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MARIA LUCIA DE BARROS MOTT A CRIANCA ESCRAVA NA LITERATURA DE VIAGENS RESUMO A partir da andl do corca de 80 obras cujos autores 2+ tiveram no Rio de Janeiro entre 1800 e 1850, 380 destacados, {do contexto goral da sociedade escravocrata ds tp0cs, 08 dados referentes & situagdo da crianga negra, seja coma ""mereadoria recémimportada da Alries, aja como fruto da reproducso de opulaedo j escravizada “A transcrigéo de trechos de relatos os visjantes europous revelam, em toda sua crusza, 86 condi {5es em que eram mantides as crianeae, su relacionemento com, 2 mie, com os petrdes, com o trabalho @ o valor que postuiam fenquanto “"moreadoria SUMMARY The article analyses about 80 books written by european travelers who visited Rio de Janeiro between 1800 and 1860, ata about the condition of the black child are detached from the general background of the slavocrat society, including the Imported save child as well at the hildren born from enslaved mothers. The traveler's descriptions reveal, in a cruel wey, the conditions endured by slave children, their relationships with their mothers and owners, their valué as labor force and ae 3 “merchandise” CADERNOS DE PESQUISA ¢ FUNDAGAO CARLOS CHAGAS 57 Este trabalho faz parte de uma pesquisa financiada pela Lundacdo Carlos Chagos que ver serdo reaizada, em colabora co com Miriam L. Morera Leite, sobte a mulher, na obra 30s jauantes estrengeiras que estiveram no Ria de Janeira, na pr mera metade ao secula XIX. As bras foram selacionadae a par Lit de bibliegratia de Paulo Berger (Bergor. 19641, obedecendo a de idioma — e um circunstancial: muitos livras foam descartados fem sequ0"terem sido wistos, por teem sesoparecido dos acervos das bibliotecas. Iniialmente, foram levantadss todos as obras ‘sus autores estiveram na Rio de Janeia (Provincia e Cidade) lente 1800 © 1850, que foram escritas ou sradueidae para 0 90": ugués, inglés, francés, alana e espanhol e que fazias meneS0 4 miner. Chegou-se assim a um numero aproximada de oitenta Para uma discussse mais setalhada da utlieacdo dersas fon tes, vejase “Dacumentarsa e Metodologia" om anexo E sie artigo preter aprerotar 2 ‘contribuicfo da literatura de viagens para o estudo da condigo da crianga escrava, na primeira metade do sé- culo XIX, Até 0 inicio do século XIX, 0s relatos de viagens so: bre 0 Brasil sio relativamente poucos, se comparados a0 rlimero de relatos encontrados a partir de 1808. Com a transmigraco da familia real portuguesa para o Brasil, foram abolidas as restrigdes impostas pelo antigo sistema colonial, iniciando-se um perfodo marcado pela presenca de estrangeiros, principalmente comerciantes, atrafdos plas possibilidades de mercado brasileiro ¢ latino-ameri ‘eano. A situagdo privilegiada do Rio de Janeiro tornou seu porto parada quase obrigat6ria para os navios em vie germ para a Asia, Africa e Oriente, A corte, por sua vez, procurou atrair cientistase artistas especialmente contra: ‘tados para retratar e estudar 0 pais onde se estabelecera ‘2 Coroa Portuguesa, assim como para dar um toque eu: Topeu a paisagem cabocla, Vieram ainda cientistas em misses organizadas por governos europeus, diplomatas, mercenérios, refugiados, missionérios ¢ até mesmo vist tantes motivados pelo simples prazer de viajar. Os rela: tos deixados por estes estrangeiros — diérios, cartas, re: latorios oficiais, guias de navegagGo, imigragio e comér- cio, dlbuns, memérias, livros de poesias para criancas & paradidéticos, ete, — apareceram publicados em grande Umero, sendo inclusive reeditados em vérias linguas, Jogo apés sua publicacio. A utilizagdo dessa literatura de viagens como fonte de documentacdo! j foi legitimada pelos historiadores; porém, sua utilizago de maneira acr{tica por parte de al uns estudiosos tem perpetuado, entre nos, concengdes preconceituosas repetidas infinitamente e que s6 agora estdo sendo revistas, como a da suavidade da escravido no Brasil e a escravidia como um vefculo de civilizagfo. ACRIANCA AFRICANA NO BRASIL Das sspctos chamam a atento na leitura dos relatos dos viajantes que estiveram no Rio de Janeiro entre 1800 e 1850. O primeira deles refere-se fs modificagées por que a cidade passou e seu reflexo no estilo de vida das camadas abastadas; 0 segundo, & presenca constante do escravo. Nestes cingienta anos, 0 trabalho escravo predomi: rnava tanto no meio rural como no urbano. A deman- da da méo-de-obra servil era suprida mais pela importa cio