• Acompanhamento clínico estreito

SE PLANO SUICIDÁRIO
ativo ("Já decidi: quero fazer") e concreto ("Quero fazer desta maneira")
deverá ser referenciado para AVALIAÇÃO MÉDICA URGENTE

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