de africanos que pela reprodugo natural da popu: lagdo escrava, O crescimento vegetative dos escravos era pequeno, devido, entre outras coisas, & maior pro- oreo de homens do que de mulheres (principalmen- te no meio rurall, & baixa fertilidade das escravas e & alta taxa de mortalidade dos filhos dos escravos. A maior parte das criangas encontradas no Rio de Jane ro, no periodo, era, portanto, proveniente da Africa (Karash, sd). ‘Até 1831, quando foi fechado o mercado de escra- vos do Valongo (destinado aos escravos recém-chega- dos da Africa), sfo freqientes 05 relatos © as ilustra (Bes de criangas af colocadas 8 vend: Ebel (1824)? “Logo que chegam os navios negreiros — ocorréncia fre- quente — os escravos siio desembarcados @ depois que se restabelecem relativamente da viagem, no geral curt, 18 so expostos para serem vendidos. Hé dias fundeou um com 250 negros, na maioria criancas de dez @ quatorze ‘anos, que, acocorados nesses galpGes ern filas de trés, pe- Jo cho, assemelhavam-se mais @ macacos, dando mostra por sinal, de bom humor e satisfacio, embora repelen- tes no aspecto e depauperados ..)" (Ebel, 1972, p. 42). 1 Ag datas entre pardnteses que pracedom as citapbesreferom: 8 a0 perioda em que oviajantaestove no Brasil 58 CADERNOS DE PESQUISA * FUNDACAO CARLOS CHAGAS Mesmo no periodo de ilegalidade do tréfico (a par ir de 1831 até aproximadamente 1852, quando passou a vigorar de fato a Lei Eusébio de Queirés), em que preva leceu © contrabando, foram encontradas referéncias venda de meninos e meninas Lavollée (1844) “Aprés une traversée «environ cing neures, nous mines pied 3 terre au fond d'une baie, derriare le fort San: ta-Cruz (. ..) C’était a qu’avait 86 déposée une partie de a cargaison du négrier. Dés note arrivée, toute la ‘maison fut en mouvement |...) on nous introduisit dans un jardin ou une vingtaine de jeunes noirs de huit 4 dowze ans étaient rangés en ligne, les filles & part: la traite aussi semblait avoir sa pudeur (...)" (Lavoliée, 1852, p. 36)" A preferéncia pela importacéo de escravos jovens @ mesmo de criangas pode ser explicada pela maior facili dade com que se adaptavam ao trabalho, pela perspecti va de uma vida mais longa e portanto de trabalho por mais tempo, pela diferenga entre © prego do escravo adulto e da crianca, assim como pela crenea, geralmen- te difundida entre os senhores de escravos, que os criouw los (escravos nascidos no Brasil) eram menos déceis ¢ ‘menos ativos. © cartegamento dos navios negreiros era composto, principalmente ‘de escravos do sexo masculino. Néo se 2 "Depois de uma wavessia de perto de cincw horas nbs anor ‘amos no fundo de uma baia atrés do forte de Sante Cruz.) Era ld que estava dopositada’ uma parte do carga do traticanta 190 excrovos. Desde nossa chogada, toda a case Ficau em movimen: to (...) nos introduziram em umn jardim onde duas dezenas da Jovens nearas de oito 2 daze anos extavam em fila, a meninas 8 Parte: o trafico também areca ter sou pudor (...1". (As tad: «gies aprosantadas om notas de rods so da Aural FP" Ladino (-.-)“alziase do escrovo ou do indio que ié fa Portugués, tina instrugdoreligiosae sabia fazer o servigo ori Fio da cass ou dos campos” (...) (Ferreira, 1975, p. B19), sabe a0 certo se os africanos vinham acompanhados de seus familiares, apesar de algumas ilustragdes do Valon- go mostrarem mulheres amamentando criangas, pos sivelmente seus filhos. SGo raros os viajantes que fazem distinedo entre 0 negro recém-chegado, 0 escravo ladino? e 0 crioulo. ‘Quando esta distingdo é feita, notese uma tendéncia fem ressaltar aspecto “repugnante”’ e “seivagem” do afrieano recém-chegado em contraposiego a “civil zagio” dos escravizados a mais tempo e principalmen- te, dos mulatos. Tudo indica que a condigdo da crianga africana no Brasil diferia daquela da crianga crioula. A impossibi Hidade de se distinguir em muitos casos, uma de outra, neste tipo de documentacio, fez com que elas fossem ‘aqui consideradas por sua condigao comum de escravas. A CRIANGA ESCRAVA A santa cos do ara po sua une mateide ue 1816, sends mulees ards de tol tra (royce 1805p 105, 9 Ui Pomoppan tia gus em TEA la cetav ee rulers ingots Pontpoian, a, p87). Em 888, Scand do Gaels tio eon oR ere te Galo 980 p78, ev). aschaen, oancs tepals © eerowh randy onan Rs porta cram pete aor widcon, Aigner fared por Sim tomas prs ov eras ue to cesar ilmenite tener gue doom CADERNOS DE PESQUISA * FUNDACAO CARLOS CHAGAS 59

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